economia florestal

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Entre “pensar”, “falar” e “agir” há abismos que precisam de pontes para se alcançar o Nirvana, segundo Buda é preciso: i) pensar, ii) falar o que pensou e iii) fazer o que falou. Prefácio Nas aulas de economia falo muito sobre o mercado florestal e neste texto faço o concreto daquelas idéias que normalmente são condicionadas pelos acontecimentos em cada período da economia nacional ou internacional e que nos influenciam, seja o dólar valorizado com a choradeira dos importadores e alegria dos exportadores ou ainda um cheque sem fundos lançado lá em Singapura que acaba se refletindo nas taxas de juros que pagamos aos bancos daqui. Introdução O mercado florestal e sua economia são peculiares e Kishinami (2010) esclarece que a silvicultura pelo mundo afora significa a exploração racional de recursos florestais nativos aliados a economia das florestas cultivadas. As florestas nativas no exterior, sem exceção, são exploradas através de concessões dos Estados Nacionais, sob regras que visam perenizar a atividade. Nos países de clima temperado, é prática antiga, apesar do longo tempo necessário à recomposição florestal, e apoiada na aparente uniformidade dos ecossistemas, dado o número relativamente pequeno de espécies arbóreas que dominam a paisagem. No Brasil, a exploração de florestas nacionais apenas se inicia com a recente concessão de lotes na Floresta Nacional do Jamari, através do Serviço Florestal Brasileiro. Serão necessários ainda um maior tempo de exploração – para acumular experiência – e uma

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O mercado florestal e sua economia são peculiares e Kishinami (2010) esclarece que a silvicultura pelo mundo afora significa a exploração racional de recursos florestais nativos aliados a economia das florestas cultivadas.

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Entre pensar, falar e agir h abismos que precisam de pontes para se alcanar o Nirvana, segundo Buda preciso: i) pensar, ii) falar o que pensou e iii) fazer o que falou.

Prefcio Nas aulas de economia falo muito sobre o mercado florestal e neste texto fao o concreto daquelas idias que normalmente so condicionadas pelos acontecimentos em cada perodo da economia nacional ou internacional e que nos influenciam, seja o dlar valorizado com a choradeira dos importadores e alegria dos exportadores ou ainda um cheque sem fundos lanado l em Singapura que acaba se refletindo nas taxas de juros que pagamos aos bancos daqui.IntroduoO mercado florestal e sua economia so peculiares e Kishinami (2010) esclarece que a silvicultura pelo mundo afora significa a explorao racional de recursos florestais nativos aliados a economia das florestas cultivadas. As florestas nativas no exterior, sem exceo, so exploradas atravs de concesses dos Estados Nacionais, sob regras que visam perenizar a atividade. Nos pases de clima temperado, prtica antiga, apesar do longo tempo necessrio recomposio florestal, e apoiada na aparente uniformidade dos ecossistemas, dado o nmero relativamente pequeno de espcies arbreas que dominam a paisagem. No Brasil, a explorao de florestas nacionais apenas se inicia com a recente concesso de lotes na Floresta Nacional do Jamari, atravs do Servio Florestal Brasileiro. Sero necessrios ainda um maior tempo de explorao para acumular experincia e uma maior diversidade de formaes florestais em explorao comercial, para avanar na institucionalizao da atividade. De qualquer forma, importante registrar que o caminho est correto: s se preserva aquilo que se conhece e seja til (direta ou indiretamente). Segundo o autor so 271Mha (Mha equivalente a milhes de hectares) de florestas cultivadas em todo o mundo, enquanto, no Brasil, somam cerca de 6,5Mha entre eucaliptos e pinus, na quase totalidade destinadas s industrias de papel, celulose e de painis para construo civil e mobilirio.http://www.revistaopinioes.com.br/cp/materia.php?id=694 Graziano (2010) destaca o fato de o Brasil ainda manter preservados 517Mha de florestas nativas, representando 60,7% do territrio nacional, uma informao positiva sobre o meio ambiente do nosso pas que alm de manter grande parcela da vegetao original, est formando novas florestas, pois os 6,5Mha cultivados com florestas se comparados a todos os cafezais brasileiros os quais somam 2,3Mha indica que crescem bilhes de rvores por a afora. O autor chama ateno que o extico eucalipto e pinus so to estrangeiros quanto o arroz com feijo nosso de cada dia, a laranja e o caf do lanche, a alface e o tomate da salada. Nenhuma dessas plantas comestveis citadas tem origem tupiniquim, embora ningum as cultive com preconceito ou chamem de deserto verdeVillela Filho (2010) profere a era pr-floresta cultivada de alto desempenho que em termos econmicos e ambientais indicam sua utilizao mais racional. Parte poderia ser destinada formao de florestas industriais e energticas cujas evidncias dessa nova Era destacam-se: A Comunidade Europia incorpora mais energia renovvel em sua matriz energtica na prxima dcada, impactando em maior demanda de madeira (adicionais 250Mm3/ano); O mercado aberto de woodchips, tradicional matria-prima para a indstria asitica de celulose, com 80Mt/ano, avaliado em 10 bilhes de dlares. Assim como o mercado de pulpwood, vai ser afetado pelo aumento da demanda de madeira para fins energticos; O mercado de papel da China tem crescido a taxas superiores a 8Mt anuais, com reflexos sobre a demanda mundial de celulose; A base industrial do hemisfrio Norte, aos poucos, vai perdendo espao para plantas de maior escala e competitividade localizadas no hemisfrio Sul; O reposicionamento estratgico da brasileira Suzano. Maior produo de celulose com a simultnea entrada no mercado de energia renovvel (aspira ser lder global na produo de pellets). Segundo Leite (2010) a silvicultura brasileira sempre conseguiu produzir madeira em condies altamente competitivas. Com certeza, j somos os campees de produtividade e poderamos nos manter tambm e por muito tempo como os campeonssimos da competitividade florestal! Essa posio tem sido prejudicada, nos ltimos tempos, por uma enorme cadeia de exigncias legais, institucionais, administrativas, contbeis. O autor ressalta pelos dados preliminares, que o custo da madeira pode at dobrar, quando se juntam todos os gastos com os penduricalhos legais, administrativos e contbeis, que se criam desnecessariamente para se fazer a produo acontecer! H inmeros exemplos de gastos, que no apresentam nenhuma ligao com a atividade florestal, mas que no final, precisam ser pagos pela produo de madeira para manter o empreendimento vivo. E o mais curioso, quando esses gastos extrapolam e impactam a TIR (taxa interna de retorno do empreendimento), da recalcula-se os procedimentos silviculturais, diminui-se aqui e ali, essa e aquela operao, at que se consiga o milagre de se alcanar a mesma produtividade com menos adubo, menos capinas, muda mais barata, servios meia- boca, gambiarras. Enganao total e irrestrita!!!http://www.painelflorestal.com.br/noticias/artigos/10792/custos-penduricalhos-e-a-galinha-dos-ovos-de-ouroDe acordo com Freitas (2010) na expanso florestal existem obstculos de natureza tcnica como encontrar o material gentico adequado para o cultivo em novas fronteiras florestais, tais como os Estados do Maranho, Piau e Tocantins, e em outras regies mais ao Centro-Oeste e Norte do Pas. Referimo-nos a novas fronteiras florestais para diferenci-las das reas produtoras tradicionais regies Sul, Sudeste e parte da Bahia que se encontram, de certa maneira, esgotadas, absorvendo apenas crescimentos marginais de novos reflorestamentos. As fronteiras dispem de poucas pesquisas florestais e esto em climas normalmente mais secos, requerendo passar os grandes projetos florestais pelo crivo do tempo.Obstculos de ordem econmica devido, principalmente, da subida acelerada dos preos de terras nas regies tradicionais, fenmeno esse que esperado tambm nas novas fronteiras, to logo avancem os grandes programas florestais previstos para essas reas. Se os preos de terra sero compatveis com os retornos financeiros, isso ser objeto de anlise caso a caso, dos atuais e futuros investimentos. http://www.revistaopinioes.com.br/cp/materia.php?id=697Note-se que o valor da terra importantssimo na avaliao de um empreendimento florestal. De acordo com Villela Filho (2010) o Brasil detm mais de 150Mha de rea ocupada por pecuria de baixo desfrute.Segundo Capobianco (2010) h disponibilidade de terras ociosas, principalmente pastagens de baixa produtividade, suficiente para atender demanda de expanso de florestas cultivadas, sem comprometer a produo de alimentos ou o crescimento esperado da produo de culturas como a cana-de-acar e a soja. De acordo com o autor essas reas disponveis, no entanto, nem sempre esto nos locais considerados timos do ponto de vista de logstica e de sinergia com outros empreendimentos florestais. Nesse sentido, um dos maiores desafios a ser enfrentado pelo setor o planejamento territorial de sua expanso, na forma de um zoneamento agroecolgico. http://www.revistaopinioes.com.br/cp/materia.php?id=693 Para Ham (2010) incentivar a produo florestal em reas privadas que no sejam das empresas, com especial ateno para a pequena e a mdia propriedade, pode levar garantia da sustentabilidade econmica e ambiental, alm de incrementar o desempenho do setor na rea da responsabilidade social. No componente econmico, esse modelo permite reduzir o capital imobilizado das empresas em terras, melhorando a competitividade das organizaes em tempos de cmbio desfavorvel e possveis crises econmicas regionais nas prximas dcadas. Possibilita, ainda, o acesso s linhas de financiamento exclusivas para o produtor familiar, como Pronaf e Propflora, diminuindo a dependncia do capital prprio para a implantao de novas florestas. Ambientalmente, o fomento florestal s faz sentido se incentivar a recuperao de reas de Preservao Permanente e Reserva Legal o mnimo que os requisitos de sustentabilidade exigem. Afinal, oferece ferramentas de gesto, como planejamento da propriedade, economia rural bsica e microzoneamento, alm de insumos e tcnicas mais eficientes de recomposio da vegetao nativa.Segundo Freitas (2010), os investimentos da implantao at o ponto da colheita custam pelo menos 5kR$/ha, dessa forma, a disponibilidade ampla de linhas de crdito com juros e prazos de pagamentos compatveis com uma atividade de longo prazo torna-se objetivo a ser alcanado. intil ficar propagando o apocalipse do apago florestal, vamos aos nmeros da oferta/demanda, j diz o povo: Quem provou da fruta, no fica sem.Considere no Estado de SP 51% da rea so pastagens ociosas para os empreendimentos florestais.

Kishinami (2010) em seu artigo explica que a definio de metas para a mitigao das mudanas climticas globais, pela substituio do carvo vegetal com origem no desmatamento por aquele produzido a partir de madeira de reflorestamento, representa uma demanda reprimida da ordem de 2 milhes de hectares de novas florestas plantadas at 2020.O autor tambm enfatiza estimativas de diferentes fontes onde 20Mha de floresta nativa derrubada, queimada e abandonada podem ser recuperados atravs de implantao de florestas para a produo de carvo vegetal, combinados restaurao de matas nativas nas reas de Preservao Permanente e de Reserva Legal. Ressalta ainda a necessidade de investimento tecnolgico do carvo vegetal para aumentar a atual eficincia da ordem de 20% a 30% nos fornos cilndricos conhecidos como mineirinhos tais como equipamentos pirolisadores de maior eficincia e a implantao de plos de produo onde a produo dedicada de biomassa seria transportada, com o fim de aproveitar a energia com os volteis gasosos e lquidos (alcatro), hoje desperdiados nos equipamentos de menor porte. Uma grande vantagem que, para transformar essas substncias gasosas e lquidas em eletricidade, so necessrios equipamentos j disponveis comercialmente no mercado nacional, equivalente a 13GW, energia suficiente para competir em tamanho com as grandes hidroeltricas em implantao na Amaznia. O consumo industrial de carvo vegetal foi de 8,2Mt em 2008 no setor siderrgico e de ferro ligas. Adotando-se esse volume como referncia, teria sido necessrias aumentar a rea cultivada com eucalipto em 1,5Mha para que esse consumo pudesse ser considerado sustentvel.

MacroeconomiaO PIB (Produto Interno Bruto) um dos principais indicadores de uma economia. Ele revela o valor de todos os bens e servios produzidos no pas num certo perodo.O clculo do PIB, no entanto, no to simples. Imagine para o IBGE calcular a riqueza gerada por um arteso. Ele cobra, por uma escultura, de madeira, R$ 30. No entanto, no esta a contribuio dele para o PIB. Para fazer a escultura, ele usou madeira e tinta. No o arteso, no entanto, que produz esses produtos ele teve que adquiri-los da indstria. O preo de R$ 30 traz embutido os custos para adquirir as matrias-primas para seu trabalho.Assim, se a madeira e a tinta custaram R$ 20, a contribuio do arteso para o PIB foi de R$ 10, no de R$ 30. Os R$ 10 foram riqueza gerada por ele ao transformar um pedao de madeira e um pouco de tinta em uma escultura.O IBGE precisa fazer esses clculos para toda a cadeia produtiva brasileira. Ou seja, ele precisa excluir da produo total de cada setor as matrias-primas que ele adquiriu de outros setores.Depois de fazer esses clculos, o instituto soma a riqueza gerada por cada setor, chegando contribuio de cada um para a gerao de riqueza e, portanto, para o crescimento econmico.Se por acaso a riqueza gerada menor que a registrada anteriormente, fala-se em contrao da economia. Dois trimestres seguidos de retrao indicam a chamada recesso tcnica.Participao dos MunicpiosOs seis municpios com as maiores participaes no PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro, todos capitais, representam cerca 25% da produo de bens e servios do pas, segundo dados do PIB dos Municpios do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica), com dados de 2008.Na lista, esto: 11,8%So Paulo (SP), 5,1%Rio de Janeiro (RJ), 3,9%Braslia (DF), 1,4%Curitiba (PR), 1,4%Belo Horizonte (MG), e 1,3%Manaus (AM). Esse grupo abrigava uma fatia menor da populao (13,5%), o que revela a concentrao do PIB do pas.Apenas a capital do Amazonas, cuja economia cresce na esteira da indstria da zona franca, passou a integrar a lista dos maiores PIB a partir de 2004.Na outra ponta, os 1.313 municpios com os menores PIB (3,4% da populao) respondiam por apenas 1% do PIB nacional.Entre as capitais, Palmas (TO) tinha o menor PIB de 2008. Florianpolis (SC), por sua vez, era a nica que no ocupava a primeira posio em seu Estado ficou atrs de Joinville e de Itaja. Juntas, as 27 capitais geraram mais de um tero (33,9%) do PIB brasileiro.Outro dado revela a concentrao da economia brasileira: as capitais do Norte foram responsveis por 2,4% do PIB de 2008; enquanto s do Sudeste corresponderam por 19% da gerao de riqueza do pas.

PIB PER CAPITASede da segunda maior refinaria da Petrobras, a pequena So Francisco do Conde (BA) tinha o maior PIB per capita do pas: R$ 288.371. A mdia nacional era de R$ 15.989. Outras duas cidades ligadas indstria do petrleo Triunfo (RS) e Quissam (RJ) integravam a lista das cinco maiores rendas per capitas brasileiras.Entre as capitais, Vitria (ES) possua o mais alto PIB per capita: R$ 71.407. Em seguida, vinham Braslia (R$ 45.978), So Paulo (R$ 32.494), Porto Alegre (R$ 25.712) e Rio de Janeiro (R$ 25.122).Apesar de perder participao em anos anteriores, So Paulo se mantinha, em 2008, como principal plo industrial do pas com peso de 8,7%, abaixo dos 9,9% de 2004. Campos dos Goytacazes (norte fluminense), graas explorao de petrleo na bacia de Campos, ficou com o segundo lugar no ranking do PIB industrial (3,4% de participao), posio alcanada desde 2005.J na agropecuria, Sorriso (MT), produtor de soja, tem o maior PIB da atividade dado o valor adicionado bruto da agropecuria. J nos servios, apenas duas capitais (So Paulo e Rio de Janeiro) correspondiam a 25% da produo do setor.Considerando-se que a soja ocupa 20Mha/ano e exporta 10bilhes por cada ciclo de cultivo temos a exportao de 500R$/ha. Os povoamentos florestais com 500kha/ano e exportou 7bilhes, temos 14000R$/ha, ou seja o complexo soja utiliza uma rea 20 vezes maior para apenas 30% mais em exportao.