ebola novembro- 2014

48
EBOLA Prof. Fábio Junqueira

Upload: fabio-junqueira

Post on 28-Jul-2015

47 views

Category:

Health & Medicine


1 download

TRANSCRIPT

Page 1: Ebola   novembro- 2014

EBOLA

Prof. Fábio Junqueira

Page 2: Ebola   novembro- 2014
Page 3: Ebola   novembro- 2014
Page 4: Ebola   novembro- 2014

Breve introdução

- O vírus Ebola surgiu em 1976, em surtos simultâneos em Nzara, no Sudão, e em Yambuku, na República Democrática do Congo, em uma região situada próximo ao Rio Ebola - Doença viral aguda (vírus do gênero Ebolavírus - 5 subespécies) - Zaire com maior agressividade (90% de letalidade) - Febre hemorrágica Ebola – letalidade entre 60 a 90% - Os surtos são graves, ainda que, geralmente, autolimitados.

Page 5: Ebola   novembro- 2014
Page 6: Ebola   novembro- 2014
Page 7: Ebola   novembro- 2014

Período de Incubação da Doença (PI)

A média é de 5 a 7 dias, podendo variar de 2 a 21 dias

Modo de Transmissão

• Do animal para o homem: Por meio do contato com sangue, órgãos ou fluidos corporais• Do homem para o homem: exige o contato direto com sangue, fluidos corporais, tecidos ou órgãos de pessoas infectadas ou contato com objetos contaminados, como agulhas de injeção e lençóis utilizados pelos doentes. É importante lembrar que também pode ocorrer a transmissão post-mortem.

O CDC relata que não ainda não existe transmissão sem o contato direto, ou por meio de vetores, assim como ainda não há relatos de transmissão por aerossóis.

Page 8: Ebola   novembro- 2014
Page 9: Ebola   novembro- 2014

Sinais e Sintomas

• Inicialmente o quadro pode ser semelhante aos da gripe incluindo febre abrupta, fraqueza, mialgia, tosse, conjuntivite, vômitos, diarreia

• Com a evolução aparecem sintomas como fotofobia, sonolência e delírios• No final aparecem fenômenos hemorrágicos, primeiramente como melena e

hematêmese, seguidos pela coagulação intravascular disseminada (CIVD) e consequentemente hemorragia de mucosas e pele

• Seguem-se lesões hepáticas e o paciente entra em choque evoluindo para o óbito em até 10 dias

Período de Transmissibilidade

A transmissão inicia-se no período dos sintomas sendo classificado como baixo, na fase inicial da doença e ocorrendo um aumento na fase final da doença. Segundo o Centers Disease Control (CDC), não ocorre a transmissão no PI, além de não existir evidências de transmissão por assintomáticos

Page 10: Ebola   novembro- 2014

Diagnóstico

Page 11: Ebola   novembro- 2014

Diagnóstico diferencial

Malária, Febre Tifoide, Shiguelose, Cólera, Leptospirose, Peste, Ricketsiose, Febre Recorrente, Meningite, Hepatite e outras febres hemorrágicas.

Tratamento

Terapia de suporte com o equilíbrio de fluidos e eletrólitos do paciente, suporte de oxigênio, controle da pressão arterial e evitar a ocorrência de infecções secundárias.

Prognóstico

Em média a taxa de letalidade varia em torno de 50 a 90% (essa variação depende da subespécie envolvida). Os pacientes que não apresentam manifestações hemorrágicas tendem a evoluir para a cura.

Page 12: Ebola   novembro- 2014
Page 13: Ebola   novembro- 2014

Tratamento Experimental• ZMapp (anticorpo

monoclonal)• Tekmira (atua na

polimerase do RNA-virus)

• PHAC (vacina)• Faviparivir• Estatinas e

interferons (atividade anti-inflamatória)

Page 14: Ebola   novembro- 2014

Ensaios clínicos randomizados para Ebola: questões práticas e éticas

• Conflito ético• Como randomizar• estudos observacionais de diferentes

tratamentos em diferentes locais?• Consentimento informado? (comunidade que

vive na desconfiança, sequencia de guerras civis etc…

Page 15: Ebola   novembro- 2014

Fase Pré-clínica:

Identificar o potencial terapêutico da drogaInformações preliminares sobre atividade farmacológica e segurançaMais de 90% das substâncias estudadas nesta fase, são eliminadas

Fase IÉ o primeiro estudo em seres humanos Em pequenos grupos de pessoas voluntárias (20 a 100), em geral sadias para estabelecer uma evolução preliminar da segurança e do perfil farmacocinético e quando possível, um perfil farmacodinâmico

Fase IIEstudo terpêutico pilotoVisa demonstrar a atividade e estabelecer a segurança a curto prazo do princípio ativo, em pacientes afetados por uma determinada enfermidade ou condição patológica (100 a 200 pessoas)

Fase IIIEstudo Terapêutico AmpliadoEstudos realizados em grandes e variados grupos de pacientes, com o objetivo de determinar o resultado do risco/benefício a curto e longo prazos das formulações do princípio ativo de maneira global (geral) o valor terapêutico relativo.

Fase IVSão pesquisas realizadas depois de comercializado o produto e/ou especialidade medicinal

Page 16: Ebola   novembro- 2014

Definição de caso

Suspeito: Individuo com febre que nos últimos 21 dias: - seja procedente e/ou residente de países com transmissão de Ebola e/ou - tenha tido contato com sangue ou outros fluidos corporais de um paciente suspeito e/ou confirmado de Doença do Vírus Ebola podendo estar acompanhado de cefaleia, mialgia, vômitos, diarreia, dor abdominal e sinais de hemorragia como: melena, enterorragia, gengivorragia, hemorragias internas, sinais purpúricos e hematúria

Confirmado: Caso suspeito que com resultado laboratorial (emitido por laboratório de referência) conclusivo para Ebola

Page 17: Ebola   novembro- 2014

ATENÇÃO

1 - Os EPI devem ser colocados imediatamente antes da entrada no quarto de isolamento e devem ser removidos cuidadosamente imediatamente antes da saída do quarto2 - Lavar as mãos imediatamente após a remoção do EPI.3 - Não devem usar qualquer adereços

Isolamento

• Máscara comum para todos que entrarem no quarto e N95 se for realizar procedimento que gerar aerosol• Protetor ocular ou de face para todos que entrarem no quarto • Luvas para todas as pessoas que entrarem no quarto e para tocar qualquer objeto

tocado pelo paciente (2 luvas se necessário)• Capote/Avental que deve ser impermeável, de mangas longas, punho de malha ou

elástico e abertura posterior sempre que entrar no quarto e tocar no paciente ou em qualquer objeto utilizado por ele

• Gorro• Propés

Page 18: Ebola   novembro- 2014
Page 19: Ebola   novembro- 2014
Page 20: Ebola   novembro- 2014
Page 21: Ebola   novembro- 2014
Page 22: Ebola   novembro- 2014

Piot (direita), no Instituto de Medicina Tropical da Antuérpia em 1976

Page 23: Ebola   novembro- 2014
Page 24: Ebola   novembro- 2014
Page 25: Ebola   novembro- 2014

• "A área era linda! A missão foi cercada por exuberante floresta tropical e a terra era vermelha. A natureza era extremamente rico, mas as pessoas eram tão pobres”

Piot (segundo da esquerda) e da equipe em Yambuku em 1976

Page 26: Ebola   novembro- 2014

Heart of DarknessCoração das Trevas

• Romance de 1899 • Cenário era o Rio Congo rumo

a Africa Central (diários da viagem)

• Joseph Conrad, crítica ao imperialismo europeu, depois de testemunhar a crueldade e corrupção praticados pelas empresas européias

Page 27: Ebola   novembro- 2014

"Por favor, pare, alguém que cruza aqui pode morrer.”"Eles já tinham perdido quatro de seus colegas para a doença", diz Piot. "Eles estavam orando e esperando a morte."

Page 28: Ebola   novembro- 2014
Page 29: Ebola   novembro- 2014

• fechamento do hospital, Quarentena, Educação em Saúde. trouxe um fim à epidemia mas cerca de 300 pessoas morreram.

Page 30: Ebola   novembro- 2014

"Não devemos esquecer que esta é uma doença da pobreza, dos sistemas de saúde disfuncionais - e de desconfiança", diz Piot.

“Informação, comunicação e envolvimento dos líderes comunitários são tão importantes quanto a abordagem médica clássica”

Page 31: Ebola   novembro- 2014

Determinantes Sociais

Os determinantes sociais de saúde são condições sociais em que as pessoas vivem e trabalham

Tarlov, "as características sociais dentro das quais a vida transcorre”

Um movimento "contrário à correnteza”

modelos sociais que moldam as chances das pessoas serem saudáveis

"fatores que ajudam as pessoas a ficarem saudáveis, ao invés do auxílio que as pessoas obterão quando ficarem doentes"

Page 32: Ebola   novembro- 2014

Conceito ampliado de saúde

• Alimentação• Habitação• Educação• Renda• Meio ambiente• Trabalho• Transporte• Acesso e posse da terra• Acesso aos serviços de saúde

Page 33: Ebola   novembro- 2014
Page 34: Ebola   novembro- 2014
Page 35: Ebola   novembro- 2014
Page 36: Ebola   novembro- 2014

Doenças Negligenciadas

• 850 produtos novos• 4 med. aprovados

para DN• Dos ensaios clínicos

registrados até 2011 (148.445), apenas 1% foi para as doenças negligenciadas.

Page 37: Ebola   novembro- 2014

• Doenças causadas por agentes infecciosos ou parasitas que são consideradas endêmicas em populações de baixa renda, apresentam indicadores inaceitáveis e investimentos reduzidos em pesquisas, produção de medicamentos e controle.

Page 38: Ebola   novembro- 2014

Próximos passos

A epidemia de Ebola é paradoxal: ela está fora de controle ainda facilmente controlável. A chave para o controle de epidemias:• é rápido diagnóstico,• Isolamento • tratamento do pessoas.

Page 39: Ebola   novembro- 2014

• 60-90% dos pacientes não tratados com Ebola morrem, assistência médica eficaz poderia reduzir esta taxa para menos de 30%

• esta abordagem estratégica não foi feita no tempo durante o presente surto de Ebola na África Ocidental Potencial de 1/8

• Com estratégia de isolamento menos de 1/1

Page 40: Ebola   novembro- 2014

Integrar a cadeia de intervenção de identificação de casos de diagnóstico• garantir o transporte• Isolamento • tratamento.

Page 41: Ebola   novembro- 2014

• As evidências sugerem que muitas infecções são assintomáticas• 71% dos indivíduos soropositivos não têm a doença• 46% dos contatos próximos assintomáticos de pacientes com Ebola eram

soropositivos.• Previsões que ignoram imunidade adquirida naturalmente, desde

infecções assintomáticas superestimar incidência no final de epidemias• infecção assintomática contribui à imunidade de rebanho e, assim,

amortece a disseminação da epidemia.

Page 42: Ebola   novembro- 2014
Page 43: Ebola   novembro- 2014

• uma história de como as comunidades estão fazendo as coisas por si mesmos

• Nossa abordagem é ouvir e trabalhar com as comunidades e ajudá-los a fazer o melhor que podem com o que têm

Page 44: Ebola   novembro- 2014

• Os antropólogos de todo o mundo, oferecendo conselhos sobre como se envolver com dimensões cruciais sócio-culturais e políticas do surto de Ebola e construir intervenções localmente adequadas.

Page 45: Ebola   novembro- 2014

• No Brasil, um caso suspeito de ebola notificado em Cascavel (PR), na última quinta-feira, ensejou a exibição pública ostensiva da foto, do nome e dos documentos do paciente. Tratando-se de um solicitante de refúgio, há violação manifesta à lei brasileira Lei 9.474 de 1997, especialmente artigos 20 e 23).

• “quantas pessoas podem deixar para procurar assistência mais tardiamente com medo de terem suas vidas expostas por jornais e TVs irresponsáveis? A reflexão ética deve fundamentar as decisões tomadas em todas as instâncias de forma responsável para não gerar mais problemas e pânico”.

• “Ficou também evidenciado um segundo risco grave, além da ameaça do vírus: o de que as epidemias abram caminho para violações de direitos humanos, em meio ao pânico generalizado, que favorece práticas lamentavelmente presentes no Brasil, como os linchamentos. A melhor resposta ao ebola é a responsabilidade, nunca o pânico.”

Page 46: Ebola   novembro- 2014

“Não é hora de fechar as fronteiras?, cobrou-se das autoridades. Que os ratos fiquem do lado de fora, onde sempre estiveram. Que os ratos apodreçam e morram. Para os ratos não há solidariedade nem compaixão. Parece que nada se aprendeu com a Aids, com aquele momento de vergonha eterna em que os gays foram escolhidos como culpados, o preconceito mascarado como necessária medida sanitária”.

Page 47: Ebola   novembro- 2014
Page 48: Ebola   novembro- 2014

• "De repente, poderia colocar um rosto e um nome a estes doentes, algo que eu não tinha sentido antes. Para cima de tudo, uma droga experimental foi encontrado e administrado em tempo recorde ”

• "Comecei a pensar em como eu poderia descrever o que eu percebi ser um profundo desequilíbrio entre a apresentação do relatório sobre a morte de centenas de pacientes africanos ea tragédia pessoal de apenas dois ocidentais.”

• O resultado foi uma ilustração impressionante: um mar de camas cheias de pacientes africanos negros se contorcendo em agonia, enquanto o aviso media apenas o único paciente branco.

• By Andre Carrilho