ecologia alimentar da estrela-do-mar astropecten marginatus gray, 1840 (asteroidea: paxillosida) no...

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PABLO DAMIAN BORGES GUILHERME ECOLOGIA ALIMENTAR DA ESTRELA-DO-MAR ASTROPECTEN MARGINATUS GRAY, 1840 (ASTEROIDEA: PAXILLOSIDA) NO SETOR CENTRO-SUL DO LITORAL PARANAENSE - BR. Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado como requisito para a conclusão do curso de Ciências Biológicas, da Faculdade Estadual de Filosofia, Ciências e Letras de Paranaguá. Prof a . Orientadora: Dr a Yara Ap. Garcia Tavares. PARANAGUÁ 2010

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O asteróide Astropecten marginatus pertencente à Ordem Paxillosida, é um organismo epibentônico ou cavador de ambientes costeiros onde desenvolve intenso hábito forrageador. O objetivo desse estudo foi descrever a dieta alimentar deste equinodermo em fundos inconsolidados rasos no litoral do Estado do Paraná. Um total de 994 indivíduos foram obtidos sazonalmente junto à arrastos comerciais da frota camaroeira artesanal no ano de 2008.

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Page 1: ECOLOGIA ALIMENTAR DA ESTRELA-DO-MAR ASTROPECTEN MARGINATUS GRAY, 1840 (ASTEROIDEA: PAXILLOSIDA) NO SETOR CENTRO-SUL DO LITORAL PARANAENSE - BR

PABLO DAMIAN BORGES GUILHERME

ECOLOGIA ALIMENTAR DA ESTRELA-DO-MAR ASTROPECTEN MARGINATUS

GRAY, 1840 (ASTEROIDEA: PAXILLOSIDA) NO SETOR CENTRO-SUL DO

LITORAL PARANAENSE - BR.

Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado como requisito para a conclusão do curso de Ciências Biológicas, da Faculdade Estadual de Filosofia, Ciências e Letras de Paranaguá. Prof

a. Orientadora: Dr

a Yara Ap. Garcia Tavares.

PARANAGUÁ 2010

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FACULDADE ESTADUAL DE FILOSOFIA, CIÊNCIAS E LETRAS DE PARANAGUÁ

ECOLOGIA ALIMENTAR DA ESTRELA-DO-MAR ASTROPECTEN MARGINATUS

GRAY, 1840 (ASTEROIDEA: PAXILLOSIDA) NO SETOR CENTRO-SUL DO

LITORAL PARANAENSE - BR.

Pablo Damian Borges Guilherme

PARANAGUÁ 2010

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PABLO DAMIAN BORGES GUILHERME

ECOLOGIA ALIMENTAR DA ESTRELA-DO-MAR ASTROPECTEN MARGINATUS

(ASTEROIDEA: PAXILLOSIDA) GRAY, 1840 NO LITORAL PARANAENSE - BR.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado para conclusão do curso de Ciências Biológicas na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Paranaguá.

Paranaguá, 27 de janeiro de 2010.

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Ao Mar As Estrelas A Lua

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AGRADECIMENTOS

A professora, orientadora e amiga Dra. Yara Aparecida Garcia Tavares agradeço

todas as oportunidades, os conhecimentos compartilhados, a formação do curso e do

LABMAR, conselhos e incentivos tanto nas horas difíceis como nas horas de alegria. E

desejo que nossos trabalhos continuem sempre de vento em popa.

Ao professor, orientador e amigo Dr. Leonardo Cruz da Rosa, todas as

conversas, desabafos, orientações, festas e principalmente a grande amizade

cultivada. Saudades.

Agradeço aos professores que aceitaram ao convite para a participação da

banca: Dr. Carlos Alberto Borzone, por sempre abrir as portas do seu laboratório, pelas

dicas nas estatísticas e pelo empréstimo das varias referencias. MSc. Claudio Dybas

da Natividade, pelos inúmeros convites de coleta e pelo empréstimo de organismos

que acarretaram em outros estudos.

Agradeço a ajuda, compreensão e colaboração da minha família, composta por

todos aqueles que eu amo. Maristela, Luana, Denise, Joana, Enilda, Welltson,

Guilhermina, Salete, Nylton, Adolfo, Micheli, Valdeir, Gabriel, Paulo, Nair, Mateus,

Clarissa, Tais, Eduardo... e todos os filhos e netos que talvez eu tenha esquecido.

Agradeço em especial a minha família composta de amigos, que também amo

demasiadamente. A Fernanda, por sempre me entender, incomodar e brigar comigo

(por pelos menos 24 horas e não mais que isso). Ao Guilherme por sempre comprar

coisas legais no meu nome, montar todo o tipo de tecnologia manufaturada e ser um

grande amigo. Ao Rafael, pela luta, pelo companheirismo, pela religião, pelo idealismo

e principalmente pelas discussões. E claro, para as minhas companheiras de guerra,

Maristela e Luana, meus amores, minhas musas, minhas guias e minha vida.

Agradeço aos companheiros de LABMAR, Emily, Paola, Jennifer, Marcelo,

Patrícia e todos os mais novos estagiários que serão futuros pesquisadores.

Agradeço a todos que tentaram mudar o grande elefante branco de pintinhas

azul escuro.

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Nenhum problema é insolúvel em todas as circunstâncias concebíveis. Isaac Asimov - A Última Pergunta (1956)

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 1

2. OBJETIVOS .......................................................................................................... 5

3. METODOLOGIA ................................................................................................... 6

3.1 ÁREA DE ESTUDO ................................................................................................. 6

3.2 PROCEDIMENTOS DE CAMPO ............................................................................. 8

3.3 PROCEDIMENTOS LABORATORIAIS .................................................................... 9

3.4 ANÁLISE E TRATAMENTO DE DADOS ................................................................. 9

4. RESULTADOS ................................................................................................... 11

4.1 ANÁLISES BIOMÉTRICAS .................................................................................... 11

4.1.1 RELAÇÃO PESO X COMPRIMENTO DO RAIO ............................................ 11

4.1.2 DISTRIBUIÇÃO DE FREQÜÊNCIA DE TAMANHO ........................................ 12

4.2 ANÁLISE DA DIETA ALIMENTAR ......................................................................... 13

4.2.1 COMPOSIÇÃO TAXONÔMICA ...................................................................... 13

4.2.2 AVALIAÇÃO POR CLASSE DE TAMANHO DE A. MARGINATUS ................ 14

4.2.3 AVALIAÇÃO POR CLASSE DE TAMANHO E ESTAÇÃO DO ANO ............... 17

5. DISCUSSÃO ....................................................................................................... 20

6. CONCLUSÕES ................................................................................................... 28

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................... 29

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO (SETOR CENTRO SUL DO

LITORAL PARANAENSE) MOSTRANDO A DESEMBOCADURA DA BAIA DE

PARANAGUÁ E OS PONTOS DE COLETAS (EM DESTAQUE) ......................... 7

FIGURA 2 - SUPERFÍCIE ABORAL DE UM EXEMPLAR ADULTO DE

ASTROPECTEN MARGINATUS GRAY, 1840 COLETADO NO LITORAL

PARANAENSE. ..................................................................................................... 8

FIGURA 3 - GRÁFICO DA RELAÇÃO ENTRE O PESO TOTAL (G) E O

COMPRIMENTO DO RAIO (MM) PARA OS INDIVÍDUOS DE ASTROPECTEN

MARGINATUS CAPTURADOS NO LITORAL DO PARANÁ EM 2008. .............. 11

FIGURA 4 - GRÁFICO DE HISTOGRAMA DE FREQÜÊNCIA DE TAMANHO

(COMPRIMENTO DO RAIO EM MM) DOS INDIVÍDUOS DE A. MARGINATUS

COLETADOS NO LITORAL DO PARANÁ EM 2008 ........................................... 12

FIGURA 5 - GRÁFICO DE FREQÜÊNCIA RELATIVA (%) DOS ITENS

ALIMENTARES ENCONTRADOS NOS ESTÔMAGOS DE A. MARGINATUS

CAPTURADOS. .................................................................................................. 14

FIGURA 6 - VARIAÇÃO DA ABUNDÂNCIA E AS CLASSES DE TAMANHO (MM)

DE A. MARGINATUS COLETADOS NO LITORAL PARANAENSE. .................. 15

FIGURA 7 - VARIAÇÃO DO NÚMERO DE PRESAS INGERIDAS NAS CLASSES

DE TAMANHO (MM) DE A. MARGINATUS COLETADOS NO LITORAL

PARANAENSE. ................................................................................................... 16

FIGURA 8 - VARIAÇÃO SAZONAL DO NÚMERO DE PRESAS INGERIDAS POR

ESTOMAGO DE A. MARGINATUS COLETADOS NO LITORAL PARANAENSE.

............................................................................................................................ 17

FIGURA 9 - VARIAÇÃO SAZONAL DO NÚMERO DE PRESAS INGERIDAS POR

ESTOMAGO DE A. MARGINATUS COLETADOS NO LITORAL PARANAENSE.

............................................................................................................................ 18

FIGURA 10 - VARIAÇÃO SAZONAL DO PESO DO CECO PILÓRICO DE A.

MARGINATUS COLETADOS NO LITORAL PARANAENSE. ............................. 19

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - RESULTADOS DO TESTE DE ANOVA ENTRE CLASSE DE

TAMANHO E NÚMERO DE PRESAS ................................................................. 16

TABELA 2 - RESULTADOS DO TESTE DE ANOVA ENTRE ESTAÇÃO DO ANO E

NÚMERO DE PRESAS ....................................................................................... 18

TABELA 3 - RESULTADOS DO TESTE DE ANOVA ENTRE ESTAÇÃO DO ANO E

PESO DO TRATO ............................................................................................... 19

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LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 - RESULTADO DO TESTE A POSTERIORI LEAST SQUARE

DISTANCE. NÚMERO DE PRESAS X CLASSE DE TAMANHO ........................ 16

QUADRO 2 - RESULTADO DO TESTE A POSTERIORI LEAST SQUARE

DISTANCE. ESTAÇÃO DO ANO X NÚMERO DE PRESAS .............................. 19

QUADRO 3 - AMPLITUDE DE VARIAÇÃO DO COMPRIMENTO DO BRAÇO (RAIO)

DE ASTROPECTEN MARGINATUS DESCRITA EM DIFERENTES ESTUDOS

FEITOS NO BRASIL. .......................................................................................... 20

QUADRO 4 - PREFERÊNCIA ALIMENTAR DE ASTROPECTEN DESCRITA EM

DIFERENTES ESTUDOS. .................................................................................. 22

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RESUMO

O asteróide Astropecten marginatus pertencente à Ordem Paxillosida, é um organismo epibentônico ou cavador de ambientes costeiros onde desenvolve intenso hábito forrageador. O objetivo desse estudo foi descrever a dieta alimentar deste equinodermo em fundos inconsolidados rasos no litoral do Estado do Paraná. Um total de 994 indivíduos foram obtidos sazonalmente junto à arrastos comerciais da frota camaroeira artesanal no ano de 2008. Os indivíduos foram mensurados quanto ao comprimento do braço (raio, R) e peso total úmido (P) e dissecados para a retirada do conteúdo alimentar que foi quantificado e identificado. Os dados foram tabulados, plotados em histogramas de freqüência e, quando necessário, testados estatisticamente (ANOVA unifatorial). O R e o P dos exemplares de A. marginatus capturados variaram respectivamente entre 7,00 e 56,25 mm e de 0,12 a 15,33 g . Foi verificada a existência de um modelo potencial para a relação biométrica descrita

pela fórmula: . Os intervalos de freqüência com maior abundancia foram de 15 a 20 mm (N=233), 20 a 25 mm (N= 315) e 25 a 30 mm (N=230). Na dieta alimentar de A. marginatus foi quantificado um total de 1869 presas ressaltando-se os taxa Crustacea Cumacea (57,8%), “Outros” (13,2%), Bivalvia (13%) e Gastropoda (12,5%). Foi registrada a maior ingestão de itens alimentares para o R entre 40-45 mm (N=460) e a menor para 10-15 mm (N=31). Os Crustáceos Cumacea foram o taxa mais ingerido (N= 857 indivíduos) predominando a partir dos tamanhos de 20-25 mm (N=81) até 40-45 mm (N=232). O grupo também apresentou as maiores abundâncias no inverno (N=108) e na primavera (N=112) sendo encontradas diferenças significativas entre as estações do ano. Os indivíduos de tamanhos intermediários desse asteróide. Pode-se considerar que a espécie apresenta um hábito carnívoro, com especificidade restrita quando jovem e generalista-oportunista quando adulta provavelmente como resposta às variações sazonais das presas.

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1. INTRODUÇÃO

O ambiente marinho é habitado por inúmeras formas animais, sendo uma

das mais comuns aquelas pertencentes ao filo Echinodermata (Grego: echinos,

espinhoso, derma, pele). O grupo é constituído por cerca de 7.000 espécies

distribuídas em seis classes: Crinoidea (lírios-do-mar), Asteroidea (estrelas-do-mar),

Ophiuroidea (ofíuros ou serpentes-do-mar), Echinoidea (ouriços-do-mar e bolachas-

do-mar), Holothuroidea (pepinos-do-mar) e Concentricloidea (HICKMAN et al., 2004;

BRUSCA e BRUSCA, 2007).

Os equinodermos são animais bentônicos encontrados praticamente em

todas as latitudes, desde a região do “entre marés” até grandes profundidades,

habitando tanto substratos consolidados quanto inconsolidados ou ainda vivendo

sobre outros organismos (STORER et al., 2005).

Embora a grande maioria das espécies de equinodermos seja marinha,

algumas toleram a água salobra, sendo assim considerados como estenohalinos

(SISAK e SANDER,1985) e osmoconformados (ROLLER e STICKLE,1993).

Esses animais possuem um corpo com epiderme delicada sobre um

endoesqueleto calcário composto por placas calcárias ou ossículos com padrão

definido que frequentemente emitem espinhos salientes (HENDLER, 1995). Além

dessa característica marcante, possuem um sistema nervoso difuso, descentralizado

constituído de uma rede nervosa, anel nervoso e nervos radiais e a ausência de um

sistema excretor (STORER et al., 2005).

Os representantes da classe Asteroidea, vulgarmente conhecidos como

“estrelas-do-mar”, são membros conspícuos da zona litorânea estendendo-se das

costas boreais às tropicais onde a salinidade é alta o suficiente para garantir a sua

presença. Possuem corpo radial com cinco ou mais extremidades conhecidas como

“braços” fundidas numa região central (disco central), sendo ligeiramente achatados

e flexíveis, cobertos por um endoesqueleto calcário onde se insere uma epiderme

ciliada e pigmentada (BOOLOOTIAN, 1966; RIBEIRO-COSTA e ROCHA, 2006).

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As estrelas-do-mar são reconhecidas por seu amplo espectro e diversidade

de estratégias alimentares (RUPPERT, 2005). A maioria dos autores as considera

organismos predadores oportunistas (HADORN e WEHNER, 1978; VENTURA,

1997; RIBEIRO-COSTA e ROCHA, 2006), podendo também ser comedores de

carniça ou detritívoros e em alguns casos até mesmo canibais (BARNES, 1990;

HENDLER et al., 1995; MOORE, 2003; BRUSCA e BRUSCA, 2007).

Algumas famílias das Ordens Paltysaterida (Luidiidae) e Paxillosida

(Astropectinidae, Goniopectinidae e Porcellasteridae) são formadas por espécimes

que se distinguem dos demais grupos por apresentarem pés ambulacrais sem

ventosas e um trato digestivo incompleto, o qual às vezes é chamado de primitivo

(JANGOUX, 1982; BLAKE, 1988; CALVA, 2002). Seus representantes são

considerados animais epibentônicos de regiões rasas podendo localizar a presa

enterrada e, então cavar o substrato para alcançá-la (KENK, 1944; RUPPERT, 2005;

BRUSCA e BRUSCA, 2007).

A ausência de intestino e ânus permite a digestão intraoral que é

considerada uma adaptação à vida em substrato não-consolidado (areia e lama)

(BLAKE, 1988). As espécies pertencentes às famílias supracitadas, não podem

everter seus estômagos como fazem os demais asteróideos, por esse motivo

ingerem seus alimentos (presas) inteiros e digerem-nos internamente (BITTER e

PENCHASZADEH, 1983; SOTO, 1984 e 1999).

A abertura da boca, o estômago e a parede do corpo são altamente

adaptáveis, permitindo a ingestão de itens alimentares de grande porte assim como

a expulsão de restos alimentares (conchas, opérculos, etc.) (CHRISTENSEN, 1970;

JANGOUX, 1982; VENTURA, 1997).

Para Astropecten é descrito o hábito forrageador onde os predadores se

deslocam sobre a superfície do sedimento ou escavam o substrato em busca de

suas presas (FREEMAN et al., 2001; RUPPERT, 2005). CHRISTENSEN (1970)

afirma que o gênero é considerado carnívoro de substratos inconsolidados,

promovendo efeitos significativos nas densidades de suas presas infaunais e assim

considerado o grupo mais especializado troficamente entre os asteróides

(JANGOUX, 1982).

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A espécie Astropecten marginatus é encontrada em todo o litoral brasileiro,

habitando substratos arenosos entre 1 e 130 metros de profundidade (TOMMASI,

1970; JANGOUX, 1982; CLARK e DOWNEY, 1992; MONTEIRO e PARDO, 1994;

RIBEIRO-COSTA e ROCHA, 2006). Devido a sua freqüência e abundância, a

espécie é considerada um importante item da fauna acompanhante da pesca do

camarão sete-barbas Xiphopenaeus kroyeri HELLER, 1862 (KOTAS, 1998;

BRANCO, 1999; MOURA, 1999; WENTZEL et al., 2005; BRANCO E VERANI, 2006;

BRAZ et al., 2006; TAVARES et al., 2007) por isso a mesma encontra-se ameaçada

de extinção na costa de muitos estados brasileiros (MMA, 2004).

A distribuição espacial de A. marginatus no litoral paranaense foi avaliada

por diversos autores que descreveram a existência de aglomeração de indivíduos

sobre o infralitoral raso em trechos da costa constituídos por areias finas a muito

finas (MOURA, 1999; TAVARES et al., 2007; SILVÉRIO et al., 2008), o mesmo

sendo registrado para a costa paulista por MONTEIRO e PARDO (1994) e DIAS et

al. (2004).

Segundo VENTURA (1990) a presença A. marginatus em determinados

locais confirma a preferência do gênero por sedimentos arenosos e areno-lodosos e

seguramente esse hábito tem grande influência sobre a composição da dieta

formada principalmente pela infauna desses sedimentos.

O estudo da ecologia trófica concebe o vínculo existente entre um grupo de

organismos presentes em um ecossistema, que são regulados pela relação entre

predador-presa (BEGON et al., 2007). Segundo GASALLA e SOARES (2001) os

estudos tróficos são necessários, se não uma exigência, para aconselhar medidas

de uso sustentado das comunidades biológicas e seus ecossistemas associados,

possibilitando a utilização dos organismos de uma forma racional, que possa

controlar ou equilibrar o ecossistema de forma a evitar a desestabilidade ou quem

sabe a perda do mesmo.

O comportamento alimentar da espécie foi estudado no Brasil em diferentes

estados: na Bahia por SAMPAIO (2007), no Rio de Janeiro por MONTEIRO e

PARDO (1994) e em São Paulo por ZOLDAN (2005). A ausência de estudos que

abordem a composição e utilização dos recursos alimentares por A. marginatus no

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litoral do Paraná vem de encontro à necessidade de se obter informações biológicas

básicas que subsidiem futuras propostas de manejo.

Em função dessas premissas, o presente trabalho foi realizado com o intuito

de fornecer informações sobre a ecologia alimentar da espécie em especial na costa

paranaense contribuindo assim para um melhor entendimento sobre a interação dos

equinodermos com o ambiente costeiro.

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2. OBJETIVOS

O presente estudo tem como objetivo geral descrever a dieta alimentar de

Astropecten marginatus no litoral do Estado do Paraná tendo como objetivos

específicos:

a) Analisar as relações biométricas (comprimento do braço e peso total) e

determinar as freqüências de tamanho dos indivíduos capturados;

b) Descrever a composição taxonômica dos itens ingeridos;

c) Avaliar quali-quantativamente a dieta alimentar de A. marginatus por

tamanho do predador, épocas do ano e pela participação do ceco

pilórico.

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3. METODOLOGIA

3.1 ÁREA DE ESTUDO

O litoral do Estado do Paraná estende-se por cerca de 100 km, entre os

paralelos 25°12’S e 25°58’S e o meridiano 48°01’W. A linha costeira tem uma

orientação NNE e sua continuidade é interrompida, em sentido norte a sul, sendo

divida em três setores, pelo canal de Superagüi e pelas desembocaduras do

complexo estuarino da Baía de Paranaguá e da Baía de Guaratuba (ANGULO,

1992).

Ao norte da Baía de Paranaguá encontra-se a planície de Superagüi ou

planície norte, entre Pontal do Sul e Caiobá encontra-se a planície da Praia de

Leste, e ao sul da Baía de Guaratuba a planície Sul ou do Brejatuba (NOERNBERG

et al., 2007). No trecho centro-sul da costa é interrompido pela desembocadura da

Baía de Paranaguá, onde se localiza a Ilha do Mel com um perímetro de

aproximadamente 35 km e área em torno de 2760 ha (FIGUEREDO, 1954). Ao

norte, separa-se da Ilha das Peças pelos Canais Norte e Sueste e, ao sul, do

Balneário Pontal do Sul, pelo Canal da Galheta (ATHAYDE e TOMAZ, 1995).

A plataforma continental rasa do Estado do Paraná é dominada por águas

misturadas com a drenagem continental, formando uma massa de água próxima à

costa; é composta por sua maioria de areias, lamas e argilas de origem continental e

fluvial (ANGULO, 1992; LORENZI, 2004). Essa costa foi classificada por ANGULO e

ARAÚJO (1996) como dominada por ondas, sendo caracterizada por regime de

micro maré com amplitude de 1,5 m.

O clima do litoral paranaense é classificado, segundo Koeppen, como Cfa:

C: clima pluvial temperado; f: sempre úmido, com chuvas em todos os meses do ano

e a: temperatura média do mês mais quente acima de 22°C, com mata pluvial-

tropical, orla de manguezais marginando as baías, culturas tropicais, região sem

geadas noturnas (MAACK, 1968).

De modo geral a pesca sediada no estado é considerada de pequena escala

ou artesanal (ANDRIGUETTO FILHO, 1999). Possuindo as principais artes

empregadas o arrasto de fundo, que tem como alvo os camarões, e redes de espera

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tipo “fundeio” e “caceio”, cujo alvo são principalmente pescadas, corvina e linguado

(CHAVES & ROBERT, 2003).

O presente estudo foi realizado junto ao litoral raso da planície de Praia de

Leste adjacente aos balneários Shangri-lá e Barrancos (município de Pontal do

Paraná) e no infralitoral raso de um trecho de praia arenosa no lado oceânico da Ilha

do Mel (Praia do Farol) (Figura 1). As localidades apresentam profundidades iguais

ou inferiores a 10 metros, situadas aproximadamente sobre a mesma distribuição

batimétrica do camarão sete-barbas Xiphopenaeus kroyeri, recurso vivo explorado

artesanalmente na região e onde a maioria da frota de barcos camaroeiros realiza

seus arrastos (NATIVIDADE, 2006; PINHEIRO, 2008).

FIGURA 1 - LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO (SETOR CENTRO SUL DO LITORAL PARANAENSE)

MOSTRANDO A DESEMBOCADURA DA BAIA DE PARANAGUÁ E OS PONTOS DE COLETAS (EM DESTAQUE)

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3.2 PROCEDIMENTOS DE CAMPO

As amostras foram realizadas em 4 meses de 2008 representando as

estações do ano: verão (fevereiro, N=115), outono (abril, N=627), inverno (junho,

N=103) e primavera (outubro, N=149). Os indivíduos de Astropecten marginatus

(Figura 2) foram selecionados da fauna acompanhante do camarão sete-barbas

provenientes de arrastos realizados pela frota camaroeira no litoral do Paraná e

imediatamente fixados em formalina (10%).

FIGURA 2 - SUPERFÍCIE ABORAL DE UM EXEMPLAR ADULTO DE

ASTROPECTEN MARGINATUS GRAY, 1840 COLETADO NO LITORAL

PARANAENSE.

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3.3 PROCEDIMENTOS LABORATORIAIS

Em laboratório todos os exemplares foram mensurados a partir do centro do

disco até a extremidade de R utilizando-se um paquímetro com precisão de 0,05

mm. Posteriormente os animais foram secos em papel absorvente durante 5 minutos

e então pesados e dissecados. O peso total úmido foi obtido através de pesagem

em balança analítica (precisão 0,0001g).

A separação dos itens encontrados no conteúdo estomacal foi realizada a

partir de incisões na região aboral de cada individuo, como proposto por RIBEIRO-

COSTA e ROCHA (2006). O ceco pilórico e seu conteúdo foram extraídos, secos em

papel absorvente durante 5 minutos e então pesados.

Os espécimes encontrados no conteúdo foram triados e contabilizados sob

um microscópio estereoscópico sendo posteriormente conservados em álcool 70°. A

seguir estes foram classificados em grupos hierárquicos segundo literatura

especializada (BRUSCA e BRUSCA, 2007) até o nível taxonômico possível.

3.4 ANÁLISE E TRATAMENTO DE DADOS

Para se determinar as possíveis relações entre as variáveis, comprimento do

braço (R ou comprimento do maior braço) versus peso total úmido (P) de

Astropecten marginatus foi testado o modelo por regressão linear simples.

Nas análises biométricas com relação ao tamanho do asteróide e as presas

ingeridas foi escolhida a dimensão corporal R para a estimativa de tamanho a fim de

minimizar erros provocados pela existência de indivíduos com braços danificados ou

em regeneração (NOJIMA, 1983). Todos os exemplares foram separados em 12

classes de tamanho com intervalos de 5 mm e plotados em histogramas simples de

freqüência.

Para a avaliação da composição da dieta alimentar de A. marginatus foi

calculada a freqüência relativa (F%) de cada item ou grupo alimentar encontrado

através da seguinte fórmula proposta por GANMANEE et al., (2003):

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10

Para a análise da abundância dos itens alimentares encontrados por

distribuição de tamanho de A. marginatus foram avaliados 140 exemplares nos

intervalos de classe mais abundantes (10-15, 15-20, 20-25, 25-30, 30-35, 35-40 e

40-45 mm de raio) e 80 organismos para as analises sazonais, sendo 20 de cada

estação do ano.

A abundância por grupo biológico de presas ingeridas foi expressa pelo

número de itens encontrados nos cecos pilóricos de A. marginatus e relacionados

com determinadas classes de tamanho e épocas do ano.

Análises de variância uni - fatoriais (ANOVA) foram utilizadas nas

comparações entre a abundância total (número total de presas ingeridas) por classe

de tamanho e por estações do ano e na avaliação sazonal do peso do ceco pilórico.

Diferenças estatísticas significativas foram comparadas utilizando-se o teste a

posteriori Least Square Distance (LSD) com nível de significância de 0,05.

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11

4. RESULTADOS

4.1 ANÁLISES BIOMÉTRICAS

4.1.1 RELAÇÃO PESO X COMPRIMENTO DO RAIO

O comprimento do raio (R) e o peso total dos 994 exemplares de Astropecten

marginatus capturados ao longo do período de estudo variaram respectivamente

entre 7,0 mm a 56,25 mm e de 0,12 g a 15,33 g. Na figura 3 é apresentada a relação

altamente positiva ( ) entre essas variáveis biométricas ajustadas ao

modelo potencial descrito pela fórmula:

onde,

P = peso total (g)

R = comprimento do raio (mm)

0 1 0 2 0 3 0 4 0 5 0 6 0

Co m p rim e n to (m m )

0

2

4

6

8

1 0

1 2

1 4

1 6

1 8

Pe

so

(g

)

y = 0 ,0 0 0 7 x2 ,533

R² = 0 ,9 5 6

FIGURA 3 - GRÁFICO DA RELAÇÃO ENTRE O PESO TOTAL (G) E O COMPRIMENTO DO RAIO (MM) PARA

OS INDIVÍDUOS DE ASTROPECTEN MARGINATUS CAPTURADOS NO LITORAL DO PARANÁ EM 2008.

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12

4.1.2 DISTRIBUIÇÃO DE FREQÜÊNCIA DE TAMANHO

Na figura 4 é apresentada a freqüência por classes de tamanho de R para os

mesmos indivíduos coletados. A distribuição revelou a existência de uma classe

modal com os valores entre 20 a 25 mm (N=315).

0 a 5

5 a 1 0

1 0 a 1 5

1 5 a 2 0

2 0 a 2 5

2 5 a 3 0

3 0 a 3 5

3 5 a 4 0

4 0 a 4 5

4 5 a 5 0

5 0 a 5 5

5 5 a 6 0

Cla sse d e T a m a n h o (m m )

0

5 0

1 0 0

1 5 0

2 0 0

2 5 0

3 0 0

3 5 0

me

ro d

e I

nd

ivid

uo

s

FIGURA 4 - GRÁFICO DE HISTOGRAMA DE FREQÜÊNCIA DE TAMANHO (COMPRIMENTO DO RAIO EM MM)

DOS INDIVÍDUOS DE A. MARGINATUS COLETADOS NO LITORAL DO PARANÁ EM 2008

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13

4.2 ANÁLISE DA DIETA ALIMENTAR

4.2.1 COMPOSIÇÃO TAXONÔMICA

De modo geral predominaram na dieta alimentar de Astropecten marginatus

os itens de origem animal. A presença de fragmentos de concha, escamas de peixe,

detritos vegetais e partículas de areia foram desprezados da análise e os cecos

pilóricos foram classificados como vazio quando estes representaram o único

conteúdo disponível.

A listagem a seguir apresenta os taxa verificados no conteúdo alimentar da

estrela:

Filo Ectoprocta (antigo Bryozoa)

Filo Annelida

Classe Polychaeta

Filo Arthropoda Subfilo Crustacea

Classe Malacostraca Subclasse Eumalacostraca

Superordem Peracarida Ordem Cumacea Ordem Isopoda Ordem Amphipoda

Classe Maxillopoda Subclasse Ostracoda

Filo Mollusca Classe Gastropoda Classe Bivalvia

Filo Echinodermata

Classe Ophiuroidea Classe Echinoidea Classe Asteroidea

No conjunto geral de todas as amostragens a dieta foi quantificada por 1869

presas nos diferentes grupos taxonômicos na qual se verificou um predomínio nos

grupos Cumacea (57,8%), seguido de “Outros” (Polychaeta, Bryozoa, Ostracoda e

Echinodermata) (13,2%) e Bivalvia (13%) (Figura 5).

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14

FIGURA 5 - GRÁFICO DE FREQÜÊNCIA RELATIVA (%) DOS ITENS ALIMENTARES

ENCONTRADOS NOS ESTÔMAGOS DE A. MARGINATUS CAPTURADOS.

4.2.2 AVALIAÇÃO POR CLASSE DE TAMANHO DE A. MARGINATUS

Dentre os organismos analisados um percentual de 18,6 (N=26) estiveram

vazios provenientes da classe de tamanho de 10-15 mm (N=13) e 15-20 mm (N=7).

A menor abundância de presas (N=31) foi registrada para a classe de tamanho de

10-15 e a maior (N=460) foi encontrada na classe de 40-45. Valores crescentes da

abundância ocorreram com o aumento da classe de tamanho dos indivíduos.

Numa análise qualitativa foi verificado que o grupo biológico mais abundante

é Cumacea que predomina a partir da classe 20- 25 mm (N=81) até a classe 40-45

(N=232) totalizando 857 organismos identificados (Figura 6). Um segundo grupo de

itens alimentares abundantes são os gastrópodes e os bivalves que também

ocorrem em todas as classes de tamanho de A. marginatus e juntos apresentaram

suas maiores abundâncias nas classes de 35-40 mm (N=70) e 40-45 mm (N=103). O

grupo de itens denominados “Outros” foi mais abundante apenas na classe 40-45

mm (N=109). Os grupos Amphipoda (N=21) e Isopoda (N=33) foram os menos

abundantes em todas as classes de tamanho.

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15

O ut ros

Is opoda

A m ph ipoda

C um ac ea

B iv a lv ia

G as t ropoda10 a 15 15 a 20 20 a 25 25 a 30 30 a 35 35 a 40 40 a 45

C las s es de Tam anho (m m )

0

100

200

300

400

500

me

ro d

e P

res

as

FIGURA 6 - VARIAÇÃO DA ABUNDÂNCIA E AS CLASSES DE TAMANHO (MM) DE A. MARGINATUS

COLETADOS NO LITORAL PARANAENSE.

A variação do número médio de presas ingeridas em diferentes classes de

tamanho apresentou diferenças significativas (F = 7,225; p<0,00001) (Tabela 1 e

Figura 7) variando entre 1,55 presas na classe 10 a 15 mm a 23,00 na classe 40 a

45 mm. O teste a posteriori Least Square Distance (LSD) evidenciou quatro

agrupamentos de classes de tamanho que diferem significativamente entre si e em

relação aos demais (Quadro 1).

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16

M é d ia

De svio

1 0 a 1 5 1 5 a 2 0 2 0 a 2 5 2 5 a 3 0 3 0 a 3 5 3 5 a 4 0 4 0 a 4 5

Cla sse s d e T a m a n h o (m m )

-1 0

-5

0

5

1 0

1 5

2 0

2 5

3 0

3 5

me

ro d

e P

res

as

FIGURA 7 - VARIAÇÃO DO NÚMERO DE PRESAS INGERIDAS NAS CLASSES DE TAMANHO (MM) DE A.

MARGINATUS COLETADOS NO LITORAL PARANAENSE.

TABELA 1 - RESULTADOS DO TESTE DE ANOVA

ENTRE CLASSE DE TAMANHO E NÚMERO DE

PRESAS

SQ GL QM F p 8350,0 6 1392,0 7,225 0,00000

QUADRO 1 - RESULTADO DO TESTE A

POSTERIORI LEAST SQUARE DISTANCE.

NÚMERO DE PRESAS X CLASSE DE TAMANHO

ANOVA Variável: Numero de Presas Fator: Classe de Tamanho Grupos Homogêneos (α = 0,05)

Classes (mm) Média 1 2 3 4

10 a 15 1,55 ****

15 a 20 1,80 ****

25 a 30 6,50 **** ****

20 a 25 7,30 **** ****

30 a 35 11,45

**** ****

35 a 40 19,40

**** ****

40 a 45 23,00

****

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17

4.2.3 AVALIAÇÃO POR CLASSE DE TAMANHO E ESTAÇÃO DO ANO

Na análise sazonal da abundância dos itens alimentares encontrados por

distribuição de tamanho de A. marginatus foram avaliados 20 exemplares por

estação do ano (N=80 indivíduos) nos intervalos de classe mais representativos, ou

seja, encontrados nas maiores freqüências de indivíduos (20-25 e 25-30 mm de

raio).

A freqüência de indivíduos com cecos pilóricos vazios foi de 15,0% (N=12). As

menores abundâncias de presas ocorreram em outono (N=35) e verão (N=77) e as

maiores foram verificadas para nos meses de inverno (N=165) e primavera (N=172)

(Figura 8). O item mais comum foi Cumacea num total de 223 organismos

identificados, seguido de “Outros”, Bivalvia e Gastropoda ocorrendo respectivamente

com as abundâncias totais de 78, 71 e 65.

O u tro s

Iso p o d a

A m p h ip o d a

Cu m a ce a

B iva l via

G a stro p o d aVe rão Ou to n o In ve rn o P rim ave ra

E sta çã o d o A n o

0

2 0

4 0

6 0

8 0

1 0 0

1 2 0

1 4 0

1 6 0

1 8 0

me

ro d

e P

res

as

FIGURA 8 - VARIAÇÃO SAZONAL DO NÚMERO DE PRESAS INGERIDAS POR ESTOMAGO DE A. MARGINATUS

COLETADOS NO LITORAL PARANAENSE.

Cumacea apresentou as maiores abundâncias no inverno (N=108) e

primavera (N=112). O grupo “Outros” foi mais abundante no verão (N=49) e

primavera (N=22); Bivalvia na primavera (N=29) e inverno (N=26) e Gastropoda em

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outono (N=24) e verão (N=18). O grupo Amphipoda foi o menos abundante e

ocorreu apenas no inverno (N=5) seguido de Isopoda que ocorreu nos meses de

inverno (N=2) e primavera (N=5).

A figura 9 representa a abundância média das presas ingeridas nas classes

20 a 25 mm e 25 a 30 mm em relação às estações do ano. Os valores mínimos

foram registrados para o mês de abril/2008 (1,75) e fevereiro/2008 (3,85) e os

máximos em outubro/2008 (8,25) e junho/2008 (8,60) sendo encontradas diferenças

significativas (F = 7,914; p<0,0001) (Tabela 2). O teste a posteriori Least Square

Distance (LSD) evidenciou dois agrupamentos que diferem as estações do ano

significativamente entre si (Quadro 2).

M é d ia

De svio

V e rã o O u to n o In ve rn o P rim a ve ra

E sta çõ e s d o A n o

-2

0

2

4

6

8

1 0

1 2

1 4

me

ro d

e P

res

as

FIGURA 9 - VARIAÇÃO SAZONAL DO NÚMERO DE PRESAS INGERIDAS POR ESTOMAGO DE A.

MARGINATUS COLETADOS NO LITORAL PARANAENSE.

TABELA 2 - RESULTADOS DO TESTE DE ANOVA

ENTRE ESTAÇÃO DO ANO E NÚMERO DE

PRESAS

SQ GL QM F p 678,1 3 226,0 7,914 0,0001

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QUADRO 2 - RESULTADO DO TESTE A

POSTERIORI LEAST SQUARE DISTANCE.

ESTAÇÃO DO ANO X NÚMERO DE PRESAS

ANOVA Variável: Numero de Presas Fator: Estação do Ano Grupos Homogêneos (α = 0,05)

Estação Média de Presas 1 2

Outono 1,75 ****

Verão 3,85 ****

Primavera 8,25

****

Inverno 8,60

****

A variação da média sazonal do peso do ceco pilórico nas classes de 20 a 25

mm e 25 a 30 mm não apresentou diferenças significativas (F = 0,998; p<0,399)

(Figura 10; Tabela 3).

M é d ia

De svio

V e rã o O u to n o In ve rn o P rim a ve ra

E sta çõ e s d o A n o

0 ,0 8

0 ,0 9

0 ,1 0

0 ,1 1

0 ,1 2

0 ,1 3

0 ,1 4

0 ,1 5

0 ,1 6

0 ,1 7

0 ,1 8

0 ,1 9

Va

lor

dio

do

Pe

so

do

Ce

co

(g

)

FIGURA 10 - VARIAÇÃO SAZONAL DO PESO DO CECO PILÓRICO DE A. MARGINATUS COLETADOS NO

LITORAL PARANAENSE

TABELA 3 - RESULTADOS DO TESTE DE ANOVA

ENTRE ESTAÇÃO DO ANO E PESO DO TRATO

SQ GL QM F p 0,011 3 0,004 0,998 0,399

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20

5. DISCUSSÃO

Segundo RICKLEFS (2003) os atributos populacionais são muitas vezes

influenciados pelos fatores ambientais e pelas respostas dos indivíduos a

determinadas condições. Muitas das características dos organismos são resultados

de adaptações que tendo evoluído através da seleção natural, capacitam os

organismos a sobreviver e a se reproduzir frente às inumeráveis contingências que

os assediam. Tais variações ambientalmente induzidas no fenótipo são

denominadas plasticidade fenotípica. (FUTUYMA, 1992).

No litoral brasileiro, vários autores estudaram a espécie Astropecten

marginatus, principalmente com relação à biometria, entretanto sem a utilização de

modelos de crescimento e omitindo da metodologia detalhes sobre as embarcações

e as redes utilizadas (Quadro 3). Possivelmente como resultado de sua ampla

distribuição geográfica, a espécie apresenta uma grande variação no tamanho

máximo do comprimento do braço (raio).

QUADRO 3 - AMPLITUDE DE VARIAÇÃO DO COMPRIMENTO DO BRAÇO (RAIO) DE

ASTROPECTEN MARGINATUS DESCRITA EM DIFERENTES ESTUDOS FEITOS NO

BRASIL.

Amplitude do Raio Local Autor

4,54 a 59,62 mm Paraná TAVARES et al., 2007

6,70 a 63,25 mm Paraná MOURA, 1999

7,00 a 56,25 mm Paraná presente estudo

13,00 a 122,00 mm São Paulo ZOLDAN, 2005

19,50 a 68,80 mm Bahia SAMPAIO, 2007

23,00 a 66,00 mm Rio de Janeiro MONTEIRO e PARDO, 1994

23,00 a 96,30 mm São Paulo DIAS et al., 2004

O tamanho máximo registrado para o raio de A. marginatus no presente

estudo foi o menor encontrado na costa brasileira. Demais resultados obtidos para o

litoral do Paraná também são inferiores aos verificados no restante do país (regiões

sudeste e nordeste). Em equinodermos, muitas populações estão adaptadas às

diferenças ambientais (alimento, sedimento, energia ambiental, clima, etc.) que

refletem numa possível diferença de tamanho ocasionando um alto grau de

plasticidade fenotípica, que as permite sobreviver em variados ambientes

(LAWRENCE, 1987; VENTURA et al., 1994 JUNQUEIRA, 1998). Os padrões de

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tamanho máximo encontrados para o asteróide A. marginatus na costa brasileira

confirmam a afirmativa acima.

Na costa brasileira grande parte dos estudos ecológicos sobre o gênero

Astropecten é realizada a partir de arrastos comerciais que provavelmente não

atuam sobre toda a população. Assim as amostragens podem estar coletando

acidentalmente os indivíduos de forma seletiva e deste modo subestimando o

tamanho máximo que a população atinge.

A distribuição por classe de tamanho verificada nesse estudo indicou um

pico modal na classe de 25 a 30 mm o que demonstra ser o intervalo de tamanho

dos indivíduos mais afetado pela pesca artesanal no litoral do Estado do Paraná.

Segundo BRAZ et al. (2006) tal fato pode representar um fator de risco a essa

população. Trabalhos realizados na costa baiana por SAMPAIO (2007) e SAMPAIO

et al. (2007) também constataram essa problemática para o gênero.

Os resultados obtidos nesse estudo com relação às variáveis comprimento

do braço e peso total de Astropecten marginatus demonstraram que elas estão

ajustadas ao modelo potencial o que evidencia a relação alométrica positiva entre as

dimensões corporais analisadas.

De acordo com LEITE et al. (2006) a alométria positiva indica que um dado

caráter morfométrico tem participação predominante no ciclo vital. O índice

alométrico (b=2,5339) reconheceu as variáveis estudadas como fundamentais para

o desenvolvimento da espécie. O mesmo foi observado por TAVARES et al. (2007)

no mesmo local com a equação P = 0,001064*C 2,3523 descrevendo as relações

biométricas.Assim, tanto o peso total quanto o comprimento do braço (raio) são

variáveis fundamentais para a realização de qualquer estudo ecológico, como por

exemplo, os trabalhos de dieta alimentar.

Com relação aos padrões de distribuição espacial das espécies bentônicas é

reconhecida a estreita associação existente entre o hábito (comportamento,

preferência alimentar, etc.) e a natureza do substrato. De acordo com SEVERINO-

RODRIGUES et al. (2002) a composição do substrato pode ter maior relevância na

influencia da distribuição e abundância dos organismos.

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Segundo PENCHASZADEH (1973) e TARARAM et al. (1993) a variedade e

abundância dos itens alimentares de um predador podem depender de fatores como

a disponibilidade de organismos e presas viventes das comunidades dos fundos em

que habita e se alimenta.

Avaliações sobre a dieta alimentar realizados para o gênero Astropecten

foram amplamente estudadas no mundo inteiro sendo constatada a marcada

preferência por moluscos (bivalves e gastrópodes) (Quadro 4).

QUADRO 4 - PREFERÊNCIA ALIMENTAR DE ASTROPECTEN DESCRITA EM DIFERENTES

ESTUDOS.

Espécie Dieta Local Autor

A. americanus Bivalvia Massachusetts, EUA FRANZ e WORLEY, 1982

A. aranciacus Bivalvia Muravera, Itália RIBI e JOST, 1978

A. articulatus Gastropoda Golfo Triste, Venezuela SOTO, 1999

A. articulatus Gastropoda Carolina do Norte, EUA WELLS et al., 1961

A. brasiliensis Bivalvia Buenos Aires, Argentina BROGGER e PENCHASZADEH, 2008

A. brasiliensis Gastropoda Bahia, Brasil PELAES, 2008

A. brasiliensis Gastropoda Buenos Aires, Argentina PENCHASZADEH, 1973

A. brasiliensis Gastropoda Bahia, Brasil QUEIROZ, 2006

A. brasiliensis Bivalvia Rio de Janeiro, Brasil VENTURA, 1997

A. cingulatus Gastropoda Bahia, Brasil PELAES, 2008

A. cingulatus Gastropoda Bahia, Brasil QUEIROZ, 2006

A. cingulatus Gastropoda Bahia, Brasil SAMPAIO et al., 2007

A. cingulatus Crustacea Rio de Janeiro, Brasil VENTURA, 1997

A. gisselbrechti Bivalvia Kyushu, Japão NOJIMA, 1988

A. irregularis Bivalvia Jutland, Dinamarca CHRISTENSEN, 1970

A. irregularis Bivalvia Norte Wales, Inglaterra FREEMAN et al., 1998

A. latespinosus Bivalvia Kyushu, Japão NOJIMA, 1988

A. latespinosus Bivalvia Kyushu, Japão NOJIMA, 1989

A. marginatus Bivalvia Rio de Janeiro, Brasil MONTEIRO e PARDO, 1994

A. marginatus Bivalvia Bahia, Brasil SAMPAIO, 2007

A. marginatus Gastropoda Golfo Triste, Venezuela SOTO, 1984

A. marginatus Gastropoda Golfo Triste, Venezuela SOTO, 1999

A. marginatus Bivalvia São Paulo, Brasil ZOLDAN, 2005

A. marginatus Cumacea Paraná, Brasil Presente estudo

A. riensis Gastropoda Golfo Triste, Venezuela SOTO, 1999

A. scoparius Gastropoda Baia de Ise, Japão GANMANEE et al., 2003

A. scoparius Crustacea Kyushu, Japão NOJIMA, 1988

A. sumbawanus Bivalvia Baia de Withnell, Austrália WELLS e LALLI, 2003

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23

Os resultados sobre a dieta de A. marginatus no litoral paranaense admite o

habito do gênero como essencialmente carnívoro, com um amplo espectro

alimentar, diferenciando-se dos demais estudos apenas quanto à qualidade das

presas, preferencialmente por crustáceos cumáceos e secundariamente por bivalves

e gastrópodes.

Essa é a primeira citação que contradiz estudos anteriores já que a

preferência por crustáceos só foi descrita para A. cingulatus (VENTURA, 1997) e A.

scoparius (NOJIMA, 1988). De acordo com JANGOUX (1982) poucas espécies se

alimentam essencialmente de crustáceos, como por exemplo, a Dytaster rigidus e

em especial Luidia clathrata que preda principalmente cumáceos.

CHRISTENSEN (1970) defende que as presas mais ágeis como poliquetas,

anfípodes, isópodes e cumáceos são pouco freqüentes nos conteúdos alimentares

de indivíduos do gênero Astropecten sendo consumidos não por predação ativa,

mas, freqüentemente quando mortos ou debilitados.

Contudo, PENCHASZADEH (1973) e PELAES (2008) observaram que A.

brasiliensis preda pequenos crustáceos, sugerindo que esta espécie estaria

predando ativamente este item. VENTURA (1991) também encontrou uma

quantidade relativamente grande deste item e afirmou que seria improvável a

captura desses animais mortos.

A presença de escamas de peixes, segmentos de crustáceos, areia,

conchas de bivalves e outros fragmentos nos espécimes estudados no presente

trabalho indicaram que essa espécie poderia optar por um hábito detritívoro

facultativo, ingerindo também o próprio sedimento quando as presas fossem

escassas (NOJIMA, 1988 e 1989).

Descrições desse hábito para o gênero foram registradas anteriormente para

A. irregularis (CHRISTENSEN, 1970), A. brasiliensis (PENCHASZADEH, 1973;

BITTER e PENSCHASZADEH, 1983; SOTO, 1999), A. articulatus e A. marginatus

(SOTO, 1984 e 1999; QUEIROZ, 2006).

Poucos autores estudaram as diferenças entre a alimentação de asteróides

jovens e adultos da mesma espécie. Para SLOAN (1980) esse aspecto é

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24

extremamente importante particularmente para o conhecimento do ciclo de vida dos

asteróides que até hoje ainda permanece negligenciado.

Para a espécie A. scoparius o estudo sobre a dieta alimentar realizado por

GANMANEE et al. (2003) não encontrou diferenças entre classes de tamanho,

mantendo sempre a preferência por moluscos. Entretanto os autores ressaltaram

que ocorre um aumento na diversidade dos taxa ingeridos nas maiores classes de

tamanho.

A presença de gastrópodes e bivalves, geralmente presas de maior

dimensão foi observada a partir da classe 20 até 45 mm. Itens variados

(classificados como “Outros”) e de tamanho menor predominam na primeira classe

de tamanho analisada (10-15 mm) como resposta a uma menor especificidade dos

indivíduos quanto à qualidade da presa e também provavelmente por ser um

empecilho a ingestão desses asteróides nessa fase da vida, devido suas limitações

anatômicas. Por outro lado o grande número registrado de itens variados para a

maior classe de tamanho do predador (40-45 mm) parece confirmar o hábito

generalista para a espécie.

VENTURA et al. (1994) estudou as variáveis biométricas de diversas

estrelas-do-mar a fim de relacioná-las com o número de presas, destacou o peso

total úmido como um ótimo indicativo de biomassa e considerou o tamanho do corpo

um componente relevante da teoria de forrageamento ótimo, o que legitima os

resultados obtidos.

Esse comportamento generalista também foi observado para a população de

A. marginatus da costa baiana sendo registrada uma grande ingestão de

Foraminífera por quase todas as classes de tamanho e itens variados nos indivíduos

maiores (50 a 70 mm) (SAMPAIO, 2007).

Nos estudos de dieta feitos no país é freqüente o registro de indivíduos sem

conteúdo alimentar em porcentagens variadas. Nesse estudo 20% dos cecos

pilóricos de indivíduos pequenos (10-15 mm) estiveram vazios; resultados

semelhantes foram encontrados por SAMPAIO (2007) no litoral baiano. Na costa

sudeste MONTEIRO e PARDO (1994) e ZOLDAN (2005) verificaram taxas menores

a 10% sendo o último autor o único que relaciona esse resultado com o horário da

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coleta de animais e o período do dia quando os animais estariam alimentando-se

mais intensamente.

Nos equinodermos são comuns as referências sobre segregação espacial

por tamanho nas manchas populacionais e o fato tem sido relacionado às diferenças

na abundância de alimento, requerimentos reprodutivos, comportamento defensivo e

aumento da eficiência na obtenção de alimento com a idade (PENCHASZADEH,

1973; SOTO, 1984; ELLIS e ROGERS, 2000; TAVARES et al., 2007). As diferenças

encontradas tanto nesse como nos demais estudos citados poderiam estar

relacionadas a essa afirmativa.

Os dados aqui obtidos com relação ao tamanho do predador e o número de

presas ingeridas demonstraram que de modo geral quanto maior o predador maior o

consumo de presas. Na costa brasileira MONTEIRO e PARDO (1994), ZOLDAN

(2005) e SAMPAIO (2007) não encontram correlação entre o tamanho de A.

marginatus e o número de indivíduos capturados, mas observaram uma maior

intensidade na alimentação para as classes de tamanho intermediário.

Nesse estudo a nova descrição de preferência alimentar por crustáceos

cumáceos foi determinante para as diferenças entre os demais estudos, uma vez

que por serem organismos bastante pequenos estiveram presentes e foram

abundantes nos conteúdos alimentares das maiores classes de tamanho de A.

marginatus.

Numa avaliação temporal o presente estudo registrou que durante os meses

de inverno e primavera a alimentação de A. marginatus é mais intensa e diversa,

com uma marcada preferência pelos crustáceos cumáceos. No outono e verão,

quando esse item não foi registrado, a dieta diminuiu quantitativamente e se voltou

para os moluscos e aos itens generalizados. Os resultados aqui apresentados

revelaram que durante as estações do ano quando há uma redução do item

crustáceo cumáceo aumenta a ingestão de itens secundários, porém com menor

intensidade.

Na costa do Paraná estudos feitos por LORENZI e BORZONE (2009) sobre

a variabilidade sazonal da infauna adjacente a estruturas rochosas na plataforma

rasa observaram uma maior abundância de moluscos e crustáceos durante o

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inverno. Tal afirmativa poderia representar um mecanismo oportunista de A.

marginatus por predar itens que estão mais disponíveis nas épocas de menor

temperatura.

SOUZA (1991) encontrou no infralitoral raso da mesma região um aumento

na abundância de organismos bentônicos (p. ex. Polychaeta) durante o verão, o que

pode ser um indicativo do aumento do consumo de itens não preferenciais por A.

marginatus nos meses mais quentes do ano.

ZOLDAN (2005) não observou diferença no número de presas ingeridas

pelo mesmo astropectinídeo na costa paulista com relação à época do ano. Afirma

no entanto que para o verão exista uma tendência no aumento da taxa de predação,

quando, segundo a autora a temperatura elevada facilita a locomoção das presas e

dos predadores. No aspecto qualitativo deste estudo apenas durante a primavera foi

observado um aumento na ingestão de crustáceos e de itens generalizados. Esses

resultados coincidem com os encontrados para a costa paranaense.

Para outras espécies do gênero Astropecten autores como

PENCHASZADEH (1973) e SAMPAIO (2007) encontraram diferenças na dieta em

relação à estação do ano, devido às variações na presença e na vulnerabilidade das

presas para respectivamente A. brasiliensis e A. cingulatus. Segundo FREEMAN et

al. (1999) o aumento da população de A. irregularis coincidiu com o sucesso no

recrutamento do bivalve Spisula subtruncata e do cumáceo Diastylis rugosa,

espécies que são regularmente consumidas por A. irregularis.

Confirmando os resultados obtidos por PELAES (2008) para A. marginatus

na costa baiana as diferenças sazonais na quantidade e qualidade das presas

representam provavelmente uma resposta do predador às variações sazonais das

presas consumidas (abundância, épocas de reprodução, recrutamento, etc.) sendo

semelhantes aos resultados encontrados também para outras populações do litoral

brasileiro.

FEDER e CHRISTENSEN (1966) considera as espécies do gênero

Astropecten como tendo grande capacidade de locomoção dentre os Asteroidea.

Respostas comportamentais de A. marginatus no litoral paranaense podem ainda

confirmar as mudanças verificadas na dieta. No estudo feito por TAVARES et al.

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(2007) foi observado uma migração sazonal da população para áreas mais próximas

à costa durante o inverno e na primavera.

A diversidade da macrofauna bêntica da plataforma continental rasa do

Estado do Paraná é ainda pouco conhecida e já sofre grandes impactos gerados

pelos excessivos arrastos realizados pela frota camaroeira interferindo

provavelmente na migração dos organismos bem como em seus ciclos de vida.

BRANCO e VERANI (2006) consideram a pesca de arrasto predatória e

desestabilizadora das comunidades bentônicas. É importante o desenvolvimento de

novos estudos sobre esse ambiente para confirmar a importância ecológica do

asteróide A. marginatus sobre o controle das comunidades infaunais locais.

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6. CONCLUSÕES

A população de Astropecten marginatus estudada na costa paranaense

apresentou as menores amplitudes de tamanho do animal, baseado no

comprimento do braço (raio), dentre os estudos feitos no Brasil.

Os intervalos de variação do comprimento do braço (raio) entre 15 a 30 mm,

considerados tamanhos intermediários de A. marginatus, foram os mais

capturados e podem representar maior vulnerabilidade ao mecanismo de

arrasto incidental.

No litoral paranaense a espécie apresentou uma dieta alimentar com

preferência por crustáceo cumáceos, seguida por moluscos bivalves e

gastrópodes.

A. marginatus apresenta ao longo da sua ontogenia uma redução na

especificidade nos itens da dieta alimentar; com o crescimento do animal há

um aumento em seu espectro forrageador.

Quanto à sazonalidade da dieta pode-se considerar que a espécie apresenta

um hábito generalista e oportunista provavelmente como resposta às

variações da disponibilidade e abundância de presas nas diferentes épocas

do ano.

A quantificação do conteúdo alimentar como expressão do peso do órgão

ceco pilórico não correspondeu nesse estudo à intensidade de ingestão de

presas.

Estudo complementares focalizando as flutuações espaço-temporal das

comunidades da infauna de fundos inconsolidados na costa paranaense são

necessários a fim de melhor predizer o real papel de predadores como A.

marginatus nesses ambientes.

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