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PROJETO PEGADA JOVEM: MEIO AMBIENTE E PROTAGONISMO
MINHA VIDAMELHORA.
NOSSASSCIDADDD E
COCC NQUISTSS A.TTMINHA VIDAMELHORA.
COMPARTILHANDO A EXPERIÊNCIA DE
SANTO ANDRÉ
Compartilhando - A Experiência de Santo André2
MINHA VIDAMELHORA.
NOSSASSCIDADDD E
COCC NQUISTSS A.TTMINHA VIDAMELHORA.
PROJETO PEGADA JOVEM: MEIO AMBIENTE E PROTAGONISMOCOMPARTILHANDO A EXPERIÊNCIA DE SANTO ANDRÉ
Compartilhando - A Experiência de Santo André 3
FICHA CATALOGRÁFICA
SERVIÇO MUNICIPAL DE SANEAMENTO AMBIENTAL DE SANTO ANDRÉ
Projeto Pegada Jovem Meio Ambiente e Protagonismo. Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André – São Paulo: 2015
80 p.
1. Protagonismo Jovem. 2. Educomunicação. 3. Educação Ambiental
Ficha Catalográfica4
SERVIÇO MUNICIPAL DE SANEAMENTO AMBIENTAL DE SANTO ANDRÉ
SECRETARIA DE GESTÃO DOS RECURSOS NATURAIS DE PARANAPIACABA E
PARQUE ANDREENSE
SECRETARIA DE MOBILIDADE URBANA, OBRAS E SERVIÇOS PÚBLICOS
INTEGRANTES DO PEGADA JOVEM NÚCLEO PARQUE MIAMI
Alana Villar de OliveiraBeatriz Ester da SilvaBrandon Franco FerreiraBruno Moura de Sousa Caio Fernando Souza Carolaine Ribeiro dos AnjosDara Amabile Garcia Leticia Seifert Luana Garcia AragoneLucas Lisboa da SilvaLuis Gustavo Gomes Maisa CarvalhoMatheus Gouvea de Souza Milena Cristina Santos BorgesMiriã Silveira Nayara dos Santos
COORDENADORES E EQUIPE TÉCNICA
Eriane Justo Luiz Savóia Cleonice de Almeida PintoAndréa MartinsStella Marla Siste Célia Regina Fortes Paula Regina PadialDaniel Vicente Batista Katia Andrea Marini MarsonRafaela de FrançaPriscilla Martins M. Ciarallo Karoline Ferreira dos SantosIncalo Junio de Jesus Santos Karina Ramos Duela
Integrantes e Equipes 5
INTEGRANTES DO PEGADA JOVEM NÚCLEO CHÁCARA PIGNATARI
Caio Allan Souza SilvaGabriela Barbosa Gabriella Custodio dos SantosGuilherme Neves Miranda Isabela Cristina da Silva SantosJoab Vermelho da Silva João Victor Ferreira da Silva João Vitor de Jesus Jr.Julia Cristen Santos de Souza Leticia Teixeira BiassioMaria Eduarda de Queiroz SaccaMateus Athayde AntunesMatheus Siqueira BargasNatalia Paz da SilvaRaquel Ayuri Carlyle Brito Gonçalves Larissa Calixto Silva
COORDENADORES E EQUIPE TÉCNICA
Maíra Galvanese e Fábio Formigoni
INTEGRANTES DO PEGADA JOVEM NÚCLEO PARQUE ESCOLA
Amanda de Oliveira Couto Antônio Carlos Gouveia SilvaBeatriz Oliveira Laurentino Danilo de Lima CostaFilipe Martins Silva Franciele Beatriz FerreiraGuilherme Correia ErnegaJoão Pedro Brasil de Souza Kennedy de Souza Costa PaternoMatheus Alencar LeiteMatheus Leoa da Silva Monique Sahyonara da SilvaSabrina Silva LourençoSandy Jackeline Araújo PetroloSidne Félix Rebouças Thalita Victor da Silva
Integrantes e Equipes6
COORDENADORES E EQUIPE TÉCNICA
João Aparecido Mendes Daniela Victor da Silva FreireNatalia Gomes
INTEGRANTES DO PEGADA JOVEMNÚCLEO PARQUE ANDREENSE
Alice Rodrigues Santos Leonardo Weslei Drosino LourençoAna Beatriz Parra da Silva Marcos Antonio da Silva JuniorBeatriz Olimpio Maria Ferreira Lima Caio Patrick Alves de CamposMatheus da Silva Manoel Caique José Gomes SantosMichele Ferreira LimaDara Ferreira Lima Micheli H. Correia de Sousa David SpessotoPatrick dos Santos Martins Débora Ferreira Campos
Rebeca Campos Erick Simões da Silva Samuel Richard Cardoso de DeusGabriela OlimpioStefanie da Vitória Melo Graziela Schimaski de SouzaTais Oliveira do Nascimento Silva Guilherme Huaxley LourençoThierry Iago Kiosh Hemoto Isaque Moreira Santos Valéria de Oliveira SouzaJuliana H. Correia de Sousa Vitor Nascimento B. dos Santos
COORDENADORES E EQUIPE TÉCNICA
Elaine Cristina da Silva Colin Edilene Vieira FazzaCristiana Matos de AndradeMaria Teresa FrançaAndrea Roberta Aparecida Zanuto Rogério Cavalcante da Silva
Integrantes e Equipes 7
APRESENTAÇÃO
A educação ambiental é um processo que
objetiva promover a transformação de valores,
comportamentos, sentimentos e atitudes em
relação ao meio ambiente, de forma permanente,
continuada e para todos. Um de seus pressupostos
tem como base a multidisciplinaridade, somando
conhecimentos e experiências para a construção
de um ambiente cada vez mais harmônico.
Sendo assim, como fruto de uma parceria do
Serviço Municipal de Saneamento Ambiental
de Santo André (SEMASA), da Secretaria de
Gestão dos Recursos Naturais de Paranapiacaba
e Parque Andreense (SGRNPPA) e da Secretaria
de Mobilidade Urbana, Obras e Serviços Públicos
(SMUOSP) foi desenvolvido o projeto Pegada
Jovem no intuito de promover a conservação
do meio ambiente, mobilizando a população
jovem para atuação nas questões ambientais e na
melhoria de qualidade de vida, além de integrar
as ações de educação ambiental realizadas pelos
referidos órgãos no município, conforme preconiza
a Política Municipal de Educação Ambiental de
Santo André (Lei 9738/15).
A base de todo o projeto é a Educação
Socioambiental para jovens em área urbana
e de manancial, por meio da utilização da
educomunicação e incentivo ao protagonismo
jovem na comunidade em que estão inseridos.
O protagonismo jovem que se busca com o
projeto visa à transformação dos participantes e
comunidades abrangidas. Por isso, o projeto vem
abrir espaço de diálogo com e para os jovens
participantes, para que exerçam a cidadania
ativa.
Transformar o meio, ser transformado e deixar
marcas positivas em sua comunidade é o principal
intuito do Pegada Jovem.
“É fundamental diminuir a
distância entre o que se diz e o que
se faz, de tal forma que, num dado
momento, a tua fala seja a tua
prática”.
Paulo Freire
Apresentação8
Sumário
SUMÁRIO
• COMPARTILHANDO A EXPERIÊNCIA DE SANTO ANDRÉ ......................................................................... 2
• FICHA CATALOGRÁFICA .............................................................................................................................................................................. 4
• INTEGRANTES E EQUIPES ......................................................................................................................................................................... 5
• APRESENTAÇÃO ...................................................................................................................................................................................................... 8
• O PROJETO PEGADA JOVEM - MEIO AMBIENTE E PROTAGONISMO ....................................................10
• A METODOLOGIA - A EDUCOMUNICAÇÃO COMO RECURSO PEDAGÓGICO ...................13
• OS JOVENS E O PROJETO .........................................................................................................................................................................................................17
• OS JOVENS, A BIODIVERSIDADE DE SANTO ANDRÉ E A EDUCOMUNICAÇÃO .................................... 29
• TROCANDO OLHARES E PERCEPÇÕES SOBRE A CIDADE ....................................................................................................................... 36
• PEGADA JOVEM NA COMUNIDADE ....................................................................................................................................................................................................... 46
• O PROJETO E AS LIÇÕES APRENDIDAS ............................................................................................................................................................................................. 60
• REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................................................................................................................................................................... 78
9
O PROJETO PEGADA JOVEM
MEIO AMBIENTE E PROTAGONISMO
O Projeto Pegada Jovem - Meio Ambiente e Protagonismo10
O Fundo Municipal de Gestão e Saneamento Ambiental
de Santo André (FUMGESAN), em seu edital para o
ano de 2015, destacou o tema educação ambiental
para projetos vinculados ao poder público. Sendo
assim, muitas foram as áreas, com diferentes ideias e
propostas para concorrer ao financiamento.
Com o intuito de desenvolver um projeto de
qualidade que atendesse o tema educação am-
biental em seus vários eixos do conhecimento,
foi composta uma equipe técnica para construir
um projeto multidisciplinar e abrangente. Todas
estas áreas envolvidas atuam de alguma forma
com a temática de educação ambiental e tem
grande interface nos trabalhos cotidianos.
Sendo assim, o projeto Pegada Jovem foi fruto de
uma parceria do Serviço Municipal de Saneamento
Ambiental de Santo André (SEMASA), da Secretaria
de Gestão dos Recursos Naturais de Paranapiaca-
ba e Parque Andreense (SGRNPPA) e da Secretaria
de Mobilidade Urbana, Obras e Serviços Públicos
(SMUOSP).
O SEMASA, a SGRNPPA e a SMUOSP, em atendimen-
to a Política Municipal de Gestão e Saneamento
Ambiental (Lei nº7733/98), vem realizando diversas
ações de sensibilização e projetos de educação am-
biental em todo o município, no intuito de promo-
ver a conservação do meio ambiente, mobilizando
a população para atuação nas questões ambientais
e na melhoria de qualidade de vida.
Dentro da estrutura do SEMASA, o Departamen-
to de Gestão Ambiental (DGA) do SEMASA, por
meio de sua Gerência de Educação e Mobilização
Ambiental (GEMA) desenvolve projetos educativos
voltados para o público escolar e para a comunida-
de em geral. E a Defesa Civil tem como tarefa bási-
ca coordenar ações de prevenção de risco, socorro,
assistência e recuperação em situações de ameaças
e desastres, além de orientação e educação para a
população em geral.
Na Prefeitura, o Departamento de Meio Ambien-
te (DMA) da SGRNPPA, por meio da Gerência de
Educação e Extensão Ambiental (GEEA) concen-
tra na região de Paranapiacaba e Parque Andreense
ações referentes a educação ambiental e a Secretaria
de Mobilidade Urbana, Obras e Serviços Públicos
desenvolve suas ações voltadas para as questões
ambientais por meio do Departamento de Parques
e Áreas Verdes (DPAV) que além de ter como in-
cumbência a manutenção e embelezamento da ci-
dade e suas áreas verdes, também foca a Educação
Ambiental utilizando como recursos pedagógicos
os espaços de seus 10 (dez) parques espalhados
na área urbana da cidade. Entre eles destaca-se o
Parque Escola, que desde a sua concepção e infra-
estrutura foi pensado como um facilitador na pro-
moção e valorização da educação inclusiva e par-
ticipativa, com sua teoria e práticas voltadas para o
socioambiental e ciências naturais.
Considerando que um dos pressupostos da Edu-
cação Ambiental se baseia no trabalho multidis-
ciplinar, o Projeto Pegada Jovem integra as ações
educativas promovidas pelo Semasa (DGA-GEMA
e DDC), a SGRNPPA (DMA-GEEA) e o SMUOSP
(DPAV).
Santo André é um município da região do Grande
ABC localizado na região metropolitana do estado
de São Paulo, com população de 707.613 habitantes,
em 2014.. Seu território ocupa uma área de 175
km², sendo que 55% destes estão inseridos em
área de manancial. A cidade está situada entre
o Planalto Paulista e a Serra do Mar, com altitu-
de predominante variando de 750 a 800 metros.
O perímetro urbano do município é banhado pe-
las bacias hidrográficas: Tamanduateí, Ribeirão dos
Meninos e Ribeirão Oratório. Na área de proteção
de mananciais, predominam as bacias do rio Mogi
e do Reservatório Billings.
O Projeto Pegada Jovem - Meio Ambiente e Protagonismo 11
Por estar próximo a maior cidade do hemisfério sul
e ao maior porto da América Latina, o município é
de importância ímpar e a história da industrializa-
ção do país passa por seu território, o que acarretou
em impactos ambientais diversos na macrozona
urbana e de proteção ambiental. O intenso tráfego
de veículos, a poluição do ar, do solo e da água, en-
chentes e ocupação em áreas de risco são alguns
exemplos de problemas decorrentes do cresci-
mento populacional na área urbana.
Já nas áreas de mananciais, em virtude da ocu-
pação desordenada, ainda verificam-se diversos
impactos como movimentos e remoção de terra,
desmatamento e substituição da vegetação nativa,
assoreamento de rios, contaminação do solo e de
águas superficiais e subterrâneas pelo despejo de
esgoto doméstico e disposição inadequada de re-
síduos sólidos, dentre outros.
Em termos regionais, os principais impactos são a
contaminação e poluição das águas da Represa Billings,
captadas para o abastecimento da população das
regiões do Grande ABC e da Grande São Paulo,
representando riscos à saúde humana e ambiental.
Atualmente, o aumento do número de pessoas vi-
vendo em áreas de risco ambiental tem sido uma
característica negativa do processo de urbanização
e crescimento das cidades brasileiras, verificadas
principalmente nas regiões metropolitanas. Com a
intensificação das atividades humanas, muitos pro-
cessos naturais passaram a ocorrer com mais frequ-
ência, dado que podem ser induzidos, acelerados
e potencializados pelas alterações decorrentes do
uso e ocupação do solo.
Desta forma, é imprescindível que haja sensibilização
e mobilização ambiental da população local para
que esta possa colaborar e participar da formulação
de políticas públicas locais, apropriando-se da região,
conservando-a e contribuindo para seu progresso de
acordo com a legislação ambiental vigente.
A Prefeitura de Santo André e o SEMASA, desde
a implantação da Política Municipal de Gestão e
Saneamento Ambiental (Lei 7.733/98), fomentam
ações de Educação Socioambiental a partir da
abordagem direta (cursos, palestras, oficinas), com
diferentes públicos, sobre diversos temas relevantes
ao cotidiano da região e do município.
A linha de atuação do projeto Pegada Jovem é
a Educação Socioambiental para jovens em área
urbana e de manancial, por meio da utilização da
educomunicação e incentivo ao protagonismo jo-
vem na comunidade em que estão inseridos.
A escolha do público jovem é de suma importân-
cia, pois contribui para a construção de conheci-
mentos a partir da realidade em que vivem, desen-
volvendo habilidades para participar ativamente
das questões socioambientais locais, contribuin-
do também para a conservação e a melhoria da
qualidade de vida.
A adoção de premissas, como a participação, a
aprendizagem social de forma lúdica e a educo-
municação foram eixos importantes no desen-
volvimento do projeto e permitiram uma maior
interação e percepção por parte dos jovens, dos
impactos diretos e indiretos que as ações humanas
causam ao meio.
O protagonismo jovem que se buscou com o pro-
jeto é um exemplo de tecnologia social, pois se tra-
ta de uma metodologia com intuito de interação
comunitária, visando à transformação dos participan-
tes e comunidades abrangidas. Como diz o professor
Antônio Carlos Gomes da Costa: “Reconhecer o ado-
lescente e o jovem, não como problema, mas como
parte da solução é meio caminho andado.”
O Projeto Pegada Jovem - Meio Ambiente e Protagonismo12
A METODOLOGIA A EDUCOMUNICAÇÃO
COMO RECURSO PEGAGÓGICO
A Metodologia - A Educomunicação como Recurso Pedagógico 13
NÚCLEOS PEGADA JOVEM
Chácara Pignatari Parque Escola
Parque Miami Parque Andreense
MACROZONAS
Urbana
Proteção Ambiental
Figura 1: Distribuição dos Núcleos Pegada Jovem no município de Santo André.
O Projeto Pegada Jovem – Meio Ambiente e Pro-
tagonismo foi desenvolvido por meio de uma me-
todologia essencialmente prática e participativa,
baseada nas diferentes realidades do município
de Santo André, criando condições para que os
jovens pudessem participar ativamente das expe-
riências de aprendizagem sobre as questões am-
bientais na cidade, mas considerando também as
suas especificidades.
Tendo em vista tal diversidade, o Projeto foi imple-
mentado mediante a realização de cursos teóri-
co-práticos com encontros semanais para quatro
turmas: Núcleo Parque Escola, Núcleo Chácara
Pignatari, Núcleo Parque Miami e Núcleo Parque
Andreense, sendo respectivamente duas tur-
mas na Macrozona Urbana e duas na Macrozona
de Proteção Ambiental de Santo André (Figura 1).
O Projeto foi desenvolvido a partir de cinco temas
geradores:
A - Integração/Meio Ambiente:
envolveu ações de integração entre os jovens, ativi-
dades de campo sobre percepção e problemas am-
bientais e o papel do jovem diante dos contextos
discutidos nos encontros.
B - Bioma Mata Atlântica:
tratou sobre os recursos naturais da Mata Atlântica,
legislação, recuperação ambiental e Unidades de
Conservação.
C - Áreas verdes urbanas e de mananciais:
envolveu discussões e atividades práticas sobre os
parques urbanos e as áreas de mananciais, sanea-
mento e qualidade de vida.
D - Gestão de Riscos Ambientais:
englobou ações e visitas de campo abordando a
percepção de riscos ambientais, áreas e risco em
Santo André, legislação, Planos de Redução de Ris-
cos e monitoramento climático.
E - Protagonismo jovem:
compreendeu discussões e atividades práticas
sobre Políticas públicas para juventude; par-
ticipação e protagonismo jovem e meios de
participação social.
Desenvolver processos educativos a partir de te-
mas geradores, implicou em problematizar a re-
alidade de maneira dialógica e crítica a partir do
A Metodologia - A Educomunicação como Recurso Pedagógico14
A Metodologia - A Educomunicação como Recurso Pedagógico
ponto de vista dos jovens e do contexto em que
estavam inseridos para que pudessem refletir e
propor intervenções sobre as situações discutidas.
De acordo com TOZONI REIS (2006, p.98), na edu-
cação ambiental crítica, transformadora e eman-
cipatória, o conhecimento deve ser construído de
forma dinâmica, coletiva e participativa, sendo a
abordagem educativa por meio de temas gera-
dores uma importante diretriz metodológica, na
qual os temas ambientais “geram reflexões para a
apropriação crítica dos conhecimentos sobre as re-
lações humanas no e com o ambiente”.
Sob este aspecto, a fim de possibilitar uma apren-
dizagem significativa e voltada ao protagonismo
juvenil, o delineamento metodológico do Projeto
Pegada Jovem foi diversificado envolvendo au-
las práticas, discussões, visitas técnicas, estudo do
meio e intervenções junto às comunidades, tendo
a educomunicação como recurso pedagógico central
permeando todos os temas geradores propostos.
A Educomunicação vem crescendo ao longo dos
anos como metodologia educativa e apresenta uma
série de conceitos. De uma maneira mais simplista,
poderíamos defini-la como uma metodologia que
relaciona educação e comunicação. Para muitas pes-
soas certamente esta relação entre conceitos e práti-
cas não é algo novo e realmente não é, porém, o que
é inovador na educomunicação são as possibilidades
pedagógicas voltadas ao desenvolvimento da auto-
nomia e participação dos educandos.
Neste processo e no desenvolvimento das ações do
Projeto Pegada Jovem, os jovens não são e não fo-
ram apenas receptores das mensagens dos meios
de comunicação já existentes, mas também produ-
tores e emissores das informações sob o ponto de
vista de sujeitos e não simples espectadores, o que
conferiu maior autonomia e interesse pelos temas
abordados nas formações.
Para COSTA (2008), a educomunicação refere-se ao
conjunto de ações e valores que correspondem à
dimensão pedagógica dos processos comunica-
tivos ambientais, marcados pelo dialogismo, pela
participação e pelo trabalho coletivo. A dimensão
pedagógica, nesse caso em particular, tem foco no
“como” se gera os saberes e “o que” se aprende na
produção cultural, na interação social e com o meio
ambiente.
SOARES (2002) corrobora com a afirmação acima,
pois defende a ideia de veículos de comunicação
em espaços educativos porque considera que a
aprendizagem acontece na medida em que o su-
jeito se sente envolvido, conectado. Desta maneira,
o ambiente mediado por meios de comunicação
pode ajudar a produzir sentidos, convertendo-se
em ações.
Tendo em vista as afirmações dos dois autores, per-
cebe-se que a educomunicação permite que os edu-
candos manifestem suas próprias visões de mundo
e criatividade e nesse processo é possível construir e
reconstruir novas visões. Visões estas que são funda-
mentais nos trabalhos de educação ambiental, sobre-
tudo, quando podem ser compartilhadas com outras
pessoas e favorecer a interação social para transforma-
ção da realidade.
Segundo SOARES (2004), a Educomunicação en-
volve quatro áreas de intervenção:
A - a educação para os meios, que promove re-
flexões e forma receptores críticos;
B - o uso e manejo dos processos de produção
midiática;
C - a utilização das tecnologias de informação e co-
municação no contexto ensino-aprendizagem;
D - a comunicação interpessoal no relacionamento
entre grupos.
Ainda de acordo com o autor, a educomunica-
ção objetiva promover o acesso democrático
à produção e difusão de informação; facilitar a
15
A Metodologia - A Educomunicação como Recurso Pedagógico
percepção da maneira como o mundo é editado
nos meios; facilitar o ensino e o aprendizado por
meio do uso criativo dos meios de comunicação
e viabilizar a expressão comunicativa dos mem-
bros da comunidade educativa.
Além disso, a educomunicação possibilita:
• a valorização do conhecimento popular;
• a reflexão crítica sobre os meios de comunicação
na leitura e produção de conhecimento;
• a mobilização social;
• o aprendizado no trabalho em grupo;
• o desenvolvimento das habilidades comunicativas
dos participantes;
• novas formas de exercício da cidadania.
Os itens elencados se referem apenas a algumas pos-
sibilidades da educomunicação, mas cabe ressaltar
que não se trata de uma metodologia fechada, mas
sim um conjunto de metodologias que se inter-rela-
cionam e contribuem para o desenvolvimento dos
educandos, incluindo maior liberdade de expressão e
acesso às tecnologias da informação.
De acordo com VOLPI e PALAZZO (2010), é im-
portante trabalhar a comunicação como direito
e possiblidade de intervenção na realidade mos-
trando sua intencionalidade, seus objetivos, seu
público, seu potencial de mobilização e transfor-
mação social, pois apenas dessa forma os jovens
podem se apropriar desse direito produzindo
informações em âmbito local, mas também con-
siderando o contexto global.
Sob esta perspectiva, a comunicação não
se configura apenas como meio ou fim dos
processos educativos, mas como uma for-
ma de mediação e relação entre educandos e
educadores e suas comunidades buscando no-
vos sentidos, novas percepções e novas formas
de intervenção e mudança social.
É relevante mencionar que no Projeto Pegada
Jovem, os materiais de comunicação produzidos
pelos jovens não foram realizados de forma isola-
da, mas sim como parte de um processo que ao
final do Projeto culminou em intervenções nas
comunidades relacionando os temas geradores
que já haviam sido discutidos ao longo dos 30
encontros realizados. Dessa forma, os participan-
tes compartilharam suas percepções e experiên-
cias a fim de sensibilizar e mobilizar as comuni-
dades para conservação do meio ambiente e ao
mesmo tempo construíram novas formas de ver,
sentir e agir sobre o local em que moravam. Um
dos principais resultados da educomunicação
não é apenas o material produzido, seja em jor-
nais, cartazes, cartilhas, folhetos ou outros meios,
mas sim o processo de construção destes mate-
riais e suas implicações práticas, o aprendizado
construído e que se decodifica em ações.
Pelo exposto depreende-se que a educomunica-
ção propõe a construção de canais comunicativos
abertos, dialógicos e criativos, quebrando a hierar-
quia na distribuição do saber, justamente pelo re-
conhecimento de que todas as pessoas envolvidas
no fluxo da informação são produtoras de cultura,
de conhecimento, independentemente do seu pa-
pel na sociedade. Sob este aspecto, o Projeto obje-
tivou construir uma ação comunicativa voltada a mu-
danças que pudessem também se refletir nas políticas
públicas locais e na conservação ambiental.
A fim de compartilhar a experiência do Projeto
Pegada Jovem – Meio Ambiente e Protagonis-
mo, nas próximas páginas foram sistematizadas
algumas das vivências dos grupos envolvidos
durante o período de abril a dezembro de 2015,
mostrando como a educomunicação contribuiu
com este importante processo de educação am-
biental desenvolvido sob uma perspectiva crí-
tica, interdisciplinar e intersetorial na cidade de
Santo André.
16
OS JOVENS E O PROJETO
Os Jovens e o Projeto 17
SANTO ANDRÉ E OS NÚCLEOS PEGADA JOVEMSanto André é um município da região do
Grande ABC localizado na região metropo-
litana do estado de São Paulo, seu território
ocupa uma área de 174,38km², sendo que
55% destes estão inseridos em área de ma-
nancial. A cidade está situada entre o Pla-
nalto Paulista e a Serra do Mar, com altitude
predominante variando de 750 a 800 metros.
O perímetro urbano do município é banhado
pelas bacias hidrográficas: Tamanduateí, Ribei-
rão dos Meninos e Ribeirão Oratório. Na área
de proteção de mananciais, predominam as
bacias do rio Mogi e do Reservatório Billings.
Por estar próximo a maior cidade do hemisfério sul
e ao maior porto da América Latina, o município é
de importância ímpar e a história da industrializa-
ção do país passa por seu território, o que acarretou
em impactos ambientais diversos na macrozona
urbana e de proteção ambiental. O intenso tráfego
de veículos, a poluição do ar, do solo e da água, en-
chentes e ocupação em áreas de risco são alguns
exemplos de problemas decorrentes do cresci-
mento populacional na área urbana.
Já nas áreas de mananciais, em virtude da ocu-
pação desordenada, ainda se verificam diver-
sos impactos como movimentos e remoção
de terra, desmatamento e substituição da ve-
getação nativa, assoreamento de rios, conta-
minação do solo e de águas superficiais e sub-
terrâneas pelo despejo de esgoto doméstico
e disposição inadequada de resíduos sólidos,
dentre outros. Em termos regionais, os princi-
pais impactos são a contaminação e poluição
das águas da Represa Billings, captadas para o
abastecimento da população das regiões do
Grande ABC e da Grande São Paulo, represen-
tando riscos à saúde humana e ambiental.
Os Jovens e o Projeto
Desta forma, é imprescindível que haja sensibi-
lização e mobilização ambiental da população
local para que esta possa colaborar e participar
da formulação de políticas públicas locais, apro-
priando-se da região, conservando-a e contri-
buindo para seu progresso de acordo com a le-
gislação ambiental vigente.
Santo André possui 707.613 habitantes, sendo
que 28.358 residem na Macrozona de Proteção
Ambiental (IBGE, 2014). Quanto à distribuição
por faixa etária, o número de crianças e jovens
entre 0 a 29 anos é de 298.986 pessoas.
Tais características demográficas sugerem a
necessidade de investimentos e projetos em
educação básica, profissionalizante e superior,
pois boa parte dessa população é formada por
jovens.
A linha de atuação do Projeto Pegada Jovem é
a educação socioambiental para jovens em área
urbana e de manancial, por meio da utilização da
educomunicação e incentivo ao protagonismo
jovem nas comunidades em que estão inseridos.
Cada Núcleo de formação do Projeto possui
características peculiares, sobretudo, quan-
to às especificidades em relação à localização
de cada bairro ou loteamento que se refletem di-
retamente no acesso aos mais variados serviços,
como transporte, saúde e educação.
A seguir, são apresentadas as principais carac-
terísticas dos locais em que estão inseridos os
Núcleos Pegada Jovem: Chácara Pignatari, Par-
que Escola, Parque Miami e Parque Andreense.
NÚCLEOS PEGADA JOVEMDA MACROZONA URBANA DE SANTO ANDRÉ
Os encontros dos jovens do Núcleo Chácara
Pignatari ocorreram no Parque Antônio Pez-
18
Figura 2: Localização dos Núcleos Pegada Jovem da Macrozona Urbana
NÚCLEOS PEGADA JOVEM
Chácara Pignatari
Parque Escola
MACROZONAS
Urbana
Proteção Ambiental
OS NÚCLEOS PEGADA JOVEM CHÁCARA PIGNATARI E PARQUE ESCOLA SE LOCALIZAM NA MACROZONA URBANA DE SANTO ANDRÉ.
Os Jovens e o Projeto
zolo localizado em uma área urbanizada, com
muitos comércios e serviços para os morado-
res. De acordo com relatos históricos da área,
por volta das décadas de 1940 e 1950, o local
abrigava uma fábrica de purpurina, perten-
cente a Francisco Pignatari, neto de Francesco
Matarazzo. A área de 31.417m² foi declarada
como de utilidade pública em 1974, e adqui-
rida pelo município em 1978. Em dezembro
desse mesmo ano, a área recebeu o nome de
Parque Regional de Integração de Utinga, e
incorporou a ele a Praça Pinto Bandeira, am-
pliando sua área para 34.632 m². Em junho de
1995, em homenagem ao ex-prefeito Antônio
Pezzolo (1973-1977), o parque recebeu seu
nome atual.
Já os encontros do Núcleo Parque Escola, acon-
teceram nas dependências do próprio local que
é um dos 10 parques que se encontram na área
urbana do município de Santo André. O Projeto
Parque Escola surgiu em 1997 e foi oficializado
em 17 de dezembro de 2004, com o objetivo de
estar inserido numa concepção de educação in-
clusiva focando o meio ambiente como um dos
principais recursos do processo de construção
do conhecimento. Neste sentido, foi criado um
espaço educacional favorecendo os recursos
pedagógicos para estimular e despertar a curio-
sidade a temática ambiental.
Foi construído em uma área com aproximada-
mente 50 mil metros quadrados com várias edi-
ficações e espaços entremeados de coleções de
plantas nativas e exóticas. Espaços estes destina-
dos à interação com o meio, especialmente a do
seu entorno, com relações que vão desde a agri-
cultura, saúde, arquitetura, reaproveitamento e
19
Os Jovens e o Projeto
Este bairro teve o início de seu loteamento
na década de 70, está localizado próximo
ao Parque Natural do Pedroso – Unidade
de Conservação de Proteção Integral, com
uma superfície de 843 hectares, em torno
de 8 milhões e oitocentos mil m². Localiza-
se na Bacia Billings, próximo ao Braço do
Rio Grande. Os seus limites coincidem com
os da micro bacia do Pedroso.
Trata-se de um rico fragmento da Mata
Atlântica que contribui como barreira para
a expansão da ocupação sobre as áreas de
mananciais da região metropolitana de São
Paulo. Este manancial abastece 6% da po-
pulação do município. Cerca de 80% do Par-
que é constituído por vegetação em estágio
secundário de sucessão ecológica com es-
pécies como o manacá da serra, cedro, pau
d’alho, ingá e embaúba.
A fauna é composta de mais de 100 es-
pécies de aves e ocorrência de mamífe-
ros como jaguatirica, sagui do tufo preto,
gambás, jararacas, veado mateiro, gavião
pomba, pavão do mato, muitas destas na
lista de espécies ameaçadas de extinção
pelo IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Reno-
váveis).
Os encontros do Núcleo Pegada Jovem
Parque Andreense ocorreram no CESA Luiz
Gushiken e na Escola de Formação Ambien-
tal Billings (EFA-Billings), esta última loca-
lizada na Sede da Secretaria de Gestão dos
Recursos Naturais de Paranapiacaba e Par-
que Andreense e coordenada pelo Depar-
tamento de Meio Ambiente. Suas atividades
envolvem cursos, oficinas e visitas monitora-
das para crianças, jovens e adultos.
reciclagens de materiais, os quais são facilmen-
te observados nas construções dos espaços,
na formação de um olhar estético através de
um trabalho de arte educação e educação am-
biental, envolvendo a cultura em seus diversos
aspectos no aprimoramento do ambiente ur-
bano e da qualidade de vida.
No Parque Escola há pista de caminhada, au-
ditório, horta, sucatoteca, entre outros equi-
pamentos e ferramentas de educação am-
biental. Nele encontra-se também o Viveiro
Escola, espaço com parceria entre Prefeitura
de Santo André, Braskem e a ONG Instituto
Fábrica de Florestas. O Viveiro Escola atende
as crianças da rede pública de ensino muni-
cipal e também grupos organizados, e tem
como foco a produção de mudas nativas re-
gionais da Mata Atlântica e a educação am-
biental por meio das visitas monitoradas.
O Parque Escola está localizado no bairro
Valparaíso, próximo ao centro do município
e a avenida principal do bairro é a Avenida
Atlântica, onde encontram-se comércios,
prédios, lojas, posto de saúde, Emeif Janusz
Korczak e Creche, Centro Universitário - Fun-
dação Santo André, Faculdade de Medicina
do ABC, o SESC Santo André e a CLASA –
Casa Lions de Adolescentes de Santo André.
NÚCLEOS PEGADA JOVEM DAMACROZONA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL DE SANTO ANDRÉOs Núcleos Pegada Jovem Parque Miami
e Parque Andreense se localizam na Ma-
crozona de Proteção Ambiental de Santo
André.
Os encontros do Núcleo Parque Miami ocor-
reram na Escola Estadual João Batista Ma-
rigo Martins, localizada no Parque Miami.
20
A região de Paranapiacaba e Parque An-
dreense em que se insere este Núcleo
possui 24 loteamentos e 6.029 habitan-
tes, sendo cerca de 500 jovens na faixa
etária atendida pelo Projeto. Ao contrário
dos loteamentos localizados nas áreas de
mananciais do município mais próximas à
Macrozona Urbana, esta região sofreu uma
pressão por urbanização diferenciada e em
menor escala em função de três aspectos:
isolamento geográfico causado pela rup-
tura física do território municipal, impos-
ta pela presença da Represa Billings, pela
distância da área urbana central e também
em função da legislação ambiental e de
uso e ocupação do solo restritivas.
A região caracteriza-se pela baixa densi-
dade populacional, grandes propriedades
sem uso ou ocupação e a presença de uma
grande área industrial da empresa Solvay-
-indupa do Brasil SA, do setor químico.
A Vila de Paranapiacaba apresenta carac-
terísticas diferenciadas por ser uma Vila
turística de origem ferroviária e tombada
pelos órgãos de defesa do patrimônio nas
esferas nacional, estadual e municipal.
NÚCLEOS PEGADA JOVEM
Parque Miami
Parque Andreense
MACROZONAS
Urbana
Proteção Ambiental
OS NÚCLEOS PEGADA JOVEM PAR-QUE MIAMI E PARQUE ANDREENSE SE LOCALIZAM NA MACROZONA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL DE SANTO ANDRÉ.
Figura 3: Localização dos Núcleos Pegada Jovem da Macrozona de Proteção Ambiental
Os Jovens e o Projeto 21
Os Jovens e o Projeto
Fotos 1 e 2 – Ocupação urbana no Pq. Represa Billings III e Vila de Paranapiacaba – vista aérea
O Núcleo Pegada Jovem Parque Andreense
atendeu jovens residentes nos loteamentos
Parque Represa Billings II e III, localizados no
Parque Andreense, Jardim Joaquim Eugênio
de Lima, Parque América e a Vila histórica de
Paranapiacaba.`
Apesar das particularidades de cada Núcleo do
Pegada Jovem, ao longo do projeto por meio
de uma metodologia dialógica e participativa
foi possível sensibilizar os jovens participantes
quanto às inter-relações entre as Macrozonas
Urbana e de Proteção Ambiental de Santo An-
dré, estimulando um olhar ampliado sobre o
território em que viviam, bem como ações de
proteção ao meio ambiente.
A MOBILIZAÇÃO PARA O INÍCIO DO PROJETO
Uma sociedade se torna uma nação quando
é capaz de responder aos desafios postos
pela história. No caso da educação, a mobi-
lização social ocorre quando um grupo de
pessoas, uma comunidade ou uma socieda-
de decide e age com um objetivo comum,
buscando, quotidianamente, resultados de-
cididos e desejados por todos.
Neste sentido, os quatro núcleos: Chácara
Pignatari, Parque Escola, Parque Miami e
Parque Andreense foram mobilizados por
meio das mesmas estratégias de divulgação
conforme abaixo:
• Distribuição de cartazes de divulgação
para cada núcleo;
• Reuniões com equipe gestora das escolas do
entorno de cada núcleo;
• Apresentação do Projeto diretamente para
os alunos das escolas estaduais próximas a
cada Núcleo Pegada Jovem;
• Divulgação na agenda do Parque Escola e da
Escola de Formação Ambiental Billings;
• Distribuição dos formulários de inscrição
com orientação e autorização dos pais e ou
responsáveis.
A etapa de mobilização dos jovens para par-
ticipação no Projeto ocorreu entre os meses
de fevereiro e março de 2015. Inicialmente
houve algumas dificuldades em relação às
inscrições para todos os Núcleos, sendo de
fundamental importância o apoio, envolvi-
mento e parceria com algumas Escolas Esta-
duais e outras instituições.
22
No Núcleo Chácara Pignatari, o contato inicial para
divulgação do Projeto foi realizado com as escolas
do entorno: Escola Estadual Carlina Caçapava de
Mello, Escola Estadual Adamastor de Carvalho e
Escola Estadual Amaral Wagner.
Neste período, o parque estava em reforma e hou-
ve greve de professores, o que determinou a pror-
rogação do período de inscrições para os jovens
interessados no curso. No bairro, além do Parque
não há muitas áreas verdes e a própria dinâmica
do local não leva o jovem a se interessar por temas
relacionadas ao meio ambiente, por ser uma área
com muitos comércios, o que pode ter sido um
fator que contribuiu para o número de inscrições
abaixo do esperado neste Núcleo, já que houve di-
vulgação nas três escolas estaduais do bairro.
No Núcleo Parque Escola, a divulgação foi realiza-
da na agenda do Parque Escola e por meio da co-
locação de cartazes nas dependências do Parque.
Como as escolas contatadas passaram a funcionar
em período integral, os alunos não teriam disponi-
bilidade de participar. Dessa forma, a coordenação
do Projeto entrou em contato com a CLASA – Casa
Lions de Adolescentes de Santo André, que traba-
lhava com o público da faixa etária do projeto e
redefiniu as estratégias de divulgação ampliando
também o prazo de inscrições.
A CLASA – Casa Lions de Adolescentes de Santo
André é uma entidade de atendimento que pro-
move e defende adolescentes e jovens na pers-
pectiva da defesa e garantia de seus direitos. Esta
instituição possui um Programa de Aprendizagem
Profissional: “Juventude em ação – Sou aprendiz”,
que estimula a consciência crítica capaz de promo-
ver a ampliação de informações resultantes de um
processo de aprimoramento cultural e a integra-
ção ao mundo de trabalho por meio de ações que
assegurem aos adolescentes e jovens o direito à
profissionalização, a geração de renda e o estímulo
ao empreendedorismo, contribuindo desta forma
para sua autonomia e melhoria da qualidade de
vida. Por meio deste Programa, foram selecionados
os alunos para participarem do Projeto Pegada Jo-
vem Núcleo Parque Escola.
No Núcleo Parque Miami, a parceria com a Escola
Estadual João Batista Marigo Martins foi funda-
mental. Inicialmente foram realizadas reuniões
com a equipe gestora da Escola para apresenta-
ção do Projeto e sua proposta, em seguida foram
afixados cartazes nesta unidade escolar e houve
a apresentação da proposta também para os alu-
nos com entrega das fichas de inscrição e autori-
zação para assinaturas dos pais ou responsáveis
aos jovens interessados. Como a articulação com
as escolas estaduais foi mais demorada do que o
esperado, as inscrições também foram prorroga-
das para este Núcleo.
No Núcleo Parque Andreense a divulgação e
mobilização dos jovens foi iniciada, a princípio,
apenas nos loteamentos Parque Represa Billings
II e III da região de Paranapiacaba e Parque An-
dreense, onde localizam-se a Escola de Forma-
ção Ambiental Billings e o CESA Luiz Gushiken,
locais onde ocorreram os encontros referentes às
ações do Projeto.
Houve divulgação nas escolas municipais e
estaduais locais, comércios, posto de saúde,
posto de atendimento ao munícipe da Prefei-
tura Municipal de Santo André e igrejas, sendo
que na Escola Estadual do Parque Andreense
houve um processo de mobilização diferen-
ciado envolvendo conversas com os jovens
representantes de sala e posteriormente com
os alunos em geral. Após 30 dias de divulga-
ção, as inscrições estavam abaixo do espe-
rado, dessa forma, o prazo de inscrições foi
prorrogado e a divulgação e mobilização
ampliadas para os loteamentos Parque Amé-
rica, Jardim Joaquim Eugênio de Lima e para
a Vila de Paranapiacaba.
Os Jovens e o Projeto 23
Os Jovens e o Projeto
Após dois meses de divulgação e mobilização, fo-
ram inscritos 104 jovens com idade entre 14 e 18
anos para os quatro Núcleos de formação do Proje-
to, conforme tabela a seguir:
Tabela 1 – Distribuição de jovens inscritos por Núcleo Pegada Jovem.
Núcleo Pegada Jovem Nº de inscrições
Chácara Pignatari 20
Parque Escola 26
Parque Miami 27
Parque Andreense 31
Total 104
Fotos 3 e 4 - Conversa sobre expectativas do jovens em relação ao Projeto Núcleo Pegada Jovem do Parque Andreense e Núcleo Chácara Pignatari
Ao final do processo de mobilização, a meta quanto
ao público d o Projeto foi atingida com êxito e apesar
da variação de faixa etária não houve dificuldades
quanto ao entrosamento e integração dos grupos.
OS JOVENS E O INÍCIO DO PROJETOOs encontros foram iniciados a partir do detalha-
mento da proposta do Projeto, apresentação dos
participantes, levantamento de expectativas, rea-
lização de atividades de integração e construção
participativa das regras de convivência.
O levantamento de expectativas dos grupos
quanto ao Projeto foi fundamental para que os
educadores pudessem conhecer os jovens e seus
reais interesses quanto à participação no curso.
A seguir, destacamos os depoimentos quanto
ao que alguns participantes disseram:
“Tenho três motivos para querer participar: eu me preocupo
com o meio ambiente, pois as coisas não afetam apenas o
meio ambiente, mas também a sociedade; nós jovens temos
que fazer a diferença e dar exemplo para a sociedade; eu gos-
to de coisas novas ainda mais quando podem influenciar no
meu futuro.”
Alana Villar de Oliveira, 14 anos, Núcleo Pegada Jovem
Parque Miami
“A princípio estive pensando que o curso seria mais teoria do
que prática, porém desde o início da aula pude perceber que
teremos que trabalhar mais a capacidade da mentalidade de
criar e lembrar das coisas. Espero conhecer estudos ..., preciso
de mais liberdade comigo e com outras pessoas e acho que o
curso será um bom começo para arrancar essa timidez. Espero
adquirir mais sabedoria para poder passar para outras pesso-
as o que aprendi. ...”
Caique José Gomes Santos, 16 anos, Núcleo Pegada Jovem
Parque Andreense
“Meu sonho é ser Biólogo, já participei de um programa em
outra escola sobre sustentabilidade e acho muito importan-
te, principalmente, nessa época de crise hídrica. Sou fanático
por fauna e flora e, neste curso, ainda tenho a chance de me
apaixonar ainda mais. Não posso deixar passar esta chance
de ouro.”
Bruno Moreira de Sousa, 14 anos, Núcleo Pegada Jovem
Parque Miami
24
Os Jovens e o Projeto
No Núcleo Parque Escola, o resultado do levan-
tamento das expectativas também foi positivo.
Os jovens disseram frases como:
quanto a algumas habilidades e relação com
os meios de comunicação incluindo as redes
sociais, já que o recurso pedagógico principal
do Projeto foi a educomunicação. Por meio
desta dinâmica, os jovens
foram sensibilizados quanto
à diversidade de gostos, es-
tilos e pensamentos de cada
grupo, ressaltando que mes-
mo com todas as diferenças
seria importante trabalha-
rem juntos para alcançarem
objetivos comuns.
Os participantes do Núcleo
Chácara Pignatari indicaram
gostar de natureza e música,
e a maior parte afirmou saber usar computa-
dor. Poucos jovens disseram que não gosta-
vam de redes sociais e de ler e a maior parte
indicou que gosta de trabalhar em grupo.
A seguir, são apresentados alguns dados
quanto ao resultado desta dinâmica aplicada
ao Núcleo Pegada Jovem Parque Miami:
Gráfico 1 – Resultados da Dinâmica do Rio quanto ao que os jovens do Núcleo Parque Miami gostam.
Recu
rsos
Nat
urai
s
Espo
rtes
Laz
er
Rede
s Soc
iais
Des
enho
s
Quantos às expectativas dos jovens do Núcleo Par-
que Escola e Chácara Pignatari as educadoras e
coordenadoras dos grupos observaram que:
“Muitos estavam ali por querer saber mais sobre meio am-
biente e alguns já tinham isso como lazer; outros se interessa-
ram porque o amigo se matriculou, mas já na primeira aula,
os participantes destacaram que o aprendizado e o conheci-
mento das questões ambientais os levaram a se inscrever no
curso.”
Maíra Soares Galvanese, coordenadora do Núcleo
Chácara Pignatari
“Saber dos jovens que eles esperam do curso e dos coordena-
dores, conhecimento e principalmente valores que eles apli-
carão em suas vidas profissionais e cotidianas, nos motivou
e colocou sobre nós a responsabilidade de fazermos parte da
formação de vida deles.”
Daniela Victor da Silva Freire, educadora e
co-coordenadora do Núcleo Chácara Pignatari
Para conhecer um pouco mais sobre as prefe-
rências musicais, gastronômicas e atividades
cotidianas dos jovens foi realizada a dinâmica
do Rio para fazer também um levantamento
25
Os Jovens e o Projeto
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Gráfico 2 – Resultados da Dinâmica do Rio quanto ao que os jovens do Núcleo Parque Miami sabem fazer.
Foto 5 - Regras de convivências indicadas pelo Núcleo Pegada Jovem Parque Andreense
Já os Jovens do Núcleo Parque Andreense, dis-
seram que gostam muito de caminhar em áreas
naturais, observar os animais, ouvir músicas, dese-
nhar e fotografar. Poucos jovens gostavam de ler e
escrever, embora todos eles tivessem manifestado
interesse por computadores e redes sociais, so-
mente metade disse ter interesse em fazer blogs.
Outro momento importante foi a construção conjun-
ta de regras de convivência. Cada Núcleo construiu as
suas, mas em geral as principais foram:
• Respeito;
• Educação;
• Não ficar no celular;
• Não dormir no curso;
• Café às 16 horas;
• Todos devem participar das atividades;
• Não fazer panelinhas;
• Não falar ao mesmo tempo em que os outros.
Em três dos Núcleos, os jovens propuseram a cria-
ção de um grupo no aplicativo WhatsApp para
socialização dos conteúdos e contato gerais sobre
assuntos relacionados ao Projeto. Os próximos pas-
sos se relacionaram ao levantamento da percep-
ção dos jovens sobre o local em que moravam e
sobre o meio ambiente.
OS JOVENS E SUAS PERCEPÇÕES AMBIENTAIS
“O exercício constante da “leitura do mundo” demanda ne-
cessariamente a compreensão crítica da realidade... A prática
de constatar, de encontrar as (ou a) razões de ser do consta-
tado, a prática de denunciar a realidade constatada e de
anunciar a sua superação fazem parte do processo de leitura
do mundo...”
FREIRE, 2000
26
questionar os demais colegas sobre suas
escolhas.
No Núcleo Parque Escola, propuseram planetas
com tecnologia, com hospitais, porém sem do-
enças, hospitais só para acidentes e grávidas.
Houve um foco maior na criação de um
“novo” Planeta sem drogas, o que possibili-
tou aos educadores maior abertura para de-
bater sobre o assunto, pois é algo que pode-
ria estar próximo aos jovens em seus círculos
de convivência, em seus bairros e também
dentro de suas escolas.
O tema foi tratado com mais ênfase nas aulas
em que os jovens construíram o mapa falado
de seus bairros, encontro que foi extremamente
proveitoso, pois possibilitou a troca de experi-
ências e uma aproximação maior entre jovens
e educadores.
A seguir apresentamos o resultado de um
dos trabalhos em grupo realizado no Nú-
cleo Parque Andreense durante a atividade
Planeta Seu:
O que teria a “leitura do mundo” a ver com a
questão ambiental? Talvez para muitas pes-
soas tal leitura seja infactível, afinal como ler
o mundo? Em poucas palavras, Paulo Freire
exprime exatamente o que isso significa, ou
seja, compreender a realidade de forma críti-
ca, questioná-la e interferir sobre ela de forma
consciente.
Para trabalhar os temas geradores do Proje-
to sob uma perspectiva crítica e transforma-
dora relacionada com a “leitura do mundo”
sob a ótica mencionada por Paulo Freire foi
essencial realizar um levantamento sobre as
percepções ambientais dos jovens partici-
pantes de cada Núcleo. Para isso foram rea-
lizadas duas atividades: a dinâmica Planeta
Seu em que foi feita uma simulação na qual os
jovens poderiam escolher o que incluiriam ou
não em um novo Planeta e uma atividade de
estudo do meio no local em que moravam.
Na atividade Planeta Seu, houve uma inte-
ração maior entre os jovens, fazendo com
que ocorresse a cooperação entre eles com
o trabalho em grupo. Cada participante
pôde expor sua opinião sobre os temas e
Tabela 1 - Itens indicados e categorias de classificação de acordo com um dos grupos de jovens do Núcleo Parque Andreense durante a dinâmica Planeta Seu
CATEGORIAS DE CLASSIFICAÇÃO ITENS INDICADOS
Essencial
Animais domésticos/ água/ Terra/ montanhas/ sol/ventos/animais silvestres/praias/ sementes/ árvores/peixes/ar/ fogo/aves
Remédios/ indústrias/celular/ música/ facebook/ doenças/ ferramentas/ energia elétrica/ geladeira/ livros/ relógio/ petróleo/ shampoo/ sabonete/ TV a cabo/ Perfume/Fotografia/Supermercado/ Máquina de lavar roupas/ óculos/ futebol/ roupas/ alimentos/ internet/
refrigerante/hospitais/bicicletas/televisão/sapatos/agricultura/ sentimentos/escova de dentes/protetor solar
PrejudicialBicicletas/ Revistas/ Religião/ Carros/ desertos/secador de cabelos/drogas/ cigarro/
energia nuclear/ insetos/ penitenciária/ agrotóxico/ novelas/ motocicleta
Muito importante
Policiamento/ dinheiro/ estudos científicos (universidades)/ moradia fixa ou tem-porária/ bebidas alcoólicas/ coleta seletiva/ salão de beleza/ abastecimento e tratamen-
to de água/ pavimentação/ absorvente/ anticoncepcional/ aplicativos para android (whatsapp, instagram, retrica, dubmash e outros)/ shopping/ estabelecimentos comerciais/ preservativos/ séries e trilogias
Os Jovens e o Projeto 27
Os Jovens e o Projeto
Foto 8 - Jovens do Núcleo Chácara Pignatari durante a atividade Planeta Seu estudo do meio no Parque
do” são bem parecidas, pois os “planetas” ficaram
bem semelhantes com a realidade atual.
O momento de dis-
cussão sobre os resul-
tados desta atividade
foi muito produtivo,
principalmente pela
diversidade de per-
cepções advindas de
um grupo que vive e
convive em em
contextos tão parecidos,
seja nos Núcleos localizados
na Macrozona Urbana como nos que se localizam na
Macrozona de Proteção Ambiental de Santo André.
Mencionando diversos estudos, RODRIGUES et
al. (2012, p.101) lembra que a “percepção é ine-
rente a cada ser humano, que percebe, reage e
responde de forma diferente tanto às relações
interpessoais quanto às ações sobre o meio” sen-
do os valores construídos ao longo das histórias
e interações de cada um que vão determinar tais
percepções, atitudes e pensamentos diferentes
entre indivíduos de um mesmo grupo social. E
é o reconhecimento dessa diversidade que en-
riquece e legitima o trabalho de levantamento
de percepções como base do trabalho em edu-
cação ambiental.
A integração e o entrosamento entre os jovens
e os educadores em seus respectivos Núcleos
foram bem positivas. Neste primeiro módulo foi
possível falar sobre o jovem e o meio ambiente
de forma consistente, agregando conhecimen-
tos ambientais e sociais, em um aprendizado
construído mutuamente, pois como afirma FREI-
RE (1987, p. 68), “ninguém educa ninguém, nin-
guém educa a si mesmo, os homens se educam
entre si, mediatizados pelo mundo”.
Fotos 6 e 7 - Jovens do Núcleo Parque Andreense durante a dinâmica Planeta Seu
É interessante notar que este grupo indicou uma per-
cepção mais negativa em relação a alguns aspectos
classificando como prejudicial os desertos, a religião e
os insetos, por exemplo. Tais resultados possibilitaram
uma rica discussão e o esclarecimento de alguns con-
ceitos e suas relações.
Durante a mesma
atividade realizada
pelo Núcleo Chácara
Pignatari, os resul-
tados foram pareci-
dos, pois os jovens
tiveram o mesmo
entendimento do
que era essencial e
o que era prejudicial
para o planeta, para
este grupo o tema
religião também
gerou muita discus-
são o que foi impor-
tante para que eles
e os educadores se
conhecessem melhor.
Como continuação deste encontro, os jovens
realizaram uma caminhada no Parque Antô-
nio Pezzolo para identificar os aspectos que
gostavam ou não nesta área verde da cidade.
Muitos disseram que nunca tinham visto pé
de açaí e bromélias nas árvores. Para conhecer
as percepções ambientais dos colegas, os jo-
vens elaboraram um questionário sobre temas
ambientais, além de vídeos e fotos. Nessas ativi-
dades, eles abordaram além das questões locais
do parque, questões políticas e voltadas ao meio
ambiente, como: coleta seletiva e água.
De modo geral, observou-se que apesar dos jo-
vens morarem em bairros diferentes, estudarem
em escolas diferentes, suas “percepções de mun-
28
OS JOVENS, A BIODIVERSIDADE DE SANTO ANDRÉ E
A EDUCOMUNICAÇÃO
Os jovens, a biodiversidade de Santo André e a educomunicação 29
Os jovens, a biodiversidade de Santo André e a educomunicação
Um dos grupos fez um cartaz bem interessante
colocando um teclado em forma de granada, jus-
tificando que a internet e suas imagens podem ser
utilizadas tanto para o bem como para o mal.
Foto 9 - A Ilustração feita por um dos grupos para alertar sobre o uso correto de computadores e redes
Apesar das infinitas possibilidades das tecnologias
de comunicação e do acesso à internet por meio de
smartphones, foi notável a dificuldade dos jovens
no uso do computador o que demonstrou que
seria necessária maior atenção em relação ao uso
deste equipamento.
A partir deste encontro, os jovens foram orientados
a refletirem sobre as implicações práticas da educo-
municação em relação a todos os temas ambien-
tais que seriam abordados durante o curso.
E na busca da “significação dos significados”, como
mencionado anteriormente dois fatores importan-
tes foram considerados:
1. A informação e a comunicação auxiliam o pro-
cesso educativo, mas devem estar atreladas à rea-
lidade sociocultural de cada grupo.
2. A educação ambiental sob a perspectiva do Pro-
jeto não é unidirecional, portanto, deve utilizar infor-
mações que também emergem do próprio grupo e
estratégias que valorizem o saber popular para que
efetivamente possa contribuir com a construção de
novos conhecimentos de forma significativa.
“A educação é comunicação, é diálogo, na medida em que não
é a transferência de saber, mas um encontro de sujeitos inter-
locutores, que buscam a significação dos significados”
FREIRE (1977, p.68)
Buscar “a significação dos significados” foi algo
que permeou todo o projeto Pegada Jovem, pois
ao longo dos cursos buscou-se não apenas com-
preender as percepções e visões de mundo dos
participantes, mas também entender como estes
jovens davam significado ao local em que mora-
vam e às suas experiências na e com a cidade de
Santo André.
Considerando que mais da metade do município
está inserido em Área de Proteção e Recuperação
aos Mananciais e que possui duas importantes
Unidades de Conservação municipais de Proteção
Integral: O Parque do Pedroso e o Parque Natural
Municipal Nascentes de Paranapiacaba, o tema ge-
rador biodiversidade foi trabalhado tanto em seu
aspecto conceitual como prático e foi a partir deste
tema que a educomunicação como metodologia
foi apresentada aos jovens.
No Núcleo Parque Andreense, as aulas que envol-
veram o uso de computador foram realizadas no
CESA Luiz Gushiken, no laboratório de informática.
A fim de construir um conceito de forma dialógica
e participativa sobre a educomunicação, os jovens
foram convidados a refletir sobre esta palavra sepa-
rando a em duas partes: “edu” e “comunicação”, rapi-
damente os participantes relacionaram o conceito
à educação, mas tiveram dificuldades de mencio-
nar exemplos práticos de seu uso. Dessa forma, os
mesmos puderam fazer pesquisas na internet so-
bre o assunto em quatro grupos temáticos: escrita,
áudio, imagem, vídeo.
O processo foi interessante, pois se percebeu um
caráter individualizador no uso do computador,
pois os jovens apresentaram certa dificuldade de
trabalhar em grupo e dividir as tarefas entre eles.
30
Os jovens do Parque Miami iniciaram o tema so-
bre Educomunicação com uma explicação sobre
o conceito e as possibilidades de utilização desta
ferramenta na construção de idéias e possíveis in-
tervenções sobre as questões ambientais. Foram
realizadas diversas atividades, entre elas, recortes
de imagens sobre os meios de comunicação, deba-
tes, exibição de vídeos e registros fotográficos.Foto 10 - Pesquisa
Foto 11 - Apresentação
Fotos 12, 13 e 14Produção Jovens
Foto 15 - Biomapa
Foto 16 - Percepção
Os jovens, a biodiversidade de Santo André e a educomunicação 31
Os jovens, a biodiversidade de Santo André e a educomunicação
A primeira visita técnica realizada foi no Parque Na-
tural Municipal do Pedroso, que está localizado no
município de Santo André, São Paulo, e possui uma
ampla área com vegetação nativa da Mata Atlân-
tica, e por conta disso, é considerada uma área de
conservação para garantir a proteção da biodiver-
sidade local. (PMSA, 2012).
O Parque Natural Municipal do Pedroso, cuja ges-
tão é realizada pelo SEMASA, é uma Unidade de
Conservação de Proteção Integral desde 1998 e
possui área equivalente a aproximadamente seis
vezes a do Parque do Ibirapuera, em São Paulo
(SEMASA, s/d). Foi realizada a trilha do Montanhão,
pela antiga Estrada que tinha o mesmo nome, e
que estava fechada para minimização de impactos
ambientais com realização de reflorestamento e
fiscalização, lembrando que um trecho da estra-
da se mantinha aberto para circulação de veícu-
los. Durante o percurso o monitor Daniel (agente
ambiental – SEMASA) esclareceu as dúvidas dos
jovens, destacando algumas informações: área
de acesso restrito (fechada entre os anos de 2006
e 2007), onde foi possível observar a recupera-
ção natural e antrópica de uma área degradada.
O local visitado estava num estágio médio de recu-
peração, e a trilha foi um ótimo exemplo de recu-
peração de áreas degradadas. Os jovens também
foram levados à parte da Estrada que permanecia
aberta, para observarem as diferenças existentes
entre os dois locais. Ao final da trilha eles puderam
conhecer a área de reflorestamento do antigo “De-
safio Jovem”, local onde foi feito um plantio de mu-
das, como parte do processo de recuperação.
Apesar dos jovens do núcleo Parque Andreense
morarem em uma área de manancial, com Mata
Atlântica abundante e ao lado de um dos braços da
Represa Billings, os jovens não tinham o costume
de realizar trilhas ou observar todo o ambiente que
os cercavam de uma maneira diferenciada, pois
por residirem no local, àquela paisagem vista nas
No início dos trabalhos no núcleo Parque Miami, os
jovens ficaram surpresos e curiosos, pois foram in-
centivados a olhar à sua volta, pesquisar, fotografar,
falar e produzir o seu próprio conhecimento sobre
as questões ambientais locais.
Alguns problemas foram apontados, destacando
o descarte irregular de resíduos, tanto na região
quanto na própria escola onde estudam. Todos os
registros dos jovens se transformaram em vídeos,
jornais, músicas e apresentações e o assunto foi
muito bem explorado e socializados nos encontros.
Cabe aqui, o destaque para o tema sobre Percep-
ção Ambiental. Houve grande receptividade, inte-
resse e participação de todos deste núcleo.
O núcleo Parque Escola bem como os outros nú-
cleos elaboraram folhetos, mapa falado de seus
bairros, alguns jogos com temas ambientais, e rea-
lizaram pesquisas, iniciando o contato com as ferra-
mentas digitais no computador.
AS VISITAS A CAMPO
As visitas técnicas foram realizadas com o objetivo
de complementar o ensino e aprendizagem cons-
truídos em aulas teóricas e levar os jovens para
contemplação dos ambientes naturais em área de
manancial do nosso município.
Em Santo André temos duas Unidades de Con-
servação (UCs). Essas áreas são conhecidas como
parques e reservas. São espaços territoriais que
possuem recursos ambientais, com características
naturais relevantes e tem a função de garantir o
equilíbrio do ecossistema.
Estas áreas estão sujeitas a normas e regras espe-
ciais. São legalmente criadas pelos governos fe-
deral, estaduais e municipais, após a realização de
estudos técnicos dos espaços propostos e, quando
necessário, consulta à população. (MMA, s/d)
32
Os jovens do Parque Miami puderam falar mais so-
bre a região para os jovens do núcleo Pignatari, já
que residem no entorno.
Essas realidades diferentes foram importantes para
discussões no grupo sobre os pontos positivos e
negativos de se viver na cidade e em áreas mais
preservadas, e eles puderam ver de perto a impor-
tância da área do Parque do Pedroso para o abaste-
cimento de água de Santo André.
A segunda visita a campo foi no Parque Natural Mu-
nicipal Nascentes de Paranapiacaba, que também
é uma Unidade de Conservação (UC) de proteção
integral, ou seja, não pode ser habitada pelo ho-
mem, sendo admitido apenas o uso indireto dos
seus recursos naturais – em atividades como pes-
quisa científica e turismo ecológico, por exemplo.
(WORLD WIDE FOUND – WWF, s/d).
Localizado no município de Santo André com uma
área total de 400 hectares, conserva boa parte re-
manescente da Mata Atlântica do município. Atu-
almente possui cinco trilhas para utilização pública.
(PMSA, 2013).
A visita teve ótimo rendimento e aproveitamento
pelos alunos do Pegada Jovem.
Chegando à Vila os alunos foram informados sobre
a história de criação da mesma, como aconteceu o
processo de urbanização e de como o Parque Nas-
cente de Paranapiacaba auxilia no abastecimento
Unidades de Conservação era algo comum de seu
cotidiano. As novidades para os jovens foram os
processos de recuperação ambiental demonstra-
dos no Parque do Pedroso e os sistema de abaste-
cimento no Parque Natural Municipal Nascentes de
Paranapiacaba. Além disso, tais visitas propiciaram
os primeiros encontros com os jovens do Núcleo
Parque Escola, que inicialmente foi realizado com
certo estranhamento, mas que ao longo do Proje-
to foi sanado com atividades de integração entre
grupos.
Foi possível junto com os jovens contemplar e en-
tender a importância da preservação e de como
contribuir para esta prática em outros locais. Foram
Foto 17 - Visita ao Parque do Pedroso
observadas plantas e árvores nativas e exóticas, a
diversidade da fauna, a interferência do ser huma-
no no meio e seu impacto, tais como, abertura de
trilhas para caça, disposição inadequada de resídu-
os, moradias irregulares (que foram remanejadas e
estavam em processo de recuperação).
Com relação às visitas ao Parque Nascentes e
Parque do Pedroso, é importante destacar que a
maioria dos jovens desconhecia os locais, apesar
da maior parte deles morar em Santo André.
Foto 18 -Visita a Campo no Parque Natural do Pedroso. Trilha do Montanhão.
Os jovens, a biodiversidade de Santo André e a educomunicação 33
Os jovens, a biodiversidade de Santo André e a educomunicação
de água e na conservação da diversidade de fau-
na e flora existentes. Os grupos foram misturados
e após divididos em dois grupos, participaram de
uma atividade dentro das trilhas e ao final se re-
encontraram. Foi uma atividade muito agradável,
os jovens adoraram este contato com as árvores e
biodiversidade.
Além do tema biodiversidade, foi trabalhado tam-
bém a percepção ambiental, e as visitas técnicas
foram muito produtivas. O núcleo do Parque Miami
ao final do encontro resumiu a atividade em duas
palavras: “felicidade e paz”.
Os grupos tiveram opiniões parecidas com relação
às visitas às Unidades de Conservação, comentaram
sobre a importância das nascentes, animais não per-
tencentes à fauna local, a importância da conservação
das áreas de mananciais e as florestas.
Considerando as indicações dos grupos de como
as informações apreendidas poderiam ser “trans-
mitidas para a população”, as educadoras junto
com os jovens destacaram as diferenças entre car-
taz, folheto, livro e cartilha ressaltando os aspectos
positivos e negativos de cada material consideran-
do a sua utilização em trabalhos informativos ou
educativos e a importância de adequar a lingua-
gem a cada tipo de público.
Foi realizada uma atividade na qual os jovens si-
mularam que faziam parte de uma empresa de
comunicação e realizaram o planejamento para
elaboração da cartilha em 3 etapas: 1.briefing (le-
vantamento de informações básicas para elabora-
ção do material); 2.Discussão do conceito gráfico
(que tipo de imagens, cores, paginação etc) e 3.Dis-
cussão do conteúdo da cartilha (elaboração do ro-
teiro gráfico e conteúdo em tópicos).
PRODUZINDO AS CARTILHAS
Após os encontros sobre a Mata Atlântica, biodiver-
sidade e Unidades de Conservação, os jovens do
Núcleo Parque Andreense deram início ao proces-
so de elaboração da Cartilha sobre estes temas.
Para iniciar o planejamento do material os
jovens foram indagados sobre o que a comu-
nidade deveria saber sobre o viram e viven-
ciaram e de que forma estas informações po-
deriam ser compartilhadas.
Foto 19 – Jovens no Parque Nascentes
34
Com relação às atividades voltadas à educomuni-
cação, os jovens do núcleo Pignatari começaram
a desenvolver os passatempos para a cartilha de
Mata Atlântica. Eles tiveram facilidade para essas
atividades, pelo conhecimento prévio em infor-
mática, em especial com o programa Microsoft
Publisher, e também elaboraram os passatempos
para as cartilhas, como caça-palavras, certo e erra-
do, labirinto, sete erros.
Os jovens do Núcleo Parque Escola escreveram a car-
tilha sobre Áreas Verdes. Os jovens do Parque Miami
escreveram a cartilha de Manancial. O Nucleo Chá-
cara escreveu a cartilha de Áreas de Risco e o Núcleo
Parque Andreense escreveu a cartilha de Mata Atlân-
tica. Após as pesquisas ficaram impressionados com
a quantidade de parques que Santo André possui.
Muitos não conheciam a maioria deles.
Foto 20 - Processo de planejamento do roteiro gráfico da cartilha pelos jovens do Núcleo Parque Andreense
Foto 21 - Elaboração da cartilha Mata Atlântica no laboratório de informática pelos jovens do Núcleo Parque Andreense
Os jovens, a biodiversidade de Santo André e a educomunicação
A cartilha foi o primeiro material mais extenso de edu-
comunicação produzido pelos jovens, o resultado foi
positivo e propiciou um verdadeiro trabalho em equi-
pe. De acordo com SOARES (2001), a educomunicação
trabalha a partir do conceito de gestão comunicativa e
isso inclui um conjunto de ações de planejamento, im-
plementação e avaliação do processo potencializando
o processo de ensino-aprendizagem, não só entre os
jovens, mas também entre eles e a comunidade na
qual estão inseridos. A educomunicação é dialógica
e inclusiva e assim, aos poucos, no Projeto Pegada Jo-
vem foi estimulando maior autonomia, participação,
apropriação local e protagonismo dos jovens.
O título para a cartilha desenvolvida pelos jovens
do Núcleo Parque Andreense foi “Mata Atlântica –
de que lado você está?”, a idéia do grupo foi ques-
tionar o leitor se o mesmo está do lado da degrada-
ção ou da conservação deste Bioma.
35
Trocando olhares e percepções sobre a cidade
TROCANDO OLHARES E PERCEPÇÕES
SOBRE A CIDADE
36
Trocando olhares e percepções sobre a cidade
Tabela 2 – Questões norteadoras para o debate quanto às áreas de mananciais e áreas verdes urbanas.
TEMA QUESTÕES
MananciaisO que a área em que
moram tem a ver com a crise hídrica?
O que há de positivo e negativo?
Como a comunidade pode ajudar na conservação dos mananciais?
Áreas verdes urbanas
O que a área em que moram tem a ver com a
crise hídrica?
Quais as semelhanças entre as áreas verdes urbanas e as áreas
de mananciais?
Como a comunidade pode usufruir destes espaços
“As pessoas que convivem num território têm de passar a co-
nhecer os problemas comuns, as alternativas, os potenciais
.... trata-se de uma educação mais emancipadora na medida
em que assegura à nova geração os instrumentos de interven-
ção sobre a realidade que é a sua... é preciso “redescobrir” o
manancial de conhecimentos que existe em cada região, valo-
rizá-lo. Conhecimentos técnicos são importantes, mas têm de
ser ancorados na realidade que as pessoas vivem, de maneira
a serem apreendidos na sua dimensão mais ampla”.
DOWBOR, 2007 (p. 80 e 90)
Não há processo educativo efetivo que não
considere o contexto em que as pessoas es-
tão inseridas e a relação que estas têm com o
território em que vivem. Sob esta perspectiva,
o Projeto Pegada Jovem, por meio de suas ati-
vidades e metodologia baseadas em temas
geradores e educomunicação, teve a realidade
do munícipio como ponto de partida em todas
as suas ações.
A fim de relacionar e integrar as diferentes re-
alidades das Macrozonas Urbana e de Prote-
ção Ambiental, alguns temas geradores foram
abordados a partir das comparações entre as
percepções que os jovens tinham sobre cada
área tanto em relação às disparidades quanto
às similaridades.
Os temas geradores mananciais e áreas verdes
urbanas possibilitaram a integração de todos
os jovens do projeto, pois a princípio foram
levantadas as percepções que tinham sobre
estas áreas e em um segundo momento, os
grupos se reuniram para mostrar na prática
tais percepções aos demais Núcleos do Pe-
gada Jovem, o que foi muito rico, pois houve
uma fusão entre o que eles pensavam sobre
estes locais e os aspectos positivos e negativos
sob a ótica de quem convive diretamente com
cada realidade, ou seja, na área urbana ou na
área de manancial.
No Núcleo Pegada Jovem Parque Andreense,
foram feitas simulações práticas para que os
jovens percebessem a relação entre a con-
servação das florestas e demais áreas verdes
com a manutenção dos recursos hídricos.
A partir do que os jovens já haviam visto no
curso e a partir de notícias de jornal sobre a cri-
se hídrica e sobre os parques urbanos houve
uma reflexão com questões norteadoras con-
forme abaixo:
37
Trocando olhares e percepções sobre a cidade
As discussões de cada tema foram feitas inicialmen-
te em grupos diferentes e após com a turma toda.
Foi perceptível a familiaridade do grupo que discu-
tiu sobre a área de manancial em relação ao grupo
que apresentou suas opiniões sobre as áreas verdes
urbanas, isso está intimamente ligado às vivências
desses jovens, pois residiam em uma Área de Pro-
teção Ambiental.
Esta atividade teve grande importância não só para
estimular a reflexão sobre a cidade de Santo André,
seus mananciais e áreas verdes urbanas, mas prin-
cipalmente para que os jovens estabelecessem re-
lações entre o local e o global. As questões sobre a
crise hídrica possibilitaram um olhar mais ampliado
quanto aos temas trabalhados e a interdependên-
cia dos problemas e da disponibilidade de recursos
naturais em esfera micro e macro.
DOWBOR (2007, p.86), afirma que vivemos na era
do conhecimento e isso “exige muito mais conhe-
cimento atualizado e inserido nos significados
locais e regionais, e ao mesmo tempo as tecno-
logias da informação e comunicação tornam o
acesso a esse conhecimento mais viável”. Por outro
lado, o autor lembra o desafio educativo de orga-
nizar este conhecimento para preparar educan-
dos para o “mundo realmente existente”, ou seja,
um mundo que é complexo e produzido pelas
relações sociais e destes com o meio ambiente.
A partir deste entendimento, a educação não deve
servir para que as pessoas possam simplesmente
escapar do local em que moram, mas para cons-
truir os conhecimentos necessários para ajudarem
a transformá-la.
As atividades práticas referentes aos temas gerado-
res mananciais e áreas verdes urbanas envolveram
visitas técnicas à Estação de Tratamento de Água e
Esgoto do município, ao Parque Escola e ao Parque
Andreense. Estas últimas como parte das ações de
intercâmbio do Projeto.
Foto 22 - Encontro sobre mananciais e áreas verdes urbanas – atividade mostrando a importância das áreas verdes para absorção da água pelo solo
Fotos 23 e 24 - visitas à Estação de Tratamento de Água e Esgoto
38
As visitas às estações de tratamento reforçaram a
importância do cuidado com a utilização da água
e seu desperdício.
A realização das atividades de intercâmbio foi feita
de modo que um Núcleo da Macrozona Urbana vi-
sitasse outro na Macrozona de Proteção Ambiental
e vice e versa, permitindo que os grupos interagis-
sem entre eles e conhecessem um local diferente
da realidade em que viviam.
O Núcleo Parque Andreense visitou primeiro o Nú-
cleo Parque Escola e alguns dias depois os jovens
do Parque Andreense recepcionaram os partici-
pantes do Parque Escola. Considerando outros
encontros em que as turmas estiveram juntas, os
jovens estavam bem ansiosos e receosos, pois a
primeira impressão que tinham um dos outros não
era positiva e o intercâmbio foi fundamental para
quebrar esta barreira que já existia entre eles.
Entre as atividades preparadas pelo grupo do Par-
que Escola, a que mais impactou o grupo foi a da
“caixa de presente”, pois no início ficaram tensos e
preocupados em se exporem, mas ao final perce-
beram que às vezes temos medo dos desafios e do
novo, mas os mesmos também podem ser bons e
contribuir com o nosso crescimento.
O processo de planejamento dos jovens do Nú-
cleo Parque Andreense inicialmente foi dividida
em quatro etapas: recepção, nosso bairro, o que
aprendemos e encerramento. Para estimular a re-
flexão do grupo do Parque Escola sobre a primeira
impressão que tiveram um sobre os outros foram
apresentadas imagens de pessoas e um pequeno
histórico sobre suas vidas.
Cada participante do outro grupo deveria escolher
uma das pessoas para passar um final de semana.
Depois das escolhas, foi revelado aos participantes
a verdadeira história de cada um e, demonstra-
do que apesar de ter algumas pessoas com boa
aparência, a história de sua vida pode esconder
um outro lado, totalmente oposto do que a sua
imagem, poder aquisitivo ou status demonstra na
primeira impressão. Com esta atividade, eles quise-
ram mostrar que às vezes, as aparências enganam
e finalizaram com uma discussão sobre a questão
do preconceito.
Para apresentação sobre “O lugar em que mora-
mos”, os jovens de cada bairro, falaram, mostraram
fotos e a localização no mapa do lugar em que
cada um deles morava, e comentaram também
do que poderia ser encontrado na região, as coisas
boas e ruins. Para o fechamento da apresentação,
fizeram um Rap, sobre as áreas de mananciais.
Rap: Agora é tempo de preservar
Moramos numa área com recursos naturais
Rios, lagos, áreas verdes que fazem dos mananciais
Uma das áreas mais especiais
È protegido por lei, não se pode poluir
Se não, para onde teremos que ir?
Quando perder, não adianta reclamar
Agora é tempo de tudo isso a gente preservar
Dara Ferreira Lima, 18 anos
Trocando olhares e percepções sobre a cidade 39
Trocando olhares e percepções sobre a cidade
Após foi feita uma gincana misturando os
jovens dos dois grupos a fim de resgatar
o que tinha sido visto no curso até aque-
le momento. Para o encerramento fizeram
uma caixa de presente com papel de revis-
ta e uma mensagem.
O entrosamento dos jovens foi muito po-
sitivo e todos demonstraram empenho
e dedicação, souberam trabalhar muito
bem em grupo e dividir responsabilidades.
Aprenderam a lidar com a timidez, alguns
conseguiram superar o medo de falar em
público e aprenderam a respeitar os me-
dos e limites de cada colega.
Tais atividades geraram como produto edu-
comunicativo, parte do conteúdo do “Infor-
mativo Pegada Jovem”. Os participantes do
Núcleo Parque Andreense elaboraram folhe-
tos sobre o tema manancial em duplas e de-
pois selecionaram em grupo as informações
seriam incluídas no cartaz do Projeto para
posterior intervenção na comunidade.
Fotos 25 e 26 Planejamento das atividades para recebimento dos jovens do Núcleo Parque Escola no CESA Luiz Gushiken e Escola de Formação Ambiental Billings
40
Fotos 27 e 28: Jovens dos Núcleos Pegada Jovem Parque Escola e Parque Andreense ao
Foto 29 - Jovens do Núcleo Pegada Jovem Parque Andreense elaboran-do os folhetos sobre as áreas de mananciais.
Figura 4 - algumas das ilustrações feitas pelos jovens para os folhetos
A cada encontro os jovens se mostraram mais
confiantes e ligados aos locais em que (2010, p.
19) citam como uma das vantagens de se traba-
lhar a educomunicação, isto é, “a comunicação
comunitária é capaz de conectar indivíduos e
instituições, estimulando o espírito de pertenci-
mento e de responsabilidade mútua em relação
a um determinado território.
No Núcleo Pegada Jovem Parque Miami, apre-
sentamos ao grupo as diversas percepções e
olhares sobre a nossa cidade destacando as áreas
de manancial e as áreas verdes urbanas. Os temas
foram abordados de uma forma interativa e des-
contraída, facilitando assim, a participação.
Destacamos que, em áreas naturais onde a ter-
ra não está impermeabilizada e há vegetação, a
água da chuva ao chegar ao solo será absorvi-
da de forma lenta e gradual, formando os len-
çóis freáticos. Já em áreas impermeabilizadas,
como as grandes cidades, a água não conse-
gue se infiltrar no solo e corre para locais baixos
ocasionando as enchentes.
Trocando olhares e percepções sobre a cidade 41
Trocando olhares e percepções sobre a cidade
Através das imagens apresentadas, os jovens pude-
ram “perceber” as diferenças ambientais presentes
em nossa cidade e se perguntarem? Afinal, onde é
que eu vivo? E onde é que eu moro? Nestes encon-
tros, os debates realizados foram direcionados para
que os jovens pudessem ampliar seus horizontes.
Quais os pontos positivos e negativos de se morar
em uma área de manancial? Quais as diferenças em
se morar em uma área urbana? Qual a importância
das áreas verdes urbanas?
As respostas foram surpreendentes, apesar de
apontarem diversos problemas na região, não gos-
tariam de morar na área urbana. Reconheceram
que a qualidade do ar era melhor, que a região
tinha muitas áreas verdes, incluindo o Parque Na-
tural do Pedroso (apesar de desconhecerem a sua
importância para a cidade). Neste ponto houve
um reforço nas informações para a valorização do
parque.
Quando as imagens da área urbana foram apre-
sentadas, a maioria disse que só se deslocava
para “Santo André” para utilização de serviços,
como: comércio, cursos específicos, shoppings
(raramente) e, que a maioria das vezes, retorna-
vam para casa com mal-estar e dor de cabeça
associados à “poluição”.
Foto 30 - Apresentação do tema
Foto 32 - Pesquisa
Foto 31 - Produção dos trabalhos
42
Como resultado destes encontros e dis-
cussões os jovens prepararam um material
(vídeo e apresentação de slides, músicas e
poesia) muito interessantes para ser apre-
sentado ao Grupo da Chácara Pignatari.
A proposta do intercâmbio entre os grupos causou
uma certa ansiedade nos jovens, que decidiram
“valorizar” tanto a escola que estudavam como
também a região onde residiam. Para encerrar o
intercâmbio, houve um debate caloroso entre os
jovens sobre as diferentes percepções sobre a cida-
de e o grupo da Chácara Pignatari foi convidado a
voltar em uma outra oportunidade para conhecer
o Parque Natural do Pedroso.
Foto 33 - Recepção ao grupo
Foto 34 - Apresentação dos jovens
Foto 35 - Troca de experiências
Na visita do grupo do Parque Miami à Chácara
Pignatari os jovens participaram de uma trilha
surpresa de modo a terem que encontrar pistas
durante o percurso.
Ao final da atividade esta pista foi apresentada e ex-
plicada pelos monitores a todos os jovens do Par-
que Miami. Por fim, os jovens da Chácara Pignatari
encerraram a visita encenando uma esquete teatral
retratando a vida cotidiana dos jovens que residem
em área urbana. Nesta apresentação exemplifica-
ram o modo de vida que cada um enfrentava em
relação aos aspectos positivos e negativos de se
viver na área urbana, por exemplo: acesso fácil a
shoppings, transportes, instituições de ensino.
Porém, péssima qualidade do ar, poluição sonora,
transportes lotados, enchentes etc.
Trocando olhares e percepções sobre a cidade 43
Trocando olhares e percepções sobre a cidade
Para encerrar, houve um debate entre os jovens so-
bre as diferenças entre os equipamentos públicos
que a Chácara Pignatari possuía e que no Parque
Natural do Pedroso não exisitia, como: pista de
skate, quadra de tênis, entre outras opções de lazer
que um parque urbano apresenta.
No Núcleo Pegada Jovem Parque Escola ao tra-
balhar as questões ambientais com os jovens, no
tema Biodiversidade e Mananciais, observamos
que apesar do nosso município ter mais da meta-
de de sua superfície como extensão de manancial,
os jovens do núcleo Parque Escola tinham pouco
conhecimento sobre o que é e onde se localiza em
nossa cidade. Para facilitar o aprendizado sobre os
temas acima citados, conforme estava proposto
no cronograma do curso, os jovens participaram
de duas visitas de campo, às Unidades de Conser-
vação Parque Natural do Pedroso e Parque Natural
Municipal Nascentes de Paranapiacaba. Além do
conteúdo ministrado em aula eles puderam con-
templar na prática o que é uma área de manancial
e vivenciar sua biodiversidade.
Como parte do projeto, foram programados e re-
alizados dois intercâmbios entre o núcleo Parque
Escola e o núcleo Parque Andreense, cada um vi-
sitou e conheceu o local em que são ministrados
os cursos do outro núcleo.
Porém, antes do intercâmbio, numa visita de
campo ao Parque Natural do Pedroso os dois nú-
cleos se encontraram no fim da visita. Não houve
uma preparação de integração prévia e isso ge-
rou um mal estar entre os núcleos. Percebemos
que houve uma “disputa” de território, comum
entre os jovens, e gerou um conflito negativo
entre as duas turmas. Essa questão foi trabalha-
da com cada núcleo antevendo o encontro no
intercâmbio.
Aulas após iniciamos o processo de planejamento
do intercâmbio, os jovens do Parque Escola se or-
ganizaram em grupos e decidiram recepcionar os
jovens do Parque Andreense com quatro ativida-
des: recepção e apresentação do núcleo Parque
Escola, uma dinâmica (Dinâmica do Presente) e
trilha monitorada no parque e encerramento com
um lanche comunitário. Infelizmente o dia estava
muito chuvoso, e fez com que mudássemos a pro-
gramação planejada.
Nesse dia, também, recebemos os nove alunos novos
no núcleo, compondo um grupo de vinte e seis alunos.
Na dinâmica do presente, tínhamos uma caixa de
presente e dentro um desafio, e alguns papéis escrito
“passe livre”. A primeira pessoa que pegou o presente
escolheu uma outra pessoa e entregou o embrulho, a
pessoa que recebeu tinha a chance de aceitar o “desa-
fio” ou pegar o “passe livre” e passar o embrulho a ou-
tra pessoa. O presente foi passado por alguns alunos
até que uma das meninas do núcleo Parque Escola
aceitou o presente “desafio”. Dentro do embrulho ha-
via uma caixa de chocolate, e um papel escrito: “Desa-
fio: Coma, e divida com os amigos”. Mostramos nesta
dinâmica que aceitar o que é novo, às vezes, nos causa
receio, e nem tudo que parece é. O embrulho tinha
um desafio, e desafios nos trazem medo, mas quem o
aceitou teve uma agradável surpresa, assim como os
dois núcleos em seu primeiro encontro, que não acei-
taram o desafio de se conhecer melhor escolheram o
“não conhecer”, por receio ou medo, mas que neste
intercâmbio puderam “abrir” a guarda e se conhecer
melhor, e tiveram a agradável surpresa de percebe-
ram que os jovens do núcleo Parque Escola são pa-
recidos com os jovens do núcleo Parque Andreense,
tem as mesmas idades, estudam nos mesmos anos,
passam pelas mesmas situações como adolescentes,
e apesar de morarem em locais e com estruturas dife-
rentes, tem metas e sonhos parecidos.
Foto 36 - Visita à Chácara Pignatari
44
Foto 37 - Visita à Chácara Pignatari
Após essa “quebra de gelo”, tivemos o segun-
do intercâmbio. Os jovens do Parque Esco-
la foram até o núcleo dos jovens do Parque
Andreense, e foram muito bem recebidos.
Eles fizeram uma dinâmica sobre a primeira
impressão, e foi muito bem recebida pelos jo-
vens visitantes. O dia estava lindo, e os jovens
aproveitaram o espaço ao ar livre para juntos
e misturados fazerem algumas brincadeiras.
Resultado: Positivo! A meta foi alcançada. Os
jovens se integraram, e entenderam que estão
caminhando para um mesmo objetivo.
Após os intercâmbios iniciamos a elaboração
da cartilha, foi outro desafio. Percebemos
que os jovens apesar de estarem num mun-
do cheio de tecnologias e de facilidades, têm
muita dificuldade para elaboração de textos
e uso de programas de edição de texto no
computador. Além do conteúdo da cartilha
ensinamos à eles o uso do Word, do Publisher
e do Power Point, programas do Pacote Office
do Windows.
Trocando olhares e percepções sobre a cidade 45
Pegada Jovem na Comunidade
PEGADA JOVEM NA COMUNIDADE
46
Pegada Jovem na Comunidade
“Gosto de ser homem, de ser gente, porque sei que a minha
passagem pelo mundo não é predeterminada, preestabeleci-
da. Que o meu “destino” não é um dado, mas algo que preci-
sa ser feito e de cuja responsabilidade não posso me eximir.
Gosto de ser gente porque a História em que me faço com os
outros e de cuja feitura tomo parte é um tempo de possibili-
dades e não de determinismo.”
FREIRE, 1996 (p. 53)
O Projeto Pegada Jovem adotou como premissa a
educação crítica para transformação social, sensibili-
zando e estimulando a mobilização dos jovens para
que aplicassem de alguma forma os conhecimentos
construídos ao longo do projeto em suas vidas e em
suas comunidades, pois assim como FREIRE acredita-
mos que a História não é estática, é cíclica, por isso, a
participação ativa em que interagimos com o meio na
condição de sujeitos é aquela que cria possibilidades
para as mudanças socioambientais.
A participação como um dos objetivos da educação
ambiental esteve presente no Pegada Jovem em
vários momentos, a participação nas discussões,
nas atividades práticas e nas atividades de campo.
Inicialmente muito dos jovens se mostraram mais
tímidos e aos poucos foram exercendo uma parti-
cipação mais ativa que ao final do curso culminou
em intervenções nas comunidades que abrangiam
cada Núcleo.
Antes de planejar a intervenção propriamente dita,
foram trabalhados os temas geradores: gestão de
riscos ambientais e o protagonismo jovem, ambos
tiveram certo impacto sobre os jovens conforme
relatamos a seguir.
A parte teórica sobre gestão de riscos teve como
objetivos principais apresentar os tipos e graus de
riscos; além de apresentar o trabalho da Defesa Ci-
vil. Muitos dos jovens relataram desconhecer o que
realmente faz a Defesa Civil no município, o que foi
importante no sentido de conhecerem o trabalho e
o dia-a-dia do trabalho.
De certa forma, a abordagem dos temas gestão de
riscos e protagonismo jovem foram importantes
ao serem trabalhadas em sequência, já que muitas
questões sobre a prevenção de riscos de desas-
tres envolvem a importância da multiplicação da
informação entre as pessoas; papel que os jovens
podem desenvolver com a família, escola, vizinhos
e amigos.
Segundo o PNUD – Programa das Nações Unidas
para o Desenvolvimento, incorporar o tema dos de-
sastres nas políticas e programas voltados ao desen-
volvimento sustentável, por meio da gestão integrada
com foco no engajamento comunitário e participa-
ção de todos, possibilitará a construção de cidades
mais seguras e redes de proteção social para prevenir
desastres e promover qualidade de vida.
Ao trabalharmos a questão dos riscos de desastres
com os jovens através da educação e sensibilização
sobre as ameaças e riscos a que estão expostos, foi
possível discutir a importância de cada um estar
mais bem preparado e saber responder correta-
mente aos alertas locais de desastres nas suas co-
munidades.
INFORMAR E SER
INFORMADO
SOCORRER E SER
SOCORRIDO
ALERTAR E SER
ALERTADO
PROTEGERE SER
PROTEGIDO
A PROTEÇÃO CIVILUMA TAREFA DE
TODOS PARA TODOS
47
Pegada Jovem na Comunidade
Os jovens receberam informações importantes
sobre as ações da Defesa Civil, como o Plano Muni-
cipal de Redução de Riscos, o Programa Operação
Chuvas de Verão, o monitoramento climático rea-
lizado através dos pluviômetros automáticos e se-
mi-automáticos (comunitários), estações meteoro-
lógicas e câmeras de monitoramento instaladas às
margens de rios, córregos e um piscinão municipal.
Também puderam conhecer mais sobre o sistema
de alarme preventivo via SMS e o papel dos Nupde-
cs – Núcleos Comunitários de Proteção e Defesa Ci-
vil, formados por moradores preparados nas ações
de prevenção e a agir em situações de riscos.
As discussões sobre gestão de áreas de risco no
município foram aprofundadas em uma visita de
campo a duas áreas de risco localizadas na Macro-
zona Urbana de Santo André, para que pudessem
conhecer uma área sujeita a deslizamentos de terra
e outra a inundações.
As visitas à campo foram divididas e feitas com dois
grupos de cada vez. O ponto de encontro da ativi-
dade foi o CESA Cata Preta, onde foram recebidos
pela equipe da Defesa Civil que explicou sobre o
trabalho realizado nas áreas de risco.
Foto 38 - Fabio Formigoni, da Defesa Civil, na palestra sobre riscos ambientais para a Turma do Parque Miami.
Foto 39 - Umberto Bittar, da Defesa Civil orientando os jovens das turmas do Parque Escola e Parque Andreense sobre o funcionamento do pluviômetro no CESA Cata Preta.
No CESA os jovens também puderam conhecer e
receber informações sobre um dos pluviômetros
semiautomáticos instalados no município. A pró-
pria equipe do CESA é quem faz as medições diárias
dos índices de chuvas e encaminha mensalmente
para a Defesa Civil, permitindo aprimorar o moni-
toramento climático e registrar em banco de dados
essas informações importantes para as ações de
prevenção.
48
Foto 40 e 41 - Câmeras de monitoramento nos rios e córregos e página de visualização das Estações Meteorológicas do Semasa.
Ao conhecerem o pluviômetro os jovens puderam
associar à parte teórica, sobre o monitoramento da
Defesa Civil por meio dos sistemas e câmeras.
Após as explicações sobre os pluviômetros, os jo-
vens foram orientados por meio do mapa da área
do Jd. Irene, do Plano Municipal de Redução de Ris-
cos, para que visualizassem no campo como ficou a
área após as remoções preventivas, em que foram
removidas cerca de 200 famílias somente nessa
área, suscetível a riscos de deslizamento.Foto 42 - Mapa utilizado para visualização dos jovens para orientações sobre a visita ao Jardim Irene.Foto: PMRR – Plano Municipal de Redução de Riscos de Santo André, 2014.
Foto 43 - Cícero Marcos Ramos da Defesa Civil, orientando os jovens das turmas do Parque Andreense e Parque Escola, sobre a visita ao Jardim Irene.
Pegada Jovem na Comunidade 49
Pegada Jovem na Comunidade
Como forma de otimizar a visita dos jovens, eles fo-
ram divididos em dois grupos, enquanto um deles
estava na área do Jardim Irene, o outro realizava a
atividade na área da Maurício de Medeiros.
Os jovens do Núcleo Parque Andreense, por mo-
rarem em área de manancial já conviviam com
uma realidade bem diferente da área urbana
que como eles mesmos diziam tinha muitas coi-
sas boas, mas tinha muitas ruins também, porém
ao realizarem esta visita de campo, mudaram al-
gumas de suas opiniões, pois se depararam com
problemas de risco que impactam de forma bem
negativa a vida das pessoas que residiam no
bairro visitado, principalmente em períodos de
chuva. Os participantes do Projeto, puderam co-
nhecer tanto os problemas quanto as possíveis
ações de prevenção e o trabalho que é feito pela
equipe da Defesa Civil da Cidade. Foto 44 - Turma do Parque Miami e Chácara Pignatari na visita monitorada ao Jardim Irene
Foto 45 - Turmas do Parque Escola e Parque Andreense na área da Av. Maurício de Medeiros
50
Nenhum dos jovens do Núcleo Parque Andreense
imaginava existir um local como o qual visitaram.
Puderam refletir sobre os perigos de construir um
imóvel perto de córregos, rios ou barrancos e das
construções sem planejamento e autorização da
Prefeitura. Além disso, já no retorno da visita muitos
comentaram que reclamavam de onde moravam,
mas que já não viam seus bairros e a falta de infra-
estrutura como antes, pois as áreas de risco apre-
sentam realidades bem piores, como descreve o
depoimento a seguir:
“A visita à área de risco no Jd. Irene me impactou muito,
olhar aquelas casas em risco umas próximas das outras,
pessoas sem privacidade dentro de sua própria casa, pró-
ximas a córregos... me fez pensar sobre a importância das
áreas de mananciais. Não deixar construir, não poluir e o
quanto sou privilegiada de morar em uma área de ma-
nancial, apesar de ser longe de comércios, posto de saúde,
das ruas serem de terra, mas que ainda assim tem um va-
lor muito grande para todos nós”.
Dara Ferreira Lima, 18 anos
(Núcleo Parque Andreense)
Neste caso, a sensibilização se deu pelo impacto
que sentiram durante a atividade. Considerando os
objetivos da educação ambiental, cabe salientar a
importância da sensibilização, pois são nestes pro-
cessos que o campo afetivo dos participantes é esti-
mulado para que se motivem para alguma reflexão
ou ação. A falta do momento de sensibilização faz
com que os indivíduos não valorizem determina-
das ações ou causas, portanto, o processo educati-
vo deve ir além da simples informação que por si só
não estimula ou provoca as mudanças necessárias
(DIAS, 2003).
Os jovens do Parque Miami puderam associar as
informações recebidas durante a visita com os re-
centes deslizamentos em decorrência das fortes
chuvas, ocorridos próximos ao local onde residem.
Houve bastante interesse e participação, os jo-
vens esclareceram diversas dúvidas e fizeram
inúmeros questionamentos quanto a Lei Muni-
cipal de Zoneamento Urbano. A equipe técnica
esclareceu que os riscos existem, para tanto são
controlados e monitorados pelos agentes de De-
fesa Civil e sobretudo, por moradores represen-
tantes do Nupdecs.
Já para os jovens da turma do Chácara Pignatari e
Parque Escola, a visita nas áreas de risco também foi
importante para que conhecessem outra realida-
de, já que a maior parte deles não conhecia locais
como os visitados.
Foto 46: Visita de Campo ao Jardim Irene – Núcleo Pegada Jovem Parque Andreense
Foto 47 - Turmas Parque Miami e Chácara Pignatari na visita ao Jardim Irene.
Pegada Jovem na Comunidade 51
A turma do Parque Miami apresentou muito in-
teresse sobre o tema, o que motivou a equipe de
coordenação desta turma a organizar uma visita
monitorada no entorno da escola para reconheci-
mento das áreas de risco do Parque Miami e possí-
veis orientações aos moradores.
Foto 48 - Turma Parque Miami fazendo reconhecimento dos riscos na área do entorno da escola
Foto 50 - Atividade no laboratório de informática com a turma do Parque Miami, para produção dos materiais de educomunicação.
Figura 7: Conteúdo de um dos cartazes sobre área de risco elaborada pelos jovens do Núcleo Parque Andreense
Foto 49: Discussão inicial para elaboração de cartazes sobre o tema áreas de risco - Núcleo Pegada Jovem Parque Andreense
Após a realização das atividades de campo, os jo-
vens produziram materiais de educomunicação
sobre o tema gestão de riscos, para a produção da
cartilha temática.
Os jovens do Núcleo Parque Andreense fizeram carta-
zes abordando três questões: como podemos ajudar;
o que podemos fazer para evitar as situações de risco
ambiental e como reconhecer essas áreas.
Pudemos verificar que as visitas a campo foram
fundamentais para a percepção dos riscos pelos
jovens e que também geraram discussões sobre as
questões sociais, de condição de vida das pessoas.
Como descreve LIMA, 2006, “A inserção da temá-
tica de Defesa Civil nas escolas, permite o desen-
volvimento de princípios que proporcionam uma
nova construção de valores e capacidades funda-
mentais para a reflexão e transformação gradual
da realidade das comunidades locais”.
Pegada Jovem na Comunidade52
Figura 8, 9 e 10 - Materiais produzidos pelos jovens sobre a temática dos riscos ambientais
Ao decorrer de todo o projeto o tema gerador
protagonismo jovem esteve implícito nas diversas
atividades realizadas, mas era necessário entender
também como os grupos se viam comparando-os
a outras gerações de jovens e o que sabiam sobre
as Políticas Públicas para a Juventude e as possibili-
dades de participação e controle social abertas aos
jovens. Houve dois encontros específicos em que
os grupos puderam debater sobre estes assuntos,
muitos não conheciam tais políticas e afirmaram
que a geração atual tem mais possibilidades de
ampliação de seus conhecimentos do que gera-
ções passadas, pois os meios de comunicação são
mais amplos.
Também foram discutidos temas como a redu-
ção da idade penal, drogas, violência contra a
mulher e a reorganização das escolas estaduais,
para que ficasse mais claro a importância do
protagonismo jovem sobre temas debatidos na
esfera nacional e local atualmente.
Outro assunto que gerou polêmica foi a questão dos
rótulos ligados à juventude. Para discutir este assun-
to os jovens participaram da dinâmica dos rótulos,
em que recebiam certas caracterizações sem que
soubessem e a partir do modo que estavam sen-
do tratados deveriam inferir qual seria o seu rótulo.
Pegada Jovem na Comunidade 53
Os jovens conseguiram identificar facilmente as
características pelas quais haviam sido rotulados.
Perceberam como foram tratados pelos colegas e
se sensibilizaram quanto ao mal estar gerado por
serem rotulados de algo de que na realidade não
eram. Questões sobre liderança, conflitos e o prota-
gonismo juvenil também foram discutidas.
O conceito de protagonismo pode ter di-
versas interpretações, sob a perspectiva do
Projeto Pegada Jovem, este tema não foi tra-
balhado apenas sob seu aspecto conceitual, mas
também prático, ou seja, houve um estímulo
e mediações dos educadores para que os jo-
vens desenvolvessem ou aprimorassem suas
habilidades participativas para que pudes-
sem interferir em situações concretas que
envolviam seus círculos sociais, suas escolas,
suas comunidades e sua cidade. De acordo
com COSTA e VIEIRA (2006, p.238):
“...o protagonismo do ponto de vista da sua importância
para o desenvolvimento pessoal e social do adolescente, ele
é um direito. Sem esse espaço de descoberta e experimenta-
ção social, a transição para o mundo adulto será certamente
mais incompleta, limitada e vazia de um certo tipo de prá-
tica e vivência fundamentais para a vida. Por outro lado, se
olharmos o protagonismo do ponto de vista da família, da
escola e da comunidade, não podemos deixar de percebê-lo
como um dever. O chamado, a convocação ao envolvimento
em questões reais da vida escolar, comunitária e social mais
ampla, é antes de mais nada um apelo à consciência ética e
ao compromisso cidadão do adolescente com a comunidade
onde sua vida se desenvolve”.
Pelo exposto, o protagonismo juvenil envolve uma
intencionalidade que deve se refletir em ações co-
tidianas, porém é um processo, cujo resultado se
percebe a médio e longo prazo.
Como parte do Projeto, os jovens do Núcleo
Parque Andreense planejaram e realizaram in-
tervenções na comunidade em que residiam.
O planejamento da intervenção partiu dos principais
problemas ambientais identificados pelos jovens, os
quais foram priorizados em três eixos: água, biodi-
versidade e desmatamento. De acordo com o local e
o público escolhido por eles, as melhores estratégias
sob o ponto de vista do grupo foram:
• Realização de peça teatral, gincana e músi-
ca para crianças de 9 e 10 anos da EMEIEF do
Parque Andreense;
• Conversa com moradores e colagem de carta-
zes em comércios do bairro/loteamento.
Houve grande empenho de todo o grupo no pre-
paro das atividades e o resultado foi positivo, pois
houve integração e cooperação mútua entre os
jovens. Os mesmos puderam expor alguns de suas
habilidades ligadas às artes e à música.
Na intervenção na escola, foram atendidos 40 alu-
nos e nas ruas do bairro cerca de 20 pessoas e 7
comércios.
Foto 51 - Jovens do Núcleo Parque Andreense durante a dinâmica dos rótulos
Pegada Jovem na Comunidade54
Foto 52: Jovens do Núcleo Parque Andreense na finalização da peça “Todos pela água” para os alunos da EMEIEF do Parque Andreense
Foto 54: Gincana de perguntas e respostas feita pelos jovens do Núcleo Parque Andreense
Fotos 55 e 56: Abordagem de moradores feita pelos jovens do Núcleo Parque Andreense
Foto 53: Apresentação musical feita pelos jovens do Núcleo Parque Andreese – Natureza, a mais linda riqueza
Pegada Jovem na Comunidade 55
A intervenção na comunidade foi avaliada de for-
ma positiva pelos jovens conforme depoimentos a
seguir:
“Acho que a nossa intervenção na comunidade foi algo diferente, por-
que quando somos crianças temos mais facilidade para aprender
alguma coisa do que quando já estamos grandes. Foi incrível,
como elas interagiram com a gente! Sem vergonha de falar. A
gente se saiu bem, teve algumas falhinhas, mas correu tudo bem,
o improviso também foi legal, isso é melhor do que algo decora-
do. A gente nunca tinha feito isso, o que foi legal, foi tentar. Ter ido
nos comércios do bairro também foi interessante, hoje a maioria
das pessoas usa a internet, mas é importante ter a informação do
jeito que era antes, no papel, além de ser um trabalho que a gente
que fez, isso foi bem legal!”
Caique José Gomes Santos , 16 anos (Núcleo Pegada Jovem
- Parque Andreense).
“Hoje foi um dia especial, apresentar o que aprendemos para
as crianças, a importância da água no nosso planeta, a im-
portância das matas para que eles tenham a ideia de como
cuidar do meio ambiente, fiquei muito feliz”.
Dara Ferreira Lima, 18 anos (Núcleo Pegada Jovem - Par-
que Andreense)
A proposta para a intervenção na comunidade
pela turma do Chácara Pignatari teve como obje-
tivo levantar os conhecimentos dos comerciantes
sobre as questões mais atuais e locais relacionadas
ao conteúdo aprendido no curso. Essa proposta foi
importante pois ficou clara a percepção dos jovens
com relação à realidade local, já que o entorno do
Parque é formado por muitos comércios.
A proposta da aplicação desse questionário aos co-
merciantes também gerou discussões sobre temas
bem atuais, como a crise da água, o que mais uma
vez demonstrou que os jovens estão atentos à re-
alidade e ao contexto do cenário ambiental atual.
Para isso os jovens elaboraram um questionário
com quatro perguntas, sendo:
1 - Você sabe o que é área de manancial?
Sim – Dê um exemplo:
Não – Explique:
2 - Quem é culpado(a) pela crise hídrica em San-
to André?
Semasa e Prefeitura
São Paulo
Governo Estadual
A população (você)
3 - Você frequenta o Parque Pignatari?
Sim
Não
4 - Você acha que o Parque Pignatari é suficiente
para área verde em Santo André?
_________________________________________
_________________________________________
Pegada Jovem na Comunidade
Foto 57 e 58 - Intervenção com os comerciantes da Av. Vieira de Carvalho pela turma Chácara Pignatari
56
Pegada Jovem na Comunidade
O questionário foi aplicado aos comerciantes
da Av. Vieira de Carvalho. A maior parte deles foi
receptivo com os jovens, respondendo as ques-
tões; os comércios que estavam no momento
com clientes não foram trabalhados. Dessa forma,
foram entrevistados 16 comerciantes. Alguns co-
mércios permitiram que o cartaz do projeto fosse
fixado na entrada dos locais.
A conversa com os comerciantes também permi-
tiu aos jovens replicar os conhecimentos adquiri-
dos ao longo do curso.
Com relação aos resultados do questionário, os co-
merciantes que relataram não saber o que é área
de manancial foram orientados pelos jovens.
Quanto às respostas sobre a responsabilidade da crise
hídrica, a maior parte dos comerciantes entrevistados
atribuiu a responsabilidade ao governo estadual,
em segundo lugar atribuíram a responsabilidade à
população em geral devido ao desperdício e mau
usos da água. Também a maioria dos comerciantes
relataram frequentar o Parque Chácara Pignatari.
A maior parte dos entrevistados considera a área ver-
de do Parque Chácara Pignatari insuficiente para o
tamanho da área do município, e apesar dos comer-
ciantes terem conhecimento dos outros parques, ain-
da assim disseram que Santo André poderia ter mais
áreas verdes na parte urbana.
A turma do Parque Escola, iniciou o planejamento
da intervenção dos jovens na comunidade falan-
do sobre o Protagonismo Jovem, e a importância
do papel deles na sociedade. Cada jovem expôs o
que já fez ou o que gostariam de fazer como pro-
tagonistas do mundo em que vivem. E para na
prática, realizarem esse protagonismo formaram
três grupos, cada um fez uma “chuva de ideias” do
que poderiam realizar na comunidade, com tudo o
que aprenderam durante o curso. Surgiram ideias
como: fazer cartazes para expor nas escolas pró-
ximas, distribuir folhetos informativos na região
do Parque e fazer alguma intervenção dentro da
EMEIEF que do bairro.
Em conjunto, planejaram fazer uma peça de teatro
com fantoches dentro da escola EMEIEF Janusz
Korczak (Bairro Valparaíso) para as crianças de uma
sala de 1º ano sobre a importância da preservação
da natureza, sobre áreas de risco ambiental e so-
bre Mata Atlântica. E por fim planejaram percorrer
2) Quem é culpado pela crise hídrica em
Santo André?
Gráfico 4 – Sobre a Crise Hídrica em Santo André
Gov. Estadual
SEMASA/PSAPopulação
São Paulo
42,9% 28,6%
17,9%10,7%
3) Você frenquenta o Parque Pignatari?
Gráfico 5 – Gráfico sobre frequentadores do parque Pignatari
SIM
Às vezesNÃO31,3%
6,2%
62,5%
1) Você sabe o que é área de manancial?
Gráfico 3 - representação das respostas, sobre o entendimento sobre área de manancial
50% 50%
SIMNÃO
57
algumas ruas do bairro conversando com morado-
res sobre o Projeto Pegada Jovem e entregando os
cartazes.
Os jovens apresentaram a peça de teatro com
fantoches e as crianças adoraram, foram bem
participativas. Como temas abordaram as-
suntos ambientais atuais, tais como: a falta de
água e o acontecimento recente do rompimen-
to da barragem em Mariana (MG). Em seguida,
entregaram folhetos e conversaram com os co-
merciantes próximos ao Parque Escola sobre o
Projeto Pegada Jovem.
Uma nova intervenção foi realizada por uma das
jovens do núcleo Parque Escola, Thalita Silva, na Es-
cola Estadual Luiz Lobo Neto, onde estuda. Ela ela-
borou uma proposta à escola e montou junto com
seus colegas uma sala de exposição com temas
ambientais. Tratou de assuntos como: reciclagem,
produção de mudas nativas e outros.
A turma do Parque Miami planejou uma in-
tervenção na comunidade local ou no pró-
prio ambiente escolar para finalização do
módulo sobre Protagonismo Jovem. A pro-
posta foi lançada e, entre as diversas ferra-
mentas de educomunicação apresentadas,
os jovens optaram por criar uma esquete
teatral com o tema: “PARQUE DO PEDROSO –
O RESGATE” para ser apresentada aos alunos
do 2º e 3º anos do ensino fundamental da E.E
João Batista Marigo Martins localizada no Par-
que Miami.
Os jovens escolheram abordar o tema sobre a im-
portância do Parque Natural do Pedroso em função
de sua rica biodiversidade e abundância de recur-
sos hídricos.
No início dos encontros os relatos dos jovens de-
monstravam que o Parque do Pedroso represen-
tava somente uma simples área de lazer demons-
trando desconhecimento de sua real importância.
Por meio dos conteúdos abordados durante o cur-
so, aos poucos, o parque foi sendo “redescoberto” e,
ao final do projeto, os jovens já o reconheciam como
uma Unidade de Conservação de Proteção Integral
com grande relevância ambiental.
Escolhido o tema, cada grupo ficou responsável
por um trabalho: alguns jovens escreveram o
texto baseado nos conteúdos abordados nos en-
contros, outros prepararam o cenário, adereços,
figurinos e a sonoplastia.
Houve muito envolvimento de todos, desde
o planejamento, organização e produção, de-
monstrando um grande amadurecimento do
grupo ao longo dos trabalhos, destacando a
grande responsabilidade com o compromisso
assumido. Além do compromisso dos jovens,
cabe destacar o apoio da equipe gestora da es-
cola para a intervenção.
Foram realizadas duas apresentações totali-
zando, aproximadamente, cinquenta alunos
- faixa etária entre 8 e 10 anos. Houve gran-
de receptividade e interação, os alunos pu-
deram, em alguns momentos, interagir com
os “atores” contribuindo com boas práticas
ambientais como por exemplo: a limpeza do
parque. O tema foi abordado de forma lúdi-
ca e divertida, facilitando a sensibilização e a
aprendizagem.
Pegada Jovem na Comunidade
Foto 59 – Discussão sobre o conteúdo
58
Pegada Jovem na Comunidade
Foto 61 - Jovens do Núcleo Parque Miami na Peça “Parque do Pedroso - O Resgate” apresentada na E.E. João Batista Marigo Martins
Foto 63 - Interação dos alunos
Foto 65 - Encerramento
Foto 60 – Ensaios
Foto 62 - Recepção dos alunos
Foto 64 - Apresentação dos jovens
Tais ações e resultados mostram que fortalecer
o protagonismo juvenil, implica não só que os
jovens se apropriem do território em que vivem,
mas, sobretudo, que se apropriem das formas
de intervenção na realidade de suas comunida-
des, suas cidades e no nosso mundo, pois como
indicamos na fala de FREIRE (1996, p.53) no início
deste capítulo, a “História em que me faço com os
outros e de cuja feitura tomo parte é um tempo de
possibilidades e não de determinismo”.
59
O PROJETO E AS LIÇÕES
APRENDIDAS
O Projeto e as lições aprendidas 60
O Projeto e as lições aprendidas
O SEMASA e a Prefeitura Municipal de Santo An-
dré, desde a implantação da Política Municipal de
Gestão e Saneamento Ambiental (Lei 7.733/98), fo-
mentam ações educativas para a gestão e conser-
vação ambiental voltadas para diferentes públicos
e em consonância com as especificidades das áreas
de mananciais e da área urbana da cidade. Estas
ações aliadas às atividades de fiscalização, licencia-
mento e controle ambiental no município têm sido
realizadas de forma integrada e participativa o que
vem colaborando para um maior envolvimento da
população local na proteção ao meio ambiente,
porém entendendo a educação ambiental como
um processo dialógico e político, a mesma ocorre
em longo prazo, e é de suma importância realizá-la
de maneira contínua e sob uma perspectiva crítica.
Uma das premissas da educação ambiental críti-
ca se relaciona às possibilidades de participação
dos cidadãos nas discussões, decisões e inter-
venções relacionadas às questões ambientais,
portanto, se trata de um processo que envolve a
sensibilização, a construção de conhecimentos, a
conscientização e o desenvolvimento de habili-
dades para que as comunidades exerçam uma
participação mais ativa e voltada para a trans-
formação social. E este foi um dos objetivos do
Projeto Pegada Jovem – Meio Ambiente e Prota-
gonismo, uma iniciativa pioneira no município
de Santo André que utilizou a educomunicação
não apenas como recurso pedagógico, mas tam-
bém como uma forma de intervenção nas comu-
nidades em que os jovens participantes estavam
inseridos.
A implementação do Projeto foi um grande de-
safio, desde a mobilização dos jovens para parti-
ciparem das ações previstas até a sua conclusão.
Desafio porque desde o seu planejamento até
sua finalização houve a preocupação em seguir
uma diretriz pedagógica dialógica aliada às no-
vas tecnologias e meios de comunicação e que
ao mesmo tempo fosse interessante, interativa e
que possibilitasse a socialização entre os partici-
pantes e também com suas comunidades. A par-
tir da observação e do envolvimento dos jovens
nas atividades em grupo e nas ações desenvol-
vidas por eles nos bairros em que moravam per-
cebeu-se que a metodologia utilizada colaborou
também para que houvesse uma baixa evasão
até o final do Projeto. A maior parte das desistên-
cias nos quatro grupos se deu em virtude da in-
serção dos participantes no mercado de trabalho
ou no ensino técnico.
Tabela 4 – Distribuição de jovens inscritos por Núcleo Pegada Jovem no início e final do Projeto
Núcleo Pegada Jovem Nº de inscriçõesNº de jovens que concluíram
o curso do Projeto Pegada Jovem
Chácara Pignatari 20 15
Parque Escola 26 25
Parque Miami 27 19
Parque Andreense 31 23
Total 104 82
61
O retorno dos jovens quanto às suas percepções
em relação ao curso foi positiva, pois demonstraram
que o curso os agradou tanto pela construção de
novos conhecimentos quanto pela interação com
outras pessoas dentro de seus próprios Núcleos e
também fora deles. Além disso, muitos afirmaram
ter mudado sua forma de perceber o meio no qual
estavam inseridos, conforme alguns depoimentos:
Foto 66, 67, 68 e 69 - Material produzido em grupo – Núcleo Pegada Jovem Parque Miami
“No momento em que eu comecei a fazer o Pegada Jovem, eu
já sabia o que eram as áreas de mananciais, mas não tinha
ideia da importância da preservação destes ambientes para
a sociedade. O intercâmbio com jovens de outras turmas
demonstrou que mesmo sem conhecer a outra pessoa, com
respeito e um bom diálogo podemos aprender e ensinar ao
mesmo tempo o que temos de melhor...”
(Dara Ferreira Lima, 18 anos – Núcleo Pegada Jovem
- Parque Andreense )
O Projeto e as lições aprendidas 62
Para avaliação do Projeto junto aos participan-
tes, cada Núcleo Pegada Jovem realizou ativida-
des individuais e em grupo além da coleta de
depoimentos.
Já os participantes do grupo do Núcleo Parque
Miami resolveram compor uma única frase, retra-
tando uma grande integração e amadurecimen-
to. Para eles participar do Projeto Pegada Jovem
representou:
Na avaliação coletiva, os jovens fizeram diversos
tipos de materiais também utilizando a educomu-
nicação, como acrósticos, poemas e cartazes:
“É uma grande alegria ter feito amizades, ao qual tivemos
muitas experiências e união que nos trouxe muita felicidade.
Foi muito bom, informativo, surpreendente, ótimo,
interessante, esplendoroso, onde conquistamos um
compromisso com mais conhecimento e esperança
de um futuro melhor.”
Figura 12 e 13: Alguns dos materiais produzidos em grupo – Núcleo Pegada Jovem Parque Andreense
De acordo com os jovens do Núcleo Parque Andre-
ense, participar do Pegada Jovem foi:
O Projeto e as lições aprendidas 63
Participar do projeto foi uma oportunidade valiosa de
conhecer novas pessoas e aprender mais de um local que
não estou habituado. Não imaginava que focaríamos tanto
no local onde moramos. Aprendi como é importante que a
população preserve as áreas de mananciais. O encontro que
mais me impactou foi a visita à Estação de Tratamento de
Água e de Esgoto do Semasa, pois pude ver o funcionamento
de cada uma e a importância em nossas vidas.”
(Bruno Moura de Sousa, 15 anos, Núcleo Pegada Jovem -
Parque Miami)
“Ver a realidade de outras pessoas que moram na mesma cidade
que nós foi impressionante, elas adorariam morar no centro da
cidade e nós adoraríamos ter mais árvores ao nosso redor”
(Larissa Calixto Silva - Núcleo Chácara Pignatari)
“Minhas expectativas no início do curso, eram de apenas
conhecer lugares diferentes, pessoas diferentes e aprender
um pouco mais sobre um tema... agora que estamos
chegando ao final do curso, percebo que não apenas minhas
expectativas foram alcançadas, como consegui até mais do
que eu esperava, despertou em mim o interesse sobre os
temas abordados, algo que não tinha até então”
(Thalita Victor da Silva, 16 anos – Núcleo Parque Escola)
Eu pensava que o curso seria como uma sala de aula com
cadernos, livros e lousa, mas hoje eu vejo que o jeito mais
descontraído é muito mais legal, nas visitas pudemos ver de
perto as coisas que a gente estava aprendendo. Eu aproveito
tudo o que estamos aprendendo no meu dia a dia, na escola
e hoje presto mais atenção nas coisas que antes não me
importava e também foi muito legal interagir com outros
grupos que estavam aprendendo o mesmo que a gente”
(Debora Ferreira Campos, 16 anos – Núcleo Pegada Jovem
- Parque Andreense)
“A princípio, digo que, minhas expectativas para o curso
era que, no decorrer dos encontros eu adquirisse mais
conhecimento, mas duvidava que seria uma experiência tão
prazerosa. Participar deste curso foi um marco na minha
vida, tanto pelo que aprendi, quanto pelas pessoas que
conheci. Todas as lições aprendidas serão levadas por toda a
minha vida, pois mudaram a minha percepção do mundo.”
(Dara Garcia, 16 anos, Núcleo Pegada Jovem
- Parque Miami)
“Participar do projeto Pegada Jovem mudou a minha
percepção em relação a muitas coisas, como por exemplo o
meio em que vivemos, o que são áreas de manancial, o que
realmente é um espaço verde...”
(Mateus Athayde Antunes - Núcleo Chácara Pignatari)
“... achei que o curso seria entediante, que só iria falar
do planeta... esse curso não é entediante, é legal fazer e
também descobri que a natureza não é tão chato”
(Sabrina Silva Lourenço, 15 anos - Núcleo Parque Escola)
“Ao iniciar este curso achei que seria bem diferente, uma
experiência bem básica e teórica, porém no proceder,
percebi que não era bem o que eu queria, mas sim o que eu
precisava. Sempre gostei do meio ambiente, mas nunca o
vi desta forma. Com visitas a lugares que eu não conhecia,
pude aprender várias formas diferentes de cuidar do meio
ambiente, ou até mesmo, como são tratadas as redes de
esgotos, de onde vem a nossa água. O curso me ajudou
bastante na minha relação com a sociedade, vivendo em
grupo e até mesmo a exercitar a liderança.”
(Caique José Gomes Santos, 16 anos – Núcleo Pegada
Jovem - Parque Andreense)
O Projeto e as lições aprendidas 64
“Eu aprendi sobre vários assuntos, mas o que mais me cha-
mou a atenção foi aprender mais sobre a área onde moro, eu
não sabia que aqui onde moramos é uma área de manancial
e local de captação de água. Bom, eu mudei o meu modo
de pensar e comecei a valorizar mais o local onde moro.
Com as aulas de percepção ambiental comecei a perceber
muitas coisas que antes eu não percebia. Adorei o dia em
que apresentamos a peça teatral para as crianças e ver tudo
o que planejamos dar certo, foi muito gratificante ver que as
crianças gostaram de tudo o que fizemos.”
(Beatriz Ester, 14 anos, Núcleo Pegada Jovem -
Parque Miami)
“O Pegada Jovem é muito bom para conscientizar jovens,
para melhorar um pouco o planeta que está muito destruído,
e mostrar que meio ambiente não é apenas a natureza, e
devemos conciliar a natureza com a cidade”
(Gabriela de Oliveira Barbosa - Núcleo Chácara Pignatari)
“Antes eu comia uma bala e jogava o papel na rua, e isso causa
bastante prejuízo... quando chove vai tudo pro rio... a mudança
começa com esse simples fato de jogar lixo no lixo”
(Beatriz Oliveira Laurentino, 15 anos - Núcleo Parque
Escola)
Além dos depoimentos dos jovens alguns pais
também foram convidados a exporem as suas
percepções em relação à participação de seus
filhos no Projeto:
“Gostaria de dizer que é importante o conhecimento abordado
no Projeto para meus filhos, eles chegam e falam que estão
gostando e aprendendo muitas coisas e conhecendo lugares.
Estão dando mais valor e tendo respeito com o meio ambiente,
a natureza, os animais. No dia a dia, percebo algumas mudan-
ças, eles estão mais responsáveis e confiantes.”
(Maria José Lourenço, mãe dos jovens Guilherme e
Leonardo – Núcleo Pegada Jovem Parque Andreense )
“Notei que ele passou a se interessar mais pelos assuntos da
cidade onde mora e pode ver como sempre é bom participar
de um projeto assim voltado aos jovens. Acho que esse
projeto deveria se estender a mais jovens, ajuda muito no
amadurecimento crítico.”
(Jane A. L. Franco, mãe do jovem Brandon, Núcleo Pegada
Jovem - Parque Miami)
“... ela está mais presente, mais atenciosa, animada, mais
brincalhona, e ela também perdeu uma timidez de se
comunicar mais facilmente com as pessoas, está com mais
facilidade de expressar sua opinião”
(Maria de Fátima de Oliveira, 37 anos , mãe de Thais -
Parque Andreense)
“Notei que seu interesse pelo meio ambiente aumentou, tan-
to que ela promoveu um evento na escola sobre o assunto,
com exposição, cartazes e outras coisas”
(Vânia Victor da Silva, 53 anos)
“A participação das minhas filhas no Pegada Jovem é muito
importante porque toda aprendizagem é uma experiência
que traz novos conhecimentos para ajudá-las nos objetivos
de suas vidas. As atitudes delas melhoraram muito, vejo que
há mais consciência em relação ao meio ambiente. Agradeço
aos organizadores pela oportunidade.”
(Maria Rilza F. Lima, mãe das jovens Dara, Michele e
O Projeto e as lições aprendidas 65
“ A adolescência não é uma fase fácil nem pro adolescente
e nem para os pais, com esse projeto meu filho descobriu al-
gumas coisas importantes como o respeito a própria vida e a
vida do próximo; respeito à natureza e o prazer em aprender
coisas novas.”
(Jennifer Karen Martins Silva, 40 anos, mãe de Felipe -
Núcleo Parque Escola)
“notamos que ela está mais observadora, antes de fazer algo,
pensa pra depois fazer; está tendo mais maturidade e mais
comunicativa”
(Silvania, 35 anos / Jackson, 34 anos, pais de Sandy -
Núcleo Parque Escola)
“Minha filha está mais responsável e preocupada com a lim-
peza dos ambientes e, principalmente, com a situação das
águas. Eu agradeço a vocês por estarem preocupados com os
jovens de hoje em dia, que não estão fáceis.”
(Marta Silvério dos Santos Baptista, mãe da jovem Miriã,
Núcleo Pegada Jovem Parque Miami)
Após a intervenção na comunidade realizada na
Emeief Núcleo Parque Andreense, a vice diretora e
alguns dos alunos da escola também registraram
os seus depoimentos:
“Já trabalho aqui na região há um bom tempo e conheci al-
guns desses jovens ainda crianças. Em relação a atividade
que eles fizeram aqui na EMEIEF, eu fiquei muito lisonjeada
por terem indicado a nossa escola para fazer a apresentação
para os alunos e perceber a importância deste espaço para
eles, o envolvimento com o trabalho e com o tema meio am-
biente, foi muito legal de ver. Foi algo que eles fizeram, eles
montaram, criaram a música, ver a evolução e o empenho
deles nesta área de manancial e principalmente a apropria-
ção que houve.”
(Márcia Aparecida Albuquerque Prado – Vice Diretora
da Emeief Núcleo Parque Andreense)
“Eu achei a apresentação teatral Pegada Jovem bacana,
porque fizeram a gentileza de vir aqui para apresentar e
enquanto a gente assistia também aprendemos o quanto a
água é importante. Eu me senti divertida, todos nós batemos
palma. ”
(Sabrina Souza Arruda, 9 anos – EMEIEF Núcleo Par-
que Andreense)
“Para mim o teatro foi ótimo, mas o que eu senti brincan-
do com eles foi uma emoção que eu nunca tive na vida.
Eles apresentaram e cantaram uma música sobre a água,
coisa que é muito importante para nós todos. Adorei par-
ticipar. Eu dava nota 10. ”
( Thaissa Simões Ribeiro, 9 anos – Emeief Núcleo
Parque Andreense)
Apesar de ter havido um encontro específico
para avaliação, a mesma também foi realizada
de forma contínua por meio da observação do
desempenho e evolução dos jovens em cada
aula. A seguir são destacados alguns depoi-
mentos das educadoras e coordenadoras en-
volvidas no Projeto.
O Projeto e as lições aprendidas 66
“Diante da diversidade de atividades desenvolvidas,
gostaria de destacar três momentos muito especiais: o
primeiro quando abordamos o tema sobre percepção am-
biental; o segundo quando trabalhamos a questão sobre
os “rótulos” e por último a proposta para a intervenção
teatral. E, por que estes temas? A atividade de percepção
despertou nos jovens a importância de olharmos este nos-
so mundo de uma outra forma, ampliando os horizontes,
afinal onde eu vivo? E, quando falamos em meio ambien-
te, é na casa do corpo de cada um de nós que está o nosso
primeiro ambiente. Sobre os rótulos, a identificação dos
jovens foi imediata, compreenderam muito bem o que é
“rotular” uma outra pessoa. E, por fim, a construção da
esquete teatral que demonstrou um amadurecimento
enorme do grupo, abordando o tema sobre o Parque Na-
tural do Pedroso, envolvendo quatro turmas de alunos –
faixa etária entre 8 e 10 anos do ensino fundamental da
E.E. João Batista M. Martins. Valeu demais!”
(Célia Regina Fortes, educadora do Projeto Pegada Jo-
vem Núcleo Parque Miami)
“Foi uma luta para conseguir 30 jovens, necessitou
de muita persistência, no primeiro dia vieram pou-
cos, mas depois a cada encontro era 01 ou 02 jovens
integrando ao grupo, isso foi muito bom, o primeiro
sinal que eles gostaram do Projeto. Com o passar do
tempo verificamos as habilidades, muitos deles escre-
viam pequeno, tinham vergonha de falar ou colocar
no papel o que pensavam, mas com o passar do tem-
po a coragem e vontade de superar tomou espaço, a
representação em uma música, uma peça, e em uma
brincadeira deu um excelente resultado: a interven-
ção na comunidade. Acredito que para os jovens a
intervenção foi um motivo de orgulho, fazer parte do
Pegada Jovem foi um diferencial para eles, quando
colocaram a camiseta, havia um sorriso de satisfa-
ção e alegria. O mais interessante de tudo isso foi o
trabalho em conjunto, a troca de experiências com
outros Núcleos, tenho certeza que todos os jovens
do Projeto levarão o Pegada Jovem para a vida toda.”
(Edilene Vieira Fazza – educadora do Núcleo Pegada
Jovem - Parque Andreense)
“Acompanhei este projeto desde o primeiro dia, até um
pouco antes, na divulgação para os jovens. No decorrer
do curso percebi uma grande evolução em cada um dos
participantes. Os jovens, que desde o começo das aulas,
tinham mais desenvoltura para se expressar e expor suas
opiniões e ideias tiveram destaque nas atividades, mas
sempre solicitavam ajuda e opinião dos demais colegas,
contribuindo para uma boa integração entre os jovens do
grupo. Os alunos mais tímidos me surpreenderam ao final
do curso, pois conseguiram vencer sua timidez e com o co-
nhecimento adquirido no curso, colaboraram com muitas
ideias e mostraram sua criatividade. Tenho certeza que
neste projeto, tanto educadores como alunos, agregaram
conhecimentos, pois também aprendemos muito com
eles. Trabalhar com esses jovens me fez acreditar e ter es-
perança em um futuro com um mundo melhor.”
(Cristiana Matos de Andrade – educadora do Núcleo
Pegada Jovem - Parque Andreense)
“Os momentos que mais me marcaram foram a ação de
intercâmbio planejada pelos jovens e a intervenção na
comunidade, pois foram nestas ações que pudemos per-
ceber os resultados qualitativos do trabalho desenvolvi-
do, tanto pelo amadurecimento dos jovens quanto pela
forma de se expressar e defender suas ideias sobre o meio
ambiente. Foram nestes dois momentos também que per-
cebemos o conhecimento construído por eles se expandin-
do para além dos espaços que nos encontrávamos. No Nú-
cleo Parque Andreense, os jovens procuraram apoio dos
professores nas escolas em que estudavam para planejar
o intercâmbio e um deles veio acompanhar a execução da
O Projeto e as lições aprendidas 67
Fotos 70 e 71 - Fotos do Jornal Mural na escola EE Prof. Miquelina Magnani
O Projeto e as lições aprendidas
atividade que foi desenvolvida com os jovens do Núcleo
Parque Escola, o que foi muito interessante, pois foi
notável o comprometimento dos jovens no desenvolvi-
mento daquela ação. Na intervenção na comunidade,
além do lindo trabalho feito por eles na Emeief do Parque
Andreense e as abordagens das pessoas nas ruas e comér-
cios do bairro, espontaneamente, os jovens levaram seus
cartazes para as escolas em que estudavam e divulgaram
as informações para os seus colegas com orgulho compar-
tilhando esta ação com as educadoras por meio do grupo
do WhatsApp do Núcleo Parque Andreense.”
(Elaine Cristina da Silva Colin – coordenadora do
Núcleo Pegada Jovem Parque Andreense)
Uma das metas do Projeto era que tivéssemos pelo
menos uma ação dos jovens na comunidade uti-
lizando os materiais de comunicação que haviam
desenvolvido e neste caso tivemos três ações, a
68
O Projeto e as lições aprendidas
Foto 72 - Jovens e educadores dos Núcleos Parque Andreense e Parque Escola juntos
69
Cartaz_A3_Pregao_Pegada Jovem-Af.pdf 1 11/11/15 17:03
Cartaz_A3_Pregao_Pegada Jovem-Af.pdf 1 11/11/15 17:03
Perceber este amadurecimento e orgulho dos jovens
por fazer parte do Projeto e suas ações em suas comu-
nidades foi muito gratificante, pois percebemos que o
Projeto possibilitou:
• a apropriação do território do município de Santo
André por parte dos jovens;
• o estímulo ao protagonismo juvenil em cada Núcleo
Pegada Jovem;
• a sensibilização dos jovens participantes quanto às
questões ambientais locais;
• a produção de materiais de comunicação pelos pró-
prios jovens a partir de suas perspectivas;
• a interação social entre os jovens participantes do
projeto das áreas urbana e de manancial dentro do
município de Santo André e com as comunidades em
que vivem na socialização de conhecimentos e expe-
riências adquiridas.
Para encerramento do Projeto, foram realiza-
das uma visita de campo e integração ao Par-
que das Neblinas e um evento de formatura
voltada a todos os jovens participantes do Pro-
jeto e seus familiares.
A visita ao Parque das Neblinas teve como ob-
jetivo integrar os jovens dos Núcleos localiza-
dos na Macrozona Urbana e na Macrozona de
Proteção Ambiental e também sensibilizá-los
possibilitando vivências que demonstrassem
na prática alguns conceitos apreendidos du-
rante o curso, relacionados ao meio ambiente,
participação comunitária e sustentabilidade.
Foto 73 - Jovens do Núcleo Pegada Jovem Parque Andreense no Parque das Neblinas
O Projeto e as lições aprendidas 72
O Parque das Neblinas foi escolhido como vi-
sita de encerramento, pois o mesmo trazia em
sua proposta de gestão o desenvolvimento de
tecnologias socioambientais, nas quais o rela-
cionamento com a comunidade permeava to-
dos os seus programas, indo ao encontro dos
pressupostos e objetivos do Projeto Pegada
Jovem.
O evento de encerramento do Projeto Pegada
Jovem – Meio Ambiente e Protagonismo ocor-
reu no dia 05 de dezembro de 2015 e contou
com a participação de 157 pessoas entre jo-
vens dos quatro Núcleos do Projeto (Chácara
Pignatari, Parque Escola, Parque Miami e Par-
que Andreense), seus familiares e educadores.
A cerimônia foi realizada no Clube União Lyra
Serrano – Paranapiacaba, Santo André e con-
tou com apresentações musicais com a temá-
tica ambiental, contextualização do Projeto
aos participantes, exibição de retrospectiva
com fotos e vídeos do período de abril a de-
zembro de 2015 de todos os grupos, discursos
dos jovens e educadores representantes de
cada Núcleo, entrega de certificados, caneca e
cartilhas produzidas pelos participantes.
O Projeto e as lições aprendidas
Figura 15, 16, 17 e 18 - Cartilhas elaboradas pelos jovens do Projeto e que foram entregues aos participantes do evento
73
Na finalização do evento houve um coffee break
e continuação das apresentações musicais reali-
zadas pelas cantoras Ana e Gabriela Person, que
encerraram a cerimônia com a interação do pú-
blico na canção “Novos Rumos” lembrando que é
preciso que se:
“...desenhe um novo amanhecer no solo sagrado do mundo,
em que todos possam ver a conexão de tudo. Água, homem,
bicho, flor, todos, uno, integridade, mais amor, novos rumos.
Ao homem cabe repensar seu papel nesse sistema vivo e es-
colher, agora, o que deixar de herança aos filhos dos filhos...”
(Canção Novos Rumos de Ana Person)
Foto 74 - Apresentação musical de Ana Person e Gabriela Person
O Projeto e as lições aprendidas 74
Foto 75 - Educadores do Projeto na cerimônia de encerramento
O Projeto e as lições aprendidas 75
Foto 76 - Jovens participantes do Projeto Pegada Jovem
O evento de encerramento do Projeto foi um
momento importante, pois houve integração
dos jovens de todos os Núcleos e socialização
dos resultados alcançados junto à comunida-
de, o que fortaleceu ainda mais a experiên-
cia como um processo educativo dialógico e
inclusivo voltado ao protagonismo juvenil e
comunitário.
A partir das ações realizadas e seus resultados,
destacamos as seguintes lições aprendidas:
• o planejamento e a implementação conjun-
ta do Projeto, envolvendo diversos setores do
SEMASA e da Prefeitura Municipal de Santo
André que trabalham com a educação am-
biental na cidade foi essencial para o sucesso
do Projeto;
• a educomunicação se mostrou como uma
importante metodologia contribuindo com o
aprendizado dos jovens participantes do Pro-
jeto e o estabelecimento de diálogo com as
comunidades;
• a utilização de estratégias dialógicas, participa-
tivas e lúdicas favoreceram a manutenção da as-
siduidade e interesse dos jovens nos encontros;
• as visitas de campo que mostraram os contras-
tes do território da cidade tiveram um impacto
maior na sensibilização dos participantes do Pro-
jeto, influenciando e modificando algumas per-
cepções dos jovens acerca dos bairros em que
moravam contribuindo com a apropriação local;
O Projeto e as lições aprendidas 76
O Projeto e as lições aprendidas
• a mobilização espontânea após as primeiras
aulas foi positiva, pois ampliou o número de
participantes a partir das experiências iniciais
dos jovens mostrando a aceitação do público
quanto à metodologia adotada no Projeto;
• quanto maior for o diálogo com o jovem,
maior a sua participação e envolvimento, to-
dos os temas trabalhados durante os cursos ti-
veram como ponto de partida o conhecimen-
to prévio dos participantes e suas realidades,
o que favoreceu as atividades de intercâmbio
e de intervenção na comunidade, pois todo o
planejamento de ações foi realizado a partir
das percepções dos envolvidos e os conheci-
mentos construídos durante os encontros.
• o incentivo ao protagonismo juvenil e a
ampliação dos conhecimentos dos partici-
pantes sobre o território em que viviam e as
possibilidades de ação individual e coletiva
nestes ambientes, favoreceram o empode-
ramento e a apropriação local;
• apesar dos avanços das tecnologias e meios
de comunicação, muitos jovens ainda neces-
sitam de formação quanto aos softwares bá-
sicos para que possam utilizar de forma mais
ampla todos os recursos e possibilidades da
educomunicação.
Tais lições vêm reafirmando a importância da
promoção de processos educativos dialógi-
cos, participativos e voltados à aprendizagem
social e ao empoderamento das populações
para intervenção e transformação de suas
realidades. Tais premissas já permeiam e são
ratificadas em Políticas Públicas do município
como a Política Municipal de Educação Am-
biental (lei nº 9738/2015).
E no momento atual em que vivemos e lida-
mos com tantos problemas socioambientais,
tão importante quanto efetivas políticas públi-
cas voltadas à conservação do meio ambiente,
os processos educativos desempenham um
papel essencial e devem criar condições para
que as pessoas se percebam também como
responsáveis pelos problemas que as cercam
e entendam que suas ações têm efeito sobre
as relações que estabelecem com o meio e
com outros indivíduos. A capacidade de pen-
sar no próprio processo, de refletir, examinar
os paradigmas, aprender com a própria expe-
riência e, a partir daí, criar e desenvolver novos
caminhos é condição exclusiva do ser huma-
no. Portanto, é nosso recurso mais valioso e
que nos delega incalculável responsabilida-
de sobre o planeta no qual vivemos. Por este
prisma, a concretização de processos de edu-
cação ambiental que realmente criem condi-
ções para que toda a sociedade compreenda
a realidade de forma crítica, questionando-a
e interferindo sobre ela de forma consciente
e ativa num processo de melhoria contínua é
fundamental.
É neste contexto que o Projeto Pegada Jovem
– Meio Ambiente e Protagonismo se insere. Es-
peramos que esta experiência possa ser com-
partilhada e replicada em outros locais com
características semelhantes à cidade de Santo
André contribuindo com o fortalecimento e a
efetivação de Políticas Públicas para o meio
ambiente e para a juventude.
77
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