É preciso arregaçar as mangas

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O agregador da advocacia 34 Maio de 2011 www.advocatus.pt Para mudar alguma coisa há que começar pela Educação e por nós, autores de um futuro diferente. E só há uma forma: arregaçando as mangas e deitando mãos à obra ao muito que há por fazer para uma melhor Justiça Quando se fala da crise da Justi- ça em Portugal, poucas vozes têm sublinhado a importância da edu- cação cívica para a Justiça e para o Direito. Aponta-se muito o naipe de culpas dos diferentes actores judiciários como único nó górdio a desfazer. Mas não é verdade. Sem cida- dãos mais conscientes do papel da Lei, dos seus direitos e deve- res, da conciliação de diferentes interesses e, finalmente, do papel da Justiça, não teremos melhor Justiça nem, sobretudo, melhor sociedade. Conscientes dessa dificuldade, a revista Forum Estudante, ao cele- brar duas décadas de vida, enten- deu responder a este desafio com um programa inovador. O “Faça- -se Justiça” iniciou-se no passado mês de Outubro, contando com o alto patrocínio do Presidente da República, e teve como ponto de partida um convite às escolas para a adesão a um programa de educação cívica sobre o Direito e Justiça. Cada escola aderente escolheu um “caso” e começou a preparar a “simulação de julga- mento”, no modelo de role-play game. Assim, de uma forma lúdica-pe- dagógica, procurou-se criar um contexto em que os estudantes participantes pudessem chegar, de uma forma indutiva, às pergun- tas e respostas certas sobre o Di- reito e a Justiça. Cada grupo teve um professor responsável que be- neficiou da oportunidade de uma formação específica, organizada pela Escola Superior de Educação Paula Frassinetti que coordenou todo o programa anual do grupo. A concluir esse ciclo de trabalho, na semana de 21 a 25 de Março, a Forum Estudante realizou pela primeira vez, por todo o país, a “Violência no namoro, acidente de viação, redes sociais, bullying e acesso à nacionalidade foram alguns dos casos escolhidos pelas escolas para a simulação de julgamentos” 84 escolas secundárias e profissionais e mais de 1600 estudantes participaram na semana “Faça-se Justiça” Rui Marques Jornalista e activista político e social, tornou-se conhecido pela defesa da causa de Timor-Leste. Desempenhou o cargo de Alto Comissário para a Imigração. É director-geral da revista Fórum Estudante, que fundou É preciso arregaçar as mangas vidas, realizar sessões nas escolas e apoiar a simulação do julgamen- to. Esse contributo trouxe não só qualidade técnica a todo o pro- jecto, mas sobretudo consolidou a certeza de que, para mudar al- guma coisa, há que começar pela Educação e por nós, autores de um futuro diferente. E só há uma forma: arregaçando as mangas e deitando mãos à obra ao muito que há por fazer para uma melhor Justiça. semana “Faça-se Justiça”. Com 84 escolas secundárias e profis- sionais inscritas e mais de 1600 estudantes participantes, tiveram lugar nos respectivos tribunais da comarca do concelho de cada escola, as simulações de julga- mentos dos casos escolhidos por cada escola, sendo presididos por um juiz do respectivo tribunal. Violência no namoro, acidente de viação, redes sociais, bullying e acesso à nacionalidade foram al- guns dos casos escolhidos pelas escolas para a sua simulação de julgamento. Desta forma, pretendeu-se dar um contributo para haver cidadãos mais informados, conscientes e respeitadores do papel central do Estado de Direito e, por essa via, para uma melhor Justiça. Preten- deu-se igualmente que o “caso” escolhido os ajudasse a desenvol- ver o seu sentido de justiça, a va- lorizar o papel da Lei nas socieda- des democráticas, a compreender os dilemas na Justiça, o risco de erro e o papel dos tribunais como órgão de soberania. A dinâmica escolhida permitiu também que desenvolvessem competências ao nível da capacidade de análise, de raciocínio, bem como de estrutu- ração e comunicação de um ponto de vista. Nada disto teria sido possível sem o apoio inexcedível e o entusias- mo militante dos advogados-tu- tores da Abreu Advogados, devi- damente enquadrado numa visão moderna e inovadora da sua res- ponsabilidade social. Cada escola teve, ao longo do desenvolvimen- to do seu projecto, o apoio técnico de um advogado-tutor, que asses- sorou o professor responsável na preparação do seu “caso”. Esse acompanhamento ao longo de meses permitiu esclarecer dú- Faça-se Justiça

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É preciso arregaçar as mangas

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Page 1: É preciso arregaçar as mangas

O agregador da advocacia34 Maio de 2011

www.advocatus.pt

Para mudar alguma coisa há que começar pela Educação e por nós, autores de um futuro diferente. E só há uma forma: arregaçando as mangas e deitando mãos à obra ao muito que há por fazer para uma melhor Justiça

Quando se fala da crise da Justi-ça em Portugal, poucas vozes têm sublinhado a importância da edu-cação cívica para a Justiça e para o Direito. Aponta-se muito o naipe de culpas dos diferentes actores judiciários como único nó górdio a desfazer.Mas não é verdade. Sem cida-dãos mais conscientes do papel da Lei, dos seus direitos e deve-res, da conciliação de diferentes interesses e, finalmente, do papel da Justiça, não teremos melhor Justiça nem, sobretudo, melhor sociedade.Conscientes dessa dificuldade, a revista Forum Estudante, ao cele-brar duas décadas de vida, enten-deu responder a este desafio com um programa inovador. O “Faça--se Justiça” iniciou-se no passado mês de Outubro, contando com o alto patrocínio do Presidente da República, e teve como ponto de partida um convite às escolas para a adesão a um programa de educação cívica sobre o Direito e Justiça. Cada escola aderente escolheu um “caso” e começou a preparar a “simulação de julga-mento”, no modelo de role-play game. Assim, de uma forma lúdica-pe-dagógica, procurou-se criar um contexto em que os estudantes participantes pudessem chegar, de uma forma indutiva, às pergun-tas e respostas certas sobre o Di-reito e a Justiça. Cada grupo teve um professor responsável que be-neficiou da oportunidade de uma formação específica, organizada pela Escola Superior de Educação Paula Frassinetti que coordenou todo o programa anual do grupo.A concluir esse ciclo de trabalho, na semana de 21 a 25 de Março, a Forum Estudante realizou pela primeira vez, por todo o país, a

“Violência no namoro, acidente de viação,

redes sociais, bullying e acesso à nacionalidade

foram alguns dos casos escolhidos

pelas escolas para a simulação

de julgamentos”

84escolas secundárias

e profissionais e mais de 1600 estudantes

participaram na semana “Faça-se Justiça”

Rui Marques

Jornalista e activista político e social, tornou-se conhecido pela

defesa da causa de Timor-Leste. Desempenhou o cargo

de Alto Comissário para a Imigração. É director-geral da revista

Fórum Estudante, que fundou

Éprecisoarregaçarasmangas

vidas, realizar sessões nas escolas e apoiar a simulação do julgamen-to. Esse contributo trouxe não só qualidade técnica a todo o pro-jecto, mas sobretudo consolidou a certeza de que, para mudar al-guma coisa, há que começar pela Educação e por nós, autores de um futuro diferente. E só há uma forma: arregaçando as mangas e deitando mãos à obra ao muito que há por fazer para uma melhor Justiça.

semana “Faça-se Justiça”. Com 84 escolas secundárias e profis-sionais inscritas e mais de 1600 estudantes participantes, tiveram lugar nos respectivos tribunais da comarca do concelho de cada escola, as simulações de julga-mentos dos casos escolhidos por cada escola, sendo presididos por um juiz do respectivo tribunal. Violência no namoro, acidente de viação, redes sociais, bullying e acesso à nacionalidade foram al-guns dos casos escolhidos pelas escolas para a sua simulação de julgamento.Desta forma, pretendeu-se dar um contributo para haver cidadãos mais informados, conscientes e respeitadores do papel central do Estado de Direito e, por essa via, para uma melhor Justiça. Preten-deu-se igualmente que o “caso” escolhido os ajudasse a desenvol-ver o seu sentido de justiça, a va-lorizar o papel da Lei nas socieda-des democráticas, a compreender os dilemas na Justiça, o risco de erro e o papel dos tribunais como órgão de soberania. A dinâmica escolhida permitiu também que desenvolvessem competências ao nível da capacidade de análise, de raciocínio, bem como de estrutu-ração e comunicação de um ponto de vista.Nada disto teria sido possível sem o apoio inexcedível e o entusias-mo militante dos advogados-tu-tores da Abreu Advogados, devi-damente enquadrado numa visão moderna e inovadora da sua res-ponsabilidade social. Cada escola teve, ao longo do desenvolvimen-to do seu projecto, o apoio técnico de um advogado-tutor, que asses-sorou o professor responsável na preparação do seu “caso”. Esse acompanhamento ao longo de meses permitiu esclarecer dú-

Faça-se Justiça