ead - fundamentos teóricos para inteligência estratégica

Upload: diego-rodrigo

Post on 01-Jun-2018

218 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • 8/9/2019 EAD - Fundamentos Teóricos Para Inteligência Estratégica

    1/66

  • 8/9/2019 EAD - Fundamentos Teóricos Para Inteligência Estratégica

    2/66

  • 8/9/2019 EAD - Fundamentos Teóricos Para Inteligência Estratégica

    3/66

        P    ó   s  -    G   r   a    d   u

       a   ç    ã   o   a    D    i   s   t    â   n   c    i   a

    1

    Fundamentos Teóricos daInteligência Estratégica I

    Brasília-DF, 2010.

    Direito Reservado ao PosEAD.

  • 8/9/2019 EAD - Fundamentos Teóricos Para Inteligência Estratégica

    4/66

    Fundamen

    tosTeóricosdaInteligênciaEstra

    tégicaI

    2

    Elaboração e compilação de textos:

    Marco Antônio dos Santos

    Eliane Maria Cherulli Carvalho

    Sandra Mara Bessa Ferreira

    Produção:

    Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração

  • 8/9/2019 EAD - Fundamentos Teóricos Para Inteligência Estratégica

    5/66

        P    ó   s  -    G   r   a    d   u

       a   ç    ã   o   a    D    i   s   t    â   n   c    i   a

    3

    Sumário

    Apresentação........................................................................................................................................... 04

    Organização do Caderno de Estudos e Pesquisa ................................................................................... 05

    Organização da Disciplina ...................................................................................................................... 06

    Introdução ............................................................................................................................................... 08

    Unidade I – História da Inteligência ...................................................................................................... 09

    Capítulo 1 – Aplicabilidade ao Ambiente de Negócios ..................................................................... 09

    Unidade II – Planejamento Estratégico ................................................................................................ 21

    Capítulo 2 – Informações e Fundamentos ....................................................................................... 21

    Unidade III – Ambiente de Negócios ..................................................................................................... 33

    Capítulo 3 – Política e Estratégia ................................................................................................... 33

    Unidade IV – Políticas Organizacionais ................................................................................................ 49

    Capítulo 4 – Estabelecimentos e Implantação ................................................................................. 49

    Unidade V – Estratégias Organizacionais ............................................................................................ 57

    Capítulo 5 – Escolha de Alternativas e Gestão de Estratégias ......................................................... 57

    Referências ............................................................................................................................................. 61

  • 8/9/2019 EAD - Fundamentos Teóricos Para Inteligência Estratégica

    6/66

    Fundamen

    tosTeóricosdaInteligênciaEstra

    tégicaI

    4

    Caro aluno,

    Bem-vindo à disciplina Fundamentos Teóricos para Inteligência Estratégica I.

    Este é o nosso Caderno de Estudos e Pesquisa, material elaborado com o objetivo de contribuir para a realização e odesenvolvimento de seus estudos, assim como para a ampliação de seus conhecimentos.

    Para que você se informe sobre o conteúdo a ser estudado nas próximas semanas, conheça os objetivos da disciplina, aorganização dos temas e o número aproximado de horas de estudo que devem ser dedicadas a cada unidade.

    A carga horária desta disciplina é de 60 (sessenta) horas, cabendo a você administrar seu tempo conforme a suadisponibilidade. Mas, lembre-se, há uma data-limite para a conclusão do curso, implicando a apresentação ao seu tutordas atividades avaliativas indicadas.

    Os conteúdos foram organizados em unidades de estudo, subdivididas em capítulos de forma didática, objetiva e coerente.Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para reflexão, que farão parte das atividades avaliativas docurso; serão indicadas também fontes de consulta para aprofundar os estudos com leituras e pesquisas complementares.

    Desejamos a você um trabalho proveitoso sobre os temas abordados nesta disciplina. Lembre-se de que, apesar dedistantes, podemos estar muito próximos.

    A Coordenação do PosEAD

    Apresentação

  • 8/9/2019 EAD - Fundamentos Teóricos Para Inteligência Estratégica

    7/66

        P    ó   s  -    G   r   a    d   u

       a   ç    ã   o   a    D    i   s   t    â   n   c    i   a

    5

    Organização do Caderno de Estudos e Pesquisa

    Organização do Caderno de Estudos e Pesquisa

    Apresentação: Mensagem da Coordenação do PosEAD.

    Organização da Disciplina: Apresentação dos objetivos e carga horária das unidades.

    Introdução: Contextualização do estudo a ser desenvolvido pelo aluno na disciplina, indicando a importância desta paraa sua formação acadêmica.

    Ícones utilizados no material didático:

    Provocação: Pensamentos inseridos no material didático para provocar a reflexão sobre sua práticae seus sentimentos ao desenvolver os estudos em cada disciplina.

    Para refletir: Questões inseridas durante o estudo da disciplina, para estimulá-lo a pensar a respeito doassunto proposto. Registre aqui a sua visão, sem se preocupar com o conteúdo do texto. O importanteé verificar seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. É fundamental que você reflitasobre as questões propostas. Elas são o ponto de partida de nosso trabalho.

    Textos para leitura complementar: Novos textos, trechos de textos referenciais, conceitos dedicionários, exemplos e sugestões, para apresentar novas visões sobre o tema abordado no texto básico.

    Sintetizando e enriquecendo nossas informações: Espaço para você fazer uma síntese dos textose enriquecê-los com a sua contribuição pessoal.

    Sugestão de leituras, filmes, sites

    e pesquisas: Aprofundamento das discussões.

    Praticando: Atividades sugeridas, no decorrer das leituras, com o objetivo pedagógico de fortalecero processo de aprendizagem.

    Para (não) finalizar: Texto, ao final do Caderno, com a intenção de instigá-lo a prosseguir na reflexão.

    Referências: Bibliografia citada na elaboração da disciplina.

  • 8/9/2019 EAD - Fundamentos Teóricos Para Inteligência Estratégica

    8/66

    Fundamen

    tosTeóricosdaInteligênciaEstra

    tégicaI

    6

    Organização da Disciplina

    Ementa:

    Aspectos históricos. Conceitos Básicos. Fundamentos de Planejamento Estratégico. Política e Estratégia. Variáveisconjunturais. Contra-Inteligência. Proteção das Organizações. Técnicas Prospectivas (cenários).

    Objetivos:• Conhecer a Atividade de Inteligência

    • Entender a Evolução Histórica da Inteligência

    • Compreender o valor estratégico da Inteligência

    • Entender a aplicabilidade da Inteligência no Ambiente de Negócios das Organizações.

    • Conceituar Planejamento Estratégico.

    • Conhecer os Fundamentos do Planejamento Estratégico.

    • Entender a Política como a arte do estabelecimento de objetivos e de instrumentalização de estruturasorganizacionais.

    • Entender a Estratégia como a arte de instrumentalizar decisões e o alcance de objetivos.

    • Compreender o papel das Informações (Inteligência) no Planejamento Estratégico.

    • Formular Políticas.

    • Conceituar Política.

    • Identificar Políticas em ambientes de negócios.

    • Implementar Estratégias.

    • Empreender políticas em ambiente de negócios.

    • Planejar e implementar Estratégias.

    Unidade I – História da Inteligência

    Carga horária: 12 horas

    Conteúdo CapítuloAplicabilidade ao Ambiente de Negócios 1

    Unidade II – Planejamento Estratégico

    Carga horária: 12 horas

    Conteúdo CapítuloInformações e Fundamentos 2

    Unidade III – Ambiente de Negócios

    Carga horária: 12 horas

    Conteúdo CapítuloPolíticia e Estratégia 3

  • 8/9/2019 EAD - Fundamentos Teóricos Para Inteligência Estratégica

    9/66

        P    ó   s  -    G   r   a    d   u

       a   ç    ã   o   a    D    i   s   t    â   n   c    i   a

    7

    Organização da Disciplina

    Unidade IV – Políticas Organizacionais

    Carga horária: 12 horas

    Conteúdo CapítuloEstabelecimentos e Implantação 4

    Unidade IV – Estratégias Organizacionais

    Carga horária: 12 horas

    Conteúdo CapítuloEscolha de Alternativas e Gestão de Estratégias 5

  • 8/9/2019 EAD - Fundamentos Teóricos Para Inteligência Estratégica

    10/66

    Fundamen

    tosTeóricosdaInteligênciaEstra

    tégicaI

    8

    Introdução

    O uso da Inteligência Estratégica, em escala abrangente e de forma sistemática, não é mais antigo que os tempos daSegunda Guerra Mundial, conforme assinala Washington Platt (1974) em seu livro Strategic Intelligence Producion,editado no início dos anos 1960, nos EUA. Antes disso, em 1947, Sherman Kent, em Strategic Intelligence For AmericanWorld Policy , também destacou, como vital, a produção e a utilização de “estimativas estratégicas”, como instrumentode apoio a quem decide em nível de macro-políticas.

    Ambos postulavam, ainda, que a direção de empresas se via na contingência de “tirar conclusões importantes (decidir)com informações insuficientes”, ressentindo-se, portanto, de um elemento de assessoria que facultasse o preenchimentodas lacunas.

    Os conceitos e conhecimentos sobre estratégia – a arte do estrategista –, originários da área militar, bem como suasaplicações, começaram a migrar para as esferas governamental e privada nos anos 1950. Nas duas décadas seguintes,acentuou-se a evolução do pensamento estratégico nas organizações particulares, tornando-se o planejamento estratégicouma ferramenta de ampla utilização, em especial nos EUA.

    Nos anos que se sucederam e com a intensificação do uso da internet, quase quatro décadas depois, parcela considerável

    das empresas colocaram a estratégia em segundo plano, conforme assinala Michael Porter. O mesmo autor constata quealguns dirigentes de grandes empresas tomam a estratégia como um elemento de transformação dos negócios, apenas.

    Neste início de século, logo após a inauguração da era da informação ou do conhecimento, alguns conceitos de estratégiaaparecem aplicados à capacidade de se adaptar a mudanças repentinas ou à necessidade de exibir flexibilidade. Algunsautores consideram que ter agilidade estratégica é mais importante que a própria estratégia. A empresa Bain & Co(1998), assinala, entretanto, que o “planejamento estratégico é a ferramenta de gestão mais utilizada no mundo todo”.

    Voltemos à Inteligência Estratégica.

    Conforme se depreende, conceitos de gestão e de estratégia aplicados às áreas empresariais alteram-se de acordo com

    as exigências de adaptação às novas situações, ao pensamento dos acadêmicos e consoante à leitura que estes e os CEO(Chief Executive Officer ) fazem das conjunturas e de suas projeções para o futuro. Uma necessidade, contudo, continuaa tirar o sono de quem decide: a de obter informações oportunas e confiáveis, as quais agreguem valor ao planejamentoprospectivo, à decisão e aos cenários elaborados.

    Diversos entendimentos e conceitos a respeito de Inteligência Estratégica convivem atualmente. Não se trata deesgotá-los neste trabalho.

    Consideremos alguns.

    “Forma como as organizações utilizam informações do ambiente externo para o direcionamento estratégico da empresa

    “(FAGGION, BALESTRIN, WHEYB, 2002). “A IE tem o objetivo de buscar informações críticas do ambiente geral daempresa, relacionadas com variáveis como: concorrentes, clientes, tecnologia, economia, política e tendências sociais(MONTGOMERY; WEINBER, 1998, apud FAGGION; BALESTIN; WHEYB, 2002) , e “Busca proativa de informaçõesestratégicas“ (LESCA; FREITAS; CUNHA, 1996 apud FACGION, BALESTRAN; WHEYB, 2002).

     Desse emaranhado de ideias e citações, infere-se que a IE é um processo perene de geração de informações e até deconhecimentos (desconsideremos algumas colocações acadêmicas a respeito desse termo) que permitem às organizaçõesnavegarem com relativa segurança em conjunturas extremamente fugazes ou adversas, podendo retirar elementos quefacilitem a antecipação de ameaças e de oportunidades, além de criar cenários que possam permitir a construção dofuturo. Verifica-se que a IE transcende às noções de espaço, tempo e importância ocupados pelas organizações nopresente momento.

    Eis que nosso estudo nos dará as condições necessárias à compreensão dos fundamentos que norteiam uma ação baseadana IE. Portanto, mãos à obra!

  • 8/9/2019 EAD - Fundamentos Teóricos Para Inteligência Estratégica

    11/66

        P    ó   s  -    G   r   a    d   u

       a   ç    ã   o   a    D    i   s   t    â   n   c    i   a

    9

    História da Inteligência Unidade I

    Capítulo 1 – Aplicabilidade ao Ambiente de Negócios

    Mãos-Dadas

    Não serei o poeta de um mundo caduco.Também não cantarei o mundo futuro.

    Estou preso à vida e olho meus companheiros.Estão taciturnos, mas nutrem grandes esperanças.

    Entre eles, considere a enorme realidade.O presente é tão grande, não nos afastemos.

    Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.Não serei o cantor de uma mulher, de uma história.

    não direi suspiros ao anoitecer, a paisagem vista na janela.não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida.

    não fugirei para ilhas nem serei raptado por serafins.O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homem presentes,

    a vida presente.

    Carlos Drummond de Andrade

    Neste capítulo falaremos de uma história; não de uma história caduca, mas de uma história que exemplifica o quanto ohomem, nos mais diversos momentos, trabalha com estratégias utilizando a Inteligência ao seu favor.

    Não sabemos ao certo quando ou onde o homem perguntou pela primeira vez por quê? Mas constatamos que sempre buscourespostas. Em seu enfrentamento diário, o homem buscou compreender os fenômenos a sua volta, no relacionamentocom a natureza e com os outros homens. E sua ação individual ou social exige um conhecimento do mundo.

    Estratégia é a arte de coordenar a ação das forças militares, políticas,econômicas e morais implicadas na condução de um conflito ou napreparação da defesa de uma nação; arte de aplicar com eficácia osrecursos de que se dispõem ou de explorar as condições favoráveisde que porventura se desfrute, visando ao alcance de determinadosobjetivos (HOUAISS, 2001).

    História da Inteligência

    Unidade I

  • 8/9/2019 EAD - Fundamentos Teóricos Para Inteligência Estratégica

    12/66

    Fundamen

    tosTeóricosdaInteligênciaEstra

    tégicaI

    0

    História da Inteligência Unidade I

    Inteligência é uma atividade milenar; é um processo sistêmico de geraçãode informações destinadas ao assessoramento do processo decisório dasorganizações, bem como de seus planejadores estratégicos, e que deve

    pautar-se, precipuamente, pelo princípio da oportunidade e ter caráterproativo. O mundo não espera muito por “estrategistas retardatários”.

    Para o Coronel Walther Nicolai, Chefe do Serviço de Inteligência do Chanceler Bismarck, “A Inteligência é um apanágiodos nobres. Confiada a outros, desmorona”. Como podemos ver, esse conceito de Inteligência a restringe a poucos capazesde dominá-la. De toda feita, ao usar a inteligência, o homem procura atender às suas necessidades básicas, quais sejam:segurança, saúde, educação, habitação e trabalho.

    Periodização Histórica

    Antiguidade orientalAntiguidade Clássica Greco-Romana (2000 aC. até a queda do Império Romano, em 476 dC.)Idade Média (até 1453, com a queda de Constantinopla)Idade Moderna (até o início da Revolução Francesa, em 1789)Idade Contemporânea (até os dias de hoje)

    Registros Iniciais de Uso de “Inteligência”

    O homem primitivo se vincula à vida por meio de uma percepção sensorial. Extremamente dependente da Natureza, simboliza

    seus sentidos e pensamentos. Essa representação da realidade se dá através de magias, totemismos ou mitos, frutosdesse esforço de compreensão do mundo. Lembramos que a produção intelectual das sociedades primitivas se inserenum contexto em que o regime de propriedade é coletivo. Assim, o resultado de todo o esforço para a compreensão domundo é transmitido numa linguagem inteligível para todo o grupo.

    As Passagens Bíblicas no Antigo Testamento, trazem traços de uso específico de Inteligência, como análise de recursosdisponíveis, situação de chegada e instruções para ação, em obediência a uma ordem respeitada hierarquicamente. Observe.

    Os exploradores de Canaã

    O Senhor disse a Moisés: “Envia homens para explorar a terra de Canaã, que hei de dar aos filhos deIsrael. Enviarás um homem de cada tribo patriarcal, tomados todos entre os príncipes”.

    Doze homens – um de cada uma das tribos de Israel foram enviados para levantar dados (espiar) a terrade Canaã ...

    Assim lhes falou Moisés.

    (Números, 13)

    Necessidade de informações e esforço de coleta

    “Ide pelo deserto de Neguev e subi a montanha. Examinai que terra é essa e o povo que nela habita, seé forte ou fraco, pequeno ou numeroso. Vêde como é a terra onde habita, se é boa ou má, e como sãoas suas cidades, se muradas ou se sem muros; examinai igualmente se o terreno é fértil ou estéril, e se

    há árvores ou não. Coragem! E trazei-nos dos frutos da terra.”(Números, 13,17-20))

  • 8/9/2019 EAD - Fundamentos Teóricos Para Inteligência Estratégica

    13/66

        P    ó   s  -    G   r   a    d   u

       a   ç    ã   o   a    D    i   s   t    â   n   c    i   a

    11

    História da Inteligência Unidade I

    Primeiro Relatório de Inteligência

    Fomos à terra aonde nos enviaste. É verdadeiramente uma terra onde jorra leite e mel, como se podever desses frutos que trouxemos. Mas seus habitantes são robustos e suas cidades são grandes ebem muradas.

    (Números, 13,27-29))

    O aperfeiçoamento técnico, na comunidade primitiva, criou uma nova demanda: o excedente econômico. Este desencadeoua ampliação da divisão do trabalho: quem controlaria o excedente? Como registrá-lo, armazená-lo, distribuí-lo? Aqueles quepassaram a administrar essa função se destacaram dentro do grupo. Apropriando-se da racionalização, esses elementosexercem poder no grupo, quando a linguagem não é inteligível a todos. Cria-se uma hierarquia entre os que sabem e osque não sabem.

    Com a evolução das comunidades primitivas, surge a sociedade com classes sociais e, também, o surgimento do Estado,que identifica a necessidade de reforçar e ampliar o seu poder, interna ou externamente, muitas vezes por meio da guerra.

    Sun Tzu, estrategista chinês do Séc VI a. C. em A Arte da Guerra, trata de uma atividade deassessoramento à decisão em tudo semelhante ao que se conhece hoje como Inteligência. “... Somenteo governante mais sagaz é capaz de empregar espiões”

    O objetivo era obter informações a respeito do terreno, das lideranças do inimigo, das condiçõesmeteorológicas da situação econômica dos reinos potenciais adversários.

    Registros da Bíblia

    Dalila, que seduziu Sansão, facilitando que fossem cortados seus cabelos, fonte de sua força, é tidacomo a primeira espiã da História.

    (Juízes 16,4:6)

    Na Antiguidade, Júlio César, um dos primeiros grandes estadistas, criou o Sistema de InteligênciaRomano.

    Mesmo com profunda influência da cultura grega, os romanos sempre imprimiram um caráter utilitário em sua produçãointelectual. Seja no âmbito artístico, com o desejo de demonstrar por meio de suas obras a grandiosidade do império,seja, no Direito, com a regulamentação das relações jurídicas, sociais e a própria concepção de Estado, seja nos motivospatrióticos, com a criação de lendas e atribuições heróicas que enobrecem o passado histórico e que se impõe sobre oinimigo no momento da guerra.

    Podemos notar, ainda, a utilização dos conceitos relacionados ao uso da Inteligência em vários outros aspectos. Observe,no quadro abaixo, o sistema de Inteligência adotado:

     

    No Império Romano

     Procursatores  – Inteligência Operacional (reconhecimento imediado – sobrevivência doslegionários).

     Exploratores – Inteligência Tática (suporte à decisão dos executivos).

    Speculatores – Inteligência Estratégica; Inteligência no interior do território a ser conquistado(indivíduos altamente treinados para operações clandestinas nas linhas inimigas para apoio

    aos estrategistas). Índices – Fontes não orgânicas das Legiões (prisioneiros, desertores e civis).

  • 8/9/2019 EAD - Fundamentos Teóricos Para Inteligência Estratégica

    14/66

    Fundamen

    tosTeóricosdaInteligênciaEstra

    tégicaI

    2

    História da Inteligência Unidade I

    Na Antiguidade, Alexandre, o Grande, utilizava viajantes e emissários especiais para obterinformações econômicas a respeito das terras a serem conquistadas

    (Inteligência Estratégica).

    Na Idade Média, Gêngis-Khan (1162-1227), Guerreiro e governante da Mongólia, utilizava-sede informações obtidas por mercadores e viajantes para levantar as defesas, os armamentose os efetivos dos exércitos inimigos.

    A queda do Império Romano trouxe um contexto de crise e insegurança que deu origem ao sistema feudal na Europa.O Cristianismo assumiu o papel predominante na construção do pensamento e de visão de mundo nesse período. Masa racionalização não se rompeu abruptamente, contudo, a historiografia tornou-se providencialista: os acontecimentoscomo decorrentes da Providência Divina.

    Na Idade Média, Marco Pólo, em a República de Veneza já utilizava de relatórios de diplomatos e viajantes, como partede sua prática, o que, sem dúvida, caracteriza sua visão para a Inteligência.

    Na época Moderna, uma nova estrutura social emergiu. Os interesses burgueses em organizar o Estado Nacional e superara crise vivida no século XIV impulsionaram a expansão marítima e a conquista do Novo Mundo. Primeiro, a América emais tarde a África e a Ásia, satisfazendo aos interesses políticos e econômicos. O modo de produção capitalista ganhou

    reforço com a Revolução Industrial e tornou-se o modo de vida predominante no Mundo Ocidental.

    Este período foi extremamente profícuo no uso da Inteligência, o que determinava as grandes conquistas territoriais e oincremento tecnológico, como podemos ver nos fatos históricos a seguir:

    Portugal

    A Coroa Portuguesa adotava a chamada “Política dos Segredos”.Com esse instrumento, negava às potências contemporâneas osconhecimentos sobre suas descobertas ultramarinas.

    “Contraespionagem”

    Foi com base nessa política que a Coroa rejeitou proposta da Igreja dedividir o Mundo com a Espanha, no meridiano que passaria a 100 léguasde Cabo Verde, conforme rezava a Bula Intercoetera (1493). Os reis dePortugal tinham “conhecimento” da existência das terras da Américae, por isso, buscaram a formalização do Tratado de Tordesilhas, em1494, que previa a passagem do meridiano divisor não a 100, mas a370 léguas a Oeste de Cabo Verde.

  • 8/9/2019 EAD - Fundamentos Teóricos Para Inteligência Estratégica

    15/66

        P    ó   s  -    G   r   a    d   u

       a   ç    ã   o   a    D    i   s   t    â   n   c    i   a

    13

    História da Inteligência Unidade I

    Império Asteca (MÉXICO)

    América Hispânica

    Uma mulher asteca – como Dona Marina ou “La Malinche” – usou recursos similares

    aos de Inteligência, para que seu povo não fosse escravizado pelos espanhóis. “Agentes”do Império Asteca – os “pochtecas”, que eram pequenos comerciantes – viajantes,infiltravam-se entre os espanhóis, disfarçando-se de habitantes locais. Seus principaisobjetivos de informação eram os costumes, os poderes econômico e militar e ascaracterísticas de governo dos invasores.

    Na Inglaterra

    A Inteligência sempre foi considerada pelos ingleses como necessária à vida política,econômica, diplomática e social.

    Cabe a eles a primazia de, no século XVI, dispor de um “serviço secreto” organizado,instituído por Henrique VIII.

    Cromwell aperfeiçoou os mecanismos daquela organização, sendo considerado o criadordo ‘Intelligence Service’.

    OLIVER CROMWELL (1598 – 1656) Lorde Protetor da Inglaterra

    Rússia

    No final do século XVII, o czar Pedro, o Grande (1672 – 1725), criou a primeira escolade espionagem a Casa de Ukraniev. Pedro foi o responsável por tornar a Rússia parte daEuropa. Até hoje seu pensamento estratégico é usado pelos russos.

    Primeira Guerra Mundial

    A Inglaterra criou o MI 5, com atuação no campo interno (Contraespionagem)e o MI 6, para o campo externo (Espionagem). Ambos eram seções do  Military Intelligence, agindo inicialmente na Europa. Em 1905, contava com 14 pessoas.Em 1918, eram 800 pessoas.

    Sir Robert BADEN POWELL, o pai do Movimento Escoteiro, foi um eficienteespião inglês nos anos que precederam a Primeira Guerra. Atuando, na Bósnia-Herzegovínia (1891), sob o disfarce de botânico, dissimulava esboços defortificações inimigas em desenhos de asas de borboletas.

    Amplo emprego de espiões por todos os países tornando-se célebres os casos de:

    • MARGARIDA GERTRUDE GELLER (belga de nascimento, a serviço daAlemanha), que ficou conhecida como Mata Hari; e

    • ANNE MARIE LESSER alemã, que ficou conhecida como FräuleinDoktor.

  • 8/9/2019 EAD - Fundamentos Teóricos Para Inteligência Estratégica

    16/66

    Fundamen

    tosTeóricosdaInteligênciaEstra

    tégicaI

    4

    História da Inteligência Unidade I

    Desenho de uma borboleta elaborado pelo botânico BADEN POWELL,mostrando, dissimuladamente, a planta baixa de uma fortaleza.

    Período entre as Guerras Mundiais

    Apogeu do emprego de espiões e de maior desenvolvimento dos serviços de Inteligência.

    Nesse contexto, é impossível não se preparar, não usar de todos os recursos para vencer ou mesmo se defender... Aesse respeito, Napoleão Bonaparte assim se pronunciava: “Ser vencido é aceitável. Ser surpreendido é imperdoável!”

    No Brasil, em 29 de novembro de 1927, é criado o Conselho de Defesa Nacional, cuja função era “Coordenar a produçãode informações de ordem financeira, econômica, bélica e moral referentes à defesa da Pátria”.

    Por ocasião da Segunda Guerra Mundial, resultados de pesquisas daImprensa gaúcha davam conta da existência de redes de espionagemde apoio aos nazistas durante a guerra.

    RADAR

    A tecnologia “Stealth” – design antirradar

     

    O momento tecnológico é de grande avanço,servindo de apoio ao serviço de Inteligêncianos mais diversos cantos do mundo ouconstituindo, por outro lado, em alvo de buscade informações. Observe.

  • 8/9/2019 EAD - Fundamentos Teóricos Para Inteligência Estratégica

    17/66

        P    ó   s  -    G   r   a    d   u

       a   ç    ã   o   a    D    i   s   t    â   n   c    i   a

    15

    História da Inteligência Unidade I

    ESPIONAGEM ATÔMICA Auge da Guerra Fria

    Efeitos da evolução tecnológica: miniaturização dos

    equipamentos. – dois estágios na miniaturizaçãode um moderno equipamento de sigilo de voz,tecnologia de uso duas, espionagem atômica

    No Brasil, à semelhança do que ocorre no restante do mundo, cresce a preocupação com a Segurança Nacional e, pormeio da legislação, o Estado responde à necessidade de conhecer para reagir a tempo.

    DECRETO nº 44.489-A, 15 de setembro de 1958 – regulamenta o Sfici –Serviço Federal à Informações a contrainformações com a competência

    “Superintender e coordenar as atividades de Informações que interessam à Segurança Nacional.”

    Decreto Nº 23.873 – CDN – 15 de fevereiro de 1934

    CONSTITUIÇÃO FEDERAL – 1934

    Decreto Nº 7 – 03 de agosto de 1934

    CONSTITUIÇÃO FEDERAL – 1937

    Decreto-Lei Nº 4 783 – 05 de outubro de 1942

    Decreto-Lei Nº 5.163 – 11 de dezembro de 1942

    Decreto-Lei Nº 9.975-A – 06 de setembro de 1946

    Decreto-Lei Nº 27.583 – 14 de dezembro de 1949

    DEFESA NACIONAL BRASIL

    O mundo contemporâneo, tomado por um assombroso desenvolvimento tecnológico, vislumbrou conflitos e guerras, queprovêm principalmente de falhas do sistema político e econômico. As assimetrias do mundo globalizado e a complexidadedas relações nacionais e internacionais tendem a se agravar, o que exige uma atuação baseada na Inteligência, quepermita a antecipação dos conflitos ou que responda com rapidez diante de seu surgimento.

    O BRASIL, nesse contexto institui:

    • a JUNTA COORDENADORA DE INFORMAÇÕES, com objetivos de:

     – CAMPO INTERNO – conhecer as possibilidades e as limitações do poder nacional.

     – CAMPO EXTERNO – conhecer as possibilidades e as intenções de nações ou de grupos de nações, cujaspráticas possam influir na consecução e na salvaguarda dos objetivos nacionais.

  • 8/9/2019 EAD - Fundamentos Teóricos Para Inteligência Estratégica

    18/66

    Fundamen

    tosTeóricosdaInteligênciaEstra

    tégicaI

    6

    História da Inteligência Unidade I

     – CAMPO DA SEGURANÇA INTERNA – conhecer os antagonismos existentes no território nacional, demaneira manifesta ou em estado potencial, que representem ou possam vir a representar ameaça àSegurança Nacional.

    • sistema e órgãos:

     – SISTEMA NACIONAL DE INFORMAÇÕES – SISNI – SNI – Serviço Nacional de Informações

     – Centros de Informações

     – Divisões de Segurança e Informações

    Nesse mesmo período, os Estados Unidos promovem um grande movimento de contraespionagem, cuja ação se centravana “caça” aos espiões. As operações centravam-se no FBI e em seu polêmico chefe – J. Edgar Hoover.

    Na Alemanha Oriental, chama atenção, MARKUS WOLF, chefe do serviço de Inteligência durante toda a Guerra Fria, atéa extinção da República Democrática Alemã, em 1989. Ele idealizou as “Operações Romeu”, que envolviam a conquistaamorosa e o posterior comprometimento de pessoas de interesse para seu país. Faleceu em 09 de novembro de 2006.Ficou conhecido como “o espião sem rosto”por nunca ter sido reconhecido.

    Na França, o serviço de Inteligência nacional,  DIRECTION GÉNÉRALE DE LA SÉCURITÉ EXTÉRIEURE  (DGSE) sempremuito ativo e discreto, alcança sucesso na localização e captura do terrorista e sequestrador de aeronaves mais famosodos anos 1970, Carlos Ilich Ramirez Sanchez, “Carlos, o Chacal”. Preso no Sudão, Carlos foi levado para a França ondese encontra preso.

    Fim da Guerra Fria

    A Tecnologia e o “fim da História” teriam “matado” a inteligência?

    Com o fim da Guerra Fria, muitos apostavam no fim da espionagem e, consequentemente, no fim da Inteligência.

    Como já o sabemos, não foi isso que aconteceu. Ao contrário, os movimentos da sociedade nas últimas décadasimpulsionaram o uso da Inteligência.

    No Brasil, foi criada a Secretaria de Assuntos Estratégicos, a partir da Lei no 8.028, de 12 de abril de 1990, com afinalidade de:

    • exercer as atribuições de Secretaria Executiva do Conselho de Governo,

    • desenvolver estudos e projetos de utilização de áreas indispensáveis à segurança do território e opinar sobreo seu efetivo uso,

    • fornecer os subsídios necessários às decisões do Presidente da República,

    • cooperar no planejamento, na execução e no acompanhamento da ação governamental com vistas à defesadas instituições nacionais,

    • coordenar a formulação da Política Nacional Nuclear e

    • supervisionar e controlar projetos e programas que lhe forem atribuídas pelo Presidente da República.

  • 8/9/2019 EAD - Fundamentos Teóricos Para Inteligência Estratégica

    19/66

        P    ó   s  -    G   r   a    d   u

       a   ç    ã   o   a    D    i   s   t    â   n   c    i   a

    17

    História da Inteligência Unidade I

    Foram ainda definidas as funções da Subcretaria de Inteligência (SSI), quais sejam:

    • produzir informações e análises sobre a conjuntura de interesse para o processo decisório nacional em seumais alto nível;

    • executar atividades de salvaguarda de assuntos sigilosos e de interesse do Estado e da sociedade;

    • formar e aperfeiçoar recursos humanos para suas atividades, através do Centro de Formação e Aperfeiçoamentode Recursos Humanos (Cefarh).

    Os órgãos de Inteligência passam a ser organizados da seguinte maneira:

    Subsecretaria de Inteligência (1995) localizada na Secretaria-Geral da Presidência da República e Casa Militar daPresidência da República (1996).

    A Lei no 9.883/99, e o Decreto no 4.376/2002 criam a Agência Brasileira de Inteligência (ABIN), em substituição ao órgãoexistente, e passam a definir o Sistema Brasileiro de Inteligência.

    11 de setembro de 2001 – As torres gêmeas

    O atentado de 11 de setembro de 2001 institui uma nova era para a Segurança e para a Inteligência, cujo enfoque se voltainicialmente para o combate ao terrorismo. A partir daí, a Inteligência passa a assumir a responsabilidade por enfrentaralgumas “guerras”: contras as drogas, as armas, o dinheiro ilícito, o tráfico de pessoas, o crime estruturado e o terror. Asdiscussões se voltam para a questão da incapacidade de os serviços de Inteligência prevenirem catástrofes desta monta.

    Nesse sentido, Seymour M. Hersh (Cadeia de Comando, 2004) afirma que, a partir da queda das Torres Gêmeas,

    ...um tema constante foi a falta de dados dos serviços de Inteligência que pudessem ser obtidos comrapidez e confiabilidade a respeito do outro lado... O problema era que a comunidade de Inteligênciaamericana não possuía a informação essencial quando esta se fazia necessária – em tempo real.Havia, no entanto, um consenso em duas questões: os ataques foram planejados e executados de umamaneira brilhante e a comunidade de Inteligência não estava nem um pouco preparada para impedi-los.

    E acrescenta “A CIA, em 2001, não conseguia dar conta do trabalho. Desde uma década antes, o órgão vinha se tornandocada vez mais burocrático, pouco disposto a passar por riscos, e promovera funcionários que compartilhavam dessesvalores”, criando a cultura do que se chamou de a consciência da complacência. Dessa forma, interpõe “a agência contatavacom relações de contatos, relatórios de SI amistosos e de departamentos de polícia do mundo e coleta técnica, contraum inimigo implacável...” A situação era tão grave que somente duas pessoas falavam árabe. O verdadeiro combate não

    era contra os terroristas, mas sim contra a inércia burocrática.

    Essa constatação levou à revisão do papel da Inteligência no mundo inteiro. Nesse sentido, respondem à tendênciahistórica de que as nações, as organizações e até mesmo os indivíduos, ao longo de suas existências, desenvolveramfunções de Inteligência coerentes e compatíveis com as respectivas épocas e necessidades. A Inteligência é mais doque simplesmente uma atividade: trata-se de um processo, de uma maneira de pensar. “O Novo Mundo” é movido ainformações, a crescimento sustentável, funcionando em redes e buscando a melhoria nos IDH .

    Nesse contexto, é preciso considerar que algumas características do mundo, em nova fase de globalização, interferemdiretamente nos processos de Inteligência:

    • a hegemonia de uma hiperpotência tecnológica, econômica e militar;

    • a existência de três blocos econômicos (mercados) preponderantes;

  • 8/9/2019 EAD - Fundamentos Teóricos Para Inteligência Estratégica

    20/66

  • 8/9/2019 EAD - Fundamentos Teóricos Para Inteligência Estratégica

    21/66

        P    ó   s  -    G   r   a    d   u

       a   ç    ã   o   a    D    i   s   t    â   n   c    i   a

    19

    História da Inteligência Unidade I

    Eis conceitos importantes que nos ajudarão a compreender melhor a Inteligência Competitiva (KAHHANER, 1996 apudGOMES; BRAGA, 2002):

    “Programa institucional e sistemático para garimpar e analisar informação a respeito das atividadesda concorrência e as tendências do setor específico e, também, pertinentes ao mercado em geral,com o propósito de levar a organização a atingir seus objetivos e metas.”

    “Processo sistemático de coleta e análise de informações sobre a atividade dos concorrentes,tendências gerais do ambiente econômico, social, tecnológico, científico, mercadológico e regulatóriopara ajudar no cumprimento dos objetivos institucionais na empresa pública ou privada.” (NIC/UnB,1999)

    “Inteligência é o resultado de um processo sistêmico que envolve coleta, organização e transformaçãode dados em informação, cujo resultado é aplicado na solução de problemas, formulação de políticas,definição de estratégias e comportamentos, que geram vantagens competitivas para a organização”(NIC/UnB, 1999).

    A professora Ana Valéria Wanderley (Petrobras), acrescenta ainda que Inteligência competitiva envolve coleta, análisee validação de informações sobre concorrentes, clientes, fornecedores, candidatos potenciais à aquisição, candidatos a joint-ventures e alianças estratégicas.

    Nesse contexto de competitividade exacerbada, surge o Sistema de Inteligência de Negócios, que pressupõe a monitoraçãopermanente do ambiente de atuação da empresa, coleta, análise e validação de informações sobre concorrentes, clientes,parceiros, fornecedores e demais atores, visando à diminuição de risco na tomada de decisão, a partir do desenvolvimentode uma base de conhecimento sobre o negócio. (WANDERLEY, 1999)

    Eis alguns conceitos importantes:

    “Sistema de Informação de Negócios é o processo organizacional pelo qual a informação ésistematicamente coletada, analisada e disseminada como Inteligência aos usuários que possamtomar ações a partir dela” (HERRING, 1997 apud WANDERLEY, 1999).

    “O processo de Inteligência de Negócio analisa e valida todas essas informações e as transformaem conhecimento estratégico – conhecimento sobre atividades históricas, performance no passado,‘forças e fraquezas’ e tendências de atuação dos demais atores no mercado” (TYSON, 1997 apudWANDERLEY, 1999))

    Desses conceitos se depreende que a Inteligência de Negócios implica:

    • grande interface com planejamento, decisão e ações correspondentes;

    • existência de um ciclo de geração de informação;

    • existência de processos sistêmicos;

    • necessidade de metodologia específica;

    • necessidade de cultura organizacional e estrutura adequada;

    • produção da “informação” que diferencia;

    • necessidade de validação dessa “informação”;

    • visão de futuro;

    • oportunidade;

    • necessidade de suporte em TI atualizada.

  • 8/9/2019 EAD - Fundamentos Teóricos Para Inteligência Estratégica

    22/66

    Fundamen

    tosTeóricosdaInteligênciaEstra

    tégicaI

    0

    História da Inteligência Unidade I

    A partir de nossas discussões, neste capítulo, é preciso reconhecer, depreendendo uma ampliação do uso da ferramentaInteligência: o que uma organização não for capaz de defender por seus próprios meios, nenhum dispositivo institucionaldefenderá,

    No tocante ao caráter proativo da Inteligência, Washington Platt (1974) ratifica que

    Muitas pessoas passam a vida toda num setor de atividades, sem tentar compreender a filosofiabásica dessa atividade, ou explorar suas possibilidades máximas, ou nem sequer pensar na solução dosproblemas que lhes permitisse tornar os próprios pontos de vista mais claros. Quem deixa de pensarsobre o próprio setor de responsabilidade, e de pensar sobre o que o cerca, desperdiça, com certeza, oprazer de satisfações profundas e, provavelmente, realiza menos do que poderia realizar de outra forma.

    A Inteligência é vista, muitas vezes, como uma atividade essencial, porém capaz de impor danos a seus própriospatrocinadores. A esse respeito, é oportuno salientar seu caráter de elemento de produção da melhor informação paraa decisão. O decisor resulta no único responsável pelo uso desse produto.

    A Inteligência pode ser revestida de sigilo, porém não de clandestinidade.

    A importância de tutela política apropriada para os serviços de Inteligência foi reforçada por Sir William Stephenson noprefácio do livro “Um homem chamado Intrépido” no qual afirma que a Inteligência é uma condição necessária para queas democracias possam evitar desastres e possivelmente a destruição total.

    Segundo ele:

    em meio a arsenais cada vez mais intrincados, os serviços de Inteligência são uma arma essencial,talvez a mais importante. Mas sendo secreta, é a mais perigosa. É preciso criar, rever, aplicarrigorosamente salvaguardas que impeçam abusos. Mas, como em qualquer empreendimento, serãodecisivos o caráter e a sabedoria a quem for confiada. Na integridade dessa tutela se deposita a

    esperança dos povos livres na sobrevivência e crescimento.

    Como visto, retornamos aos príncipes de Israel e aos “espiões”de Sun Tzu.

  • 8/9/2019 EAD - Fundamentos Teóricos Para Inteligência Estratégica

    23/66

        P    ó   s  -    G   r   a    d   u

       a   ç    ã   o   a    D    i   s   t    â   n   c    i   a

    21

    Planejamento Estratégico Unidade II

    Planejamento Estratégico

    Unidade II

    Capítulo 2 – Informações e Fundamentos

    O planejamento não diz respeito a decisões futuras, mas àsimplicações futuras de decisões presentes.

    (Peter Drucker)

    Toda ação deve ser planejada para atingir finalidades específicas.

    Você pensa na organização de suas ações?

    Que importância o planejamento tem em seu trabalho?

    Agir intuitivamente sempre dá certo?

    Para iniciar nossos estudos sobre o planejamento estratégico, precisamos pensar nos paradigmas que norteiam a açãohumana neste terceiro milênio. As mudanças são inúmeras e rapidíssimas, por isso não há tempo a perder... As informaçõesse multiplicam em questão de segundos e não podemos ficar esperando para tomar decisões que podem estar obsoletas

     já em seu pronunciamento.Nesse sentido, devemos estar preparados para agir, simultaneamente, com dinamicidade e rapidez. Para tanto, devemosconsiderar como paradigmática a importância do conhecimento científico e tecnológico como necessidade fundamental.O Papa João Paulo II já afirmava tal questão, em sua encíclica Centesimus Annus de 1991: “Se antes a terra e depoiso capital eram os fatores decisivos da produção (...) hoje o fator decisivo é, cada vez mais, o homem em si, ou seja, seuconhecimento”.

    A partir da evolução do conhecimento disponível, evidencia-se uma dinâmica global assentada na evolução acelerada datecnologia que determina, entre outros aspectos, novas formas de ocupação da força de trabalho, muito maior acesso àinformação, à liberdade de expressão e a regimes democráticos. O mundo está interconectado nos mais diferentes níveis,

    cujos atores independentes se projetam de forma global. Há que se considerar, em um contexto assim delineado, que a açãohumana individual, em sua essência, é também coletiva na medida em que a decisão de cada um impacta na vida do outro.

  • 8/9/2019 EAD - Fundamentos Teóricos Para Inteligência Estratégica

    24/66

    Fundamen

    tosTeóricosdaInteligênciaEstra

    tégicaI

    2

    Planejamento Estratégico Unidade II

    Peter Schwartz (2003) afirma que

    Nas próximas décadas, enfrentaremos surpresas inevitáveis nas esferas econômica, política e social.Cada uma delas modificará as regras do jogo tal qual praticado hoje. Todas estarão interligadas.Entender essas surpresas inevitáveis em nosso futuro é essencial para as decisões que devemostomar no presente – não importando se somos líderes, executivos, governantes ou simplesmenteindivíduos que se preocupam com suas famílias e sua comunidade.

    A sociedade está cada vez mais competitiva e exige a reflexão de forma integrada em todas as atividades das organizações.Dessa forma, torna-se fundamental estudar tecnologias inovadoras que possibilitam otimizar a gestão das instituições,que caminham para relacionamentos organizacionais baseados em parcerias.

    Criar redes de relacionamento e, portanto, de informação, constitui-se, atualmente, a maior demanda de um mundomultipolar, caracterizado pela internacionalização da economia e formação de blocos econômicos, cuja disputa pelahegemonia passa diretamente pela concorrência comercial, dando início a uma nova ordem mundial, em que o poderse verifica multipolar. Assim, passamos da bipolarização para a multipolarização. Nesse contexto, o poder bélico foi

    substituído pelo poder de negociação entre os megablocos econômicos. Em tal ordem multipolar, por exemplo, os paísesemergentes, como o Brasil, a Rússia, a China ou a Índia, têm expectativas de fazer parte da ordem que controla o mundo,à semelhança de países como EUA, Alemanha, França.

    Daí o caráter volátil dessa nova ordem, em que grandes empresas transnacionais condicionam o papel dos Estados e doindivíduo a incorporar mais poder. A segurança passa, dessa forma, a ser encarada como um dos fatores essenciais dosplanejamentos das empresas e dos Estados, requerendo o uso de intensivo de tecnologias permanentemente atualizadas,o que gera uma corrida por informações nunca antes imaginada.

    O conhecimento é utilizado na agregação de valor a produtos e serviços, e as informações constituem-se no principalativo, elemento vital para competitividade e sobrevivência. Mas não é útil “qualquer” informação ou uma informação

    tardia. As informações devem ser produzidas com qualidade e disseminadas de maneira rápida.As empresas precisam, enfim, ser reinventadas a todo instante, exigindo produtos informacionais precisos e oportunos.

    A Inteligência e as Relações Internacionais

    O texto a seguir, de Fábio Pereira Ribeiro, ilustra bem como ocorrem as relações entre os países, nessa perspectiva.

    A atividade de Inteligência sempre esteve intimamente ligada aos princípios básicos das relações internacionaisprincipalmente da diplomacia.

    Nos estudos de relações internacionais, a atividade de Inteligência pode ser incorporada principalmente nasações de segurança internacional, mas também nas práticas e funções da diplomacia.

    O teórico das relações internacionais Hedley Bull (1932-1985) considerava quatro funções básicas da diplomacia,sendo que uma delas é função de “coligir informações, inteligência a respeito dos países estrangeiros”, estas“inteligências” formam o conjunto de valores que o tomador de decisão, no caso o Chefe de Estado, possadesenvolver para que suas decisões estratégicas tenham o menor risco possível.

  • 8/9/2019 EAD - Fundamentos Teóricos Para Inteligência Estratégica

    25/66

        P    ó   s  -    G   r   a    d   u

       a   ç    ã   o   a    D    i   s   t    â   n   c    i   a

    23

    Planejamento Estratégico Unidade II

    O princípio básico de formação e ação da atividade de inteligência dentro das relações internacionais é vincularo processo de produção de conhecimento aos atores internacionais, para que os mesmos possam formar oarcabouço da chamada Inteligência Estratégica.

    Na diplomacia, a inteligência fica vinculada a um processo mais simples e contínuo de produção de informações,mas no âmbito dos serviços de inteligência, a produção de conhecimento segue uma linha estratégicaconsiderando todos os valores inseridos e intrínsecos aos atores.

    Dentro do período da Guerra Fria, a produção de inteligência estava voltada para uma visão bipolar e deconhecimento fácil sobre os atores, na maioria das vezes, integrados as duas grandes potencias.

    Os atores do sistema internacional eram plenamente conhecidos, os seus objetivos estratégicos, quais sejamas suas políticas, interesses e limitações.

    Com a nova perspectiva multipolar, os serviços de inteligência devem considerar novos modelos de produçãoe análise de informações, e para isto a atividade de inteligência pode utilizar como modelo os parâmetrosindicados por Rosenau:

    • Macroparâmetros: distribuição de poder entre os diversos atores políticos e a forma de atuação; asrelações de autoridade entre os diversos atores e a sociedade inserida;

    • Microparâmetros: capacidade analítica e emocional dos cidadãos para dar resposta aos

    acontecimentos que acontecem no momento histórico.

    Neste sentido, as relações internacionais apresentam o cenário para o desenvolvimento das análises eproduções de Inteligência. O cenário estabelece alguns pontos importantes e básicos para a construção daInteligência Estratégica, que ao mesmo tempo pode causar turbulência dentro do ambiente de inteligência ede relações internacionais, que de forma integrada envolvem as agências de inteligência com os serviços depolítica externa de cada Estado.

    Os fatores para tal situação são:

    • proliferação de atores, considerando associações, organizações, empresas transnacionais, facções

    étnicas e religiosas, e outros grupos de interesses, que envolvem ou se envolvem com a política deEstado, sem contar uma busca constante pelo protagonismo do ator. Esses novos atores buscamdiversas formas de atuação política, incluindo ação psicológica, força armada,  lobby , além deapelação à sensibilidade da comunidade internacional;

    • impacto das novas tecnologias da informação, quebra de fronteiras e barreiras com a internet , esistemas de Inteligência que coletam e cruzam dados em tempo real, a qualquer distância;

    • avanço da globalização, da competitividade internacional, principalmente das empresas transnacionaisque acabam sendo bases de interesses e jogos diplomáticos em função das necessidades e interessesparticulares dos Estados, neste caso, a construção da chamada Inteligência Econômica;

    • a construção de subgrupos de atores, dentro do Estado, que tendem a criar laços sociais pormotivações étnicas, religiosas ou ocupacionais, construindo intercomunicações contrárias ao Estadode Direito formado.

  • 8/9/2019 EAD - Fundamentos Teóricos Para Inteligência Estratégica

    26/66

    Fundamen

    tosTeóricosdaInteligênciaEstra

    tégicaI

    4

    Planejamento Estratégico Unidade II

    No mesmo passo dos indicadores de novos tempos crescem as organizações transnacionais de comércio ilícito, naproporção de 14% ao ano, as quais utilizam estruturas semelhantes e, às vezes, mais eficientes que as instituiçõessocialmente legitimadas. Dentre as ações que tomaram para se adequar à nova realidade internacional, podemos citar:trocaram estruturas hierárquicas fixas por redes descentralizadas; substituíram líderes autoritários por agentes e célulasmúltiplas, dispersos e tenuamente relacionados; migraram de linhas rígidas de controle e troca por transações em constantetransformação, de acordo com as oportunidades e passaram a utilizar intensamente processos de “informação”.

    Além do crescimento da ação criminosa de diferentes organizações, são inúmeras as ameaças advindas dessa estruturatransnacional, dada a enorme fragilidade dos esquemas de controle, como o terrorismo; o colapso do sistema financeiro,cuja interdependência afetaria o mundo inteiro; o fluxo de capitais ilícitos; as migrações em massa; os conflitos armados;as doenças infecciosas; o esgotamento das fontes de energia e de água; a espionagem; os regimes instáveis; o colapsode sistemas de informação; a ampliação das assimetrias sociais e a cyberwar .

    Diante de um quadro tão negro como o apresentado, é preciso refletir sobre o que podemos fazer e criar as condições

    para que se possa agir, planejar e gerenciar tamanhas adversidades. Para alcançar tal intuito, é fundamental:• conhecer os ambientes em que se atua;

    • conhecer os paradigmas;

    A atividade de Inteligência tem uma ligação direta com os estudos de relações internacionais, pois os mesmossão os fatores e cenários práticos para a construção de posições e diagnósticos de ocorrências para a tomadade decisão.

    Os acontecimentos internacionais são balizadores para a construção de tendências, e ocorrências futuras,considerando uma perspectiva realista das relações internacionais, que cria um ambiente favorável de atuaçãodos serviços de inteligência, que tomam o interesse do Estado como fator chave de atuação.

    Neste mesmo sentido, a perspectiva anárquica pode ser considerada para entender e alimentar o processo deum sistema de segurança internacional.

    Na perspectiva brasileira, os agentes internacionais, atores não estatais, os condicionantes de política externaformam os parâmetros para a construção de Inteligência para a tomada de decisão, somados os parâmetros deconflitos e novas ameaças, como tráfico de drogas, lavagem de dinheiro, espionagem industrial, bioespionagem,contrabando de armas, a degradação do meio ambiente, violência urbana e vandalismo, indiferença social ecívica, sem considerar as falhas de educação e falta de perspectivas tecnológicas para a sociedade (inserção).

    A atividade de Inteligência ganha um novo campo de atuação com a integração dos estudos de relaçõesinternacionais, segurança e defesa, considerando uma nova perspectiva do ponto de vista econômico, paraconstituir ao Estado uma vigilância econômica internacional.

    _______________________(*) Fábio Pereira Ribeiro é oficial do Exército R/2, Coordenador da Área de Ciências Sociais Aplicadas da UNIMONTE, Professor de pós-graduação em Inteligência

    da FECAP, Mestre em Administração, Especialista em Política Internacional e Inteligência Estratégica.

    Fonte: .

  • 8/9/2019 EAD - Fundamentos Teóricos Para Inteligência Estratégica

    27/66

        P    ó   s  -    G   r   a    d   u

       a   ç    ã   o   a    D    i   s   t    â   n   c    i   a

    25

    Planejamento Estratégico Unidade II

    • conhecer os adversários e os parceiros;

    • antecipar a evolução das situações;

    • decidir e agir com oportunidade.

    O esquema abaixo nos dá um quadro bastante claro da necessidade de se agir, considerando os princípios da Inteligência.

    INTELIGÊNCIA

    Contrainteligência

    (AMEAÇAS)

    (OPORTUNIDADES Ação DCS

    EMPRE

    SA

    PLJ

    INFORMAÇÃO

    ÚTIL

    INTELIGÊN

    CIA

    MONITORAM

    ENTO

    Cabe nesse momento, reforçarmos o conceito de Inteligência como informação analisada que oferece compreensãoprofunda das várias situações conjunturais e vantagens competitivas.

    Segundo a Lei nº 9.883 de 07 de dezembro de 1999, § 2º, do art. 1º, Inteligência é “a atividade que objetiva a obtenção,análise e disseminação de conhecimentos, dentro e fora do território nacional sobre fatos e situações de imediata ou potencialinfluência sobre o processo decisório e a ação governamental e sobre a salvaguarda e a segurança da sociedade e do Estado.”

    No entanto, não nos basta falar de Inteligência, é preciso falar de Inteligência Estratégia: aquela que auxilia na formulaçãode políticas, no planejamento, na execução ou no redirecionamento das opções estratégicas. Pressupõe, portanto,dimensões maiores de espaço e tempo, inferindo a seguinte aplicabilidade:

    • suporte aos processos decisório e de planejamento;

    • sustentação das ações nos níveis tático e operacional;

    • apoio ao gerenciamento de múltiplas situações críticas;

    • avaliação de ameaças;

    • identificação de oportunidades;• apoio a processos de gestão e de inovação;

    • estudo de áreas e temas estratégicos;

    • desenvolvimento de metodologias prospectivas;

    • proteção do conhecimento organizacional, das instalações, do pessoal, dos materiais, das comunicações e da TI;

    • salvaguarda dos elementos operacionais.

    Luís Gaj (2002), em O Estrategista afirma que “as organizações estão passando por um processo gradativo detransformação em que os funcionários são demandados a executar papéis cada vez mais inteligentes. Dessa maneira,buscam capacitar e desenvolver seus quadros”. Nesse sentido, salientamos a necessidade de se preparar para agirestrategicamente, pois segundo a Revista Amanhã (nº 189/ 2004), “no futuro, o bom planejamento estratégico serábaseado em projeções de longo prazo e em ferramentas de Inteligência”.

  • 8/9/2019 EAD - Fundamentos Teóricos Para Inteligência Estratégica

    28/66

    Fundamen

    tosTeóricosdaInteligênciaEstra

    tégicaI

    6

    Planejamento Estratégico Unidade II

    O planejamento em empresas privadas é desejável. Em instituições públicas, por sua complexidade, é obrigatório.

    Veja no esquema delineado a seguir quantas variáveis estão envolvidas no ato de planejar:

    Marco Antônio dos Santos (2003)

    Como centro do esquema dado, aparece o decisor, na esfera de competências, cujas decisões implicam escolha entre asopções possíveis. Para decidir, é preciso levar em conta três momentos:

    • o momento da avaliação – aqui devem ser consideradas todas as variáveis envolvidas no contexto e possíveis

    consequências;

    • o momento da escolha – a partir de delineado o contexto, faz-se uma opção;

    • o momento da implementação da escolha – é preciso considerar qual a melhor forma para a operacionalizaçãoda escolha tomada.

    Tais momentos estão esquematizados a seguir:

    ELABORAÇÃO DO PROCESSO

    Não decidir não é uma forma de agir

    DIAGNÓSTICO

    OPÇÃO

    AÇÃO

    Na perspectiva do planejamento e das ações estratégicas, o processo de decisão pressupõe as seguintes etapas:

    • análise de situação;

    • definição dos objetivos;

    • análise das opções estratégicas;

  • 8/9/2019 EAD - Fundamentos Teóricos Para Inteligência Estratégica

    29/66

        P    ó   s  -    G   r   a    d   u

       a   ç    ã   o   a    D    i   s   t    â   n   c    i   a

    27

    Planejamento Estratégico Unidade II

    • determinação das estratégias;

    • execução e controle das ações.

    A racionalização do processo de planejamento e ações estratégicas pressupõe manutenção de uma coerência internaentre o que se planeja e a sua implantação (processo finalístico), observando a adequação entre meios e fins. Essaadequação pressupõe considerar como princípios, ou seja, como proposições diretoras gerais destinadas a orientar odesenvolvimento do planejamento: participação, coordenação, integração e permanência. Além destes, devemos aindaconsiderar os princípios finalísticos: todas as ações finais estruturadas em programas; cada programa um gerente;programas de acordo com as orientações estratégicas e a previsão de recursos; estímulos à descentralização; avaliaçãoperiódica; realimentação.

    PLANEJAMENTO

    MUITAS

    METODOLOGIAS

    PECULIAR AO

    NEGÓCIO

    ADEQUAÇÃO ENTREMEIOS E FINS

    O planejamento estratégico implica pensar no futuro; controlar o futuro; tomar decisões de maneira integrada; procederde maneira formal para produzir resultado articulado na forma de um sistema integrado de decisão.

    São três os níveis de planejamento: estratégico; tático e operacional.

    Sintetizamos, assim, alguns conceitos de planejamento estratégico:

    “É o processo contínuo de, sistematicamente e com maior conhecimento possível do futuro visualizável,tomar decisões atuais que envolvem riscos; organizar sistematicamente as atividades necessárias àexecução dessas decisões e, mediante a realimentação organizada e sistemática, medir os resultadosdessas decisões em confronto com as expectativas alimentadas”. (Peter Drucker)

    “É o processo administrativo que proporciona sustentação metodológica para se estabelecer a melhor

    direção a ser seguida pela empresa, visando ao otimizado grau de interação com o ambiente e atuandode forma inovadora e diferenciada”. (REBOUÇAS, 2004)

    São fases básicas do planejamento estratégico:

    • diagnóstico estratégico;

    • visão;

    • ambiente conjuntural;

    • variáveis;

    • missão da organização;

    • determinação da missão;

  • 8/9/2019 EAD - Fundamentos Teóricos Para Inteligência Estratégica

    30/66

    Fundamen

    tosTeóricosdaInteligênciaEstra

    tégicaI

    8

    Planejamento Estratégico Unidade II

    • propósitos (segmentos de atuação);

    • cenários;

    • macroestratégias e macropolíticas;

    • instrumentos prescritivos e quantitativos;

    • prescritivos – objetivos;

    • objetivos fucionais;

    • desafios;

    • metas;

    • estratégias;

    • políticas;

    • diretrizes;

    • projetos, programas e planos de ação;

    • quantitativos – projetos econômicos;

    • projeções econômicas, financeiras e orçamentárias;

    • controle e avaliação;

    • avaliação de desempenho;

    • atendimento de objetivos, desafios e metas;

    • análise dos desvios;

    • decisões corretivas;

    • avaliação da eficácia das ações corretivas;

    • adição de informações com vistas a ciclos futuros;

    Djalma Rebouças Oliveira (2004b) afirma que o processo se inicia a partir da visão, algumas vezes irrealista quanto aos“destinos” da empresa. Para se evitar o amadorismo ou mesmo a tomadas de decisões ingênuas ou mal fundamentadas,o planejamento deve, portanto, ser submetido a uma avaliação racional e criteriosa de dois aspectos: das oportunidadesem termos de mercado a explorar e recursos a aproveitar, considerando a realidade da empresa e de seus concorrentescom seus pontos fortes, fracos e neutros; e das ameaças que possam prejudicar a empresa e suas oportunidades. Tudoisso em convergência com o horizonte estabelecido para a missão que deve conduzir à escolha de propósitos a partirda definição de detalhes de cenários.

    O respeito às posturas estratégicas possibilita o estabelecimento de macroestratégias e macropolíticas que orientarão aformalização de objetivos gerais e objetivos funcionais mais realistas que as expectativas e os desejos, como base paraa formulação de desafios e metas quantificados, que permitirão o estabelecimento, em nível funcional, de estratégias epolíticas capazes de tirar proveito dos pontos fortes e oportunidades; e evitar ou eliminar os pontos fracos e ameaçasda empresa e que devam ser traduzidas em projetos e planos de ação, destinados a orientar a operacionalização do planoestratégico por meio do orçamento econômico-financeiro.

  • 8/9/2019 EAD - Fundamentos Teóricos Para Inteligência Estratégica

    31/66

  • 8/9/2019 EAD - Fundamentos Teóricos Para Inteligência Estratégica

    32/66

    Fundamen

    tosTeóricosdaInteligênciaEstra

    tégicaI

    0

    Planejamento Estratégico Unidade II

    Método descrito por Grumbach

    No esquema a seguir, tal proposição vem mais bem detalhada:

    Definição do ProblemaPropósito, Amplitude,Horizonte Temporal

    PesquisaEstudo do Passado e da

    Conjuntura Atual

    Compreensão Fatos Portadores de Futuro

    Concepção(Brainstorming)

    Lista Preliminar de Eventos

    Avaliação(1ª Consulta)

    Probabilidade, Pertinências,Autoavaliação

    Avaliação(1ª e 6ª Consulta)

    Convergência de Opiniões

    Avaliação(Seleção)

    Seleção de EventosDefinitivos

    Avaliação(7ª Consulta)

    Matriz de Impactos Cruzados

    Avaliação(Interpretação)

    Interpretação dos CenáriosManipulações

    ConclusõesIndentificação dos Pontos

    FocaisSugestões Recomendação de Medidas

    Implementação das MedidasElaboração do Planejamento

    Estratégico

    Legenda:DECISOR ESTRATÉGICO

    GRUPO DE CONTROLE

    GRUPO DE PERITOS

  • 8/9/2019 EAD - Fundamentos Teóricos Para Inteligência Estratégica

    33/66

  • 8/9/2019 EAD - Fundamentos Teóricos Para Inteligência Estratégica

    34/66

    Fundamen

    tosTeóricosdaInteligênciaEstra

    tégicaI

    2

    Planejamento Estratégico Unidade II

  • 8/9/2019 EAD - Fundamentos Teóricos Para Inteligência Estratégica

    35/66

  • 8/9/2019 EAD - Fundamentos Teóricos Para Inteligência Estratégica

    36/66

  • 8/9/2019 EAD - Fundamentos Teóricos Para Inteligência Estratégica

    37/66

        P    ó   s  -    G   r   a    d   u

       a   ç    ã   o   a    D    i   s   t    â   n   c    i   a

    35

    Ambiente de Negócios Unidade III

    Uma das principais fontes de sucesso no mercado é o relacionamento da empresa com o mundo no qual está inserida.Uma visão clara dos riscos que cercam seu negócio e das oportunidades significativas que se lhe oferecem, tanto nocurto como no longo prazo, constitui-se em fator primordial para a condução de qualquer organização. Isto se tornaainda mais verdadeiro nos momentos em que o ritmo de mudanças se acentua, exigindo constantes revisões de antigosposicionamentos, mesmo aqueles que foram os mais bem sucedidos no passado da organização e, bem por isso, maisdifíceis de alterar.

    A época atual apresenta-se repleta de características que a tornam um singular momento histórico de transição entre

    antigos e novos paradigmas, cuja substituição vem provocando transformações profundas no ambiente operacional dasinstituições em geral.

    No atual ambiente de negócios, um dos principais desafios consiste em fornecer um valor superior e ajustado àsnecessidades dos clientes-alvo e comunicar de maneira clara a sua capacidade de entregar a eles esse valor superior aooferecido pelos seus concorrentes.

    Além disso, a análise desse ambiente é uma atividade complexa e, geralmente, a mais importante de um planejamento,pois nela são indicadas oportunidades e ameaças, que serão a base para se chegar à eficácia da entidade.

    A POLÍTICA de Tancredo Neves era admirada por muitos.

    Alguns usam a POLÍTICA para se dar bem na vida.

    Precisamos estudar POLÍTICA.

    Precisamos estudar POLÍTICAS.

    Como vemos, há várias acepções para a palavra Política. Na última

    frase, a palavra usada no plural assume um caráter público, ou seja,de políticas públicas

    Com isto a empresa estará sendo dotada de um instrumento e uma visão de vanguarda que lhe permitam melhorse situar em um ambiente extremamente competitivo – muitas vezes agressivo. O posicionamento estratégicoda organização poderá ser o grande diferencial e um passo decisivo para a liderança, seja qual for o seu porte,seu ramo de atividades, sua área de abrangência e o ambiente de negócios.

    Com o posicionamento e a visão estratégica, a empresa poderá fixar o rumo das suas ações, definir quais osseus projetos e como desenvolve-los. É este o procedimento das organizações vitoriosas. Com um adequadoplanejamento estratégico, a empresa posicionar-se-á bem melhor e aumentará seus resultados mais que o custodos serviços que forem contratados. Isso também será uma questão de estratégia.

    Fonte:

  • 8/9/2019 EAD - Fundamentos Teóricos Para Inteligência Estratégica

    38/66

    Fundamen

    tosTeóricosdaInteligênciaEstra

    tégicaI

    6

    Ambiente de Negócios Unidade III

    Assim, podemos entender que:

    Política é a arte de organizar e governar um estado e de dirigir suas ações, internas e externas, em busca do bem comum,ideal de convivência que, transcendendo a busca do bem-estar, permite construir uma sociedade onde todos, e cada um,tenham condições de plena realização de suas potencialidades como pessoa, e de conscientização e prática de valores

    éticos, morais e espirituais.Nesse contexto, procuraremos definir poder, poder nacional e seus fundamentos, com o objetivo de compreender ocontexto das organizações que buscam a melhor forma de lidar com essa competência.

    Poder é a síntese de vontades e meios para alcance de uma finalidade que tem como fontes principais a tradição, alegalidade, a força, o consentimento da maioria, a riqueza, a inteligência e a organização e é regido por leis Estáticas(Leis da Neutralidade, da Universalidade, Lei da Integralidade e Lei da Pluralidade) e leis Dinâmicas (da Conservação,da Expansão, da Relatividade, da Eficiência e da Defrontação), caracterizando pelos Planos Organizacional (com osFundamentos, Fatores, Órgãos e Funções) e da Natureza das Manifestações do Poder.

    Poder Nacional é a capacidade que tem o conjunto interagente dos homens e dos meios constituintes da Nação,atuando na conformidade da vontade nacional, de alcançar e manter os Objetivos Nacionais. O Poder Nacional temcomo Fundamentos o Homem, a Terra e as Instituições.

    Complementando essas abordagens, o Poder Nacional é exercido sobre as variáveis Política, Econômica, Psicossocial,Militar, Científica, Tecnológica e de Inovação por meio de expressões que significam a manifestação de naturezapredominante do conjunto interativo dos homens e dos meios que constituem o Poder Nacional, pelos quais seintegra e expressa a vontade do povo, de modo a identificar e estabelecer os Objetivos Nacionais e orientar-lhes aconquista e a preservação. Fatores são meios capazes de produzir variáveis qualitativas e quantitativas nos Fundamentosdo Poder e que por meio dos ÓRGÃOS emprega-se o Poder Nacional em suas funções normativa e administrativa.

    Nessa perspectiva, as organizações lançam mão do Planejamento como uma atividade coordenada e capaz de organizarsuas diversas estruturas, entendendo que seja um processo desenvolvido para o alcance de uma situação desejada deum modo mais eficiente, eficaz e efetivo, com a melhor concentração de esforços e de recursos pela empresa.

    Para isso, o planejamento deve ser entendido como atividade:

    • permanente e continuada;

    • que se desenvolve de modo racional;

    • sistematizador de um processo de tomada de decisões.

    PLANEJAMENTO

    TECNOLOGIA SISTEMAS

    PROVOCAMODIFICAÇÕES

  • 8/9/2019 EAD - Fundamentos Teóricos Para Inteligência Estratégica

    39/66

        P    ó   s  -    G   r   a    d   u

       a   ç    ã   o   a    D    i   s   t    â   n   c    i   a

    37

    Ambiente de Negócios Unidade III

    Nesse enfoque, torna-se necessário entender algumas questões relativas ao Mundo Corporativo como, por exemplo, osseus principais objetivos:

    • Alterações nas Legislações – trabalhista, comercial, fiscal, cambial, financeira, ambiental de defesa do consumidore propriedade intelectual – refletindo em menores custos ou maiores receitas;

    • Diminuição das taxas de juros (selic); manutenção de uma política cambial que garanta uma boa remuneraçãoaos exportadores;

    da mesma forma, necessário se faz levar em conta o planejamento para a tomada de decisão política, a partir da escolhade um cenário desejado, o que pressupõe algumas variáveis, no “caso Brasil”, por exemplo:

    • reformas política e fiscal;

    • crescimento sustentável contínuo;

    • recuperação e ampliação da infraestrutura;

    • retomada da navegação de cabotagem;

    • revitalização da indústria naval;

    • redução das demandas sociais;

    • efetivação do Mercosul;

    • melhoramento das condições de defesa;

    • implementação do SIVAM/SIPAM;

    • redução do desemprego;

    • redução da violência e da criminalidade;

    • incremento do turismo como fonte de divisas;

    • aumento das vendas: novos produtos, novas propagandas, diversificação de mercados, inovações tecnológicas;

    • redução das desigualdades regionais;

    • perenização de políticas e negócios;

    • sustentabilidade.

    Diante disso, serão analisadas as políticas que representam parâmetros ou orientações facilitadoras da tomada dedecisões do executivo. O termo provoca uma certa confusão e de acordo com Bethlem (1980 apud OLIVEIRA, 2004b,p.238), essa confusão deve-se à inexistência, na língua portuguesa, de vocábulos diferentes, como ocorre em outraslínguas. Para estabelecer essa distinção, o termo política significaria a ciência, e a expressão diretriz administrativa fariareferência à política inerente à administração de empresas.

  • 8/9/2019 EAD - Fundamentos Teóricos Para Inteligência Estratégica

    40/66

    Fundamen

    tosTeóricosdaInteligênciaEstra

    tégicaI

    8

    Ambiente de Negócios Unidade III

    POLÍTICAS são parâmetros ou orientações que devem ser respeitadospor toda a empresa, pois facilitam a tomada de decisões pelo executivo(em qualquer nível dentro da empresa). Elas procuram refletir e

    interpretar objetivos e desafios, bem como estabelecer limites aoplanejamento estratégico desenvolvido. Podem ser um guia útil paraexplicitar estratégias.

    DIRETRIZES: representam o conjunto das grandes orientações daempresa, ou seja, objetivos, estratégias e políticas.

    Vale ressaltar que, de acordo com suas fontes, as políticas empresariais podem ser classificadas em:

    • ESTABELECIDAS: provêm de objetivos e desafios da empresa e são estabelecidas pela alta administração, com afinalidade de orientar os subordinados no processo de decisões. Normalmente correspondem as questões estratégicasou táticas.

    • SOLICITADAS: resultam das solicitações dos subordinados aos elementos da alta administração da empresa, para saberemcomo proceder em determinadas situações. Um exemplo é a política de concessão de créditos.

    • IMPOSTAS: provêm de fatores existentes no ambiente da empresa, tais como governo, sistema financeiro, sindicatosetc. Normalmente correspondem às questões estratégicas, como por exemplo, a imposição dos sindicatos com vistasa determinadas comissões.

    Quanto à forma de divulgação, essas políticas podem ser:

    • EXPLÍCITAS: constituem posições escritas ou orais quanto às informações básicas ao tomador de decisões.

    • IMPLÍCITAS: correspondem a uma situação em que a política não apresenta uma formalização, pois não é falada ouescrita.

    Outro modo de classificação dos empresários consiste na divisão em:

    • GERAIS: representam os princípios ou leis gerais fundamentadas na filosofia básica de atuação de empresa. Classificam-se em: dos negócios, de direção e de gestão.

    • ESPECÍFICAS: referem-se aosprincípios e às leis que devem ser respeitados por uma área específica da empresa.

    Exemplos: exigência mínima de nível universitário para os cargos de chefia (recursos humanos); rodízio dos vendedoresnas região de vendas a cada ano (área comercial); premiação do pessoal da linha de produção por nível de qualidadede produção (área de produção); encaminhando dos títulos não pagos após o 15º dia ocorrido do vencimento a cartóriode protesto (área financeira).

    As políticas são eficazes por apresentarem determinadas características como base de sustentação para o plano deplanejamento estratégico, a saber;

    • Flexibilidade: a empresa não deve ficar presa à tradição, mas procurar constante interação.

    • Abrangência: os vários aspectos e dificuldades que se desenvolvem nas operações da empresa devem serobservados.

    • Coordenação: os esforços dos atores devem estar voltados a um mesmo objetivo. Caso não sejam observados,poderão ser dirigidos para tarefas pouco correlatas.

    • Ética: as ações devem estar de acordo com os padrões éticos de conduta da empresa.

  • 8/9/2019 EAD - Fundamentos Teóricos Para Inteligência Estratégica

    41/66

        P    ó   s  -    G   r   a    d   u

       a   ç    ã   o   a    D    i   s   t    â   n   c    i   a

    39

    Ambiente de Negócios Unidade III

    Vale salientar, neste estudo, uma definição abrangente para a concepção política dos negócios como 1º passo para quea empresa alcance seus objetivos.

    – Quem não sabe para onde vai, normalmente, não chega a lugar algum!

    Nesse contexto e exemplificando o exposto, pode-se fazer o seguinte questionamento:

    – Qual o objetivo de uma empresa privada?

    LUCRO

    E para tanto, é preciso que sejam observados determinados aspectos, tais como:

    A equipe:

    • o conjunto de pessoas, que exercitam papéis de condução ou representação das necessidades, dos interessese das aspirações das empresas.

    Decisores estratégicos:• grupo composto por membros em posição de tomarem decisões que tenham consequências de importância. Eles

    controlam as hierarquias e as organizações mais importantes ou impedem que outras decisões sejam tomadas.

    Aspirações das pessoas:

    • possuir;

    • conhecer;

    • realizar mais;

    • ser feliz.

    As Nossas Necessidades e os Nossos Desejos

    É comum ouvirmos que o marketing  cria desejos e necessidades nas pessoas. Mas isso será uma verdade, ou pelo menosteria um fundo de verdade?

    Maslow construiu uma teoria na qual as necessidades humanas podem ser hierarquizadas, mostrando inclusive, com essahierarquia, no que somos diferentes dos animais, que não teriam uma hierarquia com tantos níveis como nós, os humanos.

    Segundo a Teoria de Maslow, as necessidades humanas podem ser agrupadas em cinco níveis:

    1. Necessidades fisiológicas – as necessidades mais básicas, mais físicas (água, comida, ar, sexo etc.). Quando nãotemos estas necessidades satisfeitas ficamos mal, com desconforto, irritação, medo, doentes. Os sentimentos

  • 8/9/2019 EAD - Fundamentos Teóricos Para Inteligência Estratégica

    42/66

    Fundamen

    tosTeóricosdaInteligênciaEstra

    tégicaI

    0

    Ambiente de Negócios Unidade III

    e as emoções nos conduzem à ação na tentativa de diminuí-las ou aliviá-las rapidamente para estabelecer onosso equilíbrio interno. Uma vez satisfeitas essas necessidades, abandonamos essas preocupações e passamosa nos preocupar com outras coisas.

    2. Necessidades de segurança – no mundo conturbado em que vivemos, procuramos fugir dos perigos, buscamos

    por abrigo, segurança, proteção, estabilidade e continuidade. A busca da religião, de uma crença deve sercolocada neste nível da hierarquia.

    3. Necessidades sociais – O ser humano precisa amar e pertencer. Tem a necessidade de ser amado, querido eaceito por outros. Queremos nos sentir necessários a outras pessoas ou grupos de pessoas. Esse agrupamentode pessoas pode ser a antiga tribo, ou a tribo (grupo) atual, no seu local de trabalho, na sua igreja, na suafamília, no seu clube ou na sua torcida. Todos esses agrupamentos fazem com que tenhamos a sensação depertencer a um grupo, ou a uma “tribo”. Política, religião e torcida são as tribos modernas.

    4. Necessidades de “status” ou de estima – o ser humano busca ser competente, alcançar objetivos, obteraprovação e ganhar reconhecimento. Há dois tipos de estima: a autoestima e a heteroestima. A autoestima é

    derivada da proficiência e competência em ser a pessoa que se é, gostar de si, acreditar em si e se dar valor.Já a heteroestima constitui o reconhecimento e a atenção que se recebe das outras pessoas.

    5. Necessidade de autorrealização – o ser humano busca a sua realização como pessoa, a demonstração práticada realização permitida e alavancada pelo seu potencial único. O ser humano pode buscar conhecimento,experiências estéticas e metafísicas, ou mesmo buscar a Deus.

    Abaixo apresentamos a representação gráfica da Hierarquia das necessidades de Maslow:

    HIERARQUIA DAS NECESSIDADES DE MASLOW

    NECESSIDADES ESPIRITUAIS?

    AUTORREALIZAÇÃO

    NECESSIDADES DE STATUS

    NECESSIDADES SOCIAIS

    NECESSIDADE DE SEGURANÇA

    NECESSIDADES DO CORPO

        M    O    T    I    V    A    Ç    Ã    O

        F    A    T    O    R    E    S    H    I    G    I     Ê    N    I    C    O    S

        D    E    S    M    O    T    I    V    A    Ç    Ã    O

    Uma pergunta resta sem resposta:

    Acima das necessidades de autorrealização há ainda as necessidades espirituais?

    Podemos ainda afirmar dentro da teoria de Maslow que:

    a. As necessidades fisiológicas, as necessidades de segurança e algumas necessidades sociais são fatores dedesmotivação. A Teoria de Maslow diz que a satisfação dessas necessidades é básica; já a ausência dessasatisfação não motiva ninguém, pelo contrário, desmotiva.

    b. As necessidades sociais, as necessidades de “status” ou de estima e as necessidades de autorrealização sãofortes fatores motivacionais, ou seja, na ausência dessas necessidades satisfeitas, as pessoas são motivadosa alcançar a satisfação delas.

  • 8/9/2019 EAD - Fundamentos Teóricos Para Inteligência Estratégica

    43/66

        P    ó   s  -    G   r   a    d   u

       a   ç    ã   o   a    D    i   s   t    â   n   c    i   a

    41

    Ambiente de Negócios Unidade III

    As necessidades básicas, listadas no item “a”, são chamadas de fatores higiênicos, e as listadas no item “b”, de fatoresmotivacionais.

    Esse conjunto hierárquico de necessidades, também conhecido pelo nome de pirâmide de Maslow, ou ainda Pirâmide dasNecessidades de Maslow, dividide-se em 5 partes, paralelamente à sua base. A necessidade fisiológica localiza-se na

    base e a necessidade de autorrealização no cume da pirâmide.Um detalhe muito importante da Teoria de Maslow é a hierarquia das necessidades, ou seja, a pessoa que não tem suasnecessidades de segurança satisfeitas, total ou quase integralmente, não se sente motivada a buscar as necessidadessociais. E assim por diante.

    Nas palavras do próprio Maslow: “... à medida que os aspectos básicos que formam a qualidade de vida são preenchidos,podem deslocar seu desejo para aspirações cada vez mais elevadas.”

    Uma consequência desse fato para a administração de pessoas é que uma pessoa com necessidades prementes desegurança, por exemplo, não é motivada pela possibilidade de satisfação de suas necessidades de “status” ou estima.

    Mas, o que isto tem a ver com o marketing ?

    Para o marketing , um exemplo da aplicação desse conceito é que não adianta querer vender canetas de luxo ou automóveispara pessoas que estão tentando satisfazer suas necessidades de segurança, ou seja, a hierarquia das necessidades deMaslow entrega, pronta, uma segmentação psicológica baseada nas necessidades e desejos das pessoas.

    O que não é pouco, não é mesmo?

    Outro exemplo da aplicação da Teoria de Maslow no marketing : não adianta tentar vender produtos orgânicos – só comadubação natural – para um segmento que está com fome, pois a necessidade de produtos orgânicos está no topo das

    necessidades de segurança.

    E para a sua empresa, você vê aplicações na sua administraçãoque possam utilizar a hierarquia das necessidades de Maslow? Eno marketing  da sua empresa?

    Leia o texto a seguir e reflita sobre as suas necessidades e os seusdesejos, onde eles estão situados na pirâmide de Maslow?

    “Um músico deve compor,um artista deve pintar,um poeta deve escrever,caso pretendam deixar seu coração em paz.O que um homem pode ser, ele deve ser.A essa necessidade podemos dar o nome deautorrealização.”

    Abraham Harold Maslow (1908 – 1970)

    Na compreensão de um contexto administrativo que busca estrategicamente o crescimento da empresa, não se poderfurtar às reflexões de uma postura ética no trabalho. Entenda-se ética como o império do que é moral. É uma preocupaçãoantiga da atividade de inteligência, a exemplo da ABIN, ABRAIC, Forças Armadas etc. Alguns autores preocupam-se,também, com os aspectos legais.

  • 8/9/2019 EAD - Fundamentos Teóricos Para Inteligência Estratégica

    44/66

    Fundamen

    tosTeóricosdaInteligênciaEstra

    tégi