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Ano XVII Coimbra, 1 de Março de 2015 N.º 3 ECOS DA E.D.M.S. Ecos da Escola Diocesana de Música Sacra Ao Serviço de Todos Cada um de vós ponha ao serviço dos outros os dons que recebeu, como bons administradores da graça de Deus, tão variada nas suas formas. Se alguém fala, diga palavras de Deus; se alguém exerce um ministério, faça-o como um mandato recebido de Deus, para que em tudo seja Deus glorificado, por Jesus Cristo. (1 Pedro 4, 10-11). Tudo Bem Feito Antes da era cristã. Atribui-se a Epicuro, filósofo grego (341-270 a.C.), esta exortação: «Faz tudo como se alguém te contemplasse». Não foi dita, certamente, com a inten- ção de alimentar a vaidade pessoal, a busca de prestígio, o gosto de se impor à admiração e aplausos de quem quer que fosse, isto é, de “ficar bem na fotografia social”. Depois de Cristo. Àquela frase, lida à luz nova da ressurreição de Jesus, deveremos dar outro sentido: “Faz tudo bem feito porque Alguém [Deus] te contempla”, pois todos nós cristãos somos chamados a um estilo de vida próprio. «Quer comais, quer bebais ou façais qualquer outra coisa, fazei tudo para glória de Deus.» (1 Cor 10, 31). Importa escutar o Espírito Santo que nos lembra os ensi- namentos de Jesus e nos guia para a verdade total (Jo 16, 13), isto é, para a verdade existencial como discípulos de Jesus Cristo. «Ides receber uma força e sereis minhas testemunhas… até aos confins do mundo» (Act 1, 7-8). Este mandato supõe, em cada discípulo, um desejo sincero de crescimento espiritual e exige-lhe um permanente esforço de purificação. O crescimento é sinal de vitalidade, processa-se de dentro para fora, leva à abertura do coração aos dons do Espírito e à rejeição do que é velho, caduco, passageiro… À semelhança das árvores que, no seu crescimento, engrossam e expulsam a “casca morta”, pois já não serve. A santidade a que somos chamados (Ef 1, 4) obtém-se pela busca da verdade e, com o auxílio divino implorado na oração humilde, cresce pela fidelidade à vontade de Deus. Este crescimento espiritual manifesta-se na prática das virtudes cristãs e no “deixar cair” hábitos, atitudes, gestos e palavras que mais estorvam do que favorecem a comunhão com Deus e com os nossos semelhantes. Isto é, acima dos interesses pessoais ou de grupo (poder, honras e prestígio) está o plano salvador de Deus que a todos quer congregar no seu Reino. Olhemos agora para o “ministério” do grupo coral (com todos os que o integram); a sua missão é servir a assem- bleia. Na realidade, ajuda-a a crescer espiritualmente, a elevar o espírito para Deus? Favorece a união entre todos? Os cânticos alimentam a fé dos presentes ou desviam o coração para o que é caduco, passageiro...? Proclamam a fé da Igreja ou andam ao sabor da “moda”? «Procurai em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça e tudo o mais se vos dará por acréscimo.» (Mt 6, 33). Nesta quaresma de 2015, guardemos este pensamento orientado para a Vida e que ajuda a crescer: “Faz tudo bem feito porque Alguém te contempla” e espera por ti, agora e sempre. «Converte-te ao Senhor teu Deus». O Director da EDMS O Sal da Fé Na homilia da Missa a que presidiu, na casa de Santa Marta, em 23 de Maio de 2013, o Papa Francisco apelou ao serviço dos outros. E incentivou os cristãos a difundir o «sal da fé, da esperança e da caridade». «O sal tem sentido quando dá sabor às coisas. Também penso que o sal num recipiente, com a humi- dade, perde força. O sal que recebemos é para doá-lo, para dar sabor, para oferecê-lo», reforçou. O Papa Francisco acrescentou ainda que o sal tem outra particularidade: «quando bem usado, não se sente o seu gosto, sente-se o sabor do alimento: o sal ajuda a que o alimento seja mais saboroso. Esta é a originalidade cristã!» Fazendo sempre alusão ao sal, o Papa firmou que cada cristão tem os seus dons e que devem ser usados de duas formas. «Dar o sal a serviço das refeições, a serviço das pessoas, a serviço dos outros e depois a transcendência para o autor do sal, o Criador, através da oração e da adoração». «Mas se não fizermos isso – essas duas transcendências – o sal permane- cerá no recipiente e nós nos tornaremos cristãos de museu», concluiu. RV /SN

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Page 1: ECOS DA E.D.M.S. XVII nº 3.pdfOração – Muitas vezes o ensaio do coro acontece na igreja, por isso antes de cada ensaio deve o coro fazer oração em voz alta ou silenciosa. Deve

Ano XVII Coimbra, 1 de Março de 2015 N.º 3

ECOS DA E.D.M.S.Ecos da Escola Diocesana de Música Sacra

Ao Serviço de TodosCada um de vós ponha ao serviço dosoutros os dons que recebeu, como bonsadministradores da graça de Deus, tãovariada nas suas formas. Se alguém fala,diga palavras de Deus; se alguém exerceum ministério, faça-o como um mandatorecebido de Deus, para que em tudo sejaDeus glorificado, por Jesus Cristo.(1 Pedro 4, 10-11).

Tudo Bem Feito

Antes da era cristã. Atribui-se a Epicuro, filósofo grego(341-270 a.C.), esta exortação: «Faz tudo como se alguémte contemplasse». Não foi dita, certamente, com a inten-ção de alimentar a vaidade pessoal, a busca de prestígio,o gosto de se impor à admiração e aplausos de quem querque fosse, isto é, de “ficar bem na fotografia social”.

Depois de Cristo. Àquela frase, lida à luz nova daressurreição de Jesus, deveremos dar outro sentido: “Faztudo bem feito porque Alguém [Deus] te contempla”,pois todos nós cristãos somos chamados a um estilo devida próprio. «Quer comais, quer bebais ou façais qualqueroutra coisa, fazei tudo para glória de Deus.» (1 Cor 10, 31).Importa escutar o Espírito Santo que nos lembra os ensi-namentos de Jesus e nos guia para a verdade total (Jo 16, 13),isto é, para a verdade existencial como discípulos de JesusCristo. «Ides receber uma força e sereis minhas testemunhas…até aos confins do mundo» (Act 1, 7-8).Este mandato supõe, em cadadiscípulo, um desejo sincero decrescimento espiritual e exige-lhe umpermanente esforço de purificação. Ocrescimento é sinal de vitalidade,processa-se de dentro para fora, levaà abertura do coração aos dons doEspírito e à rejeição do que é velho,caduco, passageiro… À semelhançadas árvores que, no seu crescimento,engrossam e expulsam a “cascamorta”, pois já não serve.

A santidade a que somoschamados (Ef 1, 4) obtém-se pelabusca da verdade e, com o auxíliodivino implorado na oração humilde,cresce pela fidelidade à vontade deDeus. Este crescimento espiritualmanifesta-se na prática das virtudes cristãs e no “deixarcair” hábitos, atitudes, gestos e palavras que mais estorvamdo que favorecem a comunhão com Deus e com os nossossemelhantes. Isto é, acima dos interesses pessoais ou degrupo (poder, honras e prestígio) está o plano salvadorde Deus que a todos quer congregar no seu Reino.

Olhemos agora para o “ministério” do grupo coral (comtodos os que o integram); a sua missão é servir a assem-bleia. Na realidade, ajuda-a a crescer espiritualmente, aelevar o espírito para Deus? Favorece a união entre todos?Os cânticos alimentam a fé dos presentes ou desviam o coraçãopara o que é caduco, passageiro...? Proclamam a fé da Igrejaou andam ao sabor da “moda”?

«Procurai em primeiro lugar o Reino de Deus e a suajustiça e tudo o mais se vos dará por acréscimo.» (Mt 6, 33).Nesta quaresma de 2015, guardemos este pensamentoorientado para a Vida e que ajuda a crescer: “Faz tudo bemfeito porque Alguém te contempla” e espera por ti, agorae sempre. «Converte-te ao Senhor teu Deus».

O Director da EDMS

O Sal da Fé

Na homilia da Missa a que presidiu,na casa de Santa Marta,em 23 de Maio de 2013,o Papa Francisco apelouao serviço dos outros. Eincentivou os cristãos adifundir o «sal da fé, daesperança e da caridade».

«O sal tem sentidoquando dá sabor àscoisas. Também penso

que o sal num recipiente, com a humi-dade, perde força. O sal que recebemosé para doá-lo, para dar sabor, paraoferecê-lo», reforçou.

O Papa Francisco acrescentou aindaque o sal tem outra particularidade:«quando bem usado, não se sente o seugosto, sente-se o sabor do alimento: osal ajuda a que o alimento seja maissaboroso. Esta é a originalidade cristã!»

Fazendo sempre alusão ao sal, o Papafirmou que cada cristão tem os seusdons e que devem ser usados de duasformas.

«Dar o sal a serviço das refeições, aserviço das pessoas, a serviço dosoutros e depois a transcendência parao autor do sal, o Criador, através daoração e da adoração».

«Mas se não fizermos isso – essasduas transcendências – o sal permane-cerá no recipiente e nós nos tornaremoscristãos de museu», concluiu.

RV/SN

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A ALELUIA PASCALComentário de Santo Agostinho sobre o Salmo 148

Toda a nossa vida presente deve transcorrer no louvorde Deus, porque o louvor de Deus será também a alegriaeterna da nossa vida futura. (…)

Assim podemos considerar duas fases da nossaexistência: a primeira que sucede agora no meio dastentações e angústias da vida presente, e a segunda, quehá-de vir depois, na segurança e na alegria eterna. Porisso foi também instituída para nós uma dupla celebração:a do tempo antes da Páscoa e a do tempo depois daPáscoa. O tempo antes da Páscoa representa as tribula-ções que passamos nesta vida; o que celebramos agora,depois da Páscoa, significa a felicidade que alcançaremosna vida futura. Por isso passamos o primeiro tempo emjejuns e orações; no segundo, porém, que agora celebra-mos, descansamos do jejum e dedicamo-nos ao louvor deDeus. É este o significado da Aleluia que cantamos. (…)

Agora, irmãos, exortamo-vos a que louveis a Deus; eé isso que todos nós mutuamente exprimimos, quandocantamos: Aleluia. «Louvai ao Senhor», dizemos nós unsaos outros (…). Mas louvai-O com todas as vossas forças,isto é, louvai a Deus não só com a língua e a voz, mastambém com a vossa consciência, a vossa vida, as vossasacções.

Na verdade louvamos a Deus agora que nosencontramos reunidos na igreja; mas logo que voltamospara casa, parece que deixamos de louvar a Deus. Nãodeixes de viver santamente e louvarás sempre a Deus.Deixas de O louvar quando te afastas da justiça e do queLhe agrada. Se nunca te desviares do bom caminho, aindaque se cale a tua língua, clamará a tua vida; e o ouvido deDeus estará perto do teu coração. Porque assim como osnossos ouvidos escutam as nossas palavras, assim osouvidos de Deus escutam os nosso pensamentos.

A comunicação na assembleia

Deus está morto!

Se o padre, durante uma oração a Deus, olhapara a assembleia como para a convencer…, Deusestá morto!

Se o solista ou o coro cantam palavras a Deuse “fazem música” sem se concentrarem no quecantam…, Deus está morto!

Se o leitor lê a Bíblia como a lista telefónica,sem respirar, sem deixar respirar o Espírito…,Deus está morto!

Se a assembleia “recita” o Pai-nosso ou o cantacomo uma vaga cantiga…, Deus está morto!

Se os cânticos já não sabem falar a Deus e sóvisam interpelar – um novo moralismo – …, Deusestá morto!

Se o padre, cujos braços se erguem num gestomecânico à altura dos ombros e não já para umalgures simbólico, estende as mãos sobre asofertas num gesto mecânico e não já sob o pesodo Espírito…, Deus está morto!

Se os que falam de Deus, os que fazemcomentários sobre Deus, dizem sempre “Ele” e jánão sabem dizer “Tu”…, Deus está morto!

Em todas as palavras que a Palavra não habita,em todos os silêncios que o inefável de Deus nãohabita, em todos os corpos que o Espírito nãohabita…, Deus está morto!

Não, Deus não está morto, mas as aparências– e a liturgia é aparência – podem , por vezes,levar-nos a duvidas da Sua presença.

(In Jean LEBON, Para viver A LITURGIA, Gráfica de

Coimbra/Ed. Perpétuo Socorro, Porto,[1989], pág. 65)

No primeiro sábado da Quaresma, Nuno Fileno, mestre de capela da Sé deCoimbra, falou aos alunos da EDMS sobre o papel de quem está ao serviço damúsica litúrgica e o tempo quaresmal. Apelou à reflexão sobre os textos bíblicosque marcam esta caminhada, destacando a profecia de Joel (2, 12-18), como partidapara o tempo de transformação, que meditámos em quarta-feira de cinzas.

Na Quaresma, a Igreja propõe-nos: a oração, o jejum e a caridade. Três pilaresabordados para uma melhor caminhada de quem está ao serviço.

Oração – Muitas vezes o ensaio do coro acontece na igreja, por isso antes de cada ensaio deve o coro fazer oração emvoz alta ou silenciosa. Deve rezar mais os textos antes de escolher os cânticos, de modo a dar voz à Palavra que Deuspropõe; deve rezar pela comunidade, pelos cantores, pelo organistas, pelo director de coro, para que dêem bons frutos, ouseja, que Deus esteja presente nas celebrações.

O organista, o director de coro, o salmista, o cantor são intérpretes sujeitos à tentação de vedetismo. Rezar sobre as suasacções ajuda-os a desviarem-se de tentações. Na Igreja não há palco ou deixaremos de louvar a Deus para celebrar oHomem.Jejum – Pode dizer-se que é a conversão corporal. Por vezes nota-se alguma ostentação e exuberância em muitos casos

(fatos vistosos) ou, pelo menos, falta simplicidade nos gestos, nas acções, no modo de se apresentar nas celebrações e nautilização dos espaços. Devemos compreender que os bens são dons de Deus que nos apela a deixar o sentido de posse ea dispensar o supérfulo. Assim, propõe-se a renúncia a protagonismos. A animação litúrgica é serviço aos irmãos e louvora Deus. Estamos a celebrar Cristo! – dimensão esquecida em algumas comunidades que tomam a liturgia por um encontrode pessoas. Por isso é justo que se faça jejum de textos banais ou letras pobres. Cantar a Palavra de Deus é caminho segurona acção evangelizadora e no trabalho pela conversão constante, a que nos propomos.Caridade – é amor; nele vemos o outro como irmão a quem levamos Deus. Um director de coro ou um organista tem de

amar o ritmo dos seus cantores, o ritmo da assembleia, para que não corra o risco de a ter em silêncio ao longo de toda acelebração. E até o ritmo do presidente. Por amor será paciente na construção de celebrações mais dignas, sem descuidara sua formação técnica. HAR

Os nossos Alunos não se alimentam só de notas musicais

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Consultóriodo

Dr. Carlos Lopes

* * *

Ministro da Música

Se você toca órgão/viola na igreja, se você começa oscânticos na Missa, se você sente uma vocação especial pararezar por meio do canto, não tenha dúvida: você é umMinistro da Música.

Infelizmente, este ministério não tem recebido suficienteatenção. Em muitos lugares, o músico não passa de um“desenrasca”, ou então é considerado apenas um funcionáriodo culto. Ser ministro da música é mais do que isso.

Nos lugares onde o ministério da música é levado a sérioacontecem maravilhas. O povo consegue rezar por meio doscânticos. Portanto, esse ministério é muito importante paraque nossas celebrações sejam mais agradáveis a Deus.

O ministro da música é aquela pessoa chamada por Deusa servir a comunidade por meio da música. É alguém queprocura expressar a santidade do seu baptismo por meio decânticos. Não exerce este serviço tendo em vista “status” ouglória pessoal. Quer simplesmente a glória de Deus e asantificação da comunidade. Para isso a música tem-semostrado um instrumento valioso.

O ministro da música não é um cantor como outroqualquer. É alguém que aceitou ser porta-voz do Deuscompositor. Ser ministro da música é algo mais sério do quepegar numa viola e “animar” a liturgia da comunidade. Éresponder com um sim ao chamamento de Deus, nãosimplesmente fazer o papel de animador durante a Missa. Éser, de corpo e alma, ministro da música.

Uma das características dos ministros da música é o zelo.Eles não se contentam com pouco. Não suportam amediocridade. Para Deus, sempre o melhor. Não basta tocartrês posições na viola. Eles querem tocar bem. Aprendemteoria musical. Alguns até tomam aulas de técnica vocal oucomeçam a aprender seu instrumento por música. Procuraminstrumentos afinados para o culto. Preocupam-se emmelhorar o som e a acústica da igreja. Estão sempre querendoaprender novos cânticos.

Eis o que de mais importante um ministro da música devefazer:

1. ser humilde, 2. ter aptidão, 3. ter vida interior, 4. ser instrumento de Deus, 5. ser pessoa de oração, 6. inspirar segurança e confiança, 7. ser paciente e persistente, 8. saber sorrir, 9. ter bom ouvido musical,10. ter bom senso,11. amar a Deus,12. ser profeta (fala e canta em nome de Deus),13. ser discreto.

Qual destas qualidades preciso pedir a Deus?

Nota: Transcrição (adaptada ao português lusitano) do livro de Padre

Joãozinho, scj, CURSO DE LITURGIA, Edições Loyola, São Paulo, Brasil,1995, pág. 141-142.

Terminada vivência do tempo quaresmal,ECOS deseja a todos os seus

benfeitores, amigos e leitoresFeliz Páscoa no Amor de Cristo.

* * *

— Na EDMS aprendi que os cantores e organistasdesempenham um “ministério” próprio e por isso ocupamtambém um lugar próprio. O que é que em concreto lhes éexigido? (Fazem parte da assembleia: gestos, atitudes... dãonas vistas... e no fim da celebração...?). DMS

— A primeira coisa que lhes é exigida é talvez a quemais contribui para que seja hoje tão difícil recrutarelementos para os coros litúrgicos, enquanto que paraoutros parece não o ser tanto: que estejam dispostos aprepararem-se semanalmente para a liturgia domi-nical – e outras quando as houver, haja em vista, porexemplo a Semana Santa, tão trabalhosa – com umensaio, além do serviço do canto na própria Missa; querdizer, duas disponibilidades semanais. O mesmoacontece com os catequistas: a preparação da catequesee a catequese propriamente dita. Note-se que a Missadominical não é propriamente um espectáculo, não temmerenda no fim, é sempre no mesmo sítio e, portanto,não inclui passeio e é semanal, não ocasional como osconcertos dos coros civis: reside aqui a especial exigên-cia de serviço que faz do ministério litúrgico do canto…uma vocação.

Mas há algo ainda mais exigente, mas talvez maisacessível quando se leva aquela primeira com alegriae amor: espera-se do cantor litúrgico que ele não sócante bem tecnicamente, mas que cante também digna-mente, isto é, com a alma e o coração como Deusmerece, com o espírito do verdadeiro louvor a Deus,uma vez que, ao estar na Liturgia ao serviço da Igrejapara que ela eleve um louvor mais belo humanamentee mais digno de Deus, ele assume um acréscimo deobrigação nessa dignidade; não que lhe seja imposto,é ele que o assume, ao oferecer-se para esse serviço.

Neste contexto, é exigido ao cantor litúrgico umconjunto de atitudes/virtudes que não é diferente dode qualquer cantor de um coro, mas que num corolitúrgico adquire uma dimensão diferente, que é adimensão da própria santidade, na medida em quecada um de nós se santifica em primeiro lugar na suavocação e estado de vida. A saber: a humildade de sesaber colocar com toda a disponibilidade no papel deconduzido (quando não se é o director), no papel dedirector com toda a responsabilidade de orientar ocoro e a sua actividade conforme a Igreja deseja epreceitua, sempre movido por um fundamentalespírito de serviço a Deus e aos irmãos. Tais atitudese virtudes estão distribuídas pelas duas classesfundamentais de membros do coro, mas são, narealidade, comuns a todos.

Quando esta vocação se cultiva seriamente, tudo omais, nomeadamente o modo como o coro se comportadurante as celebrações, sobretudo quando estáparticularmente visível à assembleia, virá poracréscimo.

Eis uma proposta de exercício quaresmal paracantores litúrgicos.

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N o t í c i a s & I n f o r m a ç õ e s

Boas Festas – Recebemos mensagens de Natal e votos de FelizAno Novo e bom êxito nos trabalhos escolares. Agradecemos agentileza e a todos desejamos coragem e alegria no serviço que prestamàs respectivas comunidades.

Ano Lectivo 2014/15 – 20 de Dezembro: terminámos este últimodia de aulas, antes do Natal, com a celebração de Vésperas do IVdomingo do Advento, na capela do Seminário. Temos notícias destaprática que se vai repetindo em alguns lugares da Diocese e que ajudaa preparar melhor as grandes festas ou solenidades do ano litúrgico.Após aquela celebração houve um pequeno convívio em que, entreoutros, venerámos Nª Senhora do Ó com o canto “A Virgem espera oMessias”. O Natal chegaria só no dia 25.

Concerto de Reis – 17 de Janeiro. Sob a direcção da maestrinaSusana Teixeira, este belo concertoteve lugar na igreja de S. José, emCoimbra, na apresentação oficial doCoro APRe (Associação de Aposen-tados, Pensionistas e Reformados) de

que é fundadora. Se alguém desejar inscrever-se peça informações a:<[email protected]> Esta antiga aluna, de quem já se deunotícia no ECOS do Ano XVI nº2, frequenta actualmente o mestradoem direcção de coro e orquestra, no Conservatório Superior de Gaia.Na sua mensagem, acompanhada de uma foto lê-se esta passagem:«Para mim, é uma honra ter iniciado o meu projecto musical, na EscolaDiocesana de Música Sacra, escola que marcou o meu percurso,enquanto pessoa e profissional!» É pequena de estatura, mas de almamuito grande na doação à Igreja e à cultura. Parabéns, Susana

Notícias da Família – Depois da expedição do último ECOS,recebemos várias mensagens de Natal e outras notícias, queagradecemos. Assim: De Taveiro – Chegou-nos ao conhecimento que o Mário Vidinha

(que foi um dos primeiros e terminou o Curso Geral em Maio de 1994)frequentou o Curso de Educação Musical da ESEC e está agora aconcluir o mestrado. Trabalha, há já alguns anos, na Câmara da Mealhada(nas actividades extracurriculares). Parabéns ao amigo Mário. De Cantanhede – Soubemos que o Frederico Silva e o Bruno

Pinto prepararam e orientaram o canto de Vésperas II nos domingosdo Advento. Feliz pelo acontecimento, o Frederico comentou:«Correram muito bem. Foi a primeira vez, mas houve bastante adesãoe a assembleia sentiu que rezar Vésperas, cantando, tem outro “sabor”pela participação activa de cada um. É notável pois fazem-me chegarcomentários positivos a esse respeito. Dou Graças a Deus.» De Portunhos (Cantanhede) – O Bruno Pinto acrescentou: «A

iniciativa de [cantar] Vésperas é algo novo na Paróquia de Cantanhedee espero que seja a primeira de muitas. É desta humilde forma quetento aplicar os conhecimentos que me foram transmitidos na EDMS.(…) Entretanto, dou-lhe conta de outra actividade na qual estouenvolvido, isto é, um pequeno concerto de Natal integrado no PresépioPenela». Parabéns, amigos. Acende-se uma luz... para iluminar. De Belide – A Vanda Ferreira deu sinais de vida. Respondendo ao

apelo feito, enviou o seu E-mail e disse: «Já passaram alguns anosdesde que passei pela EDMS. Casei, tenho duas filhas lindas e trabalhona casa de saúde das Irmãs Hospitaleiras em Condeixa.» Bendito sejaDeus por esta alegria e felicidade manifestadas. Alegramo-nos com anotícia e continuamaos à espera de outras. De Vila Nova de Gaia – O Bruno Fixe, natural de Febres, que

orientou durante alguns anos o Coro de São Caetano, estudou Infor-mática (área de gestão) e desde há 4 anos trabalha numa empresa deMarketing. Vive em V N de Gaia, a 100 m do mosteiro de Grijó. Queseja bem sucedido e os “ares” do mosteiro, fundado no final do séc.X, o conservem bem firme no Norte da vida cristã. Visitas – Recentemente fomos surpreendidos com a visita de alguns

antigos alunos: O Frederico e a mãe, Maria Isabel (Cantanhede),D. América Barata (Alvares) e Paula Tinoco (Portela de Tentúgal)que não trouxe “pastéis”, mas deixou uma oferta para o nosso ECOS.Vieram “matar saudades” e rever amigos e professores. Bem-hajampela amizade e alegria que nos deram. Bodas de Ouro – Carlos M Trindade Martins, de Miranda do

Corvo, é um dos primeiros com que aEDMS iniciou a sua actividade, em1991. Ele e sua esposa Maria Helena,professores reformados, celebraram o50º aniversário de matrimónio noCarmelo de S.ta Teresa, Coimbra, em3 de Janeiro de 2015. Parabéns aosaniversariantes. A sua tarefa de educadores cristãos não findou ainda.O Papa Francisco disse há pouco tempo que, para os cristãos, «não háreformas antecipadas!» Então, o mesmo Senhor, que há 50 anosabençoou a sua união, lhes dê luz e forças para continuarem a missãode serviço até ao fim. Dêmos graças a Deus.

Antigos Alunos – Em resposta a um pedido, por diversas vezesrenovado, recebemos o E-mail de 24 antigos alunos. Assim, a nossacomunicação torna-se mais fácil e mais rápida e chega à quasetotalidade dos finalistas. O próximo ano (2015-16) será o 25º ano deactividade da EDMS. Vamos pensar em nos juntarmos para comemorardignamente o acontecimento?

Na Morada Eterna – O muito nosso amigo Américo Ferreira“partiu”, na tarde do dia 7 de Dezembro pp., aoencontro do Senhor da Vida sem fim. O caminhoestava bem aplanado e limpo pelo sofrimento. Ofuneral realizou-se na terça-feira seguinte. A Missaexequial foi na igreja de São José – Coimbra,participaram alguns alunos da EDMS animando acelebração e implorando de Deus a recompensa paraeste seu servo que tanto se empenhou em cantar e

ajudar a cantar bem os louvores divinos.

41º Enc. Nac. de Pastoral Litúrgica – Vai realizar-se, em Fátima,de 28 a 31 de Julho de 2015. O tema geral é este “A comunicação emLiturgia”. Presidentes, Acólitos, Leitores, Cantores e outros Ministrosterão oportunidade de confirmar ou descobrir a importância do bomexercício do seu ministério. Vale a pena fazer esta experiência.Organizai-vos para vos inscreverdes a tempo.

Novo livro de cânticos – O Sec. Nac. de Liturgia editou, no finalde 2014, o “O Canto do Celebrante” (livro com 292 páginas). Opresidente da Com. Episcopal de Liturgia, Sr. Dom José Manuel G.Cordeiro, considera-o «… um valioso contributo para a arte depresidir do ministro celebrante, …». Também os cantores podem tirardele algum proveito, sobretudo na Vigília Pascal, pois que contém oPrecónio Pascal. Tudo em notação moderna. Viva o SNL!

Novas Abordagens ao Ensino e à Prática do Canto. – Esta acçãode formação realizar-se-á nos dias: 14 e 21 de Março e nos dias 4 e 11de Maio, no Estúdio Audiovisual do Departamento de Comunicaçãoe Arte da Universidade de Aveiro e destina-se a: Cantores, Professoresde Canto do Ensino Secundário, Maestros de Coros, Coralistas e atodos os interessados, desde que respeitem os seguintes pré-requisitos:ser possuidor de formação avançada em música. Mais informaçõessobre esta acção de formação e créditos atribuídos poderão serencontradas em: http://www.ua.pt/uinfoc/PageText.aspx?id=12297Para questões de ordem administrativa/outras informações, contactar:[email protected]

Um agradecimento final - a todos os nossos colaboradores.

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