ecogestao- gestão de resíduos
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ECOGESTÃO
GESTÃO DE RESÍDUOS
Manual de Formador
pag. 11pag. 12pag. 16pag. 19pag. 21
ÍNDICE > GESTÃO DE RESÍDUOS
1
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> Gestão de Resíduos
> Resíduos Sólidos Urbanos
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> Desenvolvimento Sustentável
> Impactes Ambientais dos Resíduos
> Gestão Ambiental e Gestão de Resíduos
> Desenvolvimento e Implementação de Planos de Gestão de Resíduos
> Estratégias de Produção Mais Limpa
pag. 29pag. 30pag. 33pag. 35pag. 36pag. 39pag. 41pag. 42
pag. 42pag. 42
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> Enquadramento Legal
> Definição e Caracterização de Resíduos Sólidos Urbanos
> Produção de Resíduos Sólidos Urbanos em Portugal
> Operações sobre os Resíduos Sólidos Urbanos
> Armazenamento e Transporte
> Valorização e Tratamento
> Eliminação e Destino Final
> Prevenção da Produção de Resíduos
> Planos e Estratégias
> Plano Estratégico de Resíduos Sólidos Urbanos (PERSU II)
3 > Resíduos Industriaispag. 51pag. 51pag. 52pag. 54pag. 55pag. 56pag. 58pag. 59
pag. 60pag. 61pag. 62pag. 62pag. 63
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> Enquadramento Legal
> Definição e Caracterização de Resíduos Industriais
> Tipologias de Resíduos Industriais
> Produção de Resíduos Industriais em Portugal
> Operações sobre os Resíduos Industriais
> Armazenamento e Transporte
> Valorização e Tratamento
> Eliminação e Destino Final
> Registos de Produção
> Prevenção da Produção de Resíduos
> Planos e Estratégias
> Plano Estratégico de Gestão dos Resíduos Industriais (PESGRI)
> Plano Nacional de Prevenção de Resíduos Industriais (PNAPRI)
(>)
pag. 71pag. 71pag. 72pag. 72pag. 74
pag. 75pag. 75pag. 77pag. 77pag. 78pag. 78
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> Resíduos Agrícolas
> Resíduos Hospitalares
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> Enquadramento Legal
> Definição e Classificação de Resíduos Agrícolas
> Impactes Ambientais
> Produção de Resíduos Agrícolas em Portugal
> Operações sobre os Resíduos Agrícolas
> Armazenamento e Transporte
> Valorização e Tratamento
> Eliminação e Destino Final
> Registos de Produção
> Prevenção da Produção de Resíduos
> Valorização Agrícola de Lamas
> Planos e Estratégias
> Plano Estratégico dos Resíduos Agrícolas (PERAGRI)
pag. 89pag. 90pag. 92pag. 92pag. 93pag. 94pag. 94pag. 95
pag. 96pag. 98pag. 99pag. 99pag. 99
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> Enquadramento Legal
> Definição e Caracterização de Resíduos Hospitalares
> Produção de Resíduos Hospitalares em Portugal
> Gestão de Resíduos Hospitalares
> Programa de Gestão de RH
> Operações sobre os Resíduos Hospitalares
> Armazenamento e Transporte
> Valorização e Tratamento
> Eliminação e Destino Final
> Registos de Produção
> Prevenção da Produção de Resíduos
> Planos e Estratégias
> Plano Estratégico de Resíduos Hospitalares (PERH)
6 > Fluxos de resíduos Específicospag. 107pag. 107pag. 107pag. 108pag. 108pag. 110
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> Pneus
> Enquadramento Legal
> Definição e Caracterização
> Impactes Ambientais
> Operações sobre Pneus
> Registos de Produção(>)
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pag. 120 pag. 122pag. 122pag. 122pag. 123pag. 124
pag. 127 pag. 128pag. 128pag. 128pag. 129pag. 130
pag. 131 pag. 134pag. 134pag. 135pag. 135pag. 135
pag. 142 pag. 144pag. 145
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> Pilhas e Acumuladores
> Enquadramento Legal
> Definição e Caracterização
> Impactes Ambientais
> Operações sobre Pilhas e Acumuladores
> Registos de Produção
> Óleos Usados
> Enquadramento Legal
> Definição e Caracterização
> Impactes Ambientais
> Operações sobre Óleos Usados
> Registos de Produção
> Veículos em Fim de Vida
> Enquadramento Legal
> Definição e Caracterização
> Impactes Ambientais
> Operações sobre Veículos em Fim de Vida
> Registos de Produção
> Equipamentos Eléctricos e Electrónicos
> Enquadramento Legal
> Definição e Caracterização
> Impactes Ambientais
> Operações sobre Resíduos de Equipamentos Eléctricos e Electrónicos
> Registos de Produção
> Embalagens
> Enquadramento Legal
> Definição e Caracterização
> Impactes Ambientais
> Operações sobre Embalagens
> Resíduos Fitofarmacêuticos
> Registos de Produção
> Entidades Gestoras
7 > Outros Tipos de Resíduospag. 159pag. 159pag. 159pag. 159pag. 160pag. 161pag. 162pag. 162
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> Resíduos de Construção e Demolição
> Enquadramento Legal
> Definição e Caracterização
> Impactes Ambientais
> Operações sobre Resíduos de Construção e Demolição
> Registos de Produção
> Óleos Alimentares Usados
> Enquadramento Legal
> Definição e Caracterização
> Impactes Ambientais (>)
pag. 164pag. 167pag. 168pag. 168pag. 168
pag. 168pag. 169pag. 171
8 > Descontaminação de Solos
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. 3 . 5
> Operações sobre Óleos Alimentares Usados
> Registos de Produção
> PCB
> Enquadramento Legal
> Definição e Caracterização
> Impactes Ambientais
> Operações sobre PCB
> Registos de Produção
pag. 179pag. 180pag. 181
. 1
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> Situação em Portugal
> Situação internacional
> Desenvolvimentos futuros
9 > Transporte de Resíduos e Movimento Transfronteiriçopag. 187pag. 187pag. 189pag. 192pag. 192pag. 194
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> Enquadramento Legal
> Transporte Interno
> Movimento Transfronteiriço - MTR
> Transporte de Matérias Perigosas
> Classificação de Matérias Perigosas
> Regulamentação do Transporte de Matérias Perigosas
10pag. 201pag. 201pag. 201pag. 202pag. 204pag. 204pag. 214pag. 214pag. 215pag. 216pag. 217
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> Ferramentas de Gestão de Resíduos> Classificação de Resíduos
> Lista Europeia de Resíduos
> Instruções para a Classificação de Resíduos
> Operações de Eliminação e Valorização
> SIRER – Sistema Integrado de Registo Electrónico de Resíduos
> Formulários Electrónicos
> Operadores de Gestão de Resíduos urbanos e não urbanos
> Licenciamento de Operadores
> Operadores de Gestão de Resíduos Não Urbanos
> Caracterização da Perigosidade dos Resíduos
> Critérios de Admissibilidade de Resíduos em Aterro (>)
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pag. 218pag. 218
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. 6 . 1> Procedimentos Técnicos
> Boas práticas na armazenagem de resíduos
11> Glossáriopag. 225
12> Fontes de Informaçãopag. 231
pag. 34pag. 35pag. 113pag. 119pag. 123pag. 125
F i g . 1F i g . 2F i g . 3F i g . 4F i g . 5F i g . 6
> Produção total de RSU em 2005, por Sistema (adaptado do portal do INR)
> Sistemas de gestão de resíduos (Multimunicipais e Intermunicipais) em Portugal (adaptado do portal do INR)
> Marcação de pilha ou acumulador
> Áreas de recolha dos operadores de óleos usados (adaptado de Sogilub/Gestoil, 2005)
> Constituição de um VFV
> Circuito de tratamento de VFV
pag. 31pag. 31pag. 40
pag. 45pag. 54pag. 60pag. 73pag. 73pag. 92pag. 97pag. 123
Q u a d r o . 1Q u a d r o . 2Q u a d r o . 3
Q u a d r o . 4Q u a d r o . 5Q u a d r o . 6Q u a d r o . 7Q u a d r o . 8Q u a d r o . 9Q u a d r o . 1 0Q u a d r o . 1 1
> Composição Física Média dos RSU
> Factores que influenciam a produção de RSU
> Quadro comparativo das poupanças energéticas na produção de novos produtos a partir de material
reciclado ou de matérias virgens
> Cruzamento dos intervenientes em cada um dos eixos
> Quantidade de resíduos industriais e resíduos industriais perigosos, em toneladas
> Aterros licenciados para receber RIB
> Actividades abrangidas pelo PERAGRI
> Produção de RA em Portugal continental
> Produção total declarada de RH por grupos do Serviço Nacional de Saúde e Serviço privado em 2005
> Esquema comparativo das tecnologias de tratamento
> Resíduos de VFV e respectivo poluente
ÍNDICE DE FIGURAS > GESTÃO DE RESÍDUOS
ÍNDICE DE QUADROS > GESTÃO DE RESÍDUOS
1
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Objectivos
No final deste capítulo os formandos deverão ser capazes de:
1. Compreender o conceito de Desenvolvimento Sustentável;
2. Assimilar a importância e aplicação dos 3 R’s;
3. Compreender o conceito e dominar as competências de implementação de Sistemas de Gestão Ambiental e de
Sistemas de Gestão de Resíduos;
4. Reter a importância e aplicabilidade dos Sistemas de Gestão Ambiental e de Gestão de Resíduos;
5. Desenvolver e implementar Planos de Gestão de Resíduos;
6. Apreender o objectivo de uma estratégia de Produção Mais Limpa (PML).
> Desenvolvimento Sustentável
> Cimeira da Terra
> Substâncias Perigosas
> Gestão Ambiental
> Sistemas de Gestão Ambiental
> NP EN ISO 14001
> 3 R: Redução, Reutilização e Reciclagem
> Planos de Gestão de Resíduos
> Produção Mais Limpa (PDL)
Palavras-Chave
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O Desenvolvimento Sustentável foi colocado na agenda política mundial pela Conferência das Nações Unidas sobre
Ambiente e Desenvolvimento (CNUAD), realizada no Rio de Janeiro em 1992, também designada por Cimeira da
Terra. Nessa ocasião foi reafirmado este conceito, lançado em 1987 pelo Relatório Brundtland “O Nosso Futuro
Comum” - elaborado sob a égide das Nações Unidas na Comissão Mundial para o Ambiente e Desenvolvimento -
, definido como “o desenvolvimento que satisfaz as necessidades presentes sem comprometer a capacidade de as
gerações futuras satisfazerem as suas próprias necessidades”.
Desenvolvimento Sustentável
1
. 1
CNUAD Conferência das Nações Unidas sobre Ambiente e Desenvolvimento
A noção de desenvolvimento sustentável tem implícito um compromisso de solidariedade com as gerações do futuro,
no sentido de assegurar a transmissão do património capaz de satisfazer as suas necessidades. A implementação do
desenvolvimento sustentável é realizada com base em três dimensões essenciais: dimensão social, dimensão econó-
mica e dimensão ambiental.
Dimensão social: criação de um processo de desenvolvimento sustentado por uma civilização, com maior equidade
na distribuição de rendimentos e bens, de modo a reduzir as diferenças entre os padrões de vida.
Dimensão económica: gestão e aplicação mais eficiente dos recursos e de um fluxo constante de investimento.
Dimensão ambiental: aumento da capacidade de utilização dos recursos, redução do consumo de recursos não
renováveis, redução da produção de resíduos e da poluição através da conservação de energia, de recursos e da pro-
moção da reciclagem de materiais.
A Cimeira do Rio ou Cimeira da Terra reuniu chefes de Estado, delegações diplomáticas e ONGA’s, representando
mais de 180 países, no Rio de Janeiro em 1992. Foram discutidos conceitos como os de desenvolvimento sus-
tentável, parceria global e co-responsabilidade. As ONGA’s elaboraram a “Carta da Terra” e o “Tratado de Educa-
ção Ambiental para sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global”. Da cimeira resultaram a adopção de uma
Declaração de Princípios Sobre Ambiente e Desenvolvimento, a adopção das convenções sobre Biodiversidade e
Alterações Climáticas e a adopção de um plano de acção da comunidade internacional respeitante à implementação
dos objectivos fixados na Declaração do Rio, cujo documento, com cerca de quinhentas páginas e com 39 capítulos,
ficou conhecido por “Agenda 21”.
A integração destas dimensões na estratégia empresarial tem-se verificado ao longo dos últimos anos seguindo uma
sequência lógica:
> Cumprimento da legislação;
> Prevenção de riscos ambientais;
> Eco-eficiência;
> Sustentabilidade.
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Impactes Ambientais dos Resíduos
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Os problemas ambientais e respectivas soluções podem ser avaliadas de acordo com os efeitos na saúde humana. A
ferramenta analítica mais comum para este tipo de avaliação é a determinação do risco na saúde e o estudo das dife-
renças intra-urbanas na saúde pública para determinar os potenciais impactes da poluição.
A desvantagem desta ferramenta de avaliação, com especial determinação de riscos na saúde, é o facto de se
basear na análise das doses de risco que nem sempre têm impactes comprovados. Por outro lado, quando se focali-
zam exclusivamente os efeitos na saúde humana, estão a ser menosprezadas questões potencialmente importantes
relacionadas com os ecossistemas. Mas é verdade que o receptor mais sensível é o homem e, nesta perspectiva, o
modelo de avaliação poderá aproximar-se do topo da cadeia de valor.
A advertência dos impactes na saúde depende quase exclusivamente da identificação de substâncias nas embala-
gens do resíduo ou quando elas próprias constituem um resíduo.
De seguida, apresenta-se os símbolos e indicações de perigo utilizados para identificação de substâncias e prepara-
ções perigosas, nomeadamente resíduos.
> Explosivo > Comburente > Facilmente
inflamável
> Extremamente
i inflamável
> Tóxico
> T + Muito Tóxico > Corrosivo > Xi Irritante > Xn Nocivo > N Perigoso para o
ambiente
Explosivas: Substâncias e preparações sólidas, líquidas, pastosas ou gelatinosas que podem reagir exotermica-
mente e com uma rápida libertação de gases, mesmo sem a intervenção do oxigénio do ar, e que, em determinadas
condições de ensaio, detonam, deflagram rapidamente ou, sob o efeito do calor, explodem em caso de confinamento
parcial.
Comburentes: Substâncias e preparações que, em contacto com outras substâncias especialmente com substân-
cias inflamáveis, apresentam uma reacção fortemente exotérmica.
Extremamente inflamáveis: Substâncias e preparações líquidas, cujo ponto de inflamação é extremamente baixo e
cujo ponto de ebulição é baixo e substâncias e preparações gasosas que, à temperatura e pressão normais, são infla-
máveis ao ar.
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Facilmente inflamáveis:
> Substâncias e preparações que podem aquecer até ao ponto de inflamação em contacto com o ar, a uma tempera-
tura normal, sem emprego de energia ou substâncias e preparações no estado sólido, que se podem inflamar facil-
mente por breve contacto com uma fonte de inflamação e que continuam a arder ou a consumir-se após a retirada da
fonte de inflamação;
> Substâncias e preparações no estado líquido, cujo ponto de inflamação é muito baixo;
> Substâncias e preparações que, em contacto com a água ou ar húmido, libertam gases extremamente inflamáveis
em quantidades perigosas.
Inflamáveis: Substâncias e preparações líquidas cujo ponto de inflamação é baixo.
Muito tóxicas: Substâncias e preparações que, quando inaladas, ingeridas ou absorvidas através da pele, mesmo em
muito pequena quantidade, podem causar a morte ou riscos de afecções agudas ou crónicas.
Tóxicas: Substâncias e preparações que, quando inaladas, ingeridas ou absorvidas através da pele, mesmo em
pequena quantidade, podem causar a morte ou riscos de afecções agudas ou crónicas.
Nocivas: Substâncias e preparações que, quando inaladas, ingeridas ou absorvidas através da pele, podem causar a
morte ou riscos de afecções agudas ou crónicas.
Corrosivas: Substâncias e preparações que, em contacto com tecidos vivos, podem exercer sobre estes uma acção
destrutiva.
Irritantes: Substâncias e preparações não corrosivas que, em contacto directo, prolongado ou repetido com a pele
ou com as mucosas, podem provocar uma reacção inflamatória.
Sensibilizantes: Substâncias e preparações que por inalação ou penetração cutânea podem causar uma reac-
ção de hipersensibilização tal que uma exposição posterior à substância ou à preparação produza efeitos nefastos
característicos.
Cancerígenas: Substâncias e preparações que, por inalação, ingestão ou penetração cutânea, podem provocar o
cancro ou aumentar a sua incidência.
Mutagénicas: Substâncias e preparações que, por inalação, ingestão ou penetração cutânea, podem produzir defei-
tos genéticos hereditários ou aumentar a sua frequência.
Tóxicas para a reprodução: Substâncias e preparações que, por inalação, ingestão ou penetração cutânea podem
causar ou aumentar a frequência de efeitos prejudiciais não hereditários na progenitura ou atentar às funções ou
capacidades reprodutoras masculinas ou femininas.
Perigosas para o ambiente: Substâncias e preparações que, se presentes no ambiente, representam ou podem
representar um risco imediato ou diferido para um ou mais compartimentos do ambiente.
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Poluição
Conforme referido no início, o estudo de impactes não se limita à avaliação dos riscos, destinando-se também à ava-
liação do contributo (resíduo) para a poluição e principalmente alteração do meio ambiente. O balanço da polui-
ção gerada num processo industrial deve permitir localizar as substâncias poluentes no decurso do processo de
transformação.
Os resíduos que provocam impactes ambientais mais severos são, em princípio, aqueles que contém determinadas
substâncias e componentes perigosos como sejam os metais pesados. A sua presença está relacionada com a utili-
zação destas substâncias no fabrico de uma grande variedade de produtos e os seus potenciais efeitos no homem e
no ambiente têm sido largamente estudados.
Em relação à saúde, o chumbo não é bioacumulativo, embora
seja um possível agente carcinogénico para o homem. No
entanto, os principais efeitos resultantes da exposição crónica
são ao nível do sistema nervoso. As crianças são particularmente
sensíveis aos efeitos neurotóxicos do chumbo, que se traduzem,
entre outros efeitos, na diminuição da aprendizagem e do cres-
cimento. Em termos ambientais, é tóxico para os animais, sendo
geralmente os seus efeitos restritos às áreas contaminadas.
O mercúrio e os compostos derivados são muito tóxicos, sendo
igualmente acumulativo e volátil. Para o Homem a exposi-
ção pode ser por inalação, embora a via preferencial seja atra-
vés da cadeia alimentar, essencialmente pelo consumo de peixe
e de produtos relacionados. O mercúrio afecta, além de outros
órgãos, o sistema nervoso central, estando documentado que,
tal como o chumbo, pode ser transmitido ao feto através da pla-
centa, causando efeitos persistentes no desenvolvimento men-
tal da criança.
A principal aplicação é o
fabrico de baterias eléctricas
para veículos automóveis. Mas
também é um dos metais mais
utilizados na indústria, estando
igualmente presente em sol-
das e ligas.
Como fontes importantes
podem ser referidas as amál-
gamas dentárias, os dispo-
sitivos de medida e controlo,
como os termómetros, mas
também os acumuladores e as
lâmpadas fluorescentes e de
descarga.
CHUMBO
MERCÙRIO
METALPESADO
UTILIZAÇÃO EFEITOS NO HOMEM E NO AMBIENTE
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O cádmio é um dos metais mais tóxicos, sendo, comparativa-
mente com outros metais, mais solúvel em água, mais móvel
e, também, mais biodisponível e bioacumulável. É principal-
mente absorvido através da cadeia alimentar, pelos vegetais e
grãos. Acumula-se no corpo humano, em especial nos rins, cau-
sando diversos problemas renais. Quando a exposição é por ina-
lação está associada ao aparecimento de cancro do pulmão. No
ambiente é tóxico para os animais e para os microrganismos,
diminuindo a capacidade de decomposição.
A toxicidade dos vários compostos de crómio varia com a sua
solubilidade. Estes compostos têm uma acção irritante e corro-
siva no corpo humano. A exposição prolongada a poeiras ricas
em compostos hexavalentes pode ter um efeito cancerígeno.
É utilizado em pilhas e acu-
muladores, mas está também
presente em muitos produtos,
como pigmento e estabiliza-
dor em plásticos ou em ligas
usadas em trabalhos de solda-
dura, joalharia, etc. Na indús-
tria electrónica, usa-se, por
exemplo, em telas de televisão
e células fotovoltaicas.
É utilizado em aplicações como
curtimento de peles, preser-
vação de madeira, fabrico de
corantes e de pigmentos apli-
cados em pinturas contra a
corrosão dos metais.
CÁDMIO
CRÓMIO
METALPESADO
UTILIZAÇÃO EFEITOS NO HOMEM E NO AMBIENTE
1
15
Gestão Ambiental e Gestão de Resíduos
A protecção do ambiente constitui um factor a ter em consideração no dia-a-dia das empresas para que a sua viabili-
dade económica, como também a própria competitividade, não fiquem irremediavelmente comprometidas.
A implementação de um Sistema de Gestão Ambiental (SGA) numa empresa demonstra a sua preocupação com as
condições ambientais, tanto na utilização de matérias-primas, como no uso pelos consumidores dos produtos e ser-
viços fornecidos.
O SGA é a parte do sistema geral de gestão, que inclui a estrutura funcional, as actividades de planeamento, a defi-
nição das responsabilidades, os procedimentos e os recursos necessários para concretizar, manter, desenvolver e
rever, de modo continuado, o seu desempenho ambiental. Este sistema permite, de uma forma sistemática, contínua
e cíclica, compreender e controlar os diversos aspectos ambientais da empresa.
Gestão Ambiental
SGA Sistema de Gestão Ambiental
A implementação deste sistema poderá originar inúmeros benefícios:
> Redução de custos (mediante a melhoria da eficiência operacional, economia de custos, nomeadamente através da
reintegração de resíduos na cadeia produtiva de materiais, conservação de energia, recirculação de água em circuito
fechado, etc.);
> Diminuição da aplicação de penas legais;
> Promoção da reacção pró-activa da empresa na identificação de problemas;
> Identificação de oportunidades para minimizar os impactes ambientais e custos;
> Redução de riscos, pela prevenção e correcção atempada dos acidentes que possam resultar na diminuição da per-
formance ambiental da empresa;
> Promoção da imagem da empresa e das suas potencialidades;
> Melhoria das relações com as entidades fiscalizadoras, clientes, fornecedores, accionistas, organizações ambienta-
listas e público em geral.
Para padronizar a implementação voluntária de SGA, a International Organization for Standardization, editou a
norma ISO 14001. Esta norma é aplicável a qualquer actividade económica - fabril ou de serviços - que possa provo-
car riscos potenciais ou gerar impactes no ambiente, em áreas tão distintas como a consultoria, produção, transpor-
tes de mercadorias e até a gestão de municípios.
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ISO International Organization for Standardization
O modelo de implementação do Sistema de Gestão Ambiental, estabelecido na norma NP EN ISO 14001, segue
cinco requisitos:
Requisito 1: Política Ambiental – constitui a declaração de intenção da organização quanto ao seu desempenho
ambiental. Deverá ser específica de cada organização, fazendo referência ao estabelecimento dos princípios que
regem o SGA.
Requisito 2: Planeamento, onde deverão ser considerados - aspectos ambientais das actividades, produtos ou
serviços que a organização possa controlar e sobre os quais se espera que tenha influência, de forma a determinar
aqueles que têm ou poderão vir a ter impactes significativos no Ambiente; requisitos legais e outros que a organiza-
ção subscreva, aplicáveis aos aspectos ambientais das suas actividades, produtos ou serviços; objectivos e metas
ambientais que deverão ser estabelecidos tendo em conta os aspectos ambientais significativos, assim como os
requisitos legais; programa de gestão ambiental destinado a atingir os objectivos e metas, que deverá conter as res-
ponsabilidades, os meios e os prazos necessários para os alcançar.
Requisito 3: Implementação e funcionamento – para uma efectiva implementação do SGA, a organização deverá
desenvolver todos os recursos técnicos, humanos e financeiros, de forma a cumprir os princípios definidos na política
ambiental e alcançar os objectivos e metas. Neste requisito são considerados: estrutura e responsabilidades; forma-
ção, sensibilização e competência; comunicação interna em todos os níveis da organização e externa para as partes
interessadas; documentação do SGA; controlo de documentação; controlo operacional; prevenção e capacidade de
resposta a emergências.
Requisito 4: Verificação e acções correctivas – para que o SGA possa ser continuamente melhorado a organização
deve considerar: monitorização e medição das principais características das actividades, produtos ou serviços que
possam ter um impacte ambiental significativo; tratamento das não conformidades e acções correctivas e preven-
tivas; registos,que deverão incluir documentos da formação e os resultados das auditorias e revisões; realização de
auditorias periódicas ao SGA.
Requisito 5: Revisão pela Direcção – a gestão de topo da organização deverá periodicamente rever o SGA, para
assegurar que se mantém adequado e eficaz.
Deste modo, a implementação de um Sistema de Gestão Ambiental, quer pelo EMAS, quer pela NP EN ISO 14001,
contribui para a melhoria do desempenho ambiental das organizações através da adopção de boas práticas de
gestão.
O EMAS (Eco Management and Audit Scheme) é o Sistema Comunitário de Eco-Gestão e Auditoria, um instrumento
voluntário dirigido às empresas que pretendam avaliar e melhorar os seus comportamentos ambientais e informar
o público e outras partes interessadas a respeito do seu desempenho e intenções a nível do ambiente, não se limi-
tando ao cumprimento da legislação ambiental nacional e comunitária existente. O EMAS foi estabelecido pelo Regu-
lamento (CEE) nº 1836/93 de 29 de Junho, que definia as responsabilidades dos Estados-membros na criação das
estruturas de base do EMAS, as condições de funcionamento e operacionalidade dessas estruturas, bem como os
requisitos de adesão a este sistema.
. 3
1. 3
EMAS Eco Management and Audit Scheme
17
. 3
Os problemas associados com a gestão de resíduos sólidos na sociedade actual são complexos dada a sua quanti-
dade e diversidade gerada diariamente e que tem vindo a aumentar ao longo do tempo. O desenvolvimento explosivo
de áreas urbanas, o financiamento limitado dos serviços públicos, os impactes tecnológicos e as limitações emer-
gentes em termos energéticos e de matérias-primas também não facilitaram essa gestão.
Os RS incluem materiais sólidos e semi-sólidos que o detentor considera não terem valor suficiente para serem con-
servados. As suas principais origens são: residenciais e comerciais, institucionais (centros governamentais, esco-
las, prisões e hospitais), construção e demolição, serviços municipais, estações de tratamento, indústria e agricultura
(actividades de plantação, colheita, produção de leite, etc.).
Para combater a geração crescente de RS, tem-se procurado implementar a política dos 3 R´s: Redução, Reutilização
e Reciclagem, contribuindo qualquer uma destas acções, por ordem decrescente, para a redução da quantidade de
resíduos gerados, consumo de energia e de recursos naturais. Assim, para uma melhor gestão dos RS deverá proce-
der-se, por ordem decrescente de importância e de poupança no consumo:
> Redução na origem, em termos da quantidade e/ou toxicidade dos resíduos que estão a ser produzidos. Este é o pri-
meiro ponto na hierarquia por ser a forma mais completa de aproveitamento, que pode ser conseguida através do
projecto, manufactura e embalagem de produtos com um conteúdo tóxico minimizado, um volume mínimo de mate-
rial ou uma vida útil mais longa;
> Reutilização de muitos objectos do quotidiano, como embalagens reutilizáveis;
> Reciclagem, permitindo a transformação de materiais inúteis em novos produtos ou matérias-primas.
A redução de resíduos na origem ou a prevenção da sua produção pode ser conseguida através da aposta em:
> Eco-design do produto (projecto, manufactura e embalagem de produtos com um conteúdo tóxico minimizado,
volume mínimo de material ou vida útil mais longa);
> Aplicação de novas tecnologias menos poluentes;
> Melhor conhecimento da situação actual relativamente ao tipo e quantidade de resíduos gerados no país, para que
se possam diagnosticar as suas possibilidades de redução;
> Gestão empresarial, com mudança de atitudes dos recursos humanos das empresas, incluindo gestores.
Em termos de reciclagem, existe uma grande variedade de materiais que pode ser recuperada dos RS:
> Alumínio: a reciclagem do alumínio é feita em dois sectores: latas de alumínio e alumínio secundário, incluindo este
último caixilharia e portas, com qualidade variável. Há muita procura para latas, dado que se gasta menos 95% de
energia para obter uma nova lata de alumínio a partir de uma velha do que a partir do minério (bauxite);
> Papel: os principais tipos de papéis reciclados são: jornais velhos, cartões, papel de alta qualidade e papéis mis-
turados. Cada um destes tipos tem características diferentes em termos de tipo de fibra, origem, homogeneidade e
tinta impressa, tendo consequentemente valores diferentes no mercado;
> Plástico: a percentagem de plástico usado que é reciclada ainda é muito baixa;
> Vidro: material comummente reciclado, incluindo vidro plano e de garrafas, muitas vezes separado por cor;
> Metais ferrosos (ferro e aço): a maior parte do aço reciclado vem dos automóveis, sendo importante também a reci-
clagem de latas de aço usadas para sumos e alimentos;
> Metais não ferrosos: são recuperados de vários equipamentos caseiros, como tachos, escadas e mobílias;
> Borracha, proveniente dos pneus, estando já em funcionamento em Portugal a Sociedade ValorPneu que se encar-
rega de dar aos pneus o destino adequado.
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Gestão de Resíduos
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Para além das empresas públicas e instituições privadas, também os cidadãos comuns têm a responsabilidade e o
dever de fazer com que o ciclo de vida de resíduos como o papel e o plástico não termine nos aterros sanitários. Para
tal, finda a utilidade dos produtos, torna-se necessário o empenho na sua valorização e reciclagem, encaminhando-
os para os sistemas de recolha adequados.
A separação na origem (nomeadamente em casa) é o princípio de uma boa recolha selectiva, facilitando ainda a tria-
gem, valorização e reciclagem dos RS e tornando todo o sistema mais eficiente, económico e possível. Os materiais
residuais que tenham sido separados na fonte devem ser depositados nos ecopontos ou ecocentros.
Desenvolvimento e Implementação de Planos de Gestão de Resíduos
. 4
Para a elaboração de um Plano de Gestão de Resíduos Sólidos é necessário o seguinte:
> Definir os objectivos gerais;
> Constituir a equipa de trabalho e atribuir responsabilidades;
> Diagnosticar a situação actual;
> Elaborar em detalhe o Plano de Gestão de RS;
> Implementar o Plano de Gestão, garantindo a sua coordenação adequada;
> Controlar e avaliar o desenvolvimento do Plano de Gestão.
A realização de cada um destes passos requer a aprovação da gestão de topo da empresa e exige a coordenação das
actividades com os departamentos e serviços envolvidos.
Definir os objectivos gerais
A gestão de topo deverá definir os objectivos gerais do programa partindo da seguinte proposta:
> Melhorar as medidas de segurança e higiene no trabalho;
> Proteger a saúde e o meio ambiente;
> Cumprir a legislação em vigor;
> Reduzir o volume e a massa dos resíduos perigosos produzidos;
> Substituir os materiais perigosos por outros não perigosos.
Os objectivos gerais devem ser consolidados e deve ser desenvolvido um trabalho de desdobramento dos mesmos
em objectivos específicos, por tipo de resíduo e por função da estrutura organizacional da empresa.
Constituir a equipa de trabalho e atribuir responsabilidades
A equipa de trabalho deve ser constituída após a definição dos objectivos, e deve ser estabelecida uma estrutura
orgânica de funcionamento da equipa, onde as responsabilidades individuais e colectivas devem estar bem definidas.
1
19
. 4
A escolha dos colaboradores que irão integrar a equipa de trabalho é muito importante, porque vai determinar o
sucesso ou fracasso do Plano de Gestão. Os elementos da equipa devem possuir as qualificações adequadas para o
correcto desempenho das suas responsabilidades.
Diagnosticar a situação actual
A realização do diagnóstico exige uma prévia coordenação e a colaboração dos responsáveis de cada departamento
ou serviço.
Para a sua realização recomenda-se a execução de uma Auditoria Ambiental. É um instrumento metodológico que
permite uma avaliação sistemática, periódica e objectiva do funcionamento da organização e do sistema de gestão,
incluindo a disponibilidade dos recursos humanos necessários, com a finalidade de alcançar os objectivos predefini-
dos, promovendo a protecção do meio ambiente.
Elaborar em detalhe o Plano de Gestão de RS
Consiste em planificar detalhadamente as actividades a desencadear para atingir os objectivos definidos. Com a análise
dos resultados da auditoria tem-se todos os elementos necessários para definir os objectivos do Plano de Gestão.
Quando se elabora o Plano de Gestão é importante rever, com base nos resultados da auditoria ambiental, os objecti-
vos que tinham sido definidos no início do processo.
Implementação e coordenação do Plano de Gestão
Este passo exige a calendarização detalhada de todas as actividades necessária para o arranque do Plano de Gestão,
que depende da estratégia adoptada.
São actividades essenciais na implementação:
> As actividades de sensibilização, informação e formação dos colaboradores;
> Formação de equipas e manutenção das competências ao longo do processo de implementação;
> A concretização dos investimentos necessários;
> A disponibilidade dos mecanismos de controlo e a efectiva utilização dos mesmos.
Controlar e avaliar o desenvolvimento do Plano de Gestão
O controlo é o processo que congrega a monitorização e a correcção das acções para garantir o alcance dos resulta-
dos previstos.
O eficaz controlo das actividades confere à gestão de topo a confiança sobre o potencial da organização para reali-
zar atempadamente os ajustes necessários e a capacidade de entender a importância da reacção às necessidades
identificadas.
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Estratégias de Produção Mais Limpa
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Uma estratégia de Produção Mais Limpa (PML) permite às empresas atingir melhorias ambientais e ao mesmo
tempo reforçar a sua competitividade. É um processo de aplicação contínua de uma estratégia ambiental preventiva
integrada a processos, produtos e serviços para aumentar a eficiência global e reduzir os riscos para os humanos e
para o ambiente. A PML pode ser aplicada aos processos utilizados em qualquer indústria, aos próprios produtos e a
vários serviços fornecidos à sociedade.
Para processos de produção, a PML resulta da conservação de matérias-primas, água e energia, da eliminação de
materiais tóxicos e perigosos a da redução da quantidade e toxicidade de todas as emissões e resíduos na fonte
durante o processo produtivo.
Redução na fonte
Recirculação
Tratamento
Deposição
HIERARQUIA
A PML é implementada através da realização de balanços de massa e de energia, para avaliar processos e produtos.
Desta forma, identificam-se oportunidades de melhoria que têm em conta aspectos técnicos, ambientais e económi-
cos e são definidos e implementados para monitorização.
Os objectivos quantificam-se em benefícios ambientais e económicos para as empresas obtidos directa ou indirecta-
mente do conceito:
Poluição = Ineficiência
Estabelecem-se relações entre a produção de resíduos e a eficiência do processo produtivo através de:
> Todas as matérias-primas, água e energia que entram na empresa são transformadas em produto para comerciali-
zação ou em resíduo sólido, líquido ou gasoso;
> Quanto menor a produção de resíduos e o risco associado ao resíduo, menores os custos de tratamento;
> Se ao custo das matérias-primas utilizadas se adicionar os custos de tratamento de resíduos obtém-se o valor que
realmente foi pago pela utilização da matéria-prima.
1
PML Produção Mais Limpa
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. 5
A metodologia PML desenvolve-se em 18 passos, que se passam a apresentar de seguida.
. 1
. 2
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. 1 8
> Comprometimento da direcção
> Sensibilização dos colaboradores
> Formação das equipas de trabalho
> Apresentação da metodologia
> Pré-avaliação
> Elaboração dos fluxogramas
> Tabelas quantitativas
> Definiçaõ de indicadores
> Avaliação dos dados recolhidos
> Barreiras
> Avaliação e priorização
> Balanços de massa e energia
> Avaliação das causas de produção dos resíduos
> Concepção das opções de PML
> Avaliação técnica, ambiental e económica
> Selecção da opção
> Implementação
> Plano de monitorização e acompanhamento
* Exercício 1 . 6
(manual de exercícios)
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Objectivos
No final deste capítulo os formandos deverão ser capazes de:
1. Compreender a definição de RSU;
2. Identificar a situação actual de produção de RSU em Portugal;
3. Conhecer os requisitos legais aplicáveis à gestão de RSU e suas condicionantes operacionais;
4. Conhecer as condições de armazenamento e transporte de RSU identificadas na legislação em vigor;
5. Identificar as opções de valorização e tratamento de RSU existentes actualmente e as respectivas vantagens e
de desvantagens de cada opção;
6. Identificar as soluções existentes de eliminação e destino final de RSU;
7. Apresentar medidas de prevenção da produção de RSU;
8. Reter a importância e aplicabilidade de planos estratégicos desenvolvidos (PERSU II).
> Resíduos Sólidos Urbanos (RSU)
> Sistema Multimunicipal
> Sistema Intermunicipal
> Ecoponto
> Compostagem
> Confinamento Técnico
> Reciclagem
> Incineração
> SIRER
> PERSU
Palavras-Chave
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Enquadramento Legal
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Diploma
Lei nº 11/87, de 7 de Abril
Portaria n.º 768/88, de 30 de Novembro
Decreto-Lei n.º 372/93, de 29 de Outubro
Decreto-Lei n.º 379/93, de 5 de Novembro
Decreto-Lei n.º 294/94, de 16 de Novembro
Decreto-Lei n.º 152/2002, de 23 de Maio
Portaria n.º 209/2004, de 3 de Março
Despacho n.º 454/2006, (II Série)
Decreto-Lei n.º 178/2006, de 5 de Setembro
Âmbito
Lei de Bases do Ambiente
Concede à DGQA a competência de fiscalização, referida no
Decreto-Lei n.º 488/85 sobre Resíduos Sólidos Urbanos - Mapa
de Resíduos Urbanos
Altera a Lei nº 46/77 de 8 de Julho - Lei de delimitação de
sectores
Permite o acesso de capitais privados às actividades económi-
cas de captação, tratamento e rejeição de efluentes e recolha e
tratamento de resíduos sólidos
Estabelece o regime jurídico da concessão de exploração e ges-
tão dos sistemas multimunicipais de tratamento de resíduos
sólidos urbanos
Estabelece as normas aplicáveis em matéria de instalação,
exploração, encerramento e manutenção pós-encerramento de
aterros
Publica a Lista Europeia de resíduos e define as operações de
valorização e de eliminação de resíduos. Revoga as Portarias nº
15/96, de 23 de Janeiro e nº 818/97, de 5 de Setembro
Aprova o Plano de Intervenção para Resíduos Sólidos Urbanos
e Equiparados
Aprova o Regime Geral de Resíduos, transpondo para a ordem
jurídica interna a Directiva n.º 2006/12/CE, do Parlamento
Europeu e do Conselho, de 5 de Abril, e a Directiva n.º 91/689/
CEE, do Conselho, de 12 de Dezembro. Revoga o Decreto-
Lei n.º 239/97, de 9 de Setembro; o artigo 16º do Decreto-
Lei n.º 366-A/97, de 20 de Dezembro, na redacção que lhe foi
dada pelo Decreto-Lei n.º 92/2006, de 25 de Maio; o Decreto-
Lei n.º 268/98, de 28 de Agosto; o artigo 13º do Decreto-Lei
n.º 111/2001, de 6 de Abril; o artigo 49º do Decreto-Lei n.º
152/2002, de 23 de Maio; o nº 3 do artigo 15º, o nº 1 do artigo
16º, o artigo 20º, o nº 4 do artigo 22º, a alínea g) do nº 1 do artigo
25º e o artigo 29º do Decreto-Lei n.º 153/2003, de 11 de Julho;
o nº 1 do artigo 18º e o artigo 28º do Decreto-Lei n.º 196/2003,
de 23 de Agosto; o artigo 95º do Decreto-Lei n.º 3/2004, de 3 de
Janeiro; os nºs 5 e 6 do artigo 20º do Decreto-Lei n.º 230/2004,
de 10 de Dezembro; o artigo 38º do Decreto-Lei n.º 85/2005, de
28 de Abril; a Portaria n.º 961/98, de 10 de Novembro; a Porta-
ria n.º 611/2005, de 27 de Julho; a Portaria n.º 612/2005, de 27
de Julho; Portaria n.º 613/2005, de 27 de Julho e o Despacho n.º
24571/2002 (2ª série), de 18 de Novembro(>)
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Diploma
Portaria n.º 1023/2006, de 20 de Setembro
Portaria n.º 1407/2006, de 18 de Dezembro
Portaria n.º 1408/2006, de 18 de Dezembro
Portaria n.º 32/2007, de 8 de Janeiro
Portaria n.º 50/2007, de 9 de Janeiro
Portaria n.º 187/2007, de 12 de Fevereiro
Portaria n.º 320/2007, de 23 de Março
Âmbito
Define os elementos que devem acompanhar o pedido de licen-
ciamento das operações de armazenagem, triagem, tratamento,
valorização e eliminação de resíduos
Relativa à taxa de gestão de resíduos
Relativa ao Sistema Integrado de Registo Electrónico de Resí-
duos (SIRER)
Aprova o regulamento interno da Comissão de Acompanha-
mento da Gestão de Resíduos (CAGER)
Aprova o modelo de alvará de licença para a realização das ope-
rações de gestão de resíduos
Aprova o Plano Estratégico para os Resíduos Sólidos Urbanos
(PERSU II)
Altera a Portaria nº 1408/2006, de 18 de Dezembro, que apro-
vou o Regulamento de Funcionamento do Sistema Integrado de
Registo Electrónico de Resíduos (SIRER)
Definição e Caracterização de Resíduos Sólidos Urbanos
. 2
A designação Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) é um termo abrangente respeitante à mistura de materiais e objectos
que tem como referência os de origem doméstica. Engloba ainda resíduos provenientes do sector de serviços ou de
estabelecimentos comerciais ou industriais e de unidades prestadoras de cuidados de saúde com uma natureza ou
composição afim dos domésticos. De acordo com o Decreto-Lei n.º 178/2006, de 5 de Setembro, desde que não seja
ultrapassado o limiar de produção diária de 1100 litros, todos estes resíduos são incluídos nos resíduos sólidos urba-
nos. Em termos práticos são objecto de recolha municipal.
Os RSU têm uma determinada composição em termos do tipo de materiais que os compõem e do peso relativo de
cada uma destas tipologias.
RSU Resíduos Sólidos Urbanos
Apresenta-se a seguir a composição típica dos resíduos de recolha municipal, de acordo com os dados do estudo
Resíduos Sólidos Urbanos - Concepção, Construção e Exploração de Tecnossistemas, que caracteriza a situação
nacional entre 1996 e 2001.
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Componentes
Papel / Cartão
Vidro
Plástico
Metais
Têxteis
Madeira / Embalagens
Materiais Fermentáveis
Verdes
Finos
Outros Resíduos
RSU
26,40 %
7,40 %
11,10 %
2,75 %
2,60 %
0,50 %
26,50 %
3,15 %
14,25 %
5,35 %
As características dos resíduos podem variar em função dos aspectos sociais, económicos, culturais, geográficos e
climáticos, ou seja, os mesmos factores que também diferenciam as comunidades entre si e as próprias cidades.
É possível afirmar que as características dos resíduos, principalmente as características físicas, podem ser influen-
ciadas por factores sazonais, demográficos e socio-económicos.
Quadro 2 > Factores que influenciam a produção de RSU
Aumento do teor de folhas
Aumento do teor de humidade nos RSU
Diminuição do teor de humidade
Aumento do teor de embalagens de bebidas
(latas, vidros e plásticos rígidos) nos RSU
Aumento do teor de embalagens de bebidas (latas, vidros e plás-
ticos maleáveis e metais) nos RSU
Aumento da matéria orgânica e aumento de embalagens (papel /
papelão e plásticos maleáveis e metais) nos RSU
Desertificação de áreas urbanas com actividade turística não
predominante
Aumento populacional em locais turísticos
Climáticos
Épocas especiais
FACTORES INFLUÊNCIAS
Outono
Inverno / Primavera
Verão
Carnaval
Natal / Ano Novo / Páscoa
Férias escolares
Quanto maior a população urbana, maior a capitação de RSUDemográ-ficos
População urbana
(>)
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. 2
. 2
Quadro 1 > Composição Física Média dos RSU
31
A caracterização da composição de RSU recorre a metodologias específicas, normalmente assentes em campanhas
de caracterização.
Para a concepção de uma campanha de caracterização é necessário a definição duma série de aspectos,
nomeadamente:
> Zonas de amostragem a serem consideradas;
> Esquema de amostragem a adoptar;
> Número de amostras a realizar;
> Distribuição temporal das amostras a realizar;
> Parâmetros a serem determinados;
> Meios necessários.
Os aspectos específicos das campanhas poderão ser diferentes de situação para situação, dependendo, entre outros
factores, dos objectivos da caracterização e dos meios (humanos, materiais e financeiros) disponíveis.
Contudo, existe um conjunto de metodologias de referência, a saber:
> Metodologia da DGQA - Direcção Geral da Qualidade do Ambiente
Definida para campanhas de quantificação e caracterização de resíduos sólidos urbanos a implementar a nível muni-
cipal, tendo em vista a obtenção de dados uniformizados para o preenchimento do Mapa de Registo de Resíduos Sóli-
dos Urbanos.
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Quanto maior o nível cultural, maior a incidência de materiais
recicláveis e menor a incidência de matéria orgânica nos RSU
Quanto maior o nível educacional, menor a incidência de matéria
orgânica nos RSU
Quanto maior o poder de compra, maior a incidência de materiais
recicláveis e menor a incidência de matéria orgânica
Maior consumo perto do dia de pagamento (fim e início do mês)
Maior consumo no fim-de-semana
Introdução de materiais cada vez mais leves, reduzindo o valor
do peso específico aparente dos resíduos
Aumento de embalagens
Aumento de embalagens
Redução de materiais não biodegradáveis (plásticos) e aumento
de materiais recicláveis e/ou biodegradáveis (papéis, metais e
vidros) nos RSU
Sócio--económicos
FACTORES INFLUÊNCIAS
Nível cultural
Nível educacional
Poder de compra
Desenvolvimento tecnológico
Lançamento de novos
produtos
Promoções de lojas
comerciais
Campanhas ambientais
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. 3
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> Metodologia da ERRA - European Recovery and Recycling Association
Desenvolvida com o objectivo de estabelecer um método para a recolha de dados quantitativos e qualitativos relati-
vamente aos resíduos domésticos, designadamente para apoio à avaliação dos projectos-piloto de recolhas selecti-
vas promovidos pela ERRA.
> Metodologia do REMECOM - Réseau Européen de Mesures pour la Caractérisation des Ordures Ménagéres
Estabelecida a partir duma concertação técnica entre 18 localidades de 6 países europeus, na perspectiva de dar
resposta às novas necessidades sobre o conhecimento dos resíduos (quantidade, composição, qualidade) decorren-
tes de novas práticas de valorização, designadamente por reciclagem.
Congrega um conjunto de directrizes metodológicas para estabelecer a composição dos resíduos domésticos
(em particular em termos de embalagens e materiais valorizáveis), e da eficiência e taxa de impurezas das recolhas
selectivas.
No que respeita a métodos de amostragem, reconhecem-se várias metodologias decorrentes de exigências nacionais
específicas: protocolo ARGUS (Alemanha), protocolo IBGE (Bélgica), protocolo EPA (Irlanda), metodologia MODE-
COM (França, referencial nacional).
DGQA Direcção Geral da Qualidade do Ambiente
Produção de Resíduos Sólidos Urbanos em Portugal
. 3
A produção de resíduos per capita varia em função do crescimento populacional e de outros factores como:
> Situação económica (crescimento/recessão);
> Actividades económicas predominantes;
> Alterações de política (prevenção, minimização, reutilização e reciclagem).
Em 2005, a produção de RSU em Portugal Continental atingiu 4,5 milhões de toneladas, ou seja, cerca de 1,24 kg por
habitante e por dia, com base nos dados provisórios do Sistema de Gestão da Informação sobre Resíduos (SGIR).
SGIR Sistema Gestão de Informação sobre Resíduos
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< 50.000 t
50.000 t - 150.000 t
150.000 t - 300.000 t
300.000 t - 450.000 t
450.000 t - 600.000 t
> 600.000 t
1. VALORINHO
2. RESULIMA
3. BRAVAL
4. Amave
5. Lipor
6. Valsousa
7. SULDOURO
8. RESAT
9. Vale do Douro Norte
10. Resíduos do Nordeste
11. REBAT
12. RESIDOURO
13. VALORLIS
14. ERSUC
15. Planalto Beirão
16. COVA DA BEIRA
17. Raia / Pinhal
18. RESIOESTE
19. Resiurb
20. Resitejo
21. Amares . Tratolixo
22. VALORSUL
23. AMARSUL
24. Amde - GESAMB
25. Amagra
26. Amcal
27. VALNOR
28. Amalga
29. ALGAR
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Figura 1. Produção total de RSU em 2005, por Sistema (adaptado do portal do INR)
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O Decreto-Lei n.º 178/2006, de 5 de Setembro, pelo princípio da responsabilidade de gestão de resíduos, define que
os municípios são responsáveis pela gestão dos RSU na área que representam.
Actualmente, existem 29 Sistemas de gestão de RSU em Portugal Continental, distribuídos da seguinte forma:
> Região Norte: 12 sistemas (dos quais 7 multimunicipais);
> Região Centro: 5 sistemas (dos quais 3 multimunicipais);
> Região Lisboa e Vale do Tejo: 6 sistemas (dos quais 3 multimunicipais);
> Região Alentejo: 5 sistemas (dos quais 1 multimunicipal);
> Região Algarve: 1 sistema (multimunicipal).
Operações sobre os Resíduos Sólidos Urbanos
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1. VALORINHO
2. RESULIMA
3. BRAVAL
4. Amave
5. Lipor
6. Valsousa
7. SULDOURO
8. RESAT
9. Vale do Douro Norte
10. Resíduos do Nordeste
11. REBAT
12. RESIDOURO
13. VALORLIS
14. ERSUC
15. Planalto Beirão
16. ÁGUAS ZEZERE E COA
17. Raia / Pinhal
18. RESIOESTE
19. Resiurb
20. Resitejo
21. Amares
22. VALORSUL
23. AMARSUL
24. GESAMB
25. Ambilital
26. Amcal
27. VALNOR
28. Resialentejo
29. ALGAR
> Sistemas de Gestão de Resíduo (Multimunicipais e Intermunicipais) Fevereiro 2006
Figura 2. Sistema de gestão de resíduos (Multimunicipais e Intermunicipais) em Portugal (adaptado do portal do INR)
. 3
. 4
35
O acondicionamento de RSU significa prepará-los para a recolha de forma sanitariamente adequada e ainda compatí-
vel com o tipo e quantidade de resíduo.
De acordo com o Decreto-Lei n.º 178/2006, de 5 de Setembro, a armazenagem de resíduos significa a deposição
temporária e controlada, por prazo determinado, de resíduos antes do seu tratamento, valorização ou eliminação.
O acondicionamento adequado pode evitar acidentes, a proliferação de contaminações, minimizar o impacto visual
e olfactivo e facilitar a realização da etapa da recolha.
> A escolha do tipo de recipiente adequado pode combater as situações descritas tendo em conta:
> As características do resíduo;
> A produção do resíduo;
> A frequência da recolha;
> O tipo de edificação;
> O preço do recipiente.
> Armazenamento de resíduos domésticos
O resíduo doméstico pode ser armazenado em sacos plásticos sem retorno, para ser descarregado nos veículos de
recolha. Os sacos plásticos a serem utilizados no acondicionamento do resíduo doméstico devem possuir as seguin-
tes características:
> Ter resistência para não se romperem por ocasião do manuseio;
> Ter volume de 20, 30, 50 ou 100 litros;
> Possuir fita para fecho da “boca”;
> Ser de qualquer cor, com excepção da branca (normalmente os sacos de cor preta são os mais económicos).
> Contentores de plástico
São recipientes fabricados em polietileno de alta densidade (PEAD), nas capacidades de 120, 240, 360, 760 e 1100
litros, constituídos por tampa, recipiente e rodas, contendo na matéria-prima um pouco de material reciclado e aditi-
vos contra a acção de raios ultravioleta;
Destinam-se ao acondicionamento e transporte de resíduo doméstico urbano e público. Podem ser utilizados tam-
bém como carrinho para recolha de resíduos públicos e conduzidos pelos varredores.
PEAD Polietileno de alta densidade
. 4
Armazenamento e Transporte . 4 . 1
> Sistema Multimunicipal (definição segundo o Decreto-Lei nº 379/93, de 5 de Novembro).
Tecnosistema que sirva pelo menos dois municípios e exija um investimento predominante a efectuar pelo Estado
em função de razões de interesse nacional, sendo a sua criação e a sua concessão obrigatoriamente objecto de
decreto-lei.
> Sistema Municipal
Tecnossistema não abrangido pela definição de Sistema Multimunicipal, independentemente de a sua gestão poder
ser municipal ou intermunicipal.
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2De seguida, é só colocar as embalagens nos sítios apropriados: o plástico e metal no ecoponto amarelo, o papel e
o cartão no ecoponto azul e o vidro no ecoponto verde. As embalagens de madeira, por se tratarem de embalagens
menos frequentes, apenas podem ser depositadas nos ecocentros.
PAPEL / CARTÃO (ecoponto azul)
Depositar Não Depositar
> embalagens de cartão, por ex.: caixas de cereais;
bolachas, etc;
> sacos de papel;
> papel de embrulho;
> jornais e revistas;
> papel de escrita.
> embalagens de cartão com gordura, por ex.: pacotes
de batatas fritas, caixas de pizza;
> sacos de cimento;
> embalagens de produtos químicos;
> papel de alumínio;
> papel autocolante;
> papel de cozinha, guardanapos e lenços de papel
sujos;
> toalhetes e fraldas.
VIDRO (ecoponto verde)
Depositar Não Depositar
> garrafas;
> garrafões;
> frascos;
> boiões;
> loiças e cerâmicas (prastos, copos, chévenas, jarras, etc...);
> materiais de construção civil;
> janelas, vidraças, espelhos, etc...;
> lâmpadas.
. 4 . 1
> Outros recipientes
> Contentores metálicos (recipientes com capacidade entre 750 e 1500 litros que podem ser basculados por cami-
ões compactadores);
> Papeleiras de rua (cesto de plástico ou metal com capacidade aproximada de 50 litros);
> Contentores de plástico (contentores utilizados no acondicionamento do resíduo público).
Convém referir que os RSU podem ser depositados em ecopontos para serem posteriormente enviados para Cen-
trais de Triagem, instalações especializadas onde será feita uma selecção mais rigorosa das embalagens usadas de
forma a permitir o encaminhamento para as empresas recicladoras.
Para isso, é necessário envolver as populações e realçar a importância do seu papel neste processo essencial,
informando-as sobre a forma adequada que devem proceder à separação dos resíduos.
Ecoponto: Conjunto de contentores preparados para deposição multimaterial de resíduos para reciclagem
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PLÁSTICO (ecoponto amarelo)
Depositar Não Depositar
Garrafas, garrafões e frascos de:
> água
> sumos e refrigerantes
> vinagre
> detergentes e produtos de higiene
> óleos alimentares
Sacos de plástico ;
> esferovite;
> pacotes de leite e bebidas (ECAL)*
*embalagens de cartão para alimentos líquidos
> embalagens de margarina e manteiga;
> embalagens de produtos tóxicos ou perigosos, por
ex.: combustíveis e óleo de moto.
. 4 . 1
> Armazenamento de resíduos de grandes produtores
Partindo do princípio que os imóveis comerciais e industriais têm uma produção diária de resíduos sólidos superior é
conveniente considerar que por serem grandes produtores devem possuir contentores diferenciados dos da recolha
normal, para facilitar a fiscalização.
Para a recolha do resíduo doméstico de grandes produtores ou de estabelecimentos públicos estão disponíveis os
contentores de grande porte (com capacidades superior a 360 litros). Estes são contentores providos de rodas que
são levados até os veículos de recolha e basculados mecanicamente, fabricados em metal ou em plástico (polieti-
leno de alta densidade). As capacidades usuais são de 760, 1150, 1500 litros, entre outras.
> Armazenamento de resíduos domésticos especiais
> Pilhas e acumuladores
A diversidade de uso, associada às pequenas dimensões das pilhas e ao desconhecimento das pessoas sobre a sua
nocividade, tornou comum o seu depósito juntamente com os resíduos indiferenciados encaminhados para aterros.
Para combater esta realidade, a Portaria n.º 572/2001, que apresenta o programa de acção relativo a pilhas e outros
acumuladores, diz o seguinte sobre recolha e armazenamento:
> Os municípios deverão instalar na sua área de influência recipientes apropriados para a sua recolha selectiva, bem
METAL (ecoponto amarelo)
Depositar Não Depositar
> latas de bebidas;
> latas de conserva;
> tabuleiros de alumínio;
> aerossóis;
> electrodomésticos;
> pilhas e baterias;
> objectos que não sejam embalagens, por ex.: tachos e
panelas, talheres, ferramentas, etc.
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A valorização e tratamento de RSU desenvolvem-se por uma série de procedimentos destinados a reduzir a quan-
tidade ou o potencial poluidor dos resíduos sólidos, quer impedindo a deposição em ambiente ou local inadequado,
quer transformando-os em materiais inertes ou biologicamente estáveis.
No processo de tratamento as estações de reciclagem, incineração e confinamento técnico intervêm sobre a acti-
vidade biológica até que ela cesse, tornando o resíduo inerte e menos poluidor.
As estações de reciclagem e compostagem geram emprego e receitas da valorização material ao mesmo tempo que
desviam os resíduos do confinamento técnico. Representam vantagens ambientais e económicas: a economia da
energia que seria gasta na transformação da matéria-prima e a transformação da matéria orgânica do resíduo em
composto orgânico, adequado para corrigir o solo destinado à agricultura ou plantação.
como assegurar a criação de um ou mais locais legalizados para o armazenamento temporário das pilhas e acumula-
dores usados retomados;
> Os supermercados e hipermercados são obrigados a dispor nas suas instalações de recipientes específicos, em
local bem identificado e acessível;
> O armazenamento das pilhas e acumuladores usados é efectuado em recipientes estanques e de composição que
não reaja com os componentes das pilhas e acumuladores;
> A entidade gestora assegura a criação de um ou mais locais legalizados para o armazenamento temporário das
pilhas e acumuladores usados retomados dos municípios, os supermercados e hipermercados e os demais retalhis-
tas ou, alternativamente, estabelece contratos com empresas já legalizadas para proceder a essa operação.
> Lâmpadas fluorescentes
Os procedimentos para o manuseio de lâmpadas que contém mercúrio incluem as seguintes exigências:
> Armazenar as lâmpadas que não estejam partidas numa área reservada, de preferência em caixas para não se
partirem;
> Identificar todas as caixas para que não se confundam com lâmpadas boas;
> No caso de quebra de alguma lâmpada, os cacos de vidro devem ser removidos e a área deve ser lavada.
> Pneus
Quanto aos pneus, o distribuidor não se pode recusar a aceitar pneus usados contra venda de pneus do mesmo tipo
e na mesma quantidade, devendo remeter os mesmos para recauchutagem ou para os locais apropriados. A recolha
de pneus usados, mediante entrega nos locais adequados, é feita sem qualquer encargo para o detentor.
A recolha dos resíduos significa recolher o resíduo armazenado por quem o produz para que, mediante transporte
adequado, este seja encaminhado para uma estação de transferência ou directamente para eventual tratamento e
deposição final.
A recolha e transporte do resíduo doméstico produzido em imóveis residências, em estabelecimentos públicos e
no pequeno comércio são, em geral, efectuados pelo município encarregue da limpeza urbana. Para estes serviços
podem ser usados recursos próprios da Câmara Municipal ou de empresas contratadas para o efeito. O resíduo dos
grandes produtores deve ser recolhido por empresas particulares, devidamente licenciadas para o efeito.
. 4 . 1
. 4 . 2 Valorização e Tratamento
. 4 . 1
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39
Compostagem: Degradação biológica aeróbia dos resíduos orgânicos até à sua estabilização, produzindo uma subs-
tância húmica (composto) utilizável como corrector de solos; pode ser efectuada em pilhas estáticas, pilhas com
revolvimento ou em reactor
A incineração dos resíduos é um tratamento eficaz para reduzir o volume dos resíduos, transformando-os em resí-
duos inertes, desde que realizada de forma adequada. Este tipo de instalação é geralmente dispendiosa, principal-
mente pela necessidade de tecnologias sofisticadas de fim de linha, para reduzir ou eliminar a poluição atmosférica
provocada pelos gases produzidos durante a queima de resíduo. A produção de energia eléctrica, por via do aprovei-
tamento da energia da combustão dos resíduos, deverá ser considerado como factor atenuante na medida em que
representa uma receita processual.
A reciclagem afirma-se como a opção mais adequada para o tratamento dos RSU. Segundo o Decreto-Lei n.º
209/2004, de 3 de Março, define reciclagem como o reprocessamento de resíduos em processos de produção, para o
fim original ou outros fins. Com esta definição a reciclagem pode recuperar materiais para fazer novos produtos.
A reciclagem origina diversas vantagens. Para além do benefício directo que é a redução da quantidade de resíduos
com destino para aterro ou incineração, associam-se-lhe ainda as seguintes vantagens:
> Aumento do tempo de vida e maximização do valor extraído das matérias-primas;
> Poupanças energéticas;
> Conservação dos recursos naturais;
> Participação activa dos consumidores, o que implica uma maior consciência ambiental;
> Redução da poluição atmosférica e da poluição dos recursos hídricos;
> Criação de novos negócios e mercados para os produtos reciclados.
As poupanças energéticas na produção de novos produtos a partir de material reciclado comparativamente ao uso
das matérias-primas virgens são muito significativas em alguns materiais, como se pode verificar pelo Quadro 3.
. 4 . 2
PRODUTO
Energia de produção necessária (Kcal/KG)
Matérias virgens Matérias recicladas Poupança (%)
Papel
Vidro
Polietileno
Ferro
Alumínio
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Quadro 3 > Quadro comparativo das poupanças energéticas na produção de novos produtos a partir de material reciclado ou de matérias virgens.
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Eliminação e Destino Final . 4 . 3
A incineração, ocupando o último lugar na ordem das actuais preferências em matéria de valorização de resíduos,
não deixa de ser um destino final responsável para grande parte dos resíduos valorizados.
A obtenção de resíduo estéril e inerte através da incineração permite não só a redução do volume de resíduos
(cerca de 10 vezes), como também a recuperação de energia.
O elevado custo de instalação e de operação numa central incineradora e os riscos de poluição ambiental são as
principais desvantagens deste método de valorização de resíduos.
Eliminação: Operações que visem dar um destino final adequado aos resíduos
De acordo com o Decreto-Lei n.º 152/2002, de 23 de Maio, o aterro é uma instalação de eliminação através da deposi-
ção de resíduos acima ou abaixo da superfície natural, incluindo:
> As instalações de eliminação internas, considerando-se como tal os aterros onde o produtor de resíduos efectua a
sua própria eliminação de resíduos no local de produção;
> Instalações permanentes, considerando-se como tal as que tiverem uma duração superior a um ano, usada para
armazenagem temporária;
Mas excluindo:
> As instalações onde são descarregados resíduos com o objectivo de os preparar para serem transportados para
outro local de valorização, tratamento ou eliminação;
> A armazenagem de resíduos previamente à sua valorização ou tratamento, por um período geralmente inferior a
três anos;
> A armazenagem de resíduos previamente à sua eliminação, por um período inferior a um ano.
O mesmo diploma classifica os aterros numa das seguintes classes:
> Aterros para resíduos inertes;
> Aterros para resíduos não perigosos;
> Aterros para resíduos perigosos.
Só são admitidos em aterro:
> Os resíduos que tenham sido tratados;
> Os resíduos inertes cujo tratamento não seja tecnicamente viável, ou, relativamente a outro tipo de resíduos, desde
que se comprove que o seu tratamento não contribui para os objectivos estabelecidos no artigo 1.º do presente
diploma, através da redução da quantidade de resíduos ou dos riscos para a saúde humana ou o ambiente;
> Os resíduos que tenham uma classificação conforme com os critérios de admissão definidos no presente diploma,
para a respectiva classe de aterro.
A localização de um aterro deverá ter em consideração os seguintes aspectos:
> Distâncias do perímetro do local em relação a áreas residenciais e recreativas, cursos de água, massas de água e
outras zonas agrícolas e urbanas;
> Existência de águas subterrâneas ou costeiras, ou de áreas protegidas;
> Condições geológicas e hidrogeológicas;
> Riscos de cheias, de aluimento, de desabamento de terra ou de avalanches;
> Protecção do património natural ou cultural.
A instalação de um aterro só poderá ser autorizada se as características do local, no que se refere aos aspectos
acima mencionados ou às medidas correctoras a implementar, indicarem que o aterro não apresenta qualquer risco
grave para o ambiente e para a saúde pública.
. 4 . 2
. 4 . 3
41
A redução da produção de resíduos deve ser entendida como o conjunto de actividades que, pela adopção de medi-
das favoráveis à produção de produtos limpos, aplicação de tecnologias mais limpas e sensibilização para boas práti-
cas de consumo contribuam para a redução na fonte da produção de resíduos em quantidade e/ou qualidade (nocivi-
dade dos resíduos) e reutilização dos resíduos.
A redução da produção de resíduos pode gerar benefícios uma vez que proporciona oportunidades para melho-
rar o desempenho económico através da redução de consumo de matérias-primas e recursos, promove uma imagem
pública positiva em relação ao meio ambiente, aumenta a eficiência da operação e reduz os custos. Então é possível
concluir que a redução da produção de resíduos acarreta benefícios económicos e ambientais.
A redução da produção está directamente relacionada com a mudança de valores e de comportamentos da socie-
dade em geral, de forma a reduzir o desperdício de materiais.
As estratégias fundamentais para se alcançar esta meta são a educação ambiental e o desenvolvimento de
parcerias.
Os programas locais devem divulgar o importante papel dos consumidores no esforço da redução de resíduos
na fonte, quando baseiam a decisão de compra não somente em atributos e em custos de produto, mas também na
quantidade ou volume do resíduo associado ao consumo e às alternativas da sua eliminação.
São diversas as estratégias a aconselhar aos consumidores:
> Utilize sacos reutilizáveis;
> Compre produtos concentrados e a granel;
> Compre produtos reutilizáveis;
> Compre produtos duráveis e reparáveis;
> Adquira produtos em segunda mão;
> Evite artigos em embalagens sobredimensionadas.
. 5
. 6
O Plano Estratégico de Resíduos Sólidos Urbanos II, abreviadamente designado por PERSU II, consiste numa revi-
são do PERSU I, elaborado em 1996/1997, reeditado em 1999 e monitorizado em 2004/05, constituindo o novo refe-
rencial para os agentes do sector, para o horizonte 2007-2016.
O PERSU II vem rever a Estratégia Nacional de Redução dos Resíduos Urbanos Biodegradáveis destinados aos Ater-
ros (ERB), apresentada em Julho de 2003, em consequência das obrigações previstas na Directiva n.º 1999/31/CE,
de 26 de Abril, relativa à deposição de resíduos em aterros, transposta para o direito nacional através do Decreto-Lei
n.º 152/2002, de 23 de Maio.
Planos e Estratégias
Plano Estratégico de Resíduos sólidos Urbanos (PERSU II) . 6 . 1
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Prevenção da Produção de Resíduos
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PERSU Plano Estratégico de Resíduos Sólidos Urbanos
Parte das orientações estratégicas definidas no PERSU II emanam do Plano de Intervenção de Resíduos Sólidos
Urbanos e Equiparados, aprovado pelo Despacho n.º 454/2006 (II Série), de 9 de Janeiro, no âmbito do qual foram
diagnosticados os principais problemas inerentes à gestão dos RSU e identificados eixos de intervenção, medidas e
acções a concretizar pelos diversos agentes do sector, com destaque para os Sistemas Intermunicipais e Multimuni-
cipais de gestão de RSU.
A estratégia vertida no presente Plano implicará um investimento e um esforço de todos os agentes envolvidos,
designadamente ao nível da implementação de melhores práticas de gestão de RSU, entendido como indispensável
para atingir desafios, como os da prevenção da produção, da maximização da reciclagem e da minimização da depo-
sição em aterro.
O âmbito do PERSU II assenta em 2 pilares:
> A reavaliação da estratégia nacional de gestão dos resíduos sólidos urbanos (RSU) – na sequência da monitoriza-
ção do PERSU I - face à actual situação de referência, nomeadamente a produção de resíduos, as infra-estruturas
de valorização e eliminação, assim como os meios de gestão, no contexto de uma análise de custo-eficácia das solu-
ções, a par da sua sustentabilidade;
> O enquadramento legal da gestão de resíduos, tendo em conta as orientações da política, a nível nacional e
comunitário.
Como resultado do enquadramento efectuado, podem eleger-se como linhas orientadoras estratégicas essenciais do
presente Plano:
> Reduzir, reutilizar, reciclar;
> Separar na origem;
> Minimizar a deposição em aterro;
> “Waste to Energy” para a fracção “resto” (não reciclável);
> “Protocolo de Quioto”: compromisso determinante na política de resíduos;
> Informação validada a tempo de se poderem tomar decisões;
> Estratégia de Lisboa: Sustentabilidade dos sistemas de gestão.
Para concretização das referidas linhas orientadoras estratégicas preconizam-se cinco Eixos de Actuação que devem
estruturar e consubstanciar a estratégia do PERSU II, no período de 2007 a 2016:
> Eixo I – Prevenção: Programa Nacional;
Ao nível da redução da quantidade dos resíduos produzidos e,
Ao nível da redução da perigosidade dos resíduos.
> Eixo II – Sensibilização/Mobilização dos cidadãos.
> Eixo III - Qualificação e optimização da gestão de resíduos;
Optimização dos Sistemas de Gestão de RSU por via de um processo de reconfiguração e integração;
Sustentabilidade dos Sistemas de Gestão de RSU;
Envolvimento dos Sistemas de Gestão de RSU na prossecução da estratégia;
Reforço dos Sistemas ao nível de infra-estruturas e equipamentos necessários a uma gestão integrada dos resíduos;
Reforço da Reciclagem (valorização material);
Reforço da investigação e do marketing no domínio da reciclagem;
Estabelecimento de critérios de qualidade para os materiais reciclados, composto e CDR / CSR;
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Abertura ao mercado da gestão das infra-estruturas de tratamento dos resíduos, para além das recolhas selectiva
dee indiferenciada.
> Eixo IV – Sistema de Informação como pilar de gestão dos RSU;
Optimização dos recursos disponíveis para o processamento de informação estatística sobre resíduos;
Promoção de formas mais expeditas de recolha, validação e divulgação da informação estatística sobre resíduos.
> Eixo V – Qualificação e optimização da intervenção das entidades públicas no âmbito da gestão de RSU;
Simplificação dos procedimentos de licenciamento das instalações de gestão de RSU, ao abrigo da Directiva-Qua-
dedro “Resíduos” e do Programa SIMPLEX;
Reforço da Fiscalização/Inspecção pelos organismos competentes;
Reforço da Regulação.
Referência legal
Decreto-Lei n.º 366-A/97, de 20 de Dezembro (alte-
rado pelo Decreto-Lei n.º 162/2000, de 27 de Julho
e pelo Decreto-Lei n.º 92/2006, de 25 de Maio) que
transpõe para o direito nacional a Directiva n.º 94/62/
CE do Parlamento e do Conselho, de 20 de Dezembro
de 1994, relativa a embalagens e resíduos de embala-
gens (e respectivas alterações).
Metas
Objectivos Macro de Gestão de RSU em Portugal
> Metas a cumprir por Portugal em 2011:
Valorização total de RE:> 60%
Reciclagem total de RE: 55-80%
Reciclagem de RE de vidro:> 60%
Reciclagem de RE de papel e cartão:> 60%
Reciclagem de RE de plástico:> 22,5%
Reciclagem de RE de metais:> 50%
Reciclagem de RE de madeira:> 15%
Decreto-Lei n.º 152/2002, de 23 de Maio que transpõe
para o direito nacional a Directiva n.º 1999/31/CE do
Conselho, de 26 de Abril de 1999, relativa à deposição
de resíduos em aterros.
> Meta a cumprir em Janeiro 2006:
Os RUB destinados a aterros devem ser reduzidos para
75% da quantidade total (em peso) de RUB produzidos
em 1995.
> Meta a cumprir em Janeiro 2009:
Os RUB destinados a aterros devem ser reduzidos para
50% da quantidade total (em peso) de RUB produzidos
em 1995.
> Meta a cumprir em Janeiro 2016:
Os RUB destinados a aterros devem ser reduzidos para
35% da quantidade total (em peso) de RUB produzidos
em 1995.
* RE: Resíduos de Embalagens; RUB: Resíduos Urbanos Biodegradáveis
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Os objectivos presentes no PERSU só se poderão alcançar se todos os intervenientes estiverem envolvidos na con-
cretização das medidas a que estão associados. Em particular, considera-se que as seguintes entidades têm espe-
ciais responsabilidades na aplicação deste plano:
> A ANR, as CCDR, o IRAR e a IGAOT;
> Os sistemas multimunicipais e intermunicipais e os próprios municípios;
> As entidades gestoras de fluxos de resíduos;
> A ANMP e a EGF;
> O gestor do POA/QREN;
> A comissão de acompanhamento do PERSU II.
* Exercício 2 . 7
(manual de exercícios)
INTERVENIENTES EIXO I
Administração Central
Sistemas Plurimunicipais
Sociedades Gestoras dos Fluxos
ANMP e EGF
Gestor POA / QREN
Comissão de acompanhamento do PERSU II
EIXO II EIXO III EIXO IV EIXO V
R *
P
P
P
P
R *
P
P
P
P
R *
P
P
P
P
P
R *
P
P
R *
P – Participante; R – Responsável pelo eixo; * ANR
Quadro 4 > Cruzamento dos intervenientes em cada um dos eixos
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Objectivos
No final deste capítulo os formandos deverão ser capazes de:
1. Compreender a definição de RI, RIP e RIB;
2. Identificar as diferentes tipologias de RI;
3. Identificar a situação actual de produção de RI em Portugal;
4. Conhecer os requisitos legais aplicáveis à gestão de RI e suas condicionantes operacionais;
5. Conhecer as condições de armazenamento e transporte de RI identificadas na legislação em vigor;
6. Identificar as opções de valorização e tratamento de RI existentes actualmente e as respectivas vantagens e des-
deivantagens de cada opção;
7. Identificar as soluções existentes de eliminação e destino final de RI;
8. Apresentar medidas de prevenção da produção de RI;
9. Reter a importância e aplicabilidade de planos estratégicos desenvolvidos (PESGRI e PNAPRI).
> Resíduos Industrial (RI)
> Resíduos Industriais Perigosos (RIP)
> Resíduos Industriais Banais (RIB)
> Resíduos Industriais Inertes
> CIRVER
> Confinamento Técnico
> Incineração
> SIRER
> PESGRI
> PNAPRI
Palavras-Chave
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Enquadramento Legal
. 1
3. 1. 2
Diploma
Decreto-Lei n.º 516/99, de 2 de Dezembro
Decreto-Lei n.º 89/2002, de 9 de Abril
Decreto-Lei n.º 3/2004, de 3 de Janeiro
Decreto-Lei n.º 178/2006, de 5 de Setembro
Portaria n.º 1408/2006, de 18 de Dezembro
Portaria n.º 320/2007, de 23 de Março
Âmbito
Aprova o Plano Estratégico de Gestão dos Resíduos
Industriais (PESGRI 99)
Revê o PESGRI 99, passando a nova versão do referido
plano a designar-se PESGRI 2002
Consagra o regime jurídico do licenciamento da insta-
lação e da exploração dos centros integrados de recu-
peração, valorização e eliminação de resíduos perigo-
sos, adiante designados por CIRVER
Estabelece o regime geral da gestão de resíduos
Aprova o Regulamento de Funcionamento do Sistema
Integrado de Registo Electrónico de Resíduos (SIRER)
Altera a Portaria nº 1408/2006, de 18 de Dezembro,
que aprovou o Regulamento de Funcionamento do Sis-
tema Integrado de Registo Electrónico de Resíduos
(SIRER)
Definição e Caracterização de Resíduos Industriais
. 2
Segundo o Decreto-Lei n.º 178/2006, de 5 de Setembro, resíduo industrial (RI) é o resíduo gerado em processos pro-
dutivos industriais, bem como o que resulta das actividades de produção e distribuição de electricidade, gás e água.
Trata-se, pois, de uma classificação pela origem dos resíduos.
Pelo mesmo diploma, entende-se por resíduo qualquer substância ou objecto de que o detentor se desfaz ou tem
a intenção ou a obrigação de se desfazer, nomeadamente os identificados na Lista Europeia de Resíduos. Isto é, são
RI as substâncias produzidas na indústria, de que esta se tenciona desfazer, classificáveis segundo a LER. São exem-
plos de resíduos, na sequência da produção industrial:
> Indústria extractiva:
> Resíduos de extracção e preparação de matérias-primas, tais como resíduos de exploração mineira;
> Resíduos de processos industriais, tais como escórias ou resíduos de destilação;
> Indústria de transformação (processamento):
> Resíduos de maquinagem ou acabamento, tais como aparas de torneamento e fresagem;
> Substâncias que se tornaram impróprias para utilização, tais como ácidos contaminados, solventes contaminados
ou sais de têmpera esgotados;
51
52
> Indústria de transformação (controlo da qualidade do produto):
> Produtos que não obedeçam às normas aplicáveis;
> Produtos fora de validade;
> Indústria de transformação (controlo de poluição):
> Resíduos de processo anti-poluição, tais como lamas de lavagem de gás, poeiras de filtros de ar ou filtros usados;
> Manutenção e limpeza:
> Matérias acidentalmente derramadas, perdidas ou que sofreram qualquer acidente, incluindo quaisquer matérias
ou equipamentos contaminados na sequência do incidente em causa;
> Matérias contaminadas ou sujas na sequência de actividades deliberadas, tais como, entre outros, resíduos de ope-
rações de limpeza, materiais de embalagem ou recipientes;
> Elementos inutilizáveis, tais como baterias e catalizadores esgotados.
No entanto, apesar da definição detalhada, o significado dado a resíduos pode ter diferentes interpretações. Para a
indústria, o conceito pode ser polémico, devido à possível confusão entre o que é classificável como resíduo e o que é
sub-produto. Esta matéria tem sido discutida e espera-se que brevemente ocorram alterações.
LER Lista Europeia de Resíduos
Os RI são agrupados em três categorias principais tendo em conta as suas características químicas e físicas:
Resíduos Industriais Perigosos (RIP);
Resíduos Industriais Banais (RIB);
Resíduos Industriais Inertes.
O Decreto-Lei n.º 178/2006, de 5 de Setembro, define resíduos perigosos como os resíduos que apresentam, pelo
menos, uma característica de perigosidade para a saúde ou para o ambiente, nomeadamente, os identificados como
tal na Lista Europeia de Resíduos. Isto é, são todos os resíduos que, em função das suas características intrínse-
cas de inflamabilidade, corrosibilidade, reactividade, toxicidade ou patogenicidade, apresentam riscos para a saúde
pública ou o meio ambiente. Exemplos são os óleos lubrificantes usados, alguns solventes e tintas, baterias, resíduos
contaminados com PCB, entre outros.
Os Resíduos Industriais Banais são todos aqueles que não abrangidos pela definição de RIP, e que apresentam
algum modo de degradação. Os RIB são aqueles que podem apresentar características de combustibilidade, biode-
gradabilidade ou solubilidade em água, com possibilidade de acarretar riscos à saúde pública ou ao meio ambiente,
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Tipologias de Resíduos Industriais
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não se enquadrando nas classificações de perigosos ou inertes. Por exemplo, resíduos de papel, plásticos e vidro cor-
rente, quando não contaminados por substâncias perigosas.
Os Resíduos Inertes são os resíduos que não sofrem transformações físicas, químicas ou biológicas importantes e,
em consequência, não podem ser solúveis nem inflamáveis nem ter qualquer outro tipo de reacção física ou química,
e não podem ser biodegradáveis, nem afectar negativamente outras substâncias com as quais entrem em contacto
de forma susceptível de aumentar a poluição do ambiente ou prejudicar a saúde humana, e cujos lixiviabilidade total,
conteúdo poluente e ecotoxicidade do lixiviado são insignificantes e, em especial, não põem em perigo a qualidade
das águas superficiais e ou subterrâneas. São exemplos os resíduos inertes de construção e demolição.
RIP Resíduos Industriais Perigosos
RIB Resíduos Industriais Banais
Além dos resíduos já apresentados, o sector industrial também origina outros tipos de resíduos gerados em acti-
vidade complementares como as cantinas e os serviços clínicos. Os primeiros, desde que a sua produção diária
não exceda 1100 litros, podem ser equipados a resíduos urbanos e os segundos recebem a designação de resíduos
hospitalares.
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Produção de Resíduos Industriais em Portugal
. 4
Os dados de produção de RI e RIP em Portugal são escassos. Os dados disponíveis resultam do PNAPRI 2001, onde
é possível obter os dados correspondentes a cada categoria (Quadro 5).
PNAPRI Plano Nacional de Prevenção de Resíduos Industriais
INDÙSTRIAS RI
Metalurgia e Metalomecânica
Têxtil
Borracha e Recauchutagem de Pneus
Curtumes
Industrias Gráficas e Transformação de Papel
Madeira e Mobiliário
Químico
Tintas, Vernizes e Colas
Tratamentos de Superfície
Calçado
Material Eléctrico e Electrónico
Indústria Marítima
Cortiça
Lacticíneos
Pedras Naturais
Óleos Vegetais, Derivados e Equiparados
Papel e Cartão
Cerâmica
Protecção das Plantas
TOTAL
RIP
1 379 591
210 922
15 857
77 963
93 084
656 068
73 116
31 150
15 635
196 860
145 059
156 025
65 609
4 078 449
13 953 957
7 026
60 335
428 293
512
21 645 511
37 996
526
99
11
4 639
22 944
57 239
2 117
926
679
5 221
7 183
75
211
711
970
14
251
83
141 897
De seguida, apresenta-se um quadro resumo dos sectores de actividade com maior produção de RI banais e inertes e
RIP em Portugal.
RI banais e inertesIndústria alimentar e de bebidas
Pedreiras
Indústrias de madeira
Fabricação de produtos minerais não metálicos
Extracção de minérios metálicos (minas)
RIPIndústria química
Metalomecânica
Metalúrgicas de base
Produção de material de transporte
Refinarias
Celuloses e papeleiras
Fabricação de veículos
Reciclagem
Indústrias extractivas
Quadro 5 > Quantidade de resíduos industriais e resíduos industriais perigosos, em toneladas
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Operações sobre os Resíduos Industriais
. 5
O novo regime jurídico para a gestão de resíduos, Decreto-Lei n.º 178/2006, considera que a necessidade de minimi-
zar a produção de resíduos e de assegurar a sua gestão sustentável se transformou numa questão de cidadania, com
responsabilidades partilhadas por todos os envolvidos no ciclo de vida dos produtos.
A estratégia nacional e europeia no que respeita aos resíduos em geral, e em especial aos RI, aponta para a neces-
sidade da sua gestão proporcionar uma elevada protecção do ambiente sem que, contudo, isso afecte o desenvolvi-
mento económico e social.
A responsabilidade de gestão do resíduo é do produtor, enquanto constitui uma parte integrante do seu ciclo de vida.
Caso não seja possível identificar o produtor de resíduo, a responsabilidade recai sobre o seu detentor.
A responsabilidade é sempre do produtor enquanto não lhe for possível a transmissão do resíduo para um opera-
dor licenciado de gestão de resíduos, ou pela sua transferência para entidades responsáveis por sistemas de gestão
de fluxos de resíduos.
As operações de gestão de resíduos consistem na recolha, transporte, armazenamento, tratamento, valorização e no
destino final dos resíduos recolhidos.
Muitas indústrias em Portugal optam por fazer contratos com empresas de gestão de resíduos. Este tipo de
empresa pode ser apenas uma intermediária no processo, transferindo os resíduos para uma entidade que faz o tra-
tamento ou enviando-os para o destino final, ou pode mesmo possuir armazenamentos temporários, tratamentos e
destinos finais adequados para os resíduos.
Para as diferentes operações de gestão de resíduos estão estabelecidos na legislação os requisitos de licenciamento.
Fazem parte da Lista de operadores de Gestão de Resíduos, licenciados pelo INR, operadores para as seguintes
actividades:
> Armazenagem temporária de resíduos perigosos;
> Tratamento físico-químico de resíduos perigosos;
> Gestão de óleos usados;
> Tratamento de resíduos contendo prata;
> Gestão de resíduos de papel;
> Gestão de resíduos de plástico;
> Gestão de resíduos de vidro;
> Gestão de resíduos de têxteis;
> Gestão de resíduos de metais ferrosos e não ferrosos;
> Valorização de óleos e gorduras alimentares;
> Gestão de resíduos de equipamentos eléctricos e electrónicos e valorização de consumíveis informáticos;
> Descontaminação de equipamentos contendo PCB;
> Valorização de pneus usados;
> Gestão de resíduos inertes;
> Gestão de resíduos diversos.
. 4
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Recomenda-se que o produtor de resíduos estabeleça um Programa de Gestão de Resíduos que contemple as
seguintes etapas:
1. Etapa: inventário dos resíduos gerados com referência à sua origem, quantidade, caracterização e classificação
dos resíduos (perigosos, não perigosos, inertes, …);
2. Etapa: procedimentos a serem adoptados na segregação, recolha, classificação, armazenamento, acondiciona-
mento, transporte, reutilização, reciclagem, recuperação, tratamento e deposição final, conforme a sua classificação
e indicando os locais onde essas actividades serão implementadas;
3. Etapa: acções preventivas e correctivas a serem aplicadas no caso de situações de manuseamento incorrecto ou
acidentes;
4. Etapa: atribuição de responsabilidades, nomeadamente a um técnico habilitado responsável pela gestão;
5. Etapa: plano de melhorias que contemple a prevenção.
. 5
. 5 . 1 Armazenamento e Transporte
Os resíduos gerados nas actividades industriais devem ser segregados para que não ocorra a contaminação de resí-
duos de naturezas diferentes, assim como a mistura de resíduos incompatíveis ou reactivos.
A empresa deve adequar a recolha ao seu layout e tipo de produção de forma a não prejudicar a produtividade e a
segurança com a recolha de resíduos adoptada.
No armazenamento temporário pretende-se acondicionar adequadamente os resíduos para evitar vazamentos,
misturas, contaminações e acidentes. O acondicionamento deve ser efectuado com o uso de recipientes construídos
com materiais compatíveis com os resíduos. Estes devem ser estanques, fisicamente resistentes e duráveis. Os tipos
de acondicionamento mais usuais são:
> Contentores;
> Tambor metálico;
> Bidões plásticos e metálicos;
> Tanque big bag;
> Sacos plásticos.
Os recipientes devem estar identificados, assim como o espaço de armazenamento, de forma a facilitar o rastrea-
mento e acompanhamento do inventário. A área de armazenagem deve ser preferencialmente coberta, fechada e
ventilada, com chão de betão ou outro material impermeabilizante, se o resíduo a ser armazenado for perigoso.
O armazenamento temporário nas empresas que originam os resíduos ou nas operadoras de resíduos são alterna-
tivas para pequenas quantidades recolhidas ou enquanto se procuram melhores soluções. Existem unidades em
Portugal que efectuam o armazenamento temporário de resíduos perigosos e não perigosos, tendo em vista a sua
posterior valorização ou eliminação. No entanto, podem-se criar problemas sérios com estes armazenamentos,
nomeadamente com aqueles que estão em condições inadequadas por períodos de tempo demasiado longos, sendo
de realçar os perigos de incêndio e derrames com contaminação dos solos e cursos de água.
O transporte de resíduos requer uma licença específica para o transporte de mercadorias em função da perigosidade dos
materiais em causa (transporte de mercadorias ou transporte de substâncias perigosas), no âmbito do transporte rodoviário.
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O estabelecimento de regras para o transporte de RI é essencialmente gerido pela Portaria n.º 335/97, de 16 de
Maio, ao abrigo do artigo 13.º do Decreto-Lei n.º 310/95, de 20 de Novembro. Para o caso dos resíduos a transpor-
tar se encontrarem abrangidos pelos critérios de classificação de mercadorias perigosas, o seu transporte é também
abrangido pelo Regulamento Nacional do Transporte de Mercadorias Perigosas por Estrada (RPE).
As principais regras de transporte constantes da Portaria n.º 335/97, de 16 de Maio, são as seguintes:
> O transporte de resíduos só pode ser feito por entidades autorizadas, em condições ambientalmente adequadas e
com a garantia que o seu destinatário está autorizado a recebê-los;
> O transporte de resíduos que se encontrarem abrangidos pelos critérios de classificação de mercadorias perigosas,
previstos no RPE, o produtor, o detentor e o transportador estão obrigados ao cumprimento desse Regulamento.
RPE Regulamento Nacional do Transporte de Mercadorias Perigosas por Estrada
O transporte rodoviário de resíduos apenas pode ser realizado por:
> O produtor de resíduos;
> As diferentes entidades licenciadas para a gestão de resíduos;
> As empresas licenciadas para o transporte rodoviário de mercadorias por conta de outrem, nos termos do Decreto-
Lei n.º 366/90, de 24 de Novembro.
Todos os transportes de resíduos devem fazer-se acompanhar da Guia de acompanhamento de resíduos em geral
(modelo A da guia de acompanhamento de resíduos), que corresponde ao impresso exclusivo da Imprensa Nacional
- Casa da Moeda n.º 1428, deve ser feita em triplicado e observar os seguintes procedimentos:
> O produtor ou detentor deve preencher convenientemente o campo 1 dos três exemplares da guia de acompanha-
mento e verificar o preenchimento, pelo transportador do campo 2, retendo um dos exemplares da guia de acompa-
nhamento preenchidos;
> O transportador deve fazer acompanhar os resíduos dos dois exemplares da guia de acompanhamento na sua
posse, verificar o preenchimento, pelo destinatário, do campo 3 dos dois exemplares, retendo o seu exemplar para os
seus arquivos, e fornecer ao destinatário dos resíduos o exemplar restante;
> O destinatário dos resíduos deve, após recepção dos resíduos, preencher o campo 3 dos dois exemplares na posse
do transportador e reter o seu exemplar para os seus arquivos, fornecer ao produtor ou detentor, no prazo de 30 dias,
uma cópia do seu exemplar.
O produtor ou detentor, o transportador e o destinatário dos resíduos devem manter em arquivo os seus exemplares
da guia de acompanhamento por um período de cinco anos.
. 5 . 1
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3
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Valorização e Tratamento . 5 . 2
Esgotadas as possibilidades de prevenção na produção de RI, a hipótese seguinte é a sua valorização por reintrodu-
ção no ciclo produtivo ou na produção de energia.
Conforme a natureza dos resíduos (perigosos, banais, equiparados a urbanos ou inertes) e as suas característi-
cas (reciclável, com poder calorífico, …) assim se podem conceber destinos de valorização para os RI. No entanto,
outras condicionantes podem não tornar viáveis os destinos concebidos. Limitações como as infra-estruturas exis-
tentes, a logística, a dimensão e a valorização feita pelo mercado condicionam as opções. Quando não se revelar viá-
vel qualquer forma de valorização, surge a terceira alternativa que consiste no tratamento com posterior deposição
em aterro.
Valorização: As operações que visem o reaproveitamento dos resíduos
A legislação proíbe destinos como:
> O abandono no ambiente;
> A descarga em águas interiores de superfície, águas subterrâneas, águas costeiras e sistemas de esgotos;
> A queima em condições não controladas;
> Outras práticas prejudiciais ao ambiente e saúde humana.
Os destinos praticados em Portugal para os RI são os seguintes:
> A valorização interna ou valorização noutras empresas;
> A incineração;
> O aterro;
> O armazenamento temporário;
> A exportação.
> Valorização interna ou noutras empresas
Uma das alternativas que se coloca é a valorização do resíduo como se de uma nova matéria-prima se tratasse. Sis-
temas de utilização dos resíduos de uma empresa como matéria-prima de outra empresa, que se adoptarem, tomam
agora nova dinâmica face ao aumento de custos dos destinos finais para os resíduos. Reduzem-se deste modo os
resíduos a que é necessário dar destino por nova integração no ciclo económico.
O prolongamento de vida dos materiais permite obter uma diminuição do nível de recursos explorados, com a con-
sequente diminuição dos impactes ambientais e dos custos associados à gestão de resíduos e obtenção das maté-
rias-primas. É de esperar que as empresas tenham resíduos ou subprodutos do seu processo que possam eventual-
mente ser valorizados noutras indústrias, assim como é expectável que haja procura nesse sentido.
> CIRVER
Com vista a implementar uma solução alternativa para os RIP, foram criados os CIRVER, Centros Integrados de
Recuperação, Valorização e Eliminação de Resíduos Perigosos, através do D.L. n.º 3/2004, de 3 de Janeiro.
Os CIRVER pretendem ser unidades integradas que conjuguem as melhores tecnologias disponíveis a custos com-
portáveis, permitindo viabilizar uma solução específica para cada tipo de resíduo, de forma a optimizar as condições
de tratamento e a minimizar os custos do mesmo.
Um CIRVER inclui as seguintes unidades de recuperação, valorização e eliminação de resíduos perigosos:
> Unidade de classificação (incluindo laboratório, triagem e transferência);
> Unidade de estabilização (de cinzas volantes, lamas de tratamento de efluentes gasosos e de águas residuais e
resíduos da valorização de solventes e óleos usados);
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> Unidade de tratamento de resíduos orgânicos (como sais e soluções contendo compostos orgânicos, resíduos con-
tendo hidrocarbonetos e solventes usados);
> Unidade de valorização de embalagens contaminadas (fito-sanitárias, produtos petrolíferos, tintas e vernizes);
> Unidade de descontaminação de solos;
> Unidade de tratamento físico-químico;
> Aterro de resíduos perigosos.
CIRVER: Centros Integrados de Recuperação, Valorização e Eliminação de Resíduos Perigosos
Os CIRVER conseguem intervir na maioria das tipologias dos RIP, conduzindo à sua redução e valorização e à sua
posterior utilização como matéria-prima no mesmo processo ou em processo de fabrico diferente. Os resíduos que
não possam ser sujeitos a processos físico-químicos e biológicos, na totalidade ou em parte, podem ser submetidos
a operações de estabilização ou inertização antes de serem depositados em aterro, para redução significativa da sua
quantidade e perigosidade.
Ainda não está concluído qualquer processo de licenciamento destas unidades.
Tratamento físico-químico
As soluções com tratamentos físico-químicos destinam-se à gestão de alguns fluxos específicos de resíduos perigo-
sos, como é o caso dos óleos usados, banhos de revelação e fixação contendo metais preciosos, bem como de alguns
tipos de resíduos líquidos perigosos, nomeadamente efluentes alcalinos/cianetos, ácidos/crómicos, ácidos sem cró-
mio, que são já alvo de tratamento físico-químico. Alguns destes tratamentos destinam-se a inertização de resíduos
perigosos para só posteriormente serem colocados em aterros. Podem também ser tratamentos de recuperação de
propriedades.
Eliminação e Destino Final . 5 . 3
Embora seja considerada a última opção a ter em conta, um dos destinos possíveis para os RI perigosos e não peri-
gosos é a deposição em aterros específicos. Os aterros deverão ser de iniciativa privada, cabendo ao Estado a respon-
sabilidade de autorizar a sua implantação e construção.
De acordo com o disposto no Decreto-Lei n.º 152/2002, de 23 de Maio, os aterros para resíduos não perigosos des-
tinam-se à deposição de resíduos não perigosos de qualquer outra origem, que não a urbana, desde que os mes-
mos correspondam aos critérios de admissão de aterros para resíduos não perigosos, definidos no Anexo III desse
diploma.
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Face à insuficiência de infra-estruturas adequadas para o tratamento e deposição de RIB e principalmente RIP, uma
solução correntemente adoptada é a exportação. Embora a orientação politica seja para a construção de soluções de
auto-suficiência, a solução de exportação terá sempre se ser considerada para certas situações, como por exemplo,
resíduos que exigem tratamento especial.
. 5 . 3
Designação Localização
CITRI
RESILEI
Aterro de Resíduos não Perigosos de Castelo
Branco
RIBTEJO
Aterro de Resíduos não Perigosos de Beja
Capacidade (t / ano)
60 000
25 000
25 000
25 000
16 000
Setúbal
Leiria
Castelo Branco
Chamusca
Beja
Registos de Produção . 5 . 4
O preenchimento obrigatório dos Mapas de Registo de Resíduos Industrias (MRRI) pelas entidades com actividade
industrial, nos termos do preceituado no artigo 17.º do Decreto-Lei n.º 239/97, de 9 de Setembro, e na Portaria n.º
792/98, de 22 de Setembro, foi substituído pelo registo no Sistema Integrado de Registo Electrónico de Resíduos
(SIRER), de acordo com o definido no Decreto-Lei n.º 178/2006, de 5 de Setembro e na Portaria 1408/2006, de 18 de
Dezembro.
SIRER Sistema Integrado de Registo Electrónico de Resíduos
Face à revogação da Portaria n.º 792/98, de 22 de Setembro, não existe então a obrigatoriedade de envio em for-
mato de papel dos mapas publicados no diploma supra mencionado e estão sujeitos ao registo no SIRER (art. 48º do
Decreto-Lei n.º 178/2006, de 5 de Setembro):
> Os produtores de resíduos não urbanos que no acto da sua produção empreguem pelo menos 10 trabalhadores;
> Os produtores de resíduos urbanos cuja produção diária exceda 1100 l;
> Os produtores de resíduos perigosos;
> Os operadores de gestão de resíduos;
> As entidades responsáveis pelos sistemas de gestão de resíduos;
> Os operadores que actuem no mercado de resíduos;
> Os operadores e as operações de gestão de resíduos hospitalares.
Os operadores de gestão de resíduos acima mencionados, que se encontrem já em actividade desde 1 de Dezembro,
inclusive, estão vinculados à inscrição no SIRER no prazo de 90 dias úteis a contar daquela mesma data.
De igual modo os demais utilizadores devem proceder ao registo no SIRER no prazo de 30 dias úteis a contar da
data de início da respectiva actividade.
Quadro 6 > Aterros licenciados para receber RIB
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3. 5 . 3. 5 . 4. 6
O procedimento de pedido de inscrição assenta no preenchimento de um formulário electrónico disponibilizado no
Portal do INR.
Os mapas de registo relativos ao ano de 2006 devem ser preenchidos até ao dia 31 de Maio de 2007. Para os anos
seguintes os mapas de registo devem ser preenchidos até ao termo do mês de Março seguinte a cada ano.
Prevenção da Produção de Resíduos
. 6
Na hierarquia de preferências no tratamento de resíduos, a primeira prioridade consiste em evitar a sua produção. Se
não for possível evitar, então deve-se reduzir tanto a sua toxicidade quanto a sua quantidade gerada. A reintrodução
dos resíduos gerados no processo produtivo, quando possível, é também um método de redução. Tratam-se de abor-
dagens preventivas, sendo as decisões tomadas essencialmente sobre o processo de concepção dos produtos e/ou
dos processos de produção.
O Plano Nacional de Prevenção de Resíduos Industriais (PNAPRI) foi concebido para ser um instrumento para as
empresas industriais incluírem a eco-eficiência como parte integrante do sistema de gestão da qualidade total,
adquirindo vantagens competitivas em mercados de exigência crescente. Segundo esta óptica, o domínio de actua-
ção foi estabelecido ao nível do processo produtivo, reduzindo a quantidade e/ou perigosidade dos resíduos através
da implementação de tecnologias menos poluentes e da adopção de boas práticas na produção de forma a evitar os
resíduos.
Este Plano é uma base importante de informação para os empresários, uma vez que, conjuntamente com o PNA-
PRI, foram elaborados Guias Técnicos especialmente dirigidos aos vários sectores de actividade que se encontram
disponíveis para consulta no portal do INR.
Guias Técnicos:
Guias 1.ª Fase
> Curtumes
> Têxtil
> Madeira e Mobiliário
> Tintas, Vernizes e Colas
> Químico
> Calçado
> Borracha e Recauchutagem de Pneus
> Metalurgia e Metalomecânica
> Tratamentos de Superfície
> Industrias Gráficas e Transformação de Papel
Guias 2.ª Fase
> Material Eléctrico e Electrónico
> Indústria Marítima
> Cortiça
> Lacticínios
> Pedras Naturais
> Óleos Vegetais, Derivados e
Equiparados
> Papel e Cartão
> Cerâmica
> Protecção das Plantas
Guias 3.ª Fase
> Petróleos e Petroquímica
> Produção de Energia
61
Em 1999, foi adoptado um Plano para os Resíduos Industriais, publicado pelo Decreto-Lei n.º 516/99, de 2 de Dezem-
bro, que aprova o Plano Estratégico de Gestão dos Resíduos Industriais (PESGRI 99), onde estão definidos os princí-
pios estratégicos a que deve obedecer a gestão de resíduos, no território nacional. Este Plano foi objecto de duas revi-
sões, uma em 2000 e outra em 2001.
O PESGRI assenta em princípios fundamentais, tendo como base a hierarquia das opções de gestão estabelecida
na Estratégia Comunitária de Gestão de Resíduos adoptada por Resolução do Conselho de Ministros da União Euro-
peia de 24 de Fevereiro de 1997, e que preconiza preferencialmente a prevenção, seguida de reutilização, reciclagem,
valorização e a deposição como destino final, esgotadas as outras soluções.
Para concretização destes princípios, existem diversas acções e medidas conducentes aos objectivos pretendi-
dos como seja a promoção de tecnologias menos poluentes, na óptica da prevenção, e de instrumentos de gestão
ambiental que incentivem a utilização de práticas de gestão de resíduos no respeito por aquela hierarquia.
O PESGRI 2001 resulta da alteração do PESGRI 1999 e justifica-se pela integração de aspectos importantes, tais
como:
> Melhor definição do âmbito, face à articulação deste plano com outros já existentes;
> Actualização da situação de referência de acordo com os dados disponíveis mais recentes, relativos a 1999, e que
incluem o apuramento nas Regiões Autónomas da Madeira e Açores;
> Aprofundamento da caracterização do sector de actividade de gestão de resíduos face à sua importância neste
contexto;
> Consolidação da estratégia de prevenção preconizada no plano Nacional de Prevenção de Resíduos Industrias
(PNAPRI);
> Abordagem mais detalhada dos locais potencialmente contaminados, na perspectiva da elaboração de um inventá-
rio nacional de locais contaminados;
> Sistematização das melhores opções de tratamento, em respeito pela hierarquia de gestão e avaliação de um
cenário adequado à tipologia dos resíduos produzidos em 1999;
> Melhor definição e aprofundamento da caracterização dos fluxos de resíduos especiais resultantes da actividade
industrial;
> Explicitação dos instrumentos legais e financeiros necessários à articulação das diferentes políticas.
O programa político estabelece, no domínio do Ambiente, uma clara linha de actuação em matéria de gestão de resí-
duos, particularmente para os resíduos industriais perigosos, centrada na prevenção da sua produção e na promoção
e desenvolvimento das opções de reutilização e reciclagem, garantindo um nível elevado de protecção da saúde e do
ambiente.
PESGRI Plano Estratégico de Gestão dos Resíduos Industriais
Esta estratégia assenta em seis princípios fundamentais:
> Conhecer, em permanência, a sua quantidade e características;
> Minimizar a sua produção na origem;
> Promover a instalação - por fileira - de unidades de reutilização ou reciclagem;
> Utilizar tecnologias de tratamento integradas e complementares que privilegiem a sua reutilização e reciclagem;
> Promover a eliminação do passivo ambiental;
> Garantir, tendencialmente, a auto-suficiência do País.
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Planos e Estratégias
. 7 . 1Plano Estratégico de Gestão dos Resíduos Industriais (PESGRI)
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A aplicação destes princípios permitirá, por seu turno, a criação de um sistema integrado de tratamento de resí-
duos industriais, que contemple os seguintes componentes: inventariação permanente, acompanhamento e con-
trolo do movimento dos resíduos, redução dos resíduos que necessitam de tratamento e destino final, constituição
de uma bolsa de resíduos e construção de centros integrados de recuperação, valorização e eliminação de resíduos
(CIRVER).
O texto integral do Plano Estratégico dos Resíduos Industriais (PESGRI) pode ser consultado no portal do Insti-
tuto dos Resíduos (www.inresiduos.pt).
3. 7. 7 . 1. 7 . 2
. 7 . 1
. 7 . 2Plano Nacional de Prevenção de Resíduos Industriais (PNAPRI)
O Plano Nacional de Prevenção de Resíduos Industriais, designado por PNAPRI foi elaborado para o período 2000-
2015, no contexto do Plano Estratégico de Gestão de Resíduos Industriais (PESGRI), constante do anexo ao Decreto-
Lei nº 516/99, de 2 de Dezembro, como parte integrante da estratégia de gestão prioritária dos resíduos industriais a
médio/longo prazo.
É um instrumento de planeamento da Administração Pública e também de todos os agentes económicos, objecti-
vado prioritariamente para a redução da perigosidade e quantidade dos resíduos industriais, não só pela aplicação de
medidas e tecnologias de prevenção aos processos produtivos inseridos na actividade industrial (incluindo a valoriza-
ção energética interna dos resíduos produzidos), mas também, através da mudança do comportamento e da atitude
dos agentes económicos e dos próprios consumidores.
O PNAPRI tem um âmbito de actuação que se restringe aos sistemas produtivos, ficando, portanto, excluídas a reci-
clagem e a reutilização e outras vias de valorização de resíduos fora destes sistemas. A sua elaboração assentou
essencialmente em dois conjuntos de pressupostos:
> A realidade nacional em termos de prevenção (caracterizada por um atraso significativo, relativamente a países
mais desenvolvidos) e os desafios que vão ser colocados às empresas a médio/longo prazo, dada a inevitabilidade
dos seus processos de fabrico se virem a condicionar aos princípios ligados à eco-eficiência e à sustentabilidade;
> Os factores que podem inibir ou incentivar as empresas a adoptar estes conceitos na sua estratégia de negócio.
O PNAPRI consta de dois volumes, correspondendo o Volume I ao Plano propriamente dito e o Volume II contém os
dados essenciais que caracterizam os primeiros 10 sectores industriais analisados. Desenvolve-se por 23 medidas
ligadas a 4 grupos (Informação, Cultura Empresarial, Acção Governativa e Mercado e Sociedade), devendo ser mate-
rializado entre o período de 2000 a 2015.
O impacte esperado do PNAPRI é o de que, ao longo dos próximos anos, a quantidade e a perigosidade dos resí-
duos resultantes da actividade industrial evoluam tendencialmente para uma redução relativa, mas variável de sec-
tor para sector, atenuando ou mesmo anulando, em alguns sectores, o efeito de crescimento da produção industrial.
No caso específico de 10 sectores primeiramente analisados, a projecção de quantitativos de resíduos industriais
aponta para uma redução relativa de cerca de 20%, tanto para a totalidade dos resíduos industriais, como para os
resíduos industriais perigosos.
PNAPRI Plano Nacional de Prevenção de Resíduos Industriais
63
O Plano disponibiliza guias que constituem ferramentas técnicas a disponibilizar às empresas, contendo informação
de diferente natureza, nomeadamente sobre as tecnologias e/ou medidas de prevenção potencialmente aplicáveis no
processo produtivo, incluindo, sempre que possível, a previsão das consequências em termos económicos e ambien-
tais que daí resultam.
Os sectores são diversos e incluem: Curtumes, Têxtil, Madeira e Mobiliário, Tintas, Vernizes e Colas, Químico, Cal-
çado, Borracha e Recauchutagem de Pneus, Metalurgia e Metalomecânica, Tratamentos de Superfície, Industrias
Gráficas e Transformação de Papel, Material Eléctrico e Electrónico, Indústria Marítima, Cortiça, Lacticínios, Pedras
Naturais, Óleos Vegetais, Derivados e Equiparados, Papel e Cartão, Cerâmica, Protecção das Plantas, Petróleos e
Petroquímica e Produção de Energia.
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. 7 . 2
* Exercício . 3 . 8
(manual de exercícios)
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Objectivos
No final deste capítulo os formandos deverão ser capazes de:
1. Compreender a definição de RA e Resíduo Fitofarmacêutico;
2. Identificar a situação actual de produção de RA em Portugal;
3. Conhecer os requisitos legais aplicáveis à gestão de RA e de Resíduos Fitofarmacêuticos e suas condicionantes
DEoperacionais;
4. Indicar os impactes ambientais provocados por RA;
5. Conhecer as condições de armazenamento e transporte de RA identificadas na legislação em vigor;
6. Identificar as opções de valorização e tratamento de RA existentes actualmente e as respectivas vantagens e
DEdesvantagens de cada opção;
7. Identificar as soluções existentes de eliminação e destino final de RA;
8. Apresentar medidas de prevenção da produção de RA;
9. Compreender a importância da valorização agrícola de lamas;
10. Identificar os requisitos legais que regem a valorização agrícola de lamas;
11. Reter a importância e aplicabilidade de planos estratégicos desenvolvidos (PERAGRI)
> Resíduos Agrícola (RA)
> Compostagem
> Digestão Anaeróbia
> Lixiviação
> ETAR
> Biogás
> Estrume
> Chorume
> Lamas
> Biodegradável
> SIRER
> PERAGRI
Palavras-Chave
70
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Enquadramento Legal
. 1
De acordo com o Decreto-Lei n.º 178/2006, de 5 de Setembro, são considerados resíduos agrícolas os provenientes
de exploração agrícola e/ou pecuária ou similar. No que se refere aos tipos de resíduos provenientes da actividade
agrícola, estes abrangem uma variedade alargada de categorias e incluem:
> Restos de produções não retiradas (fruta, hortícolas, etc.);
> Resíduos vegetais, provenientes da actividade agrícola e florestal;
> Resíduos de produtos animais;
> Dejectos de animais (estercos, resíduos provenientes de suiniculturas, etc.);
> Cadáveres de animais e restos orgânicos (derivados de aviculturas e outras explorações animais);
> Resíduos plásticos;
> Resíduos de embalagens (pesticidas e produtos agrícolas, embalagens de madeira para acondicionamento dos pro-
dutos e outras);
> Resíduos provenientes da maquinaria agrícola;
> Outros resíduos.
4. 1. 2
Diploma
Decreto-Lei n.º 118/2006, de 21 de Junho
Âmbito
Estabelece o regime a que obedece a utilização de
lamas de depuração em solos agrícolas. Revoga
o Decreto-Lei n.º 446/91, de 22 de Novembro, a
Portaria n.º 176/96, de 3 de Outubro, a Portaria
n.º 177/96, de 3 de Outubro, e o Despacho Con-
junto n.º 309-G/2005, de 19 de Abril, do Ministé-
rio das Cidades, Administração Local, Habitação e
Desenvolvimento Regional, e da Agricultura, Pes-
cas e Floresta e do Ambiente e Ordenamento do
Território.
Definição e Classificação de Resíduos Agrícolas
. 2
71
A evolução das actividades agrícola e agropecuária em sistemas de produção intensiva e a mudança de hábitos
tem levado à existência de excedentes de RA, ao uso de maciço de fertilizantes e de outros produtos químicos e ao
excesso da produção de estrume a partir de excrementos animais. O abandono da apanha de mato por parte das
populações, com destino ao aquecimento doméstico e à cama dos animais tem originado biomassa florestal exce-
dente, que contribui para a propagação e maior dimensão dos fogos florestais.
Estes resíduos, que tradicionalmente eram reintegrados no ciclo da natureza, compreendem grandes quantidades
e larga variedade de compostos orgânicos e inorgânicos, responsáveis pela poluição orgânica e inorgânica dos ecos-
sistemas terrestres e aquáticos, constituindo um grave problema de contaminação nos países civilizados, ainda não
resolvido.
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Os principais agentes produtores deste tipo de resíduos são os seguintes:
> Indústria;
> Indústria Agro-Alimentar;
> Indústria de Catering;
> Indústria de Rações;
> Explorações Agrícolas;
> Aviários;
> Suinicultura;
> Estufas;
< Exploração Florestal;
> Outras.
Os últimos dados disponíveis relativos aos tipos e quantidades de resíduos provenientes da actividade agrícola são
disponibilizados no PERAGRI, onde foi efectuado uma caracterização e diagnóstico da situação actual em termos de
produção e gestão dos resíduos agrícolas com base em informação decorrente da adopção de diversas metodologias
de recolha, selecção e avaliação de informação. Para efeitos de caracterização e diagnóstico procedeu-se a uma aná-
lise por CAE, que estão apresentados no Quadro 7.
Impactes Ambientais
Produção de Resíduos Agrícolas em Portugal
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4. 3. 4
CAE
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55 **
Designação
Agricultura, produção animal, caça e actividades dos serviços relacionados
Silvicultura, exploração florestal e actividades dos serviços relacionados
Pesca, aquacultura e actividades dos serviços relacionados
Indústrias alimentares e das bebidas
Alojamento e restauração (restaurantes e similares)
* Especificamente CAE 151, 152, 15310, 15320, 15331, 15411, 15412, 15510, 15893, 15930, 15940, 15950
** Especificamente CAE 55520
PERAGRI Plano Estratégico de Resíduos Agrícolas
O Quadro 8 apresenta a estimativa, referenciada a 2002 para as CAE 01 e 02 e 2004 para as CAE 05, 15 e 55, dos
quantitativos de resíduos agrícolas não perigosos e perigosos produzidos em Portugal Continental.
CAE
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02
05
15
55
TOTAL
RANP * RAP RA ** % RA da CAE para o total de RA de Portugal
Quantidade (t)
25 791 789
936 107
26 116
836 812
30 365
27 623 189
50 988
178
2
37 175
914
89 257
25 842 777
936 285
26 118
875 987
31 279
27 712 446
93.25
3.38
0.09
3.16
0.11
100
* RANP Resíduos Agrícolas Perigosos
** RA Resíduos Agrícolas Não Perigosos
Quadro 7 > Actividades abrangidas pelo PERAGRI
Quadro 8 > Produção de RA em Portugal continental
73
Operações sobre os Resíduos Agrícolas
. 5
Na definição de uma Estratégia de Gestão, as questões consideradas fundamentais enquadram-se na estratégia
geral dos resíduos:
> A prevenção da produção de resíduos;
> As formas de gestão interna para agentes produtores;
> A valorização da componente reaproveitável e o tratamento e destino final.
Como os RA incluem uma vasta gama de resíduos provenientes de diversas actividades, torna-se essencial analisar
cada caso consoante a origem dos resíduos.
A actividade agro-pecuária é constituída pela agricultura e pela criação de animais. A agricultura é uma actividade
em grande evolução e cuja produção, muito dependente dos avanços tecnológicos, baseia-se nas técnicas de irriga-
ção, conservação do solo, correcção química e controlo da qualidade. A criação de animais é uma actividade que se
desenvolve de três formas: extensiva, semi-intensiva e intensiva, as quais têm relação directa com o impacte pro-
vocado sobre o meio ambiente. A agro-pecuária, na sua gestão, insere-se como o ramo de actividade geradora de
impactes ambientais em virtude da produção de resíduos orgânicos e químicos, pelo que é essencial considerar a
produção de resíduos, como os estrumes e chorumes dos animais, águas sujas e lixiviados.
Os chorumes são constituídos por uma mistura de fezes, urina e água, com quantidades diminutas de material uti-
lizado para a cama dos animais, como palha e fenos (teor de resíduo seco de cerca de 10%). Os estrumes são cons-
tituídos por fezes, urina e quantidades significativas de material utilizado para a cama dos animais (teor de resíduo
seco na ordem dos 25%).
As actividades florestais têm uma importância significativa em Portugal, sendo que cerca de 38% do território
nacional está coberto por floresta, constituindo um potencial de matéria-prima a explorar. A definição de biomassa
está descrita no Decreto-Lei n.º 178/2006, de 5 de Setembro, como os produtos que consistem, na totalidade ou em
parte, numa matéria vegetal proveniente da agricultura ou da silvicultura, que pode ser utilizada como combustível
para efeitos de recuperação do seu teor energético, bem como os resíduos a seguir enumerados quando utilizados
como combustível:
> Resíduos vegetais provenientes da agricultura e da silvicultura que não constituam biomassa florestal ou agrícola;
> Resíduos vegetais provenientes da indústria de transformação de produtos alimentares, se o calor gerado for
recuperado;
> Resíduos vegetais fibrosos provenientes da produção de pasta virgem e de papel se forem co-incinerados no local
de produção e o calor gerado for recuperado;
> Resíduos de cortiça;
> Resíduos de madeira, com excepção daqueles que possam conter compostos orgânicos halogenados ou metais
pesados resultantes de tratamento com conservantes ou revestimento, incluindo, em especial, resíduos de madeira
provenientes de obras de construção e demolição.
No mesmo diploma, a biomassa florestal está definida como a matéria vegetal proveniente da silvicultura e dos des-
perdícios de actividade florestal, incluindo apenas o material resultante das operações de condução, nomeadamente
de desbaste e de desrama, de gestão de combustíveis e da exploração dos povoamentos florestais, como os ramos,
bicadas, cepos, folhas, raízes e cascas.
A indústria agro-alimentar constitui uma das grandes fontes produtoras de sub-produtos com elevados teores de
matéria orgânica para os quais não se encontra, frequentemente, destino. É possível mencionar os excedentes de
fruta e vegetais presentes durante todo o ano nos mercados e áreas comerciais.
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Armazenamento e Transporte . 5 . 1
4. 5. 5 . 1. 5 . 2
Os RA, desde a altura de produção até ao momento em que são valorizadas, podem ser sujeitos a perdas maiores ou
menores de nutrientes, diminuindo o seu valor agronómico e contribuindo para a poluição do ambiente. Nesse sen-
tido é essencial que se minimize tais perdas e, para isso, torna-se necessário atender a alguns cuidados durante a
fase de armazenamento/transporte. Para isso, a triagem e o acondicionamento dos resíduos deverão ter lugar junto
do local de produção facilitando e permitindo deste modo o destino adequado dos resíduos produzidos consoante as
suas características.
Inicialmente é preciso atender ao dimensionamento da capacidade das instalações de armazenamento, onde há que
ter em conta:
> A produção diária total de RA (efluentes, chorumes/estrumes, excedentes de fruta,…);
> O período de armazenamento capaz de assegurar a utilização desses RA, que varia consoante as condições cli-
máticas da região, das culturas e tipo de solo. No caso de estrumes bastará considerar um período de 3-4 meses,
enquanto que para os chorumes torna-se necessário alargar esse período para 5-6 meses.
É importante ter especial cuidado na concepção e construção das fossas e dos tanques de recolha e armazenamento
de chorumes, de forma a assegurar a impermeabilidade das paredes e dos pavimentos e, assim reduzir os riscos de
fugas com os inconvenientes daí resultantes.
Por questões de segurança e facilidade de gestão é aconselhável que a capacidade de cada tanque ou fossa de
armazenamento de chorume não exceda os 5 000 m3, sendo preferível que se situe entre os 2 000 e 3 000 m3,
enquanto que para os estrumes é aconselhável que as pilhas não excedam os dois metros de altura.
Os resíduos provenientes das actividades agro-florestais podem ser valorizados por:
> Compostagem;
> Digestão Anaeróbia.
A compostagem é um processo biológico aeróbio (na presença de oxigénio) que ocorre na natureza, sem a interven-
ção do homem, em que a matéria orgânica (excrementos de animais, restos de plantas) se decompõe dando origem
a um material semelhante ao húmus – o composto. É um processo eficaz de reciclagem da fracção putrescível dos
resíduos sólidos, com vantagens económicas, pela produção do composto, aplicável na agricultura (não está sujeito a
lixiviação, ao contrário dos adubos químicos), óptimo para a contenção de encostas e para o combate da erosão, etc.
A compostagem permite a decomposição da matéria orgânica facilmente degradável, de modo a evitar fenómenos
de competição e de fitotoxicidade quando se aplica o composto ao solo e, simultaneamente, tirar partido da elevação
da temperatura e de antagonismos microbianos para a destruição dos microrganismos patogénicos. Pode ser apli-
cada ao tratamento da fracção orgânica dos RSU recolhida separadamente, a lamas de estações de tratamento de
águas residuais urbanas (ETAR) ou resíduos orgânicos resultantes da actividade agrícola e agropecuária.
ETAR Estação de Tratamento de Águas Residuais
Valorização e Tratamento . 5 .2
75
A digestão anaeróbia é um processo bioquímico que permite a formação de biogás ou metano (CH4). Esta reac-
ção decorre na total ausência de oxigénio, sendo realizada por diversos tipos de bactérias, sendo o grupo de bacté-
rias metanogénicas o mais importante. Estas bactérias são obrigatoriamente anaeróbias e extremamente sensíveis a
alterações do meio, como temperatura e pH.
O biogás é uma mistura gasosa combustível, produzida através da digestão anaeróbia, ou seja, pela biodegradação
de matéria orgânica pela acção de bactérias na ausência de oxigénio. É um processo natural que ocorre em pântanos,
lagos e rios, sendo uma parte importante do ciclo bio-geoquímico do carbono. Mas quando é produzido na natureza, o
biogás não pode ser utilizado como fonte de energia. Por acção do Homem, a formação de biogás ocorre em aterros
sanitários, estações de tratamento anaeróbio de efluentes ou digestores de resíduos rurais. Nestes locais, a matéria
orgânica presente nos resíduos é degradada numa atmosfera isenta de oxigénio, onde vivem as bactérias anaeróbias
que, aliando outras condições favoráveis como temperatura, humidade e pH, produzem naturalmente o biogás.
A produção de biogás é possível a partir de diversos resíduos orgânicos, como dejectos de animais, RSU, resíduos
agrícolas, efluentes industriais e plantas aquáticas. Nesse caso, quando a digestão anaeróbia é realizada em diges-
tores especialmente dimensionados, a mistura gasosa produzida pode ser usada como combustível, o qual, além
de seu alto poder calorífico, de não produzir gases tóxicos durante a queima e de ser uma óptima alternativa para o
aproveitamento do lixo orgânico, ainda deixa como resíduo um lodo que é um excelente biofertilizante.
Biogás: Mistura de gases, com preponderância de gás metano e dióxido de carbono, resultante da digestão anaeróbia
de resíduos orgânicos
A opção a considerar será, necessariamente, condicionada por um conjunto de critérios, nomeadamente:
> Resíduos produzidos na situação actual;
> Estimativa futura da produção de resíduos;
> Localização geográfica;
> Avaliação das unidades de valorização existentes.
O tratamento adequado para os resíduos provenientes da actividade agro-pecuária é a reciclagem orgânica. Depois
da redução da quantidade ou eliminação dos poluentes, incluindo microrganismos patogénicos (tratamento térmico,
tendo em vista a esterilização e desidratação), os produtos poderão ser utilizados como fertilizantes na actividade
agrícola e contribuir, desta forma, para o aumento da produtividade aliado à redução da incorporação de fertilizantes
convencionais e preservação da fertilidade do solo. Os efluentes provenientes das explorações pecuárias transpor-
tam uma elevada carga orgânica e de nutrientes, em função da espécie pecuária, da idade e regime alimentar, con-
tendo também uma vasta gama de microorganismos do trato digestivo dos animais, alguns patogénicos. A aplica-
ção de efluentes tratados deverá ser racional e controlada e de acordo com as regras recomendadas pelas normas
vigentes, de forma a garantir a qualidade do ambiente.
Os resíduos da indústria agro-alimentar normalmente são encaminhados para o sistema de recolha de resíduos sóli-
dos urbanos e processados pelos mesmos sistemas, como aterro, mas devido ao elevado potencial para o processo
de digestão anaeróbia e compostagem, com vista à produção de biogás e fertilizante, este cenário começa a sofrer
alterações. Nesse sentido, já estão definidos destinos ambientalmente aceitáveis, como a distribuição em escolas, a
valorização orgânica dos resíduos de fruta por compostagem e digestão anaeróbia e transformação em álcool con-
centrado. Convém referir que em Portugal já começam a surgir algumas soluções no campo da valorização orgânica
e digestão anaeróbia, como a Lipor e a Valorsul.
. 5 . 2
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Eliminação e Destino Final
Em Portugal não se verifica a generalização de níveis elevados de intensificação agrícola como em outros países
europeus, facto que pode ser encarado como uma vantagem na perspectiva da conservação da natureza. No entanto,
e ao contrário do que se verifica nos restantes países europeus, nas zonas do país onde se pratica uma agricultura
mais intensiva, a consciencialização dos agricultores quanto à necessidade de promover a correcta gestão dos res-
pectivos resíduos e quanto às responsabilidades que lhes cabem nesse processo, é reduzida ou nula.
A gestão integrada dos resíduos agrícolas constitui um problema incontornável uma vez que não existe um ade-
quado planeamento das soluções de gestão, sendo que estes resíduos apresentam como destino final a queima a
céu aberto ou são enterrados no solo. Estas práticas devem ser combatidas e evitadas, não só porque são soluções
ilegais, mas também porque provocam graves impactes no ambiente.
O preenchimento obrigatório dos Mapas de Registo de Resíduos Industrias (MRRI) pelas entidades com actividade
industrial, nos termos do preceituado no artigo 17.º do Decreto-Lei n.º 239/97, de 9 de Setembro, e na Portaria n.º
792/98, de 22 de Setembro, foi substituído pelo registo no Sistema Integrado de Registo Electrónico de Resíduos
(SIRER), de acordo com o definido no Decreto-Lei n.º 178/2006, de 5 de Setembro e na Portaria 1408/2006, de 18 de
Dezembro.
SIRER Sistema Integrado de Registo Electrónico de Resíduos
Face à revogação da Portaria n.º 792/98, de 22 de Setembro, não existe então a obrigatoriedade de envio em for-
mato de papel dos mapas publicados no diploma supra mencionado e estão sujeitos ao registo no SIRER (art. 48º do
Decreto-Lei n.º 178/2006, de 5 de Setembro):
> Os produtores de resíduos não urbanos que no acto da sua produção empreguem pelo menos 10 trabalhadores;
> Os produtores de resíduos urbanos cuja produção diária exceda 1100 l;
> Os produtores de resíduos perigosos;
> Os operadores de gestão de resíduos;
> As entidades responsáveis pelos sistemas de gestão de resíduos;
> Os operadores que actuem no mercado de resíduos;
> Os operadores e as operações de gestão de resíduos hospitalares.
Os operadores de gestão de resíduos acima mencionados, que se encontrem já em actividade desde 1 de Dezembro,
inclusive, estão vinculados à inscrição no SIRER no prazo de 90 dias úteis a contar daquela mesma data.
De igual modo os demais utilizadores devem proceder ao registo no SIRER no prazo de 30 dias úteis a contar da
data de início da respectiva actividade.
O procedimento de pedido de inscrição assenta no preenchimento de um formulário electrónico disponibilizado no
Portal do INR.
Os mapas de registo relativos ao ano de 2006 devem ser preenchidos até ao dia 31 de Maio de 2007. Para os anos
seguintes os mapas de registo devem ser preenchidos até ao termo do mês de Março seguinte a cada ano.
. 5 .3
4. 5 . 2. 5 . 3. 5 . 4
Registos de produção . 5 .4
77
Prevenção da Produção de Resíduos
. 6
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É importante racionalizar a gestão dos subprodutos da actividade agro-florestal para minimizar, tanto quanto pos-
sível, a produção de RA. Desta forma, deve-se investir na prevenção da produção de resíduos, sobretudo ao nível da
concepção dos produtos, utilizando apenas os materiais necessários a garantir o uso a que o produto se destina.
No entanto, e apesar da existência de algumas indefinições observadas no tocante à regulamentação específica
para o fluxo Resíduos Agrícolas, diversos factores induzem desde já a necessidade dos agricultores alterarem as
actuais práticas de gestão, nomeadamente:
> A legislação nacional referente à gestão de resíduos proíbe algumas das actuais práticas expeditas de eliminação
de resíduos agrícolas e centra a responsabilidade pelo destino final dos resíduos no detentor dos resíduos;
> Exigências de mercado, onde existe uma pressão dos consumidores relacionada com a qualidade do produto e com
a adopção pelos produtores de práticas agrícolas consentâneas com a protecção ambiental.
Deste modo a adopção de boas práticas de gestão de resíduos ao nível das explorações assume-se como fundamen-
tal para a competitividade da própria agricultura portuguesa no exigente mercado comunitário.
Uma solução para a efectivação das responsabilidades dos agricultores na gestão dos seus resíduos consiste na
implementação de um Plano de Gestão de Resíduos ao nível da exploração.
Valorização Agrícola de Lamas
. 7
As lamas são produzidas nas Estações de Tratamento de Águas Residuais (ETAR), domésticas ou industriais, em
quantidades significativas e constituem, geralmente, um problema para a entidade gestora da estação.
As lamas apresentam características físicas, químicas e bacteriológicas muito variadas consoante o tipo de
efluente tratado e os processos de tratamento a que são sujeitas, pelo que se torna necessário o seu encaminha-
mento para destino adequado.
As lamas podem representar um importante recurso renovável se puderem ser aplicadas no solo como fonte de
nutrientes para correcção de pH e/ou melhoria das características físicas e para a correcção de níveis topográficos
do solo. Para garantir que quantidades significativas de resíduos passíveis de valorização não tenham como destino a
eliminação, nomeadamente através da deposição em aterro, e tendo em atenção o potencial de valorização agrícola
de determinados resíduos, tais como lamas resultantes de estações de tratamento de águas residuais, designada-
mente como fertilizantes, considera-se que deverá ser fomentada a sua valorização agrícola.
Por outro lado, se apresentarem concentrações elevadas de determinadas substâncias perigosas, que podem ter
efeitos de toxicidade nas espécies biológicas do solo, terão de ser encaminhadas para deposição em aterro ou trata-
das por processos adequados. Antes da sua aplicação final, as lamas devem, preferencialmente, ser:
> Estabilizadas, com o objectivo de se reduzir o seu poder de fermentação, responsável pela produção de gases e
odores;
> Reduzidas em volume, para facilitar o seu manuseamento, transporte e armazenamento;
> Purificadas para eliminar o máximo de microrganismos patogénicos e elementos tóxicos.
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ETAR Estações de Tratamento de Águas Residuais
Em termos de destino final as lamas produzidas em ETAR podem ser depositadas em aterro.
Princípios e normas de valorização agrícola de lamas
A valorização agrícola de lamas só poderá ser efectuada em estrito cumprimento da legislação em vigor sobre
a matéria e mediante licenciamento pelas Direcções Regionais da Agricultura e parecer positivo das respectivas
Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional. O Decreto-Lei n.º 118/2006, de 21 de Junho, estabelece
o regime a que obedece a utilização de lamas de depuração em solos agrícolas, transpondo para a ordem jurídica
nacional a Directiva 86/278/CEE do Conselho de 12 de Julho, relativa à valorização agrícola de lamas de depuração,
de forma a evitar efeitos nocivos para o homem, para a água, para os solos, para a vegetação e para os animais e a
promover a sua correcta utilização. O Decreto-Lei n.º 118/2006 impõe, no seu conjunto, uma série de regras para a
aplicação das lamas na agricultura, nomeadamente no que respeita a:
> Tipo de lamas que podem ser utilizadas em solos agrícolas;
> Tipo de solo agrícola;
> Quantidade de lamas a aplicar, anualmente, por hectare;
> Distância dos locais de aplicação a povoações, escolas, etc;
> Obrigatoriedade de realização de análises às lamas e aos solos, sendo fixados valores limite de concentração de
metais pesados nos solos e nas lamas, entre outros parâmetros;
> Imposição de valores limite para as quantidades anuais de metais pesados que podem ser introduzidos nos solos
cultivados, com base numa média de 10 anos;
> Proibição de uma série de práticas, ao nível da valorização agrícola de lamas;
> Procedimento a que deve obedecer o processo de licenciamento das operações de valorização agrícola de lamas;
> Dever de fornecer, por parte dos produtores de lamas e dos operadores de gestão de resíduos, uma série de infor-
mações aos seus utilizadores de lamas em solos agrícolas.
O mesmo Decreto-Lei refere que, como lamas de depuração passíveis de valorização agrícola, entende-se: lamas
provenientes de ETAR urbanas ou outras ETAR de águas residuais de composição similar às águas residuais domés-
ticas e urbanas, lamas de fossas sépticas e de outras instalações similares para o tratamento de águas residuais e
lamas provenientes de ETAR de actividades agro-pecuárias.
No Anexo I do Decreto-Lei n.º 118/2006 são fixados os valores limite para a concentração de metais pesados nos
solos receptores de lamas e nas lamas para utilização na agricultura, quantidades máximas que poderão ser intro-
duzidas anualmente nos solos agrícolas e outros parâmetros a analisar em determinados tipos de lamas (tais como,
lamas produzidas por ETAR urbanas que recebam águas residuais de outras origens para além da doméstica), desig-
nadamente compostos orgânicos e dioxinas, incluindo os respectivos valores limite de concentração.
No Anexo II do referido Decreto-Lei constam a frequência das análises das lamas destinadas à agricultura e dos
solos, os parâmetros a analisar, os métodos de amostragem e análise, assim como as normas de referência.
O pedido de licenciamento para valorização agrícola de lamas deve ser apresentado na Direcção Regional da Agricul-
tura territorialmente competente, em duplicado, instruído de acordo com o definido no Modelo de Requerimento con-
forme Anexo III do Decreto-Lei nº 118/2006.
4. 6. 7
79
O Plano Estratégico de Resíduos Agrícolas - PERAGRI, de iniciativa conjunta do INR e do MADRP (Ministério da Agri-
cultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas), foi desenvolvido tendo em conta o sector agrícola na sua dupla ver-
tente: a de produtor e a de destinatário de resíduos.
Este plano constitui um elemento adicional do actual quadro normativo no âmbito dos resíduos e também um fac-
tor adicional para a dinamização de orientações e estratégias para a sustentabilidade. O seu objectivo é optimizar a
gestão de resíduos agrícolas no território nacional, valorizando os recursos naturais e protegendo os ecossistemas e
a saúde pública. O âmbito do Plano contempla as actividades tuteladas em território nacional continental pelo Minis-
tério da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas e que, na sua maioria, se referem a actividades agríco-
las, florestais, agro-industriais e pecuárias.
Os resíduos não constituem uma incomodidade, mas na verdade, representam uma oportunidade efectiva para a
criação de valor e para impulsionar o tecido social nele envolvido. Neste sentido, as actividades agrícolas, florestais,
agro-industriais e pecuárias podem ser agentes da mudança para um novo modelo de gestão dos resíduos, ou seja,
contribuir para a produção dos bens necessários para a sociedade assegurando a máxima incorporação de recursos
renováveis.
PERAGRI Plano Estratégico de Resíduos Agrícolas
O Relatório Técnico do Plano Estratégico dos Resíduos Agrícolas, elaborado em conjunto pelo Instituto Superior de
Agronomia e pela Universidade do Minho, está organizado em três volumes, a saber:
> Volume I: Sumário Executivo
> Volume II: CAE 01 e CAE 02
01 - Agricultura, Produção Animal, Caça e actividades dos serviços relacionados;
02 - Silvicultura, Exploração Florestal e actividades dos serviços relacionados.
> Volume III: CAE 05, CAE 15 e CAE 55
05 - Pesca, Aquacultura e actividades dos serviços relacionados;
15 - Indústrias Alimentares e das Bebidas;
55 - Alojamento e Restauração (restaurantes e similares).
> Problemas diagnosticados
Áreas temáticas às quais se associam os principais problemas, comuns ou específicos, inerentes à gestão dos resí-
duos agrícolas:
> Área da gestão ambiental e ecoeficiência: reduzida implementação de sistemas de gestão ambiental (CAE 01, 02,
05, 15 e 55); instabilidade da aplicação das Medidas Agro-Ambientais no contexto da Política Agrícola Comum (CAE
01 e 02); reduzido número de empresas com Licença Ambiental (CAE 05, 15 e 55);
> Área da gestão de resíduos e sustentabilidade: desconhecimento dos processos de gestão associados a alguns
resíduos (CAE 01, 02, 05, 15 e 55); envio para deposição de uma elevada percentagem de resíduos (CAE 05, 15 e 55);
reduzida disponibilidade de tecnossistemas habilitados a processar resíduos agrícolas (CAE 05, 15 e 55); fracção sig-
nificativa de resíduos perigosos (CAE 05, 15 e 55);
> Área da investigação e formação: reduzido índice de inovação nacional (CAE 01, 02, 05, 15 e 55); reduzido investi-
mento em I&D (CAE 01, 02, 05, 15 e 55);
> Área do conhecimento e participação: lacunas de informação relativa às denominadas “boas práticas agrícolas”
(CAE 01 e 02); lacunas de informação relativas à caracterização de resíduos gerados (CAE 05, 15 e 55);
> Área do quadro legal e institucional: quadro legal vasto e disperso; lacuna de enquadramento para definição de
“resíduo agrícola” (CAE 01, 02, 05, 15 e 55).
Planos e Estratégias
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Plano Estratégico dos Resíduos Agrícolas (PERAGRI) . 8 . 1
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CAE 01 e 02
> Promover o desenvolvimento sustentável, garantindo a satisfação das neces-
sidades do presente sem que a satisfação das necessidades das gerações futu-
ras sejam comprometidas, e simultaneamente, contribuir para a produção de
bens necessários, assegurando a máxima incorporação de recursos naturais.
> Incentivar atitudes e métodos que visem a gestão de resíduos na própria
exploração, nomeadamente ao nível do tratamento e valorização dos resíduos
orgânicos.
> Incentivar a criação de associações/organizações agrícolas e florestais e a
operacionalização de redes de transformação e comercialização dos produtos.
Linhas de orientação estratégica
Vector 1 Reforço da competitividade agro-florestal e sustentabilidade rural
> Assegurar a gestão integrada dos resíduos agrícolas, promovendo a integra-
ção da gestão noutras actividades sectoriais de gestão de resíduos.
> Permitir uma maior facilidade de utilização dos meios de gestão existentes.
Incentivar a recolha selectiva multimaterial por parte de entidades gestoras, de
modo a integrar alguns dos resíduos agrícolas no Sistema Integrado de Emba-
lagens e Resíduos de Embalagens.
> Fomentar a criação de instrumentos contabilísticos que evidenciem os custos
ambientais, os custos de gestão de resíduos e outros recursos inerentes às ope-
rações de gestão, permitindo avaliar as possíveis operações estratégicas.
Vector 2 Garantia da Sustentabilidade para a gestão de resíduos
> Promover a criação de sistemas de formação ambiental tanto dos agricultores/
produtores como dos quadros médios e superiores, sobretudo dos mais jovens.
> Fomentar o desenvolvimento experimental e a demonstração na agricultura,
sobretudo no que diz respeito à utilização de produtos fitofarmacêuticos (riscos)
ou a tecnologias de taxas de aplicação variáveis utilizadas em agricultura de
precisão (por exemplo).
Vector 3 Promoção de investigação, desenvolvimento e qualificação de recursos
> Promover a educação e realizar campanhas de sensibilização/informa-
ção sobre resíduos agrícolas, tendo em conta o princípio da responsabilidade
partilhada.
(>)
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CAE 01 e 02
Vector 4 Promoção da investigação, desenvolvimento e qualificação de recursos
> Promover a optimização e eficácia do quadro legal e institucional.
> Promover a actuação das entidades de licenciamento e fiscalização das nor-
mas aplicadas, nomeadamente ao cumprimento de Boas Práticas Agrícolas.
> Incentivar a criação de incentivos ambientais específicos adequados a cada
região agrária.
Vector 5 Ajustamento do quadro legal e institucional
CAE 05, 15 e 55
Vector 1 Reforço da competitividade agro-florestal e sustentabilidade
> Assegurar a gestão integrada dos resíduos agrícolas, promovendo a integra-
ção da gestão noutras actividades sectoriais de gestão de resíduos.
> Promover a sustentabilidade ambiental, económica e financeira das activi-
dades de gestão, como forma de garantir as melhores condições ambientais
futuras.
Vector 2 Garantia da sustentabilidade para a gestão de resíduos
> Promover o desenvolvimento sustentável, contribuir para a produção dos bens
necessários para a sociedade assegurando a máxima incorporação de recursos
renováveis.
> Promover a ecoeficiência.
> Promover o conhecimento, formação e investigação aplicada à gestão de resí-
duos agrícolas
Vector 3 Promoção da investigação, desenvolvimento e qualificação de recursos
> Promover a obtenção e divulgação de informação e incentivar a participação
pública no planeamento e gestão de resíduos agrícolas.
Vector 4 Conhecimento e participação pública
> Promover a optimização e eficácia do quadro legal e institucional
Vector 5 Ajustamento do quadro legal e institucional
. 8 . 1
* Exercício 4 . 9
(manual de exercícios)
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Objectivos
No final deste capítulo os formandos deverão ser capazes de:
1. Compreender a definição de RH;
2. Identificar a situação actual de produção de RH em Portugal;
3. Conhecer os requisitos legais aplicáveis à gestão de RH e suas condicionantes operacionais;
4. Indicar os impactes ambientais provocados por RH;
5. Conhecer as condições de armazenamento e transporte de RA identificadas na legislação em vigor;
6. Identificar as opções de valorização e tratamento de RH existentes actualmente e as respectivas vantagens e
DEdesvantagens de cada opção;
7. Identificar as soluções existentes de eliminação e destino final de RH;
8. Apresentar medidas de prevenção da produção de RH;
9. Desenvolver e implementar Programas de Gestão de RH;
10. Reter a importância e aplicabilidade de planos estratégicos desenvolvidos (PERH).
> Resíduo Hospitalar (RH)
> Biodegradável
> Risco Biológico
> Incineração
> Autoclavagem
> Microondas
> Desinfecção Química
> SIRER
> PERH
Palavras-Chave
Enquadramento Legal
. 1
5. 1
Diploma
Despacho n.º 242/96 do Ministério da Saúde, de 5 de
Julho
Portaria n.º 174/97, de 10 de Março
Portaria n.º 178/97, de 11 de Março
Despacho do Ministério da Justiça n.º 9/SEJ/97, de 22
de Abril
Portaria n.º 961/98, de 10 de Novembro
Decreto-Lei n.º 411/98, de 30 de Dezembro
Despacho Conjunto n.º 761/99, de 31 de Agosto
Portaria n.º 209/2004, de 3 de Março
Portaria n.º 1408/2006, de 18 de Dezembro
Portaria n.º 320/2007, de 23 de Março
Âmbito
Estabelece normas de gestão e classificação dos resí-
duos hospitalares
Estabelece as regras de instalação e funcionamento
de unidades ou equipamentos de valorização ou elimi-
nação de resíduos perigosos hospitalares, bem como
o regime de autorização da realização de operações
de gestão de resíduos hospitalares por entidades res-
ponsáveis pela exploração das referidas unidades ou
equipamentos
Aprova o modelo de Mapa de Registo de Resíduos
Aprova o regulamento de classificação e tratamento de
resíduos médico-legais Hospitalares
Estabelece os requisitos a que deve obedecer o pro-
cesso de autorização prévia das operações de armaze-
nagem, tratamento, valorização e eliminação de resí-
duos sólidos urbanos ou outro tipo de resíduos
Estabelece o regime jurídico relativo à remoção, trans-
porte, inumação, exumação, transladação e cremação
de cadáveres, bem como de alguns desses actos relati-
vos a ossadas, cinzas, fetos mortos e peças anatomias,
e ainda da mudança de localização de um cemitério
Aprova o Plano Estratégico de Gestão dos Resíduos
Hospitalares (PERH 99)
Aprova a lista que abrange todos os resíduos, desig-
nada por Lista Europeia de Resíduos (LER) e define a
operações de valorização e eliminação de resíduos
Aprova o Regulamento de Funcionamento do Sistema
Integrado de Registo Electrónico de Resíduos (SIRER)
Altera a Portaria nº 1408/2006, de 18 de Dezembro,
que aprovou o Regulamento de Funcionamento do Sis-
tema Integrado de Registo Electrónico de Resíduos
(SIRER)
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90
Definição e Caracterização de Resíduos Hospitalares
. 2
São considerados Resíduos Hospitalares (RH), de acordo com o artigo 3.º do Decreto-Lei n.º 178/2006, de 5 de
Setembro, “os resíduos resultantes de actividades médicas desenvolvidas em unidades de prestação de cuidados
de saúde, em actividades de prevenção, diagnóstico, tratamento, reabilitação e investigação, relacionada com seres
humanos ou animais, em farmácias, em actividades médico-legais, de ensino e em quaisquer outras que envolvam
procedimentos invasivos, tais como acupunctura, piercings e tatuagens.”
A evolução da percepção dos tipos e graus de risco inerentes aos resíduos hospitalares, a sua crescente produção e
complexidade de composição, o desenvolvimento de novos conceitos de gestão de resíduos, bem como o desenvolvi-
mento de novas tecnologias de tratamento, levaram à publicação do Despacho do Ministério da Saúde n.º 242/96, de
13 de Agosto. Este Despacho classificou os RH em quatro grupos distintos, sendo os resíduos objecto de tratamento
apropriado diferenciado consoante o grupo a que pertençam.
Os resíduos hospitalares podem ser agrupados consoante a sua perigosidade em quatro grupos:
> Grupos I e II, como resíduos não perigosos;
> Grupos III e IV, como resíduos perigosos.
Classificação dos RH segundo o Despacho n.º 242/96:
Grupo I
Resíduos equiparados a urbanos - não apresentam exigências especiais no seu tratamento
a) Resíduos provenientes de serviços gerais (como gabinetes, salas de reunião, salas de convívio, instalações sanitá-
rias, vestiários, etc.);
b) Resíduos provenientes de serviços de apoio (como oficinas, jardins, armazéns e outros);
c) Embalagens e invólucros comuns (como papel, cartão, mangas mistas e outros de idêntica natureza);
d) Resíduos provenientes das actividades de restauração e hotelaria, resultantes de confecção e restos de alimentos
servidos a doentes não incluídos no grupo III.
Grupo II
Resíduos hospitalares não perigosos - não estão sujeitos a tratamentos específicos, podendo ser equiparados a
urbanos
a) Material ortopédico: talas, gessos e ligaduras gessadas não contaminados e sem vestígios de sangue;
b) Fraldas e resguardos descartáveis não contaminados e sem vestígios de sangue;
c) Material de protecção individual utilizado nos serviços gerais de apoio, com excepção do utilizado na recolha de
resíduos;
d) Embalagens vazias de medicamentos ou de produtos de uso clínico ou comum, com excepção dos incluídos no
grupo III e no grupo IV;
e) Frascos de soros não contaminados, com excepção dos do grupo IV.
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Grupo III
Resíduos hospitalares de risco biológico - resíduos contaminados ou suspeitos de contaminação, susceptíveis de inci-
neração ou de outro pré-tratamento eficaz, permitindo posterior eliminação como resíduo urbano
a) Todos os resíduos provenientes de quartos ou enfermarias de doentes infecciosos ou suspeitos, de unidades de
hemodiálise, de blocos operatórios, de salas de tratamento, de salas de autópsia e de anatomia patológica, de pato-
logia clínica e de laboratórios de investigação, com excepção dos do grupo IV;
b) Todo o material utilizado em diálise;
c) Peças anatómicas não identificáveis;
d) Resíduos que resultam da administração de sangue e derivados;
e) Sistemas utilizados na administração de soros e medicamentos, com excepção dos do grupo IV;
f) Sacos colectores de fluidos orgânicos e respectivos sistemas;
g) Material ortopédico: talas, gessos e ligaduras gessadas contaminados ou com vestígios de sangue; material de
prótese retirado a doentes;
h) Fraldas e resguardos descartáveis contaminados ou com vestígios de sangue;
i ) Material de protecção individual utilizado em cuidados de saúde e serviços de apoio geral em que haja contacto
com produtos contaminados (como luvas, máscaras, aventais e outros).
Grupo IV
Resíduos hospitalares específicos - resíduos de vários tipos de incineração obrigatória
a) Peças anatómicas identificáveis, fetos e placentas, até publicação de legislação específica;
b) Cadáveres de animais utilizados em experiências laboratoriais;
c) Materiais cortantes e perfurantes: agulhas, cateteres e todo o material invasivo;
d) Produtos químicos e fármacos rejeitados, quando não sujeitos a legislação específica;
e) Citostáticos e todo o material utilizado na sua manipulação e administração.
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Produção de Resíduos Hospitalares em Portugal
As entidades e agentes produtores de RH abrangem não só a prestação de cuidados de saúde ao Homem, mas inclui
também o sector animal. As entidades ou agentes que desenvolvem actividades no sector da prestação de cuidados
podem ser de natureza pública ou privada, considerando-se, nomeadamente as seguintes:
> Unidades de saúde oficiais (englobam estabelecimentos hospitalares, centros de saúde e extensões de centros de
saúde, postos médicos e laboratórios);
> Unidades de saúde privadas (a diversidade, a dimensão e a distribuição espacial das actividades e estabelecimen-
tos, no sector privado, são ainda maiores, englobando, entre outros, clínicas, centros de enfermagem, laboratórios de
análises clínicas, farmácias e postos de medicamentos).
Os últimos dados de produção de RH em Portugal reportam a 2005 ao Relatório Resíduos Hospitalares 2005 da
Direcção Geral de Saúde – Divisão de Saúde Ambiental e estão apresentados no Quadro 9.
Quadro 9 > Produção total declarada de RH por grupos do Serviço
Regiões
9 170 668
4 810 942
24 951 481
1 693 492
544 515
41 171 098
TotalIV (kg)III (kg)I + II (kg)
3 098 598
2 327 884
6 074 477
285 285
273 564
12 059 808
483 872
307 099
557 609
48 662
39 501
1 436 743
12 753 138
7 445 925
31 583 567
2 027 439
857 580
54 667 649
Norte
Centro
Lisboa e Vale do Tejo
Alentejo
Algarve
Total
. 3
. 4
Cada unidade de saúde é responsável por uma correcta gestão de resíduos, sendo sua a responsabilidade pelo des-
tino final dos resíduos produzidos (artigo 5.º do Decreto-Lei n.º 178/2006, de 5 de Setembro).
A gestão deste tipo de resíduos requer uma atenção acrescida dada a natureza, perigosidade e consequentes
procedimentos de manipulação e tratamento diferenciados, não só dentro do espaço de produção como nas fases
seguintes realizadas fora da unidade de saúde.
Assim, e de acordo com as regras estabelecidas, podem enunciar-se três formas de gestão de RH por parte das uni-
dades prestadoras de cuidados de saúde:
> A unidade de saúde, como entidade proprietária e exploradora do equipamento de tratamento instalado, assegura a
gestão destes resíduos, desde a produção até ao destino final;
Gestão de Resíduos Hospitalares
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> A unidade de saúde, embora proprietária do equipamento de tratamento instalado, adjudica a sua exploração a ter-
ceiros, que asseguram as fases de tratamento e destino final. A operacionalidade da unidade de saúde, neste caso,
vai apenas da produção ao armazenamento;
> As unidades de saúde que não têm instalações de tratamento de RH adjudicam-no a uma entidade terceira, pública
ou privada, que assegura a sua gestão desde a recolha até ao destino final.
De acordo com o PERH – Plano Estratégico de Resíduos Hospitalares, é proposto um Programa de Gestão de RH nas
unidades de saúde que contempla as seguintes vertentes envolvidas:
> Vertente institucional: aspectos institucionais (de gestão, organização e funcionalidade das unidades de saúde);
> Vertente económico-financeira: quantificação de custos necessários (infra-estruturas, equipamentos, contratos
com entidades terceiras);
> Vertente técnica: aspectos relacionados com o planeamento, implementação e operacionalidade dos sistemas em
todas as suas fases, desde a produção até ao tratamento e destino final;
> Vertente sanitária: verificação e avaliação dos riscos reais e potenciais em todas as fases do processo, tendo em
conta as condições ambientais interiores da unidade de saúde, como também os grupos de risco (doentes, profissio-
nais de saúde, visitantes);
> Vertente dos recursos humanos: definição de responsabilidades, formação do pessoal e informação aos doentes e
visitantes.
Existe ainda a questão das unidades de pequenas dimensões e a elevada dispersão espacial por todo de país de uni-
dades deste tipo, como os centros de saúde e as suas extensões, os postos de saúde, centros de enfermagem, clí-
nicas médicas, consultórios, laboratórios e outras unidades prestadoras de cuidados de saúde a pessoas e animais.
Nestes casos, a gestão destes resíduos poderá ter várias vertentes devido à pequena quantidade de resíduos produ-
zida, mas deverá obedecer aos mesmos princípios e requisitos exigidos.
PERH Plano Estratégico de Resíduos Hospitalares
. 4 . 1Programa de Gestão de RH
Programa de Gestão de RH
Institucional Económico-financeira Técnica Sanitária Recursos humanos
. 4
5. 3. 4. 4 . 1
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Operações sobre os Resíduos Hospitalares
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As operações de gestão de RH são importantes a nível de todos os grupos de resíduos hospitalares, sendo de espe-
cial relevância para os resíduos dos grupos III e IV, pelos riscos acrescidos que apresentam e pela necessidade
de recorrer a tecnologias de tratamento específicas, tais como tratamento por meios físicos ou químicos, ou por
incineração.
As operações de gestão de RH resumem-se essencialmente a:
> Armazenamento e Transporte;
> Valorização e Tratamento;
> Eliminação e Destino Final.
O armazenamento, dentro da área afecta à unidade de prestação de cuidados de saúde, deve obedecer às seguintes
condições:
1. Cada unidade de prestação de cuidados saúde deve possuir um local de armazenagem específico para os resíduos,
que deverá estar devidamente sinalizado, e possuir condições estruturais e funcionais adequadas a limpeza e acesso
fáceis, em termos de movimentação de equipamento de recolha e transporte. A sua dimensão deve ser proporcional
ao volume de resíduos produzidos, ao tipo de equipamento utilizado para acondicionamento (contentores) e à periodi-
cidade de remoção, devendo, no entanto, a sua capacidade mínima corresponder a três dias de produção;
2. Os resíduos dos grupos I e II podem ser colocados em contentores adaptados ao sistema de recolha local dos
resíduos sólidos urbanos;
3. O local de armazenagem dos resíduos dos grupos III e IV deve possuir as características referidas no primeiro
ponto, devendo os contentores ser facilmente manuseáveis, resistentes, estanques, e caso sejam de uso múltiplo,
laváveis e desinfectáveis; Os resíduos do grupo III em recipientes de cor branca, com indicativo de risco biológico
e os resíduos do grupo IV em recipientes de cor vermelha com excepção dos materiais cortantes e perfurantes que
devem ser acondicionados em recipientes, contentores, imperfuráveis;
4. Caso se preveja que o período de armazenagem acima referido possa ser ultrapassado, o local deverá ter capaci-
dade até um máximo de sete dias, e possuir condições de refrigeração;
5. Nas situações em que no local de armazenagem seja efectuada a lavagem/desinfecção dos contentores, deverá
ser assegurada a ligação ao colector municipal/rede de drenagem hospitalar, no sentido de ser dado cumprimento ao
Decreto-lei nº 236/98, de 1 de Agosto, no que respeita à descarga de águas residuais;
6. Estas áreas ou instalações deverão também ser dotadas de equipamentos de protecção e luta contra incêndios.
A unidade de prestação de cuidados de saúde deve, ainda, dispor de condições que permitam proceder à triagem de
resíduos com vista à sua posterior valorização, ou seja, um conjunto de contentores para a colocação de determina-
das fileiras de resíduos, tais como papel e cartão, vidro, pilhas e baterias, mercúrio, metais ferrosos e não ferrosos,
plástico, etc.
Fileira: Designação técnica relativa aos materiais passíveis de serem reciclados contidos nos resíduos (ex. fileira do
vidro, do plástico, do metal, do papel e cartão)
Armazenamento e Transporte . 5 . 1
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O transporte dos resíduos desde a unidade de prestação de cuidados de saúde até uma unidade de tratamento ou
destino final deve ser efectuado de acordo com a Portaria n.º 335/97, de 16 de Maio. Se o transporte dos resíduos
dos grupos I e II for efectuado pela entidade responsável pela gestão dos resíduos sólidos urbanos, deverá ser dado
cumprimento às condições definidas pela entidade gestora dos mesmos, na área ou região. Os resíduos hospitalares
dos grupos III e IV devem ser acompanhados do modelo B da Guia de Acompanhamento de Resíduos, que corres-
ponde ao impresso n.º 1429 da Imprensa Nacional - Casa da Moeda, deve observar os seguintes procedimentos:
> O produtor ou detentor deve efectuar o preenchimento do campo 2 da guia de acompanhamento;
> O destinatário deve efectuar o preenchimento do campo 4 da guia de acompanhamento;
> O transportador deve efectuar o preenchimento dos campos 1 e 3 da guia de acompanhamento e certificar-se que o
produtor ou detentor e o destinatário preencheram de forma clara e legível os campos respectivos;
> O transportador fica na posse da guia de acompanhamento e deve mantê-la em arquivo por um período de cinco anos.
Os modelos A, B.1 e B.2 para os RH podem ser adquiridos nas lojas da Imprensa Nacional - Casa da Moeda (INCM)
ou através do portal desta instituição (www.incm.pt).
O transporte de resíduos hospitalares abrangidos pelos critérios de classificação de mercadorias perigosas deve,
igualmente, obedecer à regulamentação nacional de transporte de mercadorias perigosas (Decreto-Lei n.º 267-
A/2003, de 27 de Outubro).
No transporte de resíduos hospitalares, deverão, também, ser cumpridas as disposições constantes do ponto 6.3 do
Despacho do Ministério da Saúde nº 242/96, de 13 de Agosto, que indica que os contentores utilizados para armaze-
nagem e transporte dos resíduos dos grupos III e IV devem ser facilmente manuseáveis, resistentes, estanques,
mantendo-se hermeticamente fechados, laváveis e desinfectáveis, se forem de uso múltiplo.
Os resíduos hospitalares, para efeitos de triagem e tratamento, deverão ser classificados de acordo com o Despacho
nº 242/96, de 13 de Agosto de 1996. Esta classificação é efectuada em quatro grupos distintos, sendo os resíduos
objecto de tratamento diferenciado consoante o grupo a que pertençam:
Grupo I - Resíduos equiparados a urbanos - não apresentam exigências especiais no seu tratamento;
Grupo II - Resíduos hospitalares não perigosos - não estão sujeitos a tratamento específico, podendo ser equipara-
dos a urbanos;
Grupo III - Resíduos hospitalares de risco biológico - resíduos contaminados ou suspeitos de contaminação, sus-
ceptíveis de incineração ou de outro pré-tratamento eficaz, permitindo posterior eliminação como resíduo urbano;
Grupo IV - Resíduos hospitalares específicos - resíduos de incineração obrigatória.
Esta operação visa o reaproveitamento de alguns tipos de materiais, estando já identificadas algumas fileiras ou flu-
xos comuns às unidades de saúde (cartão e papel, vidro, pilhas e baterias, mercúrio, metais ferrosos e não ferrosos,
plástico e resíduos de embalagens). A sua rentabilidade resultará numa boa triagem nos locais de produção. A nível
da unidade de saúde o programa deverá focalizar as fases de triagem e armazenagem, que são fases intermédias,
devendo as posteriores operações de valorização ser desenvolvidas por entidades terceiras, de natureza pública ou
Valorização e Tratamento . 5 . 2
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privada, que estejam devidamente autorizadas/licenciadas e com as quais sejam estabelecidos contratos.
Outro tipo de valorização será a valorização energética, apenas disponível onde existam unidades de incineração
dotadas de equipamento para recuperação de calor.
Qualquer processo de tratamento, seja de natureza mecânica, física, química ou biológica, pode ser aplicado aos resí-
duos hospitalares tendo em conta as suas características iniciais de risco efectivo.
Os resíduos do grupo I e II, desde que devidamente incorporados no sistema de gestão dos resíduos urbanos,
terão o tratamento e o destino final que estiver definido para a região da unidade de saúde.
A evolução das tecnologias e a mais real percepção da natureza dos riscos efectivos, associados aos modernos
conceitos de triagem e valorização, permitem que actualmente se perspectivem duas grandes linhas para o trata-
mento dos resíduos que apresentam risco, como são os resíduos do grupo III e IV, resíduos hospitalares de risco
biológico e resíduos hospitalares específicos, respectivamente.
Os resíduos de risco biológico poderão ser incinerados, ou submetidos a um pré-tratamento de natureza física ou
química, que permita uma posterior eliminação como resíduo urbano. Os resíduos do grupo IV são de incineração
obrigatória.
Qualquer destes processos de tratamento poderá ser desenvolvido pela própria unidade de saúde, ou esta celebrar
contratos com outras entidades, de natureza pública ou privada, desde que devidamente licenciadas.
O destino final ou eliminação dos resíduos submetidos a pré-tratamento deverá ser o aterro licenciado para resí-
duos não perigosos, como é o caso dos aterros para resíduos urbanos.
Não existindo uma tecnologia de tratamento ideal de RH deve ser seleccionado o método de tratamento mais apro-
priado às características dos resíduos e da unidade de saúde, considerando custos de investimento, exploração e
manutenção, eficiência do tratamento, capacidade e eliminação, perigosidade do resíduo pós-tratamento e possível
poluição ambiental.
As alternativas tecnológicas disponíveis são as seguintes:
> Incineração: destruição dos resíduos através de um processo de combustão em que estes são reduzidos a cinzas;
> Autoclavagem: descontaminação dos resíduos através de vapor saturado a elevadas temperaturas e sobrepressão;
> Microondas: os resíduos infecciosos, previamente triturados e pulverizados com vapor, são sujeitos a vibrações
electromagnéticas de alta-frequência até atingirem temperaturas entre 95 e 100 ºC.
> Desinfecção química: eliminação dos microorganismos patogénicos presentes nos resíduos infecciosos através do
recurso de desinfectantes.
Nesta perspectiva apresenta-se, de seguida, um esquema comparativo das principais alternativas tecnológicas de
tratamento divulgado pela OMS – Organização Mundial de Saúde (Quadro 10).
Eliminação e Destino Final . 5 . 3
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OMS Organização Mundial de Saúde
Incineração
> Redução da massa/volume do resíduo;
> Resíduo não identificável após tratamento;
> Aceitável para todos os tipos de resíduos;
> Potencial recuperação de calor.
> Oposição pública;
> Custos de investimento/exploração
elevados;
> Formação de dioxinas e furanos;
> Elevados custos de manutenção, controlo
e reparação;
> Restrições legais de emissões.
Autoclavagem
. 5 . 3
> Redução do volume de resíduo;
> Custos de investimento e operação baixos;
> Fácil controlo biológico.
> Aparência de resíduo inalterada;
> Massa do resíduo inalterada;
> Não aplicável a todos os tipos de resíduos;
> Emissões atmosféricas não caracterizadas.
Positivo
Negativo
Microondas
> Redução de volume significativa;
> Resíduo irreconhecível;
> Sem descarga de líquidos.
> Custos de investimento elevados;
> Aumenta a massa de resíduo;
> Não aplicável a todos os tipos de resíduos;
> Potenciais fragmentos contaminados
expostos a patogénico;
> Emissões atmosféricas não caracterizadas.
Desinfecção química
> Redução de volume significativa;
> Resíduo irreconhecível;
> Processamento rápido;
> Resíduos sem cheiro.
> Custos de investimento elevados;
> Não aplicável a todos os tipos de resíduos;
> Armazenagem e utilização química;
> Emissões atmosféricas não caracterizadas.
Positivo
Negativo
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Quadro 10 > Esquema comparativo das tecnologias de tratamento
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Registos de Produção . 5 . 4
O preenchimento obrigatório dos Mapas de Registo de Resíduos Industrias (MRRI) pelas entidades com actividade
industrial, nos termos do preceituado no artigo 17.º do Decreto-Lei n.º 239/97, de 9 de Setembro, e na Portaria n.º
792/98, de 22 de Setembro, foi substituído pelo registo no Sistema Integrado de Registo Electrónico de Resíduos
(SIRER), de acordo com o definido no Decreto-Lei n.º 178/2006, de 5 de Setembro e na Portaria 1408/2006, de 18 de
Dezembro.
Face à revogação da Portaria n.º 792/98, de 22 de Setembro, não existe então a obrigatoriedade de envio em for-
mato de papel dos mapas publicados no diploma supra mencionado e estão sujeitos ao registo no SIRER (art. 48º do
Decreto-Lei n.º 178/2006, de 5 de Setembro):
> Os produtores de resíduos não urbanos que no acto da sua produção empreguem pelo menos 10 trabalhadores;
> Os produtores de resíduos urbanos cuja produção diária exceda 1100 l;
> Os produtores de resíduos perigosos;
> Os operadores de gestão de resíduos;
> As entidades responsáveis pelos sistemas de gestão de resíduos;
> Os operadores que actuem no mercado de resíduos;
> Os operadores e as operações de gestão de resíduos hospitalares.
SIRER Sistema Integrado de Registo Electrónico de Resíduos
Os operadores de gestão de resíduos acima mencionados, que se encontrem já em actividade desde 1 de Dezembro,
inclusive, estão vinculados à inscrição no SIRER no prazo de 90 dias úteis a contar daquela mesma data.
De igual modo os demais utilizadores devem proceder ao registo no SIRER no prazo de 30 dias úteis a contar da
data de início da respectiva actividade.
O procedimento de pedido de inscrição assenta no preenchimento de um formulário electrónico disponibilizado no
Portal do INR.
Os mapas de registo relativos ao ano de 2006 devem ser preenchidos até ao dia 31 de Maio de 2007. Para os anos
seguintes os mapas de registo devem ser preenchidos até ao termo do mês de Março seguinte a cada ano.
Os RH devem ser classificados de acordo com a LER - Lista Europeia de Resíduos para efeitos de preenchimento do
mapa de registo de resíduos industriais, conforme Portaria n.º 792/98, de 22 de Setembro.
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Prevenção da Produção de Resíduos
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A existência de resíduos provenientes da prestação de cuidados de saúde a seres humanos, incluindo as actividades
médicas de prevenção, diagnóstico, tratamento e investigação, constitui um importante problema de saúde pública e
ambiental e determina crescente atenção na salvaguarda dos efeitos negativos que podem afectar as populações.
A prevenção da produção de resíduos é um objectivo fundamental da gestão de qualquer tipo de resíduos, pese
embora a especificidade das actividades de prestação de cuidados de saúde e a existência de serviços que, dada a
sua natureza não poderão contribuir substancialmente para este objectivo. Desta forma, torna-se essencial apostar
na formação e informação do pessoal envolvido e acentuar a componente valorização, a qual é condiciona por uma
boa e efectiva triagem na fonte.
A redução de produção de RH pode ser de difícil cumprimento, mas que não pode deixar de ser devidamente
considerada.
A utilização crescente de material de uso único, com o objectivo de reduzir a possibilidade de transmissão de infec-
ção hospitalar, inviabiliza uma redução acentuada de produção de resíduos, não só do grupo III e IV, como também
dos restantes grupos. Na verdade, a circunstância de o material de uso único ser acondicionado em embalagens indi-
viduais contribui para aumentar esta componente, mesmo nos resíduos classificados no grupo II.
Valorização: As operações que visem o reaproveitamento dos resíduos
Dadas as características do tipo de serviço prestado e dos riscos inerentes a alguns dos resíduos produzidos, esta
estratégia poderá passar pela devolução, aos produtores ou distribuidores, de algumas embalagens não contamina-
das para reutilização posterior.
A gestão estratégica dos resíduos hospitalares baseia-se numa estratégia com objectivos e metas definidas no Plano
Estratégico dos Resíduos Hospitalares (PERH). Este Plano foi elaborado em conjunto pelos Ministérios do Ambiente
e da Saúde, tendo sido aprovado por despacho conjunto em 5 de Junho de 1999 (Despacho Conjunto n.º 761/99 de 31
de Agosto, dos Ministérios da Saúde e Ambiente).
O PERH destina-se a estabelecer as estratégias e as metas que presidem à gestão dos resíduos hospitalares, con-
siderando a sua definição legal e o universo abrangido, pelo que é necessário identificar os seus produtores e as suas
origens.
PERH Plano Estratégico dos Resíduos Hospitalares
Planos e Estratégias
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. 7 . 1Plano Estratégico de Resíduos Hospitalares (PERH)
5. 5 . 4. 6. 7. 7 . 1
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O PERH tem por objectivo fornecer aos responsáveis um conjunto de informações capazes de os auxiliar na tomada
de decisão sobre os vários aspectos relacionados com os RH.
Define cinco linhas fundamentais da estratégia geral para os RH:
> Prevenção da produção de resíduos e dos riscos associados;
> Formas de gestão interna na unidade de saúde;
> Valorização da componente reaproveitável;
> Destino final;
> Formação de profissionais e informação aos utentes e ao público em geral.
. 7 . 1
* Exercício 5 . 8
(manual de exercícios)
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Objectivos
No final deste capítulo os formandos deverão ser capazes de:
1. Compreender a definição de pneus, pilhas e acumuladores, óleos usados, veículos em fim de vida (VFV), equipa-
mentos eléctricos e electrónicos (EEE), resíduos de equipamento eléctrico e electrónico (REEE) e embalagens;
2. Conhecer os requisitos legais aplicáveis à gestão de fluxos de resíduos específicos e suas condicionantes
operacionais;
3. Indicar os impactes ambientais provocados por cada tipo de resíduo específico;
4. Conhecer as condições de armazenamento e transporte de cada tipo de resíduo específico identificadas na legisla-
ção em vigor;
5. Identificar as opções de valorização e tratamento de cada tipo de resíduo específico existentes actualmente e as
respectivas vantagens e desvantagens de cada opção;
6. Identificar as soluções existentes de eliminação e destino final de cada tipo de resíduo específico;
7. Apresentar medidas de prevenção da produção de cada tipo de resíduo específico;
> Pneus
> Pilhas e acumuladores
> Óleos usados
> Veículos em fim de vida (VFV)
> Equipamentos eléctricos e electrónicos (EEE)
> Resíduos de equipamentos eléctricos e electrónicos (REEE)
> Embalagens
> Resíduo Fitofarmacêutico
> Lixiviação
> Recauchutagem
> Reciclagem
> Pirólise
> Valorização Energética
> Regeneração
> Biodegradável
> Centro de Recepção
> Centro de Desmantelamento
> Centro de Fragmentação
> Entidade Gestora
> Valorpneu
> Ecopilhas
> Sogilub
> Valorcar
> AMB3E
> ERP Portugal
> Sociedade Ponto Verde
> Valormed
> Valorfito
> Verdoreca
> SIGRE
> SIRER
> SIRPEEE
> ANREEE
Palavras-Chave
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Pneus
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Enquadramento Legal . 1 . 1
Diploma
Decreto-Lei n.º 111/2001, de 6 de Abril
Decreto-Lei n.º 43/2004, de 2 de Março
Âmbito
Estabelece os princípios e as normas aplicáveis à ges-
tão de pneus e pneus usados, tendo como objectivos a
prevenção da produção destes resíduos, a recauchu-
tagem, a reciclagem e outras formas de valorização,
de forma a reduzir a quantidade de resíduos a elimi-
nar, bem como a melhoria do desempenho ambiental
de todos os intervenientes durante o ciclo de vida dos
pneus.
Estabelece as regras de comercialização e recolha,
assim como os objectivos a atingir em termos de reco-
lha e destinos.
Os artigos 4º, 9º e 17º do Decreto-Lei n.º 111/2001, de 6
de Abril, foram alterados pelo Decreto-Lei nº 43/2004,
de 2 de Março.
Definição e Caracterização . 1 . 2
No âmbito do Decreto-Lei n.º 111/2001, de 6 de Abril, foram consideradas definições importantes para a gestão deste
tipo de resíduo.
> Pneus: aqueles utilizados em veículos motorizados, aeronaves, reboques, velocípedes e outros equipamentos,
motorizados ou não motorizados, que os contenham;
> Pneus usados: quaisquer pneus de que o respectivo detentor se desfaça ou tenha a intenção ou a obrigação de se
desfazer e que constituam resíduos, ainda que destinados a reutilização (recauchutagem);
> Pneu recauchutado: o pneu usado que é objecto de processo industrial de acordo com as especificações técnicas
aplicáveis, com vista à sua reutilização, sendo de novo colocado no mercado.
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Impactes Ambientais . 1 . 3
Os depósitos de pneus usados, local onde estes permanecem por um tempo indeterminado, podem originar impactes
ambientais associados a este produto e a esta forma de armazenamento.
Entre os perigos provocados por esta situação potencialmente perigosa, entre os quais se acrescenta a degrada-
ção da paisagem, é possível mencionar:
> Perigo de incêndio, uma vez que os pneus ardem facilmente;
> Desenvolvimento de colónias de insectos e roedores, uma vez que este tipo de material tende a acumular água e
também calor proveniente da radiação solar proporcionando condições favoráveis;
> Emissões de gases tóxicas devido à fácil oxidabilidade de alguns constituintes;
> Lixiviação de poluentes para o solo devido à solubilidade relativa de alguns constituintes.
A gestão integrada dos pneus usados deve assentar a prevenção da sua produção como resíduo, através da promo-
ção da sua recauchutagem e no desenvolvimento de sistemas de reciclagem e de outras formas de valorização de
pneus usados.
Em termos de responsabilidade pela gestão, o produtor de pneus novos é o responsável pela recolha, transporte e
destino final adequado dos pneus usados, devendo esta responsabilidade ser transferida para uma entidade gestora,
nos termos do n.º 2 do artigo 7.º do Decreto-Lei n.º 111/2001, de 6 de Abril, e cujas normas de funcionamento são as
constantes do Decreto-Lei n.º 111/2001, de 6 de Abril.
Reciclagem: Forma de valorização dos resíduos na qual se recuperam e, ou, regeneram diferentes matérias consti-
tuintes de forma a dar origem a novos produtos
A responsabilidade do produtor pelo destino adequado dos pneus usados só cessa mediante a entrega dos mesmos,
por parte da entidade gestora, a uma entidade devidamente autorizada e/ou licenciada para a sua recauchutagem,
reciclagem ou outras formas de valorização.
A entidade gestora deve ser uma entidade sem fins lucrativos, em cuja composição poderão figurar, além dos produ-
tores, os distribuidores, os recauchutadores, recicladores e outros valorizadores.
As entidades que apenas utilizam pneus usados em trabalhos de construção civil e obras públicas, como protecção
de embarcações, molhes marítimos ou fluviais e no revestimento dos suportes dos separadores de vias de circulação
automóvel, estão dispensadas de autorização ao abrigo da legislação aplicável à gestão de resíduos.
Armazenamento e Transporte
Uma das medidas preconizadas no actual quadro legislativo corresponde à necessidade da implementação de cir-
cuitos de recolha de pneus usados, para assegurar uma correcta triagem dos pneus passíveis de recauchutagem e
encaminhamento dos restantes para reciclagem ou outras formas de valorização.
As regras de comercialização e recolha de pneus usados estão definidas pelo artigo 9.º do Decreto-Lei n.º
43/2004, de 2 de Março:
> No momento da comercialização de pneus, os produtores e distribuidores devem discriminar, num item específico a
consagrar na respectiva factura, o valor correspondente à contrapartida financeira fixada a favor da entidade gestora;
Operações sobre Pneus . 1 . 4
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> Os distribuidores não podem recusar-se a aceitar pneus usados contra a venda de pneus do mesmo tipo e na
mesma quantidade, devendo remeter os mesmos para recauchutagem ou para qualquer operador legalizado para a
gestão de pneus usados;
> A recolha de pneus usados, mediante entrega nos locais adequados, é feita sem qualquer encargo para o detentor;
> Os pneus usados recolhidos devem ser armazenados em locais devidamente autorizados ou licenciados em conso-
nância com a legislação aplicável, denominados pontos de recolha.
Os pontos de recolha constituem locais onde as entidades públicas ou privadas podem entregar quaisquer tipo e
quantidades de pneus, livre de encargos.
Estes locais devem possuir uma zona de armazenamento que permita o empilhamento devido dos pneus usados,
uma superfície impermeável e equipada com sistema de recolha e tratamento de águas pluviais, limpeza e derrames.
Para ter acesso aos pontos de recolha aconselha-se a consulta do portal da entidade gestora de pneus, a
Valorpneu.
Valorização e Tratamento
O Decreto-Lei n.º 111/2001, de 6 de Abril, estabelece como objectivo principal de gestão a prevenção da produção
destes resíduos, a recauchutagem, a reciclagem e outras formas de valorização. As entidades que procedam estas
operações têm de estar devidamente autorizadas ou licenciadas em conformidade com o disposto na legislação em
vigor sobre a matéria.
Uma das formas mais adequadas de reutilização é a recauchutagem, em que os pneus que não estiverem excessiva-
mente gastos podem ser recondicionados, repondo uma camada de borracha exterior do pneu. A recauchutagem de
pneus usados deve, sempre que aplicável, respeitar as normas técnicas e de qualidade constantes dos Regulamen-
tos n.º 108 e 109 dos anexos ao Acordo de Genebra Respeitante à Adopção de Condições Uniformes de Homologa-
ção e ao Reconhecimento Recíproco da Homologação de Equipamentos e Peças para Veículos a Motor, de 20 Março
de 1958.
Os pneus usados que não puderem ser recauchutados devem ser sujeitos a operações de valorização cumprindo com
a hierarquia de gestão mencionada de seguida:
> Reciclagem, utilizando o granulado de borracha como aditivo para peças plásticas, aumentando-lhes a elastici-
dade; no fabrico de produtos de borracha como sandálias, capas, tacões e solas para calçado, telas e tapetes, nos
parques infantis, nas base de campos de golfe e de futebol, melhorando as condições dos relvados, nos pavimentos
industriais, no material isolante, na base das alcatifas, etc;
> Valorização energética;
> Pirólise (destilação destrutiva);
> Utilização em trabalhos de construção civil e obras públicas;
> Utilização como protecção de embarcações, molhes marítimos ou fluviais;
> Revestimento dos suportes dos separadores de vias de circulação automóvel.
Eliminação e Destino Final
Quando os pneus não são reutilizados nem reciclados, podem ser utilizados como combustível. A sua combustão em
condições controladas não origina problemas de emissão de fumos, possibilitando uma economia de peso equivalente
em petróleo cerca de 25% maior do que usando carvão. A utilização mais comum é em cimenteiras e centrais térmicas.
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. 1 . 5Registos de Produção
Tal como para os restantes resíduos, o Decreto-Lei n.º 178/2006, de 5 de Setembro, veio introduzir alterações pro-
fundas nas declarações anuais de produção de resíduos, sendo que os pneus usados não são excepção.
De acordo com o apresentado anteriormente, é possível referir que a comunicação dos dados estatísticos
referentes:
> à produção total de pneus, bem como às quantidades de pneus colocados no mercado nacional, por tipo de pneu,
reportados ao ano imediatamente anterior,
> às quantidades de pneus importados por tipo de pneu segundo o país de origem, indicando os respectivos destinos,
reportados ao ano imediatamente anterior,
> às quantidades de pneus rejeitados não passíveis de recauchutagem, incluindo o destino dado aos mesmos, repor-
tados ao ano imediatamente anterior, preconizadas no artigo 13.º do Decreto-Lei n.º 111/2001, de 6 de Abril, é subs-
tituído pelo registo no Sistema Integrado de Registo Electrónico de Resíduos (SIRER), de acordo com o definido no
Decreto-Lei n.º 178/2006, de 5 de Setembro e na Portaria 1408/2006, de 18 de Dezembro.
SIRER Sistema Integrado de Registo Electrónico de Resíduos
Os produtores e os importadores de pneus usados bem como os importadores de pneus usados destinados à recau-
chutagem que se encontrem já em actividade desde 1 de Dezembro, inclusive, estão vinculados à inscrição no SIRER
no prazo de 90 dias úteis a contar daquela mesma data e no prazo de 30 dias úteis a contar da data de início da res-
pectiva actividade, para os novos operadores.
O procedimento de pedido de inscrição assenta no preenchimento de um formulário electrónico disponibilizado no
Portal do INR (www.inesiduos.pt).
Os mapas de registo relativos ao ano de 2006, devem ser preenchidos até ao dia 31 de Maio de 2007. Para os anos
seguintes os mapas de registo devem ser preenchidos até ao termo do mês de Março seguinte a cada ano.
A entidade gestora deverá comunicar ao Instituto dos Resíduos, até 31 de Março de cada ano, para além da infor-
mação constante da respectiva licença, as quantidades de pneus usados recolhidos e as quantidades entregues às
empresas que se responsabilizem pela sua recauchutagem, reciclagem e outras formas de valorização.
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Pilhas e Acumuladores
Enquadramento Legal . 2 . 1
. 2
Diploma
Decreto-Lei n.º 62/2001, de 19 de Fevereiro
Portaria n.º 571/2001, de 6 de Junho
Portaria n.º 572/2001, de 6 de Junho
Declaração de Rectificação n.º 13-B/2001, de 19 de
Junho
Despacho n.º 6493/2002 (2ª Série), de 26 de Março
Âmbito
Estabelece o regime jurídico a que fica sujeita a ges-
tão de pilhas e acumuladores e a gestão de pilhas e
acumuladores usados, assumindo como primeira prio-
ridade a prevenção da produção desses resíduos,
seguida da reciclagem ou outras formas de valorização,
de forma a reduzir a quantidade de resíduos a eliminar
Define as regras a que fica sujeito o licenciamento
da entidade gestora do sistema integrado de pilhas e
outros acumuladores
Aprova os programas de acção relativos a acumu-
ladores de veículos e similares e a pilhas e outros
acumuladores
Rectifica a Portaria n.º 572/2001, de 6 de Junho
Aprova os modelos relativos a acumuladores de
veículos; industriais e similares e pilhas e outros
acumuladores
Definição e Caracterização . 2 . 2
No âmbito do Decreto-Lei n.º 62/2001, de 19 de Fevereiro, foram consideradas definições importantes para a gestão
deste tipo de resíduo.
Pilha: qualquer fonte de energia eléctrica obtida por transformação directa de energia química, constituída por um
ou mais elementos primários, não recarregáveis.
Acumulador: qualquer fonte de energia eléctrica obtida por transformação directa de energia química, constituída
por um ou mais elementos secundários, recarregáveis.
Pilha e acumulador usados: qualquer pilha e acumulador não reutilizáveis, abrangidos pela definição de resíduo
adoptada na legislação em vigor aplicável nesta matéria.
Acumuladores de veículos industriais e similares: qualquer acumulador utilizado em veículos ou para fins indus-
triais ou similares, nomeadamente como fonte de energia para tracção, reserva e iluminação de emergência.
Outros acumuladores: acumuladores não incluídos na definição de acumuladores de veículos, industriais e similares.
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Impactes Ambientais . 2 . 3
As pilhas e acumuladores são classificadas como resíduos perigosos e possuem na sua composição metais pesados
altamente tóxicos e não biodegradáveis, como cádmio, chumbo, mercúrio, níquel e zinco, sendo uma das fontes de
poluição ambiental mais perigosas.
Lixeira: Descarga indesejável no solo, em que os resíduos são lançados de forma indiscriminada e não existe qual-
quer controlo posterior
As pilhas que se colocam actualmente no lixo demoram vários anos a decompor-se, e quando chegam às lixeiras, o
mercúrio destas pilhas infiltra-se através do solo, contaminando os lençóis de água subterrâneos. O mercúrio e os
seus derivados são altamente tóxicos, e quando absorvidos em doses consideráveis produzem intoxicações que afec-
tam o aparelho digestivo e o sistema nervoso.
O chumbo apresenta uma toxicidade elevada para os seres vivos, em particular para a saúde humana devido à sua
tendência para se acumular no organismo. A presença de teores de chumbo elevados no organismo pode causar
sérios danos no sistema cerebral, nervoso, digestivo, linfático, infertilidade, problemas de crescimento, entre outros.
De acordo com o Decreto-Lei n.º 62/2001, de 19 de Fevereiro, constituem princípios fundamentais de gestão de
pilhas e acumuladores e de gestão de pilhas e acumuladores usados a prevenção da produção e da perigosidade des-
tes resíduos, bem como a criação de sistemas de reciclagem ou outras formas de valorização, ou de eliminação, de
pilhas e acumuladores usados, nomeadamente através da concretização de programas de acção específicos.
As responsabilidades pela gestão deste tipo de resíduo são atribuídas a vários intervenientes, de acordo com o
Decreto-Lei n.º 62/2001, de 19 de Fevereiro:
> Os operadores económicos são co-responsáveis pela gestão das pilhas e acumuladores e pela gestão das pilhas e
acumuladores usados, nos termos do disposto no presente diploma e demais legislação aplicável;
> As câmaras municipais são responsáveis, nos termos da legislação em vigor, pela recolha dos resíduos urbanos,
devendo beneficiar das contrapartidas financeiras que derivem da recolha selectiva das pilhas e outros acumulado-
res usados;
> Nas situações previstas na legislação, em que essa responsabilidade é transferida para outrem, as contrapartidas
financeiras atrás referidas são devidas a quem assegura a recolha selectiva das pilhas e acumuladores;
> Os produtores e importadores são responsáveis pela prestação das contrapartidas financeiras previstas no número
anterior, destinadas a suportar os acréscimos de custos com a recolha selectiva de pilhas e outros acumuladores
usados;
> Os operadores económicos são obrigados a recolher pilhas e acumuladores usados, sem quaisquer encargos para
o consumidor final ou último detentor;
> Os produtores e importadores são responsáveis pela valorização, se tecnicamente viável, ou eliminação de pilhas e
acumuladores usados, em unidades legalizadas para o efeito;
> Só podem ser comercializadas as pilhas e acumuladores que preencham todos os requisitos definidos no presente
diploma e demais legislação aplicável.
Operações sobre Pilhas e Acumuladores . 2 . 4
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Além do apresentado anteriormente, o mesmo decreto confere prioridade à diminuição da perigosidade das pilhas e
acumuladores usados, estabelecendo proibições de comercialização para determinadas pilhas e acumuladores con-
tendo substâncias perigosas, em conformidade com a Directiva n.º 98/101/CE, da Comissão, de 22 de Dezembro.
As restrições são as indicadas abaixo:
> É proibida a comercialização de pilhas e acumuladores que contenham mais de 0,0005% de mercúrio em peso,
inclusive nos casos em que estejam incorporados em aparelhos;
> O disposto no número anterior não se aplica às pilhas do tipo «botão» e às pilhas compostas de elementos do tipo
«botão» com um teor de mercúrio não superior a 2% em peso;
> Os produtores e importadores não podem comercializar qualquer pilha ou acumulador constante do anexo I ao
diploma citado, que não esteja marcado com um dos símbolos específicos definidos no anexo II do mesmo diploma;
> A marcação é efectuada pelo produtor ou pelo seu mandatário estabelecido em território nacional ou, na sua falta,
pelo responsável pela comercialização das pilhas e acumuladores no mercado nacional;
> As pilhas e acumuladores só poderão ser incorporados em aparelhos na condição de poderem ser facilmente reti-
rados pelo consumidor após utilização, com excepção dos referidos no Anexo III do diploma referido.
Anexo I > Pilhas e acumuladores contendo substâncias perigosas:
> Pilhas e acumuladores colocados no mercado a partir de 1 de Janeiro de 1999 e que contenham mais de 0,0005%
de mercúrio em peso;
> Pilhas e acumuladores colocados no mercado a partir de 18 de Setembro de 1992 e que contenham:
Mais de 25 mg de mercúrio por elemento, com excepção das pilhas alcalinas de manganês;
Mais de 0,025% em peso de cádmio;
Mais de 0,4% em peso de chumbo.
> Pilhas alcalinas de manganês com mais de 0,025% em peso de mercúrio, colocadas no mercado a partir de 18 de
Setembro de 1992.
Anexo II > Sistema de marcação
Os produtores e importadores não podem comercializar qualquer pilha ou acumulador constante do anexo I que não
esteja marcado com um dos símbolos ilustrados abaixo:
Figura 3 > Marcação de pilha ou acumulador
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> A dimensão do símbolo será equivalente a 3% da superfície da face maior da pilha ou do acumulador, não podendo
exceder um máximo de 5 cm × 5 cm;
> Quando se trata de pilhas cilíndricas, a dimensão do símbolo deve ser equivalente a 3% da metade da superfície do
cilindro, não podendo exceder um máximo de 5 cm × 5 cm;
> Se, devido à dimensão da pilha ou do acumulador, a superfície a ocupar pelo símbolo for inferior a 0,5 cm×0,5 cm,
não é exigida a marcação da pilha ou do acumulador, devendo no entanto ser impresso na embalagem um símbolo
com a dimensão 1 cm×1 cm;
> Ainda de acordo com o legalmente disposto, os produtores e importadores não podem comercializar qualquer pilha
ou acumulador constante do anexo I que não esteja marcado com um símbolo indicativo do teor de metais pesados.
Este símbolo é constituído pelo símbolo químico do metal em causa, isto é, Hg, Cd ou Pb, de acordo com a categoria
das pilhas ou acumuladores descritos no referido anexo I;
> Qualquer dos símbolos mencionados deve ser impresso de forma visível, legível e indelével.
Anexo III > Lista das categorias dos aparelhos excluídos do âmbito de aplicação
> Aparelhos cujas pilhas são soldadas ou fixadas de forma permanente por qualquer outro meio a pontos de con-
tacto, a fim de assegurarem uma alimentação eléctrica contínua para uma utilização industrial intensiva e para pre-
servar a memória e os dados de equipamentos informáticos e buróticos, sempre que a utilização das pilhas e acumu-
ladores referidos no anexo I for tecnicamente necessária.
> Pilhas de referência dos aparelhos científicos e profissionais, bem como pilhas e acumuladores colocados em apa-
relhos médicos destinados a manter as funções vitais e em estimuladores cardíacos, sempre que o seu funciona-
mento permanente seja indispensável e a remoção das pilhas e acumuladores apenas possa ser feita por pessoal
qualificado;
> Aparelhos portáteis, quando a substituição das pilhas por pessoal não qualificado possa submeter o utente a riscos
de segurança ou possa afectar o funcionamento dos aparelhos e equipamento profissional destinados a serem utili-
zados em meios ambientes muito sensíveis como, por exemplo, em presença de substâncias voláteis;
> Os aparelhos cujas pilhas e acumuladores não possam ser facilmente substituídos pelo utente, nos termos deste
anexo, devem ser acompanhados de instruções de utilização que informem o utente de que o conteúdo das pilhas ou
acumuladores apresenta perigos para o ambiente, indicando-lhe a forma de os remover com toda a segurança.
Armazenamento e Transporte
A deposição deste tipo de resíduos pode ser efectuada em:
> Ecopontos;
> Ecocentros;
> Hiper/Supermercados;
> Outros retalhistas/Instituições.
Posteriormente à deposição das pilhas e acumuladores usados nos locais adequados para o efeito, efectua-se a reco-
lha selectiva, armazenagem e triagem, para posterior encaminhamento para a reciclagem.
Recolha Selectiva: Recolha realizada de forma separada, de acordo com um programa pré-estabelecido, com vista a
futura valorização
O armazenamento temporário de pilhas e acumuladores usados recolhidos pelos grossistas e retalhistas deve ser
efectuado em recipientes estanques e de composição que não reaja com os componentes deste tipo de resíduos,
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sendo que, as baterias de automóveis e outras equivalentes devem ser armazenadas na posição vertical de forma a
manterem o líquido no seu interior e com as aberturas fechadas.
Valorização e Tratamento
No âmbito do Decreto-Lei n.º 62/2001, de 19 de Fevereiro, a reciclagem é definida como o reprocessamento de pilhas
e acumuladores usados num processo de produção, para o fim inicial ou para outros fins, excluindo a valorização
energética.
No caso de ser adoptado um processo metalúrgico para a reciclagem de pilhas e acumuladores usados, deverão ser
consideradas as seguintes etapas:
> Triagem;
> Tratamento físico (moagem e posterior separação de constituintes);
> Tratamento metalúrgico (Processo Pirometalúrgico; Processo Hidrometalúrgico).
Processo Pirometalúrgico
Neste processo após a moagem, o ferro é separado magneticamente. Os outros metais são separados tendo em
conta os diferentes pontos de fusão. Uma queima inicial permite a total recuperação do mercúrio e do zinco nos
gases de saída.
O resíduo é então aquecido acima de 1000 ºC com um agente redutor, ocorrendo nesta fase a reciclagem do man-
ganésio e de mais algum zinco. Trata-se portanto de um processo térmico que consiste em evaporar à temperatura
precisa cada metal para recuperá-lo depois, por condensação.
Processo Hidrometalúrgico
Este processo opera geralmente a temperaturas que não excedem os 100 ºC. As pilhas usadas, sujeitas a moagem
prévia, são lixiviadas com ácido hidroclórico ou sulfúrico, seguindo-se a purificação das soluções através de opera-
ções de precipitação ou electrólise para recuperação do zinco e do dióxido de manganésio, ou do cádmio e do níquel.
Muitas vezes o mercúrio é removido previamente por aquecimento.
Eliminação e Destino Final
O destino e eliminação deste tipo de resíduo dependem das características específicas de cada um.
Quanto às baterias de automóveis e industriais de chumbo é possível recuperar alguns materiais. O chumbo é apro-
veitado e utilizado na produção de novas baterias, enquanto que a sucata de bateria é transformada em ligas de
chumbo recuperado por meio de fusão a temperatura controlada.
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Tal como para os restantes resíduos, o Decreto-Lei n.º 178/2006, de 5 de Setembro, veio introduzir alterações pro-
fundas nas declarações anuais de produção de resíduos, sendo que os pneus usados não são excepção.
Os produtores e os importadores ficam obrigados a comunicar anualmente ao Instituto dos Resíduos os dados esta-
tísticos referentes às quantidades de pilhas e acumuladores que coloquem no mercado, às quantidades de pilhas e
acumuladores usados recolhidos e ainda às quantidades entregues a empresas licenciadas para a sua valorização ou
eliminação.
A comunicação dos dados estatísticos preconizada no Despacho n.º 6493/2002, de 26 de Maio, é substituída pelo
registo no Sistema Integrado de Registo Electrónico de Resíduos (SIRER), de acordo com o definido no Decreto-Lei
n.º 178/2006, de 5 de Setembro e na Portaria 1408/2006, de 18 de Dezembro.
Os grossistas e retalhistas e os produtores e importadores de pilhas e acumuladores que se encontrem já em
actividade desde 1 de Dezembro, inclusive, estão vinculados à inscrição no SIRER no prazo de 90 dias úteis a con-
tar daquela mesma data e no prazo de 30 dias úteis a contar da data de início da respectiva actividade, para os novos
produtores.
O procedimento de pedido de inscrição assenta no preenchimento de um formulário electrónico que será disponibili-
zado no Portal do INR.
Os mapas de registo relativos ao ano de 2006 devem ser preenchidos até ao dia 31 de Maio de 2007. Para os anos
seguintes os mapas de registo devem ser preenchidos até 15 de Fevereiro seguinte a cada ano.
SIRER Sistema Integrado de Registo Electrónico de Resíduos
À excepção do disposto no n.º 3 do artigo 19.º do referido Decreto-Lei, excluem-se do âmbito de aplicação daquele
diploma os óleos usados contendo PCB, os quais são abrangidos pelo Decreto-Lei n.º 277/99, de 23 de Julho.
Registos de Produção . 2 . 5
Óleos Usados
. 3
Enquadramento Legal . 3 . 1
Diploma
Decreto-Lei n.º 153/2003, de 11 de Julho
Âmbito
Estabelece o regime jurídico a que fica sujeita a ges-
tão de óleos novos e usados, assumindo como objectivo
prioritário a prevenção da produção dos óleos usados,
em quantidade e nocividade, seguida da regeneração
e de outras formas de reciclagem ou outra forma de
valorização
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Definição e Caracterização . 3 . 2
De acordo com o estabelecido no Decreto-Lei n.º 153/2003, de 11 de Julho, entende-se por óleos usados os óleos
industriais lubrificantes de base mineral, os óleos dos motores de combustão e dos sistemas de transmissão e os
óleos minerais para máquinas, turbinas e sistemas hidráulicos e outros óleos que, pelas suas características, lhes
possam ser equiparados, tornados impróprios para o uso a que estavam inicialmente destinados.
Os óleos usados são classificados imediatamente como resíduos perigosos uma vez que contêm inúmeros consti-
tuintes tóxicos, irritantes, venenosos e não biodegradáveis e, como consequência, têm de ser manipulados e tratados
de acordo com legislação específica.
Além de ser um resíduo de elevado risco para a saúde humana pelas suas características cancerígenas, o seu des-
pejo na natureza constitui uma agressão ecológica violenta com impactes no solo e água bastante significativos,
como riscos de poluição dos aquíferos. Também é possível referir que o despejo de óleos usados nas águas residuais
provoca danos nas Estações de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) como a inibição do sistema de depuração.
O Decreto-Lei n.º 153/2003, de 11 de Julho, aponta como princípios fundamentais de gestão de óleos usados a pre-
venção da produção, em quantidade e nocividade, destes resíduos e a adopção das melhores técnicas disponíveis nas
operações de recolha/transporte, armazenagem, tratamento e valorização, de forma a minimizar os riscos para a
saúde pública e para o ambiente.
As responsabilidades pela gestão deste tipo de resíduo são atribuídas a vários intervenientes. Os produtores de óleos
novos são responsáveis pelo circuito de gestão dos óleos usados e os produtores de óleos usados são responsáveis
pela sua correcta armazenagem e integração no circuito de gestão dos óleos usados.
Os operadores de gestão de óleos usados são responsáveis pelo adequado funcionamento das operações de ges-
tão de óleos para que estão licenciados/autorizados.
Em conformidade com o Decreto-Lei n.º 153/2003, de 11 de Julho, os produtores de óleos novos podem proceder à
gestão dos óleos usados através de um sistema integrado, sendo que a responsabilidade dos produtores de óleos
novos pela gestão dos óleos usados é transferida destes para uma entidade gestora do sistema integrado, desde que
devidamente licenciada para exercer essa actividade. Os produtores de óleos usados são responsáveis pela sua cor-
recta triagem e armazenagem no local da produção e por lhes conferirem um destino adequado.
A entidade gestora é obrigada a proceder, por si ou através de um operador de gestão de óleos usados, à recolha/
transporte de óleos usados mediante solicitação do detentor dos mesmos, e caso a quantidade de óleos usados a
recolher/ transportar seja igual ou superior a 400 litros, a entidade gestora procede, por si ou através de um opera-
Impactes Ambientais . 3 . 3
Operações sobre Óleos Usados . 3 . 4
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dor de gestão de óleos usados, à sua recolha/transporte num prazo máximo de 15 dias a contar da data da solicita-
ção do produtor de óleos usados à entidade gestora e sem qualquer encargo para este.
Em alternativa ao sistema integrado previsto, os produtores de óleos novos poderão optar por assumir as suas
obrigações a título individual, carecendo para o efeito de uma autorização específica do Instituto dos Resíduos, a qual
apenas será concedida se forem garantidas as obrigações previstas para o sistema integrado.
Segundo o Decreto-Lei n.º 153/2003, de 11 de Julho, a hierarquia definida para as operações de gestão de óleos usa-
dos é a seguinte:
> Regeneração;
> Outras formas de reciclagem;
> Outras formas de valorização.
Ainda segundo o mesmo Decreto-Lei é estabelecido que:
> Regeneração é a operação de refinação de óleos usados com vista à produção de óleos de base, que implique,
nomeadamente, a separação dos contaminantes, produtos de oxidação e aditivos que esses óleos usados conte-
nham. Esta operação tem como objectivo devolver aos óleos as qualidades originais, permitindo a sua reutilização
como óleo de base. Os operadores de regeneração de óleos usados deverão garantir que os óleos de base resultan-
tes dessa operação não constituem substâncias perigosas nos termos da legislação aplicável e respeitar as especifi-
cações técnicas referidas no mesmo Decreto-Lei.
> Reciclagem é a operação de reprocessamento, no âmbito de um processo de produção, de óleos usados para o fim
original ou para outros fins, nomeadamente a regeneração, a reutilização como lubrificante após tratamento e como
matéria-prima para a transformação em produtos passíveis de serem utilizados posteriormente, excluindo a valori-
zação energética.
> Tratamento é a operação que modifica as características físicas e ou químicas dos óleos usados, tendo em vista a
sua posterior valorização. Os operadores de tratamento ficam obrigados a respeitar as especificações técnicas e o
procedimento de amostragem e análise previstos na legislação.
> Valorização, qualquer das operações aplicáveis aos óleos usados, previstas na Decisão n.º 96/350/CE, da Comissão
Europeia, de 24 de Maio.
> Valorização interna, a operação de valorização dos óleos usados no mesmo local onde são produzidos, excluindo a
sua valorização energética.
> Valorização energética, a utilização de óleos usados como meio de produção de energia através de processos de
incineração, com recuperação adequada do calor produzido.
De salientar que, com a entrada em vigor do Decreto-Lei n.º 178/2006, de 5 de Setembro, o artigo 20.º do Decreto-Lei
n.º 153/2003, de 11 de Julho, relativo à valorização energética de óleos usados deixa de ser aplicado.
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Armazenamento e Transporte
Segundo o Decreto-Lei n.º 153/2003, de 11 de Julho, entende-se por armazenagem, a operação de depósito temporá-
rio e controlado de óleos usados, prévio ao seu tratamento e/ou valorização. As operações de armazenagem de óleos
usados fora do local de produção só podem ser realizadas por entidades autorizadas para o efeito.
As normas aplicáveis à armazenagem de óleos usados serão definidas através de portaria do Ministro do
Ambiente, do Ordenamento do Território e do Desenvolvimento Regional, a qual se encontra em preparação no Insti-
tuto dos Resíduos, em conformidade com o artigo 17.º do Decreto-Lei n.º 153/2003.
De referir que qualquer equipamento destinado ao armazenamento temporário de óleos usados deverá prever um
sistema de contenção de eventuais derrames ou fugas, devendo estar devidamente apetrechado com sistema ade-
quado de combate a incêndios.
Pelo artigo 2.º do Decreto-Lei n.º 153/2003, de 11 de Julho, a recolha/transporte define-se como o conjunto de ope-
rações que permitem transferir os óleos usados dos detentores para as empresas licenciadas/autorizadas para a sua
gestão.
As normas aplicáveis à recolha/transporte de óleos usados são definidas no Despacho n.º 10863/2004 (2ª Série) -
DR n.º 128, de 1 de Junho, em que o pedido do Número de Registo para a actividade de recolha/transporte rodoviário
de óleos usados é feito mediante requerimento, dirigido ao Presidente do Instituto dos Resíduos, de onde constem os
diversos elementos informativos a respeito do requerente e dos meios envolvidos.
Transporte: A operação de transferir os resíduos de um local para outro
Em relação à recolha, existem cinco empresas de maiores dimensões: a Auto-Vila, a Carmona, a Codisa, a
Correia&Correia e a José Maria Ferreira & Filhos. Estas empresas conseguiram encontrar uma plataforma de enten-
dimento e dividir o Continente em zonas geográficas, com base nas quotas de mercado dos operadores, ficando atri-
buída a cada operador uma zona de recolha (Figura 4). Nos Açores e na Madeira, a recolha está a cargo de empresas
locais.
Codisa, S.A.
José Maria Ferreira e Filhos, Lda
Correia & Correia, Lda
Auto-Vila, S.A.
Carmona, S.A.
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Figura 4 Áreas de recolha dos operadores de óleos usados (adaptado de Sogilub/Gestoil, 2005)
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Valorização e Tratamento
Os óleos usados devem ser transportados para instalações onde é efectuado o tratamento prévio e depois encami-
nhados para regeneração, reciclagem ou valorização energética. O tratamento prévio é efectuado por três das cinco
grandes empresas que efectuam a recolha de óleos usados: a Auto-Vila, a Carmona e a Correia&Correia.
O tratamento prévio consiste em extrair contaminantes, como água e sedimentos, ao óleo usado de modo a cum-
prir a legislação em vigor, nomeadamente em relação à sua utilização como combustível.
Este óleo sujeito a tratamento prévio é depois encaminhado pela SOGILUB para regeneração, reciclagem ou valo-
rização energética, tendo em consideração o cumprimento dos objectivos nacionais de gestão de óleos usados esta-
belecidos na legislação em vigor.
Reciclagem: Forma de valorização dos resíduos na qual se recuperam e, ou, regeneram diferentes matérias consti-
tuintes de forma a dar origem a novos produtos
Quanto à regeneração, não existe qualquer instalação de regeneração de óleos usados em Portugal. A regeneração
consiste na refinação dos óleos usados com vista à produção de óleos de base que possam servir novamente como
lubrificante.
Em Portugal, a reciclagem de óleos usados é efectuada em duas empresas. Na Enviroil, através da sua utilização,
após tratamento, em motogeradores para produção de energia eléctrica. E na Leca, pela incorporação de óleo de adi-
ção à pasta de argila para a produção de argilas expandidas.
O óleo usado é também valorizado energeticamente, ou seja, utilizado como meio de produção de energia em fornos
e caldeiras de algumas indústrias (e.g. cerâmicas, de cal). Nestes casos as emissões atmosféricas têm que respeitar
a legislação em vigor.
O preenchimento obrigatório dos Mapas de Registo de Resíduos Industrias (MRRI) pelas entidades com actividade
industrial, nos termos do preceituado no artigo 17.º do Decreto-Lei n.º 239/97, de 9 de Setembro, e na Portaria n.º
792/98, de 22 de Setembro, foi substituído pelo registo no Sistema Integrado de Registo Electrónico de Resíduos
(SIRER), de acordo com o definido no Decreto-Lei n.º 178/2006, de 5 de Setembro e na Portaria 1408/2006, de 18 de
Dezembro.
SIRER Sistema Integrado de Registo Electrónico de Resíduos
Face à revogação da Portaria n.º 792/98, de 22 de Setembro, não existe então a obrigatoriedade de envio em for-
mato de papel dos mapas publicados no diploma supra mencionado e estão sujeitos ao registo no SIRER (art. 48º do
Decreto-Lei n.º 178/2006, de 5 de Setembro):
> Os produtores de resíduos não urbanos que no acto da sua produção empreguem pelo menos 10 trabalhadores;
> Os produtores de resíduos urbanos cuja produção diária exceda 1100 l;
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. 3 . 5Registos de Produção
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> Os produtores de resíduos perigosos;
> Os operadores de gestão de resíduos;
> As entidades responsáveis pelos sistemas de gestão de resíduos;
> Os operadores que actuem no mercado de resíduos;
> Os operadores e as operações de gestão de resíduos hospitalares.
Os operadores de gestão de resíduos acima mencionados, que se encontrem já em actividade desde 1 de Dezembro,
inclusive, estão vinculados à inscrição no SIRER no prazo de 90 dias úteis a contar daquela mesma data.
De igual modo os demais utilizadores devem proceder ao registo no SIRER no prazo de 30 dias úteis a contar da
data de início da respectiva actividade.
O procedimento de pedido de inscrição assenta no preenchimento de um formulário electrónico disponibilizado no
Portal do INR.
Os mapas de registo relativos ao ano de 2006 devem ser preenchidos até ao dia 31 de Maio de 2007. Para os anos
seguintes os mapas de registo devem ser preenchidos até ao termo do mês de Março seguinte a cada ano.
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Os VFV são referentes aos resíduos automóveis gerados aquando da reparação automóvel e o fim de vida dos
automóveis.
No Decreto-Lei n.º 196/2003, de 23 de Agosto, foram consideradas definições importantes para a gestão deste tipo
de resíduo:
Veículo: qualquer veículo classificado nas categorias M1 (veículos a motor destinados ao transporte de passageiros
com oito lugares sentados, no máximo, além do lugar do condutor) ou N1 (veículos a motor destinados ao transporte
de mercadorias, com peso máximo em carga tecnicamente admissível não superior a 3,5 toneladas definidas no
anexo II do Decreto-Lei n.º 72/2000, de 6 de Maio, bem como os veículos a motor de três rodas definidos no Decreto-
Lei n.º 30/2002, de 16 de Fevereiro, com exclusão dos triciclos a motor.
Veículo em fim de vida (VFV): um veículo que constitui um resíduo na acepção da alínea a) do artigo 3.º do Decreto-
Lei n.º 239/97, de 9 de Setembro.
Veículos em Fim de Vida
. 4
Enquadramento Legal . 4 . 1
Diploma
Decreto-Lei n.º 292-A/2000, de 15 de Novembro
Decreto-Lei n.º 292-B/2000, de 15 de Novembro
Decreto-Lei n.º 196/2003, de 23 de Agosto
Âmbito
Criação de incentivo fiscal à destruição de automóveis
ligeiros em fim de vida
Estabelece as regras e o procedimento a seguir na
emissão de certificados de destruição qualificada de
veículos em fim de vida
Estabelece um conjunto de normas de gestão que visa
a criação de circuitos de recepção de VFV, o seu cor-
recto transporte, armazenamento e tratamento, desig-
nadamente no que respeita à separação de substân-
cias perigosas neles contidas e ao posterior envio para
reutilização, reciclagem ou outras formas de valoriza-
ção, desencorajando, sempre que possível, o recurso
a formas de eliminação, tais como a sua deposição em
aterro
Definição e Caracterização . 4 . 2
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Impactes Ambientais . 4 . 3
Os resíduos que derivam de um veículo são muito diferentes quanto às suas características, pelo que os seus desti-
nos e tratamentos diferem de acordo com a sua natureza e a gravidade dos impactes ambientais variam consoante o
resíduo.
VFV Veículos em Fim de Vida
Entre os tipos de resíduos constituintes dos VFV é possível mencionar os mais significativos em termos de impactes
ambientais, como apresentado no Quadro 11.
Quadro 11 > Resíduos de VFV e respectivo poluente
Este tipo de resíduos gera impactes ambientais diversos quando abandonados na via pública ou em outros locais
impróprios, para além da ocupação do local e da degradação paisagística que provocam, os VFV são alvos preferen-
ciais para a ocorrência de vandalismos, acumulação de sujidades, remoção de peças, ocorrências de derrames de
óleos no solo, entre outros.
Figura 5. Constituição de um VFV
Resíduo
Óleos de refrigeração e lubrificação, anticongelantes e
combustível
Baterias e disperso nos plásticos, metais e tintas
Lâmpadas de halogéneo (alguns tipos)
Composição de plásticos e revestimentos de protec-
ção de metais
Poluente
Podem conter PCB
Chumbo
Mercúrio
Códmio
Veículo
Resíduos Sólidos Resíduos Líquidos Outros Resíduos
Metais Borrachas Plásticos Vidro Óleos Refrigerantes Combustível BateriasAir-Bag
Cintos de SegurançaBancosMetais
FerrososMetais Não
FerrososPára-choques
EspelhosTablier
Pára-brisasVidros laterais
Vidros traseirosAço
Ferro FundidoAlumínio
Cobre
6. 4. 4 . 1. 4 . 2. 4 . 3
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124
. 4 . 4Operações sobre Veículos em Fim de Vida
O Decreto-Lei n.º 196/2003, de 23 de Agosto, atribui responsabilidade pela gestão dos VFV aos fabricantes ou impor-
tadores de veículos quando estes encerram o seu ciclo de vida, sem prejuízo do envolvimento de outros intervenien-
tes no circuito de gestão de resíduos de veículos e de veículos em fim de vida, tais como os consumidores os detento-
res, os distribuidores, os municípios e outras entidades públicas, os operadores de recepção, de armazenamento e de
tratamento.
A responsabilidade dos fabricantes ou importadores de veículos pela gestão de VFV pode ser transferida destes
para uma entidade gestora do sistema integrado, desde que devidamente licenciada para exercer essa actividade.
De acordo com a legislação em vigor é possível determinar que:
> Todos os operadores são responsáveis pela gestão de VFV, incluindo os seus componentes e materiais;
> Os operadores de reparação e manutenção de veículos são responsáveis pelo adequado encaminhamento para tra-
tamento dos componentes ou materiais que constituem resíduos e que sejam resultantes de intervenções por si rea-
lizadas em veículos, sem prejuízo da aplicação de outros regimes legais, em matéria de óleos usados, acumuladores
usados e de pneus usados, e nos termos do disposto no Decreto-Lei n.º 178/2006, de 5 de Setembro;
> Os proprietários e/ou detentores de VFV são responsáveis pelo seu encaminhamento para um centro de recepção
ou para um operador de desmantelamento;
> Os fabricantes ou importadores de veículos são responsáveis por assegurar a recepção de VFV nos centros de
recepção e nos operadores de desmantelamento, nos termos do n.º 7 e 10 do artigo 14º do Decreto-Lei n.º 196/2003,
de 23 de Agosto;
> Os operadores de recepção, transporte e tratamento de VFV são responsáveis por desenvolver a sua actividade
sem colocar em perigo a Saúde Pública e o Ambiente;
> Os operadores são responsáveis por adoptar as medidas adequadas para privilegiar a reutilização efectiva dos
componentes reutilizáveis, a valorização dos não passíveis de reutilização, com preferência pela reciclagem, sempre
que viável do ponto de vista ambiental, não descurando os requisitos de segurança dos veículos e do ambiente, tais
como o ruído e das emissões para a atmosfera;
> Sem prejuízo do disposto no n.º 10 do artigo 14º do Decreto-Lei n.º 196/2003, de 23 de Agosto, a entrega de um
VFV num centro de recepção ou num operador de desmantelamento designado pelo fabricante ou importador de veí-
culos ou pela entidade gestora é efectuada sem custos para o seu proprietário ou detentor, ainda que esse VFV tenha
um valor de mercado negativo ou nulo:
A partir de 1 de Julho de 2002, em relação aos veículos introduzidos no mercado a partir dessa data;
A partir de 1 de Janeiro de 2007, em relação aos veículos introduzidos no mercado antes de 1 de Julho de 2002.
>Os fabricantes ou importadores devem submeter a gestão de VFV a uma entidade gestora do sistema integrado,
desde que devidamente licenciada para exercer essa actividade.
Armazenamento e Transporte
Os Centros de Recepção são locais onde os VFV podem ser armazenados até serem transportados para Centros de
Desmantelamento, sendo entregues de forma gratuita pelos seus proprietários/detentores. A entrada em funciona-
mento dos Centros de Recepção depende de atribuição de licença por parte da Autoridade Regional dos Resíduos,
nos termos do Decreto-Lei n.º 178/2006, sendo que o seu funcionamento está sujeito ao cumprimento dos requisitos
técnicos mínimos constantes do n.º 1 do Anexo IV do Decreto-Lei n.º 196/2003, de 23 de Agosto.
Para pertencer à Rede Valorcar, um operador de um Centro de Recepção tem que possuir contrato com a Valorcar
e respeitar o Caderno de Encargos dos Centros de Recepção da respectiva entidade.
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As operações de desmantelamento e de armazenagem devem ser efectuadas de forma a garantir a reutilização e a
valorização, especialmente a reciclagem dos componentes de VFV, devendo os materiais componentes perigosos ser
removidos, seleccionados e separados de forma a não contaminar os resíduos da fragmentação. É proibida a introdu-
ção de resíduos nos VFV antes da sua sujeição às operações de compactação ou fragmentação.
A forma como é efectuado o transporte de VFV pode limitar a posterior valorização dos seus componentes, pelo que
é proibido:
> Alterar a forma física do VFV, nomeadamente através da compactação antes que este tenha sido conveniente-
mente desmantelado;
> Utilizar pinças metálicas para a carga e descarga de VFV (é recomendado a utilização de cintas);
> Sobrepor directamente VFV nas galeras (em alternativa, deve ser adoptado um sistema de separação entre
camadas).
A actividade de transporte rodoviário de VFV só pode ser efectuada por operadores com número de registo atribu-
ído pelo Instituto dos Resíduos. Para o efeito, foi publicado no Diário da República, II Série, n.º 111, de 21 de Maio de
2004, o Despacho n.º 9390/2004, de 12 de Maio, no qual se definem os elementos para a instrução do requerimento
para a obtenção do número de registo, o modelo de registo e as condições aplicáveis ao transporte.
Valorização e Tratamento
Figura 6. Circuito de tratamento de VFV
Detentor de VFV
Centro de recepção
Transporte de VFV
DesmanteladorPeçasBateria, óleos, pneus, etc.
Reutilização
Reciclagem
Transporte da carcaça do VFV
FragmentadorMetais
Resíduos de fragmentação
Siderurgia,fundiçãoAterro,valorização
Outros ciclos de vida
Fabrico
Uso
Outros ciclos de vida
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As operações de tratamento de VFV previstas no sistema de gestão integrada de resíduos automóveis são as
seguintes:
> Desmantelamento;
> Fragmentação.
Os Centros de Desmantelamento são instalações onde os VFV podem ser entregues gratuitamente pelos seus proprie-
tários/detentores, sendo aí submetidos a dois tipos de operações: operações de despoluição e operações para promover
a reutilização/reciclagem.
As operações de despoluição consistem na remoção dos componentes dos VFV que são considerados perigosos, tais
como os depósitos de gás liquefeito, a bateria, os fluidos (óleos lubrificantes, óleos hidráulicos, etc.), bem como na neu-
tralização dos componentes pirotécnicos (air-bags e pré-tensores dos cintos de segurança). As operações para promo-
ver a reutilização e a reciclagem consistem na remoção de diversos componentes do VFV, para revenda como peças em
segunda mão (faróis, caixa de velocidades, portas, motor, etc.) ou para reciclagem (vidros, catalisadores, pneus, grandes
componentes de plástico, etc.).
Todos os componentes e materiais removidos dos VFV através das operações de desmantelamento são encaminhados
para reutilização ou valorização, ou para eliminação adequada, nos casos em que ainda não existem opções de valoriza-
ção. Os VFV desmantelados (carcaças) são posteriormente encaminhados para os Operadores de Fragmentação.
> A entrada em funcionamento dos Centros de Desmantelamento depende de atribuição de licença por parte da
Autoridade Regional dos Resíduos, nos termos do Decreto-Lei n.º 178/2006.
Para pertencer à Rede Valorcar, um Operador de Desmantelamento tem que possuir contrato com a Valorcar, e res-
peitar o Caderno de Encargos dos Operadores de Desmantelamento da respectiva entidade.
> Num Centro de Fragmentação, os VFV desmantelados são triturados em pequenos pedaços, dando origem a três
fracções: metais ferrosos (aço), metais não ferrosos (cobre, alumínio, magnésio, etc.) e resíduos de fragmentação
(plásticos, borracha, resíduos metálicos de pequena dimensão, etc.).
De seguida, os metais ferrosos e os metais não ferrosos são separados dos restantes materiais. Durante e após a
fragmentação, as partículas de materiais de menor densidade são aspiradas, dando origem à fracção denominada
por resíduos leves de fragmentação.
> As operações de tratamento de VFV estão sujeitas a licenciamento nos termos do disposto no Decreto-Lei n.º
178/2006, de 5 de Setembro, bem como os requisitos técnicos mínimos constantes do n.º 2 e 3 do Anexo IV do
Decreto-Lei n.º 196/2003, de 23 de Agosto, sem prejuízo da legislação sobre o licenciamento industrial, a avaliação
de impacte ambiental e a licença ambiental.
Operadores de desmantelamento e de fragmentação
Estes operadores são responsáveis pela emissão do certificado de destruição, ferramenta essencial para o cancela-
mento da matrícula, o qual está sujeito aos seguintes condicionamentos:
> O cancelamento da matrícula de um VFV está condicionado à exibição, perante a Direcção Geral de Viação (DGV),
de um certificado de destruição emitido por um operador de desmantelamento devidamente autorizado/licenciado;
> Para o cancelamento da matrícula o proprietário e outros legítimos possuidores devem:
Entregar o documento de identificação do veículo e título de registo de propriedade;
Requerer o cancelamento da respectiva matrícula, através do preenchimento de impresso de modelo legal, que
será disponibilizado pelo centro de recepção ou operador de desmantelamento;
> Os veículos abandonados que se encontram na posse das autoridades municipais ou polícias competentes ficam
dispensados da apresentação dos documentos atrás referidos;
> Os salvados, a companhia de seguros fica dispensada de apresentar a documentação atrás referida, devendo ape-
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nas fazer prova de que remeteu o respectivo documento de identificação do veículo à DGV e o título do registo de pro-
priedade à Conservatória do Registo Automóvel;
> Quando se trata de VFV cujo possuidor não deva ter em seu poder o documento de identificação do veículo e o título
de registo de propriedade, este fica dispensado de os apresentar, devendo apenas fazer prova de que remeteu o res-
pectivo documento de identificação do veículo à DGV e o título do registo de propriedade à Conservatória do Registo
Automóvel;
> O centro de recepção que recebe o VFV deverá proceder à sua identificação, conferir a respectiva documentação e
remeter a mesma ao operador de desmantelamento, em conjunto com o VFV;
> O operador de desmantelamento que recebe o VFV deverá proceder à sua identificação, conferir a respectiva docu-
mentação e proceder à emissão do certificado;
> O operador de desmantelamento deve conservar uma cópia do certificado de destruição por um período não infe-
rior a cinco anos.
Encontra-se publicado no Diário da República, II Série, n.º 109, de 10 de Maio de 2004, o Despacho n.º 9276/2004,
de 10 de Maio, no qual se estabelece o Modelo de Certificado de Destruição de VFV, em conformidade com o n.º 7 do
artigo 17º do Decreto-Lei n.º 196/2003, de 23 de Agosto.
Eliminação e Destino Final
Os resíduos de fragmentação, partículas de materiais de menor densidade que são aspiradas aquando do processo
de fragmentação, são actualmente enviados para aterro. No entanto, encontram-se a ser desenvolvidas tecnologias
de triagem pós-fragmentação, que permitirão seleccionar para valorização alguns dos componentes dos resíduos de
fragmentação.
Em relação à comunicação de dados ao INR, a legislação obriga a que até 31 de Março:
> A entidade gestora é obrigada a reportar a actividade do ano anterior;
> Os fabricantes ou importadores de veículos que tenham optado pelo sistema individual são obrigados a reportar a
actividade do ano transacto;
> Os fabricantes de materiais e de equipamentos para veículos são obrigados a reportar a actividade do ano anterior.
A obrigatoriedade de comunicação dos dados é realizada através do registo no Sistema Integrado de Registo Elec-
trónico de Resíduos (SIRER), de acordo com o definido no Decreto-Lei n.º 178/2006, de 5 de Setembro, e na Portaria
1408/2006, de 18 de Dezembro.
Assim, os operadores de VFV que se encontrem já em actividade desde 1 de Dezembro, inclusive, estão vinculados
à inscrição no SIRER no prazo de 90 dias úteis a contar daquela mesma data e no prazo de 30 dias úteis a contar da
data de início da respectiva actividade, para os novos operadores. O procedimento de pedido de inscrição assenta no
preenchimento de um formulário electrónico que será disponibilizado no Portal do INR.
SIRER Sistema Integrado de Registo Electrónico de Resíduos
Os relatórios de actividade anual relativos ao ano de 2006 devem ser preenchidos até ao dia 31 de Maio de 2007. Para
os anos seguintes os mapas de registo devem ser preenchidos até ao termo do mês de Março seguinte a cada ano.
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Registos de Produção . 4 . 5
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De acordo com o Decreto-Lei n.º 230/2004, de 10 de Dezembro, entende-se por Equipamentos Eléctricos e Electróni-
cos (EEE), os equipamentos cujo funcionamento adequado depende de correntes eléctricas ou campos electromag-
néticos para funcionar correctamente, bem como os equipamentos para geração, transferência e medição dessas
correntes e campos (categorias indicadas no anexo I do Decreto-Lei n.º 230/2004, de 10 de Dezembro) e concebi-
dos para a utilização com uma tensão nominal não superior a 1000 V para corrente alterna e 1500 V para corrente
contínua.
No anexo I do referido decreto-lei, são definidas as seguintes categorias de EEE:
> Grandes Electrodomésticos;
> Pequenos Electrodomésticos;
> Equipamentos Informáticos e de Telecomunicações;
> Equipamentos de Consumo;
> Equipamentos de Iluminação;
> Ferramentas Eléctricas e Electrónicas (com excepção de ferramentas industriais fixas e de grandes dimensões);
> Brinquedos e Equipamento de Desporto e Lazer;
> Aparelhos Médicos (com excepção de todos os produtos implantados e infectados);
> Instrumentos de monitorização e controlo;
> Distribuidores Automáticos.
Para além das categorias de EEE, o anexo lista todos os produtos e funções considerados em cada categoria e para
efeitos do diploma.
Equipamentos Eléctricos e Electrónicos
. 5
Enquadramento Legal . 5 . 1
Diploma
Decreto-Lei n.º 230/2004, de 10 de Dezembro
Decreto-Lei n.º 174/2005, de 25 de Outubro
Âmbito
Estabelece o regime jurídico a que fica sujeita a ges-
tão de Resíduos de Equipamentos Eléctricos e Elec-
trónicos (REEE), com o objectivo prioritário de preve-
nir a sua produção e, subsequentemente, promover a
reutilização, a reciclagem e outras formas de valoriza-
ção, de modo a reduzir a quantidade e o carácter nocivo
dos resíduos eléctricos e electrónicos a serem geri-
dos, visando melhorar o comportamento ambiental de
todos os operadores envolvidos no ciclo de vida destes
equipamentos
Altera o âmbito da aplicação do Decreto-Lei n.º
230/2004, de 10 de Dezembro, em conformidade com
o n.º 1 do artigo 2.º da Directiva n.º 2002/96/CE, do Par-
lamento Europeu e do Conselho, de 27 de Janeiro de
2003
Definição e Caracterização . 5 . 2
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Os Resíduos de Equipamentos Eléctricos e Electrónicos (REEE) compreendem os EEE que constituam um resíduo na
acepção da legislação em vigor, incluindo todos os componentes, subconjuntos e materiais consumíveis que fazem
parte integrante do equipamento no momento em que este é descartado, de acordo com o Decreto-Lei n.º 230/2004,
de 10 de Dezembro.
Os REEE são resíduos que estão a gerar preocupação crescente em todo o mundo devido ao perigo da sua acumu-
lação para a saúde pública e meio ambiente, uma vez que a sua constituição inclui substâncias perigosas e de difícil
tratamento, como os metais pesados.
Por exemplo, um simples computador é um conjunto complicado de mais de mil materiais, muitos dos quais alta-
mente tóxicos em caso de tratamento inadequado no fim de vida.
Certos componentes contêm substâncias perigosas para o ambiente e saúde do ser humano caso sejam deposita-
dos no meio ambiente. Estas substâncias existem em pequenas quantidades e têm elevado potencial de poluição.
A legislação em vigor previne diversas situações e impede que os novos EEE colocados no mercado a partir de 1 de
Julho de 2006 sejam isentos de chumbo, mercúrio, cádmio, crómio hexavalente, polibromobifenilo (PBB) e/ou éter
de difenilo polibromado (PBDE).
Contudo, existem outras substâncias que podem estar presentes nos REEE e que também são consideradas peri-
gosas, como arsénio, policlorobifenilos (PCB), níquel e amianto.
REEE Resíduos de Equipamentos Eléctricos e Electrónicos
EEE Equipamentos Eléctricos e Electrónicos
Os impactes na saúde, quer das misturas, quer das combinações de materiais nos produtos, não são totalmente
conhecidos. Estudos revelam que os trabalhadores envolvidos no fabrico de chips começam a desenvolver cancro e
os trabalhadores que laboram na reciclagem de computadores apresentam elevados níveis de substâncias químicas
perigosas no sangue.
Impactes Ambientais . 5 . 3
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Operações sobre Resíduos de Equipamentos
Eléctricos e Electrónicos . 5 . 4
O Decreto-Lei n.º 230/2004, de 10 de Dezembro, e posterior alteração através do Decreto-Lei n.º 174/2005, de 25
de Outubro, regulamenta a gestão de REEE. Neste diploma, são reiterados os princípios fundamentais da gestão,
que passam pela prevenção da produção de REEE, pela promoção da reutilização, da reciclagem e de outras formas
de valorização, de forma a reduzir-se a quantidade e nocividades dos REEE a serem geridos, e a contribuir-se para a
melhoria do comportamento ambiental de todos os operadores envolvidos no ciclo de vida destes equipamentos.
Além do exposto, fica estabelecido que a responsabilidade da gestão dos REEE cabe a todos os intervenientes no
ciclo de vida do EEE e dos REEE e que os municípios, sendo responsáveis, nos termos da legislação em vigor, pela
recolha dos resíduos urbanos, devem beneficiar das contrapartidas financeiras necessárias para assegurar a recolha
selectiva dos REEE abrangidos pela definição de resíduos urbanos.
Os grandes objectivos preconizados no diploma legislativo que regula a gestão do fluxo dos equipamentos eléctricos
e electrónicos (EEE) e dos seus resíduos (REEE), consistem fundamentalmente em:
> Promover a aplicação de medidas preventivas;
> Promover a reutilização, reciclagem e outras formas de valorização de REEE;
> Incentivar a participação dos cidadãos;
> Envolver os operadores económicos associados ao “ciclo dos EEE” através da aplicação do princípio de responsabi-
lidade do produtor.
Armazenamento e Transporte
Os produtores, individualmente, ou através das entidades gestoras são responsáveis:
> Pelo financiamento das actividades de triagem dos REEE de origem particular por categorias, pelo seu armazena-
mento temporário em Centros de Recepção, bem como pelo transporte de REEE recolhidos nos Centros de Recep-
ção até ao local de tratamento;
> Pelo financiamento dos custos de recolha e transporte pela substituição dos equipamentos colocados no mercado
até 13 de Agosto de 2005 por novos, se realizada;
> Pelos sistemas de armazenamento, tratamento ou valorização de REEE de origem particular e os de origem não
particular, colocados no mercado após 13 de Agosto de 2003, segundo as melhores técnicas disponíveis;
> Pelo financiamento dos custos de armazenagem, tratamento, valorização ou eliminação pela substituição dos equi-
pamentos colocados no mercado até 13 de Agosto de 2005, por novos, se realizada.
Os distribuidores:
> Devem assegurar a recolha de REEE de origem particular sem encargos para o detentor, à razão de um por um, no
âmbito do fornecimento de um novo EEE, desde que os resíduos sejam de equipamentos equivalentes e desempe-
nhem as mesmas funções que os equipamentos fornecidos;
> Devem assegurar a recepção de REEE de origem particular sem encargos para o detentor, podendo constituir como
Centros de Recepção;
> São responsáveis pelo transporte dos REEE de origem particular até aos Centros de Recepção, caso não consti-
tuam como Centros de Recepção.
Os utilizadores particulares devem entregar gratuitamente os REEE que detenham nas instalações de recolha selec-
tiva a tal destinadas e os utilizadores não particulares são responsáveis pelo financiamento dos custos de armazena-
gem, tratamento, valorização ou eliminação dos equipamentos colocados no mercado até 13 de Agosto de 2005.
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Os sistemas municipais, criados no âmbito das atribuições autárquicas de recolha de resíduos urbanos, constituem
como Centro de Recepção de REEE de origem particular.
Valorização e Tratamento
A reciclagem dos REEE é um processo complicado devido à complexidade e variedade de matérias-primas, que
incluem substâncias perigosas.
A reciclagem de produtos perigosos pode simplesmente transferir os perigos para outros produtos secundá-
rios tendo estes, eventualmente, de ser eliminados. Desta forma, a solução mais adequada será redesenhar o pro-
duto para usar materiais não perigosos. Os EEE devem ser concebidos de forma a pensar em todo o seu ciclo de vida,
sendo facilmente desmontáveis e, sempre que possível, reutilizados.
Reciclagem: Forma de valorização dos resíduos na qual se recuperam e, ou, regeneram diferentes matérias consti-
tuintes de forma a dar origem a novos produtos
Eliminação e Destino Final
A incineração deste tipo de resíduo é uma solução que apresenta vantagens e desvantagens. Ao incinerar estes resí-
duos, algumas das substâncias perigosas existentes nos REEE são convertidas em substâncias menos nocivas ao
meio ambiente. Caso possuam elevada percentagem de plástico, são considerados apropriados para incineração.
Contudo, muitos destes resíduos contêm metais pesados e substâncias halogenadas das quais resulta uma concen-
tração de metais pesados nas escórias, nas cinzas volantes e nos gases de filtração e uma potencial emissão de mer-
cúrio, dioxinas e furanos.
Incineração: Processo químico por via térmica, com ou sem recuperação da energia calorífica produzida
> Registo de produtores de EEE
O Decreto-Lei n.º 230/2004, de 10 de Dezembro, determina a obrigação de registo de todos os produtores de EEE
de modo a tornar possível acompanhar e fiscalizar o cumprimento das obrigações e objectivos fixados no mesmo
diploma. Trata-se de uma obrigação comunitária, devendo todos os Estados-Membros operacionalizar um registo
nacional de produtores de EEE.
O registo de produtores de EEE está disponível desde 13 de Julho de 2005 através do portal da entidade de
registo, a ANREEE. A ANREEE - Associação Nacional para o Registo de Equipamentos Eléctricos e Electrónicos – é
uma pessoa colectiva sem fins lucrativos, criada por associações de produtores e pelas entidades gestoras do sis-
tema integrado de gestão de REEE.
O objectivo da ANREEE é reunir informações relativas às quantidades de cada categoria de EEE que os produtores
colocam no mercado anualmente a acompanhar, através da informação recebida dos sistemas individuais e colecti-
vos de gestão de REEE, o tipo de operação de gestão a que os REEE foram sujeitos (desde a recolha selectiva, até à
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. 5 . 5Registos de Produção
6. 5 . 4. 5 . 5
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sua valorização e eliminação). Além disso, tem também a competência de informar as entidades públicas competen-
tes e de alertar para eventuais violações da obrigação de registo.
ANREEE Associação Nacional para o Registo de Equipamentos Eléctricos e Electrónicos
De acordo com o artigo 26.º, do Decreto-Lei n.º 230/2004, de 10 de Dezembro, o registo de produtores é obrigatório e
efectua-se, junto da ANREEE, em 4 fases distintas:
1.ª Fase
> Aceder ao SIRPEEE - Sistema de Informação de Registo de Produtores de Equipamentos Eléctricos e Electrónicos
e solicitar o registo através da inscrição de dados da empresa e de utilizadores. O SIRPEEE é a aplicação informática
que permite aos produtores efectuarem o seu registo online e reportarem os EEE colocados no mercado.
Com a submissão desta informação irá obter para impressão o «Termo de Responsabilidade» e a «Ficha de Identifi-
cação da empresa».
2.ª Fase
>Enviar o «Termo de Responsabilidade» e a «Ficha de Identificação da empresa», devidamente preenchidos, e
acompanhados por uma fotocópia simples da Certidão do Registo Comercial para a morada:
ANREEE
Rua do Conde Redondo, n.º 8 - 4.º Esq.
1150-105 Lisboa
3.ª Fase
> Envio, pela ANREEE para os utilizadores registados os dados do login através de mensagem de confirmação. Nesta
fase a empresa encontra-se validada, mas ainda não registada.
4.ª Fase
> Através do SIRPEEE, realizar o login com base na informação recebida na mensagem de confirmação e preenchi-
mento de 4 formulários online.
O número de registo (constituído por PT seguido de um conjunto de 6 dígitos) atribuído pela ANREEE aos produtores
de EEE que completam o processo de registo no SIRPEEE1 deve constar nos EEE colocados no mercado nacional
após 13 de Agosto de 2005, nas facturas emitidas, nos documentos de transporte e em documentos equivalentes.
SIRPEEE Sistema de Informação de Registo de Produtores de Equipamentos Eléctricos e Electrónicos
Para além do registo, os produtores têm que comunicar à ANREEE o tipo e quantidade de equipamentos colocados
no mercado nacional, bem como o sistema de gestão por que optaram em relação a cada tipo de REEE. Desta forma,
os produtores devem realizar duas declarações anuais, no final de cada semestre, em que reportarão os EEE coloca-
dos no mercado nacional no período anterior.
Desta forma, a ANREEE, como entidade de registo nacional, procede à recolha sistemática de informação sobre os
EEE colocados no mercado.
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Marcação
De acordo com o preconizado no Decreto-Lei n.º 230/2004, de 10 de Dezembro, após 13 de Agosto de 2005:
> Cada EEE colocado no mercado nacional deve conter a identificação do produtor (número de registo);
> Cada EEE colocado no marcado nacional deve exibir uma marca que permita aferir visualmente os EEE históricos
dos restantes (normas inerentes à marca referida - Mandato M336 ao CENELEC);
> Cada EEE colocado no mercado nacional deve apresentar uma marca representada pelo símbolo definido no Anexo
IV do referido diploma.
No que concerne às 2 marcações previstas, foi publicado a 30 de Junho de 2006, pelo Instituto Português da Qua-
lidade, a versão portuguesa da Norma Europeia EN 50419:2006, designada por NP EN 50419:2006 «Marcação dos
equipamentos eléctricos e electrónicos em conformidade com o artigo 11.º (2) da Directiva 2002/96/CE (REEE)».
Registos de Produção de Resíduos
O preenchimento obrigatório dos Mapas de Registo de Resíduos Industrias (MRRI) pelas entidades com actividade
industrial, nos termos do preceituado no artigo 17.º do Decreto-Lei n.º 239/97, de 9 de Setembro, e na Portaria n.º
792/98, de 22 de Setembro, foi substituído pelo registo no Sistema Integrado de Registo Electrónico de Resíduos
(SIRER), de acordo com o definido no Decreto-Lei n.º 178/2006, de 5 de Setembro e na Portaria 1408/2006, de 18 de
Dezembro.
Face à revogação da Portaria n.º 792/98, de 22 de Setembro, não existe então a obrigatoriedade de envio em for-
mato de papel dos mapas publicados no diploma supra mencionado e estão sujeitos ao registo no SIRER (art. 48º do
Decreto-Lei n.º 178/2006, de 5 de Setembro):
> Os produtores de resíduos não urbanos que no acto da sua produção empreguem pelo menos 10 trabalhadores;
> Os produtores de resíduos urbanos cuja produção diária exceda 1100 l;
> Os produtores de resíduos perigosos;
> Os operadores de gestão de resíduos;
> As entidades responsáveis pelos sistemas de gestão de resíduos;
> Os operadores que actuem no mercado de resíduos;
> Os operadores e as operações de gestão de resíduos hospitalares.
Os operadores de gestão de resíduos acima mencionados, que se encontrem já em actividade desde 1 de Dezembro,
inclusive, estão vinculados à inscrição no SIRER no prazo de 90 dias úteis a contar daquela mesma data.
De igual modo os demais utilizadores devem proceder ao registo no SIRER no prazo de 30 dias úteis a contar da
data de início da respectiva actividade.
O procedimento de pedido de inscrição assenta no preenchimento de um formulário electrónico disponibilizado no
Portal do INR.
Os mapas de registo relativos ao ano de 2006 devem ser preenchidos até ao dia 31 de Maio de 2007. Para os anos
seguintes os mapas de registo devem ser preenchidos até ao termo do mês de Março seguinte a cada ano.
SIRER Sistema Integrado de Registo Electrónico de Resíduos
. 5 . 5
6. 5 . 5
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134
Convém referir que a listagem apresentada anteriormente aplica-se aos resíduos de embalagens urbanos e não
urbanos, sendo que, se considera resíduos não urbanos os produzidos em quantidades superiores a 1100 litros
diários.
Embalagens
. 6
Enquadramento Legal . 6 . 1
Diploma
Decreto-Lei n.º 366-A/97, de 20 de Dezembro
Portaria n.º 29-B/98, de 15 de Janeiro
Decreto-Lei n.º 407/98, de 21 de Dezembro
Despacho Conjunto n.º 289/99, de 6 Abril (II Série)
Despacho n.º 7415/99, de 14 de Abril (II Série)
Despacho Conjunto n.º 316/99, de 15 de Abril
(II Série)
Decreto-Lei n.º 162/2000, de 27 de Julho
Decreto-Lei n.º 82/2003, de 23 de Abril
Decreto-Lei n.º 173/2005, de 21 de Outubro
Decreto-Lei n.º 92/2006, de 25 de Maio
Decreto-Lei n.º 187/2006, de 19 de Setembro
Âmbito
Estabelece os princípios e as normas aplicáveis ao sis-
tema de gestão de embalagens e resíduos de embala-
gens -revoga o DL nº 322/95, de 28 de Novembro
Estabelece as regras de funcionamento dos sistemas
de consignação aplicáveis às embalagens reutilizá-
veis e às embalagens não reutilizáveis, bem como as
do sistema integrado aplicável apenas às embalagens
não reutilizáveis -revoga a Portaria n.º313/96 de 29 de
Julho.
Estabelece as regras respeitantes aos requisitos
essenciais da composição das embalagens
Cria o Grupo de trabalho sobre reutilização previsto no
nº4 do nº5º da Portaria nº 29-B/98, de 15 de Janeiro
Aprova os modelos para fornecimento de dados esta-
tísticos de acordo com o nº4º da Portaria nº 29-B/98,
de 15 de Janeiro
Determina o modelo de relatório anual de actividade da
entidade gestora do sistema integrado
Altera os Artigos 4º e 6º do Decreto-Lei n.º 366-A/97,
de 20 de Dezembro.
Aprova o Regulamento para a Classificação, Embala-
gem, Rotulagem e Fichas de Dados de Segurança de
Preparações Perigosas
Regula as actividades de distribuição, venda, prestação
de serviços de aplicação de produtos fitofarmacêuticos
e a sua aplicação pelos utilizadores finais
Altera o Decreto-Lei n.º 366-A/97, de 20 de Dezem-
bro, com as alterações introduzidas pelo Decreto-Lei
n.º 162/2000, de 27 de Julho, transpondo para a ordem
jurídica nacional a Directiva n.º 2004/12/CE, do Parla-
mento Europeu e do Conselho, de 11 de Fevereiro, rela-
tiva a embalagens e resíduos de embalagens
Estabelece as condições e procedimentos de segu-
rança no âmbito dos sistemas de gestão de resíduos de
embalagens e de resíduos de excedentes de produtos
fitofarmacêuticos e altera o Decreto-Lei n.º 173/2005,
de 21 de Outubro
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Definição e Caracterização . 6 . 2
São embalagens todos e quaisquer produtos feitos de materiais de qualquer natureza utilizados para conter, prote-
ger, movimentar, manusear, entregar e apresentar mercadorias, tanto matérias-primas como produtos transforma-
dos, desde o produtor ao utilizador ou consumidor, incluindo todos os artigos “descartáveis” utilizados para os mes-
mos fins.
A Portaria n.º 29-B/98 de 15 de Janeiro estabelece as regras de funcionamento dos sistemas de consignação aplicá-
veis às embalagens reutilizáveis e às embalagens não reutilizáveis, bem como as do sistema integrado aplicável ape-
nas às embalagens não reutilizáveis
As embalagens vieram facilitar a vida moderna, mas constituem um problema quando se transformam em resíduos.
As embalagens de plástico e papel, quando depositadas em aterro, ocupam espaço que poderia ser utilizado para
outro tipo de resíduo cujo processo de reciclagem não seja tão eficaz e aumentam o potencial de ocorrência de incên-
dios e sua propagação.
Além do exposto, convém referir os restantes problemas associados aos aterros, como a contaminação dos len-
çóis freáticos, solo e ar, propagação de doenças, emissão de gases com efeito de estufa, ocupação de grandes exten-
sões de solo e, no caso das incineradoras, produção de um resíduo particularmente perigoso (cinzas) que requer
acondicionamento especial.
De acordo com a legislação em vigor, são considerados operadores económicos no âmbito das embalagens e resí-
duos de embalagens, os fornecedores de matérias-primas para materiais de embalagem e/ou de materiais de emba-
lagem, os produtores e transformadores de embalagens, os embaladores, utilizadores, importadores, comerciantes
e distribuidores de produtos embalados, as autoridades e organismos públicos com competências na matéria, desig-
nadamente os municípios.
Assumem especial destaque na gestão e operacionalização do sistema, os seguintes operadores:
> As Câmaras Municipais / Sistemas de gestão de RSU são responsáveis pela recolha dos resíduos urbanos, devendo
beneficiar das contrapartidas financeiras que derivem da aplicação do Sistema Integrado, a fim de assegurarem a
recolha selectiva e triagem dos resíduos de embalagens contidos nos resíduos urbanos;
> Os embaladores e importadores de produtos embalados são responsáveis pela prestação das contrapartidas finan-
ceiras previstas no Sistema Integrado;
> Os fabricantes de embalagens e de matérias-primas de embalagens são responsáveis pela valorização dos resí-
duos de embalagens contidos nos resíduos urbanos, directamente ou através de organizações que tenham sido cria-
das para assegurar a retoma e valorização dos materiais recuperados.
Impactes Ambientais . 6 . 3
Operações sobre Embalagens . 6 . 4
6. 6. 6 . 1. 6 . 2. 6 . 3. 6 . 4
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136
Para dar cumprimento às suas obrigações, as empresas que coloquem embalagens no mercado terão de agir conso-
ante o tipo de embalagem, conforme apresentado na Portaria n.º 29-B/98, de 15 de Janeiro:
> No caso de embalagens reutilizáveis as empresas têm de aplicar um sistema de consignação que permita recupe-
rar e reutilizar as respectivas embalagens depois de usadas pelos consumidores, não podendo ser introduzidas nos
circuitos municipais de recolha de resíduos;
> No que respeita às embalagens não reutilizáveis as empresas podem optar por um de dois sistemas de gestão:
> A adesão a um Sistema Integrado de Gestão de Embalagens e Resíduos de Embalagens (SIGRE);
> A criação de um sistema de gestão próprio, encarregando-se o operador económico da sua recolha e encaminha-
mento para reciclagem ou outro tipo de aproveitamento.
SIGRE Sistema Integrado de Gestão de Embalagens e Resíduos de Embalagens
A primeira solução é viabilizada presentemente pela Sociedade Ponto Verde (SPV). No âmbito das actividades de
controlo, a SPV exige nos contratos celebrados com as empresas, que a Declaração Anual das Embalagens colo-
cadas no mercado nacional seja certificada pelo Revisor Oficial de Contas, sob compromisso da Administração da
empresa em Declaração do Órgão de Gestão. A empresa deve desenvolver e manter um sistema de informação rela-
tivo à gestão de embalagens e resíduos de embalagens e deve assegurar de que:
> Segue as regras previstas no Manual do Embalador/Importador editado pela SPV;
> Implementou um processo de recolha e tratamento dos dados que garanta o cumprimento das obrigações contra-
tualmente exigidas;
> O processo permite a realização de testes conducentes à certificação dos dados a declarar à SPV;
> O processo conduz à obtenção de elementos contabilísticos e estatísticos que permitam identificar e quantificar os
tipos, pesos e movimentos das diversas embalagens relativas a cada um dos produtos colocados no mercado nacio-
nal, por venda ou oferta, e resíduos de embalagem decorrentes de devoluções ou destruídas por excederem o prazo
de validade.
Em Portugal, foi criado o Sistema Integrado de Gestão de Resíduos de Embalagem (SIGRE), cuja entidade gestora é
a Sociedade Ponto Verde (SPV), circuito que garante a retoma, valorização e reciclagem de resíduos de embalagens
não-reutilizáveis.
Este circuito é constituído pelas diversas fileiras que constituem as embalagens:
> Plastval (Fileira do Plástico);
> Fimet (Fileira Metal);
> Embar (Madeira);
> Cerv (Vidro);
> Recipac (Fileira Papel e Cartão).
SPV Sociedade Ponto Verde
Estas têm por missão garantir a retoma de todos os resíduos recolhidos sob a responsabilidade da Sociedade Ponto
Verde, tendo em vista o cumprimento das metas nacionais de reciclagem e a minimização do impacto dos resíduos
de embalagens, maximizando o mercado secundário de matérias-primas e minimizando as quantidades de resíduos
depositadas em aterro sanitário.
A segunda solução, criação de um sistema de gestão próprio, obriga à aprovação do sistema próprio da empresa, ou
sector de actividade, pela entidade competente (Instituto dos Resíduos).
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Estabelecimentos Horeca
No caso particular dos estabelecimentos de hotelaria, restauração e cafés, existem duas opções para a comercializa-
ção de águas, cervejas e refrigerantes:
> Embalagens de tara perdida: o estabelecimento deve separar as embalagens usadas e aderir a um sistema de
recolha selectiva que garanta a reciclagem das embalagens usadas, como é o caso do Verdoreca (sistema criado
para facilitar o cumprimento do estipulado na Portaria n.º 29-B/98, de 15 de Janeiro, nos estabelecimentos que
comercializam bebidas refrigerantes, cervejas e águas embaladas, destinadas a consumo imediato, em embalagens
não reutilizáveis, ou seja, de tara perdida);
> Embalagens reutilizáveis (tara recuperável): a comercialização é sempre permitida, uma vez que o retorno da
embalagem é garantido pelo próprio distribuidor.
Armazenamento e Valorização
A responsabilidade do correcto armazenamento e destino das embalagens recai sobre o produtor dos resíduos. De
seguida, apresenta-se as condições de acondicionamento correctas dos resíduos de embalagem, para entrega ao
retomador, de acordo com o produto, material de embalagem e origem do resíduo.
. 6 . 4
Material de embalagem
Origem Produto Acondicionamento Quantidade mínima
Metal - Aço Recolha
selectiva
Produtos não
domésticos e/
ou apresen-
tando riscos de
explosão
- Blocos prensados (densidade
real 1,2 a 2), devendo resistir a 5
quedas consecutivas de 2 m de
altura sobre zona acimentada;
- São aceitáveis fardos de den-
sidade<0,3 e farods ligados não
excedendo 300 kg e resistentes
às manipulações industriais;
- A granel sob consulta da fileira,
se a densidade aparente<=0,3 m.
20
toneladas
Incineração ou
compostagem
de RSU
Escórias ou
produto triado
Granel em contentores 70 m3 20
toneladas
(>)
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Material de embalagem
Origem Produto Acondicionamento Quantidade mínima
Metal -
Alumínio
Recolha
selectiva
Metais não fer-
rosos de emba-
legem (latas de
conserva, latas
de bebidas e
aerossóis)
- Fardos ou granel espalmado;
- Espessura determinada de
acordo com a fileira.
5
toneladas
Escórias de
incineração de
RSU, com gra-
nulometria > 5
mm
Escórias Granel em contentores 10
toneladas
Recolha
selectiva
Garrafas e
garrafões de
plástico PET
10
toneladas
Plástico Embalagens comprimidas e
enfardadas.
Características dos fardos:
- Densidade 150 a 300 kg/m3.
Em casos especiais, o mínimo de
100 kg/m3 poderá ser aceite;
-Dimensões 1x1x1,1m (dimen-
sões superiores poderão ser acei-
tes mediante acordo das partes);
- Identificação dos lotes: data da
triagem e número do lote.
Garrafas e
garrafões de
plástico PEAD
Embalagens comprimidas e
enfardadas.
Características dos fardos:
- Densidade 200 a 300 kg/m3.
Em casos especiais, o mínimo de
100 kg/m3 poderá ser aceite;
-Dimensões 1x1x1,1m (dimen-
sões superiores poderão ser acei-
tes mediante acordo das partes);
- Identificação dos lotes: data da
triagem e número do lote.
12
toneladas
(>)
. 6 . 4
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Material de embalagem
Origem Produto Acondicionamento Quantidade mínima
Plástico Recolha
selectiva
Garrafas e
garrafões de
plástico PVC
Embalagens comprimidas e
enfardadas.
Características dos fardos:
- Densidade 180 a 300 kg/m3.
Em casos especiais, o mínimo de
100 kg/m3 poderá ser aceite;
-Dimensões 1x1x1,1m (dimen-
sões superiores poderão ser acei-
tes mediante acordo das partes);
- Identificação dos lotes: data da
triagem e número do lote.
12
toneladas
Mistura de
filmes, mangas
e sacos diver-
sos com dimen-
sões superiores
a uma folha A3
Embalagens comprimidas e
enfardadas.
Características dos fardos:
- Densidade 350 a 400 kg/m3.
Em casos especiais, o mínimo de
100 kg/m3 poderá ser aceite;
-Dimensões 1x1x1,1m (dimen-
sões superiores poderão ser acei-
tes mediante acordo das partes);
- Identificação dos lotes: data da
triagem e número do lote.
12
toneladas
Esferovite
limpa (EPS)
- Em sacos de plástico transpa-
rentes, com volume superior a
0,5 m3;
- Identificação dos lotes: data da
triagem e número de lote.
20 m3
. 6 . 4
6. 6 . 4
(>)
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140
Material de embalagem
Origem Produto Acondicionamento Quantidade mínima
Vidro Qualquer
embalagem
Casco Contentor 12
toneladas
Recolha
selectiva de
embalagens
Embalagens
de cartão para
bebidas, emba-
lagens de car-
tão canelado,
embalagens
de cartão com-
pacto, embala-
gens de papel
Papel / cartão Fardos ou granel em malotes de:
- Volume pequeno de 200
a 400 kg com densidade =
0,3+ou- 0,005;
- Volume médio de 400 a 600 kg
com densidade = 0,4+ou- 0,005;
- Volume grande de 601 a
1200 kg com densidade =
0,5+ou- 0,005;
Madeira e
derivados de
madeira.
Madeira e
derivados de
madeira pinta-
dos a tinta orgâ-
nica sem sais
metálicos.
Acondicionamento para entrega
em elementos de dimensão
adequada para transporte em
contentores.
NE
. 6 . 4
Recolha
selectiva de não
embalagens
Cartão cane-
lado, jornais,
revistas, papel
de escrita,
papel de
impressão
Madeira Recolha
selectiva de
embalagem
NE
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Qualquer processo de valorização e reciclagem de resíduos tem início numa correcta separação dos mesmos. A
recolha indiferenciada até há poucos anos praticada fazia com que o processo de reciclagem não fosse rentável,
dados os custos inerentes às operações necessárias para a obtenção de material de qualidade para posterior recicla-
gem. Por esta razão, a recolha selectiva tem vindo a substituir progressivamente a recolha indiferenciada.
Tecnicamente, a reciclagem começa com a recolha dos resíduos, mas, na prática o sucesso da recolha depende da
adesão dos cidadãos à separação doméstica. De nada vale uma Autarquia instalar ecopontos e ecocentros se os seus
munícipes não aderirem à recolha selectiva. Assim, os cidadãos consumidores devem procurar separar conveniente-
mente os seus resíduos - cumprindo com as regras de separação divulgadas - e depositá-los nos equipamentos apro-
priados disponibilizados pelas Autarquias, afim de cumprir com as Especificações Técnicas em vigor que permitem
que os resíduos possam, posteriormente, ser reciclados pela indústria recicladora.
Ecocentro: Área vigiada destinada à recepção de resíduos para reciclagem com um volume de contentorização
superior aos ecopontos, e com eventual mecanização para preparação dos resíduos para encaminhamento para
reciclagem
Eliminação e Destino Final
Caso as embalagens não sejam recolhidas separadamente para serem encaminhadas para reciclagem, o seu destino
final é o aterro sanitário. Caso sigam o percurso da reciclagem, estas podem originar novos produtos.
A incineração, ocupando o último lugar na ordem das actuais preferências em matéria de valorização de resíduos,
não deixa de ser um destino final responsável para grande parte dos resíduos valorizados.
A obtenção de resíduo estéril e inerte através da incineração permite não só a redução do volume de resíduos
(cerca de 10 vezes), como também a recuperação de energia.
O elevado custo de instalação e de operação numa central incineradora e os riscos de poluição ambiental são as
principais desvantagens deste método de valorização de resíduos.
Incineração: Processo químico por via térmica, com ou sem recuperação da energia calorífica produzida
De acordo com o Decreto-Lei n.º 152/2002, de 23 de Maio, o aterro é uma instalação de eliminação através da deposi-
ção de resíduos acima ou abaixo da superfície natural, incluindo:
> As instalações de eliminação internas, considerando-se com tal os aterros onde o produtor de resíduos efectua a
sua própria eliminação de resíduos no local de produção;
> Instalações permanentes, considerando-se como tal as que tiverem uma duração superior a um ano, usada para
armazenagem temporária.
Mas excluindo:
> As instalações onde são descarregados resíduos com o objectivo de os preparar para serem transportados para
outro local de valorização, tratamento ou eliminação;
> A armazenagem de resíduos previamente à sua valorização ou tratamento, por um período geralmente inferior e
três anos;
> A armazenagem de resíduos previamente à sua eliminação, por um período inferior a um ano.
. 6 . 4
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142
Resíduos Fitofarmacêuticos . 6 . 5
Fitofarmacêuticos são substâncias activas e as preparações contendo uma ou mais substâncias activas que sejam
apresentadas sob a forma em que são fornecidas ao utilizador, e se destinem a:
> Proteger os vegetais ou os produtos vegetais de todos os organismos prejudiciais ou a impedir a sua acção, desde
que essas substâncias ou preparações não estejam a seguir definidas de outro modo;
> Exercer uma acção sobre os processos vitais dos vegetais, com excepção das substâncias nutritivas;
> Assegurar a conservação dos produtos vegetais, desde que tais substâncias ou preparações não sejam objecto de
disposições comunitárias especiais relativas a conservantes;
> Destruir os vegetais indesejáveis;
> Destruir partes de vegetais e reduzir ou impelir o crescimento indesejável dos mesmos;
> Serem utilizados como adjuvantes.
De acordo com o Decreto-Lei n.º 187/2006, de 19 de Setembro, consideram-se resíduos de excedentes de produtos
fitofarmacêuticos os produtos fitofarmacêuticos inutilizáveis contidos em embalagens já abertas que existam arma-
zenadas no utilizador final, bem como os produtos fitofarmacêuticos cuja autorização de venda e prazo para esgota-
mento de existências tenha já expirado. Os resíduos de embalagens de produtos fitofarmacêuticos são as embala-
gens vazias de produtos fitofarmacêuticos.
Em relação à co-responsabilização dos operadores económicos envolvidos na gestão das embalagens de produtos
fitofarmacêuticos, é possível referir para cada um dos responsáveis:
>Embaladores
Os embaladores e outros responsáveis pela colocação daqueles produtos no mercado nacional encontram-se abran-
gidos pelo dever legal de adesão ao sistema integrado de gestão de resíduos de embalagens de produtos fitofarma-
cêuticos ou, em alternativa, de assunção das suas obrigações de gestão de resíduos por uma das formas previstas no
n.º 2 do artigo 6º da Portaria n.º 29-B/98, de 15 de Janeiro.
A referida transferência de responsabilidade para o sistema integrado SIGERU, opera-se através da celebração
de um contrato, com a duração mínima de três anos, regulando, pelo menos, a identificação e a caracterização das
embalagens abrangidas, a previsão da quantidade de resíduos dessas embalagens a retomar anualmente, a defini-
ção do sistema de controlo sobre a quantidade e a natureza dos resíduos de embalagens envolvidos, bem como as
contrapartidas financeiras devidas à titular.
> Entidade Gestora
É da responsabilidade da VALORFITO a criação dos centros de recepção organizada segundo critérios de proximi-
dade, susceptíveis de incentivar o encaminhamento dos resíduos de embalagens para o sistema integrado que se
revelem necessários para abranger todo o território sob sua jurisdição.
Os centros de recepção podem ser integrados nos pontos de distribuição de produtos fitofarmacêuticos, aprovei-
tando a relação existente entre os produtores de resíduos de embalagens (agricultores) e os distribuidores, de modo
a facilitar a difusão da comunicação e aumentar as taxas de recolha dos resíduos de embalagens.
A entrega dos resíduos de embalagens de produtos fitofarmacêuticos nos locais adequados e nas condições defi-
Gestão de Resíduos Fitofarmacêuticos . 6 . 5 . 1
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nidas não acarreta quaisquer custos adicionais para os produtores de resíduos de embalagens (agricultores), pre-
vendo-se que os centros de recepção, forneçam aos Produtores de Resíduos de Embalagens (agricultores) sacos de
plástico de 200 litros e big bags adequados ao acondicionamento e transporte dos resíduos de embalagens de produ-
tos fitofarmacêuticos.
Paralelamente e quando a quantidade dos resíduos envolvidos é considerável, a VALORFITO, mediante solicitação
do produtor de resíduos de embalagens (agricultor), promove a recolha dos resíduos no prazo máximo de 15 dias a
contar do pedido e sem encargos para o produtor de resíduos de embalagens (agricultor).
> Produtores
Os produtores de resíduos de embalagens (agricultores) são responsáveis pelo acondicionamento provisório dos
resíduos de embalagens de produtos fitofarmacêuticos nas suas instalações e pelo seu transporte para os centros
de recepção da responsabilidade da VALORFITO. Devem ser seguidas as boas práticas de armazenagem temporária
no local de produção de resíduos de embalagens de produtos fitofarmacêuticos veiculadas por aquela entidade ges-
tora, nomeadamente sobre a sua tripla lavagem e secagem e acondicionamento nos recipientes disponibilizados pela
VALORFITO através dos centros de recepção.
> Centro de Recepção
Os centros de recepção, cuja autorização se rege pelo Decreto-lei n.º 173/2005, de 21 de Outubro, com as alterações
impostas pelo Decreto-Lei n.º 187/2006, de 19 de Setembro, aplicável às actividades de distribuição e venda e à apli-
cação de produtos fitofarmacêuticos, desempenharão as seguintes funções:
1. Recepção dos resíduos de embalagens provenientes dos agricultores;
2. Garantia que as embalagens que são recebidas se encontram em condições adequadas (limpas e secas);
3. Certificação da natureza dos resíduos de embalagens (produtos fitofarmacêuticos);
4. Emissão dos comprovativos da entrega dos resíduos de embalagens, a disponibilizar pela entidade gestora;
5. Disponibilização, dos recipientes para recolha dos resíduos de embalagens;
6. Disseminação da informação produzida pela entidade gestora;
7. Promover, a pedido da entidade gestora, à recolha acima prevista;
8. Disponibilizar informações relevantes à entidade gestora para efeitos de controlo do sistema.
> Operadores de Gestão
Os operadores de gestão de resíduos de embalagens de produtos fitofarmacêuticos, devem garantir o cumprimento
dos objectivos gerais de valorização dos resíduos de embalagem abrangidos pelo sistema. Para o efeito, a VALOR-
FITO apresentou ao Instituto dos Resíduos, uma rede de operadores de gestão de resíduos perigosos de embala-
gens, devidamente autorizados para o exercício da actividade, com cobertura por todo o território nacional e que
asseguram a recolha, a partir dos centros de recepção, transporte para valorização ou outro destino final adequado
dos resíduos de embalagens.
As relações da VALORFITO com os diversos operadores da rede são objecto de contratos, que estabelecem os ter-
mos quantitativos e qualitativos da intervenção do operador no circuito, incluindo, também, para além das obrigações
individuais específicas de prestação de serviço no âmbito do sistema integrado, obrigações de divulgação da informa-
ção, que cabem à VALORFITO, de forma a promover a eficiência técnica e económica do sistema integrado.
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> Procedimentos a cumprir pelo utilizador final relativos aos resíduos de embalagens de produtos
fitofarmacêuticos
As embalagens rígidas que contiveram produtos fitofarmacêuticos que se destinam à preparação de calda, com
capacidade/peso inferior a 25 l ou 25 kg, são submetidas a uma tripla lavagem, sendo as águas de lavagem utiliza-
das obrigatoriamente na preparação de calda, sendo de seguida completamente esgotadas do seu conteúdo, devida-
mente fechadas, inutilizadas, colocadas nos sacos de recolha e estes nos locais de armazenamento temporário.
As embalagens com capacidade/peso igual ou superior a 250 l ou 250 kg que contiveram produtos fitofarmacêuti-
cos não são lavadas e são guardadas em local adequado na exploração agrícola.
As embalagens não mencionadas nos pontos anteriores são completamente esgotadas do seu conteúdo sem lava-
gem prévia, inutilizadas, devidamente fechadas e, sempre que a sua dimensão o permita, colocadas nos sacos de
recolha e guardadas nos locais de armazenamento temporário.
Em qualquer dos casos referidos, deve ser mantido o rótulo intacto e o saco de recolha ser entregue devidamente
fechado, com excepção das embalagens com capacidade/peso igual ou superior a 250 l ou 250 kg.
No que respeita aos resíduos de excedentes de produtos fitofarmacêuticos, os utilizadores finais mantêm estes resí-
duos na embalagem original, rotulada e devidamente fechada de modo a evitar derrames e mistura com outros pro-
dutos, devendo os mesmos ser colocados nos locais de armazenamento temporário.
> Locais de armazenamento temporário no utilizador final
Os locais de armazenamento temporário de resíduos de embalagens e de resíduos de excedentes de produtos fito-
farmacêuticos, os quais podem ser os espaços destinados ao armazenamento dos respectivos produtos, devem estar
devidamente fechados e identificados, devem ser secos e impermeabilizados e situar-se a mais de 10 m de distância
de poços, furos, nascentes, rios e ribeiras, valas ou condutas de drenagem.
O preenchimento obrigatório dos Mapas de Registo de Resíduos Industrias (MRRI) pelas entidades com actividade
industrial, nos termos do preceituado no artigo 17.º do Decreto-Lei n.º 239/97, de 9 de Setembro, e na Portaria n.º
792/98, de 22 de Setembro, foi substituído pelo registo no Sistema Integrado de Registo Electrónico de Resíduos
(SIRER), de acordo com o definido no Decreto-Lei n.º 178/2006, de 5 de Setembro e na Portaria 1408/2006, de 18 de
Dezembro.
Face à revogação da Portaria n.º 792/98, de 22 de Setembro, não existe então a obrigatoriedade de envio em for-
mato de papel dos mapas publicados no diploma supra mencionado e estão sujeitos ao registo no SIRER (art. 48º do
Decreto-Lei n.º 178/2006, de 5 de Setembro):
> Os produtores de resíduos não urbanos que no acto da sua produção empreguem pelo menos 10 trabalhadores;
> Os produtores de resíduos urbanos cuja produção diária exceda 1100 l;
> Os produtores de resíduos perigosos;
> Os operadores de gestão de resíduos;
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> As entidades responsáveis pelos sistemas de gestão de resíduos;
> Os operadores que actuem no mercado de resíduos;
> Os operadores e as operações de gestão de resíduos hospitalares.
Os operadores de gestão de resíduos acima mencionados, que se encontrem já em actividade desde 1 de Dezembro,
inclusive, estão vinculados à inscrição no SIRER no prazo de 90 dias úteis a contar daquela mesma data.
De igual modo os demais utilizadores devem proceder ao registo no SIRER no prazo de 30 dias úteis a contar da
data de início da respectiva actividade.
O procedimento de pedido de inscrição assenta no preenchimento de um formulário electrónico disponibilizado no
Portal do INR.
Os mapas de registo relativos ao ano de 2006 devem ser preenchidos até ao dia 31 de Maio de 2007. Para os anos
seguintes os mapas de registo devem ser preenchidos até ao termo do mês de Março seguinte a cada ano.
SIRER Sistema Integrado de Registo Electrónico de Resíduos
A Valorpneu - Sociedade de Gestão de Pneus, Lda. é uma sociedade sem fins lucrativos constituída em 27 de Feve-
reiro de 2002 e licenciada em 7 de Outubro de 2002, por um prazo de 5 anos, pelos Ministérios das Cidades, Orde-
namento do Território e Ambiente e da Economia. O seu objectivo é a organização e gestão do sistema de recolha e
destino final de pneus usados, no quadro do sistema integrado previsto no Decreto-Lei n.º 111/2001, de 6 de Abril,
devendo dar cumprimento às seguintes metas definidas:
> Recolha de, pelo menos, 95% dos pneus usados anualmente gerados;
> Recauchutagem de, pelo menos, 30% dos pneus usados anualmente gerados;
> Reciclagem de, pelo menos, 65% dos pneus recolhidos e não recauchutados;
> Valorização energética (incineração).
A entidade gestora deve ser uma entidade sem fins lucrativos, em cuja composição poderão figurar, além dos produ-
tores, os distribuidores, os recauchutadores, recicladores e outros valorizadores.
São competências da entidade gestora Valorpneu:
> Organizar a rede de recolha e transporte dos pneus usados, efectuando os necessários contratos com distribuido-
res, sistemas municipais e multimunicipais de gestão de resíduos sólidos urbanos ou seus concessionários ou outros
operadores, a quem deverá prestar as correspondentes contrapartidas financeiras;
> Decidir sobre o destino a dar a cada lote de pneus usados, respeitando a hierarquia dos princípios de gestão e tendo
em conta os objectivos fixados no artigo 4º do citado Decreto-Lei;
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Valorpneu
Entidades Gestoras
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> Estabelecer contratos com os recauchutadores, recicladores e outros valorizadores para regular as receitas ou
encargos determinados pelos respectivos destinos dados aos pneus.
A transferência de responsabilidade de cada produtor para a entidade gestora é objecto de contrato escrito, com a
duração mínima de cinco anos.
Valorpneu Sociedade de Gestão de Pneus
Os pneus abrangidos pelo Sistema Integrado de Gestão de Pneus Usados (SGPU) gerido pela Valorpneu são todos os
pneus comercializados em Portugal, os quais foram objecto da seguinte segmentação:
> Pneus de veículos ligeiros de passageiros/turismo;
> Pneus de veículos 4x4 on/off road;
> Pneus de veículos comerciais;
> Pneus de veículos pesados;
> Pneus de veículos agrícolas (diversos);
> Pneus de veículos agrícolas (rodas motoras);
> Pneus de veículos industriais (com diâmetro de jante compreendido entre 8"e 15");
> Pneus maciços;
> Pneus de veículos de engenharia civil (até à dimensão 12.00-24");
> Pneus de veículos de engenharia civil (dimensões iguais ou superiores a 12.00-24");
> Pneus de motos (com cilindrada superior a 50cc);
> Pneus de motos (com cilindrada até 50cc);
> Pneus de aeronaves.
Ecopilhas
A Ecopilhas é uma sociedade por quotas que tem por objecto a gestão do sistema integrado de pilhas e acumula-
dores usados, tendo sido licenciada como entidade gestora do mesmo, pelo Ministério do Ambiente e Ordenamento
do Território em decisão de 14 de Outubro de 2002, de acordo com o previsto no nº 2 do artigo 5º do Decreto-Lei n.º
62/2001, de 19 de Fevereiro, e no seguimento do artigo 2º da Portaria 571/2001, de 6 de Junho.
A Ecopilhas, Sociedade Gestora de Resíduos de Pilhas e Acumuladores, é uma empresa sem fins lucrativos cons-
tituída pelos principais produtores e importadores de Pilhas e Acumuladores que operam no mercado português,
licenciada pela Portarias n.º 571 e 572/2001. São sócios fundadores, as empresas Cegasa, Grupo Gillete (Duracell),
Energizer, Sony, Varta e a AGEFE (Associação Empresarial dos Sectores Eléctrico, Electrodoméstico, Fotográfico e
Electrónico.)
A função principal da Ecopilhas é assegurar o funcionamento do Sistema Integrado de Pilhas e Acumuladores Usa-
dos - SIPAU, gerindo um conjunto de operações que asseguram a recolha selectiva, armazenagem temporária, tria-
gem e reciclagem das pilhas e acumuladores recolhidos e propondo-se a:
> Assegurar, em Janeiro de 2003, a recolha selectiva de 25% em peso, das pilhas e acumuladores colocados anual-
mente no mercado, atingindo uma taxa de 50% no fim de 2005;
> Garantir a reciclagem de 60% das pilhas recolhidas em 2003, atingindo uma taxa 75% no fim de 2005.
Os produtores e importadores de pilhas e acumuladores ou de equipamentos que os contenham e que usam os servi-
ços da Ecopilhas, ao transferir para esta a sua responsabilidade, pagam o serviço através do Ecovalor.
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Informações adicionais em www.ecopilhas.pt.
Ecopilhas Sociedade Gestora de Resíduos de Pilhas e Acumuladores
Sogilub
A SOGILUB - Sociedade de Gestão Integrada de Óleos Lubrificantes Usados, Lda. é uma sociedade sem fins lucrati-
vos e por quotas que tem como sócios a Associação Portuguesa de Empresas Petrolíferas (APETRO) e a Associação
Portuguesa de Empresas Gestoras e Recicladoras de Óleos Usados (UNIOIL).
Esta sociedade gestora foi constituída de forma a dar cumprimento aos requisitos estabelecidos no Decreto-Lei n.º
153/2003, de 11 de Julho, sobre a gestão dos óleos minerais usados. Licenciada desde 15/07/2005, a SOGILUB é a
única entidade em Portugal que está vocacionada para a organização e condução do sistema integrado de gestão de
óleos usados.
A licença atribuída à SOGILUB tem efeitos a partir de 1 de Julho de 2005 e é válida até 31 de Dezembro de 2010,
podendo ser prorrogada por períodos de cinco anos. São competências da entidade gestora do sistema integrado:
> Organizar a rede de recolha/transporte, celebrando os contratos necessários com os operadores de gestão de
óleos usados registados para o efeito e/ou com os municípios, associações de municípios e sistemas multimunicipais
de gestão de resíduos sólidos urbanos ou seus concessionários, devendo esses contratos fixar os encargos decorren-
tes dessa actividade;
> Celebrar os contratos necessários com os operadores de gestão de óleos usados licenciados/autorizados para o
efeito, devendo esses contratos fixar as receitas ou encargos determinados pelo destino a dar aos óleos usados;
> Criar e assegurar a implementação do sistema de controlo dos óleos usados;
> Decidir sobre o destino a dar a cada lote de óleos usados, respeitando a hierarquia estabelecida para as operações
de gestão e tendo em conta os objectivos fixados;
> Definir, implementar e manter tecnologicamente actualizado um sistema informático que permita o tratamento,
em tempo real, dos dados;
> Promover a realização de campanhas de sensibilização sobre os princípios e regras de gestão dos óleos usados e
sobre os possíveis impactes negativos para a saúde e para o ambiente decorrentes da sua gestão não adequada; de
estudos de viabilidade técnico-económica de novos processos de regeneração e de reciclagem a implementar a nível
nacional; e de projectos de investigação no domínio da redução dos teores de substâncias poluentes.
SOGILUB - Sociedade de Gestão Integrada de Óleos Lubrificantes Usados
A entidade gestora é financiada, nomeadamente, através de uma prestação financeira a suportar pelos produtores
de óleos novos por cada litro de óleo novo colocado no mercado nacional.
Valorcar
A Valorcar - Sociedade de Gestão de Veículos em Fim de Vida é uma entidade sem fins lucrativos, que através do
Despacho Conjunto n.º 525/2004, de 21 de Agosto, dos Ministérios da Economia, das Obras Públicas, Transportes e
Habitação e das Cidades, Ordenamento do Território e Ambiente, constitui a entidade gestora do sistema integrado
de gestão de veículos em fim de vida.
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São competências da entidade gestora assegurar os objectivos previstos no Decreto-Lei n.º 196/2003, de 23 de
Agosto:
A partir de 1 de Janeiro de 2007:
> Assegurar que a recepção de VFV, seus componentes e materiais;
> Organizar uma rede nacional de operadores por si seleccionados e contratos para a recepção, transporte e trata-
mento de VFV;
> Assegurar a monitorização do sistema integrado, nomeadamente no que diz respeito ao fluxo de VFV e dos mate-
riais resultantes do seu tratamento;
> Promover a sensibilização e a informação públicas sobre os procedimentos a adoptar em termos de gestão de resí-
duos de veículos e de VFV, seus componentes e materiais, bem como sobre os perigos de uma eliminação incontro-
lada destes resíduos.
A rede Valorcar engloba quinze centros distribuídos por 8 distritos (Aveiro, Castelo Branco, Coimbra, Faro, Lisboa,
Porto, Santarém e Setúbal), dispondo de uma capacidade total de desmantelamento de 80.000 VFV/ano.
Funcionamento do sistema integrado
> Após a concessão da licença à entidade gestora, os fabricantes ou importadores de veículos dispõem de 3 meses a
contar da data de concessão para aderir ao sistema integrado, através da celebração do contrato;
> Os proprietários ou detentores de VFV são responsáveis pelo seu encaminhamento, e custos do mesmo, para um
centro de recepção ou para um operador de desmantelamento devidamente autorizado/licenciado;
> Quanto aos veículos inutilizados, o proprietário é responsável pelo seu encaminhamento, e respectivos custos, para
um centro de recepção ou para um operador de desmantelamento, no prazo máximo de 30 dias a contar da data em
que o veículo fique inutilizado;
> No caso de situações de abandono de veículos, conforme previstas no artigo 171º do Código da Estrada, as autori-
dades municipais ou policiais competentes procederão ao respectivo encaminhamento para um centro de recepção
ou um operador de desmantelamento, sendo os custos decorrentes dessa operação da responsabilidade do proprie-
tário do veículo abandonado;
> Quando se trate de salvados de uma companhia de seguros, esta fica responsável pelo seu encaminhamento, e
custos do mesmo, para um centro de recepção ou um operador de desmantelamento, no prazo máximo de 30 dias a
contar da data em que o veículo seja considerado salvado;
> A entrega de um VFV num centro de recepção ou num operador de desmantelamento designado pelo fabricante ou
importador de veículos ou pela entidade gestora é efectuado sem custos para o seu proprietário ou detentor, ainda
que o seu VFV tenha um valor de mercado negativo ou nulo:
A partir de 1 de Julho de 2002, em relação aos veículos introduzidos no mercado a partir dessa data;
A partir de 1 de Janeiro de 2007, em relação aos veículos introduzidos no mercado antes de 1 de Julho de 2002;
> A responsabilidade dos fabricantes ou importadores de veículos cessa mediante a entrega de VFV a operadores de
tratamento devidamente autorizados/licenciados.
Valorcar Sociedade de Gestão de Veículos em Fim de Vida
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AMB3E e ERP Portugal
Para os REEE existem em Portugal duas entidades que solicitaram licença para gerirem sistemas integrados de ges-
tão para o mesmo universo de resíduos, ou sejam, as 10 categorias de REEE. São elas a AMB3E e a ERP Portugal.
Estas duas entidades gestoras foram licenciadas no primeiro trimestre de 2006, produzindo efeitos a partir de 1 de
Janeiro de 2006.
O processo de registo é sujeito ao pagamento, pelos produtores, de uma taxa anual calculada em função do número
de equipamentos colocados no mercado, independentemente da categoria ou subcategoria dos mesmos.
Os produtores são também obrigados a suportar uma contrapartida financeira para as entidades gestoras assumi-
rem em nome dos produtores a responsabilidade pela gestão dos REEE colocados no mercado - EcoREE. Esta Eco-
taxa é calculada em função das características e do número de EEE colocados no mercado e correspondendo ao
valor constante nas licenças das entidades gestoras referente à categoria em que o mesmo se insere.
Em alternativa ao sistema integrado os produtores de EEE podem optar por assumir as suas obrigações a título
individual, carecendo para o efeito de uma autorização específica do Instituto do Resíduos, a qual apenas é concedida
se forem garantidas as obrigações previstas para o sistema integrado. O sistema individual deve ainda ser garantido
através da prestação de garantia bancária a favor da ANREEE ou de conta bloqueada no momento em que o equipa-
mento é colocado no mercado.
> AMB3E
A AMB3E – Associação Portuguesa de Gestão de Resíduos de Equipamentos Eléctricos e Electrónicos é uma asso-
ciação portuguesa de direito privado e sem fins lucrativos. Admite como associados as pessoas singulares ou colec-
tivas com actividade no sector dos EEE. Os operadores que, não sendo associados, estejam obrigados por lei, a reco-
lher, tratar e reciclar
REEE podem ser admitidos como Utentes dos serviços prestados.
AMB3E Associação Portuguesa de Gestão de Resíduos de Equipamentos Eléctricos e Electrónicos
De acordo com a licença, a AMB3E deverá até 2011 contribuir no mínimo com 31% das quantidades totais de REEE
produzidos a nível nacional, e, além disso, assume o compromisso de efectuar os esforços possíveis no sentido de
alargar o universo dos produtores aderentes ao seu sistema integrado com vista a garantir que, de forma progressiva
e a partir de 2007, estes representem a gestão de um quantitativo de REEE correspondente a, pelo menos, 80% do
total de REEE produzido anualmente.
O financiamento da entidade gestora é assegurado pela prestação financeira suportada pelos produtores de EEE, a
que se denomina ECOREEE, calculado em função das características e do número dos EEE colocados no mercado.
Portal AMB3E: http://www.amb3e.pt/
> ERP Portugal
A ERP Portugal – Associação Gestora de REEE é uma associação de natureza privada, sem fins lucrativos. Pretende
ser o meio através do qual os grupos Gillette, HP, Sony e Eletrolux implementam em Portugal o sistema pan-europeu
de recolha e gestão de REEE, administrado pela sociedade comercial European Recycling Platform – ERP, S.A.S.
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A ERP Portugal tem duas categorias de associados: os associados Fundadores (as quatro empresas referidas ante-
riormente) e os Ordinários, entidades posteriormente admitidas pela Assembleia-Geral.
ERP Portugal Associação Gestora de REEE
A licença atribuída à ERP Portugal menciona que a entidade gestora, até 2011, deve ser responsável por 8% das
quantidades totais de REEE produzidos a nível nacional e assume o compromisso de alargar o universo dos produ-
tores aderentes, sendo a sua obrigação a gestão de um quantitativo de REEE correspondente a, pelo menos, 20% do
total de REEE produzido anualmente.
No caso da ERP Portugal, a prestação financeira (ECOREEE) é calculada por tonelada de EEE colocada no mer-
cado e por cada uma das 5 subcategorias definidas pela entidade gestora, encontrando-se os valores para o biénio
2005-2006 apresentados na respectiva licença.
Portal ERP Portugal: http://www.erp-recycling.org/
> Sociedade Ponto Verde
A Sociedade Ponto Verde S.A. é uma entidade privada, sem fins lucrativos, constituída em Novembro de 1996, com a
missão de promover a recolha selectiva, a retoma e a reciclagem de resíduos de embalagens, a nível nacional.
De acordo com a legislação comunitária e sua transposição para o ordenamento jurídico nacional, a responsabili-
dade pela gestão e destino final dos resíduos de embalagens cabe aos operadores económicos que colocam embala-
gens no mercado. Contudo, essa responsabilidade pode, nos termos da lei, ser transferida para uma entidade devida-
mente licenciada para o efeito.
Neste contexto foi criada a Sociedade Ponto Verde, que reúne diversos accionistas (Embaladores/Importadores,
Distribuidores, Autarquias, Fabricantes de Embalagens e de Materiais de Embalagem) apostados em dar cumpri-
mento às suas obrigações ambientais e legais, através da organização e gestão de um circuito que garante a retoma,
valorização e reciclagem de resíduos de embalagens não-reutilizáveis, denominado Sistema Integrado de Gestão de
Resíduos de Embalagens (SIGRE).
A SPV tem como objectivos:
> Prestar apoio às Autarquias com programas de recolha selectiva e triagem de embalagens não-reutilizáveis;
> Assegurar a retoma, valorização e reciclagem dos resíduos triados, através de vínculos contratuais que possui com
os Fabricantes de Embalagens e de Materiais de Embalagem (papel/cartão, vidro, plástico, madeira, aço e alumínio);
> Assumir a gestão e destino final dos resíduos em que se transformam, após consumo, as embalagens não-reutili-
záveis colocadas no mercado nacional pelos Embaladores e Importadores;
> Garantir junto dos Distribuidores que as embalagens não-reutilizáveis estão abrangidas por um Sistema Integrado
de Gestão de Resíduos de Embalagens (SIGRE);
> Promover a sensibilização e educação ambiental junto dos Consumidores;
> Apoiar programas de investigação que fomentem o desenvolvimento do mercado de produtos e materiais
reciclados.
SPV Sociedade Ponto Verde
Informações adicionais em www.pontoverde.pt.
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> VALORMED
A VALORMED é a entidade gestora do SIGREM - Sistema Integrado de Gestão de Resíduos de Embalagens com
Medicamentos, no âmbito da aplicação dos objectivos e acções preconizados na legislação que regula o fluxo de
embalagens e resíduos de embalagens.
Esta entidade gestora foi licenciada em 17 de Fevereiro de 2000, pelos Ministros da Economia e do Ambiente, para
exercer a actividade de gestão de resíduos de embalagens com medicamentos.
O funcionamento deste sistema integrado assenta na fundamental participação dos consumidores. Estes são incen-
tivados a devolver às farmácias os medicamentos fora de uso e/ou de prazo (devidamente acondicionados nas sua
embalagens primárias), para serem depositados em contentores específicos. A recolha e transporte destes conten-
tores ficam a cargo de empresas de distribuição que, pelo facto de tradicionalmente lidarem com o sector dos medi-
camentos, já têm circuitos pré-estabelecidos.
Este sistema possui também uma segunda vertente que prevê a reciclagem daquelas embalagens de papel/car-
tão, de filme plástico e de outros materiais vulgarmente utilizados pela indústria farmacêutica e pelo sector da distri-
buição de medicamentos, para os agrupar, armazenar e/ou transportar e que portanto raramente chegam aos locais
de venda (farmácias) e ao consumidor.
SIGREM Sistema Integrado de Gestão de Resíduos de Embalagens com Medicamentos
Informações adicionais em: www.valormed.pt
> VALORFITO
A VALORFITO, entidade gestora responsável pela gestão do Sistema Integrado de Gestão de Embalagens e Resí-
duos em Agricultura, Lda. – SIGERU, licenciado a 1 de Dezembro de 2005, com o objectivo de assegurar a gestão dos
resíduos de embalagens primárias não reutilizáveis provenientes do fluxo não urbano, nomeadamente do sector agrí-
cola, com capacidade inferior a 250 litros e de natureza perigosa dado terem contido produtos fitofarmacêuticos.
Excluem-se por isso do âmbito da gestão do SIGERU:
> As embalagens secundárias e terciárias de produtos fitofarmacêuticos;
> As embalagens e respectivos resíduos que não pagaram o valor de prestação financeira a suportar pelos embala-
dores de produtos fitofarmacêuticos e outros responsáveis pela colocação daqueles produtos no mercado nacional;
> Resíduos de excedentes de produtos fitofarmacêuticos.
A VALORFITO está vinculada a adoptar os princípios e a hierarquia das operações de gestão de resíduos de embala-
gens definidos na legislação, assumindo o compromisso de aumentar progressivamente as quantidades em peso de
embalagens declaradas de produtos fitofarmacêuticos, com o objectivo de aproximar essas quantidades às quanti-
dades totais de embalagens colocadas no mercado nacional, de acordo com a seguinte evolução cronológica previ-
sional do mercado de embalagens:
VALORFITO Sistema Integrado de Gestão de Embalagens e Resíduos em Agricultura
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De acordo com o definido na sua Licença, a VALORFITO apresentou um Plano de Acções para os Resíduos de Emba-
lagens com vista ao cumprimento daqueles objectivos de valorização e que integra igualmente:
> A caracterização física dos resíduos de embalagem abrangidos pelo seu âmbito de actuação;
> As medidas a adoptar com vista à promoção de opções de valorização desses resíduos, incluindo a reciclagem por
material de embalagem, tanto a nível nacional, como com recurso a movimento transfronteiriço,
> As acções alternativas de gestão compatíveis com os objectivos preconizados.
O Plano privilegia as opções de valorização dos resíduos de embalagem em detrimento da eliminação, respeitando a
hierarquização das operações de gestão reiterada no 6º Programa Comunitário de Acção, em matéria de Ambiente.
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* Exercício 6 . 8
(manual de exercícios)
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Objectivos
No final deste capítulo os formandos deverão ser capazes de:
1. Compreender a definição de resíduos de construção e demolição (RCD), óleos alimentares usados (OAU) e policlo-
robifenilos (PCB);
2. Conhecer os requisitos legais aplicáveis à gestão dos resíduos RCD, OAU e PCB e suas condicionantes
operacionais;
3. Indicar os impactes ambientais provocados por cada tipo de resíduo;
4. Conhecer as condições de armazenamento e transporte de cada tipo de resíduo identificadas na legislação em vigor;
5. Identificar as opções de valorização e tratamento de cada tipo de resíduo existentes actualmente e as respectivas
vantagens e desvantagens de cada opção;
6. Identificar as soluções existentes de eliminação e destino final de cada tipo de resíduo;
7. Apresentar medidas de prevenção da produção de cada tipo de resíduo.
> Resíduos de Construção e Demolição (RCD)
> Óleos Alimentares Usados (OAU)
> Policlorobifenilos (PCB)
> ETAR
> Bio-acumulação
> Biodegradável
> Biocombustível
> Biogás
> Reciclagem
> Reutilização
> Incineração
> SIRER
Palavras-Chave
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Neste momento, encontra-se em análise um projecto de Decreto-Lei que virá regulamentar a gestão dos Resíduos
de Construção e Demolição - RCD, pelo que de seguida se apresenta a análise do referido projecto que poderá sofrer
algumas alterações com a sua publicação.
De acordo com o Decreto-Lei n.º 178/2006, de 5 de Setembro, resíduo de construção e demolição é o resíduo pro-
veniente de obras de construção, reconstrução, ampliação, alteração, conservação e demolição e da derrocada de
edificações.
Os potenciais impactes ambientais das actividades de construção e demolição estão associados à utilização das
matérias-primas e aos trabalhos de construção durante a utilização e no fim de vida.
Quanto à utilização de matérias-primas, é possível referir que provoca desperdício de energia, água e recursos
naturais, além de provocar ruído, poeiras e forte impacte visual.
Durante o período de construção os impactes ambientais são mais significativos e abrangentes, desde os já refe-
ridos anteriormente como a produção de elevadas quantidades de resíduos produzidos in situ, materiais e resíduos
de embalagens e consequente poluição da água, solo e ar se não forem tomadas as devidas medidas minimizadores
para protecção do ambiente.
RCD Resíduos de Construção e Demolição
De realçar que os RCD contêm percentagens elevadas de materiais, inertes, reutilizáveis e recicláveis, cujos destinos
deverão ser potencializados, diminuindo-se, assim, simultaneamente a utilização de recursos naturais e os custos de
deposição final em aterro, aumentando-se o seu período de vida útil.
Enquadramento Legal . 1 . 1
Impactes Ambientais . 1 . 3
Resíduos de Construção e Demolição
. 1
Definição e Caracterização . 1 . 2
7. 1. 1 . 1. 1 . 2. 1 . 3
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A gestão dos RCD deverá ter como princípios fundamentais a prevenção da produção destes resíduos e da sua peri-
gosidade através da redução da incorporação de substâncias perigosas aquando da construção, bem como o recurso
à sua triagem, sempre que possível na origem, e a sistemas de reutilização, reciclagem e outras formas de valoriza-
ção, com vista a reduzir a quantidade e a perigosidade dos resíduos a eliminar.
A operação de triagem reveste-se de especial importância neste fluxo de resíduos uma vez que é da sua eficiência
que depende a possibilidade de valorização dos diversos fluxos de resíduos dela resultantes, como sejam os resíduos
de madeira, de vidro, de plástico, de metais ferrosos e não ferrosos e os inertes.
A conduta dos produtores e/ou detentores de RCD terá, necessariamente, de ter como base os seguintes princípios:
> A prevenção no fluxo de RCD é de extrema importância. É necessário que exista uma redução da produção dos resí-
duos em cada fase do processo de construção, até à execução final da obra, mediante princípios de responsabilidade
de gestão correcta por quem os origina;
> Antes do início da obra, deverá ser efectuada uma inventariação dos RCD que irão ser produzidos, tendo como
objectivo proceder à identificação dos seus componentes perigosos, os quais, caso existam, deverão, sempre que
possível, ser removidos selectivamente e encaminhados para operadores devidamente legalizados, sendo de realçar
a eventual existência de material com amianto, cuja remoção e destino se deverá revestir de particular atenção;
> Promover a reutilização sempre que tecnicamente possível;
> As operações de gestão de RCD, nomeadamente, triagem, armazenamento, valorização ou eliminação, devem ser
efectuadas por operadores devidamente autorizados/licenciados.
Estudos indicam que apenas uma pequena percentagem dos RCD são aproveitados, cerca de 5% do total de RCD
produzidos são reutilizados ou reciclados, enquanto os restantes são encaminhados para aterro.
Convém referir que o Instituto dos Resíduos (INR) estabeleceu com o Laboratório Nacional de Engenharia Civil
(LNEC) um acordo para elaboração, por esta entidade, de um conjunto de especificações técnicas sobre RCD e res-
pectivas aplicações, as quais traduzem as utilizações potenciais mais comuns no sector da construção civil, vindo a
permitir dar resposta às principais necessidades dos operadores e agentes do sector.
As especificações técnicas já elaboradas, e disponíveis no portal do INR, são as seguintes:
> E 471-2006 Guia para a Utilização de Agregados Reciclados Grossos em Betões de Ligantes Hidráulicos;
> E 472-2006 Guia para a Reciclagem de Misturas Betuminosas a Quente em Central;
> E 473-2006 Guia para a utilização de Agregados reciclados em Camadas Não Ligadas de pavimentos;
> E 474-2006 Guia para a Utilização de Resíduos de Construção e Demolição em Aterro e Camada de Leito de Infra-
Estruturas de Transporte.
Armazenamento e Transporte
A recolha dos RCD deverá ser efectuada em contentores apropriados devendo o transporte ser efectuado de forma a
salvaguardar a protecção da saúde e do ambiente;
A triagem dos diversos fluxos de resíduos inseridos nos RCD deverá, sempre que possível, ser efectuada no local de
produção devendo, nos casos em que isso não puder ocorrer, o produtor ou detentor proceder ao seu encaminha-
mento para uma unidade de triagem devidamente legalizada, na qual será efectuada a separação dos resíduos por
fluxos específicos, tendo em atenção a sua posterior reciclagem e/ou valorização.
Operações sobre Resíduos de Construção e Demolição
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Valorização e Tratamento
Através de uma gestão dos RCD que aposte na prevenção é possível obter-se menores quantidades de resíduos no
processo de construção e evita-se a sua futura produção no processo de demolição. Mas existe ainda um longo per-
curso a percorrer no sentido de encontrar soluções de reutilização dos resíduos inertes resultantes da triagem dos
RCD, havendo necessidade de se efectuarem esforços conducentes à normalização da utilização destes materiais
em obras geotécnicas.
É possível definir uma série de usos a dar aos RCD no local de obra, sendo esta a solução ambientalmente mais ade-
quada. Inicialmente, sempre que possível, deve-se privilegiar a reutilização dos RCD, no próprio local de obra, para a
sua função original ou noutro local que não o local de produção.
De seguida, surgem as opções de reciclagem que incluem:
> Processamento, no próprio local de obra, com recuperação de materiais com elevado valor de mercado;
> Processamento, fora do local de obra, com recuperação de materiais com elevado valor de mercado;
> Reciclagem, no próprio local de obra, para uma função menos nobre como movimentações de terra não essenciais;
> Reciclagem, fora do local de obra, para uma função menos nobre como movimentações de terra não essenciais.
Reutilização: A reintrodução, em utilização análoga e sem alterações, de substâncias, objectos ou produtos nos cir-
cuitos de produção ou de consumo, de forma a evitar a produção de resíduos
Eliminação e Destino Final
As opções de destino final incluem incineração, com ou sem recuperação de energia, fora do local de obra e deposi-
ção em aterro de resíduos segregados ou aterro de resíduos não segregados.
O preenchimento obrigatório dos Mapas de Registo de Resíduos Industrias (MRRI) pelas entidades com actividade
industrial, nos termos do preceituado no artigo 17.º do Decreto-Lei n.º 239/97, de 9 de Setembro, e na Portaria n.º
792/98, de 22 de Setembro, foi substituído pelo registo no Sistema Integrado de Registo Electrónico de Resíduos
(SIRER), de acordo com o definido no Decreto-Lei n.º 178/2006, de 5 de Setembro e na Portaria 1408/2006, de 18 de
Dezembro.
Face à revogação da Portaria n.º 792/98, de 22 de Setembro, não existe então a obrigatoriedade de envio em for-
mato de papel dos mapas publicados no diploma supra mencionado e estão sujeitos ao registo no SIRER (art. 48º do
Decreto-Lei n.º 178/2006, de 5 de Setembro):
> Os produtores de resíduos não urbanos que no acto da sua produção empreguem pelo menos 10 trabalhadores;
> Os produtores de resíduos urbanos cuja produção diária exceda 1100 l;
> Os produtores de resíduos perigosos;
> Os operadores de gestão de resíduos;
> As entidades responsáveis pelos sistemas de gestão de resíduos;
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. 1 . 5Registos de Produção
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> Os operadores que actuem no mercado de resíduos;
> Os operadores e as operações de gestão de resíduos hospitalares.
Os operadores de gestão de resíduos acima mencionados, que se encontrem já em actividade desde 1 de Dezembro,
inclusive, estão vinculados à inscrição no SIRER no prazo de 90 dias úteis a contar daquela mesma data.
De igual modo os demais utilizadores devem proceder ao registo no SIRER no prazo de 30 dias úteis a contar da
data de início da respectiva actividade.
O procedimento de pedido de inscrição assenta no preenchimento de um formulário electrónico disponibilizado no
Portal do INR.
Os mapas de registo relativos ao ano de 2006 devem ser preenchidos até ao dia 31 de Maio de 2007. Para os anos
seguintes os mapas de registo devem ser preenchidos até ao termo do mês de Março seguinte a cada ano.
SIRER Sistema Integrado de Registo Electrónico de Resíduos
. 1 . 5
Óleos Alimentares Usados
. 2
Enquadramento Legal . 2 . 1
Diploma
Decreto-Lei n.º 62/2006, de 21 de Março
Âmbito
Estabelece os mecanismos necessários para promover
a colocação no mercado de quotas mínimas indicati-
vas de biocombustíveis e de outros combustíveis reno-
váveis, em substituição dos combustíveis fósseis, com
o objectivo de contribuir para a segurança do abasteci-
mento e para o cumprimento dos objectivos nacionais
em matéria de alterações climáticas. O diploma prevê
igualmente a definição, através de legislação especí-
fica, de incentivos para a promoção da utilização de bio-
combustíveis ou de outros combustíveis renováveis
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Os Óleos Alimentares Usados - OAU representam uma categoria de subprodutos/ resíduos provenientes de várias
actividades, desde domésticas a industriais, passando pela hotelaria e restauração, constituindo um fluxo transver-
sal que deverá ser alvo de uma gestão global, independentemente da sua origem.
Maioritariamente, os OAU são provenientes da actividade de fritura de alimentos com óleos de origem vegetal
(azeite, óleos de girassol, de soja,..) podendo estar associados a:
> Actividades domésticas: óleos de cozinha usados na confecção de alimentos;
> Actividades industriais: principalmente a indústria de preparação e conservação de batata;
> Estabelecimentos hoteleiros e restauração: hotéis, restaurantes, cantinas, cafés e serviços de catering.
. 2 . 1
Diploma
Decreto-Lei n.º 66/2006, de 22 de Março
Âmbito
Altera o Código dos Impostos Especiais de Consumo,
aprovado pelo Decreto-Lei n.º 566/99, de 22 de Dezem-
bro, consagrando isenção parcial e total do Imposto
sobre os Produtos Petrolíferos e Energéticos (ISP) aos
biocombustíveis, quando incorporados na gasolina e
no gasóleo, utilizado nos transportes. Este Decreto-Lei
visa conceder isenções parciais ou totais do Imposto
sobre os Produtos Petrolíferos e Energéticos (ISP) aos
biocombustíveis. Assim, admitem-se tais isenções para
os biocombustíveis, puros ou quando incorporados na
gasolina e no gasóleo, de modo a favorecer a sua utili-
zação nos transportes. O diploma altera assim o Código
dos Impostos Especiais de Consumo, aprovado pelo
Decreto-Lei n.º 566/99, de 22 de Dezembro.
Definição e Caracterização . 2 . 2
7. 1 . 5. 2. 2 . 1. 2 . 2
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As questões relacionadas com a produção de OAU têm vindo a assumir importância crescente devido aos impactes
ambientais negativos associados à sua deficiente gestão.
Uma prática incorrecta de deposição deste tipo de resíduos está associada à sua descarga para as redes públicas
de esgoto e colectores municipais, as quais podem provocar graves problemas de entupimento nas canalizações dos
edifícios, nas redes públicas de esgoto e colectores municipais, bem como a corrosão das tubagens e materiais de
drenagem dos estabelecimentos.
Outra consequência resulta no seu encaminhamento para as ETAR, dificultando o seu funcionamento eficiente e
conduz a um considerável consumo de energia no desempenho das mesmas. Além disso, também implica manu-
tenções mais frequentes nos equipamentos de separação de óleos e gorduras associadas e gastos consideráveis de
tempo neste tipo de operações.
A descarga de águas residuais contendo OAU nas linhas de água, tem como consequência a diminuição da concen-
tração de oxigénio presente nas águas superficiais, que conduz a curto prazo a uma degradação da qualidade do meio
receptor. Além disso, a presença de óleos e gorduras nos efluentes de águas residuais provoca um ambiente desa-
gradável com graves problemas ambientais de higiene e maus cheiros, provocando igualmente impactes negativos
ao nível da fauna e flora envolventes.
OAU Óleos Alimentares Usados
Actualmente não existe qualquer sistema integrado de gestão específico para os OAU susceptível de assumir as res-
ponsabilidades dos vários intervenientes. Esta grave lacuna, uma vez que é importante definir uma estratégia de
valorização para este tipo de resíduos por lhe estarem associados vários impactes ambientais negativos, tem vindo a
ser colmatada pelo INR que, consciente do problema, tem desenvolvido esforços para definir uma Estratégia Nacio-
nal de Valorização para os OAU.
Nesse sentido, a 6 de Outubro de 2005 foi assinado o Acordo relativo à Gestão de Óleos Alimentares Usados, que
pretende atender às actuais exigências legislativas e padrões de protecção ambiental, impulsionando e consolidando
um sistema de gestão para os óleos alimentares usados, que, de forma integrada, garanta a co-responsabilização de
todos os que têm intervenção na gestão deste fluxo de resíduos.
Este Acordo estabeleceu o Sistema Voluntário de Gestão de Óleos Alimentares Usados que visa garantir a recolha
dos óleos alimentares usados e o seu encaminhamento para as empresas que procedem ao seu aproveitamento e
valorização. Definiu objectivos, contributos e obrigações de cada um dos subscritores e a respectiva estrutura de ges-
tão, de modo a que, um ano após a assinatura, e o mais tardar, até Janeiro de 2007, com base nos resultados da ava-
liação da sua implementação, poderá ser criado um Sistema Integrado de Gestão do fluxo dos resíduos em causa.
O Acordo visa essencialmente os sectores HORECA e da Indústria Alimentar enquanto grandes produtores deste
tipo de resíduos, o que possibilita a adopção de soluções de recolha selectiva mais eficazes e o posterior encaminha-
mento para valorização.
As entidades signatárias do Acordo Voluntário foram as seguintes:
> Instituto dos Resíduos (INR);
Impactes Ambientais . 2 . 3
Operações sobre Óleos Alimentares Usados . 2 . 4
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> Associação Portuguesa de Óleos e Gorduras Vegetais, Margarinas e Derivados (APOGOM);
> Associação de Restauração e Similares de Portugal (ARESP);
> Associação Nacional de Comerciantes e Industriais de Produtos Alimentares (Ancipa);
> Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED);
> Associação Nacional dos Recolhedores de Óleos Alimentares Usados de Portugal (Recióleo);
> Associação Nacional de Produtores de Biodiesel e Transformadores de Óleos Alimentares Usados de Portugal (BDP).
Estas entidades encontram-se representadas na Estrutura de Gestão (EG), que assegura a gestão do Sistema Volun-
tário de Gestão de Óleos Alimentares Usados, que tem funcionado regularmente através da realização de reuniões
periódicas. Constitui uma das competências da EG proceder à recolha e processamento de informação relativamente
a quantidades de óleos alimentares novos e usados produzidos, recolhidos e encaminhados para valorização.
Sistema de registo de empresas/operadores
O sistema voluntário de registo de empresas/operadores é um sistema voluntário aberto a todos os intervenientes
interessados, na condição de produtores / distribuidores de óleos novos e produtores / recolhedores / armazenis-
tas / valorizadores de óleos usados, independentemente de se encontrarem representados através das Associações
signatárias do Acordo.
O funcionamento deste sistema de registo consiste no envio de informação geral relativa à actividade da empresa/
operador, tendo como base o preenchimento de um formulário e respectivo termo de responsabilidade disponível
nos portais das entidades signatárias do Acordo. De seguida, é emitido um Certificado de Registo, intransmissível,
que atesta o empenho ambiental e interesse das entidades visadas em prestar informação à Estrutura de Gestão, no
âmbito da sua actividade. Este sistema de registo entrou em funcionamento no dia 1 de Março de 2006.
Armazenamento e Transporte
De forma a maximizar a quantidade de óleo efectivamente valorizável, os produtores de OAU devem adoptar medi-
das que minimizem a quantidade de humidade e de impurezas ou resíduos presentes no óleo, uma vez que ocupam
volume nos recipientes e não são valorizáveis, acarretando custos adicionais na recolha e transporte. Relativamente
à separação e deposição dos óleos alimentares usados devem ser evitadas lavagens de fritadeiras para que não seja
adicionada água ao óleo depositado, e a sua filtração poderá reduzir os restos de comida presentes no óleo.
Valorização e Tratamento
A valorização visa a produção de bens com interesse comercial, sendo que, no caso dos OAU, podem ser: a produção
de biodiesel, incorporação como matéria-prima na indústria dos sabões e a sua aplicação em unidades de digestão
anaeróbia.
Uma das principais utilizações dos OAU é a sua incorporação como matéria-prima auxiliar na indústria de sabões,
cuja principal vantagem reside no facto de se pouparem matérias-primas virgens, com implicações óbvias a nível
económico e ambiental. A principal desvantagem reside na necessidade de existir um adequado sistema de recolha e
da forte dependência de práticas adequadas a montante da sua valorização, isto porque, o óleo recolhido deve apre-
sentar-se “o mais puro possível”, ou seja, caso a fracção recolhida apresente características que não garantem a sua
qualidade para este tipo de valorização, este processo será mais dispendioso e demorado.
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Digestão Anaeróbia: Processo de mineralização da matéria orgânica na ausência de oxigénio
A utilização de óleo alimentar usado como fonte de produção de biodiesel tem sido apontada como uma das melho-
res soluções para a valorização adequada deste resíduo, uma vez que a utilização do biodiesel apresenta inúmeras
vantagens como:
> A combustão do biodiesel origina menores emissões de poluentes atmosféricos;
> A utilização de biodiesel promove a redução da dependência nacional de combustíveis fósseis;
> O biodiesel é um combustível semelhante ao gasóleo, física e quimicamente, o que permite que seja misturado em
maior ou menor percentagem com este, ou até utilizado a 100% em todo o tipo de motores “diesel” sem necessidade
de transformação;
> O biodiesel não é tóxico, não possui benzóis e é biodegradável.
Para finalizar, uma outra utilização possível para os OAU consiste na sua aplicação às unidades de digestão anaeró-
bia, que irão ser instaladas em Portugal, no quadro da introdução de sistemas de valorização orgânica dos resíduos
sólidos urbanos. A digestão anaeróbia é um processo que recupera energeticamente a fracção orgânica, consistindo
numa reacção bioquímica realizada por diversos tipos de bactérias na total ausência de oxigénio. O grupo de bacté-
rias fundamental nesse processo é o grupo de bactérias metanogénicas, que actuam na última etapa, formando o
metano (biogás).
Biogás: Mistura de gases, com preponderância de gás metano e dióxido de carbono, resultante da digestão anaeróbia
de resíduos orgânicos
Eliminação e Destino Final
Caso os resíduos não sejam devidamente encaminhados para operações de valorização e tratamento, o seu destino
final passa pela deposição em aterro, quando se encontram misturados com RSU, ou pela libertação nos efluentes
que, por sua vez, são encaminhados para os cursos de água ou para as ETAR. As situações expostas apresentam gra-
ves impactes ambientais pelo que devem ser evitadas a todo o custo.
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O preenchimento obrigatório dos Mapas de Registo de Resíduos Industrias (MRRI) pelas entidades com actividade
industrial, nos termos do preceituado no artigo 17.º do Decreto-Lei n.º 239/97, de 9 de Setembro, e na Portaria n.º
792/98, de 22 de Setembro, foi substituído pelo registo no Sistema Integrado de Registo Electrónico de Resíduos
(SIRER), de acordo com o definido no Decreto-Lei n.º 178/2006, de 5 de Setembro e na Portaria 1408/2006, de 18 de
Dezembro.
Face à revogação da Portaria n.º 792/98, de 22 de Setembro, não existe então a obrigatoriedade de envio em for-
mato de papel dos mapas publicados no diploma supra mencionado e estão sujeitos ao registo no SIRER (art. 48º do
Decreto-Lei n.º 178/2006, de 5 de Setembro):
> Os produtores de resíduos não urbanos que no acto da sua produção empreguem pelo menos 10 trabalhadores;
> Os produtores de resíduos urbanos cuja produção diária exceda 1100 l;
> Os produtores de resíduos perigosos;
> Os operadores de gestão de resíduos;
> As entidades responsáveis pelos sistemas de gestão de resíduos;
> Os operadores que actuem no mercado de resíduos;
> Os operadores e as operações de gestão de resíduos hospitalares.
Os operadores de gestão de resíduos acima mencionados, que se encontrem já em actividade desde 1 de Dezembro,
inclusive, estão vinculados à inscrição no SIRER no prazo de 90 dias úteis a contar daquela mesma data.
De igual modo os demais utilizadores devem proceder ao registo no SIRER no prazo de 30 dias úteis a contar da
data de início da respectiva actividade.
O procedimento de pedido de inscrição assenta no preenchimento de um formulário electrónico disponibilizado no
Portal do INR.
Os mapas de registo relativos ao ano de 2006 devem ser preenchidos até ao dia 31 de Maio de 2007. Para os anos
seguintes os mapas de registo devem ser preenchidos até ao termo do mês de Março seguinte a cada ano.
SIRER Sistema Integrado de Registo Electrónico de Resíduos
Registos de Produção . 2 . 5
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Os Policlorobifenilos (PCB) representam um grupo de produtos químicos que, devido às suas propriedades dieléctri-
cas, possuem uma utilização industrial elevada e diversificada, sendo largamente utilizados em equipamentos eléc-
tricos como transformadores e condensadores. No entanto, as suas características de perigosidade para a saúde
humana e para o ambiente, as quais se devem à sua persistência e bio-acumulação, fazem com que estejam inclu-
ídos nos POP (Poluentes Orgânicos Persistentes) listados no Protocolo UN/CE acordado em Estocolmo em Maio
de 2001, levando a que seja necessária uma estratégia de eliminação adequada, de modo a que a saúde pública e o
ambiente sejam preservados.
De acordo com o Decreto-Lei n.º 277/99 de 23 de Julho entende-se por PCB:
> Policlorobifenilos;
> Policlorotrifenilos;
> Monometilotetraclorodifenilmetano;
> Monometilodiclorodifenilmetano;
> Monometilodibromodifenilmetano;
> Qualquer mistura com um teor acumulado das substâncias acima referidas superior a 0,005% em peso.
Os bifenilospoliclorados, conhecidos internacionalmente pela designação de PCB, constituem um grupo de produ-
tos químicos cuja utilização industrial se desenvolveu e diversificou bastante devido sobretudo à sua estabilidade quí-
mica, baixa volatilidade, elevada constante dieléctrica e propriedades plastificantes. Porém, investigações desen-
volvidas mostram que os PCB devem ser considerados produtos com características de perigosidade para o homem
e para o ambiente pois permanecem no ambiente por longo tempo, antes de se degradarem, e têm a característica
de se deslocar a grandes distâncias através do ar e da água. A implicação maior desta mobilidade é afectar tanto as
plantas como os animais muito longe dos sítios onde foram produzidas.
Desta forma, os PCB apresentam riscos reconhecidos como prejudiciais à saúde do homem e ao ambiente pelo
PCB
. 3
Enquadramento Legal . 3 . 1
Diploma
Decreto-Lei n.º 277/99, de 23 de Julho
Decreto-Lei n.º 72/2007, de 27 de Março
Âmbito
Estabelece as regras a que fica sujeita a eliminação dos
PCB usados, tendo em vista a sua total destruição
Altera o Decreto-Lei nº 277/99, de 23 de Julho, que
transpõe para a ordem jurídica interna a Directiva nº
96/59/CE, do Conselho, de 16 de Setembro, e estabe-
lece as regras para a eliminação dos PCB usados, tendo
em vista a destruição total destes.
Definição e Caracterização . 3 . 2
Impactes Ambientais . 3 . 3
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que convém controlar essas substâncias em todas as fases da sua utilização, por motivo da sua toxicidade e da sua
não-degradabilidade, a fim de evitar tanto quanto possível os riscos de dispersão no ambiente e tomar as medidas
necessárias para tornar obrigatória a eliminação dos PCB usados ou contidos nos objectos ou aparelhos fora de uso.
PCB Policlorobifenilos
O Decreto-Lei n.º 277/99, de 23 de Julho estabelece as regras a que ficam sujeitas a eliminação dos PCB, a descon-
taminação ou a eliminação de equipamentos que contenham PCB e a eliminação de PCB usados, tendo em vista a
sua destruição. Este Decreto-Lei proíbe:
> A comercialização e a preparação de PCB;
> Qualquer tipo de incineração de PCB e/ou de PCB usados em navios;
> A separação de PCB de outras substâncias com vista à reutilização de PCB;
> O enchimento de transformadores com PCB.
Além do já exposto, o Decreto-Lei n.º 72/2007, de 27 de Março, estabelece que todos os detentores de equipamentos
que contenham mais de 5 dm3 de PCB devem proceder à sua inventariação, onde devem referir o material em ser-
viço, fora de serviço e eliminado ou descontaminado, devendo conter a seguinte informação:
Inventário de PCB
1 .
>Identificação do detentor e data da declaração:
Nome:
Morada:
Telefone: ; fax:
E-mail:
CAE: ; NIPC:
Município:
Responsável a contactar:
Data da declaração:
2.
> Material em serviço:
Tipo de equipamento:
Identificação do equipamento (marca e número):
Número de equipamentos:
Localização (Município onde se localiza):
Fim de utilização (ano):
Peso total do equipamento (kg):
. 3 . 3
Operações sobre PCB . 3 . 4
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7. 3. 3 . 1. 3 . 2. 3 . 3. 3 . 4
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Quantidades de PCB (kg):
Concentração em PCB (ppm):
Tipo de tratamento ou substituição:
Data do tratamento ou substituição:
3.
> Material fora de serviço:
Tipo de equipamento:
Identificação do equipamento (marca e número):
Número de equipamentos:
Localização (Município onde se localiza):
Fim de utilização (ano):
Peso total do equipamento (kg):
Quantidades de PCB (kg):
Concentração em PCB (ppm):
Tipo de tratamento ou substituição:
Data do tratamento ou substituição:
Os detentores de aparelhos potencialmente contaminados com PCB estão obrigados a submetê-los a análises quí-
micas de acordo com o disposto no n.º 3 do anexo IV do referido decreto-lei. Os equipamentos referidos anterior-
mente para os quais tenha sido determinado, pelos respectivos detentores, que os fluidos contêm entre 0,05% e
0,005% em peso de PCB, devem ser rotulados como ‘PCB contaminados ‹ 0,05%’.
Armazenamento e Transporte
Todos os PCB usados e equipamentos que contenham PCB devem ser entregues a empresas autorizadas com vista
à sua descontaminação e/ou eliminação. O período de armazenamento destes resíduos, à espera de eliminação, por
parte do detentor não pode exceder os 18 meses.
O armazenamento temporário de PCB deve obedecer às seguintes condições:
> O espaço destinado ao armazenamento de equipamentos com PCB deve ser coberto, estar devidamente individu-
alizado e identificado não havendo lugar à mistura com outros tipos de resíduos. Este espaço deverá, também, estar
dotado de bacia de retenção, revestida de material impermeável que constitua uma superfície lisa, continua e resis-
tente aos PCB, cujo volume seja equivalente a pelo menos 25% do total do volume líquido do PCB armazenado;
> O local destinado a este armazenamento deve estar afastado de resíduos facilmente inflamáveis como solventes e
ser devidamente assinalado;
> Todo o material armazenado deve estar devidamente rotulado de acordo com o anexo II do Decreto-Lei n.º 277/99.
Assim, os equipamentos que contêm PCB devem ostentar o símbolo de perigo com a seguinte estrutura:
> A cruz de Santo André em cor preta, sobre fundo amarelo-alaranjado, com a inscrição “NOCIVO”;
> Frases de risco e conselhos de prudência, consoante o caso:
a) “Contém policlorobifenilos” – PCB
b) “Perigo de efeitos cumulativos”
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c) “Não se desfazer deste produto ou recipiente sem tomar as devidas precauções”
d) “Em caso de incêndio ou explosão, não respirar os fumos”
> Outras indicações
a) Nome, morada e números de telefone e fax da pessoa a contactar em caso de fugas ou derrames
b) “Quando da eliminação enviar para instalação autorizada para o efeito”
> Deve ser efectuado um registo de todo o material armazenado de acordo com o Decreto-Lei n.º 277/99.
De acordo com o Decreto-Lei n.º 277/99, os equipamentos descontaminados que tenham contido PCB têm, igual-
mente, que ser sujeitos a marcação, devendo cada unidade de equipamento descontaminado ostentar uma inscrição
clara e indelével, cunhada ou gravada, que inclua as seguintes indicações, na língua do país em que o equipamento
for usado (anexo III):
"EQUIPAMENTO DESCONTAMINADO QUE CONTEVE PCB"
O fluido que continha PCB foi substituído:
Por...(nome do substituto)
Em...(data)
Por...(empresa)
Concentração de PCB:
No fluido anterior...% em peso;
No novo fluido...% em peso.
O transporte de PCB é regulado pelo Regulamento Nacional de Transporte de Mercadorias Perigosas por Estrada (RPE).
Eliminação e Destino Final
No que diz respeito aos destinos possíveis para os PCB usados, deverá ser consultada a lista dos operadores legali-
zados para o armazenamento temporário de resíduos de PCB e para o armazenamento temporário de resíduos peri-
gosos, ou proceder ao seu encaminhamento para o estrangeiro, de acordo com o Regulamento (CEE) n.º 259/93 do
Conselho, de 1 de Fevereiro.
O preenchimento obrigatório dos Mapas de Registo de Resíduos Industrias (MRRI) pelas entidades com actividade
industrial, nos termos do preceituado no artigo 17.º do Decreto-Lei n.º 239/97, de 9 de Setembro, e na Portaria n.º
792/98, de 22 de Setembro, foi substituído pelo registo no Sistema Integrado de Registo Electrónico de Resíduos
(SIRER), de acordo com o definido no Decreto-Lei n.º 178/2006, de 5 de Setembro e na Portaria 1408/2006, de 18 de
Dezembro.
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. 3 . 5Registos de Produção
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Face à revogação da Portaria n.º 792/98, de 22 de Setembro, não existe então a obrigatoriedade de envio em formato
de papel dos mapas publicados no diploma supra mencionado e estão sujeitos ao registo no SIRER
(art. 48º do Decreto-Lei n.º 178/2006, de 5 de Setembro):
> Os produtores de resíduos não urbanos que no acto da sua produção empreguem pelo menos 10 trabalhadores;
> Os produtores de resíduos urbanos cuja produção diária exceda 1100 l;
> Os produtores de resíduos perigosos;
> Os operadores de gestão de resíduos;
> As entidades responsáveis pelos sistemas de gestão de resíduos;
> Os operadores que actuem no mercado de resíduos;
> Os operadores e as operações de gestão de resíduos hospitalares.
Os operadores de gestão de resíduos acima mencionados, que se encontrem já em actividade desde 1 de Dezembro,
inclusive, estão vinculados à inscrição no SIRER no prazo de 90 dias úteis a contar daquela mesma data.
De igual modo os demais utilizadores devem proceder ao registo no SIRER no prazo de 30 dias úteis a contar da
data de início da respectiva actividade.
O procedimento de pedido de inscrição assenta no preenchimento de um formulário electrónico disponibilizado no
Portal do INR.
Os mapas de registo relativos ao ano de 2006 devem ser preenchidos até ao dia 31 de Maio de 2007. Para os anos
seguintes os mapas de registo devem ser preenchidos até ao termo do mês de Março seguinte a cada ano.
Além do já exposto, o Decreto-Lei 72/2007, de 27 de Março, estabelece que todos os detentores de equipamen-
tos que contenham mais de 5 dm3 de PCB devem comunicar a quantidade que detêm, estando obrigados a comuni-
car ao INR, anualmente, até 31 de Janeiro do ano subsequente àquele a que se reporta a informação, o inventário de
PCB, através do preenchimento, designadamente por via electrónica, do modelo constante do anexo I do presente
decreto-lei (encontra-se disponível no portal do INR).
SIRER Sistema Integrado de Registo Electrónico de Resíduos
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* Exercício 7 . 4 (manual de exercícios)
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Objectivos
No final deste capítulo os formandos deverão ser capazes de:
1. Conhecer os requisitos legais aplicáveis à contaminação de solos;
2. Conhecer a situação actual em Portugal referente à contaminação de solos;
3. Conhecer a situação internacional referente à contaminação de solos;
4. Identificar desenvolvimentos futuros e estratégias definidas sobre protecção de solos.
> Contaminação
> Remediação
> Lixiviação
Palavras-Chave
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Situação em Portugal
. 1
A contaminação dos solos é um domínio normalmente associado às actividades industriais, militares, agrícolas e
comerciais, sendo que actividades industriais assumem particular importância uma vez que estão normalmente
localizadas na proximidade de áreas urbanas, constituindo a maior fonte potencial de contaminação de solos.
A existência de locais contaminados representa uma ameaça real para os ecossistemas e populações que neles
vivem ou trabalham, podendo a sua influência atingir distâncias significativas devido ao elevado potencial de mobili-
dade de muitos contaminantes e da interacção solo/águas subterrâneas por efeitos de percolação/lixiviação desses
contaminantes.
Diversas entidades nacionais têm vindo a desenvolver esforços conjuntos, nomeadamente o INR e Universidades,
para a compilação e sistematização da informação nacional sobre locais contaminados, existindo já alguns estudos
sobre a matéria. Em Portugal, a problemática da contaminação dos solos apresenta alguns contornos preocupantes,
tendo-se iniciado em 1994 os primeiros estudos e acções de recuperação e reabilitação, como por exemplo no Com-
plexo Químico de Estarreja e na Exposição Mundial de 1998 - Expo 98, onde se efectuou a primeira acção de remedia-
ção em grande escala de locais contaminados.
Em Portugal continental, as principais áreas industriais estão localizadas no litoral (Porto, Aveiro, Lisboa, Setúbal e
Sines) e no interior, e de um modo geral, as indústrias estão situadas próximo dos rios mais importantes. Deste modo,
e embora não exista uma inventariação exaustiva, é possível estabelecer os seguintes vectores de identificação de
potencias locais contaminados:
> Lixeiras, actualmente já encerradas;
> Áreas mineiras, em exploração ou abandonadas;
> Áreas industriais, incluindo as desactivadas;
> Outros locais potencialmente contaminados, como instalações militares (parques de munições e campos de tiro) e
grandes áreas de abastecimento de combustível.
Embora Portugal não tenha legislação específica relativa à problemática da contaminação dos solos (tal como a
União Europeia), a legislação nacional relativa à protecção do ambiente (Lei de Bases do Ambiente), qualidade da
água e gestão de resíduos, tem permitido uma abordagem válida aos problemas que se colocam resultantes dos
locais contaminados, tendo em vista principalmente a prevenção e redução da contaminação. Este propósito tam-
bém se verifica na legislação sobre Avaliação de Impacte Ambiental e sobre Planeamento e Ordenamento do
Território.
Em matéria de solos contaminados, aconselha-se o recurso às normas constantes do «Guideline for Use at Conta-
minated Sites in Ontario», como critério para avaliação da contaminação dos solos, de acordo com o INR. As referi-
das normas podem ser consultadas em www.ene.gov.on.ca/envision/gp/index.htm («Waste - Contaminated Sites»).
Um projecto de descontaminação deverá ser apresentado ao INR para parecer, em que o objectivo da apreciação do
projecto prende-se com a possibilidade de acompanhamento dos trabalhos face aos critérios adoptados e não com a
necessidade de emissão de autorização expressa. A apresentação do projecto deve conter, entre outros aspectos jul-
gados relevantes, a seguinte informação:
> Caracterização dos solos e águas subterrâneas e respectivo plano de amostragem;
> Indicação da metodologia a adoptar para a remoção/descontaminação do solo nos locais considerados de intervenção;
> Destino dos solos contaminados que venham a ser retirados dos referidos locais;
> Calendarização dos trabalhos.
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De salientar que, em matéria de dragados, se encontra em vigor o Despacho Conjunto dos Ministérios do Ambiente
e Recursos Naturais e do Mar, publicado no Diário da República n.º 141, de 21/06/1995, o qual estabelece as regras
técnicas de avaliação e gestão do material dragado e de elaboração e execução de programas de monitorização dos
locais de deposição dos dragados.
Lei de Bases do Ambiente: Lei n.º 11/87, de 7 de Abril
Convém referir que estão a ser desenvolvidas acções que visam a preparação da legislação nacional relativa à des-
contaminação de solos, como o inventário nacional de locais contaminados com indicação das potenciais fontes de
contaminação e contaminantes e um relatório que promove uma análise comparativa da legislação mais relevante, a
nível internacional, referente à matéria da descontaminação de solos.
Nos países industrializados, como nos Estados Unidos da América, Alemanha, Holanda, Reino Unido e Canadá, a
questão de descontaminação de solos apresenta-se particularmente relevante, tendo originado políticas, planos e
programas de descontaminação de solos e de gestão de resíduos perigosos, atendendo à relação entre o modo de
deposição desses resíduos e o seu efeito no solo. Mas a experiência tem demonstrado que os planos de descontami-
nação de solos/remediação desenvolvidos segundo as metodologias tradicionais, não resolvem a totalidade dos pro-
blemas associados nesta matéria. Desta forma, tem sido reconhecida a necessidade de alterar a própria fase de pla-
neamento, definindo objectivos claros e consistentes que permitam estabelecer:
> Se a descontaminação deve ser efectuada de modo a que o local possa ser utilizado para qualquer fim futuro;
> Se a descontaminação deve ser efectuada até um certo nível, atendendo à previsão do seu uso futuro.
Internacionalmente, os critérios para o estabelecimento dos níveis de actuação diferem bastante de país para país,
dependendo ainda do tipo de abordagem em que se fundamentam, designadamente no que diz respeito ao uso futuro
após a intervenção.
Na Alemanha, a remediação dos locais contaminados baseia-se na avaliação de risco, tendo em conta o uso actual
ou potencial do solo. Os níveis de risco são classificados em várias categorias que variam de solo para solo.
Na Holanda, o objectivo da remediação é "multifuncional", isto é, a reabilitação é efectuada de forma a possibilitar
qualquer uso futuro do solo. Nos casos em que a multifuncionalidade não pode ser atingida, o confinamento dos con-
taminantes poderá ser o objectivo do plano de remediação.
No Reino Unido têm sido feitas tentativas para a determinação dos valores de concentração para os poluentes,
abaixo dos quais o solo pode ser considerado como não contaminado. Actualmente, existem valores de referência
para uma gama de compostos prioritários, atendendo ao uso previsto para o local.
. 1
Situação Internacional
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Em síntese, pode concluir-se que a recuperação de locais contaminados tem por base diversos factores entre os
quais se destaca o "grau de limpeza" que se pretende atingir, existindo dois critérios distintos de aproximação:
> Um solo é considerado "limpo" quando não há quaisquer restrições à sua utilização futura (critério utilizado na
Holanda e caracterizado pela multifuncionalidade);
> Um solo é considerado "suficientemente limpo" quando pode ser utilizado para determinado fim definido, sem que
apresente riscos (critério utilizado pelo Reino Unido e Canadá).
No âmbito da União Europeia, a protecção dos solos constitui uma das 7 estratégias temáticas previstas ao nível do
VI Programa comunitário de Acção em matéria de Ambiente, encontrando-se integrada no seu Artigo 6.º que inclui a
vertente da protecção da natureza e da biodiversidade.
Este Programa de Acção realça a necessidade de utilização, exploração e gestão sustentáveis dos solos, de forma a
fazer face à pressão ambiental a que se encontra sujeito este recurso finito.
Nesse sentido, a Estratégia temática para a Protecção dos Solos (COM(2006) 231 final, de 22 de Setembro de 2006),
apresentada pela Comissão ao Conselho, ao Parlamento Europeu, ao Comité Económico e Social Europeu e ao
Comité das Regiões, reflecte o impulso que a Comissão pretende conseguir no desenvolvimento de uma política inte-
grada para a gestão dos solos em toda a União Europeia e a necessidade de estabelecer uma estratégia comum para
a protecção e uso sustentável do solo, que interligue assuntos associados ao solo noutras políticas sectoriais e que
previna as suas 8 ameaças identificadas (erosão, declínio da matéria orgânica, contaminação, salinização, perda de
biodiversidade, selagem, derrocadas e inundações), mitigue os seus efeitos e recupere os solos que se encontram
degradados a um nível de funcionalidade ambiental, económica, social e cultural, consistente com os seus usos actu-
ais e futuros.
Além do exposto, a Estratégia preconiza a aplicação dos princípios da precaução e prevenção, de actuação na
fonte, e do poluidor-pagador, princípios básicos da política ambiental.
A Estratégia temática para a Protecção de Solos centra-se em 4 pilares:
> Enquadramento legal que tenha como principal objectivo a protecção e o uso sustentável do solo;
> Integração da protecção do solo na formulação e implementação de políticas nacionais e comunitárias;
> Colmatação de lacunas nalgumas vertentes da protecção do solo através de investigação financiada pela UE e pro-
gramas nacionais de investigação;
> Aumento do reconhecimento público para a necessidade de protecção do solo.
. 2
Desenvolvimento Futuros
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* Exercício 8 . 4
(manual de exercícios)
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Objectivos
No final deste capítulo os formandos deverão ser capazes de:
1. Conhecer os requisitos legais aplicáveis à contaminação de solos;
2. Conhecer a situação actual em Portugal referente à contaminação de solos;
3. Conhecer a situação internacional referente à contaminação de solos;
4. Identificar desenvolvimentos futuros e estratégias definidas sobre protecção de solos.
> Contaminação
> Remediação
> Lixiviação
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Diploma
Decreto-Lei n.º 37/93, de 20 de Outubro
Decreto-Lei n.º 296/95, de 17 de Novembro
Declaração de Rectificação n.º 157/95, de 30 de
Dezembro
Portaria n.º 335/97, de 16 de Maio
Despacho n.º 8943/97, do Instituto dos Resíduos, de 9
de Outubro (II Série)
Aviso n.º 229/99, de 7 de Dezembro
Âmbito
Aprova para ratificação, a Convenção de Basileia sobre
controlo do movimento transfronteiriço de resíduos
perigosos e a sua eliminação
Relativo à fiscalização e controlo das transferências de
resíduos à entrada, no interior e à saída da Comunidade
Rectifica o Decreto-Lei n.º 296/95
Fixa as regras a que fica sujeito o transporte de resí-
duos dentro do território nacional
Identifica as guias a utilizar para o transporte de resí-
duos, em conformidade com o artigo 7º da Portaria
n.º 335/97
Torna públicas terem sido aprovadas para ratificação
as Decisões III/1 e IV/9, que alteram a Convenção de
Basileia
Enquadramento Legal
. 1
Transporte Interno
. 2
O transporte de resíduos, dentro do território nacional, deve ser efectuado em conformidade com as disposições
constantes da Portaria n.º 335/97, de 16 de Maio, que fixa as regras a que fica sujeito o transporte de resíduos dentro
do território nacional.
De acordo com o ponto 2 da referida portaria, o transporte de resíduos poderá ser realizado pelo produtor dos resí-
duos, pelo destinatário dos resíduos devidamente legalizado, por empresas licenciadas para o transporte rodoviário
de mercadorias por conta de outrem e pelas entidades responsáveis pela gestão de resíduos urbanos.
Procedimentos
O transporte de resíduos deverá ser sempre acompanhado da respectiva guia de acompanhamento de resíduos que
corresponde aos impressos exclusivos da Imprensa Nacional - Casa da Moeda n.º 1428 (guia de acompanhamento
de resíduos em geral) ou n.º 1429 (guia de acompanhamento de resíduos hospitalares dos Grupo III e IV, segundo o
Despacho do Ministério de Saúde n.º 242/96, de 13 de Agosto).
9. 1. 2
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A Guia de Acompanhamento de Resíduos, modelo A, dispõe de numeração sequencial e funciona em triplicado,
sendo da responsabilidade do produtor, transportador e destinatário o preenchimento correcto da mesma.
Os procedimentos para a utilização desta guia são os seguintes:
O produtor ou detentor deve:
1. Preencher convenientemente o campo 1 dos três exemplares da guia de acompanhamento;
2. Verificar o preenchimento pelo transportador dos três exemplares da guia de acompanhamento;
3. Reter um dos exemplares da guia de acompanhamento;
O transportador deve:
1. Fazer acompanhar os resíduos dos dois exemplares da guia de acompanhamento na sua posse;
2. Após entrega dos resíduos, obter do destinatário o preenchimento dos dois exemplares na sua posse;
3. Reter o seu exemplar, para os seus arquivos, e fornecer ao destinatário dos resíduos o exemplar restante;
O destinatário dos resíduos deve, após recepção dos resíduos:
1. Efectuar o preenchimento dos dois exemplares na posse do transportador e reter o seu exemplar da guia de
acompanhamento para os seus arquivos;
2. Fornecer ao produtor ou detentor, no prazo de 30 dias, uma cópia do seu exemplar;
O produtor ou detentor, o transportador e o destinatário dos resíduos (sendo que por destinatário se entende a
empresa para onde o resíduo está ser transportado, que não tem necessariamente de ser o destino final do resíduo)
devem manter em arquivo os seus exemplares da guia de acompanhamento por um período de cinco anos.
A utilização do modelo B da guia de acompanhamento de resíduos (guia de acompanhamento de resíduos hospitala-
res dos Grupo III e IV), que dispõe de numeração sequencial, deve observar os seguintes procedimentos:
> O produtor ou detentor deve efectuar o preenchimento do campo 2 da guia de acompanhamento;
> O destinatário deve efectuar o preenchimento do campo 4 da guia de acompanhamento;
> O transportador deve efectuar o preenchimento dos campos 1 e 3 da guia de acompanhamento e certificar-se que o
produtor ou detentor e o destinatário preencheram de forma clara e legível os campos respectivos;
> O transportador fica na posse da guia de acompanhamento e deve mantê-la em arquivo por um período de cinco anos.
Sempre que os resíduos a transportar se encontrem abrangidos pelos critérios de classificação de mercadorias peri-
gosas, e sem prejuízo do estabelecido na Portaria n.º 335/97, o seu transporte deverá cumprir com o disposto no
Decreto-lei n.º 267-A/2003, de 27 de Outubro. Nestas situações poderá, também, obter informação no portal da
Direcção Geral de Transporte Terrestres (www.dgtt.pt).
DGTT Direcção Geral de Transporte Terrestres
Para mais informação sobre aspectos particulares do transporte de determinados tipos de resíduos para eliminação
ou valorização deve consultar o portal do INR, onde se encontra disponível um documento com os procedimentos a
adoptar.
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Requisitos de Transporte
Qualquer operação de gestão de resíduos, como o transporte de resíduos, deve ser efectuado em condições ambien-
talmente adequadas de forma a evitar a dispersão ou derrame dos resíduos. O transporte de resíduos deve obedecer
a determinados requisitos:
Os resíduos líquidos e pastosos devem ser acondicionados em embalagens estanques, cuja taxa de enchimento
não exceda 98%;
No transporte de resíduos em veículo de caixa aberta a carga deve ser devidamente coberta;
Todos os elementos de um carregamento devem ser convenientemente arrumados no veículo e escorados, de
forma a evitar deslocações entre si ou contra as paredes do veículo;
Quando no carregamento, durante o percurso ou na descarga, ocorrer algum derrame, a zona contaminada deve
ser imediatamente limpa, recorrendo a produtos absorventes, quando se trate de resíduos líquidos ou pastosos.
Operadores
Existe uma listagem referente aos operadores com número de registo atribuído pelo INR para o exercício da activi-
dade de recolha/transporte rodoviário de óleos usados e aos operadores com número de registo atribuído pelo INR
para o exercício da actividade de transporte rodoviário de veículos em fim de vida no portal desta instituição ( HYPER-
LINK “http://www.inresiduos.pt” www.inresiduos.pt) HYPERLINK “http://www.inresiduos.pt/pls/portal/url/PAGE/
INR/OPERADORES/?docs_operadores=56001911678&cboui=56001911678” . A entidade responsável para emissão
da licença/alvará para a actividade de Transporte Rodoviário de Mercadorias por Conta de Outrem é a Direcção Geral
de Transporte Terrestres, podendo obter informação adicional em HYPERLINK “http://www.dgtt.pt” \t “_blank”
www.dgtt.pt.
A Convenção de Basileia, rectificada a 22 de Março de 1989, veio pela primeira vez estabelecer regras de controlo
relativamente aos movimentos transfronteiriços de resíduos. Esta convenção surgiu da constatação de que era impe-
rativo organizar a fiscalização e o controlo das transferências de resíduos, de um modo a atender à necessidade de
preservar, proteger e melhorar a qualidade do ambiente.
O Regulamento (CEE) n.º 259/93 do Conselho de 1 de Fevereiro, relativo à fiscalização e ao controlo das transfe-
rências de resíduos, no interior, à entrada e à saída da Comunidade, veio impor procedimentos de controlo diferentes,
consoante o tipo de resíduos a movimentar e o seu destino, eliminação ou valorização.
. 2
Movimento Transfronteiriço - MTR
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. 3
Deste modo, os resíduos foram agrupados em três grupos (anexos II, III e IV do Regulamento referido):
> Lista Verde;
> Lista Laranja;
> Lista Vermelha.
Além disso, todas as transferências de resíduos destinados a eliminação, bem como as transferências de resíduos
constantes das listas laranja e vermelha devem ser previamente notificadas às entidades competentes, para que
estas procedam à respectiva autorização. Em Portugal, o Instituto dos Resíduos é a autoridade competente nacional
para efeitos de aplicação do Regulamento (CEE) n.º 259/93, do Conselho de 1 de Fevereiro, relativo à fiscalização e
ao controlo das transferências de resíduos no interior, à entrada e à saída da Comunidade.
De referir, ainda, que as transferências de resíduos da lista verde entre Estados-membros da Comunidade Europeia e
países membros da OCDE, exclusivamente destinadas a valorização estão, na sua generalidade, excluídas da aplica-
ção do Regulamento (CEE) n.º 259/93. A circulação destes resíduos no interior da Comunidade Europeia e da OCDE
será efectuada segundo as condições normalmente aplicáveis às transacções comerciais, devendo ser destinados a
empresas licenciadas/autorizadas para a sua valorização e, o seu transporte acompanhado de uma declaração onde
constem os elementos referidos no artigo 11º do Regulamento (CEE) n.º 259/93.
As listas de resíduos verde, laranja e vermelha têm vindo a sofrer alterações, estando actualmente em vigor a Deci-
são da Comissão 1999/816/CE, de 24 de Novembro. O Anexo V do Regulamento (CEE) n.º 259/93, que consta tam-
bém da Decisão atrás referida, foi posteriormente alterado pelo Regulamento (CE) n.º 2557/2001, da Comissão,
de 28 de Dezembro. No âmbito deste Regulamento é, também considerada a aplicação dos princípios da proximi-
dade, de prioridade da valorização e da auto-suficiência a nível comunitário e nacional, de acordo com o estipulado na
Directiva 75/442/CEE, através da implementação de medidas de proibição geral ou parcial ou de oposição sistemá-
tica às transferências de resíduos para eliminação (excepto no caso de resíduos perigosos produzidos pelo Estado-
Membro de expedição em quantidades tão pequenas que a construção de novas instalações de eliminação especiali-
zadas nesse Estado não tenha viabilidade económica).
Em matéria de movimento transfronteiriço de resíduos encontram-se também em vigor o Regulamento (CE) n.º
1547/99 da Comissão, de 12 de Julho, o qual determina o processo de controlo previsto no artigo 17º do Regula-
mento (CEE) n.º 259/93, no que diz respeito a determinadas transferências de resíduos para alguns países não-OCDE
e o Regulamento (CE) n.º 1420/99 do Conselho, de 29 de Abril, que estabelece regras e procedimentos comuns apli-
cáveis às transferências de determinados tipos de resíduos para certos países não membros da OCDE, tendo estes
dois Regulamentos sido alterados pelo Regulamento (CE) n.º 77/2001 da Comissão, de 5 de Janeiro. Por outro lado, o
Regulamento (CE) n.º 120/97, de 20 de Janeiro, altera o artigo 16º do Regulamento (CEE) n.º 259/93.
Convém referir que foi publicado o Regulamento (CE) n.º 1013/2006, de 14 de Junho, que irá revogar o Regulamento
(CEE) n.º 259/93 do Conselho, de 1 de Fevereiro de 2003 a partir de 12 de Julho de 2007. O Regulamento (CE) n.º
1013/2006 estabelece procedimentos e regimes de controlo relativos à transferência de resíduos, de acordo com a
origem, o destino e itinerário dessas transferências, o tipo de resíduos transferidos e o tipo de tratamento a aplicar
aos resíduos no seu destino, sendo aplicável a transferências de resíduos:
> Entre Estados-Membros, no interior da Comunidade ou com trânsito por países terceiros;
> Importados de países terceiros para a Comunidade;
> Exportados da Comunidade para países terceiros;
> Em trânsito na Comunidade, com proveniência de países terceiros ou a eles destinados.
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Os processos de notificação relativamente aos quais as autoridades competentes de destino tenham emitido o res-
pectivo aviso de recepção antes de 12 de Julho de 2007, estarão sujeitos às disposições do Regulamento (CEE) n.º
259/93.
Todos os processos de notificação que tenham sido objecto de autorização pelas autoridades competentes, nos ter-
mos do Regulamento (CEE) n.º 259/93, terão de concluir as respectivas transferências de resíduos no prazo máximo
de um ano a contar de 12 de Julho de 2007.
Em Portugal, na sequência do Regulamento (CEE) n.º 259/93, foi publicado o Decreto-lei n.º 296/95, de 17 de Novem-
bro, que dá seguimento a determinadas obrigações específicas estabelecidas no referido Regulamento, nomeada-
mente quanto à definição do quadro legal aplicável à constituição de seguros de responsabilidade civil e de garantias
financeiras ou garantias equivalentes.
Transferência de Resíduos
O produtor, o detentor e o intermediário assumindo o cargo de notificador, devem, antes que as transferências ocor-
ram, proceder ao envio do original do processo de notificação à respectiva autoridade competente de destino e enviar
uma cópia do processo de notificação ao destinatário e às autoridades competentes de expedição e de trânsito. Para
o efeito existe um formulário (Formulário de notificação - impresso 1338 da Imprensa Nacional - Casa da Moeda)
que deverá ser preenchido pelo notificador e conter, em anexo, a seguinte documentação:
> Contacto das várias autoridades competentes envolvidas;
> Declaração de constituição de Garantia Financeira a favor da autoridade competente de expedição e respectiva
nota de cálculo;
> Itinerário/trajecto previsto.
Obrigatoriamente, a notificação enviada deve fazer referência a todas as eventuais etapas intermédias da transferên-
cia do local de expedição até ao destino final. Além disso, deverá ser celebrado um contrato com o destinatário em
relação ao destino dos resíduos, do qual deverá ser apresentada prova junto das autoridades competentes aquando
da instrução do processo de notificação.
A autoridade competente de destino, após recepção da notificação, deve enviar, no prazo de três dias úteis, um
aviso de recepção ao notificador e uma cópia desse aviso ao destinatário e às outras autoridades competentes envol-
vidas, para depois tomar a sua decisão num prazo não superior a 30 dias a contar da data do aviso de recepção.
Por outro lado, as autoridades competentes de expedição e de trânsito, dispõem de prazos a contar da data de
emissão do aviso de recepção para levantar objecções (devidamente fundamentadas) à transferência dos resí-
duos. Se, dentro desse prazo, as autoridades competentes envolvidas considerarem que os problemas que motiva-
ram essas objecções foram resolvidos e que serão respeitadas as condições de transporte, comunicá-lo-ão imediata-
mente, por escrito, ao notificador, com cópia ao destinatário e para as outras autoridades competentes interessadas.
Nesse prazo podem ser estabelecidas, por estas autoridades, condições para o transporte dos resíduos na área sob a
sua jurisdição, que devem ser comunicadas por escrito ao notificador.
A transferência só pode ser efectuada após a recepção das autorizações emitidas pelas autoridades competentes
envolvidas. Se posteriormente se verificar qualquer alteração essencial nas condições de transferência, deve ser
feita nova notificação. O formulário de movimento/acompanhamento (impresso 1338A da Imprensa Nacional - Casa
da Moeda), deverá acompanhar sempre os resíduos durante o transporte.
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A evolução tecnológica e a crescente globalização da economia tem vindo a gerar uma grande diversidade de produ-
tos químicos susceptíveis de prejudicar a saúde das pessoas, causar danos ambientais e potenciar o efeito de qual-
quer acidente em que essas matérias estejam envolvidas. São numerosos os produtos químicos usados na actuali-
dade e são também os resíduos daí provenientes.
Por resíduo perigoso não se entende sempre uma mercadoria perigosa para o transporte. O Acordo Europeu Relativo
ao Transporte Internacional de Mercadorias Perigosas por Estrada (ADR) explicita quais as matérias consideradas
como mercadoria perigosa para o transporte e, dessa forma, também os resíduos abrangidos por esta classificação,
e proíbe o seu transporte ou então permite-o desde que cumpridas as regras nele prescritas.
Quando uma matéria é considerada simultaneamente mercadoria perigosa e resíduo perigoso, deverá cumprir,
simultaneamente, as prescrições do ADR e as prescrições inerentes à transferência de resíduos.
* ADR Acordo Europeu Relativo ao Transporte Internacional de Mercadorias Perigosas por Estrada
A identificação e a classificação de uma mercadoria perigosa são feitas com base no sistema das Nações Unidas.
A classificação resulta na identificação da mercadoria pelo nome (designação oficial de transporte), número e grau
de perigosidade, que podem conduzir a todos os procedimentos particulares relativos ao processo de expedição e
transporte.
São basicamente três conceitos necessários para compreender e seguir o sistema de classificação adoptado pelo
ADR, no que respeita à classificação e identificação de qualquer mercadoria perigosa:
> As classes de perigo;
> O grupo de embalagem;
> O número ONU e a Designação Oficial de Transporte.
Transporte de Matérias Perigosas
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. 4 . 1Classificação de Matérias Perigosas
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Perigo
Classe 1
Classe 2
Classe 3
Classe 4 . 1
Classe 4 . 2
Classe 4 . 3
Classe 5 . 1
Classe 5 . 2
Classe 6 . 1
Classe 6 . 2
Classe 7
Classe 8
Classe 9
Matérias e objectos explosivos
Gases
Líquidos inflamáveis
Matérias sólidas inflamáveis, matérias auto-reactivas e
matérias explosivas dessensibilizadas sólidas
Matérias sujeitas a inflamação espontânea
Matérias que, em contacto com água, libertam gases
inflamáveis
Matérias comburentes
Peróxidos orgânicos
Matérias tóxicas
Matérias infecciosas
Matérias radioactivas
Matérias corrosivas
Matérias e objectos perigosos diversos
Classe
O grupo de embalagem
Após identificar uma mercadoria como pertencendo a uma determinada classe será necessário proceder à identifica-
ção da sua perigosidade relativamente às outras matérias da mesma classe.
Assim, em função do grau de perigosidade, foram definidos três grupos de embalagem conforme o que se indica de
seguida:
Grupo de embalagem I > matérias muito perigosas;
Grupo de embalagem II > matérias mediamente perigosas;
Grupo de embalagem III > matérias levemente perigosas.
O número ONU e a designação oficial de transporte
O número ONU torna a identificação mais fácil, ajudando a transpor as barreiras de linguagem, no entanto, tal como a
classe de perigo, por si só não permite identificar o quanto uma matéria é perigosa.
Este número é composto por quatro dígitos (do UN 0004 ao UN 3468), existindo algumas lacunas pelo meio.
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Regulamentação do Transporte de Matérias Perigosas . 4 . 2
O risco que envolve o acondicionamento, o transporte e as demais operações envolvendo estas mercadorias, com a
consequente visibilidade exterior decorrente do poder dos media e os custos humanos e monetários resultantes das
consequências dos acidentes, têm vindo a merecer uma atenção acrescida por parte dos agentes económicos e das
autoridades com responsabilidades nesta área.
No sentido de minorar o impacte que daí possa advir, desde cedo cada meio de transporte de mercadorias desen-
volveu regras que permitissem a segurança no transporte de mercadorias perigosas. Essas regras, que foram cria-
das em momentos difíceis e sob interesses tornam ainda hoje, apesar das tentativas encetadas para a harmonização,
difícil a circulação internacional de mercadorias perigosas, no cumprimento estrito de todas as regras aplicáveis.
As Nações Unidas, reconhecendo esta dificuldade, têm vindo a desenvolver esforços e a promover iniciativas que
levem à adopção de um código de base para a regulamentação de transporte de mercadorias perigosas, assim como
a um sistema globalmente harmonizado de classificação e rotulagem, que permitam esbater os problemas de inter-
pretação, comunicação e actuação.
Regulamentação para o Transporte de Mercadorias Perigosas – Internacional
Em 1956, o Comité de especialistas do Transporte de Matérias Perigosas publica pela primeira vez as “Recomenda-
ções do Transporte de Mercadorias Perigosas”, conhecidas como o Livro Laranja. Estas recomendações, não sendo
de cumprimento obrigatório, pretendem facultar aos governos e às organizações dos vários modos de transporte
uma base de trabalho para a produção das suas próprias prescrições de transporte de mercadorias perigosas.
No entanto, o Livro Laranja não constitui qualquer base legal, ou seja, não é lei. Ele é revisto e actualizado todos os
dois anos, assumindo neste momento a função de “Regulamento Modelo” tendo sido adoptado pelas mais importan-
tes regulamentações do transporte de mercadorias perigosas.
As recomendações das Nações Unidas para o transporte de mercadorias perigosas incidem sobre as seguintes
grandes áreas:
> Listas das mercadorias perigosas mais frequentemente transportadas, a sua identificação e classificação;
> Procedimentos de expedição, nomeadamente marcação, etiquetagem e documentos para o transporte;
> Normalização de embalagem, procedimentos de ensaio e certificação;
> Standards para contentores-cisternas multimodais, ensaios e certificação.
Regulamentação para o transporte marítimo – Internacional
A Organização Marítima Internacional (IMO) estabelece as suas prescrições para o transporte marítimo através do
Código Marítimo Internacional para o Transporte de Mercadorias Perigosas (IMDG). Também o IMDG sofreu um
processo de reestruturação que precedeu a reestruturação introduzida no ADR/RID.
IMO Organização Marítima Internacional
Regulamentação para o transporte aéreo – Internacional
O Manual da IATA (DGR), o padrão universal para o transporte aéreo de mercadorias perigosas é relativo a este
modo de transporte, sem qualquer expressão no transporte de resíduos.
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Regulamentação para o transporte em vias navegáveis interiores – Internacional
O Regulamento para o Transporte de Mercadorias Perigosas nas Vias Navegáveis Interiores (ADN) foi adoptado em
25 de Maio de 2000, sendo idêntica à regulamentação aplicável ao transporte de mercadorias perigosas no Reno,
pretendo-se desta forma estender o elevado nível de segurança a todas as vias navegáveis da Europa.
ADN Regulamento para o Transporte de Mercadorias Perigosas nas Vias Navegáveis Interiores
Regulamentação para o transporte rodoviário – Internacional
O Acordo Europeu Relativo ao Transporte Internacional de Mercadorias Perigosas por Estrada (ADR) foi aprovado
por Portugal pelo Decreto-Lei n.º 45 935, de 19 de Setembro de 1964.
Exceptuando os casos em que as matérias são proibidas para o transporte, ou quando se impõem regras regu-
lando ou mesmo proibindo o transporte por razões de segurança, o transporte rodoviário internacional de mercado-
rias perigosas é permitido pelo ADR em todo o espaço das Partes Contratantes, desde que cumpridas as condições
prescritas nos Anexos A e B do referido acordo. Estes anexos definem as condições técnicas em que as mercadorias
perigosas podem ser objecto de um transporte internacional ou em que seja interditado esse transporte.
O ADR, à semelhança do que acontece com o Livro Laranja das Nações Unidas, também é revisto e actualizado de
dois em dois anos, surgindo uma nova publicação a 1 de Janeiro de cada ano ímpar, contemplando um período transi-
tório de 6 meses face à obrigatoriedade para o seu pleno cumprimento.
Regulamentação para o transporte rodoviário – Nacional
No que se refere aos transportes rodoviários de âmbito nacional, ou seja os transportes que tenham origem e destino
em território português, deverão ser efectuados nas condições estabelecidas no Regulamento Nacional do Trans-
porte de Mercadorias Perigosas por Estrada (RPE). Decorrente da necessidade da transposição da Directiva-Quadro
ADR, Portugal passa a adoptar na sua regulamentação interna as prescrições técnicas constantes nos Anexos A e
B do ADR, sendo esta uma situação desejável para que as condições técnicas sejam as mesmas, quer se efectue um
transporte interno ou um transporte além fronteiras.
RPE Regulamento Nacional do Transporte de Mercadorias Perigosas por Estrada
As prescrições técnicas do ADR estão distribuídas por 9 partes, agrupadas em dois anexos, A e B. Cada parte divide-
se em capítulos e cada capítulo em secções e subsecções.
Regulamentação para o transporte ferroviário – Nacional
As condições para o transporte ferroviário de mercadorias perigosas com origem e destino no território nacional
encontram-se prescritas no Decreto-Lei n.º 124-A/2004, de 26 de Maio, cujo Anexo I constitui o Regulamento Nacio-
nal do Transporte de mercadorias Perigosas por Caminho de Ferro (RPF), sendo idêntico à regulamentação corres-
pondente aplicável ao transporte internacional, o RID.
RPF Regulamento Nacional do Transporte de mercadorias Perigosas por Caminho de Ferro
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9. 4 . 2
* Exercício . 9 . 5 (manual de exercícios)
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Objectivos
No final deste capítulo os formandos deverão ser capazes de:
1. Conhecer os requisitos legais aplicáveis ao transporte interno e suas condicionantes operacionais;
2. Compreender a Lista Europeia de Resíduos (LER);
3. Identificar o código LER dos diversos tipos de resíduos;
4. Indicar os requisitos legais licenciamento de operações de gestão de resíduos;
5. Identificar características de perigosidade dos resíduos;
6. Identificar os critérios de admissibilidade dos resíduos em aterro.
> Operadores de Gestão de Resíduos
> Lista Europeia de Resíduos (LER)
> Resíduo Perigoso
Palavras-Chave
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Classificação de Resíduos
. 1
Lista Europeia de Resíduos . 1 . 1
A Lista Europeia de Resíduos (LER), que consta da Portaria n.º 209/2004, de 3 de Março, assegura a harmonização
do normativo vigente em matéria de identificação e classificação de resíduos, ao mesmo tempo que visa facilitar um
perfeito conhecimento pelos agentes económicos do regime jurídico a que estão sujeitos.
Além disso, a LER identifica os resíduos considerados perigosos com a simbologia «*», de acordo com critérios
estabelecidos na Directiva 91/689/CEE relativa a resíduos perigosos.
Os diferentes tipos de resíduos incluídos na Lista são totalmente definidos pelo código de seis dígitos para os resí-
duos e, respectivamente, de dois e quatro dígitos para os números dos capítulos e subcapítulos.
São, assim, necessárias as seguintes etapas para identificar um resíduo na lista:
> Procurar, nos capítulos 01 a 12 ou 17 a 20, a fonte geradora do resíduo e identificar o código de seis dígitos apro-
priado para o resíduo (excluindo os códigos terminados em 99 desses capítulos). Algumas unidades de produção
podem ter de classificar as suas actividades em vários capítulos. Por exemplo, uma fábrica de automóveis pode pro-
duzir resíduos pertencentes aos capítulos 12 (resíduos de moldagem e do tratamento de superfície de metais), 11
(resíduos inorgânicos com metais, provenientes do tratamento de metais e do seu revestimento) e 08 (resíduos da
utilização de revestimentos), dependendo das diferentes fases do processo de fabrico;
> Se não for possível encontrar nenhum código apropriado nos capítulos 01 a 12 ou 17 a 20, devem ser consultados
os capítulos 13, 14 e 15 para identificação dos resíduos;
> Se nenhum destes códigos de resíduos se aplicar, a identificação do resíduo faz-se em conformidade com o capítulo 16;
> Se o resíduo não se enquadrar no capítulo 16, utilizar-se-á o código 99 (resíduos não especificados noutra catego-
ria) na secção da Lista correspondente à actividade identificada na primeira etapa.
Nota > Os resíduos de embalagens de recolha selectiva (incluindo misturas de vários materiais de embalagem) serão
classificados no subcapítulo 15 01 e não em 20 01.
Capítulos da Lista
01 > Resíduos da prospecção e exploração de minas e pedreiras, bem como de tratamentos físicos e químicos das
matérias extraídas.
02 > Resíduos da agricultura, horticultura, aquacultura, silvicultura, caça e pesca, bem como da preparação e do pro-
cessamento de produtos alimentares.
03 > Resíduos da transformação de madeira e do fabrico de painéis, mobiliário, pasta para papel, papel e cartão.
04 > Resíduos da indústria do couro e produtos de couro e da indústria têxtil.
05 > Resíduos da refinação de petróleo, da purificação de gás natural e do tratamento pirolítico de carvão.
06 > Resíduos de processos químicos inorgânicos.
07 > Resíduos de processos químicos orgânicos.
08 > Resíduos do fabrico, formulação, distribuição e utilização (FFDU) de revestimentos (tintas, vernizes e esmaltes
vítreos), colas, vedantes e tintas de impressão.
09 > Resíduos da indústria fotográfica.
10 > Resíduos de processos térmicos.
Instruções para a Classificação de Resíduos . 1 . 2
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11 > Resíduos de tratamentos químicos de superfície e revestimentos de metais e outros materiais; resíduos da
hidrometalurgia de metais não ferrosos.
12 > Resíduos da moldagem e do tratamento físico e mecânico de superfície de metais e plásticos.
13 > Óleos usados e resíduos de combustíveis líquidos (excepto óleos alimentares, 05, 12 e 19).
14 > Resíduos de solventes, fluidos de refrigeração e gases propulsores orgânicos (excepto 07 e 08).
15 > Resíduos de embalagens; absorventes, panos de limpeza, materiais filtrantes e vestuário de protecção não ante-
riormente especificados.
16 > Resíduos não especificados em outros capítulos desta lista.
17 > Resíduos de construção e demolição (incluindo solos escavados de locais contaminados).
18 > Resíduos da prestação de cuidados de saúde a seres humanos ou animais e/ou investigação relacionada
(excepto resíduos de cozinha e restauração não provenientes directamente da prestação de cuidados de saúde).
19 > Resíduos de instalações de gestão de resíduos, de estações de tratamento de águas residuais e da preparação
de água para consumo humano e água para consumo industrial.
20 > Resíduos urbanos e equiparados (resíduos domésticos, do comércio, indústria e serviços), incluindo as fracções
recolhidas selectivamente.
LER Lista Europeia de Resíduos
As operações de valorização e de eliminação de resíduos estão presentes no anexo III da Lista Europeia de Resíduos
(LER), que consta da Portaria n.º 209/2004, de 3 de Março, bem como os códigos respectivos de cada operação.
A > Operações de eliminação de resíduos
D1 > Deposição sobre o solo ou no seu interior (por exemplo, aterro sanitário, etc.).
D2 > Tratamento no solo (por exemplo, biodegradação de efluentes líquidos ou de lamas de depuração nos solos, etc.).
D3 > Injecção em profundidade (por exemplo, injecção de resíduos por bombagem em poços, cúpulas salinas ou
depósitos naturais, etc.).
D4 > Lagunagem (por exemplo, descarga de resíduos líquidos ou de lamas de depuração em poços, lagos naturais ou
artificiais, etc.)
D5 > Depósitos subterrâneos especialmente concebidos (por exemplo, deposição em alinhamentos de células que
são seladas e isoladas umas das outras e do ambiente, etc.).
D6 > Descarga para massas de águas, com excepção dos mares e dos oceanos.
D7 > Descarga para os mares e ou oceanos, incluindo inserção nos fundos marinhos.
D8 > Tratamento biológico não especificado em qualquer outra parte do presente anexo que produz compostos ou
misturas finais que são rejeitados por meio de qualquer das operações enumeradas de D1 a D12.
D9 > Tratamento físico-químico não especificado em qualquer outra parte do presente anexo que produz compostos
ou misturas finais rejeitados por meio de qualquer das operações enumeradas de D1 a D12 (por exemplo, evapora-
ção, secagem, calcinação, etc.).
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. 1 . 3Operações de Eliminação e Valorização
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D10 > Incineração em terra.
D11 > Incineração no mar.
D12 > Armazenagem permanente (por exemplo, armazenagem de contentores numa mina, etc.).
D13 > Mistura anterior à execução de uma das operações enumeradas de D1 a D12.
D14 > Reembalagem anterior a uma das operações enumeradas de D1 a D13.
D15 > Armazenagem enquanto se aguarda a execução de uma das operações enumeradas de D1 a D14 (com exclu-
são do armazenamento temporário, antes da recolha, no local onde esta é efectuada).
B > Operações de valorização de resíduos
R1 > Utilização principal como combustível ou outros meios de produção de energia.
R2 > Recuperação/regeneração de solventes.
R3 > Reciclagem/recuperação de compostos orgânicos que não são utilizados como solventes (incluindo as opera-
ções de compostagem e outras transformações biológicas).
R4 > Reciclagem/recuperação de metais e de ligas.
R5 > Reciclagem/recuperação de outras matérias inorgânicas.
R6 > Regeneração de ácidos ou de bases.
R7 > Recuperação de produtos utilizados na luta contra a poluição.
R8 > Recuperação de componentes de catalisadores.
R9 > Refinação de óleos e outras reutilizações de óleos.
R10 > Tratamento no solo em benefício da agricultura ou para melhorar o ambiente.
R11 > Utilização de resíduos obtidos em virtude das operações enumeradas de R1 a R10.
R12 > Troca de resíduos com vista a, submetê-los a uma das operações enumeradas de R1 a R11.
R13 > Acumulação de resíduos destinados a uma das operações enumeradas de R1 a R12 (com exclusão do armaze-
namento temporário, antes da recolha, no local onde esta é efectuada).
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SIRER > Sistema Integrado de Registo Electrónico de Resíduos
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O Sistema Integrado de Registo Electrónico de Resíduos (SIRER) preconiza a disponibilização, por via electrónica, de
um mecanismo de registo e acesso a dados sobre resíduos, substituindo, deste modo, os antigos mapas de registo de
resíduos.
O SIRER foi criado por via legislativa (Decreto-Lei n.º 178/2006, de 5 de Setembro) e encontra-se consubstanciado
no Programa de Simplificação Administrativa e Legislativa (SIMPLEX).
Deste modo, os procedimentos de registo e gestão de informação sobre resíduos existentes até à data sofreram uma
adaptação legislativa, na óptica da sua simplificação, surgindo como uma consequência do desenvolvimento dos
meios tecnológicos, que impõe o recurso a modelos operativos de registo de informação mais evoluídos.
O acesso ao SIRER necessita de inscrição prévia, cuja obrigatoriedade de efectuar o registo fica a cargo dos produto-
res, dos operadores de gestão de resíduos e das entidades responsáveis pelos sistemas de gestão de resíduos (indivi-
duais ou colectivos), nos seguintes termos:
> Os produtores de resíduos não urbanos que no acto da sua produção empreguem pelo menos 10 trabalhadores;
> Os produtores de resíduos urbanos cuja produção diária exceda 1100 l;
> Os produtores de resíduos perigosos (incluindo resíduos perigosos com origem na actividade agrícola e flores-
tal, nos termos definidos em portaria conjunta dos membros do Governo responsáveis pela área do ambiente e da
agricultura);
> Os operadores de gestão de resíduos;
> As entidades responsáveis pelos sistemas de gestão de resíduos;
> Os operadores que actuem no mercado de resíduos;
> Os operadores e as operações de gestão de resíduos hospitalares.
O regulamento de funcionamento do SIRER definiu que os operadores de gestão de resíduos acima mencionados,
que se encontrem já em actividade desde 1 de Dezembro de 2006, inclusive, estão vinculados à inscrição no SIRER
no prazo de 90 dias úteis a contar daquela mesma data. De igual modo os demais utilizadores devem proceder ao
registo no SIRER no prazo de 30 dias úteis a contar da data de início da respectiva actividade.
O procedimento de pedido de inscrição assenta no preenchimento de um formulário electrónico disponível on-line
através do portal do SIRER (www.incm.pt/inr/sirer).
Prazos
A Portaria n.º 320/2007, de 23 de Março, definiu que:
> O registo de utilizadores referidos nas alíneas a) e c) do artigo 48.º do Decreto-Lei n.º 178/2006, de 5 de Setembro,
com excepção dos sistemas de gestão de resíduos urbanos, pode ser efectuado até 31 de Maio de 2007, no que se
refere ao mapa de registo de estabelecimento, e até 30 de Setembro de 2007 no que se refere aos restantes mapas
de registo de produção de resíduos;
> O registo dos utilizadores referidos nas alíneas b), d) e e) do artigo 48.º do Decreto-Lei n.º 178/2006, de 5 de Setem-
. 2 . 1Formulários Electrónicos
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bro, bem como dos sistemas de gestão de resíduos urbanos, pode ser efectuado até 31 de Maio de 2007, no que se
refere ao mapa de registo de estabelecimento, e até 30 de Junho de 2007, no que se refere aos restantes mapas de
registo de produção de resíduos;
> A liquidação da taxa de gestão de resíduos nos termos da Portaria n.º 1407/2006, de 18 de Dezembro será efec-
tuada por recurso a métodos indirectos de estimativa fundamentada das quantidades de resíduos produzidos se,
por motivos de indisponibilidade ou falha técnica do sistema, não for possível aos utilizadores do SIRER, sujeitos ao
pagamento da referida taxa, o preenchimento de mapas de registo de produção de resíduos.
Para os anos seguintes os mapas de registo devem ser preenchidos até ao termo do mês de Março seguinte a cada ano.
Sem prejuízo do acima exposto, as entidades gestoras de centros integrados de recuperação, valorização e elimina-
ção de resíduos perigosos (CIRVER), de instalações de incineração e co-incineração de resíduos e de aterros sujei-
tos a licenciamento da ANR ou das Autoridades Regionais de Resíduos (ARR) devem proceder, até ao termo do 1.º
semestre de cada ano, ao preenchimento dos mapas necessários à liquidação por conta da taxa de gestão (Portaria
n.º 1408/2006, de 18 de Dezembro).
De igual modo, os mapas de registo de resíduos urbanos devem ser preenchidos mensalmente pelas entidades res-
ponsáveis pelos sistemas de gestão desse tipo de resíduos.
Formulários
De forma a possibilitar aos futuros utilizadores do SIRER um contacto mais próximo com os requisitos de infor-
mação requerida, o INR disponibilizou o Modelo Integrado de Registo de Resíduos (MIRR), composto por diversos
impressos:
> Impresso A: ficha de estabelecimento;
> Impresso B: ficha sobre a produção/importação de bens ou serviços;
> Impresso C: ficha de produção de resíduos;
> Impresso D: ficha sobre as operações de gestão de resíduos (recolha, transporte, armazenagem, tratamento, valo-
rização, eliminação, controlo e planeamento de operações que envolvam resíduos).
De seguida, apresenta-se formulários que constituem apenas o esboço inicial para o ficheiro que será produzido
pelas entidades oficiais.
10. 2. 2 . 1
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Mapa relativo ao estabelecimento: (nome do estabelecimento) (cod pré-registo)
Dados relativos ao ano de:
IMPRESSO A > FICHA DE ESTABELECIMENTO
1 > IDENTIFICAÇÃO DO ESTABELECIMENTO
1.1 Nome doEstabelecimento:
1.2 Actividade económica principal do Estabelecimento (CAE):
Seleccionar
da lista
1.3 Actividade económica secundária Estabelecimento (CAE):
Seleccionar
da lista
1.4 Nº de trabalhadores no Estabelecimento
1.5 Regime de Laboração
1.6 Nº do Processo correspondente (CCDR):
2 > LOCALIZAÇÂO DO ESTABELECIMENTO
2.1 Freguesia Seleccionar da lista 2.2 Concelho: Seleccionar da lista 2.3 Distrito: Seleccionar da lista
2.4 Endereço 2.5 Latitude:
2.7 Localidade:2.6 Código Postal:
3.1 Nome:
2.8 Fax:
2.5.b Longitude:
3 > CONTACTO NO ESTABELECIMENTO
3.2 Email:
4 > IDENTIFICAÇÃO DA EMPRESA TITULAR DO ESTABELECIMENTO
4.1 Nome da Empresa: 4.2 Nº de Contribuinte:
4.3 Endereço da sede:
5 > OBSERVAÇÔES
5.1 Observações:
. 2 . 1
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Mapa relativo ao estabelecimento: (nome do estabelecimento) (cod pré-registo)
Dados relativos ao ano de:
IMPRESSO B > FICHA SOBRE A PRODUÇÃO / IMPORTAÇÃO DE BENS OU SERVIÇOS
1 > IDENTIFICAÇÃO DO ESTABELECIMENTO
1.1 Código CPA
Seleccionar
da lista
1.2 Quantidades (toneladas)*1.2 Designação do Produto
(pelo código)
* Só é obrigatório caso não tenha transferido a responsabilidade para uma entidade gestora
2 > DADOS RELATIVOS À IMPORTAÇÃO E BENS PARA COLOCAÇÃO NO MERCADO NACIONAL
2.1 Código CPA
Seleccionar
da lista
2.2 Quantidades (toneladas)*2.2 Designação do Produto
(pelo código)
* Só é obrigatório caso não tenha transferido a responsabilidade para uma entidade gestora
3 > DADOS RELATIVOS AOS SERVIÇOS
3.1 Código CPA
Seleccionar
da lista
3.2 Quantidades (toneladas)*
3.2 Designação do Produto
(pelo código)
* Só é obrigatório caso não tenha transferido a responsabilidade para uma entidade gestora
. 2 . 1
4 > RELACIONAMENTO COM AS SOCIEDADES GESTORAS / SISTEMA INDIVIDUAL
4.1 > A empresa transferiu responsabilidades, sobre os resíduos gerados com a colocação dos seus produtos no mercado
para alguma Sociedade Gestora existente?
sim
não
(preencha a questão 4.2)
(preencha a questão 4.3)
4.2 > Se respondeu “Sim” na questão 4.1, assinale com uma cruz ( x qual(is) a(s) Sociedade(s) Gestora(s) para quem transfe-
riu responsabilidades.
Sociedade Ponto Verde (Embalagens)
Valormede (Embalagens medicamentos)
Valorcar (Veículos em Fim de Vida)
Valorpneu (Pneus Usados)
Ecopilhas (Pilhas e Acumuladores)
Sogilub (Óleos Usados)
AMB3E (Resíduos de Equipamentos Eléctricos e Electrónicos)
ERP (Resíduos de Equipamentos Eléctricos e Electrónicos) (>)
10. 2 . 1
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4.2 > Se respondeu “Não” na questão 4.1, mas a empresa transferiu responsabilidades para um Sistema individual, especifi-
que qual o sistema.
. 2 . 1
5 > OBSERVAÇÔES
5.1 Observações:
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Mapa relativo ao estabelecimento: (nome do estabelecimento) (cod pré-registo)
Dados relativos ao ano de:
IMPRESSO C > FICHA SOBRE A PRODUÇÃO DE RESÍDUOS
1 > IDENTIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DO RESÍDUO
1.1 Indique o código LER*: Seleccionar da lista (designação)
2 > DADOS DE PRODUÇÃO DO RESÍDUO
2.1 Quantidade total produzida no ano respeitante ao registo: (Toneladas)
3 > IDENTIFICAÇÃO DO DESTINO DO RESÍDUO
3.1 Nome do Destinatário Nacional Internacional 3.3 NIFDestinatário
3.4 Quantidadeenviada (toneladas)
3.5 Operações de destino*
Seleccionar
da lista
Seleccionar
da lista
Seleccionar
da lista
TotalEnviado:
(soma)
4 > QUANTIDADE QUE PERMANECE ARMAZENADA NAS INSTALAÇÕES DO ESTABELECIMENTO
4.1 > Do total de resíduos produzidos no ano respeitante ao registo, indique a
quantidade que fica armazenada nas instalações do estabelecimento, isto é,
que não foi enviada para destino final.
4.2 > Quantidade de reesíduos armazenada nas instalações do estabeleci-
mento e produzidos em anos anteriores ao ano a que respeita o registo.
(Toneladas)
(Toneladas)
5 > OBSERVAÇÔES
5.1 Observações:
. 2 . 1
* De acordo com a Portaria n.º 209/2004, de 3 de Março
10. 2 . 1
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210
Mapa relativo ao estabelecimento: (nome do estabelecimento) (cod pré-registo)
Dados relativos ao ano de:
IMPRESSO D > FICHA SOBRE AS OPERAÇÕES DE GESTÃO DE RESÍDUOS (RECOLHA, TRANSPORTE, ARMAZENAGEM, TRATAMENTO, VALORIZAÇÃO, ELIMINAÇÃO, CONTROLO E PLANEAMENTO DE
A > CARACTERIZAÇÃO DAS INSTALAÇÕES: OPERAÇÕES REALIZADAS
2. Capacidade instalada
Seleccionar
da lista(pelo código)
Se não possui instalação para tratamento / armazenamento de resíduos e apenas efectua operações de recolha e transporte
de resíduos > preencher apenas a secção D
Se não possui instalação para tratamento / armazenamento de resíduos e apenas efectua operações de controlo e
planeamento > preencher apenas a secção E
. 2 . 1
1. Operação 3. Unidades(toneladas / ano ou m3 / ano)1.1 Código* 1.2 Designação
4 > OBSERVAÇÔES
B > ORIGEM DOS RESÍDUOS: IDENTIFICAÇÃO DAS EMPRESAS PRODUTORAS
1. Quantidade recebidas (toneladas)
1.1 Nome da Empresa Produtora de Resíduos
1.2 NIF da Empresa Produtora de Resíduos
1.3 Código LER do resíduo
1.4 Operação a que foi sujeito*
1.5 Quantidade recolhida (toneladas)
Seleccionar
da lista
Seleccionar
da lista
* De acordo com a Portaria n.º 209/2004, de 3 de Março
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C > RESÍDUOS RECEBIDOS: IDENTIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DOS RESÍDUOS
Seleccionar
da lista(designação)
1. Indique o código LER*:
2. Indique o código de Operação*:
Seleccionar
da lista
3. Quantidade armazenada nas instalações do estabelecimento relativamente a anos anteriores ao registo
(toneladas)
. 2 . 1
4. Quantidade recebidas (toneladas)
4.1 Recebido (Empresas nacionais)
4.2 Recebidos(importados)
4.3 TotalRecebido
4.4 Processado em Portugal
4.5 Enviado / Tratado fora de Portugal
5. Quantidade que fica armazenada nas instalações do estabele-
cimento, isto é, que não foi sujeita a tratamento no ano a que se
refere o registo.
(toneladas)
6. Número de autorização prévia para tratamento do Resíduo:
7 > OBSERVAÇÔES
(>)* De acordo com a Portaria n.º 209/2004, de 3 de Março
10. 2 . 1
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2.1 Nome do destinatário
Nacional Inter-nacional
2.2 NIF do Destinatário
Seleccionar
da lista
2.3 Código LER do resíduo*
2.3 Quantidadeentregue (tone-ladas)
2.3 Operações a que o resíduo vai ser sujeito*
Seleccionar
da lista
Seleccionar
da lista
Seleccionar
da lista
Seleccionar
da lista
Seleccionar
da lista
. 2 . 1
D > TRANSPORTE DE RESÍDUOS: ORIGEM E DESTINO DOS RESÍDUOS
1. Quantidade recebidas (toneladas)
1.1 Nome da EmpresaProdutora de Resíduos
1.2 NIF da Empresa Produtora de Resíduos
1.3 Código LER do resíduo
1.4 Quantidade recolhida (toneladas)
(a ser preenchido apenas pelos Operadores que não possuem instalação para tratamento / armazenamento de resíduos e
apenas efectuam operações de recolha e transporte de resíduos)
Seleccionar
da lista
Seleccionar
da lista
3 > OBSERVAÇÔES
* De acordo com a Portaria n.º 209/2004, de 3 de Março.
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4.1 Nome do destinatário
Nacional Inter-nacional
5.2 NIF do Destinatário
Seleccionar da lista
5.3 Código LER do resíduo*
5.3 Quantidadeentregue (tone-ladas)
5.3 Operações a que o resíduo vai ser sujeito*
Seleccionar
da lista
Seleccionar
da lista
Seleccionar
da lista
Seleccionar
da lista
Seleccionar
da lista
E > CONTROLO E PLANEAMENTO DE RESÍDUOS
1. N.º da notificação:
4. Origem dos resíduos
Seleccionar
da lista
6 > OBSERVAÇÔES
3. Tipo deprocesso*
2. Data da notificação:
4.1 Nome da EmpresaProdutora de Resíduos
4.2 NIF da Empresa Produtora de Resíduos
4.3 Código LER do resíduo**
4.4 Quantidade recolhida (toneladas)
5. Destino dos resíduos
Seleccionar
da lista
* Exportação, importação ou trânsito.
** De acordo com a Portaria n.º 209/2004, de 3 de Março.
. 2 . 1
10. 2 . 1
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214
Operadores de Gestão de Resíduos urbanos e não urbanos
. 3
. 3 . 1Licenciamento de Operadores
As operações de gestão de resíduos devem ser realizadas por entidades devidamente habilitadas para o efeito e em
instalações nas quais sejam asseguradas as condições adequadas para a armazenagem ou tratamento dos materiais
em questão.
A natureza das operações e instalações necessárias depende do tipo de resíduos em causa:
> Operações de gestão de resíduos;
> Requisitos de licenciamento;
> Autoridades competentes;
> Operadores autorizados.
As operações de gestão de resíduos consistem na recolha, no transporte, na armazenagem, no tratamento, na valori-
zação e na eliminação de resíduos.
Para as diferentes operações de gestão de resíduos estão estabelecidos os seguintes requisitos de licenciamento:
> A recolha e transporte de resíduos requerem uma licença específica para o transporte de mercadorias em fun-
ção da perigosidade dos materiais em causa (transporte de mercadorias ou transporte de substâncias perigosas), no
âmbito do transporte rodoviário;
> As operações de armazenagem, tratamento, valorização e eliminação de resíduos, de acordo com o disposto no
Decreto-Lei n.º 239/97, de 9 de Setembro, estão sujeitas a autorização prévia, cujos requisitos são estabelecidos
no âmbito da Portaria n.º 961/98 de 10 de Novembro. Nos termos da lei, a autorização prévia é requerida na fase de
projecto;
> As operações de gestão em fase de exploração, ainda que em falta, também a deverão requerer sem mais demora.
Saliente-se que este processo de licenciamento das operações de gestão de resíduos não prejudica a sujeição ao
licenciamento camarário ou industrial a que as instalações em causa possam estar obrigadas. Nos termos da Por-
taria n.º 961/98, de 10 de Novembro, quando as operações em causa carecem de licenciamento industrial, este arti-
cula-se com o processo de autorização prévia, evitando-se assim uma duplicação de procedimentos;
> A armazenagem (temporária) de resíduos industriais efectuada no próprio local de produção não requer autoriza-
ção prévia.
No caso particular da eliminação em aterro, esta operação está sujeita a licenciamento ao abrigo do Decreto-Lei
n.º 152/02, de 23 de Maio, o qual estabelece o regime jurídico a que fica sujeito o procedimento para a emissão de
licença, instalação, exploração, encerramento e manutenção pós-encerramento de aterros destinados à deposição
de resíduos e procede à transposição para a ordem jurídica nacional a Directiva n.º 1999/31/CE do Conselho, de 26 de
Abril, relativa à deposição de resíduos em aterros.
Autoridade competente
O Instituto dos Resíduos é a entidade que confere autorização prévia dos projectos de operações que envolvam:
> Projectos de operações que envolvam resíduos perigosos;
> Projectos de operações de incineração de resíduos não perigosos;
> Projectos de execução ou de encerramento de aterros, estações de valorização da matéria orgânica e estações de
transferência ou de triagem, destinados à valorização ou eliminação de resíduos urbanos, quando se trata de siste-
mas multimunicipais;
> Projectos de encerramento de lixeiras em áreas abrangidas por sistemas multimunicipais.
A Comissão de Coordenação de Desenvolvimento Regional da área geográfica em causa (Norte, Centro, Lisboa e Vale
do Tejo, Alentejo, Algarve) é a entidade que confere autorização prévia dos projectos de operações que envolvam:
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> Projectos de execução ou de encerramento de aterros, estações de compostagem e estações de transferência ou
de triagem, destinados à valorização ou eliminação de resíduos urbanos, quando se trata de sistemas municipais;
> Projectos de encerramento de lixeiras municipais;
> Outros projectos que envolvam resíduos não perigosos.
CCDR Comissão de Coordenação de Desenvolvimento Regional
A listagem de operadores de gestão de resíduos não urbanos devidamente legalizados inclui todas as empre-
sas legalizadas que se encontram a funcionar de forma ambientalmente satisfatória. A sua elaboração e respecti-
vas actualizações têm por base a contribuição do Instituto dos Resíduos como autoridade competente para a auto-
rização das operações de gestão de resíduos perigosos e incineração de resíduos, nomeadamente decorrentes dos
processos em que é autoridade competente de autorização; das Comissões de Coordenação e Desenvolvimento
Regional, como autoridades competentes de autorização das operações de gestão de resíduos não perigosos e de fis-
calização das operações de gestão de resíduos; e da Inspecção-Geral do Ambiente como entidade competente de
inspecção.
Constam da presente lista os operadores que se encontram legalizados para a gestão de resíduos não urbanos, os
operadores com número de registo atribuído para o exercício da actividade de recolha/transporte rodoviário de óleos
usados e os operadores com número de registo atribuído para o exercício da actividade de transporte rodoviário de
veículos em fim de vida, esperando-se que a abordagem agora definida possa contribuir para a sua actualização mais
frequente.
A presente lista está disponível no portal do Instituto dos Resíduos (www.inresiduos.pt).
. 3 . 1
Operadores de Gestão de Resíduos Não Urbanos . 3 . 2
10. 3. 3 . 1. 3 . 2
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Caracterização da Perigosidadedos Resíduos
. 4
A LER identifica os resíduos considerados perigosos com a simbologia «*», de acordo com critérios estabelecidos na
Directiva 91/689/CEE relativa a resíduos perigosos. Considera-se que os resíduos classificados como perigosos apre-
sentam uma ou mais das características indicadas no anexo III da Directiva 91/689/CEE e, no que respeita aos pon-
tos H3 a H8, H10 (*) e H11 do mesmo anexo, uma ou mais das características seguintes:
> Ponto de inflamação ≤ 55°C,
> Uma ou mais substâncias classificadas (**), como muito tóxicas numa concentração total ≥0,1%,
> Uma ou mais substâncias classificadas como tóxicas numa concentração total ≥3%,
> Uma ou mais substâncias classificadas como nocivas numa concentração total ≥25%,
> Uma ou mais substâncias corrosivas da classe R35 numa concentração total ≥1%,
> Uma ou mais substâncias corrosivas da classe R34 numa concentração total ≥5%,
> Uma ou mais substâncias irritantes da classe R41 numa concentração total ≥10%,
> Uma ou mais substâncias irritantes das classes R36, R37, R38 numa concentração total ≥20%,
> Uma substância reconhecida como cancerígena das categorias 1 ou 2 numa concentração ≥0,1%,
> Uma substância reconhecida como cancerígena da categoria 3 numa concentração ≥1%,
> Uma substância tóxica para a reprodução das categorias 1 ou 2, das classes R60, R61, numa concentração ≥0,5%,
> Uma substância tóxica para a reprodução da categoria 3, das classes R62, R63, numa concentração ≥5%,
> Uma substância mutagénica das categorias 1 ou 2, da classe R46, numa concentração ≥0,1%,
> Uma substância mutagénica da categoria 3, da classe R40, numa concentração ≥1%.
(*) Na Directiva 92/32/CEE, que altera pela sétima vez a Directiva 67/548/CEE, foi introduzida a expressão tóxicos
para a reprodução. O termo teratogénicos foi substituído pelo termo correspondente tóxicos para a reprodução. Este
termo é considerado em conformidade com a característica H10 do anexo III da Directiva 91/689/CEE.
(**) A classificação e os números R remetem para a Directiva 67/548/CEE relativa à aproximação das disposições
legislativas, regulamentares e administrativas respeitantes à classificação, embalagem e rotulagem de substâncias
perigosas e suas subsequentes alterações. Os limites de concentração remetem para os fixados na Directiva 88/379/
CEE relativa à aproximação das disposições legislativas, regulamentares e administrativas dos Estados-Membros
respeitantes à classificação, embalagem e rotulagem de preparações perigosas e suas subsequentes alterações.
A classificação de resíduos deverá ser efectuada em cumprimento das regras e métodos específicos de ensaio pre-
vistos no Decreto-Lei n.º 82/95, de 22 de Abril, e pela Portaria n.º 732-A/96, de 11 de Dezembro, relativa à aproxima-
ção das disposições legislativas, regulamentares e administrativas respeitantes à classificação, embalagem e rotula-
gem de substâncias perigosas, e suas subsequentes alterações.
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Critérios de Admissibilidade de Resíduos em Aterro
A Decisão 2003/33/CE, de 19 de Dezembro de 2002, que estabelece os critérios e processos de admissão de resí-
duos em aterros, publicada no Jornal Oficial das Comunidades, série L, de 16 de Janeiro de 2003, determina no seu
artigo 7.º que os Estados-Membros aplicam os critérios estabelecidos no ponto 2 do anexo, a partir de 16 de Julho
de 2005. Para além disso, de acordo com aquele ponto, os Estados-Membros definirão os critérios de conformidade
com os valores-limite fixados no mesmo.
Por força do disposto no Tratado da União Europeia, esta Decisão sobrepõe-se às disposições constantes do Decreto-
Lei n.º 152/2002, de 23 de Maio, que transpôs para o ordenamento jurídico interno a Directiva “Aterros”, no que con-
cerne à matéria que a Decisão versa, designadamente no Anexo III do Decreto-Lei n.º 152/2002.
Assim, informa-se as entidades gestoras de aterros, os laboratórios acreditados para a análise de resíduos, as enti-
dades públicas que intervêm no licenciamento de aterros e outros operadores económicos da área dos resíduos que,
a partir de 16 de Julho de 2005, a admissibilidade dos resíduos em aterro está sujeita aos procedimentos da Decisão
2003/33/CE e aos seguintes critérios:
> Resíduos inertes e resíduos perigosos - Decisão 2003/33/CE, utilizando-se para o efeito os valores limite de lixivia-
ção calculados com base no método que estabelece a relação de líquido para sólido de 10l/kg para estas classes de
aterro;
> Resíduos não perigosos - a abordagem da admissibilidade destes resíduos em aterro deve ter em conta as isenções
de verificação enunciadas no ponto 2.2.1 da Decisão - "resíduos admissíveis sem verificação em aterros para resíduos
não perigosos", e que são:
Resíduos urbanos, definidos de acordo com o Decreto-Lei n.º 152/02, classificados como não perigosos no capítulo
20 da LER;
As fracções de resíduos urbanos não perigosas e recolhidas selectivamente;
As mesmas matérias não perigosas de outras origens. Neste caso, todas as informações necessárias para a clas-
sificação básica devem ser conhecidas, descritas e estarem devidamente justificadas, de modo a satisfazer plena-
mente a autoridade competente. O operador do aterro é responsável por manter o registo desta informação. A classi-
ficação a atribuir a estes resíduos deve corresponder à LER.
Nas situações não contempladas nas isenções, a admissão de resíduos não perigosos em aterro continua a estar
sujeita aos critérios de admissibilidade contemplados nas tabelas 2 e 3 do Anexo III do Decreto-Lei n.º 152/02, até a
alteração deste diploma.
O Instituto de Resíduos comunicou à Comissão Europeia, através do Gabinete de Relações Internacionais do
Ministério do Ambiente, do Ordenamento do Território e do Desenvolvimento Regional, a opção tomada quanto ao
método de verificação e respectivos valores-limite a observar.
. 5
10. 4. 5
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Procedimentos Técnicos
Um armazém é um local que serve para guardar, conter e manter em segurança materiais e produtos. Na escolha da
sua localização, é necessário verificar as possibilidades de ocorrência de inundações, se o acesso permite o socorro
rápido em caso de incêndio, entre outras situações.
Os armazéns de resíduos com alguma perigosidade devem ficar localizados em zonas afastadas de fontes de água e
de outras construções, como residências e instalações para animais.
Em termos de características de espaço e construção de armazéns de resíduos, devem ser considerados os seguin-
tes requisitos e cuidados:
> A construção deve ser em material incombustível como alvenaria ou metal;
> Deve permitir uma boa ventilação e iluminação natural;
> Se o espaço for, em simultâneo, local de garagem de máquinas e se os resíduos forem perigosos, deve ser constru-
ída uma parede ou colocada uma rede de separação e ser mantidos trancado;
> A vedação do espaço de armazenagem não deve permitir o acesso de animais;
> Deve ter acesso por dois lados ou mais para a intervenção dos bombeiros em caso de acidente;
> Deve ter uma via de acesso adequada para carga e descarga dos veículos com uma largura mínima de 10 metros e
uma largura mínima de aberturas de saída de 1,2 metros;
> A cobertura deve apresentar boas condições, sem infiltrações para permitir que o piso se mantenha sempre seco;
> O piso deve ser impermeável, polido e nivelado, de forma a facilitar a limpeza e a não permitir a ocorrência de infil-
trações para o subsolo;
> No caso dos resíduos perigosos, o chão e paredes devem ser ladrilhado ou equivalente e com cantos arredondados
para facilitar a lavagem de pisos e paredes;
> O sistema de drenagem de águas pluviais deve ser construído de forma a funcionar adequadamente;
> Em caso de armazenamento de resíduos combustíveis e/ou perigosos, deve ser instalado um sistema de alarme
contra incêndios;
> O armazém deve prever resíduos do tipo óleos sados, massas lubrificantes, solventes, diluentes, tintas e vernizes
e outros produtos químicos considerados perigosos que devem ser armazenados sobre laje de betão, com bacia de
retenção impermeabilizada e nunca sobre solo desprotegido. Estes resíduos devem estar separados em zona assina-
lada como resíduos perigosos ou em armazém específico para estes resíduos.
A gestão destes locais deve obedecer a um conjunto de regras básicas de forma a garantir a segurança do local e dos
colaboradores:
> Deve estar limpo;
> As zonas de armazenamento devem estar demarcadas das zonas de circulação. Deve ser mantida uma área de cir-
culação constituída, pelo menos, por um corredor central orientado para a porta principal do armazém e corredores
secundários separando as diversas áreas;
> Deve ser colocada sinalização adequada aos riscos (proibido fumar, proibida a entrada a pessoas não autorizadas, etc.);
> Não se deve permitir que as embalagens e os resíduos provoquem a obstrução de passagens em portas e áreas de
circulação;
> Armazenar resíduos sobre estrados (paletes), evitando o contacto directo das embalagens com o piso, facilitando a
localização de fugas;
> Utilizar estantes em armazéns com pé direito mínimo de 6 metros. As estantes com 2 ou mais níveis permi-
tem o melhor aproveitamento da capacidade de armazenamento, bem como a verticalização das paletes sem que
estas fiquem assentes umas sobre as outras, suportando o peso acumulado. O acesso deve fazer-se através de
empilhadores;
. 6
. 6 . 1Boas práticas na armazenagem de resíduos
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> No caso de empilhamento de paletes, deve-se manter um afastamento mínimo de 50 cm entre as paredes laterais
e outros empilhamentos de resíduos além de funcionar como área de ventilação permite identificar e localizar vaza-
mentos), e ainda a distância de 1 metro relativamente ao tecto;
> As embalagens flexíveis (cartão e filme plástico) devem ser colocadas sobre paletes niveladas e construídas em
madeira ou em plástico com distância adequada entre as ripas, não devendo apresentar pontas de pregos. Paletes
não niveladas e pregos podem originar roturas destas embalagens flexíveis;
> Os contentores devem ser colocados sobre estrados, evitando o contacto com o piso;
> Para melhor utilização do espaço, as paletes podem ser empilhadas, mas estas devem ser estáveis e afastadas das
paredes e do tecto;
> A altura máxima de empilhamento depende do tipo de embalagem e do risco associado. Por exemplo, resíduos em
tambores podem ser colocados sobre estrados especiais em grupos de 4 tambores e no empilhamento máximo de 3
estrados. Contentores plásticos com grades metálicas permitem um empilhamento de 4 unidades;
> Não permitir que resíduos que possam reagir entre si estejam em contacto;
> Os produtos inflamáveis devem ser mantidos em local ventilado, protegido contra faíscas e outras fontes de
combustão;
> Em caso de armazenamento de contentores com resíduos líquidos perigosos, são necessárias bacias de retenção
com capacidade para conter a quantidade total armazenada;
> Devem ser afixados placas/cartazes com símbolos de perigo correspondentes aos perigos associados aos resíduos
em armazém.
A realização periódica de auditorias ao armazém ou parque de resíduos é indispensável para garantir a monitorização
das actividades e condições de armazenagem, e para isso apresenta-se a seguinte lista de verificação.
. 6 . 1
Lista de verificação para auditoria . 6 . 1 . 1
Requisitos a auditar Sim Não
O armazém satisfaz os requisitos mínimos no que diz respeito à localização?
Se não, em que aspectos existem falhas?
Os acessos (entradas e saídas) satisfazem os requisitos mínimos?
Em relação à construção, o armazém corresponde aos requisitos considerados em termos de:
Edificação?
Pavimentação?
Drenagem?
Ventilação?
Iluminação?
Medidas de protecção contra incêndios?
Se não, em que aspectos existem falhas? (>)
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Requisitos a auditar Sim Não
Está adequadamente separado desta?
Tem pelo menos uma saída que não passe pelo armazém?
O armazém está limpo e sinalizado?
Existem cartazes de aviso dos riscos associados aos resíduos armazenados?
É utilizada sinalização de perigo?
É utilizada sinalização de risco?
Existem e encontram-se em local visível:
Fichas de emergência dos resíduos armazenados?
Telefones de emergência?
Materiais absorventes e recipientes para recolher resíduos derramados?
A arrumação dos resíduos e dos contentores é adequada, nomeadamente:
O empilhamento respeita valores máximos?
Os resíduos estão separados por classes?
Os contentores estão afastados 50 cm das paredes e 1 m do tecto?
Os contentores utilizados são os mais adequados?
Estão em boas condições?
Há uma estrutura de gestão definida, com responsabilidades claras das pessoas que trabalham
no armazém?
Existe um registo actualizado de entradas e saídas?
São conhecidos os procedimentos para:
Manuseio correcto dos resíduos?
Procedimento em caso de derrame?
Procedimento em caso de incêndio?
Quando adequado, são utilizados equipamentos de protecção individual (EPI)?
O armazém está afastado de outros prédios e possui acesso adequado ao serviço de salvamento
e ao corpo de bombeiros?
As instalações eléctricas estão em boas condições?
Se necessário, existe alarme contra incêndios?
Existe plano de emergência?
Os funcionários são treinados e praticam frequentemente o plano de emergência?
. 6 . 1 . 1
* Exercício 10 . 7
(manual de exercícios)
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> ACV: Análise do Ciclo da Vida
> Aeróbio: Estado biológico de vida e crescimento na
presença de oxigénio livre
> Anaeróbio: Estado biológico de vida e crescimento
na ausência de oxigénio livre
> ANR: Autoridade nacional dos Resíduos
> ANMP: Associação Nacional de Municípios
Portugueses
> ARR: Autoridades Regionais dos Resíduos
> Aterro (definição segundo a Directiva 1999/31/CE):
Instalação de eliminação para a deposição de resíduos
acima ou abaixo da superfície natural, incluindo:
i) as instalações de eliminação internas, considerando-
se como tal os aterros onde o produtor de resíduos
efectua a sua própria eliminação de resíduos no local
da produção;
ii) uma instalação permanente considerando-se como
tal a que tiver uma duração superior a um ano, usada
para armazenagem temporária, mas excluindo:
a) instalações onde são descarregados resíduos com
o objectivo de os preparar para serem transporta-
dos para outro local de valorização, tratamento ou
eliminação;
b) a armazenagem de resíduos previamente à sua valo-
rização ou tratamento, por um período geralmente
inferior a três anos;
c) a armazenagem de resíduos previamente à sua eli-
minação, por um período inferior a um ano
> Biogás: Mistura de gases, com preponderência de
gás metano e dióxido de carbono, resultante da diges-
tão anaeróbia de resíduos orgânicos
> Biometanização: Produção de metano a partir da
degradação biológica anaeróbia dos resíduos orgânicos
> CCDR: Comissãode coordenação e Desenvolvimento
Regional
> CIRVER: Centros Integrados de Recuperação, Valo-
rização e Eliminação de Resíduos Perigosos
> CNUAD: Conferência das Nações Unidas sobre
Ambiente e Desenvolvimento
> Compostagem: Degradação biológica aeróbia dos
resíduos orgânicos até à sua estabilização, produzindo
uma substância húmica (composto) utilizável como
corrector de solos; pode ser efectuada em pilhas está-
ticas, pilhas com revolvimento ou em reactor
> Composto: Produto estabilizado resultante da
decomposição controlada da matéria orgânica; pro-
move a melhoria das condições do solo em termos de
estrutura, porosidade, capacidade de retenção de água
e nutrientes, arejamento e actividade microbiológica
> Concessão: modalidade jurídica de gestão delegada,
permitida na legislação para serviços na área da ges-
tão de RSU
> Destino Final: Ver Eliminação
> Digestão Aeróbia: Processo de mineralização da
matéria orgânica na presença de oxigénio
> Digestão Anaeróbia: Processo de mineralização da
matéria orgânica na ausência de oxigénio
> DGQA: Direcção Geral da Qualidade do Ambiente
> Ecocentro: Área vigiada destinada à recepção de
resíduos para reciclagem com um volume de contento-
rização superior aos ecopontos, e com eventual meca-
nização para preparação dos resíduos para encaminha-
mento para reciclagem
> Ecoponto: Conjunto de contentores preparados para
deposição multimaterial de resíduos para reciclagem
> EEE: Equipamentos Eléctricos e Electrónicos
> EGF: Empresa Geral do Fomento
> Eliminação: Operações que visem dar um destino
final adequado aos resíduos
> EMAS: Eco Management and Audit Scheme
> Embalagem: Todos e quaisquer produtos feitos de
materiais de qualquer natureza utilizados para conter,
proteger, movimentar, manusear, entregar e apresentar
mercadorias, tanto matérias-primas, como produtos
transformados, desde o produtor ao utilizador ou con-
sumidor, incluindo todos os artigos “descartáveis” utili-
zados para os mesmos fins
> ERB: Estratégia Nacional de Redução dos Resíduos
Urbanos Biodegradáveis destinados aos Aterros
> ERRA: European Recovery and Recycling Association
> Estação de Compostagem: Instalação industrial de
tratamento por compostagem Ver Compostagem
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> Estação de Transferência:
i) Instalação industrial de transferência de RSU;
ii) (definição segundo o Decreto-Lei nº 239/97, de 9 de
Setembro) Instalação onde os resíduos são descar-
regados com o objectivo de os preparar para serem
transportados para outro local de tratamento, valoriza-
ção ou eliminação
> Estação de Triagem: Instalação onde os resíduos
são separados, mediante processos manuais ou mecâ-
nicos, nos materiais constituintes, destinados a valori-
zação ou a outras operações de gestão
> ETAR: Estação de Tratamento de Águas Residuais
> Fermentação: Processo anaeróbio que envolve a
decomposição microbiológica de substâncias orgâni-
cas com libertação de energia
> Fileira: Designação técnica relativa aos materiais pas-
síveis de serem reciclados contidos nos resíduos (ex:
fileira do vidro, do plástico, do metal, do papel e cartão)
> Fluxo: Designação técnica que significa qualquer dos
produtos componentes dos RSU (electrodomésticos,
P&A) ou de outras categorias de resíduos (pneus, sol-
ventes, lamas de ETAR, RC&D)
> Gás de Aterro: Efluente gasoso, constituído por bio-
gás, que se liberta da massa de RSU confinada em
aterro e que é resultante da digestão anaeróbia da
fracção orgânica dos resíduos
> GEE: Gases de Efeito de Estufa
> Gestão: Direcção, supervisão e controlo das opera-
ções dos tecnossistemas de RSU
> IGAOT : Inspecção-Geral do Ambiente e Ordena-
mento do Território
> Incineração: Processo químico por via térmica, com
ou sem recuperação da energia calorífica produzida
> INR: Instituto dos Resíduos
> Instalação de Incineração: Qualquer equipamento
técnico afecto ao tratamento de resíduos por via tér-
mica, com ou sem recuperação do calor produzido por
combustão, incluindo o local de implantação e o con-
junto da instalação, nomeadamente o incinerador, seus
sistemas de alimentação por resíduos, por combustí-
veis ou pelo ar, os aparelhos e dispositivos de controlo
das operações de incineração, de registo e de vigilância
contínua das condições de incineração
> Lamas: Resíduos do tratamento de águas residu-
ais urbanas em ETAR, constituindo um fluxo específico
designado por lamas de ETAR
> LER: Lista Europeia de Resíduos
> Lixeira: Descarga indesejável no solo, em que os
resíduos são lançados de forma indiscriminada e não
existe qualquer controlo posterior
> Metano: Substância produzida pela decomposição
anaeróbia dos resíduos urbanos, gasoso nas condições
ambientais normais, de fórmula CH4; pode ocasionar
explosões quando misturado com o ar em determina-
das proporções
> Monitorização: Conjunto de acções de vigilância e
controlo destinado a permitir a avaliação e o acompa-
nhamento da qualidade da gestão dos tecnossistemas
> MRRI: Mapas de Registo de Resíduos Industriais
> ONG: Organizações Não Governamentais
> ONGA: Organizações Não Governamentais
de Ambiente
> Outros Tipos de resíduos: Os resíduos não conside-
rados como industriais, urbanos, hospitalares
ou agrícolas
> PEAD: Polietileno de alta densidade
> PERH: Plano Estratégico de Resíduos Hospitalares
> PERSU: Plano Estratégico Sectorial de Gestão dos
Resíduos Sólidos Urbanos
> PESGRI: Plano Estratégico Sectorial de Gestão dos
Resíduos Industriais
> PIB: Produto Interno Bruto
> Pirólise: Processo de decomposição da matéria orgâ-
nica processado a temperatura elevada e ao abrigo do
ar de um processo de pirólise resulta a formação de
uma mistura de gases combustíveis, um líquido e um
sólido residual
> PIRSUE: Plano de Intervenção de Resíduos Sólidos
Urbanos e Equiparados
> PML: Produção Mais Limpa
> PNAPRI: Plano Nacional de Prevenção de Resíduos
Industriais
> POA: Programa Operacional do Ambiente
> Produtor: Qualquer pessoa, singular ou colectiva,
cuja actividade produza resíduos ou que efectue opera-
ções de tratamento, de mistura ou outras que alterem
a natureza ou a composição de resíduos
> P&A: Pilhas e Acumuladores
> RA: Resíduos Agrícolas
> RCD: Resíduos de Construção e Demolição
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> RC&D: Resíduos de Construção e Demolição
> REC: Rótulo Ecológico Comunitário
> Reciclagem: Forma de valorização dos resíduos na
qual se recuperam e, ou, regeneram diferentes maté-
rias constituintes de forma a dar origem a novos
produtos
> Reciclagem Multimaterial: Reciclagem dos mate-
riais constituintes dos resíduos (vidro, papel, plásticos,
metais) e sua reentrada no circuito produtivo
> Reciclagem Orgânica: Tratamento aeróbio (compos-
tagem) ou anaeróbio (digestão anaeróbia), através de
microrganismos e em condições controladas, das par-
tes biodegradáveis dos resíduos com produção de resí-
duos orgânicos estabilizados e de metano, não sendo a
deposição em aterros considerada como forma de reci-
clagem orgânica
> Recolha: A operação de apanha de resíduos com
vista ao seu transporte
> Recolha Selectiva: Recolha realizada de forma sepa-
rada, de acordo com um programa pré-estabelecido,
com vista a futura valorização
> REEE: Resíduos de Equipamentos Eléctricos e
Electrónicos
> REMECOM: Réseau Européen de Mesures pour la
Caractérisation des Ordures Ménagéres
> Resíduo: Quaisquer substâncias ou objectos de que
o detentor se desfaz ou tem intenção ou obrigação de
se desfazer
> Resíduo Agrícola: Resíduo proveniente de explora-
ção agrícola e, ou, pecuária ou similar
> Resíduo Biodegradável: Resíduo que pode ser
sujeito a decomposição anaeróbia ou aeróbia, como os
resíduos alimentares e de jardim, o papel e o cartão
> Resíduo Comercial: Resíduo proveniente de estabe-
lecimento comercial ou similar
> Resíduo de Construção e Demolição: Resíduo pro-
veniente de actividades de construção e demolição ou
similares
> Resíduo de Embalagem: Qualquer embalagem
ou material de embalagem abrangido pela definição
de resíduo adoptada na legislação em vigor aplicável
nesta matéria, excluindo os resíduos de produção
> Resíduo de Limpeza Urbana: Resíduo proveniente
de operações de limpeza urbana ou similares
> Resíduo Doméstico: Resíduo proveniente de habita-
ções ou similares
> Resíduo Hospitalar: Resíduo produzido em unidades
de prestação de cuidados de saúde, incluindo as activi-
dades médicas de diagnóstico, prevenção e tratamento
da doença, em seres humanos ou em animais, e ainda
as actividades de investigação relacionadas
> Resíduo Industrial: Resíduo gerado em actividades
industriais, bem como os que resultem das actividades
de produção e distribuição de electricidade, gás e água
> Resíduo Inerte: Resíduo que não sofre transforma-
ções físicas, químicas ou biológicas importantes: os
resíduos inertes não podem ser solúveis nem inflamá-
veis, nem ter qualquer outro tipo de reacção física ou
química e não podem ser biodegradáveis, nem afec-
tar negativamente outras substâncias com as quais
entrem em contacto, de forma susceptível de aumen-
tar a poluição do ambiente ou prejudicar a saúde
humana; a lixiviabilidade total e o conteúdo poluente
dos resíduos e a ecotoxicidade do lixiviado devem ser
insignificantes e, em especial, não pôr em perigo a qua-
lidade das águas superficiais e/ou subterrâneas
> Resíduo Orgânico: Resíduo constituído predominan-
temente por matéria orgânica
> Resíduo Perigoso: Resíduo que apresente carac-
terísticas de perigosidade para a Saúde ou para o
Ambiente
> Resíduo Urbano: Resíduo doméstico ou outros resí-
duos semelhantes, em razão da sua natureza ou com-
posição, nomeadamente os provenientes do sector de
serviços ou de estabelecimentos comerciais ou indus-
triais e de unidades prestadoras de cuidados de saúde,
desde que, em qualquer dos casos, a produção diária
não exceda 1 100 l por produtor
> Resíduo Verde: Resíduo de composição vegetal, pro-
veniente de jardins, parques, bosques, ou similares
> Reutilização: A reintrodução, em utilização análoga
e sem alterações, de substâncias, objectos ou produtos
nos circuitos de produção ou de consumo, de forma a
evitar a produção de resíduos
> RH: Resíduos Hospitalares
> RI: Resíduos Industriais
> RIB: Resíduos Industriais Banais
> RINP: Resíduos Industriais Não Perigosos; o mesmo
que RIB
> RIP: Resíduos Industriais Perigosos
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> RPE: Regulamento Nacional do Transporte de Mer-
cadorias Perigosas por Estrada
> RSU: Resíduos Sólidos Urbanos
> QREN: Quadro de Referência Estratégico Nacional
> SGA: Sistema de Gestão Ambiental
> SIGRE: Sistema de Gestão de Resíduos de
Embalagens
> SIGREM: Sistema de gestão de resíduos de Embala-
gens e Medicamentos
> Sistema multimunicipal (definição segundo o
decreto-Lei nº379/93, de 5 de Novembro):
Tecnosistema que sirva pelo menos dois municípios e
exija um investimento predominante a efectuar pelo
Estado em função de razões de interesse nacional,
sendo a sua criação e a sua concessão obrigatoria-
mente objecto de decreto-lei
> SIRER: Sistema Integrado de Registo Electrónico de
Resíduos
> Sistema Municipal: Tecnossistema não abrangido
pela definição de Sistema Multimunicipal, indepen-
dentemente de a sua gestão poder ser municipal ou
intermunicipal
> SPV: Sociedade Ponto Verde
> OMS: Organização Mundial de Saúde
> OAU: Óleos Alimentares Usados
> Transporte: A operação de transferir os resíduos de
um local para outro
> Tratamento: Quaisquer processos manuais, mecâ-
nicos, físicos, químicos ou biológicos que alterem as
características de resíduos de forma a reduzir o seu
volume ou perigosidade, bem como a facilitar a sua
movimentação, valorização ou eliminação
> Tratamento Biológico: Conjunto de processos bioló-
gicos destinados a facilitar a valorização por compos-
tagem ou por biometanização
> Valorização: As operações que visem o reaproveita-
mento dos resíduos
> Valorização Orgânica: Utilização da fracção orgâ-
nica contida nos resíduos para produção de composto
(por via aeróbia - compostagem) ou para produção
de biogás e composto (por via anaeróbia – digestão
anaeróbia)
> VFV: Veículos em Fim de Vida
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> FIGURAS
Figura 6 Circuito de tratamento de VFV
Valorcar (portal consultado em Fevereiro de 2007 > www.valorcar.pt)
> QUADROS
Quadro 9 Produção total declarada de RH por grupos do S
DIRECÇÃO GERAL DE SAÚDE > DIVISÃO DE SAÚDE AMBIENTAL (2006). Relatório Resíduos Hospitalares 2005
Quadro 10 Esquema comparativo das tecnologias de tratamento
Instituto dos Resíduos (2000). Plano Estratégico de Resíduos Hospitalares, 2ª edição 12
Concepção e Produção: