e o mÉdico jovem! - principal · o disposto nos arts. 948, 949 e 950 aplica-se ... entende-se que...

29
RESPONSABILIDADE CIVIL E O MÉDICO JOVEM! GISELLE CROSARA LETTIERI GRACINDO [email protected] Advogada – Assessora Jurídica do CFM - Doutoranda em Bioética – Porto – Portugal - Membro da Comissão de Bioética, Biodireito e Biotecnologia da Ordem dos Advogados do Brasil Seccional do Distrito Federal. Outubro/2015

Upload: duongxuyen

Post on 22-Nov-2018

214 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • RESPONSABILIDADE CIVIL

    E O MDICO JOVEM!

    GISELLE CROSARA LETTIERI [email protected] Assessora Jurdica do CFM - Doutoranda em Biotica Porto Portugal -Membro da Comisso de Biotica, Biodireito e Biotecnologia da Ordem dos Advogadosdo Brasil Seccional do Distrito Federal.Outubro/2015

  • O que responsabilidade civil?

    O termo responsabilidade utilizado em qualquer situao na

    qual alguma pessoa, natural ou jurdica, deva arcar com as

    consequncias de um ato, fato ou negcio danoso. Sob essa

    noo, toda atividade humana, portanto, pode acarretar o

    dever de indenizar. (VENOSA).

    Os princpios da responsabilidade civil buscam restaurar um

    equilbrio patrimonial e moral violado. Um prejuzo ou dano no

    reparado um fator de inquietao social. (VENOSA).

  • Responsabilidade civil mdica no Cdigo Civil de 2002:

    Art. 186. Aquele que, por ao ou omisso voluntria,

    negligncia ou imprudncia, violar direito e causar dano

    a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato

    ilcito. (Grifo nosso).

    Art. 927. Aquele que, por ato ilcito (arts. 186 e 187),

    causar dano a outrem, fica obrigado a repar-lo.

  • Responsabilidade civil mdica no Cdigo Civil de 2002:

    Art. 948. No caso de homicdio, a indenizao consiste, sem

    excluir outras reparaes:

    I - no pagamento das despesas com o tratamento da vtima, seu

    funeral e o luto da famlia;

    II - na prestao de alimentos s pessoas a quem o morto os

    devia, levando-se em conta a durao provvel da vida da

    vtima.

  • Responsabilidade civil mdica no Cdigo Civil de 2002:

    Art. 949. No caso de leso ou outra ofensa sade, o

    ofensor indenizar o ofendido das despesas do tratamento

    e dos lucros cessantes at ao fim da convalescena, alm

    de algum outro prejuzo que o ofendido prove haver

    sofrido. (Grifo nosso).

  • Responsabilidade civil mdica no Cdigo Civil de 2002:

    Art. 950. Se da ofensa resultar defeito pelo qual o

    ofendido no possa exercer o seu ofcio ou profisso, ou se

    lhe diminua a capacidade de trabalho, a indenizao,

    alm das despesas do tratamento e lucros cessantes at

    ao fim da convalescena, incluir penso correspondente

    importncia do trabalho para que se inabilitou, ou da

    depreciao que ele sofreu.

  • Responsabilidade civil mdica no Cdigo Civil de 2002:

    Art. 951. O disposto nos arts. 948, 949 e 950 aplica-se

    ainda no caso de indenizao devida por aquele que, no

    exerccio de atividade profissional, por negligncia,

    imprudncia ou impercia, causar a morte do paciente,

    agravar-lhe o mal, causar-lhe leso, ou inabilit-lo para

    o trabalho.

  • Responsabilidade Profissional do Mdico no Cdigo de tica Mdica

    Resoluo 1.931/09: vedado ao mdico:

    Art. 1 Causar dano ao paciente, por ao ou omisso,

    caracterizvel como impercia, imprudncia ou

    negligncia.

    Pargrafo nico. A responsabilidade mdica sempre

    pessoal e no pode ser presumida.

  • Responsabilidade do mdico no Cdigo de Defesa do Consumidor CDC

    Lei n 8.078 de 11 de setembro de 1990:

    Art. 14. 4 A responsabilidade pessoal dos profissionais

    liberais ser apurada mediante a verificao de culpa.

    X

    CEM: Princpios fundamentais: XX A natureza

    personalssima da atuao profissional do mdico no

    caracteriza relao de consumo.

  • Obrigao de Meio

    A obrigao de meio quando o profissional mdico no tem um

    comprometimento com um resultado especfico e determinado

    daquele procedimento, mas tem o dever de empregar todos seus

    conhecimentos, diligncia, prudncia, tcnicas, percia, agindo com

    eficincia, de acordo com os recursos necessrios disponveis e ao seu

    alcance, para atingir o objetivo final, embora este possa no

    acontecer. No entanto, para ter cumprido esta obrigao, o mdico

    tem que ter usado todos os meios necessrios ao praticar o ato.

  • Obrigao de Resultado

    Na obrigao de resultado, num contexto geral, desde o princpio, o

    profissional se compromete com um resultado especfico e determinado,

    assume um compromisso com o contratante de alcanar um objetivo certo,

    delimitado, ao final do procedimento. Dessa forma, se o resultado contratado

    no acontecer, o contratante pode exigir do contratado que se cumpra o

    combinado, nesse caso cabe ao acusado provar que cumpriu o contrato

    (inverso do nus da prova), face culpa presumida, ao contrrio do que

    ocorre na obrigao de meio, em que, quem alega o descumprimento do

    contrato deve provar a culpa do contratado.

  • Obrigao de Resultado

    Ateno!

    A responsabilidade civil do mdico subjetiva e no objetiva!

    Em regra: A obrigao do profissional mdico de meio e no de

    resultado!

    Exceo: Entende-se que no caso de cirurgia plstica, conforme

    posicionamento do Superior Tribunal de Justia (STJ), embora a

    obrigao seja de resultado, a responsabilidade do mdico no caso de

    cirurgia meramente esttica permanece sendo subjetiva.

  • CULPA

    A culpa corresponde a um ato ilcito, ao ou omisso

    que ocorre em decorrncia da negligncia, imprudncia e

    impercia do agente, resultando em responsabilidade

    subjetiva, que enseja reparao dos danos sofridos pela

    vtima.

  • CULPA

    Em relao culpa do mdico, representa uma conduta

    de falta de cuidado inerente ou ateno, no

    correspondendo a dolo, mas que no toma as precaues

    necessrias, ao praticar determinado comportamento, que

    resulta em um ato negativo e ilcito, provocando dano a

    outrem.

  • Culpa indenizvel

    Segundo Nery Junior (2013, p.453), Para comprovar a culpa

    indenizvel a responsabilidade subjetiva exige que se

    comprove, que existiu:

    a) o ato;

    b) o dano;

    c) o nexo de causalidade entre o ato e o dano;

    d) o dolo ou a culpa do agente causador do dano.

  • DOLO

    O crime doloso, quando o agente quis o resultado ou

    assumiu o risco de produzi-lo. Art. 18, I do Cdigo Penal.

  • DOLO X CULPA

    DOLO

    H vontade de cometer o delito ou

    assume o risco de provoca-lo;

    Violao intencional de uma

    norma, conduta ou dever;

    Conscincia da conduta e do

    resultado.

    CULPA

    No h inteno de cometer o

    delito;

    Imprudncia, impercia e

    negligncia;

    O resultado previsvel, mas no

    previsto pelo agente.

  • IMPERCIA

    Impercia a demonstrao de inaptido tcnica em

    profisso ou atividade. Consiste na incapacidade, na falta

    de conhecimento ou habilidade para o exerccio de

    determinado mister. (CAPEZ: 2006, p. 209).

  • IMPRUDNCIA

    Imprudncia a culpa de quem age, ou seja, aquela que

    surge durante a realizao de um fato sem o cuidado

    necessrio. Pode ser definida como a ao descuidada.

    Implica sempre um comportamento positivo. (CAPEZ:

    2006. p. 208)

  • NEGLIGNCIA

    NUCCI, (2007, p. 228), conceitua negligncia como sendo

    a forma passiva da culpa, ou seja, assumir uma atitude

    passiva, inerte material e psiquicamente, por descuido

    ou desateno, justamente quando o dever de cuidado

    objetivo determina de modo contrrio.

  • Casos prticos de Negligncia, Imprudncia e Impercia

    PROCESSO TICO-PROFISSIONAL.

    (...). V- Comete delito tico o mdico que no exerccio de sua profisso

    age com negligncia, permitindo que o agravo fsico do paciente evolua de

    forma inexorvel, e, tambm, sem organizar ncleo de informaes para

    que a assistncia mdica seja til aos que associam nos cuidados e aos que

    analisam os dados necessrios dos registros sanitrios. (grifo nosso).

    Recurso de Apelao conhecido e negado provimento. Proc. nmero:

    10599/2013. CRM-PE. Rel. Celso Murad.

  • Casos prticos de Negligncia, Imprudncia e Impercia

    PROCESSO TICO-PROFISSIONAL.(...). I- Comete delito

    tico o profissional que causa dano por negligncia e

    imprudncia, desconsiderando princpios ticos em

    consequncia de falta de bom acompanhamento em

    trabalho de parto. (grifo nosso).

    Recurso de apelao conhecido e provido. Proc. nmero:

    0001/2011.CRM-MG. Rel. Jos Hiran da Silva Gallo.

  • Estatstica de julgamentos na Cmara e Pleno de todas as decises CFM.

    Julgamentos Cmara e Pleno Estatstica de todas as Decises 2010 - 2014

    APENAES

    ANO Absolvies Advertncia ConfidencialA

    Censura ConfidencialB

    Censura PblicaC

    Suspenso por 30 diasD

    CassaoE

    Total de

    apenados/

    ano

    2010 72 50 92 71 14 4 231

    2011 96 98 136 86 22 15 357

    2012 96 82 105 110 28 14 339

    2013 78 85 129 96 36 8 354

    2014 85 68 84 76 19 15 262

  • Estatstica das especialidades com mais apenaes ao artigo 1(29) CEM.

    Especialidades com mais apenaes ao artigo 1 2010 A 2014

    Especialidades Total

    Ginecologia e Obstetrcia 160Clnica Mdica 91Cirurgia Plstica 63Pediatria 60Cirurgia Geral 41Ortopedia e Traumatologia 29Cirurgia Peditrica 3Neurocirurgia 2Cirurgia Cardiovascular 1Cirurgia de mo 1Cirurgia de cabea e pescoo 1Medicina do esporte 1Medicina Legal 1Sexologia 1

  • Estatsticas de Erros Mdicos na Justia STJ (2002 2008)

    (*dados at outubro de 2008)/ Fonte: STJ

  • Algumas recomendaes para evitar responsabilidade civil e tica:

    Cumprir as normas do CFM e CRMs e legislao vigente no

    Pas;

    Observar os princpios bioticos: Beneficncia, no

    maleficncia, autonomia e justia.

    Planto de Sobreaviso: comparecer em tempo hbil para

    avaliar o paciente quando chamado;

  • Algumas recomendaes para evitar responsabilidade civil e tica:

    Evitar ausncia ou atraso injustificado de seu planto;

    Dar a devida ateno ao quadro clnico do paciente

    adotando medidas mais complexas em tempo hbil quando

    necessrio.

    Preencher corretamente o pronturio;

    No rasurar o pronturio;

  • Algumas recomendaes para evitar responsabilidade civil e tica:

    Evitar concorrncia desleal;

    Evitar divulgao sensacionalista e mercantil de assuntos

    mdicos;

    Usar todos os meios de diagnsticos em favor do paciente;

    Guardar Sigilo Profissional.

    Informar sempre o paciente e obter seu consentimento!

  • RELAO MDICO-PACIENTE

    O respeito entre mdico e paciente fundamental para uma boa relao!

    AGRADECIMENTOS!