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Economia Industrial Prof. Marcelo Matos Aula 12

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Economia Industrial

Prof. Marcelo Matos

Aula 12

De Schumpeter à abordagem Evolucionária

Possas (K&H cap), Schumpeter, 1942,

Nelson e Winter, 1982 cap 4 e 5

-Difusão de televisor como

aparelho doméstico

- Possibilidades técnicas de base

- Oportunidade de ampliar o retorno

sobre produtos AV windowing

- Licenciamento

- Padrão de duração

- “Nichos”

Firma e Concorrência na Visão de Schumpeter

Schumpeter e a destruição

criadora • Schumpeter (1911)

critica os economistas

de sua época por

estarem preocupados

em analisar como o

capitalismo administra

as estruturas

existentes, deixando de

lado a questão mais

relevante que é como

ele as cria e destrói.

• Primeira fase de Schumpeter antes da Primeira Guerra tendo como

principal obra a Teoria do Desenvolvimento Econômico (1912);

• A segunda fase (maturidade) em Business Cycles (1939) muda o

enfoque do empresário inovador para o processo de inovação

propriamente dito preferência dos estudiosos se volta para

Capitalismo, Socialismo e Democracia (1942);

• Schumpeter apresentou uma visão original da dinâmica capitalista,

na qual a ruptura das rotinas estabelecidas e a transformação das

estruturas existentes assumem papel de destaque;

• O desenvolvimento do capitalismo é um processo de mudança cujo

motor são as inovações;

• As inovações são resultantes da ação dos agentes econômicos,

indivíduos ou empresas (embora os objetivos sejam individuais) os

impactos são amplos levando à reorganização da atividade

econômica;

A tecnologia na visão de Schumpeter

• A inovação leva à destruição das estruturas econômicas existentes e

à criação de novas estruturas;

• O desenvolvimento do capitalismo portanto é caracterizado por

descontinuidades e rupturas e desequilíbrios, tendo a inovação como

causa última da instabilidade característica do sistema;

• Os ciclos econômicos são reflexo inevitável das tensões provocadas

pelo processo de desorganização / reorganização das estruturas,

induzidas pelas inovações;

• Em suma, nas economias capitalistas o desenvolvimento está

associado à instabilidade e assume forma cíclica

A tecnologia na visão de Schumpeter

Definição de Inovação:

• A inovação é definida como “mudanças na função de produção que não pode ser decomposta em passos infinitesimais”;

• Podendo também ser entendida como a criação de “novas combinações de forças produtivas”;

• É resultado da atividade do empreendedor (que não necessariamente é o capitalista detentor dos meios de produção) englobando os casos:

A tecnologia na visão de Schumpeter

a) introdução de um novo produto ou produto de qualidade superior;

b) introdução de um novo método de produção;

c) abertura de um novo mercado;

d) conquista de nova fonte de oferta de matéria prima;

e) desenvolvimento de novas organizações dentro da indústria, como a

criação ou destruição de uma posição de monopólio.

• O empresário para Schumpeter é agente econômico cuja função é realizar novas combinações, levando à destruição criativa do equilíbrio (que leva a um estágio superior de equilíbrio);

• Nestes termos o mercado é o locus da mudança radical que leva as firmas a inovarem;

• A invenção é distinta da inovação na medida que requer necessariamente a existência de um impacto econômico;

• O ponto de partida para a introdução de uma inovação é o crédito ao empresário, para que o mesmo possa adquirir poder de compra para adquirir meios de produção e contratar trabalhadores;

• A introdução do produto de uma inovação no mercado gera efeitos cumulativos;

• O lucro que o empresário inovador aufere representa o sucesso da inovação por um lado e por outro lado a diminuição do risco de acompanhá-la;

A tecnologia na visão de Schumpeter

“Assim que as várias formas de resistência social a algo

que é novo e não experimentado é superado, é mais fácil

não somente fazer o mesmo de novo como fazer coisas

semelhantes em direções diferentes, de forma que um

primeiro sucesso sempre vai produzir um cluster”

• O lucro auferido pelo empresário é decorrente da alteração da

função de produção (deslocamento da curva de custo ou

criação de uma nova) não estando relacionado a economias de

escala ou externas;

• Consiste na criação de um novo espaço econômico e não na

ocupação ou redistribuição de um espaço pré-existente.

A tecnologia na visão de Schumpeter

Práticas Monopolistas:

• Em relação às críticas tradicionais aos monopólios, como preços

mais elevados e quantidades inferiores aos do vigente em regime de

concorrência perfeita, Schumpeter argumenta que:

“existem métodos superiores disponíveis aos monopolistas (...)

que só são assegurado ao nível do monopólio”

• Primeiramente a posição de monopólio só pode ser obtida e mantida

com esforço, de forma que seu principal valor reside na:

“proteção que permite contra desorganizações temporárias do

mercado e o espaço que assegura para planejamento de longo

prazo”

A tecnologia na visão de Schumpeter

• A indústria competitiva é muito mais fácil de ser desestabilizada

sobre o impacto do progresso ou de alguma perturbação externa

(exemplos: indústria têxtil inglesa e mineração de carvão e

agricultura norte-americana);

• “A firma compatível com concorrência perfeita é muitas vezes

incompatível com termos de eficiência interna, especialmente

tecnológica”;

• Se for eficiente desperdiça oportunidades e capital na análise de

novas possibilidades;

• O “estabelecimento ou a unidade de controle de grande escala

deva ser aceito como um mal necessário, inseparável do progresso

econômico”;

• A concorrência perfeita é inferior não tendo títulos para ser

apresentada como modelo de eficiência.

A tecnologia na visão de Schumpeter

a) Capitalismo como um processo evolucionário e avanço tecnológico através de um processo evolucionário “cultural”;

b) Monopólio é temporário;

c) Reconhecimento do papel desempenhado pela ciência pública em tornar o avanço técnico mais eficiente previu a erosão da rivalidade no avanço técnico na medida que a ciência se tornava mais poderosa e a inovação se reduziria à rotina;

d) Com o crescimento da ciência as atividades de P&D se tornariam mais profissionais sendo o “coração” da máquina capitalista;

Discussão de alguns pontos desenvolvidos

por Schumpeter em Capitalismo, Socialismo

e Democracia:

Visões Institucionalistas da Firma

De Penrose à abordagem Evolucionária

Possas (K&H 2013, cap18); Hasenclever e Tigre (K&H 2013, cap19);

Schumpeter, 1942, Tigre, 2005; Nelson e Winter, 1982 cap 4 e 5

Estrutura / Constituição da Empresa

A Firma Penrosiana (Edith Penrose)

• Empresa enquanto conjunto de recursos organizados

administrativamente

• Empresa combina recursos não há relação biunívoca entre recurso e

serviço que dele se pode obter

• Vários objetivos perseguidos objetivo amplo de crescimento

• Conhecimento dá caráter único a cada firma

– Capacidade de gestão

– Capacidade de aproveitamento dos serviços que podem prestar os demais recursos

• Especificidade - capacidades acumuladas ao longo do tempo

– Gerente busca melhorar o rendimento dos recursos de que dispõe

– Possibilidades de criação de novos serviços produtivos

– Estabelece limite à velocidade de crescimento

• Grande parte das habilidades são relacionadas a um contexto específico

e tácitas trabalho em equipe

• Vários objetivos perseguidos objetivo amplo de crescimento

Objetivos da Firma em abordagens alternativas

Schumpeter

• Inovações como motor do desenvolvimento do capitalismo

• Tipos:

– Produtos e serviços

– Processo produtivo

– Novos mercados

– Fontes de matérias primas

– Novas organizações dentro da indústria

• Destruição e criação de estruturas econômicas desequilíbrio

• Busca de introduzir inovações e se apropriar de lucros excepcionais

• Sucesso de inovadores tende a mobilizar esforços similares de competidores cluster de inovações

• Monopólios são “mau necessário” e tendem a ser temporários

Firma e Concorrência na Visão Evolucionária

A Abordagem Evolucionária da Firma

Teoria representa fusão de:

No que se refere à firma:

Racionalidade limitada (Simon), Teorias comportamentais (Cyert and March) e visão baseada em competências (Penrose)

No que se refere à concorrência e dinâmica capitalista:

Papel da inovação e os processos de inovação (Inspiração Schumpeteriana)

No que se refere ao ambiente e às relações entre agentes:

Perspectiva Institucional Discussão do contexto evolucionário (Winter).

Fundamentos de Teoria da Competências

• Simon, 1962: – Agentes econômicos são “intendedly rational but

only limitedly so” (H. Simon) – “… because individual human beings are limited in

knowledge, foresight, skill and time that organizations are useful investments for the achievement of human purpose” (H. Simon)

– Em algumas circunstâncias (p.ex., jogo de xadrez) existe informação simétrica mas existem tantas soluções alternativas que mesmo um indivíduo brilhante tem dificuldades em sistematizar todas as alternativas.

– Importância de definição de racionalidade ”no procedimento” de resolução de problemas

• Cyert and March 1963: – Na presença de racionalidade limitada, as

possibilidades de produção são descobertas através de mecanismos de busca.

– Conhecimento produtivo encontra-se incorporado e é implementado através de ”procedimentos padrões de operação.”

Racionalidade e Competências

• Racionalidade: agente com limitada capacidade computacional e cognitiva em ambiente de constante mudança (bounded rationality)

“The evolutionary response to the competence puzzle

focuses on the role of learning and practice and specifically

on the degree of correspondence between the current

challenge and the earlier context in which experience

trained the actors.”

Mesmo assim, organizações se revelam muito competentes. Como explicar?

Rotinas

Competências, aprendizado e

rotinas

Aprendizagem

Conhecimento

Competências, aprendizado e rotinas

Conhecimento

Conhecimento diferente da informação que pode lhe dar origem

(ao contrario da teoria neoclássica)

Conhecimento está localizado na memória das organizações –

nos processos de rotinização das suas atividades – que se

constituem na forma mais importante de armazenagem de

conhecimentos operacionais específicos (Nelson e Winter, 1982)

Conhecimento tecnológico é visto como informação processada

que se torna relevante na busca de respostas de determinados

problemas identificados pelos agentes (Fransman, 1994)

A natureza do conhecimento (pública ou privada) gera certas

especificidades com relação ao seu processo de transferência,

afetando suas condições de acesso (Nelson, 1993)

Competências, aprendizado e rotinas

Conhecimento

Natureza tácita e codificada do conhecimento (Polanyi)

• Conhecimento codificado: pode ser estocado, copiado e transmitido

facilmente através de infra-estruturas de informações por meio de

seu registro em manuais, normas e procedimentos. Este tipo de

conhecimento é mais formalizado e pode ser transmitido com um

baixo custo através de longas distâncias.

• Conhecimento tácito: do tipo não formalizado, refere-se ao

conhecimento que não pode ser facilmente transferido uma vez que

não está estabelecido em uma forma explícita. Este tipo de

conhecimento não pode ser vendido ou comprado no mercado,

sendo que sua transferência ocorre de maneira específica dentro do

contexto social.

Competências, aprendizado e rotinas

Aprendizagem

A aprendizagem nas firmas caracteriza-se por ser um

processo cumulativo que amplia o seu estoque de

conhecimento, que implica em custos, que ocorre no

interior das firmas e está relacionado a diferentes fontes

de conhecimento internas ou externas a ela (Malerba,

1992)

Para Lundvall e Johnson (1994) aprendizagem é um

processo essencialmente social e interativo que depende

do contexto institucional para possibilitar a criação e

transmição de conhecimento

Rotinas

Competências, aprendizado e rotinas

Nas organizações há um fluxo de informações em rotinas de

operação que são provenientes de mensagens oriundas de

outros membros ou a partir do ambiente externo

O conhecimento reside na memória das organizações, isto é, na rotinização das atividades destas organizações – constitui-se na forma mais importante de armazenagem de conhecimentos operacionais específicos

Rotinas são, portanto, o conhecimento criado

e depositado a partir das informações

Rotinas

Competências, aprendizado e rotinas

Rotinas de organizações ≈ habilidades individuais

• Regras: sempre a mesma ação em dada situação

• Rotinas: mais complexas; padrão de reação e adaptação da ação a

situações

• Organizações exploram informações de forma rotinizada

• Resistência à mudança

• Alto custo de acumulação e acesso a informações

• Formas de lidar com situações de conflito dentro das organizações

Rotinas diferentes de regras simples

Persistência de rotinas

Ação/escolhas guiadas por rotinas

A Abordagem Evolucionária da Firma

Teoria representa fusão de:

No que se refere à firma:

Racionalidade limitada (Simon), Teorias comportamentais (Cyert and March) e visão baseada em competências (Penrose)

No que se refere à concorrência e dinâmica capitalista:

Papel da inovação e os processos de inovação (Inspiração Schumpeteriana)

No que se refere ao ambiente e às relações entre agentes:

Perspectiva Institucional Discussão do contexto evolucionário (Winter).

• Endogeneidade da inovação no âmbito dos processos

econômicos

• Inovação como um processo gradual e contínuo, processo

cumulativo

• Atividade inovativa é um processo cumulativo

• Processos inovativos impõem intensas articulações dentro

da firma, entre firmas e instituições de pesquisa e ensino

Inovação

Processo não linear com múltiplas inter-relações e

determinações

Inovações (na firma): • Inovações de produto

• Inovações de processo

• Inovações organizacionais

• Incerteza quanto aos resultados

• Fatores econômicos, institucionais e sociais desempenham um importante papel de seleção que opera ex-ante e ex-post (Dosi, 1982)

• Apropriação dos resultados do esforço inovador como estímulo para a busca inovativa Lucros exepcionais de monopólio

• Concorrência Schumpeteriana: Analogia com a biologia Darwiniana vs. NC com analogia com física mecanicista (ação/reação)

– Geração de variedade (mutação)

– Seleção e validação por mercado e outras instituições (seleção natural)

– Difusão (transmissão de características)

• A seleção final por parte do mercado pode ser equiparada ao ambiente de seleção de mutações (Nelson e Winter, 1982)

Inovação

Ritmo ou velocidade de difusão

• A difusão geralmente assume a forma de S.

• É lenta inicialmente devido as incertezas tecnológicas, ao alto custo e falta de serviços e infra-estrutura.

• Torna-se rápida a partir da comprovação do sucesso pelos pioneiros.

• Esgota-se pela ampla difusão e aparecimento de outras inovações.

Taxa de

inovação

tempo

Inovação no processo

Inovação no produto

Ritmo ou velocidade de difusão

Número

competi-

dores

tempo

A Abordagem Evolucionária da Firma

Teoria representa fusão de:

No que se refere à firma:

Racionalidade limitada (Simon), Teorias comportamentais (Cyert and March) e visão baseada em competências (Penrose)

No que se refere à concorrência e dinâmica capitalista:

Papel da inovação e os processos de inovação (Inspiração Schumpeteriana)

No que se refere ao ambiente e às relações entre agentes:

Perspectiva Institucional Discussão do contexto evolucionário (Winter).

Instituições e organizações

Dosi (1988) destaca a importância do papel das instituições

na coordenação e organização da atividade econômica

referindo-se a natureza co-evolutiva da tecnologia, estruturas

produtivas e institucionais

A análise da evolução das instituições relevantes implica

numa complexa interação entre as ações privadas de firmas

em competição, associações industriais, órgãos técnicos,

universidades, agências governamentais, aparelho jurídico,

etc.

Tanto a acumulação interna de conhecimento dentro das

firmas, quanto as interações destas com outras firmas e

instituições são fortemente afetadas pelo ambiente

institucional

path-dependency - evolução das instituições é

extremamente dependente de sua trajetória passada

35

Paradigma tecnológico e Trajetória

tecnológica

• “Paradigma tecnológico é definido como um padrão de

solução de problemas técnico-econômicos baseados em

princípios altamente selecionados derivados das ciências

naturais, conjuntamente com regras específicas que

objetivam adquirir conhecimento novo e resguardá-lo,

sempre que seja possível, contra a rápida difusão para os

competidores” (Dosi, 1988).

• As características de desenvolvimento desse paradigma

focam as dimensões path-dependence e cumulativa que

vão construir a rota de determinado padrão de solução.

36

Paradigma tecnológico e Trajetória

tecnológica

• Trajetória tecnológica é o padrão de resolução do

problema “normal” no plano de um paradigma tecnológico

(Dosi, 1988) semelhante a definição de Nelson e

Winter (1982) de trajetória natural do progresso técnico;

•Assim, a trajetória tecnológica é definida como a

atividade do progresso tecnológico ao longo de trade-offs

econômicos e tecnologias determinadas pelo paradigma

(Dosi, 1982).

37

Paradigma tecno-econômico

Freeman e Perez (1986)

• Sucessão de paradigma: mudanças tecnológicas envolvidas vão

além de trajetórias de engenharia para produtos específicos ou

processos tecnológicos que afetam as estruturas dos custos dos

insumos e as condições da produção ou distribuição

• Um novo paradigma emerge começando a demonstrar suas

vantagens comparativas em alguns poucos setores, mas ainda em

um mundo dominado por um velho paradigma.

• Mudanças têm ampla consequência em todos setores da economia

de modo que a sua difusão é acompanhada por grandes crises

estruturais de ajustamento, em que mudanças sociais e institucionais

são necessárias para promover uma melhor combinação entre novas

tecnologias e o sistema de administração social da economia.

38

Paradigma tecno-econômico

Freeman e Perez (1986)

• Pérez (1998) usa como referencial para sua analise as

ondas longas de desenvolvimento (Kondratieff,

Shumpeter,...);

• Crescimento econômico mundial vem experimentando

ciclos de 50 a 60 anos, com 20 a 30 de prosperidade,

seguidos por 20 a 30 de crescimento desigual, de

recessões e depressões;

• Explicação: surgimento de revoluções tecnológicas

sucessivas e sua difícil assimilação;

• O que é importante observar é que os períodos de maior

e mais espetacular crescimento deriva das revoluções

tecnológicas, que precedem as décadas historicamente

descritas como auge e prosperidade total.

39

40

41

Fonte: “Economia da informação, do conhecimento e do Aprendizado”, Lastres e Ferraz, 1999

42

43

44

45

46

47

A abordagem Evolucionária e

Estratégia Inovativa

Hasenclever e Tigre (K&H 2013, cap19);

Tigre, 2005; Nelson e Winter, 1982 cap 4 e 5

Processo de inovação

Características da inovação como um “processo”;

1. Processo arriscado

2. Processo custoso

3. Setorialmente diferenciado

4. Próprio, subcontratado ou combinação de ambos: diversidade das fontes do processo

5. Forte diversidade de tarefas envolvidas

6. Processo cumulativo e complexo que transcende a esfera da firma individual,

7. Processo marcado por mecanismos de feedback envolvendo a interação entre diferentes agentes e instituições

Apple’s Innovation Network

https://www.kenedict.com/apples-internal-innovation-network-unraveled-part-1-evolving-networks/

• A busca inovativa é caracterizada por incerteza forte, principalmente nas fases de mudanças tecnológicas pré-paradigmáticas. Nestes períodos exploratórios, há uma dupla incerteza: em relação aos resultados práticos da busca inovativa e em relação a quais princípios científicos e tecnológicos e procedimentos de solução de problemas o avanço tecnológico pode se basear.

• A medida em que o paradigma se consolida, vão se desenvolvendo direções de busca bem delimitadas em um processo de rotinização que reduz tanto as alternativas possíveis como as incertezas.

Paradigma, inovação e incerteza

Paradigma, inovação e incerteza

• Quando um paradigma tecnológico se

estabelece, ele traz consigo uma redução da

incerteza já que ele focaliza as direções da

busca e cria as bases para a formação de

expectativas tecnológicas e de mercado

mais seguras.

Tv Digital: atualmente existe diferentes

padrões no mundo

No mundo existem três padrões:

ATSC (Advanced Television Systems Committee),

adotado pelos EUA, Canadá, México e Coréia do Sul;

ISDB-T (Integrated Servises Digital Broadcasting

Terrestrial), adotado pelo Japão;

DVB-T (Digital Vídeo Broadcast Terrestrial), adotado

pelos demais paises q já decidiram qual padrão seguir,

em especial os paises da Europa, Ásia, África e Oceania.

Brasil: SBTVD – T, padrão brasileiro que incorpora

melhorias em relação ao padrão de modulação de

sinais do sistema japonês ISDB – T.

Vídeo

Áudio Codificação do

sinal de áudio

Multiplexação

e

transporte

de

sinais

Inserção de

dados

Novos

serviços

e aplicações

interativas

Vídeo

Áudio Decodificação do

sinal de áudio

Demultiplex.

de

sinais

Inserção de

dados

Novos

serviços

e aplicações

interativas

Canal de

retorno

Transmissão

Recepção

Codificação do

sinal de vídeo Codificação

de canal

e modulação /

transmissão

dos sinais

Decodificação do

sinal de vídeo Decodificação

de canal

e

demodulação

dos sinais

Componentes de um sistema de TV Digital

Tecnologias e Modelos para TV

Digital

ARIB MHP DASE

Escolhas Tecnológicas: DVB-T (Digital Video

Broadcasting) — UE

ARIB MHP DASE

Escolhas Tecnológicas: ATSC

ARIB MHP DASE

Escolhas Tecnológicas: ISDB-T

ARIB MHP DASE

Padrões setoriais de inovação

• Características setoriais condicionam o processo de inovação e difusão tecnológica; – i) oportunidade tecnológica;

– ii) apropriabilidade tecnológica;

– iii) cumulatividade do conhecimento tecnológico; e

– iv) natureza do conhecimento.

• Regime tecnológico (Malerba e Orsenigo, 2000): ambiente no qual as firmas competem;

• Padrões setoriais de inovação (Malerba e Orsenigo, 1996) se alinha com perspectiva de regimes tecnológicos em termos de variantes: oportunidade, apropriabilidade e cumulatividade e natureza do conhecimento.

Fontes de informação para inovação,

por atividades da indústria, dos

serviços selecionados e de P&D

Brasil - período 2006-2008

Estrutura do dispêndio em atividades inovativas no setor

farmacêutico - Brasil – 2000, 2003 e 2008 (em % do dispêndio total)

Indústria farmacêutica brasileira: Esforço

inovativo

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

2000 2005 2008

14,60% 17,40%

29,40%

11,50% 13,10%

12,80%

5,00% 4,80%

2,80% 28,70%

26,40%

25,90%

20,90% 20,00%

12,30%

17,30% 16,30% 14,50%

0,00% 0,90% 1,30% Aquisição de software

Projeto industrial e outras preparações técnicas

Introdução das inovações tecnológicas no mercado

Treinamento

Aquisição de máquinas e equipamentos

Aquisição de outros conhecimentos externos

Aquisição externa de Pesquisa e Desenvolvimento

Atividades internas de Pesquisa e Desenvolvimento

Fonte: Elaboração própria a partir de PINTEC-IBGE, 2000; 2005; 2010.

Composição dos dispêndios em atividades inovativas no setor

de equipamentos de telecomunicações – 2000,2003, 2005 e

2008 (em % do dispêndio total)

3,1%

29,1%

13,1%

35,1%

14,6%

32,0%

16,1%

30,7%

11,3%

50,5%

10,0%

20,4%

15,1%

12,2%

23,4%

43,2%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

2000 2003 2005 2008

Atividades internas de Pesquisa eDesenvolvimento

Aquisição externa de Pesquisa eDesenvolvimento

Aquisição de máquinas, equipamentos esoftware

Introdução das inovações tecnológicas nomercado

Projeto industrial e outras preparaçõestécnicas

Aquisição de outros conhecimentosexternos

Treinamento

Aquisição de Software

Fonte: Elaboração própria a partir de PINTEC-IBGE, 2003; 2005; 2007; 2010.

Inovação na Firma

• Se sobrepõem/complementam

– Características do paradigma tecnológico,

determinando certas trajetórias de busca a avanço

(trajetórias tecnológicas)

– Padrões Setoriais de Inovação

– Perfil e estratégia da firma

Canon: principais trajetórias tecnológicas

vinculadas à linha de produtos

Suzuki & Kodama, (2004)

Takeda: principais trajetórias tecnológicas

vinculadas à linha de produtos

Suzuki & Kodama, (2004)

Roche (Suíça), oferta de US$ 44 bilhões

por 44% de participação na Genentech,

uma das maiores empresas mundiais no

segmento de biotecnologia

Bristol-Myers Squibb (BMS) (EUA), oferta

de US$ 4,5 bilhões pelo controle de 83% da

ImClone (EUA),

Estratégias de

crescimento e

diversificação na

indústria farmacêutica:

inserção na rota

biotecnológica

Desenvolvimento de competências

específicas na firma

Vantagem competitiva sustentável que

repousa não sobre produtos, mas sobre

competências centrais (core competences)

Exemplos de competências centrais;

SONY em miniaturização

PHILIPS em mídias óticas

3M em coberturas e revestimentos

CANON em mecanismos de precisão, ótica fina e

microeletrônica

PEPSI e NIKE em marketing

• Estratégia pode ser definida como a seleção

e implantação de um conjunto de objetivos

com vistas a adaptar a empresa ao ambiente

externo ou modificar este ambiente para

melhorar suas chances de sucesso (Coombs

et al, 1992, p. 9).

• Surge em função da incerteza que cerca a

atividade econômica.

– Evolução do mercado e da tecnologia não é

facilmente previsível.

– A implementação de um planejamento rígido é

difícil

Conceito de Estratégia Empresarial

Externos à empresa: baseados na análise da

estrutura da indústria e na resposta a ação

de competidores.

• baseado no paradigma ECD

• baseado na teoria dos jogos

Baseado em recursos: privilegiam aspectos

relativos ao ambiente interno da firma.

• Penrose, Chandler, etc: exploração de recursos

ou capacitações específicos a cada firma,

processo de criação de novas capacitações,

conceito de capacitação dinâmica.

Conceitos de Estratégia

Penrose -Horizonte de

diversificação • Definido pela base tecnológica e pela área de

comercialização ou mercado:

– Base tecnológica (ou de produção): definida como cada tipo de atividade produtiva que utiliza máquinas, processo, capacitações e matérias-primas, que são complementares e estreitamente associados no processo de produção.

– Área de comercialização ou de mercado: é conceituada como cada grupo de clientes que a firma espera influenciar através de um mesmo programa de vendas, uma vez que a firma pode operar em diferentes mercados ainda que com uma única base de produção

Estratégias tecnológicas e diversificação:

o caso da Samsung

Tipologia de Estratégias tecnológicas - Freeman e

Soete (1997)

seis tipos de "estratégias", que incorporam níveis distintos de aversão ao

risco tecnológico:

• 1) ofensiva: vantagens relevantes em ser o primeiro (first-mover) a

introduzir determinada inovação no mercado;

• 2) defensiva: acompanha com uma certa defasagem temporal os

inovadores mais agressivos, incorporando uma diferenciação de produto

que crie e reforce vantagens competitivas;

• 3) imitativa: tentativa da firma administrar o gap relativo à sua defasagem

em termos de porte econômico e capacitação tecnológica;

• 4) dependente : adotada por firmas que se encontram subordinadas às

relações de subcontratação com firmas maiores;

• 5) tradicional: ausência de inovações tecnológicas expressivas, seja

porque os mercados se encontram estagnados, seja porque firmas

privilegiam "nichos" associados a uma produção de artesanal;

• 6) oportunista: identificação de "nichos" de mercado que não interessam

às grandes empresas, geralmente associados a uma produção em

pequena escala.

Sistematização de Características de Estratégias

Tecnológicas - Freeman e Soete (1997, p.267)

Orientações Estratégia

Ofensiva

Estratégia

Defensiva

Estratégia

Imitativa

Estratégia

Dependente

Estratégia

Tradicional

Estratégia

Oportunista

Pesquisa Básica 4 2 1 1 1 1

Pesquisa Aplicada 5 3 2 1 1 1

Desenvolvimento 5 5 3 2 1 1

Projeto (design) 5 5 4 3 1 1

Controle da Produção 4 4 5 5 5 1

Serviços Técnicos 5 3 2 1 1 1

Patentes 5 4 2 1 1 1

Inf. Cientifico-

Tecnológica

4 5 5 3 3 5

Formação. Treinamento

e Aprendizado

5 4 3 3 3 1

Prospecção Tecnológica 5 4 3 2 2 5

Estratégia Ofensiva

• Adotada por empresas que buscam liderança

tecnológica em determinados segmentos.

• Introdução de idéia não testada no mercado:

riscos da inovação pioneira.

• Inovação raramente tem origem única: é

resultado da combinação de diversos

elementos e pacotes tecnológicos.

• Exemplos no Brasil: – Petrobrás: tecnologia de exploração de petróleo em águas profundas.

– Embrapa: agricultura tropical

– Embraer: aviões de pequeno porte

Estratégia Defensiva

• Empresa não quer correr o risco de ser a primeira a

inovar, mas não quer ficar para trás em termos

tecnológicos.

• Pode aprender com erros dos pioneiros e aproveitar

abertura de um novo mercado para oferecer soluções

mais seguras e consistentes.

• Não pretende apenas “copiar” os inovadores, mas sim

superá-los. Necessidade de capacitação própria.

• Em geral, inovadores defensivos tem marca conhecida e

boa capacitação em áreas complementares, como

produção e distribuição. Usa vantagens para superar

inovadores ofensivos.

• Típica de mercados oligopolistas e associada à diferenciação de produtos.

Estratégia Imitativa

• Empresa imitativa não aspira ser líder ou ter grandes

lucros com introdução da inovação.

• Quer marcar presença no mercado, oferecendo produto similar aos dos concorrentes

• Quanto maior a proteção do mercado, maior a viabilidade da estrat. imitativa. – Proteção pode ser fiscal (incentivos fiscais ou

protecionismo), geográfica (dif. de acesso) ou por acesso privilegiado a canais de distribuição.

• Tempo de defasagem na introdução do produto depende de circunstâncias particulares do mercado, região ou país.

• Estratégias imitativas são usualmente adotadas em mercados onde empresas inovadoras não atuam (baixo dinamismo).

Outras formas de sustentação de

estratégias imitativas

1) Nichos de mercado formado por clientes fiéis a determinada marca ou serviço conhecido.

2) Localização ou inserção em comunidades específicas.

3) Com integração vertical podem vender produtos defasados tecnologicamente dentro da corporação. Ex: autopeças.

Condicionantes de estratégias

imitativas

• Imitação barata de produtos líderes e marcas famosas geralmente encontram mercado nos consumidores de baixa renda. – Baixo custos fixos de gestão e produção.

• Estratégia adotada por PME’s em setores menos vulneráveis à mudança tecnológica.

• Ex: confecções, calçados

• Margens de lucro muito apertadas. – Tomadores de preços estabelecidos pelo mercado.

• Redução de custos pode levar setor à informalidade ou localização em regiões pobres. – Calçados: Localização itinerante ao longo do tempo.

Estratégias imitativas

Inovação, propriedade intelectual e

transferência de tecnologia ORSI, F.; CORIAT, B. The New Role and Status of Intellectual

Property Rights in Contemporary Capitalism. Paper presented at

the conference Information, Intellectual Property, and Economic

Welfare. Turin, Italy May 15-16 2006, Fondazione Luigi Einaudi.

Os vários campos da Propriedade

Intelectual

Propriedade

Intelectual

Direito Autoral

Direito de Autor

Direitos Conexos

Programa de Computador

Propriedade Industrial

Patente

Desenho Industrial

Marca

Indicações Geográficas

Repressão à Concorrência Desleal

Proteção Sui Generis

Topografia de Circuito Integrado

Cultivar

Conhecimento Tradicional

A Recente “Explosão de Patentes”

Source: WIPO - World Intellectual Property Indicators 2011

“Explosão de Patentes”

Relembrando aula anterior:

• Atual paradigma tecno-econômico: “Era do Conhecimento”

– Tecnologias de informação e comunicação

– Conhecimento como ativo estratégico; transmitido como informação

– Setores dinâmicos: TICs; Robótica; Serviços intensivos em informação; Softwares

– Áreas emergentes: Biotecnologia; Nanotecnologia, Energias renováveis

– Financeirização

• Setores intensivos em ciência / informação

• Uso estratégico das Patentes

• Reformas das Legislações e

Complementaridades institucionais

– Ampliação do escopo: quem e o que

– Setor financeiro

Crescente

relevância de

patentes

&

Outras formas de

proteção da PI

Apropriabilidade

• Definição: possibilidade de o inovador usufruir de um

monopólio temporário (na medida em que a imitação é

impedida) e, desse modo, se apropriar dos benefícios

econômicos (remuneração extraordinária) decorrentes da

introdução de novos produtos ou processos.

• Mecanismos de apropriabilidade – Propriedade intelectual

– Segredo Industrial

– Lead time

– Curva de aprendizado

– Competências complementares (produção, marketing, pós-venda)

– Gestão de recursos humanos

– Meios práticos/técnicos: senhas, assinaturas digitais, mecanismos

de prevenção de cópias, etc.

Apropriabilidade

López (2010)

• Lead time e segredo como mecanismos de apropriabilidade mais

relevantes para a maioria dos setores e tipos de inovação.

• Competências complementares de produção e marketing muito

importante;

• Patentes são mais relevantes para inovações de produto do que de

processo e para alguns setores, como produtos químicos

(especialmente produtos farmacêuticos), máquinas e biotecnologia;

• As empresas tendem a utilizar mecanismos de apropriabilidade

diferentes (sequencialmente ou simultaneamente);

• Tamanho positivamente relacionado com propensão a patentear;

• MPEs com estratégias agressivas de patenteamento muitas vezes

não têm a intenção de explorar suas invenções, mas visam licenciar

ou vender direitos (falta de competências complementares)

• Divulgação de informação e facilidade de “inventar ao redor” como

principais razões para não patentear;

Apropriabilidade – PINTEC 2008

Tamanho

Métodos de proteção utilizados pelas empresas que implementaram inovações

Por escrito Estratégicos

Outros Patentes Marcas

Complexidade

no desenho

Segredo

industrial

Tempo de

liderança

Total 3 647 10 332 762 3 526 876 2 496

De 10 a 29 1 683 4 746 187 1 423 83 1 465

De 30 a 49 378 2 096 83 522 33 351

De 50 a 99 442 1 588 152 610 191 260

De 100 a 249 427 940 127 385 222 161

De 250 a 499 229 351 65 194 106 69

500+ 489 612 148 391 241 189

Participação no total de métodos utilizados

Total 0,17 0,48 0,04 0,16 0,04 0,12

De 10 a 29 0,18 0,50 0,02 0,15 0,01 0,15

De 30 a 49 0,11 0,61 0,02 0,15 0,01 0,10

De 50 a 99 0,14 0,49 0,05 0,19 0,06 0,08

De 100 a 249 0,19 0,42 0,06 0,17 0,10 0,07

De 250 a 499 0,23 0,35 0,06 0,19 0,10 0,07

500+ 0,24 0,30 0,07 0,19 0,12 0,09

Apropriabilidade Setores – PINTEC 2008

Atividades selecionadas

da

indústria e dos serviços

Métodos de proteção utilizados

Patente Marcas Complex.

desenho

Seg.

ind.

Tempo

liderança Outros

Metalurgia 31% 41% 2% 12% 7% 6%

Pesquisa e desenvolvimento 30% 19% 4% 15% 7% 26%

F. máquinas e equipamentos 29% 47% 5% 12% 3% 4%

F. máquinas, aparelhos e materiais elétricos 28% 36% 4% 23% 4% 4%

F. artigos de borracha e plástico 28% 46% 2% 12% 3% 10%

F. outros equipamentos de transporte 26% 31% 4% 19% 7% 13%

F. móveis 26% 39% 7% 19% 5% 5%

F. produtos de metal 24% 45% 2% 11% 3% 14%

F. coque, de produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis 21% 42% 2% 15% 2% 17%

F. equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos 20% 37% 7% 18% 9% 9%

F. veículos automotores, reboques e carrocerias 19% 47% 6% 14% 8% 6%

F. celulose, papel e produtos de papel 18% 60% 2% 11% 4% 4%

F. bebidas 18% 43% 2% 21% 2% 14%

F. produtos de minerais não metálicos 16% 45% 2% 18% 3% 16%

Edição e gravação e edição de música 13% 38% 2% 6% 2% 39%

F. produtos químicos 12% 45% 2% 27% 4% 10%

F. produtos farmoquímicos e farmacêuticos 11% 45% 4% 20% 11% 10%

Telecomunicações 8% 62% 6% 12% 3% 9%

Serviços de tecnologia da informação 7% 48% 4% 9% 3% 30%

Desenvolvimento e licenciamento de programas de computador 7% 43% 4% 10% 3% 34%

Tratamento de dados, hospedagem na Internet e outras atividades 4% 39% 25% 8% 1% 23%

No Brasil indústria se concentra nas duas etapas finais de (1) produção de especialidades farmacêuticas e genéricos e de (2) marketing e comercialização

Apropriabilidade

López (2010) – cont.

• Apesar de patentes não serem o método mais eficaz para proteger as inovações, muitas empresas as empregam mesmo assim, não só como um meio de proteger suas inovações, mas para alcançar outros “objetivos estratégicos”

• Usos estratégicos de patentes

– Bloqueio de patentes

– Garantia de mercados

– Prevenção de processos

– Uso em negociações

– Ampliação de reputação

– Acesso ao mercado de capitais

Apropriabilidade

• “Patentes de tecnologia frequentemente oferecem pouco ou nenhum valor além de se defender dos concorrentes.” “Servem para uma empresa impor custos e outros fardos processuais a suas adversárias.” (Richard Posner, juiz da Corte de Apelações em Chicago, nos Estados Unidos)

• Entre os períodos de 1995 a 2000 e de 2006 a 2010, número de decisões judiciais envolvendo patentes cresceu 383%, enquanto litígios nas demais atividades cresceram a metade (Época, 08/09/2012)

• Caso extremo conhecido como “troll de patentes” (do inglês patent trolling)

Empresa especializada em comprar registros de patentes e processar fabricantes

Exemplo: Intellectual Ventures Lab, detém mais de 35 mil registros

Processos movidos por trolls custaram aos EUA, em 2011, US$ 29 bilhões - equivalente a 10% do investimento do país em P&D. (James Bessen, livro Patent failure: how judges, bureaucrats and lawyers put innovators at risk)

“Explosão de Patentes”

Relembrando aula anterior:

• Atual paradigma tecno-econômico: “Era do Conhecimento”

– Tecnologias de informação e comunicação

– Conhecimento como ativo estratégico; transmitido como informação

– Setores dinâmicos: TICs; Robótica; Serviços intensivos em informação; Softwares

– Setores emergentes: Biotecnologia; Nanotecnologia

– Financeirização

• Setores intensivos em ciência / informação

• Uso estratégico das Patentes

• Reformas das Legislações e

Complementaridades institucionais

– Ampliação do escopo: quem e o que

– Setor financeiro

Crescente

relevância de

patentes

&

Outras formas de

proteção da PI

Revisando o argumento econômico

• Problema de apropriabilidade, decorrente do caráter

de bem semi-público do conhecimento + incerteza +

indivisibilidade

• “Falhas de mercado” que desestimulam o

investimento

• Duas “soluções”

Apoio à apropriabilidade: expectativa de lucros “excepcionais”

encoraja o empreendedor a dedicar recursos à atividade

inovativa (sobretudo pesquisa aplicada e desenvolvimento +

demais atividades inovativas)

Investimento público: avanço científico (sobretudo ciência

básica)

Transformações a partir dos anos 1980 (EUA e outros países)

Expansão do escopo do sistema de patentes:

• O que é patenteável

• Atores que podem patentear

• Software: Algoritmos correspondentes ao uso

simultâneo de inúmeras equações matemáticas

• Patentes de “modelos de negócio”

• Patentes de internet

• Partes de organismos vivos: genes e sequências de

genes

• Patentear múltiplos atributos de uma molécula, de forma

seqüencial, tornando possível o patenteamento de um fármaco,

de segundos usos do mesmo fármaco, de modificações na

forma cristalina, etc.

Fonte: Lage et al, 2013

Transformações a partir dos anos 1980 (EUA e outros países)

Expansão do escopo do sistema de patentes:

• O que é patenteável

• Atores que podem patentear

• Bayh-Dole Act

• Patenteamento de resultados de pesquisa financiada com recursos

públicos

• Possibilidade de transferência exclusiva de patentes para

empresas privadas (licenças ou joint ventures)

• Transformação da prática de pesquisa acadêmica com criação

de Escritório de Transferência de Tecnologia (ETT)

• Orientação da pesquisa, na medida em que são promovidas

pesquisas que podem levar à rápida submissão de pedidos de

patente

• Muitas vezes, pressão para retardar a publicação de resultados

científicos

Transformações a partir dos anos 1980

Qualificações:

• Acordos entre firmas e ICTs, atribuindo, de forma exclusiva,

resultados de pesquisa financiada com recursos públicos a

empresas privadas

“Commoditificação” e privatização do conhecimento científico

Criação de monopólio bilateral, onde, até então, o livre

acesso era a regra em troca de financiamento público

Lógica de apoio à atividade científica e inovativa perdem seu

sentido e sua fundamentação na teoria do bem-estar

• Em muitos casos patentes concedidas não cobrem invenções de

utilidade reconhecida, mas sim um amplo leque de futuras

aplicações

atribuição de patente ao conhecimento básico (insumo para

invenções)

• Entre 1971 e 2006, 77 das 88 inovações mais importantes nos

EUA foram totalmente dependentes de recursos federais

(Mazzucato, 2011)

“Explosão de Patentes”

Relembrando aula anterior:

• Atual paradigma tecno-econômico: “Era do Conhecimento”

– Tecnologias de informação e comunicação

– Conhecimento como ativo estratégico; transmitido como informação

– Setores dinâmicos: TICs; Robótica; Serviços intensivos em informação; Softwares

– Setores emergentes: Biotecnologia; Nanotecnologia

– Financeirização

• Setores intensivos em ciência / informação

• Uso estratégico das Patentes

• Reformas das Legislações e

Complementaridades institucionais

– Ampliação do escopo: quem e o que

– Setor financeiro

Crescente

relevância de

patentes

&

Outras formas de

proteção da PI

Transformações a partir dos anos 1980

Criação de novos tipos de mercados financeiros

especializados na “commoditificação” dos DPI

• Conversão do conhecimento em mercadoria (com garantia de

rendas futuras) condição necessária para entrada do capital

financeiro

• Autorização (NASD) de listagem de empresas com déficit, mas que

detinham considerável “capital intangível”

• Autorização para fundos de pensão de investirem em ativos de risco

• Se beneficiaram atuais grandes players nas áreas de

biotecnologia (Genentech), software (Oracle) ou internet (Yahoo,

Google)

• Estoura da Bolha Nasdaq

• Complementaridade institucional entre Sistema de PI e regulação

financeira

• Mercados de Capital de Risco e Agentes especializados na

comercialização de DPI

Transformações a partir dos anos 1980

Criação de novos tipos de mercados financeiros

especializados na “commoditificação” dos DPI

• Efeito de sinalização exercido por patentes:

• Variação de valor de ações de acordo com eventos

relacionados à patentes

• Decisões de investimento / concessão de crédito

• Valor imputado à patente:

• Capacidade de exploração da tecnologia, gerando receitas

(potencial ou já em curso)

• Patente não explorada: opção de otimizar o timing para a

comercialização de eventuais produtos; liberdade de

atuação na área, etc.

Pool de patentes (solicitadas e concedidas) não utilizadas:

como ativo de valor em vez de indicação de que empresa

esteja produzindo invenções de pouco valor

Patente como algo com valor intrínseco a si mesmo,

independente da inovação

Transformações a partir dos anos 1980

Criação de novos tipos de mercados financeiros especializados na

“commoditificação” dos DPI

• Patentes se aproximam de um ativo financeiro

≈ opção (derivativo) de comandar, a qualquer momento, um fluxo de receita

presumido, relacionado à tecnologia (ativo-alvo) especificada na patente

• Certeza com relação ao êxito na exploração futura e geração de receita?

indústria farmacêutica: perspectiva (rumor) de usar patentes como instrumentos

financeiros com emissão de títulos baseados nelas

Uma em cada cem patentes geram alguma receita direta (Macdonald, 2004)

Patente é registro de invenção ≠ innovação

• Decisões da empresa sobre como direcionar os esforços inovativos podem

ser dominados por considerações sobre o que é patenteável (potencial de

receita enquanto ativo) em detrimento p.ex. de necessidades/oportunidades

de mercado

• Firmas apoiadas por capitais de risco submetem patentes com frequência

três vezes maior que outras empresas similares (Christensen, 2003)

TRIPS e Países Menos

Desenvolvidos

Patentes

• Convenção da União de Paris (1883)

• Tratado de Cooperação em Matéria de Patente (1970) (‘Patente Internacional’)

• European Patent Convention (1973)

Desenho Industrial

• Acordo de Haia (1925/1928) / Atos de Londres (1934), Haia (1960) e Genebra (1999)

Marcas

• Convenção da União de Paris (1883)

• Acordo de Madri (1891) (‘Marca Internacional’)

• Community Trademark (1996)

Direito Autoral

• Convenção da União de Berna (1886)

Arcabouço Legal Amplo: TRIPS (1994)

Arcabouço Legal Internacional

• Harmonização do direito de PI em todo o mundo (membros OMC)

• Parte do acordo de liberalização do comércio mundial:

Acesso a mercados mais ricos Garantia de investimentos

Acesso a tecnologias

• Prazos diferenciados de implementação do acordo. Países em desenvolvimento, prazo de: – 4 anos – em geral

– 5 anos adicionais – produtos anteriormente não protegidos

• Entrada em vigor no Brasil: Decreto nº 1.355/94 ou Lei 9.279/96

• Legislação Brasileira anterior (Lei 5.772/71) não permitia patenteamento de fármacos

TRIPS

Quem se beneficia com atual sistema?

Quem se beneficia com atual sistema?

32,428

Quem se beneficia com atual sistema?

Zucoloto, 2013

• Países mais desenvolvidos 93% dos benefícios do sistema de proteção da PI (Jungmann, 2010)

• Parte do “contrato” TRIPS envolve a transferência de tecnologia

O que nos ensina o referencial de Sistemas de Inovação? – Conhecimento ≠ Informação

– Artefatos com tecnologia incorporada ≠ conhecimento inerente à tecnologia

– Mesmo a cópia e a realização de engenharia reversa envolve um amplo conjunto de conhecimentos e capacitações científicas, tecnológicas e inovativas

– Desenvolvimento científico e tecnológico desenvolvimento de capacitações internas de gerar, absorver, transformar e usar conhecimentos

• Benefício para países mais pobres? – Atendimento a necessidades humanas?

– Avanço em C,T&I e mudanças estruturais?

Quem se beneficia com atual sistema?

“Any country must lose if it grants monopoly privileges in the domestic market which neither improve nor cheapen the goods available, develop its own productive capacity nor obtain for its producers at least equivalent privileges in other markets. No amount of talk about the “economic unity of the world” can hide the fact that some countries with little export trade in industrial goods and few, if any, inventions for sale have nothing to gain from granting patents on inventions worked and patented abroad except the avoidance of unpleasant foreign retaliation in other directions. In this category are agricultural countries and countries striving to industrialise but exporting primarily raw materials…whatever advantages may exist for these countries… they do not include advantages related to their own economic gain from granting or obtaining patents on invention.”

Edith Penrose in “The Economics of the International Patent System” in 1951

Quem se beneficia com atual sistema?

O caso dos ARVs no Brasil

Licenciamento compulsório e o interesse

público

• Licenciamento compulsório ≠ quebra de patente

• Governo proponente busca negociar com titular da patente

• No caso de insucesso licenciamento e pagamento, ao titular da patente, de remuneração financeira (royalty) justa.

Experiência Brasileira

• 1996 - o art. 71 da Lei no 9.279, de 14 de maio - licença compulsória nos casos de emergência nacional e de interesse público

• 1996 - Lei n0 9.313 de 13 de novembro - distribuição gratuita de medicamentos aos portadores do HIV e doentes de AIDS.

• 1999 - Decreto N0 3.201

Licenciamento compulsório e o interesse

público

• 2001 - A Declaração de Doha: “políticas de saúde pública devem ter supremacia frente aos interesses comerciais, e que o Acordo TRIPS não pode ser utilizado como meio de entrave à aplicação dos direitos de proteção à saúde pública e, em especial, ao acesso universal aos medicamentos”.

• Conselho Econômico e Social da ONU - Comissão de Direitos

Humanos - Resoluções 2001/33, 2002/32, 2003/29: reconhecem o

que os medicamentos para pandemias como AIDS são essenciais à

vida e um direito humano

• OMS - Resolução WHA56.27 (2003): estimula a adequação da

legislação nacional para o alcance das flexibilidades previstas por

TRIPS

• 2003 - Decreto N0 4.830 – Autorizou a importação de medicamentos genéricos, sem o consentimento

do detentor da patente, em caso de emergência ou interesse público

– Flexibiliza o Acordo TRIPS de 1994

– A saúde pública prevalece sobre as questões de propriedade intelectual

Licenciamento compulsório e o interesse

público • 2001 - declaração da possibilidade de licenciamento

compulsório do efavirenz e nelfinavir redução do preço

do efavirenz (economia anual de R$ 80 milhões)

• 2001 - Nelfinavir: falham tentativas de negociação

anúncio do licenciamento Empresa concorda em

reduzir preço em 40,5%

• 2007 – negociação efavirenz empresa oferece efavirenz

a um custo de US$1.59 por dose diária, enquanto o preço

para a Tailândia era US$0.65. decreto 6.108/2007

promulga licenciamento compulsório

– vigência de 5 anos podendo ser prorrogado por igual período

– remuneração do titular (1,5% sobre o custo do medicamento)

Fonte: Lage et al, 2013

Licenciamento compulsório e o interesse público

DPI dinamiza/fomenta a inovação? – Que tipo de inovação?

– Qual é a base de conhecimento relacionada, oportunidades, cumulatividade?

– Líder no mercado ou seguidor, etc.?

– Estrutura de incentivos?

– Arcabouço institucional?

– Existência de capacitações complementares em firmas, ICTs, etc.?

– Características do mercado/demanda?

Produto, processo, org., peso

relativo de dif. atividades inovativas

Regimes tecnológicos

Estratégias inovativas da firma

Sistemas de Inovação

Prós e contras sob o ponto de vista da firma G

rau d

e d

inam

ism

o/lid

era

nça d

a f

irm

a

(ou s

eto

r em

um

país

)

Maio

r Externalidades de rede Estímulo à inovação

(argumento clássico)

Atenuantes - Viés de atividades inovativas (patente

vs. demandas/oportunidades)

- Poder de mercado menor pressão

competitiva

Desestímulo à inovação

(argumento clássico)

Atenuantes - Continuar avançando como

imperativo

- Alternativas de apropriabiliade

- Recursos públicos Mercados (relativamente) bloqueados

Menor

Difusão de tecnologias

Aprendizado por imitação

Ampliação de capacitações

C,T&I

Ampliação de acesso a bens e

serviços

Benefício indireto, dado avanço da

fronteira

(argumento clássico)

Mercados (eficazmente) bloqueados

Menor aprendizado por imitação e

difusão

Menor interação com ICTs

Tec. complexas custos de

transação

Excessiva focalização de pesquisa

básica

Menor avanço na fronteira e

acesso a este

(argumento clássico)

Baixa Alta

Extensão e eficácia do Sistema de PI