eco-eficiência - aiminho.ptªncia.pdf · 5 a abordagem da produção mais limpa requer mudan-ça...

42

Upload: doanxuyen

Post on 12-Nov-2018

213 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

• Eco-eficiência

AIMinhoAssociação Industrial do Minho

CADERNOS TÉCNICOS

ÍNDICE2

1. Introdução à estratégia de gestão1.1. A origem da eco-eficiência ........................................................................................31.2. Política nacional........................................................................................................4 1.3. Processos eco-eficientes: O conceito de produção mais limpa..............................5

2. A Eco-eficiência aplicada aos resíduos industriais2.1. Nova abordagem à gestão de resíduos ...................................................................62.2. Auditoria de resíduos ...............................................................................................7

3. A Eco-eficiência aplicada à Água3.1. Programa nacional para o uso eficiente da água.....................................................9

4. A Eco-eficiência aplicada ao Ar4.1. Medidas para o controlo das emissões...................................................................16

5. A Eco-eficiência aplicada à Energia5.1. Aplicações industriais de energia .............................................................................18 5.2. Programa eficiência energética e energias endógenas (E4) ...................................19 5.2.1. Utilização racional de energia................................................................................225.3. Auditoria de energia..................................................................................................23

6. A Eco-eficiência associada ao produto6.1. Análise do ciclo de vida e rótulo ecológico..............................................................256.2. Medidas para a criação de novos produtos ............................................................286.3. Mercados eco-eficientes...........................................................................................28

7. Controlo Integrado do Ambiente no seio de uma Empresa 7.1. Indicadores de desempenho ambiental...................................................................29

8. Metodologias de apoio à Eco-eficiência8.1. Checklist ...................................................................................................................328.2. Eco-mapas ...............................................................................................................37

Em 1992, aquando da preparação da Conferência doRio foi solicitada a contribuição dos grupos de negócios paraa temática de desenvolvimento sustentável. O World BusinessCouncil for Sustainable Development (WBCSD), entidade se-deada em Geneva, Suiça, constituída com o objectivo de esti-mular o crescimento económico com a promoção da susten-tabilidade, procurava introduzir um novo conceito que facili-tasse a integração das noções defendidas, nas empresas,indústrias, etc. e com uma abrangência a nível mundial. Des-te modo, Stephan Schmidheiny, juntamente com o WBCSDconcebeu um livro “Changing Course”, alterando a percep-ção de que as industrias não devem ser só apontadas comoas responsáveis pela degradação ambiental, mas comosendo a chave para a solução do desenvolvimento susten-tável. O conceito que advém do livro apresentado é a eco-eficiência que apresenta o ambiente como um instrumentodo desenvolvimento económico.

As definições de eco-eficiência são inúmeras, mascomplementares. É um conceito abrangente, tal como o dedesenvolvimento sustentável, sendo por isso objecto dediversas interpretações.

Segundo Frank W. Bosshardt, fundador do programa deeco-eficiência da WBCSD, as companhias que adoptam pri-meiramente este conceito são normalmente as mais fortesdo sector onde operam, originando êxitos acrescidos, provo-cando um estímulo nas restantes companhias que tendem aa d e r i r, crescendo assim o acordo em torno deste conceito,difundindo o número de membros a nível mundial.

A eco-eficiência é primeiramente um conceito deaplicação directa à economia, já que indica que tornando aglobalidade dos processos mais eficientes, consegue-se ummelhor negócio. Por exemplo, com menores entradas nosprocessos de fabrico, ao nível de matérias-primas, consu-mos energéticos e água, e com redução das emissões nasaída (efluentes e resíduos) atinge-se um valor acrescidonos negócios. Produz-se mais com menos.

Consideram-se como objectivos gerais desta meto-dologia:

1. Reduzir o consumo de recursosInclui a minimização do uso de energia, materiais,água e terra, realçando a reciclagem e a durabilidadedo produto.

2. Reduzir o impacto na naturezaAbrange a minimização das emissões de efluentes ga-sosos, descargas de efluentes líquidos, deposição edispersão de substâncias tóxicas, assim como, promo-ver o uso sustentável de recursos renováveis.

3. Incrementar o valor dos serviços e produtosTem como significado providenciar a criação de pro-dutos e serviços com novas e melhores funcionalida-des, seguindo regras de eco-design (agrega o desem-penho ambiental na sua concepção), proporcionandopara além de poupanças de custos, oportunidades denegócio, com eventual aumento de cotas de mercado.

4. Implementar sistemas de sustentabilidade ambientalEste objectivo é assumido por algumas empresas quea partir da implementação de sistemas ambientaisabordam a questão da eco-eficiência, assegurando osriscos e as oportunidades de todo o processo.

Os grupos de negócios poderão usar estes 7 elemen-tos, descritos em seguida, para melhorar a eco-eficiência nassuas empresas/indústrias:

Elementos da eco-eficiência. Reduzir o consumo de materiais com bens e serviços -

Redução do nível de inclusão de materiais nos produtos enos serviços

. Reduzir o consumo de energia em bens e serviços

. Reduzir a dispersão de substâncias tóxicas

. Intensificar a reciclagem de materiais - Proeminênciapositiva do aspecto reciclável dos equipamentos em a t e r i a i s.

1. Introdução à estratégia de gestão

1.1 A origem da eco-eficiência

A Eco-eficiência é alcançada mediante o fornecimento de bens e serviços a preços competitivos que satisfaçam as

necessidades humanas e tragam qualidade de vida, ao mesmo tempo que reduz progressivamente o impacte ambiental

e o consumo de recursos ao longo do ciclo de vida, a um nível, no mínimo, equivalente à capacidade de sustentação

estimada da Terra.

(World Business Council for Sustainable Development)

3

. Maximizar o uso sustentável de recursos renováveis

. Prolongar a durabilidade dos produtos - Extensão daduração do tempo médio de vida dos produtos em geral,relativamente ao uso dos mesmos pelos consumidores

. Agregar valor aos bens e serviços - Diminuição daquantidade total de produtos e serviços

As oportunidades que poderão advir da aplicaçãoefectiva das tecnologias e formas de gestão condizentes coma filosofia de eco-eficiência são as enumeradas seguidamente,

As empresas / industrias podem corrigir os seus pro-cessos produtivos para consumir menos recursos, reduzir apoluição e evitar a ocorrência de riscos, ao mesmo tempoque poupam custos. O período de retorno que advém doinvestimento da aplicação de tecnologias mais limpas, porexemplo, é curto, sendo usualmente inferior a 1 ano.

As cooperações com outras empresas são fundamen-tais para revalorizar resíduos e sub-produtos, transforman-do esses materiais em recursos alternativos de valor. Esta éuma excelente forma para reduzir a utilização de recursos ea produção de resíduos. A meta que se aspira atingir é o defechar o ciclo de materiais, ou seja, alcançar sistemas comprodução zero de resíduos.

As empresas podem ficar mais eco-eficientes ao rede-senhar os seus produtos.

A “Eficiência ecológica” é a resposta do “mundo dosnegócios” ao desafio sustentável (continuado) do desenvol-vimento “económico”, o que significa que se equaciona eprocura-se dar solução às necessidades do presente, tendoem atenção não prejudicar as necessidades das geraçõesfuturas.

Em resumo, isto significa, o seguinte:

. Produção aumentada dos recursos (económicos e ou-tros), de tal forma que o consumo de energia necessária aeste aumento, se apresentará segundo um factor inversa-mente proporcional ao aumento de produção dos recursosem presença, tomando em linha de conta, naturalmenteuma diminuição proporcional das matérias-primas.

. Criação de novos produtos e oferta de novos serviços,que conduzirá ao aumento do valor acrescentado dosmesmos, relativamente ao cliente, mantendo ou efectuandouma redução dos impactos ambientais.

. Criação de novos produtos e serviços que preencherãoas genuínas aspirações da maior parte dos consumidores

mundiais e o desejo partilhado de uma prosperidade maiore de um ambiente mais limpo e saudável.

. Redução dos custos e responsabilidades associadoscom o consumo dos recursos disponíveis, desperdícios,controle de poluição de fim de processo (o qual é admitido,como regra geral, que aumentará como consequência daaplicação dos impostos ambientais e outras medidaseventuais).

A “Eficiência ecológica” permite assim atingir estesbenefícios, tendo em conta que:

. É essencialmente uma política de gestão que partilhaa essência da mesma filosofia com outras disciplinas econó-micas, tais como a gestão de qualidade e a colaboraçãoestratégica.

. Na sua essência contribui para uma finalidade em queo bom senso prevalece e os valores são partilhados, que sãoa chave mestra na obtenção da excelência, por assim dizer,no “mundo dos negócios”.

Algumas empresas vão ao encontro das novas ne-cessidades do mercado, desenvolvendo produtos e serviçosinovadores sob o conceito da eco-eficiência.

Portugal tornou-se membro da WBCSD em 2001, pelaadesão de 3 companhias: Cimpor, Sonae e Soporcel. Poste-riormente, em Outubro do mesmo ano, estes três membroscriaram a BCSD Portugal, sedeada em Lisboa e com apresidência do Eng.° Belmiro de Azevedo, que conta actual-mente com 36 membros. Os objectivos primordiais desteconselho prendem-se com o estabelecimento de princípiospara o desenvolvimento sustentável, a promoção das co-operações e parcerias entre empresas/industrias por formaa difundir os princípios considerados, fomentar a criação deprojectos e recolher casos de estudo que estimulem o de-senvolvimento assente em directrizes sustentadas.

Porém, apesar de ser evidente que este é o caminho quedeve orientar as companhias nacionais e mundiais, terá queexistir por parte dos governantes formas de estimular a eco-eficiência, ou seja, se pensarmos que ao aplicar na prática esteconceito, precisamos de comprar menos recursos e produzi-mos menos impactes ambientais (poluição), então será evi-dente que produziremos mais riqueza. Infelizmente esteraciocínio aparentemente correcto não é sempre evidenciado,muito por culpa da impunidade ainda existente a quem poluie nos constantes incentivos à compra de recursos e materiais.

4

1.2 Política nacional

5

A abordagem da Produção mais Limpa requer mudan-ça de atitude, gestão ambiental responsável e avaliação deopções tecnológicas. Significa agregar, cada vez, maior valoraos produtos e serviços, consumindo menos materiais egerando cada vez menos contaminação.

Etapas do processo de implantação do Programa deProdução mais Limpa

. Pré-avaliação;

. Estabelecimento de contrato entre os Núcleos de Pro-dução mais Limpa e a empresa;

. Sensibilização e qualificação dos profissionais daempresa;

. Elaboração de um balanço ambiental, económico etecnológico do processo produtivo;

. Avaliação do balanço elaborado e identificação deoportunidades de Produção mais Limpa;

. Estabelecer como prioritárias as oportunidades identi-ficadas na avaliação;

. Elaboração do estudo de viabilidade económica dasprioridades;

. Estabelecimento de um Plano de Monitorização para afase de implantação;

. Implantação das oportunidades de Produção mais Limpa;

. Definição dos indicadores do processo produtivo;

. Documentação dos casos de Produção mais Limpa;

. Plano de continuidade dos indicadores de Produçãomais Limpa.

Vantagens da Produção mais Limpa. Redução de custos de produção e aumento de eficiên-

cia e competitividade;

. Redução das infracções ambientais previstas nalegislação aplicável;

. Diminuição dos riscos de acidentes ambientais.

. Melhoria das condições de saúde e de segurança dotrabalhador.

. Melhoria da imagem da empresa junto a consumi-dores, fornecedores e poder público.

. Ampliação das perspectivas de mercado interno eexterno.

. Acesso facilitado a linhas de financiamento.

. Melhor relacionamento com as autoridades no campoambiental e com a comunidade.

Legislação aplicável. Lei n.° 11/87, artigo 23° da Lei de Bases do Ambiente. Decreto-Lei n.° 239/97, artigo 4° . No PESGRI 2001 é consolidada a estratégia de pre-

venção preconizada no Plano Nacional de Prevençãode Resíduos Industriais (PNAPRI).

A Directiva 96/61/CE, transposta para direito nacionalatravés do Decreto-Lei n.°194/2000 de 21 de Agosto, “Pre-venção e Controlo Integrado da Poluição, instituiu um novoquadro procedimental no âmbito da prevenção e do con-trolo da poluição proveniente de determinadas actividades,visando um tratamento integrado dos problemas ambien-tais suscitados por essas actividades e determinando a suainserção nos respectivos regimes de licenciamento. Estanova legislação cria a Licença Ambiental que estará depen-dente da aplicação das Melhores Técnicas Disponíveis, aonível do processo de fabrico.

A “Eficiência ecológica” está a dar origem a grandes be-nefícios que se reflectem na classe empresarial, e dumamaneira geral, podemos dizer, a toda a sociedade, porém,devemo-nos lembrar, que ainda falta outro tanto para que serealize na totalidade, pelo que temos todo o interesse empermitir que todo o seu pleno potencial se desenvolva.

. As empresas deverão sentir uma necessidade crescentede serem capazes de atingir como objectivo final, o de desen-volverem novas metodologias que lhes permitam medir aeficiência ecológica dos seus próprios processos, assim comoprestarem a devida atenção a todos os assuntos relacionadoscom o consumo sustentável ( c o n t i n u a d o ) .

. As entidades governamentais e a sociedade em geraldeverão dar origem ao desenvolvimento incrementado deincentivos e ao mesmo tempo implementar a redução dumaforma geral de todos/as os aspectos/acções que poderãodar uma ideia negativa, o que naturalmente se projectaránuma futura acção da “Eficiência ecológica” a curto prazo.

Os mercados de capitais podem tornar-se mais atentosa estas conexões existentes entre a “Eficiência ecológica” e ovalor financeiro das acções realizadas a longo prazo.

1.3 Processos eco-eficientes: O conceito de produção mais limpa

6

A Produção Mais Limpa (PML) apresenta um carácterde aplicação contínua, com uma vertente clara na estratégiapreventiva integrada dos processos e produtos industriais deforma a reduzir os riscos ambientais, os da saúde humana egerar poupanças às empresas.

A título de exemplo, apresenta-se a aplicação do con-ceito PML ao sector agro-industrial e os benefícios que advie-ram da sua aplicação:

BENEFÍCIOSPonto de vista financeiroPoupanças anuais> 35.000 contosPonto de vista ambientalRedução de descargas de águas residuais = 114.000 m3/diaRedução de lamas geradas = 500 ton/anoRedução de outros resíduos sólidos = 7 ton/ano

Reciclagem de água = 89.000 m3/anoRedução das emissões de CO2 = 550 ton/anoPonto de vista socialMais educação ambientalMelhor imagem da empresaPossibilidade de ecomarketingCatalizadora de mudança

Ao proceder-se a um levantamento e identificação de re-síduos por sectores, consegue-se ter a noção precisa de co-mo se pode incrementar a eficiência nos processos e quaisserão as soluções possíveis para atingir essa finalidade. Porvezes são questões operacionais específicas dos equipamen-tos, sendo facilmente resolvidas.

O quadro seguinte, apesar de ser aplicável ao sector defabricação de produtos metálicos, proporciona uma visãodas opções de minimização de resíduos

2. A Eco-eficiência aplicada aos Resíduos Industriais

2.1 Nova abordagem à gestão de resíduos

CASOS DE GERAÇÃO DE RESÍDUOS – CAUSAS E SOLUÇÕES

ORIGEM CAUSAS TÍPICAS FALHAS SOLUÇÕES

Reacção química Reacção incompleta;Formação de produtos intermédiosCatalisador saturado

Deficiente controlo de temperaturaMistura insuficienteDeficiente controlo de alimentação dosreagentesDeficiente controlo de especificaçõesdas matérias-primas

Escolha correcta do processoEscolha do reactor adequadoCondições de reacçãoa d e q u a d a sBoa selecção de reagentes e do catalisador

Descargas

do processo

Condensador dos sistemas de vácuo a vaporPresença de água como subproduto dereacçãoÁguas de lavagem dos produtosLimpeza dos equipamentosLimpeza de derrames

Uso indiscriminado de água paralavagens ou limpezas

Escolha correcta dop r o c e s s oEvitar sistemas de vácuo por vaporUtilização de água a altapressão nas lavagens

Limpeza de materiais

Rejeição de solventes usadosRejeição de soluções de limpezaLamas de limpeza

Uso indiscriminado de água e desolventes

Reutilização dos solventesde limpezaEscolha entre limpezacom solventes ou comprodutos de base aquosa

Tratamento dassuperfícies dosmateriais

EscorrimentoRejeição da solução de tratamento saturada

Má manutençãoExcesso de água de lavagensRemoção antecipada das peças

Lavagem em contracorrenteLavagem por nebulizaçãoEscorrimento de peças emtanques ou tabuleiros

Materiais e produtosavariados

Matérias-primas inadequadasProdutos rejeitadosContaminaçãoMau controlo dos reagentesPré-limpeza incorrectaDescontrolo de pressões e temperaturas

Má supervisãoMá condução de processoMau controlo da qualidadeProblemas no planeamento da produçãoMá organização de armazém dematérias-primas

Treino do pessoalAutomaçãoDedicação de equipamentoà mesma função

Pintura Aplicação excessivaMudanças de corLimpezas

Uso de tintas de base solventeÂngulo incorrecto de aplicaçãoTeor em sólidos excessivo nas tintas

Atomização correcta dastintasAutomação do processo

7As técnicas de minimização de resíduos estão estreita-mente relacionados com a hierarquia de gestão de resíduos,referida no Decreto-Lei n.° 239/97, de 9 de Setembro e pas-sam por:

1. Redução na Origem:. Boas práticas. Melhor escolha de matérias-primas. Reavaliação da especificação dos produtos. Mudanças tecnológicas(Modernização e processos mais limpos)

2. Reciclagem:. Reciclagem no processo. Reciclagem externa

Actualmente a cooperação entre as empresas que este-jam associadas a algum organismo, ou que geograficamentese encontram próximas, é um instrumento necessário para seestabelecerem ligações proveitosas no âmbito da gestão deresíduos. Permite criar oportunidades para revalorizar resí-duos e sub-produtos em mercado aberto. Acima de tudo esteconceito estimula sinergias entre empresas que pela formacomo se desembaraçam de resíduos e pela forma comocompram matérias-primas, que são sub-produtos de outrasempresas, geram riqueza. Esta forma de cooperação estáestritamente ligada às bolsas de resíduos, já existentes emP o r t u g a l .

Uma auditoria aplicada às actividades de redução deemissão de resíduos pode ser aplicada quer à actividadeindustrial como ao processo de fabrico.

Os objectivos de auditorias de resíduos:. Redução da quantidade de resíduos gerada;. Redução da toxicidade dos resíduos gerados;. Optimização e aumento da eficiência do processo;. Alteração para uma produção mais limpa.

Passos de auditorias de resíduos:. Planeamento da auditoria. Recolha de informação. Tratamento de dados. Conclusão e plano de acção

A Organização para o Desenvolvimento de Ambientedas Nações Unidas criou um manual de auditoria e reduçãopara emissões e resíduos industriais. Este relatório técnicoconsiste num utensílio prático para a elaboração de umaauditoria de resíduos: como prevenir a geração de resíduos,como reduzir, reutilizar e reciclar os resíduos.

AUDITORIA DE RESÍDUOS EM 20 PASSOS

Pré-avaliação

Passo 1. preparação e organização da equipa auditora e dos

recursos necessários e disponíveis;Passo 2. divisão do processo em operações unitárias;Passo 3. elaboração do diagrama de fluxo

Balanços de MaterialENTRADAS NO PROCESSO

Passo 4. determinação do consumo de matérias-primas nas

várias operações unitárias;Passo 5. registo dos consumos de água;Passo 6. medir os consumos de reutilização/reciclagem de

resíduos e de água

SAÍDAS DO PROCESSO

Passo 7. quantificação de produtos e subprodutos;Passo 8. contabilização das águas residuais;Passo 9. determinação das emissões gasosas;

2.2 Auditoria de resíduos

8 Passo 10. determinação dos resíduos enviados para fora das ins-talações;

ELABORAÇÃO DO BALANÇO

Passo 11. reunião da informação relativa às entradas e saídas doprocesso;Passo 12. balanço preliminar para cada operação unitária;Passo 13 e 14. avaliação e redefinição do balanço de material;

SÍNTESE

Passo 15. medidas óbvias de redução de resíduos;Passo 16. caracterização dos problemas de geração de resíduos;Passo 17. separação de resíduos;Passo 18. desenvolver alternativas de redução de resíduos alongo prazo;Passo 19. avaliação ambiental e económica das alternativas deredução de resíduos;Passo 20. desenvolvimento e implementação de plano de acção,redução dos resíduos e aumento da eficiência da pro-d u ç ã o

ACTIVIDADES COM MATÉRIAS-PRIMAS

Questões às quais a auditoria deverá responder. O inventário de matérias-primas é suficiente para

assegurar que as perdas sejam minimizadas?. As distâncias entre armazém e zona de fabrico ou

operações unitárias poderiam ser reduzidas paraminimizar as perdas?

. Um mesmo sítio ou tanque pode armazenar materiaissuficientes dependendo do produto resultante? Podeexistir algum tipo de contaminação?

. Os sacos de materiais são totalmente esvaziados ouexistem perdas?

. No caso de matérias-primas viscosas ou semi-líquidasexiste a possibilidade de reduzir os resíduos deposita-dos nos contentores ou bidões?

. O acesso às matérias-primas é seguro? Durante a noiteo armazém é fechado adequadamente?

. No caso das matérias-primas facilmente voláteis oulíquidas, estão protegidas da luz solar ou de qualquerfonte de calor?

. Se as matérias-primas forem armazenadas em montesou pilhas, existe a possibilidade de levantamento depoeiras? Essas poeiras são impedidas de sair para oexterior?

. O equipamento para bombear ou transferir materiaistrabalha eficientemente? A manutenção é regular eadequada?

. Os derrames, sejam pontuais ou sistemáticos, podemser evitados ou reduzidos?

O processo de consciencialização da melhoria da efi-ciência da utilização da água, deve ser concretizado através demedidas que conduzam à alteração das práticas, o que sepretende que venha a ser conseguido através da imple-mentação do Programa Nacional para o Uso Eficiente daÁgua, publicado pelo Ministério do Ambiente e do Ordena-mento do Território e Instituto da Água, e elaborado peloLaboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) com apoiodo Instituto Superior de Agronomia (ISA).

Para efeitos deste programa a eficiência é calculadapela seguinte fórmula:

Eficiência de utilização da água (%)= Consumo Útil / Procura Efectiva *100

Na análise das eficiências no uso da água destinada àindústria é importante considerar-se a enorme variedade deprocessos inerente à actividade industrial, bem como acomplexidade tecnológica associada a cada processo.

– Tendo em conta as perspectivas de evolução em ter-mos de procedimentos dos utilizadores industriais ede evolução tecnológica dos equipamentos, propõe-seatingir ao fim de um período de 10 anos uma eficiênciade utilização da água de 84%.

– Tendo em conta a variabilidade anteriormente refe-rida em termos tecnológicos e nos processos entre osvários sectores de actividade industrial, resultandosituações muito diferenciadas, é expectável que estamédia nacional, quando interpretada sectorialmente,possa atingir variações numa gama de 40 a 90%actualmente e de 70 a 90% no horizonte do Programa.

Admitindo, no horizonte do programa, os actuaisvalores de referência em termos de unidades industriais ecapitações, o que é naturalmente uma simplificação, esteaumento de eficiência traduzir-se-ia numa poupança de57x106 m3/ano (de uma poupança potencial máxima de112x106 m3/ano), correspondente a um valor de cerca de75x106 Euros/ano (15x109 PTE/ano) a custos actuais.

Tendo em conta a necessidade de atingir estas metas,estruturou-se este programa em quatro áreas programá-ticas, entendidas como um conjunto de acções, que corres-pondem à agregação de mecanismos afins a utilizar na im-plementação de um conjunto de medidas:

. Acções dirigidas a industriais

. Acção de sensibilização e informação

. Acção de elaboração de documentação e realizaçãode acções de formação;. Acção de elaboração ou actualização de legislaçãoaplicável a dispositivos e equipamentos em termos deregulamentação e rotulagem;. Acção de elaboração e actualização de normasportuguesas aplicáveis a dispositivos e equipamentos;. Acção de elaboração e actualização de legislação

sobre o uso da água;. Acção de incentivos económicos dirigida à inovação e de-

senvolvimento de dispositivos eficientes, criação de linhade produtos económicos e certificação de produtos;

. Acção de incentivos económicos e financeiros.

MEDIDAS APLICÁVEIS AO USO INDUSTRIAL

GeraisMedida 73: Adequação de procedimentos dautilização da água na unidade industrialMedida 74: Optimização da utilização da água naunidade industrialMedida 75: Redução de perdas de água na unidadeindustrial

Ao nível do processo do fabrico industrialMedida 76: Utilização de águas residuais do processode fabricoMedida 77: Substituição ou adaptação do processo defabricoMedida 78: Recirculação de água no processo de fabrico

Ao nível dos sistemas de transferência de calorMedida 79: Recirculação de água no sistema dearrefecimento industrialMedida 80: Utilização de água de outros processosno sistema de arrefecimento industrialMedida 81: Utilização para outros fins de água dearrefecimento industrialMedida 82: Utilização de água de outros processos nosistema de aquecimento industrialMedida 83: Utilização de água de condensado paraoutros fins

Ao nível da limpeza de instalações e de equipamentosMedida 84: Adequação de procedimentos na gestãode resíduos

9

3. A Eco-eficiência aplicada à Água

3.1 Programa nacional para o uso eficiente da água

Medida 85: Utilização de equipamento para limpeza aseco das instalaçõesMedida 86: Utilização de dispositivos portáteis deágua sob pressãoMedida 87: Reutilização ou uso de água de qualidadei n f e r i o r

Ao nível dos usos similares aos urbanos(Medidas 10 a 25, 30 a 32 e 34 a 40)

Preconiza-se que a implementação do programa sejafeita ao longo de um período suficientemente longo paraconsolidar os seus resultados, que se estima em 10 anos,sendo no entanto o prazo de cada acção variável com a suan a t u r e z a .

MEDIDAS CONDUCENTES AO USO EFICIENTE DA ÁGUA

Os usos de água para fins industriais, nomeadamentepara o processo de fabrico, para os sistemas de transferênciade calor e para a lavagem de instalações e de equipamentos,podem ser objecto de medidas conducentes a uma maior ra-cionalização e eficiência. Refira-se ainda a existência, nestes e c t o r, de usos de água similares aos urbanos, ocorrentesnomeadamente nas instalações de utilização colectiva dasunidades industriais como sendo, nomeadamente, as ins-talações sanitárias e os refeitórios, entre outras.

A qualidade da água requerida para a indústria variasegundo o sector de actividade e consoante o fim a que sedestina no processo de fabrico, pelo que num mesmo esta-belecimento industrial registam-se geralmente necessidadesde águas de diferentes qualidades em vários tipos de proces-sos. Da mesma forma, dependendo do sector da indústria,vários fluxos de águas residuais ou remanescentes são ge-rados, podendo os mesmos ser removidos e conduzidospara uma eventual reutilização ou recirculação, após trata-mento adequado, caso se justifique. Estas operações podemser desenvolvidas sempre que se possa atender à com-patibilização da qualidade e quantidade dessas águas com osrequisitos mínimos para os seus usos potenciais.

A actuação em cada unidade industrial deve incidir sobreum conjunto de medidas de aplicação geral destinadas aqualquer sector de actividade, complementando-se com a se-lecção de medidas concretas e específicas do respectivo pro-cesso de fabrico industrial (incluindo os sistemas acessóriosdo mesmo, como sendo os de transferência de calor). Aimplementação destas medidas está geralmente dependenteda motivação do operador industrial (que executa a gestão daunidade) para o uso eficiente da água, constituindo o mesmoo principal beneficiário das mais-valias resultantes.

O Centro para o Desenvolvimento Empresarial Susten-tável (CENDES), pertencente ao Instituto Nacional deEngenharia e Tecnologia Industrial (INETI) tem contribuído,de forma notável, para a melhoria da eco-eficiência de vá-rias empresas industriais, através da aplicação de estra-tégias preventivas de protecção ambiental garantindo, emsimultâneo, a respectiva sustentabilidade económica.

No âmbito da optimização do uso da água na indús-tria, o Departamento de Química Agrícola e Ambiental daAssociação para o Desenvolvimento do Instituto Superiorde Agronomia realizou, em articulação com várias unidadesindustriais, projectos de investigação e desenvolvimento,cujos resultados se consideram exemplares.

Medida 73Adequação de procedimentos de utilização de água naunidade industrial

Esta medida consiste na alteração de hábitos dosutilizadores de água na unidade industrial, de modo areduzir o consumo deste recurso, sem prejuízo na eficiênciados processos em que decorrem estas utilizações.

O sucesso desta medida depende geralmente do graude consciencialização e da vontade de cooperação do res-pectivo utilizador directo que constitui, neste caso, o desti-natário da medida.

Algumas práticas de adequação de utilização da águasão enumeradas seguidamente:

– encerramento dos fluxos de água do processo de fabricoem todos os momentos de paragem da produção;– manutenção periódica dos sistemas de transferência decalor (evitando as incrustações) a fim de prevenir aineficiência do sistema e o consumo excessivo de água;– realização de lavagens de instalações apenas quando es-tritamente necessário e de forma ajustada às necessidadesexistentes;– interrupção do fluxo de água na lavagem sempre que serevele desnecessário (por exemplo, na aplicação de deter-g e n t e s ) ;– utilização de mangueiras com dispositivos de controlo decaudal no respectivo bocal, de modo a permitir o rápidocorte ou a diminuição de caudal, evitando o deslocamentodo operador à torneira de alimentação do sistema;– utilização de água para fins similares aos urbanos deforma ajustada às reais necessidades;– esta prática deve ser fortemente motivada especial-mente ao nível do uso das instalações sanitárias, nosrefeitórios e na rega de espaços verdes, entre outros.

10

Em situação de escassez hídrica devem ser acentua-dos os cuidados anteriormente referidos.

Em cada unidade industrial devem ser identificadas asoportunidades de adequação da utilização de água e deveser desenvolvida uma estratégia de sensibilização apro-priada ao perfil dos respectivos utilizadores directos.

Os beneficiários desta medida são os operadores in-d u s t r i a i s .

Medida 74Optimização da utilização da água na unidadei n d u s t r i a l

Esta medida consiste na implementação de um pro-grama específico de optimização da utilização da água naunidade industrial, apresentando como objectivos prin-cipais a redução dos consumos de água e dos volumes deáguas residuais geradas. As intervenções a realizar, noâmbito deste programa, devem cingir-se à adequação deprocedimentos com vista à redução do consumo de água, àutilização de equipamentos e dispositivos mais eficientes eà adopção de sistemas de recirculação e/ou à reutilização deáguas de qualidade inferior.

Para desenvolver tais intervenções são necessáriosdados e informações de base, a obter através de actividadesde medição e registo de consumos de água e de moni-torização da sua qualidade, quer ao nível do abastecimentoglobal às instalações (caso seja por captação própria), quer aonível dos consumos parciais por cada secção fabril. As águasresiduais geradas na unidade devem também ser objecto demonitorização de qualidade e de medição dos respectivoscaudais totais e sectoriais. Estes dados, preferencialmenteagregados sob a forma de balanços hídricos, apresentamespecial importância para o fomento e planeamento de umuso mais racional da água, bem como para a avaliação daeficácia das medidas implementadas nesta matéria.

A implementação de um programa estratégico específicode optimização do ciclo da água na unidade industrial traduz-se em benefícios claros e directos, oriundos das reduções doconsumo de água de abastecimento e dos volumes de águasresiduais industriais a descarregar, resultando em poupançaseconómicas que podem assumir, nalguns casos, uma im-portância significativa para as empresas industriais.

Os beneficiários directos desta medida são os opera-dores industriais.

Medida 75Redução de perdas de água na unidade industrial

A existência de perdas reais de água nos sistemas dedistribuição, deve-se sobretudo a factores relacionados com

11o tipo de construção, os materiais utilizados, as pressões, aidade da rede e as práticas de operação e de manutenção(Arreguín-Cortés, 1992).

Esta medida consiste na detecção, localização e eli-minação de perdas de água resultantes de fugas da rede dedistribuição, ao nível das tubagens e das respectivas juntas,bem como dos diferentes dispositivos de utilização de água.A medida prevê a realização de inspecções periódicas pre-ventivas ao estado da rede de abastecimento de água àunidade industrial.

Em situação de escassez hídrica devem ser acentuadosos cuidados de detecção e eliminação de perdas de água naunidade industrial.

Os beneficiários directos desta medida são os ope-radores industriais.

Esta medida apresenta como vantagens a redução dosconsumos de água, bem como dos custos económicos edos consumos energéticos associados, não apresentandonenhum inconveniente.

Medida 76Utilização de águas residuais do processo de fabrico

Esta medida consiste na utilização para outros fins, deáguas residuais resultantes de algumas operações unitáriasdos processos de fabrico industrial. Esta medida podeaplicar-se, de forma geral:

– às águas residuais resultantes do processo de extracçãofísica de produtos alimentares (ocorrentes, por exemplo,na indústria dos óleos vegetais): estas operações requeremgeralmente águas de boa qualidade resultando, regrageral, águas residuais com uma carga orgânica elevada,cujas características podem apresentar-se ajustadas para areutilização na agricultura, para fins de irrigação; areutilização destas águas residuais para fins de irrigaçãoimplica o conhecimento da sua caracterização física,química e biológica, bem como o conhecimento da qua-lidade do solo a que se destinam;– A implementação desta medida depende da existência,no local ou nas imediações, de terrenos agrícolas com asadequadas condições e a necessidade de recepção destaságuas a reutilizar;– às águas residuais resultantes de processos de lavagemde produtos alimentares em bruto (que ocorrem, porexemplo, na indústria de processamento de matériasalimentares): esta operação requer geralmente autilização de água de boa qualidade que, após tratamentoadequado (caso se justifique), pode ser reutilizada paraoutros fins como sendo nas lavagens das instalações fabris,

efectuado com recurso a válvulas automáticas com sensor dec o n t r o l o ;– uso da água em processos de transporte de matérias aprocessar: esta utilização (ocorrente, por exemplo, emalgumas indústrias de processamento de bensalimentares), pode ocorrer nos casos em que há interesseem preservar a estrutura da matéria a processar, sendoque o transporte através da água evita a mutilação dessasmesmas matérias; neste caso, a aplicação desta medidaconsiste na adopção de processos mecânicos de transportedessas matérias, caso se demonstre adequado, implicandoa alteração do layout fabril com substituição dosequipamentos existentes ou aquisição de novosequipamentos.– uso da água em processos de arrefecimento de equipa-mentos: nesta utilização (ocorrente por exemplo nasoperações de corte e perfuração nas indústrias deprocessamento de pedra), são aplicáveis dispositivos queproporcionam uma maior racionalização de água, semperda de eficiência.

Os beneficiários desta medida são os operadoresindustriais.

Esta medida apresenta como vantagens a redução dosconsumos de água e da descarga de águas residuais indus-triais, bem como dos custos económicos e dos consumosenergéticos associados. Os inconvenientes previstos são decariz económico, resultantes dos custos das substituiçõesou adaptações a efectuar no processo de fabrico.

Medida 78Recirculação de água no processo de fabrico

Esta medida consiste na recirculação, após trata-mento, das águas residuais resultantes de determinadasoperações dos processos de fabrico industrial. Pode aplicar-se, geralmente, ao:

– uso da água nas operações de lavagem de produtos nãoalimentares em bruto, ou para o arrefecimento de equipamen-tos em que não sejam necessárias águas de elevada qualidade,tal como se verifica, por exemplo, na indústria de transformaçãode pedra: as águas residuais geradas nestas operações industriaisapresentam, em geral, uma qualidade reduzida, devendo sersujeitas a um tratamento físico e químico, a fim de retirar omaterial sólido dissolvido e em suspensão; em alguns casos,estas águas, após tratamento, podem ser recirculadas para novautilização no próprio processo.

– uso da água em processos de transporte de materiais noprocesso de fabrico industrial: este transporte hidráulico requeruma qualidade de água muito variável em função do tipo dematerial a ser transportado; quando esta utilização de água se

para o uso agrícola na irrigação e para o transporte dasmatérias alimentares a processar, caso seja aplicável;– às águas residuais resultantes das operações de lavagemde embalagens e vasilhame de produtos alimentares: estaoperação é efectuada geralmente com águas de elevadaqualidade (por exemplo, a lavagem de vasilhame na in-dústria de bebidas); a água resultante deste processo delavagem possui, geralmente, características físicas equímicas que permitem a sua reutilização para diversosfins, como sendo, para as primeiras passagens nos ciclos delavagem, para os sistemas de transferência de calor e/oupara a lavagem das instalações fabris, entre outros.

Os beneficiários desta medida são os operadoresindustriais.

Esta medida apresenta como vantagens a redução dosconsumos de água e da descarga de águas residuais in-dustriais, bem como dos custos económicos e dos con-sumos energéticos associados. Os inconvenientes previstossão de cariz económico, resultantes dos custos das adap-tações a efectuar para a implementação da medida.

Medida 77Substituição ou adaptação do processo de fabrico

Esta medida consiste na racionalização da água atravésde alterações efectuadas ao nível dos processos de fabricoindustrial, incluindo a aquisição ou a substituição de equipa-mentos e dispositivos por outros mais eficientes sob o pontode vista de utilização de água. O uso eficiente da água deveser um factor a considerar aquando da renovação e mo-dernização do parque de máquinas da unidade industrial ouda concepção e aquisição do mesmo (caso se trate de umanova unidade industrial). Geralmente, estas intervençõesdestinam-se prioritariamente à optimização do processo defabrico com vista à melhoria e/ou aumento da produção,devendo, nessa ocasião, conciliar-se esse objectivo com o daracionalização de recursos, com benefícios evidentes edirectos para o operador industrial.

Esta medida aplica-se, a exemplo, nas seguintes utili-zações de água do processo de fabrico industrial:

– uso da água na lavagem de produtos alimentares ou nãoalimentares em bruto: nesta utilização é geralmente apli-cável a adopção de dispositivos mais eficientes, nomeada-mente de bocais pulverizadores nas saídas de água de la-vagem destes produtos, na linha de produção; sugere-se tam-bém a instalação de um sistema de ajuste de todos os fluxoscontínuos de água ao mínimo e/ou a sua passagem aintermitentes, se adequado e possível; este ajuste pode ser

12

destina a transportar matérias alimentares a processar (ocor-rente, por exemplo, na indústria do tomate), a água a utilizarrequer uma boa qualidade; neste caso, a recirculação, no pro-cesso, das águas residuais geradas nesta operação, deve ser feitaapós tratamento adequado.

Os beneficiários desta medida são os operadoresindustriais.

Esta medida apresenta como vantagens a redução dosconsumos de água e da descarga de águas residuais indus-triais, bem como dos custos económicos e dos consumosenergéticos associados. Os inconvenientes previstos são decariz económico, resultantes dos custos das adaptações aefectuar para a implementação da medida.

Medida 79Recirculação de água no sistema de arrefecimento in-dustrial

Esta medida consiste na recirculação de água nossistemas de arrefecimento industrial (através da adopção desistemas fechados ou semiabertos) permitindo uma racio-nalização de água sem prejuízo para a eficácia do sistema eevitando, em simultâneo, a poluição térmica provocadapelas águas residuais geradas.

Num sistema semiaberto de arrefecimento industrial aágua vai sendo recirculada após a passagem numa torre derefrigeração, na qual ocorre o seu arrefecimento registando-se algumas perdas por evaporação para a atmosfera.

A água arrefecida escoa para uma bacia de retenção deonde é novamente escoada para o sistema.

Neste processo, devido à ocorrência de evaporação, aágua de arrefecimento vai sofrendo uma alteração dequalidade provocada pelo aumento da sua salinidade.

A fim de compensar esta degradação da qualidade daágua, é efectuada uma purga por forma a descarregar aságuas com maiores concentrações de sais, no fundo dabacia, sendo adicionada uma quantidade de água de com-pensação (sujeita a uma correcção química para apresentaruma baixa concentração de sais). Esta recarga de água devecompensar também as perdas de água ocorridas.

A água de recarga a adicionar nos sistemas semi-abertos de arrefecimento industrial deve apresentar umaqualidade mais apurada quando comparada com a água deabastecimento de um sistema aberto de arrefecimentoindustrial (Mann e Liu, 1999).

Os beneficiários desta medida são os operadoresindustriais.

Esta medida apresenta como vantagens a redução dosconsumos de água e da descarga de águas residuais indus-triais, bem como dos custos económicos e dos consumosenergéticos associados. Os inconvenientes previstos são de

13cariz económico, resultantes dos custos das adaptações aefectuar no sistema de arrefecimento industrial e dosrespectivos custos posteriores de exploração e manutenção.

Medida 80Utilização de água de outros processos no sistema dearrefecimento industrial

Esta medida consiste na utilização, nos sistemas dearrefecimento industrial, de águas residuais ou remanes-centes provenientes de outros processos, devendo a suaqualidade ser compatibilizada com a qualidade requeridapara as águas de consumo nesses sistemas.

A implementação desta medida pode implicar a se-gregação de efluentes na unidade industrial, com vista aoaproveitamento de fluxos de água cuja qualidade seja com-patível ou possa compatibilizar-se (após tratamento ade-quado) com a requerida para o uso no sistema de arrefe-cimento industrial.

Os beneficiários desta medida são os operadoresindustriais.

Esta medida apresenta como vantagens a redução dosconsumos de água e da descarga de águas residuais indus-triais, bem como dos custos económicos e dos consumosenergéticos associados. Os inconvenientes previstos são decariz económico, resultantes dos custos das adaptações aefectuar para a implementação da medida.

Medida 81Utilização para outros fins de água do sistema dearrefecimento industrial

Esta medida consiste na recuperação das águasutilizadas em sistemas abertos de arrefecimento industriale respectiva reutilização para outros fins, para os quais a suaqualidade se apresente compatível.

Os beneficiários desta medida são os operadoresindustriais.

Esta medida apresenta como vantagens a redução dosconsumos de água e da descarga de águas residuais indus-triais, bem como dos custos económicos e dos consumosenergéticos associados. Os inconvenientes previstos são decariz económico, resultantes dos custos das adaptações aefectuar para a implementação da medida.

Medida 82Utilização de água de outros processos no sistema deaquecimento industrial

Esta medida consiste na reutilização, nos sistemas deaquecimento industrial, de águas provenientes de outros

processos, devendo a sua qualidade ser compatibilizadacom a qualidade requerida para as águas de consumo nes-ses sistemas.

A implementação desta medida pode implicar a segre-gação de efluentes na unidade industrial com vista ao apro-veitamento de fluxos de água cuja qualidade seja compatívelou possa compatibilizar-se (após tratamento adequado) coma requerida para o uso no sistema de aquecimento industrial.

Os beneficiários desta medida são os operadores in-dustriais.

Esta medida apresenta como vantagens a redução dosconsumos de água e da descarga de águas residuais indus-triais, bem como dos custos económicos e dos consumosenergéticos associados. Os inconvenientes previstos são decariz económico, resultantes dos custos das adaptações aefectuar para a implementação da medida.

Medida 83Utilização de água de condensado para outros fins

Esta medida consiste na recuperação do vapor de águagerado nos sistemas de aquecimento industrial, através da suacondensação, podendo gerar volumes significativos de águacom potencialidades que permitam a sua recirculação nosistema de aquecimento ou a sua reutilização para outro fim.Atenda-se a que a recuperação destas águas com uma qua-lidade aceitável é apenas viável nos casos em que as mesmasnão apresentem contaminações química, física ou biológicaoriginadas na sua utilização no sistema de aquecimentoindustrial e respectivo contacto com o processo de fabrico.

O sistema de aquecimento industrial com recuperaçãode condensado é constituído por uma caldeira, que gera oaquecimento de água que é utilizada no processo de fabricoindustrial, sob a forma de vapor. Parte desta água é por suavez recuperada num sistema de condensação instalado nocircuito, seguindo-se a sua recirculação para a caldeira. Aágua resultante do sistema de condensação deve ser sujeitaa uma correcção química prévia à sua utilização. Uma re-carga de água adicionada ao sistema serve de compensaçãopara as perdas de vapor verificadas na sua utilização, bemcomo para as purgas efectuadas a fim de manter um nívelbaixo de salinidade na água da caldeira (Mann e Liu, 1999).

Os beneficiários desta medida são os operadoresindustriais.

Esta medida apresenta como vantagens a redução dosconsumos de água e da descarga de águas residuais indus-triais, bem como dos custos económicos e dos consumosenergéticos associados. Os inconvenientes previstos são decariz económico, resultantes dos custos das adaptações aefectuar para a implementação da medida.

Medida 84Adequação de procedimentos na gestão de resíduos

Esta medida consiste na alteração dos hábitos dos uti-lizadores, de modo a gerir adequadamente os resíduos pro-duzidos na unidade industrial, a fim de minimizar a neces-sidade de lavagem das instalações e o respectivo consumode água para esse uso.

O sucesso desta medida depende geralmente do graude consciencialização e da vontade de cooperação do res-pectivo utilizador directo que constitui, neste caso, o des-tinatário da medida.

Algumas práticas de adequação de procedimentos nagestão de resíduos são enumeradas seguidamente:

– deposição de resíduos em recipientes adequados emsubstituição do seu arraste hidráulico, devendo ser dispo-nibilizada, para cada local de produção de resíduos, umaquantidade adequada de recipientes próprios para a suacolecta imediata;– esvaziamento com a frequência necessária de todos osrecipientes de colecta de resíduos, por forma a não segerarem problemas de odores e insectos, entre outros;– acondicionamento adequado dos resíduos a armazenarou transportar, evitando o seu espalhamento (recorrendoa correias de acondicionamento durante o transporte e atelas para cobrir, durante o armazenamento e transporte,no caso de serem pulverulentos).

Em cada unidade industrial devem ser identificadas as o-portunidades de adequação de procedimentos na gestão deresíduos, e deve ser desenvolvida uma estratégia de sensibi-lização apropriada ao perfil dos respectivos utilizadores directos.

Em situação de escassez hídrica acentuada, devem serreforçados os cuidados anteriormente referidos.

Os beneficiários desta medida são os operadores in-dustriais.

Esta medida apresenta como vantagens uma reduçãosignificativa dos consumos de água e da descarga de águasresiduais industriais, bem como dos custos económicos edos consumos energéticos associados, não sendo previstosquaisquer inconvenientes ambientais.

Medida 85Utilização de equipamento para a limpeza a seco dasinstalações

Esta medida consiste na utilização de um equipa-mento próprio para a aspiração de todos os resíduos sólidosdepositados sobre o pavimento da unidade industrial, re-duzindo assim a necessidade de se proceder à sua lavagema jacto (com arraste hidráulico dos resíduos).

14

Esta medida promove uma racionalização da água naunidade industrial, prevendo-se ainda um ganho de eficáciado processo de limpeza. A lavagem das instalações passa aser necessária com menor regularidade e para removerresíduos líquidos ou semilíquidos.

Em situação de escassez hídrica, a aplicação destamedida deve ser reforçada.

Os beneficiários desta medida são os operadoresindustriais.

Esta medida apresenta como vantagens a redução dosconsumos de água e da descarga de águas residuais indus-triais, bem como dos custos económicos e dos consumosenergéticos associados. Os inconvenientes previstos são decariz económico, resultantes essencialmente dos custos deaquisição e de manutenção do equipamento de aspiração.

Medida 86Utilização de dispositivos portáteis de água sob pressão

Esta medida consiste na lavagem de pavimentos dasinstalações ou de equipamentos do processo de fabricoindustrial, com jactos de água a maior pressão/menor cau-dal, através da utilização de um equipamento específico paraesse fim ou da colocação de dispositivos adequados nosbocais das mangueiras de lavagem. Esta medida permite autilização de um menor volume de água para a lavagem dasinstalações sem haver perda, ou mesmo havendo ganho, daeficácia nesse procedimento. A lavagem com maior pressãofacilita o arraste hidráulico dos resíduos depositados nasuperfície a lavar, bem como a limpeza de pavimentos naszonas de arestas, de calhas ou de outras zonas difíceis.

Os beneficiários desta medida são os operadoresindustriais.

Esta medida apresenta como vantagens a redução dosconsumos de água e da descarga de águas residuais indus-triais, bem como dos custos económicos e dos consumosenergéticos associados sendo adicionalmente expectávelum acréscimo da eficácia da limpeza. Os inconvenientesprevistos são de cariz económico embora pouco significa-tivos, resultantes essencialmente dos custos de aquisição,de manutenção e de reparação do equipamento ou dosdispositivos de utilização de água sob pressão.

Medida 87Reutilização ou uso de água de qualidade inferior

Esta medida consiste na reutilização de água originadanoutros processos ocorrentes na unidade industrial ou nouso de água de qualidade inferior (por exemplo, água dachuva), para fins de lavagens de instalações e de equipa-mentos, devendo a sua qualidade ser compatível com a

requerida para as águas de consumo nestes procedimentos.Os beneficiários desta medida são os operadores

industriais.Esta medida apresenta como vantagens, a redução dos

consumos de água e da descarga de águas residuais indus-triais, bem como dos custos económicos e dos consumosenergéticos associados. Os inconvenientes previstos são decariz económico, resultantes dos custos das adaptações aefectuar para a implementação da medida.

Medidas ao nível dos usos similares aos urbanosNos estabelecimentos industriais registam-se, adicio-

nalmente aos usos indicados anteriormente, utilizações deágua para fins de consumos similares aos urbanos. Estasutilizações de água podem implicar consumos muito rele-vantes deste recurso ocorrendo, por exemplo, nas instalaçõessanitárias (nomeadamente em autoclismos, chuveiros,lavatórios, etc.), nos refeitórios dos estabelecimentos, na regade espaços verdes e na lavagem de veículos, entre outros.

Considerem-se como medidas potenciais, sem prejuí-zo de outras que se apresentam aplicáveis, as que se indi-cam seguidamente:

. limpeza de pátios, passeios e estacionamentos – ade-quação da utilização/substituição de lavagem por lim-peza por aspiração;. lavagem de veículos – adequação da utilização/subs-tituição de equipamentos ou dispositivos para alavagem sob pressão;. máquinas de lavar loiça – adequação da utilização/substituição de equipamentos por outros mais eficientes;. máquinas de lavar roupa – adequação da utilização/substituição de equipamentos por outros mais eficientes;. autoclismos – adequação da utilização/adaptação ousubstituição dos dispositivos por outros mais eficientes;. chuveiros – adequação da utilização/adaptação ousubstituição dos dispositivos por outros mais eficientes;. jardins e similares – gestão da intensidade, alcance eperíodos de rega; alteração das tecnologias de rega;gestão das espécies plantadas; utilização de água dequalidade inferior.. torneiras (lavatórios, bidés, banheiras e lava-louças) –adequação da utilização/adaptação ou substituição dedispositivos por outros mais eficientes;

Pode considerar-se que a adequação do uso da água naindústria destinada a fins similares aos urbanos apresentauma forte dependência da consciencialização e da vontadede cooperação dos trabalhadores fabris, reforçando-se,neste âmbito, a importância da realização de campanhasperiódicas de sensibilização e informação.

15

16

A estratégia da Produção Mais Limpa, definida pela UNEPé uma estratégia de prevenção/minimização da produção deemissões e resíduos e consequentemente dos seus impactesna saúde humana e ambiente, em geral.

. Formas que se encontraram para conseguir atingir a Pro-dução Mais Limpa

– substituição de matérias-primas– alterações no processo produtivo.

Também no caso das emissões atmosféricas existemhierarquias e opções de gestão que permitem a abordagemao conceito de eco-eficiência.

1° prioridade – Prevenção da existência de emissõesatmosféricas, que é possível pela aplicação de novas tec-nologias, introduzindo nos processos de fabrico

mecanismos específicos que evitam o aparecimento deefluentes gasosos (ex.: vapores, partículas).2° prioridade – Captação dos contaminantes e o seureaproveitamento no processo subsequente ou não.3° prioridade – Redução da quantidade e/ou danocividade das emissões gasosas conseguida pelaafinação de equipamentos e uso de técnicas nas etapasde processos que constituam fontes fixas de emissão(ex.: incrementar o rendimento de queima).4° prioridade – Captação de contaminantes que não podemser reutilizados, assumindo características de resíduo ou deáguas residuais (ex.: captação de partículas sólidas pordespoeiradores ou lavadores).As tecnologias de tratamento recomendadas de acordo

com as características dos contaminantes gasosos são:

4. A Eco-eficiência aplicada ao Ar

4.1 Medidas para o controlo das emissões

TÉCNICAS RENDIMENTO DO PROCESSO COMENTÁRIOS

Separação gravítica(ex.:colectores departículas)

> 50 < 50% Partículas pesadas

Separação centrífuga(ex.: Ciclones)

> 5 < 90% Partículas não abrasivas

Separação por viahúmida (ex.: torres deatomização)

> 5 > 90% Fluxos com alta temperatura

Separação por Venturi < 1 > 90% Fluxos com alta temperatura

Filtro de mangas >0.1 Até 99 % Aplicação universal

Precipitaçãoelectrostática

> 0.5 Até 99% Partículas ionizáveis elíquidos em suspensão

Captação de Partículas

DIMENSÃO DE PARTÍCULAS (µm)

TÉCNICAS CONTAMINANTES GASOSOS

Adsorção Branqueamento; Desodorização Pigmentos, SOx, NOx

Absorção Lavagem de gases pré-despoeirados CuHm, Sox

Condensação de superfície Processos de destilação Solventes

Condensação por contacto Processos sob vácuo Contaminantes orgânicos de fácil remoção

Pós-combustão Remoção final de substâncias combustíveis Odores residuais e partículas líquidas emsuspensão

Combustão catalítica Indústria automóvel; Processos químicos SOx, CO, NOx

Captação de gases

PROCESSOS

Ter controlo dos processos que emitem efluentesgasosos é o ponto de partida para aplicar medidas que incre-mentem a eficiência dos mesmos. A passagem de um es-tado de não conhecimento a um estado de conhecimento, éo ponto de viragem para a utilização na prática dos princí-pios evocados.

Práticas que possibilitam a emissão de menospoluentes, seja qualitativamente, sejaquantitativamente.

. Recurso a combustíveis menos poluentes, por exemplo, ogás natural. Este gás reduz as emissões de SO2 e par-tículas, embora aumente as emissões de NOx. Assimdever-se-á utilizar queimadores de baixo teor de Nox;

. Utilizar combustíveis com baixo teor em enxofre;

. Eliminação de vapores contaminados, recorrendo a tecno-logias que permitam o fabrico a baixas temperaturas;

. Utilização de técnicas de combustão e de queimadoresque permitam melhores rendimentos de queima;

. Supressão da emissão de partículas na movimentação de

17granulados, quando se substitui os sistemas de transportespneumáticos por transportadores mais evoluídos;

. Substituição do ar por oxigénio, por exemplo num fornocerâmico;

. Substituição de matérias – primas e auxiliares por subs-tâncias menos perigosas ou que possam ser usadas maiseficientemente, ou que sejam passíveis de ser recicladas ereutilizadas;

. Boas práticas de gestão, prevenindo fugas e derrames;

. Reformulação de produtos, substituindo-os por outrosambientalmente mais adequados;

. Recuperação/reciclagem de solventes;

. Utilizar bombas ou canis de forma a transferir a matériaprima do local de armazenagem para o local de onde seirão processar as operações;

. Controlar os processos de evaporação através da utilizaçãode contentores ou outros volumes com tampas ajustadaspara o efeito;

. Movimentar os contentores de forma correcta de forma aevitar rupturas ou outros estragos que podem conduzir afugas durante um uso futuro.

18

ENERGIA ELÉCTRICA

A política governamental passa pelo incentivo aosprivados na autoprodução de energia eléctrica, utilizandomini-hídricas, geradores eólicos, biomassa, cogeraçao, etc.É ainda de referir o programa Água Quente Solar para Por-tugal. A cogeração tem vantagens comerciais e ambientais,que permitiram e influenciaram o seu rápido crescimento.Há também indústrias que tratam os seus resíduos, resul-tando na produção de biogás que pode ser utilizado vanta-josamente na produção de energia eléctrica e térmica.

A distribuição de energia eléctrica

P =R*I2

P = potência | R = resistência | I = corrente

ASPECTOS A TER EM CONTA

O transporte deve ser realizado a altos níveis de tensãoOs grandes consumidores devem ter os postos de

transformação “à porta”, pois alguns destes são alimen-tados a 3.300Volts (V) ou mesmo a 6.000V.

Os restantes consumidores utilizam níveis de tensãobaixa 230/400V.

A escolha criteriosa das secções dos cabos deverá terem conta o custo, a máxima intensidade de correnteadmissível e as perdas associadas às várias secções.

Deve-se proceder a um correcto dimensionamentoque deverá ter em atenção o tempo de vida dos cabos.

Escolha do tarifário ASPECTOS A TER EM CONTA

. O nível de tensão (muito alto, alto, médio ou baixo)

. As horas de funcionamento (longas, médias, curtas)

. O ciclo semanal ou diário.

Para uma correcta decisão, deverá o consumidor simu-lar os consumos em análise, avaliando as várias alternativase respectivo investimento necessário.

Para uma poupança na factura eléctrica, devem-seutilizar os equipamentos durante os períodos de vazio emque a electricidade é mais barata. A instalação de baterias decondensadores de forma a minimizar as trocas de energiareactiva com a rede será também uma boa medida. No casode grandes instalações, a utilização de motores síncronospoderá ajudar no controlo do factor de potência.

Os transformadoresDevem estar desligados da rede quando, não estão a

ser utilizados, pois ainda assim consomem energia. Apesardo grande investimento inicial, uma instalação dimension-ada com transformadores para trabalharem a 45% de carganominal, apresenta menores perdas, adaptação a futurasampliações, boa capacidade para funcionamento em sobrecarga e um rendimento perto dos 99%.

O consumidor deverá ter como objectivos controlar omáximo da potência tomada, a energia reactiva, os consu-mos energéticos e o funcionamento dos diversos equipa-mentos. A par disso, deve fazer a gestão dos consumos, uti-lizando sistemas de armazenamento de energia e gestãodos sistemas de iluminação.

Motores EléctricosO melhor rendimento no seu uso ocorre para um fun-

cionamento a 80% da carga máxima, logo o consumidordeverá ter em conta que um sobredimensionamento, pre-vendo futuras necessidades de força motriz pode não seruma boa escolha. O menor consumo energético, também sepode ficar a dever à instalação de motores de maior rotação,ou de motores de alto rendimento. Apesar de ser do conhe-cimento geral, convém sempre salientar que a manutençãoregular de qualquer aparelho contribui para um menor con-sumo energético e também para o aumento do seu tempode vida.

A iluminaçãoAtravés dos raios solares é com certeza a mais

indicada, logo uma boa limpeza das zonas envidraçadas éimportante. A necessidade de uma iluminação não naturaltem nas lâmpadas fluorescentes tubulares de alta-frequên-cia, utilizando balastros electrónicos, uma forma de reduziro consumo na casa dos 30%, em relação às lâmpadas incan-descentes. Há ainda a referir, que apesar do custo inicialmaior, as lâmpadas de vapor de sódio apresentam grandedurabilidade.

ENERGIA TÉRMICA

A produção de energia térmica pode ser realizada local-mente, consumidor a consumidor, ou pode ter a sua produçãocentralizada. A escolha tem em consideração o tipo deutilizador (quantidade de energia e temperaturas necessárias,tipo de produto, propriedades, etc.), os sistemas de queima(directa ou indirecta), o número de utilizadores e até o tipo decombustível a utilizar (no caso das opções com combustíveis

5. A Eco-eficiência aplicada à Energia

5.1 Aplicações industriais de energia

19gasosos é mais o custo da criação de uma rede de distribuição,optando-se pela instalação local de queimadores).

A vantagem associada aos combustíveis gasosos foipotenciada com a distribuição de gás natural, nomeada-mente por razões de preço, por permitir um maior númerode utilizações com queima directa, exigir equipamentosbaratos, o uso em bruto, a facilidade de distribuição, o factoda sua utilização permitir maiores rendimentos de queimae produção e as vantagens a nível ambiental.

Tipos de geradores. esquentadores e caldeiras murais. geradores de ar quente. caldeiras de serpentina. caldeiras de tubos de fumo. caldeiras de tubos de água.

Os dois últimos tipos são ainda muito utilizados comocaldeira de recuperação, associados a motores ou turbinas.A análise das recuperações possíveis é muito importante.

A distribuição da energia térmica deverá ser realizadade forma a reduzir ao mínimo as perdas térmicas.

A recuperação de energia impõe-se cada vez mais porrazões económicas e por razões ambientais. Actualmente, aanálise isolada de opções, como seja, optar por um tipo derecuperação tendo apenas em conta a vantagem térmica,pode não ser a melhor solução, levando mesmo à dupli-cação de custos ou até a aumentos nos consumos energéti-cos. Quando da análise de um processo, as saídas deprodutos deverão ser analisadas e classificadas não só, a

nível térmico, mas também identificando cada constituinte.As recuperações de calor levam a uma análise de compati-bilidade entre as necessidades e o calor disponível, no-meadamente: do nível térmico disponível versus necessi-dade, da quantidade de energia disponível versus necessi-dade, comparação temporal dos dois acontecimentos,distância entre o local onde existem desperdícios de energiae o local onde esta é necessária, grau de contaminação dafonte versus utilização, formas possíveis para a transferên-cia de calor.

FrioOs sistemas de produção de frio mais divulgados utili-

zam o ciclo de compressão de vapor, embora já existamalgumas instalações com unidades de absorção e aindautilizando o sistema de injecção de vapor.

Ao nível das recuperações de calor, destaca-se a ins-talação de recuperadores entre os compressores e os con-densadores permitindo produzir água quente a temperat-uras até 80°C com possibilidade de ser utilizada, directa-mente ou indirectamente, após aumentar a temperaturacom a ajuda de bombas de calor.

Ao nível de concepção das instalações, relativamenteao rendimento máximo dos motores eléctricos, deverão di-mensionar-se de forma a terem-se os compressores semprea trabalhar à sua potência nominal.

Um conhecimento claro das propriedades dos produtosa arrefecer ou a congelar, poderá permitir manter uma qua-lidade máxima com um consumo mínimo de energia.

ObjectivoPromoção da eficiência energética e da valorização das

energias endógenas, contribuir para a melhoria da competitivi-dade da economia portuguesa e para a modernização da nossasociedade, salvaguardando simultaneamente a qualidade devida das gerações vindouras pela redução de emissões, emparticular do CO2, responsável pelas alterações climáticas.

Legislação. Resolução do Conselho de Ministros n° 154/2001, de

19 de Outubro.Dá um contributo decisivo no sentido do cumpri-mento das obrigações que Portugal assumiu aosubscrever o Protocolo de Quioto.

. Resolução de Concelho de Ministros n° 59/2001, de 30de MaioAprovou a estratégia para as Alterações Climáticas

. LEI 93/2001, de 20 de AgostoCria instrumentos para prevenir as alterações climáti-cas e os seus efeitos, tendo sido apresentado, nesteâmbito, o Plano Nacional para as Alterações Climáti-cas (PNAC).É neste enquadramento, que o Ministério da Economialançou o Programa Nacional para a Eficiência Ener-gética nos Edifícios (P3E), que aglutina todas as medi-das apontadas no E4 para os edifícios.

. DECRETO-LEI N° 40/90

Regulamento das Características de Comportamento

5.2 Programa eficiência energética e energias endógenas (E4)

REDE ELÉCTRICAASPECTOS A TER EM CONTA

. dimensionamento da secção dos condutores

. configuração dos circuitos eléctricos

. compensação do factor de potência que, por si só, éresponsável pelo aumento das perdas na rede, redu-ção da vida útil dos componentes eléctricos, penali-zações tarifárias e uma sub-utilização da capacidadeinstalada.

A iluminação interiorASPECTOS A TER EM CONTA

. Nível de iluminação necessário

. Optimização das condições de iluminação natural

. Optar pelo sistema de iluminação mais adequado

. Utilização de equipamento de rendimento elevado

Como uma parte elevada da energia emitida pelas fon-tes luminosas é libertada sob a forma de calor, os sistemasde iluminação devem estar integrados nos sistemas declimatização ambiente, o que provoca uma redução datemperatura na armadura para valores da ordem dos 25°C,permitindo optimizar as condições de emissão do fluxoluminoso.

Entre 5 e 7% do valor total da energia consumida, nasinstalações do sector dos serviços, pertence aos sistemas deáguas quentes sanitárias. No entanto há que referir que oshospitais e hotéis, apresentam valores superiores, surgindoaqui um forte potencial de favorecimento para a águaquente produzida por sistemas de colectores solares, emligação próxima com o Programa Água Quente Solar paraPortugal, no âmbito do programa E4.

Mas, na quase totalidade do território português, aenergia solar poderá contribuir grandemente para o aqueci-mento de águas de serviço, quer para uso colectivo emedifícios de média/grande dimensão, quer nas residênciasde habitação, reduzindo bastante a factura energética.

Os equipamentos eléctricos de apoio num edifício,bem como toda a aparelhagem de comando e controlo, de-sempenham funções vitais na distribuição e gestão dascargas térmica e eléctrica e revestem-se de grande impor-tância na eficiência energética dos sistemas.

Grupos moto-ventiladoresCom o objectivo de optimização das condições de fun-

cionamento, devem-se instalar grupos moto-ventiladores

20 Térmico dos Edifícios (RCCTE), de 6 de Fevereiro –todos os edifícios recentes passaram a utilizar isola-mentos térmicos e muitos têm vidros duplos mesmoque o RCCTE não os indique como obrigatórios. Mas osutilizadores cada vez mais exigem-no e, por isso, aprática de uma melhoria térmica dos edifícios, nãosendo boa, é no mínimo satisfatória. O referido regula-mento aplica-se a todas as zonas independentes dosedifícios sujeitos a licenciamento no território nacional.

. DECRETO-LEI 118/98

Regulamento dos Sistemas Energéticos de Climatizaçãoem Edifícios” (RSECE), de 7 de Maio, direccionado paraos edifícios com sistemas de climatização, de forma amelhorar a sua eficiência energética. Este regulamentoestabelece um conjunto de regras de modo que “as exi-gências de conforto e de qualidade do ambiente impos-tas no interior dos edifícios, possam vir a ser asseguradasem condições de eficiência energética”. Este regulamento dos sistemas de climatização ainstalar em edifícios ou zonas independentes, é aplicá-vel a todos os equipamentos de edifícios, sempre quese verifique uma das condições seguintes:– A potência térmica nominal de aquecimento ou dearrefecimento seja superior a 25 kW;– A soma das potências térmicas nominais para aque-cimento e arrefecimento seja superior a 40 kW.

O Parlamento Europeu aprovou recentemente, porunanimidade, o projecto de directiva para a eficiência ener-gética em edifícios. Para aplicação desta directiva, Portugaldeverá adoptar um sistema de certificação obrigatório parapromover a qualidade das construções, o conforto térmicodos utentes e a minimização dos consumos de energia,aplicável a edifícios novos e a edifícios existentes de serviçose de habitação (colectiva e individual).

A exemplo do sistema de etiquetagem da classe ener-gética para os electrodomésticos, cada edifício será obri-gado a obter uma certificação, onde constará a informaçãodo grau de eficiência energética do edifício.

A utilização racional da energia eléctrica (UREE) parao sector dos serviços, tem em conta que este, através doconsumo de energia eléctrica nas suas instalações “gasta”cerca de 20% do consumo total de electricidade do país.

Com a expansão deste sector, prevê-se que o consumoenergético venha a aumentar, tornando imprescindível adivulgação de medidas de utilização racional de energia, quepermitem optimizar as instalações, mantendo ou melho-rando os níveis de conforto e bem estar dos utilizadores eminimizando os consumos de energia.

variadores de velocidade, permitindo adaptá-los às varia-ções da carga, dimensionar os sistemas de modo a que ope-rem a maior parte do tempo em regimes perto do nominale reduzir as perdas de carga dos sistemas.

Elevadores monta-cargasJá para os elevadores monta-cargas deve-se efectuar

um estudo de tráfego adaptado às reais necessidades doedifício, definir o número e tipo de equipamento emconformidade com as necessidades de tráfego previstas,desactivar os grupos de potência sempre que os sistemassejam retirados de serviço, nos períodos de menor fluxo etráfego, manter apenas em funcionamento o númeroindispensável de sistemas e seleccionar correctamente apotência dos motores de tracção.

Bombas hidráulicasQuanto às bombas hidráulicas deve-se manter o cau-

dal de água em circulação dentro dos parâmetros de neces-sidade dos sistemas, instalar variadores de velocidade, per-mitindo adaptar as bombas às flutuações e carga.

Optimização térmicaA optimização térmica da envolvente do edifício, é funda-

mental, devendo-se proceder ao seu isolamento externo ouinterno, utilizando materiais de baixa condutividade térmica.Destes destacam-se o poliestireno (expandido ou extrudido),poliuretano, a lã de rocha, o aglomerado negro de cortiça, etc.

Os sistemas de aquecimentos, ventilação e ar condicionado (AVAC)Apresentam variados benefícios. Sem dúvida um deles

é o aumento da produtividade laboral em associação directacom o melhoramento das condições ambientais nos locaisde trabalho. Por outro lado, o aumento de conforto nos laresdos portugueses em geral tem efeitos positivos no estadopsicológico e de saúde da população.

Com a crescente utilização dos sistemas AVAC em Por-tugal, os preços terão tendência a baixar, tornando-se assimum produto mais acessível ao consumidor.

Os sistemas AVAC existentes, tendem a evoluir e amelhorar tecnologicamente o que trará reduções nos custosanuais de operação.

A instalação de um programa energético deve conduzirà eficiência de operações com a consequente redução doscustos anuais e garantir que as condições ambientais dosespaços, influenciadas pela redução dos consumos ener-géticos, não se deterioram.

Será necessário, logo à partida, quantificar a energiatotal consumida, inventariar que tipo de energia se consomena instalação e onde essa energia é consumida.

21Seguidamente devemos determinar qual a quantidadede energia necessária para o conforto dos ocupantes, calcu-lando-se as cargas de aquecimento e de frio necessáriaspara estabelecer as condições de conforto de acordo com aexcursão das temperaturas e graus de humidade atmos-férica no local do edifício. No cálculo das cargas de operaçãode um sistema AVAC devemos ter em conta a transferênciade calor, através da envolvente do edifício (paredes, tecto,portas, janelas), bem como a introdução do ar exterior porventilação forçada ou por infiltração, não esquecendo osganhos internos gerados por factores como iluminação,força motriz, pessoas, vapores de cozinha, etc.

Nesta avaliação dever-se-á reunir dados atmosféricoslocais e descrever as características térmicas do edifício(orientação, isolamento, número de janelas, portas e todosos componentes relacionados com a envolvente do edifí-cio), bem como avaliar as cargas térmicas geradas interna-mente (número de ocupantes, carga de iluminação, quan-tidade de calor dissipado nas cozinhas, etc.),e número dehoras de ocupação do edifício.

De forma a garantir a conservação de energia nos sis-temas de climatização, deverá ter em atenção que os equipa-mentos devem funcionar apenas nos períodos necessários,devendo-se evitar o aquecimento e o arrefecimento simul-tâneos, apenas fornecendo a potência de aquecimento ouarrefecimento necessária e seleccionando as fontes de aque-cimento ou arrefecimento que possibilitem maior eficiênciana utilização da energia.

Com o intuito de reduzir os custos na factura energé-tica dos sistemas de refrigeração, as medidas incidem prin-cipalmente na redução da potência de ponta e na des-locação dos consumos de energia eléctrica para horas commelhor tarifário.

O armazenamento da carga de frio pode desempenharum papel importante em instalações comerciais, industriaise de grandes edifícios, nomeadamente hotéis e centros co-merciais. O uso de sistemas de armazenamento deverá terlugar sempre que o diagrama de cargas indique pontas eléc-tricas elevadas, como por exemplo, sempre que existamrequisitos adicionais de “frio” de curta duração, isto é, emprocessos de fabrico que exijam uma carga com grandesvariações.

A caldeira é a peça mais importante na manutenção.Assim as seguintes verificações deverão ser feitas: dos equi-pamentos de medida e controlo, do sistema de distribuição,da combustão, da qualidade da água, da capacidade de ex-tracção da chaminé, do estado de isolamento das tubagense tanques de armazenamento, bem como a operação delimpeza ao sistema. A manutenção dos sistemas de ven-tilação reporta-se essencialmente aos motores eléctricos,ventiladores, “dampers” e aparelhagem de comando e

22 controlo, particularmente nos termóstatos e aparelhagemde comando das válvulas.

Para a utilização racional de energia em naves indus-triais devemos ter em conta dois importantes factores; a suailuminação e o seu aquecimento.

No que concerne à iluminação, nas naves industriais écomum encontrarem-se lâmpadas de vapor de mercúrio ouentão lâmpadas de sódio de alta pressão. Contudo existeenorme vantagem no uso das segundas, desde que não exis-

ta a necessidade de reprodução de cor dos objectos, poisapresentam uma eficiência, que vai aumentado em propor-ção com o aumento da potência.

Em relação ao aquecimento, verifica-se que o aqueci-mento por radiação constitui um método eficaz, sendo dereferenciar dois modos: o aquecimento a alta temperaturapor infravermelhos (painéis radiantes) e o aquecimento porradiação de um corpo negro (tubos radiantes) que permi-tem economizar até 40% de energia.

MEDIDAS DO PROGRAMA E4 COM INCIDÊNCIANOS EDIFÍCIOS

Regulamentação com impacto na climatização. Actualização e reforço das acções tendentes à

promoção da eficiência energética nos edifícios(RCCTE Decreto-Lei n° 40/90 de 6 de Fevereiro) e nossistemas energéticos de climatização em edifícios(RSECE - Decreto-Lei n° 118/98 de 7 de Maio);

. Criação de mecanismos de gestão racional dos meiose sistemas de climatização e conforto ambiental;

. Dinamização da regulamentação para a certificaçãoenergética de edifícios e criação de mecanismos decontrolo adequados;

. Dinamização das intervenções energético-ambientaiscom especial incidência no espaço urbano (regula-mentação urbanística, construção, desempenho deedifícios e sistemas energéticos dos edifícios).

Medidas com impacto nos consumos de electricidade. Promoção de sistemas de gestão energética e de tec-

nologias que fomentem uma melhor repartição doconsumo das cargas de electricidade;

. Promoção da utilização de equipamentos eléctricos etermodomésticos mais eficientes (classes A e B), e de-signadamente fomento da adopção de critérios deeficiência energética e ambiental nos processos decompra;

. Promoção e reforço da fiscalização na etiquetagem deequipamentos eléctricos e termodomésticos.

Medidas para a promoção das renováveis nos edifícios

. Lançamento de um programa nacional de apoio aoaquecimento de águas sanitárias por energia solar;

. Promoção da imagem e exploração do interesse

económico e social da opção solar térmica para aságuas quentes sanitárias nos sectores doméstico e deserviços;

. Incentivo ao desenvolvimento de serviços de energiano domínio do aquecimento de águas sanitárias porenergia solar, associada em alternativa ao gás ou àelectricidade e dirigido, em particular mas não exclusi-vamente, ao sector doméstico;

. Dinamização do processo de certificação de sistemase técnicos/empresas de projecto e de instalação desistemas solares térmicos;

. Promoção da micro-cogeração de electricidade a partirde fontes renováveis (solar fotovoltaico, micro turbi-nas), com particular relevância para a integração arqui-tectónica dos dispositivos de captação nos edifícios.

Medidas de incentivo fiscal e financeiro. Criação ou extensão de medidas de incentivo fiscal à

eficiência energética:– I VA à taxa reduzida nos “aparelhos, máquinas e outrosequipamentos exclusiva ou principalmente destinados a:captação e aproveitamento de energia solar, eólica egeotérmica; captação e aproveitamento de outrasformas alternativas de energia; produção de energia apartir da incineração ou transformação de detritos,lixos e outros resíduos”;– Dedução à colecta no IRS de “30% das importânciasdespendidas com a aquisição de equipamentos novospara a produção de energia eléctrica e ou térmica (co-geração) por micro-turbinas, com potência até 100 kW,que consumam gás natural, incluindo equipamentoscomplementares indispensáveis ao seu funcionamen-to, com o limite de 700 euros”;– Aumento do limite de dedução à colecta em IRS na“aquisição de equipamentos novos para utilização deenergias renováveis”, de 600 euros para 700 euros;

5.2.1 Utilização racional de energia

23. Extensão ou adaptação de medidas de incentivo finan-ceiro à eficiência energética no âmbito do Programa POE– Medida de Apoio ao Aproveitamento do PotencialEnergético e Racionalização de Consumos (MAPE):– Incentivo ao apoio energético com electricidade nosprojectos de URE relativos à instalação de sistemas deaquecimento/arrefecimento utilizando fontes de ener-gia renováveis;– Incentivo a sistemas até 150 kW alimentados a biogáse a sistemas baseados em células de combustível, nosprojectos de URE relativos à co-geração;– Introdução de critérios de qualidade energética e am-

biental na selecção e cálculo de incentivos nos projec-tos respeitantes à construção de edifícios não-residen-ciais novos ou à reabilitação de edifícios, e à instalaçãode equipamentos activos de climatização, privile-giando o mérito ambiental dos projectos;– Novos critérios de selecção em projectos de instalaçãode sistemas de aquecimento/arrefecimento utilizandofontes de energia renováveis, obrigando à certificação dossistemas e seu desempenho por laboratório acreditado;– Redução do investimento mínimo elegível (para10.000 Euros) nos projectos de URE em que os equipa-mentos sejam baseados no uso da energia solar.

DECRETO-LEI N� 58/82, DE 26 DE FEVEREIRO

Publicado em plena crise energética, em que se esta-belece que as instalações grandes consumidoras de energiaficam obrigadas a:

– Fazer examinar, de 5 em 5 anos, as condições em queoperam relativamente à utilização de energia;– Elaborar um plano de racionalização dos consumos deenergia, sujeito a aprovação da Direcção Geral de Energia;– Cumprir o referido plano sob a responsabilidade deum técnico qualificado.

PORTARIA 359/82, DE 7 DE ABRIL

O 1° Regulamento de Gestão do Consumo de Energia(RGCE), é aplicável a todos os sectores de actividade, estan-do abrangida qualquer empresa que esteja numa das situa-ções seguintes:

– Durante o ano anterior tenha tido um consumo deenergia superior a 1000 tep;– A soma dos consumos de energia nominais dosequipamentos instalados excede 0,5 tep/h;– Consumo da energia nominal de pelo menos umequipamento instalado excede 0,3 tep/h.(Tep = tonelada equivalente de petróleo)

As empresas que cumprem uma das condições apre-sentadas anteriormente, têm de examinar exaustivamenteas utilizações de energia com avaliação dos consumosespecíficos de energia por tipo de produto, estabelecimentode balanços energéticos e avaliação das possibilidades deeconomia de energia. De seguida é concebido o Plano deRacionalização do Consumo de Energia.

Plano de Racionalização dos Consumos de Energia

O Plano de Racionalização dos Consumos de Energia(PRCE) é um programa de actuação do consumidor, abran-gendo um período de 5 anos que, integrando os resultadosda auditoria energética realizada e os planos de produção edesenvolvimento previstos pela entidade que explora ainstalação, permita reduzir os consumos específicos deenergia de acordo com metas previamente fixadas.

Essas metas são definidas em função da situação ener-gética da instalação aquando da auditoria energética e porcomparação com consumos específicos de energia.

Essas metas não podem ser mais baixas que os valorescalculados pela fórmula:

M=((C-K)/2)*(n/5)

Em que:M é a redução do consumo especifico a obter até ao fim

do ano ‘n’ de aplicação do plano,C é o consumo especifico verificado no exame da instalação,K é o valor, definido pela DGE, para cada tipo de produto

ou de instalação e terá como valor limite inferior, 90% doconsumo especifico verificado na instalação, existente nopaís, de menor consumo especifico.

Os valores de M, C e K são referidos a quilogramas equi-valente de petróleo por unidade de produto ou serviço obtido.

No plano de racionalização deverão ser indicadas as mo-dificações a introduzir nos equipamentos existentes, quan-tificando as reduções de consumo consequentes e o respec-tivo programa de investimento. Devem também ser consi-deradas as hipóteses de produção combinada de energia

5.3 Auditoria de energia

24 eléctrica e calor, de valorização dos resíduos energéticos e desubstituição dos produtos derivados do petróleo.

O plano deverá ser elaborado de forma a permitir, emqualquer momento da sua aplicação, uma fácil verificaçãodos desvios e/ou do seu cumprimento.

Etapas da auditoria energética. Preparação da auditoria;. Avaliação da situação energética da empresa;. Elaboração do relatório de auditoria e do Plano de

Racionalização dos Consumos de Energia (PRCE).

Objectivos da auditoria. Determinar as formas de energia utilizadas;. Examinar o modo como a energia é utilizada e os res-

pectivos custos;. Estabelecer a estrutura do consumo de energia;. Determinar os consumos por processo, operação ou

equipamento;. Relacionar o consumo de energia com a produção

e/ou com o nível de funcionamento da instalação;. Identificar as possibilidades de melhoria dos rendi-

mentos energéticos;. Analisar técnica e economicamente as soluções en-

contradas;. Estabelecer metas de consumo de energia sem altera-

ções de processo;

. Propor um programa para as acções e investimentos aempreender;

. Propor, se inexistente, um programa operacional degestão de energia na empresa.

Tipos de auditorias. Auditorias simples

– Incluem um inquérito ao funcionamento do edifício(do processo, no caso de indústrias), informação rela-tiva aos consumos, a análise de resultados e a pro-posta de alterações – Utilizam normalmente a facturação relativa aos dife-rentes tipos de energia e de água– Em algumas situações de auditorias no sector dosedifícios estas informações são complementadas, uti-lizando curvas de consumo características aplicadasao consumo global e medição pontual de condiçõesinteriores

. Auditorias completas– Incluem um inquérito ao funcionamento do edifício(do processo, no caso de indústrias), informação rela-tiva aos consumos, a análise de resultados e a pro-posta de alterações– Podem englobar um maior ou menor número demedições e respectivas análises

25

O conceito, conhecido internacionalmente pela siglaLCA - Life Cycle Assessment, é muito mais abrangente doque um estudo de balanço de energia e massa. A análise dociclo de vida (ACV) de um produto ou serviço compatibilizaos impactes ambientais decorrentes de todas as etapasenvolvidas: desde a sua concepção, planeamento, extraçãoe uso de matérias-primas, consumo de energia, transfor-mação industrial, transporte, consumo até ao seu destino

final: deposição em aterro sanitário, reciclagem, compos-tagem ou incineração. Desta forma, o acompanhamento davida de um produto é feito de seu “berço ao túmulo”. Note-se que, nessa avaliação, são considerados também osimpactes indiretos. A série de normas ISO 14040 abrangeesse importante aspecto de produção.

Segundo a norma ISO 14040 Análise de Ciclo de Vida é

A realização da ACV justifica-se não apenas pelosimpactes ambientais associados aos processos industriaisou pelo consumo de matérias-primas e recursos energéti-cos, mas pela importância da consideração destes parâmet-ros no desenvolvimento de novos modelos de gestão.

Esta avaliação só fará sentido se for adoptada na fase deconcepção do próprio produto, uma vez que é nessa faseque são decididos os impactes ambientais dos produtosdurante todo o seu ciclo de vida. Portanto, na fase de designe concepção do produto são definidas as opções no querespeita a todos os factores que potencialmente poderãogerar impactes, durante o seu ciclo de vida. Especificando assuas funções, duração de utilização, condições de utiliza-ção, as matérias-primas e as respectivas quantidades aempregar no fabrico, o tipo de energia necessária para a suaprodução assim como os materiais e produtos acessórios a

incorporar. Adicionalmente, este estudo para além doprocesso produtivo propriamente dito, tem associado todasas questões relativas aos impactes que o processo defabrico acarreta, os impactes ambientais durante a suautilização e após a sua rejeição/eliminação.

Deste modo, todas estas considerações tornam oprocesso de concepção bastante complexo e conscienteambientalmente.

Este conceito de análise integrada e de avaliaçãosistémica das tarefas de concepção, produção, venda,utilização e eliminação engloba portanto para além de todasas componentes de gestão de trabalho, económica, demercado, também a compatibilidade com o ambiente.

Fundamentalmente, a análise do ciclo de vida permite ponderar sobre a conjugação de elementos específicos na concepçãodo produto, como indica o esquema seguinte.

6. A Eco-eficiência associada ao produto

6.1 Análise do ciclo de vida e rótulo ecológico

”compilação e avaliação de entradas e saídas (de matérias primas e recursos energéticos)e impactes ambientais potenciais de um produto através do seu ciclo de vida”.

Extracção e produçãodas matérias-primas

Produção

Embalagem

Reciclagem ou disponibilização como

resíduo até ao seu fim de vida útil

Utilização, re-utilização e manutenção do produto

Marketing

Análise do ciclo de vida

do produto oufunção

26

Definição do objectivo e âmbito de análise, tendo emconta:

. Funções do sistema de produtos;

. Unidade funcional;

. Sistema de produtos a estudar;

. Fronteiras do sistema de produtos;

. Regras de afectação;

. Tipo de impactes e de metodologias de avaliação deimpacte e de interpretação posterior a utilizar;

. Hipóteses;

. Limitações;

. Exigências iniciais de qualidade dos dados;

. Tipo de revisão crítica;

. Tipo e formato do relatório específico para a análise.

Inventárioconsiste em um processo de base de dados que armazenainformações quantitativas de energia e matérias primasnecessárias, emissões gasosas, efluentes líquidos, sólidose outros lançamentos no ambiente de qualquer parte dociclo de vida de um produto, processo ou actividade.

Análise de impacterepresenta uma técnica quantitativa e/ou processo qualita-tivo para caracterizar e avaliar os efeitos das cargas ambien-tais identificadas no inventário. A avaliação deve consideraros efeitos sobre a saúde humana e ecológica, assim comooutros efeitos e modificações no meio ambiente.

Análise de melhoriaconstitui uma avaliação sistemática das necessidades eoportunidades para reduzir a carga ambiental associada àenergia e matéria-prima utilizadas e às emissões de resíduosem todo ciclo de vida de um produto, processo ou actividade.

Análise da série de Normas ISO 14040

ISO 14040

A norma ISO 14040 visa estimular os responsáveis pelapolítica, organizações privadas e o público em geral, a en-focar as questões ambientais de forma sistemática, levandoem consideração o impacte ambiental num âmbito maisamplo de actividades do que tem sido tradicional.

Esta norma estabelece ainda directrizes gerais, princí-pios e práticas para condução e emissão de relatórios deforma responsável e coerente, nos estudos de avaliação dociclo de vida.

ISO 14041

A norma ISO 14041, refere-se à avaliação do ciclo de vida– análise do inventário do ciclo de vida, é uma norma

que procura fornecer às pessoas directamente envolvidasnos ACVs, parâmetros específicos e requisitos para ajudá-las a formular a meta e o âmbito de uma avaliação do ciclode vida e análise do inventário. Concentra-se no âmbito deestudo do ACV, definindo sistemas a ser estudados, o inputnecessário, os dados de output, os usos pretendidos dosresultados, o público alvo, o processo de análise crítica e aslimitações da ACV.

ISO 14042

A norma de avaliação do ciclo de vida - avaliação do im-pacte, propõe três categorias importantes, que devem serconsideradas num componente de avaliação do impacto deACV:

– a classificação, a caracterização e a avaliação.A norma prevê ainda, forma de se relacionar esses três

aspectos.

ISO - 14040 Análise do Ciclo de Vida Princípios gerais e prática

ISO - 14041 Análise do Ciclo de Vida I n v e n t á r i o s

ISO - 14042 Análise do Ciclo de Vida Análise dos i m p a c t e s

ISO - 14043 Análise do Ciclo de Vida I n t e r p r e t a ç õ e s

Objectivo e definiçãodo âmbito

Análise de melhoriaInventário dasemissões

Avaliação do impacte

A ACV pode ser dividida em quatro etapas básicas:

TABELA 1

Norma ISO 14000 para a Análise do Ciclo de Vida

27RELATÓRIO DE ACV. aspectos gerais

– comandatário e realizador de ACV (interno ou externo);– data do relatório;– indicação precisa que a ACV foi realizada em conformi-dade com as exigências da ISO 14040;

. definição do objectivo e âmbito da ACV;

. análise do inventário do ciclo de vida:recolha de informação e modos de cálculo;

. avaliação do impacte do ciclo de vida:metodologia e resultados de avaliação de impacte quefoi efectuada;

. interpretação do ciclo de vida– resultados;– hipóteses e limitações associadas à interpretação dos re-sultados, quanto à metodologia e à informação recolhida;– avaliação da qualidade dos dados;

. revisão crítica– nome dos participantes;– relatório das revisões críticas– resposta às recomendações

RÓTULOS ECOLÓGICOS E ACVO sistema voluntário comunitário de atribuição do Rótulo

Ecológico está descrito no Regulamento CE n° 1980/2000, doConselho, de 17 de Julho, publicado no Jornal Oficial L 237 de21 de Setembro, abrangendo os produtos fabricados no espa-ço económico europeu e os produtos importados pela UniãoE u r o p e i a .

A atribuição do rótulo ecológico não se aplica aos se-guintes produtos:

– Produtos alimentares, bebidas e produtos farmacêuticos;– Dispositivos médicos definidos pela Directiva 93/42/CEE(Jornal Oficial L 169, de 12 de Julho)– Produtos classificados como substâncias ou prepa-rações perigosas, nos termos das Directivas 67/548/CEE(Jornal Oficial L 196, de 16 de Agosto) e 1999/45/CEE(Jornal Oficial L 200, de 30 de Julho).– Os produtos fabricados por processos susceptíveis deprejudicar de forma significativa o ser humano e/ou oambiente.

Os critérios de avaliação são definidos pelo comité doRótulo Ecológico da União Europeia (CUELE), entidaderesponsável pelos requisitos de avaliação e verificação econstam no jornal oficial das comunidades europeias, base-ando-se nas:

– Perspectivas de penetração do produto no mercado;– Exequibilidade das adaptações técnicas e económicasnecessárias;– Potencial melhoria do ambiente.

Os critérios de atribuição do rótulo ecológico sãodefinidos para grupos de produtos e esses grupos deverãopreencher os seguintes requisitos:

– Representar uma quantidade apreciável no mercadointerno;– Ter um impacte ambiental significativo;– Perspectivas consideráveis de melhorias no ambiente,como resultado da escolha dos consumidores;– Destinar uma parte avultada do volume de vendas aoconsumo final.

A crescente existência e divulgação de diversos sistemasde rotulagem ecológica surgem da necessidade de protegeros recursos ambientais ao considerar os impactes ambien-tais gerados em todas as fases do ciclo de vida dos pro-dutos.

A atribuição de um rótulo ecológico a um determinadoproduto, considera assim os impactes desde a extracção dematérias-primas, produção, comercialização, distribuição,utilização e eliminação.

A atribuição do rótulo ecológico a um produto permiteigualmente alcançar uma mais valia na competição dentrodo mercado, o que possibilita um reembolso do investi-mento necessário para o processo de atribuição.

Por outro lado, o sistema de rótulo ecológico permitetambém dar garantias aos consumidores de que osprodutos que contêm o seu símbolo, apresentam menoresimpactes para o ambiente. Constitui, portanto, um sinalidentificativo de produto com qualidade ambiental.

28

A política integrada do produto (IPP) consiste na apli-cação do conceito de desenvolvimento sustentável ao de-senvolvimento de produtos e serviços que produzam im-pactes ambientais reduzidos. Tem assim como objectivo amelhoria da performance ambiental dos produtos e serviçosno contexto de ciclo de vida.

A criação de um livro verde para IPP tem como principalpropósito lançar uma estratégia de reforço das políticasambientais, de modo a tornar o mercado mais propício àcomercialização de produtos ecológicos.

É absolutamente fundamental a responsabilização detodos os envolvidos no processo, desde os produtores aosconsumidores, passando pelos distribuidores.

A análise do ciclo de vida de um produto é o instrumentoessencial para que a sua concepção ecológica seja possível,já que avalia o impacto ambiental do produto ao longo doseu ciclo de vida. A partir do resultado que se obtém da ava-liação do ciclo de vida (ACV), determina-se quais as alterna-tivas possíveis para se minimizar os efeitos ambientaissignificativos.

O ecodesign e a análise do ciclo de vida, desde a sua fasemais embrionária, procurarão definir a performance am-biental do produto considerando-o um aspecto igualmenteimportante quando comparado com as questões económi-cas.

O ecodesign integra as questões ambientais no designindustrial, estabelecendo uma ponte importante entre o queé possível tecnicamente e o que é ambientalmente neces-sário e socialmente aceitável. A ideia é equilibrar estesaspectos, para que a concepção de produtos respeitantes domeio ambiente possam ter aceitação no mercado, impulsio-nando estas medidas de sustentabilidade, no mercado.

Os critérios de funcionalidade, qualidade e custos sãopilares essenciais na aplicação desta metodologia.

Apesar de o ecodesign ter já adquirido uma projecçãoconsiderável, essencialmente no domínio internacional,com a atribuição de prémios anuais de ecodesign, a criaçãode endereços da internet específicos para a temática emquestão, realização de seminários e elaboração de manuaisespecíficos, ainda o caminho vai no início.

O ecodesign alia a criatividade a questões tão essenciaispara os dias de hoje.

“A eco-eficiência é uma estratégia de actuação con-ducente ao fornecimento de bens e serviços competitivos,que satisfaçam as necessidades humanas e que, em si-multâneo e progressivamente, reduzam os impactes am-bientais e a intensidade de recursos ao longo do ciclo de vidados produtos para um nível de conformidade com a capaci-dade receptora do planeta, em sintonia com o objectivo dodesenvolvimento sustentável” (Decreto-Lei n° 69/2003, de10 de Abril).

O conceito de mercado eco-eficente aborda as questõesdas relações produtor-consumidor, ou seja, as empresaspodem identificar as oportunidades de desenvolver produ-tos e serviços que permitem fechar ciclos de materiais e umautilização mais eficiente dos recursos.

Como é possível? Esta filosofia propõe a substituição davenda de produtos pelo fornecimento de serviços ou peloaluguer de produtos directamente ao cliente.

Exemplos de aplicação:– Substituição da venda de herbicidas pela venda deserviços de desinfestação de solos, permitindo à empre-sa manter a sua actividade, sem aumentar a contami-nação dos solos, tornando-se reguladora da aplicaçãode herbicidas.– Substituição da venda de fotocopiadoras pelo aluguerdas mesmas, em que se passa a atribuir uma importân-cia acrescida à funcionalidade das fotocopiadoras(duração, reparabilidade e reciclabilidade do produto),já que o aluguer é pago por serviço prestado.

Através destes exemplos práticos adquire-se a noção deeco-eficiência, já que modifica-se a tendência para a criaçãosucessiva de novos produtos, dando mais importância àqualidade dos serviços prestados.

6.2 Medidas para a criação de novos produtos

6.3 Mercados eco-eficientes

29

Da série de Normas ISO 14000, consta a norma ISO14031, cujo objecto é a definição de um processo de avaliaçãodo desempenho ambiental dos sistemas das organizações,recorrendo a indicadores de desempenho ambiental.

Benefícios de uma avaliaçãode desempenho ambiental

. As informações geradas, auxiliam-na a estabelecer prio-ridades, quanto aos aspectos ambientais e aos impactesn e g a t i v o s

. Auxilia as organizações a avaliarem os riscos ambi-entais e a estabelecer planos para evitar os mesmos

. Pode fazer-se um acompanhamento sistemático doscustos ambientais, possibilitando uma identificaçãocada vez mais definida dos mesmos

. Optimização de recursos

. Identificação de oportunidades e de melhorias para aredução de custos directos e indirectos

. Eliminação dos custos das não conformidades

. Identificação, ao longo do tempo, dos custos e bene-fícios intangíveis

. Possibilidade de comparação entre custos ambientaisdecorrentes da implementação do SGA e os custoscom os quais a organização teria que arcar sem aimplementação do mesmo.

Para melhor se avaliar o desempenho ambiental deuma organização faz-se uma divisão, em três áreas de actua-ção: sistema de gestão, sistema operacional e o meio am-biente.

Sistema de gestão. O sistema de gestão inclui todas as actividades e pro-

cedimentos envolvidos no planeamento, controlo everificação do desempenho ambiental em toda a orga-nização. O sistema de gestão recebe inputs de leis, deregulamentações, pelas partes interessadas, do siste-ma operacional e do meio ambiente.

Sistema operacional. O sistema operacional inclui o projecto físico e a opera-

ção das fabricas, equipamentos e dos fluxos de massas eenergia requeridas para a geração de produtos, proces-sos e/ou serviços. O sistema operacional deve consi-derar as ligações entre unidades industriais, instalaçõese actividades.

Meio ambiente. O meio ambiente inclui toda a natureza e a humanidade

que são, ou podem vir a ser afectadas pelos efeitos dossistemas de gestão e operação da organização. As condi-ções do meio ambiente devem ser analisadas de umaperspectiva local, regional e global. Há varias maneiraspara que se possa organizar o meio ambiente emcategorias para ser analisados tais como:– impacte ecológico e impacte de saúde humana;– ar, água, solo, recurso natural e formas de vida;– ecossistema terrestre e aquático.

Para se poder fazer uma avaliação de desempenho am-biental é necessário o uso de indicadores de desempenhoambientais apropriados.

CATEGORIAS DE INDICADORES DE DESEMPENHOAMBIENTAL (IDAconforme a avaliação a ser realizada.

A ISO 14031 não indica, nem obriga ao uso de indica-dores ambientais específicos, apenas estabelece orienta-ções para a sua definição

Indicadores para a Avaliação da Gestãosão indicadores para avaliar a qualidade do SGA

Indicadores para a Avaliação da Operaçãosão indicadores que avaliam o funcionamento das acti-

vidades relacionadas com o processo ou objecto da em-presa, com as operações físicas, com o equipamento e ope-ração da empresa

Indicadores para a Avaliação Ambientalsão indicadores para avaliar o desempenho ambiental,

para tal é necessário conhecer a sua localização, envolvênciae condicionalismos

INDICADORES

Energia (Joules). APLICAÇÃO GERAL

– Consumo total de energia.– Quantidade de electricidade consumida por fonte pri-mária de combustível, sempre que se conheçam os dados.– Quantidade auto-gerada, se aplicável (descrever afonte)

7. Controlo Integrado do Ambiente no seiode uma Empresa

7.1 Indicadores de desempenho ambiental

. ESPECÍFICOS DE UMA ORGANIZAÇÃO

– Iniciativas dirigidas à utilização de fontes deenergia renovável e utilização eficiente de energia– Consumo total de combustível. – Outros consumos de energia.– Combustível para veículos e para outras utilizaçõessegundo o tipo.

Matérias primas (toneladas ou quilogramas). APLICAÇÃO GERAL

– Consumo total de matérias primas(para além de combustível e água)

. ESPECÍFICOS DE UMA ORGANIZAÇÃO

– Consumo de matérias primas recicladas (comdistinção entre utilização pré e pós consumidor).– Consumo de materiais de embalagem.– Consumo de matérias primas e/ou substâncias quí-micas perigosas (definir as bases de identificação).– Objectivos, programas e metas para a substituiçãode materiais (por exemplo, substituir substâncias quí-micas perigosas por alternativas com menor risco).– Espécies animais e vegetais, utilizadas nos processode produção.Métodos de colheita dessas espécies.

Água (litros ou m3). APLICAÇÃO GERAL

– Consumo total de água.– Fontes de água significativamente afectadas peloconsumo. (Nota: as descargas para meios aquáticos sãotratadas no ponto seguinte denominado “emissões,efluentes e resíduos”).

Emissões, efluentes e resíduos (toneladas ou quilogramas)

. APLICAÇÃO GERAL

– Emissões de gases com efeito de estufa (segundo adefinição do protocolo de Kyoto) em toneladas de CO2equivalente (potencial de aquecimento global)– Emissões de substâncias que contribuem para a de-plecção da camada de ozono, segundo a definição doprotocolo de Montreal em toneladas de CFC-11 equi-valente (potencial de deplecção do ozono)– Resíduos totais para deposição final. Classificação,destino, e método de quantificação.

Resíduos reenviados para o processo ou para o mercado– Quantidade de resíduos destinada ao processo oumercado (por exemplo, através de reciclagem, reu-tilização, refabricação) por tipo, como definido pelas

leis ou regulamentações aplicáveis a nível local, regio-nal, nacional– Tipo de gestão dentro ou fora das instalações da or-ganização (por exemplo, reciclagem, reutilização, refa-bricação)

. RESÍDUOS LANÇADOS NO SOLO

– Quantidade de resíduos lançada no solo por tipo, co-mo definido na legislação ou regulamentação aplicávela nível local, regional ou nacional– Tipo de gestão dentro e fora das instalações da orga-nização (por exemplo, incineração, aterro)

. EMISSÕES PARA A ATMOSFERA

– Emissões para a atmosfera por tipo (por exemplo, NH3,HCl, HF, NO2, SO2 ou nuvem de ácido sulfúrico, COVs ,NOx, metais e substâncias químicas orgânicas não de-gradáveis) e natureza (pontual ou difusa) das emissões.

. EFLUENTES PARA A ÁGUA

– Descargas para a água por tipo (por exemplo, óleos/gor-duras, SST, CQO, CBO, metais e substâncias químicaspersistentes) e natureza (pontual ou difusa).– Descrição do meio receptor (águas subterrâneas, li-nhas de água, lagos, zonas húmidas, oceano).

Transporte. ESPECÍFICOS DE UMA ORGANIZAÇÃO

– Objectivos, programas e metas das actividades detransporte da empresa (por exemplo, viagens de negó-cios, deslocações de pessoal, distribuição dos produ-tos, gestão da frota). Incluir estimativas quantificadasdos quilómetros percorridos por tipo de transporte(avião, comboio, automóvel), sempre que possível.

Fornecedores. APLICAÇÃO GERAL

– Desempenho dos fornecedores em relação aos as-pectos ambientais dos programas e procedimentosdescritos no ponto.

. ESPECÍFICOS DE UMA ORGANIZAÇÃO

– Quantidade e tipo de incidências de não conformi-dade com as normas prevalecentes a nível nacional ouinternacional.– Questões relacionadas com os fornecedores e iden-tificadas através de consultas às partes interessadas(por exemplo, gestão das florestas, organismos gene-ticamente modificados, fontes de petróleo localizadasem zonas de conflito). Programas e iniciativas parafazer face a tais questões.

30

Produtos e Serviços. APLICAÇÃO GERAL

– Aspectos e impactes mais importantes relacionadoscom a utilização dos principais produtos e serviços, in-cluindo a sua deposição final, quando aplicável. Incluirum cálculo qualitativo e quantitativo aproximadodesses impactes sempre que possível.

. ESPECÍFICOS DE UMA ORGANIZAÇÃO

– Programas ou procedimentos que previnam ou mi-nimizem os impactes potencialmente negativos deprodutos e serviços incluindo a administração deprodutos, retoma, e gestão do ciclo de vida.– Práticas de publicidade e rotulagem, em relação comos aspectos sociais, ambientais e económicos do fun-cionamento da organização.– Percentagem do peso/volume do produto recupe-rada após utilização.

Utilização do solo/biodiversidade. ESPECÍFICOS DE UMA ORGANIZAÇÃO

– Área de solo em propriedade, arrendada, adminis-trada ou de qualquer outra forma afectada pela orga-nização. Tipo de habitat do ecossistema afectado pelasactividades da organização, e seu estado de conser-vação (degradado, em perfeito estado). Percentagemde superfície impermeabilizada em relação à proprie-dade.– Alterações no habitat devido às operações da orga-nização. Área de habitat protegida ou recuperada.– Objectivos, programas e metas para proteger e recu-perar ecossistemas e espécies autóctones.– Impactes sobre áreas protegidas (parques nacionais,reservas biológicas, zonas declaradas como patrimó-nio universal).

Conformidade. ESPECÍFICOS DE UMA ORGANIZAÇÃO

– Magnitude e natureza das multas por não conformi-dade com as declarações, convenções, tratados aplicá-veis, ou com as normas locais, regionais, subnacionaise nacionais relacionadas com questões ambientais(qualidade do ar ou da água). Explicitar com base nasoperações dos países em que opera.

FASES DA AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO AMBIENTA L

Planeamento– Contempla as considerações relacionadas com a ges-

tão e a selecção dos indicadores de desempenho ambiental.

31– No caso das considerações relacionadas com a ges-tão, devem ser obtidas informações sobre a organização,tais como recursos financeiros, físicos e humanos, estraté-gias, estrutura organizacional, requisitos legais, políticaambiental, bem como compreender quais as partes interes-sadas envolvidas (clientes, accionistas, etc).

Após obtidas as informações relacionadas com a ges-tão, ainda na fase de planeamento, parte-se para a selecçãodos Indicadores de Desempenho Ambiental (IDA). O núme-ro de indicadores ambientais seleccionados deve reflectir anatureza e escala das operações da organização.

É importante destacar que os IDAs devem contemplarinformações de gestão e operacionais. Os IDAs de gestãodevem fornecer, por exemplo, informações sobre eficiênciae eficácia dos programas ambientais, conformidade legal daorganização, cumprimento das políticas, objectivos e metasambientais estabelecidos. Já os chamados IDAs operacio-nais devem fornecer informações tais como: consumo demateriais, recursos ambientais (como água e energia),geração de resíduos e emissões, entre outros.

Avaliação de Desempenho AmbientalMétodo para medir os resultados de gestão dos aspec-

tos ambientais dos produtos, serviços e actividades de umaorganização, baseando-se no princípio de que “o que émedido, é gerido”.

Há diversas maneiras de se recolher dados impor-tantes para uma ADA. Cada organização deve estabelecerseu próprio programa de recolha, adequado às suas reaisnecessidades.

Após os dados recolhidos, parte-se para a análise dosmesmos. Os dados devem então ser separados em famílias eanalisados comparativamente, para que se obtenham infor-mações como média, normalização, correlação, ponderação,e t c .

Feita a análise, parte-se para a avaliação dos mesmos,que não é mais do que a comparação das informações for-necidas, pela análise dos dados com os critérios de desem-penho ambiental estabelecidos.

Após este passo, tais informações devem constar deum relatório e serem comunicadas

Revisão e Melhoria da ADAToda ADA, em qualquer que seja a organização, deve

ser revista periodicamente, objectivando oportunidadespara melhoria.

32

O significado da “EFICIÊNCIA ECOLÓGICA” no mun-do dos nossos dias, leva-nos a aplicar a “checklist” abaixodescrita, que nos ajudará e permitirá poder efectuar umaanálise racional adaptada às eventuais novas situações eproblemas que porventura se possam vir a pôr.

Por conseguinte, a aplicação desta metodologia deanálise, dá-nos a possibilidade de tentar obter respostasconsequentes e adequadas às questões colocadas, digamos

CHECKLIST: TENDO EM CONTA A QUANTIDADE DE MATERIAL PRESENTE SIM NÃO

Poderão os produtos ou os serviços virem a ser de novo avaliados, de maneira a que na sua novaconcepção seja possível a utilização de menor quantidade de material?

Será que existe no mercado a possibilidade de escolha de outras matérias primas que permitamuma inclusão de menor quantidade de material?

Poderão as actuais matérias primas, serem produzidas ou obtidas através de um processo técnico(“processing”), de tal forma que seja possível encontrar determinadas tecnologias de produção, quepermitam a diminuição da concentração do material presente?

Será possível que na linha de produção de materiais de alta qualidade, se possa obter nas últimasfases menos resíduos?

Poderá o consumo de água industrial ser reduzido?

Será que é possível estabelecer verbas, referentes não só à água industrial, como ao tratamento daságuas residuais ou à disposição de resíduos, que permitam dar um incentivo a um maior controle?

Será que a produção em geral poderá ser aumentada, se se melhorar o serviço de manutenção econtrole ou outros meios que porventura possam vir a ser escolhidos?

Será que é possível dar uma nova utilização aos desperdícios/resíduos?

Poderão os produtos vir a ser fabricados apresentando-se com um tamanho menor, ou poderão vira ser apresentados sob uma forma diferente, de tal maneira, que seja possível obter umadiminuição do próprio material e do equipamento de empacotamento/embalagem dos mesmos?

Poderá a linha de produtos ou de serviços serem reunidos com outras actividades da empresa, detal forma que permita diminuir a totalidade do material presente?

Será que o empacotamento/embalagem poderá ser eliminado/a ou senão, conseguir ter uma redução?

Será que o produto poderá ser reutilizado, manufacturado novamente ou reciclado?

mesmo, tentando lidar com inovações, dentro de determi-nados parâmetros, naturalmente se as condições tecnológ-icas o permitirem.

Esta procura nunca pode deixar de levar em consider-ação, que se procura tentar obter uma solução pragmáticaàs necessidades do presente, não esquecendo que se tornanecessário preservar os recursos, afim de não prejudicar asnecessidades das gerações vindouras.

8. Metodologias de apoio à Eco-eficiência

8.1 Checklist

33CHECKLIST: TENDO EM CONTA A QUANTIDADE DE ENERGIA EM JOGO SIM NÃO

Poderão as matérias primas serem produzidas ou serem objecto de um processo de secagem,fazendo utilização de menor energia ou empregando energias renováveis?

Será que a substituição de materiais ou dos seus componentes poderá reduzir a totalidade dosomatório da quantidade de energia global?

Será que é possível estabelecer verbas financeiras que poderão ser directamente adstritas aos custosde energia, afim de se incentivar a obtenção de um melhor controle?

Será que é possível elaborar um inter-cambio da fonte de energia entre os diferentes processostécnicos (“processes”)?

Será que é possível utilizar o calor originado pelos resíduos/desperdícios?

Será que é possível integrar diferentes processos técnicos (“processes”) de forma a dar origem auma economia de energia?

Poderão os diferentes processos técnicos (“processes”), ou o consumo de energia originado pelas di-versas actividades de manutenção de um edifício, terem os seus dados melhor avaliados e controlados?

Será que uma melhoria do serviço de manutenção das caldeiras e de outro equipamento diversopoderá levar a uma maior eficiência energética?

Poderão os diferentes processos técnicos (“processes”) ou os edificíos serem melhor isolados afimde evitar a perca de calor/energia?

Será que uma instalação eléctrica de iluminação mais eficiente poderia vir a ser instalada?

Haverá espaço para um aumento na qualidade da energia doméstica?

Poderá a eficiência energética dos produtos que actualmente estão a ser utilizados, vir a sermelhorada?

Será que é possível reunir, seja os serviços, seja o produto, com outros, afim de poder reduzir atotalidade da quantidade de energia presente?

Poderão os desperdícios / resíduos e os produtos em fim de vida útil serem reutilizados, manufac-turados novamente, reciclados ou incinerados?

Poderão os produtos serem feitos bio degradáveis ou inócuos, de maneira a que menos energia sejanecessária para efectuar a sua eliminação via colecta e tratamento de lixo?

Poderão os transportes via camião serem reduzidos ou haver um incremento de uma maior utiliza-ção dum transporte mais eficiente energeticamente, tal como o sistema ferroviário?

Será que existem incentivos para ajudar os empregados a andarem de bicicleta, a andarem a pé, oua utilizarem o serviço de transportes públicos ou a utilização à vez dos veículos de cada um dosempregados?

34 CHECKLIST: TENDO EM CONTA A DISPERSÃO TÓXICA SIM NÃO

Será que é possível reduzir ou eliminar a dispersão tóxica, utilizando matérias primas alternativasou produzindo as mesmas de maneira distinta?

Será a concepção dos produtos feita de tal forma que assegure não só a sua distribuição emsegurança, como a sua utilização e a respectiva eliminação via colecta e tratamento de lixo?

Poderão as substâncias que ocasionam danos serem eliminadas dos diferentes processos técnicos(“processes”) de produção?

Será que é possível reduzir ou mesmo eliminar as substâncias que ocasionam danos, que têmorigem durante os diferentes passos em uso de utilização?

Poderão as substâncias remanescentes ou que ocasionam danos, vir a ser eliminadas via reciclagemou via incineração?

Será que as substâncias remanescentes que ocasionam danos, são devidamente lidadas nas linhasde produção e durante o processo de eliminação via colecta e tratamento de lixo?

Estarão o equipamento e os veículos bem afinados, de tal forma que, as emissões de gases nocivospara a atmosfera, são mantidos num nível, não ultrapassando o estritamente necessário?

CHECKLIST: TENDO EM CONTA A DISPONIBILIDADE DOS RECURSOS DISPONÍVEIS SIM NÃO

Será que é possível substituir por materiais renováveis ou abundantes, aqueles cuja particularidadeé serem escassos e não poderem ser renováveis?

Será que mais pode ser feito acerca dos recursos, os quais são certificados como sendoprovenientes de produção sustentável?

Poderá a energia aplicada às linhas de processos técnicos (“processes”) ou à linha de produção vira ser substituída cada vez mais por energia renovável?

Estarão as novas edificações, e construções renovadas, a fazer uso passivo da utilização máxima,quer seja do aquecimento, quer seja da refrigeração?

Será que é possível criar produtos que poderão utilizar seja materiais abundantes seja renováveis?

35CHECKLIST: TENDO EM CONTA A CAPACIDADE DE RECICLAGEM SIM NÃO

CHECKLIST: TENDO EM CONTA O FACTOR DA DURABILIDADE SIM NÃO

Será que é possível alterar os materiais e os processos técnicos (“processes”) de forma a poderaumentar a longevidade dos mesmos?

Poderão os produtos ou componentes serem feitos de uma forma mais modular, de forma a poderpermitir uma maior facilidade no aumento dos mesmos?

Será que é possível planear novamente o produto, afim de diminuir a influência que qualquer dosaspectos/apresentação do mesmo, tem na limitação da durabilidade?

Poderá a manutenção do produto ser melhorada?

Será que é possível informar os clientes ou mesmo fornecer-lhes instruções relativamente àsvariadas maneiras de se poder estender a durabilidade do produto?

Poderão os desperdícios / resíduos oriundos da produção das matérias primas, virem a ser reu-tilizados ou reciclados via processos técnicos (“processes”)?

Poderão os desperdícios / resíduos oriundos dos diferentes processos técnicos (“processes”)serem manufacturados de novo, reutilizados ou reciclados?

Será que a separação dos desperdícios / resíduos, quer seja dos sólidos, quer seja das correntesliquidas, poderá tornar a operação de reciclagem mais fácil e reduzir os custos da respectivaoperação de tratamento?

Será que a especificação do produto poderá ser alterada, afim de permitir uma maior possibilidadede utilização da operação de reciclagem dos materiais e respectivos componentes?

Será que é possível os produtos virem a ser feitos de materiais que possam ser devidamenteidentificáveis, e que também sejam facilmente recicláveis?

Poderão os produtos ser projectados / planeados, de tal forma que permitam ao cliente tornar maisfácil a sua utilização ou o aumento da sua mais valia?

Poderão os produtos ser projectados / planeados, de tal forma que permitam uma fácil desmontagem?

Será que é possível elaborar um tipo de empacotamento / embalagem de produto, que possa sermais reciclável?

Será que os velhos produtos e componentes dos mesmos, poderão ser manufacturados de novo oureutilizados?

Será que existem oportunidades que permitam a participação em esquemas de intercâmbio deresíduos / desperdícios?

Será possível efectuar a recuperação de energia, de produtos em situação de fim de vida útil deutilização?

36

Que tipo de serviço estão os clientes a obter realmente, respeitante ao nosso produto? Será que esteserviço poderá ser fornecido duma forma mais efectiva ou então fornecido duma forma completa-mente diferente?

Que tipo de serviços precisarão no futuro os clientes? Será que é possível planear novos serviçosou então efectuar o desenvolvimento dos produtos existentes actualmente, de maneira que possamreencontrar os desejos dos clientes?

Será que o seu produto pode fornecer outros serviços, incluindo o mais evidente de todos? E jápensou como poderá faze-los sobressair ou melhora-los?

Será que o seu produto ou serviço pode ser integrado ou mesmo sincronizado com outros, afim depoder dar origem a uma oferta variada?

Será que os problemas dos clientes relativamente ao processo de eliminação, via colecta e trata-mento dos resíduos/desperdícios, poderão ser eliminados, somente pela instituição por parte dofornecedor, de um serviço que retome estes mesmos resíduos/desperdícios ou outros?

Será que se poderá fazer sobressair ou desenvolver as propriedades do produto de forma a acrescen-tar uma mais valia ao cliente?

Será que os produtos poderão ser projectados / planeados de tal maneira que facilitem a reutiliza-ção por parte do cliente ou a própria revalorização deste último?

Poderão os produtos ser planeados de novo, de maneira a facilitar os serviços de distribuição eabastecimento?

Será que o produto poderá ser fabricado de forma a apresentar-se com uma forma tal, que permitaaos clientes a possibilidade de poder dispor dos mesmos facilmente?

Poderá a produção ser localizada de tal forma, que permita ao mesmo tempo realçar o serviço ereduzir as necessidades do transporte?

Será que os produtos poderão ser transportados ou distribuídos por meios alternativos, quepermitam realçar o valor do cliente e ao mesmo tempo reduzir o factor do impacto ambiental?

CHECKLIST: TENDO EM CONTA A QUANTIDADE DA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE MANUTENÇÃO SIM NÃO

37

O que são os eco-mapas?Os eco-mapas são ferramentas originais e simples,

que servem para apoiar a instalação dum sistema de gestãoambiental e “EMAS” (“Eco-Management and Audit Scheme”)nas pequenas empresas.

. É um inventário das práticas e dos problemas.

. É um método sistemático de condução no local de umarevisão ambiental.

. É um conjunto de informações que mostra o estado dolocal sob a forma de imagens.

. É uma ferramenta de trabalho e de sensibilização.

. É uma ferramenta do tipo faça você mesmo (“do-it-yourself”) ao serviço das pequenas empresas.

. É uma ferramenta que permite a participação do em-pregado.

Os eco-mapas são do tipo de gestão ambiental ligeira. É um método prático de diagnóstico do estado ambi-ental do local.

. Permite a aprendizagem e a aquisição de colecta dedados.

. É um apoio para a formação e a comunicação.

. É a base da documentação ambiental da empresa,

. Toda a gente da empresa podem usá-los como suportede trabalho e de formação.

. Toda a gente da empresa pode participar sem necessi-dade de procedimentos nem instruções.

. Permite a formulação e a possibilidade de classificarsegundo as prioridades da empresa os diversos proble-mas que se apresentem.

. É útil para todos os intervenientes da empresa.

A elaboração dos eco-mapas sobre a água, o solo, o ar,a gestão dos resíduos/desperdícios, entre outros, não é umobjectivo em si mesmo. O interesse principal reside noprocesso que acompanhe o diagnóstico ambiental e osgestos positivos que daí resultam.

Como utilizar os eco-mapas

Materiais indispensáveisPapel tipo A4 e uma máquina de fotocópias.

Tempo necessárioMenos de uma hora de trabalho para cada mapa es-p e c í f i c o

Qual será o melhor momento de os fazer?Após o fim do ano fiscal.

Frequência de actualizaçãoUma vez por ano, ou em caso de renovação do local,extensão de actividades, etc….

ArquivoDentro da documentação ISO 14001 e EMAS, juntodas contas anuais.

Quem os pode os utilizar?Os mapas são polivalentes, podem ser usados pormuitos diferentes tipos de companhias: desde as mi-cro empresas de produção e de serviços, até às gran-des estruturas e autoridades locais

Como se fazem os eco-mapas?

1. Mapa de implantação urbanística Faça um plano do local, visto de cima, incluindo parques

de estacionamento, áreas de acesso e estradas e o ambientecircunvizinho. O mapa deve mostrar a situação real. (2 cópias)

2. Mapa do local Desenhe o esboço do local usando uma escala

mostrando os espaços interiores típicos. Este mapa deveráser fotocopiado (6 vezes) e será a base do plano de trabalhoa ser realizado.

Os mapas devem mostrar a situação real, pelo que de-vem ser simples, reconhecíveis e estar na devida proporção.Devem ter uma data, um nome e uma referência. To r n a - s enecessário integrar um ou dois objectos significativos, quepermitirão que se possa orientar imediatamente no local(por exemplo máquinas, caldeiras, etc.).

Se o local cobrir diferentes áreas, pode-se fazer ummapa das diferentes áreas e depois juntá-las num grupo.

8.2 Eco-mapas

3. Símbolos Pode-se desenvolver símbolos inerentes à própria

firma, porém deverá usar-se no mínimo pelo menos dois: . Linhas tipo janela: problema pequeno (zona sobre vi-gilância, problema a ser estudado) . Círculo: problema grande (Paragem, acção correctiva)Quanto mais sério é o problema, maior e espesso de-verá ser o círculo.

A apresentação dos eco-mapas poderá ser melhorada,se utilizarmos pictogramas normalizados.

1. Eco-mapa: Mapa de implantação urbanística Este mapa situa o local da empresa designado no seu

contexto urbanístico.

. Quais são as áreas de interacção entre o local da em-presa designado e os seus vizinhos?

. Qual é o/a uso/utilização autorizado/a da área coberta(isto é, comercial ou industrial)?

. Que tráfego automóvel é gerado pelas actividades daempresa?

. Que é a situação/posição da empresa, no quarteirão,relativamente à vizinhança?– Deve-se indicar o número de andares/pavimentosacima do nível de solo (não deve ser incluído os pavimen-tos que formam somente os tectos dos edifícios), dosedifícios vizinhos que se encontram num raio de 50metros a partir do local da empresa considerada.– Ocupação do solo (zona de estacionamento ouedifício propriamente dito).– Entrada e acessos principais da empresa.– Sentido da circulação do tráfego.

2. Eco-mapa: Mapa dos/as incómodos/perturbações Este eco-mapa representa a primeira planta de tra-

balho (o seguinte ao eco-mapa n° 1). Esta carta resulta de uma avaliação rápida (carta me-

teorológica) e das respectivas discussões. Deve ser comple-tada com uma análise de “input-output” dos fluxos dematéria em termos físicos (quilograma, kWh, m3, etc.).

– Chaminés e saídas de ventiladores– Contentores e caixotes do lixo– Ruído

– Zonas de actividades importantes– Zonas de problemas com vizinhança

Se se identificar um problema de importância particu-lar (tal como o ruído), dever-se-à desenvolver um eco-mapaespecial para o problema.

3. Eco-mapa: Mapa da água Este eco-mapa avalia o consumo de agua potável e a

descarga das aguas residuais (saneamento).

. Quem são os grandes consumidores de água?

. Quais são os produtos perigosos que são derrama-dos/vertidos nos esgotos?

. Quais são as possibilidades relativamente à substitui-ção dos produtos.

. Acidentes que têm a possibilidade de se concre-tizar/acontecer.

. Perdas e maus hábitos.

. Fontes/origens de poupança– Esgotos/escoadouros– Zonas de praticas/actividades duvidosas a ter ematenção– Sistema das canalizações– STOP! Não é autorizado.

4. Eco-mapa: Mapa do solo/terrenoEste eco-mapa examina o armazenamento dos produtos

inflamáveis ou perigosos em relação às águas subterrâneas.

. No caso de acidentes, será que poderá haver ameaçaàs águas subterrâneas?

. Onde estão situados os/as antigos/as tanques/cister-nas de água ?

. Será que o solo está poluído?

. Quais os procedimentos a serem empregues em casode acidente?

. As áreas de armazenamento estão colocadas/situadassobre chão de placas de betão, devidamente comparti-mentadas e ventiladas?– Lugares de armazenagem– Tanques de água/cisternas– Barris e caixas

5. Eco-mapa: Mapa do ar, dos odores, do ruído e dapoeira Este eco-mapa faz o recenseamento de todos os pon-

tos de emissões assim como do funcionamento dos equipa-mentos presentes.

. Qual será a qualidade do ar no interior da empresa?

. Será que se dá a devida atenção às fontes que dãoorigem ao ruído ?

. Os filtros são substituídos regularmente?

. Qual foi a última data em que foi realizada a manu-tenção da caldeira?– Chaminé– Exaustores/extractores de ar– Ruído

38

– Produtos voláteis– Zonas de práticas/actividades duvidosas a ter ematenção

6. Eco-mapa: Mapa da energia Este eco-mapa avalia o consumo da energia e os im-

pactos que origina.

. Onde estão situadas as áreas/zonas de perda?

. As Instalações eléctricas estão conforme as normas?

. Onde é que ocorrem as percas de energia calorífica? – Iluminação abusiva– Desperdício de energia– Máquinas sobredimensionadas

7. Eco-mapa: Mapa dos desperdícios/resíduos Este eco-mapa avalia a gestão dos desperdícios/resí-

duos e a sua prevenção.

. Qual é o nível de reciclagem existente?

. Quais são as medidas preventivas que foram feitas?

. Existe uma obrigação por parte do fornecedor deefectuar a recuperação?– Caixotes do lixo– Sentido da colecta do lixo– Mistura dos desperdícios domésticos com os des-perdícios tóxicos– Zonas de praticas/actividades duvidosas a ter ematenção – Recipientes

8. Eco-mapa: Mapa dos riscosEste eco-mapa identifica os riscos de acidentes e de

poluição.

. Saídas de emergência acessíveis e devida e claramenteidentificadas?

. Procedimentos de alerta e de socorro de emergênciadevidamente conhecidos?

. Situações perigosas?Onde é que são utilizados os produtos que são

cancerígenos, que causam reacções alérgicas, etc.?

9. Programa de trabalho

– Se se colocar os eco-mapas uns sobre os outros deforma ordenada (utilizando folhas transparentes), as priori-dades ambientais aparecerão imediatamente.

– Os problemas deverão ser equacionados tendo ematenção a gravidade dos mesmos.

– Primeiro dever-se-á resolver os problemas circunda-dos de um circulo espesso.

– A prioridade deverá ser dada aos problemas quedizem respeito à higiene, segurança e saúde no trabalhoassim como respectivos ao meio ambiente.

– Em seguida, dever-se-á reflectir sobre zonas de riscoe tentar encontrar soluções adequadas.

– Esta medida deverá no mínimo, ser implementada erepetida uma vez por ano.

39

RISCOS

RESIDUOS

ENERGIA

AR-RUIDO-ODOR

AGUA

SOLO

40