economia profª amanda aires - cloud object storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica,...

164
Agente de Polícia Economia Profª Amanda Aires

Upload: lamduong

Post on 09-Nov-2018

221 views

Category:

Documents


2 download

TRANSCRIPT

Page 1: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

Agente de Polícia

Economia

Profª Amanda Aires

Page 2: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe
Page 3: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

www.acasadoconcurseiro.com.br

Economia

Professora Amanda Aires

Page 4: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe
Page 5: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

www.acasadoconcurseiro.com.br

Edital

ECONOMIA: Microeconomia. Conceitos fundamentais. Determinação das curvas de procura. Teoria do consumidor, utilidades cardinal e ordinal, restrição orçamentária, equilíbrio do consu-midor e funções demanda, curvas de Engel, demanda de mercado.

BANCA: Cespe

CARGO: Agente de Polícia

Page 6: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe
Page 7: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

www.acasadoconcurseiro.com.br

Introdução

Olá, pessoal. Tudo bem?

Eu gostaria de aproveitar esse nosso encontro para fazer uma rápida apresentação: Meu nome é Amanda Aires, sou economista pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), com extensão universitária na Universität Zürich, na Suíça, mestra em Economia pela UFPE, com dissertação premiada no III Prêmio de Economia Bancária promovido pela FEBRABAN. Sou doutora em economia pela mesma instituição, tendo feito extensão universitária na Université Laval, em Quebec / Canadá.

Além de estudar economia, também sou professora em alguns cursos preparatórios presenciais para concursos públicos e, assim, já trabalhei na preparação de alunos para as provas do Banco Central do Brasil, da Polícia Federal e das Secretarias da Fazenda estaduais. No âmbito online, sou professora de micro e macroeconomia brasileira e econometria pelo www.euvoupassarcom.br. Além de ser professora universitária de várias universidades e faculdades no Recife, ministro aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em outras universidades e faculdades.Profissionalmente, atuo na Secretaria da Fazenda do Estado de Pernambuco como Economista-Chefe do órgão.

O ponto comum das disciplinas por mim ministradas é que elas são voltadas para alunos que não são estudantes de economia, ou seja, contadores, administradores, engenheiros, pedagogos, médicos. Acredito que esse seja um bom diferencial das minhas aulas, pois agora estou acostumada a olhar o mundo como não economista, o que facilita a comunicação entre mim e você, aluno. Por fim, ainda na área de concursos voltados para a área fiscal, tenho dois livros publicados pelo grupo GEN (Economia Brasileira para Concursos e Economia para Concursos – 1000 exercícios resolvidos).

Bem, terminada essa minha breve apresentação (acredito que agora você me conheça um pouco mais), vamos falar sobre o que faremos, juntos, na Casa do Concurseiro. Com a aproximação da publicação do concurso para agente da Polícia Federal, esse curso busca orientar você, concursando, a compreender melhor as questões de economia que têm maior probabilidade de cair na prova, tratando-se de CESPE como banca avaliadora. A ideia é fazer você acertar as questões que estarão no seu certame! Mas, vamos ao que interessa, não é? Como faremos esse estudo para dissecar as provas da PF? Fazendo diversos exercícios semelhantes da banca! Ao estudar grupos de questões análogas, observaremos que as questões da banca têm um perfil bastante similar e, assim, poderemos verificar o que há de comum entre elas. Observaremos, por fim, o padrão de repetição e respostas. Um ponto interessante aqui, e que você entenderá melhor posteriormente, é que, em economia, pode mudar a “historinha”, mas a mecânica de solução será sempre a mesma! À medida que o tempo for passando com as aulas, você irá verificar isso com uma clareza solar! Espero que, com os nossos encontros, você possa observar que a economia é sim uma matéria interessante e que pode ser vista de uma forma muito mais descomplicada. Além disso, pode ser um determinante na sua aprovação.

Page 8: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

www.acasadoconcurseiro.com.br

Tutto posto? Por fim, espero que esse curso seja muito útil a você na hora mais importante de toda essa preparação: a hora de resolver a sua prova. Estou montando esse curso para que ele possa dar a você um apoio definitivo na sua compreensão sobre os fundamentos da economia. Caso você tenha dúvidas sobre outras questões não abordadas, pode enviar um email. Farei todo o esforço para esclarecer e inserir no nosso material, ok?

Page 9: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

www.acasadoconcurseiro.com.br

SUMÁRIO

1. Definições e Leis da Economia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

1.1. O que é economia? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 111.2. As áreas de economia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 121.3. Alguns conceitos básicos importantes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 131.4. Leis Econômicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 161.5. A escassez de recursos x necessidades e desejos ilimitados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 171.6. A tríade dos problemas centrais e seu inter-relacionamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 181.7. A noção de custo de oportunidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22

2. Entendendo o funcionamento de uma economia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30

2.1. O fluxo circular da riqueza. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30Exercícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51

3. Teoria dos Preços . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55

Conceito de Microeconomia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 553.1. Lei da demanda . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 563.2. Deslocamento da curva de demanda. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 623.3. Lei da Oferta. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 863.4. Deslocamento da curva de oferta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 883.5. Ponto de Equilíbrio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 963.6. Dinâmica de mercado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 98Exercícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 111

4. Elasticidades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 118

4.1. Elasticidade-preço da demanda . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1184.2. Elasticidade-preço cruzada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1324.3. Elasticidade Renda da Demanda . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1334.4. Elasticidade Renda da Oferta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 136

Teoria do Consumidor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 145

Preferências do Consumidor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 149Utilidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 155Restrição Orçamentária . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 157Escolha. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 160Exercícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 163

Page 10: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe
Page 11: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

www.acasadoconcurseiro.com.br 11

Economia

O QUE É E ECONOMIA?

1. Definições e leis da economia

Para estudar as decisões econômicas de famílias, empresas e governos, é necessário, inicial-mente, entender do que trata a economia. Apesar de ser uma palavra largamente utilizada como sinônimo de previdência, o significado de economia não é, muitas vezes, plenamente compreendido. Essa seção busca esclarecer esse aspecto, respondendo à seguinte questão: “o que é economia?”

1.1. O que é economia?

Um ponto inicial para compreender o conceito de economia diz respeito à análise etimológica dessa palavra. O termo economia se origina do grego, oikonomia: oikos (casa), nomos (costu-me, lei, ou também, administrar, gerir) e ια (sufixo relativo a assuntos como ciência, doutri-na e profissão). Assim, oikonomia poderia ser traduzida como a “ciência da administração da casa”.

Na administração de um domicílio, um chefe de família precisa decidir com relação a diversos assuntos, tais como: o quanto adquirir de alimentos e energia elétrica; se deve comprar uma nova geladeira a prazo ou esperar até ser possível comprar à vista; se deve investir em uma reforma ou trocar de residência; se deve contratar alguém ou realizar os trabalhos domésticos por conta própria; se deve aceitar a promoção em seu emprego (e trabalhar mais horas) ou recusá-la (e ter mais tempo disponível para o lazer).

A tarefa de administrar envolve escolhas, não somente na casas, como também nas empresas e nos órgãos públicos. As decisões estão relacionadas a objetivos que podem ser alcançados de maneiras diferentes, cada uma delas dependente de diferentes métodos e condições para a utilização dos recursos disponíveis.

Assim, a economia é uma ciência social que estuda como os agentes econômicos decidem em-pregar recursos na produção de bens e serviços, de modo a distribuí-los entre as pessoas e os grupos da sociedade, a fim de satisfazer as necessidades humanas.

Essa noção mais fundamental de economia acabou sendo alterada ao longo dos anos. Mais recentemente, a maior parte dos livros tem trazido a noção do conceito de economia de uma forma diferente. Entre as formas possíveis, eu gosto de uma particularmente utilizada no livro de “Introdução à Economia”, do A. Gremaud et alli, que diz o seguinte:

Page 12: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

www.acasadoconcurseiro.com.br12

Desse modo, em cima desse conceito, eu gosto de reforçar a ideia da escolha! Na verdade, toda vez que se falar em economia, vai se falar no processo de escolher algo. E por que eu preciso escolher? Por uma razão simples: embora eu queira, eu não posso ter tudo! Se você pensar dessa forma, nunca mais vai esquecer do conceito de economia!

Toda vez que se falar em economia, você vai sempre lembrar de ESCOLHA!

Essa informação nos será útil mais à frente!

Um vídeo que eu gosto demais é apresentado no Youtube para que você possa dar uma olhadi-nha em como o conceito de escolha fica bastante nítido! Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=HGizAyRFqYA

Por que esse vídeo fala sobre economia? Por uma razão simples: as crianças precisam ESCO-LHER se desejam consumir agora ou no futuro. A ideia de previdência não é nem a parte princi-pal do vídeo. O que eu quero que você compreenda é a necessidade de escolher, tópico funda-mental quando se fala em economia.

Logicamente, saber o que é economia não é o suficiente. Assim, na seção seguinte, conversare-mos um pouco sobre alguns dos principais conceitos básicos de economia.

1.2. As áreas da Economia

A teoria econômica é dividida em três grandes ramos: a microeconomia, a macroeconomia e o desenvolvimento econômico. A etimologia das duas primeira palavras já ajuda a perceber a diferença básica entre as suas áreas de atuação: enquanto a microeconomia estuda as partes, a macroeconomia estuda o TODO.

Ao estudar e procurar relacionar os grandes agregados, a macroeconomia não analisa em profundidade o comportamento das unidades econômicas individuais, tais como famílias e firmas, a fixação de preços nos mercados específicos, os efeitos de oligopólios em mercados individuais, etc. Essas são preocupações da microeconomia. A macroeconomia é aplicada no estudo das relações entre os grandes agregados econômicos. Ela se ocupa com a economia como um todo, buscando respostas para a determinação de cada uma dessas variáveis globais. Por exemplo, no mercado de bens e serviços, o conceito de Produto Nacional é um agregado

Page 13: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

Polícia Federal - Agente de Polícia – Economia – Profª Amanda Aires

www.acasadoconcurseiro.com.br 13

de mercados agrícolas, industriais e de serviços. No mercado de trabalho, a macroeconomia preocupa-se com oferta e demanda de mão de obra e com a determinação dos salários e do nível de emprego, mas não considera diferenças de qualificação, gênero, idade, origem da força de trabalho, etc. Quando considera apenas o nível da taxa de juros, não são destacadas devidamente as diferenças entre os vários tipos de aplicações financeiras.

O custo dessa abstração é que os pormenores omitidos são, muitas vezes, importantes. A abstração, porém, tem a vantagem de permitir estabelecer relações entre grandes agregados e proporcionar melhor compreensão de algumas das interações mais relevantes da economia, que se estabelecem entre os mercados de bens e serviços, de trabalho e de ativos financeiros e não financeiros, assim como as intervenções do governo.

Dessa forma, não existe conflito entre a teoria macro e a teoria microeconômica. A diferença fundamental seria uma questão de foco. Ao analisar os preços em determinado mercado, a microeconomia considera que os preços dos demais mercados não são alterados, seguindo a hipótese do coeteris paribus (que você deve ter visto quando estudou para o edital passado). Na macroeconomia, analisa-se o nível geral de preços, ignorando-se as mudanças de preços relativos de bens dos diferentes mercados (como veremos quando formos estudar inflação e desemprego).

Assim, a teoria macroeconômica preocupa-se tanto com questões conjunturais – ou de curto prazo – quanto com questões estruturais – ou de longo prazo. Entre as questões conjunturais, destacam-se a análise do desemprego e da inflação (vistas na aula 02). As questões estruturais estão associadas a problemas como o desenvolvimento econômico, a distribuição de renda, o crescimento econômico, a globalização ou o progresso tecnológico.

1.3. Alguns conceitos básicos importantes

Para definir economia, foram empregados alguns termos que podem não ser de conhecimento comum, ou que possuem sentidos diferentes em outros ramos do conhecimento como, por exemplo, necessidades, agentes econômicos e firmas. A fim de esclarecer o emprego desses termos na ciência econômica, definiremos, também, alguns conceitos adicionais, que serão amplamente utilizados no decorrer do nosso estudo.

• Necessidade: sensação de desejar algo.

O conceito de necessidade pode ser dividido em duas partes: a necessidade primária e a secun-dária. Vamos dar uma olhada nesses conceitos?

• Necessidade primária: a satisfação é imperiosa (obrigatória), como se alimentar.

• Necessidade secundária: a satisfação não é fundamental, como adquirir um carro novo.

Page 14: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

www.acasadoconcurseiro.com.br14

• Bens e serviços: os meios através dos quais as necessidades são satisfeitas.

• Bens livres: abundantes, postos à disposição pela natureza (não produzidos pelo ho-mem). Exemplo: ar, água.

• Bens econômicos: bens escassos, geralmente produzidos pelo homem. São classifica-mos como bens de consumo ou de produção.

• Bens de consumo: voltados para o consumo final (podem ser duráveis ou não).

Exemplo: peças do vestuário, televisão, carros.

• Bens de produção: destinados à produção de outros bens. Podem ser bens de ca-pital ou bens intermediários.

• Bens de capital: bens de produção que podem ser utilizados várias vezes. Exemplo: máquinas, computadores de alta tecnologia, fornos industriais.

• Bens intermediários: bens de produção que são utilizados uma única vez (são transformados durante o processo produtivo).

Exemplo: alguns artigos agrícolas, como o trigo e a soja.

• Fatores de produção (ou insumos produtivos): recursos básicos na produção de bens e serviços. Comumente são divididos em: terra, trabalho, capital e tecnologia.

• Terra: fator de produção relacionado aos recursos naturais.

Page 15: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

Polícia Federal - Agente de Polícia – Economia – Profª Amanda Aires

www.acasadoconcurseiro.com.br 15

• Trabalho: insumo produtivo relacionado à mão de obra.

• Capital: fator de produção relacionado aos equipamentos utilizados na produção.

• Tecnologia: insumo relacionado ao conhecimento quanto à forma de produzir algo (o modus operandis).

Aqui vale uma ressalva: veja que, no grupo fatores de produção, não se incluem as matérias primas (bens intermediários)! A diferença entre o que é um fator de produção e o que é uma matéria prima pode ser vista no quadro a seguir.

A diferença entre fator produtivo e matéria prima está ligada à reutiliza-ção durante o processo de produção. Os fatores produtivos podem ser reutilizados após a produção de um bem, enquanto a matéria prima não! Ou seja, podemosreutilizar um trabalhador para fazer 600 carros, mas a chapa de aço que vai em um carro não pode ser utilizada para fabricar o segundo carro!

• Agentes econômicos: entidades que atuam contribuindo e influenciando o funcionamento do sistema econômico. São as famílias, as firmas, o governo e o resto do mundo.

• Famílias: indivíduos e unidades familiares da economia. Desempenham o papel de consumidores e de proprietários de alguns dos fatores de produção (a essa altura, você já sabe de cor os fatores de produção, não é?).

• Firmas: unidades encarregadas de produzir e/ou comercializar os bens e serviços. Tam-bém são compradoras dos fatores produtivos que são de posse das famílias.

• Governo: todas as organizações que, direta ou indiretamente, estão sob o controle do Estado, em todas as suas esferas (federal, estadual, municipal). É possível que o Estado também atue na produção de algum bem, por meio de empresas estatais, mas nós, por simplificação do entendimento, não vamos entrar nesse mérito, ok?

• Resto do mundo: indivíduos, firmas ou governos que não estão localizados em deter-minada área geográfica, mas que influenciam a economia local.

Page 16: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

www.acasadoconcurseiro.com.br16

• Racionalidade: em economia, entende-se pela busca do melhor para si por parte de um agente: o consumidor racional escolhe os produtos que o deixam o mais satisfeito possível, e as firmas racionais buscam o maior lucro possível.

Novamente, aqui, vale uma ressalva: existem indivíduos que não agem de forma racional, a exemplo dos dependentes químicos ou dos compradores compulsivos. Embora esses agentes façam parte da sociedade, eles não são ponto de estudo para a economia, dado que nem sem-pre eles buscarão o que é melhor para si. Dessa forma, só consideraremos como fonte de análi-se em economia os agentes racionais.

• Mercado: Local físico ou não em que é estabelecida a interação entre compradores (de-manda) e produtores (oferta) de determinado bem ou serviço.

• Economia: Eventualmente, esse termo pode ser utilizado como um substituto para sistema econômico de uma determinada região. Então, quando se fala em economia brasileira, na verdade está se falando no sistema econômico brasileiro. É a mesma coisa, ok?

• Otimização: em Matemática, otimizar uma função significa determinar qual o seu valor máximo (maximização) e/ou seu valor mínimo (minimizar) dadas as restrições existentes.

Para que eu preciso do conceito de otimização, professora? Porque, dado que os agentes são racionais e buscam o que é melhor para si, eles irão buscar, continuamente, maximizar satisfação (para os consumidores) e lucros (para as empresas) ou minimizarem despesas (para os consumidores) e custos (para as empresas). Assim, no fundo, no fundo, os agentes econômicos estão otimizando suas funções subjetivas1!

Agora que nós compreendemos o que é economia e alguns dos conceitos básicos, precisamos compreender como a economia funciona. Para isso, vamos ter que compreender, antes algumas leis econômicas, nosso próximo tópico.

1.4. Leis Econômicas

Um dos objetivos da ciência econômica é encontrar as leis que possam reger o comportamento dos agentes e o efeito de suas decisões no restante do sistema econômico. Para tanto, os economistas observam como os diversos agentes atuam com relação a situações aparentemente semelhantes, de forma a identificar a existência de algum tipo de padrão.

Contudo, uma dificuldade no trabalho dos economistas está associada ao fato de que essas situações são apenas semelhantes. Para entender o porquê, pode-se tomar como exemplo o trabalho do físico Galileu, por exemplo. Para que discorresse sobre a gravidade, Galileu teve de repetir experimentos em ambientes exatamente iguais para, apenas assim, ser possível a ele afirmar a existência de uma força que sempre atrai todos os corpos para a terra.

No caso dos economistas, estudar situações exatamente iguais é difícil, principalmente por-que repetir as condições não depende dos pesquisadores. Imagine que um economista é con-tratado para analisar a procura dos consumidores por determinado bem. A decisão de cada indivíduo a respeito de comprar ou não o bem pode ser influenciada por diversos fatores, e o comportamento de um mesmo indivíduo também pode ser diferente a depender das circuns-

1 Nós não entraremos no detalhe da análise, dado que o nosso curso é de noções fundamentais, mas, só para que você compreenda, consumidores e empresas buscam sempre otimizar funções matemáticas sujeitas a restrições de mesma ordem.

Page 17: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

Polícia Federal - Agente de Polícia – Economia – Profª Amanda Aires

www.acasadoconcurseiro.com.br 17

tâncias que ele enfrente no momento. Por exemplo, basta pensar no valor que você dá a uma sombrinha em um dia de sol e em um dia de chuva!

No entanto, apesar das dificuldades, o estudo econômico evoluiu bastante e os economistas conseguiram identificar um padrão no comportamento dos agentes em diversas situações. As-sim, pode-se considerar a existência de leis econômicas de dois tipos:

• Leis gerais: válidas para qualquer estágio de evolução da sociedade;

• Leis específicas: próprias de cada modo de produção ou de cada formação socioeconômica.

As leis econômicas servem para fins práticos e transformam-se em regras quando utilizadas na busca por objetivos.

Um exemplo das leis econômicas aparece no estudo dos mercados de bens e serviços. As leis da oferta e da demanda (ou procura), analisadas com maior rigor no decorrer das aulas, explicam o funcionamento do mercado e como ele reage a mudanças nos comportamentos tanto de consumidores, quanto de produtores. A análise de determinado fato que altera a procura (ou a oferta) sob a luz dessas duas leis e permite que sejam estabelecidos os seus possíveis efeitos sobre a economia.

Outro exemplo é a lei da mão invisível, primeiramente formulada por Adam Smith (considerado por muitos o pai da ciência econômica). Segundo essa lei, quando firmas e indivíduos atuam racionalmente, ou seja, cada um buscando o melhor para si mesmo, o sistema econômico opera de modo mais eficiente.

Problemas Econômicos

Como analisado anteriormente, observamos que os agentes econômicos precisam escolher como usar os recursos ou fatores produtivos2 que dispõem de modo a atender suas necessida-des. A partir dessa ideia, ratificamos que a economia é o campo das ciências sociais que estuda as escolhas.

As decisões dos indivíduos, das firmas e dos governos são quase sempre difíceis de serem to-madas devido à complexidade das questões envolvidas. A partir de agora, passamos a analisar as singularidades que norteiam as decisões econômicas.

1.5. A escassez de recursos x necessidades e desejos ilimitadas

Como visto, a economia é definida como a ciência da escolha quando os recursos são escassos, ou seja, quando são insuficientes para satisfazer necessidades e desejos ilimitados dos indi-víduos. O conceituado economista Paul W. Samuelson divide esse conceito em duas questões importantes:

2 Os fatores de produção são necessários no processo de fabricar bens e serviços. Em economia, esses fatores são agrupados em três grupos: Terra – recursos naturais; Capital – máquinas e equipamentos; Trabalho – mão de obra qualificada e não qualificada.

Page 18: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

www.acasadoconcurseiro.com.br18

1. Os recursos são escassos;

2. As necessidades são ilimitadas e se renovam.

Considerando essas duas importantes questões, o economista N. Gregory Mankiw define ainda a economia como o estudo de como uma sociedade administra seus recursos escassos.

Assim, nem sempre é possível atender TODAS as necessidades e os desejos de modo simultâ-neo, caracterizando um problema econômico muito relevante e de difícil solução. A sociedade é obrigada a escolher entre modos de produção e alternativas de distribuição dos resultados das atividades produtivas entre os vários grupos da sociedade. A teoria econômica procura fornecer uma alternativa eficiente3 para a alocação dos recursos, de modo a maximizar a sa-tisfação das necessidades e dos desejos.

Essa dita alternativa eficiente, por sua vez, deve responder aos três principais problemas em economia. Quais são esses problemas é o que veremos agora.

1.6. A tríade dos problemas centrais e seu inter-relacionamento

A sociedade precisa escolher entre formas alternativas de utilização dos recursos disponíveis de maneira a operar eficientemente. Para isso, a economia procura responder a três questões:

1. O que produzir e em que quantidade?

Quais produtos e serviços deverão ser produzidos para satisfazer, da melhor forma possível, as necessidades da sociedade?

2. Como os bens devem ser produzidos?

Que tecnologias e métodos de produção utilizar? Que matérias primas deverão ser utilizadas para produzir determinado produto? Como maximizar a produção tendo em conta os recursos disponíveis?

3. Para quem os bens são produzidos?

Como repartir os rendimentos disponíveis entre os diferentes agentes econômicos? Quem deverá ganhar mais e quem deverá ganhar menos?

A depender da forma como as sociedades respondem as essas três questões, temos diferentes sistemas de organização econômica como resultado. Os dois extremos dessas formas seriam: economias centralizadas e economias de mercado. Nas economias centralizadas, as principais decisões relacionadas à produção dos bens são tomadas pelo governo. Já nas economias de mercado, é o próprio mercado (interação entre oferta e demanda, que veremos na aula que vem) que responde às três questões.

3 A eficiência é uma propriedade que a sociedade tem de obter o máximo possível a partir de seus recursos escassos.

Page 19: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

Polícia Federal - Agente de Polícia – Economia – Profª Amanda Aires

www.acasadoconcurseiro.com.br 19

Contudo, na prática, não existem atualmente sociedades que se encaixem em nenhum dos dois casos extremos expostos. De fato, todas as sociedades atuais estão organizadas em economias mistas na medida em que contém características das economias de mercado e das economias de direção central. Na economia brasileira, por exemplo, o mercado determina o que, como e para quem produzir, mas o governo desempenha papéis importantes como a supervisão e a regulamentação das atividades econômicas, a oferta de serviços públicos ou a repartição dos recursos pelos agentes econômicos fatos que certamente analisaremos ao longo do curso.

Apesar de bem simples, essa diferença entre economia planificada (ou centralizada) e econo-mia de mercado (ou descentralizada) cai na prova.

1. (Senado Federal – Consultor Legislativo – Economia, Agricultura, – 2002) O pro-blema econômico básico, cuja solução depende da forma como as economias es-tão organizadas, gira em torno do binômio escassez e escolha. A esse respeito, jul-gue os itens a seguir.

Em uma economia descentralizada, a preocupação maior dos diferentes agentes eco-nômicos é gerenciar o funcionamento do sistema de preços para, assim, garantir o bom desempenho das economias de mercado.

Você observa que ela pergunta sobre o funcionamento de uma economia descentralizada, não é isso? Nesse caso, qual a maior preocupação dos agentes econômicos?

Para responder a essa pergunta, cito uma afirmação que eu gosto muito do Adam Smith, que li no livro Introdução à Economia de Wonnacott & Wonnacott quando era primeiro período em economia:

“Não é da bondade do açogueiro ou do padeiro que podemos esperar o nosso jantar, e sim de seu interesse. Nós nos dirigimos não ao seu espírito humanitáio, mas ao seu inte-resse e nunca lhes falamos de nossas necessidades, e sim de suas vantagens”.

Adam Smith, caso você não o conheça, é o pai da economia clássica, uma escola do pensamento econômico que desconsidera, por total, a presença do governo na economia. É ele o precursor do sistema econômico que considera a economia descentralizada!

Page 20: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

www.acasadoconcurseiro.com.br20

Analisando esse segmento do texto de Smith, é possível observar que os interesses dos agentes econômicos, em uma economia descentralizada, não estão associados ao bom desempenho da economia, mas sim, à satisfação dos seus interesses. Ou seja, famílias desejam maximizar sua satisfação em termos de consumo de bens e serviços e as empresas buscam maximizar os lu-cros. Nesse sentido, nós não estamos preocupados em garantir o bom funcionamento da eco-nomia, mas em buscar uma forma de satisfazer nossos objetivos. Dessa forma, segundo Smith, com a busca dos interesses próprios, seria possível alcançar o equilíbrio de uma economia.

Considerando todos esses pontos, observa-se que a alternativa está incorreta.

GABARITO: FALSO

Antes de continuar, contudo, vale ressaltar aqui um ponto adicional: quem se preocupa com o funcio-namento do sistema de preços é a economia centralizada ou planificada, que é bem retratada pelos sistemas socialistas ou comunistas. Nesse caso, existe, sim, uma forte preocupação com o funciona-mento da economia em termos de preços e tudo fica controlado pelo planejador social, retratado pelo agente econômico governo. É ele quem controla todos os salários e os demais preços da econo-mia. Dessa forma, se a questão falasse sobre a economia centralizada, o item estaria correto.

Mas vamos continuar com nossa aula e falar sobre alocações eficientes no sentido de Pareto.

Alocação eficiente de Pareto!

Eis aí um conceito extremamente importante em economia!

Pareto apresentou alguns conceitos importantes no sentido de bem-estar. Assim, a compreen-são de algumas noções, antes de responder a questão, é necessária:

1. Uma alocação ou situação é eficiente no sentido de Pareto se não há uma forma de melhorar a situação de uma pessoa sem piorar a situação de outra. Sobre isso, vamos ver um exemplo:

Digamos que existam apenas duas pessoas na economia, o Sr. e a Sra. Silva.

Page 21: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

Polícia Federal - Agente de Polícia – Economia – Profª Amanda Aires

www.acasadoconcurseiro.com.br 21

Digamos ainda que o total de riquezas dessa economia soma R$ 1.000 que são distribuídos da seguinte forma: R$ 999 para o Sr. Silva e R$ 1 para a Sra. Silva.

Nesse caso, nós observamos que a nossa economia está longe de ser justa, certo? Mas será que ela é eficiente no sentido de Pareto?

Veja, existe alguma forma de melhorar a situação da Sra. Silva sem piorar a situação do Sr. Silva?

Por exemplo, se a Sra. Silva recebesse R$ 1,00, ela ficaria em uma situação melhor? Sim, cer-tamente, mas veja que, para que isso acontecesse o Sr. Silva teria que ficar em uma situação “menos boa”, pois, para que a Sra. Silva recebesse R$ 1,00, ele teria que perder esse valor! Nes-se caso, não há como melhorar a situação de um agente econômico sem piorar a situação do outro. Essa situação é o que Pareto chamou de eficiência.

Mas existem situações ou alocações ineficientes no sentido de Pareto?

Sim, para ver isso, vamos ver um outro exemplo:

Imagine agora que o Sr. Silva possua R$ 900 e a Sra. Silva continue com o seu rico R$ 1. Continu-amos dizendo que existem R$ 1.000 nessa economia, certo?

Nessa situação agora, é possível melhorar o estado da Sra. Silva sem piorar a do Sr. Silva? Nesse caso, sim! Veja que, por exemplo, o governo pode dar a Sra. Silva R$ 50,00, sem que isso impli-que em uma retirada do Sr. Silva. Como essa situação permite a melhora de um agente sem a piora do outro, ela é chamada como uma alocação ineficiente no sentido de Pareto.

Quando uma alocação é ineficiente no sentido de Pareto nós dizemos que existe a possibilida-de de uma melhora de Pareto, ou seja, há uma forma de deixar um agente melhor sem deixar outro necessariamente pior!

Uma pergunta que se faz é: como responder, de forma eficiente a essas três perguntas? se os recursos são escassos, como o agente econômico deve realizar suas escolhas? Em um mundo em que há escassez, qualquer escolha que se faça implica, necessariamente, na renúncia de diversas alternativas disponíveis. Essa renúncia representa um custo, que é um dos conceitos mais importantes da economia: o custo de oportunidade.

Page 22: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

www.acasadoconcurseiro.com.br22

1.7. A noção de custo de oportunidade

A definição de custo de oportunidade é apresentada a seguir:

"Custo de Oportunidade é o termo utilizado para designar o custo da escolha reali-zada, que decorre dos benefícios que estavam associados à melhor alternativa não selecionada"

O Custo de Oportunidade pode ainda ser definido como:

"Qualquer coisa de que se tenha que abrir mão para se obter algum item"

É importante que você note que as definições são, via de regra, a mesma coisa. Para compreen-der melhor essa importante definição da economia, vamos observar o seguinte exemplo:

Imagine que Sr. José foi o ganhador da última edição do Big Brother Brasil e não sabe o que fa-zer com o dinheiro. Ele tem duas opções: (1) virar sócio de uma empresa já estabilizada ou (2) aplicar o dinheiro em um fundo de investimentos.

Observemos a figura:

Page 23: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

Polícia Federal - Agente de Polícia – Economia – Profª Amanda Aires

www.acasadoconcurseiro.com.br 23

Vamos compreender o problema com o qual o Sr. José se defronta: ele possui duas opções. A primeira delas é virar sócio da ACME Corporation e ganhar R$ 10.000 em um dado período. A segunda opção é aplicar em um fundo de investimentos que renderá R$ 9.000. Como é possível observar, o Sr. José optará por virar sócio da ACME Corporation, pois esse investimento traz um retorno maior do que a segunda opção. Eu também faria o mesmo, e você?

Bem, mas a pergunta que se faz é: qual o custo de oportunidade de virar sócio da ACME Cor-poration? O custo é de não aplicar no fundo de investimento! Ou seja, ao aplicar na empresa, o Sr. José DEIXOU de aplicar no fundo de ações. Note que ele não perdeu por aplicar na ACME. Ele apenas deixou de ganhar! Observe ainda que, mesmo que existisse uma terceira opção me-lhor que o fundo de investimentos, mas pior que virar sócio da ACME, ainda assim a sociedade seria escolhida! Digamos, por exemplo que virar sócio da Maracutaia Corporation gerasse um retorno de R$ 9.500. Nesse caso, o Sr. José ainda investiria na ACME. Mas qual seria o custo de oportunidade agora? R$ 9.000 (do fundo de investimentos)+ R$ 9.500 (do rendimento da Maracutaia S.A.)? Nesse caso, não! É importante lembrar que o custo de oportunidade não é a soma dos benefícios das alternativas perdidas, mas apenas o benefício da melhor das alter-nativas abandonadas. No exemplo que considera a Maracutaia Corporation, ela seria a melhor opção abandonada por Sr. José, assim, o custo de oportunidade dele passa a ser de R$ 9.500.

O custo de oportunidade não é a soma dos benefícios das alternativas perdidas, mas apenas o benefício da melhor das alternativas abandona-das.

Um outro vídeo que eu gosto muito que analisa esse conceito é o comercial do shampoo e con-dicionador Head & Shoulders (como assim, professora?). Vamos dar uma olhada nele? Disponí-vel em: http://www.youtube.com/watch?v=whoNm-qe8tE

Sabe o que eu gosto nesse comercial? É o erro de conceito econômico que ele traz! Lógico, para a parte do marketing, escolher entre um anticaspas ou um cabelo sedoso não é necessário e, para ser sincera, o comercial ficou realmente muito interessante! Mas, em economia, escolher é abrir mão, sim! Nesse caso, se eu quisesse ter um cabelo sem caspas, eu precisaria abrir mão de um cabelo bonito e vice-versa! Fica aí o vídeo para ilustrar que o nosso conhecimento em economia está em todos os lugares!

2. (CEARÁPORTOS – Analista de Desenvolvimento Logístico – Economia – 2004 – Cespe) O binômio referente à escassez e à escolha sintetiza o problema central da ciência econô-mica. A esse respeito, julgue os itens a seguir.

Para um determinado estudante, o custo de oportunidade associado à decisão de rea-lizar um curso de pós-graduação, em tempo integral, em uma universidade americana, inclui as despesas com mensalidade e livros e a totalidade dos custos de moradia e alimentação.

Page 24: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

www.acasadoconcurseiro.com.br24

Alguma sugestão para resolver esse item? Aqui, já na solução dessa questão, vale uma dica importante:

As provas de economia se resumem a conceitos! A historinha vai mudar, mas o conceito envolvido e a mecânica de solução (quando for o caso) se-rão os mesmos!

Agora que você já sabe como resolver, vamos ver esse item da prova do Cearáportos: veja que a questão fala sobre o custo de oportunidade! Mas... no caso da questão, ele analisa o custo financeiro também! Vamos resolver juntos!

Antes de resolver, contudo, vamos pensar em uma historinha: enquanto você está lendo esse material, eu estou aqui no nada caloroso inverno do Canadá (hoje está menos 15, eu acho), morando em um dormitório nada atraente para poder estudar (coitada de mim!)!! Qual o custo de oportunidade de fazer isso? Bem, com o dinheiro que eu gasto no curso de francês (é.. além de estudar economia, tem que estudar francês também!), por exemplo, eu poderia ir a um restaurante no Brasil e tomar um bom vinho. Logo, como eu tenho uma opção além do que eu estou fazendo hoje com o dinheiro do curso, o custo de oportunidade dele é, por exemplo, deixar de tomar um vinhozinho (tinto e seco, por favor!). Logo, sempre que se falar em custo de oportunidade, pode-se considerar os benefícios não realizados ou ainda um uso alternativo para determinado recurso financeiro!

Além do gasto com o francês, eu também pago pelo meu dormitório e pela minha alimentação, certo? O que eu poderia fazer com esse dinheiro, além de pagar essas despesas? Bem, digamos que, no Brasil, eu poderia morar melhor e pagar menos (será?!), mas, certamente, uma parte do meu dinheiro iria para o aluguel, não é? Nesse caso, embora exista um custo de oportunidade em pagar o aluguel aqui, eu não posso dizer que toooodoo o meu gasto com aluguel será o meu custo de oportunidade, tendo em vista que, inevitavelmente, eu pagaria algum dinheiro nessa despesa no Brasil.

Ok, ok, você mora com os seus pais? Não tem problemas! O raciocínio não vale para o aluguel, mas vale para os seus gastos com alimentação! E não venha me dizer que você não gasta NADA de alimentação fora que eu vou dizer que é mentira, ok? Todos nós gastamos algum dinheiro com alimentação, mesmo que seja naquele churros delicioso do meio da rua! Nesse caso, fica a dica:

O custo de oportunidade está associado aos gastos alternativos que você poderia ter com determinado recurso financeiro. Isso não quer dizer que a totalidade desses recursos será o seu custo de oportunidade. Uma parte desses poderá estar ligada ao mesmo gasto (em uma outra situação), fi-cando a “sobra” como o seu custo de oportunidade.

Então, só para deixar ainda mais claro, nem todo o gasto financeiro que nós temos faz parte do nosso custo de oportunidade. Em alguns casos, inevitavelmente teremos determinados tipos de gasto (saúde, alimentação, moradia, etc.). Assim, apenas a parte excedente desses gastos é que pode ser incluída como nosso custo de oportunidade.

Page 25: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

Polícia Federal - Agente de Polícia – Economia – Profª Amanda Aires

www.acasadoconcurseiro.com.br 25

Depois dessa historinha toda, vamos resolver a questão?

Como é uma questão da Cespe, vale aqui mais uma dica:

Para o caso das provas da Cespe, o ideal, em economia, é dividir a questão por partes e analisar separadamente. SE, eu disse SE, as partes estiverem corretas, vale a pena verificar se o todo tem ligação. Não raro, as partes estarão corretas, mas o todo não possui qualquer ligação! Em breve, veremos como isso é possível.

Agora, sim, vamos a questão:

Para um determinado estudante, o custo de oportunidade associado à decisão de realizar um curso de pós-graduação, em tempo integral, em uma universidade americana, inclui as des-pesas com mensalidades e livros e a totalidade dos custos de moradia e alimentação.

Primeira parte: Para um determinado estudante, o custo de oportunidade associado à deci-são de realizar um curso de pós-graduação, em tempo integral, em uma universidade ameri-cana...

Até aqui, nenhum problema, apenas a parte da “historinha”, que eu havia falado.

Segunda parte: inclui as despesas com mensalidades e livros e a totalidade dos custos de mo-radia e alimentação.

Aqui vamos analisar com mais calma. De fato, as despesas com mensalidades e livros fazem parte do custo de oportunidade, como o meu curso de francês, ok? Então, por hora, a questão está correta. O erro da questão está justamente na última parte: a totalidade dos custos de moradia e alimentação. É exatamente o que eu conversei com você anteriormente! O erro está na palavra TOTALIDADE! Não podemos incluir a totalidade dos gastos com moradia e alimenta-ção por causa dos churros que eu falei acima! Assim, a questão é falsa!

Veja que todo o resto da questão está correto! Aliás, o único erro está no fato de se considerar a TOTALIDADE. Se essa palavra fosse suprimida do texto da questão, a questão estaria correta!

GABARITO: FALSO

3. (Basa – Técnico Científico – 2004 – Cespe) Utilizando os conceitos básicos da teoria econômica, julgue os itens subsequentes.

O custo de oportunidade de determinada atividade, por ser independente dos usos alternativos do tempo necessário para desenvolvê-la, é, usualmente, o mesmo para todas as pessoas nela envolvidas.

Nessa questão, o texto diz que o custo de oportunidade não depende dos usos alternativos. Como assim?

Page 26: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

www.acasadoconcurseiro.com.br26

Deixa eu te fazer uma pergunta: O custo de oportunidade de ler esse texto é o mesmo na sexta às 22h50min e na terça, no mesmo horário? Claro que não, né? Sexta bombando e todo mundo na rua! O custo de oportunidade, nesse caso, é mais alto porque você está abrindo mão de sair com o(a) namorado(a), conversar com os amigos, etc. Já na gloriosa terça-feira à noite, o que você poderia estar fazendo? Bem, digamos que não assistir ao paredão do BBB não traga um grande custo de oportunidade, ok?

Nesse sentido, a questão é falsa porque, dependendo do que você pode fazer, o custo de opor-tunidade é diferente! Assim, ele não será igual não apenas para cada pessoa (cada um de nós tem um custo de oportunidade diferente), mas também para uma mesma pessoa em momen-tos diferentes do dia!

GABARITO: FALSO

4. (Basa – Técnico Científico – 2007) Quando há escassez, a escolha e as diferentes formas de organização das economias são quetões relevantes para a análise eco-nômica. A esse respeito, julgue os itens subsequentes.

O custo de oportunidade da decisão de assumir um novo emprego, cujo salário é superior àquele que é pago na ocupação anterior, inclui tanto o valor da remune-ração atual como o aumento do tempo de transporte necessário para se chegar ao novo local de trabalho.

Veja só, quando nós consideramos a possibilidade de trocar de emprego, pensamos na diferen-ça de remuneração, certo? Esse é, na maior parte dos casos, o vetor que nos faz querer trocar de emprego. Mas não é apenas esse fator que nos faz pensar se vale ou não a pena trocar de emprego. Imagine o seguinte: você é convidado a ir para uma empresa que fica a 200 km da sua atual moradia, ganhando, digamos, 50% a mais. Nesse caso, não é apenas o salário que conta, mas também toda a parte de deslocamento entre a sua casa e o seu novo trabalho.

Nesse caso, por exemplo, pode ser que não seja vantajoso pegar esse novo emprego uma vez que você terá aumento de salário, mas também terá aumento de despesas como, digamos, um valor maior a ser pago de aluguel, um gasto adicional com combustível para visitar a família. Todo esse montante financeiro pode ser considerado como seus custos de oportunidade, cer-to? Já que você poderia utilizar esse dinheiro de outra forma se o novo emprego fosse mais perto de sua casa.

Vamos adiante. Digamos agora que você não quer morar no lugar do novo trabalho. Você pre-fere ir e vir todos os dias. Digamos ainda que a empresa onde você trabalha sabe disso e paga para um motorista para levar e trazer você diariamente (que empresa boazinha, hein?). Nesse caso, não teríamos mais custo de oportunidade? Será?

E o tempo que você passa dentro do carro? Por hipótese, 2 horas e meia para ir e vir. Será que não tem nenhum custo de oportunidade nisso? CLARO QUE SIM! Você poderia utilizar esse tempo para, por exemplo, ficar com seus filhos ou pais. Ou ainda, você poderia passar esse tempo assistindo TV ou estudando para um concurso melhor!

Page 27: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

Polícia Federal - Agente de Polícia – Economia – Profª Amanda Aires

www.acasadoconcurseiro.com.br 27

Nesse caso, a questão apresentada está correta, uma vez que, na mudança de emprego, você considera não apenas a diferença salarial, mas também a distância entre a sua residência e o novo local de trabalho.

GABARITO: CERTA!

5. (Fumarc – Prefeitura de Governador Valadares – Economista – 2010 e CEMIG – Analista de Planejamento Econômico Financeiro – 2010) Sabendo-se que os recursos são escassos, o conceito econômico de custo relevante é o custo:

a) contábil.b) Oportunidade.c) Ambiental. d) Histórico.

Toda vez que se falar em recursos escassos, nós vamos lembrar de dois pontos, vamos ver:

1. Conceito de economia

2. Conceito de custo de oportunidade

Dessa forma, toda vez que se falar em escassez ou em recursos escassos, nós vamos fazer uma conexão direta com esses dois conceitos. Nesse sentido, eu não preciso nem dizer qual a alter-nativa correta.

A alternativa correta é a letra (B), que traz o custo de oportunidade. Na verdade, é custo de oportunidade por uma questão simples. Como há escassez, eu preciso escolher! E como eu tenho que fazer essa escolha, eu tenho que ver o custo dela. O custo de uma escolha está dire-tamente ligado ao custo de oportunidade, já que ele reflete tudo que eu abri mão quando optei por determinada ação!

De toda forma, não nos custa analisar as demais alternativas:

A alternativa (A) fala sobre o custo contábil. O custo contábil nada mais é do que a soma de todos os custos envolvidos em um processo produtivo, tanto os fixos (que não variam com a alteração do nível de produção) quanto os variáveis (que são alterados à medida que a produção varia). Nesse caso, não existe nenhuma relação com o conceito de escassez! O custo contábil apenas soma os custos fixo e variável. Dessa forma, a alternativa (A) é falsa. Apenas salientando, a noção de custos será vista quando analisarmos o agente econômico empresa ou firma, na aula 3.

Page 28: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

www.acasadoconcurseiro.com.br28

A letra (C), por sua vez, fala sobre o custo ambiental. Esse, por sua vez, está ligado, como o próprio nome diz, aos prejuízos causados ao meio ambiente. Ou seja, quando determinada empresa lança dejetos nos rios, temos um caso de custo ambiental. Normalmente, os custos ambientais são vistos na parte de externalidades, que veremos, na aula 05, como uma falha de mercado. Como o conceito de custo ambiental não tem ligações com escassez, logo, a alterna-tiva é falsa.

Por fim, a assertiva (D) fala sobre o custo histórico. Bem, para ser sincera, nunca ouvi falar nes-se tipo de custo. Procurei também na literatura básica de economia, e até na mais avançada, e ninguém falou sobre esse danado desse custo histórico. Então, acredito que ele nem exista! A banca colocou na prova apenas para apresentar uma “pegadinha” e deixar você com dúvidas.

Finalmente, a alternativa correta é a letra (B)

GABARITO: (B)

6. (Economia – STM – 2011 – Analista Judiciário – Cespe) A respeito dos conceitos básicos da teoria econômica, julgue os itens subsequentes.

Quando pessoas altamente qualificadas e bem pagas se dispõem a pagar mais caro por bens e serviços entregues em domicílio, para evitar filas em lojas e supermercados, observa-se um comportamento que reflete o fato de que esses indivíduos se confrontam com um custo de oportunidade do tempo mais baixo.

Para responder a essa questão, eu te faço uma pergunta:

Você acha que a Madonna faz faxina na casa dela?

Você possivelmente respondeu: Não, porque ela é rica!

De fato, ela é rica (acredito que ninguém duvida disso), mas não é essa a justificativa econômi-ca que eu estou procurando.

Veja, o que explica a razão de Madonna não fazer faxina ou quaisquer serviços do lar não é o fato de ser rica ou não, mas apenas o custo de oportunidade! Ora, o tempo que ela gasta fazendo faxina, ela poderia, por exemplo, estar dando uma entrevista e ganhando muito mais do que ela economizaria não pagando a diarista.

Vamos a um exemplo:

Imagine que ela pague, por uma hora de limpeza doméstica, aproximadamente US$ 50. Imagine ainda que, com essa mesma hora, ela possa ela possa dar uma entrevista e faturar US$ 50.000. Nesse caso, o custo de oportunidade da Madonna quando ela decide organizar a casa é de US$ 50.000! Ou seja, ela deixou de ganhar 50.000 pilas (já diriam os amigos gaúchos), para economi-zar US$ 50! Não parece nada razoável, não é?

Page 29: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

Polícia Federal - Agente de Polícia – Economia – Profª Amanda Aires

www.acasadoconcurseiro.com.br 29

Nesse caso, quanto maior for o valor da hora de determinada pessoa quando ela faz aquilo em que tem maior conhecimento, maior é o custo de oportunidade dessa pessoa quando ela opta por fazer outras atividades!

Vamos conversar ainda um pouco mais sobre o mundo das celebridades:

Recentemente, fizeram uma pesquisa para saber se caso Bill Gates encontrasse uma nota de US$ 100 no chão, valeria ou não a pena ele pegar esse dinheiro! Sabe o que se observou com essa pesquisa? Que, se o Bill Gates se abaixar e pegar essa grana, ele vai deixar de ganhar muito mais do que o que ele acabou de recolher na rua! Ou seja, para o Bill, é preferível que ele continue ca-minhando a pegar o dinheiro!

Custo de oportunidade, meus queridos! Depois dessas estorinhas ficou fácil responder à questão, não é?

Para responder a essa questão, é simples: quanto mais qualificada for a pessoa, maior será o seu custo de oportunidade. Na questão, é afirmado exatamente o contrário! Então, pode marcar aí que ela é falsa!

GABARITO: FALSO

7. (Basa – Economista STM – 2010 – Cespe) Considere que o estado do Pará pode produzir, em um ano, 200 milhões de sacas de castanha-do-pará ou 600 milhões de sacas de açaí, ou uma combinação desses dois produtos. O estado do Maranhão pode produzir 200 milhões de sacas de castanha-do-pará ou 200 milhões de sacas de açaí , ou uma combinação desses dois produtos. A partir dessas informações, julgue os itens que se seguem.

Os custos de oportunidade da produção de uma saca de castanha-do-pará para os estados do Pará e Maranhão serão, respectivamente, iguais a 1/3 de saca de açaí.

Esta é Difícil!

Essa questão é, possivelmente, a mais complicadinha. Mas não criemos pânico! Vamos por partes. Primeiro, vamos compreender os custos de oportunidade marcados na questão por meio de uma tabela para facilitar as nossas vidas!

ProdutoQuantidade (milhões de saca)

Pará Maranhão

Castanha-do-Pará 200 200

Açaí 600 200

Compreendidas as informações, vamos à assertiva:

Ela pede os custos de oportunidade para os dois estados quando da produção da castanha-do-Pará!

Page 30: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

www.acasadoconcurseiro.com.br30

Vamos ver, primeiro, para o Estado do Pará. Para essa UF, cada vez que se produz uma saca de castanha-do-Pará, deixam de ser produzidas três sacas de açaí. Assim, fazendo uma razão, temos o seguinte:

1 saca de castanha / 3 sacas de açaí.Nesse caso, de fato, a razão é de 1/3.

Para o caso do Maranhão, contudo, podemos ver que essa razão não é válida, já que para cada saca produzida de castanha, deixa-se de produzir uma saca de açaí. Nesse caso, a razão é de 1!

Ou seja, a alternativa está incorreta! Na verdade, como acabamos de ver, as razões que medem o custo de oportunidade serão de 1/3 e 1 para os estados do Pará e Maranhão, respectivamente.

GABARITO: FALSA

2. Entendendo o funcionamento de uma economia

2.1. O fluxo circular da riqueza

É necessário compreender as interações entre os agentes econômicos a fim de melhor compreen-der as intervenções governamentais. Embora não seja pedida diretamente a compreensão gráfica do que ocorre em uma economia, uma vez entendida a direção e o que ocorre em cada mercado, você não terá problemas para verificar o que acontece em toda a economia e poderá analisar, com tranquilidade, se determinada assertiva da questão está correta. Por isso, essa parte da nossa aula será destinada à sua compreensão mais geral do que estudaremos ao longo das nossas cinco aulas. Uma vez compreendido esse mapa da mina, farei menção diversas vezes ao longo de todas as nos-sas aulas para que fique bem reforçado e para que você possa ter uma visão ampliada.

Para compreender a macroeconomia, precisamos, inicialmente, saber o que é um modelo: um modelo é como um mapa; ele ilustra a relação entre as coisas. Assim como um mapa não mos-tra todos os detalhes da paisagem, são omitidas árvores e pontos menos relevantes. O modelo simples não poderá mostrar tudo que acontece na complexidade de um sistema econômico.4 Contudo, assim como o mapa nos leva ao local onde desejamos chegar, o modelo simples de-senvolvido nessa parte permitirá ter uma compreensão melhor das relações econômicas.

Para saber o que acontece em um sistema econômico, é preciso, antes de qualquer coisa, com-preender quais são os agentes econômicos que atuam nesse sistema. Um agente econômico, como já vimos, é uma pessoa ou entidade que toma decisões econômicas. Em uma economia simplificada, dizemos que existem quatro agentes econômicos: as famílias (que buscam maxi-

4 Sistemas econômicos são arranjos historicamente constituídos, a partir dos quais os agentes econômicos são levados a empregar recursos e a interagir via produção, distribuição e uso dos produtos gerados, dentro de mecanismos institucionais de controle e de disciplina, que envolvem desde o emprego dos fatores produtivos até as formas de atuação, as funções e os limites de cada um dos agentes.

Page 31: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

Polícia Federal - Agente de Polícia – Economia – Profª Amanda Aires

www.acasadoconcurseiro.com.br 31

mizar o nível de satisfação através de um processo de otimização), as firmas ou empresas (que buscam maximizar os lucros também mediante um processo de otimização), o governo (que busca maximizar o bem-estar social) e o resto do mundo (uma representação dos três agentes citados que não estão dentro do território em análise).

Esses quatro agentes interagem em espaços chamados mercados. Assim, apenas reforçando, um mercado é um local, físico ou não, no qual agentes econômicos procedem à troca de bens por uma unidade monetária ou por outros bens. Em uma economia, existirão três mercados--chave: bens e serviços (onde são comercializados os bens destinados ao consumo final), fato-res produtivos (onde são comercializados fatores necessários à produção, como trabalho, terra e capital) e ativos financeiros.

Em uma economia, os quatro agentes (famílias, empresas, governos e res-to do mundo) interagem em três mercados: bens e serviços, fatores pro-dutivos e ativos financeiros.

Antes de estudar a economia descrita, iniciaremos analisando uma economia mais simplifica-da. Uma situação em que só existem dois agentes: famílias e empresas (economia fechada – não há comunicação com o resto do mundo – e sem governo); e apenas dois mercados: bens e serviços e fatores produtivos, conforme mostrado na figura a seguir, denominada de fluxo circular da riqueza.

Figura 1: Fluxo econômico para o caso de uma economia fechada e sem governo.

Page 32: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

www.acasadoconcurseiro.com.br32

De forma simplificada, nesse fluxo circular da riqueza, as famílias são proprietárias de fatores de produção (terra, capital e trabalho) e os fornecem às firmas, através do mercado dos fatores de produção. As firmas combinam os fatores de produção e produzem bens e serviços, que são fornecidos às famílias por meio do mercado de bens e serviços. Essas são as transações que formam os fluxos reais, descrito na figura em cor de rosa.

Assim, as firmas produzem bens e serviços e os ofertam no mercado de bens e serviços. Esses produtos serão adquiridos pelas famílias que, para poder pagar por esses bens, precisam ofer-tar seus fatores às empresas. Assim, a terra, o capital e o trabalho, que são de propriedade das famílias, serão utilizados pelas empresas para produzir bens e serviços que serão consumidos pelas famílias, seguindo um fluxo indefinido que se retroalimenta.

Para cada elo do fluxo real, recém descrito, existe um fluxo monetário. Os fluxos reais possuem uma contrapartida monetária, ou seja, são efetuados pagamentos na moeda corrente: as firmas remuneram as famílias quando adquirem os fatores de produção, e as famílias pagam as firmas pelo consumo dos bens e serviços produzidos. Essas operações compõem o fluxo monetário.

Percebe-se que toda renda dos agentes se deve a alguma contribuição sua no processo produtivo. Por isso, o fluxo econômico também é denominado de fluxo circular da renda. Esse fluxo monetário é representado em azul na figura.

Logicamente, você percebe que esse modelo não condiz com a nossa complexa realidade, mas ele cai na prova, viu (veremos de que forma nos exercícios)?! Não é comum encontrarmos economias fechadas, sem o contato com o resto do mundo, e é ainda mais improvável encontrar uma economia sem governo. Por isso, embora bastante simplificado, o fluxo descrito não se reporta a uma realidade factível.

Observando isso, começaremos a tornar o nosso modelinho mais completo. Começando, adi-cionaremos o agente governo na análise. Nessa economia, conforme você observa na figura 2, o governo não se comunica diretamente com as empresas. O único contato que o agente governo estabelece é com o outro agente, família. Esse fato deve ser levado em consideração, pois o governo deseja maximizar, entre outras coisas, o bem-estar social.

Para atingir esse objetivo, o governo deve tirar recursos das famílias ricas (através dos impostos) e destinar às pobres (através das transferências governamentais), sendo desnecessário o contato direto com as empresas.

Além de tributar e transferir recursos, o governo atua ainda na economia por meio das compras governamentais de bens e serviços realizadas no mercado de bens e serviços. Note que, nessa economia, o governo não atua no mercado de fatores (veremos como isso acontece na aula 01).

Uma coisa que você poderá notar posteriormente, é que a única forma que o governo tem de se “comunicar” com as empresas é pelo mercado de bens e serviços. Como, nessa economia hipotética, o governo não atua no mercado de fatores, poderá fazer essa ligação com as firmas mediante a imposição de impostos sobre os bens (não sobre os rendimentos auferidos pelas empresas) ou ainda impondo preços máximos ou mínimos, além de tarifas e subsídios. Um último ponto que se pode considera a respeito da existência do governo e de seu contato com as empresas, diz respeito às compras governamentais, pois o governo também compra! Ele adquire os bens e serviços providos pelas empresas quando deseja realizar uma obra pública, por exemplo. Tudo isso pode ser visto na seguinte figura:

Page 33: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

Polícia Federal - Agente de Polícia – Economia – Profª Amanda Aires

www.acasadoconcurseiro.com.br 33

Figura 2: Fluxo circular da riqueza de uma economia fechada e com governo.

Agora, a nossa economia começa a ficar um pouco mais alinhada com o que acontece nos sistemas econômicos mais complexos.

Veja que, só com esses pontos iniciais, nós já começamos a compreender melhor o Estado e suas funções econômicas governamentais (redução da desigualdade de renda), assim como a atuação do governo na economia (através de impostos, transferências e compras governamentais). Logicamente, como foi dito anteriormente, essa é uma versão bastante introdutória, nada muito complexo. Na aula que vem, vamos entrar fundo nesses conceitos.

Dando continuidade, precisamos verificar o surgimento do agente resto do mundo na nossa economia, até porque a maioria esmagadora dos países se comunica com outros países. E como o resto do mundo se comunica com a nossa economia? Por meio do mercado de bens e serviços, comprando produtos nacionais e vendendo produtos de outras nacionalidades. Assim, quando o resto do mundo adquire nossas mercadorias no mercado de bens e serviços, estamos exportando e, quando o resto do mundo vende bens no nosso mercado de bens e serviços, estamos importando. A figura 3 mostra o surgimento do resto do mundo na economia.

Page 34: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

www.acasadoconcurseiro.com.br34

Figura 3: Fluxo circular da riqueza de uma economia aberta

Até agora, observamos que os quatro agentes se encontram, simultaneamente, apenas no mer-cado de bens e serviços. Cabendo ao mercado de fatores a interação entre empresas e famílias, apenas.

O modelo até aqui formulado é bastante complexo, mas não mostra a totalidade das relações existentes entre os agentes. Isso porque até agora desconsideramos a existência de um merca-do vital no sistema econômico: o mercado financeiro ou de ativos financeiros.5 Assim como no mercado de bens e serviços, o mercado financeiro também conta com a presença simultânea dos quatro agentes econômicos: as famílias atuam nesse mercado enviando a parte da renda não consumida (a poupança privada), as empresas operam no mercado mediante a tomada de empréstimos para investimentos e a posterior emissão de títulos da dívida e emissão de ações, enquanto o governo e o resto do mundo podem tanto tomar quando conceder empréstimos ao sistema financeiro nacional. O fluxo circular da riqueza expandido é mostrado na figura 4.

5 O Mercado Financeiro é formado por quatro segmentos de mercado: 1. Mercado de Crédito: destinado, prioritariamente a fornecer recursos financeiros para as famílias;2. Mercado de Capitais: destinado, fundamentalmente, a emissão de crédito para capital de giro das empresas;3. Mercado Monetário: utilizado pelo governo para emitir moeda e fazer política monetária;4. Mercado Cambial: utilizado para a conversão entre a moeda nacional e as demais moedas estrangeiras.

Page 35: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

Polícia Federal - Agente de Polícia – Economia – Profª Amanda Aires

www.acasadoconcurseiro.com.br 35

Figura 4: Fluxo circular da riqueza de uma economia fechada e com governo

O fluxo circular da riqueza conecta os quatro setores da economia (famílias, firmas, governos e resto do mundo) por três tipos de mercados: fundos que fluem das firmas para as famílias na forma de salários (remuneração do fator produtivo trabalho), juros (remuneração do fator produtivo capital) e aluguéis (remuneração do fator produtivo terra), pelo mercado de fatores. Depois de pagar os impostos ao governo e receber do governo as transferências, a família aloca a renda restante, ou seja, a renda disponível, entre poupança privada e gastos com o consumo. Através dos mercados financeiros, a poupança privada e os fundos do resto do mundo são canalizados para gastos de investimentos das firmas, tomada de empréstimo pelo governo, tomada e concessão de crédito de estrangeiros e transações de estrangeiros com ações. Além disso, os fundos fluem do governo e das famílias para as firmas, para pagar pela compra de bens e serviços. Finalmente, exportações para o resto do mundo geram um fluxo de fundos que entra na economia e as importações levam a um fluxo de fundos que sai da economia.

Assim, quando se somam os gastos de consumo com bens e serviços, os gastos de investimentos pelas firmas, as compras governamentais de bens e serviços e as exportações e, em seguida, subtrai-se o valor das importações, o fluxo total de riqueza representado por esse gasto é o gasto total com bens e serviços produzidos em um país, uma variável muito importante para uma economia, conforme veremos adiante. De modo equivalente, esse é o valor de todos os bens e serviços produzidos no país, isto é, o Produto Interno Bruto (PIB) da economia.

É claro que isso aqui está, de fato, extremamente simplicado, mas, como eu já tinha dito, isso faz parte da noção de modelo enquanto simplificação. Mas, disso tudo, o que, de fato, nos interessa em um primeiro estágio?

É interessante que você saiba que, no mercado de bens e serviços, não existe apenas um tipo de mercado, mas algumas estruturas. São elas: concorrência perfeita, concorrência

Page 36: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

www.acasadoconcurseiro.com.br36

monopolística, oligopólio e monopólio. Existem ainda outras, como o oligopsônio e o monopsônio, mas elas nunca caem na prova. Há, ainda, o mercado contestável, mas nós vamos falar sobre essa estrutura quando nos reportarmos ao mercado em concorrência perfeita. Além disso, é interessante que você compreenda como os consumidores e as empresas atuam no mercado de bens e serviços e como o governo pode influenciar esse mercado. Por fim, é importante que você note que esses mercados podem ter falhas e que, quando essas falhas acontecem, cabe ao governo fazer intervenções através de um processo regulatório!

Viu como está tudo conectado desde o início?

8. (Analista Judiciário – Economia – STM – 2010) A respeito dos conceitos básicos da teoria econômica, julgue os itens subsequentes.

No fluxo circular de bens e serviços, as firmas demandam fatores de produção que são ofertados pelas famílias e, nesse processo, os fluxos monetários vão das em-presas para as famílias.

Para responder à questão, basta dar uma olhada no fluxo circular da riqueza original.

Page 37: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

Polícia Federal - Agente de Polícia – Economia – Profª Amanda Aires

www.acasadoconcurseiro.com.br 37

Agora, vamos analisar ponto a ponto o que a questão afirma: primeiro ela chama de fluxo cir-cular de bens e serviços o que nós chamamos previamente de fluxo circular da riqueza Embora a nomenclatura seja diferente, elas dizem respeito a mesma coisa.

Continuando, a questão diz que as firmas demandam fatores de produção que são ofertados pelas famílias. Pelo gráfico, podemos perceber que isso é verdade.

Pelo corte feito no fluxo, é possível ver que existem as setinhas vermelhas, que representam o fluxo real de fatores, saindo das famílias e entrando nas empresas. Ou seja, as famílias estão ofertando esses fatores e as empresas estão demandando (procurando) esses mesmos fatores. A explicação para isso, como já vimos, é que as empresas precisam desses fatores para que seja possível realizar a produção dos bens e serviços que serão ofertados às famílias. As famílias, por sua vez, precisam ofertar esses fatores para que seja possível adquirir os bens e serviços que serão oferecidos pelas empresas.

Curiosidades!!Um ponto importante aqui é que você não precisará, necessariamente, fornecer o fator para a empresa que você deseja comprar algo. Por exemplo, não é porque eu vou jantar na Pizza Hut que eu preciso, depois de jantar, lavar os pratos! Na verdade, eu presto meu trabalho para outra(s) empresa(s) e, com o fluxo monetário recebido pelo(s) meu(s) fator(es), posso adquirir bens e serviços em quaisquer outros lugares! Esse formato de fluxo acabou por facilitar muito o processo de trocas. Ou seja, as pes-soas não ficam mais amarradas às empresas que trabalham!

Concluindo, a questão finalmente afirma que, nesse processo, os fluxos monetários vão das empresas para as famílias. Como você pode perceber, a questão está toda correta! Para notar isso, basta ver o sentido das setinhas azuis, saindo das empresas e entrando nas famílias!

GABARITO: CERTA

Page 38: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

www.acasadoconcurseiro.com.br38

9. (ECONOMIA E ESTATÍSTICA – IJSN-ES – 2010)

O modelo do fluxo circular de renda possibilita mensurar o produto da economia pelas despesas ou pela renda. Na visão das famílias e considerando o fluxo circular da renda, a despesa para a aquisição de bens e serviços é equivalente ao valor re-cebido pela venda dos bens e serviços. Assim, produto = renda = despesa.

Esta é Difícil!

A assertiva afirma que “O modelo do fluxo circular de renda possibilita mensurar o produto da economia pelas despesas ou pela renda”.

Até aqui, é verdade. Só para que você compreenda, eu posso medir o PIB de uma economia, utilizando três óticas diferentes: a produção propriamente dita, a despesa agregada e os ren-dimentos. Ou seja, de acordo com essa identidade, tudo que é produzido será comprado pelos agentes econômicos (as famílias realizam consumo, as empresas fazem investimentos, o gover-no faz compras ou gastos governamentais e o resto do mundo compra as nossas exportações) e, para que seja possível existir o processo de compras, é preciso que os agentes econômicos possuam renda, seja ela proveniente de trabalho (salário), do fator terra (aluguéis) ou ainda do fator capital (juros). Considerando isso, podemos dizer que toda produção será igual ao soma-tório das despesas que, por sua vez, será igual aos rendimentos. Então, aqui, tanto faz por onde você vai medir o PIB, nesse caso, todos os caminhos levam a Roma!

Dessa forma, ATÉ AQUI, nada errado! Mas a questão continua... “Na visão das famílias e con-siderando o fluxo circular da renda, a despesa para a aquisição de bens e serviços é equiva-lente ao valor recebido pela venda dos bens e serviços”. E eis que achamos o erro! Vamos ler, novamente, com cuidado?

Veja que a alternativa diz que, para as famílias, a despesa para aquisição de bens (o consumo das famílias) será equivalente ao valor recebido pela venda de bens e serviços. Mas as famílias não vendem bens e serviços!!! Aliás, é importante que você note que quem vende bens e ser-viços é o agente econômico empresas, não A família! Nesse caso, a alternativa é falsa, já que as famílias vendem (ou ofertam, com queiram) fatores produtivos! E aí, por causa desse detalhe que passaria perfeitamente desapercebido, a questão é incorreta!

Finalmente, para terminar, a assertiva diz que: Assim, produto = renda = despesa. O que é ver-dadeiro, conforme vimos anteriormente!

GABARITO: FALSO

A pergunta que você pode estar se fazendo agora é: quanto, no máximo, uma economia pode produzir? Para analisar isso, precisamos ter o conhecimento de uma fronteira muito importan-te na economia: a curva de possibilidade de produção.6

6 A curva ou fronteira de possibilidade de produção é um gráfico que mostra as combinações de produto que a economia tem possibilidade de produzir dados os fatores de produção e a tecnologia de produção disponíveis.

Page 39: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

Polícia Federal - Agente de Polícia – Economia – Profª Amanda Aires

www.acasadoconcurseiro.com.br 39

2.2. Curva de possibilidade de produção

A curva ou fronteira de possibilidades de produção ilustra como a questão da escassez impõe um limite à capacidade produtiva de uma sociedade. Devido à escassez de recursos, a produ-ção total de um país tem um limite máximo. Esse é estabelecido quando todos os recursos disponíveis estão plenamente empregados. A curva ou fronteira de possibilidae de produção mostra, o quanto, no máximo, será possível produzir nessa situação.

Imagine uma economia que produza, apenas computadores e automóveis. Considere também que se todos os recursos forem utilizados na produção de computadores, 3.000 unidades po-dem ser fabricadas, enquanto que se forem integralmente utilizados na produção de automó-veis serão capazes de produzir 1.000 unidades.

A figura a seguir mostra a produção máxima que esse país imaginário pode fabricar. A produ-ção de 3.000 unidades de computadores é marcada, no gráfico, pelo ponto A, enquanto que a produção de 1.000 unidades de automóveis é marcada pelo ponto B.

Logicamente, um determinado país não precisa produzir só computadores ou só automóveis, ele pode, por exemplo, escolher uma combinação intermediária entre esses dois extremos. Essa situação pode ser vista, por exemplo, no ponto C, em que essa determinada economia produz 2.200 unidades de computadores e 600 unidades de automóveis.

É importante que você note que a seguinte combinação está situada na curva de possibilidades de produção essa economia. Isso significa que, se a sociedade escolhe produzir 2.200 unidades de com-putadores, os recursos que ficarão disponíveis serão capazes de produzir no máximo 600 unidades de automóveis, e vice-versa. Nesse caso, o ponto C estará sobre a curva de possibilidade de produção, indicando que, assim como os pontos A e B, essa situação também é eficiente. Logo, qualquer ponto ao longo da curva ou fronteira de possibilidade de produção é eficiente. Uma situação semelhante ao ponto C pode ser vista quando essa economia produz 2.000 computadores e 700 automóveis.

Page 40: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

www.acasadoconcurseiro.com.br40

Um ponto importante que você observe diz respeito à posição, ao longo da curva, em que deter-minada economia estará. Por exemplo, essa economia produzirá 2.200 ou 2.000 computadores? Nesse caso, a produção dependerá dos objetivos de determinada economia. Imagine, por exemplo, uma outra economia que possa produzir armas e alimentos. Se essa economia estiver em guerra, possivelmente estará em um ponto em que produza mais armas e menos alimentos. Já se estiver em uma situação de paz, produzirá mais alimentos e menos armas. Assim, apenas reforçando, o que determina em que ponto a economia estará está ligado aos objetivos estratégicos dessa economia.

Vejamos uma combinação que se encontra além dos limites impostos pela curva, digamos 2.200 unidades de computadores e 1.000 unidades de automóveis, como mostrado no ponto D, abaixo. Nesse caso, não há recursos disponíveis nessa economia que tornem possível a pro-dução dessas quantidades. Essa situação, que é graficamente mostrada por qualquer ponto que esteja fora da curva de possibilidade de produção é chamada de tecnologicamente inviá-vel, ou seja, por meio de avanços tecnológicos, é possível alcançar esse nível de produção. Isso é representado, graficamente, pelo deslocamento da curva de possibilidade de produção, sain-do da curva preta e indo para a curva verde.

Por outro lado, imagine que, por alguma razão, essa economia não opere de forma eficiente, deixando de utilizar algum recuso que estava disponível. Essa situação é mostrada pelo ponto E na figura. Nessa situação, como existem recursos ociosos, é possível observar que essa economia seria capaz produzir mais de ambos os bens, se empregasse, de forma eficiente, os seus fatores produtivos. As setas indicam de que forma a economia poderia ser eficiente a partir do ponto E.

A figura 5 apresenta todos os conceitos ligados à eficiência da curva ou fronteira de possibilidade de produção.

Page 41: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

Polícia Federal - Agente de Polícia – Economia – Profª Amanda Aires

www.acasadoconcurseiro.com.br 41

Figura 5: Fronteira ou curva de possibilidade de produção

A curva de possibilidade de produção mostra o quanto, no máximo, poderá ser produzido se todos os fatores disponíveis na economia forem utilizados.

Um conceito importante, relacionado à curva de possibilidade de produção é o de taxa margi-nal de transformação (TMT).7 A TMT mede a taxa pela qual devemos abrir mão da produção de um dos bens para produzir mais de outro bem, ou ainda, se deixarmos de produzir uma unidade de determinado bem X, o quanto a mais poderíamos produzir de outro bem Y, com os recursos disponibilizados pela produção de menos unidades de X. Seguindo esse raciocínio, teríamos então a TMT é dada pela seguinte expressão:

onde ∆Qx é a variação ocorrida nas unidades produzidas de X, e ∆Qy é a variação ocorrida nas unidades produzidas de Y. Observe que, ao produzir sobre a fronteira de produção, uma unidade adicional de um bem (variação positiva) só pode ser obtida se unidades de outro bem deixarem de ser produzidas (variação negativa), ou seja, a TMT assume um valor negativo. Voltando ao exemplo anterior, para aumentar a produção de computadores em 200 unidades (de 2000 para 2200), seria necessário reduzir a de automóveis em 100 unidades (700 para 600), então, teríamos que a TMT seria igual a -2.

Um ponto importante que você note é que, normalmente, a inclinação da CPP é diferente ao longo dos diversos pontos da curva, por isso a curva tem esse formato. Considerando isso, teremos que a TMT, que mede a inclinação da CPP, também é variável ao longo da curva. Em casos extremos, podemos ter uma CPP com inclinação constante. Nesse caso, diremos que ela é uma linha reta! Uma questão será analisada com mais profundidade, mas, adianto a você que, nesse caso, a TMT é uma constante!

É importante que você compreenda que a curva de possibilidade de produção é uma simplificação da realidade. Contudo, ela é bastante útil para que possamos compreender se um país está alocando corretamente os seus fatores ou não. Dado que os desejos são ilimitados e os recursos escassos, a alocação eficiente é importante porque possibilita a produção máxima de bens em uma economia.

7 A taxa marginal de transformação mede a taxa pela qual se deve abrir mão da produção de um dos bens para que seja possível produzir mais de outro bem.

Page 42: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

www.acasadoconcurseiro.com.br42

10. (Economia – STM – 2011 – Analista Judiciário – Cespe) A respeito dos conceitos básicos da teoria econômica, julgue os itens subsequentes.

A redução dos impostos sobre a cadernetea de poupança e os fundos de investi-mentos concorre para deslocar, para cima e para a direita, a fronteira de possibili-dades de produção da economia.

Como assim poupança? Veja só, imagine que todo mundo consuma, certo? Para a economia, no curto prazo, isso é ótimo: mais consumo, mais emprego, mais renda para os trabalhadores, que vão efetuar ainda mais consumo... isso é o que se chama de círculo virtuoso.

O problema é o seguinte: consumo gera avanço tecnológico? Não, consumo não gera qualquer tipo de avanço tecnológico. Para que seja possível existir avanço tecnológico, é preciso que existam investimentos por parte das empresas, ou seja, é preciso que as empresas gastem em pesquisa e desenvolvimento, por exemplo, para que seja possível produzir mais, com a mesma quantidade de recursos, por exemplo.

Nesse caso, de onde vem o dinheiro para as empresas investirem? Vem das famílias!

Como assim???

Pois é, somos nós, famílias, que financiamos as empresas!

Como? Através das nossas poupanças! Nossas ricas poupancinhas vão seguir, através dos bancos, para as empresas, para que essas possam realizar investimentos! Assim, as empresas podem realizar diversos investimentos e levar nossa economia para uma curva de possibilidade de produção mais alta.

Dessa forma, voltando à questão, a redução dos impostos sobre a caderneta de poupança e os fundos de investimentos concorre para deslocar, para cima e para a direita, a fronteira de possibilidades de produção da economia, já que, com a redução dos impostos, haverá um aumento no volume de poupanças e esse volume virará investimentos, levando a curva de possibilidade de produção, de fato, para um nível mais alto, mais para a direita!

Page 43: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

Polícia Federal - Agente de Polícia – Economia – Profª Amanda Aires

www.acasadoconcurseiro.com.br 43

GABARITO: CERTA

A essa altura, você deve perguntar: mas apenas avanço tecnológico leva a um deslocamento da CPP? Não, um aumento no número de trabalhadores, seja por imigração, seja por aumento da taxa de fecundidade também faria que com existisse esse deslocamento, mas esses casos são mais complicados e mais lentos para acontecer. Por isso, nós não os consideramos na análise.

11. (Cearáportos – Analista de Desenvolvimento Logístico – Economia – 2004) O bi-nômio referente à escassez e à escolha sintetiza o problema central da ciência eco-nômica. A esse respeito, julgue os itens a seguir.

Políticas de salário mínimo, que levem à fixação das remunerações substancial-mente acima daquelas que prevaleceriam no livre mercado, conduzem a econo-mia para um ponto situado no interior da curva de possibilidade de produção.

Ainda em curva de possibilidade de produção...

Vamos analisar um pouco essa. A princípio, essa será classificada como difícil! Depois da nossa aula sobre teoria dos preços, ela ficará mais fácil de ser compreendida!

Esta é Difícil!

Veja, o que foi que aconteceu agora há pouco no Brasil? Dilma aumentou o salário mínimo de R$ 545 para R$ 622, certo? Pois bem, quando isso acontece, qual é o resultado? Com o aumen-to desses salários, algumas empresas não poderão manter os funcionários, por exemplo. Lógi-co, isso seria um caso mais extremo, mas, ainda assim, possível.

Nesse caso, com esse aumento, existirão demissões, não é? E o que significam essas demissões? Significam que teremos mais gente procurando emprego, ou, de uma outra forma, teremos mais recursos de mão de obra ociosos.

E se tem fator produtivo ocioso, onde eu estou dentro da curva de possibilidade de produção? Eu estou em algum ponto no interior da curva, já que, agora, não todos os recursos estão sendo utilizados! Dessa forma, só para sintetizar, todas as vezes que o governo realiza intervenções na economia no sentido de aumentar salários ou quaisquer outros preços dos fatores produtivos, isso levará, inevitavelmente, a um ponto situado (mais) no interior da curva de possibilidade de produção.

Page 44: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

www.acasadoconcurseiro.com.br44

GABARITO: CERTA

12. (Senado Federal – Consultor Legislativo – Economia Agricultura – 2002) O proble-ma econômico básico, cuja solução depende da forma como as economias estão organizadas, gira em torno do binômio escassez e escolha. A esse respeito, julgue os itens a seguir.

C Se a curva de possibilidades de produção for uma linha reta, o custo de oportuni-dade de se produzir determinado bem será constante.

Essa é muito boa! Boa porque questiona a você dois conceitos vistos na aula de hoje: curva de possibilidade de produção e o de custo de oportunidade!

Vamos lá. Ele argumenta o seguinte: se a curva de possibilidade de produção for uma linha reta, logo, o formato não seria como o visto anteriormente, ou seja, um formato côncavo. Seria algo como mostrado pela linha verde, na figura:

Page 45: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

Polícia Federal - Agente de Polícia – Economia – Profª Amanda Aires

www.acasadoconcurseiro.com.br 45

A Cespe, infelizmente, não coloca os gráficos na prova, mas sempre (sem-pre mesmo!) pede análises do gráfico. Assim, sempre que possível, colo-carei o gráfico para que você visualize a situação e, a partir daí, possamos resolver a questão juntos, ok?

E aí, a questão continua dizendo que: “o custo de oportunidade de se produzir determinado bem será constante”. Como eu consigo medir o custo de oportunidade na curva de possibilida-de de produção? Simples! Analisando a TMT! A TMT diz o quanto eu abro mão da produção de determinado bem para poder produzir mais de outro.

Como visto, a TMT é mostrada pela seguinte fórmula:

No caso de um CPP que possui o formato de linha reta, a TMT será constante, já que à medida que eu produzo mais do bem X, vou sempre abrir mão da mesma quantidade do bem Y! Nesse caso, a alternativa está correta!

É importante que você note que a TMT também é a inclinação da CPP! Com essa noção na mente, fica mais simples a compreensão!

GABARITO: CERTA

13. (Senado Federal Consultor Legislativo – Economia Agricultura – 2002) O problema econômico básico, cuja solução depende da forma como as economias estão organizadas, gira em torno do binômio escassez e escolha. A esse respeito, julgue os itens a seguir.

D Na guerra contra o terrorismo liderada pelos Estados Unidos da América (EUA), o custo de oportunidade da produção de material bélico equivale ao valor dos bens e serviços a que se deve renunciar para produzir esse tipo de material.

A alternativa, antes de mais nada, está correta! Lembre-se do seguinte, o ponto, ao longo da curva de possibilidade de produção, em que a economia estará dependerá dos seus objetivos políticos. E cada vez que a economia decide produzir mais de qualquer bem, estará decidindo, também, necessariamente, produzir menos de outros!

É exatamente o que diz a questão! Quando os EUA optam por produzir material bélico, estão deixando de produzir outros bens. Logo, o custo de oportunidade de produzir esse material bé-lico é justamente o que ele deixou de produzir em termos de outros bens e serviços!

GABARITO: CERTA

Page 46: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

www.acasadoconcurseiro.com.br46

14. (Senado Federal Consultor Legislativo – Economia, Agricultura – 2002) O proble-ma econômico básico, cuja solução depende da forma como as economias estão organizadas, gira em torno do binômio escassez e escolha. A esse respeito, julgue os itens a seguir.

E Políticas discriminatórias, com base na raça, gênero ou idade, por exemplo, im-pedem o uso eficiente dos recursos e fazem que a economia opere em um ponto interno da curva de possibilidade de produção.

Na verdade, essa questão é exatamente igual à questão que falava sobre o salário mínimo, que vimos anteriormente.

Veja só, quando o enunciado fala em políticas discriminatórias, está falando, necessariamente, em deixar alguns recursos (nesse caso, o fator trabalho) ociosos! Dessa forma, o que acontecerá?

De novo, assim como na questão do salário mínimo, haverá uma mudança para algum ponto no interior da curva de possibilidade de produção (caso a economia estivesse operando em seu nível de eficiência) ou para um ponto mais interior na curva de possibilidade de produção (caso a economia já não fosse eficiente).

Lembre-se de que, para que determinada economia opere de forma eficiente, é necessário que ela esteja empregando todos os seus fatores produtivos e demais recursos disponíveis!

GABARITO: CERTA

15. (Basa – Técnico Científico – 2004) Utilizando os conceitos básicos da teoria econô-mica, julgue os itens subsequentes.

O estabelecimento de regras competitivas mediante a eliminação das fontes de monopólio desloca a curva de possibilidades de produção para cima e para a direita.

Essa aqui é interessante, vamos ao trabalho!

Page 47: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

Polícia Federal - Agente de Polícia – Economia – Profª Amanda Aires

www.acasadoconcurseiro.com.br 47

Veja só, a questão fala de regras competitivas e fontes de monopólio. Vamos analisar cada uma dessas afirmações.

Antes, contudo, é preciso que você compreenda o que é um monopólio. Por simplicidade, o monopólio é uma estrutura de mercado em que apenas uma empresa opera. Mais detalhes sobre essa estrutura serão vistos na aula pertinente.

Por outro lado, e também por simplicidade, regras competitivas implicam na existência de mui-tas empresas operando na oferta de determinado bem. Logicamente, uma diferença entre essas estruturas diz respeito à margem de lucro realizada por cada empresa. No caso do monopólio, essa margem é bem alta e, no caso da concorrência, essa margem é, por sua vez, nula8.

Mas e no que isso afeta a CPP? Simples! Nós vimos anteriormente que, para que seja possível deslocar a curva para a direita e para cima, era preciso que as empresas realizassem investi-mentos, digamos, em pesquisa e desenvolvimento, certo? Vimos ainda que, para que esse in-vestimento seja possível, as empresas precisam das poupanças das famílias para poder realizar esses tipos de investimentos. Contudo, as poupanças das famílias não são as únicas fontes de recursos para investimentos das empresas! Elas também podem utilizar os lucros acumulados para fazer isso!

Nesse caso, é no monopólio e não na concorrência que podemos deslocar as curvas para a direita, já que, com o acúmulo dos lucros, teremos investimentos e esses gerarão avanços tecnológicos!

Nesse caso, a alternativa é falsa!

GABARITO: FALSO

Só para que você compreenda melhor: para deslocar a curva de possibilidade de produção, a economia precisa, entre outras coisas, gerar avanços tecnológicos. Nesse sentido, ela pode uti-lizar a poupança das famílias ou ainda os lucros retidos pelas empresas!

Simples assim!

16. (Basa Técnico Científico – 2007) Quando há escassez, a escolha e as diferentes formas de organização das economias são questões relevantes para a análise eco-nômica. A esse respeito, julgue os itens a seguir.

Ao provocarem mortes e desabamentos e destruírem parte da infra-estrutura re-gional, os temporais que atingiram as regiões Sul e Sudeste no início de 2007 ele-varam o custo de oportunidade dos recursos produtivos, o que aumentou a incli-nação da curva de possibilidade de produção das economias dessas regiões.

Novamente, temos uma questão que fala sobre custo de oportunidade e curva de possibilidade de produção feita pela Cespe!

Vamos à análise:

8 A explicação para a margem de lucro nula será vista na aula que falará sobre estruturas de mercado, ok?

Page 48: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

www.acasadoconcurseiro.com.br48

A questão fala que existiram desabamentos e que parte da infraestrutura regional foi destruída nas regiões Sul e Sudeste do Brasil. Nesse caso, o que acontecerá? Eu posso dizer, com certeza, que haverá um aumento do custo de oportunidade? Sim. Toda vez que existe uma redução da quantidade de fatores produtivos, haverá também um aumento do seu custo de oportunidade.

O raciocínio é simples: quanto mais escasso for determinado recurso, maior será o benefício que ele traria caso fosse utilizado. Nesse caso, maior será o seu custo de oportunidade!

Até aí, a alternativa está correta. Mas a alternativa continua afirmando que haverá um aumen-to na inclinação da curva de possibilidade de produção das economias dessa região. Será? Nes-se caso, a alternativa fica incorreta, pois eu não posso afirmar nada sobre a inclinação da curva de possibilidade de produção. A única afirmação que eu posso fazer quanto a isso diz respeito a um deslocamento da curva para a esquerda e para baixo. Como houve uma destruição de par-te dos recursos, eu deixo de ter esses fatores, então a curva sofrerá esse tipo de deslocamento. É como se houvesse um retrocesso tecnológico, entende?

Assim, considerando esses dois pontos, podemos afirmar que a alternativa acima não é verda-deira.

GABARITO: FALSO

17. (Inmetro – Técnico em Meteorologia e Qualidade – 2009 – Cespe) A respeito dos fundamentos da teoria econômica, julgue os itens a seguir.

A lei da escassez, definida como a ausência de recursos suficiente para suprir to-das as necessidades e desejos da coletividade, só tem validade quando não se con-sidera, no modelo econômioc, a variável de evolução tecnológica.

Essa aqui, diferentemente das anteriores, não considera, já de cara, a questão da curva de pos-sibilidade de produção, mas leva em conta a questão da escassez, então vamos responder ela nessa parte da aula também!

Vamos olhar a questão e resolver por partes. Segue a primeira:

“A lei da escassez, definida como a ausência de recursos suficientes para suprir todas as ne-cessidades e desejos da coletividade,”

Até aqui, correto, ok? Veja que escassez é isso mesmo! É quando os recursos não são suficien-tes para atender a todos os anseios da economia!

“só tem validade quando não se considera, no modelo econômico, a variável de evolução tecnológica.”

Eis, aqui, o erro! Na verdade, o conceito de escassez terá sempre validade! Sempre, eu disse sempre, desejaremos ter mais do que possuímos em economia! Ou seja,

ECONOMIA = ESCASSEZ!

Page 49: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

Polícia Federal - Agente de Polícia – Economia – Profª Amanda Aires

www.acasadoconcurseiro.com.br 49

Ou seja, o estudo da economia não tem sentido se eu considerar que os agentes, por alguma razão, estão saciados.

O que acontece no caso do avanço ou evolução da tecnologia é que nós podemos reduzir o processo de escassez, mas não o eliminamos, já que isso fará com que haja um deslocamento da curva de possibilidade de produção, o que implicará, finalmente, em um, em uma maior produção e, assim, consumo de bens.

GABARITO: FALSO

18. (Sebrae-AC – Analista Geral – 2007 – Cespe) Utilizando os conceitos básicos da teoria econômica, julgue os itens subsequentes.

O uso do biodiesel como combustível e outros avanços deslocam a fronteira de possibilidades de produção, para cima e para a direita.

Quando tratar de avanço tecnológico, eu vou lembrar de deslocamentos da curva ou fronteira de possibilidade de produção para a direita e para cima!

19. (DPF – Agente da Polícia Federal – 2004 – Cespe) A questão da escolha em situ-ação de escassez, abordada pela microeconomia, as interações entre governo e mercados privados e os problemas macroeconômicos são temas relevantes para a ciência econômica. A esse respeito, julgue os itens a seguir.

O binômio escassez/escolha, que permeia o problema econômico correlato, ocor-re somente quando, dentro do processo produtivo, não existe possibilidade de substituição entre insumos.

Veja só o que a questão diz:

Existe escassez/escolha APENAS quando não há possibilidade de substituição entre os insumos (fatores produtivos)?

Page 50: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

www.acasadoconcurseiro.com.br50

Como Assim???

Claro que não, né? Sempre, eu disse sempre, existirá a questão da escolha no problema de escassez e isso não implica APENAS a questão da substituição ou não de insumos!

Nesse caso, de forma semelhante ao que foi visto na questão 17, a alternativa é falsa.

GABARITO: FALSO

20. (DPF – Escrivão da Polícia Federal – 2004 – Cespe) O problema da escolha em si-tuação de escassez, abordada pela microeconomia, as interações entre governo e mercados privados e os problemas macroeconômicos são temas relevantes para a ciência econômica. A esse respeito, julgue os itens a seguir:

Quando os custos de oportunidade para os recursos produtivos são crescentes – a curva de possibilidades de produção é uma linha reta – um aumento dos gastos públicos não conduz à redução das despesas dos agentes privados.

Essa é um pouco mais complicadinha que a anterior!

Veja que a questão fala sobre custos de oportunidade crescentes e, logo em seguida, fala em curva de possibilidade de produção em linha reta!

Veja, em uma das questões que resolvemos antes, verificamos que, quando a CPP é uma linha reta, o custo de oportunidade é constante, lembram?

Logo, já a partir daí, vemos que a questão está incorreta! Custos de oportunidade crescentes estarão associados a CPP côncava!

A questão continua... um aumento nos gastos públicos, não conduz à redução das despesas dos agentes privados. O que também é falso! Ora, dado que os recursos são escassos, se o governo passar a comprar mais, os agentes privados (empresas e famílias) passarão a gastar menos.

GABARITO: FALSO

Page 51: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

www.acasadoconcurseiro.com.br 51

Questões

Exercícios Resolvidos – Parte 1

1. (Senado Federal – Consultor Legislativo – Economia – Agricultura – 2002)

O problema econômico básico, cuja solução depende da forma como as economias es-tão organizadas, gira em torno do binômio escassez e escolha. A esse respeito, julgue os itens a seguir.

Em uma economia descentralizada, a preo-cupação maior dos diferentes agentes eco-nômicos é gerenciar o funcionamento do sis-tema de preços para, assim, garantir o bom desempenho das economias de mercado.

( ) Certo   ( ) Errado

2. (Cearáportos – Analista de Desenvolvimen-to Logístico – Economia – 2004 – Cespe)

O binômio referente à escassez e à escolha sintetiza o problema central da ciência econô-mica. A esse respeito, julgue os itens a seguir.

Para um determinado estudante, o custo de oportunidade associado à decisão de realizar um curso de pós-graduação, em tempo inte-gral, em uma universidade americana, inclui as despesas com mensalidade e livros e a to-talidade dos custos de moradia e alimentação.

( ) Certo   ( ) Errado

3. (Basa – Técnico Científico – 2004 – Cespe)

Utilizando os conceitos básicos da teoria econômica, julgue os itens subsequentes.

O custo de oportunidade de determinada atividade, por ser independente dos usos alternativos do tempo necessário para de-

senvolvê-la, é, usualmente, o mesmo para todas as pessoas nela envolvidas.

( ) Certo   ( ) Errado

4. (Basa – Técnico Científico – 2007)

Quando há escassez, a escolha e as diferen-tes formas de organização das economias são quetões relevantes para a análise eco-nômica. A esse respeito, julgue os itens sub-sequentes.

O custo de oportunidade da decisão de assu-mir um novo emprego, cujo salário é superior àquele que é pago na ocupação anterior, in-clui tanto o valor da remuneração atual como o aumento do tempo de transporte necessá-rio para se chegar ao novo local de trabalho.

( ) Certo   ( ) Errado

5. (Fumarc – Prefeitura de Governador Valada-res – Economista – 2010 e Cemig, Analista de Planejamento Econômico Financeiro – 2010)

Sabendo-se que os recursos são escassos, o conceito econômico de custo relevante é o custo:

a) contábil.b) Oportunidade.c) Ambiental. d) Histórico.

Page 52: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

www.acasadoconcurseiro.com.br52

6. (Economia – STM – 2011 – Analista Judiciário – Cespe)

A respeito dos conceitos básicos da teoria econômica, julgue os itens subsequentes.

Quando pessoas altamente qualificadas e bem pagas se dispõem a pagar mais caro por bens e serviços entregues em domicílio, para evitar filas em lojas e supermercados, observa-se um comportamento que reflete o fato de que es-ses indivíduos se confrontam com um custo de oportunidade do tempo mais baixo.

( ) Certo   ( ) Errado

7. (Basa – Economista STM – 2010 – Cespe)

Considere que o estado do Pará pode pro-duzir, em um ano, 200 milhões de sacas de castanha-do-pará ou 600 milhões de sacas de açaí, ou uma combinação desses dois produ-tos. O estado do Maranhão pode produzir 200 milhões de sacas de castanha-do-pará ou 200 milhões de sacas de açaí , ou uma combina-ção desses dois produtos. A partir dessas in-formações, julgue os itens que se seguem.

Os custos de oportunidade da produção de uma saca de castanha-do-pará para os esta-dos do Pará e Maranhão serão, respectiva-mente, iguais a 1/3 de saca de açaí.

( ) Certo   ( ) Errado

8. (Analista Judiciário – Economia – STM – 2010)

A respeito dos conceitos básicos da teoria econômica, julgue os itens subsequentes.

No fluxo circular de bens e serviços, as fir-mas demandam fatores de produção que são ofertados pelas famílias e, nesse pro-cesso, os fluxos monetários vão das empre-sas para as famílias.

( ) Certo   ( ) Errado

9. (ECONOMIA E ESTATÍSTICA – IJSN-ES – 2010)

O modelo do fluxo circular de renda possibilita mensurar o produto da economia pelas despe-sas ou pela renda. Na visão das famílias e con-siderando o fluxo circular da renda, a despesa para a aquisição de bens e serviços é equivalen-te ao valor recebido pela venda dos bens e ser-viços. Assim, produto = renda = despesa.

( ) Certo   ( ) Errado

10. (Economia – STM – 2011 – Analista Judiciário – Cespe)

A respeito dos conceitos básicos da teoria econômica, julgue os itens subsequentes.

A redução dos impostos sobre a cadernetea de poupança e os fundos de investimentos concorre para deslocar, para cima e para a direita, a fronteira de possibilidades de pro-dução da economia.

( ) Certo   ( ) Errado

11. (Cearáportos – Analista de Desenvolvimen-to Logístico – Economia – 2004)

O binômio referente à escassez e à escolha sintetiza o problema central da ciência econô-mica. A esse respeito, julgue os itens a seguir.

Políticas de salário mínimo, que levem à fi-xação das remunerações substancialmente acima daquelas que prevaleceriam no livre mercado, conduzem a economia para um ponto situado no interior da curva de possi-bilidade de produção.

( ) Certo   ( ) Errado

12. (Senado Federal – Consultor Legislativo – Economia, Agricultura – 2002)

O problema econômico básico, cuja solução depende da forma como as economias es-tão organizadas, gira em torno do binômio escassez e escolha. A esse respeito, julgue os itens a seguir.

Page 53: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

www.acasadoconcurseiro.com.br 53

Polícia Federal - Agente de Polícia – Economia – Profª Amanda Aires

C Se a curva de possibilidades de produção for uma linha reta, o custo de oportunidade de se produzir determinado bem será constante.

( ) Certo   ( ) Errado

13. (Senado Federal, Consultor Legislativo – Economia, Agricultura – 2002)

O problema econômico básico, cuja solução depende da forma como as economias es-tão organizadas, gira em torno do binômio escassez e escolha. A esse respeito, julgue os itens a seguir.

D Na guerra contra o terrorismo liderada pelos Estados Unidos da América (EUA), o custo de oportunidade da produção de ma-terial bélico equivale ao valor dos bens e serviços a que se deve renunciar para pro-duzir esse tipo de material.

( ) Certo   ( ) Errado

14. (Senado Federal, Consultor Legislativo – Economia, Agricultura – 2002)

O problema econômico básico, cuja solução depende da forma como as economias es-tão organizadas, gira em torno do binômio escassez e escolha. A esse respeito, julgue os itens a seguir.

E Políticas discriminatórias, com base na raça, gênero ou idade, por exemplo, impe-dem o uso eficiente dos recursos e fazem que a economia opere em um ponto inter-no da curva de possibilidade de produção.

( ) Certo   ( ) Errado

15. (Basa – Técnico Científico – 2004)

Utilizando os conceitos básicos da teoria econômica, julgue os itens subsequentes.

O estabelecimento de regras competitivas mediante a eliminação das fontes de mono-pólio desloca a curva de possibilidades de produção para cima e para a direita.

( ) Certo   ( ) Errado

16. (Basa – Técnico Científico – 2007)

Quando há escassez, a escolha e as diferen-tes formas de organização das economias são questões relevantes para a análise econômi-ca. A esse respeito, julgue os itens a seguir.

Ao provocarem mortes e desabamentos e des-truírem parte da infra-estrutura regional, os temporais que atingiram as regiões Sul e Su-deste no início de 2007 elevaram o custo de oportunidade dos recursos produtivos, o que aumentou a inclinação da curva de possibilida-de de produção das economias dessas regiões.

( ) Certo   ( ) Errado

17. (Inmetro, Técnico em Meteorologia e Qualidade – 2009 – Cespe)

A respeito dos fundamentos da teoria eco-nômica, julgue os itens a seguir.

A lei da escassez, definida como a ausência de recursos suficiente para suprir todas as neces-sidades e desejos da coletividade, só tem vali-dade quando não se considera, no modelo eco-nômioc, a variável de evolução tecnológica.

( ) Certo   ( ) Errado

18. (Sebrae-AC – Analista Geral – 2007 – Cespe)

Utilizando os conceitos básicos da teoria econômica, julgue os itens subsequentes.

O uso do biodisel como combustível e outros avanços deslocam a fronteira de possibilida-des de produção, para cima e para a direita.

( ) Certo   ( ) Errado

19. (DPF – Agente da Polícia Federal – 2004 – Cespe)

A questão da escolha em situação de escas-sez, abordada pela microeconomia, as inte-rações entre governo e mercados privados e os problemas macroeconômicos são te-mas relevantes para a ciência econômica. A esse respeito, julgue os itens a seguir.

Page 54: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

www.acasadoconcurseiro.com.br54

O binômio escassez/escolha, que permeia o problema econômico correlato, ocorre so-mente quando, dentro do processo produti-vo, não existe possibilidade de substituição entre insumos.

( ) Certo   ( ) Errado

20. (DPF – Escrivão da Polícia Federal – 2004 – Cespe)

O problema da escolha em situação de es-cassez, abordada pela microeconomia, as interações entre governo e mercados priva-dos e os problemas macroeconômicos são temas relevantes para a ciência econômica. A esse respeito, julgue os itens a seguir:

Quando os custos de oportunidade para os recursos produtivos são crescentes – a curva de possibilidades de produção é uma linha reta – um aumento dos gastos públicos não conduz à redução das despesas dos agentes privados.

( ) Certo   ( ) Errado

Gabarito: 1. Errado 2. Errado 3. Errado 4. Certo 5. B  6. Errado 7. Errado 8. Certo 9. Errado 10. Certo 11. Certo 12. Certo 13. Certo 14. Certo 15. Errado 16. Errado 17. Errado 18. Certo 19. Errado 20. Errado

Page 55: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

Polícia Federal - Agente de Polícia – Economia – Profª Amanda Aires

www.acasadoconcurseiro.com.br 55

DEMANDA E OFERTA

3. Teoria dos preços

Durante muito tempo, os economistas buscaram descobrir o que determina o valor das coisas. O que faz, por exemplo, o carro ter um valor tão alto e o sal um valor tão baixo. Dessa procura, surgiram duas teorias: a teoria objetiva, que afirma que o valor de um bem depende do esforço e do trabalho para sua obtenção e a teoria subjetiva, que associa que o valor do bem depende da sua utilidade e do seu nível de escassez.

Posteriormente, essas suas teorias foram reunidas e o valor do bem, agora, é determinado como o resultado do seu custo de produção (associado ao esforço e ao trabalho) e da sua prefe-rência (associada à necessidade ou ao desejo).

De fato, os bens oferecidos no mercado têm preços. O preço é definido como o valor do bem expresso em moeda. Segundo a teoria econômica, os preços são resultado da interação entre dois agentes: os consumidores (que se preocupam com a utilidade dos bens) e as empresas (que representam o esforço ou os custos de produção).

Fique atento!O preço de um bem é definido como valor desse bem expresso em moeda. Ele é re-sultado da interação entre os consumidores e as empresas.

Hoje, buscamos analisar, com detalhes, como acontece a formação de preços em uma economia e alguns dos problemas econômicos mais importantes, além de estudarmos os fatores que influenciam na escolha da quantidade que será demandada e que será ofertada de um determinado bem, assim como definir o equilíbrio de mercado. Para começar, vamos compreender o conceito de microeconomia?

Conceito de microeconomia

Diferentemente da macroeconomia que estuda o agregado (como visto no fluxo circu-lar da riqueza analisado na aula passada), a microeconomia é o ramo da economia que estuda o comportamento dos agentes econômicos, ou seja, qualquer indivíduo ou entidade que desempenha um papel na economia. A microeconomia estuda como e por que consumidores, empresas, governo, trabalhadores, investidores, entre outros, tomam decisões econômicas, ou fazem escolhas.

Page 56: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

www.acasadoconcurseiro.com.br56

É de interesse de estudo da microeconomia, ainda, a forma pela qual os agentes eco-nômicos interagem de modo a formar unidades maiores, os mercados. Sendo assim, a microeconomia explica, entre outras questões, como a formação dos preços, a quan-tidade ofertada ou demandada e o quanto será investido. Desse modo, poderemos inferir porque os mercados dos bens são diferentes, e como são influenciados por po-líticas econômicas e mudanças no ambiente internacional. Para começar a compreen-der o mercado, analisaremos, inicialmente porque as famílias ou os consumidores con-somem. Toda a análise do consumo é vista, na microeconomia, por meio da demanda.

Mas, antes disso, eu te pergunto: se o preço da gasolina aumentar (como temos visto nos últi-mos tempos), você consumirá mais gasolina ou menos gasolina?

3.1. Lei da demanda

Antes de definir a lei da demanda, queria saber o que você respondeu na questão acima! Você comprará mais, menos ou a mesma quantidade? Possivelmente, você respondeu que comprará menos gasolina quando o preço aumentar, não foi isso?

Essa relação inversa entre o preço de um bem e a quantidade que um consumidor planeja com-prar (ou a quantidade demandada desse bem) é conhecida por lei da demanda. Ela estabelece uma relação negativa entre a quantidade consumida e o preço do bem em questão.

Agora, eu te pergunto o seguinte: sob as condições dadas anteriormente, você comprará me-nos SEMPRE? Olhe, pense bem, eu estou perguntando se você comprará SEMPRE uma quanti-dade menor?

Do jeito que a questão foi posta, você não pode dizer que SEMPRE comprará menos. Por quê? Por uma simples razão: imagine que você ganhe o prêmio do Big Brother Brasil. Você vai com-prar menos gasolina mesmo possuindo uma renda maior? Possivelmente não, né?!

Ou ainda, imagine que o preço do álcool combustível chegue a R$ 100/l. Ainda assim você com-prará menos gasolina?

Dessa forma, do jeito que está posta a lei, ela acaba sendo aplicada em pouquíssimos casos e termina sendo violada em muitos outros. Pensando nisso, os economistas adicionaram uma hipótese bastante importante e que tornará a lei válida para a maioria esmagadora dos casos. Essa hipótese é denominada de hipótese de ceteris paribus.

A expressão em latim ceteris paribus significa algo como “todos os demais fatores relevantes pernamecem inalterados”, ou seja, agora com a adição dessa hipótese, a lei da demanda se tor-na válida, e afirma que, à medida que o preço de um bem aumenta, os consumidores estarão dispostos a consumi-lo em menor quantidade, considerando que todas as demais variáveis que podem influenciar o seu comportamento se mantêm constantes, ou seja, na hipótese de ceteris paribus. A relação negativa entre quantidade e preço para o consumidor ocorre porque, em alguns casos, a renda dos indivíduos se torna insuficiente para adquirir o produto e, em ou-tros, os indivíduos optam por algum substituto próximo mais barato.

Page 57: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

Polícia Federal - Agente de Polícia – Economia – Profª Amanda Aires

www.acasadoconcurseiro.com.br 57

Fique atento!A lei da demanda afirma que, com tudo o mais mantido constante, a quantidade de-mandada de um bem diminui quando o preço dele aumenta.

Como exemplo desse fato, imagine que os preços dos rodízios de sushi aumentem. Com essa elevação, você levará em conta a possibilidade de ir, por exemplo, a um rodízio de carnes ou massas. Nesse caso, você reduzirá a quantidade demandada de sushi porque estará trocando esse produto por carnes, um substituto que ficou relativamente mais barato (observe que o uso do “relativamente” é importante porque o preço do rodízio de carnes, de fato, não diminuiu).

Outra possibilidade é que com o aumento do preço do rodízio do sushi, você não poderá ir tantas vezes ao restaurante, pois, já que o seu salário não aumentou igualmente com o preço do rodízio, o seu poder de compra ficou reduzido.

Em termos matemáticos, a Lei da Demanda vira uma função, a função demanda, que informa a quantidade de um bem que será procurada para cada nível de preço. Analiticamente:

Função demanda: QD = D (P)

A função demanda pode ser representada, graficamente, pela curva de demanda, também conhecida unicamente como demanda. No gráfico cartesiano, temos que o preço se encontra no eixo vertical e a quantidade demandada, no eixo horizontal9.

Para compreender como o gráfico funciona, vamos analisar a sua construção. Ainda analisando a gasolina que ficou mais cara, vamos colocar no gráfico, a situação inicial. Nesse caso, você consumia a quantidade Q1 ao preço P1.

Ainda seguindo a análise anterior, imagine agora que o preço aumente. O que acontecerá? Você reduzirá a quantidade demandada! Analiticamente:

9 Observe aqui que, diferentemente do que ocorre em um gráfico na matemática, em que a variável dependente (no nosso caso, quantidade) fica no eixo vertical e a variável independente (no caso, preço) fica no eixo horizontal, na economia, ocorre o inverso. Isso é feito apenas para simplificar o raciocínio.

Page 58: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

www.acasadoconcurseiro.com.br58

Assim, depois dos ajustes, teremos a seguinte estrutura:

Finalmente, para desenhar a curva de demanda, basta ligar os pontos no plano cartesiano. E voilà:

Figura 1: Curva de Demanda

Page 59: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

Polícia Federal - Agente de Polícia – Economia – Profª Amanda Aires

www.acasadoconcurseiro.com.br 59

A curva de demanda representa a relação entre preço de um bem e a quantidade demandada desse bem.

A curva de demanda representa o comportamento do agente econômico chamado consumi-dor. Para preços mais altos, as pessoas consumirão menos do bem, pois os bens substitutos ficarão relativamente mais baratos, levando o consumidor a adquirir mais desses bens. O au-mento dos preços também reduz a renda real (poder de compra) do consumidor, o que gera uma retração no consumo do bem.

Antes de continuar, gostaria de fazer três observações:

I – O termo “relativamente”, muitas vezes, acaba sendo utilizado de forma incorreta. Nesse caso, o “relativamente” pode ser melhor compreendido com um exemplo: imagine que você compra sempre a mesma marca de margarina. Um belo dia você chega no supermercado e observa que a margarina aumentou de preço! Não é que ela ficou, necessariamente, mais cara que a melhor margarina que existe no mercado, mas ela ficou, simplesmente, mais cara. Em uma situação como essa, você pode pensar: “Ah, por esse preço, eu vou levar a margarina de marca Y. Ela é mais cara, mas para pagar mais pela margarina que eu vinha consumindo, não vale a pena”. Já aconteceu isso com você? Se sim, quando esse fato ocorre, é justamente o fun-cionamento mental da nossa curva de demanda! Legal, né?

II – Embora a curva de demanda pareça muito mais uma reta, na verdade ela possuirá um for-mato que nós economistas chamamos de convexo. Contudo, as bancas, para simplificar, consi-deram como uma reta. Como, para fins mais simples, a curva e a reta estabelecem a relação ne-gativa entre quantidade de preço, vamos utilizar a reta, por ser mais simples de desenhar, ok?

III – Por fim, quando falamos em variação do preço, os efeitos dessa variação incidirão sobre a quantidade demandada (por exemplo, Q1 e Q2), não sobre a demanda ou curva de demanda. Ou seja, quando o preço varia, nós teremos um movimento ao longo da curva de demanda (como mostrado pela setinha vermelha no gráfico acima) e não da curva de demanda. A com-preensão disso é fundamental e nós vamos voltar a esse ponto mais algumas vezes!

A curva de demanda pode representar as escolhas de apenas um dos consumidores de uma economia, ou de todos de uma forma agregada. No primeiro caso, temos a demanda indivi-dual, que graficamente é representada pela curva de demanda individual e, no segundo caso, tem-se a curva de demanda de mercado, representada na figura seguinte.

Pode-se, facilmente, obter a curva de demanda de mercado somando-se todas as quantidades demandadas por cada consumidor para cada preço. Na figura abaixo, a demanda agregada de um bem foi calculada para apenas três consumidores. Quando o preço de mercado for igual a $4, o consumidor A não adquire o bem (note que a quantidade é zero para a DA quando o pre-ço é $ 4,00), e os consumidores B e C compram, digamos, 6 e 10 unidades, respectivamente.

Page 60: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

www.acasadoconcurseiro.com.br60

Figura 2: Curva de Demanda de Mercado.

A demanda de mercado é representada como a soma das demandas individuais dos consumi-dores.

Assim, a curva de demanda de mercado representa o somatório das demandas individuais. Para o preço de $ 4, o consumidor A não demandará desse bem. Como os consumidores B e C demandarão, respectivamente, de 6 e 10 unidades, teremos que, ao preço de $ 4, a demanda de mercado será de 16 unidades.

Fique atento!A demanda de mercado é a curva que relaciona cada um dos preços possíveis à quanti-dade demandada por todos os consumidores.

Para ver a importância de definição da Lei da Demanda e da curva de demanda de mercado, vamos resolver a primeira questão da aula?

Hora de Praticar!

1. (Cesgranrio – Casa da Moeda – Analista de Finanças – 2005)

A curva de demanda do mercado é dada pela:

a) soma das demandas individuais multiplicada pelos preços dos bens.b) soma das demandas individuais dos bens superiores.c) soma das demandas individuais.d) soma das demandas individuais dos bens inferiores e subtração das demandas

individuais dos bens superiores.e) subtração das demandas individuais dos bens inferiores e soma das demandas

individuais dos bens superiores.

Page 61: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

Polícia Federal - Agente de Polícia – Economia – Profª Amanda Aires

www.acasadoconcurseiro.com.br 61

Alguma sugestão de como resolver? Veja que a questão pede, expressamente, a definição de demanda de mercado. Vamos analisar item por item. A letra (A) afirma que é a soma das de-mandas individuais multiplicada pelos preços dos bens. Está certo isso? Não, não está correto porque nós não vamos multiplicar pelos preços dos bens! Como dito anteriormente, a deman-da de mercado é unicamente dada pela soma das demandas individuais dos consumidores.

A alternativa (B), por sua vez, afirma que a demanda de mercado é dada pela soma das de-mandas individuais dos bens superiores. Rapidamente, só para que você entenda esse item, os bens superiores são vistos como bens em que, quando a renda (e não o preço) aumenta, a demanda (e não a quantidade demandada) aumenta de forma bastante sensível. Por exemplo, o sal não seria um bem superior, mas necessário. Quando formos analisar elasticidade, próximo assunto depois de teoria dos preços, veremos essa definição com mais calma. De toda forma, ele fala que a demanda de mercado diz respeito ao somatório dos bens superiores.

Como Assim???Não teremos demanda de mercado dos demais bens? Claro que teremos! Logo, a alternativa (B) é, também, incorreta!

Vamos mais?

A assertiva (C) afirma que a curva de demanda é dada pela soma das demandas individuais! Simples assim! Nesse caso, não temos nem o que pensar. A alternativa (C) é a alternativa correta!

Mas vamos analisar por que as demais estão erradas?

A letra (D) diz que a demanda de mercado é a soma das demandas individuais dos bens infe-riores e subtração das demandas individuais dos bens superiores. Se a alternativa (B) mere-ceu um “Como assim”, essa aqui merece dois!!

Veja, esse tipo de questão é apenas para testar se você está realmente confiante! Porque tanto a letra (D) quando a letra (E), que afirma que a demanda de mercado é dada pela subtração das demandas individuais dos bens inferiores e soma das demandas individuais dos bens supe-riores, não possuem nada de verdadeiro. A banca faz isso para pegar aqueles que não sabem!

Na verdade, as duas alternativas nem possuem uma definição econômica! Nesse caso,

GABARITO: (C)

Antes de prosseguirmos, contudo, vale aqui duas explicações importantes:

1. Toda vez, eu disse TODA, que houver uma variação no preço do bem em análise, haverá um deslocamento ao longo da curva de demanda! Sempre, sempre, sempre! Mais na frente, nós vamos ver que outros fatores irão deslocar a demanda, mas ainda não chegamos neles.

2. A segunda vai levar um pouco mais de tempo para explicar:

Em economia, a maior parte dos bens obedece à lei da demanda, ou seja, para esses bens, quando o preço aumenta, a quantidade diminui e vice-versa. Há uma simples e notória relação entre quantidade e preços sob a hipótese de ceteris paribus. Contudo, essa relação não é válida para todos os bens. Existe um tipo de bem, que analisaremos agora, que não obedece à lei da demanda. Esse bem se chama de Bem de Giffen.

Page 62: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

www.acasadoconcurseiro.com.br62

Embora seja bem difícil encontrar um bem de Giffen em uma economia, as bancas e, em espe-cial, a Cespe, adoram esse bem justamente porque ele é uma exceção da regra básica. Antes de definir o que ele seja, vou te contar uma historinha, ok? Aliás, essa historinha é bastante recor-rente em todos os livros de economia.

Os bens de Giffen foram encontrados inicialmente na Inglaterra da Revolução Industrial. Duran-te esse tempo, a batata inglesa era um dos bens que fazia parte do menu básico do proletaria-do. O economista Giffen, analisando o comportamento da classe trabalhadora, observou que os consumidores não se comportavam da forma esperada quando havia uma variação no preço desse bem.

Assim, todas as vezes que os preços caiam, as pessoas passavam a demandar (ou procurar) menos o bem e, quando o preço aumentava, os consumidores passavam a demandar mais do bem.

Nesse caso, diferentemente do que acontece com um bem ordinário, a curva de demanda de um bem de Giffen possui inclinação positiva! É isso mesmo, tudo o que vale para a maioria qua-se absoluta dos bens não vale para o bem de Giffen!

Esses bens não são solicitados em termos gráficos, porque isso tornaria a nossa análise bastan-te complicada, sendo solicitado apenas em questões mais teóricas.

Infelizmente, por outro lado, não existem muitos outros exemplos sobre tipos de bens de Gi-ffen para que eu possa explicar a você. A maioria esmagadora dos livros traz apenas a noção da batata inglesa na Inglaterra na época da Revolução Industrial. Assim, hoje, por exemplo, as batatas não são mais considerados bens de Giffen.

Entendido?

Nós vamos voltar ainda algumas vezes a noção de bem de Giffen hoje. À medida que a aula for progredindo, passaremos a analisar ainda mais esse bem, ok?

Mas vamos continuar o nosso trabalho. Nós vimos como a curva de demanda é construída e vimos ainda como acontecem os movimentos ao longo da curva. A partir de agora, vamos com-preender quais fatores levam a variações da curva de demanda.

Vamos lá?

3.2. Deslocamento da curva de demanda

A curva de demanda relaciona a procura por determinado bem a seu preço. De forma mais específica, mostra que a demanda é menor para preços maiores. Assim, nós vimos que é possível mostrar que a quantidade demandada de um produto depende do preço que será cobrado por ele. Mas, o preço não é o único fator que determina a quantidade demandada de um bem. A única coisa que faz você comer sushi é o preço? Será que o preço da carne não afetaria, em nenhuma hipótese, o seu consumo?

Pois é, fatores como a existência de substitutos próximos e o preço que é cobrado por eles tam-bém influenciam a demanda de um bem. Por exemplo, a manteiga é uma substituta próxima para a margarina, sendo assim, um aumento no preço da manteiga pode induzir a troca desse bem por margarina, o que aumenta o consumo deste último bem.

Page 63: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

Polícia Federal - Agente de Polícia – Economia – Profª Amanda Aires

www.acasadoconcurseiro.com.br 63

Os fatores listados anteriormente modificam a quantidade consumida, sem que haja uma mu-dança nos preços. Em outras palavras, a quantidade demandada é maior ou menor para um mesmo preço anterior. Vamos analisar isso, intuitivamente?

Imagine que a curva de demanda seguinte represente a sua demanda por cinema:

Inicialmente, você está no ponto (A). Digamos, por hipótese, que você vai ao cinema duas vezes por mês (Q1 = 2) e paga R$ 17 (P1 = 17). Imagine agora que você ganhou a última edição do Big Brother Brasil. Com essa nova renda, você irá mais vezes ou menos vezes ao cinema? Possivel-mente, mais vezes, não é? Nesse caso, eu posso dizer que você irá mais vezes ao cinema pa-gando o mesmo preço pelo ticket (o que é mostrado pela setinha vermelha na figura abaixo) ou que, para a mesma quantidade de vezes que você vai ao cinema, você poderia pagar mais por saída (o que é mostrado pela setinha verde na figura a baixo).

Nos dois casos, é possível notar que haverá um movimento para fora da curva de demanda original. Quando isso acontece, dizemos que há um deslocamento paralelo da curva. Esse des-locamento é mostrado na figura abaixo (onde D1 é a demanda original e D2 é a demanda final):

Page 64: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

www.acasadoconcurseiro.com.br64

Ora, eu não falei em variação de preço, mas de uma outra variável que não preço. No caso, eu falei de uma variação na renda do consumidor! Logicamente, outras variáveis farão com que ocorra o mesmo movimento, são elas:

• Gostos ou preferências;

• Expectativas;

• Preço de bens relacionados.

Grosso modo, a renda e essas três variáveis são as mais frequentes de serem pedidas nas pro-vas como determinantes de alteração na curva de demanda. Lógico, podem existir outras, mas essas aí seriam os quatro maiores grupos.

Para simplificar a compreensão, como a demanda representa o consumidor, tudo que alterar a vida desse agente econômico alterará a curva de demanda dele! Simples assim!

Antes de seguirmos adiante, vamos esclarecer os três outros fatores e detalhar como a renda afeta a vida do consumidor. Inicialmente, vamos analisar os gostos os as preferências. Comecemos com uma pergunta bastante reflexiva: nós nos vestimos hoje da mesma forma que nos vestíamos há 10 anos? Possivelmente, não. Não, porque não cabe, não porque a moda já passou, não porque você se mudou para um lugar mais frio como o Canadá! Então, o nosso padrão de consumo é alterado não apenas porque o preço mudou, mas também porque nossas necessidades e desejos também mudaram! As-sim, alterações nos gostos e nas preferências modificam muito o nosso padrão de consumo.

Um segundo fator que altera a demanda de determinado consumidor são as suas expectativas sobre o futuro. Por exemplo, imagine agora que você sabe que amanhã vai chover (no meu caso, nevar), será que você não mudará o seu consumo de guarda-chuvas hoje? Possivelmente, sim. Nesse caso, a sua demanda mudou (ela será deslocada) não porque está chovendo agora, mas porque a sua crença é de que chova no dia seguinte. A nossa crença sobre o futuro é o que os economistas chamam de expectativas.

Vamos continuar analisando:

Existe uma outra variável que afeta o padrão de consumo de uma pessoa. Esse fator se chama preço dos bens relacionados. Vamos compreender melhor. Vamos analisar a demanda de uma pessoa por açúcar quando o preço de dois bens relacionados a ele são alterados separadamente.

Page 65: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

Polícia Federal - Agente de Polícia – Economia – Profª Amanda Aires

www.acasadoconcurseiro.com.br 65

Imagine, inicialmente, que o preço do café aumente. Imagine ainda que essa pessoa só compre açúcar para tomar café e só toma café adoçado. Nesse caso, como o preço do café aumentou, essa pessoa comprará menos café, certo? Assim, como ela só toma café com açúcar, comprará menos açúcar também, não é isso? Logo, o aumento do preço do café levará a uma redução na demanda pelo açúcar! Mais uma vez, veja que eu não falei em variação do preço do açúcar, hein?

Vamos adiante: imagine agora que não foi o preço do café, mas o preço do adoçante que au-mentou. Agora, com o aumento do preço do adoçante, você passará a comprar mais açúcar, para poder compensar a falta do adoçante.

Fique atento!Nesse ponto, vale uma consideração: veja que nós faremos movimentos de forma se-parada, ou seja, um fator variando de cada vez. Nada de variar tudo na mesma hora, porque vira uma coisa incompreensível! Em economia, nós trabalhamos com o que se denomina de estática comparativa. Nela, cada variável é alterada de forma isolada.

No caso, você deve ter notado uma coisa bem interessante: quando o preço do café aumentou, a demanda por açúcar diminuiu, ao passo que, quando o preço do adoçante aumentou, a demanda por açúcar também aumentou! Alguma explicação para isso??

Sim, e ela é bem simples! O café e o açúcar, assim como o feijão com arroz ou o queijo e a goia-bada são consumidos de forma conjunta, é o que se chama de bens complementares. Já para o caso do açúcar e do adoçante, nós vamos consumir aquele que foi mais barato. Nesse caso, os bens são denominados de bens substitutos! Essa classificação é absolutamente importante que você compreenda.

Então, se falou em variação do preço dos bens relacionados, eu só sei para onde vai a demanda se eu souber qual a relação que existe entre os bens em análise: se de substitutibilidade ou de complementaridade!

Compreendido?

Para finalizar a lista de itens que deslocam a demanda por alterar o comportamento do con-sumidor, vamos falar com mais detalhe sobre uma variação da renda, iniciada no início dessa parte da aula.

Pergunta simples:

Se você tirasse na loteria, você consumiria mais de tudo?

Possivelmente, você pensou que sim, mas eu te direi que não! E a explicação para isso é bem objetiva:

Se você tirasse na loteria, você certamente viajaria mais vezes pela Europa ou compraria um carro melhor ou ainda iria a restaurantes mais caros. Contudo, com o aumento da sua renda, você vai tomar menos ônibus ou comer menos carne de conserva! Logo, o aumento da renda induz ao aumento no consumo de alguns bens e redução no consumo de outros.

Page 66: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

www.acasadoconcurseiro.com.br66

Assim, quando consumo e renda variam no mesmo sentido, dizemos que o bem é chamado de bem normal. São os bens que, quando a renda aumenta, seu consumo aumenta e, quando a renda diminui, seu consumo também diminui. Por outro lado, quando a renda e o consumo variam em sentidos contrários, o bem é chamado de bem inferior.

Compreendido?

Graficamente, mudanças que promovem um crescimento da demanda para um mesmo preço deslocam a curva de demanda para direita. Dentre essas mudanças estão: aumento nos pre-ços de bens substitutos, redução do preço de bens complementares, crescimento da renda, alterações das preferências que promovem o consumo. Por outro lado, fatores que reduzem a demanda para um mesmo preço deslocam a curva para esquerda, por exemplo: uma redução dos preços de bens substitutos, redução da renda, ou alterações nas preferências que redu-zem o consumo.

Logicamente é muita informação, eu sei, eu sei, mas eu não quero que você decore! Você já tem muitas outras disciplinas em que é preciso decorar conceitos. No meu caso, eu quero que você compreenda. A princípio parece complicado, mas à medida que nós formos fazendo os exercícios juntos, prometo que a coisa vai ficar mais clara.

A figura a seguir mostra exemplos de deslocamento da curva de demanda. Considerando a cur-va do meio (D2) como inicial, um aumento da demanda leva a curva para uma posição como a ocupada pela linha mais clara (D3) e uma redução da demanda leva a curva a ocupar uma posi-ção como a curva mais escura (D1).

Para compreender esse raciocínio, é bastante simples: para um preço de R$ 1, se a minha renda aumentar, eu consumirei mais, para qualquer nível de preços, ou seja, ao invés de consumir Q2, vou passar a consumir Q3, dado que o bem é normal. O raciocínio inverso vale para a linha mais escura e a quantidade de Q1.

Figura 3 – Deslocamentos da Curva de Demanda.

Uma mudança na quantidade demandada, a qualquer preço dado, é representada graficamente pelo movimento da curva de demanda original para uma nova posição.

Page 67: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

Polícia Federal - Agente de Polícia – Economia – Profª Amanda Aires

www.acasadoconcurseiro.com.br 67

Vamos para mais uns exercícios, começando pela Cesgranrio?

Hora de Praticar!

Exercício 2

(Cesgranrio – TCE-RO – Economista – 2007)

No gráfico acima aparece em traço cheio a curva de demanda por maçãs. Sendo as pê-ras um bem substituto para as maçãs, um aumento de preço da pêra:

a) altera a curva de demanda por maçãs para uma posição como A B.b) altera a curva de demanda por maçãs para uma posição como C D.c) altera a curva de demanda por maçãs para uma posição como A D.d) altera apenas a curva de oferta de maçãs.e) não altera a posição da curva de demanda por maçãs.

Vamos começar! Apenas lembrando, resolveremos as questões da Cesgranrio primeiro para que você compreenda a movimentação gráfica, ok? Posteriormente, vamos resolver as ques-tões do Cespe também!

Primeiramente, vamos entender o que diz a questão.

Ela está analisando a demanda por maçãs, correto? Além disso, é importante que você compre-enda que houve uma variação na vida do consumidor: nesse caso, foi o preço da pera, um bem relacionado, que aumentou. Além do mais, a pera é um bem substituto da maçã.

Assim, o raciocínio para resolver é o seguinte: o preço da pera aumentou, logo eu vou consumir menos pera, confirma? Como a pera é um substituto da maçã, eu vou consumir menos maçã! Além disso, como não houve uma alteração do preço da maçã, não vou fazer com que haja um deslocamento ao longo da curva, mas, da curva!

Por fim, como haverá um deslocamento da curva de demanda de maçã no sentido de aumento do consumo, essa curva irá para a direita, ok?

Já que compreendemos todos os passos da questão, vamos verificar item a item?

Para fazer diferente, vamos resolver da última para a primeira, ok?

Page 68: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

www.acasadoconcurseiro.com.br68

Vejamos:

A alternativa (E) afirma que não altera a posição da curva de demanda por maçãs. Veja, essa al-ternativa estaria correta se estivéssemos falando do impacto da variação do preço da gasolina na demanda por maçãs. Aí sim, essa altenativa estaria correta. Mas a questão deixa bem claro que há sim uma relação entre maçã e pera! Esses bens são substitutos! Assim, mesmo que você não soubesse para onde vai a curva de demanda, você sabe que ela, de alguma forma, será alterada!

Logo, a alternativa (E) é falsa!

E vamos subindo!

A letra (D), por sua vez, afirma que altera apenas a curva de oferta de maçãs. Nesse caso, você tenderia a pensar que é verdadeiro, mas note que é uma alteração na oferta e não na de-manda! Nós ainda não vimos o caso da oferta (vamos ver isso já já) e, só antecipando, ela não é alterada quando há variações no comportamento do consumidor, mas no comportamento da empresa! Assim, como a questão fala no comportamento do consumidor (maçã e pera são bens substitutos para o consumidor), a letra (D) também é falsa.

A assertiva (C) diz que a variação no preço da pera altera a curva de demanda por maçãs para uma posição como AD. Vamos olhar no gráfico anterior?

Embora não tenha sido desenhada a curva, se você ligar os pontos A e D, irá verificar que have-rá uma mudança na inclinação da curva de demanda. Pelo que nós vimos, sempre que houver a alteração de um fator que altera a demanda, haverá um deslocamento paralelo da curva, logo, a alternativa é falsa! Compreendido?

A alternativa (B), por sua vez, afirma que alterações no preço da pera altera a curva de deman-da por maçãs para uma posição como CD. Observe que, diferentemente do que foi visto na as-sertiva anterior, a alternativa (B) mostra um deslocamento paralelo, o que, de fato, é ocasiona-do quando há variações em outros fatores que alteram a demanda, que não o preço. Contudo, a alternativa (B) não é verdadeira porque mostra um deslocamento paralelo para a esquerda! Como maçãs e peras são bens substitutos, uma vez que o preço da pera aumenta, como vimos, haverá um deslocamento da demanda para a direita, já que o consumidor tenderá a consumir mais maçãs frente a peras.

Finalmente, a alternativa correta é a letra (A). Ela afirma que altera a curva de demanda por maçãs para uma posição como AB. No gráfico, é possível observar com a setinha vermelha que a alternativa (A) é correta! Um aumento no preço das peras levará a um aumento da demanda por maçãs, tendo em vista que esses bens são substitutos para o consumidor.

Page 69: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

Polícia Federal - Agente de Polícia – Economia – Profª Amanda Aires

www.acasadoconcurseiro.com.br 69

GABARITO: (A)

Viu como as questões da Cesgranrio ajudam? Por mostrar os gráficos, elas nos indicam como deve ser o movimento. Mais tarde, você observará a importância disso quando for ver as ques-tões da Cespe! É logo menos!

Mais uma da Cesgranrio!

Exercício 3

(Cesgranrio – Secad-TO – Economista, 2005) Dos itens abaixo, a curva de demanda só NÃO afeta e desloca:

a) a renda.b) os gostos.c) o preço dos insumos.d) o preço dos bens.e) o número de compradores.

Diferentemente da anterior, nós não vamos, nessa questão, encontrar gráficos! Mas essa aqui é especial porque ela pede os conceitos fundamentais. Vamos ver juntos?

A alternativa (A) diz que a renda não desloca a curva de demanda! Será?

De acordo com o que vimos, a renda desloca a curva de demanda sim, podendo mover para a direita ou para a esquerda! O movimento da curva de demanda dependerá, entre outras coisas, do tipo de bem em questão. Se normal ou inferior. Logo, a letra (A) está errada pois a renda afeta, sim, a curva de demanda.

Vamos adiante:

A assertiva (B) diz que os gostos não alteram a curva de demanda! Ora, nós vimos que os gostos ou as preferências alteram sim a curva de demanda do consumidor. Dessa forma, a alternativa (B) também não é a correta. Lembre-se de que, quando chove, suas preferências por uma som-brinha mudam!

Em seguida, a letra (C) afirma que os preços dos insumos não alteram a curva de demanda. Nesse caso, essa sim é a alternativa que responde à questão. De fato, se você lembrar o con-ceito de insumos: bens utilizados na produção de outros bens, observará que isso não gera um deslocamento da demanda dos consumidores, já que afetará, como veremos posteriormente, a oferta das empresas!

Continuando, a alternativa (D) diz que os preços dos bens não alteram a curva de demanda! Como você pode ver pela questão, esse fato não é verdade. Os preços dos outros bens podem deslocar a demanda sim! Nesse caso, o movimento dependerá da relação que existe entre os bens: se de complementaridade ou se de substitutibilidade!

Por fim, a letra (E) diz que o número de consumidores não desloca a curva de demanda. Pode-mos, então, considerar a alternativa de duas formas: inicialmente, a questão não fala se a curva

Page 70: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

www.acasadoconcurseiro.com.br70

de demanda em análise é a curva de demanda individual ou se é a curva de demanda de merca-do. Se considerar a curva de demanda de mercado, como ela é dada pela soma das demandas in-dividuais, um aumento no número de consumidores, deslocará, sim, a curva de demanda de mer-cado. Por outro lado, quando se considera a demanda individual, você tem que pensar o seguinte: para alguns bens, o fato de mais consumidores estarem comprando desse bem faz com que as pessoas se sintam mais interessadas em consumi-lo. Um exemplo recente disso é o facebook. Por que as pessoas ingressam nessa rede social? Simples, porque elas sabem que cada vez mais pessoas entram na comunidade. Por outro lado, o que faz com que as pessoas tenham reduzido o seu uso de Orkut? O fato inverso! As pessoas usam menos o Orkut porque cada vez menos há interessados em ingressar nessa comunidade! Compreendido? Logo, o número de compradores ou consumidores afetará, sim, a curva de demanda individual e de mercado!

GABARITO: (C)

Vamos agora pegar pesado nas questões da Cespe? Começando pelas facinhas...

Exercício 4

(TJ-CE – Analista Judiciário – 2008) A microeconomia estuda o comportamento indivi-dual dos agentes econômicos e, por isso, constitui um sólido fundamento à análise dos agregados econômicos. A esse respeito, julgue os itens a seguir.

A preocupação crescente com o meio ambiente tem conduzido ao uso de energias cada vez mais limpas e à redução da demanda de petróleo, o que provoca um desloca-mento ao longo da curva de demanda por esse combustível.

Vamos lá.

A primeira coisa que deve ser compreendida quando se fala em questões da Cespe: você não terá desenhos dos gráficos, por isso, é preciso abstrair as informações. Essa foi a justificativa para utilizar, primeiro, as questões da Cesgranrio, já que elas trazem os desenhos que facilitam o entendimento.

Enfim, vejamos.

A questão fala sobre as energias limpas e o petróleo. Veja que a questão analisa o que acontece com a curva de demanda do petróleo, certo?

Nesse caso, a primeira pergunta que você deve fazer a si mesmo é:

“O preço do bem em questão foi alterado?” Em caso afirmativo, se o preço do bem analisado foi alterado, você já sabe que haverá um deslocamento ao longo da curva de demanda! Se isso não for verdade, ou seja, se não houver variação no preço do bem em questão, a próxima per-gunta que você deve fazer é: “qual dos elementos do grande grupo de variáveis foi alterado?”

• Gostos ou preferências?

• Preços dos bens relacionados?

• Renda?

• Expectativas?

Page 71: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

Polícia Federal - Agente de Polícia – Economia – Profª Amanda Aires

www.acasadoconcurseiro.com.br 71

Nesse caso, se um desses fatores for alterado, haverá um deslocamento da curva de demanda!

Note que, na questão, não se considera que houve uma variação no preço do petróleo, logo, você já sabe que não haverá um deslocamento ao longo da curva de demanda desse combustí-vel! Só por isso, você já saberia que a questão está incorreta!

Mas vamos compreender onde está o erro dela.

Observe que não houve uma alteração no preço da energia limpa. Tampouco houve alteração na renda ou nas expectativas para o futuro do consumidor. Na questão, os gostos ou as expectativas foram alterados! Veja que, segundo a questão, “A preocupação crescente com o meio ambiente tem conduzido ao uso de energias cada vez mais limpas”. Note que a preocupação das pessoas faz parte das preferêncais delas! Assim, haverá um deslocamento da curva de demanda por pe-tróleo para a esquerda porque as pessoas passarão a consumir menos do combustível!

Graficamente, chamando D2 de demanda inicial e Q2 de quantidade inicial de petróleo, tere-mos:

GABARITO: FALSO

Vamos para mais uma questão igualzinha da Cespe?

Exercício 5

(Pref – Vitória-ES – Controlador de Recursos Municipais – 2008) A análise microeco-nômica estuda o comportamento individual dos agentes econômicos e, por essa razão, constitui um fundamento sólido à análise dos grandes agregados econômicos. A esse respeito, julgue os itens a seguir.

A descoberta de que o consumo de azeite de oliva contribui para elevar os níveis do bom colesterol desloca a curva de demanda por esse tipo de azeite para cima e para a direita.

E não é que é a mesma questão com uma historinha diferente??

Lembra do que vimos na aula passada?

Page 72: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

www.acasadoconcurseiro.com.br72

Fique atento!As provas de economia se resumem a conceitos! A historinha vai mudar, mas o conceito envolvido e a mecânica de solução (quando for o caso) serão os mesmos!

Pois é, ela ficará bem clara com a resolução desta questão.

Vamos lá!

Pergunta número 1:

“Houve alteração do preço do bem em questão?” pela questão acima, você observa que não houve alteração no preço do bem analisado, certo?

Na verdade, está bem claro o fator alterado: assim como na questão anterior, nessa questão, a variável modificada foi a variável gostos ou preferências! Basta analisar a primeira parte da alternativa: “A descoberta de que o consumo de azeite de oliva contribui para elevar os níveis do bom colesterol”. Veja que em nenhum momento se falou em renda ou em perspectivas para o futuro ou ainda em preço do bem relacionado. Nesse caso, como nós sabemos que de-terminado bem faz bem a saúde, iremos consumir mais. Assim, de acordo com o que a questão afirma, haverá um deslocamento da curva de demanda para a direita e para cima.

Para a direita e para cima??

Sim, para a direita e para cima! Para compreender isso, basta lembrar da análise que fizemos acima, quando há uma variação na renda do consumidor! No caso da questão, basta pensar que, para um mesmo preço, as pessoas passarão a consumir mais do azeite de oliva e uma mesma quantidade será consumida por um preço maior, já que o benefício trazido, agora, também será maior!

Vamos ver no gráfico agora? Nesse caso, consideremos que a demanda inicial é a curva D1 e a quantidade incial é a quantidade Q1.

GABARITO: VERDADEIRA

Page 73: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

Polícia Federal - Agente de Polícia – Economia – Profª Amanda Aires

www.acasadoconcurseiro.com.br 73

Mais uma no mesmo estilo?

Exercício 6

(Ministério da Saúde – Economia da Saúde – 2008) A microeconomia, que analisa o comportamento dos agentes econômicos individuais, constitui um instrumental im-portante na análise de questões ligadas à economia da saúde. A respeito desse assun-to, julgue os itens de 51 a 65.

A descoberta de que ingerir peixes de água fria, como truta, atum ou salmão, no míni-mo uma vez por semana, contribui para a prevenção de doenças coronárias e ataques cardíacos eleva a demanda desse tipo de peixes, deslocando, assim, a curva de deman-da de mercado desses pescados para cima e para a direita.

Veja que a questão 6 é EXATAMENTE IGUAL a questão 5! Sem tirar nem por!

Para não dizer que é 100% idêntica, a única coisa que se altera é a gloriosa historinha!

Mas, nesse caso, assim como na questão anterior, “A descoberta de que ingerir peixes de água fria, como truta, atum ou salmão, no mínimo uma vez por semana, contribui para a preven-ção de doenças coronárias e ataques cardíacos” levará a uma alteração nos gostos dos consu-midores. Dessa forma, como as pessoas preferem consumir mais do bem, haverá um desloca-mento da curva de demanda para a direita e para cima!

GABARITO: VERDADEIRA

Exercício 7

(CNPq – Analista Pleno I – 2004) A microeconomia estuda o comportamento individual dos agentes econômicos e, por essa razão, constitui um sólido fundamento à análise dos agregados econômicos. A esse respeito, julgue os itens a seguir.

A política recente das companhias aéreas de conceder descontos substanciais nos vôos noturnos leva à redução da demanda de passagens rodoviárias.

Vamos ver essa agora? Já fez a primeira pergunta mental?

“Houve alteração no preço do bem em questão?”

A primeira vista, você observa que houve uma alteração de preço, mas essa alteração é no pre-ço do bem em questão? Veja o seguinte, qual é a curva de demanda que está sendo analisada? A das passagens aéreas ou das passagens rodoviárias? A questão pede para ver uma alteração na curva de demanda das passagens rodoviárias, não das passagens aéreas, não é isso?

Nesse caso, não haverá um deslocamento ao longo da curva de demanda das passagens rodo-viárias já que não houve uma alteração do preços destas, certo?

Page 74: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

www.acasadoconcurseiro.com.br74

Além disso, existe um efeito na curva de demanda de passagens rodoviárias que é oriunda de uma alteração na política das companhias aéreas. Como as companhias reduziram os preços das passagens aéreas e tendo em vista que as passagens aéreas e rodoviárias são bens subs-titutos, haverá um aumento da quantidade demandada das passagens aéreas em detrimento da demanda das passagens rodoviárias. Assim, haverá um deslocamento da curva de demanda das passagens rodoviárias para a esquerda, mostrando uma redução da demanda!

Simples?

Só para concluir, a curva de demanda das passagens aéreas será deslocada para a esquerda por haver uma redução no preço de um bem substituto! Assim, as pessoas procurarão sempre con-sumir aquele bem que ficou relativamente mais barato!

GABARITO: VERDADEIRA

Tranquilo?

Próxima questão, mesmo raciocínio!

(Cespe... eles adoram uma repetição!)

Exercício 8

(Anatel – Especialista em Regulação de Serviços Públicos de Telecomunicações – 2004) A microeconomia estuda o comportamento individual dos agentes econômicos e, por essa razão, constitui um sólido fundamento à análise dos agregados econômicos. A esse respeito, julgue os itens subseqüentes.

Os avanços tecnológicos que culminaram na expansão da comunicação em tempo real, por via eletrônica (chats), deslocam a curva de demanda dos serviços de telefonia fixa e celular para baixo e para a esquerda, atestando, assim, que esses serviços são bens complementares.

Questão idêntica à anterior.

Em uma análise bem direta: se você fala com uma pessoa pelo chat do facebook, você precisa ligar para essa pessoa para dizer a mesma coisa? Não, né? Então, de fato, um incremento na tecnologia fará com que você utilize menos serviços de telefonia fixa e celular, deslocando a curva de demanda desses serviços para a esquerda!

Graficamente:

chamando D2 de demanda inicial e Q2 de quantidade inicial de petróleo, teremos:

Page 75: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

Polícia Federal - Agente de Polícia – Economia – Profª Amanda Aires

www.acasadoconcurseiro.com.br 75

Até aqui, a questão está toda certinha. Para finalizar, a questão afirma que: “atestando, assim, que esses serviços são bens complementares.”. E eis aí, o erro! Os chats e os serviços de tele-fonia não são bens complementares, mas substitutos! Nesse caso, a alternativa é falsa!

GABARITO: FALSA

Pensando em bens substitutos e bens complementares, vamos ver a próxima questão??

Só para adiantar:

Esta Difícil?

Exercício 9

(Anatel – Especialista em Regulação de Serviços Públicos de Telecomunicações – 2004) A microeconomia estuda o comportamento individual dos agentes econômicos e, por essa razão, constitui um sólido fundamento à análise dos agregados econômicos. A esse respeito, julgue os itens subseqüentes.

O gráfico que relaciona a demanda de determinado bem com o preço de outro bem, que seja substituto ou concorrente do primeiro, apresenta uma inclinação crescente.

Essa é uma das questões mais interessantes que eu já vi o Cespe postar. Para resolvê-la, vamos precisar de um pouco mais de criatividade. Vamos analisar?

Em primeiro lugar: ele pede para que você analise a demanda de um bem com o preço do seu substituto.

Ora, quando o preço da gasolina aumenta, por exemplo, haverá um aumento da quantidade demanda de álcool. Não é isso? Para ficar mais fácil, vamos ver graficamente:

Page 76: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

www.acasadoconcurseiro.com.br76

Observe que, em uma primeira situação, nós temos que, para um preço P1 da gasolina, as pessoas estarão demandando Q1 unidades de álcool, como é visto pelo ponto A, mostrado a seguir.

Imagine agora que haja um aumento no preço da gasolina, ou seja, ao invés de P1, nós teremos um valor mais elevado, P2. Nesse caso, haverá um aumento da quantidade demandada de ál-cool, já que os dois bens são substitutos. Assim, a quantidade demandada de álcool será uma quantidade Q2, maior que a quantidade original, Q1. Esses dois aumentos são mostrados no gráfico seguinte:

Agora, é tarefinha de criança! Basta apenas ligar os pontos, o que é mostrado no último gráfico da questão:

Page 77: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

Polícia Federal - Agente de Polícia – Economia – Profª Amanda Aires

www.acasadoconcurseiro.com.br 77

Logo, a alternativa apresentada está correta, já que a curva possui, de fato, uma inclinação po-sitiva!

Vale notar um aspecto aqui: o que a questão pede é muito mais um exercício matemático do que qualquer outra coisa. Economicamente, não existe nenhum tipo de interpretação para o ponto solicitado!

GABARITO: VERDADEIRA

Entendido até aqui?

Antes de passarmos a analisar a questão da empresa e da curva de oferta, gostaria de explicar um ponto bastante frequente nas provas: os efeitos renda e substituição, oriundos da variação do preço, também denominado de efeito preço. Esse ponto é bem importante porque nos per-mite compreender melhor o bem de Giffen, que nós começamos a compreender no início da aula. Vamos ver?

Você lembra que, quando o preço aumenta, a quantidade demanda diminui, não é? Explicando de forma mais técnica, existe uma relação entre um aumento do preço do bem, a troca por um substituto que ficou relativamente mais barato e a perda do poder de compra pelo consumidor. Assim, podemos dizer que o comportamento do consumidor com relação ao preço decorre da atuação conjunta de dois efeitos: o efeito-renda e o efeito-substituição.

Vejamos como compreender esses efeitos. Com o aumento do preço, uma parte da redução da minha demanda por determinado bem quando o seu preço aumenta pode ser explicada pelo fato de que haverá um estímulo para que eu busque outras alternativas para satisfazer minha necessidade pelo bem que teve o aumento de preço, por exemplo. Assim, passarei a olhar de outra maneira os bens substitutos. Basta lembrar do caso do sushi, mostrado inicialmente na aula. Com o aumento do preço dos rodízios de sushi, você procurará ir mais vezes ao rodízio de carnes ou massas, por exemplo. Nesse caso, para o consumidor, as carnes e as massas são subs-titutos do sushi. Dizemos que rodízios de sushi, carnes e massas são substitutos no consumo.

Uma forma bem simples de verificar o efeito substituição é a seguinte: você está no supermer-cado e observa que aquele bem que você costumava comprar mais barato está, agora, mais caro. Você olha o produto e pensa: “Por esse preço aqui, esse bem está muito caro para o que ele me traz. Prefiro comprar o produto B, que é mais caro, mas pelos menos é melhor e a dife-rença nem é tão grande assim...”. Já aconteceu isso com você? Porque comigo, já.

O outro efeito que explica a redução do consumo de um bem é o efeito renda. Esse efeito decorre da perda de poder aquisitivo causada pelo aumento de preço de um bem que faz parte da cesta de compras do consumidor.

Para compreender melhor o efeito renda, vale aqui um exemplozinho matemático. Digamos que eu gaste, semanalmente, R$ 63 em rodízios de sushi (eu vou três vezes na semana e pago, em cada uma delas, R$ 21). Agora, considere que a minha renda semanal é de R$ 200. Digamos agora que o preço do rodízio de sushi dobre, passando a ser R$ 42. Ao novo preço do rodízio de sushi, se eu, como consumidora, quisesse adquirir a mesma quantidade de sushi que eu demandava antes do aumento, eu teria que gastar o dobro de antes, ou seja, R$ 126, restando agora R$ 74 para os outros bens e não R$ 137 como anteriormente, o que, consequentemente, me forçará a deixar de comprar vários itens. Dessa forma, o aumento do preço do sushi faz com que haja um efeito de “empobrecimento” do consumidor. Ficou claro?

Page 78: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

www.acasadoconcurseiro.com.br78

Um fato complicador ainda no que diz respeito ao efeito renda é que ele depende de cada tipo de bem: normal, inferior ou de Giffen. O quadro seguinte apresenta uma explicação para como você precisará compreender o efeito renda, e, assim, o efeito preço, para cada tipo de bem. Vamos analisar?

Antes de começar, algumas explicações básicas:

O efeito preço, como o próprio nome diz, fala sobre a variação de preços. No nosso caso, vamos considerar sempre um aumento de preços para poder ver a diferença entre os bens, certo? Fica como tarefa de casa ver as reduções!

Depois, vou colocar os sinais de (+) ou (-) nos efeitos renda e substituição para que você compreenda se houve um aumento ou uma diminuição da quantidade demandada, certo?

Preste atenção!

Ponto importante: a compreensão desse quadro é superchata, eu sei, mas é extremamente importante no caso das provas da Cespe, ok?

Vamos lá, sem decorar!

1. Imagine, primeiramente, que o preço das laranjas aumente. Nesse caso, você vai trocar laranja por um bem que ficou relativamente mais barato, digamos, a maçã (veja que o preço da maçã aqui pouco importa). Assim, o efeito substituição será negativo, já que você reduzirá a quantidade demanda de laranja. Isso é mostrado no quadro.

Imagine agora o seguinte: com um aumento do preço da laranja, você ficou mais rico ou mais pobre? Veja, com um aumento de preço, seu poder de compra diminuiu, já que você agora precisa de mais dinheiro para comprar a mesma quantidade de bens. Logo, para simplificar, diremos que você ficou mais pobre, ok?

Continuando, agora que você ficou mais pobre, você vai comprar mais ou menos laranja? Como a laranja é, para a maioria das pessoas, um bem normal, nesse caso, você comprará menos la-ranja, correto? Assim, colocaremos um (-) no efeito renda para a laranja, ok?

Efeito preço Efeito substituição Efeito renda Tipo de bem

Aumento no preço das laranjas (+) (-) (-) Normal

O que podemos dizer sobre os efeitos renda e substituição para o caso do bem normal? Pode-mos dizer que esses efeitos se reforçam! É exatamente assim que a Cespe analisa esse tipo de questão! Se falou em bem normal, eu já sei que os dois efeitos atuam na mesma direção, ou seja quando o preço aumenta, por exemplo, haverá uma redução da quantidade demandada do bem normal porque houve uma redução por parte do efeito substituição e outra por parte do efeito renda!

Vamos continuar: Imagine agora o que acontece com a sardinha enlatada.

Page 79: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

Polícia Federal - Agente de Polícia – Economia – Profª Amanda Aires

www.acasadoconcurseiro.com.br 79

2. Digamos que o preço da sardinha enlatada aumente. Assim como no caso anterior, você demandará menos sardinha porque comprará, por exemplo, carne em conserva! Assim, podemos dizer que também para esse bem, o efeito substituição também será negati-vo, já que um aumento do preço induz as pessoas a demandarem menos de determinado bem, substituindo-o.

Agora vamos pensar no poder de compra do consumidor: assim como no caso da laranja, com um aumento do preço, haverá uma redução do poder de comprar do consumidor, certo?

Mas em que a sardinha enlatada é diferente da laranja? Em uma simples explicação: para a maior parte das pessoas, a sardinha enlatada é um bem inferior! Ou seja, quando a renda dimi-nui, as pessoas usualmente consomem mais do bem!

Como Assim???

Pois é, eu disse a você que não seria simples...

Veja, estamos falando do poder de compra dos consumidores! Logo, como o consumidor está mais pobre, ele tenderá a consumir mais de determinado bem, logo o efeito renda será positi-vo, como mostrado no quadro a seguir:

Efeito preço Efeito substituição Efeito renda Tipo de bem

Aumento no preço da sardinha enlatada

(+)(-) (+) Inferior

Nesse caso, para os bens inferiores usuais, embora a demanda aumente por causa do efeito renda, o efeito substituição sobrepõe-se ao efeito renda. Logo, quando o preço de determina-do bem aumenta, a demanda é reduzida! (embora diminua menos que para o caso dos bens normais!)

RESUMINDO: Para o caso dos bens inferiores, diremos que os efeitos renda e substituição não se reforçam, eles caminham no sentido contrário, prevalecendo o efeito substituição!

Por fim, vamos lembrar do glorioso caso das batatas inglesas na Inglaterra da Revolução Indus-trial: os bens de Giffen

3. Imagine agora que houve um aumento de preços para as nossas batatas inglesas. Nesse caso, assim como nos dois casos anteriores, as pessoas trocarão o bem que ficou relativa-mente mais caro por outros que ficaram relativamente mais baratos, correto? Dessa forma, assim como nos casos anteriores, o efeito substituição das batatas inglesas possuirá um sinal contrário ao efeito preço.

Continuando... de forma exatamente igual ao que acontece com os bens inferiores, com o au-mento dos preços, haverá uma redução do poder de compra dos consumidores. Assim, como o bem de Giffen é um tipo de bem inferior, haverá um aumento da quantidade demandada das batatas. Dessa forma, o efeito renda dos bens de Giffen também será positivo.

Page 80: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

www.acasadoconcurseiro.com.br80

Ora, então, em que os bens de Giffen se diferem dos bens inferiores?

A diferença está na intensidade dos efeitos renda e substituição. Para o caso dos bens inferio-res, prevalecerá o efeito substituição. Já no caso dos bens de Giffen, prevalece o efeito ren-da. Assim, quando o preço aumenta, a quantidade demandada também aumentará! O quadro mostra esse efeito.

Efeito preço Efeito substituição Efeito renda Tipo de bem

Aumento no preço das batatas inglesas

na Inglaterra durante a revolução

industrial (+)

(-) (+) Bem de Giffen

Viu que o bem de Giffen é chatinho? Pois é, é justamente por isso que a Cespe e as demais bancas adoram esse bem, infelizmente.

O quadro seguinte apresenta um resumo dos três tipos de bens!

Efeito preço Efeito substituição Efeito renda Tipo de bem

Aumento no preço das laranjas (+) (-) (-) Normal

Aumento no preço da sardinha enlatada (+) (-) (+) Inferior

Aumento no preço das batatas inglesas na Inglaterra durante a

Revolução Industrial (+)

(-) (+) Bem de Giffen

Para que não restem dúvidas, vamos ver um exemplo numérico para diferenciar os bens infe-riores e de Giffen?

Continuando com a sardinha enlatada e as batatas inglesas...

Imagine que o preço da sardinha enlatada aumente. Nesse caso, do lado do efeito substitui-ção, haverá uma redução de, digamos 5 na quantidade demandada. Por outro lado, haverá um aumento de 3 devido ao efeito renda positivo. Assim, o efeito líquido será de -2. Logo, um au-mento no preço leva a uma redução na quantidade demandada do bem! Compreendido agora?

Vamos ver agora o caso das batatas: um aumento de preços levará a uma redução na quantida-de demandada devido ao efeito substituição. Assim, digamos que a redução seja de 3. O efeito renda, por sua vez, foi positivo e de 5. Logo, para o caso dos bens de Giffen, com uma variação positiva do preço do bem, haverá, também, uma variação positiva na quantidade demandada. Dessa forma, o bem de Giffen será o único tipo de bem a não respeitar a lei da demanda, já que possui uma inclinação positiva! Mais fácil agora?

Page 81: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

Polícia Federal - Agente de Polícia – Economia – Profª Amanda Aires

www.acasadoconcurseiro.com.br 81

Fique atento!Uma coisa que você deve observar sempre no que diz respeito ao efeito preço e ao efeito substituição é que eles SEMPRE possuirão sinais contrários, para quaisquer tipos de bens! O sinal do efeito renda dependerá do tipo de bem. Para os bens normais, ele será o mesmo do efeito substituição. Para os bens inferiores, ele será contrário, mas menor. No caso dos bens de Giffen, ele também será contrário e ainda maior que o efeito substituição.

Resumindo:

“quando se verifica um aumento no preço de um bem ou serviço, isto tem como consequência uma redução na quantidade demandada, que corresponde ao efeito total. Esse efeito total resulta da soma do efeito substituição e do efeito renda”

Vamos praticar para ser feliz?

Hora de Praticar!

Exercício 10

(Cesgranrio – MPE-RO – Economista 2005) Um bem normal ou superior é aquele cujo efeito-renda é:

a) indeterminado.b) negativo.c) inferior ao efeito-substituição.d) positivo.e) nulo.

E lá vamos nós com a Cesgranrio para começar!

Primeira coisa, vamos compreender o que é um bem superior: Ele é o tipo de bem que, quan-do o preço aumenta, a quantidade demandada diminui “muito” ou, quando o preço diminui, a quantidade demandada aumenta “muito”. Por enquanto, esse “muito” ainda não está claro, pois você precisará entender a elasticidade primeiro antes de precisar esse valor, ok?

Para ser mais sintética ainda, vou dizer que o bem superior é um tipo de bem normal. Um caso especial desse tipo de bem.

Page 82: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

www.acasadoconcurseiro.com.br82

Analisando a questão, ela procura saber qual o efeito renda para o caso dos bens normais e dos bens superiores. Ora, como já vimos, o bem normal possui o efeito renda negativo quando o preço aumenta e, você deve ter observado que, quando o preço diminui, o efeito renda é posi-tivo, levando assim a questão a um ponto de confluência!

Mas, não se engane, a questão não está incorreta e eu vou explicar a razão disso quando for-mos responder item a item!

A alternativa (A) afima que o efeito renda é inderteminado! Como já vimos, quando o bem é nor-mal, é possível, sim, precisar qual será o valor do efeito renda. Logo, a alternativa (A) é incorreta.

A letra (B), por sua vez, diz que o efeito renda é negativo. Aqui, vale uma explicadinha antes de prosseguirmos:

Veja que a variação da quantidade demandada oriunda do efeito renda para o caso dos bens normais sempre de acordo com o sentido da renda (ou o poder de compra). Por exemplo, se o poder de compra diminui, o consumo diminui; se o poder de compra aumenta, o consumo aumenta. Logo, nesse caso, diremos que os bens normais possuem efeito renda positivo, já que ele sempre seguirá o caminho da variação da renda.

Considerando tal fato, a letra (B) é falsa, ficando correta, por antecipação, a assertiva (D).

Em seguida, a alternativa (C) afirma que o efeito renda será inferior ao efeito substituição para o caso dos bens normais. Como vimos anteriormente, não é possível afirmar isso já que os dois efeitos vão no mesmo sentido. Tal alternativa poderia ser considerada positiva se estivéssemos analisando o caso dos bens inferiores. Aí sim, seria possível afirmar isso.

Por fim, a letra (E) afirma que o efeito será nulo. Essa alternativa não é correta nem para os bens normais, nem para os bens inferiores ou de Giffen. Esse “poderia” ser o caso dos bens ex-tremamente necessários, como os remédios. Mas eu disse: poderia, não há nada que indique, verdadeiramente que isso acontecerá, certo?

GABARITO: (D)

Exercício 11

(Cearáportos – Analista de Desenvolvimento Logístico – Economia – 2004 – Cespe) A análise microeconômica estuda o comportamento individual dos agentes econômicos e, por essa razão, constitui um fundamento sólido à analise dos grandes agregados econômicos. A esse respeito, julgue os itens que se seguem.

Se um bem inferior for também um bem de Giffen, então um aumento do seu preço elevará, também, a quantidade demandada desse produto.

Eis aí o nosso querido bem de Giffen!

Tem o que dizer sobre essa alternativa? Não, né? Agora que você já está careca de saber, o bem de Giffen caracteriza-se justamente por ser uma exceção à lei da demanda, ou seja, para esse tipo de bem, a curva de demanda será positivamente inclinada, ou seja, um aumento do preço leva a um aumento da quantidade demandada, exatamente como está posto na questão!

Page 83: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

Polícia Federal - Agente de Polícia – Economia – Profª Amanda Aires

www.acasadoconcurseiro.com.br 83

Ainda para reforçar o conteúdo, lembre-se de que, quando se falar em bem de Giffen, esse comportamento é observado porque quando o preço aumenta, o efeito substituição é sobreposto pelo efeito renda com sinal positivo; logo, a quantidade demandada aumentará!

Tranquilo? Eis aí a compreensão do bem de Giffen sendo solicitada nas provas!

GABARITO: FALSO

Exercício 12

(Anatel – Especialista em Regulação – 2004) Ainda acerca dos aspectos apontados no texto, julgue os seguintes itens, relativos a microeconomia.

O paradoxo de Giffen, que constitui uma exceção à regra geral da demanda, é consis-tente com a existência de uma curva de demanda positivamente inclinada para deter-minados bens.

Perguntas sobre?

A questão foi exatamente respondida no item anterior!

Apenas lembrando: as questões sobre bens de Giffen se resumirão (ainda bem) a explicações sobre a curva de demanda. Nunca se questionará, por exemplo, sobre equilíbrio de mercado que envolva esse bem. Mais tarde, você compreenderá a razão disso.

GABARITO: VERDADEIRA

Exercício 13

(Economia – DPU – Cespe – 2010) Assinale a opção correta a respeito dos efeitos preço, renda e substituição.

O efeito substituição negativo é dominado pelo efeito renda positivo caso haja aumento de preço de um bem de Giffen.

E mais sobre o nosso bem mais querido! E olha só, exatamente o que nós vimos anteriormente e batemos na compreensão! É exatamente assim que as bancas analisam! Como elas (felizmente) compreendem a complexidade do tipo do bem, sempre colocarão questões relativamente simples!

No caso dessa questão, foi exatamente o que nós vimos anteriormente no exemplo: quando o preço aumenta, as pessoas passarão a demandar menos por causa do efeito substituição. Por outro lado, passarão a demandar mais devido ao efeito renda. Para o caso do bem de Giffen, como analisamos, haverá uma sobreposição do efeito renda sobre o efeito substituição; logo, a alternativa está rendondinha e verdadeira!

GABARITO: VERDADEIRA

Page 84: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

www.acasadoconcurseiro.com.br84

Exercício 14

(Economia – DPU – Cespe – 2010) Assinale a opção correta a respeito dos efeitos preço, renda e substituição.

O efeito renda altera os preços relativos dos bens, ocasionando, porém, a manutenção do poder aquisitivo do consumidor.

E a coisa vai complicando!

Vamos lá.

A questão pergunta sobre o efeito renda e diz que ele altera os preços relativos. Lembra quando a gente estava estudando efeito preço, desmembrando em efeito renda e efeito substituição?

Pois é, eu falei que um deles alterava a demanda porque deixava um bem relativamente mais caro que outro. Que efeito foi esse?

Foi o efeito substituição!

Só para fixar: falou-se em efeito substituição, vamos lembrar da alteração dos preços relativos!

Falou-se em efeito renda, vamos lembrar de alteração no poder de compra.

Com isso em mente, você resolve uma série de questões desse tipo!

No caso dessa questão, ela estaria perfeitamente correta se falasse sobre o efeito substituição já que, quando nós falamos em variação de preço relativo, não falamos em nenhum momento em variação do poder de compra; logo, ele seria mantido para fins de análise. No caso do efei-to renda, deverá existir, necessariamente, uma alteração no poder aquisitivo do consumidor. Além disso, no caso do efeito renda, não se considera a alteração dos preços relativos!

Assim, a afirmativa é falsa!

GABARITO: FALSO

Exercício 15

(Economia – DPU – Cespe – 2010) Assinale a opção correta a respeito dos efeitos preço, renda e substituição.

Aumento no preço de um bem normal implica que os efeitos renda e substituição têm sinais opostos.

Eu li sinais? Olha aí a importância de compreender como eles funcionam aqui! Tá vendo aí?

O que foi que nós vimos sobre os sinais?

Page 85: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

Polícia Federal - Agente de Polícia – Economia – Profª Amanda Aires

www.acasadoconcurseiro.com.br 85

Vamos relembrar com o quadro a seguir? Para facilitar a compreensão, deixei a parte dos bens normais destacada!

Efeito preço Efeito substituição Efeito renda Tipo de bem

Aumento no preço das laranjas (+) (-) (-) Normal

Aumento no preço da sardinha enlatada (+) (-) (+) Inferior

Aumento no preço das batatas inglesas na Inglaterra durante a

revolução industrial (+)

(-) (+) Bem de Giffen

E o que nós temos aqui? Olha só! Para o caso dos bens normais, os sinais dos efeitos renda e substituição são exatamente iguais! Logo, a alternativa é falsa! Aqui, vale notar que ela estaria correta se falasse dos bens inferiores ou ainda dos bens de Giffen! Como ela falou sobre os bens normais, vamos ter que lembrar sempre que eles atuam no sentido de se intensificarem, não no sentido de se anularem, ok?

GABARITO: FALSO

E vamos para a última de demanda para finalmente começar a conversa sobre a curva de ofer-ta? Só para que você fique situado, até aqui, já respondemos 31 itens, entre alternativas da Cesgranrio e itens propriamente ditos da Cespe! Vamos agora ao 32º!

Exercício 16

(Economia – DPU – Cespe – 2010) Assinale a opção correta a respeito dos efeitos preço, renda e substituição.

Para bens complementares, não existe efeito renda, e, para bens substitutos perfeitos, não existe efeito substituição.

Vamos analisar a nossa última questão a respeito da curva de demanda e dos efeitos renda e substituição.

Veja só, a questão fala sobre bens complementares e bens substitutos. Vamos ver. O item afir-ma que não existe efeito renda para os bens complementares, ou seja, de acordo com a ques-tão, se o preço do arroz aumentar, por exemplo, e considerando que o arroz é um bem normal, não haverá uma redução do consumo, já que o arroz é complementar do feijão e o feijão nada sofreu. Fica complicado pensar assim, né? Porque praticamente todos os bens possuirão algum complementar: escova de dente e creme dental, queijo e goiabada, café com açúcar, calça e cinto e por aí vai.

Page 86: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

www.acasadoconcurseiro.com.br86

Logo, é possível dizer que a questão está incorreta.

Continuando, a questão afirmou que, para os substitutos perfeitos, não existe efeito substituição. Nesse caso, mesmo que você não soubesse sobre os bens complementares, é claro que você sabe sobre os bens substitutos. Além disso, a questão diz que eles são substitutos perfeitos, ou seja, você trocaria de bem sem perder nenhum grau de bem-estar. Exemplos disso são caneta preta ou caneta azul (caso você não tenha nenhuma preferência exata, etc.)

Assim, quando se falar em substitutos perfeitos, nós teremos, sim, um forte efeito substituição! Logo, a questão é falsa!

GABARITO: FALSO

Agora que compreendemos tudo sobre o consumidor, está na hora de pensar no outro lado da economia. Vamos falar sobre as empresas. Essas e as suas respectivas curvas de oferta é o que veremos a seguir!

3.3. Lei da Oferta

Da mesma forma que a lei da demanda estabelece um padrão de comportamento do consu-midor perante o preço de um bem, a lei da oferta também analisa o comportamento, agora da empresa, quando se depara com um diferente nível de preço. De acordo com a lei da oferta, um crescimento no preço de um bem aumenta o incentivo para os produtores ofertá-lo no mercado, se tudo o que interfere no comportamento da empresa se mantém constante (sob a hipótese de ceteris paribus). Para se observar a veracidade desse fato, basta considerar o que ocorreu na economia brasileira no início do século XX, quando o país era o maior produ-tor mundial de café: com o aumento dos preços dessa mercadoria, os cafeicultores da época possuíam incentivos para produzir ainda mais, elevando o número de hectares destinados à produção dessa cultura.

Assim como a lei da demanda estabelece a função de demanda, a lei da oferta também define a função oferta, que informa que quantidade será produzida para cada preço:

Função Oferta: QS= S(P)

A curva de oferta representa essa relação positiva entre preço e quantidade ofertada.

Para compreender a formulação da curva de oferta, faremos um exercício similar ao realizado para construir a curva de demanda. Comecemos por uma historinha:

No Brasil, Pernambuco (meu querido estado) é o maior produtor de mangas (inclusive as sem caroço) do país. Essas mangas são diretamente enviadas para a Europa e lá concorrem com as mangas de Israel. Imagine que, por alguma razão, Israel entre em guerra com a Palestina. Como nós vimos pela curva de possibilidade de produção na aula demonstrativa, ele não poderá con-tinuar produzindo a mesma quantidade de mangas que usualmente produzia. Logo, haverá uma redução na quantidade de mangas que vai para a Europa. Com essa quantidade menor no mercado europeu, haverá um aumento de preços, correto? Os produtores de Pernambuco aumentarão a sua produção! Logo, quando o preço (por alguma razão) aumenta, a quantidade ofertada também aumenta!

Graficamente, temos o seguinte:

Page 87: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

Polícia Federal - Agente de Polícia – Economia – Profª Amanda Aires

www.acasadoconcurseiro.com.br 87

O ponto A no gráfico mostra a quantidade inicialmente ofertada de mangas por Pernambuco no mercado europeu:

Em seguida, haverá um aumento no preço da manga no mercado europeu (mostrado pela setinha verde). Isso levará Pernambuco a aumentar a sua produção (setinha vermelha):

Agora, novamente, é tarefinha de criança! Basta apenas ligar os pontos, o que é mostrado no último gráfico e voi là! Eis que temos a curva de oferta dessa economia! Simples assim!

Figura 5 – Curva de Oferta

Page 88: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

www.acasadoconcurseiro.com.br88

A curva de oferta representa a relação entre preço de um bem e a quantidade ofertada desse bem.

A curva de oferta representa o comportamento das empresas. Assim, aumentos nos preços le-varão às empresas a oferecer mais produtos no mercado, mostrando, dessa forma, uma relação direta entre preços e quantidades. Vale reforçar aqui que, assim como no caso da demanda, aumentos nos preços do bem em questão vão levar a movimentos ao longo da curva de ofer-ta. Felizmente, para o caso da oferta das empresas, nós não teremos exceções como o caso dos bens de Giffen para o consumidor \o/ Isso torna a análise de oferta bem mais simples que a análise de demanda inicialmente observada.

Assim como existem fatores que deslocam a curva de demanda, existem fatores que desloca-rão a curva de oferta. Esse fatores serão apresentados agora.

3.4. Deslocamento da curva de oferta no mercado

Assim como para demanda, a quantidade ofertada de determinado bem não depende exclusi-vamente do seu preço. Mas, assim como no caso da demanda, não é apenas o preço que altera a quantidade ofertada. Existirão outros fatores que alterarão a oferta das empresas. Por exem-plo, uma questão essencial para uma empresa decidir a quantidade que ofertará no mercado está relacionada aos seus custos de produção. Assim, se uma empresa consegue reduzir seus custos de produção, ela pode disponibilizar no mercado uma mesma quantidade com menor preço.

Contudo, não são apenas os custos que alteram a oferta das empresas. Outros fatores também gerarão o mesmo efeito. Os outros fatores que influenciam a oferta das empresas são:

• Tecnologia;

• Expectativas.

Assim, tecnologia, custos e expectativas são os três maiores grupos de fatores que influenciam a oferta. Graficamente, representa-se essa situação por meio do deslocamento da curva de oferta para baixo e para a direita, quando há um aumento da oferta (via redução de custos, ou avanços tecnológicos, por exemplo). Caso os custos de produção aumentem ou exista uma re-tração tecnológica, a curva de oferta desloca-se para cima.

No que diz respeito aos custos de produção de uma empresa, esses podem crescer devido a um aumento no preço de determinado insumo ou fator de produção, ou a um aumento nas taxas e nos impostos cobrados. Por outro lado, os custos podem ser reduzidos devido a uma dimi-nuição no preço dos insumos ou fatores de produção, à redução dos impostos e à criação ou aumento de subsídios. É possível, ainda, que os custos se reduzam devido a uma alteração na forma de se produzir o bem, em outras palavras, devido a uma evolução tecnológica.

Os deslocamentos da curva de oferta são apresentados na figura seguinte. Considerando a cur-va S2 como a curva de oferta inicial, a curva S3 representará um aumento na oferta, enquanto a curva S1 representará uma retração.

Page 89: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

Polícia Federal - Agente de Polícia – Economia – Profª Amanda Aires

www.acasadoconcurseiro.com.br 89

Figura 6 – Deslocamentos da Curva de Oferta

Uma mudança na quantidade ofertada, a qualquer preço dado, é representada graficamente pelo movimento da curva de oferta original para uma nova posição.

Antes de prosseguirmos, uma dúvida que pode ter surgido na sua mente está ligada ao deslo-camento da curva. Antes, eu disse que você deslocaria a curva de oferta para a direita e para baixo quando houvesse um aumento da quantidade ofertada, não foi isso? Para clarear e exter-minar as suas dúvidas, faço uma explicação simples:

Suponha que haja um avanço tecnológico em determinada firma. Nesse caso, ela poderá produzir mais unidades a um mesmo nível de preço ou ainda produzir a mesma quantidade cobrando um preço bem menor. Graficamente, nós temos que o aumento da quantidade ao mesmo nível de preços é mostrado pela setinha vermelha no gráfico a seguir, enquanto que a mesma produção a um preço menor é mostrada pela setinha verde! Assim, não raro, você encontrará nas provas da Cespe que houve um deslocamento para baixo e para a direita quando há um aumento da oferta. Fato contrário vale quando se fala em redução da oferta, ok? Fica como tarefinha de casa!

Nesse ponto que chegamos, você deve ter notado que, uma vez compreendido todo o raciocí-nio sobre o comportamento do consumidor, fica muito mais fácil entender o comportamento do empresário, porque os comportamentos são contrários!

Page 90: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

www.acasadoconcurseiro.com.br90

Preste Atenção!Quando a questão falar em aumento da demanda, você deverá lembrar que quando a demanda aumenta, ela vai para a direita e para cima! No caso de um aumento da oferta, a curva irá para a direita e para baixo!

Para ficar mais simples ainda de compreender: falou-se em aumentos da demanda ou da oferta, as curvas irão para a DIREITA! As reduções implicarão em movimentos para a ES-QUERDA! Se vai para cima ou para baixo, com o deslocamento paralelo, você observará isso!FICA A DICA!

Vamos para os exercícios?

Hora de Praticar!

Exercício 17

(Cesgranrio – INEA – Economista – 2007) Uma empresa competitiva, ao produzir, causa dano ambiental (polui um curso de água). Não é obrigada a pagar pelo dano, e a curva de oferta do que produz é S0 conforme apresentado na figura abaixo.

Se fosse obrigada a pagar, sua curva de oferta teria uma posição como

a) S1b) S2c) S3d) S4e) S0 mesmo

Eis aí a nossa primeira questão de deslocamentos! Seguindo a metodologia empregada para o caso da demanda, feremos o mesmo procedimento para o caso da oferta.

Vamos analisar juntos.

Veja, a questão diz que, inicialmente, a empresa não era obrigada a pagar pelo dano ambiental causado por ela. Essa situação é representada pela curva S0.

Page 91: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

Polícia Federal - Agente de Polícia – Economia – Profª Amanda Aires

www.acasadoconcurseiro.com.br 91

Posteriormente, a questão diz que a empresa precisará pagar por esse dano. Caso isso seja verdade, o qua acontecerá com a curva de oferta? Aliás, o que acontecerá com a empresa ana-lisada? A questão falou em alteração no preço do bem? Não! Dessa forma, a primeira coisa que sabemos é que não haverá um movimento ao longo da curva de oferta, mas da curva. Nesse caso, o que foi alterado?

• Tecnologia?

• Expectativas?

• Custos de produção?

Veja que não houve uma alteração no método de fabricação do produto. Logo, não haverá uma alteração na teconologia. De forma similar, não houve uma alteração na expectativa da firma sobre o futuro. Ela terá que pagar mais impostos agora e pronto! Logo, o fator que foi alterado foi a variável custos. Na situação em análise, houve um aumento dos custos! Assim, qual curva de oferta será movimentada em que direção?

Vamos analisar graficamente para ficar mais fácil?

A alternativa (A) diz que a curva de oferta tomará uma posição como S1, mais para a direita! Ora, essa posição não é possível, pois ela diz que a empresa produzirá mais ao mesmo nível de preços ou ainda que a empresa produzirá a mesma quantidade a um preço menor. Com o au-mento dos custos isso seria possível? Não, né? Logo, a alternativa (A) é incorreta.

Vejamos agora a letra (B). Ela mostra um deslocamento para a esquerda e para cima da curva de oferta. No gráfico:

Page 92: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

www.acasadoconcurseiro.com.br92

Nesse caso, como mostrado pelas setinhas, o deslocamento da curva S0 para a posição como S2 indica que a empresa produzirá a mesma quantidade por um preço maior ou ainda que a empresa produzirá uma quantidade menor ao mesmo preço. Essas duas análises estão corretas já que estamos falando de aumento de custos! Com os custos maiores, a empresa terá exatamente o comportamento descrito na curva S2. Logo, a assertiva (B) é a assertiva correta!

Vamos analisar as alternativas restantes para fechar a questão? A letra (C) está incorreta pois mostra um movimento da curva S0 para a curva S3. Nesse caso, como você pode observar, houve não apenas um deslocamento, mas uma alteração da inclinação da curva de oferta! Em nenhuma hipótese, considerando o que foi visto até agora, essa situação é verdadeira. Apenas quando formos ver elasticidades (assunto da próxima aula, realocado para que você não fique com um volume imenso de material nessa aula) é que veremos que é possível haver modificação da inclinação. De toda forma, ela nunca será gerada por uma alteração nos custos.

Em seguida, a alternativa (D) mostra a nova curva de oferta com uma posição com S4! Como assim: uma oferta negativamente inclinada? Em nenhuma hipótese teremos oferta negativamente inclinada (pelo menos por hora). Isso só é verificado em casos muito mais complexos que não serão vistos quando falarmos sobre bens de Giffen!

Finalmente, a letra (E) diz que não haverá um deslocamento da curva de oferta, o que nós vimos que também não é verdadeiro. Essa alternativa só seria verdadeira se estivéssemos considerando variações em fatores que afetam a vida do consumidor. Nesse caso, de fato, não haveria deslocamentos da curva de oferta. Mas, como os custos afetam a vida das empresas, a alternativa é falsa!

GABARITO: (B)

Exercício 18

(Ancine – Cargo 1 – Caderno Chaplin – Economia – Administração e Contábeis – 2005) A respeito dos conceitos microeconômicos e da economia da regulação, julgue os itens a seguir.

Quando, em face de uma desvalorização do real, o preço dos equipamentos cinema-tográficos importados aumenta, a curva de oferta de películas se desloca para baixo e para a direita.

Vamos lá resolver uma questãozinha da Cespe...

Lendo a questão, você pode observar que ela fala sobre preços e deslocamentos da curva de oferta. Será isso possível? Vamos dar uma olhada com calma e verificar essa possibilidade.

Veja o seguinte: a questão está analisando a curva de oferta das películas (dos filmes) quando há uma variação no preço dos equipamentos importandos oriunda de uma variação cambial.

Primeira coisa, nós vamos andar ao longo da curva de oferta ou a curva de oferta inteira?

Como se trata de um preço que não é o das películas, haverá um deslocamento da curva de oferta como um todo, seja para a direita, seja para a esquerda. Logo, por enquanto, não podemos dizer se a afirmativa é verdadeira ou falsa.

Page 93: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

Polícia Federal - Agente de Polícia – Economia – Profª Amanda Aires

www.acasadoconcurseiro.com.br 93

Relendo a questão, é possível notar que uma desvalorização do real aumentará o preço dos equipamentos importados. Será verdade isso? Para saber a veracidade desse fato, é preciso, inicialmente, que você entenda o que é desvalorização cambial. Nós temos desvalorização cambial quando, para comprar a mesma quantidade de moeda estrangeira, nós precisaremos de uma quantidade maior de reais. Um exemplo não tão distante aconteceu na época da eleição para o primeiro mandato do ex-presidente Lula. Nessa época, o dólar chegou a valer quase R$ 4! Logo, para comprar a mesma quantidade de dólares, nós precisaríamos de uma quantidade maior de reais!

Assim, de fato, uma desvalorização no real leva a um aumento dos preços dos equipamentos cinematográficos, o que implicará em um aumento dos custos das películas e gerará um deslocamento da curva de oferta para a esquerda e para cima!

Opa! Mas a questão fala em um deslocamento para baixo e para a direita? Então, a questão é falsa! Ela só seria verdadeira se estivéssemos considerando uma valorização do real (ou seja, precisaríamos de uma quantidade menor de moeda doméstica para comprar a mesma quantidade de moeda estrangeira!)

GABARITO: FALSO

Exercício 19

(Cearáportos – Analista de Desenvolvimento Logístico – Economia – 2004) A análise microeconômica estuda o comportamento individual dos agentes econômicos e, por essa razão, constitui um fundamento sólido à analise dos grandes agregados econômi-cos. A esse respeito, julgue os itens que se seguem.

Na situação atual, se os sindicatos dos bancários conseguirem negociar aumentos sa-lariais reais, a curva de oferta de serviços bancários se deslocará para cima e para a esquerda.

Eis aí o padrão de repetição da Cespe! Historinha diferente, mesma compreensão! Vamos lá?

A questão fala em aumentos salariais, correto? O que são os salários para as empresas? Custos! Então, o raciocínio é exatamente idêntico ao visto na questão anterior! Nesse caso, com um aumento de salários, haverá um aumento dos custos das empresas (nesse caso, bancos), o que gerará um deslocamento da curva de oferta para cima e para a esquerda! Exatamente como mostrado na questão!

Dúvidas?

GABARITO: VERDADEIRA

Page 94: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

www.acasadoconcurseiro.com.br94

Exercício 20

(Senado Federal – Consultor legislativo – Economia – Agricultura – 2002) O modelo básico da oferta e da demanda é utilizado para analisar os mais variados problemas econômicos. Com base nesse modelo, julgue os itens seguintes.

No Brasil, a redução do preço do petróleo e a recente valorização do real frente ao dólar deslocam a curva de oferta de gasolina para cima e para a esquerda.

E mais uma no padrão Cespe.

Vamos analisar: a questão pede para que você analise um deslocamento da curva de oferta da gasolina. Primeira pergunta: houve variação no preço no bem? Não! Em nenhum momento se falou em variações no preço da gasolina. Logo, a hipótese de deslocamento ao longo da curva deve ser rejeitada!

Além disso, a questão fala sobre variações no preço do petróleo e valorização cambial. Vamos ver pon-to a ponto? O que implica, para a curva de oferta da gasolina, uma redução no preço do petróleo? Ora, como o preço do petróleo entra como custo na produção da gasolina, redução no preço implicará em ua redução dos custos empresariais! Assim, se apenas esse fator fosse analisado, teríamos um desloca-mento da curva de oferta para a direita! Só isso, já mostraria que a alternativa é falsa!

Mas vamos continuar analisando:

A questão diz ainda que houve uma valorização do real! Exatamente o contrário do que vimos na questão passada! Nesse caso, uma valorização do real frente ao dólar fará com que a em-presa precise de menos reais para comprar a mesma quantidade de dólares, o que implicará, em última instância em uma redução de custos também! Assim, pelas duas direções, teremos efeitos que levam a curva de oferta não para cima e para a esquerda como apontado no item, mas para a direita e para baixo!

Dessa forma,

GABARITO: FALSO

Exercício 21

(Basa – Técnico Científico – 2004) Em uma economia descentralizada, a preocupação maior dos diferentes agentes econômicos é gerenciar o funcionamento do sistema de preços para, assim, garantir o bom desempenho das economias de mercado. A análise das interações entre vendedores e compradores em uma economia de mercado constitui o cerne do estudo dos fenômenos econômicos. A esse respeito, julgue os itens a seguir.

A crescente onda de insegurança no Iraque conduz à elevação do preço do barril do petróleo cru no mercado internacional e aumenta o preço da gasolina, provocando, no Brasil, um deslocamento ao longo da curva de oferta desse combustível.

Page 95: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

Polícia Federal - Agente de Polícia – Economia – Profª Amanda Aires

www.acasadoconcurseiro.com.br 95

Mais uma no mesmo teor!

Vamos lá. Historinha diferente, mesma conclusão!

Se o preço do barril de petróleo aumentar, o que acontecerá com a oferta da gasolina?

Ora, como vimos, o petróleo entra como um custo para a empresa produtora de gasolina. Nes-se caso, não teremos um deslocamento ao longo da curva de oferta, como anunciado no texto da questão, mas um deslocamento de toda a curva! Assim, tendo em vista o que já foi analisa-do acima, a questão é falsa!

Lembre-se sempre: só teremos um deslocamento ao longo da curva de oferta se houver uma variação no preço do bem em análise, ok? Quaisquer outros preços que variarem levarão a mo-vimentos da curva de oferta!

GABARITO: FALSO

Exercício 22

(Antaq – Especialista em Regulação de Serviços de Transportes Aquaviários – 2009) Com relação à aplicação dos conceitos básicos de microeconomia, julgue os itens sub-sequentes.

Um servidor recém-nomeado da Antaq foi testado pelo seu supervisor, que lhe pediu que desenhasse um gráfico da curva de oferta de transportes aquaviários, demonstrando uma elevação na quantidade ofertada decorrente do aumento de preço desse tipo de serviço. Nessa situação hipotética, para atender corretamente à solicitação recebida, o referido ser-vidor deve apresentar um gráfico com deslocamento da curva de oferta para a direita.

O tamanho dessa questão assusta, mas ela é super simples, vamos analisar?

Inicialmente, a historinha começa assim: Um servidor recém-nomeado da Antaq foi testado pelo seu supervisor, que lhe pediu que desenhasse um gráfico da curva de oferta de transportes aquaviários, demonstrando uma elevação na quantidade ofertada decorrente do aumento de preço desse tipo de serviço. Até aqui, é possível dizer o que foi solicitado pelo supervisor? Qual curva esbelece a relação entre a quantidade ofertada dado que houve uma variação no preço desse tipo de serviço? A curva de oferta, não é? Então, na verdade, o que o supervisor está que-rendo é apenas que o seu funcionário desenhe uma curva de oferta! Simplesmente isso!

Aí, a questão continua... Nessa situação hipotética, para atender corretamente à solicitação recebida, o referido servidor deve apresentar um gráfico com deslocamento da curva de oferta para a direita. Verdade isso? Não, né? Como vimos, o que o supervisor pede não é um deslocamento da curva, mas apenas o desenho dela! Sem nenhum tipo de deslocamento! Simples dessa forma!

Assim, o item é falso! Ele só estaria verdadeiro se, ao invés de demonstrar a relação entre preço e quantidade ofertada do bem, fosse solicitado o gráfico quando há uma redução nos custos ou um avanço tecnológico, por exemplo. Aí sim, a alternativa estaria correta! Como isso não foi solicitado, a questão é FALSA.

GABARITO: FALSO

Page 96: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

www.acasadoconcurseiro.com.br96

Agora que já compreendemos o lado do consumo e o lado da produção (ou oferta), precisamos entender quando, como e onde esses dois agentes se encontram. E o mais impressionante: o que acontece nesse encontro! Vejamos o que é ponto de equilíbrio!

3.5. Ponto de Equilíbrio

Como vimos na aula demonstrativa, o local, físico ou não, em que existe a interação de empresas e consumidores se chama mercado. Considera-se que um mercado está em equilíbrio quando a quantidade demandada de um produto se iguala à quantidade ofertada, ou seja, quando a economia encontra o seu ponto de equilíbrio. Como foi visto, pelas equações da demanda e da oferta, a quantidade demandada e a ofertada de um bem dependem de seu preço. Então, há um preço para o qual a quantidade de oferta se iguala a de demanda, esse é chamado de preço de equilíbrio, e a quantidade associada é a quantidade de equilíbrio.

Graficamente, nós temos um equilíbrio de mercado (ou o ponto de equilíbrio) quando há o cruzamento entre a curva de oferta e a curva de demanda de determinado bem.

Figura 7 – Equilíbrio de Mercado

O equilíbrio econômico de mercado é um resultado quando a quantidade ofertada é igual à quantidade demandada, considerando o número de produtores como dado.

O equilíbrio de mercado é uma situação na qual, dado um nível de preços, a quantidade de-mandada é idêntica à quantidade ofertada. Nessa situação, não existem sobras ou excessos de produtos. Além disso, o equilíbrio de mercado é estável, ou seja, se não existir mudanças no comportamento do consumidor e/ou do produtor, esse equilíbrio não será alterado.

O preço de equilíbrio é determinado igualando as funções demanda e oferta – ou seja, igualan-do as quantidades. Resolvendo essa equação, encontra-se o preço de equilíbrio. Por exemplo, digamos que a função demanda de um bem seja dada por:

QD= 100 – 50 P

Page 97: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

Polícia Federal - Agente de Polícia – Economia – Profª Amanda Aires

www.acasadoconcurseiro.com.br 97

E que a função oferta seja dada por:

QS = 200 + 30 P

No equilíbrio, a quantidade demandada é igual à quantidade ofertada:

QS = QD

200 + 30 P = 100 – 50 P

30 P + 50 P = 100 – 200

80 P = 800

P = 800 = 1080

Então, o preço de equilíbrio nesse mercado é igual a 10. Para determinar a quantidade de equi-líbrio, basta substituir esse preço na função demanda ou na função oferta (lembre-se de que o resultado deve ser igual para as duas, já que a quantidade deve ser a mesma):

QS = 200 + 30 . 10 = 200 + 300 = 500

QD = 100 – 50 . 10 = 1000 – 500 = 500

A quantidade de equilíbrio é igual a 500.

Caso o preço que vigora no mercado seja maior que o preço de equilíbrio, a quantidade ofertada superaria a quantidade demandada, pois, com o aumento de preço, existiria uma redução na quan-tidade demanda e um aumento da quantidade ofertada, assim, o mercado apresentaria um excesso de oferta (ou escassez de demanda). Essa situação é mostrada na figura a seguir. Caso contrário, se o preço de mercado for inferior ao preço de equilíbrio, a quantidade demandada será superior àquela ofertada pelas firmas, caracterizando um excesso de demanda (ou escassez de oferta).

Figura 9 – Excesso de Oferta

Page 98: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

www.acasadoconcurseiro.com.br98

Figura 10 – Excesso de Demanda

Quando ocorre esse tipo de desequilíbrio, acredita-se que o próprio mercado tende a corrigi--lo. No caso de um excesso de demanda, os produtores perceberão que podem aumentar um pouco o preço e a quantidade produzida, e, no caso de um excesso de oferta, serão obrigados a fazer o oposto. Essa confiança no livre ajustamento do mercado recebe o nome de Lei da Mão Invisível (formulada inicialmente por Adam Smith).

Observe que, até aqui, consideramos que o ponto de equilíbrio não se altera. E isso é verdade: se nenhuma variável que afeta a vida da empresa ou a vida do consumidor for alterada, esse ponto tende a se perpetuar indefinidamente. A questão é que os fatores que afetam a vida do consumidor e/ou do produtor não são imutáveis. Para compreender o que acontece nesses ca-sos, precisamos compreender a dinâmica do mercado, último item da aula de hoje.

3.6. Dinâmica de mercado

Como vimos, alguns fatores podem modificar a quantidade demandada ou ofertada de um bem para um mesmo nível de preço. Caso isso ocorra, observa-se uma mudança no equilíbrio, havendo um ajustamento tanto na quantidade, como no nível de preços, isso porque o antigo equilíbrio passa a ser uma situação de excesso de demanda ou de oferta.

Para que você compreenda melhor, vamos analisar um exemplo: considere que, no gráfico, a economia está no seu equilíbrio inicial no ponto A. Suponha que, por alguma razão (seja au-mento da renda, seja alteração dos gostos, etc.), a demanda aumente (deslocando a curva de demanda para direita, para uma posição como a curva tracejada). Com tudo o mais constante, teremos uma demanda maior que oferta, como mostrado pelo ponto B. Como é possível obser-var, haverá um excesso de demanda ou uma escassez de oferta. A pergunta que se faz é: como atender a essa nova demanda? Ela só poderá ser satisfeita se houver um aumento dos preços! É como se a empresa estivesse dizendo: querem consumir mais, terão que pagar mais por isso! Como você sabe, à medida que o preço aumenta, os consumidores tendem a consumir menos. Isso é mostrado pela setinha subindo ao longo da nova curva de demanda e da curva de oferta. O novo ponto de equilíbrio é estabelecido no ponto C. Esse aumento de preços é necessário para que se incentive a produção de mais unidades por parte das firmas.

Page 99: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

Polícia Federal - Agente de Polícia – Economia – Profª Amanda Aires

www.acasadoconcurseiro.com.br 99

Figura 11 – Aumento da Demanda.

Nesse gráfico, ocorre um aumento da demanda, decorrente, por exemplo, do aumento na ren-da dos consumidores. Conforme analisamos anteriormente, para qualquer preço os consumi-dores demandarão quantidades maiores. A seta indica a direção da mudança. A oferta, por outro lado, permaneceu inalterada porque nenhum dos fatores que podem provocar seu des-locamento (tecnologia, custos ou expectativas) modificou-se. Assim, as consequências decor-rentes do aumento da demanda são o aumento da quantidade e no preço de equilíbrio. Desse modo, se compararmos o ponto de equilíbrio final (decorrente do aumento de demanda) com o ponto de equilíbrio inicial (anterior à mudança) verificamos que a quantidade de equilíbrio final é maior que a quantidade de equilíbrio inicial e o preço de equilíbrio final também é maior que o preço de equilíbrio inicial.

De forma contrária, caso ocorra uma redução da demanda, se o preço for mantido inalterado, haverá um excesso de oferta, e, nesse caso, as firmas desejariam vender mais do que a quanti-dade que a demanda desejaria comprar. Assim, para reequilibrar o mercado, haveria uma redu-ção tanto na quantidade ofertada quanto nos preços.

No caso de um aumento na oferta (curva de oferta se deslocando para baixo), ou seja, se as firmas podem produzir mais a um mesmo preço, então o equilíbrio inicial também se trans-formaria em uma situação de excesso de oferta. A nova quantidade de equilíbrio seria maior, refletindo a maior possibilidade de produção das firmas, mas com menor preço – a demanda somente pode adquirir a quantidade adicional caso o preço se reduza. Nessa situação, é como se os consumidores dissessem: querem vender mais? Nós só compramos por um preço menor!

Por fim, se a oferta se contrai, ou seja, se as firmas precisam cobrar mais para produzir uma mesma quantidade (ou, de modo equivalente, elas produzem menos a um mesmo preço), en-tão o antigo equilíbrio se tornaria um excesso de demanda. Para que o novo equilíbrio seja al-cançado, o preço deve aumentar e a quantidade se reduzir. A figura seguinte mostra a dinâmica de mercado quando há um aumento da oferta.

Page 100: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

www.acasadoconcurseiro.com.br100

Figura 12 – Aumento da oferta.

Nesse gráfico, ocorre um aumento na oferta, decorrente, por exemplo, da descoberta de uma nova tecnologia de produção. Apenas para recordar, verifique que, nesse caso, para qualquer preço, os produtores produzirão quantidades maiores. A seta indica o sentido da mudança. A demanda, por outro lado, permaneceu inalterada porque nenhum dos fatores que podem provocar o seu deslocamento (como renda, preço de um bem relacionado, preferências ou ex-pectativas) sofreu qualquer modificação. Veja como o aumento da oferta vai resultar em um deslocamento na quantidade de equilíbrio, que, no entanto, será acompanhado por uma que-da no preço de equilíbrio. Desse modo, se compararmos o ponto de equilíbrio final (decorrente do aumento da oferta) com o ponto de equilíbrio inicial (anterior à mudança), verificamos que a quantidade de equilíbrio final é maior que a quantidade de equilíbrio inicial e o preço de equilíbrio final é menor que o preço de equilíbrio inicial.

Fica como trabalho de casa verificar, graficamente, o que ocorre quando a demanda ou a oferta sofrem uma redução, ok?

Tome Nota!Nas provas, normalmente, as bancas não cobram a dinâmica de movimento, ou seja, não se dá importância ao ponto B do gráfico que mostra o deslocamento da demanda. Assim, as bancas querem saber o que existia antes e o que passou a existir depois. É o que os economistas chamam de estática comparativa. Você tira uma “foto” da economia antes e outra depois e compara o que aconteceu.

Vamos ver exercícios?

Page 101: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

Polícia Federal - Agente de Polícia – Economia – Profª Amanda Aires

www.acasadoconcurseiro.com.br 101

Hora de Praticar!

Exercício 23

(Cesgranrio – Prefeitura Municipal de Manaus – Economista – 2005) Observe os Gráficos de Oferta e Demanda de Casquinhas de Sorvete de Açaí, I, II e III, abaixo.

Representa(m) uma situação de equilíbrio entre oferta e demanda, o ponto:

a) a, somente.b) b, somente.c) c, somente.d) d, somente.e) e, somente.

De todas as questões de economia que eu já vi, essa é, disparada, uma das mais fáceis!

Como é que eu penso em ponto de equilíbrio? Como a intersecção entre as curvas de deman-da e de oferta. O ponto em que, para dado nível de preços, a quantidade ofertada é idêntica a quantidade demandada! Olhando para os gráficos, é possível perceber que a única letrinha que aponta para o equilíbrio é a primeira alternativa, a letra (A).

Logo, a alternativa correta é a alternativa (A).

Mas vamos analisar as outras assertivas.

As letras (B) e (C) analisam os pontos b e c. Contudo, sozinhos, esses pontos não indicam nada. Agora, se fizéssmos uma união entre os dois pontos, teríamos, no gráfico II a presença de um excesso de demanda.

Por fim, no gráfico III, as letras (D) e (E) estudam os pontos d e e. Assim como os pontos b e c, sozinhos, eles não representam absolutamente nada. Para o caso desses pontos, a união entre eles mostra um execesso de oferta. Assim, as letras (B) a (E) estão incorreta.

GABARITO: A

Page 102: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

www.acasadoconcurseiro.com.br102

Exercício 24

(Cesgranrio – BNDES – Profissional Basico – Administração – 2009) Considere o gráfi-co abaixo, que mostra as curvas de demanda d) e de oferta (S) no mercado de laranjas. Suponha que os consumidores considerem laranja um bem inferior e laranja e tangeri-na como bens substitutos.

Se o preço da tangerina aumentar, no gráfico do mercado de laranjas apresentado acima, oa)

a) novo preço será maior que p1.b) nova quantidade negociada será menor que q1.c) nova curva de demanda d) será como a tracejada no gráfico.d) posição da curva de oferta (S) será alterada.e) posição da curva de demanda d) não será alterada.

Em primeiro lugar, veja duas informações dadas que podem ser úteis primeiro. A questão afir-ma que a laranja é um bem inferior e, logo em seguida, afirma que laranja e tangerina são bens substitutos!

Logo em seguida, a questão afirma que houve um aumento no preço das tangerinas.

Ora, a primeira informação é que laranjas e tangerinas são bens substitutos. Se o preço da tan-gerina aumentou, os consumidores irão consumir menos tangerinas e mais laranjas, não é isso? Como está se falando em consumidores, haverá um deslocamento para a direita da curva de demanda do consumidor, como mostrado no gráfico:

Page 103: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

Polícia Federal - Agente de Polícia – Economia – Profª Amanda Aires

www.acasadoconcurseiro.com.br 103

Vamos analisar agora item a item, começando pelo último?

A alternativa (E) afirma que não haverá o deslocamento da curva de demanda! Ora, como já vimos, a curva de demanda será alterada sim, indo para a posição tracejada mostrada no gráfi-co anterior. Dessa forma, a alternativa está incorreta!

Em seguida e subindo, a letra (D) diz que a posição da curva de oferta (S) será alterada. Como já vimos anteriormente, ao falar em consumidor, estaremos falando, necessariamente, de cur-va de demanda. A curva de oferta não será alterada nessas circunstâncias!

A assertiva (C), por sua vez, indica que nova curva de demanda d) será como a tracejada no gráfico. Esse fato também não será verdadeiro já que a curva tracejada mostra um desloca-mento da curva de demanda para a esquerda. Esse fato só seria verdadeiro se estivéssemos falando sobre uma redução da demanda, por exemplo, se o preço da tangerina diminuísse.

A letra (B) afirma que nova quantidade negociada será menor que q1, o que também está errado, já que, com o aumento do preço da tangerina, mais pessoas procurarão consumir laran-jas! Logo, a quantidade de equilíbrio tenderá a aumentar!

Dessa forma, a alternativa correta é a letra (A), que indica que o preço será maior que P1. Como as pessoas desejam consumir mais, isso só será possível de acontecer se o preço for maior do que o que prevalece atualmente. Dessa forma, a letra (A) é a afirmativa correta.

GABARITO: A

E vamos lá para a Cespe?

Exercício 25

(Anvisa – Analista Administrativo – economia – 2004) A análise microeconômica es-tuda o comportamento individual dos agentes econômicos e, por essa razão, constitui um fundamento sólido à analise dos grandes agregados econômicos. A esse respeito, julgue os itens a seguir.

Um aumento no preço do aço, utilizado pela indústria automobilística, provoca um deslocamento ao longo da curva de oferta da indústria automobilística elevando, as-sim, o preço desses produtos.

Vamos analisar pacientemente. Observe que, pelo que nós já vimos, um aumento no preço do aço não levará a um movimento ao longo da curva de oferta da indústria automobilística, já que o preço do aço entra, para a industria automobilística, como um custo. Logo, já a partir desse ponto, podemos dizer que a alternativa é falsa! Mas vamos em frente para achar mais erros!

Veja que, em seguida, a questão afirma que um aumento no preço do aço levará a um aumento nos preços dos produtos da indústria automobilística. De fato, nesse ponto, temos uma informação correta. Analisemos: com o aumento do preço do aço, haverá um deslocamento da curva de oferta para a esquerda e para cima, conforme vemos no gráfico:

Page 104: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

www.acasadoconcurseiro.com.br104

Com o deslocamento da curva de oferta para a esquerda, de fato, o preço dos produtos da indústria automobilística tenderá a aumentar! Assim, o único erro da questão é apontar que haverá um deslocamento ao longo da curva de oferta e não da curva de oferta!

GABARITO: FALSO

Exercício 26

(CNPq – Analista Pleno I – 2004) A microeconomia estuda o comportamento individual dos agentes econômicos e, por essa razão, constitui um sólido fundamento à análise dos agregados econômicos. A esse respeito, julgue os itens a seguir.

O agravamento recente da crise no Oriente Médio criou expectativas de redução da produção mundial de petróleo, fato que desloca a curva de oferta de gasolina para baixo e para a direita, contribuindo, assim, para aumentar o preço de mercado desse produto.

E vamos lá para mais uma!

Veja que essa questão é bastante semelhante ao que foi visto anteriormente! Como eu digo sempre, a Cespe adora se repetir!

Vamos lá!

É possível observar que a questão fala em redução da produção mundial do petróleo! Logo, como consequência desse fato, pode-se esperar que haja um aumento no preço desse bem. O que esse fato altera? A demanda ou a oferta? Nesse caso, teremos uma alteração da curva de oferta, já que estamos falando de como o petróleo afeta a gasolina e, agora, nós já sabemos que haverá uma alteração nos custos futuros da empresa! De toda forma, os custos não foram alterados agora. Assim, é possível afirmar que não os custos, mas as expectativas foram alteradas!

Nesse caso, como as empresas esperam que haja uma redução na produção do petróleo e um posterior aumento de preços, isso levará a um deslocamento para a esquerda e para cima da curva de oferta da gasolina hoje. Isso é mostrado graficamente:

Page 105: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

Polícia Federal - Agente de Polícia – Economia – Profª Amanda Aires

www.acasadoconcurseiro.com.br 105

Assim, com um deslocamento para a esquerda da curva de oferta, haverá uma redução da quantidade de equilíbrio e um aumento nos preços no mercado. Porém, como a questão afir-ma que a curva será deslocada para a direita e para baixo, a alternativa é falsa!

GABARITO: FALSO

Exercício 27

(Basa – Técnico Científico – 2004) Em uma economia descentralizada, a preocupação maior dos diferentes agentes econômicos é gerenciar o funcionamento do sistema de preços para, assim, garantir o bom desempenho das economias de mercado. A análise das interações entre vendedores e compradores em uma economia de mercado cons-titui o cerne do estudo dos fenômenos econômicos. A esse respeito, julgue os itens a seguir.

O aumento da renda dos consumidores, ao contribuir para expandir a demanda por serviços hoteleiros, pode levar ao aumento dos preços e da quantidade demandada desses serviços.

Vamos para a última da Cespe de hoje! Logo, logo voltaremos para ver as útimas três questões da Cesgranrio!

Agora estamos falando na curva de demanda!

Vamos ver! De acordo com a questão, a renda dos consumidores aumentou, certo? Dado que os serviços hoteleiros ou ainda os serviços de turismo de uma maneira geral são bens normais, um aumento da renda tenderá a apontar para um aumento do consumo também, o que implicará em um deslocamento da curva de demanda para a direita e para cima, conforme vemos no gráfico:

Page 106: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

www.acasadoconcurseiro.com.br106

Dessa forma, um aumento na demanda provocado por um aumento da renda tente a levar a um aumento da quantidade demanda e a um aumento dos preços também! Assim, a alternati-va analisada é verdadeira!

GABARITO: VERDADEIRA

Facinho? Vamos terminar com mais 15 itens, ou três questões da Cesgranrio para ver movimen-tação de gráfico no equilíbrio?

Exercício 28

(Cesgranrio – BNDES – Profissional Basico – Administração – 2009) O gráfico abaixo mostra, em linhas cheias, as curvas da demanda e da oferta no mercado de maçãs.

Considere que maçãs e pêras são bens substitutos para os consumidores. Se o preço da pêra aumentar e nenhum outro determinante da demanda e da oferta de maçãs se alterar, pode-se afirmar que:

a) a curva de demanda por maçãs se deslocará para uma posição como AB.b) a curva de oferta de maçãs se deslocará para uma posição como CD.c) as duas curvas, de demanda e de oferta de maçãs, se deslocarão para posições

como AB e CD.d) o preço da maçã tenderá a diminuir.e) não haverá alteração no mercado de maçãs.

Page 107: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

Polícia Federal - Agente de Polícia – Economia – Profª Amanda Aires

www.acasadoconcurseiro.com.br 107

Essa questão é bem semelhante à primeira que nós fizemos juntos a respeito dos deslocamen-tos da demanda e da oferta. A única diferença, aliás, é que podemos encontrar aqui também o deslocamento da oferta também!

Então, como vimos anteriormente, se o preço da pera aumentar, as pessoas passarão a consu-mir menos peras e mais maçãs! Logo, a curva de demanda se alterará para a direita e para cima, como mostrado pela linha AB, o que nos leva a letra (A) como alternativa correta.

Vamos ver por que as demais estão incorretas?

A alternativa (B) diz que a curva de oferta será deslocada! Mas como a curva de oferta será des-locada se estamos falando em variações que afetam diretamente a vida do consumidor? Como vimos várias vezes, apenas tecnologia, custos e expectativas afetam a curva de oferta! Gostos, preços dos bens relacionados, renda e expectativas afetam a curva de demanda! Logo, a alter-nativa (B) não pode ser verdadeira.

Em seguida, a alternativa (C) diz que as duas curvas serão deslocadas, o que também não é verdade porque a curva de oferta não pode ser deslocada quando as variáveis que afetam a demanda são alteradas!

A letra (D) diz que o preço da maçã tende a diminuir. Como nós vimos, o preço da maçã tenderá a aumentar, já que mais pessoas procurarão consumir esse produto.

Finalmente, a assertiva (E) diz que não haverá alteração no mercado das maçãs, o que não é verdade, já que as peras possuem relação com as maçãs dadas pelo consumidor!

Logo, a alternativa correta é a letra (A)

GABARITO: A

Aqui, vale uma informação importante: na letra (D), nós vimos que o aumento no preço da pera vai levar a um aumento na demanda por maçãs, o que implicará, em última instância, em um aumento no preço das maçãs também, certo? Nessa altura, você poderia me perguntar: mas, com o aumento no preço das maçãs, as pessoas passarão a consumir mais peras e isso se torna-ria um movimento pendular, não é?

Eu respondo: é possível que sim, mas, isso não irá nos interessar! Sempre que se falar nos movimentos das curvas, nós vamos lembrar dos primeiros movimentos, daqueles que são dire-tamente causados por alterações nas variáveis. O resto dos movimentos, por ser incertos, não serão interesse de nosso estudo, tá?

Page 108: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

www.acasadoconcurseiro.com.br108

Exercício 29

(Cesgranrio – Secad-TO – Economista – 2005) O gráfico acima representa uma curva de oferta e demanda que se encontra na posição:

a) em equilíbrio.b) com escassez de demanda.c) com excesso de oferta.d) com excesso de demanda.e) com escassez de demanda e oferta.

Vamos lá para a penúltima questão do dia!

O que está acontecendo no ponto em análise? Veja que, nesse ponto, ao preço de $ 1,5, as pes-soas estão querendo consumir 10 unidades enquanto as empresas desejam produzir apenas 6. Nesse caso, haverá uma falta de produtos, o que nós denominamos, anteriormente, de excesso de demanda e que eu gostaria também de adicionar como sendo uma escassez de oferta. Des-sa forma, sem fazer muita ginástica, a alternativa correta é a letra (D).

A alternativa (A) é incorreta por afirmar que o mercado está em equilíbrio quando, na verdade, não está. A letra (B), por sua vez, diz que existe uma escassez de demanda. Como já vimos, não existe uma escassez de demanda, mas um excesso!

A assertiva (C), em seguida, diz que haverá um excesso de oferta. Como acabamos de ver, não há um excesso de oferta, mas uma escassez dela. Por fim, a alternativa (E) diz que há escassez de oferta e de demanda, mas tal fato não é verdadeiro, já que existe apenas escassez de oferta e não de demanda!

GABARITO: D

Compreendido?

Vamos para a última?

Page 109: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

Polícia Federal - Agente de Polícia – Economia – Profª Amanda Aires

www.acasadoconcurseiro.com.br 109

Exercício 30

(Cesgranrio – TCE-RO – Economista – 2007)

O gráfico acima mostra as curvas de demanda e de oferta no mercado competitivo de soja. Um aumento do preço de fertilizantes agrícolas vai provocar:

a) uma quantidade de equilíbrio final no mercado de soja superior à quantidade de equilíbrio inicial q0.

b) um preço de equilíbrio final de soja inferior ao preço de equilíbrio inicial p0.c) um deslocamento da curva de demanda por soja.d) um deslocamento da curva de oferta de soja.e) aumento na oferta de farelo de soja.

Vamos lá para o último com os pés nas costas?

Veja que a banca pediu para dizer o que vai acontecer quando houver um aumento no preço dos fertilizantes agrícolas! Como já vimos, os preços dos fertilizantes agrícolas irão afetar os custos das empresas, aumentando-os. Logo, haverá um deslocamento da curva de oferta! Para a direita ou para a esquerda? Para a esquerda, já que, com o aumento dos custos, eu só vou conseguir produzir se receber um preço maior por isso! Graficamente:

Page 110: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

www.acasadoconcurseiro.com.br110

Vamos ver as alternativas agora?

A letra (A) afirma que uma quantidade de equilíbrio final no mercado de soja superior à quan-tidade de equilíbrio inicial q0. Como vimos, no gráfico, a alternativa não é verdadeira, já que haverá uma redução da quantidade de equilíbrio.

Da mesma forma, a letra (B) também não é verdadeira, já que afirma que haverá um preço de equilíbrio final de soja inferior ao preço de equilíbrio inicial p0. Com o aumento do preço dos insumos que fazem parte do custo das empresas, não haverá uma redução do preço, mas um aumento.

A letra (C) diz que haverá um deslocamento da curva de demanda por soja. Já vimos que isso não é verdade, pois o preço dos insumos não afeta diretamente a vida do consumidor, mas ape-nas da empresa!

Em seguida, a letra (D) diz que haverá um deslocamento na curva de oferta das empresas e essa é a alternativa correta! Para ela ficar ainda melhor, poderíamos completar dizendo que o deslo-camento é para a esquerda e para cima, levando a uma redução da quantidade de equilíbrio e a um aumento do preço.

Por fim (ufa!), a alternativa (E) diz que haverá um aumento na oferta de farelo de soja! Veja: se haverá uma redução na oferta se soja, seria possível aumentar a produção do farelo de soja? Não, né, já que, com o aumento do preço da soja, haverá um aumento nos custos de produção do farelo também, o que levará a uma redução da produção!

Compreendido??

GABARITO: D

E, antes de terminar!!!

Preste Atenção!!

Você deve ter observado e ficado com dúvida também sobre o porquê isso diz respeito ao não efeito sobre da renda do consumidor sobre a oferta de bens, por exemplo. Nesse caso, eu vou explicar. Veja, quando há um aumento na renda, isso vai, como vimos várias vezes, afetar di-retamente a vida do consumidor, deslocando a curva de demanda. Isso não quer dizer que a empresa não seja afetada, mas o efeito sobre ela não será direto e ocorrerá via mercado! Logo, há, sim, uma relação entre renda e quantidade ofertada, mas essa relação é indireta!

Page 111: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

www.acasadoconcurseiro.com.br 111

Questões

EXERCÍCIOS RESOLVIDOS

1. (Cesgranrio – Casa da Moeda – Analista de Finanças – 2005)

A curva de demanda do mercado é dada pela:

a) soma das demandas individuais multi-plicada pelos preços dos bens.

b) soma das demandas individuais dos bens superiores.

c) soma das demandas individuais.d) soma das demandas individuais dos

bens inferiores e subtração das deman-das individuais dos bens superiores.

e) subtração das demandas individuais dos bens inferiores e soma das deman-das individuais dos bens superiores.

2. (Cesgranrio – TCE-RO – Economista – 2007)

No gráfico acima aparece em traço cheio a curva de demanda por maçãs. Sendo as pê-ras um bem substituto para as maçãs, um aumento de preço da pêra:

a) altera a curva de demanda por maçãs para uma posição como A B.

b) altera a curva de demanda por maçãs para uma posição como C D.

c) altera a curva de demanda por maçãs para uma posição como A D.

d) altera apenas a curva de oferta de maçãs.e) não altera a posição da curva de de-

manda por maçãs.

3. (Cesgranrio – Secad-TO – Economista – 2005)

Dos itens abaixo, a curva de demanda só NÃO afeta e desloca:

a) a renda.b) os gostos.c) o preço dos insumos.d) o preço dos bens.e) o número de compradores.

4. (TJ-CE – Analista Judiciário – 2008)

A microeconomia estuda o comportamento individual dos agentes econômicos e, por isso, constitui um sólido fundamento à aná-lise dos agregados econômicos. A esse res-peito, julgue os itens a seguir.

A preocupação crescente com o meio am-biente tem conduzido ao uso de energias cada vez mais limpas e à redução da de-manda de petróleo, o que provoca um des-locamento ao longo da curva de demanda por esse combustível.

( ) Certo   ( ) Errado

Page 112: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

www.acasadoconcurseiro.com.br112

5. (Pref – Vitória-ES, Controlador de Recursos Municipais, 2008)

A análise microeconômica estuda o compor-tamento individual dos agentes econômicos e, por essa razão, constitui um fundamento sólido à análise dos grandes agregados eco-nômicos. A esse respeito, julgue os itens a seguir.

A descoberta de que o consumo de azeite de oliva contribui para elevar os níveis do bom colesterol desloca a curva de demanda por esse tipo de azeite para cima e para a direita.

( ) Certo   ( ) Errado

6. (Ministério da Saúde – Economia da Saúde, – 2008)

A microeconomia, que analisa o comporta-mento dos agentes econômicos individuais, constitui um instrumental importante na análise de questões ligadas à economia da saúde. A respeito desse assunto, julgue os itens de 51 a 65.

A descoberta de que ingerir peixes de água fria, como truta, atum ou salmão, no mínimo uma vez por semana, contribui para a prevenção de doenças coronárias e ataques cardíacos eleva a demanda desse tipo de peixes, deslocando, assim, a curva de demanda de mercado desses pescados para cima e para a direita.

( ) Certo   ( ) Errado

7. (CNPq – Analista Pleno I – 2004)

A microeconomia estuda o comportamento individual dos agentes econômicos e, por essa razão, constitui um sólido fundamento à análise dos agregados econômicos. A esse respeito, julgue os itens a seguir.

A política recente das companhias aéreas de conceder descontos substanciais nos vôos noturnos leva à redução da demanda de passagens rodoviárias.

( ) Certo   ( ) Errado

8. (Anatel – Especialista em Regulação de Serviços Públicos de Telecomunicações – 2004)

A microeconomia estuda o comportamento individual dos agentes econômicos e, por essa razão, constitui um sólido fundamento à análise dos agregados econômicos. A esse respeito, julgue os itens subseqüentes.

Os avanços tecnológicos que culminaram na expansão da comunicação em tempo real, por via eletrônica (chats), deslocam a curva de demanda dos serviços de telefonia fixa e celular para baixo e para a esquerda, atestando, assim, que esses serviços são bens complementares.

( ) Certo   ( ) Errado

9. (Anatel – Especialista em Regulação de Serviços Públicos de Telecomunicações – 2004)

A microeconomia estuda o comportamento individual dos agentes econômicos e, por essa razão, constitui um sólido fundamento à análise dos agregados econômicos. A esse respeito, julgue os itens subseqüentes.

O gráfico que relaciona a demanda de de-terminado bem com o preço de outro bem, que seja substituto ou concorrente do pri-meiro, apresenta uma inclinação crescente.

( ) Certo   ( ) Errado

10. (Cesgranrio, MPE-RO – Economista 2005)

Um bem normal ou superior é aquele cujo efeito-renda é:

a) indeterminado.b) negativo.c) inferior ao efeito-substituição.d) positivo.e) nulo.

Page 113: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

www.acasadoconcurseiro.com.br 113

Polícia Federal - Agente de Polícia – Economia – Profª Amanda Aires

11. (Cearáportos – Analista de Desenvolvimen-to Logístico – Economia – 2004 – Cespe)

A análise microeconômica estuda o compor-tamento individual dos agentes econômicos e, por essa razão, constitui um fundamento sólido à analise dos grandes agregados econômicos. A esse respeito, julgue os itens que se seguem.

Se um bem inferior for também um bem de Giffen, então um aumento do seu preço elevará, também, a quantidade demandada desse produto.

( ) Certo   ( ) Errado

12. (Anatel – Especialista em Regulação – 2004)

Ainda acerca dos aspectos apontados no texto, julgue os seguintes itens, relativos a microeconomia.

O paradoxo de Giffen, que constitui uma exceção à regra geral da demanda, é con-sistente com a existência de uma curva de demanda positivamente inclinada para de-terminados bens.

( ) Certo   ( ) Errado

13. (Economia – DPU – Cespe – 2010)

Assinale a opção correta a respeito dos efei-tos preço, renda e substituição.

O efeito substituição negativo é dominado pelo efeito renda positivo caso haja aumen-to de preço de um bem de Giffen.

( ) Certo   ( ) Errado

14. (Economia – DPU – Cespe – 2010)

Assinale a opção correta a respeito dos efei-tos preço, renda e substituição.

O efeito renda altera os preços relativos dos bens, ocasionando, porém, a manutenção do poder aquisitivo do consumidor.

( ) Certo   ( ) Errado

15. (Economia – DPU – Cespe – 2010)

Assinale a opção correta a respeito dos efei-tos preço, renda e substituição.

Aumento no preço de um bem normal im-plica que os efeitos renda e substituição têm sinais opostos.

( ) Certo   ( ) Errado

16. (Economia – DPU – Cespe – 2010)

Assinale a opção correta a respeito dos efei-tos preço, renda e substituição.

Para bens complementares, não existe efei-to renda, e, para bens substitutos perfeitos, não existe efeito substituição.

( ) Certo   ( ) Errado

17. (Cesgranrio – Inea – Economista – 2007)

Uma empresa competitiva, ao produzir, causa dano ambiental (polui um curso de água). Não é obrigada a pagar pelo dano, e a curva de oferta do que produz é S0 con-forme apresentado na figura abaixo.

Se fosse obrigada a pagar, sua curva de ofer-ta teria uma posição como

a) S1b) S2c) S3d) S4e) S0 mesmo

Page 114: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

www.acasadoconcurseiro.com.br114

18. (Ancine, Cargo 1 – Caderno Chaplin, – Economia – Administração e Contábeis, 2005)

A respeito dos conceitos microeconômicos e da economia da regulação, julgue os itens a seguir.

Quando, em face de uma desvalorização do real, o preço dos equipamentos cinemato-gráficos importados aumenta, a curva de oferta de películas se desloca para baixo e para a direita.

( ) Certo   ( ) Errado

19. (Cearáportos – Analista de Desenvolvimento Logístico – Economia – 2004)

A análise microeconômica estuda o compor-tamento individual dos agentes econômicos e, por essa razão, constitui um fundamen-to sólido à analise dos grandes agregados econômicos. A esse respeito, julgue os itens que se seguem.

Na situação atual, se os sindicatos dos ban-cários conseguirem negociar aumentos sa-lariais reais, a curva de oferta de serviços bancários se deslocará para cima e para a esquerda.

( ) Certo   ( ) Errado

20. (Senado Federal – Consultor legislativo – Economia – Agricultura – 2002)

O modelo básico da oferta e da demanda é utilizado para analisar os mais variados pro-blemas econômicos. Com base nesse mode-lo, julgue os itens seguintes.

No Brasil, a redução do preço do petróleo e a recente valorização do real frente ao dólar deslocam a curva de oferta de gasolina para cima e para a esquerda.

( ) Certo   ( ) Errado

21. (Basa – Técnico Científico – 2004)

Em uma economia descentralizada, a preo-cupação maior dos diferentes agentes eco-nômicos é gerenciar o funcionamento do sistema de preços para, assim, garantir o bom desempenho das economias de mer-cado. A análise das interações entre vende-dores e compradores em uma economia de mercado constitui o cerne do estudo dos fe-nômenos econômicos. A esse respeito, jul-gue os itens a seguir.

A crescente onda de insegurança no Iraque conduz à elevação do preço do barril do petróleo cru no mercado internacional e aumenta o preço da gasolina, provocando, no Brasil, um deslocamento ao longo da curva de oferta desse combustível.

( ) Certo   ( ) Errado

22. (Antaq – Especialista em Regulação de Ser-viços de Transportes Aquaviários – 2009)

Com relação à aplicação dos conceitos bási-cos de microeconomia, julgue os itens sub-sequentes.

Um servidor recém-nomeado da Antaq foi testado pelo seu supervisor, que lhe pediu que desenhasse um gráfico da curva de oferta de transportes aquaviários, demons-trando uma elevação na quantidade oferta-da decorrente do aumento de preço desse tipo de serviço. Nessa situação hipotética, para atender corretamente à solicitação re-cebida, o referido servidor deve apresentar um gráfico com deslocamento da curva de oferta para a direita.

( ) Certo   ( ) Errado

Page 115: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

www.acasadoconcurseiro.com.br 115

Polícia Federal - Agente de Polícia – Economia – Profª Amanda Aires

23. (Cesgranrio – Prefeitura Municipal de Manaus – Economista – 2005)

Observe os Gráficos de Oferta e Demanda de Casquinhas de Sorvete de Açaí, I, II e III, abaixo.

Representa(m) uma situação de equilíbrio entre oferta e demanda, o ponto:

a) a, somente.b) b, somente.c) c, somente.d) d, somente.e) e, somente.

24. (Cesgranrio – BNDES – Profissional Basico – Administração – 2009)

Considere o gráfico abaixo, que mostra as curvas de demanda d) e de oferta (S) no mercado de laranjas. Suponha que os consumidores considerem laranja um bem inferior e laranja e tange-rina como bens substitutos.

Se o preço da tangerina aumentar, no gráfico do mercado de laranjas apresentado acima, oa)

a) novo preço será maior que p1.b) nova quantidade negociada será menor que q1.c) nova curva de demanda d) será como a tracejada no gráfico.d) posição da curva de oferta (S) será alterada.e) posição da curva de demanda d) não será alterada.

Page 116: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

www.acasadoconcurseiro.com.br116

25. (Anvisa – Analista Administrativo – economia – 2004)

A análise microeconômica estuda o compor-tamento individual dos agentes econômicos e, por essa razão, constitui um fundamento sólido à analise dos grandes agregados eco-nômicos. A esse respeito, julgue os itens a seguir.

Um aumento no preço do aço, utilizado pela indústria automobilística, provoca um des-locamento ao longo da curva de oferta da indústria automobilística elevando, assim, o preço desses produtos.

( ) Certo   ( ) Errado

26. (CNPq – Analista Pleno I – 2004)

A microeconomia estuda o comportamento individual dos agentes econômicos e, por essa razão, constitui um sólido fundamento à análise dos agregados econômicos. A esse respeito, julgue os itens a seguir.

O agravamento recente da crise no Orien-te Médio criou expectativas de redução da produção mundial de petróleo, fato que desloca a curva de oferta de gasolina para baixo e para a direita, contribuindo, assim, para aumentar o preço de mercado desse produto.

( ) Certo   ( ) Errado

27. (Basa – Técnico Científico – 2004)

Em uma economia descentralizada, a preo-cupação maior dos diferentes agentes eco-nômicos é gerenciar o funcionamento do sistema de preços para, assim, garantir o bom desempenho das economias de mer-cado. A análise das interações entre vende-dores e compradores em uma economia de mercado constitui o cerne do estudo dos fe-nômenos econômicos. A esse respeito, jul-gue os itens a seguir.

O aumento da renda dos consumidores, ao contribuir para expandir a demanda por serviços hoteleiros, pode levar ao aumento dos preços e da quantidade demandada desses serviços.

( ) Certo   ( ) Errado

28. (Cesgranrio – BNDES – Profissional Basico – Administração – 2009)

O gráfico abaixo mostra, em linhas cheias, as curvas da demanda e da oferta no mercado de maçãs.

Considere que maçãs e pêras são bens subs-titutos para os consumidores. Se o preço da pêra aumentar e nenhum outro determi-nante da demanda e da oferta de maçãs se alterar, pode-se afirmar que:

a) a curva de demanda por maçãs se des-locará para uma posição como AB.

b) a curva de oferta de maçãs se deslocará para uma posição como CD.

c) as duas curvas, de demanda e de oferta de maçãs, se deslocarão para posições como AB e CD.

d) o preço da maçã tenderá a diminuir.e) não haverá alteração no mercado de

maçãs.

Page 117: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

www.acasadoconcurseiro.com.br 117

Polícia Federal - Agente de Polícia – Economia – Profª Amanda Aires

29. (Cesgranrio – Secad-TO – Economista – 2005)

O gráfico acima representa uma curva de oferta e demanda que se encontra na posi-ção:

a) em equilíbrio.b) com escassez de demanda.c) com excesso de oferta.d) com excesso de demanda.e) com escassez de demanda e oferta.

30. (Cesgranrio – TCE-RO – Economista – 2007)

O gráfico acima mostra as curvas de deman-da e de oferta no mercado competitivo de soja. Um aumento do preço de fertilizantes agrícolas vai provocar:

a) uma quantidade de equilíbrio final no mercado de soja superior à quantidade de equilíbrio inicial q0.

b) um preço de equilíbrio final de soja in-ferior ao preço de equilíbrio inicial p0.

c) um deslocamento da curva de deman-da por soja.

d) um deslocamento da curva de oferta de soja.

e) aumento na oferta de farelo de soja.

Gabarito: 1. C 2. A 3. C 4. Errado 5. Certo 6. Certo 7. Certo 8. Errado 9. Certo 10. C 11. Errado 12. Certo  13. Certo 14. Errado 15. Errado 16. Errado 17. B 18. Errado 19. Certo 20. Errado 21. Errado 22. Errado 23. A  24. A 25. Errado 26. Errado 27. Certo 28. A 29. D 30. D

Page 118: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

www.acasadoconcurseiro.com.br118

ELASTICIDADES

4. Elasticidades

Primeira pergunta, já para começar: “O que é um elástico?”

De acordo com o dicionário, elástico quer dizer: algo que é capaz de retornar a sua forma primitiva depois de ser comprimido ou de ser esticado. Flexível. E o que isso tem com o nosso assunto? É bastante simples.

Logicamente, é importante saber que, segundo a lei da demanda, quando o preço aumenta, a quantidade demandada diminui. Mas essa informação, por si só, não traz consigo realmente os impactos de uma variação de preços sobre todos os tipos de bem, por exemplo.

Explicando melhor: eu sei que, quando o preço da gasolina ou do sal aumenta, as pessoas comprarão uma menor quantidade desses bens. Contudo, é possível observar que a redução na quantidade demandada da gasolina será infinitamente maior do que a redução observada na demanda por sal, certo?

Por que isso? Porque esses bens possuem curvas de demanda com elasticidades distintas, ou seja, curvas de demanda possuem flexibilidade diferentes! Logo, podemos dizer que a elasticidade de uma curva está associada à resposta que o agente dá quando o preço de determinado bem aumenta ou diminui.

No caso analisado, é possível observar que a curva de demanda da gasolina é muito mais flexível que a curva de demanda do sal. A justificativa para isso não é difícil: uma vez que o preço da gasolina aumenta, eu posso, facilmente, trocar gasolina por álcool. No caso do sal, a coisa não é tão simples assim, já que se o preço do sal aumentar eu não tenho outro bem próximo para trocar. Quanto mais flexível a curva de demanda, mais elástica ela será!

Uma análise semelhante ao que é visto na curva de demanda, pode ser transpassada para o caso da oferta. Antes de falar da oferta, contudo, vamos concluir o estudo da demanda!

4.1. Elasticidade-preço da demanda

Conforme analisado, uma questão importante para formuladores de políticas econômicas e produtores, é avaliar a sensibilidade da demanda de um bem com relação a mudanças nos seus preços, como forma de mensurar os seus efeitos.

Matematicamente, a medida utilizada para verificar o grau de flexibilidade da demanda é a elasticidade-preço da demanda, calculada da seguinte forma:

Page 119: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

Polícia Federal - Agente de Polícia – Economia – Profª Amanda Aires

www.acasadoconcurseiro.com.br 119

onde QD é a quantidade demandada, P é o preço do bem, ΔQD é a variação da quantidade produzida, e ΔP é a variação ocorrida no preço. Assim, a elasticidade-preço da demanda mostra qual o impacto proporcional na quantidade demandada que ocorre devido à variação de, por exemplo, 1% nos preços.

Vamos fazer um exemplo disso?

Digamos que, para um determinado bem, a demanda de mercado era de 1.000 unidades enquanto seu preço era igual a $10 e que, devido a um aumento em $5 no seu preço, a demanda se reduza para 800. Nesse caso, temos que a elasticidade desse bem será de:

Note que a variação da quantidade demandada será de – 200 (∆D = Qfinal – Qinicial = 800 – 1.000). A variação no preço do bem será igual a 5 (∆P = Pfinal – Pinicial =15 – 10). Um outro ponto que você deve notar é sobre a razão 10/1.000, circulada a seguir:

Veja que isso acontece porque nós consideramos, a elasticidade no ponto inicial, ou seja, quando, para o preço de $10, as pessoas consumiam 1.000 unidades. Logicamente, seria possível utilizar o preço de $15 e a quantidade demandada de 800, sem problemas. O resultado será diferente porque, ao longo da curva de demanda, teremos vários valores de elasticidades. Apenas por convenção, utilizamos os valores iniciais, ok?

Existe ainda outra forma de medir a elasticidade demanda. É o que nós, economistas, chamamos de elasticidade no arco ou no ponto médio.

A princípio, eu sei, a coisa parece feia, mas não é! A expressão quer apenas mostrar que, ao invés de considerar quantidade e preços iniciais ou finais, considera-se a média deles! E vou dizer uma coisa, as bancas adoram essa notação por uma razão simples: aqui, não importa sob

Page 120: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

www.acasadoconcurseiro.com.br120

que ângulo você olha o problema (se do ângulo da situação inicial ou final), o resultado será sempre o mesmo!

Compreendido?

Por fim, a elasticidade pode ser ainda vista em termos de variações percentuais. Assim, além da fórmula vista, a demanda também pode ser compreendida pela fórmula:

Isso é exatamente o que nós vimos anteriormente. Então, uma forma alternativa de enunciar a elasticidade preço da demanda é dizer que ela mede a variação percentual na quantidade demandada dado que houve uma variação percentual no preço. Nesse caso, se a questão pede para verificar as variações percentuais, levante as mãos para os céus e agradeça! Essas questões são, normalmente, as mais simples de resolver!

Mas, finalmente, para que serve mesmo esse cálculo todo? Para dizer se determinada curva de demanda é muito ou pouco flexível a variações nos preços. De forma simples, podemos dizer que:

• Elasticidade preço menor que – 1, demanda elástica (sensível ou flexível);

• Elasticidade preço igual a – 1, demanda de elasticidade unitária;

• Elasticidade preço maior que – 1, demanda inelástica (insensível ou inflexível).

Isto é, no caso anterior, como o resultado foi de – 0,4, temos que a demanda é inelástica! Assim, variações no preço não levam a grandes variações na quantidade demandada. Um exemplo desse tipo de bem é o sal (visto anteriormente). Outros exemplos seriam: água, remédios controlados que não possuem genéricos, etc.

Note que também é bastante comum encontrar o valor da elasticidade-preço da demanda em módulo. Nesse caso, note que se considera uma demanda elástica quando o seu valor em módulo é maior que 1; unitária, quando o valor é igual a 1, e inelástica quando seu valor em módulo é menor que 1.

Page 121: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

Polícia Federal - Agente de Polícia – Economia – Profª Amanda Aires

www.acasadoconcurseiro.com.br 121

CuriosidadesEm matemática, o módulo é expresso como o valor absoluto de um número, ou seu valor sem sinal. Por exemplo, – 5 e + 5 possuem o mesmo valor em módulo, 5. Simbolicamente, o módulo é apresentado da seguinte forma: |x| = x.

No caso do estudo de elasticidades, a maior parte das bancas considera os valores em módulos para facilitar a compreensão do efeito do sinal. Para ser sincera, é muito mais confuso analisar com os negativos!

Considerando os valores em módulo, temos que:

• Elasticidade preço maior que 1, demanda elástica (sensível ou flexível);

• Elasticidade preço igual a 1, demanda de elasticidade unitária;

• Elasticidade preço menor que 1, demanda inelástica (insensível ou inflexível).

Logo, ainda considerando o valor do exemplo anterior, – 0,4, tomando o valor em módulo, temos que |– 0,4| = 0,4. Assim, de acordo com o quadro, temos que a demanda é inelástica! Simples, não é?

Existem ainda dois casos extremos que teremos que analisar no que diz respeito à elasticidade-preço da demanda. O primeiro caso é o que os economistas chamam de demanda infinitamente elástica! Nessa situação, uma pequena variação nos preços leva a uma imensa variação na quantidade demandada. O segundo ponto fala sobre a demanda infinitamente inelástica. Nesse caso, por mais que existam variações nos preços, a demanda se mantém inalterada.

Note que, nesse caso, é difícil dizer o que é uma variação muito grande ou uma variação muito pequena. Por isso, normalmente, as bancas não pendem essas definições. Eu disse: normalmente.

A figura seguinte mostra os formatos das curvas de demanda quando essas são elásticas ou inelásticas. Observe que, quanto mais elástica, mais horizontal será a curva e, quanto mais inelástica, mais vertical será a curva.

Page 122: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

www.acasadoconcurseiro.com.br122

Não é difícil observar que quanto mais inelástica for uma curva, independentemente da variação no preço, a quantidade demandada será exatamente a mesma. Já no caso da demanda elástica, mesmo uma variação muuuuiiito pequena de preços, levará a uma variação imensamente grande na quantidade demandada!

Quando se fala em elasticidade da demanda, nós estaremos, o tempo todo, falando de deslocamentos AO LONGO da curva de demanda, ok?

Quando se fala em elasticidade da demanda, nós estaremos, o tempo todo, falando de deslocamentos AO

LONGO da curva de demanda, ok?

Por meio do gráfico, observa-se ainda que, à medida que a demanda se torna mais inelástica, a curva tende a se tornar cada vez mais vertical, lembrando o formato de um “i” de inelástica!

Segue um bizu para como verificar, através dos gráficos, a elasticidade das curvas:

Page 123: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

Polícia Federal - Agente de Polícia – Economia – Profª Amanda Aires

www.acasadoconcurseiro.com.br 123

Então, quanto mais horizontal for a curva, mais elástica ela será! Quanto mais vertical for, mais inelástica será! Assim fica facinho de ver nas questões! Vamos ver um exemplo de como isso é visto em uma questão da Cesgranrio?

Hora de Praticar!

Exercício 1

(Cesgranrio – Secad-TO – Economista – 2005) Observe os gráficos abaixo, que representam Curvas de Elasticidade da Demanda e da Oferta.

Assinale a opção que descreve corretamente a elasticidade-preço das curvas.

M N O P

a) Perfeitamente Elástica Elasticidade Unitária Elástica e maior do que 1

Perfeitamente Inelástica

b) Perfeitamente Elástica Elástica e maior do que 1 Elasticidade Unitária Perfeitamente

Inelástica

c) Elasticidade Unitária Perfeitamente Elástica Inelástica e maior do que 1

Perfeitamente Inelástica

d) Elasticidade Unitária Inelástica e maior do que 1 Perfeitamente Elástica Perfeitamente

Inelástica

e) Perfeitamente Inelástica Elasticidade Unitária Elástica e maior do

que 1Perfeitamente

Elástica

Dúvidas? É só lembrar que quanto mais Elástica for uma curva, mas horizontal ela será, ou seja, mais o seu formato lembrará o traço do meio da letra E. Por outro lado, quanto mais Inelástica

Page 124: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

www.acasadoconcurseiro.com.br124

for uma curva, mais vertical ela será, ou seja, mais um I ela lembrará! Apenas sabendo disso, já podemos ver que a alternativa correta é a letra (E)! Para isso, basta apenas observar que o gráfico (M) diz respeito a uma curva perfeitamente inelástica enquanto o gráfico (P) diz respeito a uma curva perfeitamente elástica!

Simples? Vamos continuar com a nossa amiga Cespe agora?

Exercício 2

(Antaq – Especialista em Regulação de Serviços de Transportes Aquaviários – 2009) Com relação à aplicação dos conceitos básicos de microeconomia, julgue os itens subsequentes.

Encontrada a elasticidade preço da demanda de um produto em determinado nível de preço, é possível afirmar que a elasticidade aplica-se para todos os níveis de preço desse produto, uma vez que esse parâmetro é uma constante.

Essa aqui a gente já respondeu quando falou de foco no cálculo da elasticidade de demanda, lembra?

“Digamos que para determinado bem, a demanda de mercado era de 1.000 unidades enquanto seu preço era igual a $10 e que, devido a um aumento em $5 no seu preço, a demanda se reduza para 800. Nesse caso, temos que a elasticidade desse bem será de:

Note que, a variação da quantidade demandada será de – 200 (∆QD = Qfinal – Qinicial = 800 – 1.000). A variação no preço do bem será igual a 5 (∆P= Pfinal – Pinicial = 15 – 10). Um outro ponto que você deve notar é sobre a razão 10/1.000, circulada a seguir:

Veja que isso acontece porque nós consideramos a elasticidade no ponto inicial, ou seja, quando para o preço de $10, as pessoas consumiam 1.000 unidades. Logicamente, seria possível utilizar o preço de $15 e a quantidade demandada de 800, sem problemas. O resultado será diferente porque, ao longo da curva de demanda, teremos vários valores de elasticidades. Apenas por convenção, utilizamos os valores iniciais, ok?”

Page 125: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

Polícia Federal - Agente de Polícia – Economia – Profª Amanda Aires

www.acasadoconcurseiro.com.br 125

Lembra disso? Logo, ao longo da curva de demanda, a elasticidade terá valores diferentes! Existirão casos em que a curva de demanda possuirá a mesma inclinação, como o caso da curva de demanda linear, mas, ainda assim, possuirá elasticidade diferente, ok?

GABARITO: FALSO

Exercício 3

(Ancine – Cargo 1 – Caderno Chaplin – Economia – Administração e Contábeis – 2005.) A respeito dos conceitos microeconômicos e da economia da regulação, julgue os itens a seguir.

O fato de os ingressos, em alguns cinemas, serem mais baratos nos dias úteis da semana que nos feriados e fins de semana leva a aumentos tanto da demanda de sessões de cinema, no meio da semana, como da elasticidade preço da demanda desses serviços.

E vamos lá para a primeira de MUITAS.

Não sei no resto do Brasil, mas em Recife, eu lembro que o cinema é bem mais barato nas segundas (R$ 3,50 eu acho) e nas quartas (R$ 4,50). Essa política não é muito antiga. Acho que há uns anos o cinema era exatamente o mesmo preço todos os dias da semana.

O que acontece quando esse tipo de política é implementada? A princípio, podemos observar que mais pessoas passarão a ir aos cinemas nos dias de semana em que os preços são mais baratos, certo? Logo, quando a questão fala que isso leva a aumentos da demanda de sessões de cinema, no meio da semana, ela está correta.

Além disso, a questão afirma que haverá também um aumento da elasticidade preço da demanda desses serviços, o que também é verdade já que agora, como as pessoas têm mais opções durante a semana, se o preço da entrada do cinema nos fins de semana aumentar, elas possuem outras possiblidades, logo, poderão reagir mais a variações de preços, o que implica, em última instância, que haverá um aumento na elasticidade preço da demanda!

Antes de ir para a próxima questão, vamos deixar uma coisa bem clara: o preço dos ingressos de cinema é mais caro nos fins de semana e feriados porque as pessoas que vão ao cinema nesses dias não tem outros dias para ir. Por exemplo, quando eu estava no Brasil, trabalhava o dia todo na Agefepe e, à noite, dava aula em universidades e/ou em cursinhos para concurso. Resultado: por mais caro que fosse a entrada do cinema, eu não tinha muitas opções a não ser pagar =\

O dono do cinema sabe disso. Sabe que não só eu, mas muitas pessoas possuem o mesmo tipo de rotina, o que impossibilita idas ao cinema nos dias de semana. Dessa forma, ele aplica um preço mais alto nos fins de semana porque sabe que essas pessoas não têm outra alternativa. Nesse caso, o preço aplicado não tem nenhuma ligação com os custos da empresa, mas apenas com a elasticidade da demanda do consumidor! Até porque, cá entre nós, não há nenhuma diferença de custos entre passar um filme na segunda à noite e o mesmo filme no sábado seguinte!

Page 126: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

www.acasadoconcurseiro.com.br126

Compreendido?

Preste AtençãoA elasticidade preço da demanda dependerá, em grande parte da quantidade de substitutos que determinado bem possui. Quanto maior for a quantidade de substitutos, maior tende a ser a elasticidade preço da demanda. Quanto menor a quantidade, menor a elasticidade!

Exercício 4

(Pref. Vitória-ES – Controlador de Recursos Municipais – 2008) A análise microeconômica estuda o comportamento individual dos agentes econômicos e, por essa razão, constitui um fundamento sólido à análise dos grandes agregados econômicos. A esse respeito, julgue os itens a seguir.

O fato de que os ingressos de cinema costumam ser mais baratos no período vespertino é consistente com a idéia de que a elasticidade preço da demanda, nesse horário, é mais elevada quando comparada com as sessões noturnas após as 18 horas.

Outra questão sobre cinema?

Como assim???

Pois é, como eu disse, a Cespe gosta muito de se repetir. Eis aí a prova disso. Mesmo raciocínio.

O que vale para a segunda e a quarta-feira no Recife, vale também para as sessões no fim de semana que começam antes das 15h (no caso de Recife).

Ora, vale aqui, o mesmo tipo de raciocínio: eu não consigo chegar antes das 18 horas no cinema, como diz a questão, porque eu tenho que trabalhar ou fazer alguma outra obrigação, por exemplo. Logo, a minha demanda passa a ser menos flexível ou mais inelástica. Agora imagine que determinada pessoa possa ir ao cinema antes das 18h. Nesse caso, se o preço do ingresso do cinema aumentar muito para as sessões após às 18h, essa pessoa pode, simplesmente, chegar um pouco mais cedo e ver o filme em um horário que seja mais barato!

Assim, quando a questão afirma que O fato de que os ingressos de cinema costumam ser mais baratos no período vespertino é consistente com a idéia de que a elasticidade preço da demanda, nesse horário, é mais elevada quando comparada com as sessões noturnas após as 18 horas, ela é verdadeira!

GABARITO: VERDADEIRA

Page 127: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

Polícia Federal - Agente de Polícia – Economia – Profª Amanda Aires

www.acasadoconcurseiro.com.br 127

Exercício 5

(MPE-TO – Analista Ministerial – 2006) A análise microeconômica é o estudo do comportamento individual dos agentes econômicos e, por essa razão, constitui fundamento sólido para a análise dos grandes agregados econômicos. A esse respeito, julgue os seguintes itens.

Tarifas telefônicas mais baixas durante o fim de semana e o período noturno são compatíveis com o fato de os consumidores domésticos desses serviços possuírem menor elasticidade preço da demanda por esses serviços.

Para responder a essa questão eu faço uma pergunta: imagine que você está no meio de uma investigação muito séria na Polícia Federal e precise fazer uma ligação interurbana. Você vai esperar até as 20h para poder fazer a ligação? Não, né?

Agora imagine uma outra situação: você está em casa e quer muito falar com um grande amigo que mora em uma outra cidade. Você sabe também que depois das 20h fica mais barato ligar para ele. Você liga agora ou espera mais um pouco? Possivelmente, você verá que não custa nada esperar mais um pouquinho para conversar com seu amigo pagando menos!

Nos dois casos, quem é mais sensível a variação de preços? O seu “eu” policial ou o seu “eu” amigo? Pelo que foi visto acima, o seu “eu” amigo é mais sensível a variações de preços ou possui uma maior elasticidade preço da demanda!

A questão diz que as Tarifas telefônicas mais baixas durante o fim de semana e o período noturno são compatíveis com o fato de os consumidores domésticos desses serviços possuírem menor elasticidade preço da demanda por esses serviços. Veja que a questão está errada pela mesma razão que a questão do cinema também estava. Na verdade, o preço das chamadas são mais baratas porque as pessoas são mais elásticas nesse período. Como vimos acima, se você estiver no meio de uma investigação, não importa qual seja o valor da ligação, você a efetuará de qualquer jeito!

Esse mesmo tipo de raciocínio sabe para os vôos comerciais. Determinada empresa deseja fechar com você um contrato em uma cidade a 1.000 km da sua, independentemente do valor que seja a passagem. Nesse caso, diremos que essas pessoas possuem demanda inelástica. Esse fato não é visto caso você queira ir para a mesma cidade passear!

Compreendido?

GABARITO: FALSO

Page 128: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

www.acasadoconcurseiro.com.br128

Exercício 6

(Anatel – Especialista em Regulação de Serviços Públicos de Telecomunicações – 2004) A microeconomia estuda o comportamento individual dos agentes econômicos e, por essa razão, constitui um sólido fundamento à análise dos agregados econômicos. A esse respeito, julgue os itens subseqüentes.

A diferenciação de preços das chamadas telefônicas, de acordo com a qual as tarifas são mais elevadas no horário comercial, justifica-se pelo fato de a elasticidade preço da demanda por serviços de telefonia das empresas ser mais elevada do que aquela referente à demanda residencial.

Eis aí o inverso da questão anterior! Por que as chamadas telefônicas são mais caras no horário comercial?

Porque as empresas não tem escolha! Ou ligam para fechar um contrato ou atender um cliente ou perdem dinheiro! Dessa forma, assim como vimos na questão anterior, as chamadas serão mais caras quanto menos elásticas forem as curvas de demanda dos consumidores!

No caso dessa questão, afirma-se que as tarifas são mais elevadas pelo fato de a elasticidade preço da demanda por serviços de telefonia das empresas ser mais elevada do que aquela referente à demanda residencial, o que nós já vimos que não é correto!

Logo, a alternativa é incorreta. Ela estaria correta se considerasse que a elasticidade preço da demanda é menor para as empresas ou é maior para o caso das famílias!

Facinho?

GABARITO: FALSO

Exercício 7

(Ministério da Saúde – Economia da Saúde – 2008) A microeconomia, que analisa o comportamento dos agentes econômicos individuais, constitui um instrumental importante na análise de questões ligadas à economia da saúde. A respeito desse assunto, julgue os itens de 51 a 65.

O fato de as academias de ginástica geralmente cobrarem preços mais baixos para os horários em que há baixa freqüência de usuários explica-se porque a demanda, nesses horários, é mais inelástica.

E aí? Vale aqui o mesmo raciocínio!

O preço das academias é mais barato quando há menor frequência porque, nesses horários, os consumidores são mais elásticos com relação aos preços. Raciocínio idêntico ao que foi visto anteriormente! Não tem nem o que pensar, não é?

Page 129: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

Polícia Federal - Agente de Polícia – Economia – Profª Amanda Aires

www.acasadoconcurseiro.com.br 129

Como a questão diz que a demanda será mais inelástica, podemos dizer que ela é falsa! Ela só será inelástica nos horários em que há alta frequência, como, por exemplo, antes das 7h ou depois das 18h.

Compreendido?

GABARITO: FALSO

Exercício 8

(Basa – Técnico Científico – 2004) As elevadas exigências – quanto a qualificação técnica e habilidade – indispensáveis aos bons neurocirurgiões concorrem para reduzir a elasticidade da demanda pelos serviços desses profissionais em relação àquelas que caracterizam a demanda pelos serviços de médicos menos especializados. A teoria microeconômica estuda o processo de decisão dos agentes econômicos, incluindo-se aí consumidores e produtores. Com relação a esse tema, julgue os itens a seguir.

Lojas de conveniência que ficam abertas 24 horas cobram preços mais elevados por produtos que podem ser adquiridos por preços inferiores nos supermercados, em razão de se defrontarem com uma curva de demanda menos elástica em relação ao preço.

Já se perguntaram por que as lojas de conveniência são tão caras mesmo durante o dia? A resposta para essa pergunta não é difícil. Essas lojas não estão interessadas em vender durante o dia, quando existem milhares de concorrentes, mas durante a noite, em que elas operam praticamente sozinhas!

Por que isso? Pela mesma razão que a chamada telefônica durante o horário comercial é mais cara ou o vôo marcado na véspera. Porque elas se deparam com curvas de demanda mais inelásticas, exatamente como diz o enunciado da questão.

Então, apenas para finalizar a resolução, as lojas de conveniência venderão mais caro produtos encontrados em outros lugares por um valor mais barato porque essas empresas se defrontam com curvas de demanda mais inelásticas ou menos elásticas!

GABARITO: FALSO

Viram como a Cespe adora se repetir?

Vamos agora ver umas coisas diferentes, ainda na Cespe?

Page 130: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

www.acasadoconcurseiro.com.br130

Exercício 9

(Anvisa – Analista Administrativo – economia – 2004) A análise microeconômica estuda o comportamento individual dos agentes econômicos e, por essa razão, constitui um fundamento sólido à analise dos grandes agregados econômicos. A esse respeito, julgue os itens a seguir.

Na alta estação, hotéis de praias badaladas, como Porto de Galinhas, aumentam, consideravelmente, seus preços. Assim, se nesse período, o aumento de 30% dos preços das diárias reduzir em 5% os gastos hoteleiros, pode-se afirmar que, nesse mercado, a curva de demanda é elástica em relação ao preço.

Finalmente uma coisinha diferente, hein, Cespe? E olha só, com um pouco de matemática também!

A princípio assusta, mas é bem fácil de resolver. Vamos analisar juntos?

Veja só, de fato, o aumento do preço dos hotéis não é um luxo verificado apenas para Porto de Galinhas, em Pernambuco. Em todo o Brasil, vários hotéis fazem exatamente a mesma coisa. Dessa forma, a questão diz o seguinte: se nesse período, o aumento de 30% dos preços das diárias reduzir em 5% os gastos hoteleiros...O que acontecerá?

Nesse caso, embora tenhamos variações percentuais, veja que não se fala em variação percentual da quantidade de do preço, mas do preço e dos gastos. O que são esses gastos, finalmente?

Quando eu falo que gasto, por exemplo, R$ 300 com combustível, isso quer dizer que eu utilizo 120 litros e pago R$ 2,50 por cada unidade consumida. Então, para o consumidor, a função gasto possui a seguinte expressão:

Gasto = preço * quantidade

Veja que, na questão, a banca fala que, quando há uma variação de 30% nos preços, os gastos caem 5%. Vamos analisar isso?

Imagine que inicialmente você compre 1 unidade de determinado bem e pague, por isso R$ 1. Logo, a sua função gasto pode ser representada pela seguinte expressão:

Gasto = preço * quantidade

Gasto = 1*1

Gasto = 1

Page 131: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

Polícia Federal - Agente de Polícia – Economia – Profª Amanda Aires

www.acasadoconcurseiro.com.br 131

Logicamente, essa é a nossa situação inicial. Agora, de acordo com a banca, teremos um aumento de 30% no preço do bem em análise, assim, o novo preço será de R$ 1,30. Ainda nessa situação, a banca afirma que os gastos serão reduzidos em 5%, ou seja, agora, você gastará, no total R$ 0,95.

Finalmente, a questão diz que nessa situação, o bem em análise é elástico. Para saber se determinado bem é elástico ou não, teremos que verificar o que acontece com a quantidade demandada dado que houve uma variação nos preços. Vejamos:

Gasto = preço * quantidade

0,95 = 1,30 * quantidade

Quantidade = 0,95 / 1,30

Quantidade = 0,73

Ou seja, para um preço de R$ 1,30 e um gasto de R$ 0,95, a quantidade demandada deverá ser de 0,73 unidades. Agora, sim, com essas informações, podemos calcular a elasticidade preço da demanda.

Nas nossas continhas anteriores, isso nos levaria a uma demanda inelástica, já que o módulo de – 0,9 é 0,9 e como esse valor é menor que 1, nossa demanda é inelástica no ponto (1,1).

Masss a banca diz que a questão é verdadeira!!

Como assim???

Pois é, a Cespe dá essa questão como verdadeira no gabarito oficial! Nesse caso, conforme visto, ela não é verdadeira para todos os casos, logo, caberia aqui, facilmente, um recurso.

GABARITO OFICIAL: VERDADEIRA

 

Page 132: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

www.acasadoconcurseiro.com.br132

Vamos para a última questão sobre elasticidade preço da demanda?

Exercício 10

(Economia e Finanças – Banco do Brasil – Certificação Interna – 2010) Em relação a elasticidade, assinale a opção correta.

Bens necessários tendem a ter demanda preço elástica.

Esse aqui é, disparado, um dos itens mais simples que nós vimos! Mas, vá por mim, há uma tendência enorme de errar esse tipo de questão!

Vamos ver?

Observe que, geralmente, os bens necessários tendem a possuir, de fato, curvas de demanda mais inelásticas! Mas eu disse: tendem! Por que tendem? Porque, como vimos anteriormente, a elasticidade está fortemente associada com o grau de substituição que determinado bem possui. Isto é, quanto maior for a quantidade de bens substitutos, maior tenderá a ser a elasticidade-preço da demanda desse bem. Por exemplo, o feijão preto é um bem necessário para a dieta do brasileiro típico. Mas eu posso dizer que ele possui demanda inelástica? Nesse caso, possivelmente não. A razão para isso é que o feijão preto possui uma grande quantidade de bens substitutos, como o feijão mulatinho (no bom pernambucanês).

Compreendido?

Nesse caso, a questão não é verdadeira.

GABARITO: FALSO

Agora que já vimos muitos exercícios sobre elasticidade-preço da demanda, vamos ver os outros tipos de elasticidade que envolvem o consumidor?

4.2. Elasticidade preço cruzada

Assim como usamos a elasticidade preço para medir a sensibilidade ou flexibilidade da demanda com relação ao próprio preço, também podemos calcular essa sensibilidade com relação ao preço de outros bens, inclusive os substitutos. Essa sensibilidade do preço com relação ao preço de outros bens é denominada elasticidade preço cruzada, e é calculada de modo semelhante à elasticidade preço:

onde QDx é a quantidade demandada por um bem x, PY é o preço de um bem y, ∆Qx é a variação da quantidade produzida e ∆Py é a variação ocorrida no preço.

Page 133: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

Polícia Federal - Agente de Polícia – Economia – Profª Amanda Aires

www.acasadoconcurseiro.com.br 133

Veja que pouco mudou com relação à elasticidade preço da demanda. Com um tempo, você verificará que, quando se falar em elasticidade, estaremos analisando, para a maior parte dos casos, a variação da quantidade demandada com relação à variação de alguma outra variável. No caso que vamos ver agora, será com relação ao preço do bem relacionado.

No caso da elasticidade preço cruzada (é cruzada e não cruzado, porque é a elasticidade cruzada!), o que muda, em relação à elasticidade preço da demanda é a interpretação! Aqui, ao invés de comparar com 1, nós analisaremos os valores com relação a zero!

Assim, se um aumento do preço do bem relacionado promove um crescimento da demanda, então teremos valores positivos para a elasticidade npreço cruzada. Nesse caso, diremos que os bens são bens substitutos. O raciocínio para isso é simples. Digamos que eu esteja olhando o preço da gasolina e os seus impactos sobre a demanda por álcool. Nesse caso, se o preço da gasolina aumentar (o que leva a uma variação positiva de ∆Py), isso provocará uma redução na demanda por gasolina. Como consequência, haverá um aumento da demanda por álcool. Finalmente, quando a elasticidade preço cruzada é positiva, os bens são, como dito anteriormente, substitutos!

Deve-se avaliar o resultado da seguinte forma:

• Elasticidade preço cruzada positiva: bens substitutos;

Dessa forma, se eu quero dizer que dois bens são substitutos, posso dizer que eles possuem elasticidade preço cruzada positiva! (isso aqui é bem importante para as bancas!)

Quando o valor da elasticidade preço cruzada é negativo, diremos que os bens não são substitutos, mas complementares. Esses bens precisam ser consumidos em conjunto com outros, como, por exemplo, o café e o açúcar. Se o preço do açúcar crescer, o consumo de café tende a diminuir. Isto é, o consumo de um bem se reduz caso ocorra um aumento no preço de um bem que precisa ser consumido conjuntamente.

Nesse caso, a avaliação da elasticidade preço cruzada para um bem complementar deve ser:

• Elasticidade preço cruzada negativa: bens complementares.

Simples de observar?

4.3. Elasticidade Renda da Demanda

Como vimos na aula 01, outro fator que influencia o consumo dos indivíduos é a renda, pois determina a capacidade de compra. Com uma renda maior, os indivíduos podem consumir mais unidades dos produtos, mas quando a renda se reduz, os indivíduos têm escolhas mais limitadas.

A sensibilidade da demanda com relação a mudanças na renda é medida pela elasticidade renda da demanda, que, de forma semelhante ao que foi visto anteriormente, é calculada da seguinte forma:

Page 134: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

www.acasadoconcurseiro.com.br134

onde Q é a quantidade demandada, R é o preço do bem, ∆Q é a variação da quantidade produzida e ∆R é a variação ocorrida na renda.

Assim como a elasticidade preço cruzada, a elasticidade renda também tem como base para comparação o valor 0. Dessa forma, a interpretação para a elasticidade renda é a seguinte:

• Elasticidade renda positiva: bem normal;

• Elasticidade renda negativa: bem inferior;

Como nós vimos, um bem normal é aquele que o consumo aumenta com o aumento da renda. Já o bem inferior é aquele que, quando a renda aumenta, o consumo diminui. Um exemplo de bem inferior é a carne de segunda.

Elasticidade Valor de referência Classificação do bem

Elasticidade-preço da demanda 1

Infinitamente elástico, inelástico, elasticidade unitária e infinitamente

inelástico

Elasticidade-preço cruzada 0 Substituto ou complementar

Elasticidade-renda 0 Normal ou inferior

Fique atento!Sempre que se falar em elasticidade preço da demanda, o valor de referência será 1, e o bem é classificado como infinitamente elástico, inelástico, elasticidade unitária e infinitamente inelástico. Quando se falar em elasticidade preço cruzada ou em elasticidade renda, o valor de referência é 0 e o bem será classificado como substituto ou complementar (para o caso da elasticidade-preço cruzada) ou como normal ou inferior (para o caso da elasticidade-renda).

Hora de praticar!

Exercício 11

(Pref. Vitória-ES – Controlador de Recursos Municipais – 2008) A análise microeconômica estuda o comportamento individual dos agentes econômicos e, por essa razão, constitui um fundamento sólido à análise dos grandes agregados econômicos. A esse respeito, julgue os itens a seguir.

De acordo com um estudo recente, a elasticidade renda da demanda de leite em pó, no Brasil, é negativa para todas as faixas de renda. Supondo-se que essa elasticidade esteja corretamente estimada, é possível afirmar que, para esse produto, o efeito renda reforça o efeito substituição.

Page 135: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

Polícia Federal - Agente de Polícia – Economia – Profª Amanda Aires

www.acasadoconcurseiro.com.br 135

Eis aí o que eu chamo de uma questão completa. Por que completa? Porque ela traz a noção de elasticidade a e noção dos efeitos renda e substituição juntos.

Vamos dar uma olhada por partes.

Na primeira parte, a questão diz que a elasticidade renda da demanda de leite em pó, no Brasil, é negativa para todas as faixas de renda. Até aqui, o que nós podemos concluir? Quando a elasticidade renda da demanda é negativa, temos um caso de um bem inferior, aquele em que, quando a renda aumenta, o consumo diminui! Então, a questão falará, até o final, do que ocorre com um bem inferior. Em seguida, ela afirma: supondo-se que essa elasticidade esteja corretamente estimada, é possível afirmar que, para esse produto, o efeito renda reforça o efeito substituição. Agora, depois que a questão conclui sua caracterização sobre o bem, diz que, para esse bem, os efeitos renda e substituição (vistos na aula passada) se reforçam.

Veja, você deve lembrar que os efeitos renda e substituição só se reforçam para o caso dos bens normais. Para os bens inferiores e de Giffen, nós vimos que os dois efeitos tendem a se anular, prevalecendo o efeito substituição para o caso dos bens inferiores ordinários e o de renda, para o caso dos bens de Giffen.

Assim, a questão é falsa, pois considera inicialmente que o leite em pó é um bem inferior e depois afirma que os efeitos renda e substituição tendem a se reforçar!

GABARITO: FALSO

Exercício 12

(Economia – DPU – Cespe – 2010) Assinale a opção correta em relação a elasticidade da procura.

Um bem de luxo é um bem normal com elasticidade renda da demanda inferior a 1.

Eis aí uma definição que ainda não tínhamos visto:

BEM DE LUXO.

Por definição, chamamos um bem de bem de luxo quando a elasticidade renda da demanda é superior a 1!

Eis aí a definição simples! Falou-se em bens de luxo, falaremos, necessariamente nesse valor de elasticiade.

Mas, veja, a questão diz que a elasticidade renda demanda é inferior a 1! Nesse caso, a alternativa é incorreta! Apenas pela definição dá para verificar isso, ok?

GABARITO: FALSO

Page 136: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

www.acasadoconcurseiro.com.br136

Exercício 13

(Economia – DPU – Cespe – 2010) Assinale a opção correta em relação a elasticidade da procura.

A elasticidade renda da demanda por um bem inferior é menor que 1.

Por fim, veja que a questão é super simples de resolver, mas ela sempre pega a gente no detalhe e na atenção. Note que, se você fizer essa questão na pressa, vai marcar que ela está verdadeira. O raciocínio é simples: bem inferior, elasticidade menor do que o valor dado como parâmetro. Como para o caso da elasticidade preço da demanda, o valor de referência é 1, você tenderá a fazer isso para o caso da elasticidade preço também!

Mas... como nós já vimos, esse tipo de análise não é correto porque, para o caso da elasticidade renda, o valor de referência não é 1, mas 0. Logo, quando um bem possui elasticidade renda positivo (mesmo que seja + 0,00001), esse bem é dito normal! Ele só será inferior se possuir elasticidade renda menor que zero, ok?

Finalmente, para complementar, o bem será dito normal e de luxo se tiver uma elasticidade renda maior que 1. Compreendido?

GABARITO: FALSO

Com essa questão, nós finalizamos a análise sobre o consumidor e todos os seus tipos de elasticidade: preço da demanda, renda e preço cruzada. Para concluir a parte de elasticidades e entrar, finalmente, no assunto da aula de hoje, precisaremos ver a elasticidade das empresas!

4.4. Elasticidade preço da oferta

De modo análogo à análise da demanda, podemos encontrar a curva de oferta de mercado a partir da soma das ofertas de cada firma para cada preço, e podemos calcular a sensibilidade da oferta com relação a mudanças nos preços. A elasticidade preço da oferta é dada por:

O que é exatamente igual ao que foi visto para o caso da demanda! Assim, se, por exemplo, a elasticidade preço da oferta é igual a 2, então se o preço de mercado aumenta em 1%, a quantidade produzida crescerá em 2%.

É possível perceber que, diferentemente da demanda, a elasticidade preço da oferta é um valor positivo, assim não será necessário utilizar o módulo. A quantidade ofertada cresce se o preço do produto sobe (lei da oferta).

Page 137: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

Polícia Federal - Agente de Polícia – Economia – Profª Amanda Aires

www.acasadoconcurseiro.com.br 137

Finalmente, a classificação dos bens seguirá exatamente o mesmo formato do que foi visto para o caso da demanda. Isto é, a oferta é elástica com relação ao preço se a elasticidade produção é maior que 1, é inelástica se a elasticidade é menor que 1, e tem elasticidade unitária, quando a elasticidade é igual a 1, exatamente da mesma forma que foi visto para o caso da demanda.

Exercício 14

(Cesgranrio – Secad-TO – Economista – 2005) Se a quantidade oferecida de um bem reage substancialmente a uma variação nos preços, temos um caso de:

a) oferta elástica com elasticidade menor do que 1.b) elasticidade – preço da demanda.c) oferta inelástica com elasticidade entre 0 e 1.d) oferta elástica com elasticidade maior do que 1.e) oferta infinitamente elástica.

Veja que ele diz, na questão, que a quantidade ofertada reage substancialmente a uma variação nos preços. Só com essas informações, podemos “matar” uma série de itens. Vamos ver juntos?

A letra (B) diz que isso se trata da elasticidade preço da demanda! Como assim? Veja que ele fala que a quantidade ofertada varia em relação ao preço, não à quantidade demandada! Logo, é fácil ver que a questão é absolutamente incorreta.

Vamos ver outro aqui que de cara está errado!

Vejamos...

A letra (A) fala que, quando a quantidade varia sensivelmente com relação aos preços, teremos um caso de oferta elástica com elasticidade menor que 1. Aqui, eu nem preciso saber do que a questão fala! Basta saber que oferta elástica só é possível com valor maior que 1 que nós já saberemos que a questão é incorreta! É um erro conceitual.

Restaram as alternativas (C), (D) e (E).

A assertiva (C) afirma que, se a oferta variar substancialmente a uma variação de preços, ela será dita inelástica. Como nós já vimos, a oferta inelástica está ligada a uma pequena variação da quantidade, dado que houve uma variação nos preços. Logo, a alternativa não é correta também. Nesse caso, apenas para complementar, a oferta será inelástica quando seu valor foi menor que 1 ou entre 0 e 1, conforme dito na alternativa.

Sobrou para escolhermos as letras (D) e (E). Aqui, vale uma nota importante. Uma coisa infinitamente elástica não deve ser, por definição, algo maior que 1? Assim, as duas letras respondem fundamentalmente a mesma coisa!

Contudo, a banca deu como resposta correta, a letra (E). Logicamente, essa seria a mais óbvia de se responder, mas o problema é que a letra (D) não pode ser considerada totalmente falsa!

Page 138: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

www.acasadoconcurseiro.com.br138

Logo, apesar de concordar que a letra (E) seria a mais adequada. Colocaria que aqui caberia, facilmente, um recurso!

GABARITO: (E)

 Outra quente?

Exercício 15

(DPF – Escrivão da Polícia Federal – 2009 – Cespe) Julgue os itens que se seguem, a respeito de tributos, tarifas e subsídios, e tendo como foco a eficiência econômica e a distribuição da renda.

[62] Um dos principais fatores determinantes da elasticidade-preço da oferta de produtos agrícolas é a disponibilidade de crédito subsidiado para custeio e investimento. Restrições ou escassez de crédito ou encargos elevados tornam menos elástica a capacidade de oferta mesmo com aumentos nas cotações dos produtos.

Digamos que você possui uma fazendinha que produz manga no Vale do São Francisco (Região entre Pernambuco e Bahia). Digamos ainda que Israel está em guerra com a Palestina. Logo, você estará todo interessado em aproveitar essa leva de preços altos! Mas, para plantar, você precisa de reais, certo? E se você não tiver reais em caixa? Seria possível aumentar a produção? Nesse caso, o seu aumento de produção em decorrência de um aumento de preços dependerá do acesso que você tem ao crédito bancário! Assim, quanto maior o volume de crédito disponível, maior será a sua elasticidade preço da oferta, o que torna a questão perfeitamente correta!

Apenas completando nas palavras da alternativa: Restrições ou escassez de crédito ou encargos elevados tornam menos elástica a capacidade de oferta mesmo com aumentos nas cotações dos produtos.

GABARITO: VERDADEIRA

Exercício 16

(Ministério da Saúde – Economia da Saúde – 2008) A microeconomia, que analisa o comportamento dos agentes econômicos individuais, constitui um instrumental importante na análise de questões ligadas à economia da saúde. A respeito desse assunto, julgue os itens de 51 a 65

As flutuações de preço que caracterizam os mercados agrícolas serão tanto maiores quanto mais elástica for a curva de oferta dos produtos transacionados nesses mercados.

Page 139: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

Polícia Federal - Agente de Polícia – Economia – Profª Amanda Aires

www.acasadoconcurseiro.com.br 139

Vamos analisar juntos?

Essa questão aqui tem uma pegadinha! Veja só, ela fala que o preço variará muito quanto mais elástica for a curva de oferta! Aqui vale um raciocínio simples para resolver: veja que uma curva elástica implica que uma pequena variação nos preços levará a uma forte variação na quantidade! Assim, não será a flutuação de preços que será grande, mas a flutuação da quantidade ofertada! Compreende isso?

Pequenas variações no preço levarão a imensas variações na quantidade!

Agora imagine que a oferta fosse inelástica. Nesse caso, para que seja possível gerar qualquer variação na quantidade, os preços terão que variar muito. Nesse caso, sim, as flutuações de preço serão maiores!

Compreendido?

GABARITO: FALSO

Fique atento!Diferentemente do que acontece com o consumidor, a empresa possuirá apenas um tipo de elasticidade que irá nos interessar: a elasticidade preço de oferta.

Page 140: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe
Page 141: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

www.acasadoconcurseiro.com.br 141

Questões

Exercícios Resolvidos

1. (Cesgranrio – Secad-TO – Economista – 2005)

Observe os gráficos abaixo, que representam Curvas de Elasticidade da Demanda e da Oferta.

M N O P

a) Perfeitamente Elástica Elasticidade Unitária Elástica e maior do que 1

Perfeitamente Inelástica

b) Perfeitamente Elástica Elástica e maior do que 1 Elasticidade Unitária Perfeitamente

Inelástica

c) Elasticidade Unitária Perfeitamente Elástica Inelástica e maior do que 1

Perfeitamente Inelástica

d) Elasticidade Unitária Inelástica e maior do que 1 Perfeitamente Elástica Perfeitamente

Inelástica

e) Perfeitamente Inelástica Elasticidade Unitária Elástica e maior do

que 1Perfeitamente

Elástica

2. (Antaq – Especialista em Regulação de Ser-viços de Transportes Aquaviários – 2009)

Com relação à aplicação dos conceitos bási-cos de microeconomia, julgue os itens sub-sequentes.

Encontrada a elasticidade-preço da deman-da de um produto em determinado nível de preço, é possível afirmar que a elasticidade aplica-se para todos os níveis de preço des-se produto, uma vez que esse parâmetro é uma constante.

( ) Verdadeiro   ( ) Falso

3. (Ancine – Cargo 1 – Caderno Chaplin – Economia – Administração e Contábeis – 2005.)

A respeito dos conceitos microeconômicos e da economia da regulação, julgue os itens a seguir.

O fato de os ingressos, em alguns cinemas, serem mais baratos nos dias úteis da sema-na que nos feriados e fins de semana leva a aumentos tanto da demanda de sessões de cinema, no meio da semana, como da elas-ticidade preço da demanda desses serviços.

( ) Verdadeiro   ( ) Falso

Page 142: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

www.acasadoconcurseiro.com.br142

4. (Pref. Vitória-ES – Controlador de Recursos Municipais – 2008)

A análise microeconômica estuda o compor-tamento individual dos agentes econômicos e, por essa razão, constitui um fundamento sólido à análise dos grandes agregados eco-nômicos. A esse respeito, julgue os itens a seguir.

O fato de que os ingressos de cinema costu-mam ser mais baratos no período vesperti-no é consistente com a idéia de que a elas-ticidade preço da demanda, nesse horário, é mais elevada quando comparada com as sessões noturnas após as 18 horas.

( ) Verdadeiro   ( ) Falso

5. (MPE-TO – Analista Ministerial – 2006)

A análise microeconômica é o estudo do comportamento individual dos agentes econômicos e, por essa razão, constitui fun-damento sólido para a análise dos grandes agregados econômicos. A esse respeito, jul-gue os seguintes itens.

Tarifas telefônicas mais baixas durante o fim de semana e o período noturno são com-patíveis com o fato de os consumidores do-mésticos desses serviços possuírem menor elasticidade-preço da demanda por esses serviços.

( ) Verdadeiro   ( ) Falso

6. (Anatel – Especialista em Regulação de Serviços Públicos de Telecomunicações – 2004)

A microeconomia estuda o comportamento individual dos agentes econômicos e, por essa razão, constitui um sólido fundamento à análise dos agregados econômicos. A esse respeito, julgue os itens subseqüentes.

A diferenciação de preços das chamadas telefônicas, de acordo com a qual as tari-fas são mais elevadas no horário comercial,

justifica-se pelo fato de a elasticidade preço da demanda por serviços de telefonia das empresas ser mais elevada do que aquela referente à demanda residencial.

( ) Verdadeiro   ( ) Falso

7. (Ministério da Saúde – Economia da Saúde – 2008)

A microeconomia, que analisa o comporta-mento dos agentes econômicos individuais, constitui um instrumental importante na análise de questões ligadas à economia da saúde. A respeito desse assunto, julgue os itens de 51 a 65.

O fato de as academias de ginástica geral-mente cobrarem preços mais baixos para os horários em que há baixa freqüência de usuários explica-se porque a demanda, nes-ses horários, é mais inelástica.

( ) Verdadeiro   ( ) Falso

8. (Basa – Técnico Científico – 2004)

As elevadas exigências — quanto a qualifi-cação técnica e habilidade — indispensáveis aos bons neurocirurgiões concorrem para reduzir a elasticidade da demanda pelos serviços desses profissionais em relação àquelas que caracterizam a demanda pelos serviços de médicos menos especializados. A teoria microeconômica estuda o proces-so de decisão dos agentes econômicos, in-cluindo-se aí consumidores e produtores. Com relação a esse tema, julgue os itens a seguir.

Lojas de conveniência que ficam abertas 24 horas cobram preços mais elevados por pro-dutos que podem ser adquiridos por preços inferiores nos supermercados, em razão de se defrontarem com uma curva de deman-da menos elástica em relação ao preço.

( ) Verdadeiro   ( ) Falso

Page 143: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

www.acasadoconcurseiro.com.br 143

Polícia Federal - Agente de Polícia – Economia – Profª Amanda Aires

9. (Anvisa – Analista Administrativo – econo-mia – 2004)

A análise microeconômica estuda o compor-tamento individual dos agentes econômicos e, por essa razão, constitui um fundamento sólido à analise dos grandes agregados eco-nômicos. A esse respeito, julgue os itens a seguir.

Na alta estação, hotéis de praias badaladas, como Porto de Galinhas, aumentam, consi-deravelmente, seus preços. Assim, se nesse período, o aumento de 30% dos preços das diárias reduzir em 5% os gastos hoteleiros, pode-se afirmar que, nesse mercado, a cur-va de demanda é elástica em relação ao preço.

( ) Verdadeiro   ( ) Falso

10. (Economia e Finanças – Banco do Brasil – Certificação Interna – 2010)

Em relação a elasticidade, assinale a opção correta.

Bens necessários tendem a ter demanda preço elástica.

( ) Verdadeiro   ( ) Falso

11. (Pref. Vitória-ES – Controlador de Recursos Municipais – 2008)

A análise microeconômica estuda o compor-tamento individual dos agentes econômicos e, por essa razão, constitui um fundamento sólido à análise dos grandes agregados eco-nômicos. A esse respeito, julgue os itens a seguir.

De acordo com um estudo recente, a elas-ticidade renda da demanda de leite em pó, no Brasil, é negativa para todas as faixas de renda. Supondo-se que essa elasticidade es-teja corretamente estimada, é possível afir-mar que, para esse produto, o efeito renda reforça o efeito substituição.

( ) Verdadeiro   ( ) Falso

12. (Economia – DPU – Cespe – 2010)

Assinale a opção correta em relação a elas-ticidade da procura.

Um bem de luxo é um bem normal com elasticidade renda da demanda inferior a 1.

( ) Verdadeiro   ( ) Falso

13. (Economia – DPU – Cespe – 2010)

Assinale a opção correta em relação a elas-ticidade da procura.

A elasticidade renda da demanda por um bem inferior é menor que 1.

( ) Verdadeiro   ( ) Falso

14. (Cesgranrio – Secad-TO – Economista – 2005)

Se a quantidade oferecida de um bem reage substancialmente a uma variação nos pre-ços, temos um caso de:

a) oferta elástica com elasticidade menor do que 1.

b) elasticidade – preço da demanda.c) oferta inelástica com elasticidade entre

0 e 1.d) oferta elástica com elasticidade maior

do que 1.e) oferta infinitamente elástica.

15. (DPF – Escrivão da Polícia Federal – 2009 – Cespe)

Julgue os itens que se seguem, a respeito de tributos, tarifas e subsídios, e tendo como foco a eficiência econômica e a distribuição da renda.

[62] Um dos principais fatores determinan-tes da elasticidade-preço da oferta de pro-dutos agrícolas é a disponibilidade de cré-dito subsidiado para custeio e investimento. Restrições ou escassez de crédito ou encar-gos elevados tornam menos elástica a capa-

Page 144: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

www.acasadoconcurseiro.com.br144

cidade de oferta mesmo com aumentos nas cotações dos produtos

( ) Verdadeiro   ( ) Falso

16. (Ministério da Saúde – Economia da Saúde – 2008)

A microeconomia, que analisa o comporta-mento dos agentes econômicos individuais, constitui um instrumental importante na análise de questões ligadas à economia da saúde. A respeito desse assunto, julgue os itens de 51 a 65

As flutuações de preço que caracterizam os mercados agrícolas serão tanto maiores quanto mais elástica for a curva de oferta dos produtos transacionados nesses merca-dos.

( ) Verdadeiro   ( ) Falso

Gabarito: 1. E 2. F 3. V 4. V 5. F 6. F 7. V 8. F 9. V 10. F 11. F 12. F 13. F 14. E

Page 145: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

Polícia Federal - Agente de Polícia – Economia – Profª Amanda Aires

www.acasadoconcurseiro.com.br 145

COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR E TEORIA DA DEMANDA: UTILIDADE, EFEITOS PREÇO, RENDA E SUBSTITUIÇÃO

Olá, alunos da Casa do Concurseiro,

Tudo bem?

Continuamos hoje nossa luta falando mais detidamente sobre as escolhas do consumidor. Vamos entender como os consumidores criam as suas curvas de demanda dependendo das suas preferências e da sua renda!

Infelizmente, na aula de hoje, não teremos muitos exercícios. Mas prometo, na aula que vem, teremos muitos, muitos mesmo!

Ao trabalho???

Mas antes, se liga aí que é hora do resumão!

OFERTA E DEMANDA

BREVE REVISÃO:

1. A lei da demanda afirma que as curvas de demanda normalmente se inclinam para baixo, isto é, um preço mais alto (P2) reduz a quantidade demandada (Q1).

2. Quando os economistas falam de aumento ou diminuição na demanda, eles estão se referindo a deslocamentos da curva de demanda. Um aumento na demanda é um deslocamento para a direita: a quantidade demandada aumenta para qualquer preço dado. Uma redução na demanda é um deslocamento para a esquerda: a quantidade demandada cai para qualquer preço dado. Uma mudança no preço resulta em um movimento ao longo da curva de demanda e em uma mudança na quantidade demandada.

Page 146: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

www.acasadoconcurseiro.com.br146

3. Os quatro principais fatores que podem deslocar a curva de demanda são (1) mudança no preço de um bem relacionado, (2) renda, (3) gostos e (4) expectativas.

4. Curvas de oferta normalmente têm inclinação para cima: a um preço mais alto, as pessoas estão dispostas a oferecer maior quantidade de um bem.

5. Uma mudança no preço tem como consequência um movimento ao longo da curva de oferta e uma mudança na quantidade ofertada.

6. Como a demanda, quando os economistas falam em aumento ou redução da oferta eles se referem a deslocamentos da curva de oferta e não a mudanças na quantidade ofertada. Um aumento na oferta é um deslocamento para a direita: a quantidade ofertada aumenta para qualquer preço dado. Uma redução na oferta é um deslocamento para a esquerda: a quantidade ofertada cai para todos os preços dados.

Page 147: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

Polícia Federal - Agente de Polícia – Economia – Profª Amanda Aires

www.acasadoconcurseiro.com.br 147

7. Os três principais fatores que podem deslocar a curva de oferta são: (1) mudanças nos preços de insumos, (2) tecnologia e (3) expectativas.

8. O preço em um mercado competitivo se move para o preço de equilíbrio, ou preço que ajusta o mercado, pelo qual a quantidade ofertada é igual à quantidade demandada. Esta é a quantidade de equilíbrio.

9. Todas as vendas e as compras em um mercado ocorrem ao mesmo preço. Se o preço está acima do nível de equilíbrio, há um excedente que pressiona o preço para baixo. Se o preço está abaixo do nível de equilíbrio, há escassez, o que pressiona o preço para cima.

10. Mudanças no preço e na quantidade de equilíbrio em um mercado resultam de deslocamentos na curva de oferta, na curva de demanda ou em ambas.

11. Um aumento na demanda, ou seja, o deslocamento da curva de demanda para a direita, aumenta tanto o preço de equilíbrio quanto a quantidade de equilíbrio. Uma queda na demanda, ou seja, o deslocamento da curva de demanda para a esquerda, pressiona para baixo tanto o preço de equilíbrio quanto a quantidade de equilíbrio.

Page 148: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

www.acasadoconcurseiro.com.br148

12. Um aumento na oferta pressiona para baixo o preço de equilíbrio, mas aumenta a quantidade de equilíbrio. Uma queda na oferta aumenta o preço de equilíbrio, mas reduz a quantidade de equilíbrio.

13. Muitas vezes, as flutuações em mercados envolvem um deslocamento simultâneo da curva de oferta e da curva de demanda. Quando se deslocam na mesma direção, a mudança na quantidade é previsível, mas a mudança no preço não o é. Quando elas se movem em direções opostas, a mudança no preço é previsível, mas a mudança na quantidade não é. Quando ocorre o deslocamento simultâneo da curva de demanda e da curva de oferta, a curva que se desloca uma distância maior tem efeito mais forte sobre a mudança no preço e na quantidade.

(caso o ponto 13 não tenha ficado 100% claro, não se preocupe, na aula de exercícios (última aula do curso) faremos uma lista ENORME de questões que abordarão esse assunto!)

Então, vamos à luta!

Page 149: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

Polícia Federal - Agente de Polícia – Economia – Profª Amanda Aires

www.acasadoconcurseiro.com.br 149

PREFERÊNCIAS DO CONSUMIDOR

Considerando que existe uma imensa variedade de bens e serviços disponíveis no mercado e havendo uma grande diversidade de gostos pessoais, como é possível descrever as preferências do consumidor de uma forma coerente? Por exemplo, o que faz você ler em uma tarde de domingo chuvoso ao invés de assistir ao jogo de futebol e o que me faz dormir nessas circunstâncias ao invés de escutar música? Ou ainda, o que faz você demandar ingressos para o show do Jack Johnson e o que me faz demandar ingressos para o show do U2?

Ao analisar o comportamento do consumidor, estamos falando de gente tentando conseguir o que quer, ou seja, estamos falando de sentimentos subjetivos. Mas não existe uma maneira simples de medir esses sentimentos. Você pode considerar que esses sentimentos sejam originados das noções sociológicas, das origens familiares, dos anseios pessoais, etc.

Uma boa maneira de enfrentar o problema é pensar as preferências do consumidor, ou em como o consumidor faz escolhas sem considerar a sua renda, em termos de comparações de cestas de mercado (ou de mercadorias)i. Essas cestas são combinações de uma ou mais mercadorias. Nos exemplos citados, para você, uma cesta poderia ser composta por ler à tarde, outra por assistir ao futebol. Enquanto que, para mim, uma cesta é composta por dormir à tarde e outra por escutar música.

Para poder explicar o que nos faz optar por determinadas cestas, no seu caso, ler, no meu, dormir, precisamos compreender a existência de algumas premissas básicas que explicam o comportamento do consumidor. Além disso, essas premissas são importantes porque acredita-se que elas são válidas para a maioria das pessoas na maior parte das situações. Vamos estudá-las?

Premissas Básicas do Consumidor

• Preferências são completas (também conhecido como axioma da completude ou completeza): o consumidor é capaz de comparar e ordenar todas as cestas de mercado. Ou seja, de acordo com suas preferências, o consumidor poderá dizer se prefere a cesta A a B, se prefere B a A ou se é indiferente às duas. Observe ainda que, nesse caso, não se leva em consideração o fator preço. Ou seja, uma pessoa poderia preferir assistir ao U2 na Irlanda a assistir em São Paulo, porém compraria o segundo por ser mais barato1;

• Preferências são transitivas: existe consistência na ordenação das preferências. Exemplo: se você prefere ler a assistir ao jogo de futebol e prefere assistir ao jogo de futebol a dormir, pela hipótese de transitividade, então você deverá preferir ler a dormir;

1 Para o caso da premissa da completude, Dante Alighieri afirma que <<Um homem livre, colocado no meio de dois alimentos eqüidistantes e igualmente apetitosos, morrerá de fome antes que crave os dentes num>>. Nesse caso, note que, em se tratando de consumidor, a noção de bens indiferentes e a ausência de forças que atuem sobre esse homem (lembre que o homem é livre) faz com que ele não seja capaz de escolher. Fica aí uma lição de economia nas citações históricas.

Page 150: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

www.acasadoconcurseiro.com.br150

• Preferências são monotônicas: mais de um bem é melhor que menos. Nesse caso, considera-se que todas as mercadorias são “boas”. Essa premissa é adotada por motivos didáticos: ela simplifica a análise gráfica. Certamente, algumas mercadorias poderão ser indesejáveis, como, por exemplo, aquelas que provocam poluição do ar, de tal forma que os consumidores preferirão menos delas2.

Essas três premissas constituem a base da teoria do consumidor. Elas não explicam as preferências do consumidor, mas lhes conferem o atributo da racionalidade.

Você deve notar que não pode ser analisado em economia qualquer comportamento que fuja às premissas básica apresentadas, como obsevador no caso dos consumidores de drogas.

Baseando-se nessas premissas ou hipóteses, passaremos, então, a analisar o comportamento do consumidor. Começaremos observando como representar graficamente as preferências do consumidor, ou seja, como os consumidores ordenam as cestas. Essa representação pode ser vista pelas curvas de indiferença.

Exercício?

Exercício 1

Acerca de microeconomia, julgue o item a seguir.

Uma relação de preferência será racional se ela for transitiva e completa.

Comentários:

Exatamente.

Para que seja possível identificar uma relação de preferência, ela deve ser de fato, transitiva (existe consistência na ordenação das preferências. Exemplo: se você prefere ler a assistir ao jogo de futebol e prefere assistir ao jogo de futebol a dormir, pela hipótese de transitividade, então você deverá preferir ler a dormir) e completa (também conhecido como axioma da completude ou completeza): o consumidor é capaz de comparar e ordenar todas as cestas de mercado. Isto é, de acordo com suas preferências, o consumidor poderá dizer se prefere a cesta A a B, se prefere B a A ou se é indiferente às duas.

Observe ainda que, nesse caso, não se leva em consideração o fator preçoAssim, uma pessoa poderia preferir assistir ao U2 na Irlanda a assistir em São Paulo, porém compraria o segundo por ser mais barato :) Se esses dois axiomas forem corretos, as preferências serão ditas racionais.

GABARITO: VERDADEIRA

2 Esses bens não serão alvo da nossa análise.

Page 151: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

Polícia Federal - Agente de Polícia – Economia – Profª Amanda Aires

www.acasadoconcurseiro.com.br 151

CURVAS DE INDIFERENÇA

Dentro do que analisamos, é sempre bom lembrar que, quando falamos de preferências do consumidor, estamos falando da possibilidade de fazermos comparações entre cestas de mercadorias (ou cestas/pacotes de mercado). Até agora, fizemos apenas representações verbais. Contudo, também é possível representar as preferências graficamente por meio do uso das curvas de indiferençaII. Assim, por definição, uma curva de indiferença representa todas as combinações de cestas de mercado que fornecem o mesmo nível de satisfação a uma pessoa. A figura a seguir mostra um exemplo de curva de indiferença em que o consumidor compara dois bens3.

Figura 1: Curva de indiferença

A curva de indiferença representa as cestas de mercado que trazem o mesmo grau de satisfação para o consumidor. Isto é, todos os pontos que estão sobre a curva de indiferença de um consumidor são classificadas como indiferentes para esse consumidor. No gráfico, você pode ser indiferente entre três horas de leitura no domingo ou duas horas de futebol.

Agora que você já observou o formato de uma curva de indiferença, vamos analisar detidamente as informações trazidas por esse gráfico. Inicialmente, analisemos as áreas abaixo e acima da curva. Como os consumidores preferem sempre maiores quantidades de um bem a menores, poderemos dizer que as cestas que estão acima da curva de indiferença são preferidas às cestas que estão abaixo da curva. Por exemplo, a cesta A, que contém cinco horas de leitura e quatro horas de futebol é preferida em relação à cesta C, que possui três horas de leitura e duas horas de futebol. Por sua vez, a cesta B, que possui duas horas de leitura e uma hora de futebol não é melhor que a cesta C, pois possui menos dos dois bens. No caso da cesta A e de todas as demais que estão acima da curva de indiferença em análise, poderemos dizer, com certeza, que essas cestas não são piores que as cestas que estão sobre a U1. No caso da cesta B e de todas as que estão abaixo de U1, essas serão classificadas como não melhores que as que estão sobre U1.

3 Note que não é possível comparar, graficamente, todos os bens simultaneamente. Assim, para que seja possível uma representação gráfica das preferências de um consumidor, só é possível comparar dois bens de cada vez. Uma única forma de representar mais de dois bens em uma curva de indiferença bidimensional é considerando um desses como um bem composto, ou seja, todos os demais bens juntos. Por exemplo, eu posso fazer uma comparação entre horas de leitura e tudo o mais que eu poderia fazer se não estivesse lendo.

Page 152: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

www.acasadoconcurseiro.com.br152

Mas o que dizer sobre as cestas D e E? Observe que, no caso dessas duas cestas, enquanto a cesta D possui mais horas de futebol, a cesta E possui mais horas de leitura. Nesse caso, nada se pode afirmar sobre as duas cestas: como elas não possuem bens em quantidades estritamente maiores, não podemos dizer, com certeza, se elas são melhores ou não. Nesse caso, diremos que o consumidor será indiferente entre as cestas C, D e E, por isso, justamente por o consumidor ser indiferente entre as cestas que elas estão sobre a curva de indiferença! Nesse caso, todas as cestas que formam a curva são indiferentes para o consumidor: ele estará igualmente satisfeito se ler três horas e assistir duas de futebol ou assistir a quatro horas de futebol e ler apenas uma!

Note que essa curva apresenta inclinação negativa, da esquerda para a direita. Para que se possa compreender por que isso ocorre, suponhamos alternativamente que a curva de indiferença apresentasse inclinação ascendente de B para A. Isso violaria a premissa de que uma quantidade maior de qualquer mercadoria é sempre melhor que uma quantidade menor, ou seja, isso fere a premissa da monotonicidade. Uma vez que a cesta de mercado A possui mais horas para a leitura e para o futebol, ela deverá ser preferida a B.

Para descrever as preferências de um consumidor em relação a todas as combinações de leitura e futebol, podemos traçar um conjunto de curvas de indiferença, o qual se denomina mapa de indiferençaiii . Cada curva de indiferença apresenta as cestas básicas em relação às quais a pessoa se mostra indiferente. A figura seguinte mostra três curvas de indiferença que fazem parte de um mapa de indiferença. A curva U2 oferece o mais alto grau de satisfação, pois possui cestas com maiores quantidades de ambos os bens, sendo seguida pelas curvas U1 e U3, que possui menores quantidades dos dois bens em análise.

Figura 2: Mapa de indiferença

Um mapa de indiferença é um conjunto de curvas de indiferença que descrevem as preferências de um consumidor. Qualquer cesta de mercado sobre a curva U2 (por exemplo, a cesta A) é preferível em relação a qualquer cesta de mercado sobre U1 (por exemplo, a cesta C), que, por sua vez, é preferível a qualquer cesta sobre a curva U3 (por exemplo, a cesta B).

Para que nós possamos finalizar a análise detida das curvas de indiferença, note que essas não podem se interceptar! Para que possamos entender a razão, suponhamos que pudesse acontecer o contrário, como mostrado na figura a seguir.

Page 153: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

Polícia Federal - Agente de Polícia – Economia – Profª Amanda Aires

www.acasadoconcurseiro.com.br 153

Figura 3: Curvas de indiferença não podem se interceptar

Se as curvas de indiferença U1 e U2 se interceptassem, uma das premissas da teoria do consumidor seria violada. De acordo com a figura, o consumidor seria indiferente à cesta C, D ou E. Entretanto, E é preferível a D, pois E contém quantidades maiores de ambas as mercadorias.

Para comprovar que as curvas não podem se cruzar, basta nos movermos do ponto C, na curva de indiferença U1 para o ponto D na mesma curva. De acordo com a curva U2, por sua vez, as cestas C e E são equivalentes; então, pela premissa da transitividade, se C é indiferente a D e C também é indiferente a E, então, D também seria indiferente a E, o que não é verdade, já que D e E estão em curvas diferentes. Essa conclusão ilógica é decorrente de as curvas de cruzarem.

Vale aqui, antes de exercitarmos qualquer coisa sobre curvas de indiferença, analisar dois tipos específicos de curvas que sempre aparecem nas provas: a curva de indiferença para bens substitutosiv e para bens complementaresv, mostradas a seguir.

Figura 4: Bens substitutos e bens complementares

Page 154: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

www.acasadoconcurseiro.com.br154

Na figura anterior, o consumidor considera adoçante e açúcar como bens substitutos, ou seja, ele é sempre indiferente entre o consumo de um ou de outro. Na figura seguinte, o consumidor considera açúcar e adoçante como bens complementares. Um aumento na quantidade de açúcar não propicia aumento na satisfação, a menos que ele obtenha uma xícara de café correspondente.

Antes de continuar, vamos dar uma exercitada? Primeiro exercício dessa parte da aula de hoje!

Exercício 2

(Cesgranrio – MPE-RO – Economista – 2005) Uma curva de indiferença é o lugar geométrico dos pontos nos quais o consumidor:

a) vai sempre preferir as cestas de bens localizadas mais à direita na curva.b) vai sempre preferir as cestas de bens localizadas mais à esquerda na curva.c) é indiferente entre as cestas de bens.d) é incapaz de calcular sua utilidade total.e) é incapaz de calcular sua utilidade parcial.

Para responder a essa questão, basta lembrar que estamos nos referindo a curvas de indiferença! Logo, a curva de indiferença, por definição (vale a pena olhar o glossário aqui) é uma linha de contorno que mostra todas as cestas de consumo que geram a mesma satisfação total para um indivíduo. Logo, a resposta correta é a letra C! As letras (A) e (B) não estão corretas porque a única coisa que se pode dizer sobre preferências é que o consumidor preferirá cestas mais acima da sua curva de indiferença e não preferirá cestas que estejam mais abaixo da sua curva de indiferença! As justificativas para as letras (D) e (E) serão vistas mais em breve!

Logo, gabarito, letra (C)

GABARITO: C

Agora que já compreendemos as principais características das curvas de indiferença, precisamos entender como o consumidor troca uma cesta pela outra, quando essas proporcionam o mesmo nível de satisfação. Essa medida é muito importante porque nos explicará como as pessoas se defrontam com permutas entre duas, três ou mais mercadorias. A essa taxa de “troca”, denominamos de Taxa Marginal de Substituiçãovi. A figura ilustra esse fato.

Figura 5: Taxa Marginal de Substituição

Page 155: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

Polícia Federal - Agente de Polícia – Economia – Profª Amanda Aires

www.acasadoconcurseiro.com.br 155

A inclinação negativa de uma curva de indiferença de um consumidor é a medida de sua taxa marginal de substituição (TMS) entre dois bens. Na figura, a taxa marginal de substituição de horas de leitura e horas para o futebol – ∆F/∆L, cai de 3 (entre E e C), para 1 (entre C e D). A TMS diminui ao longo da curva quando ela é convexa.

Analisando o gráfico, saindo do ponto E para o ponto C, o consumidor está disposto a trocar três horas de futebol por mais uma hora de leitura (esse movimento pode ser visto pelo – 3, que se refere às horas de futebol perdidas, e pelo 1, que se refere à hora adicional de leitura). Entretanto, movimentando-se de C para D, ele se dispõe a desistir de apenas uma hora de futebol para obter mais uma hora de leitura. Nesse sentido, quanto mais horas de futebol e menos horas de leitura o consumidor adquirir, maior será a quantidade de horas de futebol que ele estará disposto a desistir para poder obter mais horas de leitura. Da mesma forma, quanto maior a quantidade de horas para a leitura, menor será a quantidade de horas para o futebol que o consumidor estará disposto a desistir para obter mais horas de leitura.

Para medir a quantidade de determinada mercadoria da qual o consumidor estaria disposto a desistir para obter maior número de outra, fazemos uso de uma medição denominada taxa marginal de substituição (TMS). A TMS de horas para o futebol corresponde à máxima quantidade de unidades de horas para o futebol das quais uma pessoa estaria disposta a desistir para obter uma hora a mais para a leitura.

Assim, como o sacrifício em termos de horas de futebol perdidas é cada vez maior, para ter mais de horas de leitura, o consumidor dispõe-se cada vez menos a ceder horas de futebol. Essa redução da TMS é compatível com a convexidade da curva.

Será que é sensato afirmar que as curvas de indiferença são convexas? SIM, pois, à medida que maiores quantidades de uma mercadoria são consumidas, esperamos que o consumidor prefira abrir mão de cada vez menos unidades de uma segunda mercadoria para obter unidades adicionais da primeira mercadoria.

Apenas lembrando, para fins de simplificação na hora da prova: normalmente, a mercadoria que está no eixo vertical é a que estamos abrindo mão para que seja obtida uma unidade adicional da mercadoria representada no eixo horizontal. Assim, no caso da figura apresentada, estamos abrindo mão de horas para o futebol para ganharmos horas de leitura.

Agora que compreendemos como os consumidores escolhem entre duas cestas de bens, precisamos entender o que faz você ir ao show do Jack Johnson e o que me faz ir ao show do U2. Essa definição é bastante importante na economia e se denomina utilidade.

UTILIDADE

Voltando à nossa pergunta: quanta satisfação eu tenho em ir ao primeiro show do U2? É mais ou menos que a sua? Tem sentido essa pergunta? Felizmente, não precisamos fazer comparações entre os meus sentimentos e os seus. Tudo o que é necessário para analisar o comportamento do consumidor é que nós estamos sempre escolhendo aquilo que nos faz mais feliz ou mais safisfeitos. Estamos procurando aqui, o que nos traz maior utilidadeviii!

A utilidade é o nível de satisfação que uma pessoa obtém ao consumir um bem ou exercer uma atividade. A utilidade, assim definida, possui um importante componente psicológico, pois as

Page 156: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

www.acasadoconcurseiro.com.br156

pessoas obtêm níveis maiores de satisfação adquirindo coisas que lhes dão prazer e evitando as que lhes causem desconforto. Na análise econômica, a utilidade é mais frequentemente usada com a finalidade de resumir a ordem das preferências de cestas de mercado. Se a aquisição do ingresso do show de Jack Johnson torna você mais feliz do que a aquisição do ingresso do U2, então dizemos que o show do Jack Johnson proporciona maior utilidade a você que o show do U2.

Para analisar o nível de utilidade por meio das curvas de indiferença do consumidor, analisemos a figura, semelhante a segunda figura apresentada:

Figura 6: Funções utilidade e curvas de indiferença

Uma função utilidade pode ser representada por um conjunto de curvas de indiferença, cada qual com um indicador numérico. As curvas de indiferença U3, U1 e U1 poderiam ser representadas com a associação de números, por exemplo: 1, 2 e 3, respectivamente. Essa representação poderia ser feita com quaisquer valores, desde que a ordem não fosse alterada.

Para associar às curvas de indiferença ao nível de utilidade, é preciso falar da função utilidadeix. Essa função pode ser obtida de maneira bastante simplificada. Para isso, basta apenas associar um valor numérico para cada cesta de mercado de tal forma que se a cesta A for preferida a C, o número de A será mais alto que o de C. Por exemplo, a cesta de mercado A, situada na curva de indiferença mais elevada U2, poderia fornecer nível de utilidade 100 enquanto C, situada sobre a curva U1, poderia fornecer nível de utilidade 80. Dessa forma, a função utilidade oferece a mesma informação sobre as preferências que o mapa de indiferença. Tanto as funções utilidade como os mapas de indiferença ordenam as escolhas do consumidor em termos de nível de satisfação. Nesse caso, muitas vezes, as bancas denominam as curvas de indiferença como curvas de isoutilidade!

Antes de continuarmos a falar em restrição orçamentária, penúltimo assunto da aula de hoje – aliás, como você pode observar, a nossa aula hoje será bastante reduzida quando comparada à aula da semana passada, vamos clarear alguns aspectos que ficaram pendentes da questão anterior.

Note que os itens (D) e (E) mencionam a capacidade de calcular a utilidade. No caso da letra (D), a banca considera a utilidade total e, no caso da letra (E), a utilidade parcial. Vale notar que a utilidade total é o mesmo que grau total de satisfação adquirido quando se consome determinada quantidade de um bem. A letra (E), por seu turno, versa sobre utilidade parcial. Esse conceito não existe em economia! A utilidade que existe e pode ser considerada, muitas

Page 157: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

Polícia Federal - Agente de Polícia – Economia – Profª Amanda Aires

www.acasadoconcurseiro.com.br 157

vezes, a definição de utilidade marginal. Nesse caso, a utilidade marginal diz respeito à variação na utilidade quando há o aumento no consumo de determinado bem.

De toda forma, as duas alternativas estão incorretas pois o consumidor é sim capaz de calcular a sua utilidade total quando se encontra em determinada curva de indiferença. De fato, ele não sabe numericamente qual o valor da sua curva de utilidade (até porque o valor da curva não importa em termos absolutos), mas ele pode comparar a sua utilidade total saindo de uma curva para a outra. Ou seja, ele sabe o quanto ganha ou perde saindo em termos de utilidade ou satisfação indo para outra dferente.

Veja que, até agora, nós apenas conversamos sobre os nossos desejos, sem falar muito nas nossas condições para satisfazer esses desejos. Assim, as preferências e a função utilidade nos dizem o que desejamos, mas é a restrição orçamentáriax que nos mostra o que podemos ter!

RESTRIÇÃO ORÇAMENTÁRIA

A restrição orçamentária é a barreira que o consumidor enfrenta por ter a sua renda limitada. A linha orçamentária indica todas as combinações de bens em questão para qual o total de dinheiro gasto seja exatamente o dinheiro disponível. Se o consumidor dispõe da renda R para ser gasta em Alimento ou Cinema que tem os respectivos preços PA e PC, então a linha orçamentária deste consumidor é dada por:

PA ∗A+PC ∗C ≤R (1)

Em que A indica a quantidade de Alimento e C a quantidade de Cinema consumido. Graficamente, a restrição orçamentária do consumidor é representada como na figura:

Figura 7: Linha do orçamento

A linha do orçamento do consumidor descreve as combinações de quantidades de dois bens que podem ser adquiridas de acordo com a renda do consumidor e os preços dos dois bens. Essa linha está associada a um valor específico da renda, por exemplo, R$ 80.

No caso do gráfico, note que existem duas definições importantes sobre a restrição orçamentária do consumidor: primeiramente, toda a região que está abaixo da linha de orçamento, o conjunto orçamentário, diz respeito a todas as combinações dos dois bens que podem ser

Page 158: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

www.acasadoconcurseiro.com.br158

adquiridas com o uso da renda do consumidor. Nesse caso, não necessariamente o consumidor dispenderá toda a sua renda. Quando o consumidor exaure toda a sua renda, ele estará sobre a linha do orçamento. Assim, a linha do orçamento une as séries de combinações de quantidades dos bens alimento e cinema que podem ser adquiridos pelo consumidor.

Existe uma forma simples de explicar graficamente a linha orçamentária do consumidor: (i) supondo que o consumidor gaste toda sua renda em Alimentos teremos marcado no eixo horizontal A = R

PA (matematicamente é substituir C = 0 e passar PA para o lado direito da

equação dividindo); (ii) agora, supondo que o consumidor gaste toda sua renda em Cinema, teremos marcado no eixo vertical C = R

PC (matematicamente é substituir A = 0 e passar PC para o

lado direito da equação dividindo). Para construir a linha do orçamento, basta (iii) ligar os dois pontos marcados com uma linha reta.

Vamos fazer um exemplo numérico?

Considere que determinado consumidor possui uma renda de R$ 1.000 que poderá ser gasta entre dois bens, o bem X e o bem Y, que possuem preços R$ 1 e R$ 2, respectivamente. Como determinar a quantidade máxima consumida do bem X ou do bem Y? Como representar graficamente a restrição orçamentária desse consumidor?

Para responder à primeira pergunta, vamos substituir na equação da restrição orçamentária (1) todos os valores enunciados na questão:

A restrição orçamentária fica representada no seguinte formato:

1∗X+2∗Y ≤1000Para calcular a quantidade máxima que pode ser consumida do bem X, basta tornar o sinal de desigualdada em um sinal de igualdade e levar a quantidade de Y para 0.

Nesse caso, a equação pode ser reescrita da seguinte forma:

1∗X =1000Logo, podemos observar que a quantidade máxima de X que pode ser adquirida pelo consumidor é de 1.000. De forma semelhante, encontramos que a quantidade máxima de Y é de 500. O gráfico da restrição orçamentária do consumidor é mostrado a seguir.

Restrição orçamentária imaginária

Page 159: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

Polícia Federal - Agente de Polícia – Economia – Profª Amanda Aires

www.acasadoconcurseiro.com.br 159

Compreendido?

Acredito que você deve estar se perguntando como mostrar uma restrição orçamentária quando você pensa em horas para ler ou horas para ver o futebol. Nesse caso, embora não estejamos falando de restrição com dinheiro, temos outra restrição: a restrição de tempo! Logo, a nossa renda presente na restrição orçamentária será substituída pela quantidade de horas disponíveis para essas duas atividades. Apenas lembrando aqui, não é preciso que você coloque na sua restrição de tempo 24 horas como sendo o total de horas do seu dia. Você pode colocar, por exemplo, 6 horas na restrição, como sendo o total de horas que você tem disponível para alocar entre leitura e futebol!

Ainda sobre a restrição orçamentária, precisamos compreender quando ela muda? Aliás, será que ela muda?

Para verificar isso, vamos voltar a nossa equação da restrição orçamentária:

PA ∗A+PC ∗C ≤R

Vamos analisar, matematicamente, o que acontece. Imagine que a sua renda aumente. Nesse caso, o que poderemos dizer sobre a possibilidade de compras do consumidor? Como, nessa situação, os preços não foram alterados, você poderá consumir mais de todos os bens! Graficamente, um aumento da renda é representado como um deslocamento para cima e para a direita da linha do orçamento, como mostrado na figura.

Figura 9: Efeitos da modificação na renda sobre a linha do orçamento

Uma mudança na renda (mantidos os preços inalterados) causa um deslocamento paralelo na linha do orçamento original (verde). Quando a renda aumenta, a linha do orçamento passa a ser a avermelhada.

A figura mostra que, com a nova renda, há um deslocamento da curva de restrição orçamentária, que sai da linha verdinha para a avermelhada. Assim, o conjunto de consumo do consumidor aumenta. Vale notar ainda que esse deslocamento é paralelo, ou seja, a inclinação da curva de restrição orçamentária não muda. Da mesma forma, caso a renda fosse reduzida, haveria um deslocamento paralelo da linha de orçamento, no sentido de redução do conjunto orçamentário.

Page 160: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

www.acasadoconcurseiro.com.br160

E quando a curva muda de inclinação? Esse movimento ocorre se o preço de uma das mercadorias for modificado. Nessa situação, caso um dos bens tenha o seu preço alterado e o outro não, haverá uma rotação da linha de orçamento em torno do intercepto do bem que não teve o seu preço alterado. Para verificar isso, basta analisar a figura seguinte.

Figura 10: Efeitos da modificação em um preço sobre a linha do orçamento.

Uma mudança no preço de um dos bens (com a renda mantida constante) provoca uma rotação na linha de orçamento em torno do intercepto. Quando o preço do alimento aumenta, a linha gira, saindo da posição verde para a posição alaranjada. Porém, se o preço aumenta, veremos o movimento contrário.

Agora que nós já compreendemos como os consumidores comparam as cestas, ou seja, as preferências do consumidor, e o que permite que o consumidor adquira mais ou menos bens, precisamos compreender como esse consumidor faz as suas escolhas. Esse é o último tópico da nossa aula de hoje: a escolha do consumidor.

ESCOLHA

A pergunta que podemos fazer é: como o consumidor faz escolhas? Como você faz as suas escolhas?

Antes de qualquer análise econômica, queria que você raciocinasse comigo: lembra da primeira definição de economia da aula passada? Os desejos são ilimitados, mas os recursos para fazer esses desejos realidade são escassos. Nesse sentido, temos que fazer aquilo que é melhor dentro do que é possível, certo?

E nós fazemos isso o tempo inteiro! Quando eu acho melhor não sair pela cidade e pegar trânsito para ficar trabalhando em casa, estou alocando o meu tempo, um recurso escasso da melhor forma possível. Considerando esse raciocínio, os economistas buscaram explicar, graficamente como as pessoas fazem as suas escolhas.

Dessa forma, dadas as preferências e as restrições orçamentárias, podemos então determinar como os consumidores individualmente escolhem quanto comprar de cada mercadoria.

Page 161: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

Polícia Federal - Agente de Polícia – Economia – Profª Amanda Aires

www.acasadoconcurseiro.com.br 161

Estamos supondo que os consumidores façam essas escolhas de forma racional; com isso, estou querendo dizer que eles decidem as quantidades de cada um dos bens visando a maximizar o grau de satisfação que poderão obter, considerando os orçamentos limitados que dispõem.

Graficamente, estamos falando da união de dois assuntos abordados até agora: as curvas de indiferença (que representam as preferências do consumidor) e a restrição orçamentária. Assim, a cesta maximizadora de utilidade (maximizadora de satisfação) deverá estar sobre a linha do orçamento!

Vamos analisar isso graficamente?

Figura 11: Maximizando a satisfação do consumidor

Os consumidores maximizam suas satisfações (ou utilidade) escolhendo a cesta de mercado C. Nesse ponto, a linha do orçamento e a curva de indiferença U1 são tangentes, e nenhum nível mais elevado de satisfação (por exemplo o propriciado pela cesta A) pode ser obtido.

O que temos na figura? Nada além da união dos gráficos das curvas de utilidade e da restrição orçamentária. Na verdade, é isso que temos, subjetivamente nas nossas mentes: estamos sendo buscando o melhor, dentro do que é possível. E como representar isso no gráfico? Vamos analisar alguns pontos.

Primeiro, o que eu gostaria de ter? Com a busca do melhor, eu desejaria consumir a cesta A. Mas eu posso fazer isso? Não! Infelizmente, a minha renda não me deixa consumir A, que me traria um nível bem maior de satisfação. Então, no meu processo de escolha, eu preciso analisar o que eu posso ter. Nesse caso, observemos a restrição orçamentária. Quais das minhas curvas de indiferença são possíveis? Como você pode observar, apenas as curvas U3 e U2 são possíveis de obter dentro das minhas condições. E aí, o que escolher? O consumidor, eu, você e todo mundo que agir de forma racional, buscará a curva de indiferença mais alta que ainda esteja em contato com a linha do orçamento, pois essa curva é a que traz maior nível de satisfação! Dessa forma, o consumidor escolherá a cesta C, pois ela proporciona o máximo de satisfação dentro do que é possível para o consumidor!

Page 162: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

www.acasadoconcurseiro.com.br162

De forma resumida, temos algumas condições importantes sobre o processo de escolha do consumidor:

I – A cesta escolhida deverá estar sobre a linha do orçamento.

Para visualizar a razão disso, observe que qualquer cesta, situada à esquerda e abaixo da linha do orçamento, deixaria de estar alocando uma parte da renda que, caso viesse a ser despendida, poderia aumentar o grau de satisfação do consumidor. Certamente, os consumidores poderão – e algumas vezes o fazem – economizar parte de susas rendas para o consumo futuro. No entanto, isso significa que sua escolha não é apenas entre alimento e cinema, mas entre consumir esses dois bens agora ou no futuro.

II – A cesta de mercado maximizadora da satisfação deverá dar ao consumidor sua combinação preferida de bens e serviços.

Essas duas condições podem ser simplificadas em uma: o problema de maximização da satisfação do consumidor passa a depender, então, de um único fator de definição: o da escolha de um ponto apropriado sobre a linha do orçamento.

Considerando essas duas condições, podemos dizer que o processo de escolha do consumidor pode ser simplificado como uma condição de tangência! Isto é, o consumidor escolherá a cesta de bens que estiver em uma curva de indiferença tangente à restrição orçamentária! Nesse caso, o consumidor obterá satisfação máxima dentro do que é possível. Logicamente, vale ressaltar que a escolha do consumidor sobre qual cesta será escolhida na curva de indiferença dependerá do formato da curva, ou seja, isso vai de acordo com as preferências de cada consumidor!

Exercício 3

Julgue os itens a seguir, a respeito das noções básicas e gerais de economia.

Para uma escolha ótima de consumo de dois bens, é suficiente que a curva de indiferença entre esses dois bens tangencie a reta orçamentária do consumidor.

Comentários:

Falso. Essa condição é necessária, mas não é suficiente. Para que isso seja sempre verdade, é preciso, também, que a curva de indiferença seja estritamente convexa, já que se a curva de indiferença apresentar trechos planos. Isso irá levar à escolha de mais de um consumo ótimo!

GABARITO: FALSO

Page 163: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

www.acasadoconcurseiro.com.br 163

Questões

1. Acerca de microeconomia, julgue o item a seguir.

Uma relação de preferência será racional se ela for transitiva e completa.

( ) Verdadeiro   ( ) Falso

2. (Cesgranrio – MPE-RO – Economista – 2005)

Uma curva de indiferença é o lugar geométrico dos pontos nos quais o consumidor:

a) vai sempre preferir as cestas de bens lo-calizadas mais à direita na curva.

b) vai sempre preferir as cestas de bens lo-calizadas mais à esquerda na curva.

c) é indiferente entre as cestas de bens.d) é incapaz de calcular sua utilidade total.e) é incapaz de calcular sua utilidade parcial.

3. Julgue os itens a seguir, a respeito das no-ções básicas e gerais de economia.

Para uma escolha ótima de consumo de dois bens, é suficiente que a curva de indife-rença entre esses dois bens tangencie a reta orçamentária do consumidor.

( ) Verdadeiro   ( ) Falso

4. (Cesgranrio – MPE-RO – Economista – 2005)

Uma curva de indiferença é o lugar geométrico dos pontos nos quais o consumidor:

a) vai sempre preferir as cestas de bens lo-calizadas mais à direita na curva.

b) vai sempre preferir as cestas de bens lo-calizadas mais à esquerda na curva.

c) é indiferente entre as cestas de bens.d) é incapaz de calcular sua utilidade total.

e) é incapaz de calcular sua utilidade parcial.

5. (Cesgranrio – EPE – Analista Economia de Energia – 2007)

Um consumidor tem renda de R$100,00 /mês e gasta 50% da mesma comprando remédios. Se o preço dos remédios aumentar 10% e os demais preços permanecerem os mesmos, para comprar a mesma cesta de bens, ou seja, manter sua renda real, o consumidor teria que auferir a renda monetária, em reais, de:

a) 115,00b) 110,00c) 105,00d) 100,00e) 95,00

6. (Cesgranrio – INEA – Economista – 2007)

Um consumidor tem uma renda monetária de R$ 100,00/mês, gasta 30% da renda pagando aluguel e 20% com alimentação. Se o aluguel aumentar 10% e os alimentos diminuírem de preço 15%, os demais preços não sofrendo alteração, pode-se afirmar que o consumidor

a) sofreu um aumento de renda real de 5%.b) precisa receber uma renda monetária

adicional de R$ 5,00/mês para manter seu padrão de vida (sua renda real).

c) poderá alcançar um nível de bem estar maior, isto é, uma curva de indiferença mais alta quando reotimizar suas esco-lhas.

d) vai, certamente, diminuir o consumo de alimentos para pagar o aluguel.

e) vai, certamente, tentar trabalhar mais para pagar o aluguel.

Gabarito: 1. V 2. C 3. F 4. C 5. C 6. C

Page 164: Economia Profª Amanda Aires - Cloud Object Storage · aulas nas disciplinas de teoria econômica, matemática financeira, estatística e econometria em ... de Pernambuco como Economista-Chefe

www.acasadoconcurseiro.com.br164

GLOSSÁRIO

i A cesta de mercado é um conjunto de uma ou mais mercadorias.ii A curva de indiferença é uma linha de contorno que mostra todas as cestas de consumo que geram a mesma satisfação total para um indivíduo.iii Um mapa de indiferença representa uma coleção de curvas de indiferença para um dado indivíduo que representa a função utilidade total do indivíduo.iv Bens substitutos são pares de bens para os quais uma queda de preço de um deles resulta em uma menor demanda pelo outro.v Bens complementares são pares de bens para os quais uma queda de preço de um deles resulta em uma maior demanda pelo outro.vi A taxa marginal de subsituição (TMS) mede o quanto o consumidor está disposto a abrir mão de um bem para obter mais do outro.vii A curva de indiferença é dita convexa quando a TMS diminui ao longo da mesma curva. O termo convexo significa que a inclinação da curva de indiferença aumenta (isto é, torna-se mais negativa) à medida que nos movimentamos para baixo ao longo da curva.viii A utilidade de um consumidor é uma medida de satisfação que um indivíduo alcança ao consumir bens e serviços.ix A função utilidade de um indivíduo mede a relação entre o pacote de consumo de um indivíduo e a quantidade total de utilidade que ele gera.x A restrição orçamentária do consumidor diz que o custo de um pacote de consumo do consumidor não pode exceder a renda total desse consumidor.