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PROJETOPEGADAJOVEM: MEIO AMBIENTE E PROTAGONISMO MINHA VIDA MELHORA. NOSS A S S C I D AD D D E C O C C NQUIS T S S A. T T MINHA VIDA MELHORA.

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Page 1: Ebook - Projeto Pegada Jovem - Fumgesan

PROJETO PEGADA JOVEM: MEIO AMBIENTE E PROTAGONISMO

MINHA VIDAMELHORA.

NOSSASSCIDADDD E

COCC NQUISTSS A.TTMINHA VIDAMELHORA.

Page 2: Ebook - Projeto Pegada Jovem - Fumgesan

COMPARTILHANDO A EXPERIÊNCIA DE

SANTO ANDRÉ

Compartilhando - A Experiência de Santo André2

Page 3: Ebook - Projeto Pegada Jovem - Fumgesan

MINHA VIDAMELHORA.

NOSSASSCIDADDD E

COCC NQUISTSS A.TTMINHA VIDAMELHORA.

PROJETO PEGADA JOVEM: MEIO AMBIENTE E PROTAGONISMOCOMPARTILHANDO A EXPERIÊNCIA DE SANTO ANDRÉ

Compartilhando - A Experiência de Santo André 3

Page 4: Ebook - Projeto Pegada Jovem - Fumgesan

FICHA CATALOGRÁFICA

SERVIÇO MUNICIPAL DE SANEAMENTO AMBIENTAL DE SANTO ANDRÉ

Projeto Pegada Jovem Meio Ambiente e Protagonismo. Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André – São Paulo: 2015

80 p.

1. Protagonismo Jovem. 2. Educomunicação. 3. Educação Ambiental

Ficha Catalográfica4

Page 5: Ebook - Projeto Pegada Jovem - Fumgesan

SERVIÇO MUNICIPAL DE SANEAMENTO AMBIENTAL DE SANTO ANDRÉ

SECRETARIA DE GESTÃO DOS RECURSOS NATURAIS DE PARANAPIACABA E

PARQUE ANDREENSE

SECRETARIA DE MOBILIDADE URBANA, OBRAS E SERVIÇOS PÚBLICOS

INTEGRANTES DO PEGADA JOVEM NÚCLEO PARQUE MIAMI

Alana Villar de OliveiraBeatriz Ester da SilvaBrandon Franco FerreiraBruno Moura de Sousa Caio Fernando Souza Carolaine Ribeiro dos AnjosDara Amabile Garcia Leticia Seifert Luana Garcia AragoneLucas Lisboa da SilvaLuis Gustavo Gomes Maisa CarvalhoMatheus Gouvea de Souza Milena Cristina Santos BorgesMiriã Silveira Nayara dos Santos

COORDENADORES E EQUIPE TÉCNICA

Eriane Justo Luiz Savóia Cleonice de Almeida PintoAndréa MartinsStella Marla Siste Célia Regina Fortes Paula Regina PadialDaniel Vicente Batista Katia Andrea Marini MarsonRafaela de FrançaPriscilla Martins M. Ciarallo Karoline Ferreira dos SantosIncalo Junio de Jesus Santos Karina Ramos Duela

Integrantes e Equipes 5

Page 6: Ebook - Projeto Pegada Jovem - Fumgesan

INTEGRANTES DO PEGADA JOVEM NÚCLEO CHÁCARA PIGNATARI

Caio Allan Souza SilvaGabriela Barbosa Gabriella Custodio dos SantosGuilherme Neves Miranda Isabela Cristina da Silva SantosJoab Vermelho da Silva João Victor Ferreira da Silva João Vitor de Jesus Jr.Julia Cristen Santos de Souza Leticia Teixeira BiassioMaria Eduarda de Queiroz SaccaMateus Athayde AntunesMatheus Siqueira BargasNatalia Paz da SilvaRaquel Ayuri Carlyle Brito Gonçalves Larissa Calixto Silva

COORDENADORES E EQUIPE TÉCNICA

Maíra Galvanese e Fábio Formigoni

INTEGRANTES DO PEGADA JOVEM NÚCLEO PARQUE ESCOLA

Amanda de Oliveira Couto Antônio Carlos Gouveia SilvaBeatriz Oliveira Laurentino Danilo de Lima CostaFilipe Martins Silva Franciele Beatriz FerreiraGuilherme Correia ErnegaJoão Pedro Brasil de Souza Kennedy de Souza Costa PaternoMatheus Alencar LeiteMatheus Leoa da Silva Monique Sahyonara da SilvaSabrina Silva LourençoSandy Jackeline Araújo PetroloSidne Félix Rebouças Thalita Victor da Silva

Integrantes e Equipes6

Page 7: Ebook - Projeto Pegada Jovem - Fumgesan

COORDENADORES E EQUIPE TÉCNICA

João Aparecido Mendes Daniela Victor da Silva FreireNatalia Gomes

INTEGRANTES DO PEGADA JOVEMNÚCLEO PARQUE ANDREENSE

Alice Rodrigues Santos Leonardo Weslei Drosino LourençoAna Beatriz Parra da Silva Marcos Antonio da Silva JuniorBeatriz Olimpio Maria Ferreira Lima Caio Patrick Alves de CamposMatheus da Silva Manoel Caique José Gomes SantosMichele Ferreira LimaDara Ferreira Lima Micheli H. Correia de Sousa David SpessotoPatrick dos Santos Martins Débora Ferreira Campos

Rebeca Campos Erick Simões da Silva Samuel Richard Cardoso de DeusGabriela OlimpioStefanie da Vitória Melo Graziela Schimaski de SouzaTais Oliveira do Nascimento Silva Guilherme Huaxley LourençoThierry Iago Kiosh Hemoto Isaque Moreira Santos Valéria de Oliveira SouzaJuliana H. Correia de Sousa Vitor Nascimento B. dos Santos

COORDENADORES E EQUIPE TÉCNICA

Elaine Cristina da Silva Colin Edilene Vieira FazzaCristiana Matos de AndradeMaria Teresa FrançaAndrea Roberta Aparecida Zanuto Rogério Cavalcante da Silva

Integrantes e Equipes 7

Page 8: Ebook - Projeto Pegada Jovem - Fumgesan

APRESENTAÇÃO

A educação ambiental é um processo que

objetiva promover a transformação de valores,

comportamentos, sentimentos e atitudes em

relação ao meio ambiente, de forma permanente,

continuada e para todos. Um de seus pressupostos

tem como base a multidisciplinaridade, somando

conhecimentos e experiências para a construção

de um ambiente cada vez mais harmônico.

Sendo assim, como fruto de uma parceria do

Serviço Municipal de Saneamento Ambiental

de Santo André (SEMASA), da Secretaria de

Gestão dos Recursos Naturais de Paranapiacaba

e Parque Andreense (SGRNPPA) e da Secretaria

de Mobilidade Urbana, Obras e Serviços Públicos

(SMUOSP) foi desenvolvido o projeto Pegada

Jovem no intuito de promover a conservação

do meio ambiente, mobilizando a população

jovem para atuação nas questões ambientais e na

melhoria de qualidade de vida, além de integrar

as ações de educação ambiental realizadas pelos

referidos órgãos no município, conforme preconiza

a Política Municipal de Educação Ambiental de

Santo André (Lei 9738/15).

A base de todo o projeto é a Educação

Socioambiental para jovens em área urbana

e de manancial, por meio da utilização da

educomunicação e incentivo ao protagonismo

jovem na comunidade em que estão inseridos.

O protagonismo jovem que se busca com o

projeto visa à transformação dos participantes e

comunidades abrangidas. Por isso, o projeto vem

abrir espaço de diálogo com e para os jovens

participantes, para que exerçam a cidadania

ativa.

Transformar o meio, ser transformado e deixar

marcas positivas em sua comunidade é o principal

intuito do Pegada Jovem.

“É fundamental diminuir a

distância entre o que se diz e o que

se faz, de tal forma que, num dado

momento, a tua fala seja a tua

prática”.

Paulo Freire

Apresentação8

Page 9: Ebook - Projeto Pegada Jovem - Fumgesan

Sumário

SUMÁRIO

• COMPARTILHANDO A EXPERIÊNCIA DE SANTO ANDRÉ ......................................................................... 2

• FICHA CATALOGRÁFICA .............................................................................................................................................................................. 4

• INTEGRANTES E EQUIPES ......................................................................................................................................................................... 5

• APRESENTAÇÃO ...................................................................................................................................................................................................... 8

• O PROJETO PEGADA JOVEM - MEIO AMBIENTE E PROTAGONISMO ....................................................10

• A METODOLOGIA - A EDUCOMUNICAÇÃO COMO RECURSO PEDAGÓGICO ...................13

• OS JOVENS E O PROJETO .........................................................................................................................................................................................................17

• OS JOVENS, A BIODIVERSIDADE DE SANTO ANDRÉ E A EDUCOMUNICAÇÃO .................................... 29

• TROCANDO OLHARES E PERCEPÇÕES SOBRE A CIDADE ....................................................................................................................... 36

• PEGADA JOVEM NA COMUNIDADE ....................................................................................................................................................................................................... 46

• O PROJETO E AS LIÇÕES APRENDIDAS ............................................................................................................................................................................................. 60

• REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................................................................................................................................................................... 78

9

Page 10: Ebook - Projeto Pegada Jovem - Fumgesan

O PROJETO PEGADA JOVEM

MEIO AMBIENTE E PROTAGONISMO

O Projeto Pegada Jovem - Meio Ambiente e Protagonismo10

Page 11: Ebook - Projeto Pegada Jovem - Fumgesan

O Fundo Municipal de Gestão e Saneamento Ambiental

de Santo André (FUMGESAN), em seu edital para o

ano de 2015, destacou o tema educação ambiental

para projetos vinculados ao poder público. Sendo

assim, muitas foram as áreas, com diferentes ideias e

propostas para concorrer ao financiamento.

Com o intuito de desenvolver um projeto de

qualidade que atendesse o tema educação am-

biental em seus vários eixos do conhecimento,

foi composta uma equipe técnica para construir

um projeto multidisciplinar e abrangente. Todas

estas áreas envolvidas atuam de alguma forma

com a temática de educação ambiental e tem

grande interface nos trabalhos cotidianos.

Sendo assim, o projeto Pegada Jovem foi fruto de

uma parceria do Serviço Municipal de Saneamento

Ambiental de Santo André (SEMASA), da Secretaria

de Gestão dos Recursos Naturais de Paranapiaca-

ba e Parque Andreense (SGRNPPA) e da Secretaria

de Mobilidade Urbana, Obras e Serviços Públicos

(SMUOSP).

O SEMASA, a SGRNPPA e a SMUOSP, em atendimen-

to a Política Municipal de Gestão e Saneamento

Ambiental (Lei nº7733/98), vem realizando diversas

ações de sensibilização e projetos de educação am-

biental em todo o município, no intuito de promo-

ver a conservação do meio ambiente, mobilizando

a população para atuação nas questões ambientais

e na melhoria de qualidade de vida.

Dentro da estrutura do SEMASA, o Departamen-

to de Gestão Ambiental (DGA) do SEMASA, por

meio de sua Gerência de Educação e Mobilização

Ambiental (GEMA) desenvolve projetos educativos

voltados para o público escolar e para a comunida-

de em geral. E a Defesa Civil tem como tarefa bási-

ca coordenar ações de prevenção de risco, socorro,

assistência e recuperação em situações de ameaças

e desastres, além de orientação e educação para a

população em geral.

Na Prefeitura, o Departamento de Meio Ambien-

te (DMA) da SGRNPPA, por meio da Gerência de

Educação e Extensão Ambiental (GEEA) concen-

tra na região de Paranapiacaba e Parque Andreense

ações referentes a educação ambiental e a Secretaria

de Mobilidade Urbana, Obras e Serviços Públicos

desenvolve suas ações voltadas para as questões

ambientais por meio do Departamento de Parques

e Áreas Verdes (DPAV) que além de ter como in-

cumbência a manutenção e embelezamento da ci-

dade e suas áreas verdes, também foca a Educação

Ambiental utilizando como recursos pedagógicos

os espaços de seus 10 (dez) parques espalhados

na área urbana da cidade. Entre eles destaca-se o

Parque Escola, que desde a sua concepção e infra-

estrutura foi pensado como um facilitador na pro-

moção e valorização da educação inclusiva e par-

ticipativa, com sua teoria e práticas voltadas para o

socioambiental e ciências naturais.

Considerando que um dos pressupostos da Edu-

cação Ambiental se baseia no trabalho multidis-

ciplinar, o Projeto Pegada Jovem integra as ações

educativas promovidas pelo Semasa (DGA-GEMA

e DDC), a SGRNPPA (DMA-GEEA) e o SMUOSP

(DPAV).

Santo André é um município da região do Grande

ABC localizado na região metropolitana do estado

de São Paulo, com população de 707.613 habitantes,

em 2014.. Seu território ocupa uma área de 175

km², sendo que 55% destes estão inseridos em

área de manancial. A cidade está situada entre

o Planalto Paulista e a Serra do Mar, com altitu-

de predominante variando de 750 a 800 metros.

O perímetro urbano do município é banhado pe-

las bacias hidrográficas: Tamanduateí, Ribeirão dos

Meninos e Ribeirão Oratório. Na área de proteção

de mananciais, predominam as bacias do rio Mogi

e do Reservatório Billings.

O Projeto Pegada Jovem - Meio Ambiente e Protagonismo 11

Page 12: Ebook - Projeto Pegada Jovem - Fumgesan

Por estar próximo a maior cidade do hemisfério sul

e ao maior porto da América Latina, o município é

de importância ímpar e a história da industrializa-

ção do país passa por seu território, o que acarretou

em impactos ambientais diversos na macrozona

urbana e de proteção ambiental. O intenso tráfego

de veículos, a poluição do ar, do solo e da água, en-

chentes e ocupação em áreas de risco são alguns

exemplos de problemas decorrentes do cresci-

mento populacional na área urbana.

Já nas áreas de mananciais, em virtude da ocu-

pação desordenada, ainda verificam-se diversos

impactos como movimentos e remoção de terra,

desmatamento e substituição da vegetação nativa,

assoreamento de rios, contaminação do solo e de

águas superficiais e subterrâneas pelo despejo de

esgoto doméstico e disposição inadequada de re-

síduos sólidos, dentre outros.

Em termos regionais, os principais impactos são a

contaminação e poluição das águas da Represa Billings,

captadas para o abastecimento da população das

regiões do Grande ABC e da Grande São Paulo,

representando riscos à saúde humana e ambiental.

Atualmente, o aumento do número de pessoas vi-

vendo em áreas de risco ambiental tem sido uma

característica negativa do processo de urbanização

e crescimento das cidades brasileiras, verificadas

principalmente nas regiões metropolitanas. Com a

intensificação das atividades humanas, muitos pro-

cessos naturais passaram a ocorrer com mais frequ-

ência, dado que podem ser induzidos, acelerados

e potencializados pelas alterações decorrentes do

uso e ocupação do solo.

Desta forma, é imprescindível que haja sensibilização

e mobilização ambiental da população local para

que esta possa colaborar e participar da formulação

de políticas públicas locais, apropriando-se da região,

conservando-a e contribuindo para seu progresso de

acordo com a legislação ambiental vigente.

A Prefeitura de Santo André e o SEMASA, desde

a implantação da Política Municipal de Gestão e

Saneamento Ambiental (Lei 7.733/98), fomentam

ações de Educação Socioambiental a partir da

abordagem direta (cursos, palestras, oficinas), com

diferentes públicos, sobre diversos temas relevantes

ao cotidiano da região e do município.

A linha de atuação do projeto Pegada Jovem é

a Educação Socioambiental para jovens em área

urbana e de manancial, por meio da utilização da

educomunicação e incentivo ao protagonismo jo-

vem na comunidade em que estão inseridos.

A escolha do público jovem é de suma importân-

cia, pois contribui para a construção de conheci-

mentos a partir da realidade em que vivem, desen-

volvendo habilidades para participar ativamente

das questões socioambientais locais, contribuin-

do também para a conservação e a melhoria da

qualidade de vida.

A adoção de premissas, como a participação, a

aprendizagem social de forma lúdica e a educo-

municação foram eixos importantes no desen-

volvimento do projeto e permitiram uma maior

interação e percepção por parte dos jovens, dos

impactos diretos e indiretos que as ações humanas

causam ao meio.

O protagonismo jovem que se buscou com o pro-

jeto é um exemplo de tecnologia social, pois se tra-

ta de uma metodologia com intuito de interação

comunitária, visando à transformação dos participan-

tes e comunidades abrangidas. Como diz o professor

Antônio Carlos Gomes da Costa: “Reconhecer o ado-

lescente e o jovem, não como problema, mas como

parte da solução é meio caminho andado.”

O Projeto Pegada Jovem - Meio Ambiente e Protagonismo12

Page 13: Ebook - Projeto Pegada Jovem - Fumgesan

A METODOLOGIA A EDUCOMUNICAÇÃO

COMO RECURSO PEGAGÓGICO

A Metodologia - A Educomunicação como Recurso Pedagógico 13

Page 14: Ebook - Projeto Pegada Jovem - Fumgesan

NÚCLEOS PEGADA JOVEM

Chácara Pignatari Parque Escola

Parque Miami Parque Andreense

MACROZONAS

Urbana

Proteção Ambiental

Figura 1: Distribuição dos Núcleos Pegada Jovem no município de Santo André.

O Projeto Pegada Jovem – Meio Ambiente e Pro-

tagonismo foi desenvolvido por meio de uma me-

todologia essencialmente prática e participativa,

baseada nas diferentes realidades do município

de Santo André, criando condições para que os

jovens pudessem participar ativamente das expe-

riências de aprendizagem sobre as questões am-

bientais na cidade, mas considerando também as

suas especificidades.

Tendo em vista tal diversidade, o Projeto foi imple-

mentado mediante a realização de cursos teóri-

co-práticos com encontros semanais para quatro

turmas: Núcleo Parque Escola, Núcleo Chácara

Pignatari, Núcleo Parque Miami e Núcleo Parque

Andreense, sendo respectivamente duas tur-

mas na Macrozona Urbana e duas na Macrozona

de Proteção Ambiental de Santo André (Figura 1).

O Projeto foi desenvolvido a partir de cinco temas

geradores:

A - Integração/Meio Ambiente:

envolveu ações de integração entre os jovens, ativi-

dades de campo sobre percepção e problemas am-

bientais e o papel do jovem diante dos contextos

discutidos nos encontros.

B - Bioma Mata Atlântica:

tratou sobre os recursos naturais da Mata Atlântica,

legislação, recuperação ambiental e Unidades de

Conservação.

C - Áreas verdes urbanas e de mananciais:

envolveu discussões e atividades práticas sobre os

parques urbanos e as áreas de mananciais, sanea-

mento e qualidade de vida.

D - Gestão de Riscos Ambientais:

englobou ações e visitas de campo abordando a

percepção de riscos ambientais, áreas e risco em

Santo André, legislação, Planos de Redução de Ris-

cos e monitoramento climático.

E - Protagonismo jovem:

compreendeu discussões e atividades práticas

sobre Políticas públicas para juventude; par-

ticipação e protagonismo jovem e meios de

participação social.

Desenvolver processos educativos a partir de te-

mas geradores, implicou em problematizar a re-

alidade de maneira dialógica e crítica a partir do

A Metodologia - A Educomunicação como Recurso Pedagógico14

Page 15: Ebook - Projeto Pegada Jovem - Fumgesan

A Metodologia - A Educomunicação como Recurso Pedagógico

ponto de vista dos jovens e do contexto em que

estavam inseridos para que pudessem refletir e

propor intervenções sobre as situações discutidas.

De acordo com TOZONI REIS (2006, p.98), na edu-

cação ambiental crítica, transformadora e eman-

cipatória, o conhecimento deve ser construído de

forma dinâmica, coletiva e participativa, sendo a

abordagem educativa por meio de temas gera-

dores uma importante diretriz metodológica, na

qual os temas ambientais “geram reflexões para a

apropriação crítica dos conhecimentos sobre as re-

lações humanas no e com o ambiente”.

Sob este aspecto, a fim de possibilitar uma apren-

dizagem significativa e voltada ao protagonismo

juvenil, o delineamento metodológico do Projeto

Pegada Jovem foi diversificado envolvendo au-

las práticas, discussões, visitas técnicas, estudo do

meio e intervenções junto às comunidades, tendo

a educomunicação como recurso pedagógico central

permeando todos os temas geradores propostos.

A Educomunicação vem crescendo ao longo dos

anos como metodologia educativa e apresenta uma

série de conceitos. De uma maneira mais simplista,

poderíamos defini-la como uma metodologia que

relaciona educação e comunicação. Para muitas pes-

soas certamente esta relação entre conceitos e práti-

cas não é algo novo e realmente não é, porém, o que

é inovador na educomunicação são as possibilidades

pedagógicas voltadas ao desenvolvimento da auto-

nomia e participação dos educandos.

Neste processo e no desenvolvimento das ações do

Projeto Pegada Jovem, os jovens não são e não fo-

ram apenas receptores das mensagens dos meios

de comunicação já existentes, mas também produ-

tores e emissores das informações sob o ponto de

vista de sujeitos e não simples espectadores, o que

conferiu maior autonomia e interesse pelos temas

abordados nas formações.

Para COSTA (2008), a educomunicação refere-se ao

conjunto de ações e valores que correspondem à

dimensão pedagógica dos processos comunica-

tivos ambientais, marcados pelo dialogismo, pela

participação e pelo trabalho coletivo. A dimensão

pedagógica, nesse caso em particular, tem foco no

“como” se gera os saberes e “o que” se aprende na

produção cultural, na interação social e com o meio

ambiente.

SOARES (2002) corrobora com a afirmação acima,

pois defende a ideia de veículos de comunicação

em espaços educativos porque considera que a

aprendizagem acontece na medida em que o su-

jeito se sente envolvido, conectado. Desta maneira,

o ambiente mediado por meios de comunicação

pode ajudar a produzir sentidos, convertendo-se

em ações.

Tendo em vista as afirmações dos dois autores, per-

cebe-se que a educomunicação permite que os edu-

candos manifestem suas próprias visões de mundo

e criatividade e nesse processo é possível construir e

reconstruir novas visões. Visões estas que são funda-

mentais nos trabalhos de educação ambiental, sobre-

tudo, quando podem ser compartilhadas com outras

pessoas e favorecer a interação social para transforma-

ção da realidade.

Segundo SOARES (2004), a Educomunicação en-

volve quatro áreas de intervenção:

A - a educação para os meios, que promove re-

flexões e forma receptores críticos;

B - o uso e manejo dos processos de produção

midiática;

C - a utilização das tecnologias de informação e co-

municação no contexto ensino-aprendizagem;

D - a comunicação interpessoal no relacionamento

entre grupos.

Ainda de acordo com o autor, a educomunica-

ção objetiva promover o acesso democrático

à produção e difusão de informação; facilitar a

15

Page 16: Ebook - Projeto Pegada Jovem - Fumgesan

A Metodologia - A Educomunicação como Recurso Pedagógico

percepção da maneira como o mundo é editado

nos meios; facilitar o ensino e o aprendizado por

meio do uso criativo dos meios de comunicação

e viabilizar a expressão comunicativa dos mem-

bros da comunidade educativa.

Além disso, a educomunicação possibilita:

• a valorização do conhecimento popular;

• a reflexão crítica sobre os meios de comunicação

na leitura e produção de conhecimento;

• a mobilização social;

• o aprendizado no trabalho em grupo;

• o desenvolvimento das habilidades comunicativas

dos participantes;

• novas formas de exercício da cidadania.

Os itens elencados se referem apenas a algumas pos-

sibilidades da educomunicação, mas cabe ressaltar

que não se trata de uma metodologia fechada, mas

sim um conjunto de metodologias que se inter-rela-

cionam e contribuem para o desenvolvimento dos

educandos, incluindo maior liberdade de expressão e

acesso às tecnologias da informação.

De acordo com VOLPI e PALAZZO (2010), é im-

portante trabalhar a comunicação como direito

e possiblidade de intervenção na realidade mos-

trando sua intencionalidade, seus objetivos, seu

público, seu potencial de mobilização e transfor-

mação social, pois apenas dessa forma os jovens

podem se apropriar desse direito produzindo

informações em âmbito local, mas também con-

siderando o contexto global.

Sob esta perspectiva, a comunicação não

se configura apenas como meio ou fim dos

processos educativos, mas como uma for-

ma de mediação e relação entre educandos e

educadores e suas comunidades buscando no-

vos sentidos, novas percepções e novas formas

de intervenção e mudança social.

É relevante mencionar que no Projeto Pegada

Jovem, os materiais de comunicação produzidos

pelos jovens não foram realizados de forma isola-

da, mas sim como parte de um processo que ao

final do Projeto culminou em intervenções nas

comunidades relacionando os temas geradores

que já haviam sido discutidos ao longo dos 30

encontros realizados. Dessa forma, os participan-

tes compartilharam suas percepções e experiên-

cias a fim de sensibilizar e mobilizar as comuni-

dades para conservação do meio ambiente e ao

mesmo tempo construíram novas formas de ver,

sentir e agir sobre o local em que moravam. Um

dos principais resultados da educomunicação

não é apenas o material produzido, seja em jor-

nais, cartazes, cartilhas, folhetos ou outros meios,

mas sim o processo de construção destes mate-

riais e suas implicações práticas, o aprendizado

construído e que se decodifica em ações.

Pelo exposto depreende-se que a educomunica-

ção propõe a construção de canais comunicativos

abertos, dialógicos e criativos, quebrando a hierar-

quia na distribuição do saber, justamente pelo re-

conhecimento de que todas as pessoas envolvidas

no fluxo da informação são produtoras de cultura,

de conhecimento, independentemente do seu pa-

pel na sociedade. Sob este aspecto, o Projeto obje-

tivou construir uma ação comunicativa voltada a mu-

danças que pudessem também se refletir nas políticas

públicas locais e na conservação ambiental.

A fim de compartilhar a experiência do Projeto

Pegada Jovem – Meio Ambiente e Protagonis-

mo, nas próximas páginas foram sistematizadas

algumas das vivências dos grupos envolvidos

durante o período de abril a dezembro de 2015,

mostrando como a educomunicação contribuiu

com este importante processo de educação am-

biental desenvolvido sob uma perspectiva crí-

tica, interdisciplinar e intersetorial na cidade de

Santo André.

16

Page 17: Ebook - Projeto Pegada Jovem - Fumgesan

OS JOVENS E O PROJETO

Os Jovens e o Projeto 17

Page 18: Ebook - Projeto Pegada Jovem - Fumgesan

SANTO ANDRÉ E OS NÚCLEOS PEGADA JOVEMSanto André é um município da região do

Grande ABC localizado na região metropo-

litana do estado de São Paulo, seu território

ocupa uma área de 174,38km², sendo que

55% destes estão inseridos em área de ma-

nancial. A cidade está situada entre o Pla-

nalto Paulista e a Serra do Mar, com altitude

predominante variando de 750 a 800 metros.

O perímetro urbano do município é banhado

pelas bacias hidrográficas: Tamanduateí, Ribei-

rão dos Meninos e Ribeirão Oratório. Na área

de proteção de mananciais, predominam as

bacias do rio Mogi e do Reservatório Billings.

Por estar próximo a maior cidade do hemisfério sul

e ao maior porto da América Latina, o município é

de importância ímpar e a história da industrializa-

ção do país passa por seu território, o que acarretou

em impactos ambientais diversos na macrozona

urbana e de proteção ambiental. O intenso tráfego

de veículos, a poluição do ar, do solo e da água, en-

chentes e ocupação em áreas de risco são alguns

exemplos de problemas decorrentes do cresci-

mento populacional na área urbana.

Já nas áreas de mananciais, em virtude da ocu-

pação desordenada, ainda se verificam diver-

sos impactos como movimentos e remoção

de terra, desmatamento e substituição da ve-

getação nativa, assoreamento de rios, conta-

minação do solo e de águas superficiais e sub-

terrâneas pelo despejo de esgoto doméstico

e disposição inadequada de resíduos sólidos,

dentre outros. Em termos regionais, os princi-

pais impactos são a contaminação e poluição

das águas da Represa Billings, captadas para o

abastecimento da população das regiões do

Grande ABC e da Grande São Paulo, represen-

tando riscos à saúde humana e ambiental.

Os Jovens e o Projeto

Desta forma, é imprescindível que haja sensibi-

lização e mobilização ambiental da população

local para que esta possa colaborar e participar

da formulação de políticas públicas locais, apro-

priando-se da região, conservando-a e contri-

buindo para seu progresso de acordo com a le-

gislação ambiental vigente.

Santo André possui 707.613 habitantes, sendo

que 28.358 residem na Macrozona de Proteção

Ambiental (IBGE, 2014). Quanto à distribuição

por faixa etária, o número de crianças e jovens

entre 0 a 29 anos é de 298.986 pessoas.

Tais características demográficas sugerem a

necessidade de investimentos e projetos em

educação básica, profissionalizante e superior,

pois boa parte dessa população é formada por

jovens.

A linha de atuação do Projeto Pegada Jovem é

a educação socioambiental para jovens em área

urbana e de manancial, por meio da utilização da

educomunicação e incentivo ao protagonismo

jovem nas comunidades em que estão inseridos.

Cada Núcleo de formação do Projeto possui

características peculiares, sobretudo, quan-

to às especificidades em relação à localização

de cada bairro ou loteamento que se refletem di-

retamente no acesso aos mais variados serviços,

como transporte, saúde e educação.

A seguir, são apresentadas as principais carac-

terísticas dos locais em que estão inseridos os

Núcleos Pegada Jovem: Chácara Pignatari, Par-

que Escola, Parque Miami e Parque Andreense.

NÚCLEOS PEGADA JOVEMDA MACROZONA URBANA DE SANTO ANDRÉ

Os encontros dos jovens do Núcleo Chácara

Pignatari ocorreram no Parque Antônio Pez-

18

Page 19: Ebook - Projeto Pegada Jovem - Fumgesan

Figura 2: Localização dos Núcleos Pegada Jovem da Macrozona Urbana

NÚCLEOS PEGADA JOVEM

Chácara Pignatari

Parque Escola

MACROZONAS

Urbana

Proteção Ambiental

OS NÚCLEOS PEGADA JOVEM CHÁCARA PIGNATARI E PARQUE ESCOLA SE LOCALIZAM NA MACROZONA URBANA DE SANTO ANDRÉ.

Os Jovens e o Projeto

zolo localizado em uma área urbanizada, com

muitos comércios e serviços para os morado-

res. De acordo com relatos históricos da área,

por volta das décadas de 1940 e 1950, o local

abrigava uma fábrica de purpurina, perten-

cente a Francisco Pignatari, neto de Francesco

Matarazzo. A área de 31.417m² foi declarada

como de utilidade pública em 1974, e adqui-

rida pelo município em 1978. Em dezembro

desse mesmo ano, a área recebeu o nome de

Parque Regional de Integração de Utinga, e

incorporou a ele a Praça Pinto Bandeira, am-

pliando sua área para 34.632 m². Em junho de

1995, em homenagem ao ex-prefeito Antônio

Pezzolo (1973-1977), o parque recebeu seu

nome atual.

Já os encontros do Núcleo Parque Escola, acon-

teceram nas dependências do próprio local que

é um dos 10 parques que se encontram na área

urbana do município de Santo André. O Projeto

Parque Escola surgiu em 1997 e foi oficializado

em 17 de dezembro de 2004, com o objetivo de

estar inserido numa concepção de educação in-

clusiva focando o meio ambiente como um dos

principais recursos do processo de construção

do conhecimento. Neste sentido, foi criado um

espaço educacional favorecendo os recursos

pedagógicos para estimular e despertar a curio-

sidade a temática ambiental.

Foi construído em uma área com aproximada-

mente 50 mil metros quadrados com várias edi-

ficações e espaços entremeados de coleções de

plantas nativas e exóticas. Espaços estes destina-

dos à interação com o meio, especialmente a do

seu entorno, com relações que vão desde a agri-

cultura, saúde, arquitetura, reaproveitamento e

19

Page 20: Ebook - Projeto Pegada Jovem - Fumgesan

Os Jovens e o Projeto

Este bairro teve o início de seu loteamento

na década de 70, está localizado próximo

ao Parque Natural do Pedroso – Unidade

de Conservação de Proteção Integral, com

uma superfície de 843 hectares, em torno

de 8 milhões e oitocentos mil m². Localiza-

se na Bacia Billings, próximo ao Braço do

Rio Grande. Os seus limites coincidem com

os da micro bacia do Pedroso.

Trata-se de um rico fragmento da Mata

Atlântica que contribui como barreira para

a expansão da ocupação sobre as áreas de

mananciais da região metropolitana de São

Paulo. Este manancial abastece 6% da po-

pulação do município. Cerca de 80% do Par-

que é constituído por vegetação em estágio

secundário de sucessão ecológica com es-

pécies como o manacá da serra, cedro, pau

d’alho, ingá e embaúba.

A fauna é composta de mais de 100 es-

pécies de aves e ocorrência de mamífe-

ros como jaguatirica, sagui do tufo preto,

gambás, jararacas, veado mateiro, gavião

pomba, pavão do mato, muitas destas na

lista de espécies ameaçadas de extinção

pelo IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio

Ambiente e dos Recursos Naturais Reno-

váveis).

Os encontros do Núcleo Pegada Jovem

Parque Andreense ocorreram no CESA Luiz

Gushiken e na Escola de Formação Ambien-

tal Billings (EFA-Billings), esta última loca-

lizada na Sede da Secretaria de Gestão dos

Recursos Naturais de Paranapiacaba e Par-

que Andreense e coordenada pelo Depar-

tamento de Meio Ambiente. Suas atividades

envolvem cursos, oficinas e visitas monitora-

das para crianças, jovens e adultos.

reciclagens de materiais, os quais são facilmen-

te observados nas construções dos espaços,

na formação de um olhar estético através de

um trabalho de arte educação e educação am-

biental, envolvendo a cultura em seus diversos

aspectos no aprimoramento do ambiente ur-

bano e da qualidade de vida.

No Parque Escola há pista de caminhada, au-

ditório, horta, sucatoteca, entre outros equi-

pamentos e ferramentas de educação am-

biental. Nele encontra-se também o Viveiro

Escola, espaço com parceria entre Prefeitura

de Santo André, Braskem e a ONG Instituto

Fábrica de Florestas. O Viveiro Escola atende

as crianças da rede pública de ensino muni-

cipal e também grupos organizados, e tem

como foco a produção de mudas nativas re-

gionais da Mata Atlântica e a educação am-

biental por meio das visitas monitoradas.

O Parque Escola está localizado no bairro

Valparaíso, próximo ao centro do município

e a avenida principal do bairro é a Avenida

Atlântica, onde encontram-se comércios,

prédios, lojas, posto de saúde, Emeif Janusz

Korczak e Creche, Centro Universitário - Fun-

dação Santo André, Faculdade de Medicina

do ABC, o SESC Santo André e a CLASA –

Casa Lions de Adolescentes de Santo André.

NÚCLEOS PEGADA JOVEM DAMACROZONA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL DE SANTO ANDRÉOs Núcleos Pegada Jovem Parque Miami

e Parque Andreense se localizam na Ma-

crozona de Proteção Ambiental de Santo

André.

Os encontros do Núcleo Parque Miami ocor-

reram na Escola Estadual João Batista Ma-

rigo Martins, localizada no Parque Miami.

20

Page 21: Ebook - Projeto Pegada Jovem - Fumgesan

A região de Paranapiacaba e Parque An-

dreense em que se insere este Núcleo

possui 24 loteamentos e 6.029 habitan-

tes, sendo cerca de 500 jovens na faixa

etária atendida pelo Projeto. Ao contrário

dos loteamentos localizados nas áreas de

mananciais do município mais próximas à

Macrozona Urbana, esta região sofreu uma

pressão por urbanização diferenciada e em

menor escala em função de três aspectos:

isolamento geográfico causado pela rup-

tura física do território municipal, impos-

ta pela presença da Represa Billings, pela

distância da área urbana central e também

em função da legislação ambiental e de

uso e ocupação do solo restritivas.

A região caracteriza-se pela baixa densi-

dade populacional, grandes propriedades

sem uso ou ocupação e a presença de uma

grande área industrial da empresa Solvay-

-indupa do Brasil SA, do setor químico.

A Vila de Paranapiacaba apresenta carac-

terísticas diferenciadas por ser uma Vila

turística de origem ferroviária e tombada

pelos órgãos de defesa do patrimônio nas

esferas nacional, estadual e municipal.

NÚCLEOS PEGADA JOVEM

Parque Miami

Parque Andreense

MACROZONAS

Urbana

Proteção Ambiental

OS NÚCLEOS PEGADA JOVEM PAR-QUE MIAMI E PARQUE ANDREENSE SE LOCALIZAM NA MACROZONA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL DE SANTO ANDRÉ.

Figura 3: Localização dos Núcleos Pegada Jovem da Macrozona de Proteção Ambiental

Os Jovens e o Projeto 21

Page 22: Ebook - Projeto Pegada Jovem - Fumgesan

Os Jovens e o Projeto

Fotos 1 e 2 – Ocupação urbana no Pq. Represa Billings III e Vila de Paranapiacaba – vista aérea

O Núcleo Pegada Jovem Parque Andreense

atendeu jovens residentes nos loteamentos

Parque Represa Billings II e III, localizados no

Parque Andreense, Jardim Joaquim Eugênio

de Lima, Parque América e a Vila histórica de

Paranapiacaba.`

Apesar das particularidades de cada Núcleo do

Pegada Jovem, ao longo do projeto por meio

de uma metodologia dialógica e participativa

foi possível sensibilizar os jovens participantes

quanto às inter-relações entre as Macrozonas

Urbana e de Proteção Ambiental de Santo An-

dré, estimulando um olhar ampliado sobre o

território em que viviam, bem como ações de

proteção ao meio ambiente.

A MOBILIZAÇÃO PARA O INÍCIO DO PROJETO

Uma sociedade se torna uma nação quando

é capaz de responder aos desafios postos

pela história. No caso da educação, a mobi-

lização social ocorre quando um grupo de

pessoas, uma comunidade ou uma socieda-

de decide e age com um objetivo comum,

buscando, quotidianamente, resultados de-

cididos e desejados por todos.

Neste sentido, os quatro núcleos: Chácara

Pignatari, Parque Escola, Parque Miami e

Parque Andreense foram mobilizados por

meio das mesmas estratégias de divulgação

conforme abaixo:

• Distribuição de cartazes de divulgação

para cada núcleo;

• Reuniões com equipe gestora das escolas do

entorno de cada núcleo;

• Apresentação do Projeto diretamente para

os alunos das escolas estaduais próximas a

cada Núcleo Pegada Jovem;

• Divulgação na agenda do Parque Escola e da

Escola de Formação Ambiental Billings;

• Distribuição dos formulários de inscrição

com orientação e autorização dos pais e ou

responsáveis.

A etapa de mobilização dos jovens para par-

ticipação no Projeto ocorreu entre os meses

de fevereiro e março de 2015. Inicialmente

houve algumas dificuldades em relação às

inscrições para todos os Núcleos, sendo de

fundamental importância o apoio, envolvi-

mento e parceria com algumas Escolas Esta-

duais e outras instituições.

22

Page 23: Ebook - Projeto Pegada Jovem - Fumgesan

No Núcleo Chácara Pignatari, o contato inicial para

divulgação do Projeto foi realizado com as escolas

do entorno: Escola Estadual Carlina Caçapava de

Mello, Escola Estadual Adamastor de Carvalho e

Escola Estadual Amaral Wagner.

Neste período, o parque estava em reforma e hou-

ve greve de professores, o que determinou a pror-

rogação do período de inscrições para os jovens

interessados no curso. No bairro, além do Parque

não há muitas áreas verdes e a própria dinâmica

do local não leva o jovem a se interessar por temas

relacionadas ao meio ambiente, por ser uma área

com muitos comércios, o que pode ter sido um

fator que contribuiu para o número de inscrições

abaixo do esperado neste Núcleo, já que houve di-

vulgação nas três escolas estaduais do bairro.

No Núcleo Parque Escola, a divulgação foi realiza-

da na agenda do Parque Escola e por meio da co-

locação de cartazes nas dependências do Parque.

Como as escolas contatadas passaram a funcionar

em período integral, os alunos não teriam disponi-

bilidade de participar. Dessa forma, a coordenação

do Projeto entrou em contato com a CLASA – Casa

Lions de Adolescentes de Santo André, que traba-

lhava com o público da faixa etária do projeto e

redefiniu as estratégias de divulgação ampliando

também o prazo de inscrições.

A CLASA – Casa Lions de Adolescentes de Santo

André é uma entidade de atendimento que pro-

move e defende adolescentes e jovens na pers-

pectiva da defesa e garantia de seus direitos. Esta

instituição possui um Programa de Aprendizagem

Profissional: “Juventude em ação – Sou aprendiz”,

que estimula a consciência crítica capaz de promo-

ver a ampliação de informações resultantes de um

processo de aprimoramento cultural e a integra-

ção ao mundo de trabalho por meio de ações que

assegurem aos adolescentes e jovens o direito à

profissionalização, a geração de renda e o estímulo

ao empreendedorismo, contribuindo desta forma

para sua autonomia e melhoria da qualidade de

vida. Por meio deste Programa, foram selecionados

os alunos para participarem do Projeto Pegada Jo-

vem Núcleo Parque Escola.

No Núcleo Parque Miami, a parceria com a Escola

Estadual João Batista Marigo Martins foi funda-

mental. Inicialmente foram realizadas reuniões

com a equipe gestora da Escola para apresenta-

ção do Projeto e sua proposta, em seguida foram

afixados cartazes nesta unidade escolar e houve

a apresentação da proposta também para os alu-

nos com entrega das fichas de inscrição e autori-

zação para assinaturas dos pais ou responsáveis

aos jovens interessados. Como a articulação com

as escolas estaduais foi mais demorada do que o

esperado, as inscrições também foram prorroga-

das para este Núcleo.

No Núcleo Parque Andreense a divulgação e

mobilização dos jovens foi iniciada, a princípio,

apenas nos loteamentos Parque Represa Billings

II e III da região de Paranapiacaba e Parque An-

dreense, onde localizam-se a Escola de Forma-

ção Ambiental Billings e o CESA Luiz Gushiken,

locais onde ocorreram os encontros referentes às

ações do Projeto.

Houve divulgação nas escolas municipais e

estaduais locais, comércios, posto de saúde,

posto de atendimento ao munícipe da Prefei-

tura Municipal de Santo André e igrejas, sendo

que na Escola Estadual do Parque Andreense

houve um processo de mobilização diferen-

ciado envolvendo conversas com os jovens

representantes de sala e posteriormente com

os alunos em geral. Após 30 dias de divulga-

ção, as inscrições estavam abaixo do espe-

rado, dessa forma, o prazo de inscrições foi

prorrogado e a divulgação e mobilização

ampliadas para os loteamentos Parque Amé-

rica, Jardim Joaquim Eugênio de Lima e para

a Vila de Paranapiacaba.

Os Jovens e o Projeto 23

Page 24: Ebook - Projeto Pegada Jovem - Fumgesan

Os Jovens e o Projeto

Após dois meses de divulgação e mobilização, fo-

ram inscritos 104 jovens com idade entre 14 e 18

anos para os quatro Núcleos de formação do Proje-

to, conforme tabela a seguir:

Tabela 1 – Distribuição de jovens inscritos por Núcleo Pegada Jovem.

Núcleo Pegada Jovem Nº de inscrições

Chácara Pignatari 20

Parque Escola 26

Parque Miami 27

Parque Andreense 31

Total 104

Fotos 3 e 4 - Conversa sobre expectativas do jovens em relação ao Projeto Núcleo Pegada Jovem do Parque Andreense e Núcleo Chácara Pignatari

Ao final do processo de mobilização, a meta quanto

ao público d o Projeto foi atingida com êxito e apesar

da variação de faixa etária não houve dificuldades

quanto ao entrosamento e integração dos grupos.

OS JOVENS E O INÍCIO DO PROJETOOs encontros foram iniciados a partir do detalha-

mento da proposta do Projeto, apresentação dos

participantes, levantamento de expectativas, rea-

lização de atividades de integração e construção

participativa das regras de convivência.

O levantamento de expectativas dos grupos

quanto ao Projeto foi fundamental para que os

educadores pudessem conhecer os jovens e seus

reais interesses quanto à participação no curso.

A seguir, destacamos os depoimentos quanto

ao que alguns participantes disseram:

“Tenho três motivos para querer participar: eu me preocupo

com o meio ambiente, pois as coisas não afetam apenas o

meio ambiente, mas também a sociedade; nós jovens temos

que fazer a diferença e dar exemplo para a sociedade; eu gos-

to de coisas novas ainda mais quando podem influenciar no

meu futuro.”

Alana Villar de Oliveira, 14 anos, Núcleo Pegada Jovem

Parque Miami

“A princípio estive pensando que o curso seria mais teoria do

que prática, porém desde o início da aula pude perceber que

teremos que trabalhar mais a capacidade da mentalidade de

criar e lembrar das coisas. Espero conhecer estudos ..., preciso

de mais liberdade comigo e com outras pessoas e acho que o

curso será um bom começo para arrancar essa timidez. Espero

adquirir mais sabedoria para poder passar para outras pesso-

as o que aprendi. ...”

Caique José Gomes Santos, 16 anos, Núcleo Pegada Jovem

Parque Andreense

“Meu sonho é ser Biólogo, já participei de um programa em

outra escola sobre sustentabilidade e acho muito importan-

te, principalmente, nessa época de crise hídrica. Sou fanático

por fauna e flora e, neste curso, ainda tenho a chance de me

apaixonar ainda mais. Não posso deixar passar esta chance

de ouro.”

Bruno Moreira de Sousa, 14 anos, Núcleo Pegada Jovem

Parque Miami

24

Page 25: Ebook - Projeto Pegada Jovem - Fumgesan

Os Jovens e o Projeto

No Núcleo Parque Escola, o resultado do levan-

tamento das expectativas também foi positivo.

Os jovens disseram frases como:

quanto a algumas habilidades e relação com

os meios de comunicação incluindo as redes

sociais, já que o recurso pedagógico principal

do Projeto foi a educomunicação. Por meio

desta dinâmica, os jovens

foram sensibilizados quanto

à diversidade de gostos, es-

tilos e pensamentos de cada

grupo, ressaltando que mes-

mo com todas as diferenças

seria importante trabalha-

rem juntos para alcançarem

objetivos comuns.

Os participantes do Núcleo

Chácara Pignatari indicaram

gostar de natureza e música,

e a maior parte afirmou saber usar computa-

dor. Poucos jovens disseram que não gosta-

vam de redes sociais e de ler e a maior parte

indicou que gosta de trabalhar em grupo.

A seguir, são apresentados alguns dados

quanto ao resultado desta dinâmica aplicada

ao Núcleo Pegada Jovem Parque Miami:

Gráfico 1 – Resultados da Dinâmica do Rio quanto ao que os jovens do Núcleo Parque Miami gostam.

Recu

rsos

Nat

urai

s

Espo

rtes

Laz

er

Rede

s Soc

iais

Des

enho

s

Quantos às expectativas dos jovens do Núcleo Par-

que Escola e Chácara Pignatari as educadoras e

coordenadoras dos grupos observaram que:

“Muitos estavam ali por querer saber mais sobre meio am-

biente e alguns já tinham isso como lazer; outros se interessa-

ram porque o amigo se matriculou, mas já na primeira aula,

os participantes destacaram que o aprendizado e o conheci-

mento das questões ambientais os levaram a se inscrever no

curso.”

Maíra Soares Galvanese, coordenadora do Núcleo

Chácara Pignatari

“Saber dos jovens que eles esperam do curso e dos coordena-

dores, conhecimento e principalmente valores que eles apli-

carão em suas vidas profissionais e cotidianas, nos motivou

e colocou sobre nós a responsabilidade de fazermos parte da

formação de vida deles.”

Daniela Victor da Silva Freire, educadora e

co-coordenadora do Núcleo Chácara Pignatari

Para conhecer um pouco mais sobre as prefe-

rências musicais, gastronômicas e atividades

cotidianas dos jovens foi realizada a dinâmica

do Rio para fazer também um levantamento

25

Page 26: Ebook - Projeto Pegada Jovem - Fumgesan

Os Jovens e o Projeto

6

5

3

2

0 Ler

Dan

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Gráfico 2 – Resultados da Dinâmica do Rio quanto ao que os jovens do Núcleo Parque Miami sabem fazer.

Foto 5 - Regras de convivências indicadas pelo Núcleo Pegada Jovem Parque Andreense

Já os Jovens do Núcleo Parque Andreense, dis-

seram que gostam muito de caminhar em áreas

naturais, observar os animais, ouvir músicas, dese-

nhar e fotografar. Poucos jovens gostavam de ler e

escrever, embora todos eles tivessem manifestado

interesse por computadores e redes sociais, so-

mente metade disse ter interesse em fazer blogs.

Outro momento importante foi a construção conjun-

ta de regras de convivência. Cada Núcleo construiu as

suas, mas em geral as principais foram:

• Respeito;

• Educação;

• Não ficar no celular;

• Não dormir no curso;

• Café às 16 horas;

• Todos devem participar das atividades;

• Não fazer panelinhas;

• Não falar ao mesmo tempo em que os outros.

Em três dos Núcleos, os jovens propuseram a cria-

ção de um grupo no aplicativo WhatsApp para

socialização dos conteúdos e contato gerais sobre

assuntos relacionados ao Projeto. Os próximos pas-

sos se relacionaram ao levantamento da percep-

ção dos jovens sobre o local em que moravam e

sobre o meio ambiente.

OS JOVENS E SUAS PERCEPÇÕES AMBIENTAIS

“O exercício constante da “leitura do mundo” demanda ne-

cessariamente a compreensão crítica da realidade... A prática

de constatar, de encontrar as (ou a) razões de ser do consta-

tado, a prática de denunciar a realidade constatada e de

anunciar a sua superação fazem parte do processo de leitura

do mundo...”

FREIRE, 2000

26

Page 27: Ebook - Projeto Pegada Jovem - Fumgesan

questionar os demais colegas sobre suas

escolhas.

No Núcleo Parque Escola, propuseram planetas

com tecnologia, com hospitais, porém sem do-

enças, hospitais só para acidentes e grávidas.

Houve um foco maior na criação de um

“novo” Planeta sem drogas, o que possibili-

tou aos educadores maior abertura para de-

bater sobre o assunto, pois é algo que pode-

ria estar próximo aos jovens em seus círculos

de convivência, em seus bairros e também

dentro de suas escolas.

O tema foi tratado com mais ênfase nas aulas

em que os jovens construíram o mapa falado

de seus bairros, encontro que foi extremamente

proveitoso, pois possibilitou a troca de experi-

ências e uma aproximação maior entre jovens

e educadores.

A seguir apresentamos o resultado de um

dos trabalhos em grupo realizado no Nú-

cleo Parque Andreense durante a atividade

Planeta Seu:

O que teria a “leitura do mundo” a ver com a

questão ambiental? Talvez para muitas pes-

soas tal leitura seja infactível, afinal como ler

o mundo? Em poucas palavras, Paulo Freire

exprime exatamente o que isso significa, ou

seja, compreender a realidade de forma críti-

ca, questioná-la e interferir sobre ela de forma

consciente.

Para trabalhar os temas geradores do Proje-

to sob uma perspectiva crítica e transforma-

dora relacionada com a “leitura do mundo”

sob a ótica mencionada por Paulo Freire foi

essencial realizar um levantamento sobre as

percepções ambientais dos jovens partici-

pantes de cada Núcleo. Para isso foram rea-

lizadas duas atividades: a dinâmica Planeta

Seu em que foi feita uma simulação na qual os

jovens poderiam escolher o que incluiriam ou

não em um novo Planeta e uma atividade de

estudo do meio no local em que moravam.

Na atividade Planeta Seu, houve uma inte-

ração maior entre os jovens, fazendo com

que ocorresse a cooperação entre eles com

o trabalho em grupo. Cada participante

pôde expor sua opinião sobre os temas e

Tabela 1 - Itens indicados e categorias de classificação de acordo com um dos grupos de jovens do Núcleo Parque Andreense durante a dinâmica Planeta Seu

CATEGORIAS DE CLASSIFICAÇÃO ITENS INDICADOS

Essencial

Animais domésticos/ água/ Terra/ montanhas/ sol/ventos/animais silvestres/praias/ sementes/ árvores/peixes/ar/ fogo/aves

Remédios/ indústrias/celular/ música/ facebook/ doenças/ ferramentas/ energia elétrica/ geladeira/ livros/ relógio/ petróleo/ shampoo/ sabonete/ TV a cabo/ Perfume/Fotografia/Supermercado/ Máquina de lavar roupas/ óculos/ futebol/ roupas/ alimentos/ internet/

refrigerante/hospitais/bicicletas/televisão/sapatos/agricultura/ sentimentos/escova de dentes/protetor solar

PrejudicialBicicletas/ Revistas/ Religião/ Carros/ desertos/secador de cabelos/drogas/ cigarro/

energia nuclear/ insetos/ penitenciária/ agrotóxico/ novelas/ motocicleta

Muito importante

Policiamento/ dinheiro/ estudos científicos (universidades)/ moradia fixa ou tem-porária/ bebidas alcoólicas/ coleta seletiva/ salão de beleza/ abastecimento e tratamen-

to de água/ pavimentação/ absorvente/ anticoncepcional/ aplicativos para android (whatsapp, instagram, retrica, dubmash e outros)/ shopping/ estabelecimentos comerciais/ preservativos/ séries e trilogias

Os Jovens e o Projeto 27

Page 28: Ebook - Projeto Pegada Jovem - Fumgesan

Os Jovens e o Projeto

Foto 8 - Jovens do Núcleo Chácara Pignatari durante a atividade Planeta Seu estudo do meio no Parque

do” são bem parecidas, pois os “planetas” ficaram

bem semelhantes com a realidade atual.

O momento de dis-

cussão sobre os resul-

tados desta atividade

foi muito produtivo,

principalmente pela

diversidade de per-

cepções advindas de

um grupo que vive e

convive em em

contextos tão parecidos,

seja nos Núcleos localizados

na Macrozona Urbana como nos que se localizam na

Macrozona de Proteção Ambiental de Santo André.

Mencionando diversos estudos, RODRIGUES et

al. (2012, p.101) lembra que a “percepção é ine-

rente a cada ser humano, que percebe, reage e

responde de forma diferente tanto às relações

interpessoais quanto às ações sobre o meio” sen-

do os valores construídos ao longo das histórias

e interações de cada um que vão determinar tais

percepções, atitudes e pensamentos diferentes

entre indivíduos de um mesmo grupo social. E

é o reconhecimento dessa diversidade que en-

riquece e legitima o trabalho de levantamento

de percepções como base do trabalho em edu-

cação ambiental.

A integração e o entrosamento entre os jovens

e os educadores em seus respectivos Núcleos

foram bem positivas. Neste primeiro módulo foi

possível falar sobre o jovem e o meio ambiente

de forma consistente, agregando conhecimen-

tos ambientais e sociais, em um aprendizado

construído mutuamente, pois como afirma FREI-

RE (1987, p. 68), “ninguém educa ninguém, nin-

guém educa a si mesmo, os homens se educam

entre si, mediatizados pelo mundo”.

Fotos 6 e 7 - Jovens do Núcleo Parque Andreense durante a dinâmica Planeta Seu

É interessante notar que este grupo indicou uma per-

cepção mais negativa em relação a alguns aspectos

classificando como prejudicial os desertos, a religião e

os insetos, por exemplo. Tais resultados possibilitaram

uma rica discussão e o esclarecimento de alguns con-

ceitos e suas relações.

Durante a mesma

atividade realizada

pelo Núcleo Chácara

Pignatari, os resul-

tados foram pareci-

dos, pois os jovens

tiveram o mesmo

entendimento do

que era essencial e

o que era prejudicial

para o planeta, para

este grupo o tema

religião também

gerou muita discus-

são o que foi impor-

tante para que eles

e os educadores se

conhecessem melhor.

Como continuação deste encontro, os jovens

realizaram uma caminhada no Parque Antô-

nio Pezzolo para identificar os aspectos que

gostavam ou não nesta área verde da cidade.

Muitos disseram que nunca tinham visto pé

de açaí e bromélias nas árvores. Para conhecer

as percepções ambientais dos colegas, os jo-

vens elaboraram um questionário sobre temas

ambientais, além de vídeos e fotos. Nessas ativi-

dades, eles abordaram além das questões locais

do parque, questões políticas e voltadas ao meio

ambiente, como: coleta seletiva e água.

De modo geral, observou-se que apesar dos jo-

vens morarem em bairros diferentes, estudarem

em escolas diferentes, suas “percepções de mun-

28

Page 29: Ebook - Projeto Pegada Jovem - Fumgesan

OS JOVENS, A BIODIVERSIDADE DE SANTO ANDRÉ E

A EDUCOMUNICAÇÃO

Os jovens, a biodiversidade de Santo André e a educomunicação 29

Page 30: Ebook - Projeto Pegada Jovem - Fumgesan

Os jovens, a biodiversidade de Santo André e a educomunicação

Um dos grupos fez um cartaz bem interessante

colocando um teclado em forma de granada, jus-

tificando que a internet e suas imagens podem ser

utilizadas tanto para o bem como para o mal.

Foto 9 - A Ilustração feita por um dos grupos para alertar sobre o uso correto de computadores e redes

Apesar das infinitas possibilidades das tecnologias

de comunicação e do acesso à internet por meio de

smartphones, foi notável a dificuldade dos jovens

no uso do computador o que demonstrou que

seria necessária maior atenção em relação ao uso

deste equipamento.

A partir deste encontro, os jovens foram orientados

a refletirem sobre as implicações práticas da educo-

municação em relação a todos os temas ambien-

tais que seriam abordados durante o curso.

E na busca da “significação dos significados”, como

mencionado anteriormente dois fatores importan-

tes foram considerados:

1. A informação e a comunicação auxiliam o pro-

cesso educativo, mas devem estar atreladas à rea-

lidade sociocultural de cada grupo.

2. A educação ambiental sob a perspectiva do Pro-

jeto não é unidirecional, portanto, deve utilizar infor-

mações que também emergem do próprio grupo e

estratégias que valorizem o saber popular para que

efetivamente possa contribuir com a construção de

novos conhecimentos de forma significativa.

“A educação é comunicação, é diálogo, na medida em que não

é a transferência de saber, mas um encontro de sujeitos inter-

locutores, que buscam a significação dos significados”

FREIRE (1977, p.68)

Buscar “a significação dos significados” foi algo

que permeou todo o projeto Pegada Jovem, pois

ao longo dos cursos buscou-se não apenas com-

preender as percepções e visões de mundo dos

participantes, mas também entender como estes

jovens davam significado ao local em que mora-

vam e às suas experiências na e com a cidade de

Santo André.

Considerando que mais da metade do município

está inserido em Área de Proteção e Recuperação

aos Mananciais e que possui duas importantes

Unidades de Conservação municipais de Proteção

Integral: O Parque do Pedroso e o Parque Natural

Municipal Nascentes de Paranapiacaba, o tema ge-

rador biodiversidade foi trabalhado tanto em seu

aspecto conceitual como prático e foi a partir deste

tema que a educomunicação como metodologia

foi apresentada aos jovens.

No Núcleo Parque Andreense, as aulas que envol-

veram o uso de computador foram realizadas no

CESA Luiz Gushiken, no laboratório de informática.

A fim de construir um conceito de forma dialógica

e participativa sobre a educomunicação, os jovens

foram convidados a refletir sobre esta palavra sepa-

rando a em duas partes: “edu” e “comunicação”, rapi-

damente os participantes relacionaram o conceito

à educação, mas tiveram dificuldades de mencio-

nar exemplos práticos de seu uso. Dessa forma, os

mesmos puderam fazer pesquisas na internet so-

bre o assunto em quatro grupos temáticos: escrita,

áudio, imagem, vídeo.

O processo foi interessante, pois se percebeu um

caráter individualizador no uso do computador,

pois os jovens apresentaram certa dificuldade de

trabalhar em grupo e dividir as tarefas entre eles.

30

Page 31: Ebook - Projeto Pegada Jovem - Fumgesan

Os jovens do Parque Miami iniciaram o tema so-

bre Educomunicação com uma explicação sobre

o conceito e as possibilidades de utilização desta

ferramenta na construção de idéias e possíveis in-

tervenções sobre as questões ambientais. Foram

realizadas diversas atividades, entre elas, recortes

de imagens sobre os meios de comunicação, deba-

tes, exibição de vídeos e registros fotográficos.Foto 10 - Pesquisa

Foto 11 - Apresentação

Fotos 12, 13 e 14Produção Jovens

Foto 15 - Biomapa

Foto 16 - Percepção

Os jovens, a biodiversidade de Santo André e a educomunicação 31

Page 32: Ebook - Projeto Pegada Jovem - Fumgesan

Os jovens, a biodiversidade de Santo André e a educomunicação

A primeira visita técnica realizada foi no Parque Na-

tural Municipal do Pedroso, que está localizado no

município de Santo André, São Paulo, e possui uma

ampla área com vegetação nativa da Mata Atlân-

tica, e por conta disso, é considerada uma área de

conservação para garantir a proteção da biodiver-

sidade local. (PMSA, 2012).

O Parque Natural Municipal do Pedroso, cuja ges-

tão é realizada pelo SEMASA, é uma Unidade de

Conservação de Proteção Integral desde 1998 e

possui área equivalente a aproximadamente seis

vezes a do Parque do Ibirapuera, em São Paulo

(SEMASA, s/d). Foi realizada a trilha do Montanhão,

pela antiga Estrada que tinha o mesmo nome, e

que estava fechada para minimização de impactos

ambientais com realização de reflorestamento e

fiscalização, lembrando que um trecho da estra-

da se mantinha aberto para circulação de veícu-

los. Durante o percurso o monitor Daniel (agente

ambiental – SEMASA) esclareceu as dúvidas dos

jovens, destacando algumas informações: área

de acesso restrito (fechada entre os anos de 2006

e 2007), onde foi possível observar a recupera-

ção natural e antrópica de uma área degradada.

O local visitado estava num estágio médio de recu-

peração, e a trilha foi um ótimo exemplo de recu-

peração de áreas degradadas. Os jovens também

foram levados à parte da Estrada que permanecia

aberta, para observarem as diferenças existentes

entre os dois locais. Ao final da trilha eles puderam

conhecer a área de reflorestamento do antigo “De-

safio Jovem”, local onde foi feito um plantio de mu-

das, como parte do processo de recuperação.

Apesar dos jovens do núcleo Parque Andreense

morarem em uma área de manancial, com Mata

Atlântica abundante e ao lado de um dos braços da

Represa Billings, os jovens não tinham o costume

de realizar trilhas ou observar todo o ambiente que

os cercavam de uma maneira diferenciada, pois

por residirem no local, àquela paisagem vista nas

No início dos trabalhos no núcleo Parque Miami, os

jovens ficaram surpresos e curiosos, pois foram in-

centivados a olhar à sua volta, pesquisar, fotografar,

falar e produzir o seu próprio conhecimento sobre

as questões ambientais locais.

Alguns problemas foram apontados, destacando

o descarte irregular de resíduos, tanto na região

quanto na própria escola onde estudam. Todos os

registros dos jovens se transformaram em vídeos,

jornais, músicas e apresentações e o assunto foi

muito bem explorado e socializados nos encontros.

Cabe aqui, o destaque para o tema sobre Percep-

ção Ambiental. Houve grande receptividade, inte-

resse e participação de todos deste núcleo.

O núcleo Parque Escola bem como os outros nú-

cleos elaboraram folhetos, mapa falado de seus

bairros, alguns jogos com temas ambientais, e rea-

lizaram pesquisas, iniciando o contato com as ferra-

mentas digitais no computador.

AS VISITAS A CAMPO

As visitas técnicas foram realizadas com o objetivo

de complementar o ensino e aprendizagem cons-

truídos em aulas teóricas e levar os jovens para

contemplação dos ambientes naturais em área de

manancial do nosso município.

Em Santo André temos duas Unidades de Con-

servação (UCs). Essas áreas são conhecidas como

parques e reservas. São espaços territoriais que

possuem recursos ambientais, com características

naturais relevantes e tem a função de garantir o

equilíbrio do ecossistema.

Estas áreas estão sujeitas a normas e regras espe-

ciais. São legalmente criadas pelos governos fe-

deral, estaduais e municipais, após a realização de

estudos técnicos dos espaços propostos e, quando

necessário, consulta à população. (MMA, s/d)

32

Page 33: Ebook - Projeto Pegada Jovem - Fumgesan

Os jovens do Parque Miami puderam falar mais so-

bre a região para os jovens do núcleo Pignatari, já

que residem no entorno.

Essas realidades diferentes foram importantes para

discussões no grupo sobre os pontos positivos e

negativos de se viver na cidade e em áreas mais

preservadas, e eles puderam ver de perto a impor-

tância da área do Parque do Pedroso para o abaste-

cimento de água de Santo André.

A segunda visita a campo foi no Parque Natural Mu-

nicipal Nascentes de Paranapiacaba, que também

é uma Unidade de Conservação (UC) de proteção

integral, ou seja, não pode ser habitada pelo ho-

mem, sendo admitido apenas o uso indireto dos

seus recursos naturais – em atividades como pes-

quisa científica e turismo ecológico, por exemplo.

(WORLD WIDE FOUND – WWF, s/d).

Localizado no município de Santo André com uma

área total de 400 hectares, conserva boa parte re-

manescente da Mata Atlântica do município. Atu-

almente possui cinco trilhas para utilização pública.

(PMSA, 2013).

A visita teve ótimo rendimento e aproveitamento

pelos alunos do Pegada Jovem.

Chegando à Vila os alunos foram informados sobre

a história de criação da mesma, como aconteceu o

processo de urbanização e de como o Parque Nas-

cente de Paranapiacaba auxilia no abastecimento

Unidades de Conservação era algo comum de seu

cotidiano. As novidades para os jovens foram os

processos de recuperação ambiental demonstra-

dos no Parque do Pedroso e os sistema de abaste-

cimento no Parque Natural Municipal Nascentes de

Paranapiacaba. Além disso, tais visitas propiciaram

os primeiros encontros com os jovens do Núcleo

Parque Escola, que inicialmente foi realizado com

certo estranhamento, mas que ao longo do Proje-

to foi sanado com atividades de integração entre

grupos.

Foi possível junto com os jovens contemplar e en-

tender a importância da preservação e de como

contribuir para esta prática em outros locais. Foram

Foto 17 - Visita ao Parque do Pedroso

observadas plantas e árvores nativas e exóticas, a

diversidade da fauna, a interferência do ser huma-

no no meio e seu impacto, tais como, abertura de

trilhas para caça, disposição inadequada de resídu-

os, moradias irregulares (que foram remanejadas e

estavam em processo de recuperação).

Com relação às visitas ao Parque Nascentes e

Parque do Pedroso, é importante destacar que a

maioria dos jovens desconhecia os locais, apesar

da maior parte deles morar em Santo André.

Foto 18 -Visita a Campo no Parque Natural do Pedroso. Trilha do Montanhão.

Os jovens, a biodiversidade de Santo André e a educomunicação 33

Page 34: Ebook - Projeto Pegada Jovem - Fumgesan

Os jovens, a biodiversidade de Santo André e a educomunicação

de água e na conservação da diversidade de fau-

na e flora existentes. Os grupos foram misturados

e após divididos em dois grupos, participaram de

uma atividade dentro das trilhas e ao final se re-

encontraram. Foi uma atividade muito agradável,

os jovens adoraram este contato com as árvores e

biodiversidade.

Além do tema biodiversidade, foi trabalhado tam-

bém a percepção ambiental, e as visitas técnicas

foram muito produtivas. O núcleo do Parque Miami

ao final do encontro resumiu a atividade em duas

palavras: “felicidade e paz”.

Os grupos tiveram opiniões parecidas com relação

às visitas às Unidades de Conservação, comentaram

sobre a importância das nascentes, animais não per-

tencentes à fauna local, a importância da conservação

das áreas de mananciais e as florestas.

Considerando as indicações dos grupos de como

as informações apreendidas poderiam ser “trans-

mitidas para a população”, as educadoras junto

com os jovens destacaram as diferenças entre car-

taz, folheto, livro e cartilha ressaltando os aspectos

positivos e negativos de cada material consideran-

do a sua utilização em trabalhos informativos ou

educativos e a importância de adequar a lingua-

gem a cada tipo de público.

Foi realizada uma atividade na qual os jovens si-

mularam que faziam parte de uma empresa de

comunicação e realizaram o planejamento para

elaboração da cartilha em 3 etapas: 1.briefing (le-

vantamento de informações básicas para elabora-

ção do material); 2.Discussão do conceito gráfico

(que tipo de imagens, cores, paginação etc) e 3.Dis-

cussão do conteúdo da cartilha (elaboração do ro-

teiro gráfico e conteúdo em tópicos).

PRODUZINDO AS CARTILHAS

Após os encontros sobre a Mata Atlântica, biodiver-

sidade e Unidades de Conservação, os jovens do

Núcleo Parque Andreense deram início ao proces-

so de elaboração da Cartilha sobre estes temas.

Para iniciar o planejamento do material os

jovens foram indagados sobre o que a comu-

nidade deveria saber sobre o viram e viven-

ciaram e de que forma estas informações po-

deriam ser compartilhadas.

Foto 19 – Jovens no Parque Nascentes

34

Page 35: Ebook - Projeto Pegada Jovem - Fumgesan

Com relação às atividades voltadas à educomuni-

cação, os jovens do núcleo Pignatari começaram

a desenvolver os passatempos para a cartilha de

Mata Atlântica. Eles tiveram facilidade para essas

atividades, pelo conhecimento prévio em infor-

mática, em especial com o programa Microsoft

Publisher, e também elaboraram os passatempos

para as cartilhas, como caça-palavras, certo e erra-

do, labirinto, sete erros.

Os jovens do Núcleo Parque Escola escreveram a car-

tilha sobre Áreas Verdes. Os jovens do Parque Miami

escreveram a cartilha de Manancial. O Nucleo Chá-

cara escreveu a cartilha de Áreas de Risco e o Núcleo

Parque Andreense escreveu a cartilha de Mata Atlân-

tica. Após as pesquisas ficaram impressionados com

a quantidade de parques que Santo André possui.

Muitos não conheciam a maioria deles.

Foto 20 - Processo de planejamento do roteiro gráfico da cartilha pelos jovens do Núcleo Parque Andreense

Foto 21 - Elaboração da cartilha Mata Atlântica no laboratório de informática pelos jovens do Núcleo Parque Andreense

Os jovens, a biodiversidade de Santo André e a educomunicação

A cartilha foi o primeiro material mais extenso de edu-

comunicação produzido pelos jovens, o resultado foi

positivo e propiciou um verdadeiro trabalho em equi-

pe. De acordo com SOARES (2001), a educomunicação

trabalha a partir do conceito de gestão comunicativa e

isso inclui um conjunto de ações de planejamento, im-

plementação e avaliação do processo potencializando

o processo de ensino-aprendizagem, não só entre os

jovens, mas também entre eles e a comunidade na

qual estão inseridos. A educomunicação é dialógica

e inclusiva e assim, aos poucos, no Projeto Pegada Jo-

vem foi estimulando maior autonomia, participação,

apropriação local e protagonismo dos jovens.

O título para a cartilha desenvolvida pelos jovens

do Núcleo Parque Andreense foi “Mata Atlântica –

de que lado você está?”, a idéia do grupo foi ques-

tionar o leitor se o mesmo está do lado da degrada-

ção ou da conservação deste Bioma.

35

Page 36: Ebook - Projeto Pegada Jovem - Fumgesan

Trocando olhares e percepções sobre a cidade

TROCANDO OLHARES E PERCEPÇÕES

SOBRE A CIDADE

36

Page 37: Ebook - Projeto Pegada Jovem - Fumgesan

Trocando olhares e percepções sobre a cidade

Tabela 2 – Questões norteadoras para o debate quanto às áreas de mananciais e áreas verdes urbanas.

TEMA QUESTÕES

MananciaisO que a área em que

moram tem a ver com a crise hídrica?

O que há de positivo e negativo?

Como a comunidade pode ajudar na conservação dos mananciais?

Áreas verdes urbanas

O que a área em que moram tem a ver com a

crise hídrica?

Quais as semelhanças entre as áreas verdes urbanas e as áreas

de mananciais?

Como a comunidade pode usufruir destes espaços

“As pessoas que convivem num território têm de passar a co-

nhecer os problemas comuns, as alternativas, os potenciais

.... trata-se de uma educação mais emancipadora na medida

em que assegura à nova geração os instrumentos de interven-

ção sobre a realidade que é a sua... é preciso “redescobrir” o

manancial de conhecimentos que existe em cada região, valo-

rizá-lo. Conhecimentos técnicos são importantes, mas têm de

ser ancorados na realidade que as pessoas vivem, de maneira

a serem apreendidos na sua dimensão mais ampla”.

DOWBOR, 2007 (p. 80 e 90)

Não há processo educativo efetivo que não

considere o contexto em que as pessoas es-

tão inseridas e a relação que estas têm com o

território em que vivem. Sob esta perspectiva,

o Projeto Pegada Jovem, por meio de suas ati-

vidades e metodologia baseadas em temas

geradores e educomunicação, teve a realidade

do munícipio como ponto de partida em todas

as suas ações.

A fim de relacionar e integrar as diferentes re-

alidades das Macrozonas Urbana e de Prote-

ção Ambiental, alguns temas geradores foram

abordados a partir das comparações entre as

percepções que os jovens tinham sobre cada

área tanto em relação às disparidades quanto

às similaridades.

Os temas geradores mananciais e áreas verdes

urbanas possibilitaram a integração de todos

os jovens do projeto, pois a princípio foram

levantadas as percepções que tinham sobre

estas áreas e em um segundo momento, os

grupos se reuniram para mostrar na prática

tais percepções aos demais Núcleos do Pe-

gada Jovem, o que foi muito rico, pois houve

uma fusão entre o que eles pensavam sobre

estes locais e os aspectos positivos e negativos

sob a ótica de quem convive diretamente com

cada realidade, ou seja, na área urbana ou na

área de manancial.

No Núcleo Pegada Jovem Parque Andreense,

foram feitas simulações práticas para que os

jovens percebessem a relação entre a con-

servação das florestas e demais áreas verdes

com a manutenção dos recursos hídricos.

A partir do que os jovens já haviam visto no

curso e a partir de notícias de jornal sobre a cri-

se hídrica e sobre os parques urbanos houve

uma reflexão com questões norteadoras con-

forme abaixo:

37

Page 38: Ebook - Projeto Pegada Jovem - Fumgesan

Trocando olhares e percepções sobre a cidade

As discussões de cada tema foram feitas inicialmen-

te em grupos diferentes e após com a turma toda.

Foi perceptível a familiaridade do grupo que discu-

tiu sobre a área de manancial em relação ao grupo

que apresentou suas opiniões sobre as áreas verdes

urbanas, isso está intimamente ligado às vivências

desses jovens, pois residiam em uma Área de Pro-

teção Ambiental.

Esta atividade teve grande importância não só para

estimular a reflexão sobre a cidade de Santo André,

seus mananciais e áreas verdes urbanas, mas prin-

cipalmente para que os jovens estabelecessem re-

lações entre o local e o global. As questões sobre a

crise hídrica possibilitaram um olhar mais ampliado

quanto aos temas trabalhados e a interdependên-

cia dos problemas e da disponibilidade de recursos

naturais em esfera micro e macro.

DOWBOR (2007, p.86), afirma que vivemos na era

do conhecimento e isso “exige muito mais conhe-

cimento atualizado e inserido nos significados

locais e regionais, e ao mesmo tempo as tecno-

logias da informação e comunicação tornam o

acesso a esse conhecimento mais viável”. Por outro

lado, o autor lembra o desafio educativo de orga-

nizar este conhecimento para preparar educan-

dos para o “mundo realmente existente”, ou seja,

um mundo que é complexo e produzido pelas

relações sociais e destes com o meio ambiente.

A partir deste entendimento, a educação não deve

servir para que as pessoas possam simplesmente

escapar do local em que moram, mas para cons-

truir os conhecimentos necessários para ajudarem

a transformá-la.

As atividades práticas referentes aos temas gerado-

res mananciais e áreas verdes urbanas envolveram

visitas técnicas à Estação de Tratamento de Água e

Esgoto do município, ao Parque Escola e ao Parque

Andreense. Estas últimas como parte das ações de

intercâmbio do Projeto.

Foto 22 - Encontro sobre mananciais e áreas verdes urbanas – atividade mostrando a importância das áreas verdes para absorção da água pelo solo

Fotos 23 e 24 - visitas à Estação de Tratamento de Água e Esgoto

38

Page 39: Ebook - Projeto Pegada Jovem - Fumgesan

As visitas às estações de tratamento reforçaram a

importância do cuidado com a utilização da água

e seu desperdício.

A realização das atividades de intercâmbio foi feita

de modo que um Núcleo da Macrozona Urbana vi-

sitasse outro na Macrozona de Proteção Ambiental

e vice e versa, permitindo que os grupos interagis-

sem entre eles e conhecessem um local diferente

da realidade em que viviam.

O Núcleo Parque Andreense visitou primeiro o Nú-

cleo Parque Escola e alguns dias depois os jovens

do Parque Andreense recepcionaram os partici-

pantes do Parque Escola. Considerando outros

encontros em que as turmas estiveram juntas, os

jovens estavam bem ansiosos e receosos, pois a

primeira impressão que tinham um dos outros não

era positiva e o intercâmbio foi fundamental para

quebrar esta barreira que já existia entre eles.

Entre as atividades preparadas pelo grupo do Par-

que Escola, a que mais impactou o grupo foi a da

“caixa de presente”, pois no início ficaram tensos e

preocupados em se exporem, mas ao final perce-

beram que às vezes temos medo dos desafios e do

novo, mas os mesmos também podem ser bons e

contribuir com o nosso crescimento.

O processo de planejamento dos jovens do Nú-

cleo Parque Andreense inicialmente foi dividida

em quatro etapas: recepção, nosso bairro, o que

aprendemos e encerramento. Para estimular a re-

flexão do grupo do Parque Escola sobre a primeira

impressão que tiveram um sobre os outros foram

apresentadas imagens de pessoas e um pequeno

histórico sobre suas vidas.

Cada participante do outro grupo deveria escolher

uma das pessoas para passar um final de semana.

Depois das escolhas, foi revelado aos participantes

a verdadeira história de cada um e, demonstra-

do que apesar de ter algumas pessoas com boa

aparência, a história de sua vida pode esconder

um outro lado, totalmente oposto do que a sua

imagem, poder aquisitivo ou status demonstra na

primeira impressão. Com esta atividade, eles quise-

ram mostrar que às vezes, as aparências enganam

e finalizaram com uma discussão sobre a questão

do preconceito.

Para apresentação sobre “O lugar em que mora-

mos”, os jovens de cada bairro, falaram, mostraram

fotos e a localização no mapa do lugar em que

cada um deles morava, e comentaram também

do que poderia ser encontrado na região, as coisas

boas e ruins. Para o fechamento da apresentação,

fizeram um Rap, sobre as áreas de mananciais.

Rap: Agora é tempo de preservar

Moramos numa área com recursos naturais

Rios, lagos, áreas verdes que fazem dos mananciais

Uma das áreas mais especiais

È protegido por lei, não se pode poluir

Se não, para onde teremos que ir?

Quando perder, não adianta reclamar

Agora é tempo de tudo isso a gente preservar

Dara Ferreira Lima, 18 anos

Trocando olhares e percepções sobre a cidade 39

Page 40: Ebook - Projeto Pegada Jovem - Fumgesan

Trocando olhares e percepções sobre a cidade

Após foi feita uma gincana misturando os

jovens dos dois grupos a fim de resgatar

o que tinha sido visto no curso até aque-

le momento. Para o encerramento fizeram

uma caixa de presente com papel de revis-

ta e uma mensagem.

O entrosamento dos jovens foi muito po-

sitivo e todos demonstraram empenho

e dedicação, souberam trabalhar muito

bem em grupo e dividir responsabilidades.

Aprenderam a lidar com a timidez, alguns

conseguiram superar o medo de falar em

público e aprenderam a respeitar os me-

dos e limites de cada colega.

Tais atividades geraram como produto edu-

comunicativo, parte do conteúdo do “Infor-

mativo Pegada Jovem”. Os participantes do

Núcleo Parque Andreense elaboraram folhe-

tos sobre o tema manancial em duplas e de-

pois selecionaram em grupo as informações

seriam incluídas no cartaz do Projeto para

posterior intervenção na comunidade.

Fotos 25 e 26 Planejamento das atividades para recebimento dos jovens do Núcleo Parque Escola no CESA Luiz Gushiken e Escola de Formação Ambiental Billings

40

Page 41: Ebook - Projeto Pegada Jovem - Fumgesan

Fotos 27 e 28: Jovens dos Núcleos Pegada Jovem Parque Escola e Parque Andreense ao

Foto 29 - Jovens do Núcleo Pegada Jovem Parque Andreense elaboran-do os folhetos sobre as áreas de mananciais.

Figura 4 - algumas das ilustrações feitas pelos jovens para os folhetos

A cada encontro os jovens se mostraram mais

confiantes e ligados aos locais em que (2010, p.

19) citam como uma das vantagens de se traba-

lhar a educomunicação, isto é, “a comunicação

comunitária é capaz de conectar indivíduos e

instituições, estimulando o espírito de pertenci-

mento e de responsabilidade mútua em relação

a um determinado território.

No Núcleo Pegada Jovem Parque Miami, apre-

sentamos ao grupo as diversas percepções e

olhares sobre a nossa cidade destacando as áreas

de manancial e as áreas verdes urbanas. Os temas

foram abordados de uma forma interativa e des-

contraída, facilitando assim, a participação.

Destacamos que, em áreas naturais onde a ter-

ra não está impermeabilizada e há vegetação, a

água da chuva ao chegar ao solo será absorvi-

da de forma lenta e gradual, formando os len-

çóis freáticos. Já em áreas impermeabilizadas,

como as grandes cidades, a água não conse-

gue se infiltrar no solo e corre para locais baixos

ocasionando as enchentes.

Trocando olhares e percepções sobre a cidade 41

Page 42: Ebook - Projeto Pegada Jovem - Fumgesan

Trocando olhares e percepções sobre a cidade

Através das imagens apresentadas, os jovens pude-

ram “perceber” as diferenças ambientais presentes

em nossa cidade e se perguntarem? Afinal, onde é

que eu vivo? E onde é que eu moro? Nestes encon-

tros, os debates realizados foram direcionados para

que os jovens pudessem ampliar seus horizontes.

Quais os pontos positivos e negativos de se morar

em uma área de manancial? Quais as diferenças em

se morar em uma área urbana? Qual a importância

das áreas verdes urbanas?

As respostas foram surpreendentes, apesar de

apontarem diversos problemas na região, não gos-

tariam de morar na área urbana. Reconheceram

que a qualidade do ar era melhor, que a região

tinha muitas áreas verdes, incluindo o Parque Na-

tural do Pedroso (apesar de desconhecerem a sua

importância para a cidade). Neste ponto houve

um reforço nas informações para a valorização do

parque.

Quando as imagens da área urbana foram apre-

sentadas, a maioria disse que só se deslocava

para “Santo André” para utilização de serviços,

como: comércio, cursos específicos, shoppings

(raramente) e, que a maioria das vezes, retorna-

vam para casa com mal-estar e dor de cabeça

associados à “poluição”.

Foto 30 - Apresentação do tema

Foto 32 - Pesquisa

Foto 31 - Produção dos trabalhos

42

Page 43: Ebook - Projeto Pegada Jovem - Fumgesan

Como resultado destes encontros e dis-

cussões os jovens prepararam um material

(vídeo e apresentação de slides, músicas e

poesia) muito interessantes para ser apre-

sentado ao Grupo da Chácara Pignatari.

A proposta do intercâmbio entre os grupos causou

uma certa ansiedade nos jovens, que decidiram

“valorizar” tanto a escola que estudavam como

também a região onde residiam. Para encerrar o

intercâmbio, houve um debate caloroso entre os

jovens sobre as diferentes percepções sobre a cida-

de e o grupo da Chácara Pignatari foi convidado a

voltar em uma outra oportunidade para conhecer

o Parque Natural do Pedroso.

Foto 33 - Recepção ao grupo

Foto 34 - Apresentação dos jovens

Foto 35 - Troca de experiências

Na visita do grupo do Parque Miami à Chácara

Pignatari os jovens participaram de uma trilha

surpresa de modo a terem que encontrar pistas

durante o percurso.

Ao final da atividade esta pista foi apresentada e ex-

plicada pelos monitores a todos os jovens do Par-

que Miami. Por fim, os jovens da Chácara Pignatari

encerraram a visita encenando uma esquete teatral

retratando a vida cotidiana dos jovens que residem

em área urbana. Nesta apresentação exemplifica-

ram o modo de vida que cada um enfrentava em

relação aos aspectos positivos e negativos de se

viver na área urbana, por exemplo: acesso fácil a

shoppings, transportes, instituições de ensino.

Porém, péssima qualidade do ar, poluição sonora,

transportes lotados, enchentes etc.

Trocando olhares e percepções sobre a cidade 43

Page 44: Ebook - Projeto Pegada Jovem - Fumgesan

Trocando olhares e percepções sobre a cidade

Para encerrar, houve um debate entre os jovens so-

bre as diferenças entre os equipamentos públicos

que a Chácara Pignatari possuía e que no Parque

Natural do Pedroso não exisitia, como: pista de

skate, quadra de tênis, entre outras opções de lazer

que um parque urbano apresenta.

No Núcleo Pegada Jovem Parque Escola ao tra-

balhar as questões ambientais com os jovens, no

tema Biodiversidade e Mananciais, observamos

que apesar do nosso município ter mais da meta-

de de sua superfície como extensão de manancial,

os jovens do núcleo Parque Escola tinham pouco

conhecimento sobre o que é e onde se localiza em

nossa cidade. Para facilitar o aprendizado sobre os

temas acima citados, conforme estava proposto

no cronograma do curso, os jovens participaram

de duas visitas de campo, às Unidades de Conser-

vação Parque Natural do Pedroso e Parque Natural

Municipal Nascentes de Paranapiacaba. Além do

conteúdo ministrado em aula eles puderam con-

templar na prática o que é uma área de manancial

e vivenciar sua biodiversidade.

Como parte do projeto, foram programados e re-

alizados dois intercâmbios entre o núcleo Parque

Escola e o núcleo Parque Andreense, cada um vi-

sitou e conheceu o local em que são ministrados

os cursos do outro núcleo.

Porém, antes do intercâmbio, numa visita de

campo ao Parque Natural do Pedroso os dois nú-

cleos se encontraram no fim da visita. Não houve

uma preparação de integração prévia e isso ge-

rou um mal estar entre os núcleos. Percebemos

que houve uma “disputa” de território, comum

entre os jovens, e gerou um conflito negativo

entre as duas turmas. Essa questão foi trabalha-

da com cada núcleo antevendo o encontro no

intercâmbio.

Aulas após iniciamos o processo de planejamento

do intercâmbio, os jovens do Parque Escola se or-

ganizaram em grupos e decidiram recepcionar os

jovens do Parque Andreense com quatro ativida-

des: recepção e apresentação do núcleo Parque

Escola, uma dinâmica (Dinâmica do Presente) e

trilha monitorada no parque e encerramento com

um lanche comunitário. Infelizmente o dia estava

muito chuvoso, e fez com que mudássemos a pro-

gramação planejada.

Nesse dia, também, recebemos os nove alunos novos

no núcleo, compondo um grupo de vinte e seis alunos.

Na dinâmica do presente, tínhamos uma caixa de

presente e dentro um desafio, e alguns papéis escrito

“passe livre”. A primeira pessoa que pegou o presente

escolheu uma outra pessoa e entregou o embrulho, a

pessoa que recebeu tinha a chance de aceitar o “desa-

fio” ou pegar o “passe livre” e passar o embrulho a ou-

tra pessoa. O presente foi passado por alguns alunos

até que uma das meninas do núcleo Parque Escola

aceitou o presente “desafio”. Dentro do embrulho ha-

via uma caixa de chocolate, e um papel escrito: “Desa-

fio: Coma, e divida com os amigos”. Mostramos nesta

dinâmica que aceitar o que é novo, às vezes, nos causa

receio, e nem tudo que parece é. O embrulho tinha

um desafio, e desafios nos trazem medo, mas quem o

aceitou teve uma agradável surpresa, assim como os

dois núcleos em seu primeiro encontro, que não acei-

taram o desafio de se conhecer melhor escolheram o

“não conhecer”, por receio ou medo, mas que neste

intercâmbio puderam “abrir” a guarda e se conhecer

melhor, e tiveram a agradável surpresa de percebe-

ram que os jovens do núcleo Parque Escola são pa-

recidos com os jovens do núcleo Parque Andreense,

tem as mesmas idades, estudam nos mesmos anos,

passam pelas mesmas situações como adolescentes,

e apesar de morarem em locais e com estruturas dife-

rentes, tem metas e sonhos parecidos.

Foto 36 - Visita à Chácara Pignatari

44

Page 45: Ebook - Projeto Pegada Jovem - Fumgesan

Foto 37 - Visita à Chácara Pignatari

Após essa “quebra de gelo”, tivemos o segun-

do intercâmbio. Os jovens do Parque Esco-

la foram até o núcleo dos jovens do Parque

Andreense, e foram muito bem recebidos.

Eles fizeram uma dinâmica sobre a primeira

impressão, e foi muito bem recebida pelos jo-

vens visitantes. O dia estava lindo, e os jovens

aproveitaram o espaço ao ar livre para juntos

e misturados fazerem algumas brincadeiras.

Resultado: Positivo! A meta foi alcançada. Os

jovens se integraram, e entenderam que estão

caminhando para um mesmo objetivo.

Após os intercâmbios iniciamos a elaboração

da cartilha, foi outro desafio. Percebemos

que os jovens apesar de estarem num mun-

do cheio de tecnologias e de facilidades, têm

muita dificuldade para elaboração de textos

e uso de programas de edição de texto no

computador. Além do conteúdo da cartilha

ensinamos à eles o uso do Word, do Publisher

e do Power Point, programas do Pacote Office

do Windows.

Trocando olhares e percepções sobre a cidade 45

Page 46: Ebook - Projeto Pegada Jovem - Fumgesan

Pegada Jovem na Comunidade

PEGADA JOVEM NA COMUNIDADE

46

Page 47: Ebook - Projeto Pegada Jovem - Fumgesan

Pegada Jovem na Comunidade

“Gosto de ser homem, de ser gente, porque sei que a minha

passagem pelo mundo não é predeterminada, preestabeleci-

da. Que o meu “destino” não é um dado, mas algo que preci-

sa ser feito e de cuja responsabilidade não posso me eximir.

Gosto de ser gente porque a História em que me faço com os

outros e de cuja feitura tomo parte é um tempo de possibili-

dades e não de determinismo.”

FREIRE, 1996 (p. 53)

O Projeto Pegada Jovem adotou como premissa a

educação crítica para transformação social, sensibili-

zando e estimulando a mobilização dos jovens para

que aplicassem de alguma forma os conhecimentos

construídos ao longo do projeto em suas vidas e em

suas comunidades, pois assim como FREIRE acredita-

mos que a História não é estática, é cíclica, por isso, a

participação ativa em que interagimos com o meio na

condição de sujeitos é aquela que cria possibilidades

para as mudanças socioambientais.

A participação como um dos objetivos da educação

ambiental esteve presente no Pegada Jovem em

vários momentos, a participação nas discussões,

nas atividades práticas e nas atividades de campo.

Inicialmente muito dos jovens se mostraram mais

tímidos e aos poucos foram exercendo uma parti-

cipação mais ativa que ao final do curso culminou

em intervenções nas comunidades que abrangiam

cada Núcleo.

Antes de planejar a intervenção propriamente dita,

foram trabalhados os temas geradores: gestão de

riscos ambientais e o protagonismo jovem, ambos

tiveram certo impacto sobre os jovens conforme

relatamos a seguir.

A parte teórica sobre gestão de riscos teve como

objetivos principais apresentar os tipos e graus de

riscos; além de apresentar o trabalho da Defesa Ci-

vil. Muitos dos jovens relataram desconhecer o que

realmente faz a Defesa Civil no município, o que foi

importante no sentido de conhecerem o trabalho e

o dia-a-dia do trabalho.

De certa forma, a abordagem dos temas gestão de

riscos e protagonismo jovem foram importantes

ao serem trabalhadas em sequência, já que muitas

questões sobre a prevenção de riscos de desas-

tres envolvem a importância da multiplicação da

informação entre as pessoas; papel que os jovens

podem desenvolver com a família, escola, vizinhos

e amigos.

Segundo o PNUD – Programa das Nações Unidas

para o Desenvolvimento, incorporar o tema dos de-

sastres nas políticas e programas voltados ao desen-

volvimento sustentável, por meio da gestão integrada

com foco no engajamento comunitário e participa-

ção de todos, possibilitará a construção de cidades

mais seguras e redes de proteção social para prevenir

desastres e promover qualidade de vida.

Ao trabalharmos a questão dos riscos de desastres

com os jovens através da educação e sensibilização

sobre as ameaças e riscos a que estão expostos, foi

possível discutir a importância de cada um estar

mais bem preparado e saber responder correta-

mente aos alertas locais de desastres nas suas co-

munidades.

INFORMAR E SER

INFORMADO

SOCORRER E SER

SOCORRIDO

ALERTAR E SER

ALERTADO

PROTEGERE SER

PROTEGIDO

A PROTEÇÃO CIVILUMA TAREFA DE

TODOS PARA TODOS

47

Page 48: Ebook - Projeto Pegada Jovem - Fumgesan

Pegada Jovem na Comunidade

Os jovens receberam informações importantes

sobre as ações da Defesa Civil, como o Plano Muni-

cipal de Redução de Riscos, o Programa Operação

Chuvas de Verão, o monitoramento climático rea-

lizado através dos pluviômetros automáticos e se-

mi-automáticos (comunitários), estações meteoro-

lógicas e câmeras de monitoramento instaladas às

margens de rios, córregos e um piscinão municipal.

Também puderam conhecer mais sobre o sistema

de alarme preventivo via SMS e o papel dos Nupde-

cs – Núcleos Comunitários de Proteção e Defesa Ci-

vil, formados por moradores preparados nas ações

de prevenção e a agir em situações de riscos.

As discussões sobre gestão de áreas de risco no

município foram aprofundadas em uma visita de

campo a duas áreas de risco localizadas na Macro-

zona Urbana de Santo André, para que pudessem

conhecer uma área sujeita a deslizamentos de terra

e outra a inundações.

As visitas à campo foram divididas e feitas com dois

grupos de cada vez. O ponto de encontro da ativi-

dade foi o CESA Cata Preta, onde foram recebidos

pela equipe da Defesa Civil que explicou sobre o

trabalho realizado nas áreas de risco.

Foto 38 - Fabio Formigoni, da Defesa Civil, na palestra sobre riscos ambientais para a Turma do Parque Miami.

Foto 39 - Umberto Bittar, da Defesa Civil orientando os jovens das turmas do Parque Escola e Parque Andreense sobre o funcionamento do pluviômetro no CESA Cata Preta.

No CESA os jovens também puderam conhecer e

receber informações sobre um dos pluviômetros

semiautomáticos instalados no município. A pró-

pria equipe do CESA é quem faz as medições diárias

dos índices de chuvas e encaminha mensalmente

para a Defesa Civil, permitindo aprimorar o moni-

toramento climático e registrar em banco de dados

essas informações importantes para as ações de

prevenção.

48

Page 49: Ebook - Projeto Pegada Jovem - Fumgesan

Foto 40 e 41 - Câmeras de monitoramento nos rios e córregos e página de visualização das Estações Meteorológicas do Semasa.

Ao conhecerem o pluviômetro os jovens puderam

associar à parte teórica, sobre o monitoramento da

Defesa Civil por meio dos sistemas e câmeras.

Após as explicações sobre os pluviômetros, os jo-

vens foram orientados por meio do mapa da área

do Jd. Irene, do Plano Municipal de Redução de Ris-

cos, para que visualizassem no campo como ficou a

área após as remoções preventivas, em que foram

removidas cerca de 200 famílias somente nessa

área, suscetível a riscos de deslizamento.Foto 42 - Mapa utilizado para visualização dos jovens para orientações sobre a visita ao Jardim Irene.Foto: PMRR – Plano Municipal de Redução de Riscos de Santo André, 2014.

Foto 43 - Cícero Marcos Ramos da Defesa Civil, orientando os jovens das turmas do Parque Andreense e Parque Escola, sobre a visita ao Jardim Irene.

Pegada Jovem na Comunidade 49

Page 50: Ebook - Projeto Pegada Jovem - Fumgesan

Pegada Jovem na Comunidade

Como forma de otimizar a visita dos jovens, eles fo-

ram divididos em dois grupos, enquanto um deles

estava na área do Jardim Irene, o outro realizava a

atividade na área da Maurício de Medeiros.

Os jovens do Núcleo Parque Andreense, por mo-

rarem em área de manancial já conviviam com

uma realidade bem diferente da área urbana

que como eles mesmos diziam tinha muitas coi-

sas boas, mas tinha muitas ruins também, porém

ao realizarem esta visita de campo, mudaram al-

gumas de suas opiniões, pois se depararam com

problemas de risco que impactam de forma bem

negativa a vida das pessoas que residiam no

bairro visitado, principalmente em períodos de

chuva. Os participantes do Projeto, puderam co-

nhecer tanto os problemas quanto as possíveis

ações de prevenção e o trabalho que é feito pela

equipe da Defesa Civil da Cidade. Foto 44 - Turma do Parque Miami e Chácara Pignatari na visita monitorada ao Jardim Irene

Foto 45 - Turmas do Parque Escola e Parque Andreense na área da Av. Maurício de Medeiros

50

Page 51: Ebook - Projeto Pegada Jovem - Fumgesan

Nenhum dos jovens do Núcleo Parque Andreense

imaginava existir um local como o qual visitaram.

Puderam refletir sobre os perigos de construir um

imóvel perto de córregos, rios ou barrancos e das

construções sem planejamento e autorização da

Prefeitura. Além disso, já no retorno da visita muitos

comentaram que reclamavam de onde moravam,

mas que já não viam seus bairros e a falta de infra-

estrutura como antes, pois as áreas de risco apre-

sentam realidades bem piores, como descreve o

depoimento a seguir:

“A visita à área de risco no Jd. Irene me impactou muito,

olhar aquelas casas em risco umas próximas das outras,

pessoas sem privacidade dentro de sua própria casa, pró-

ximas a córregos... me fez pensar sobre a importância das

áreas de mananciais. Não deixar construir, não poluir e o

quanto sou privilegiada de morar em uma área de ma-

nancial, apesar de ser longe de comércios, posto de saúde,

das ruas serem de terra, mas que ainda assim tem um va-

lor muito grande para todos nós”.

Dara Ferreira Lima, 18 anos

(Núcleo Parque Andreense)

Neste caso, a sensibilização se deu pelo impacto

que sentiram durante a atividade. Considerando os

objetivos da educação ambiental, cabe salientar a

importância da sensibilização, pois são nestes pro-

cessos que o campo afetivo dos participantes é esti-

mulado para que se motivem para alguma reflexão

ou ação. A falta do momento de sensibilização faz

com que os indivíduos não valorizem determina-

das ações ou causas, portanto, o processo educati-

vo deve ir além da simples informação que por si só

não estimula ou provoca as mudanças necessárias

(DIAS, 2003).

Os jovens do Parque Miami puderam associar as

informações recebidas durante a visita com os re-

centes deslizamentos em decorrência das fortes

chuvas, ocorridos próximos ao local onde residem.

Houve bastante interesse e participação, os jo-

vens esclareceram diversas dúvidas e fizeram

inúmeros questionamentos quanto a Lei Muni-

cipal de Zoneamento Urbano. A equipe técnica

esclareceu que os riscos existem, para tanto são

controlados e monitorados pelos agentes de De-

fesa Civil e sobretudo, por moradores represen-

tantes do Nupdecs.

Já para os jovens da turma do Chácara Pignatari e

Parque Escola, a visita nas áreas de risco também foi

importante para que conhecessem outra realida-

de, já que a maior parte deles não conhecia locais

como os visitados.

Foto 46: Visita de Campo ao Jardim Irene – Núcleo Pegada Jovem Parque Andreense

Foto 47 - Turmas Parque Miami e Chácara Pignatari na visita ao Jardim Irene.

Pegada Jovem na Comunidade 51

Page 52: Ebook - Projeto Pegada Jovem - Fumgesan

A turma do Parque Miami apresentou muito in-

teresse sobre o tema, o que motivou a equipe de

coordenação desta turma a organizar uma visita

monitorada no entorno da escola para reconheci-

mento das áreas de risco do Parque Miami e possí-

veis orientações aos moradores.

Foto 48 - Turma Parque Miami fazendo reconhecimento dos riscos na área do entorno da escola

Foto 50 - Atividade no laboratório de informática com a turma do Parque Miami, para produção dos materiais de educomunicação.

Figura 7: Conteúdo de um dos cartazes sobre área de risco elaborada pelos jovens do Núcleo Parque Andreense

Foto 49: Discussão inicial para elaboração de cartazes sobre o tema áreas de risco - Núcleo Pegada Jovem Parque Andreense

Após a realização das atividades de campo, os jo-

vens produziram materiais de educomunicação

sobre o tema gestão de riscos, para a produção da

cartilha temática.

Os jovens do Núcleo Parque Andreense fizeram carta-

zes abordando três questões: como podemos ajudar;

o que podemos fazer para evitar as situações de risco

ambiental e como reconhecer essas áreas.

Pudemos verificar que as visitas a campo foram

fundamentais para a percepção dos riscos pelos

jovens e que também geraram discussões sobre as

questões sociais, de condição de vida das pessoas.

Como descreve LIMA, 2006, “A inserção da temá-

tica de Defesa Civil nas escolas, permite o desen-

volvimento de princípios que proporcionam uma

nova construção de valores e capacidades funda-

mentais para a reflexão e transformação gradual

da realidade das comunidades locais”.

Pegada Jovem na Comunidade52

Page 53: Ebook - Projeto Pegada Jovem - Fumgesan

Figura 8, 9 e 10 - Materiais produzidos pelos jovens sobre a temática dos riscos ambientais

Ao decorrer de todo o projeto o tema gerador

protagonismo jovem esteve implícito nas diversas

atividades realizadas, mas era necessário entender

também como os grupos se viam comparando-os

a outras gerações de jovens e o que sabiam sobre

as Políticas Públicas para a Juventude e as possibili-

dades de participação e controle social abertas aos

jovens. Houve dois encontros específicos em que

os grupos puderam debater sobre estes assuntos,

muitos não conheciam tais políticas e afirmaram

que a geração atual tem mais possibilidades de

ampliação de seus conhecimentos do que gera-

ções passadas, pois os meios de comunicação são

mais amplos.

Também foram discutidos temas como a redu-

ção da idade penal, drogas, violência contra a

mulher e a reorganização das escolas estaduais,

para que ficasse mais claro a importância do

protagonismo jovem sobre temas debatidos na

esfera nacional e local atualmente.

Outro assunto que gerou polêmica foi a questão dos

rótulos ligados à juventude. Para discutir este assun-

to os jovens participaram da dinâmica dos rótulos,

em que recebiam certas caracterizações sem que

soubessem e a partir do modo que estavam sen-

do tratados deveriam inferir qual seria o seu rótulo.

Pegada Jovem na Comunidade 53

Page 54: Ebook - Projeto Pegada Jovem - Fumgesan

Os jovens conseguiram identificar facilmente as

características pelas quais haviam sido rotulados.

Perceberam como foram tratados pelos colegas e

se sensibilizaram quanto ao mal estar gerado por

serem rotulados de algo de que na realidade não

eram. Questões sobre liderança, conflitos e o prota-

gonismo juvenil também foram discutidas.

O conceito de protagonismo pode ter di-

versas interpretações, sob a perspectiva do

Projeto Pegada Jovem, este tema não foi tra-

balhado apenas sob seu aspecto conceitual, mas

também prático, ou seja, houve um estímulo

e mediações dos educadores para que os jo-

vens desenvolvessem ou aprimorassem suas

habilidades participativas para que pudes-

sem interferir em situações concretas que

envolviam seus círculos sociais, suas escolas,

suas comunidades e sua cidade. De acordo

com COSTA e VIEIRA (2006, p.238):

“...o protagonismo do ponto de vista da sua importância

para o desenvolvimento pessoal e social do adolescente, ele

é um direito. Sem esse espaço de descoberta e experimenta-

ção social, a transição para o mundo adulto será certamente

mais incompleta, limitada e vazia de um certo tipo de prá-

tica e vivência fundamentais para a vida. Por outro lado, se

olharmos o protagonismo do ponto de vista da família, da

escola e da comunidade, não podemos deixar de percebê-lo

como um dever. O chamado, a convocação ao envolvimento

em questões reais da vida escolar, comunitária e social mais

ampla, é antes de mais nada um apelo à consciência ética e

ao compromisso cidadão do adolescente com a comunidade

onde sua vida se desenvolve”.

Pelo exposto, o protagonismo juvenil envolve uma

intencionalidade que deve se refletir em ações co-

tidianas, porém é um processo, cujo resultado se

percebe a médio e longo prazo.

Como parte do Projeto, os jovens do Núcleo

Parque Andreense planejaram e realizaram in-

tervenções na comunidade em que residiam.

O planejamento da intervenção partiu dos principais

problemas ambientais identificados pelos jovens, os

quais foram priorizados em três eixos: água, biodi-

versidade e desmatamento. De acordo com o local e

o público escolhido por eles, as melhores estratégias

sob o ponto de vista do grupo foram:

• Realização de peça teatral, gincana e músi-

ca para crianças de 9 e 10 anos da EMEIEF do

Parque Andreense;

• Conversa com moradores e colagem de carta-

zes em comércios do bairro/loteamento.

Houve grande empenho de todo o grupo no pre-

paro das atividades e o resultado foi positivo, pois

houve integração e cooperação mútua entre os

jovens. Os mesmos puderam expor alguns de suas

habilidades ligadas às artes e à música.

Na intervenção na escola, foram atendidos 40 alu-

nos e nas ruas do bairro cerca de 20 pessoas e 7

comércios.

Foto 51 - Jovens do Núcleo Parque Andreense durante a dinâmica dos rótulos

Pegada Jovem na Comunidade54

Page 55: Ebook - Projeto Pegada Jovem - Fumgesan

Foto 52: Jovens do Núcleo Parque Andreense na finalização da peça “Todos pela água” para os alunos da EMEIEF do Parque Andreense

Foto 54: Gincana de perguntas e respostas feita pelos jovens do Núcleo Parque Andreense

Fotos 55 e 56: Abordagem de moradores feita pelos jovens do Núcleo Parque Andreense

Foto 53: Apresentação musical feita pelos jovens do Núcleo Parque Andreese – Natureza, a mais linda riqueza

Pegada Jovem na Comunidade 55

Page 56: Ebook - Projeto Pegada Jovem - Fumgesan

A intervenção na comunidade foi avaliada de for-

ma positiva pelos jovens conforme depoimentos a

seguir:

“Acho que a nossa intervenção na comunidade foi algo diferente, por-

que quando somos crianças temos mais facilidade para aprender

alguma coisa do que quando já estamos grandes. Foi incrível,

como elas interagiram com a gente! Sem vergonha de falar. A

gente se saiu bem, teve algumas falhinhas, mas correu tudo bem,

o improviso também foi legal, isso é melhor do que algo decora-

do. A gente nunca tinha feito isso, o que foi legal, foi tentar. Ter ido

nos comércios do bairro também foi interessante, hoje a maioria

das pessoas usa a internet, mas é importante ter a informação do

jeito que era antes, no papel, além de ser um trabalho que a gente

que fez, isso foi bem legal!”

Caique José Gomes Santos , 16 anos (Núcleo Pegada Jovem

- Parque Andreense).

“Hoje foi um dia especial, apresentar o que aprendemos para

as crianças, a importância da água no nosso planeta, a im-

portância das matas para que eles tenham a ideia de como

cuidar do meio ambiente, fiquei muito feliz”.

Dara Ferreira Lima, 18 anos (Núcleo Pegada Jovem - Par-

que Andreense)

A proposta para a intervenção na comunidade

pela turma do Chácara Pignatari teve como obje-

tivo levantar os conhecimentos dos comerciantes

sobre as questões mais atuais e locais relacionadas

ao conteúdo aprendido no curso. Essa proposta foi

importante pois ficou clara a percepção dos jovens

com relação à realidade local, já que o entorno do

Parque é formado por muitos comércios.

A proposta da aplicação desse questionário aos co-

merciantes também gerou discussões sobre temas

bem atuais, como a crise da água, o que mais uma

vez demonstrou que os jovens estão atentos à re-

alidade e ao contexto do cenário ambiental atual.

Para isso os jovens elaboraram um questionário

com quatro perguntas, sendo:

1 - Você sabe o que é área de manancial?

Sim – Dê um exemplo:

Não – Explique:

2 - Quem é culpado(a) pela crise hídrica em San-

to André?

Semasa e Prefeitura

São Paulo

Governo Estadual

A população (você)

3 - Você frequenta o Parque Pignatari?

Sim

Não

4 - Você acha que o Parque Pignatari é suficiente

para área verde em Santo André?

_________________________________________

_________________________________________

Pegada Jovem na Comunidade

Foto 57 e 58 - Intervenção com os comerciantes da Av. Vieira de Carvalho pela turma Chácara Pignatari

56

Page 57: Ebook - Projeto Pegada Jovem - Fumgesan

Pegada Jovem na Comunidade

O questionário foi aplicado aos comerciantes

da Av. Vieira de Carvalho. A maior parte deles foi

receptivo com os jovens, respondendo as ques-

tões; os comércios que estavam no momento

com clientes não foram trabalhados. Dessa forma,

foram entrevistados 16 comerciantes. Alguns co-

mércios permitiram que o cartaz do projeto fosse

fixado na entrada dos locais.

A conversa com os comerciantes também permi-

tiu aos jovens replicar os conhecimentos adquiri-

dos ao longo do curso.

Com relação aos resultados do questionário, os co-

merciantes que relataram não saber o que é área

de manancial foram orientados pelos jovens.

Quanto às respostas sobre a responsabilidade da crise

hídrica, a maior parte dos comerciantes entrevistados

atribuiu a responsabilidade ao governo estadual,

em segundo lugar atribuíram a responsabilidade à

população em geral devido ao desperdício e mau

usos da água. Também a maioria dos comerciantes

relataram frequentar o Parque Chácara Pignatari.

A maior parte dos entrevistados considera a área ver-

de do Parque Chácara Pignatari insuficiente para o

tamanho da área do município, e apesar dos comer-

ciantes terem conhecimento dos outros parques, ain-

da assim disseram que Santo André poderia ter mais

áreas verdes na parte urbana.

A turma do Parque Escola, iniciou o planejamento

da intervenção dos jovens na comunidade falan-

do sobre o Protagonismo Jovem, e a importância

do papel deles na sociedade. Cada jovem expôs o

que já fez ou o que gostariam de fazer como pro-

tagonistas do mundo em que vivem. E para na

prática, realizarem esse protagonismo formaram

três grupos, cada um fez uma “chuva de ideias” do

que poderiam realizar na comunidade, com tudo o

que aprenderam durante o curso. Surgiram ideias

como: fazer cartazes para expor nas escolas pró-

ximas, distribuir folhetos informativos na região

do Parque e fazer alguma intervenção dentro da

EMEIEF que do bairro.

Em conjunto, planejaram fazer uma peça de teatro

com fantoches dentro da escola EMEIEF Janusz

Korczak (Bairro Valparaíso) para as crianças de uma

sala de 1º ano sobre a importância da preservação

da natureza, sobre áreas de risco ambiental e so-

bre Mata Atlântica. E por fim planejaram percorrer

2) Quem é culpado pela crise hídrica em

Santo André?

Gráfico 4 – Sobre a Crise Hídrica em Santo André

Gov. Estadual

SEMASA/PSAPopulação

São Paulo

42,9% 28,6%

17,9%10,7%

3) Você frenquenta o Parque Pignatari?

Gráfico 5 – Gráfico sobre frequentadores do parque Pignatari

SIM

Às vezesNÃO31,3%

6,2%

62,5%

1) Você sabe o que é área de manancial?

Gráfico 3 - representação das respostas, sobre o entendimento sobre área de manancial

50% 50%

SIMNÃO

57

Page 58: Ebook - Projeto Pegada Jovem - Fumgesan

algumas ruas do bairro conversando com morado-

res sobre o Projeto Pegada Jovem e entregando os

cartazes.

Os jovens apresentaram a peça de teatro com

fantoches e as crianças adoraram, foram bem

participativas. Como temas abordaram as-

suntos ambientais atuais, tais como: a falta de

água e o acontecimento recente do rompimen-

to da barragem em Mariana (MG). Em seguida,

entregaram folhetos e conversaram com os co-

merciantes próximos ao Parque Escola sobre o

Projeto Pegada Jovem.

Uma nova intervenção foi realizada por uma das

jovens do núcleo Parque Escola, Thalita Silva, na Es-

cola Estadual Luiz Lobo Neto, onde estuda. Ela ela-

borou uma proposta à escola e montou junto com

seus colegas uma sala de exposição com temas

ambientais. Tratou de assuntos como: reciclagem,

produção de mudas nativas e outros.

A turma do Parque Miami planejou uma in-

tervenção na comunidade local ou no pró-

prio ambiente escolar para finalização do

módulo sobre Protagonismo Jovem. A pro-

posta foi lançada e, entre as diversas ferra-

mentas de educomunicação apresentadas,

os jovens optaram por criar uma esquete

teatral com o tema: “PARQUE DO PEDROSO –

O RESGATE” para ser apresentada aos alunos

do 2º e 3º anos do ensino fundamental da E.E

João Batista Marigo Martins localizada no Par-

que Miami.

Os jovens escolheram abordar o tema sobre a im-

portância do Parque Natural do Pedroso em função

de sua rica biodiversidade e abundância de recur-

sos hídricos.

No início dos encontros os relatos dos jovens de-

monstravam que o Parque do Pedroso represen-

tava somente uma simples área de lazer demons-

trando desconhecimento de sua real importância.

Por meio dos conteúdos abordados durante o cur-

so, aos poucos, o parque foi sendo “redescoberto” e,

ao final do projeto, os jovens já o reconheciam como

uma Unidade de Conservação de Proteção Integral

com grande relevância ambiental.

Escolhido o tema, cada grupo ficou responsável

por um trabalho: alguns jovens escreveram o

texto baseado nos conteúdos abordados nos en-

contros, outros prepararam o cenário, adereços,

figurinos e a sonoplastia.

Houve muito envolvimento de todos, desde

o planejamento, organização e produção, de-

monstrando um grande amadurecimento do

grupo ao longo dos trabalhos, destacando a

grande responsabilidade com o compromisso

assumido. Além do compromisso dos jovens,

cabe destacar o apoio da equipe gestora da es-

cola para a intervenção.

Foram realizadas duas apresentações totali-

zando, aproximadamente, cinquenta alunos

- faixa etária entre 8 e 10 anos. Houve gran-

de receptividade e interação, os alunos pu-

deram, em alguns momentos, interagir com

os “atores” contribuindo com boas práticas

ambientais como por exemplo: a limpeza do

parque. O tema foi abordado de forma lúdi-

ca e divertida, facilitando a sensibilização e a

aprendizagem.

Pegada Jovem na Comunidade

Foto 59 – Discussão sobre o conteúdo

58

Page 59: Ebook - Projeto Pegada Jovem - Fumgesan

Pegada Jovem na Comunidade

Foto 61 - Jovens do Núcleo Parque Miami na Peça “Parque do Pedroso - O Resgate” apresentada na E.E. João Batista Marigo Martins

Foto 63 - Interação dos alunos

Foto 65 - Encerramento

Foto 60 – Ensaios

Foto 62 - Recepção dos alunos

Foto 64 - Apresentação dos jovens

Tais ações e resultados mostram que fortalecer

o protagonismo juvenil, implica não só que os

jovens se apropriem do território em que vivem,

mas, sobretudo, que se apropriem das formas

de intervenção na realidade de suas comunida-

des, suas cidades e no nosso mundo, pois como

indicamos na fala de FREIRE (1996, p.53) no início

deste capítulo, a “História em que me faço com os

outros e de cuja feitura tomo parte é um tempo de

possibilidades e não de determinismo”.

59

Page 60: Ebook - Projeto Pegada Jovem - Fumgesan

O PROJETO E AS LIÇÕES

APRENDIDAS

O Projeto e as lições aprendidas 60

Page 61: Ebook - Projeto Pegada Jovem - Fumgesan

O Projeto e as lições aprendidas

O SEMASA e a Prefeitura Municipal de Santo An-

dré, desde a implantação da Política Municipal de

Gestão e Saneamento Ambiental (Lei 7.733/98), fo-

mentam ações educativas para a gestão e conser-

vação ambiental voltadas para diferentes públicos

e em consonância com as especificidades das áreas

de mananciais e da área urbana da cidade. Estas

ações aliadas às atividades de fiscalização, licencia-

mento e controle ambiental no município têm sido

realizadas de forma integrada e participativa o que

vem colaborando para um maior envolvimento da

população local na proteção ao meio ambiente,

porém entendendo a educação ambiental como

um processo dialógico e político, a mesma ocorre

em longo prazo, e é de suma importância realizá-la

de maneira contínua e sob uma perspectiva crítica.

Uma das premissas da educação ambiental críti-

ca se relaciona às possibilidades de participação

dos cidadãos nas discussões, decisões e inter-

venções relacionadas às questões ambientais,

portanto, se trata de um processo que envolve a

sensibilização, a construção de conhecimentos, a

conscientização e o desenvolvimento de habili-

dades para que as comunidades exerçam uma

participação mais ativa e voltada para a trans-

formação social. E este foi um dos objetivos do

Projeto Pegada Jovem – Meio Ambiente e Prota-

gonismo, uma iniciativa pioneira no município

de Santo André que utilizou a educomunicação

não apenas como recurso pedagógico, mas tam-

bém como uma forma de intervenção nas comu-

nidades em que os jovens participantes estavam

inseridos.

A implementação do Projeto foi um grande de-

safio, desde a mobilização dos jovens para parti-

ciparem das ações previstas até a sua conclusão.

Desafio porque desde o seu planejamento até

sua finalização houve a preocupação em seguir

uma diretriz pedagógica dialógica aliada às no-

vas tecnologias e meios de comunicação e que

ao mesmo tempo fosse interessante, interativa e

que possibilitasse a socialização entre os partici-

pantes e também com suas comunidades. A par-

tir da observação e do envolvimento dos jovens

nas atividades em grupo e nas ações desenvol-

vidas por eles nos bairros em que moravam per-

cebeu-se que a metodologia utilizada colaborou

também para que houvesse uma baixa evasão

até o final do Projeto. A maior parte das desistên-

cias nos quatro grupos se deu em virtude da in-

serção dos participantes no mercado de trabalho

ou no ensino técnico.

Tabela 4 – Distribuição de jovens inscritos por Núcleo Pegada Jovem no início e final do Projeto

Núcleo Pegada Jovem Nº de inscriçõesNº de jovens que concluíram

o curso do Projeto Pegada Jovem

Chácara Pignatari 20 15

Parque Escola 26 25

Parque Miami 27 19

Parque Andreense 31 23

Total 104 82

61

Page 62: Ebook - Projeto Pegada Jovem - Fumgesan

O retorno dos jovens quanto às suas percepções

em relação ao curso foi positiva, pois demonstraram

que o curso os agradou tanto pela construção de

novos conhecimentos quanto pela interação com

outras pessoas dentro de seus próprios Núcleos e

também fora deles. Além disso, muitos afirmaram

ter mudado sua forma de perceber o meio no qual

estavam inseridos, conforme alguns depoimentos:

Foto 66, 67, 68 e 69 - Material produzido em grupo – Núcleo Pegada Jovem Parque Miami

“No momento em que eu comecei a fazer o Pegada Jovem, eu

já sabia o que eram as áreas de mananciais, mas não tinha

ideia da importância da preservação destes ambientes para

a sociedade. O intercâmbio com jovens de outras turmas

demonstrou que mesmo sem conhecer a outra pessoa, com

respeito e um bom diálogo podemos aprender e ensinar ao

mesmo tempo o que temos de melhor...”

(Dara Ferreira Lima, 18 anos – Núcleo Pegada Jovem

- Parque Andreense )

O Projeto e as lições aprendidas 62

Page 63: Ebook - Projeto Pegada Jovem - Fumgesan

Para avaliação do Projeto junto aos participan-

tes, cada Núcleo Pegada Jovem realizou ativida-

des individuais e em grupo além da coleta de

depoimentos.

Já os participantes do grupo do Núcleo Parque

Miami resolveram compor uma única frase, retra-

tando uma grande integração e amadurecimen-

to. Para eles participar do Projeto Pegada Jovem

representou:

Na avaliação coletiva, os jovens fizeram diversos

tipos de materiais também utilizando a educomu-

nicação, como acrósticos, poemas e cartazes:

“É uma grande alegria ter feito amizades, ao qual tivemos

muitas experiências e união que nos trouxe muita felicidade.

Foi muito bom, informativo, surpreendente, ótimo,

interessante, esplendoroso, onde conquistamos um

compromisso com mais conhecimento e esperança

de um futuro melhor.”

Figura 12 e 13: Alguns dos materiais produzidos em grupo – Núcleo Pegada Jovem Parque Andreense

De acordo com os jovens do Núcleo Parque Andre-

ense, participar do Pegada Jovem foi:

O Projeto e as lições aprendidas 63

Page 64: Ebook - Projeto Pegada Jovem - Fumgesan

Participar do projeto foi uma oportunidade valiosa de

conhecer novas pessoas e aprender mais de um local que

não estou habituado. Não imaginava que focaríamos tanto

no local onde moramos. Aprendi como é importante que a

população preserve as áreas de mananciais. O encontro que

mais me impactou foi a visita à Estação de Tratamento de

Água e de Esgoto do Semasa, pois pude ver o funcionamento

de cada uma e a importância em nossas vidas.”

(Bruno Moura de Sousa, 15 anos, Núcleo Pegada Jovem -

Parque Miami)

“Ver a realidade de outras pessoas que moram na mesma cidade

que nós foi impressionante, elas adorariam morar no centro da

cidade e nós adoraríamos ter mais árvores ao nosso redor”

(Larissa Calixto Silva - Núcleo Chácara Pignatari)

“Minhas expectativas no início do curso, eram de apenas

conhecer lugares diferentes, pessoas diferentes e aprender

um pouco mais sobre um tema... agora que estamos

chegando ao final do curso, percebo que não apenas minhas

expectativas foram alcançadas, como consegui até mais do

que eu esperava, despertou em mim o interesse sobre os

temas abordados, algo que não tinha até então”

(Thalita Victor da Silva, 16 anos – Núcleo Parque Escola)

Eu pensava que o curso seria como uma sala de aula com

cadernos, livros e lousa, mas hoje eu vejo que o jeito mais

descontraído é muito mais legal, nas visitas pudemos ver de

perto as coisas que a gente estava aprendendo. Eu aproveito

tudo o que estamos aprendendo no meu dia a dia, na escola

e hoje presto mais atenção nas coisas que antes não me

importava e também foi muito legal interagir com outros

grupos que estavam aprendendo o mesmo que a gente”

(Debora Ferreira Campos, 16 anos – Núcleo Pegada Jovem

- Parque Andreense)

“A princípio, digo que, minhas expectativas para o curso

era que, no decorrer dos encontros eu adquirisse mais

conhecimento, mas duvidava que seria uma experiência tão

prazerosa. Participar deste curso foi um marco na minha

vida, tanto pelo que aprendi, quanto pelas pessoas que

conheci. Todas as lições aprendidas serão levadas por toda a

minha vida, pois mudaram a minha percepção do mundo.”

(Dara Garcia, 16 anos, Núcleo Pegada Jovem

- Parque Miami)

“Participar do projeto Pegada Jovem mudou a minha

percepção em relação a muitas coisas, como por exemplo o

meio em que vivemos, o que são áreas de manancial, o que

realmente é um espaço verde...”

(Mateus Athayde Antunes - Núcleo Chácara Pignatari)

“... achei que o curso seria entediante, que só iria falar

do planeta... esse curso não é entediante, é legal fazer e

também descobri que a natureza não é tão chato”

(Sabrina Silva Lourenço, 15 anos - Núcleo Parque Escola)

“Ao iniciar este curso achei que seria bem diferente, uma

experiência bem básica e teórica, porém no proceder,

percebi que não era bem o que eu queria, mas sim o que eu

precisava. Sempre gostei do meio ambiente, mas nunca o

vi desta forma. Com visitas a lugares que eu não conhecia,

pude aprender várias formas diferentes de cuidar do meio

ambiente, ou até mesmo, como são tratadas as redes de

esgotos, de onde vem a nossa água. O curso me ajudou

bastante na minha relação com a sociedade, vivendo em

grupo e até mesmo a exercitar a liderança.”

(Caique José Gomes Santos, 16 anos – Núcleo Pegada

Jovem - Parque Andreense)

O Projeto e as lições aprendidas 64

Page 65: Ebook - Projeto Pegada Jovem - Fumgesan

“Eu aprendi sobre vários assuntos, mas o que mais me cha-

mou a atenção foi aprender mais sobre a área onde moro, eu

não sabia que aqui onde moramos é uma área de manancial

e local de captação de água. Bom, eu mudei o meu modo

de pensar e comecei a valorizar mais o local onde moro.

Com as aulas de percepção ambiental comecei a perceber

muitas coisas que antes eu não percebia. Adorei o dia em

que apresentamos a peça teatral para as crianças e ver tudo

o que planejamos dar certo, foi muito gratificante ver que as

crianças gostaram de tudo o que fizemos.”

(Beatriz Ester, 14 anos, Núcleo Pegada Jovem -

Parque Miami)

“O Pegada Jovem é muito bom para conscientizar jovens,

para melhorar um pouco o planeta que está muito destruído,

e mostrar que meio ambiente não é apenas a natureza, e

devemos conciliar a natureza com a cidade”

(Gabriela de Oliveira Barbosa - Núcleo Chácara Pignatari)

“Antes eu comia uma bala e jogava o papel na rua, e isso causa

bastante prejuízo... quando chove vai tudo pro rio... a mudança

começa com esse simples fato de jogar lixo no lixo”

(Beatriz Oliveira Laurentino, 15 anos - Núcleo Parque

Escola)

Além dos depoimentos dos jovens alguns pais

também foram convidados a exporem as suas

percepções em relação à participação de seus

filhos no Projeto:

“Gostaria de dizer que é importante o conhecimento abordado

no Projeto para meus filhos, eles chegam e falam que estão

gostando e aprendendo muitas coisas e conhecendo lugares.

Estão dando mais valor e tendo respeito com o meio ambiente,

a natureza, os animais. No dia a dia, percebo algumas mudan-

ças, eles estão mais responsáveis e confiantes.”

(Maria José Lourenço, mãe dos jovens Guilherme e

Leonardo – Núcleo Pegada Jovem Parque Andreense )

“Notei que ele passou a se interessar mais pelos assuntos da

cidade onde mora e pode ver como sempre é bom participar

de um projeto assim voltado aos jovens. Acho que esse

projeto deveria se estender a mais jovens, ajuda muito no

amadurecimento crítico.”

(Jane A. L. Franco, mãe do jovem Brandon, Núcleo Pegada

Jovem - Parque Miami)

“... ela está mais presente, mais atenciosa, animada, mais

brincalhona, e ela também perdeu uma timidez de se

comunicar mais facilmente com as pessoas, está com mais

facilidade de expressar sua opinião”

(Maria de Fátima de Oliveira, 37 anos , mãe de Thais -

Parque Andreense)

“Notei que seu interesse pelo meio ambiente aumentou, tan-

to que ela promoveu um evento na escola sobre o assunto,

com exposição, cartazes e outras coisas”

(Vânia Victor da Silva, 53 anos)

“A participação das minhas filhas no Pegada Jovem é muito

importante porque toda aprendizagem é uma experiência

que traz novos conhecimentos para ajudá-las nos objetivos

de suas vidas. As atitudes delas melhoraram muito, vejo que

há mais consciência em relação ao meio ambiente. Agradeço

aos organizadores pela oportunidade.”

(Maria Rilza F. Lima, mãe das jovens Dara, Michele e

O Projeto e as lições aprendidas 65

Page 66: Ebook - Projeto Pegada Jovem - Fumgesan

“ A adolescência não é uma fase fácil nem pro adolescente

e nem para os pais, com esse projeto meu filho descobriu al-

gumas coisas importantes como o respeito a própria vida e a

vida do próximo; respeito à natureza e o prazer em aprender

coisas novas.”

(Jennifer Karen Martins Silva, 40 anos, mãe de Felipe -

Núcleo Parque Escola)

“notamos que ela está mais observadora, antes de fazer algo,

pensa pra depois fazer; está tendo mais maturidade e mais

comunicativa”

(Silvania, 35 anos / Jackson, 34 anos, pais de Sandy -

Núcleo Parque Escola)

“Minha filha está mais responsável e preocupada com a lim-

peza dos ambientes e, principalmente, com a situação das

águas. Eu agradeço a vocês por estarem preocupados com os

jovens de hoje em dia, que não estão fáceis.”

(Marta Silvério dos Santos Baptista, mãe da jovem Miriã,

Núcleo Pegada Jovem Parque Miami)

Após a intervenção na comunidade realizada na

Emeief Núcleo Parque Andreense, a vice diretora e

alguns dos alunos da escola também registraram

os seus depoimentos:

“Já trabalho aqui na região há um bom tempo e conheci al-

guns desses jovens ainda crianças. Em relação a atividade

que eles fizeram aqui na EMEIEF, eu fiquei muito lisonjeada

por terem indicado a nossa escola para fazer a apresentação

para os alunos e perceber a importância deste espaço para

eles, o envolvimento com o trabalho e com o tema meio am-

biente, foi muito legal de ver. Foi algo que eles fizeram, eles

montaram, criaram a música, ver a evolução e o empenho

deles nesta área de manancial e principalmente a apropria-

ção que houve.”

(Márcia Aparecida Albuquerque Prado – Vice Diretora

da Emeief Núcleo Parque Andreense)

“Eu achei a apresentação teatral Pegada Jovem bacana,

porque fizeram a gentileza de vir aqui para apresentar e

enquanto a gente assistia também aprendemos o quanto a

água é importante. Eu me senti divertida, todos nós batemos

palma. ”

(Sabrina Souza Arruda, 9 anos – EMEIEF Núcleo Par-

que Andreense)

“Para mim o teatro foi ótimo, mas o que eu senti brincan-

do com eles foi uma emoção que eu nunca tive na vida.

Eles apresentaram e cantaram uma música sobre a água,

coisa que é muito importante para nós todos. Adorei par-

ticipar. Eu dava nota 10. ”

( Thaissa Simões Ribeiro, 9 anos – Emeief Núcleo

Parque Andreense)

Apesar de ter havido um encontro específico

para avaliação, a mesma também foi realizada

de forma contínua por meio da observação do

desempenho e evolução dos jovens em cada

aula. A seguir são destacados alguns depoi-

mentos das educadoras e coordenadoras en-

volvidas no Projeto.

O Projeto e as lições aprendidas 66

Page 67: Ebook - Projeto Pegada Jovem - Fumgesan

“Diante da diversidade de atividades desenvolvidas,

gostaria de destacar três momentos muito especiais: o

primeiro quando abordamos o tema sobre percepção am-

biental; o segundo quando trabalhamos a questão sobre

os “rótulos” e por último a proposta para a intervenção

teatral. E, por que estes temas? A atividade de percepção

despertou nos jovens a importância de olharmos este nos-

so mundo de uma outra forma, ampliando os horizontes,

afinal onde eu vivo? E, quando falamos em meio ambien-

te, é na casa do corpo de cada um de nós que está o nosso

primeiro ambiente. Sobre os rótulos, a identificação dos

jovens foi imediata, compreenderam muito bem o que é

“rotular” uma outra pessoa. E, por fim, a construção da

esquete teatral que demonstrou um amadurecimento

enorme do grupo, abordando o tema sobre o Parque Na-

tural do Pedroso, envolvendo quatro turmas de alunos –

faixa etária entre 8 e 10 anos do ensino fundamental da

E.E. João Batista M. Martins. Valeu demais!”

(Célia Regina Fortes, educadora do Projeto Pegada Jo-

vem Núcleo Parque Miami)

“Foi uma luta para conseguir 30 jovens, necessitou

de muita persistência, no primeiro dia vieram pou-

cos, mas depois a cada encontro era 01 ou 02 jovens

integrando ao grupo, isso foi muito bom, o primeiro

sinal que eles gostaram do Projeto. Com o passar do

tempo verificamos as habilidades, muitos deles escre-

viam pequeno, tinham vergonha de falar ou colocar

no papel o que pensavam, mas com o passar do tem-

po a coragem e vontade de superar tomou espaço, a

representação em uma música, uma peça, e em uma

brincadeira deu um excelente resultado: a interven-

ção na comunidade. Acredito que para os jovens a

intervenção foi um motivo de orgulho, fazer parte do

Pegada Jovem foi um diferencial para eles, quando

colocaram a camiseta, havia um sorriso de satisfa-

ção e alegria. O mais interessante de tudo isso foi o

trabalho em conjunto, a troca de experiências com

outros Núcleos, tenho certeza que todos os jovens

do Projeto levarão o Pegada Jovem para a vida toda.”

(Edilene Vieira Fazza – educadora do Núcleo Pegada

Jovem - Parque Andreense)

“Acompanhei este projeto desde o primeiro dia, até um

pouco antes, na divulgação para os jovens. No decorrer

do curso percebi uma grande evolução em cada um dos

participantes. Os jovens, que desde o começo das aulas,

tinham mais desenvoltura para se expressar e expor suas

opiniões e ideias tiveram destaque nas atividades, mas

sempre solicitavam ajuda e opinião dos demais colegas,

contribuindo para uma boa integração entre os jovens do

grupo. Os alunos mais tímidos me surpreenderam ao final

do curso, pois conseguiram vencer sua timidez e com o co-

nhecimento adquirido no curso, colaboraram com muitas

ideias e mostraram sua criatividade. Tenho certeza que

neste projeto, tanto educadores como alunos, agregaram

conhecimentos, pois também aprendemos muito com

eles. Trabalhar com esses jovens me fez acreditar e ter es-

perança em um futuro com um mundo melhor.”

(Cristiana Matos de Andrade – educadora do Núcleo

Pegada Jovem - Parque Andreense)

“Os momentos que mais me marcaram foram a ação de

intercâmbio planejada pelos jovens e a intervenção na

comunidade, pois foram nestas ações que pudemos per-

ceber os resultados qualitativos do trabalho desenvolvi-

do, tanto pelo amadurecimento dos jovens quanto pela

forma de se expressar e defender suas ideias sobre o meio

ambiente. Foram nestes dois momentos também que per-

cebemos o conhecimento construído por eles se expandin-

do para além dos espaços que nos encontrávamos. No Nú-

cleo Parque Andreense, os jovens procuraram apoio dos

professores nas escolas em que estudavam para planejar

o intercâmbio e um deles veio acompanhar a execução da

O Projeto e as lições aprendidas 67

Page 68: Ebook - Projeto Pegada Jovem - Fumgesan

Fotos 70 e 71 - Fotos do Jornal Mural na escola EE Prof. Miquelina Magnani

O Projeto e as lições aprendidas

atividade que foi desenvolvida com os jovens do Núcleo

Parque Escola, o que foi muito interessante, pois foi

notável o comprometimento dos jovens no desenvolvi-

mento daquela ação. Na intervenção na comunidade,

além do lindo trabalho feito por eles na Emeief do Parque

Andreense e as abordagens das pessoas nas ruas e comér-

cios do bairro, espontaneamente, os jovens levaram seus

cartazes para as escolas em que estudavam e divulgaram

as informações para os seus colegas com orgulho compar-

tilhando esta ação com as educadoras por meio do grupo

do WhatsApp do Núcleo Parque Andreense.”

(Elaine Cristina da Silva Colin – coordenadora do

Núcleo Pegada Jovem Parque Andreense)

Uma das metas do Projeto era que tivéssemos pelo

menos uma ação dos jovens na comunidade uti-

lizando os materiais de comunicação que haviam

desenvolvido e neste caso tivemos três ações, a

68

Page 69: Ebook - Projeto Pegada Jovem - Fumgesan

O Projeto e as lições aprendidas

Foto 72 - Jovens e educadores dos Núcleos Parque Andreense e Parque Escola juntos

69

Page 70: Ebook - Projeto Pegada Jovem - Fumgesan

Cartaz_A3_Pregao_Pegada Jovem-Af.pdf 1 11/11/15 17:03

Page 71: Ebook - Projeto Pegada Jovem - Fumgesan

Cartaz_A3_Pregao_Pegada Jovem-Af.pdf 1 11/11/15 17:03

Page 72: Ebook - Projeto Pegada Jovem - Fumgesan

Perceber este amadurecimento e orgulho dos jovens

por fazer parte do Projeto e suas ações em suas comu-

nidades foi muito gratificante, pois percebemos que o

Projeto possibilitou:

• a apropriação do território do município de Santo

André por parte dos jovens;

• o estímulo ao protagonismo juvenil em cada Núcleo

Pegada Jovem;

• a sensibilização dos jovens participantes quanto às

questões ambientais locais;

• a produção de materiais de comunicação pelos pró-

prios jovens a partir de suas perspectivas;

• a interação social entre os jovens participantes do

projeto das áreas urbana e de manancial dentro do

município de Santo André e com as comunidades em

que vivem na socialização de conhecimentos e expe-

riências adquiridas.

Para encerramento do Projeto, foram realiza-

das uma visita de campo e integração ao Par-

que das Neblinas e um evento de formatura

voltada a todos os jovens participantes do Pro-

jeto e seus familiares.

A visita ao Parque das Neblinas teve como ob-

jetivo integrar os jovens dos Núcleos localiza-

dos na Macrozona Urbana e na Macrozona de

Proteção Ambiental e também sensibilizá-los

possibilitando vivências que demonstrassem

na prática alguns conceitos apreendidos du-

rante o curso, relacionados ao meio ambiente,

participação comunitária e sustentabilidade.

Foto 73 - Jovens do Núcleo Pegada Jovem Parque Andreense no Parque das Neblinas

O Projeto e as lições aprendidas 72

Page 73: Ebook - Projeto Pegada Jovem - Fumgesan

O Parque das Neblinas foi escolhido como vi-

sita de encerramento, pois o mesmo trazia em

sua proposta de gestão o desenvolvimento de

tecnologias socioambientais, nas quais o rela-

cionamento com a comunidade permeava to-

dos os seus programas, indo ao encontro dos

pressupostos e objetivos do Projeto Pegada

Jovem.

O evento de encerramento do Projeto Pegada

Jovem – Meio Ambiente e Protagonismo ocor-

reu no dia 05 de dezembro de 2015 e contou

com a participação de 157 pessoas entre jo-

vens dos quatro Núcleos do Projeto (Chácara

Pignatari, Parque Escola, Parque Miami e Par-

que Andreense), seus familiares e educadores.

A cerimônia foi realizada no Clube União Lyra

Serrano – Paranapiacaba, Santo André e con-

tou com apresentações musicais com a temá-

tica ambiental, contextualização do Projeto

aos participantes, exibição de retrospectiva

com fotos e vídeos do período de abril a de-

zembro de 2015 de todos os grupos, discursos

dos jovens e educadores representantes de

cada Núcleo, entrega de certificados, caneca e

cartilhas produzidas pelos participantes.

O Projeto e as lições aprendidas

Figura 15, 16, 17 e 18 - Cartilhas elaboradas pelos jovens do Projeto e que foram entregues aos participantes do evento

73

Page 74: Ebook - Projeto Pegada Jovem - Fumgesan

Na finalização do evento houve um coffee break

e continuação das apresentações musicais reali-

zadas pelas cantoras Ana e Gabriela Person, que

encerraram a cerimônia com a interação do pú-

blico na canção “Novos Rumos” lembrando que é

preciso que se:

“...desenhe um novo amanhecer no solo sagrado do mundo,

em que todos possam ver a conexão de tudo. Água, homem,

bicho, flor, todos, uno, integridade, mais amor, novos rumos.

Ao homem cabe repensar seu papel nesse sistema vivo e es-

colher, agora, o que deixar de herança aos filhos dos filhos...”

(Canção Novos Rumos de Ana Person)

Foto 74 - Apresentação musical de Ana Person e Gabriela Person

O Projeto e as lições aprendidas 74

Page 75: Ebook - Projeto Pegada Jovem - Fumgesan

Foto 75 - Educadores do Projeto na cerimônia de encerramento

O Projeto e as lições aprendidas 75

Page 76: Ebook - Projeto Pegada Jovem - Fumgesan

Foto 76 - Jovens participantes do Projeto Pegada Jovem

O evento de encerramento do Projeto foi um

momento importante, pois houve integração

dos jovens de todos os Núcleos e socialização

dos resultados alcançados junto à comunida-

de, o que fortaleceu ainda mais a experiên-

cia como um processo educativo dialógico e

inclusivo voltado ao protagonismo juvenil e

comunitário.

A partir das ações realizadas e seus resultados,

destacamos as seguintes lições aprendidas:

• o planejamento e a implementação conjun-

ta do Projeto, envolvendo diversos setores do

SEMASA e da Prefeitura Municipal de Santo

André que trabalham com a educação am-

biental na cidade foi essencial para o sucesso

do Projeto;

• a educomunicação se mostrou como uma

importante metodologia contribuindo com o

aprendizado dos jovens participantes do Pro-

jeto e o estabelecimento de diálogo com as

comunidades;

• a utilização de estratégias dialógicas, participa-

tivas e lúdicas favoreceram a manutenção da as-

siduidade e interesse dos jovens nos encontros;

• as visitas de campo que mostraram os contras-

tes do território da cidade tiveram um impacto

maior na sensibilização dos participantes do Pro-

jeto, influenciando e modificando algumas per-

cepções dos jovens acerca dos bairros em que

moravam contribuindo com a apropriação local;

O Projeto e as lições aprendidas 76

Page 77: Ebook - Projeto Pegada Jovem - Fumgesan

O Projeto e as lições aprendidas

• a mobilização espontânea após as primeiras

aulas foi positiva, pois ampliou o número de

participantes a partir das experiências iniciais

dos jovens mostrando a aceitação do público

quanto à metodologia adotada no Projeto;

• quanto maior for o diálogo com o jovem,

maior a sua participação e envolvimento, to-

dos os temas trabalhados durante os cursos ti-

veram como ponto de partida o conhecimen-

to prévio dos participantes e suas realidades,

o que favoreceu as atividades de intercâmbio

e de intervenção na comunidade, pois todo o

planejamento de ações foi realizado a partir

das percepções dos envolvidos e os conheci-

mentos construídos durante os encontros.

• o incentivo ao protagonismo juvenil e a

ampliação dos conhecimentos dos partici-

pantes sobre o território em que viviam e as

possibilidades de ação individual e coletiva

nestes ambientes, favoreceram o empode-

ramento e a apropriação local;

• apesar dos avanços das tecnologias e meios

de comunicação, muitos jovens ainda neces-

sitam de formação quanto aos softwares bá-

sicos para que possam utilizar de forma mais

ampla todos os recursos e possibilidades da

educomunicação.

Tais lições vêm reafirmando a importância da

promoção de processos educativos dialógi-

cos, participativos e voltados à aprendizagem

social e ao empoderamento das populações

para intervenção e transformação de suas

realidades. Tais premissas já permeiam e são

ratificadas em Políticas Públicas do município

como a Política Municipal de Educação Am-

biental (lei nº 9738/2015).

E no momento atual em que vivemos e lida-

mos com tantos problemas socioambientais,

tão importante quanto efetivas políticas públi-

cas voltadas à conservação do meio ambiente,

os processos educativos desempenham um

papel essencial e devem criar condições para

que as pessoas se percebam também como

responsáveis pelos problemas que as cercam

e entendam que suas ações têm efeito sobre

as relações que estabelecem com o meio e

com outros indivíduos. A capacidade de pen-

sar no próprio processo, de refletir, examinar

os paradigmas, aprender com a própria expe-

riência e, a partir daí, criar e desenvolver novos

caminhos é condição exclusiva do ser huma-

no. Portanto, é nosso recurso mais valioso e

que nos delega incalculável responsabilida-

de sobre o planeta no qual vivemos. Por este

prisma, a concretização de processos de edu-

cação ambiental que realmente criem condi-

ções para que toda a sociedade compreenda

a realidade de forma crítica, questionando-a

e interferindo sobre ela de forma consciente

e ativa num processo de melhoria contínua é

fundamental.

É neste contexto que o Projeto Pegada Jovem

– Meio Ambiente e Protagonismo se insere. Es-

peramos que esta experiência possa ser com-

partilhada e replicada em outros locais com

características semelhantes à cidade de Santo

André contribuindo com o fortalecimento e a

efetivação de Políticas Públicas para o meio

ambiente e para a juventude.

77

Page 78: Ebook - Projeto Pegada Jovem - Fumgesan

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Page 79: Ebook - Projeto Pegada Jovem - Fumgesan

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Page 80: Ebook - Projeto Pegada Jovem - Fumgesan

MINHA VIDAMELHORA.

NOSSASSCIDADDD E

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