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Economia das Mudanças Climáticas Eduardo A. Haddad Professor Titular Departamento de Economia da FEA-USP

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Page 1: Economia das Mudanças Climáticas - fapesp.br · • As tarifas compensatórias de carbono dos países desenvolvidos pouco afetam a economia brasileira em termos agregados em comparação

Economia das Mudanças Climáticas

Eduardo A. Haddad

Professor Titular Departamento de Economia da FEA-USP

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Sub-Rede Economia das MC

Instituição Coordenadora: FEA-USP

Instituições participantes: FEA/USP, UFMG, UFJF, UFV, FEARP/USP, ESALQ/USP, IPEA, UFBA, UFPR, UEM, FGV/SP

Coordenador: Prof. Eduardo A. Haddad ([email protected])

Vice-Coordenador: Prof. Edson P. Domingues ([email protected])

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Objetivo

• O objetivo principal da sub-rede de Economia das Mudanças Climáticas é desenvolver uma metodologia integrada para sistematização da avaliação econômica dos impactos das mudanças climáticas no Brasil.

• A questão fundamental a ser tratada é o grau de influência do aquecimento global na agenda de desenvolvimento socioeconômico do Brasil.

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Eixos temáticos

1. Modelagem

i. “Downscaling”

ii. Análise de impacto

iii. Construção de cenários

2. Integração metodológica

i. Uso da terra e Economia

ii. Energia e Economia

iii. Transporte e Economia

iv. Saúde e Economia

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“Downscaling”: O caso de Minas Gerais (1.i)

Se os custos de MCG até 2050 fossem antecipados para hoje, a uma taxa de desconto intertemporal de 1,0% a.a., o custo em termos de PIB para Minas Gerais seria de aproximadamente entre R$ 155 bilhões (cenário A2-BR) a R$ 446 bilhões (cenário B2-BR), o que representaria de 55% a 158% do PIB estadual de 2008.

Quais regiões seriam (potencialmente) mais afetadas?

O principal resultado projetado é a ameaça maior das mudanças climáticas às regiões mais pobres do Estado. Sob a ótica espacial, pode-se concluir que as MCG são concentradoras e intensificam as desigualdades regionais em Minas Gerais. Os custos em termos de PIB regional são maiores, em termos proporcionais, nas regiões mais pobres e se intensificam com o tempo.

FIPE/FEAM - Fundação Estadual do Meio Ambiente, 2011: Avaliação de Impactos de Mudanças Climáticas sobre a Economia Mineira, Belo Horizonte.

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Custos (benefícios) regionais de MCG

2008 2035 2050

SMCG – sem MCG

CMCG – com GCC

Custo no tempo(VP das diferenças – fluxos marginais)

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Custos (benefícios) regionais de MCG

Taxa de desconto: 1%

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VP dos fluxos marginais de PIB associados a MCG(em % do PIB regional de 2008)

Cenário A2-BR

Cenário B2-BR

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Vulnerabilidade a Mudanças Climáticas (2)*

* Quociente Locacional dos Impactos: Relação entre a Participação Regional nosImpactos Totais de MCG no Estado e a Participação Regional no PIB Estadual

Cenário A2-BR

Cenário B2-BR

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Participação regional no PIB Estadual e Vulnerabilidade a MCG – Cenários A2-BR e B2-BR

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Análise de impacto: Eventos extremos (1.ii)

Qual o custo econômico dos alagamentos em São Paulo?

Haddad, E. A. and Teixeira, E. (2013). “Economic Impacts of Natural Disasters in Megacities: The Case of Floods in São Paulo, Brazil”, forthcoming in Habitat International

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Example of GIS-based influence area of flood points, for different scenarios (50m, 100m, 150m, 200m)

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Direct and total GRP/GDP impact (in BRL million)

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“Reaching the planners”: Hotspots 2012

Teixeira, Eliane (2013)

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Perda potencial de PIB nas subprefeituras de São Paulo, 2012

Teixeira, Eliane (2013)

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Análise de impacto: Anomalias climáticas (1.ii)

Impactos sistêmicos de anomalias climáticas no Brasil

Qual o custo econômico de anomalias climáticas, como as observadas em 2005?

Que setores e regiões são mais afetados e em que magnitude?

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Total Costs of Climate Anomalies (BRL millions 2011)

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Impacts on Sectoral Value Added

-8.0

-6.0

-4.0

-2.0

0.0

2.0

1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49 51 53 55

Pe

rce

nta

ge c

han

ge

Sectors

Agriculture

Tobacco products

Chemicals

TextilesFoodproducts

Agrochemicals

Ethanol

Other chemicals

Services

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Cenários: Políticas de mitigação de GEE (1.iii)

1. Aperfeiçoamento de modelo EGC desenvolvido no Cedeplar e capacitação do Ministério da Fazenda na simulação de políticas de mitigação

2. Base de dados e cenário de referência

i. Revisão do GWP e emissões da base de dados

ii. Incorporação das informações do II Inventário Nacional.

iii. Cenário de Referencia 2010-2030: emissões e crescimento

3. Políticas simuladas

i. Imposto de carbono

ii. Cap-and-trade

Análise desenvolvida em 2013 pelo Cedeplar-UFMG para o Ministério da Fazenda com apoio do Banco Mundial; Edson P. Domingues (coordenador)

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Cenário de Referência para a Economia Brasileira

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Simulação de políticas: taxação de carbono

• Setores: todas as atividades industriais e alguns combustíveis (diesel, gasolina, carvão, óleo combustível e gás natural).

• Taxação:

– Período I (2015-20): R$20/ton CO2e

– Período II (2021-30): R$50/ton CO2e

• Hipóteses de “reciclagem” da receita do imposto:

– Transferência de renda para as famílias

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Impactos macroeconômicos de um imposto de carbono de R$20,00 no

período 2015-2020 e R$50,00 no período 2021-2030

VariávelDesvio % acumulado em relação

ao cenário de referência

PIB -0.01

Investimento -0.07

Consumo das Famílias 0.16

Exportações -0.35

Importações 0.37

Deflator do PIB 0.43

IPC 0.45

Índice de preços das exportações 0.36

Variação Total das Emissões -0.17

Agropecuária 0.09

Uso de Energia -0.38

Geração e Distribuição -0.25

Setores industriais -0.62

Setor de Transporte 0.07

Outros Setores -0.47

Processos Industriais -0.37

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Impacto sobre as emissões por combustível de um imposto de carbono

de R$20,00 no período 2015-2020 e R$50,00 no período 2021-2030

CombustívelDesvio % acumulado em relação

ao cenário de referência

Carvão Metalúrgico -0.08

Carvão Vegetal -0.31

Carvão Mineral -0.31

Gás Liquefeito de Petróleo 0.18

Gasolina -0.41

Óleo Combustível -0.93

Óleo Diesel -0.40

Querosene 0.53

Coque 0.13

Outros do Refino de Petróleo 0.06

Álcool 0.84

Gás Natural -1.99

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Cenários: políticas climáticas mundiais (1.iii)

1. Avaliar como a adoção de novas tecnologias de baixo carbono e a introdução de restrições a emissões de GEEs podem alterar a estrutura de preços relativos e a competitividade dos produtos e setores brasileiros, o PIB e o bem-estar nacional

2. Adaptação e desenvolvimento de um modelo econômico de equilíbrio geral para o estudo de mercados de carbono e impostos às emissões (modelo EPPA)

3. Impactos de cenários de políticas climáticas mundiais sobre a economia brasileira*

* Exemplo de exercício de simulação com modelos econômicos globais ; linha de pesquisa coordenada pelo Prof. Angelo Gurgel (FGV/SP)

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Emissões Brasileiras

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

2005 2010 2015 2020 2025 2030 2035 2040 2045 2050

Milh

õe

sd

e To

n, C

O2

-Eq

,

Ano

BAU

Policy

Policy_BCA

Mudanças no PIB do Brasil(% em relação ao cenário de referência)

Obs.: Taxa anual de crescimento do PIB (2010 a 2050): BAU: 3,29% a.a.; Policy: 3,18% a.a.

-5

-4

-3

-2

-1

0

1

2010 2015 2020 2025 2030 2035 2040 2045 2050

%

Ano

BRA

Policy

Policy_BCA

Policy_BCA_noBRA

Policy_Global

BAU: cenário de referência (sem políticas climáticas)Policy: cortes em emissões de gases de efeito estufa em diversos países (Brasil: PNMC)Policy_BCA: países desenvolvidos impõem barreiras comerciais a países sem políticas climáticasPolicy_BCA_noBra: Brasil não adota política climática e sobre barreiras comerciaisPolicy_Global: Mercado de carbono mundial

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Resultados

• A política climática brasileira produz poucos impactos na economia brasileira no ano de 2020 (queda de 0,3% no PIB); contudo, a intensificação da política gera perdas crescentes, que chegam a 4% do PIB em 2050.

• Custos devem-se em parte à aplicação da política com metas setoriais diferenciadas de redução em emissões, o que impede que setores com menores custos de mitigação respondam por maiores cortes em emissões (menor custo-efetividade da política setorial).

• Esses resultados não consideram os benefícios associados ao controle das emissões, de redução nos danos e prejuízos que seriam causados pelas mudanças climáticas.

• As tarifas compensatórias de carbono dos países desenvolvidos pouco afetam a economia brasileira em termos agregados em comparação com a adoção de políticas climáticas pelo país.

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Integração metodológica (2)

i. Uso da terra e Economia

“Modelagem e Avaliação de Fenômenos Relacionados ao Uso da Terra no Brasil”

Autor: Weslem Rodrigues Faria (IPE-USP), 2012

Prêmio Edson Potsch Magalhães 2012 – Melhor Tese de Doutorado em Economia Rural (SOBER)

ii. Energia e Economia

Política Energética e Desigualdades Regionais na Economia Brasileira

Autor: Gervásio Ferreira dos Santos (IPE-USP), 2010

Prêmio Capes de Tese 2011 na área de Economia (Menção honrosa)

Prêmio BNDES de Economia 2010

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Transporte e Economia: “Rebound effect” (2.iii)

Plano Nacional de Logística e Transportes (PNLT)

– Emissões de CO2-eq associadas a um portfólio específico de projetos e a alterações futuras na matriz de transporte

Impacto dos projetos sobre a emissão de GEE (acumulado 2011-2030)

Projeto

Emissões de

Transportes

Demais

Emissões

Emissões

Totais % do total

emissões

% sobre as

emissões de

2005 (Gg Co2-e) (Gg Co2-e) (Gg Co2-e)

A01 350,7 8.741,0 9.091,7 24,3 0,7301

A02 0,1 2,7 2,8 0,0 0,0002

A03 215,5 -340,1 -124,7 -0,3 -0,0100

A04 248,8 248,8 497,6 1,3 0,0400

A05 7,4 517,1 524,5 1,4 0,0421

A06 276,4 281,2 557,6 1,5 0,0448

A07 316,5 451,6 768,1 2,1 0,0617

A08 82,3 137,4 219,8 0,6 0,0176

A09 802,3 5.230,6 6.032,9 16,1 0,4844

A10 39,0 69,1 108,1 0,3 0,0087

A12 355,6 466,7 822,3 2,2 0,0660

A14 -1.847,4 7.145,5 5.298,2 14,2 0,4254

A15 -499,1 1.668,1 1.169,0 3,1 0,0939

A16 64,0 373,4 437,4 1,2 0,0351

A17 -61,2 160,6 99,4 0,3 0,0080

A18 112,5 373,8 486,3 1,3 0,0391

A19 1,6 3,6 5,2 0,0 0,0004

A20 66,5 -0,5 66,0 0,2 0,0053

A22 59,2 122,4 181,7 0,5 0,0146

ARD -4.938,5 16.094,7 11.156,2 29,8 0,8959

TOTAL -4.347,8 41.747,9 37.400,1 100,0 3,00

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Considerações finais

Vertente quantitativa

– Utilização de modelos de grande escala para geração de informações objetivas relativas à mensuração do efeitos econômicos de MCG e de estratégias de adaptação e mitigação

– Mensuração dos custos (benefícios) econômicos associados

– Identificação dos potenciais “ganhadores” e “perdedores”

– Subsídios para a formulação de políticas públicas

Vertente qualitativa

– Uma vez reconhecidos os impactos, quais as estratégias de atuação para o Brasil (negociações internacionais, atuação empresarial, poder público, etc.)

– Desenho de políticas públicas

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