capa puc sp 2006 -...

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É trabalho pioneiro. Prestação de serviços com tradição de confiabilidade. Construtivo, procura colaborar com as Bancas Examinadoras em sua tare- fa de não cometer injustiças. Didático, mais do que um simples gabarito, auxilia o estudante no pro- cesso de aprendizagem, graças a seu formato: reprodução de cada questão, seguida da resolução elaborada pelos professores do Anglo. No final, um comentário sobre as disciplinas. O concurso vestibular da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo seleciona candidatos para os cursos de diversas instituições: PUC-SP, Faculdade de Medicina do ABC, Faculdade de Direito de São Bernardo do Campo, Faculdade de Medicina de Marília (estadual), Faculdade Santa Marcelina, Faculdade de Enfermagem Albert Einstein, Faculdades SENAC e Faculdades Integradas Rio Branco. É realizado em uma única fase, que se divide em dois dias, com du- ração de quatro horas em cada um. A prova do - dia consta de 81 testes de múltipla escolha, valendo 10 pontos cada, sendo nove de cada disciplina: Língua Portuguesa, Litera- tura, Biologia, Língua Estrangeira (Inglês/Francês), História, Geografia, Física, Matemática e Química. A nota da parte objetiva do ENEM-2005 (E) pode entrar na pontuação da prova de Conhecimentos Gerais(CG) da seguinte forma: (4 × CG + 1 × E)/5, caso favoreça o candidato. Se a 1ª - opção é de curso da PUC-SP, então não é utilizada a nota do ENEM. A prova do 2º - dia é constituída de 4 questões analítico-expositivas inter- disciplinares: uma de Redação (150 pontos), uma de Históriae Geografia (80 pontos), uma de Matemática e Física (80 pontos) e uma de Biologia e Química (80 pontos). A classificação dos candidatos é feita pela soma das notas padronizadas das duas provas. Tirar zero na redação ou faltar a qualquer das provas é motivo para desclas- sificação. Observação: para os cursos da Faculdade de Medicina de Marília, cada teste vale 5 pontos; Redação, 225 pontos; e cada questão analítica, 180 pontos. o anglo resolve a prova de Conhecimentos Específicos da PUC-SP dezembro de 2005 Código: 83552206

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É trabalho pioneiro.Prestação de serviços com tradição de confiabilidade.Construtivo, procura colaborar com as Bancas Examinadoras em sua tare-fa de não cometer injustiças.Didático, mais do que um simples gabarito, auxilia o estudante no pro-cesso de aprendizagem, graças a seu formato: reprodução de cadaquestão, seguida da resolução elaborada pelos professores do Anglo.No final, um comentário sobre as disciplinas.

O concurso vestibular da Pontifícia Universidade Católica de São Pauloseleciona candidatos para os cursos de diversas instituições: PUC-SP,Faculdade de Medicina do ABC, Faculdade de Direito de São Bernardo doCampo, Faculdade de Medicina de Marília (estadual), Faculdade SantaMarcelina, Faculdade de Enfermagem Albert Einstein, Faculdades SENACe Faculdades Integradas Rio Branco.É realizado em uma única fase, que se divide em dois dias, com du-ração de quatro horas em cada um.A prova do 1º- dia consta de 81 testes de múltipla escolha, valendo 10pontos cada, sendo nove de cada disciplina: Língua Portuguesa, Litera-tura, Biologia, Língua Estrangeira (Inglês/Francês), História, Geografia,Física, Matemática e Química.A nota da parte objetiva do ENEM-2005 (E) pode entrar na pontuação daprova de Conhecimentos Gerais(CG) da seguinte forma: (4 × CG + 1 × E)/5,caso favoreça o candidato.Se a 1ª- opção é de curso da PUC-SP, então não é utilizada a nota doENEM.A prova do 2º- dia é constituída de 4 questões analítico-expositivas inter-disciplinares: uma de Redação (150 pontos), uma de História e Geografia(80 pontos), uma de Matemática e Física (80 pontos) e uma de Biologia eQuímica (80 pontos).

A classificação dos candidatos é feita pela soma das notas padronizadasdas duas provas.Tirar zero na redação ou faltar a qualquer das provas é motivo para desclas-sificação.

Observação: para os cursos da Faculdade de Medicina de Marília, cadateste vale 5 pontos; Redação, 225 pontos; e cada questão analítica,180 pontos.

oanglo

resolve

aprova de

ConhecimentosEspecíficosda PUC-SP

dezembro de2005

Código: 83552206

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2PUC/2006 ANGLO VESTIBULARES

A vegetação da Floresta Amazônica capta energia solar e a converte em ener-gia química, armazenando-a em substâncias que integram a sua biomassa.Durante esse processo de conversão de energia, ocorre liberação de O2, oqual, por sua vez, é utilizado pelas próprias plantas no processo de respiração,para obtenção da energia necessária à manutenção de seus processos vitais.

Diversas indústrias que requerem grandes quantidades de energia fazem usoda biomassa da Floresta Amazônica, a partir da combustão do carvão vegetal.Assim, um intenso desmatamento tem ocorrido na região para abastecer ascarvoarias que, em fornos artesanais, transformam lenha extraída da florestaem carvão vegetal. Esse é um combustível bem mais eficiente que a lenha,uma vez que sua capacidade calorífica é de 25000kJ/kg, mais que o dobro dacapacidade calorífica da lenha, que é de 10500kJ/kg.

A prática de queimadas que visam ao preparo de terrenos para plantio é ou-tro fator que agrava o desmatamento da Floresta Amazônica e é responsávelpela maior parte do CO2 emitido pelo Brasil.

BBB OOOIII LLL GGGOOO IIIAAA AAAUUUQQQ ÍÍÍMMMIIICCCEEE

Fotos de Luiz Cláudio Marigo – 1988

Fotos disponíveis em <http://www.estadao.com.br/ext/galeria/carvao/carvao/php

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Com base em seus conhecimentos de Biologia e Química responda às questões.

• Qual o processo biológico envolvido na conversão da energia luminosa em energia química? Equacione areação química que representa esse processo e indique em qual organela citoplasmática ele ocorre. Con-siderando que 900g de glicose (C6H12O6) foram obtidos a partir desse processo, determine o volume de O2produzido e a massa de CO2 consumida.

Dados: C = 12g/mol; O = 16g/mol; H = 1g/molVolume de 1mol de gás nas condições atmosféricas da Amazônia = 25L

• Como a ocorrência de queimadas e o desmatamento de grandes áreas da floresta contribuem para as altasconcentrações de CO2 na atmosfera?

• A pirâmide de energia a seguir é uma representação esquemática da quantidade de energia disponível nosníveis tróficos dos produtores (X) e consumidores primários (Y) da Floresta Amazônica. Explique o motivopelo qual Y é menor que X.

• Equacione a reação de transformação de glicose (C6H12O6) em carvão (C). Determine a variação de entalpiadessa transformação a partir dos dados fornecidos abaixo. Represente, em um único diagrama, as energiasenvolvidas nas seguintes reações:I. Combustão completa de 1mol de glicose (∆HI).

II. Transformação de 1mol de glicose em carvão (∆HII).

III. Combustão completa do carvão formado no processo II (∆HIII).

Explique a diferença entre a capacidade calorífica da lenha e a do carvão vegetal.

Dados: ∆∆H0COMBUSTÃO da glicose = –2800kJ/mol

∆∆H0FORMAÇÃO da glicose = –1250kJ/mol

∆∆H0FORMAÇÃO da água = –285kJ/mol

∆∆H0FORMAÇÃO do gás carbônico = –390kJ/mol

O processo envolvido na conversão de energia luminosa em energia química é denominado fotossíntese. Aequação da reação química global que o representa é

6CO2 + 6H2O → C6H12O6 + 6O2.

A organela citoplasmática em que tal processo ocorre é o cloroplasto.A determinação da massa de CO2 consumida e do volume de O2 produzido pode ser realizada por:

6CO2 + 6H2O → C6H12O6 + 6O2

Dessa forma:

6molCO2produzem 1 mol C6H12O6

= 180900

gg

6 44

2

⋅ gmCO

Resolução

Produtores

X

Consumidoresprimários

Y

3PUC/2006 ANGLO VESTIBULARES

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mCO2= 1320g

1mol C6H12O6 6molO2

=

VO2= 750L

• As queimadas, devido à combustão da matéria vegetal, liberam grandes quantidades de gás carbônico paraa atmosfera. O desmatamento, por sua vez, elimina um grande número de organismos clorofilados que uti-lizariam o CO2 na fotossíntese, levando a um aumento na taxa desse gás na atmosfera.

• Nas pirâmides de energia, a área de cada “degrau” representa a quantidade de energia presente no níveltrófico considerado. O fato de esses degraus serem sucessivamente menores indica que nem toda a energiadisponível é transferida para o nível seguinte. Isso porque parte dela é consumida pelos organismos daque-le nível — por exemplo, na respiração celular — para se manterem vivos. Os consumidores primários, por-tanto, dispõem apenas de uma parcela da energia total presente nos produtores.

A equação que representa a transformação de glicose (C6H12O6) em carvão (C) é:

C6H12O6 → 6C + 6H2O

O ∆H dessa reação pode ser calculado aplicando-se a Lei de Hess:

C6H12O6 + 6O2 → 6CO2 + 6H2O ∆H = –2800kJ

6CO2 → 6C + 6O2 ∆H = +2340kJ

C6H12O6 → 6C + 6H2O ∆H = –460kJ

Na lenha, o carbono é encontrado na forma de compostos, principalmente celulose. A transformação de celuloseem carvão é um processo endotérmico, portanto a queima (combustão) do carvão liberará mais energia.

Observação: Considerando a unidade fornecida para “capacidade calorífica” (kJ/kg), e não kJ ⋅ K–1, assu-mimos que os dados fornecidos correspondem ao “poder calorífico”.

Entalpia (kJ)

C6H12O6 + 6O2

∆HII = –460kJ

∆HIII = –2340kJ

∆HI = –2800kJ

6C + 6O2 + 6H2O

6CO2 + 6H2O

Vg L

gO2

900 6 25180

=⋅ ⋅

6 25

2

⋅ LVO

180900

gg

mg g

gCO2

6 44 900180

=⋅ ⋅

4PUC/2006 ANGLO VESTIBULARES

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A região denominada Amazônia Legal, com 5 milhões de km2, cobre 60% daárea do território nacional, abrangendo Amazonas, Acre, Amapá, oeste doMaranhão, Mato Grosso, Rondônia, Pará, Roraima e Tocantins. (Figura 1).Nessa região está a Floresta Amazônica que já há algum tempo vem sendodevastada. Se por um lado não se tem evitado a progressiva diminuição dafloresta, por outro, pelo menos, nunca foi possível medir a devastação comtanta precisão, devido às imagens captadas por satélites.

Parte do monitoramento da devastação é feita por meio dos dadosenviados pelos satélites Landsat e CBERS-2 ao INPE (Instituto Na-cional de Pesquisas Espaciais) onde os cientistas produzem boletinsdiários, identificando os locais e as características dos desmata-mentos mais recentes. Esses satélites giram ao redor da Terra emuma órbita praticamente polar e circular (Figura 2), de maneira quea combinação sincronizada entre as velocidades do satélite e darotação da Terra torna possível “mapear” todo o planeta após certonúmero de dias.

Dependendo do satélite, a faixa de território que ele consegueobservar pode ser mais larga ou mais estreita (Figura 3). O satéliteLandsat “varre” todo o planeta a cada 16 dias, completando umavolta em torno da Terra em aproximadamente 100 minutos. OCBERS-2, que também tem período de revolução de 100 minutos,observa uma faixa mais larga que a observada pelo Landsat e con-segue “varrer” todo o planeta em apenas 5 dias.

(Fonte: www.inpe.br)

5PUC/2006 ANGLO VESTIBULARES

EEE ÍÍÍSSSIII AAAFFF CCCMMM AAACCCIIIÁÁÁEEEAAAMMM TTT TTT

Figura 1

Figura 2

Figura 3

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Nas questões seguintes, eventualmente, você precisará de dados numéricos contidos no texto.Procure-os com atenção.

A) Baseando-se nas leis de Newton da Mecânica Clássica explique por que um satélite• não necessita de combustível para permanecer em órbita por longo tempo.• mantém sua órbita circular sem se afastar ou se aproximar da superfície da Terra.

B) Calcule, em m/s2, o valor da aceleração centrípeta que atua sobre o satélite Landsat em sua órbita a 800kmde altitude em relação à superfície da Terra. Despreze possíveis efeitos advindos do movimento de rotaçãoda Terra.

C) Apenas 25% da superfície terrestre estão acima do nível dos oceanos. Com base nisso, calcule a relaçãoporcentual entre a área da Amazônia Legal e a área da superfície terrestre que não está coberta pela águados oceanos.

D) Considere duas voltas consecutivas do satélite CBERS-2 em torno da Terra. Na primeira volta, ao cruzar alinha do Equador, fotografa um ponto A. Na volta seguinte, ao cruzar novamente a linha do Equador,fotografa um ponto B (Figura 4). Calcule, em km, o comprimento do arco AB.

E) Desenhe em escala o gráfico da velocidade v de um satélite em função do raio R de sua órbita ao redor daTerra, assinalando no gráfico:• um ponto qualquer (R1, v1).

• três outros pontos de abscissas , 4R1 e 16R1.R41

Sempre que necessário, utilize:

Constante da gravitação universal: G = 6,0 ⋅ 10–11 (S.I.)Massa da Terra: MT = 6,0 ⋅ 1024kg

Raio da Terra: RT = 6200km = 6,2 ⋅ 106m

Período de rotação da Terra em torno de seu eixo: T = 24hπ = 3

Instruções:Nas respostas lembre-se de deixar os processos de resolução claramente expostos.Não basta escrever apenas o resultado final. É necessário registrar os cálculos e/ou o raciocínio utilizado.

6PUC/2006 ANGLO VESTIBULARES

Figura 4

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A) Sendo colocado em um local em que não há resistências passivas, o satélite mantém velocidade escalar cons-tante sem a necessidade do uso de combustível.A mudança no vetor velocidade, necessária no movimento circular, ocorre pela ação da força gravitacional,que é centrípeta.Observe-se o esquema:

FG = Rc

Pela igualdade acima, para uma dada velocidade v de órbita, existe uma única altura h para a qual o saté-lite é mantido em órbita exclusivamente sob ação da força gravitacional.

B) • Calculando pela 2ª- lei de Newton:

∴ ac ≈ 7,3m/s2

• Calculando pela velocidade angular:

∴ ac = 7m/s2

Comentário: Os dados apresentados, por não serem consistentes, geram respostas diferentes para solu-ções diferentes e igualmente corretas.

ac =

+

⋅⋅

⋅ ⋅2 3

100 606 2 0 8 10

26

( )( , , )

a R hT

R hc sat Tsat

T= + =

+⋅ ⋅ω

π22

2( ) ( )

ac =

+

⋅ ⋅ ⋅

6 10 6 10

6 2 0 8 10

11 24

62

( , , )

R m a m a GM m

R hc c c

T

T

= =+

⋅ ∴ ⋅( )2

∴ =+

vG MR h

T

T

G M m

R hm

vR h

T

T T( ) ( )+=

+⋅

2

2

12

3

MT

TERRA

RT

h

vFG

m

12

3

Resolução

7PUC/2006 ANGLO VESTIBULARES

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C) Área da Amazônia Legal:

AL = 5 ⋅ 106km2 = 5 ⋅ 1012m2

Área não coberta pela água dos oceanos:

AS = (4π ⋅ R2T) ⋅ 0,25

∴ η% ≈ 4,34%

D) ∆S = (ωT ⋅ RT) ⋅ Tsat

∆S = 2,583 ⋅ 106m∴ ∆S = 2583km

E) Como

Logo, o gráfico pedido é:

R1 4R1 16R1

v

2v1

v1

v14

v12

R14

R

∴ =vGM

RT

mvR

GM m

RT

2

2=

m a GM m

Rc

T⋅ =2

∆S =⋅

⋅ ⋅ ⋅ ⋅2

24 36006 2 10 100 606π,

η = =⋅

5

3 6 20 0433

2( , ),

η = =⋅

⋅ ⋅ ⋅ ⋅

AA

L

S

5 10

4 3 6 2 1014

12

6 2( , )

8PUC/2006 ANGLO VESTIBULARES

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9PUC/2006 ANGLO VESTIBULARES

AAARRR AAAIIIOOO FFFGGGEEEGGG AAAIIISSSIIIHHH RRRÓÓÓTTTEEE

Construção da ferrovia Madeira-Mamoré:o aterro cedeu com a passagem do trem de lastro

Fonte: Francisco Foot Hardman. Trem fantasma.A modernidade na selva. São Paulo: Cia. das Letras, 1988.

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Leia com atenção:

[...] nas duas fases em que se dará a construção da ferrovia Ma-deira-Mamoré, 1878-9 e 1907-12, a escassez crônica da força detrabalho combina-se com um alto grau de reposição de esto-ques, como resultado de sua dissipação precoce [...] A decisão deconstruir aquela estrada de ferro numa região insalubre possuideterminações específicas, que passam pela afirmação nacio-nal, pelo desejo de dominar o desconhecido e selvagem, peloafã [...] de percorrer territórios estranhos e de transformá-los,neles imprimindo as marcas conhecidas da engenharia maisavançada [....] Mas, em si, a ferrovia na selva não seria obriga-toriamente ‘motor de desenvolvimento’. Havia pelo menos tan-tas razões de igual peso para que fosse o contrário: um cami-nho que conduzisse do nada a lugar-nenhum.

(Adaptado de Francisco Foot Hardman. Trem fantasma.A modernidade na selva. São Paulo: Cia. das Letras, 1988, p.129 e 137)

Quando a Transamazônica estiver definitivamente rasgada naselva, o Brasil terá finalmente uma estrada que ligará seuslimites extremos no leste e no oeste. Iniciando-se em Estreito,no Maranhão, a rodovia de mais de 4.000 quilômetros vai até oBoqueirão da Esperança, na fronteira do Acre com o Peru. Ali,a Transamazônica irá ligar-se com a rodovia peruana que temseu marco zero em Lima. Quando tal junção se consumar, ocontinente sul-americano estará ligado de costa a costa.

(Adaptado de: revista Manchete, 15 abr. 1972, p. 65-66)

“Dos sonhos do Plano de Integração Nacional e do ‘Brasil Grande’ do regime militar, resta uma pista de terravermelha e amarela que é, durante seis meses, poeira e outros seis meses, lama. E restam um milhão de pessoasesperando que a BR-230, que já foi rebatizada de ‘Transamargura’ e ‘Transmiseriana’, se torne um caminhopossível em direção ao desenvolvimento da região.”

(“Poeiras e esperanças na Transamazônica de hoje”. In: http://www.comciencia.br/SBPC, 10/04/2004)

Cada sistema [ferroviário, rodoviário e de transmissão de informações] requer configurações diferentes que nãotêm as mesmas possibilidades e foram implantadas em períodos diferentes: por exemplo, a difusão por satélite,muito presente na Amazônia, tem a vantagem de cobrir vastas superfícies com um mínimo de implantações nosolo.

(Adaptado de Hervé Théry e Neli Aparecida de Mello.Atlas do Brasil: Disparidades e Dinâmicas do Território. São Paulo: Edusp, 2005, p. 231)

A partir dos textos e imagens, redija um texto que considere:• Os interesses econômicos que envolveram a construção das duas estradas (borracha, minérios), as justificati-

vas oficiais para os dois projetos e os possíveis motivos de seus insucessos;• A preocupação do Estado com o controle estratégico da parte brasileira da Amazônia nos dois momentos

históricos citados e nos dias de hoje.

Obs.: Os textos do enunciado não devem ser copiados na confecção da resposta.O rascunho não será considerado.

10PUC/2006 ANGLO VESTIBULARES

Transamazônica em 1972Fonte: revista Manchete, 15 abr. 1972, p. 64.

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Na primeira tentativa da construção da Madeira-Mamoré, a presença do Estado foi quase imperceptível. Faziapoucos anos que Brasil e Bolívia tinham assinado um tratado retificando a linha de fronteira entre os dois paí-ses na região do Acre — por sinal, uma retificação favorável ao Brasil —, e o governo imperial, além de consi-derar a questão encerrada, tinha reduzida preocupação com o controle estratégico daquela parte da Amazônia.Também em termos econômicos o interesse, inclusive da iniciativa privada, era relativo, pois a exploração daborracha mal havia chegado à região, na qual predominava ainda a extração do caucho. Tanto assim que, logoàs primeiras dificuldades — a selva impenetrável, os imensos alagados, o clima insalubre, o isolamento da re-gião —, os empreiteiros abandonaram a construção.Na segunda tentativa, se por um lado as dificuldades permaneciam, por outro lado o quadro político e econô-mico sofreu importantes modificações. A exploração da borracha crescia rapidamente, os residentes brasileiroshaviam derrotado os bolivianos e proclamado o Estado Independente do Acre, cujo controle o governo do es-tado do Amazonas fazia o possível para assumir. Diante disso, Rodrigues Alves determinou a ocupação da regiãopor tropas federais e negociou com La Paz o Tratado de Petrópolis (1903): o Acre foi incorporado ao Brasil, quedeveria construir a Madeira-Mamoré, para permitir à Bolívia o acesso ao rio Madeira, ao rio Amazonas e aooceano Atlântico.A junção dos interesses estratégicos, políticos e econômicos permitiu a superação dos obstáculos naturais e aconstrução da ferrovia.Logo em seguida, porém, a motivação econômica desapareceu: o surto da borracha chegava ao fim e não ha-via mais o que transportar. Permanecendo apenas o fator estratégico, a Madeira-Mamoré passou a ser, comonegócio, inviável. Vegetando em crescente abandono, a ferrovia foi nacionalizada na década de 1930 e desa-tivada nos anos 1970, quando os sistemas rodoviário e de transmissão de informações suplantaram, pelo me-nos na região, o valor estratégico da estrada de ferro.Dentre os interesses econômicos que envolveram a construção da rodovia Transamazônica destaca-se a ne-cessidade de criação de um eixo de penetração na região amazônica, visando à entrada de capitais para a im-plantação de grandes projetos agropecuários, madeireiros e mineradores. Essa construção integrava o projetodesenvolvimentista do governo militar da época (década de 1970), que pretendia, por meio da ação do Esta-do, criar condições para retirar o país da posição de subdesenvolvido.A justificativa oficial estava assentada em um projeto de governo que pretendia ocupar e integrar a Amazôniaao resto do país. Slogans que retratavam essa ideologia eram amplamente divulgados, tais como “Integrar paranão entregar” e “Levar homens sem terra para uma terra sem homens”. A construção de agrovilas nas margensda rodovia, além de povoar a região, poderia aliviar as pressões demográficas do Nordeste e do Centro-Sul.Dentre os motivos para o insucesso dessa rodovia destacam-se: dificuldade de manutenção da estrada, moti-vada pelas elevadas precipitações, que provocavam forte erosão; falta de capitais nacionais e internacionais,em função dos reflexos da Crise do Petróleo de 1973; fracasso das agrovilas devido ao seu isolamento, provo-cado pelas grandes distâncias; completa falta de infra-estrutura local, associada à descontinuidade do projeto;crescentes pressões ambientalistas internacionais contra a ocupação da região, amparadas nas conferências eencontros científicos da época.Nos dias de hoje, a preocupação do Estado com o controle estratégico da parte brasileira da Amazônia podeser bem entendida quando vemos as diversas propostas de internacionalização da região — o que, pelo menosem parte, justifica os elevados investimentos estatais que estão sendo feitos no Projeto SIVAM (Sistema deVigilância da Amazônia), destinados a levantar, tratar e integrar as informações obtidas por diversos órgãosgovernamentais. Entre os meios de informação destacam-se o sensoriamento remoto, monitoramento ambien-tal e meteorológico, a vigilância por radares, recursos computacionais e meios de telecomunicações, tudo inte-grado por meio de redes conectadas por fibra óptica e/ou telecomunicações por satélite.

Resolução

11PUC/2006 ANGLO VESTIBULARES

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12PUC/2006 ANGLO VESTIBULARES

1 “Em 1982, durante a sua expedição pela Amazônia, o oceanógrafo Jacques Cousteau fez uma declaração comares de premonição: Hoje, o mundo está preocupado com a guerra nuclear, mas essa ameaça vai desaparecer.

A guerra do futuro será entre os que defendem a natureza e os que a destroem. A Amazônia vai ficar no olho dofuracão. Cientistas, políticos e artistas desembarcarão aqui para ver o que está sendo feito com a floresta”.

(Bernardino, F.R; Principe, Leonide. Emoções Amazônicas. Manaus: Photoamazonica. 1998.

2 “Para aqueles que imaginam a internacionalização a partir da perspectiva do território, a invasão e a tomada daAmazônia por outras nações, com a criação de um governo específico para sua gerência, são factíveis e, embora

ainda não tenham acontecido, se constituem em perigos iminentes com os quais o Estado brasileiro deve se preocupar.Os defensores dessa hipótese, principalmente os militares brasileiros, argumentam que as reservas de energia e águado planeta estão próximas do esgotamento e que o potencial da floresta amazônica resultará, inevitavelmente, emfuturas investidas das grandes potências mundiais sobre o território brasileiro”.

Dias, Susana. A internacionalização imaginada da Amazônia, Disponível em <http://www.comciencia.br>

OOORRR ÃÃÃEEE DDDAAAÇÇÇ“A Amazônia é considerada a área demaior extensão de floresta tropical do mun-do, representando 40% do total ainda exis-tente do planeta. Com a maior floresta tro-pical úmida do mundo, a mais extensa redefluvial do planeta e com o maior volume deágua doce disponível na Terra, a Amazôniapresta valiosos serviços ambientais ao regu-lar a quantidade de gás carbônico na atmos-fera e orquestrar a distribuição de chuvasem quase metade da América Latina. (...) Abiodiversidade da região é tamanha quenão há outro lugar com variedade tão gran-de de espécies, com características própriasbem marcadas”.

(Disponível em <http://portalamazonia.globo.br>).

Informações como esta trazem, de temposem tempos, o temor diante da possibilidadede que essa área seja dominada por estran-geiros.

Proposta:

A internacionalização da Amazônia ou, emoutras palavras, as eventuais ameaças à so-berania brasileira em relação à Amazônia éo tema desta redação.Leia com atenção os textos e observe asimagens disponibilizadas nesta e nas outrasquestões. Construa um texto dissertativo--argumentativo, posicionando-se sobre esteassunto tão polêmico.Relacione as idéias entre os textos, mas nãoos copie. Crie um título para o seu texto,adequado ao desenvolvimento que você derao tema.

Fotos de Leonide Principe — 1999

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3 “Já os que analisam sob o ponto de vista do capital denunciam que a internacionalização da Amazônia já estáacontecendo, não pela tomada de território físico, que é considerada hipótese remota, mas por mecanismos mais

atuais e refinados ligados à exploração econômica: a aposta cada vez mais forte na mercantilização da natureza; aabertura ao mercado externo; o estímulo à participação do capital estrangeiro no país; e a flexibilização das políticasde exploração das florestas. Nessa perspectiva, os inimigos — os interesses transnacionais — já estariam em territórioamazônico representados pelas indústrias madeireiras, mineradoras, farmacêuticas e de sementes.”

Dias, Susana. A internacionalização imaginada da Amazônia, disponível em <http://www.comciencia.br>

4 Segundo Stuart Pimm e Clinton Jenkins todos os países com biodiversidade têm poucas pessoas para cuidar dosproblemas que vão desde a perda de espécies, passam por grandes variações na economia local, no sistema

político, além de uma variedade de crenças religiosas e culturais. “Não se pode esperar que as áreas naturaispermaneçam intocadas a menos que profissionais de conservação locais qualificados estejam a postos para resolvercom criatividade as inevitáveis disputas sobre como usar os recursos do país. [...] Para sustentar a biodiversidade, omundo precisa primeiro identificar, e então imediatamente proteger esses lugares especiais. [...] Decididas quais áreasproteger, como o mundo deve cumprir a tarefa? E quem pagará pela proteção?”

(Scientific American. Edição especial Brasil, nº 41, out 2005. p. 54)

Importante: Passe a limpo, à tinta, sua redação, no espaço a ela destinado. O rascunho não será considerado. Seutrabalho será avaliado de acordo com os seguintes critérios: espírito crítico; padrão culto da língua; adequação detítulo e texto ao desenvolvimento do tema; estrutura textual compatível com o tipo de texto proposto.

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Veja. Especial Amazônia. São Paulo, 24 dez. 1997

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Análise da proposta O segundo dia do vestibular da PUC-SP tem-se alinhado, nos últimos anos, às exigências dos PCNs —

Parâmetros Curriculares Nacionais —, contemplando a chamada interdisciplinaridade: os exames se estruturam emtorno de um eixo temático que percorre as diversas disciplinas.

Nesta prova, abordou-se o universo de referência Amazônia. Nas outras disciplinas, o tema se refere aconceitos específicos de cada um dos campos do saber (por exemplo, interesses econômicos que envolveram aconstrução de estradas; fotossíntese; cálculos sobre as relações percentuais entre a área da Amazônia Legal e aárea da superfície terrestre que não está coberta pelas águas oceânicas). Na prova de redação, a questão postaem debate foi a internacionalização da Amazônia, traduzida explicitamente como “as eventuais ameaças àsoberania brasileira em relação à Amazônia”.

A Banca esperava que o candidato articulasse as idéias discutidas não só nos textos verbais e não-verbais dacoletânea para a prova de redação, mas também nos das outras disciplinas, a fim de garantir maior consistênciaà argumentação.

O texto 1 chama a atenção para o fato de que no futuro o olhar do mundo estará voltado para a Amazônia:ela será tanto alvo de cobiça, potencialmente provocadora de guerras, quanto alvo do olhar vigilante de pessoascom interesses divergentes.

O texto 2, por sua vez, trata dos que vêem a ameaça de intervenção estrangeira no território como umaperspectiva real, que deve ser objeto de preocupação para o governo, sob o argumento de que o esgotamentodas reservas naturais do mundo vai provocar cobiça internacional pelas nossas reservas.

A discussão é ampliada pelo texto 3, segundo o qual se acredita que, sob o ponto de vista do capital, aintervenção já vem sendo realizada por meio de empresas transnacionais que fazem uso do franqueamentoaberto pela flexibilidade da legislação.

Na contramão dos anteriores, o texto 4 defende a legitimidade da intervenção externa, sob a alegação de queos recursos naturais são estratégicos para a humanidade e precisam ser preservados, exigindo para isso competên-cias que nem sempre são demonstradas pelas populações locais.

Argumentos favoráveis à necessidade de internacionalização• A carência no planeta dos recursos naturais existentes na região.• A conseqüente necessidade de preservar esses recursos para o bem coletivo.• Os benefícios que a exploração sustentável da Amazônia trariam para a economia do país e para o próprio ecos-

sistema.• A falta, no Brasil, de recursos tecnológicos, econômicos e até mesmo humanos para uma exploração susten-

tável.

Desqualificação desses argumentos• A maioria desses argumentos é baseada em dados de realidade. Mas a finalidade com que são utilizados faz

toda a diferença: de fato, são pretextos para exploração dos recursos disponíveis em proveito do explorador, enão das populações residentes.

• Se houvesse intenção de socorro internacional, a preocupação seria de prover as populações locais dascompetências necessárias para essa preservação, e não internacionalizar o território, privando o Brasil daautonomia de gestão.

• A intervenção positiva se empenha em suprir deficiências de tecnologia, capital e conhecimento em benefícioda população local.

• O intervencionismo, obviamente negativo, consiste em ameaçar a soberania brasileira sobre a área, ins-titucionalizando práticas já consolidadas, como a biopirataria, a devastação de florestas, a exploração de miné-rio, etc.

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Tema bastante atual, que permitiu boa contextualização das questões propostas, tanto em Biologia —combustões e produção de gás carbônico; fotossíntese, sua equação e orgânulo onde ela ocorre; desmata-mento e diminuição do seqüestro de carbono; pirâmides de energia, etc. — como em Química — cálculoestequiométrico e termoquímica relacionados ao tema em questão.

Prova de abrangência limitada, contendo, apenas, trivial interpretação de textos.Alguns descuidos no enunciado implicaram dificuldade nas respostas dos itens A e D e, além disso, dupla

resposta no item B.

Boa prova — embora difícil —, exigindo do candidato uma elevada capacidade de articulação de temasgeográficos, históricos e geopolíticos.

Geografia e História

Matemática e Física

Biologia e Quimica

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