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30 AGOSTO / 2013 Companhias aéreas transportarão 28 milhões de pessoas a mais até 2016, projeta IATA. No Brasil, mesmo com expansão do mercado, tarifas devem ficar mais caras e serviços cada vez mais escassos Tem prejuízo no ar Economia Por Rafael Oliveira [email protected] Associação Internacional do Transporte Aéreo (IATA, na sigla em inglês) divulgou que as companhias aéreas devem receber nos próximos anos mais de 800 milhões de passageiros no mundo. O Brasil, com uma projeção de crescimento de 8% ao ano, pode chegar a ser o terceiro maior mercado mundial, atingindo a marca de 127 milhões de passageiros/ ano voando em destinos nacionais e internacionais, perdendo apenas para os Estados Unidos (710,2 milhões) e China (415 milhões). A projeção é um pouco menor do que o volume registrado no ano pas- sado, quando o número de passageiros transportados na aviação civil superou 9,48%, saltando de 92.574.975 passa- geiros em 2011 para 101.354.228 em 2012. Mesmo com um ambiente aparen- temente favorável e cheio de expec- tativas, o setor aéreo no Brasil parece seguir com cautela. As duas maiores empresas aéreas brasileiras, GOL e TAM, operam no vermelho. A GOL teve um prejuízo operacional de R$ 35 milhões no segundo trimestre – e ainda assim, comemora uma melhora de R$ 320 milhões sobre o igual período do ano passado. A TAM registrou prejuízo ainda maior: de R$ 928,124 milhões no segundo trimestre deste ano – números muito ruins, se comparado a 2011, quando a empresa obteve lucro opera- cional de R$ 60,264 milhões. A GOL revisou algumas de suas pro- jeções para 2013, reduzindo a expecta- tiva de custo operacional por assento disponível por quilômetro (excluindo combustível), entre 9,5 centavos e 10 A O Brasil deve passar a ser o terceiro maior marcado mundial, atingindo 126 milhões de passageiros por ano

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2013

Companhias aéreas transportarão 28 milhões de pessoas a mais até 2016, projeta IATA. No Brasil, mesmo com expansão do mercado, tarifas devem ficar mais caras e serviços cada vez mais escassos

Tem prejuízo no arEconomia

Por Rafael [email protected]

Associação Internacional do Transporte Aéreo (IATA, na sigla em inglês) divulgou que

as companhias aéreas devem receber nos próximos anos mais de 800 milhões de passageiros no mundo. O Brasil, com uma projeção de crescimento de 8% ao ano, pode chegar a ser o terceiro maior mercado mundial, atingindo a marca de 127 milhões de passageiros/ano voando em destinos nacionais e internacionais, perdendo apenas para os Estados Unidos (710,2 milhões) e China (415 milhões).

A projeção é um pouco menor do que o volume registrado no ano pas-sado, quando o número de passageiros transportados na aviação civil superou 9,48%, saltando de 92.574.975 passa-geiros em 2011 para 101.354.228 em 2012.

Mesmo com um ambiente aparen-temente favorável e cheio de expec-tativas, o setor aéreo no Brasil parece seguir com cautela. As duas maiores empresas aéreas brasileiras, GOL e TAM, operam no vermelho. A GOL teve um prejuízo operacional de R$ 35 milhões no segundo trimestre – e ainda assim, comemora uma melhora de R$ 320 milhões sobre o igual período do ano passado. A TAM registrou prejuízo ainda maior: de R$ 928,124 milhões no segundo trimestre deste ano – números muito ruins, se comparado a 2011, quando a empresa obteve lucro opera-cional de R$ 60,264 milhões.

A GOL revisou algumas de suas pro-jeções para 2013, reduzindo a expecta-tiva de custo operacional por assento disponível por quilômetro (excluindo combustível), entre 9,5 centavos e 10

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O Brasil deve passar a ser o terceiro maior marcado mundial,

atingindo 126 milhões de passageiros por ano

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Ranking dos voos nas capitais do Nodeste

Fotos: Divulgação

centavos de real. Isso significa que, em um trecho entre Recife (PE) e São Paulo (SP), cada passageiro tem custo médio de R$ 267,20. Além disso, anun-ciou redução da malha aérea para 2014. Em nota, a companhia disse que, por questões estratégicas, não divulga quais trechos sofrerão redução nas viagens.

A TAM, apesar do prejuízo quase bilionário, teve receita total de R$ 3,231 bilhões no último trimestre, ou seja, 5,8% acima dos R$ 3,053 bilhões obtidos entre abril e junho de 2011. Os dados foram divulgados no balanço da LATAM, empresa formada pela fusão da TAM e a chilena LAN, cujo proces-so foi concluído em junho de 2012 – o que garantiu novo fôlego à operação. A GOL e a LATAM foram procuradas pela Revista NORDESTE, mas nenhu-ma quis comentar os números.

Quem não está operando no ver-melho é a companhia aérea Azul, que registrou lucro líquido de R$ 30,6 mi-lhões no primeiro trimestre deste ano, ante um prejuízo de R$ 2,6 milhões em igual período do ano passado. A empresa informou os dados em seu prospecto de oferta de ações enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM). O lucro operacional foi de R$ 128,7 milhões, o que representa uma alta de 257% sobre o registrado um ano antes. A margem operacional passou de 6% para 10,3%. “O aumento foi impulsionado, em grande parte, pelas receitas geradas pela expansão da malha aérea com a aquisição da Trip, assim como os ganhos de economia de escala e do aprimoramento de nossa eficiência operacional”, informou a companhia no documento.

Salvador (BA)138 nacionais6 internacionais (Miami, Frankfurt, Lisboa, Madri)

Recife (PE)103 nacionais6 internacionais (Panamá, Miami, Frankfurt e Lisboa)

São Luis (MA)23 nacionais0internacionais

Font

e: In

fraer

o

Natal (RN)30 nacionais4 internacionais (Roma, Lisboa e Milão)

João Pessoa (PB)16 nacionais0 internacionais

Maceió (AL)28 nacionais0 internacionais

Teresina (PI)16 nacionais0 internacionais

Fortaleza (CE)80 nacionais5 internacionais (Roma, Lisboa e Milão)

Aracaju (SE)25 nacionais0 internacionais

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Tarifas aéreas mais caras

Como as empresas conseguem man-ter suas operações, mesmo com os prejuízos? O professor Marcos José Bar-bieri Ferreira, da Faculdade de Ciências Aplicadas (FCA/Unicamp), disse que o mercado das companhias aéreas sofre uma variação muito grande, e por isso, elas aproveitam os bons períodos para ter um fôlego financeiro que segura os momentos difíceis. “Em 2004, por exemplo, o setor aéreo obteve lucros altíssimos. No entanto, mesmo com os tempos atuais não sendo tão bons, elas conseguem manter a operação por um tempo, até que voltem a ter o lucro esperado”, explicou.

Barbieri afirmou que o setor aéreo é muito sensível, com fatores que podem mexer com o mercado em caso de variação. “A manutenção dos aviões, que deve ser impecável, é um tópico importante, porque um avião novo tem um custo menor do que um mais velho, com sete ou oito anos de

operação. Os aviões são utilizados o dia inteiro. Eles não podem voar sem um parafuso sequer no lugar. Além disso, tem também o custo com o combustível e o financiamento dos aviões, já que a maioria não é comprado à vista e sim em sistema de leasing. E boa parte des-tes gastos é dolarizado”, disse.

O tempo que uma empresa pode permanecer operando no vermelho é incerto, analisa o professor. “Tem empresas que conseguem se manter por quatro ou cinco anos voando no prejuízo, mas outras têm capacidade financeira de suportar dois ou três anos, no máximo. Para equilibrar os gastos, elas reduzem a malha aérea, suspendem a encomenda de aviões novos, fazem remanejamentos, entre outros cortes”, descreveu.

Entretanto, mesmo com os prejuí-zos, as companhias conseguem fazer promoções de passagens. “A gente sempre brinca dizendo que um pas-

Empresas operam no vermelho

Professor explica que as companhias aproveitam bom momento para lucrar

Eduardo Sanovicz admitiu que podem ocorrer novos reajustes, caso o dólar volte a subir

Dentro deste cenário, a consequên-cia vai para o bolso do consumidor. As passagens aéreas estão ficando mais caras. Uma pesquisa realizada pelo comparador de viagens Mundi revelou que as passagens aéreas aumentaram entre 15% e 25% nos últimos meses. O problema é a alta do dólar, já que cerca de 60% dos custos das companhias são feitos em moeda estrangeira. Quem confirma a informação é o presidente da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), Eduardo Sanovicz. Ele admitiu que pode ocorrer mais reajuste nos preços caso a moeda norte--americana continue subindo.

“Se essa tendência de alta no dólar se verificar, as coisas ficarão mais com-plicadas. Espero que isso não ocorra, mas se a moeda subir não há como descartar o aumento, porque tudo está vinculado”, disse. Ele afirma que as companhias vinham fazendo ajustes

internos, como demissões e redução de número de voos, mas todas as medidas possíveis foram tomadas e as compa-nhias chegaram ao que ele classifica como “o limite do impossível”.

Sem solução, TAM, Gol, Azul e Avianca recorreram ao governo federal para amenizar os prejuízos. Apresenta-ram uma lista de nove reivindicações, entre elas, a inclusão do transporte aéreo na medida provisória 617, que zera as alíquotas de PIS e Cofins para empresas de transporte rodoviário, metroviário e ferroviário. Também contam com a revisão da política de preços de combustível pela Petrobras e unificação do ICMS. As empresas não estão dispostas a pagar por seis meses tarifas aéreas que representam hoje 6% dos custos, como não aceitam que os usuários paguem tarifas aeroportuárias, que seriam bancadas pelo Fundo Na-cional de Aviação Civil.

A crise vem fazendo várias capitais do Nordeste perderem voos. Em fevereiro deste ano, os passageiros do Aeroporto Castro Pinto, em João Pessoa (PB), perderam a opção de voos diretos de João Pessoa para Salvador (BA), Belo Horizonte (MG) e Campinas (SP), operados pela GOL. No mês seguinte os passageiros de Natal (RN) sofrerem o impacto. Cinco voos diários da GOL, um voo direto Natal-Rio de Janeiro (RJ) e Natal-São Paulo (SP) deixaram de operar. A TAM retirou da malha dois voos diretos SP e RJ e outro Natal-Salvador (BA)-São Paulo. Foram 700 vagas a menos nos voos potiguares.

Desde 23 de setembro, a Azul cancelou a única rota regional que ligava Salvador a Fortaleza (CE), com escalas em Maceió (AL) e João Pessoa. Antes disso, a empresa aérea também encerrou a frequência entre Salvador e Campina Grande (PB).

Uma situação ainda mais desastrosa foi revelada em um levantamento feito pela PanRotas, publicação especializada no gênero. Entre janeiro de 2012 e julho de 2013, o número de voos semanais caiu em sete das nove capitais nordestinas. Apenas Maceió teve um acréscimo de 44 voos. João Pessoa ficou estável, com 103 voos em 2012, e 104 em 2013.

A secretária de Turismo de Maceió, Cláudia Pessoa, disse que mesmo com o crescimento, a malha aérea da capi-tal alagoana ainda não é coerente ao crescimento turístico da região. “Inau-guramos 19 hotéis nos últimos anos e a ocupação também vem aumentando na mesma proporção. Maceió é o destino turístico que mais cresce no país, mas se não houver oferta aérea, o investi-mento hoteleiro e as ações públicas de fomento terão sido em vão”.

Ruth Avelino, presidente da Empesa Paraibana de Turismo, lamentou a redução dos voos. Ela acredita que o momento é de crescimento. “Temos recebido reclamações de turistas, de operadores e agentes de viagens com relação à falta de voos para João Pessoa e Campina Grande, ao mesmo tempo em que as companhias reduzem a oferta alegando que não há demanda. Esta-mos em contato permanente com as empresas aéreas para tentar mudar esse quadro, mas a resistência é grande”.

O secretário de Turismo de Pernam-buco e presidente da Fundação CTI Nordeste (formada pelos órgãos oficiais de turismo do Nordeste), Alberto Fei-tosa, acredita que o maior problema é a malha intrarregional. “Recife, assim como Salvador e Fortaleza, tem boas ligações com Sul, Sudeste e Centro--Oeste, e voos internacionais. No entanto, falta comunicação entre os es-tados do Nordeste. Quem sai do Recife

Capitais perdem voos regionais

Cláudia: “faltam voos em Maceió”

Secretários chiam

sageiro não paga o mesmo valor pela passagem. A grosso modo, é mais ou menos por aí”, afirma Marcos Barbieri. Ele acrescentou que há uma estratégia no sistema de tarifação das passagens. “Os voos têm uma tarifa cheia e as classes fracionadas que vão sendo disponibilizadas à medida que o avião vai ficando cheio e a data da viagem vai se aproximando. Por isso, quem pega os primeiros assentos ou reserva com pelo menos três meses de antece-

dência, consegue preços mais baratos do que quem precisa viajar de última hora”, contou.

Ainda assim, há assentos que as companhias preferem ocupados. Se-gundo o especialista, esses são con-siderados um produto perecível. “Se ele vai vazio, certamente dá mais prejuízo do que se ele viesse com um passageiro viajando a preço de custo”. E ainda há a variação do tamanho das aeronaves. “Um avião com capacidade

para 100 pessoas que viaja com 80 tem um custo. Outro com capacidade para 200 pessoas em que viajam as mesmas 80, a possibilidade de prejuízo é bem maior”, comparou Barbieri. Por isso, muitas companhias preferem investir em horários alternativos, com aerona-ves menores. A concorrência também é um fator considerado de risco, já que quanto mais companhias disputando o mesmo trecho, maior é a possibilidade dos voos seguirem com assentos vazios.

e vai para Fortaleza, por exemplo, tem que passar por São Paulo ou Brasília. Parece ilógico, mas é uma questão de mercado, pois não há voos entre esses estados da mesma região. Isso dificulta inclusive o acesso do turista regional”.

O secretário de Turismo do Rio Grande do Norte, Renato Fernandes, informou que a CTI vem tendo várias reuniões consecutivas com a ANAC e a Infraero. “Estamos conversando. Precisamos de um estudo de compo-sição dos preços dos bilhetes”. Outra solução a ser buscada é a utilização dos aeroportos do interior. “Uma empresa aérea está interessada em pousar em Natal, mas queremos que ela também faça escala em Mossoró, por exemplo. Temos um planejamento que envolve 21 aeroportos, integrando cidades importantes como Imperatriz (MA), Parnaíba(PI), Campina Grande (PB) e outras do interior”, observou.

Fotos: Antoninho Perri (Ascom - Unicamp) / Divulgação (Abear) / Assessoria Secom (Maceió)

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A TAM tenta diversificar o serviço de bordo com parcerias. No ano pas-sado, por exemplo, uma ação de ma-rketing entre a companhia e a Nestlé permitiu que em diversos voos domés-ticos fossem distribuídos iogurtes e os lançamentos da empresa. “Esta foi mais uma ação do nosso serviço Leve o Dia Leve, que orienta as nossas iniciativas para oferecer ao passageiro, logo cedo, produtos que inspiram o bem-estar a bordo”, afirmou Manoela Amaro, diretora de Marketing da TAM Linhas Aéreas. Já para a parceira Nestlé, o momento foi de fazer propaganda na linha saudável da empresa. “Tivemos o objetivo de oferecer aos passageiros uma experiência gostosa e nutritiva

para um novo momento de consumo”, destacou Pedro Feliu, diretor da Nestlé/DPA Brasil.

Na Azul, não há carrinhos de be-bidas. As comissárias passam pelos assentos anotando os pedidos e depois vêm distribuindo-os pelos assentos. “Você recebe a lata inteira da bebida escolhida acompanhada por um copo com cubos de gelo. Na hora de comer, as comissárias passam um grande cesto no qual estão dispostos pacotes de batatas fritas, amendoim, biscoitos salgados, doces e mini waffles, todos eles em embalagens personalizadas com a marca da Azul. O passageiro escolhe o que quer e pega quantos pacotes achar conveniente”, descreveu a empresa

Quem podia viajar de avião até o fim dos anos 80 consegue se lembrar até hoje da chamada “era de ouro” da aviação. O alto preço dos bilhetes era compensado com um serviço de bordo impecável, com direito a robustas re-feições servidas em pratos de porcelana e talheres de inox, poltronas largas e até mimos como caixas de choco-late suíço e os vidrinhos de perfume francês. Hoje, os preços dos bilhetes despencaram e junto com eles vieram as poltronas espremidas e o serviço de bordo a base de balas toffee, barrinhas de cereal e batatas chips.

A GOL foi a primeira a adotar esse novo modelo e a única a oferecer ser-viço de bordo pago. Desde o início do ano passado, os passageiros recebem um cardápio com opções de sanduíches (R$ 13 cada) e snacks (que custam R$ 5), bebidas quentes, cervejas, refrige-rantes e sucos (entre R$ 5 e R$ 15). A água (em copo) é dada gratuitamente ao cliente que solicitar, mas a garrafa custa R$ 3. No início, os clientes poderiam optar entre o serviço pago e o gratuito (a base de amendoins, barrinhas de cereal e refrigerante). Agora, a empresa só trabalha com o

serviço pago. Apesar de copiar um formato que

já funciona com sucesso na Europa e Estados Unidos (em empesas do tipo low-cost/baixo custo), os viajantes brasileiros ainda não se adaptaram com o novo serviço de bordo. A blogueira de viagem Cris Marques publicou em seu blog “Dentro do Mochilão” uma experiência nada agradável. “Sabendo que a GOL está com o novo serviço, fiquei tranquila porque não precisaria comer aquelas goiabinhas insuportáveis e sim ter a opção de escolha da minha refeição matinal. A comissária chegou, fiz meu pedido e a mesma me entregou o lanche. Aí veio a surpresa do dia: ao estender a nota de R$ 50 ela falou que não havia troco. “Você não tem cartão de crédito?”. Como não havia levado cartão, o lanche foi recolhido””.

O empresário Joeliton Tardelli defen-deu o sistema, alegando que esse tipo de serviço faz com que os passageiros tenham bilhetes mais baratos. “É bas-tante coerente com a política de voos da GOL, visto que ela utiliza o sistema de low-cost, low-fare, ou seja a pessoa está interessada no voo unicamente como um meio de transporte, sem exce-

“Era de ouro da aviação”

dentes. A consequência dessa política é a redução do preço das passagens aéreas, tornando-as mais acessíveis a consumidores de baixa renda”, argu-mentou. Questionadas, TAM, Azul e Avianca afirmaram que não pretendem começar a cobrar pelo fornecimento de bebidas e lanches.

Parceria melhora serviço

A blogueira Cris Marques critica em sua página o serviço dispensado

pelas companhias

Ação de marketing entre TAM e Nestlê permite maior satisfação

do cliente com os lanches servidos

Fotos: Arquivo pessoal / Arquivo Varig / Divulgação TAM / Divulgação Gol / Divulgação Azul / Arquivo pessoal

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Quem viaja tem a impressão de que os passageiros da classe econômica têm cada vez menos espaços para acomodar os joelhos ao sentar nas poltronas. E não é ilusão. Desde o início dos anos 80, as companhias aéreas diminuíram em 7,6 centímetros, em média, a distância entre o encosto de um assento e as cos-tas do assento à frente. Aproveitando quem não abre mão do conforto (que, em geral, está disposto a pagar mais caro por isso), as companhias estão oferecendo poltronas mais espaçosas aos passageiros da classe econômica, mediante pagamento de uma taxa adicional. O benefício são alguns cen-tímetros a mais de distância em relação ao assento da frente.

Na Azul Linhas Aéreas cobra-se uma taxa entre R$ 20 e R$ 25 no valor da passagem por um assento nas cinco primeiras fileiras da aeronave, chamada de Espaço Azul. Lá, a medida entre as cadeiras é de 86 centímetros, enquanto, nas demais, é de 79. A TAM também oferece o “Espaço+”, com a alternativa das cadeiras que ficam na primeira fila ou entre as saídas de emergência. O custo é de R$ 30 para voos nacionais e até R$ 198 para internacionais. A GOL

Espaços apertados

Parceria melhora serviço

Poltronas mais espaçosas são mais caras

através da assessoria.A Avianca é a única que tenta

manter o padrão do serviço de bordo. “Não medimos esforços para oferecer um serviço diferenciado. Em todos os voos os serviços e bebidas são cortesia. Oferecemos refeições, sobremesas, pães e frutas, com trocas de cardápios em ciclos. Também servimos bebidas va-riadas como refrigerantes, água, sucos e café. Já em voos internacionais, temos snack quente, além do café da manhã com frutas, bolos, pães variados, e duas opções de pratos quentes à escolha do passageiro para o almoço e jantar. Para beber, vinho branco e tinto, uísque, vodka, cerveja e chás”, informou a empresa, em nota.

e a Avianca informaram que não fazem este tipo de cobrança.

O aval para este tipo de cobrança foi dado no ano passado pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) que já vinha tratando a questão como um diferencial competitivo. “Pela lei, as tarifas aéreas são livres. Portanto, uma empresa aérea pode praticar preços diferentes, de acordo com o serviço que oferece”, afirmou o superintendente de Segurança Operacional da Anac, Car-los Eduardo Pelegrino. Além disso, ele observa que a ANAC não tem motivos para interferir nessa questão. “Cerca de 95% dos passageiros são atendidos pela distância atual entre as poltronas. Exigir uma maior distância obrigaria os aviões a terem menos assentos, dimi-nuindo a oferta e provocando aumento de preços do transporte aéreo no geral”, argumentou.