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E CONOMIA DA ENGENHARIA

CUSTOS

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A ECONOMIA DA ENGENHARIA E A ATIVIDADE ECONMICAA atividade da Engenharia ocorre como resultado das necessidades da humanidade. A satisfao destas necessidades e as propostas da Engenharia esto ligadas pelo processo de produo. Produo o ato de dar ou aumentar a utilidade de alguma coisa. A Engenharia uma atividade produtiva que visa atender s necessidades humanas. um processo fsico, cujo objetivo conseguir o maior resultado possvel por unidade de recurso aplicado. A funo usual da Engenharia manipular os elementos de um ambiente o Fsico para criar Utilidade em um segundo ambiente o Econmico. Ao lidar com o ambiente Fsico, o Engenheiro baseia-se nas leis fsicas, que so exatas. J ao lidar com o ambiente Econmico, precisa conhecer as leis econmicas, que so inexatas, dependentes do comportamento de pessoas agindo individual e/ou coletivamente. Isto o coloca em desvantagem e o aterroriza pelo fato de achar que est se baseando em estimativas e julgamento, quando sua formao exige um comportamento racional. Da ento a sua tendncia de no levar em conta os aspectos econmicos. Entretanto importante que o Engenheiro saiba lidar com as leis econmicas com a mesma facilidade que ele lida com as leis fsicas. As conseqncias econmicas e sociais das iniciativas da Engenharia devem preocupar o Engenheiro. O objetivo da Economia da Engenharia preparar os Engenheiros para lidar com a natureza biambiental das aplicaes da Engenharia. A Economia estuda a maneira como se administram os recursos escassos, com o objetivo de produzir bens e servios e distribui-los para seu consumo entre os membros da sociedade. A atividade econmica concretiza-se na produo de ampla gama de bens e servios, cujo destino ltimo a satisfao das necessidades humanas. Elementos chaves : 1) Necessidades humanas (consumo de bens ou servios) 2) Recursos 3) Tcnicas de produo BEM: tudo aquilo que satisfaz direta ou indiretamente os desejos e necessidades dos seres humanos. SERVIOS: so aquelas atividades que, sem criar objetos materiais, se destinam direta ou indiretamente a satisfazer necessidades humanas. Bens ou servios econmicos (Produtos, Mercadorias) Caractersticas: 1) So escassos 2) So Necessitados 3) Haja disponibilidade RECURSOS: so os fatores ou elementos bsicos utilizados na produo de bens e servios. So denominados Fatores de Produo.

Recursos econmicos

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Caractersticas: 1) So escassos 2) So versteis 3) Podem ser combinados em propores variveis (so transferveis) Tradicionalmente, esses fatores se dividem em trs grandes categorias: terra, trabalho e capital. Terra: Indica a terra culturvel e urbana e os recursos naturais que contm, como por exemplo, os minerais. Trabalho: Refere-se s faculdades fsicas e intelectuais dos seres humanos que intervm no processo produtivo. . A populao um conjunto de seres humanos que vivem em uma rea determinada. . O fator produtivo trabalho a parte da populao que desenvolve as tarefas produtivas. Capital: Compreende as edificaes, as fbricas, a maquinaria e os equipamentos, a existncia de meios elaborados e demais meios utilizados no processo produtivo. Em economia, ao menos que se determine o contrrio, o termo capital significa capital fsico, isto , mquinas e edifcios, e no capital financeiro. Uma carteira de aes no constitui um recurso produtor de bens e servios, e no capital no sentido econmico. Do mesmo modo, necessrio distinguir capital fsico, ao qual nos referimos anteriormente, de capital humano, entendendo por este ltimo a educao e a formao profissional que incrementam o rendimento do trabalho. TCNICAS DE PRODUO: As tcnicas de produo consistem no know-how e dos meios fsicos para transformar os recursos de modo a satisfazer as necessidades humanas. A natureza das tcnicas disponveis dos empresrios geralmente considerada fora do mbito da teoria econmica e dentro do domnio da engenharia. Usualmente, os economistas presumem que, para a produo de qualquer bem, existe determinada quantidade de recursos disponveis e que, para qualquer quantidade de bens produzidos, utilizar-se- a tcnica do custo mnimo.

2- SISTEMA ECONMICO

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Os agentes econmicos (as famlias, as empresas e o setor pblico) so os responsveis pela atividade econmica. Os agentes econmicos podem ser agrupados nos seguintes setores: . Primrio: agricultura, pesca e minerao. . Secundrio: indstria e construo. . Tercirio: servios, comrcio, transporte, bancos etc.

As famlias ou unidades familiares consomem bens e servios, e oferecem seus recursos (fundamentalmente trabalho e capital) s empresas. Convencionalmente so chamados de Consumidores. A empresa a unidade de produo bsica. Contrata trabalho e compra fatores com o fim de fazer e vender bens e servios. As empresas so no sentido econmico chamadas de Produtores ou Fornecedores. O setor pblico estabelece um marco jurdico-institucional no qual se desenvolve a atividade econmica. responsvel tambm pelo estabelecimento da poltica econmica.

FUNCIONAMENTO DO SISTEMA ECONMICO

FLUXO MONETRIO(Pagamento monetrio pelos produtos) FLUXO DE PRODUTOS FAMLIAS (CONSUMIDORES) . Consomem bens e servios finais produzidos pelas empresas . Fornecem fatores produtivos para as empresas EMPRESAS (PRODUTORES) . Fornecem bens e servios aos consumidores . Utilizam fatores produtivos fornecidos pelas famlias.

FATORES PRODUTIVOS (Terra, Trabalho, Capital) FLUXO MONETRIO (Pagamento monetrio pelos fatores produtivos)

3- A FORMAO DOS PREOS3.1- MERCADORIAS E MERCADO

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Uma mercadoria um produto que no se destina ao consumo do prprio produtor, mas venda. Produo tudo: desde o que a dona de casa faz no seu lar at o que Autolatina faz em suas fbricas de automveis. S uma faixa dessa produo se traduz em mercadorias, classificadas em Bens (corpreos, materiais) e Servios (incorpreos e imateriais). Por exemplo, um liquidificador um bem, enquanto que a estadia em um hotel um servio. Todas as mercadorias, bens ou servios, so comercializadas em uma entidade abstrata denominada Mercado. Normalmente tm-se a tendncia a associar o Mercado a uma localizao geogrfica. Realmente frutas e verduras so geralmente comercializadas em um local especfico de uma cidade. Aes so negociadas em Bolsa. Entretanto, isto no o usual. De maneira geral, o Mercado concilia o interese de compradores (consumidores) e produtores (ofertantes) que, em muitos casos, vivem em locais geograficamente distantes e mantm relaes comerciais durante anos sem ao menos se conhecerem. Cada um de ns participa diariamente no Mercado, seja como consumidores ou como ofertantes. Ns ofertamos nosso trabalho no Mercado dos fatores de produo e nossas poupanas no Mercado de capitais. Ns podemos especular no Mercado de aes. Como consumidores participamos do Mercado de roupas e de alimentos, de entretenimento, de turismo, de informao, de educao, etc. Todos estes Mercados so interconectados, isto , a maioria da renda pessoal que vai para o consumo vem da venda da capacidade de trabalho no Mercado dos fatores, enquanto que o nvel de preos em qualquer Mercado determina a quantia de dinheiro que sobra para se gastar no demais. Em suma, o Mercado requer a convergncia de informao, um fluxo de informaes atravs do qual produtores e consumidores expressam seus interesses em consumir e vender mercadorias.

3.2- O CONCEITO DE PREO As mercadorias no valem apenas porque custam a ser produzidas. Elas valem igualmente porque, direta ou indiretamente, so capazes de satisfazer s necessidades e aos desejos das pessoas. O termo econmico que representa essa capacidade Utilidade. A utilidade que um objeto tem para uma pessoa determinada por esta pessoa. Ento, a utilidade de um objeto no inerente a ele, mas considerao que a pessoa tem por ele. A utilidade que um objeto tem para uma pessoa a satisfao que deriva dele. A partir do conceito de utilidade eles chegaram ao conceito de Valor. Adam Smith no captulo 6 de "A Riqueza das naes" considera que "Valor tem dois sentidos diferentes, podendo exprimir a utilidade de uma mercadoria, ou seu Valor de Uso, ou a possiblidade desta mercadoria servir para comprar outras mercadorias, ou seu Valor de Troca". A expresso monetria do valor de troca de uma mercadoria o seu Preo. Quando o valor expresso em moeda, tem-se o preo. Preo ento o valor monetrio de uma mercadoria. As relaes econmicas tm um sistema de referncia e orientao: os preos. No h uma economia sem um sistema de preos. Para que as pessoas se relacionem precisam saber quanto vale cada coisa. Os preos servem como sinal, informao bsica e referncia no dia a dia das decises de sobrevivncia. So sinais, informaes, que nos ajudam a tomar decises com que ligamos nosso presente ao nosso futuro.

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3.3- AS LEIS DE FORMAO DOS PREOS 3.3.1- A lei da Oferta e Procura A hiptese que os consumidores compram mais a um preo menor e que os produtores oferecem mais a um preo maior representada no diagrama da Oferta e procura a seguir. A curva D (Demanda) mostra as quantidades alternativas por unidade de tempo que seriam consumidas a vrios preos. Ela inversamente proporcional aos preos, significando que quanto maior os preos, menores sero as quantidades consumidas. A curva de Demanda ou Procura depende, alm do preo da mercadoria, de diversos outros fatores, dos quais os principais so: preferncias ou gostos dos clientes; dos preos das mercadorias alternativas competidoras; do nmero de consumidores considerados; da renda dos consumidores; da variedade de bens disponveis para os consumidores; de fatores legais, polticos, sociais e geogrficos do ambiente. A tabela ou curva de Demanda ou Procura de mercado mostra a relao entre a quantidade demandada de um bem por todos os indivduos e seu preo, mantendo constante os outros fatores. Ela se orienta pelo valor percebido pelos clientes dos bens e servios. Os movimentos ao longo da curva de demanda de um bem (por exemplo, discos) acontecem como conseqncia de uma mudana nos preos (dos discos). Os deslocamentos da curva de demanda (de discos) se devem a alterao de alguns outros fatores, que no o preo (dos discos). Por exemplo, a renda dos consumidores. A curva da oferta (O) mostra as quantidades alternativas por unidade de tempo que seriam ofertadas a diferentes preos. Ela diretamente proporcional aos preos, ou seja, quanto maiores os preos, maiores sero as quantidades ofertadas pelos produtores. A Oferta altera-se sempre que um desenvolviemnto tcnico ou os preos dos fatores usados na produo da mercadoria alteram seu custo de produo. Ela orienta-se em grande parte pelo custo o quanto custa aos produtores a produo dos bens e servios. Em resumo, a Demanda predominantemente psicolgica, orientada pelo desejo dos consumidores, enquanto a oferta predominantemente objetiva orientada pela tecnologia e pelo custo, embora possa em parte depender de fatores subjetivos, tais como a motivao dos empregados. De acordo com a lei da Oferta e Procura haver um ponto (E), de encontro das duas curvas, onde produtores e consumidores estaro igualmente satisfeitos. Este ponto determina o preo de equilbrio ou o preo de mercado e a quantidade respectiva. Os preos sobem e descem ao sabor da Lei da Oferta e Procura. Oferta maior que Procura, os preos baixam. Procura maior que Oferta os preos sobem. Na teoria, em algum momento, a oscilao finalmente d lugar a uma estabilidade, como um pndulo que chega ao repouso. O Mercado encontra seus preos de equilbrio.Por conseguinte, no h nada que um nico comprador ou vendedor possa fazer para influenciar o Mercado. O Mercado torna-se o mecanismo regulador dos preos que toma o lugar do Estado, da Autoridade; uma fora impesssoal, ao abrigo da manipulao por parte de um indivduo ou de uma organizao qualquer. Preo ($) O

O>D

PE = Preo Equilbrio

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P1 P2

3.3.2- A Lei da Margem Constante ("Mark up") Esta Lei considera que as empresas tm uma poltica de preos, os quais seriam determinados parte em funo da concorrncia e parte em funo dos Custos. De acordo com esta lei as empresas, para determinar seus preos, calculam quais so seus Custos Diretos (Matria Prima e Mo de Obra Direta) , e sobre esses Custos aplicam uma margem para cobrir os Custos Indiretos, Impostos e para proporcionar um determinado Lucro desejado pela empresa. Assim se o custo Direto $100 e a margem 50%, o preo ser $150, ou seja: Pr = Cd (1 + K), onde Pr preo, Cd o Custo Direto e K a margem. O valor de K depende da concorrncia, isto , quanto maior a concorrncia menor o K. A idia que em lugar de dizer que o preo determinado pela Lei da Oferta e Procura, parte-se de um pressuposto mais realista de que o preo objeto de deciso da firma, na qual se levam em conta seus Custos Diretos e as condies de concorrncia. Na prtica o "mark up" um ndice aplicado sobre o custo de um bem ou servio para a formao do preo de venda. Por exemplo, o dono de um bar pode aplicar o ndice de 1,5 sobre o preo de compra do litro de uma determinada bebida, para formar o preo de venda. O "mark-up" tem por finalidade cobrir as seguintes despesas e fornecer um lucro: a) b) c) d) e) f) impostos sobre a venda; taxas variveis sobre venda; despesas administrativas fixas; despesas de venda fixas; custos indiretos de produo fixos; etc.

3.4- APLICABILIDADE DAS LEIS 3.4.1- Elasticidade Demanda Uma informao de grande interesse s empresas como as mudanas de preos afetam a receita total. O que os empresrios querem saber se as mudanas nos preos elevaro ou reduziro a receita total, isto , qual o resultado da multiplicao do preo pela quantidade vendida. Preo Quantidade demandada Receita total por dia

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(R$) Situao atual: Situao final: Caso 1 Caso 2 100 80 80

(ou vendida) por dia 300 345 390

(R$) 30.000 27.600 31.200

A elasticidade-preo da demanda (Ep) mede o grau em que a quantidade demandada responde s variaes de preo de mercado e se expressa como o quociente entre a variao percentual da quantidade do bem, produzida por uma variao de seu preo em %, mantendo-se constantes todos os demais fatores que afetam a quantidade demandada. Medida de elasticidade: Ep = Q/Q = Variao percentual da quantidade demandada p/p Variao percentual do preo Elasticidade - arco: p No ponto A 100 No ponto B 90 A ======> B B ======> A Ep = Q/Q p/p1

Q 1.000.000 1.200.000

Ep = -2 x (-1) = 2 Ep = -1,5 x (-1) = 1,5 Q = Quantidade menor p1 = Preo mais baixo

Ep = -1,8 x -1 = 1,8 OBS. = Caso no multiplique por (-1), considerar que Ep = -2 > Ep = -1,5 > Ep = -1 ELASTICIDADE NO PONTO: A

Ep = MT OM

P

(D) O M T Ep > 1 ===> Procura elstica ( A demanda elstica se o valor numrico da elasticidade maior que a unidade, isto , se a variao na quantidade percentualmente maior que a do preo). Ep = 1 ===> Procura tem elasticidade unitria ( A demanda tem elasticidade unitria se uma variao percentual do preo produz uma variao percentual da quantidade igual quela).

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Ep < 1 ===> Procura inelstica ( A demanda inelstica se o valor numrico da elasticidade menor que a unidade, isto , se a variao na quantidade percentualmente menor que a variao no preo). ELASTICIDADE X RECEITA: (Receita = pv x Q), onde pv o preo de venda e Q a quantidade. Ep > 1 ===> Q/Q > p/p (diminui p, aumenta receita; aumenta p, diminui receita) Ep < 1 ===> Q/Q < p/p (diminui p, diminui receita; aumenta p, aumenta receita) Ep = 1 ===> Receita mxima Quando a demanda elstica, uma reduo do preo aumentar a receita total. Um aumento do preo, ao contrrio, reduzir a receita total. Quando a demanda inelstica, uma reduo no preo diminuir a receita total e um aumento elevar a receita. OBS.: Isso explica o comportamento de certos agricultores que preferem queimar ou destruir parte de suas colheitas, pois, dessa forma, conseguem elevar os preos de seus produtos e aumentar as receitas totais, uma vez que a demanda do produto agrcola normalmente inelstica. Fatores que influenciam a elasticidade: a) A disponibilidade de bens substitutos para o produto considerado b) O nmero de utilizaes que se pode dar ao produto c) Seu preo relativo ao poder aquisitivo dos compradores d) Se o preo estabelecido est prximo extremidade superior ou inferior da curva de procura.

Receita Aumenta P Receita Mxima Receita Aumenta

O

M

T

3.4.2- Os Preos e os Tipos de Mercadoria Considere dois tipos de mercadorias diferentes: 1) Uma a que se chama de mercadoria elstica aos preos, cuja produo pode ser aumentada medida que o consumo cresce. Se o consumo de automveis cresce 5% ou 10% ao ano, as Montadoras em geral tm possibilidade de expandir sua produo em 5 ou 10%. A maior parte dos produtos industriais dessa antureza, ou seja, sua produo pode ser aumentada ou diminuda conforme a Procura. Os servios em geral, tambm, tm essa

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flexibilidade. Por exemplo, servios pessoais, como os prestados em hotis, restaurantes, cinemas, etc., tm essa capacidade de se ajustar s flutuaes da Procura. Essas mercadorias elsticas dividem-se em: a) padronizadas (tais como ao, cimento, vidro, produtos qumicos, madeira, algodo, metais no ferrosos, etc.), que no tm marca, que so comprados por uma especificao, conhecidos como "commodities" e comercializados em Bolsa de Mercadorias; b) no padronizadas (tais como roupa, cigarro, automvel, produtos de higiene e limpeza, alimentos industrializados e diversas outras), que tm uma marca, que so difrenciados, tais como Brahma, Maizena, Bombril, Caloi, etc. A maior parte das mercadorias elstica e seus preos so formados pela Lei da Margem Constante, ou seja, so determinados pelo seu custo de produo acrescidos de uma margem ou "mark up", isto , Preo = Custo (1 + K), onde a margem funo do tipo de produto e do nmero de concorrentes. Mercadorias elsticas padronizadas tm margem reduzida porque a concorrncia que se estabelece entre vendedores do tipo preo x qualidade, o que significa que os compradores vo dar preferncia a quem vender produtos de boa qualidade pelo menor preo. Mercadorias elsticas no padronizadas tm margem alta, para cobrir dispndios de publicidade, com pesquisa e desenvolvimento, etc., visando distinguir a marca. 2) Existem tambm as mercadorias inelsticas aos preos, isto , que a cada momento sua quantidade dada e no pode ser alterada em um determinado perodo de tempo, tais como petrleo, produtos agrcolas (milho, soja, caf, etc.) e outras. No caso dos produtos agrcolas, a quantidade ofertada funo da safra. A caracterstica principal destes produtos que a oferta constante num determinado perodo de tempo. As mercadorias inelsticas tm seus preos formados em funo da Demanda, isto , Preo = F (Demanda), para uma dada Oferta. Se a Oferta constante, a Demanda ou Procura sendo alta, o preo sobe, e inversamente, o preo desce. So mercadorias cujos contratos so normalmente fechados em Bolsas de Mercadorias, onde o fator especulativo tambm responsvel pela oscilao de preos. Para evitar flutuaes acentuadas nos preos, so formados estoques reguladores ou estabelecidos acordos de preos (por governos ou cartis).

3.4.3- Os Preos e a Estrutura da Indstria I) Concorrncia A fixao do preo torna-se impessoal, fora do controle de qualquer participante, e obedece a Lei da Oferta e Procura, desde que haja concorrncia entre muitos compradores e vendedores. Desde que houvesse concorrncia, uma firma individual no poderia fixar seus preos e teria que se sujeitar s foras do mercado. Na realidade a concepo referida tem sentido quando as firmas produtoras de mercadorias so de pequeno porte e em grande nmero, e as mercadorias facilmente substituveis. II) Oligoplio Contudo nem todos os mercados funcionam assim. Se houver poucos vendedores, que tm poder de mercado, ou seja, de impor um preo de forma bastante independente do jogo da Oferta e Procura, como acontece nas indstrias automobilstica, qumica, de eletricidade, de pneumticos, de produtos de higiene e limpeza, de cervejas e refrigerantes, e de muitos outros ramos

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industriais, denominados Oligopolistas, cada firma constar a vantagem comum no preo mais altamente lucrativo, de vender somente a um preo bom para si mesmos. A economia moderna compe-se de um lado de umas poucas firmas muito grandes, que fornecem mais da metade de toda a produo privada de bens e servios (os Oligoplios), e de outro lado de um nmero imenso de firmas minsculas, que fornecem o restante. Uma conseqncia inevitvel do desenvolvimento da grande empresa que a fixao do preo deixa de ser competitiva e impessoal. Em vez disso, a grande empresa consegue o poder indispensvel de estipular seus preos. Entre as grandes empresas existe concorrncia na propaganda, na mudana de modelos, de equipamentos e acessrios, bem como de outras coisas que servem para convencer o consumidor. No entanto, qualquer coisa que ameace o controle bsico do preo por parte da empresa eliminada. III) Monoplio Existe um s ofertante, que tem plena capacidade de determinar o preo. Cartel um agrupamento de empresas que procura limitar a ao das foras de livre concorrncia para estabelecer um preo comum e/ou alcanar uma maximizao conjunta dos lucros.

3.5- EXERCCIOS COMPLEMENTARES 1. A curva de Oferta diria de copos dada pela frmula $P = Q / 1000 , enquanto que a curva de Demanda diria $P = 1000 / Q. a) determine a quantidade diria que ser vendida e o preo respectivo; b) em conseqncia de um acrscimo de renda dos consumidores, a demanda dobra. Determine o novo preo e o produto dirio. 2. Suponha que exista concorrncia na indstria de tintas; os dados da demanda e oferta so relacionados na tabela seguinte:

Litros por dia 200 300 400 500 600 700 800 Preo da Demanda 4,0 3,2 2,5 2,0 1,5 1,1 0,9 ($ / litro) Preo da Oferta 0,6 0,8 1,1 1,5 2,0 2,6 3,2 ($ / litro) O Governo decide relocalizar a indstria para fora da rea em que se encontra, para proteger o meio ambiente, o que acarretar um aumento do custo de transporte de $0,5/litro. Determinar a quantidade produzida e o preo de mercado antes e depois da relocalizao.

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3. Um aposentado costumava ir 6 dias por semana a um boteco para beber cerveja com seus amigos. Gastava em mdia $ 3,00 por dia. Nos ltimos tempos passou a gastar $ 3,40 / dia. Como sua aposentadoria no acompanhava o custo de vida, ele teve de reduzir suas idas a 5 dias por semana. Supondo que ele se divertisse igualmente antes e depois, determinar a elasticidade preo da procura pela sua diverso. 4. Um produto tem seu custo direto unitrio seguinte: $ / unidade 45,00 40,00 85,00

( 1 ) Salrios ( 2 ) Matria Prima ( 3 ) Custo Direto: ( 1 ) + ( 2 )

A matria prima teve seu preo aumentada em 30%, mantendo o mesmo consumo especfico. Qual o preo de venda do produto antes e depois do aumento, se o mark up da empresa de 80% ? 5. Um produto apresenta os seguintes custos variveis: $ / unidade 700,00 150,00 150,00

Material Direto Mo de Obra Direta Custo Indireto de Fabricao Varivel

As seguintes despesas aplicam-se sobre o preo: % ( a ) Impostos e Taxas sobre Vendas: - ICMS - PIS - COFINS - Comisses sobre Vendas ( b ) Despesas Gerais: - Despesas Administrativas Fixas - Despesas de Vendas Fixas - Custos Indiretos de Fabricao Fixos 17,00 0,75 0,50 5,00 2,00 5,00 15,00

A empresa deseja um lucro de 15% sobre o valor das vendas, antes do pagamento do Imposto de Renda. Qual deve ser o preo de venda do produto.

4- OS PRINCPIOS DA TEORIA DA PRODUO4.1- OS FATORES DE PRODUO Em economia o termo Produo refere-se converso de bens (materiais, corpreos), tais como carvo, minrio de ferro, lajotas, barras e placas de ao, etc., e servios (imateriais, incorpreos), tais como telecomunicaes, gua tratada, energia eltrica, transporte, intermediao financeira, etc., em outra forma diferente de bens e servios. Os bens e servios a serem convertidos esto na forma de "inputs" ou Fatores de Produo. Eles saem do processo de converso como

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"outputs" ou Produtos. Presumivelmente os produtos tero mais valor de mercado que os fatores tiveram em sua forma de pr-produo. Ns estamos cercados por processos de produo, cujos produtos so bens e servios. Por exemplo, a produo de po envolve a combinao de terra, sementes, fertilizantes, inseticidas, mquinas, mo de obra, sol e gua para produzir o trigo, um bem. O trigo movido das fazendas e estocado atravs da aplicao do esforo humano trabalhando com caminhes, tratores, trens, navios, transportadores, elevadores de gros, e silos de estocagem. O transporte e estocagem representam a produo de servios. O trigo passa por uma srie de processos de refino, mistura e panificao, cada um dos quais incorpora o uso de trabalho e mquinas, at que finalmente, o po, empacotado em embalagens impressas, oferecido em prateleiras iluminadas em um supermercado com ar condicionado, para ser apanhado por um cliente e levado a uma caixa registradora onde ser pago, colocado em sacos plsticos junto com outras mercadorias e levado para a casa do comprador. A comercializao de alimentos em supermercados ou vendas tambm um processo produtivo onde o produto um servio. Quando voc compra um po, voc compra tambm os servios que o faz atrativo e convenientemente disponvel. Assim no processo de plantio e processamento de trigo, a comercializao envolve combinar fatores de produo para criar um produto que tem mais valor que a soma dos fatores. Adam Smith, em seu famoso livro "A Riqueza das Naes" faz uma anlise regressiva e conclui que os preos das mercadorias so formados pelos fatores de produo originais: Recursos Naturais (terras agricultveis, florestas, recursos hdricos, recursos minerais e energticos, etc.) que so apropriados pelo homem; Trabalho representado pela capacidade de trabalho dos homens e Capital que a parte da produo que compulsria e livremente poupada para produzir bens e servios utilizados para aumentar a produtividade do trabalho do homem. Assim, a Universidade um bem de capital, onde foram investidos os recursos captados pelo Governo em forma de impostos, para melhorar a qualificao e eficincia dos seus formandos.

4.2- A FUNO DE PRODUO Quanto se pode produzir com uma dada quantidade de insumos limitado pela tecnologia. Dado o estado da tecnologia, existe uma variedade de possveis mtodos de produzir um bem ou servio. Alguns requerem muito capital e pouco trabalho, alguns requerem muito trabalho e pouco capital; alguns so novos, outros, velhos. Cada mtodo de produo requer o uso de fatores para produzir o bem ou servio. Dada uma certa quantidade desses fatores, possvel determinar que mtodo utilizar para se obter o mximo de produto, e a quantidade do produto, conforme apresentado no diagrama a seguir: K

12 10 50 100 20 16 20 TR

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onde K a quantidade de Capital e TR a quantidade de trabalho. Cada uma das curvas est relacionada a um certo nvel do produto, e mostra as diversas combinaes de capital e trabalho que produzir este nvel (por exemplo, um produto de 50 pode ser obtido usando 12 unidades de capital e 16 de trabalho, ou 10 unidades de capital e 20 de trabalho). Uma funo de Produo a relao tcnica entre as quantidades de fatores e de produtos. Ela representa formalmente as possibilidades tcnicas de produo, ou mais especificamente as possibilidades em termos de mtodos de produo capazes de produzir a quantidade desejada do produto. Ela reflete o conhecimento de Engenharia de como os processos trabalham e informa-nos as maneiras que os fatores podem ser combinados para produzir diferentes quantidades do produto. O conceito pode ser aplicado Economia como um todo ou a uma firma individual. A Funo de Produo para uma forma individual que produz um produto pode ser escrita: Q = f (TR, K, Rn, Tec), onde Q representa as quantidades do produto, e TR, K, Rn representam os trs fatores de produo, trabalho, capital e recursos naturais, respectivamente, e Tec a tecnologia existente num dado instante.

4.2.1- Exemplos A) A Editorao de Livros pelo Linotipo A manufatura de livros envolve muitas operaes, das quais uma a sua editorao, que pode ser feita atravs do uso de uma mquina denominada linotipo. um processo produtivo demandante de pessoal qualificado. Cada mquina exige pelo menos um operador. Suponha que cada conjunto de 1 mquina e 1 operador produza 10 pginas/dia. Suponha que se deseja investigar as possibilidades de produo de 200 pginas por dia: a) no ponto A representando a utilizao de 20 mquinas e 20 homens, onde a relao trabalho capital de 1/1, obtm-se 200 pgs.; Mquinas b) a remoo de 1 mquina reduz a produo em 10 pgs. e deixa um operador livre. Suponha que atravs de investigaes chega-se concluso que contratando-se 6 homens adicionais possvel recuperar a produo ao nvel de 200 pgs. no ponto B. Na condio do ponto A cada operador, alm de operar a mquina, realiza uma srie de outras atividades, tais como, alimentao, manuteno, descarga, etc., das mquinas. Os novos trabalhadores contratados executaro essas tarefas auxiliares, aumentando a produtividade dos Operadores

20 19 18

A B C

20

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operadores e retornando a produo condio original. Neste ponto diz-se que a produtividade marginal do capital 6 vezes a do trabalho, e a taxa marginal de substituio de capital por trabalho de 1/6; c) removendo mais uma mquina, haver reduo de 10 pgs. Suponha que esta nova mquina retirada seja substituda por 12 homens. A produtividade marginal do capital ser de 12 vezes a do trabalho e a taxa marginal ser de 1/12, correspondente ao ponto C; d) ao tentar retirar a terceira mquina, verifica-se que no h meio de substitui-la. Mesmo se houver incorporao de 50 novos homens no possvel recuperar a produo de 200 pgs. Ser necessria a reintroduo da terceira mquina. A produtividade marginal do trabalho ser zero, e a taxa ser infinita; e) voltando ao ponto A onde a relao de 1/1, retirando 1 operador a produo cair para 190 pgs. e qualquer que seja o nmero de mquinas que se acrescentar no ser possvel recuperar a produo de 200 pgs.

B) Transporte de Rolos de Papel para Impresso Empilhadeiras 1 20 Mo de obra Dentro da grfica, os rolos de papel para a impresso dos livros necessitam ser movidos de um lugar para outro. Admita que 1000 kg/dia de papel possam ser transportados por uma empilhadeira de garfo + um operador, ou alternativamente, por 20 homens fortes.

Este tipo de trabalho pode ser feito pela empilhadeira/operador ou pelos homens, sem empilhadeira, e eles podem ser substitudos na proporo de 1/20. Se o trabalho dirio consistir em mover 10.000 kg/dia, pode-se utilizar 10 empilhadeiras e 0 homens fortes; 9 empilhadeiras e 20 homens; 8 empilhadeiras e 40 e assim por diante, at 0 empilhadeiras e 200 homens. O produto marginal do capital sempre 20 vezes o trabalho. 4.3- O CONCEITO DE PRODUTIVIDADE A funo de Produo de uma empresa mostra a quantidade mxima de produto que se pode obter com quantidade dada de Recursos. Convencionalmente, para verificar qual a variao da quantidade produzida em funo da variao das quantidades dos fatores (recursos), assume-se que apenas um fator (recurso) varivel e os restantes so constantes, verificando-se ento a influncia do fator varivel sobre a quantidade produzida. Produtividade a tendncia a produzir algo e melhoria de produtividade seria a tendncia a produzir mais este algo. O objetivo da aplicao da Engenharia alcanar o maior produto possvel por unidade de "input" ou fator empregado. Esta afirmativa essencialmente uma expresso da produtividade, que representada por:

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Produtividade Mdia = quantidade do produto / quantidade do fator PM = Q_, onde x PM = Produtividade mdia do recurso x x = Quantidade do recurso x

PM o coeficiente angular (tangente) da reta que une a origem dos eixos ao ponto considerado da curva de produo. O produto marginal de um recurso varivel mostra o aumento na produo obtida, utilizando uma unidade adicional desse recurso. Pmx = Q x ou Pmx = dQ dx Pmx = Produo marginal do recurso x x = Acrscimo infinitesimal na quantidade do recurso x Q = Acrscimo infinitesimal resultante da Quantidade produzida

Pmx igual a derivada da funo de produo em relao ao recurso varivel. Pmx = dQ dx Pmx representado pelo coeficiente angular (tangente) da reta tangente curva de produo no ponto considerado.

Ex: Um fabricante de calas jeans, tem de empregar uma srie de fatores: mo-de-obra, maquinaria, instalao, determinados produtos intermedirios (tecido, fio etc.) e design. A partir de certas quantidades dadas de fatores, o fabricante obtm as calas jeans. Esta informao a que facilita a funo de produo.

NMERO DE TRABALHADORES 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

PRODUTO TOTAL 0 50 126 216 316 415 480 539 576 603 580 528 432

PRODUTO MDIO POR TRABALHADOR 0 50 63 72 79 83 80 77 72 67 58 48 36

PRODUTO MARGINAL 0 50 76 90 100 99 65 59 37 27 -23 -52 -96

Produto Total : Nmero de calas jeans ao ano

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Produto Mdio por trabalhador: Nmero de calas jeans produzidas por um trabalhador ao ano. A lei dos rendimentos decrescentes: Se a quantidade de apenas um recurso for aumentada de quantidades iguais, por unidade de tempo, enquanto a de outros recursos permanece constante, a quantidade total do produto aumentar, mas alm de certo ponto o acrscimo resultante no produto tornar-se- cada vez menor. Combinaes eficientes dos recursos / o estgio II Estgio I: PM crescente, Q crescente ==> aumenta a eficincia de utilizao do recurso varivel e do recurso fixo. Estgio II: PM decrescente, Q crescente ==> Diminui a eficincia de utilizao do recurso varivel e aumenta a do recurso fixo. Estgio III: PM decrescente, Q decrescente ==> Diminui a eficincia de utilizao de ambos os recursos. Concluso: estgio II relevante Introduzindo os custos dos recursos: 1) Recurso constante de graa e o varivel com preo: Combinao ideal (menor custo) regio entre os estgios I e II 2) Recurso varivel de graa e o constante com preo: Combinao ideal entre os estgios II e III 3) Ambos recursos econmicos (tem preo): Combinao ideal dentro do estgio II. Suponhamos que se possam empregar trs tcnicas ou mtodos diferentes, para obter uma quantidade de produto, empregando dois fatores de produo, capital e trabalho . A tcnica A emprega 2 unidades de capital e 16 de trabalho. . A tcnica B emprega 4 unidades de capital e 8 de trabalho. . A tcnica C emprega 3 unidades de capital e 17 de trabalho. Verificamos que do ponto de vista tecnolgico, as tcnicas A e B so eficientes e a empresa ficar indecisa na escolha de uma ou outra. A tcnica C emprega mais quantidades de ambos os fatores que a tcnica A, e no ser escolhida em nenhum caso. Pode-se dizer que ela ineficiente. Porm, o critrio de eficincia tcnica no nos permite escolher entre A e B. Para poder fazer a opo, necessitamos da informao relativa aos preos de todos os fatores. Um mtodo de produo tecnicamente eficiente se a produo obtida a mxima possvel com as quantidades de fatores especificadas. Eficincia tcnica

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Preos iniciais: . Preo do capital = R$500,00 ao dia . Preo do trabalho = R$100,00 ao dia Eficincia econmica: Efeitos de um aumento de salrio: . Preo do capital = R$500,00 ao dia . Preo do trabalho = R$200,00 ao dia

5 - NOO DE CUSTOS5.1- CONCEITUAO GERAL Custo por definio, a remunerao dos recursos (ou Fatores de Produo). Para remunerar um recurso (fator) necessrio considerar o seu preo e a sua produtividade. Sejam: X,Y,Z ........... Recursos x,y,z .......... Quantidades dos recursos Px, Py, Pz ..... Preos unitrios dos recursos CT = xPx + yPy + zPz + ..... CT = Custo Total H uma distino fundamental entre as grandezas econmicas Preo e Custo. O Custo resulta no somente do preo de um recurso, mas tambm da sua produtividade. Muitas vezes se usa dizer que o custo de um operrio R$x,xx/hora, quando na realidade o valor referido o preo, ou seja, o seu salrio. Para determinar o Custo de utilizao de seu trabalho preciso considerar a varivel tecnolgica representada por sua produtividade, chegando-se ento ao custo de R$y,yy/unidade produzida.

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O custo da utilizao de um recurso deve-se referir a unidade do produto resultante, e compe-se de duas variveis, sendo uma econmica-preo, e outra tecnolgica-sua produtividade. Resulta portanto que o Custo Total depende do nvel de atividade que se est considerando e, em conseqncia, do tempo. CT = f(Q), onde CT = Custo Total e Q = Nvel do produto. Conhecer os custos de suas atividades condio bsica para tocar qualquer empresa, seja ela comercial, industrial etc., independentemente de seu porte pequeno, mdio ou grande principalmente nos dias atuais, em um ambiente que se altera constantemente. Atualmente, em um mercado altamente competitivo, o conhecimento e a arte de bem administrar so fatores determinantes do sucesso de uma empresa. Portanto, no se pode relegar a um plano secundrio os clculos de custos, pois eles sero ferramentas auxiliares da boa administrao. Cada empresa possui peculiaridades que lhe so singulares. Assim, o custo, para ser til, deve refletir a empresa e servir de base para atender s necessidades para as quais foi calculado. Uma empresa apura seus custos para: a) atendimento de exigncias legais quanto apurao de resultados de suas atividades e avaliao de estoques; e b) conhecimento dos seus custos para a tomada correta de decises e o exerccio de controles. Para atender s exigncias legais, a empresa precisa adequar seus mtodos de apurao de custos aos princpios contbeis em conformidade com normas e legislaes vigentes. Para a tomada de decises, podem ser empregados mtodos de apurao derivados daquele anterior, capaz de fornecer as informaes que atendam s necessidades gerenciais da empresa. As principais demonstraes financeiras so o Balano, a DRE (Demonstrao de Resultado do Exerccio) e o Fluxo de Caixa, sendo obrigatrio a publicao do Balano e da DRE. As demonstraes financeiras so, em geral, elaboradas porque: 1- O governo, cobrar os devidos impostos com base nos resultados apurados; 2- A administrao da empresa precisa acompanhar a evoluo dos negcios; 3- Os proprietrios (acionistas) querem avaliar a performance dos administradores; 4- Os credores querem avaliar a capacidade da empresa e expectativas de gerao de resultados futuros; 5- Provveis investidores querem saber a valor da empresa e expectativas de gerao de resultados futuros.

5.2- O SIGNIFICADO DE CUSTOS E DESPESAS Um indstria incorre diariamente em uma srie de gastos para realizar suas atividades administrativas, de vendas e fabris, tais como compras de matrias-primas para seus produtos, compras de materiais de escritrio, pagamentos de taxas e impostos, manutenes, folha de pagamentos etc. No entanto, nem sempre esses gastos so considerados Custos. Para entender essa situao, observamos a estrutura de uma DRE (Demonstrao de Resultados do Exerccio): Receitas de Vendas ............................................................$xxx.xxx,xx ( - ) Custo dos Produtos Vendidos .....................................$xxx.xxx,xx

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( = ) Lucro Bruto ................................................................$xxx.xxx,xx ( - ) Despesas Administrativas e de Vendas .......................$xxx.xxx,xx ( = ) Lucro Operacional ......................................................$xxx.xxx,xx Observa-se que Custos e Despesas so demonstrados separadamente. H a deduo do Custo dos Produtos Vendidos das Receitas de Vendas e a deduo das Despesas do Lucro Bruto. Assim, entre os gastos de uma empresa, vamos encontrar os Custos e as Despesas. Os Custos correspondem aos gastos relativos a obteno dos produtos, e as Despesas correspondem aos gastos relacionados com a administrao e com a gerao das receitas. Para tornar mais fcil o entendimento da origem dos custos e das despesas, vamos utilizar um organograma, agrupando os departamentos de uma empresa em trs divises: Fbrica, Administrao e Vendas. Fbrica: engloba todos os departamentos de apoio produo: almoxarifado, engenharia de fbrica, planejamento e controle da produo etc., e os departamentos de produo: usinagem, montagem, pintura etc. Administrao: engloba todos os departamentos administrativos: recursos humanos, centro de processamento de dados, contabilidade, organizao, finanas etc. Vendas: engloba todos os departamentos relacionados com a atividade comercial: servio de atendimento ao cliente, vendas, representantes, propaganda etc. Desta maneira, a empresa poderia assim ser representada: Fbrica Nesta diviso da empresa ocorrem os CUSTOS Administrao Vendas

Nestas divises da empresa ocorrem as DESPESAS

Na Demonstrao de Resultados, as despesas correspondem quelas incorridas nas divises de Administrao e de Vendas, durante o exerccio. J o Custo dos Produtos Vendidos, so aqueles incorridos na diviso fabril, nesse demonstrativo, correspondentes quantidade que foi vendida, isto porque nem toda a produo de um perodo pode ter sido vendida, e assim ter sido estocada para venda em outro perodo. Para facilitar o entendimento da sistemtica de apurao de custos necessrio compreender o significado dos principais termos utilizados. Embora encontremos na literatura sobre o assunto conceitos diferentes para eles, iremos consider-los com os seguintes significados, atribudos por autores de renome: a) Gasto: Vamos entender por gasto o compromisso financeiro assumido por uma empresa na aquisio de bens ou servios, podendo o gasto ser definido como gasto de investimento, quando o bem ou o servio for utilizado em vrios processos produtivos, e como gastos de consumo, quando o bem ou servio forem consumidos no momento mesmo da produo ou do servio que a empresa realizar. Dependendo da destinao do gasto de consumo, ele poder converter-se em custo ou despesa. b) Custo: So os gastos, no investimentos, necessrios para fabricar os produtos da empresa. So os gastos efetuados pela empresa que faro nascer os seus produtos. Portanto, podemos dizer que os custos so os gastos relacionados aos produtos, posteriormente ativados quando os produtos objeto desses gastos forem gerados. De modo geral so os gastos ligados rea industrial da empresa. c) Despesa: Bem ou servio consumidos direta ou indiretamente para a obteno de receitas. d) Investimento: So todos os bens e direitos registrados no ativo das empresas para baixa em funo de venda, amortizao, consumo, desaparecimento, perecimento ou desvalorizao.

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Assim, quando se compram materiais, realiza-se um investimento em estoque. O consumo na fabricao de um produto ou na realizao de um servio gera um custo, assim como o consumo nas divises administrativas ou de vendas gera uma despesa. Do mesmo modo, a aquisio de uma mquina gera um investimento no imobilizado. Pela depreciao teremos um custo ou despesa. Exemplificando, consideramos a compra de uma matria-prima. A compra em si (a vista ou a prazo) um gasto. Ao abastecer o estoque de matria-prima, temos um investimento (pois o material ficar estocado at que seja requisitado para consumo, isto , aplicado na produo de um bem). Ao requisit-lo do estoque e aplic-lo na produo, temos a ocorrncia do custo. Ao concluir o produto e estoc-lo para venda, temos novamente um investimento no estoque (estoque de produtos acabados). Para realizar a venda do produto, os gastos incorridos sero considerados despesas, como tambm os gastos incorridos na administrao da empresa. Assim, os custos so a parcela do gasto ligado produo, como mo-de-obra da rea fabril, matria-prima, aluguis de prdios da fbrica, depreciaes de mquinas e instalaes fabris, energia eltrica consumida na fbrica etc. As despesas so a parcela do gasto no ligado produo, como mo-de-obra dos departamentos de administrao e de vendas, comies de vendedores, aluguis de escritrios, depreciao de mveis e utenslios, manuteno e depreciao dos prdios administrativos etc.

5.4- EXERCCIOS COMPLEMENTARES

1. Uma firma eletrnica produz diversos tipos de chassis para televiso. Um deles de 14" tem uma demanda de 500 unidades por ano, entregues aos clientes em quantidades mensais de um doze avos da quantidade referida. Cada chassis armazenado necessita de 1 (um) metro quadrado de espao cujo valor do aluguel de $2,50 por metro quadrado por ano. Suponha que para ajustar as perfuratrizes sejam necessrias 10 horas de trabalho especializado, cujo salrio de $5,00/hora ou de $50,00 para cada lote produzido. Qual o tamanho do lote que seria mais econmico para a empresa? 2. Suponha que uma empresa de transportes deva produzir por ano um certo produto, na forma de transportes de carga e passageiros. O servio pode ser realizado com uma das seguintes combinaes de mecnicos e veculos, as quais podem ser utilizadas para produzir o produto requerido em sua rota padro e satisfazendo seu quadro de necessidades: Combinao 1 2 3 4 5 6 7 Veculos (n) 60 61 62 63 64 65 66 Mecnicos (n) 1000 920 850 800 760 730 710

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a) Se a operao de um veculo adicional acarreta uma despesa de $250.000,00 e se cada mecnico recebe um salrio anual de $6.000,00, qual a combinao de avies e mecnicos que a empresa dever utilizar? b) Suponha que a despesa anual de um veculo caia para $200.000,00 e o salrio dos mecnicos suba para $7.000,00 por ano. Qual a nova combinao a ser escolhida?

6- CLASSIFICAO DOS CUSTOSOs custos so classificados de vrias formas para atender s diversas finalidades para as quais so apurados. As duas classificaes bsicas compreendem aquelas que permitem determinar o custo de cada produto fabricado e o seu comportamento em diferentes nveis de produo em que uma empresa possa operar. a) Quanto aos produtos fabricados: para alocar os custos aos produtos, eles so classificados em Custos Diretos e Custos Indiretos. b) Quanto ao comportamento em diferentes nveis de produo: para determinar os custos de vrios nveis de produo, eles se classificam em Custos Fixos e Custos Variveis.

6.1- CUSTOS DIRETOS E INDIRETOS Como vimos anteriormente, todos os gastos ocorridos na diviso fabril so classificados como custos. Assim, matria-prima, mo-de-obra, energia eltrica, depreciao etc., e at mesmo o cafezinho e o material de higiene e limpeza consumido pela diviso fabril constituem custos. E, como os custos so apropriados aos produtos, necessrio estabelecer critrios para isto. A separao destes custos em diretos e indiretos vem ao encontro dessa necessidade. A regra bsica para essa classificao a seguinte: se for possvel identificar a quantidade do elemento de custo aplicada no produto, o custo ser direto. Se no for possvel identificar a quantidade aplicada no produto, o custo ser indireto. Os termos Direto e Indireto so empregados com os seguintes sentidos:

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a) Direto: que a apropriao de um custo ao produto se d pelo que efetivamente ele consumiu. No caso da matria-prima, pela quantidade que foi efetivamente consumida e, no caso de mo-de-obra direta, pela quantidade de horas que foi efetivamente utilizada. b) Indireto: que a apropriao de um custo ao produto ocorre por intermdio de rateio. Nesse caso, o rateio descaracteriza a apropriao como direta. Assim, podemos dizer que: Custos Diretos: so aqueles apropriados aos produtos conforme o consumo realizado. So exemplos clssicos de custos diretos, a matria-prima (corresponde aos materiais cujo consumo podemos quantificar no produto) e a mo-de-obra direta (corresponde aos funcionrios que atuam diretamente no produto, e cujo tempo gasto possa ser identificado, isto , apontado no produto). Se outro elemento de custo tiver a medio do consumo no produto, o custo tambm ser considerado como custo direto, por exemplo, a energia eltrica. Caso haja aparelhos medidores do consumo de energia nas mquinas e se houver o seu controle, este custo tambm ser direto. Custos Indiretos: so aqueles apropriados aos produtos em funo de uma base de rateio ou algum critrio de alocao. Essa base de rateio deve guardar uma relao prxima entre o custo indireto e o objeto de custeio, evitando causar distores no resultado final. So empregados como bases de rateios: horas apontadas de mo-de-obra, horas de mquinas utilizadas na fabricao dos produtos, quilos de matria-prima consumida. Exemplo: custo da energia eltrica, o rateio pode ser feito proporcionalmente s horas de mquinas utilizadas, considerando que o consumo de energia tenha uma relao de causa e efeito muito prxima dessas horas. 6.2- CUSTOS FIXOS E VARIVEIS Para estudo do comportamento dos custos, as mesmas contas que antes foram classificadas em custos diretos e indiretos sero agora classificados em custos fixos e custos variveis. Essa classificao ocorre em funo do comportamento dos elementos de custos em relao s mudanas que possam ocorrer no volume de produo. A idia a seguinte: a um certo nvel de produo incorre-se em um montante de custos. Se este nvel de produo aumentar ou diminuir, o consumo de alguns elementos de custos acompanhar esta oscilao para mais ou para menos, e outros no. Veja o que pode acontecer quando algum resolve montar uma fbrica com capacidade para processar mensalmente 10.000 Kg de matria-prima na fabricao de seu produto. Primeiramente se instala uma estrutura capaz de suportar esse volume de produo. Essa estrutura provoca a ocorrncia de certos elementos de custos, tais como aluguel do prdio onde a empresa ser instalada, depreciao de mquinas e equipamentos, funcionrios etc. Nada produzindo ou tendo sua produo entre 0 e 10.000 Kg, estes custos sero os mesmos. So os chamados custos fixos, isto , ocorrem de qualquer maneira, pois sero eles que suportaro a estrutura da empresa. Quando a empresa produzir a primeira unidade de seu produto, passar a consumir matria-prima, energia eltrica e outros custos decorrentes do ato de produzir. Esses sero os custos variveis, cujos consumos sero maiores ou menores conforme o volume de produo. Eles ocorrem somente se houver produo. Para classificar um custo como fixo ou varivel preciso verificar como ele reage a alteraes no volume de produo. Se o volume se alterar e o custo tambm, ele ser varivel, do contrrio, ser fixo. Assim, podemos dizer que:

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Custos Fixos: So aqueles decorrentes da estrutura produtiva instalada da empresa, que independem da quantidade que venha a ser produzida dentro do limite da capacidade instalada. No exemplo citado, produzindo entre 0 e 10.000 Kg do produto, os custos fixos ocorrero na mesma intensidade. A representao grfica facilita a compreeno. Custos

Custo Fixo

Quantidade 0 10.000 kg Este grfico representa o comportamento do custo fixo. Em qualquer nvel de atividades entre 0 e 10.000 kg, o custo fixo no se altera. de se esperar que, quanto mais prximo do nvel mximo de produo, menor o custo por unidade produzida, devido economia de escala proporcionada. Graficamente, temos a seguinte situao: Custo

*

Custo Fixo Quantidade 0 1 10.000 kg Observa-se que a linha do custo fico unitrio no comea na quantidade 0, e sim na primeira unidade, pois neste nvel de produo esta unidade que absorve todo o custo fixo.

Custos Variveis: So aqueles que aumentam ou diminuem, oscilando ao sabor do nvel de produo. So exemplos deste comportamento o custo da matria-prima (quanto mais se produz, maior a sua necessidade, portanto, maior o custo) e o custo da energia eltrica (quanto mais se produz, maior o uso de mquinas e equipamentos eltricos, conseqentemente, maior o consumo e o custo). A representao grgica ds custos variveis : Custos

Custo Varivel

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Com esse comportamento dos custos variveis, de se esperar que cada unidade fabricada tenha exatamente o mesmo custo. Graficamente temos a seguinte representao para o custo varivel unitrio:

Custos

Custo Varivel Unitrio Quantidade 0 10.000 kg

Custo Total: a somatria dos custos fixos e variveis. Graficamente, o custo total tem a seguinte representao: Custos Custo Total (Fixo + Varivel)

Participao do Custo Varivel

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Os Custos Variveis e por conseguinte os Custos Totais podem ter variao linear ou variao no linear. Os comportamentos dos custos totais e unitrios, considerando comportamento linear e comportamento no linear, so apresentados nos grficos seguintes:

Custos Totais Comportamento Linear2500 2000

Custos Unitrios Comportamento Linear

Q C Custo ($) CV C

700 600 500

Custo ($)

($)

1500 1000 500 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

CFu.400

CVu.300 200 100 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

CTu.

Produto (Q)

Produto (Q)

Custos Totais Comportamento No Linear

Custos Unitrios e Marginais Comportamento No Linear

2500 2000 Custo ($) 1500 1000 500 0CF CV

700 600CFu.

500 Custo ($) 400 300 200CVu. CTu. Cmarg

CT

Produto (Q)

100 0

Produto (Q)

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Os diferentes comportamentos dos Custos Variveis resultam de que no primeiro caso eles variam numa razo constante quando o nvel de atividade cresce ou decresce, e so representados analiticamente por uma linha reta, enquanto que no segundo eles alteram-se numa razo varivel, e so representados por uma curva. No segundo caso os Custos Variveis comportam-se diferentemente a nveis baixos e altos do Produto. Mais ainda, no primeiro comportamento, argumenta-se que as empresas raramente operam, por muito tempo, a nveis muito baixos ou altos do produto, tais como abaixo de 2 e acima de 8 nas curvas acima. Nessas condies, considera-se que entre os nveis 2 e 8, por exemplo, denominados nveis relevantes (estgio II da curva de produo), a curva do grfico representativo do segundo comportamento pode ser confundida com uma linha reta, sem muito erro. De maneira geral pode-se concluir: a) Custos Fixos Total e Mdio ou Unitrio Os Fatores de Produo que do origem aos custos fixos no crescem quando o produto cresce. Eles permanecem constantes. Ento o grfico dos Custos Fixos em funo do produto, uma linha horizontal ao eixo da quantidade. J o Custo Fixo Mdio ou Unitrio (CF / Q) graficamente representado por hiprbole equiltera. b) Custos Variveis Total e Mdio ou Unitrio Um Custo Varivel representa os fatores que se alteram em funo do nvel de atividade. Graficamente representado por uma linha reta ou uma curva que partem da origem e crescem com a quantidade. Os Custos Variveis Mdios, podem ser constantes ou variveis dependendo se consideramos ou no os retornos de escala constantes ou variveis. Se consideramos retorno de escala constante o Custo Varivel Mdio ser representado por uma linha reta paralela ao eixo das quantidades, e em caso contrrio, por uma curva em forma de U. Em decorrncia da segunda abordagem para o comportamento dos Custos Variveis resulta o conceito de Custo Marginal, que a variao do Custo Total, e em ltima anlise do Custo Varivel, para a variao no nvel do produto. c) Custo Total O Custo Total igual ao Custo Fixo mais o Custo Varivel, ou seja: CT( Q ) = CF + CV ( Q )

6.3- CUSTOS MISTOS Alm de classificar os custos em fixos e variveis, h duas outras classificaes, chamadas de Custos Semifixos e Custos Semivariveis. Custos Semifixos: so aqueles elementos de custos classificados de fixos que se alteram em decorrncia de uma mudana na capacidade de produo instalada. Na representao grfica

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(a) mostrada abaixo, tendo a produo localizada entre 0 e Q1, esses custos ocorrero na mesma intensidade. Caso haja crescimento do negcio, e se decide expandir a capacidade, passando para Q2, os custos fixos agora nessa nova capacidade sero maiores. Se ocorrer um outro aumento da capacidade, o processo se repete. Como se v, os custos fixos crescem em patamares. O oposto tambm ocorre, ou seja, reduzindo a capacidade de produo, tais custos sero reduzidos em patamares. Custos Semivariveis: so aqueles que possuem em seu valor uma parcela fixa e outra varivel. Isto , tm um comportamento de custo fixo at certo momento e depois se comportam como custo varivel. Temos, como exemplo, ao se alugar um automvel ou uma mquina paga-se uma parte fixa que independe do uso e uma parte varivel que proporcional quilometragem rodada; custos de manuteno, compostos da parcela de manuteno preventiva (fixa) e outra corretiva (varivel). Graficamente, tem-se a representao (b), mostrada abaixo.

CUSTO($ )

CUSTO($ )

(a)

Q Q QUANTIDADE 1 dos custos semifixos (Q) 2 Representao grfica 111!! 1

0

0

QUANTIDADE

(b) Representao grfica dos custos semivariveis (Q)

6.4- CUSTO MARGINAL (Cmg) A mudana no Custo Total resultante da mudana de uma unidade na quantidade produzida, define-se com Custo Marginal. $

Cm

Quantidade Cmg = dCT

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dQ

6.5- RELAO ENTRE CUSTO MDIO ou Unitrio e CUSTO MARGINAL Quando CTu (mdio) decresce, ao aumentar a produo, o Cmg menor do que o CTu. Quando CTu crescente, ao aumentar a produo, o Cmg maior do que o CTu. Segue-se que ao nvel de produo em que o CTu mnimo, o Cmg igual ao CTu. CTu = CT , Q Para CTu ==> Mnimo, teremos: dCTu = 0 dQ = 0 ===> Q x dCT/dQ - 1 x CT = 0

dCTu = Q x dCT/dQ - 1 x CT dQ Q2 Q x dCT/dQ = CT $

==> CT/Q = dCT/dQ ===> CM = Cmg

Cmg CTu

Quantidade

6.6- CUSTO MDIO OU UNITRIO NO LONGO PRAZO No longo prazo todos os recursos so variveis. A firma pode adotar qualquer tamanho. $

CTuLP

Quantidad

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6.6.1- Economias de Escala As foras que levam a curva de CTu a longo prazo a decrescer para maiores tamanhos da empresa so chamadas ECONOMIAS DE ESCALA. Duas importantes economias de escala so: Crescentes possibilidades de diviso e especializao do trabalho Crescentes possibilidades de uso de desenvolvimento tecnolgico avanado e/ou equipamentos maiores.

6.6.2- Deseconomias de Escala H limitaes eficincia da administrao em controlar e coordenar uma s firma. Estas limitaes so chamadas deseconomias de escala. Ao aumentar o tamanho da firma, a administrao e o trabalho menos qualificado podem apresentar maior eficincia com a diviso de tarefas e especializaes em funes especficas; mas o argumento comum que, alm de certo tamanho, as dificuldades de coordenao e controle multiplicam-se rapidamente. Os controles da alta administrao com as operaes rotineiras tornam-se cada vez mais remotos diminuindo a eficincia dos departamentos de produo. A responsabilidade de tomar decises deve ser delegada, promovendo-se tambm a coordenao entre os subordinados que tenham de tomar decises. H certas despesas como materiais de expediente, viagens, contas de telefone e trabalhadores adicionais para promover a coordenao, que se acumulam. Ocasionalmente os planos de decises a nveis inferiores no se harmonizam, ocorrendo ento dispendiosas demoras. At o ponto em que as crescentes dificuldades de coordenao e controle reduzem a eficincia por unidade monetria despendido na administrao, ao aumentar o tamanho da firma os custos unitrios de produo iro aumentar.

6.7- CONCEITO DE DEPRECIAO / MTODOS DE CLCULO Os prdios, as mquinas e equipamentos, as instalaes de uma empresa, denominados de ativos fixos, perdem seu valor durante a vida til (perodo de tempo no qual um determinado ativo fixo perde seu valor de concorrncia em relao a outro que realiza operaes idnticas a ele). A perda de concorrncia resulta, essencialmente, no desgaste fsico e da obsolncia tcnica devido ao avano tecnolgico. Como conseqncia da perda de concorrncia, os ativos fixos perdem seu valor, sendo esta perda de valor denominada de DEPRECIAO. Assim, a DEPRECIAO nada mais que a reposio do valor perdido ao longo do tempo, seja por motivo desgaste, mercado, ou mesmo de superao tecnolgica. A depreciao pode ser real ou contbil. Depreciao real a diminuio efetiva do valor de um bem resultante do desgaste pelo uso, ao da natureza ou obsolescncia normal. Como exemplo, podemos citar a diminuio efetiva do

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valor de uma ferramenta motivada pelo desgaste fsico, a diminuio do valor de um televisor motivada pelo uso, ou diminuio efetiva do valor de um aparelho fotogrfico motivada pela obsolescncia. Depreciao contbil a diminuio do valor de um bem no patrimnio da empresa, ou seja, na contabilidade, resultante do decurso do prazo decorrido desde a sua aquisio at o instante atribudo ao desgaste fsico, ao uso ou obsolescncia. Um bem deprecia-se durante a sua vida til. Se estabelecermos depreciao real teremos que considerar a vida til real; se estabelecermos depreciao contbil teremos que considerar a vida til contbil. Um dos venenos mais devastadores no organismo de uma empresa a depreciao de seus bens. Se ela no for devidamente detectada e lanada na planilha de custos, seus efeitos podem levar a empresa morte. 6.7.1- Como utilizada a depreciao Uma empresa, seja ela de qualquer natureza, caracteriza-se pela existncia de um documento fundamental chamado Contrato Social. Neste documento existe a finalidade da empresa chamada Objeto Social o qual se compe da relao das atividades que sero exercidas e que determinaro o enquadramento da empresa perante suas obrigaes, com as autoridades federais, estaduais e municipais, com, por exemplo, impostos, taxas, encargos, etc. Um dos impostos a serem devidos por uma empresa o Imposto de Renda, que igual a uma porcentagem aplicada sobre o lucro havido e demonstrado pelo Balano Geral Anual. O Lucro, por sua vez, vem a ser a diferena entre a Receita anual e e a Despesa (mais Custo) anual. Desta forma, quanto maior a despesa mais custo, menor ser o lucro e, conseqentemente, o Imposto de Renda. Entretanto, nem todo o gasto de dinheiro despesa ou custo. Contabilmente, qualquer gasto de dinheiro de uma empresa somente pode ser considerada despesa ou custo se ele se referir aquisio de objetos ou servios, tendo finalidades dirigidas ao Objeto Social. Se tal aquisio for de utilizao relativamente curta (material de escritrio, matria prima no estoque, mo-de-obra peridica, etc), seu lanamento contbil como despesa ou custo realizado concomitantemente com seu pagamento. Porm, se a aquisio referir-se a um bem de utilizao relativamente longa (compra de equipamento, automvel, propriedade de instalao da empresa, etc), o gasto de dinheiro realizado para a sua aquisio ser contabilizado como despesa durante tantos perodos quantos forem os perodos de sua depreciao, mesmo que seu pagamento tenha sido feito a vista. Tal forma permite um clculo do IR mais justo, segundo os princpios que norteiam a Receita Federal, uma vez que o bem, por no ser de uso imediato, tende a permanecer na empresa durante um prazo longo, devendo entrar na conta de Custos ou Despesas durante este prazo longo. A depreciao de um bem se d durante um prazo chamado vida til, a qual pode ser real se resultar de pesquisa cientfica realizada para o bem especfico analisado, e pode ser contbil se, alm da pesquisa cientfica, houver eventualmente algumas aproximaes de ordem prtica determinadas pela Receita Federal. Cada vez que se contabiliza a despesa peridica relativa depreciao do perodo, o valor contbil do bem adquirido fica diminudo do valor referente a esta depreciao. A este novo valor do bem chamamos valor contbil. Se o bem for vendido por um valor qualquer, haver lucro ou prejuzo, conforme o resultado da subtrao deste valor pelo valor contbil, considerando as depreciaes havidas.

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Se der um valor positivo (lucro) haver contribuio para o IR; se der negativo (prejuzo) haver crdito, a favor da empresa, do IR. Tudo isto ser considerado no Balano Geral Anual. No entanto, qualquer aluguel de um bem contabilizado imediatamente como despesa na data do pagamento. Conforme o caso, poder haver vantagem ou desvantagem em alugar um bem em vez de compr-lo. Os valores de depreciao so sempre contabilizados anualmente. Se em vez de comprarmos um bem, o alugarmos, poderemos considerar os gastos de dinheiro com a locao, alm dos gastos com a manuteno e reparos, como sendo custos contbeis e desta forma todos os gastos provindos da locao podem ser diminudos do lucro, resultando em diminuio do IR. Ento o que mais vantajoso: comprar ou alugar? H casos em que a compra mais vantajosa e h casos em que a locao mais vantajosa. Podemos considerar ainda o caso de arrendamento mercantil (leasing, em ingls) que a alocao de um bem com todas as vantagens resultantes de se considerar uma locao como despesa contbil visando a diminuio do IR, acrescido do direito de compra do bem no final da locao por valor convencionado no contrato de arrendamento. Conforme os valores condiderados e as taxas de juros, pode haver preferncia pela compra, pela alocao ou pelo arrendamento mercantil. Para sabermos qual a melhor alternativa deveremos sempre analisar os fluxos de caixa de cada uma das opes atravs de algum dos mtodos que sero apresentados em Economia da Engenharia II, no captulo da Anlise de Investimentos.

6.7.2- A depreciao perante a lei O regulamento do IR estabelece que a cota de depreciao ser registrada contabilmente como custo ou despesa operacional. As taxas mais comuns de depreciao so: 20% (5 anos de depreciao) para veculos; 10% (dez anos de depreciao) para equipamentos, mquinas, mveis, utenslios e instalaes; 4% (25 anos de depreciao) para edifcios e construes. De acordo com o regulamento do IR, a taxa peridica de depreciao ser fixada em funo do prazo durante o qual se possa esperar a utilizao econmica do bem pelo contribuinte, na produo de seus rendimentos. A Secretaria da Receita Federal publicar periodicamente o prazo de vida til admissvel, em condies normais ou mdias, para cada espcie de bem, ficando assegurado ao contribuinte o direito de computar a quota efetivamente adequada s condies de depreciao de seus bens, desde que faa a prova dessa adequao, quando adotar taxa diferente. No caso de dvida, o contribuinte ou a autoridade lanadora do imposto podero pedir percia do Instituto Nacional de Tecnologia, ou de outra entidade oficial de pesquisa cientfica ou tecnolgica, prevalecendo os prazos de vida til recomendados por estas instituies, enquanto os mesmos no forem alterados por deciso administrativa superior ou por sentena judicial, baseadas, igualmente, em laudo tcnico idneo. As taxas de depreciao consideram um turno de 8 horas dirias de operao. Se tais horas forem 16 (dois turnos) ou 24 horas (trs turnos), a depreciao poder ser considerada acelerada, adequando-se as taxas aos valores resultantes da utilizao dos coeficientes redutores 1,5 e 2,0 respectivamente. No so depreciveis: a) Terrenos, salvo em relao aos melhoramentos ou construes. b) Prdios ou construes, no alugados nem utilizados pelo proprietrio na produo de seus rendimentos ou destinados revenda.

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c) Bens que normalmente aumentam de valor com o tempo como obras-de-artes ou antigidades. d) Bens para os quais exista exausto (perda de valor por explorao mineral ou florestal).

6.7.3- Mtodos contbeis de Depreciao Pelo que vimos, uma firma, ao investir em qualquer ativo fixo, espera que no final da sua vida til seja recuperada a quantia investida no ativo, acrescida de um lucro adicional ou retorno. Consequentemente, sabendo que o ativo fixo perde o valor, a empresa deve deduzir da sua receita uma parcela anual, denominada COTA DE DEPRECIAO, que permita recuperar o valor do ativo no trmino da sua vida til. As regras para se decidir quanto deduzir anualmente, isto , o valor da parcela, dependem de diversas consideraes, tais como: vida til do ativo, declnio em eficincia e produtividade durante a vida til, etc. As cotas de depreciao so ento estabelecidas de maneira a refletir mais aproximadamente possvel este declnio. Entretanto, em decorrncia da dificuldade em se estimar este declnio no valor do ativo, usam-se alguns mtodos padres de depreciao a seguir descritos: Sejam: VI - valor de aquisio do bem; VR - valor residual do bem ,ou seja, estimativa do valor que o bem ter no fim de sua vida til; n - vida til do bem, isto , perodo de tempo em que o bem ainda ter utilidade para seu proprietrio. No se deve confundir vida til com vida fsica. Um bem poder continuar sendo utilizado muito tempo aps o trmino de sua vida til, mas o far a um custo que no ser compensador. Suponha uma mquina qualquer, no qual tem-se: VI = $2.500,00 VR = $ 400,00 n = 6 anos a) Mtodo Linear Consiste em dividir-se a quantia deprecivel pelo nmero de ano e, ento, subtrair o quociente, a cada ano, do valor do equipamento. No caso do exemplo tem-se: Depreciao anual = ($2.500,00 - $400) / 6 = $350,00 ou D = VI - VR n Na legislao Brasileira, para efeitos contbeis, no se condidera valor residual. O grfico da depreciao versus tempo uma linha reta. b) Mtodo da Percentagem Constante Consiste na aplicao de uma percentagem constante sobre o saldo no depreciado (valor contbil)do bem a cada ano. O valor residual no subtrado de incio, mas o bem no pode ser depreciado abaixo do seu valor residual.

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Alguns fatores para o clculo da depreciao so autorizados para fins da declarao de renda. Se um fator de 1,5 (150%) for utilizado para a mquina do exemplo, ela ser depreciada em 150 / 6, ou seja, 25% a cada ano. Assim: Perodo 1 2 3 4 5 6 Depreciao $ 625,00 $ 468,75 $ 351,56 $ 263,00 $ 197,75 $ 193,26 Saldo (Valor Contbil) $ 1875,00 $ 1406,25 $ 1054,69 $ 791,02 $ 593,26 $ 000,00

25% x $2500,00 25% x $1875,00 25% x $1406,25 25% x $1054,69 25% x $ 791,02 $593,26 - $400,00 (VR)

c) Mtodo da Soma dos Dgitos Anuais Baseia-se na diviso da quantia deprecivel em parcelas proporcionais ao tempo restante de vida til. O nome do mtodo provm do clculo auxiliar em que se soma o tempo restante para cada ano de vida til. No caso da mquina do exemplo: Clculo auxiliar: 6 + 5 + 4+ 3 + 2 + 1 = 21 (soma dos dgitos); No primeiro ano consome-se 6/21 da quantia deprecivel, no segundo ano, 5/21, etc. A depreciao em cada ano , portanto, de: Perodo 1 2 3 4 5 6 Depreciao 6/21 x $2100,00 = $ 600,00 5/21 x $2100,00 = $ 500,00 4/21 x $2100,00 = $ 400,00 3/21 x $2100,00 = $ 300,00 2/21 x $2100,00 = $ 200,00 1/21 x $2100,00 = $ 100,00

A depreciao para um ano j qualquer de um ativo tendo vida til de n anos dado por: Dj = (n (j 1)) x (VI VR) (1 + 2 + 3 + ........... + n) 6.8- ILUSTRAO Q 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 CF 500 500 500 500 500 500 500 500 500 500 CV 200 360 510 650 780 925 1085 1265 1495 1795 CT 700 860 1010 1150 1280 1425 1585 1765 1995 2295 CF/Q 500 250 167 125 100 83 71 63 56 50 CV/Q 200 180 170 162 156 154 155 158 166 180 CT/Q 700 430 337 287 256 237 226 221 222 230 CMARG 160 150 140 130 145 160 180 230 300

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6.9- EXERCCIO COMPLEMENTAR 1. A funo de Custo Total de uma empresa 2Q2 + 600Q + 5000. Determinar todas as demais funes de Custo bem como o Custo Mdio Mnimo 2. Uma concreteira tem de produzir 37,5m de concreto por dia. Ela paga salrio de $40/dia por empregado e o aluguel da mquina de concreto de $20/dia. O custo dos materiais de $10 por m. A produo diria em metros cbicos por mquina, com o nmero de trabalhadores entre parnteses, de: 2 ( 1 ); 5,5 ( 2 ); 9,5 ( 3 ); 14 ( 4 ); 16,5 ( 5 ); 19 ( 6 ); 21 ( 7 ); 23 ( 8 ) Determine o nmero de trabalhadores e mquinas que a concreteira deve contratar de forma a obter o custo mnimo por metro cbico, considerando que a produo da concreteira no pode, em hiptese nenhuma, ultrapassar os trinta e sete e meio metros cbicos referidos.

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7- O CUSTO DE PRODUONeste captulo iremos descrever o Custo de Produo, cuja apurao consiste em alocar aos produtos todos os custos incorridos. Para isso, vamos utilizar o Custeio por Absoro, chamado de tradicional. A primeira etapa nesse processo consiste em separar dos gastos os custos incorridos no perodo. O prximo passo separ-los em diretos e indiretos. Os custos diretos sero apropriados aos produtos conforme medies de consumo efetuadas nestes e os indiretos sero apropriados por intermdio de rateios. Para entender como ocorre a apurao dos custos, tomemos como exemplo uma empresa que fabrica carteiras escolares. Vamos identificar trs grupos de custos para produzi-las: a) Materiais: sero aqueles que a integram fisicamente, chamados de matrias-primas, e que representam a parte visvel do custo. b) Mo-de-obra: para transformar as matrias-primas no produto h a necessidade de emprego de mo-de-obra. Aqui consideramos somente aquela mo-de-obra que age sobre a matria-prima de modo a modific-la, dando origem ao produto, e por isso chamada de mo-se-obra direta. c) Demais custos: alm da matria-prima e da mo-de-obra direta, cujos consumos podem ser quantificados nos produtos, h a ocorrncia de outros custos, tais como energia eltrica, manuteno, depreciao, telefone, impostos etc., cujo consumo ocorre sem que se possa quantifica-lo por produto. Esse grupo chamado de custo indireto de fabricao. Quanto matria-prima, havendo um controle de estoques, toda vez que um material for requisitado, identifica-se onde ele ser aplicado. Assim, ao requisitar parafusos para montar uma carteira, reconhece-se o custo correspondente e o apropria ao produto de maneira direta. Quanto mo-de-obra precisamos entender que na fbrica temos funcionrios que atuam diretamente na transformao da matria-prima (marceneiro, montador, pintor etc.), a chamada mo-de-obra direta, e funcionrios que no tm essas atribuies, so os funcionrios de apoio (gerentes, chefes, ajudantes gerais, vigias, almoxarifes, engenheiros de fbrica etc.), chamados de mo-de-obra indireta. Ao primeiro grupo reconhecemos a relao direta com o produto. Os funcionrios desse grupo identificam suas atividades por meio de apontamento das horas trabalhadas na produo. Por esse procedimento, reconhecemos uma relao direta do custo desse pessoal com o produto. Quanto ao segundo grupo de funcionrios e aos demais custos, esta relao direta no observada, uma vez que no conseguimos quantificar o consumo destes em cada unidade do produto fabricada. Por exemplo, sabemos que o produto consumiu energia eltrica, porm no identificamos a quantidade de kw aplicada no produto. Estes, portanto, sero os custos indiretos de fabricao.

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7.1- MATERIAIS DIRETOS Uma empresa se utiliza de materiais para diversos fins: como matrias-primas, materiais de escritrio, materiais auxiliares de produo, materiais para embalagem, materiais de higiene e limpeza etc. Desses, somente as matrias-primas iro compor os produtos. No caso de uma carteira escolar, temos: madeira, frmica, parafusos, rebites, tinta, verniz, solda etc. Sabemos que no processo de fabricao sero empregadas serras, lixa, estopas etc., porm sem integrar fisicamente o produto, e neste caso, sero os materiais auxiliares de produo, tambm chamados de materiais indiretos. Dentro da cadeia produtiva, um produto fabricado por uma empresa poder ser matria-prima em uma outra empresa. o caso do parafuso, em cuja produo se consomem matriasprimas, e que agora ser matria-prima na fabricao de carteiras. A matria-prima compreende os materiais aplicados na fabricao de um produto e que fazem parte dele. Entre os materiais integrantes de um produto encontramos aqueles cuja quantidade efetivamente consumida podemos identificar nesse produto e aqueles que no podemos. Os primeiros so considerados custos diretos (material direto) e os demais, indiretos (material indireto), pois sua apropriao se dar por rateio. Sendo a matria-prima um custo direto, alm de se incorporar ao produto, h a necessidade de se reconhecer a quantidade consumida neste, quer seja medindo ou contando. Por exemplo, em um produto que utiliza cola ou tinta, embora tenha estes componentes com matria-prima, o consumo por produto nem sempre possvel ser obtido; em razo disso, so agrupados aos custos indiretos para rateio. O custo da matria-prima deve corresponder quantidade consumida na fabricao do produto. Dessa forma, vamos observar que de alguns materiais so necessrias quantidades maiores que aquelas efetivamente incorporadas ao produto. o caso do tecido para confeccionar uma cala. Certamente ocorrem sobras (retalhos) na produo. O mesmo acontece com outros materiais, como a madeira para fazer o brao de uma carteira, chapas de ao para fazer uma pea e assim por diante. Estas perdas fazem parte do processo de fabricao, podendo-se minimiz-las, mas no evitlas. So chamadas de perdas normais, e por isso integram o custo dos produtos. Ao adquirir materiais, geralmente a empresa incorre em outros gastos que no somente o valor pago ao fornecedor. Pode o comprador ser o responsvel pelo frete, seguro, armazenagens e outros gastos e, se o material for importado, pelo fretre martimo ou areo, despesas aduaneiras e outros gastos alfandegrios. Somando todos esses gastos, temos o valor do material. 7.2- MO-DE-OBRA DIRETA Consideram-se mo-de-obra direta aqueles funcionrios que atuam diretamente na transformao da matria-prima em produto. No entanto, o custo que estes funcionrios representam no pode ser tratado como custo direto sem antes analisar o trabalho deles e o controle execido sobre as horas trabalhadas. O custo direto, por definio, aquele que pode ser medido no produto. Esse pessoal direto pode tanto trabalhar no produto como, temporariamente, executar outras atividades ou mesmo ficar parado. Somente o tempo trabalhado e apontado no produto ser considerado

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custo direto, e o tempo no trabalhado no produto representar um custo que, para ser absorvido pela produo, deve ser agrupado nos Custos Indiretos de Fabricao. A princpio, poderamos pensar que o custo de mo-de-obra direta corresponde valorizao das horas apontadas nos produtos, tendo como base o salrio-hora contratado dos funcionrios. Como, por exemplo: se um soldador cujo salrio de $ 4,00 por hora apontar 3,0 h de atividades no produto X, o custo da mo-de-obra direta seria: 3,0 h x $ 4,00 = $ 12,00 Agindo dessa maneira, estaramos considerando: a) que o custo da mo-de-obra direta se refere somente aos salrios dos funcionrios; b) que o custo dessa mo-de-obra direta se refere somente s horas apontadas nos dias em que os funcionrios comparecem empresa; Portanto, estaramos desconsiderando: a) os encargos sociais e trabalhistas que a mo-de-obra provoca, ou seja, alm das horas trabalhadas, os funcionrios recebem os domingos e os feriados, tm faltas que podem ser justificadas e abonadas etc.; b) que os funcionrios recebem da empresa outras formas de remunerao: frias, abono sobre frias, 13 salrio; c) que, alm dos valores pagos aos funcionrios, a empresa tem a sua contribuiao ao INSS e ao FGTS. Os encargos sociais e trabalhistas correspondem aos gastos que a empresa tem para com o funcionrio alm do salrio. So as conquistas contidas em lei, acordos sindicais ou em negociaes com a prpria empresa. Alguns dos encargos tm sua ocorrncia concentrada em certas pocas do ano, como o 13 salrio e as frias, ou se acumulam em certas ocasies, como o caso da multa do FGTS ocasionada por dispensas sem justa causa, quando ocorrem cortes no quadro de funcionrios. Da mesma forma, como veremos com os custos indiretos de fabricao, esses custos sazonais precisam ser distribudos ao longo do ano e no absorvidos somente pelos produtos fabricados nos meses em que tais custos ocorrem. Para tornar isso possvel, desenvolve-se uma tabela de encargos sociais e trabalhistas em que se obtm o percentual de encargos aplicvel sobre os salrios constantes da folha de pagamentos, de modo a nivelar o custo da mo-de-obra durante o ano. O tempo ocioso compreende s horas no trabalhadas decorrentes de diversos motivos que fogem normalidade da empresa, como, por exemplo, falta de produo, greves ou acidentes que paralisem a produo. O custo correspondente deve ser tratado como custo do perodo, indo diretamente para o resultado do exerccio. Alm dos salrios e encargos includos na tabela de encargos sociais, geralmente, as empresas tm outros gastos para com os funcionrios, tais como alimentao, transporte, seguro, assistncia mdica etc., que normalmente representam valores fixos mensais e no proporcionais aos salrios. Tais gastos costumam ser agrupados aos custos indiretos, para rateio produo.

7.3- CUSTOS INDIRETOS DE FABRICAO

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Com a reduo gradativa do custo da mo-de-obra direta pela eliminao de postos de trabalho e sua substituio por atividades automatizadas, os custos indiretos vm aumentando sua participao nos custos totais das empresas e, conseqntemente, nos seus produtos. Esse agrupamento (custos indiretos) contempla todos os elementos de custos que no tm mediao de consumo nos produtos, e por isso mesmo so apropriados por intermdio de rateios. Exceto a matria-prima e a mo-de-obra direta, praticamente todos os demais custos so tratados como indiretos. 7.3.1- Composio dos custos indiretos de fabricao Podemos subdividir em trs grupos os custos indiretos: a) materiais indiretos: correspondem aos materiais auxiliares empregados no processo de produo, que no integram fisicamente os produtos; e os materiais diretos, que no tm medio do consumo nos produtos; b) mo-de-obra indireta: corresponde mo-de-obra que no trabalha diretamente na transformao da matria-prima em produto ou da qual no h condies de apontar o tempo gasto nos produtos; c) outros custos indiretos: todos os demais custos indiretos ocorridos na fbrica, que no so possveis medir ou quantificar o consumo nos produtos. 7.3.2- Dificuldades para estabelecer as bases de rateios A dificuldade que encontramos para alocar custos indiretos reside na definio da base de rateios a ser utilizada, pois uma tarefa que envolve aspectos subjetivos e arbitrrios. Se o critrio adotado no for bem consistente, o resultado de custos ficar por certo deficiente para atender aos fins a que se prope. Tendo em vista, que o montante dos custos indiretos ser absorvido pela produo por qualquer base que venha a ser empregada, alguns produtos podem ficar subavaliados, enquanto outros, superavaliados. O que se procura ao definir uma base minimizar tais distores. Para entender essa situao, analisamos um caso bem simples de como poderamos alocar o custo da energia eltrica aos trs produtos de uma empresa: X, Y e Z. Supondo ser de $ 1.500,00 o valor dessa conta, quanto caberia a cada um dos trs produtos? Em primeiro lugar, sem informaes adicionais, podemos dividir em partes iguais, uma para cada produto: $ 1.500,00 = $ 500,00 para cada um dos produtos 3 Nessa diviso no se levou em considerao a quantidade fabricada de cada um que, se for diferente, por certo determinaria um resultado melhor. Levantando-se o volume de produo, constatamos ser de 310 unidades no perodo, assim distribudo por produto: Produto X = 10 unidades Produto Y = 100 unidades Produto Z = 200 unidades Considerando-se esse volume de produo como base de rateio, o custo da energia eltrica seria: $ 1.500,00 = $ 4,83871/unidade 310 u Produto X = 10 unidades x $ 4,83871/u = $ 48,39 Produto Y = 100 unidades x $ 4,83871/u = $ 483,87

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Produto Z = 200 unidades x $ 4,83871/u = $ 967,74 Aparentemente, o resultado ficou melhor que o anterior, pois levou em considerao a quantidade produzida, ou seja, aquele produto que teve uma produo maior, em tese, deveria absorver parcela maior do custo. No entanto, podemos admitir que o consumo de energia eltrica seja proporcional ao tempo de fabricao. Um produto que consumir mais tempo para ser fabricado, utilizar mais mquina e, conseqentemente, maior ser seu consumo de energia e o custo tambm. Levantando-se os tempos de fabricao temos: Produto X = 5 horas por unidade Produto Y = 4 horas por unidade Produto Z = 10 horas por unidade Nosso rateio do custo da energia ficaria mais complexo. Temos agora alguns clculos a serem realizados: 1 Clculo do tempo total de fabricaao Produto Quantidade X 10 u Y 100 u Z 200 u Total de horas 2 Clculo da taxa-hora de energia eltrica Custo da Energia Total de horas = $ 1.500,00 2.450 h = $ 0,61224/h Tempo Unitrio 5h 4h 10 h Tempo Total 50 h 400 h 2.000 h 2.450 h

3 Clculo do custo de energia dos produtos Produto X Y Z Total Temo Total 50 h 400 h 2.000 h 2.450 h Taxa/Hora $ 0,61224 0,61224 0,61224 Custo dos Produtos $ 30,61 $ 244,90 $ 1.224,49 $ 1.500,00

Esse ltimo procedimento, mais trabalhoso, deve aproximar-se de um provvel consumo de energia eltrica por parte dos produtos. Porm, outros procedimentos poderiam ser considerados, como, por exemplo, ratear o custo da energia pelo peso das matrias-primas empregadas ou outra base que melhor se ajustar ao caso. Uma preciso para o caso em especfico seria instalar medidores de energia eltrica em cada mquina e ter o consumo controlado. Nesse caso, a energia eltrica deixaria de ser custo indireto e passaria a ser custo direto.

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7.3.3- Algumas bases de rateios mais comuns Qualquer base que venha a ser utilizada por certo permitir que se chegue ao custo dos produtos. No entanto, precisa-se ter coerncia na escolha dessa, a fim de no serem obtidos resultados distorcidos. O que precisa ficar bem claro que todo e qualquer critrio que venha a ser empregado deve ser escolhido em funo de uma base que represente uma relao lgica, procurando aproximar-se daquilo que seria o custo perfeito. Nessa busca do custo perfeito podem ser utilizadas diversas bases de rateios, uma para cada conta de custos indiretos, bem como para os departamentos auxiliares. Normalmente, utilizam-se as seguintes bases para ratear custos indiretos: a) rea ocupada pelos departamentos, para ratear o custo do aluguel, depreciao do prdio e impostos prediais; b) nmero de funcionrios para ratear os custos indiretos do departamento de Administrao da Fbrica; c) potncia instalada em quilowatts/hora para a energia eltrica; d) nmero de requisies de materiais, para ratear os custos do departamento de Almoxarifado. 7.3.4- Departamentalizao dos custos indiretos A forma pela qual iremos abordar como os custos indiretos so apropriados aos produtos via departamentalizao. Os departamentos sero aqui utilizados para a acumulao dos custos. Observando o organograma de uma empresa na sua diviso fabril, vamos encontrar os departamentos. Charles Horngren, em seu livro Contabilidade de Custos. Um enfoque Administrativo, diz que: Estes departamentos so freqentemente chamados centro de custos. Centro de custos o menor segmento de atividade ou rea de responsabilidade para o qual se acumulam custos. O centro de custo tpico o departamento, mas, s vezes, o departamento pode ter vrios centros de custos. Assim, uma empresa pode subdividir um departamento em setores, cada um sendo um centro de custos. Por exemplo: o departamento de costura pode ser subdividido em setor de calas, setor de camisas e assim por diante. Com exceo da matria-prima, cujo custo identificado com o produto, os demais custos de uma empresa so identificados com os departamentos, embora a matria-prima tambm seja consumida nesses lugares onde os produtos so elaborados. Segrega-se dos custos dos departamentos aqueles referentes mo-de-obra direta, que pode ser imediatamente identificada com os produtos, como tambm a matria-prima; o que sobra so custos indiretos. Inicialmente, os custos dos departamentos so decorrentes de suas estruturas, que, como j vimos, compreendem os custos fixos. Em alguns departamentos ocorrem os custos variveis, decorrentes da produo por eles elaborada. Dessa forma, podemos subdividir os departamentos fabris em dois grupos: a) um primeiro grupo formado por departamentos que no trabalham os produtos, os quais iremos chamar de departamentos auxiliares, como, por exemplo, a administrao da fbrica, almoxarifado e controle da qualidade;

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b) um segundo grupo formado por departamentos que trabalham os produtos, os quais iremos chamar de departamentos produtivos, como, por exemplo, departamento de usinagem, montagem e pintura. Os custos indiretos dos departamentos do segundo grupo podem ser rateados aos produtos por eles trabalhados sem muita dificuldade, como, por exemplo, ratear o custo do departamento de montagem aos produtos com base nas horas de montagem. Para os departamentos produtivos, sempre haver uma base que permite realizar o rateio, pois os produtos passaram por eles. O mesmo no acontece com os departamentos auxiliares; eles no trabalham os produtos, e sim auxiliam a produo quer seja gerenciando, planejando, acompanhando e controlando, atendendo s necessidades de materiais dos diversos departamentos, inspecionando os produtos, efetuando manuteno predial e de mquinas etc. Portando, no h uma base de rateio dos seus custos aos produtos. No entanto, esses departamentos trabalham para outros departamentos, de tal maneira que seus custos podem ser transferidos para os departamentos beneficiados, em um processo sucessivo de rateios que culmina com seus custos apropriados nos departamentos produtivos. Assim, os departamentos produtivos, alm de seus prprios custos indiretos, recebero os custos indiretos dos departamentos auxiliares. Depois, rateiam-se esses custos aos produtos. Para facilitar esse processo, devemos elaborar um mapa de custos indiretos, identificando nele os departamentos auxiliares e os departamentos produtivos. Nesse mapa sero lanadas todas as contas de custos indiretos e efetuados os rateios. Algumas dessas contas so identificveis com os departamentos e outras no. Aquelas identificveis com os departamentos chamamos de Custos Prprios dos Departamentos (tambm chamados de custos identificveis com os departamentos) e os demais, de Custos Comuns aos Departamentos. Exemplos de contas identificveis com os departamentos: Mo-de-obra indireta: reconhecemos o quanto cabe a cada departamento utilizando a folha de pagamentos, da qual iremos utilizar o montante de salarios e acrescentar os encargos sociais. Depreciao: reconhecemos o custo da depreciao de cada departamento pelo controle patrimonial dos equipamentos ativados. Materiais diversos (de escritrio, higiene, limpeza e auxiliares de produo): reconhecemos o consumo de cada departamento pelas requisies emitidas. Exemplos de contas comuns aos departamentos: Energia eltrica (supondo no haver um medidor de consumo nos departamentos). gua (supondo no haver um hidrmetro em cada departamento). Telefone (supondo haver uma central telefnica). O modelo de Ma