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Português 10.° ano

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ENC10EPI ©

Porto Editora

Re�exões do poeta

Oralidade | Leitura

1. Observa o cartoon abaixo, que entra em diálogo com a pintura Os Girassóis, de Van Gogh.

1.1. Interpreta o cartoon, explicitando a sua possível intenção crítica.

2. Lê agora o artigo jornalístico a seguir apresentado.

Porque continuamos a não consumir Cultura? Falta de educação e dinheiro

CLÁUDIA CARVALHO | 24/11/2013

Vamos menos ao cinema, quase não vamos a bibliotecas públicas nem visita-mos museus. A espetáculos de teatro, dança ou ópera vamos muito pouco; só a concertos, de vez em quando. Não temos grande interesse em ler um livro, nem costumamos visitar monumentos. Mas vemos e ouvimos muita televisão e rádio.

-mos representados no inquérito do Eurobarómetro sobre a participação em ativi-dades culturais na União Europeia. Nele, Portugal surge ao fundo da tabela, ao

– tal como os romenos ou os búlgaros – quase não se envolveram no último ano em atividades culturais. A crise económica explica parte dos números mas diz--nos quem conhece o meio que o problema está muito para além disso. Falta es-timular o ensino cultural nas escolas. Falta os decisores políticos, e a sociedade em geral, olharem para a cultura como um bem essencial. E falta um maior inves-timento.

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Hui Xiaoyoung, in Juventude, Desporto, Paz e Tolerância – Festival Internacional de Cartoon, Turquia, 2012

Vincent van Gogh, Os Girassóis, 1888

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6. Luís de Camões, Os Lusíadas

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3. Considerando os elementos analisados a propósito das estâncias 145 a 156, re�ete com os teus colegas sobre a situação da arte e da cultura na sociedade.

Poderás abordar os seguintes tópicos: • valorização da arte e dos artistas, segundo a perspetiva camoniana; • hábitos culturais e formas de ocupação dos tempos livres.

Organiza o debate, respeitando as seguintes etapas: – divisão da turma em grupos, tendo em conta a posição assumida; – escolha de um moderador para gerir as intervenções dos grupos; – preparação do ponto de vista a defender com base nos argumentos

que justi�cam as tomadas de posição.

Estas são as principais conclusões que se tiram depois de se ouvirem vários nomes reconhecidos da área. Há quem se surpreenda com os números, quem já estivesse à espera destes dados por estarem em linha com a tendência dos últi-mos anos e quem questione a forma como o inquérito da Comissão Europeia foi realizado. Mas há um adjetivo que todos repetem: “preocupante”.

Sermos tão pouco ativos culturalmente é preocupante e é preciso perceber o que está a acontecer com a Cultura em Portugal. O que implica também questio-

portugueses são dos cidadãos da União Europeia com menores taxas de partici-pação em atividades culturais? Porque é que Portugal, por exemplo, é o país onde há maior falta de interesse pela leitura? E porque é que só 6% dos inquiridos, em Portugal, tem uma atividade cultural frequente? A média europeia não é particu-larmente alta mas as diferenças são grandes, como é o caso da Suécia (43%), da Dinamarca (36%) e dos Países Baixos (34%), onde os cidadãos descrevem a sua taxa de participação como elevada ou muito elevada. Na vizinha Espanha esta taxa é de 19%. Qual é então o problema dos portugueses?

“É uma questão de educação”, diz ao Público Paulo Cunha e Silva, programa-dor cultural e novo vereador da Cultura da Câmara do Porto, que acredita que em Portugal “não se cultiva a Cultura”. “De pequenino se torce o pepino. Este ditado

criar hábitos culturais e isso não acontece”, defende Cunha e Silva, que deste Eu-robarómetro se surpreendeu mais com a fraca adesão às salas de cinema.

Os dados do inquérito revelam que 71% dos cidadãos portugueses não foram uma única vez ao cinema nos últimos 12 meses – uma diferença de quatro pontos percentuais quando comparado com os dados de 2007 (ano do último Eurobaró-metro sobre a participação em atividades culturais). Segundo os últimos resulta-dos divulgados pelo Instituto do Cinema e Audiovisual (ICA), de janeiro até outu-bro registaram-se menos 1,2 milhões de espectadores nas salas de cinema portuguesas, o que representa uma quebra de 10,6% em relação ao mesmo pe-ríodo de 2012. A queda já vem do ano passado mas em 2013 tem vindo a acen-tuar-se. […]

in Público.pt, disponível em http://www.publico.pt/culturaipsilon/noticia/quando-foi-a-ultima-vez-que- wollof/#2=egap?7503161-uesum-mu-atisiv-oan-opmet-otnauq-ah-e-ortaet-oa-e-amenic-oa-iof-

[Consult. 28-09-2014, com supressões]

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ENC10CA ©

Porto Editora

Unidade 1 | Compreender e produzir géneros textuais

Lê o texto seguinte. Em caso de necessidade, consulta um dicionário.

CRÍTICAUm compêndio do coraçãoRUI LAGARTINHO ı 25-07-2014 ı 04:58

José Eduardo Agualusa resgata uma das personagens mais fascinantes da História de Portugal em África.

Livros A Rainha Ginga

De vez em quando, as coisas não corriam de feição no Impé-rio Português em África. O novo romance de José Eduardo Agualusa relembra-nos o tempo em que os holandeses cobiça-vam Luanda, percebendo as fraquezas da pequena metrópole tomada pelos Filipes de Castela. Longe da pequenez da capital, numa altura em que o século XVII ainda era quase uma novidade, um padre pernambucano chega a Angola e tem uma visão […]: “Na manhã em que pela primeira vez vi Ginga, fazia um mar liso e leve e tão cheio de luz que parecia que dentro dele um outro sol se levantava. Dizem os marinheiros que um mar assim está sob o domínio de Galena, uma das nereidas, ou sereias, cujo nome, em grego, tem por significado calmaria luminosa, a calmaria do mar inundado de sol.”

O relato celestial de Francisco José de Santa Cruz não vai permanecer idílico, pois em breve, quando a luz se dissipar, perceberá que avistou sem ainda o desconfiar uma das mu-lheres mais controversas da História de Portugal em África ou de África em Portugal. Dona Ana de Sousa, ou Ngola Ana Nzinga Mbande, ou Rainha Ginga (1583-1663) foi uma rainha dos reinos do Ndongo e de Matamba, no Sudoeste de África. O seu título real na língua quim-bundo – Ngola – foi o nome utilizado pelos portugueses para denominar Angola.

Ginga, que se tornou mito na História de Angola, é-nos descrita nalgumas destas páginas envolta na geoestratégia da época. Quando escolhe ficar ao lado dela, trabalhando como seu secretário, o missionário Francisco José de Santa Cruz está a fazer uma escolha pecaminosa: “O Paraíso deixara de ser para mim algo abstrato e remoto. O Inferno também. O Paraíso era ela e o ar que ela respirava, e o Inferno a ausência dela. A toda a volta só havia demónios.”

Há nestes primeiros capítulos do relato do padre pernambucano o recurso à técnica da anestesia, o que nos permite desprendermo-nos da realidade e, enfeitiçados de encantos, prosseguirmos atrás dele. Neste contexto a tarefa é fácil, prazenteira e aceite pelo leitor de forma voluntária. O ponto de viragem acontece no capítulo quinto, onde se escreve que “há mentiras que resgatam e há verdades que escravizam.” É nesta altura que começam a saltar perigos dos caminhos que podem ser mosquitos ou leões, inimigos que eram aliados, piratas lendários quando a estrada é feita de mar: “Somos maus pela mesma razão que as pedras não caem para cima, quando as soltamos perdendo-se no céu. Somos maus por indolência.”

A Rainha Ginga é um romance de aventuras bem escrito e sem retóricas falsamente so-fisticadas onde se misturam lendas, figuras históricas e reflexões intemporais precisamente sobre o tempo. Escreve o padre Francisco: “Não habitamos ao longo da vida um único corpo,

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Unidade 1 | Compreender e produzir géneros textuais

e sim inúmeros, um diverso a cada instante.” Esta é uma vida pacificada por amores e desa-mores, sobressaltada pela adrenalina que o cruzamento com verdadeiros piratas lhe deu, com uma duração felizmente grande para se poder distanciar, desprender. Francisco José de Santa Cruz é um achado de personagem na triangulação quase global que a sua biografia permite, unindo Portugal, Brasil e Angola.

Quase no final do livro, temos notícias frescas de Ginga: a rainha, que um dia quis ser tratada por rei e que chegou a ter não um séquito de aias mas de aios, morre aos 80 anos em paz com os portugueses e com a Igreja Católica.

Um dos trunfos do romance resulta disto: a sua figura tutelar, porque pertence quase ao domínio da lenda, aparece e desaparece e é-nos contada por alguém que, embora tenha res-pirado o mesmo ar que ela, aplica uma patine ao seu relato, não a deixando sair da imagem que a história fez dela. Aqui e ali o pitoresco e o detalhe de riquezas, modos de vida, datas, façanhas, salpicam o livro. Mas são apenas pintas, antes fruto do fascínio do próprio Agua-lusa em partilhar o muito que estudou e descobriu na preparação do livro – andanças e tra-balhos que, de resto, muito lhe agradecemos.

in http://www.publico.pt/culturaipsilon/noticia/um-compendio-do-coracao-1663964 [Consult. 22-12-2014, com supressões]

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1. Para responderes a cada um dos itens de 1.1. a 1.9., seleciona a opção correta.

1.1. Este texto adota o género textual

a. relato de viagem.

b. artigo de divulgação científica.

c. apreciação crítica.

d. exposição sobre um tema.

1.2. Ao nível do contexto de produção, este texto foi produzido na esfera

a. jornalística.b. publicitária.c. escolar.d. científica.

1.3. O segmento inicial do texto, destacado a negrito (ll. 1-2),

a. não desperta a atenção nem o interesse do leitor.

b. deixa antever o clima e a tónica de abordagem do tema.

c. tem um carácter objetivo.

d. é marcado pela prevalência da primeira pessoa gramatical.

1.4. Nas linhas 3 a 12 contextualiza-se historicamente a ação narrada e

a. apresenta-se sinteticamente a situação inicial do romance.

b. descreve-se o padre pernambucano que chega a Angola.

c. enumeram-se os aspetos mais valorizados da obra.

d. listam-se os aspetos menos apreciados na obra.

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Para dinamizar as suas aulas, pode navegar a partir de:• e-Manual• Caderno de Atividades• Recursos do Projeto• Testes de Avaliação

• Planificações de Unidade• Planos de Aula• Projeto de Leitura• Materiais de Apoio

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ENC10EPI ©

Porto Editora

Re�exões do poeta

Oralidade | Leitura

1. Observa o cartoon abaixo, que entra em diálogo com a pintura Os Girassóis, de Van Gogh.

1.1. Interpreta o cartoon, explicitando a sua possível intenção crítica.

2. Lê agora o artigo jornalístico a seguir apresentado.

Porque continuamos a não consumir Cultura? Falta de educação e dinheiro

CLÁUDIA CARVALHO | 24/11/2013

Vamos menos ao cinema, quase não vamos a bibliotecas públicas nem visita-mos museus. A espetáculos de teatro, dança ou ópera vamos muito pouco; só a concertos, de vez em quando. Não temos grande interesse em ler um livro, nem costumamos visitar monumentos. Mas vemos e ouvimos muita televisão e rádio.

-mos representados no inquérito do Eurobarómetro sobre a participação em ativi-dades culturais na União Europeia. Nele, Portugal surge ao fundo da tabela, ao

– tal como os romenos ou os búlgaros – quase não se envolveram no último ano em atividades culturais. A crise económica explica parte dos números mas diz--nos quem conhece o meio que o problema está muito para além disso. Falta es-timular o ensino cultural nas escolas. Falta os decisores políticos, e a sociedade em geral, olharem para a cultura como um bem essencial. E falta um maior inves-timento.

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Hui Xiaoyoung, in Juventude, Desporto, Paz e Tolerância – Festival Internacional de Cartoon, Turquia, 2012

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6. Luís de Camões, Os Lusíadas

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3. Considerando os elementos analisados a propósito das estâncias 145 a 156, re�ete com os teus colegas sobre a situação da arte e da cultura na sociedade.

Poderás abordar os seguintes tópicos: • valorização da arte e dos artistas, segundo a perspetiva camoniana; • hábitos culturais e formas de ocupação dos tempos livres.

Organiza o debate, respeitando as seguintes etapas: – divisão da turma em grupos, tendo em conta a posição assumida; – escolha de um moderador para gerir as intervenções dos grupos; – preparação do ponto de vista a defender com base nos argumentos

que justi�cam as tomadas de posição.

Estas são as principais conclusões que se tiram depois de se ouvirem vários nomes reconhecidos da área. Há quem se surpreenda com os números, quem já estivesse à espera destes dados por estarem em linha com a tendência dos últi-mos anos e quem questione a forma como o inquérito da Comissão Europeia foi realizado. Mas há um adjetivo que todos repetem: “preocupante”.

Sermos tão pouco ativos culturalmente é preocupante e é preciso perceber o que está a acontecer com a Cultura em Portugal. O que implica também questio-

portugueses são dos cidadãos da União Europeia com menores taxas de partici-pação em atividades culturais? Porque é que Portugal, por exemplo, é o país onde há maior falta de interesse pela leitura? E porque é que só 6% dos inquiridos, em Portugal, tem uma atividade cultural frequente? A média europeia não é particu-larmente alta mas as diferenças são grandes, como é o caso da Suécia (43%), da Dinamarca (36%) e dos Países Baixos (34%), onde os cidadãos descrevem a sua taxa de participação como elevada ou muito elevada. Na vizinha Espanha esta taxa é de 19%. Qual é então o problema dos portugueses?

“É uma questão de educação”, diz ao Público Paulo Cunha e Silva, programa-dor cultural e novo vereador da Cultura da Câmara do Porto, que acredita que em Portugal “não se cultiva a Cultura”. “De pequenino se torce o pepino. Este ditado

criar hábitos culturais e isso não acontece”, defende Cunha e Silva, que deste Eu-robarómetro se surpreendeu mais com a fraca adesão às salas de cinema.

Os dados do inquérito revelam que 71% dos cidadãos portugueses não foram uma única vez ao cinema nos últimos 12 meses – uma diferença de quatro pontos percentuais quando comparado com os dados de 2007 (ano do último Eurobaró-metro sobre a participação em atividades culturais). Segundo os últimos resulta-dos divulgados pelo Instituto do Cinema e Audiovisual (ICA), de janeiro até outu-bro registaram-se menos 1,2 milhões de espectadores nas salas de cinema portuguesas, o que representa uma quebra de 10,6% em relação ao mesmo pe-ríodo de 2012. A queda já vem do ano passado mas em 2013 tem vindo a acen-tuar-se. […]

in Público.pt, disponível em http://www.publico.pt/culturaipsilon/noticia/quando-foi-a-ultima-vez-que- wollof/#2=egap?7503161-uesum-mu-atisiv-oan-opmet-otnauq-ah-e-ortaet-oa-e-amenic-oa-iof-

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Lê o texto seguinte. Em caso de necessidade, consulta um dicionário.

CRÍTICAUm compêndio do coraçãoRUI LAGARTINHO ı 25-07-2014 ı 04:58

José Eduardo Agualusa resgata uma das personagens mais fascinantes da História de Portugal em África.

Livros A Rainha Ginga

De vez em quando, as coisas não corriam de feição no Impé-rio Português em África. O novo romance de José Eduardo Agualusa relembra-nos o tempo em que os holandeses cobiça-vam Luanda, percebendo as fraquezas da pequena metrópole tomada pelos Filipes de Castela. Longe da pequenez da capital, numa altura em que o século XVII ainda era quase uma novidade, um padre pernambucano chega a Angola e tem uma visão […]: “Na manhã em que pela primeira vez vi Ginga, fazia um mar liso e leve e tão cheio de luz que parecia que dentro dele um outro sol se levantava. Dizem os marinheiros que um mar assim está sob o domínio de Galena, uma das nereidas, ou sereias, cujo nome, em grego, tem por significado calmaria luminosa, a calmaria do mar inundado de sol.”

O relato celestial de Francisco José de Santa Cruz não vai permanecer idílico, pois em breve, quando a luz se dissipar, perceberá que avistou sem ainda o desconfiar uma das mu-lheres mais controversas da História de Portugal em África ou de África em Portugal. Dona Ana de Sousa, ou Ngola Ana Nzinga Mbande, ou Rainha Ginga (1583-1663) foi uma rainha dos reinos do Ndongo e de Matamba, no Sudoeste de África. O seu título real na língua quim-bundo – Ngola – foi o nome utilizado pelos portugueses para denominar Angola.

Ginga, que se tornou mito na História de Angola, é-nos descrita nalgumas destas páginas envolta na geoestratégia da época. Quando escolhe ficar ao lado dela, trabalhando como seu secretário, o missionário Francisco José de Santa Cruz está a fazer uma escolha pecaminosa: “O Paraíso deixara de ser para mim algo abstrato e remoto. O Inferno também. O Paraíso era ela e o ar que ela respirava, e o Inferno a ausência dela. A toda a volta só havia demónios.”

Há nestes primeiros capítulos do relato do padre pernambucano o recurso à técnica da anestesia, o que nos permite desprendermo-nos da realidade e, enfeitiçados de encantos, prosseguirmos atrás dele. Neste contexto a tarefa é fácil, prazenteira e aceite pelo leitor de forma voluntária. O ponto de viragem acontece no capítulo quinto, onde se escreve que “há mentiras que resgatam e há verdades que escravizam.” É nesta altura que começam a saltar perigos dos caminhos que podem ser mosquitos ou leões, inimigos que eram aliados, piratas lendários quando a estrada é feita de mar: “Somos maus pela mesma razão que as pedras não caem para cima, quando as soltamos perdendo-se no céu. Somos maus por indolência.”

A Rainha Ginga é um romance de aventuras bem escrito e sem retóricas falsamente so-fisticadas onde se misturam lendas, figuras históricas e reflexões intemporais precisamente sobre o tempo. Escreve o padre Francisco: “Não habitamos ao longo da vida um único corpo,

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e sim inúmeros, um diverso a cada instante.” Esta é uma vida pacificada por amores e desa-mores, sobressaltada pela adrenalina que o cruzamento com verdadeiros piratas lhe deu, com uma duração felizmente grande para se poder distanciar, desprender. Francisco José de Santa Cruz é um achado de personagem na triangulação quase global que a sua biografia permite, unindo Portugal, Brasil e Angola.

Quase no final do livro, temos notícias frescas de Ginga: a rainha, que um dia quis ser tratada por rei e que chegou a ter não um séquito de aias mas de aios, morre aos 80 anos em paz com os portugueses e com a Igreja Católica.

Um dos trunfos do romance resulta disto: a sua figura tutelar, porque pertence quase ao domínio da lenda, aparece e desaparece e é-nos contada por alguém que, embora tenha res-pirado o mesmo ar que ela, aplica uma patine ao seu relato, não a deixando sair da imagem que a história fez dela. Aqui e ali o pitoresco e o detalhe de riquezas, modos de vida, datas, façanhas, salpicam o livro. Mas são apenas pintas, antes fruto do fascínio do próprio Agua-lusa em partilhar o muito que estudou e descobriu na preparação do livro – andanças e tra-balhos que, de resto, muito lhe agradecemos.

in http://www.publico.pt/culturaipsilon/noticia/um-compendio-do-coracao-1663964 [Consult. 22-12-2014, com supressões]

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1. Para responderes a cada um dos itens de 1.1. a 1.9., seleciona a opção correta.

1.1. Este texto adota o género textual

a. relato de viagem.

b. artigo de divulgação científica.

c. apreciação crítica.

d. exposição sobre um tema.

1.2. Ao nível do contexto de produção, este texto foi produzido na esfera

a. jornalística.b. publicitária.c. escolar.d. científica.

1.3. O segmento inicial do texto, destacado a negrito (ll. 1-2),

a. não desperta a atenção nem o interesse do leitor.

b. deixa antever o clima e a tónica de abordagem do tema.

c. tem um carácter objetivo.

d. é marcado pela prevalência da primeira pessoa gramatical.

1.4. Nas linhas 3 a 12 contextualiza-se historicamente a ação narrada e

a. apresenta-se sinteticamente a situação inicial do romance.

b. descreve-se o padre pernambucano que chega a Angola.

c. enumeram-se os aspetos mais valorizados da obra.

d. listam-se os aspetos menos apreciados na obra.

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Para dinamizar as suas aulas, pode navegar a partir de:• e-Manual• Caderno de Atividades• Recursos do Projeto• Testes de Avaliação

• Planificações de Unidade• Planos de Aula• Projeto de Leitura• Materiais de Apoio

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Caderno de AtividadesEstrutura-se em três momentos:

1. Gramática • exercícios organizados por

conteúdos

2. Leitura | Gramática • exercícios centrados em textos

não literários relacionados com as unidades e com tipologia de Exame

3. Escrita • atividades de produção escrita

dos géneros textuais preconizados pelo Programa

Soluções para todas as atividades

2 e-Manual PremiumVersão digital do manual com acesso aos recursos do projeto em contexto.

Caderno de Atividadesenriquecido com exercícios interativos em contexto

Recursos áudio e vídeo (24) explorados em atividades do manual

PowerPoint® didáticos (29) que apoiam o desenvolvimento das unidades/atividades do manual

Materiais editáveis, fotocopiáveis e projetáveis• Planificações de unidade• Planos de aula• Projeto de Leitura• Testes de avaliação• Materiais de apoio

O acesso à versão definitiva do E-manual Premium é exclusivo do Professor adotante e estará disponível a partir de setembro de 2015.

e-Manual do Aluno O acesso ao e-Manual do Aluno é disponibilizado, gratuitamente, na compra do manual em papel, no ano letivo 2015-2016, e poderá ser adquirido autonomamente através da Internet.

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NOVIDADE

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Momentos informativos

• Fichas de Informação e Aplicação intercaladas nas subunidades, sistematizam os conteúdos textuais e gramaticais previstos para o 10.° ano

Estrutura das fichas:• Observação de casos• Informação e exemplos • Exercícios de aplicação

• Caixas informativas, integradas nas subunidades, explicitam e exemplificam os conteúdos abordados

• Síntese Informativa, no final do manual, esquematiza os conteúdos de gramática, recursos expressivos e termos literários

Ao longo do manual, são feitas remissões oportunas para estes momentos informativos.

Guia do Professor nas margens laterais do manual

• apresentação dos descritores de desempenho das Metas Curriculares MC

• resolução de todos os exercícios• informação sobre obras e autores• sugestão de outras atividades• remissão para os vários

componentes do projeto• transcrição de textos gravados

CD Áudio33 faixas Textos ditos por atores de teatroAna Celeste Ferreira | Emília Silvestre | Fernando Moreira | José Eduardo Silva | Manuel Tur

Programa e Metas Curriculares• Transcrição do documento oficial

• Páginas iniciais com identificação dos momentos do projeto em que se cumpre o Programa e as Metas

4

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Projeto de Leitura PLDe acordo com o novo Programa, os alunos devem ler um ou dois livros de uma lista de 40 obras.

O Projeto de Leitura é abordado sob diversas formas:• apresentação sumária da lista das

obras e proposta de atividades na Unidade 0

• exploração de excertos, em articulação com os conteúdos de Educação Literária

• informação sobre todas as obras com excertos e tópicos de reflexão no Caderno do Professor

Caderno do Professor• Estrutura do projeto

• Planificações de unidade

• Planos de aula para todo o ano letivo

Os Planos de aula apresentam sugestões de articulação de todas as atividades com subunidades do manual.

• Testes de avaliação com estrutura de Exame Nacional e

grelhas de correção e classificação

• Projeto de Leitura informações sobre as obras e

excertos com tópicos de reflexão

• Materiais de apoio – Oralidade | Escrita | Leitura | Educação Literária

• grelhas de análise e guiões de produção dos géneros textuais

• textos dos géneros textuais trabalhados no 10.° ano

• materiais de apoio às atividades propostas no manual

3Estrutura das unidades

As unidades 2 a 7 centram-se na abordagem dos conteúdos literários e apresentam uma dinâmica regular:• Separador• Contextualização

histórico-literária• Texto analisado*• Subunidades• Síntese da unidade*

• Teste formativo*

* Complementados por apresentações em PowerPoint®.

ManualO manual Encontros respeita integralmente o novo documento normativo da disciplina – Programa e Metas Curriculares de Português (2014).

Estrutura do manual

0. Diagnóstico e Projeto de Leitura• diagnose dos vários domínios e apresentação do Projeto de Leitura

1. Compreender e produzir géneros textuais*• anúncio publicitário, reportagem, documentário, artigo de divulgação científica,

relato de viagem, apreciação crítica, síntese, exposição sobre um tema

O trabalho dos conteúdos desta unidade permite duas abordagens: • de forma autónoma e sequencial• integrando as suas subunidades nas restantes unidades

2. Poesia trovadoresca• 9 cantigas de amigo, 4 cantigas de amor, 4 cantigas de escárnio e maldizer

3. Fernão Lopes, Crónica de D. João I• 3 excertos (capítulos 11, 115, 148)

4. Gil Vicente, Farsa de Inês Pereira | Auto da Feira• 2 obras integrais

5. Luís de Camões, Rimas• 8 redondilhas, 14 sonetos

6. Luís de Camões, Os Lusíadas• todas as estâncias referidas no Programa

7. História Trágico-Marítima• 4 excertos

Síntese Informativa• gramática, recursos expressivos e termos literários

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Caderno de Atividades2 e-Manual Premium (exclusivo para o Professor)6

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Re�exões do poeta

Oralidade | Leitura

1. Observa o cartoon abaixo, que entra em diálogo com a pintura Os Girassóis, de Van Gogh.

1.1. Interpreta o cartoon, explicitando a sua possível intenção crítica.

2. Lê agora o artigo jornalístico a seguir apresentado.

Porque continuamos a não consumir Cultura? Falta de educação e dinheiro

CLÁUDIA CARVALHO | 24/11/2013

Vamos menos ao cinema, quase não vamos a bibliotecas públicas nem visita-mos museus. A espetáculos de teatro, dança ou ópera vamos muito pouco; só a concertos, de vez em quando. Não temos grande interesse em ler um livro, nem costumamos visitar monumentos. Mas vemos e ouvimos muita televisão e rádio.

-mos representados no inquérito do Eurobarómetro sobre a participação em ativi-dades culturais na União Europeia. Nele, Portugal surge ao fundo da tabela, ao

– tal como os romenos ou os búlgaros – quase não se envolveram no último ano em atividades culturais. A crise económica explica parte dos números mas diz--nos quem conhece o meio que o problema está muito para além disso. Falta es-timular o ensino cultural nas escolas. Falta os decisores políticos, e a sociedade em geral, olharem para a cultura como um bem essencial. E falta um maior inves-timento.

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Hui Xiaoyoung, in Juventude, Desporto, Paz e Tolerância – Festival Internacional de Cartoon, Turquia, 2012

Vincent van Gogh, Os Girassóis, 1888

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6. Luís de Camões, Os Lusíadas

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3. Considerando os elementos analisados a propósito das estâncias 145 a 156, re�ete com os teus colegas sobre a situação da arte e da cultura na sociedade.

Poderás abordar os seguintes tópicos: • valorização da arte e dos artistas, segundo a perspetiva camoniana; • hábitos culturais e formas de ocupação dos tempos livres.

Organiza o debate, respeitando as seguintes etapas: – divisão da turma em grupos, tendo em conta a posição assumida; – escolha de um moderador para gerir as intervenções dos grupos; – preparação do ponto de vista a defender com base nos argumentos

que justi�cam as tomadas de posição.

Estas são as principais conclusões que se tiram depois de se ouvirem vários nomes reconhecidos da área. Há quem se surpreenda com os números, quem já estivesse à espera destes dados por estarem em linha com a tendência dos últi-mos anos e quem questione a forma como o inquérito da Comissão Europeia foi realizado. Mas há um adjetivo que todos repetem: “preocupante”.

Sermos tão pouco ativos culturalmente é preocupante e é preciso perceber o que está a acontecer com a Cultura em Portugal. O que implica também questio-

portugueses são dos cidadãos da União Europeia com menores taxas de partici-pação em atividades culturais? Porque é que Portugal, por exemplo, é o país onde há maior falta de interesse pela leitura? E porque é que só 6% dos inquiridos, em Portugal, tem uma atividade cultural frequente? A média europeia não é particu-larmente alta mas as diferenças são grandes, como é o caso da Suécia (43%), da Dinamarca (36%) e dos Países Baixos (34%), onde os cidadãos descrevem a sua taxa de participação como elevada ou muito elevada. Na vizinha Espanha esta taxa é de 19%. Qual é então o problema dos portugueses?

“É uma questão de educação”, diz ao Público Paulo Cunha e Silva, programa-dor cultural e novo vereador da Cultura da Câmara do Porto, que acredita que em Portugal “não se cultiva a Cultura”. “De pequenino se torce o pepino. Este ditado

criar hábitos culturais e isso não acontece”, defende Cunha e Silva, que deste Eu-robarómetro se surpreendeu mais com a fraca adesão às salas de cinema.

Os dados do inquérito revelam que 71% dos cidadãos portugueses não foram uma única vez ao cinema nos últimos 12 meses – uma diferença de quatro pontos percentuais quando comparado com os dados de 2007 (ano do último Eurobaró-metro sobre a participação em atividades culturais). Segundo os últimos resulta-dos divulgados pelo Instituto do Cinema e Audiovisual (ICA), de janeiro até outu-bro registaram-se menos 1,2 milhões de espectadores nas salas de cinema portuguesas, o que representa uma quebra de 10,6% em relação ao mesmo pe-ríodo de 2012. A queda já vem do ano passado mas em 2013 tem vindo a acen-tuar-se. […]

in Público.pt, disponível em http://www.publico.pt/culturaipsilon/noticia/quando-foi-a-ultima-vez-que- wollof/#2=egap?7503161-uesum-mu-atisiv-oan-opmet-otnauq-ah-e-ortaet-oa-e-amenic-oa-iof-

[Consult. 28-09-2014, com supressões]

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e-Manual do Aluno7

espacoprofessor.ptExperimente em

Programa e Metas Curriculares5CD Áudio4Manual + Guia do Professor (nas margens laterais do manual)

1 Caderno do Professor3

Meados Séc. XV

Fernão LopesCrónica de D. João I(c. 1450)

Final Séc. XIIa meados Séc. XIV

Poesia trovadoresca

Primeira metade Séc. XVI

Gil VicenteFarsa de Inês Pereira(1523)Auto da Feira(1527)

Segunda metade Séc. XVI

Luís de CamõesRimas (1595)Os Lusíadas (1572)

Segunda metade Séc. XVI e XVII

História Trágico-Marítima(1552-1602)

Contextualização

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Leitura | Oralidade | Educação Literária | Escrita

1. Nesta unidade vais ler, analisar e apreciar cantigas trovadorescas galego-portuguesas. Lê o texto abaixo, em que se apresentam dados gerais sobre estas cantigas.

Cantigas trovadorescas galego-portuguesas

As cantigas trovadorescas galego-portuguesas são um dos patrimónios mais ricos da

Idade Média peninsular. Produzidas durante o período, de cerca de 150 anos, que vai,

genericamente, de finais do século XII a meados do século XIV, as cantigas medievais

situam-se, historicamente, nos alvores das nacionalidades ibéricas, sendo, em grande

parte, contemporâneas da chamada Reconquista Cristã, que nelas deixa, aliás, numero-

sas marcas. Tendo em conta a geografia política peninsular da época, que se caracteri-

zava pela existência de entidades políticas diversas, muitas vezes com fronteiras voláteis

e frequentemente em luta entre si, a área geográfica e cultural onde se desenvolve a arte

trovadoresca galego-portuguesa (ou seja, em língua galego-portuguesa) corresponde,

latamente, aos reinos de Leão e Galiza, ao reino de Portugal, e ao reino de Castela (a

partir de 1230 unificado com Leão).

Nas origens da arte trovadoresca galego-portuguesa está, indiscutivelmente, a arte

dos trovadores provençais, movimento artístico nascido no sul de França em inícios do

século XII, e que rapidamente se estende pela Europa cristã. Compondo e cantando já

em língua falada (no caso, o occitânico1) e não mais em latim, os trovadores provençais,

através da arte da canso2 […], definiram os modelos e padrões artísticos, mas também

genericamente culturais, que se irão tornar dominantes nas cortes e casas aristo-

cráticas europeias durante os séculos seguintes. Acompanhando, pois, sem dúvida, um

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15

Representação de um torneio de trovadores, in Códice Manesse, c. 1305-1340 [frag.]

Guia do Professor

Leitura | Oralidade | Educação LiteráriaMC

L8.1. Selecionar criteriosamente in-formação relevante.O5.1. Produzir textos seguindo tópi-cos fornecidos. O5.3. Produzir textos linguisticamen-te corretos, com diversificação do vo-cabulário e das estruturas utilizadas. O6.1. Produzir os seguintes géneros de texto: síntese […]. O6.2. Respeitar as marcas de género do texto a produzir. EL16.1. Reconhecer a contextualiza-ção histórico-literária nos casos pre-vistos no Programa.

Sugestão:Base de dados online Cantigas Medie-vais Galego-Portuguesas, http://canti-gas.fcsh.unl.pt/index.asp [Consult. 25-10-2014]

Esta base de dados disponibiliza:• a totalidade das cantigas medievais

presentes nos cancioneiros galego--portugueses;

• as imagens dos manuscritos;• a música (quer a medieval, quer as

versões ou composições originais contemporâneas que tomam como ponto de partida os textos das can-tigas medievais);

• informação sucinta sobre os autores, as personagens e os lugares referi-dos nas cantigas;

• a “Arte de Trovar” (tratado de poéti-ca trovadoresca que abre o Cancio-neiro da Biblioteca Nacional).

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2. Poesia trovadoresca

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1.1. Reproduz o esquema abaixo no teu caderno e completa-o, de acordo com a informa-ção apresentada no texto.

1.1.1. Com base no esquema, faz uma síntese oral do texto.

Ao produzires a tua síntese, deves ter o cuidado de:

• mobilizar informação relativa ao contexto de produção e de transmissão das cantigas;

• diversificar o vocabulário e as estruturas frásicas;

• usar conectores adequados, que evidenciem: – a relação entre o contexto espacial e temporal da produção das cantigas

e a sua origem; – a relação entre o contexto de produção e o contexto de transmissão das

cantigas.

movimento europeu mais vasto de adoção dos modelos occitânicos, a arte trovadoresca

galego-portuguesa assume, no entanto, características muito próprias […] e que a dis-

tinguem de forma assinalável da sua congénere provençal, desde logo pela criação de

um género próprio, a cantiga de amigo.

No total, e recolhidas em três grandes cancioneiros (o Cancioneiro da Ajuda, o Can-cioneiro da Biblioteca Nacional e o Cancioneiro da Biblioteca Vaticana), chegaram até

nós cerca de 1680 cantigas profanas ou de corte, pertencentes a três géneros maiores

(cantiga de amor, cantiga de amigo e cantiga de escárnio e maldizer), e da autoria de

cerca de 187 trovadores e jograis. Da mesma época e ainda em língua galego-portu-

guesa, são também as Cantigas de Santa Maria, um vasto conjunto de 420 cantigas reli-

giosas, de louvor à Virgem e de narração dos seus milagres, atribuíveis a Afonso X.

Graça Videira Lopes et al. (2011), Cantigas Medievais Galego-Portuguesas [base de dados online], Lisboa, Instituto de Estudos Medievais, FCSH/NOVA,

in http://cantigas.fcsh.unl.pt. [Consult. 25-20-2014]

1. occitânico: conjunto de línguas faladas no sul de França. 2. canso: composição poética que trata do amor cortês.

Ver Síntese, p. 46

Tempoa.

Cantigas profanas

d.

Espaçob.

Cantigas religiosas

e.

Cantigas trovadorescas galego-portuguesas

Origemc.

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Contexto de produção Contexto de transmissão escrita

Guia do Professor1.1. a. Entre finais do século XII e meados do século XIV/época do nas-cimento das nacionalidades ibéricas e da Reconquista Cristã.b. Reinos de Leão e Galiza, reino de Portugal, reino de Castela.c. Arte dos trovadores provençais.d. Cancioneiro da Ajuda, Cancioneiro da Biblioteca Nacional, Cancioneiro da Vaticana.e. Cantigas de Santa Maria.

PDFGuião de produção de síntese oral disponível nos Recursos do Projeto e no Caderno do Professor – Materiais de Apoio (versão impressa).

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Cantigas de amigo

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Educação Literária

1. Lê a informação seguinte acerca de D. Dinis, o autor da cantiga de amigo “Ai flores, ai flores do verde pino”.

2. Lê, agora, a cantiga de amigo, em que a natureza desempenha uma função de relevo.

Ai flores, ai flores do verde pino– Ai flores, ai flores do verde pino1,

se sabedes2 novas3 do meu amigo!

Ai Deus, e u é4?

Ai flores, ai flores do verde ramo,

se sabedes novas do meu amado!

Ai Deus, e u é?

Se sabedes novas do meu amigo,

aquel que mentiu do que pôs5 comigo!

Ai Deus, e u é?

Se sabedes novas do meu amado,

aquel que mentiu do que mi á jurado6!

Ai Deus, e u é?

[– Vós me preguntades7 polo8 voss’amigo,

e eu bem vos digo que é san’9 vivo.

Ai Deus, e u é?]

Vós me preguntades polo voss’amado,

e eu bem vos digo que é viv’e sano.

Ai Deus, e u é?

E eu bem vos digo que é san’e vivo

e seera vosc’10 ant’11 o prazo saído12.

Ai Deus, e u é?

E eu bem vos digo que é viv’e sano

e seera vosc’ant’o prazo passado.

Ai Deus, e u é?

D. Dinis in Elsa Gonçalves, Maria Ana Ramos, Op. cit. [p. 292]

Informação

D. Dinis (1261-1325) foi o sexto rei de Portugal e ficou conhecido como “O Lavrador” – pelo grande impulso que deu à agricultura e pela ampliação do Pinhal de Leiria –, e “O Poeta” – pelo amor que tinha às artes e às letras e pela obra literária que deixou e que o notabilizou como trovador. A ele se deve a criação dos Estudos Gerais de Lisboa, que viriam a dar origem à Universidade Portuguesa.

D. Dinis

1. pino: cristas floridas dos pinheiros, na primavera. 2. sabedes: sabeis (dizei-me se sabeis). 3. novas: novidades; notícias. 4. e u é: e onde está. 5. mentiu do que pôs: mentiu sobre o que combi-nou. 6. mi á jurado: me jurou. 7. preguntades: perguntais. 8. polo: pelo. 9. san’: são; bem de saúde. 10. vosc’: convosco. 11. ant’: antes de. 12. saído: terminado; passado.

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Edward Burne-Jones, Sarça Ardente, 1882-1898

Guia do Professor

Educação LiteráriaMC

EL14.2. Ler textos literários portugue-ses de diferentes géneros, pertencen-tes aos séculos XII a XVI. EL14.4. Fazer inferências, fundamen-tando.EL14.6. Explicitar a estrutura do texto: organização interna. EL14.7. Estabelecer relações de senti-do: a) entre as diversas partes constitu-tivas de um texto; b) entre característi-cas e pontos de vista das personagens.EL14.8. Identificar características do texto poético no que diz respeito a: a) estrofe (dístico […]); d) paralelismo (cantigas de amigo); e) refrão. EL14.9. Identificar e explicitar o valor dos recursos expressivos menciona-dos no Programa.

Edward Burne-Jones (1833-1898)• Artista e designer inglês, represen-

tante maior da segunda geração de Pré-Rafaelitas

• Fascinado pela Idade Média e pelos grandes mestres italianos

• Evoca, em muitas das suas obras, te-mas bíblicos e da mitologia greco--latina

1. Sugestão:

PDFA propósito da dupla faceta de D. Di-nis (“O Lavrador” e “O Poeta”) e da de-signação “Pinhal do Rei”, poderá ser lido e analisado o poema “D. Dinis” (in Mensagem, Fernando Pessoa). Este poema encontra-se disponível nos Recursos do Projeto e no Caderno do Professor, na secção Materiais de Apoio (versão impressa).

Está disponível no CD áudio a leitura expressiva desta cantiga, que serve de base à ficha de Informação e Aplicação sobre “Leitura em voz al-ta” (p. 72).

2. Sugestão:PL A propósito da representação li-terária da Natureza em diferentes cul-turas e da importância que determi-nados elementos naturais podem assumir enquanto motivos estéticos, pode ser lido e analisado o poema “Os viajantes da noite murmuram o teu nome” (in O Meu Coração é Árabe, org. Adalberto Alves), transcrito na p. 84.

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2. Poesia trovadoresca

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3. Esta cantiga de amigo pode dividir-se em duas partes.

3.1. Identifica-as, explicitando o assunto de cada uma delas.

4. Foca, agora, a tua atenção nos dois interlocutores da cantiga.

4.1. Identifica-os e caracteriza-os psicologicamente, fundamentando a tua resposta.

4.2. Mostra como a personificação e a apóstrofe se encontram ao serviço da caracteriza-ção do segundo interlocutor.

5. Na cantiga fala-se do “amigo” / ”amado” da donzela.

5.1. Caracteriza-o, de acordo com o ponto de vista de cada interlocutor.

6. Prova que esta cantiga obedece à técnica paralelística, mas que o processo do leixa-pren não se verifica em todas as estrofes.

7. A cantiga de amigo “Ondas do mar de Vigo” é uma paralelística perfeita.

7.1. Completa-a, no teu caderno, com os versos em falta.

Informação

A personificação é um recurso expressivo que consiste em atribuir qualidades, compor-tamentos, sentimentos e impulsos humanos a seres inanimados, a animais ou a entidades abstratas.

A apóstrofe é um recurso expressivo que consiste na interrupção do discurso para inter-pelar, através do vocativo, um destinatário (vivo ou morto, presente ou ausente, real ou fan-tástico) a que se atribuem características humanas. Produz um efeito de presentificação.Ex.: “– Ai flores, ai flores do verde pino, / se sabedes novas do meu amigo!”

Personificação e apóstrofe

Ver Síntese Informativa, p. 380

Ondas do mar de VigoOndas do mar de Vigo,

se vistes meu amigo?1

E ai Deus, se verra2 cedo!

Ondas do mar levado3,

se vistes meu amado?

a.

b. o por que4 eu sospiro?

E ai Deus, se verra cedo!

c. por que ei gram coidado5?

E ai Deus, se verra cedo!

Martim Codax in Elsa Gonçalves, Maria Ana Ramos, Op. cit. [p. 261]

1. v. 2: subentende-se dizei-me. 2. verra: virá. 3. levado: bravo; encapelado. 4. o por que: aquele por quem. 5. ei gram coidado: tenho grande preocupação.

Ver nota biográfica de Martim Codax, p. 65

Guia do Professor

3.1. Primeira parte – vv. 1-12: o sujei-to poético interpela a natureza, por-que o amigo/namorado demora a chegar ao encontro.Segunda parte – vv. 13-24: as flores do verde pino, personificadas, respon-dem ao sujeito poético, tranquilizan-do-o.4.1. Primeiro interlocutor: rapariga; saudosa do amigo, ansiosa por saber notícias dele (vv. 1-6) e zangada por pensar que ele lhe mentiu (vv. 7-12).Segundo interlocutor: flores do verde pinho; natureza humanizada, amiga, confidente e tranquilizadora (vv. 13- -24).4.2. Personificação – atribuição de estatuto humano à natureza, contri-buindo para acentuar a sua função de confidente e de entidade tranqui-lizadora.Apóstrofe – interpelação e presenti-ficação da natureza.5.1. Ponto de vista da “amiga”: na-morado ausente (vv. 2, 4) e mentiro-so (vv. 8, 11).Ponto de vista da natureza: bem de saúde (vv. 14, 17) e leal (vv. 20, 23).6. Técnica paralelística:• simetria e repetição (par de dísticos

como unidade rítmica; repetição do conteúdo da estrofe ímpar pela estrofe par; alternância da rima em i e a).

• processo do leixa-pren: não se verifi-ca do segundo par (vv. 7-12) para o terceiro par de estrofes (vv. 13-18).

7. Sugestão:

Está disponível no CD áudio a leitura expressiva desta cantiga, que é usada nos exercícios da ficha de In-formação e Aplicação sobre “Leitura em voz alta” (p. 73).7.1. a. “E ai Deus, se verra cedo!”b. “Se vistes meu amigo,”c. “Se vistes meu amado,”

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Síntese da unidade

Poesia trovadoresca

Contextualização histórico-literária

Género autóctone, cujas origens parecem remontar a uma vasta e arcaica tradição da canção em voz feminina

Género de matriz provençal, de registo aristocrático; canção em voz masculina

Género de carácter satírico, em que se faz uma crítica direta e ostensiva, identificando-se o alvo visado (cantiga de maldizer), ou subtil, sem explicitar a identidade de quem se critica (cantiga de escárnio); canção em voz masculina

Cantigas de amigo Cantigas de escárnio e maldizer

Géneros da poesia trovadoresca

• Agentes: trovadores, jograis, soldadeiras (dançarinas)

• Modalidade: cantiga (poesia cantada)

• Cancioneiros – Cancioneiro da Ajuda – Cancioneiro da Biblioteca Nacional – Cancioneiro da Vaticana

Contexto de produção

oral

• Tempo: entre finais do século XII e meados do século XIV (época do nascimento das nacionalidades ibéricas e da Reconquista Cristã)

• Espaço: reinos de Leão e Galiza, reino de Portugal, reino de Castela

• Produtores/agentes: trovadores e jograis (reis, filhos de reis, nobres, burgueses, clérigos, elementos do povo)

• Língua: galego-português

escrita

Cantigas de amor

Guia do Professor

PPTPoesia trovadoresca – Síntese da uni-dade

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2. Poesia trovadoresca

Cantigas de amigo

Cantigas de amor

Cantigas de escárnio e maldizer

Sujeito poético

Caracterização temática

Caracterização formal

Sujeito poético

Sujeito poético

Caracterização temática

Caracterização temática

Em geral, voz feminina (donzela), que se refere ao “amigo” (namorado)

Representação de afetos e emoções• Variedade do sentimento amoroso: amor, alegria/orgulho de amar e de ser amada,

ansiedade, saudade, tristeza, raiva, etc.• Confidência amorosa à natureza, à mãe, às amigas• Relação com a natureza

– natureza humanizada/personificada, com o papel de confidente– elementos naturais com valor simbólico

Ambiente (espaços, protagonistas e circunstâncias)

• Ambiente doméstico e familiar, marcado pela presença feminina (ausência do chefe de família; autoridade materna)– tarefas domésticas – ida à fonte– vida coletiva – baile, romaria

• Paralelismo (princípio da repetição e da simetria)– repetição de palavras, versos inteiros, construções ou conceitos– leixa-pren – processo de encadeamento de estrofes que consiste na retoma de versos

• Refrão: repetição de um ou mais versos no final das estrofes

Voz masculina (trovador), que se dirige à mulher amada (“senhor”), elogiando-a e/ou expressando a sua “coita de amor”

Voz masculina (trovador), que faz uma crítica, de forma direta ou velada

Representação de afetos e emoções• “Coita de amor”: sofrimento amoroso provocado pela não correspondência amorosa e que

conduz à “morte de amor”• Elogio cortês: panegírico da “senhor”, modelo de beleza e de virtude

Ambiente (espaços, protagonistas e circunstâncias)• Espaço aristocrático/ambiente palaciano (corte)• Vassalagem amorosa; obediência ao código da mesura (não revelação da identidade da

“senhor”)

Representação de afetos e emoções• Dimensão satírica

– paródia do amor cortês: crítica das regras do amor cortês de matriz provençal– crítica de costumes: deserção, cobardia de vassalos nobres em campo de batalha;

falta de dotes poéticos dos jograis

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Encontros • Português, 10.º ano • Caderno do Professor

fotocopiável

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Materiais de Apoio – Leitura

Nome N.º Turma Data - -

Aspetos contextuais

Quem escreveu a apreciação crítica?

Quem é o eventual recetor/destinatário da apreciação crítica?

Com que finalidade(s) ou intenção(ões) a apreciação crítica foi escrita?

Qual é o meio de transmissão/suporte da apreciação crítica?

Em que área foi produzida a apreciação crítica (literatura, cinema, teatro, música, artes plásticas, etc.)?

Aspetos temáticos e

organizacionais

Qual é o objeto da apreciação crítica?

Que informação significativa é transmitida pela apreciação crítica (ao nível da descrição do objeto e do comentário crítico)?

Em quantas partes se divide a apreciação crítica? Quais são? Intitula-as.

De que forma se encadeiam os tópicos tratados?

Que marcas linguísticas são utilizadas para marcar o carácter apreciativo/depreciativo? Exemplifica.

Que aspetos paratextuais contribuem para a construção do sentido global da apreciação crítica (título e subtítulo, ilustração, outros elementos icónicos, etc.)?

Marcas específicas de género presentes

na apreciação crítica

(Ver manual, p. 54)

Grelha de análise de apreciação crítica

Título da apreciação crítica analisada:

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5. Materiais de apoio • Oralidade

fotocopiável

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Instalações artísticas (Manual, p. 41)

Instalação da artista canadiana criada para o festival Nuit Blanche Calgary, constituída por 6000 lâmpadas que se ligam e desligam por meio de um puxador.

Instalação interativa criada para a 18.ª Bienal of Sydney, realizada no Museu de Arte Contemporânea da Austrália. A instalação ocupa o teto de duas galerias, sendo composta por centenas de “cubos voadores” de origami e tendo pontos de luz de fibra ótica equipados com sensores, que respondem ao movimento do público com motivos musicais.

Nuvem (Caitlind R. C. Brown)

Qualquer coisa pode quebrar (Pinaree Sanpitak)

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Programa – Encontros, 10.º ano

Oralidade

Compreensão do Oral

Reportagem Manual – pp. 20, 42, 301, 319

Documentário Manual – pp. 48, 81, 123, 159, 253, 288, 297-298

Anúncio publicitário Manual – pp. 32, 76, 204, 236

Expressão Oral

SínteseManual – pp. 46-47, 63, 76, 81, 96, 173, 223, 350

Apreciação crítica (de reportagem, de documentário, de entrevista, de livro, de filme, de exposição ou outra manifestação cultural)

Manual – pp. 40-41, 48, 90, 204, 246, 281

Leitura

Relato de viagemManual – pp. 33-35, 36, 81Caderno de Atividades – pp. 62-63

Artigo de divulgação científica Manual – pp. 43-45, 221-222, 259

Exposição sobre um tema Manual – pp. 49-50, 52, 62-66, 88, 96, 112-116, 146-150, 183, 186, 212-216, 264-267, 291, 318, 332-335

Apreciação crítica (de filme, de peça de teatro, de livro, de exposição ou outra manifestação cultural)

Manual – pp. 37-39, 40, 130, 354Caderno de Atividades – pp. 42-43, 48-49

Escrita

SínteseManual – pp. 46-47, 115, 149, 224, 251, 261, 291, 318Caderno de Atividades – pp. 62-65

Exposição sobre um tema Manual – pp. 52-53, 84, 94, 123, 143, 204, 209, 242, 248, 283, 312, 329Caderno de Atividades – pp. 70-73

Apreciação críticaManual – pp. 40-41, 59, 65, 159, 351 Caderno de Atividades – pp. 66-69

Educação Literária1. Poesia trovadoresca

Cantigas de amigo (escolher 4) Cantigas de amor (escolher 2) Cantigas de escárnio e maldizer (escolher 2)

Manual – pp. 60-109Caderno de Atividades – pp. 70-71

2. Fernão Lopes, Crónica de D. João I– Excertos de 2 capítulos (11, 115 ou 148 da 1.ª Parte)

Manual – pp. 110-143

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3. Gil VicenteFarsa de Inês Pereira (integral) OUAuto da Feira (integral)

Manual – pp. 144-209

4. Luís de Camões, RimasRedondilhas (escolher 4)Sonetos (escolher 8)

Manual – pp. 210-261Caderno de Atividades – pp. 70-71

5. Luís de Camões, Os Lusíadas– Visão global– A constituição da matéria épica: canto I, ests. 1 a 18; canto IX, ests. 52,

53, 66 a 70, 89 a 95; canto X, ests. 75 a 91– Reflexões do Poeta: canto I, ests. 105 e 106; canto V, ests. 92 a 100;

canto VII, ests. 78 a 87; canto VIII, ests. 96 a 99; canto IX, ests. 88 a 95; canto X, ests. 145 a 156

Manual – pp. 262-329Caderno de Atividades – p. 73

6. História Trágico-Marítima:“As terríveis aventuras de Jorge de Albuquerque Coelho (1565)” (excertos)

Manual – pp. 330-355Caderno de Atividades – p. 73

Gramática

1. O português: génese, variação e mudança

1.1. Principais etapas da formação e da evolução do português

Manual – pp. 85-87, 358Caderno de Atividades – pp. 6-8

1.2. Fonética e fonologia[processos fonológicos]

Manual – pp. 18, 100-101, 109, 163, 283, 329, 359Caderno de Atividades – pp. 9-10

1.3. EtimologiaManual – pp. 178, 183, 243, 360Caderno de Atividades – pp. 11-12

1.4. Geografia do português no mundoManual – pp. 299-301, 360-361Caderno de Atividades – pp. 13-14

2. Sintaxe

2.1. Funções sintáticas

Manual – pp. 18, 39, 59, 71, 75, 78, 108-109, 123, 124-125, 134, 143, 224, 229, 232-233, 235, 250, 261, 276, 286-287, 292, 329, 345-346, 373-375Caderno de Atividades – pp. 23-33

2.2. A frase complexa: coordenação e subordina-ção

Manual – pp. 18, 45, 51, 59, 91, 99, 154, 158, 209, 235, 250, 260, 307, 311, 317, 329, 341, 346, 355, 376-378Caderno de Atividades – pp. 34-40

3. Lexicologia

3.1. Arcaísmos e neologismosManual – pp. 18, 36, 164-165, 361Caderno de Atividades – pp. 15-16

3.2. Campo lexical e campo semânticoManual – pp. 164-165, 172, 183, 209, 248, 304, 362Caderno de Atividades – pp. 17-19

3.3. Processos irregulares de formação de pala-vras: extensão semântica, empréstimo, amál-gama, sigla, acrónimo e truncação

Manual – pp. 18, 164-165, 183, 364Caderno de Atividades – pp. 20-22

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Metas Curriculares – Encontros, 10.º ano

Oralidade O10Objetivos e descritores de desempenho Páginas (Guia do Professor)

1. Interpretar textos orais de diferentes géneros.

1. Identificar o tema dominante, justificando. 32, 42, 253

2. Explicitar a estrutura do texto. 32, 42, 79, 236, 319

3. Distinguir informação subjetiva de informação objetiva. 48, 75, 79, 123, 173

4. Fazer inferências. 32, 48, 51, 79, 126, 159, 179, 214, 228, 236, 253, 288, 297, 301, 351

5. Distinguir diferentes intenções comunicativas. 32, 75, 79, 159, 236, 297

6. Verificar a adequação e a expressividade dos recursos verbais e não verbais. 32, 75, 79, 159, 236, 246, 253

7. Explicitar, em função do texto, marcas dos seguintes géneros: reportagem, documentário, anúncio publicitário.

32, 42, 48, 75, 236, 253

2. Registar e tratar a informação.

1. Tomar notas, organizando-as. 123, 159, 176, 319

2. Registar em tópicos, sequencialmente, a informação relevante. 176, 237, 297, 319

3. Planificar intervenções orais.

1. Pesquisar e selecionar informação. 40, 346

2. Planificar o texto oral, elaborando tópicos de suporte à intervenção. 40, 46, 184, 227, 281, 346

4. Participar oportuna e construtivamente em situações de interação oral.

1. Respeitar o princípio de cortesia: formas de tratamento e registos de língua.

26, 27, 51, 136, 184, 188, 292, 322

2. Utilizar adequadamente recursos verbais e não verbais: postura, tom de voz, articulação, ritmo, entoação, expressividade.

26, 27, 40, 46, 51, 136, 163, 184, 281, 304, 322

5. Produzir textos orais com correção e pertinência.

1. Produzir textos seguindo tópicos fornecidos. 62, 92, 241, 281, 304, 347

2. Produzir textos seguindo tópicos elaborados autonomamente. 26, 90, 341

3. Produzir textos linguisticamente corretos, com diversificação do vocabulário e das estruturas utilizadas.

26, 40, 46, 62, 90, 92, 96, 103, 292, 304, 341, 347

6. Produzir textos orais de diferentes géneros e com diferentes finalidades.

1. Produzir os seguintes géneros de texto: síntese e apreciação crítica. 40, 46, 48, 62, 75, 81, 90, 96, 173, 188, 223, 246, 281

2. Respeitar as marcas de género do texto a produzir. 40, 46, 62, 75, 81, 96

3. Respeitar as seguintes extensões temporais: síntese – 1 a 3 minutos; apreciação crítica – 2 a 4 minutos.

40, 46, 75, 81, 96, 173, 281

Leitura L10Objetivos e descritores de desempenho Páginas (Guia do Professor)

7. Ler e interpretar textos de diferentes géneros e graus de complexidade.

1. Identificar o tema dominante, justificando. 33, 43, 49, 64, 70

2. Fazer inferências, fundamentando. 33, 36, 43, 49, 64, 70, 112, 115, 118, 221, 266, 297, 301, 334

3. Explicitar a estrutura do texto: organização interna. 33, 36, 49

4. Explicitar o sentido global do texto, fundamentando. 36, 70, 75, 88, 130, 297, 322

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Objetivos e descritores de desempenho Páginas (Guia do Professor)

5. Relacionar aspetos paratextuais com o conteúdo do texto. 33, 36, 70, 297

6. Explicitar, em textos apresentados em diversos suportes, marcas dos seguintes géneros: relato de viagem, artigo de divulgação científica, exposição sobre um tema e apreciação crítica.

26, 33, 36, 43, 49, 81, 130, 221

8. Utilizar procedimentos adequados ao registo e ao tratamento da informação.

1. Selecionar criteriosamente informação relevante. 30, 49, 62, 96, 114, 115, 118, 146, 148, 149, 184, 186, 212, 214, 216, 264, 266, 322, 332, 334, 346

2. Elaborar tópicos que sistematizem as ideias-chave do texto, organizando-os sequencialmente.

66, 146, 148, 186, 212, 216, 264, 288, 332

9. Ler para apreciar criticamente textos variados.

1. Exprimir pontos de vista suscitados por leituras diversas, fundamentando. 103, 136, 184, 227, 341, 346

2. Analisar a função de diferentes suportes em contextos específicos de leitura. 43

Escrita E10Objetivos e descritores de desempenho Páginas (Guia do Professor)

10. Planificar a escrita de textos.

1. Pesquisar informação pertinente. 40, 52

2. Elaborar planos: a) estabelecer objetivos; b) pesquisar e selecionar informação pertinente; c) definir tópicos e organizá-los de acordo com o género de texto a produzir.

40, 52

11. Escrever textos de diferentes géneros e finalidades.

1. Escrever textos variados, respeitando as marcas do género: síntese, exposição sobre um tema e apreciação crítica.

40, 46, 52, 64, 114, 123, 148, 159, 188, 224, 248, 251, 312, 318, 351

12. Redigir textos com coerência e correção linguística.

1. Respeitar o tema. 40, 52, 84, 94, 136, 159,188, 242

2. Mobilizar informação adequada ao tema. 40, 52, 84, 94, 123, 136, 159, 242

3. Redigir um texto estruturado, que reflita uma planificação, evidenciando um bom domínio dos mecanismos de coesão textual com marcação correta de parágrafos e utilização adequada de conectores.

27, 40, 52, 84, 114, 148, 159, 188, 283, 312, 351

4. Mobilizar adequadamente recursos da língua: uso correto do registo de língua, vocabulário adequado ao tema, correção na acentuação, na ortografia, na sintaxe e na pontuação.

27, 40, 46, 52, 94, 114, 188

5. Observar os princípios do trabalho intelectual: identificação das fontes utilizadas; cumprimento das normas de citação; uso de notas de rodapé; elaboração da bibliografia.

52, 123

6. Explorar as virtualidades das tecnologias de informação na produção, na revisão e na edição do texto.

27, 52

13. Rever os textos escritos.

1. Pautar a escrita do texto por gestos recorrentes de revisão e aperfeiçoamento, tendo em vista a qualidade do produto final.

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Projeto de Leitura

Para quem gosta de livros sobre viagens reais…

• Almeida Faria, O Murmúrio do Mundo: A Índia Revisitada (2012)Obra em que Almeida Faria relata a sua extraordinária viagem à Índia. O livro encontra-se estrutu-rado em quatro partes: Partida, Goa, Cochim, Regresso. Poderás ler excertos nas pp. 33 e 36.

• Peter Carey, O Japão é um Lugar Estranho (2004)Obra em que o autor dá a conhecer, em registo de reportagem, um percurso feito pela cidade de Tóquio com o seu filho adolescente, refletindo sobre o universo da “manga” e sobre a influência da cultura popular japonesa nos jovens ocidentais.

• Bruce Chatwin, Na Patagónia (1977)Bruce Chatwin relata as suas viagens pela remota Patagónia (América do Sul), articu-lando a descrição de locais da fascinante Terra do Fogo com a narração de histórias intrigantes.

• Raul Brandão, As Ilhas Desconhecidas (1926)Relato de uma viagem feita aos arquipélagos da Madeira e dos Açores, em que Raul Brandão descreve a beleza natural das ilhas e reflete sobre a condição social dos seus habitantes. Poderás ler um excerto na p. 56.

• Marco Polo, Viagens (séc. XIII) [excertos escolhidos]Obra em que Marco Polo relata detalhadamente as suas viagens pelo Oriente, descre-vendo as “maravilhas do mundo” e transmitindo informação sobre costumes e conhe-cimentos geográficos e mercantis.

Para quem prefere viagens imaginadas…

• Claudio Magris, Danúbio (1986)Romance cujo tema central é uma viagem através do grande rio europeu, o Danúbio (atraves-sando a Alemanha, a Áustria, a Hungria, a antiga Jugoslávia, a Roménia e a Turquia), e, a partir dela, a jornada através da história e do imaginário do continente europeu.

• Italo Calvino, As Cidades Invisíveis (1972)Romance em que se narra uma história ocorrida no século XIII, altura em que Marco Polo chega ao império de Kublai Khan, e em que, em diálogo com este, descreve deta-lhadamente cinquenta e cinco cidades por que passou.

• Jonathan Swift, Viagens de Gulliver (1726)Romance em que se narram as incríveis viagens de Gulliver, desde o momento em que naufraga até ao seu regresso a casa, passando pela ilha dos minúsculos lilliputianos, pela terra dos gigantes, por uma ilha flutuante e pela terra dos cavalos inteligentes.

O Projeto de Leitura, assumido por cada aluno, pressupõe a leitura, por ano, de uma ou duas obras de literaturas em língua portuguesa ou traduzidas para português.

Apresenta-se abaixo a lista de obras destinadas ao Projeto de Leitura de 10.º ano. Para facilitar a escolha, os livros encontram-se agrupados por temas ou por modos literários.

Ao longo do manual encontrarás alguns textos e excertos de livros do Projeto de Leitura assinalados com o ícone PL , que se relacionam tematicamente com as obras em estudo.

Guia do Professor

PL Encontram-se disponíveis mate-riais de apoio ao Projeto de Leitura nos Recursos do Projeto e no Caderno do Professor (versão impressa).

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Unidade 2 | Poesia trovadoresca

Lê o texto seguinte. Em caso de necessidade, consulta um dicionário.

Jordi Savall: quando a música é só estética, acaba-se em Auschwitz 27-01-2010

Jordi Savall, líder do Hespèrion XXI, esteve no sábado em Santiago do Cacém, num concerto raro. Em entrevista ao Ípsilon, argumenta que “a música e a cultura” são as únicas portas que ainda podem promover o diálogo entre os povos. “Todas as outras – políticas, sociais, violentas – foram um fracasso.”

Jordi Savall conta isto no encore: ao apresentar “A la una yo naci”, música sefardita, em concertos na Turquia ou na Grécia, houve espectadores a reivindicar a peça como fazendo parte da sua tradição musical. “Cada um de nós pensa que a sua música é única e isso impede--nos de ver a beleza da música dos outros”, diz o maestro do Hespèrion XXI e da Capella Reial de Catalunya.

Com Pedro Estevan nas percussões, Savall protagonizou com a sua viola de gamba, um rebab e uma lira de arcco, no sábado passado, um concerto raro na Igreja Matriz de Santiago do Cacém. Foi na abertura do 6.º Festival Terras Sem Sombra, promovido pelo Departamento do Património Histórico e Artístico da Diocese de Beja e produzido pela Arte das Musas. O alinhamento de “Oriente – Ocidente” baseou-se no disco com o mesmo título e em Istanbul, projeto de 2009. […]

Orient – Occident, como outros discos seus, traduz a herança de Sefarad, do Al-Andaluz, de Bizâncio. Escreve que a música pode ser um antídoto espiritual contra o conflito ou, como diz Amin Maalouf, um diálogo das almas. É o que busca com o seu trabalho?

A música é sempre fonte de diálogo. Para fazer música, tem de haver diálogo com os mú-sicos, com o público. Creio no poder da música, porque o vivo cada dia. Quando é profunda, emocionante, bela, a música pode mudar-nos. Aqueles que têm o privilégio de se expressar com a música têm a responsabilidade de mostrar que a linguagem musical do Oriente e do Ocidente era comum, que não havia a separação enorme que há hoje. Que, há muito tempo, especialmente na Península Ibérica, a linguagem destas culturas era muito próxima. Cada uma tinha o seu estilo, a sua expressão, a sua língua, os seus ritmos e modos. Mas todas as culturas medievais trabalhavam sobre a mesma base da melodia ornamentada, do ritmo da dança e das estruturas de improvisação. […]

No Ocidente, sempre houve como que uma contaminação entre o sacro e o profano. E no Oriente?

É igual, mas não diria uma contaminação, antes um enriquecimento. A maioria das músi-cas começa sempre como linguagem espiritual e depois lúdica; isso mesclou-se sempre. A música é o que dá sentido ao ser humano. Um bebé, quando nasce, não compreende

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Arcaísmos e neologismos

1. Completa o verbete de arcaísmo com as palavras indicadas.

2. Da seguinte lista de palavras assinala aquelas que atualmente são arcaísmos. Em caso de necessidade, consulta um dicionário.

• vetustez• ca• semel• madre• refrigério

• velida• pingarelho• mopa• carqueja • belífero

• relicário• coita• canastro• fiúza• xerém

• luscar• gamo• louçana• liteiro• samicas

2.1. Associa os arcaísmos identificados aos significados que se apresentam abaixo.

a. dor, desgosto: e. geração, descendência:

b. bela: f. jogar, divertir-se:

c. porque: g. talvez:

d. confiança, fé: h. formosa:

3. Lê os seguintes excertos jornalísticos retirados do semanário Expresso.

a. “Insinceridade” ainda não existe como palavra, mas alastra como prática.

b. Paulo Pena navega com facilidade por entre conceitos como “imparidade”, “alavancagem” e “ securiti-zação”, […] “banca-sombra” ou “bancocracia”.

c. Bruno de Carvalho quer Godinho Lopes na AG para dissecar “verdades e inverdades”.

3.1. Sublinha os neologismos existentes nos excertos.

3.2. Explica como foram formados esses neologismos e explicita o seu significado.

a.

b.

c.

Arcaísmo

Palavra ou expressão que entrou em a. numa língua. O b. pode ter um efeito estilístico quando ocorre para recuperar a virtualidade de um termo c. . Tal acontece na literatura, quando um escritor insiste em não deixar morrer um termo d. que lhe é caro por algum motivo. O romance histórico convencio-nal tem necessidade de recuperar a linguagem da e. através de f. que asseguram a cor local.

Carlos Ceia, in e-Dicionário de Termos Literários (EDTL), http://www.edtl.com.pt> [Consult. 03-01-2014, adaptado]

arcaísmos desuso época arcaísmo antigo (2x)

Manual, pp. 164-165

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Encontros • Português, 10.º ano • Caderno do Professor

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Excerto

A Índia e Bombaim

Assim que se apagou o sinal de apertar cintos de segurança, houve quem desatasse a cami-

nhar coxia abaixo coxia acima, e a mais original das passageiras ensaiou até uns exercícios físi-

cos, indiferente a sedentários sorrisos.

Avançando contra o suposto sentido do sol ao voarmos para leste, adiantamos os relógios,

o dia desaparece mais depressa, tempo e espaço, medidas para mim um tanto mágicas, ficam

semibaralhadas. A seguir ao almoço era noite, mas a trepidação em certos percursos e a difi-

culdade do meu corpo em saltar fusos horários sabotaram-me o sono. Por isso, nos vagares da

travessia, observei os meus vizinhos indianos e as suas crianças bem arranjadas, quase dema-

siado bem-comportadas, sem se agitarem nem falarem alto. Uma pré-adolescente indiana le-

vava preso ao cabelo, em estilo cerimonioso, um fio com argolas claras que pareciam de prata

e, no pulso, uma espécie de rosário com dezenas de pequenas contas em madeira, quem sabe

se para obter a proteção de Brahma, criador e energia do mundo, ou de qualquer outra dos

milhões de divindades dessa Índia onde, diz-se, são tantas quantos os humanos porque cada

um tem a sua.

Sem conseguir dormir, fui lendo sobre a cidade onde em breve aterraríamos. Segundo

uma etimologia aparentemente óbvia embora errónea, o nome Bombaim provinha da expres-

são portuguesa “Boa Baía”, transformada pelos ingleses em Bombay por julgarem tratar-se de

uma baía (bay). Na verdade, Bombaim não era baía, era uma série de sete ilhas e ilhotas pan-

tanosas agora ligadas. No ano cento e cinquenta da nossa era, Ptolomeu chamara-lhe Hepta-

násia, por causa das sete ilhas que os hindus apelidaram de Mumbai invocando talvez a deusa

Mumba para que ela lhes concedesse a segurança da terra firme. À cautela deram uma ajuda à

deusa, construindo sucessivos aterros, paredões, canais e diques. Os quais, contudo, na esta-

ção das chuvas, não impedem as águas de incharem e inundarem casas, ruas e bairros.

Almeida Faria, O Murmúrio do Mundo: A Índia Revisitada, Lisboa, Tinta-da-China, 2010 [pp. 26-27]

Tópicos de reflexão • Representação do quotidiano (os aspetos da cultura indiana: a apresentação cuidada

das crianças; a crença em várias divindades, as características de Bombaim).

• Relato de viagem (o tema da viagem conjugado com a descrição de especificidades culturais e geográficas da Índia; o discurso pessoal).

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Apreciação crítica (de pintura)

1. Observa atentamente o quadro abaixo, pintado por José Malhoa e intitulado Lavadouro (na mata).

1.1. Analisa a imagem, preenchendo o quadro abaixo com tópicos. Em caso de necessidade, pesquisa informação sobre a obra e o autor em livros de arte e/ou na internet.

Informação sobre a pintura (descrição sucinta e comentário crítico)

Suporte e dimensões Tema representado Técnicas de composição

Descrição sucinta Descrição sucinta Descrição sucinta

• • •

Comentário crítico Comentário crítico Comentário crítico

• • •

Informação sobre o pintor

José Malhoa, Lavadouro (na mata), 1922

Manual, pp. 40-41

José Malhoa, Lavadouro (na mata), 1922

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4. Projeto de Leitura

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Faria, Almeida O Murmúrio do Mundo: A Índia Revisitada (2012)Sinopse

“O viajante ocidental que pela primeira vez chega a Goa e Cochim en-frentará provavelmente a vertigem do caos à sua volta e dentro de si. Quando começa a familiarizar-se com a estonteante exuberância e com as contradições coexistentes, quando julga começar a entender a complexi-dade das castas, dos cultos e costumes tão diferentes, quando começa a fixar nomes, imagens, atributos dos deuses, tudo lhe foge de súbito, tudo se torna de novo confuso, como se o véu de Maia voltasse a cobrir a inde-cifrável irrealidade da Índia real.” (Da obra)

http://www.fnac.pt/O-Murmurio-do-Mundo-Almeida-Faria/a552808 [Consult. 10-02-2015]

[N]otável relato dessa viagem [à Índia] partilhada com Bárbara Assis Pacheco, cujas

belas ilustrações criam uma espécie de narrativa visual que se intromete na narrativa literá-

ria e a complementa. […] Enquanto deambula por Goa e Cochim, Almeida Faria evoca a

origem e etimologia das cidades, explica como o hinduísmo e o cristianismo se contamina-

ram, demora-se na descrição de rituais religiosos e sobretudo dá-nos a ver, com extraordi-

nária clareza, as maravilhas arquitetónicas que lhe vão sendo reveladas […]. A dado passo,

Almeida Faria enumera lugares com “nomes de pura música”: Pangim, Banguelim, Bicho-

lim, Morombim, Panelim, entre outras que acabam em ‘im’ . Mas pura música é também a

sua prosa, que alia uma trabalhada fluidez a uma notável precisão vocabular (no caos do

trânsito, por exemplo, identifica um “frenesim buzinante”; na fachada austera de uma

igreja, “nódoas negras de bolor”).

José Mário Silva, http://www.wook.pt/ficha/o-murmurio-do-mundo/a/id/12445572

[Consult. 05-02-2015, com supressões]

Almeida Faria fez a sua viagem à Índia e chamou ao livro que dela resultou O Mur-múrio do Mundo (ilustrado por Bárbara Assis Pacheco). É uma ideia própria do roman-

tismo, a de um rumor do mundo que os românticos se propunham decifrar e traduzir.

[...]

O filtro da distância reflexiva está quase sempre presente, e é ela que determina o

tom elegante e subtil da prosa.

António Guerreiro, http://livrariapodoslivros.blogspot.pt/2012/02/o-murmurio-do-mundo.html

[Consult. 05-02-2015, com supressões]

Sobre a obra

ENC10CP_20142838_F15_3P_CImg.indd 229 16/03/2015 10:33Todos os materiais do Caderno do Professor estão também disponíveis em formato editável, fotocopiável e projetável nos Recursos do Projeto .

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Page 4: e-Manual Premium - Abre Horizontes- Porto Editora · PDF fileOo com a pen drive DISPENSA LIGAÇÃO À INTERNET OFERTA AO PROFESSOR no seu tablet e-Manual Premium Simples. Completo

Caderno de AtividadesEstrutura-se em três momentos:

1. Gramática • exercícios organizados por

conteúdos

2. Leitura | Gramática • exercícios centrados em textos

não literários relacionados com as unidades e com tipologia de Exame

3. Escrita • atividades de produção escrita

dos géneros textuais preconizados pelo Programa

Soluções para todas as atividades

2 e-Manual PremiumVersão digital do manual com acesso aos recursos do projeto em contexto.

Caderno de Atividadesenriquecido com exercícios interativos em contexto

Recursos áudio e vídeo (24) explorados em atividades do manual

PowerPoint® didáticos (29) que apoiam o desenvolvimento das unidades/atividades do manual

Materiais editáveis, fotocopiáveis e projetáveis• Planificações de unidade• Planos de aula• Projeto de Leitura• Testes de avaliação• Materiais de apoio

O acesso à versão definitiva do E-manual Premium é exclusivo do Professor adotante e estará disponível a partir de setembro de 2015.

e-Manual do Aluno O acesso ao e-Manual do Aluno é disponibilizado, gratuitamente, na compra do manual em papel, no ano letivo 2015-2016, e poderá ser adquirido autonomamente através da Internet.

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NOVIDADE

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Momentos informativos

• Fichas de Informação e Aplicação intercaladas nas subunidades, sistematizam os conteúdos textuais e gramaticais previstos para o 10.° ano

Estrutura das fichas:• Observação de casos• Informação e exemplos • Exercícios de aplicação

• Caixas informativas, integradas nas subunidades, explicitam e exemplificam os conteúdos abordados

• Síntese Informativa, no final do manual, esquematiza os conteúdos de gramática, recursos expressivos e termos literários

Ao longo do manual, são feitas remissões oportunas para estes momentos informativos.

Guia do Professor nas margens laterais do manual

• apresentação dos descritores de desempenho das Metas Curriculares MC

• resolução de todos os exercícios• informação sobre obras e autores• sugestão de outras atividades• remissão para os vários

componentes do projeto• transcrição de textos gravados

CD Áudio33 faixas Textos ditos por atores de teatroAna Celeste Ferreira | Emília Silvestre | Fernando Moreira | José Eduardo Silva | Manuel Tur

Programa e Metas Curriculares• Transcrição do documento oficial

• Páginas iniciais com identificação dos momentos do projeto em que se cumpre o Programa e as Metas

4

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Projeto de Leitura PLDe acordo com o novo Programa, os alunos devem ler um ou dois livros de uma lista de 40 obras.

O Projeto de Leitura é abordado sob diversas formas:• apresentação sumária da lista das

obras e proposta de atividades na Unidade 0

• exploração de excertos, em articulação com os conteúdos de Educação Literária

• informação sobre todas as obras com excertos e tópicos de reflexão no Caderno do Professor

Caderno do Professor• Estrutura do projeto

• Planificações de unidade

• Planos de aula para todo o ano letivo

Os Planos de aula apresentam sugestões de articulação de todas as atividades com subunidades do manual.

• Testes de avaliação com estrutura de Exame Nacional e

grelhas de correção e classificação

• Projeto de Leitura informações sobre as obras e

excertos com tópicos de reflexão

• Materiais de apoio – Oralidade | Escrita | Leitura | Educação Literária

• grelhas de análise e guiões de produção dos géneros textuais

• textos dos géneros textuais trabalhados no 10.° ano

• materiais de apoio às atividades propostas no manual

3Estrutura das unidades

As unidades 2 a 7 centram-se na abordagem dos conteúdos literários e apresentam uma dinâmica regular:• Separador• Contextualização

histórico-literária• Texto analisado*• Subunidades• Síntese da unidade*

• Teste formativo*

* Complementados por apresentações em PowerPoint®.

ManualO manual Encontros respeita integralmente o novo documento normativo da disciplina – Programa e Metas Curriculares de Português (2014).

Estrutura do manual

0. Diagnóstico e Projeto de Leitura• diagnose dos vários domínios e apresentação do Projeto de Leitura

1. Compreender e produzir géneros textuais*• anúncio publicitário, reportagem, documentário, artigo de divulgação científica,

relato de viagem, apreciação crítica, síntese, exposição sobre um tema

O trabalho dos conteúdos desta unidade permite duas abordagens: • de forma autónoma e sequencial• integrando as suas subunidades nas restantes unidades

2. Poesia trovadoresca• 9 cantigas de amigo, 4 cantigas de amor, 4 cantigas de escárnio e maldizer

3. Fernão Lopes, Crónica de D. João I• 3 excertos (capítulos 11, 115, 148)

4. Gil Vicente, Farsa de Inês Pereira | Auto da Feira• 2 obras integrais

5. Luís de Camões, Rimas• 8 redondilhas, 14 sonetos

6. Luís de Camões, Os Lusíadas• todas as estâncias referidas no Programa

7. História Trágico-Marítima• 4 excertos

Síntese Informativa• gramática, recursos expressivos e termos literários

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Caderno de Atividades2 e-Manual Premium (exclusivo para o Professor)6

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Porto Editora

Re�exões do poeta

Oralidade | Leitura

1. Observa o cartoon abaixo, que entra em diálogo com a pintura Os Girassóis, de Van Gogh.

1.1. Interpreta o cartoon, explicitando a sua possível intenção crítica.

2. Lê agora o artigo jornalístico a seguir apresentado.

Porque continuamos a não consumir Cultura? Falta de educação e dinheiro

CLÁUDIA CARVALHO | 24/11/2013

Vamos menos ao cinema, quase não vamos a bibliotecas públicas nem visita-mos museus. A espetáculos de teatro, dança ou ópera vamos muito pouco; só a concertos, de vez em quando. Não temos grande interesse em ler um livro, nem costumamos visitar monumentos. Mas vemos e ouvimos muita televisão e rádio.

-mos representados no inquérito do Eurobarómetro sobre a participação em ativi-dades culturais na União Europeia. Nele, Portugal surge ao fundo da tabela, ao

– tal como os romenos ou os búlgaros – quase não se envolveram no último ano em atividades culturais. A crise económica explica parte dos números mas diz--nos quem conhece o meio que o problema está muito para além disso. Falta es-timular o ensino cultural nas escolas. Falta os decisores políticos, e a sociedade em geral, olharem para a cultura como um bem essencial. E falta um maior inves-timento.

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Hui Xiaoyoung, in Juventude, Desporto, Paz e Tolerância – Festival Internacional de Cartoon, Turquia, 2012

Vincent van Gogh, Os Girassóis, 1888

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6. Luís de Camões, Os Lusíadas

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3. Considerando os elementos analisados a propósito das estâncias 145 a 156, re�ete com os teus colegas sobre a situação da arte e da cultura na sociedade.

Poderás abordar os seguintes tópicos: • valorização da arte e dos artistas, segundo a perspetiva camoniana; • hábitos culturais e formas de ocupação dos tempos livres.

Organiza o debate, respeitando as seguintes etapas: – divisão da turma em grupos, tendo em conta a posição assumida; – escolha de um moderador para gerir as intervenções dos grupos; – preparação do ponto de vista a defender com base nos argumentos

que justi�cam as tomadas de posição.

Estas são as principais conclusões que se tiram depois de se ouvirem vários nomes reconhecidos da área. Há quem se surpreenda com os números, quem já estivesse à espera destes dados por estarem em linha com a tendência dos últi-mos anos e quem questione a forma como o inquérito da Comissão Europeia foi realizado. Mas há um adjetivo que todos repetem: “preocupante”.

Sermos tão pouco ativos culturalmente é preocupante e é preciso perceber o que está a acontecer com a Cultura em Portugal. O que implica também questio-

portugueses são dos cidadãos da União Europeia com menores taxas de partici-pação em atividades culturais? Porque é que Portugal, por exemplo, é o país onde há maior falta de interesse pela leitura? E porque é que só 6% dos inquiridos, em Portugal, tem uma atividade cultural frequente? A média europeia não é particu-larmente alta mas as diferenças são grandes, como é o caso da Suécia (43%), da Dinamarca (36%) e dos Países Baixos (34%), onde os cidadãos descrevem a sua taxa de participação como elevada ou muito elevada. Na vizinha Espanha esta taxa é de 19%. Qual é então o problema dos portugueses?

“É uma questão de educação”, diz ao Público Paulo Cunha e Silva, programa-dor cultural e novo vereador da Cultura da Câmara do Porto, que acredita que em Portugal “não se cultiva a Cultura”. “De pequenino se torce o pepino. Este ditado

criar hábitos culturais e isso não acontece”, defende Cunha e Silva, que deste Eu-robarómetro se surpreendeu mais com a fraca adesão às salas de cinema.

Os dados do inquérito revelam que 71% dos cidadãos portugueses não foram uma única vez ao cinema nos últimos 12 meses – uma diferença de quatro pontos percentuais quando comparado com os dados de 2007 (ano do último Eurobaró-metro sobre a participação em atividades culturais). Segundo os últimos resulta-dos divulgados pelo Instituto do Cinema e Audiovisual (ICA), de janeiro até outu-bro registaram-se menos 1,2 milhões de espectadores nas salas de cinema portuguesas, o que representa uma quebra de 10,6% em relação ao mesmo pe-ríodo de 2012. A queda já vem do ano passado mas em 2013 tem vindo a acen-tuar-se. […]

in Público.pt, disponível em http://www.publico.pt/culturaipsilon/noticia/quando-foi-a-ultima-vez-que- wollof/#2=egap?7503161-uesum-mu-atisiv-oan-opmet-otnauq-ah-e-ortaet-oa-e-amenic-oa-iof-

[Consult. 28-09-2014, com supressões]

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e-Manual do Aluno7

espacoprofessor.ptExperimente em

Programa e Metas Curriculares5CD Áudio4Manual + Guia do Professor (nas margens laterais do manual)

1 Caderno do Professor3

Meados Séc. XV

Fernão LopesCrónica de D. João I(c. 1450)

Final Séc. XIIa meados Séc. XIV

Poesia trovadoresca

Primeira metade Séc. XVI

Gil VicenteFarsa de Inês Pereira(1523)Auto da Feira(1527)

Segunda metade Séc. XVI

Luís de CamõesRimas (1595)Os Lusíadas (1572)

Segunda metade Séc. XVI e XVII

História Trágico-Marítima(1552-1602)

Contextualização

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Porto Editora

Leitura | Oralidade | Educação Literária | Escrita

1. Nesta unidade vais ler, analisar e apreciar cantigas trovadorescas galego-portuguesas. Lê o texto abaixo, em que se apresentam dados gerais sobre estas cantigas.

Cantigas trovadorescas galego-portuguesas

As cantigas trovadorescas galego-portuguesas são um dos patrimónios mais ricos da

Idade Média peninsular. Produzidas durante o período, de cerca de 150 anos, que vai,

genericamente, de finais do século XII a meados do século XIV, as cantigas medievais

situam-se, historicamente, nos alvores das nacionalidades ibéricas, sendo, em grande

parte, contemporâneas da chamada Reconquista Cristã, que nelas deixa, aliás, numero-

sas marcas. Tendo em conta a geografia política peninsular da época, que se caracteri-

zava pela existência de entidades políticas diversas, muitas vezes com fronteiras voláteis

e frequentemente em luta entre si, a área geográfica e cultural onde se desenvolve a arte

trovadoresca galego-portuguesa (ou seja, em língua galego-portuguesa) corresponde,

latamente, aos reinos de Leão e Galiza, ao reino de Portugal, e ao reino de Castela (a

partir de 1230 unificado com Leão).

Nas origens da arte trovadoresca galego-portuguesa está, indiscutivelmente, a arte

dos trovadores provençais, movimento artístico nascido no sul de França em inícios do

século XII, e que rapidamente se estende pela Europa cristã. Compondo e cantando já

em língua falada (no caso, o occitânico1) e não mais em latim, os trovadores provençais,

através da arte da canso2 […], definiram os modelos e padrões artísticos, mas também

genericamente culturais, que se irão tornar dominantes nas cortes e casas aristo-

cráticas europeias durante os séculos seguintes. Acompanhando, pois, sem dúvida, um

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15

Representação de um torneio de trovadores, in Códice Manesse, c. 1305-1340 [frag.]

Guia do Professor

Leitura | Oralidade | Educação LiteráriaMC

L8.1. Selecionar criteriosamente in-formação relevante.O5.1. Produzir textos seguindo tópi-cos fornecidos. O5.3. Produzir textos linguisticamen-te corretos, com diversificação do vo-cabulário e das estruturas utilizadas. O6.1. Produzir os seguintes géneros de texto: síntese […]. O6.2. Respeitar as marcas de género do texto a produzir. EL16.1. Reconhecer a contextualiza-ção histórico-literária nos casos pre-vistos no Programa.

Sugestão:Base de dados online Cantigas Medie-vais Galego-Portuguesas, http://canti-gas.fcsh.unl.pt/index.asp [Consult. 25-10-2014]

Esta base de dados disponibiliza:• a totalidade das cantigas medievais

presentes nos cancioneiros galego--portugueses;

• as imagens dos manuscritos;• a música (quer a medieval, quer as

versões ou composições originais contemporâneas que tomam como ponto de partida os textos das can-tigas medievais);

• informação sucinta sobre os autores, as personagens e os lugares referi-dos nas cantigas;

• a “Arte de Trovar” (tratado de poéti-ca trovadoresca que abre o Cancio-neiro da Biblioteca Nacional).

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2. Poesia trovadoresca

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1.1. Reproduz o esquema abaixo no teu caderno e completa-o, de acordo com a informa-ção apresentada no texto.

1.1.1. Com base no esquema, faz uma síntese oral do texto.

Ao produzires a tua síntese, deves ter o cuidado de:

• mobilizar informação relativa ao contexto de produção e de transmissão das cantigas;

• diversificar o vocabulário e as estruturas frásicas;

• usar conectores adequados, que evidenciem: – a relação entre o contexto espacial e temporal da produção das cantigas

e a sua origem; – a relação entre o contexto de produção e o contexto de transmissão das

cantigas.

movimento europeu mais vasto de adoção dos modelos occitânicos, a arte trovadoresca

galego-portuguesa assume, no entanto, características muito próprias […] e que a dis-

tinguem de forma assinalável da sua congénere provençal, desde logo pela criação de

um género próprio, a cantiga de amigo.

No total, e recolhidas em três grandes cancioneiros (o Cancioneiro da Ajuda, o Can-cioneiro da Biblioteca Nacional e o Cancioneiro da Biblioteca Vaticana), chegaram até

nós cerca de 1680 cantigas profanas ou de corte, pertencentes a três géneros maiores

(cantiga de amor, cantiga de amigo e cantiga de escárnio e maldizer), e da autoria de

cerca de 187 trovadores e jograis. Da mesma época e ainda em língua galego-portu-

guesa, são também as Cantigas de Santa Maria, um vasto conjunto de 420 cantigas reli-

giosas, de louvor à Virgem e de narração dos seus milagres, atribuíveis a Afonso X.

Graça Videira Lopes et al. (2011), Cantigas Medievais Galego-Portuguesas [base de dados online], Lisboa, Instituto de Estudos Medievais, FCSH/NOVA,

in http://cantigas.fcsh.unl.pt. [Consult. 25-20-2014]

1. occitânico: conjunto de línguas faladas no sul de França. 2. canso: composição poética que trata do amor cortês.

Ver Síntese, p. 46

Tempoa.

Cantigas profanas

d.

Espaçob.

Cantigas religiosas

e.

Cantigas trovadorescas galego-portuguesas

Origemc.

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Contexto de produção Contexto de transmissão escrita

Guia do Professor1.1. a. Entre finais do século XII e meados do século XIV/época do nas-cimento das nacionalidades ibéricas e da Reconquista Cristã.b. Reinos de Leão e Galiza, reino de Portugal, reino de Castela.c. Arte dos trovadores provençais.d. Cancioneiro da Ajuda, Cancioneiro da Biblioteca Nacional, Cancioneiro da Vaticana.e. Cantigas de Santa Maria.

PDFGuião de produção de síntese oral disponível nos Recursos do Projeto e no Caderno do Professor – Materiais de Apoio (versão impressa).

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Cantigas de amigo

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Educação Literária

1. Lê a informação seguinte acerca de D. Dinis, o autor da cantiga de amigo “Ai flores, ai flores do verde pino”.

2. Lê, agora, a cantiga de amigo, em que a natureza desempenha uma função de relevo.

Ai flores, ai flores do verde pino– Ai flores, ai flores do verde pino1,

se sabedes2 novas3 do meu amigo!

Ai Deus, e u é4?

Ai flores, ai flores do verde ramo,

se sabedes novas do meu amado!

Ai Deus, e u é?

Se sabedes novas do meu amigo,

aquel que mentiu do que pôs5 comigo!

Ai Deus, e u é?

Se sabedes novas do meu amado,

aquel que mentiu do que mi á jurado6!

Ai Deus, e u é?

[– Vós me preguntades7 polo8 voss’amigo,

e eu bem vos digo que é san’9 vivo.

Ai Deus, e u é?]

Vós me preguntades polo voss’amado,

e eu bem vos digo que é viv’e sano.

Ai Deus, e u é?

E eu bem vos digo que é san’e vivo

e seera vosc’10 ant’11 o prazo saído12.

Ai Deus, e u é?

E eu bem vos digo que é viv’e sano

e seera vosc’ant’o prazo passado.

Ai Deus, e u é?

D. Dinis in Elsa Gonçalves, Maria Ana Ramos, Op. cit. [p. 292]

Informação

D. Dinis (1261-1325) foi o sexto rei de Portugal e ficou conhecido como “O Lavrador” – pelo grande impulso que deu à agricultura e pela ampliação do Pinhal de Leiria –, e “O Poeta” – pelo amor que tinha às artes e às letras e pela obra literária que deixou e que o notabilizou como trovador. A ele se deve a criação dos Estudos Gerais de Lisboa, que viriam a dar origem à Universidade Portuguesa.

D. Dinis

1. pino: cristas floridas dos pinheiros, na primavera. 2. sabedes: sabeis (dizei-me se sabeis). 3. novas: novidades; notícias. 4. e u é: e onde está. 5. mentiu do que pôs: mentiu sobre o que combi-nou. 6. mi á jurado: me jurou. 7. preguntades: perguntais. 8. polo: pelo. 9. san’: são; bem de saúde. 10. vosc’: convosco. 11. ant’: antes de. 12. saído: terminado; passado.

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Edward Burne-Jones, Sarça Ardente, 1882-1898

Guia do Professor

Educação LiteráriaMC

EL14.2. Ler textos literários portugue-ses de diferentes géneros, pertencen-tes aos séculos XII a XVI. EL14.4. Fazer inferências, fundamen-tando.EL14.6. Explicitar a estrutura do texto: organização interna. EL14.7. Estabelecer relações de senti-do: a) entre as diversas partes constitu-tivas de um texto; b) entre característi-cas e pontos de vista das personagens.EL14.8. Identificar características do texto poético no que diz respeito a: a) estrofe (dístico […]); d) paralelismo (cantigas de amigo); e) refrão. EL14.9. Identificar e explicitar o valor dos recursos expressivos menciona-dos no Programa.

Edward Burne-Jones (1833-1898)• Artista e designer inglês, represen-

tante maior da segunda geração de Pré-Rafaelitas

• Fascinado pela Idade Média e pelos grandes mestres italianos

• Evoca, em muitas das suas obras, te-mas bíblicos e da mitologia greco--latina

1. Sugestão:

PDFA propósito da dupla faceta de D. Di-nis (“O Lavrador” e “O Poeta”) e da de-signação “Pinhal do Rei”, poderá ser lido e analisado o poema “D. Dinis” (in Mensagem, Fernando Pessoa). Este poema encontra-se disponível nos Recursos do Projeto e no Caderno do Professor, na secção Materiais de Apoio (versão impressa).

Está disponível no CD áudio a leitura expressiva desta cantiga, que serve de base à ficha de Informação e Aplicação sobre “Leitura em voz al-ta” (p. 72).

2. Sugestão:PL A propósito da representação li-terária da Natureza em diferentes cul-turas e da importância que determi-nados elementos naturais podem assumir enquanto motivos estéticos, pode ser lido e analisado o poema “Os viajantes da noite murmuram o teu nome” (in O Meu Coração é Árabe, org. Adalberto Alves), transcrito na p. 84.

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2. Poesia trovadoresca

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3. Esta cantiga de amigo pode dividir-se em duas partes.

3.1. Identifica-as, explicitando o assunto de cada uma delas.

4. Foca, agora, a tua atenção nos dois interlocutores da cantiga.

4.1. Identifica-os e caracteriza-os psicologicamente, fundamentando a tua resposta.

4.2. Mostra como a personificação e a apóstrofe se encontram ao serviço da caracteriza-ção do segundo interlocutor.

5. Na cantiga fala-se do “amigo” / ”amado” da donzela.

5.1. Caracteriza-o, de acordo com o ponto de vista de cada interlocutor.

6. Prova que esta cantiga obedece à técnica paralelística, mas que o processo do leixa-pren não se verifica em todas as estrofes.

7. A cantiga de amigo “Ondas do mar de Vigo” é uma paralelística perfeita.

7.1. Completa-a, no teu caderno, com os versos em falta.

Informação

A personificação é um recurso expressivo que consiste em atribuir qualidades, compor-tamentos, sentimentos e impulsos humanos a seres inanimados, a animais ou a entidades abstratas.

A apóstrofe é um recurso expressivo que consiste na interrupção do discurso para inter-pelar, através do vocativo, um destinatário (vivo ou morto, presente ou ausente, real ou fan-tástico) a que se atribuem características humanas. Produz um efeito de presentificação.Ex.: “– Ai flores, ai flores do verde pino, / se sabedes novas do meu amigo!”

Personificação e apóstrofe

Ver Síntese Informativa, p. 380

Ondas do mar de VigoOndas do mar de Vigo,

se vistes meu amigo?1

E ai Deus, se verra2 cedo!

Ondas do mar levado3,

se vistes meu amado?

a.

b. o por que4 eu sospiro?

E ai Deus, se verra cedo!

c. por que ei gram coidado5?

E ai Deus, se verra cedo!

Martim Codax in Elsa Gonçalves, Maria Ana Ramos, Op. cit. [p. 261]

1. v. 2: subentende-se dizei-me. 2. verra: virá. 3. levado: bravo; encapelado. 4. o por que: aquele por quem. 5. ei gram coidado: tenho grande preocupação.

Ver nota biográfica de Martim Codax, p. 65

Guia do Professor

3.1. Primeira parte – vv. 1-12: o sujei-to poético interpela a natureza, por-que o amigo/namorado demora a chegar ao encontro.Segunda parte – vv. 13-24: as flores do verde pino, personificadas, respon-dem ao sujeito poético, tranquilizan-do-o.4.1. Primeiro interlocutor: rapariga; saudosa do amigo, ansiosa por saber notícias dele (vv. 1-6) e zangada por pensar que ele lhe mentiu (vv. 7-12).Segundo interlocutor: flores do verde pinho; natureza humanizada, amiga, confidente e tranquilizadora (vv. 13- -24).4.2. Personificação – atribuição de estatuto humano à natureza, contri-buindo para acentuar a sua função de confidente e de entidade tranqui-lizadora.Apóstrofe – interpelação e presenti-ficação da natureza.5.1. Ponto de vista da “amiga”: na-morado ausente (vv. 2, 4) e mentiro-so (vv. 8, 11).Ponto de vista da natureza: bem de saúde (vv. 14, 17) e leal (vv. 20, 23).6. Técnica paralelística:• simetria e repetição (par de dísticos

como unidade rítmica; repetição do conteúdo da estrofe ímpar pela estrofe par; alternância da rima em i e a).

• processo do leixa-pren: não se verifi-ca do segundo par (vv. 7-12) para o terceiro par de estrofes (vv. 13-18).

7. Sugestão:

Está disponível no CD áudio a leitura expressiva desta cantiga, que é usada nos exercícios da ficha de In-formação e Aplicação sobre “Leitura em voz alta” (p. 73).7.1. a. “E ai Deus, se verra cedo!”b. “Se vistes meu amigo,”c. “Se vistes meu amado,”

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Síntese da unidade

Poesia trovadoresca

Contextualização histórico-literária

Género autóctone, cujas origens parecem remontar a uma vasta e arcaica tradição da canção em voz feminina

Género de matriz provençal, de registo aristocrático; canção em voz masculina

Género de carácter satírico, em que se faz uma crítica direta e ostensiva, identificando-se o alvo visado (cantiga de maldizer), ou subtil, sem explicitar a identidade de quem se critica (cantiga de escárnio); canção em voz masculina

Cantigas de amigo Cantigas de escárnio e maldizer

Géneros da poesia trovadoresca

• Agentes: trovadores, jograis, soldadeiras (dançarinas)

• Modalidade: cantiga (poesia cantada)

• Cancioneiros – Cancioneiro da Ajuda – Cancioneiro da Biblioteca Nacional – Cancioneiro da Vaticana

Contexto de produção

oral

• Tempo: entre finais do século XII e meados do século XIV (época do nascimento das nacionalidades ibéricas e da Reconquista Cristã)

• Espaço: reinos de Leão e Galiza, reino de Portugal, reino de Castela

• Produtores/agentes: trovadores e jograis (reis, filhos de reis, nobres, burgueses, clérigos, elementos do povo)

• Língua: galego-português

escrita

Cantigas de amor

Guia do Professor

PPTPoesia trovadoresca – Síntese da uni-dade

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2. Poesia trovadoresca

Cantigas de amigo

Cantigas de amor

Cantigas de escárnio e maldizer

Sujeito poético

Caracterização temática

Caracterização formal

Sujeito poético

Sujeito poético

Caracterização temática

Caracterização temática

Em geral, voz feminina (donzela), que se refere ao “amigo” (namorado)

Representação de afetos e emoções• Variedade do sentimento amoroso: amor, alegria/orgulho de amar e de ser amada,

ansiedade, saudade, tristeza, raiva, etc.• Confidência amorosa à natureza, à mãe, às amigas• Relação com a natureza

– natureza humanizada/personificada, com o papel de confidente– elementos naturais com valor simbólico

Ambiente (espaços, protagonistas e circunstâncias)

• Ambiente doméstico e familiar, marcado pela presença feminina (ausência do chefe de família; autoridade materna)– tarefas domésticas – ida à fonte– vida coletiva – baile, romaria

• Paralelismo (princípio da repetição e da simetria)– repetição de palavras, versos inteiros, construções ou conceitos– leixa-pren – processo de encadeamento de estrofes que consiste na retoma de versos

• Refrão: repetição de um ou mais versos no final das estrofes

Voz masculina (trovador), que se dirige à mulher amada (“senhor”), elogiando-a e/ou expressando a sua “coita de amor”

Voz masculina (trovador), que faz uma crítica, de forma direta ou velada

Representação de afetos e emoções• “Coita de amor”: sofrimento amoroso provocado pela não correspondência amorosa e que

conduz à “morte de amor”• Elogio cortês: panegírico da “senhor”, modelo de beleza e de virtude

Ambiente (espaços, protagonistas e circunstâncias)• Espaço aristocrático/ambiente palaciano (corte)• Vassalagem amorosa; obediência ao código da mesura (não revelação da identidade da

“senhor”)

Representação de afetos e emoções• Dimensão satírica

– paródia do amor cortês: crítica das regras do amor cortês de matriz provençal– crítica de costumes: deserção, cobardia de vassalos nobres em campo de batalha;

falta de dotes poéticos dos jograis

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Encontros • Português, 10.º ano • Caderno do Professor

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Materiais de Apoio – Leitura

Nome N.º Turma Data - -

Aspetos contextuais

Quem escreveu a apreciação crítica?

Quem é o eventual recetor/destinatário da apreciação crítica?

Com que finalidade(s) ou intenção(ões) a apreciação crítica foi escrita?

Qual é o meio de transmissão/suporte da apreciação crítica?

Em que área foi produzida a apreciação crítica (literatura, cinema, teatro, música, artes plásticas, etc.)?

Aspetos temáticos e

organizacionais

Qual é o objeto da apreciação crítica?

Que informação significativa é transmitida pela apreciação crítica (ao nível da descrição do objeto e do comentário crítico)?

Em quantas partes se divide a apreciação crítica? Quais são? Intitula-as.

De que forma se encadeiam os tópicos tratados?

Que marcas linguísticas são utilizadas para marcar o carácter apreciativo/depreciativo? Exemplifica.

Que aspetos paratextuais contribuem para a construção do sentido global da apreciação crítica (título e subtítulo, ilustração, outros elementos icónicos, etc.)?

Marcas específicas de género presentes

na apreciação crítica

(Ver manual, p. 54)

Grelha de análise de apreciação crítica

Título da apreciação crítica analisada:

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5. Materiais de apoio • Oralidade

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Instalações artísticas (Manual, p. 41)

Instalação da artista canadiana criada para o festival Nuit Blanche Calgary, constituída por 6000 lâmpadas que se ligam e desligam por meio de um puxador.

Instalação interativa criada para a 18.ª Bienal of Sydney, realizada no Museu de Arte Contemporânea da Austrália. A instalação ocupa o teto de duas galerias, sendo composta por centenas de “cubos voadores” de origami e tendo pontos de luz de fibra ótica equipados com sensores, que respondem ao movimento do público com motivos musicais.

Nuvem (Caitlind R. C. Brown)

Qualquer coisa pode quebrar (Pinaree Sanpitak)

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Programa – Encontros, 10.º ano

Oralidade

Compreensão do Oral

Reportagem Manual – pp. 20, 42, 301, 319

Documentário Manual – pp. 48, 81, 123, 159, 253, 288, 297-298

Anúncio publicitário Manual – pp. 32, 76, 204, 236

Expressão Oral

SínteseManual – pp. 46-47, 63, 76, 81, 96, 173, 223, 350

Apreciação crítica (de reportagem, de documentário, de entrevista, de livro, de filme, de exposição ou outra manifestação cultural)

Manual – pp. 40-41, 48, 90, 204, 246, 281

Leitura

Relato de viagemManual – pp. 33-35, 36, 81Caderno de Atividades – pp. 62-63

Artigo de divulgação científica Manual – pp. 43-45, 221-222, 259

Exposição sobre um tema Manual – pp. 49-50, 52, 62-66, 88, 96, 112-116, 146-150, 183, 186, 212-216, 264-267, 291, 318, 332-335

Apreciação crítica (de filme, de peça de teatro, de livro, de exposição ou outra manifestação cultural)

Manual – pp. 37-39, 40, 130, 354Caderno de Atividades – pp. 42-43, 48-49

Escrita

SínteseManual – pp. 46-47, 115, 149, 224, 251, 261, 291, 318Caderno de Atividades – pp. 62-65

Exposição sobre um tema Manual – pp. 52-53, 84, 94, 123, 143, 204, 209, 242, 248, 283, 312, 329Caderno de Atividades – pp. 70-73

Apreciação críticaManual – pp. 40-41, 59, 65, 159, 351 Caderno de Atividades – pp. 66-69

Educação Literária1. Poesia trovadoresca

Cantigas de amigo (escolher 4) Cantigas de amor (escolher 2) Cantigas de escárnio e maldizer (escolher 2)

Manual – pp. 60-109Caderno de Atividades – pp. 70-71

2. Fernão Lopes, Crónica de D. João I– Excertos de 2 capítulos (11, 115 ou 148 da 1.ª Parte)

Manual – pp. 110-143

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3. Gil VicenteFarsa de Inês Pereira (integral) OUAuto da Feira (integral)

Manual – pp. 144-209

4. Luís de Camões, RimasRedondilhas (escolher 4)Sonetos (escolher 8)

Manual – pp. 210-261Caderno de Atividades – pp. 70-71

5. Luís de Camões, Os Lusíadas– Visão global– A constituição da matéria épica: canto I, ests. 1 a 18; canto IX, ests. 52,

53, 66 a 70, 89 a 95; canto X, ests. 75 a 91– Reflexões do Poeta: canto I, ests. 105 e 106; canto V, ests. 92 a 100;

canto VII, ests. 78 a 87; canto VIII, ests. 96 a 99; canto IX, ests. 88 a 95; canto X, ests. 145 a 156

Manual – pp. 262-329Caderno de Atividades – p. 73

6. História Trágico-Marítima:“As terríveis aventuras de Jorge de Albuquerque Coelho (1565)” (excertos)

Manual – pp. 330-355Caderno de Atividades – p. 73

Gramática

1. O português: génese, variação e mudança

1.1. Principais etapas da formação e da evolução do português

Manual – pp. 85-87, 358Caderno de Atividades – pp. 6-8

1.2. Fonética e fonologia[processos fonológicos]

Manual – pp. 18, 100-101, 109, 163, 283, 329, 359Caderno de Atividades – pp. 9-10

1.3. EtimologiaManual – pp. 178, 183, 243, 360Caderno de Atividades – pp. 11-12

1.4. Geografia do português no mundoManual – pp. 299-301, 360-361Caderno de Atividades – pp. 13-14

2. Sintaxe

2.1. Funções sintáticas

Manual – pp. 18, 39, 59, 71, 75, 78, 108-109, 123, 124-125, 134, 143, 224, 229, 232-233, 235, 250, 261, 276, 286-287, 292, 329, 345-346, 373-375Caderno de Atividades – pp. 23-33

2.2. A frase complexa: coordenação e subordina-ção

Manual – pp. 18, 45, 51, 59, 91, 99, 154, 158, 209, 235, 250, 260, 307, 311, 317, 329, 341, 346, 355, 376-378Caderno de Atividades – pp. 34-40

3. Lexicologia

3.1. Arcaísmos e neologismosManual – pp. 18, 36, 164-165, 361Caderno de Atividades – pp. 15-16

3.2. Campo lexical e campo semânticoManual – pp. 164-165, 172, 183, 209, 248, 304, 362Caderno de Atividades – pp. 17-19

3.3. Processos irregulares de formação de pala-vras: extensão semântica, empréstimo, amál-gama, sigla, acrónimo e truncação

Manual – pp. 18, 164-165, 183, 364Caderno de Atividades – pp. 20-22

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Metas Curriculares – Encontros, 10.º ano

Oralidade O10Objetivos e descritores de desempenho Páginas (Guia do Professor)

1. Interpretar textos orais de diferentes géneros.

1. Identificar o tema dominante, justificando. 32, 42, 253

2. Explicitar a estrutura do texto. 32, 42, 79, 236, 319

3. Distinguir informação subjetiva de informação objetiva. 48, 75, 79, 123, 173

4. Fazer inferências. 32, 48, 51, 79, 126, 159, 179, 214, 228, 236, 253, 288, 297, 301, 351

5. Distinguir diferentes intenções comunicativas. 32, 75, 79, 159, 236, 297

6. Verificar a adequação e a expressividade dos recursos verbais e não verbais. 32, 75, 79, 159, 236, 246, 253

7. Explicitar, em função do texto, marcas dos seguintes géneros: reportagem, documentário, anúncio publicitário.

32, 42, 48, 75, 236, 253

2. Registar e tratar a informação.

1. Tomar notas, organizando-as. 123, 159, 176, 319

2. Registar em tópicos, sequencialmente, a informação relevante. 176, 237, 297, 319

3. Planificar intervenções orais.

1. Pesquisar e selecionar informação. 40, 346

2. Planificar o texto oral, elaborando tópicos de suporte à intervenção. 40, 46, 184, 227, 281, 346

4. Participar oportuna e construtivamente em situações de interação oral.

1. Respeitar o princípio de cortesia: formas de tratamento e registos de língua.

26, 27, 51, 136, 184, 188, 292, 322

2. Utilizar adequadamente recursos verbais e não verbais: postura, tom de voz, articulação, ritmo, entoação, expressividade.

26, 27, 40, 46, 51, 136, 163, 184, 281, 304, 322

5. Produzir textos orais com correção e pertinência.

1. Produzir textos seguindo tópicos fornecidos. 62, 92, 241, 281, 304, 347

2. Produzir textos seguindo tópicos elaborados autonomamente. 26, 90, 341

3. Produzir textos linguisticamente corretos, com diversificação do vocabulário e das estruturas utilizadas.

26, 40, 46, 62, 90, 92, 96, 103, 292, 304, 341, 347

6. Produzir textos orais de diferentes géneros e com diferentes finalidades.

1. Produzir os seguintes géneros de texto: síntese e apreciação crítica. 40, 46, 48, 62, 75, 81, 90, 96, 173, 188, 223, 246, 281

2. Respeitar as marcas de género do texto a produzir. 40, 46, 62, 75, 81, 96

3. Respeitar as seguintes extensões temporais: síntese – 1 a 3 minutos; apreciação crítica – 2 a 4 minutos.

40, 46, 75, 81, 96, 173, 281

Leitura L10Objetivos e descritores de desempenho Páginas (Guia do Professor)

7. Ler e interpretar textos de diferentes géneros e graus de complexidade.

1. Identificar o tema dominante, justificando. 33, 43, 49, 64, 70

2. Fazer inferências, fundamentando. 33, 36, 43, 49, 64, 70, 112, 115, 118, 221, 266, 297, 301, 334

3. Explicitar a estrutura do texto: organização interna. 33, 36, 49

4. Explicitar o sentido global do texto, fundamentando. 36, 70, 75, 88, 130, 297, 322

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Objetivos e descritores de desempenho Páginas (Guia do Professor)

5. Relacionar aspetos paratextuais com o conteúdo do texto. 33, 36, 70, 297

6. Explicitar, em textos apresentados em diversos suportes, marcas dos seguintes géneros: relato de viagem, artigo de divulgação científica, exposição sobre um tema e apreciação crítica.

26, 33, 36, 43, 49, 81, 130, 221

8. Utilizar procedimentos adequados ao registo e ao tratamento da informação.

1. Selecionar criteriosamente informação relevante. 30, 49, 62, 96, 114, 115, 118, 146, 148, 149, 184, 186, 212, 214, 216, 264, 266, 322, 332, 334, 346

2. Elaborar tópicos que sistematizem as ideias-chave do texto, organizando-os sequencialmente.

66, 146, 148, 186, 212, 216, 264, 288, 332

9. Ler para apreciar criticamente textos variados.

1. Exprimir pontos de vista suscitados por leituras diversas, fundamentando. 103, 136, 184, 227, 341, 346

2. Analisar a função de diferentes suportes em contextos específicos de leitura. 43

Escrita E10Objetivos e descritores de desempenho Páginas (Guia do Professor)

10. Planificar a escrita de textos.

1. Pesquisar informação pertinente. 40, 52

2. Elaborar planos: a) estabelecer objetivos; b) pesquisar e selecionar informação pertinente; c) definir tópicos e organizá-los de acordo com o género de texto a produzir.

40, 52

11. Escrever textos de diferentes géneros e finalidades.

1. Escrever textos variados, respeitando as marcas do género: síntese, exposição sobre um tema e apreciação crítica.

40, 46, 52, 64, 114, 123, 148, 159, 188, 224, 248, 251, 312, 318, 351

12. Redigir textos com coerência e correção linguística.

1. Respeitar o tema. 40, 52, 84, 94, 136, 159,188, 242

2. Mobilizar informação adequada ao tema. 40, 52, 84, 94, 123, 136, 159, 242

3. Redigir um texto estruturado, que reflita uma planificação, evidenciando um bom domínio dos mecanismos de coesão textual com marcação correta de parágrafos e utilização adequada de conectores.

27, 40, 52, 84, 114, 148, 159, 188, 283, 312, 351

4. Mobilizar adequadamente recursos da língua: uso correto do registo de língua, vocabulário adequado ao tema, correção na acentuação, na ortografia, na sintaxe e na pontuação.

27, 40, 46, 52, 94, 114, 188

5. Observar os princípios do trabalho intelectual: identificação das fontes utilizadas; cumprimento das normas de citação; uso de notas de rodapé; elaboração da bibliografia.

52, 123

6. Explorar as virtualidades das tecnologias de informação na produção, na revisão e na edição do texto.

27, 52

13. Rever os textos escritos.

1. Pautar a escrita do texto por gestos recorrentes de revisão e aperfeiçoamento, tendo em vista a qualidade do produto final.

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Projeto de Leitura

Para quem gosta de livros sobre viagens reais…

• Almeida Faria, O Murmúrio do Mundo: A Índia Revisitada (2012)Obra em que Almeida Faria relata a sua extraordinária viagem à Índia. O livro encontra-se estrutu-rado em quatro partes: Partida, Goa, Cochim, Regresso. Poderás ler excertos nas pp. 33 e 36.

• Peter Carey, O Japão é um Lugar Estranho (2004)Obra em que o autor dá a conhecer, em registo de reportagem, um percurso feito pela cidade de Tóquio com o seu filho adolescente, refletindo sobre o universo da “manga” e sobre a influência da cultura popular japonesa nos jovens ocidentais.

• Bruce Chatwin, Na Patagónia (1977)Bruce Chatwin relata as suas viagens pela remota Patagónia (América do Sul), articu-lando a descrição de locais da fascinante Terra do Fogo com a narração de histórias intrigantes.

• Raul Brandão, As Ilhas Desconhecidas (1926)Relato de uma viagem feita aos arquipélagos da Madeira e dos Açores, em que Raul Brandão descreve a beleza natural das ilhas e reflete sobre a condição social dos seus habitantes. Poderás ler um excerto na p. 56.

• Marco Polo, Viagens (séc. XIII) [excertos escolhidos]Obra em que Marco Polo relata detalhadamente as suas viagens pelo Oriente, descre-vendo as “maravilhas do mundo” e transmitindo informação sobre costumes e conhe-cimentos geográficos e mercantis.

Para quem prefere viagens imaginadas…

• Claudio Magris, Danúbio (1986)Romance cujo tema central é uma viagem através do grande rio europeu, o Danúbio (atraves-sando a Alemanha, a Áustria, a Hungria, a antiga Jugoslávia, a Roménia e a Turquia), e, a partir dela, a jornada através da história e do imaginário do continente europeu.

• Italo Calvino, As Cidades Invisíveis (1972)Romance em que se narra uma história ocorrida no século XIII, altura em que Marco Polo chega ao império de Kublai Khan, e em que, em diálogo com este, descreve deta-lhadamente cinquenta e cinco cidades por que passou.

• Jonathan Swift, Viagens de Gulliver (1726)Romance em que se narram as incríveis viagens de Gulliver, desde o momento em que naufraga até ao seu regresso a casa, passando pela ilha dos minúsculos lilliputianos, pela terra dos gigantes, por uma ilha flutuante e pela terra dos cavalos inteligentes.

O Projeto de Leitura, assumido por cada aluno, pressupõe a leitura, por ano, de uma ou duas obras de literaturas em língua portuguesa ou traduzidas para português.

Apresenta-se abaixo a lista de obras destinadas ao Projeto de Leitura de 10.º ano. Para facilitar a escolha, os livros encontram-se agrupados por temas ou por modos literários.

Ao longo do manual encontrarás alguns textos e excertos de livros do Projeto de Leitura assinalados com o ícone PL , que se relacionam tematicamente com as obras em estudo.

Guia do Professor

PL Encontram-se disponíveis mate-riais de apoio ao Projeto de Leitura nos Recursos do Projeto e no Caderno do Professor (versão impressa).

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Unidade 2 | Poesia trovadoresca

Lê o texto seguinte. Em caso de necessidade, consulta um dicionário.

Jordi Savall: quando a música é só estética, acaba-se em Auschwitz 27-01-2010

Jordi Savall, líder do Hespèrion XXI, esteve no sábado em Santiago do Cacém, num concerto raro. Em entrevista ao Ípsilon, argumenta que “a música e a cultura” são as únicas portas que ainda podem promover o diálogo entre os povos. “Todas as outras – políticas, sociais, violentas – foram um fracasso.”

Jordi Savall conta isto no encore: ao apresentar “A la una yo naci”, música sefardita, em concertos na Turquia ou na Grécia, houve espectadores a reivindicar a peça como fazendo parte da sua tradição musical. “Cada um de nós pensa que a sua música é única e isso impede--nos de ver a beleza da música dos outros”, diz o maestro do Hespèrion XXI e da Capella Reial de Catalunya.

Com Pedro Estevan nas percussões, Savall protagonizou com a sua viola de gamba, um rebab e uma lira de arcco, no sábado passado, um concerto raro na Igreja Matriz de Santiago do Cacém. Foi na abertura do 6.º Festival Terras Sem Sombra, promovido pelo Departamento do Património Histórico e Artístico da Diocese de Beja e produzido pela Arte das Musas. O alinhamento de “Oriente – Ocidente” baseou-se no disco com o mesmo título e em Istanbul, projeto de 2009. […]

Orient – Occident, como outros discos seus, traduz a herança de Sefarad, do Al-Andaluz, de Bizâncio. Escreve que a música pode ser um antídoto espiritual contra o conflito ou, como diz Amin Maalouf, um diálogo das almas. É o que busca com o seu trabalho?

A música é sempre fonte de diálogo. Para fazer música, tem de haver diálogo com os mú-sicos, com o público. Creio no poder da música, porque o vivo cada dia. Quando é profunda, emocionante, bela, a música pode mudar-nos. Aqueles que têm o privilégio de se expressar com a música têm a responsabilidade de mostrar que a linguagem musical do Oriente e do Ocidente era comum, que não havia a separação enorme que há hoje. Que, há muito tempo, especialmente na Península Ibérica, a linguagem destas culturas era muito próxima. Cada uma tinha o seu estilo, a sua expressão, a sua língua, os seus ritmos e modos. Mas todas as culturas medievais trabalhavam sobre a mesma base da melodia ornamentada, do ritmo da dança e das estruturas de improvisação. […]

No Ocidente, sempre houve como que uma contaminação entre o sacro e o profano. E no Oriente?

É igual, mas não diria uma contaminação, antes um enriquecimento. A maioria das músi-cas começa sempre como linguagem espiritual e depois lúdica; isso mesclou-se sempre. A música é o que dá sentido ao ser humano. Um bebé, quando nasce, não compreende

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Arcaísmos e neologismos

1. Completa o verbete de arcaísmo com as palavras indicadas.

2. Da seguinte lista de palavras assinala aquelas que atualmente são arcaísmos. Em caso de necessidade, consulta um dicionário.

• vetustez• ca• semel• madre• refrigério

• velida• pingarelho• mopa• carqueja • belífero

• relicário• coita• canastro• fiúza• xerém

• luscar• gamo• louçana• liteiro• samicas

2.1. Associa os arcaísmos identificados aos significados que se apresentam abaixo.

a. dor, desgosto: e. geração, descendência:

b. bela: f. jogar, divertir-se:

c. porque: g. talvez:

d. confiança, fé: h. formosa:

3. Lê os seguintes excertos jornalísticos retirados do semanário Expresso.

a. “Insinceridade” ainda não existe como palavra, mas alastra como prática.

b. Paulo Pena navega com facilidade por entre conceitos como “imparidade”, “alavancagem” e “ securiti-zação”, […] “banca-sombra” ou “bancocracia”.

c. Bruno de Carvalho quer Godinho Lopes na AG para dissecar “verdades e inverdades”.

3.1. Sublinha os neologismos existentes nos excertos.

3.2. Explica como foram formados esses neologismos e explicita o seu significado.

a.

b.

c.

Arcaísmo

Palavra ou expressão que entrou em a. numa língua. O b. pode ter um efeito estilístico quando ocorre para recuperar a virtualidade de um termo c. . Tal acontece na literatura, quando um escritor insiste em não deixar morrer um termo d. que lhe é caro por algum motivo. O romance histórico convencio-nal tem necessidade de recuperar a linguagem da e. através de f. que asseguram a cor local.

Carlos Ceia, in e-Dicionário de Termos Literários (EDTL), http://www.edtl.com.pt> [Consult. 03-01-2014, adaptado]

arcaísmos desuso época arcaísmo antigo (2x)

Manual, pp. 164-165

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Excerto

A Índia e Bombaim

Assim que se apagou o sinal de apertar cintos de segurança, houve quem desatasse a cami-

nhar coxia abaixo coxia acima, e a mais original das passageiras ensaiou até uns exercícios físi-

cos, indiferente a sedentários sorrisos.

Avançando contra o suposto sentido do sol ao voarmos para leste, adiantamos os relógios,

o dia desaparece mais depressa, tempo e espaço, medidas para mim um tanto mágicas, ficam

semibaralhadas. A seguir ao almoço era noite, mas a trepidação em certos percursos e a difi-

culdade do meu corpo em saltar fusos horários sabotaram-me o sono. Por isso, nos vagares da

travessia, observei os meus vizinhos indianos e as suas crianças bem arranjadas, quase dema-

siado bem-comportadas, sem se agitarem nem falarem alto. Uma pré-adolescente indiana le-

vava preso ao cabelo, em estilo cerimonioso, um fio com argolas claras que pareciam de prata

e, no pulso, uma espécie de rosário com dezenas de pequenas contas em madeira, quem sabe

se para obter a proteção de Brahma, criador e energia do mundo, ou de qualquer outra dos

milhões de divindades dessa Índia onde, diz-se, são tantas quantos os humanos porque cada

um tem a sua.

Sem conseguir dormir, fui lendo sobre a cidade onde em breve aterraríamos. Segundo

uma etimologia aparentemente óbvia embora errónea, o nome Bombaim provinha da expres-

são portuguesa “Boa Baía”, transformada pelos ingleses em Bombay por julgarem tratar-se de

uma baía (bay). Na verdade, Bombaim não era baía, era uma série de sete ilhas e ilhotas pan-

tanosas agora ligadas. No ano cento e cinquenta da nossa era, Ptolomeu chamara-lhe Hepta-

násia, por causa das sete ilhas que os hindus apelidaram de Mumbai invocando talvez a deusa

Mumba para que ela lhes concedesse a segurança da terra firme. À cautela deram uma ajuda à

deusa, construindo sucessivos aterros, paredões, canais e diques. Os quais, contudo, na esta-

ção das chuvas, não impedem as águas de incharem e inundarem casas, ruas e bairros.

Almeida Faria, O Murmúrio do Mundo: A Índia Revisitada, Lisboa, Tinta-da-China, 2010 [pp. 26-27]

Tópicos de reflexão • Representação do quotidiano (os aspetos da cultura indiana: a apresentação cuidada

das crianças; a crença em várias divindades, as características de Bombaim).

• Relato de viagem (o tema da viagem conjugado com a descrição de especificidades culturais e geográficas da Índia; o discurso pessoal).

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Apreciação crítica (de pintura)

1. Observa atentamente o quadro abaixo, pintado por José Malhoa e intitulado Lavadouro (na mata).

1.1. Analisa a imagem, preenchendo o quadro abaixo com tópicos. Em caso de necessidade, pesquisa informação sobre a obra e o autor em livros de arte e/ou na internet.

Informação sobre a pintura (descrição sucinta e comentário crítico)

Suporte e dimensões Tema representado Técnicas de composição

Descrição sucinta Descrição sucinta Descrição sucinta

• • •

Comentário crítico Comentário crítico Comentário crítico

• • •

Informação sobre o pintor

José Malhoa, Lavadouro (na mata), 1922

Manual, pp. 40-41

José Malhoa, Lavadouro (na mata), 1922

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4. Projeto de Leitura

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Faria, Almeida O Murmúrio do Mundo: A Índia Revisitada (2012)Sinopse

“O viajante ocidental que pela primeira vez chega a Goa e Cochim en-frentará provavelmente a vertigem do caos à sua volta e dentro de si. Quando começa a familiarizar-se com a estonteante exuberância e com as contradições coexistentes, quando julga começar a entender a complexi-dade das castas, dos cultos e costumes tão diferentes, quando começa a fixar nomes, imagens, atributos dos deuses, tudo lhe foge de súbito, tudo se torna de novo confuso, como se o véu de Maia voltasse a cobrir a inde-cifrável irrealidade da Índia real.” (Da obra)

http://www.fnac.pt/O-Murmurio-do-Mundo-Almeida-Faria/a552808 [Consult. 10-02-2015]

[N]otável relato dessa viagem [à Índia] partilhada com Bárbara Assis Pacheco, cujas

belas ilustrações criam uma espécie de narrativa visual que se intromete na narrativa literá-

ria e a complementa. […] Enquanto deambula por Goa e Cochim, Almeida Faria evoca a

origem e etimologia das cidades, explica como o hinduísmo e o cristianismo se contamina-

ram, demora-se na descrição de rituais religiosos e sobretudo dá-nos a ver, com extraordi-

nária clareza, as maravilhas arquitetónicas que lhe vão sendo reveladas […]. A dado passo,

Almeida Faria enumera lugares com “nomes de pura música”: Pangim, Banguelim, Bicho-

lim, Morombim, Panelim, entre outras que acabam em ‘im’ . Mas pura música é também a

sua prosa, que alia uma trabalhada fluidez a uma notável precisão vocabular (no caos do

trânsito, por exemplo, identifica um “frenesim buzinante”; na fachada austera de uma

igreja, “nódoas negras de bolor”).

José Mário Silva, http://www.wook.pt/ficha/o-murmurio-do-mundo/a/id/12445572

[Consult. 05-02-2015, com supressões]

Almeida Faria fez a sua viagem à Índia e chamou ao livro que dela resultou O Mur-múrio do Mundo (ilustrado por Bárbara Assis Pacheco). É uma ideia própria do roman-

tismo, a de um rumor do mundo que os românticos se propunham decifrar e traduzir.

[...]

O filtro da distância reflexiva está quase sempre presente, e é ela que determina o

tom elegante e subtil da prosa.

António Guerreiro, http://livrariapodoslivros.blogspot.pt/2012/02/o-murmurio-do-mundo.html

[Consult. 05-02-2015, com supressões]

Sobre a obra

ENC10CP_20142838_F15_3P_CImg.indd 229 16/03/2015 10:33Todos os materiais do Caderno do Professor estão também disponíveis em formato editável, fotocopiável e projetável nos Recursos do Projeto .

ENC10EPI_20142840_CAP_3P.indd 2 3/20/15 11:12 AM

Page 5: e-Manual Premium - Abre Horizontes- Porto Editora · PDF fileOo com a pen drive DISPENSA LIGAÇÃO À INTERNET OFERTA AO PROFESSOR no seu tablet e-Manual Premium Simples. Completo

Caderno de AtividadesEstrutura-se em três momentos:

1. Gramática • exercícios organizados por

conteúdos

2. Leitura | Gramática • exercícios centrados em textos

não literários relacionados com as unidades e com tipologia de Exame

3. Escrita • atividades de produção escrita

dos géneros textuais preconizados pelo Programa

Soluções para todas as atividades

2 e-Manual PremiumVersão digital do manual com acesso aos recursos do projeto em contexto.

Caderno de Atividadesenriquecido com exercícios interativos em contexto

Recursos áudio e vídeo (24) explorados em atividades do manual

PowerPoint® didáticos (29) que apoiam o desenvolvimento das unidades/atividades do manual

Materiais editáveis, fotocopiáveis e projetáveis• Planificações de unidade• Planos de aula• Projeto de Leitura• Testes de avaliação• Materiais de apoio

O acesso à versão definitiva do E-manual Premium é exclusivo do Professor adotante e estará disponível a partir de setembro de 2015.

e-Manual do Aluno O acesso ao e-Manual do Aluno é disponibilizado, gratuitamente, na compra do manual em papel, no ano letivo 2015-2016, e poderá ser adquirido autonomamente através da Internet.

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NOVIDADE

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Momentos informativos

• Fichas de Informação e Aplicação intercaladas nas subunidades, sistematizam os conteúdos textuais e gramaticais previstos para o 10.° ano

Estrutura das fichas:• Observação de casos• Informação e exemplos • Exercícios de aplicação

• Caixas informativas, integradas nas subunidades, explicitam e exemplificam os conteúdos abordados

• Síntese Informativa, no final do manual, esquematiza os conteúdos de gramática, recursos expressivos e termos literários

Ao longo do manual, são feitas remissões oportunas para estes momentos informativos.

Guia do Professor nas margens laterais do manual

• apresentação dos descritores de desempenho das Metas Curriculares MC

• resolução de todos os exercícios• informação sobre obras e autores• sugestão de outras atividades• remissão para os vários

componentes do projeto• transcrição de textos gravados

CD Áudio33 faixas Textos ditos por atores de teatroAna Celeste Ferreira | Emília Silvestre | Fernando Moreira | José Eduardo Silva | Manuel Tur

Programa e Metas Curriculares• Transcrição do documento oficial

• Páginas iniciais com identificação dos momentos do projeto em que se cumpre o Programa e as Metas

4

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Projeto de Leitura PLDe acordo com o novo Programa, os alunos devem ler um ou dois livros de uma lista de 40 obras.

O Projeto de Leitura é abordado sob diversas formas:• apresentação sumária da lista das

obras e proposta de atividades na Unidade 0

• exploração de excertos, em articulação com os conteúdos de Educação Literária

• informação sobre todas as obras com excertos e tópicos de reflexão no Caderno do Professor

Caderno do Professor• Estrutura do projeto

• Planificações de unidade

• Planos de aula para todo o ano letivo

Os Planos de aula apresentam sugestões de articulação de todas as atividades com subunidades do manual.

• Testes de avaliação com estrutura de Exame Nacional e

grelhas de correção e classificação

• Projeto de Leitura informações sobre as obras e

excertos com tópicos de reflexão

• Materiais de apoio – Oralidade | Escrita | Leitura | Educação Literária

• grelhas de análise e guiões de produção dos géneros textuais

• textos dos géneros textuais trabalhados no 10.° ano

• materiais de apoio às atividades propostas no manual

3Estrutura das unidades

As unidades 2 a 7 centram-se na abordagem dos conteúdos literários e apresentam uma dinâmica regular:• Separador• Contextualização

histórico-literária• Texto analisado*• Subunidades• Síntese da unidade*

• Teste formativo*

* Complementados por apresentações em PowerPoint®.

ManualO manual Encontros respeita integralmente o novo documento normativo da disciplina – Programa e Metas Curriculares de Português (2014).

Estrutura do manual

0. Diagnóstico e Projeto de Leitura• diagnose dos vários domínios e apresentação do Projeto de Leitura

1. Compreender e produzir géneros textuais*• anúncio publicitário, reportagem, documentário, artigo de divulgação científica,

relato de viagem, apreciação crítica, síntese, exposição sobre um tema

O trabalho dos conteúdos desta unidade permite duas abordagens: • de forma autónoma e sequencial• integrando as suas subunidades nas restantes unidades

2. Poesia trovadoresca• 9 cantigas de amigo, 4 cantigas de amor, 4 cantigas de escárnio e maldizer

3. Fernão Lopes, Crónica de D. João I• 3 excertos (capítulos 11, 115, 148)

4. Gil Vicente, Farsa de Inês Pereira | Auto da Feira• 2 obras integrais

5. Luís de Camões, Rimas• 8 redondilhas, 14 sonetos

6. Luís de Camões, Os Lusíadas• todas as estâncias referidas no Programa

7. História Trágico-Marítima• 4 excertos

Síntese Informativa• gramática, recursos expressivos e termos literários

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Caderno de Atividades2 e-Manual Premium (exclusivo para o Professor)6

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Re�exões do poeta

Oralidade | Leitura

1. Observa o cartoon abaixo, que entra em diálogo com a pintura Os Girassóis, de Van Gogh.

1.1. Interpreta o cartoon, explicitando a sua possível intenção crítica.

2. Lê agora o artigo jornalístico a seguir apresentado.

Porque continuamos a não consumir Cultura? Falta de educação e dinheiro

CLÁUDIA CARVALHO | 24/11/2013

Vamos menos ao cinema, quase não vamos a bibliotecas públicas nem visita-mos museus. A espetáculos de teatro, dança ou ópera vamos muito pouco; só a concertos, de vez em quando. Não temos grande interesse em ler um livro, nem costumamos visitar monumentos. Mas vemos e ouvimos muita televisão e rádio.

-mos representados no inquérito do Eurobarómetro sobre a participação em ativi-dades culturais na União Europeia. Nele, Portugal surge ao fundo da tabela, ao

– tal como os romenos ou os búlgaros – quase não se envolveram no último ano em atividades culturais. A crise económica explica parte dos números mas diz--nos quem conhece o meio que o problema está muito para além disso. Falta es-timular o ensino cultural nas escolas. Falta os decisores políticos, e a sociedade em geral, olharem para a cultura como um bem essencial. E falta um maior inves-timento.

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Hui Xiaoyoung, in Juventude, Desporto, Paz e Tolerância – Festival Internacional de Cartoon, Turquia, 2012

Vincent van Gogh, Os Girassóis, 1888

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6. Luís de Camões, Os Lusíadas

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3. Considerando os elementos analisados a propósito das estâncias 145 a 156, re�ete com os teus colegas sobre a situação da arte e da cultura na sociedade.

Poderás abordar os seguintes tópicos: • valorização da arte e dos artistas, segundo a perspetiva camoniana; • hábitos culturais e formas de ocupação dos tempos livres.

Organiza o debate, respeitando as seguintes etapas: – divisão da turma em grupos, tendo em conta a posição assumida; – escolha de um moderador para gerir as intervenções dos grupos; – preparação do ponto de vista a defender com base nos argumentos

que justi�cam as tomadas de posição.

Estas são as principais conclusões que se tiram depois de se ouvirem vários nomes reconhecidos da área. Há quem se surpreenda com os números, quem já estivesse à espera destes dados por estarem em linha com a tendência dos últi-mos anos e quem questione a forma como o inquérito da Comissão Europeia foi realizado. Mas há um adjetivo que todos repetem: “preocupante”.

Sermos tão pouco ativos culturalmente é preocupante e é preciso perceber o que está a acontecer com a Cultura em Portugal. O que implica também questio-

portugueses são dos cidadãos da União Europeia com menores taxas de partici-pação em atividades culturais? Porque é que Portugal, por exemplo, é o país onde há maior falta de interesse pela leitura? E porque é que só 6% dos inquiridos, em Portugal, tem uma atividade cultural frequente? A média europeia não é particu-larmente alta mas as diferenças são grandes, como é o caso da Suécia (43%), da Dinamarca (36%) e dos Países Baixos (34%), onde os cidadãos descrevem a sua taxa de participação como elevada ou muito elevada. Na vizinha Espanha esta taxa é de 19%. Qual é então o problema dos portugueses?

“É uma questão de educação”, diz ao Público Paulo Cunha e Silva, programa-dor cultural e novo vereador da Cultura da Câmara do Porto, que acredita que em Portugal “não se cultiva a Cultura”. “De pequenino se torce o pepino. Este ditado

criar hábitos culturais e isso não acontece”, defende Cunha e Silva, que deste Eu-robarómetro se surpreendeu mais com a fraca adesão às salas de cinema.

Os dados do inquérito revelam que 71% dos cidadãos portugueses não foram uma única vez ao cinema nos últimos 12 meses – uma diferença de quatro pontos percentuais quando comparado com os dados de 2007 (ano do último Eurobaró-metro sobre a participação em atividades culturais). Segundo os últimos resulta-dos divulgados pelo Instituto do Cinema e Audiovisual (ICA), de janeiro até outu-bro registaram-se menos 1,2 milhões de espectadores nas salas de cinema portuguesas, o que representa uma quebra de 10,6% em relação ao mesmo pe-ríodo de 2012. A queda já vem do ano passado mas em 2013 tem vindo a acen-tuar-se. […]

in Público.pt, disponível em http://www.publico.pt/culturaipsilon/noticia/quando-foi-a-ultima-vez-que- wollof/#2=egap?7503161-uesum-mu-atisiv-oan-opmet-otnauq-ah-e-ortaet-oa-e-amenic-oa-iof-

[Consult. 28-09-2014, com supressões]

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e-Manual do Aluno7

espacoprofessor.ptExperimente em

Programa e Metas Curriculares5CD Áudio4Manual + Guia do Professor (nas margens laterais do manual)

1 Caderno do Professor3

Meados Séc. XV

Fernão LopesCrónica de D. João I(c. 1450)

Final Séc. XIIa meados Séc. XIV

Poesia trovadoresca

Primeira metade Séc. XVI

Gil VicenteFarsa de Inês Pereira(1523)Auto da Feira(1527)

Segunda metade Séc. XVI

Luís de CamõesRimas (1595)Os Lusíadas (1572)

Segunda metade Séc. XVI e XVII

História Trágico-Marítima(1552-1602)

Contextualização

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Leitura | Oralidade | Educação Literária | Escrita

1. Nesta unidade vais ler, analisar e apreciar cantigas trovadorescas galego-portuguesas. Lê o texto abaixo, em que se apresentam dados gerais sobre estas cantigas.

Cantigas trovadorescas galego-portuguesas

As cantigas trovadorescas galego-portuguesas são um dos patrimónios mais ricos da

Idade Média peninsular. Produzidas durante o período, de cerca de 150 anos, que vai,

genericamente, de finais do século XII a meados do século XIV, as cantigas medievais

situam-se, historicamente, nos alvores das nacionalidades ibéricas, sendo, em grande

parte, contemporâneas da chamada Reconquista Cristã, que nelas deixa, aliás, numero-

sas marcas. Tendo em conta a geografia política peninsular da época, que se caracteri-

zava pela existência de entidades políticas diversas, muitas vezes com fronteiras voláteis

e frequentemente em luta entre si, a área geográfica e cultural onde se desenvolve a arte

trovadoresca galego-portuguesa (ou seja, em língua galego-portuguesa) corresponde,

latamente, aos reinos de Leão e Galiza, ao reino de Portugal, e ao reino de Castela (a

partir de 1230 unificado com Leão).

Nas origens da arte trovadoresca galego-portuguesa está, indiscutivelmente, a arte

dos trovadores provençais, movimento artístico nascido no sul de França em inícios do

século XII, e que rapidamente se estende pela Europa cristã. Compondo e cantando já

em língua falada (no caso, o occitânico1) e não mais em latim, os trovadores provençais,

através da arte da canso2 […], definiram os modelos e padrões artísticos, mas também

genericamente culturais, que se irão tornar dominantes nas cortes e casas aristo-

cráticas europeias durante os séculos seguintes. Acompanhando, pois, sem dúvida, um

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Representação de um torneio de trovadores, in Códice Manesse, c. 1305-1340 [frag.]

Guia do Professor

Leitura | Oralidade | Educação LiteráriaMC

L8.1. Selecionar criteriosamente in-formação relevante.O5.1. Produzir textos seguindo tópi-cos fornecidos. O5.3. Produzir textos linguisticamen-te corretos, com diversificação do vo-cabulário e das estruturas utilizadas. O6.1. Produzir os seguintes géneros de texto: síntese […]. O6.2. Respeitar as marcas de género do texto a produzir. EL16.1. Reconhecer a contextualiza-ção histórico-literária nos casos pre-vistos no Programa.

Sugestão:Base de dados online Cantigas Medie-vais Galego-Portuguesas, http://canti-gas.fcsh.unl.pt/index.asp [Consult. 25-10-2014]

Esta base de dados disponibiliza:• a totalidade das cantigas medievais

presentes nos cancioneiros galego--portugueses;

• as imagens dos manuscritos;• a música (quer a medieval, quer as

versões ou composições originais contemporâneas que tomam como ponto de partida os textos das can-tigas medievais);

• informação sucinta sobre os autores, as personagens e os lugares referi-dos nas cantigas;

• a “Arte de Trovar” (tratado de poéti-ca trovadoresca que abre o Cancio-neiro da Biblioteca Nacional).

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2. Poesia trovadoresca

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1.1. Reproduz o esquema abaixo no teu caderno e completa-o, de acordo com a informa-ção apresentada no texto.

1.1.1. Com base no esquema, faz uma síntese oral do texto.

Ao produzires a tua síntese, deves ter o cuidado de:

• mobilizar informação relativa ao contexto de produção e de transmissão das cantigas;

• diversificar o vocabulário e as estruturas frásicas;

• usar conectores adequados, que evidenciem: – a relação entre o contexto espacial e temporal da produção das cantigas

e a sua origem; – a relação entre o contexto de produção e o contexto de transmissão das

cantigas.

movimento europeu mais vasto de adoção dos modelos occitânicos, a arte trovadoresca

galego-portuguesa assume, no entanto, características muito próprias […] e que a dis-

tinguem de forma assinalável da sua congénere provençal, desde logo pela criação de

um género próprio, a cantiga de amigo.

No total, e recolhidas em três grandes cancioneiros (o Cancioneiro da Ajuda, o Can-cioneiro da Biblioteca Nacional e o Cancioneiro da Biblioteca Vaticana), chegaram até

nós cerca de 1680 cantigas profanas ou de corte, pertencentes a três géneros maiores

(cantiga de amor, cantiga de amigo e cantiga de escárnio e maldizer), e da autoria de

cerca de 187 trovadores e jograis. Da mesma época e ainda em língua galego-portu-

guesa, são também as Cantigas de Santa Maria, um vasto conjunto de 420 cantigas reli-

giosas, de louvor à Virgem e de narração dos seus milagres, atribuíveis a Afonso X.

Graça Videira Lopes et al. (2011), Cantigas Medievais Galego-Portuguesas [base de dados online], Lisboa, Instituto de Estudos Medievais, FCSH/NOVA,

in http://cantigas.fcsh.unl.pt. [Consult. 25-20-2014]

1. occitânico: conjunto de línguas faladas no sul de França. 2. canso: composição poética que trata do amor cortês.

Ver Síntese, p. 46

Tempoa.

Cantigas profanas

d.

Espaçob.

Cantigas religiosas

e.

Cantigas trovadorescas galego-portuguesas

Origemc.

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Contexto de produção Contexto de transmissão escrita

Guia do Professor1.1. a. Entre finais do século XII e meados do século XIV/época do nas-cimento das nacionalidades ibéricas e da Reconquista Cristã.b. Reinos de Leão e Galiza, reino de Portugal, reino de Castela.c. Arte dos trovadores provençais.d. Cancioneiro da Ajuda, Cancioneiro da Biblioteca Nacional, Cancioneiro da Vaticana.e. Cantigas de Santa Maria.

PDFGuião de produção de síntese oral disponível nos Recursos do Projeto e no Caderno do Professor – Materiais de Apoio (versão impressa).

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Cantigas de amigo

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Educação Literária

1. Lê a informação seguinte acerca de D. Dinis, o autor da cantiga de amigo “Ai flores, ai flores do verde pino”.

2. Lê, agora, a cantiga de amigo, em que a natureza desempenha uma função de relevo.

Ai flores, ai flores do verde pino– Ai flores, ai flores do verde pino1,

se sabedes2 novas3 do meu amigo!

Ai Deus, e u é4?

Ai flores, ai flores do verde ramo,

se sabedes novas do meu amado!

Ai Deus, e u é?

Se sabedes novas do meu amigo,

aquel que mentiu do que pôs5 comigo!

Ai Deus, e u é?

Se sabedes novas do meu amado,

aquel que mentiu do que mi á jurado6!

Ai Deus, e u é?

[– Vós me preguntades7 polo8 voss’amigo,

e eu bem vos digo que é san’9 vivo.

Ai Deus, e u é?]

Vós me preguntades polo voss’amado,

e eu bem vos digo que é viv’e sano.

Ai Deus, e u é?

E eu bem vos digo que é san’e vivo

e seera vosc’10 ant’11 o prazo saído12.

Ai Deus, e u é?

E eu bem vos digo que é viv’e sano

e seera vosc’ant’o prazo passado.

Ai Deus, e u é?

D. Dinis in Elsa Gonçalves, Maria Ana Ramos, Op. cit. [p. 292]

Informação

D. Dinis (1261-1325) foi o sexto rei de Portugal e ficou conhecido como “O Lavrador” – pelo grande impulso que deu à agricultura e pela ampliação do Pinhal de Leiria –, e “O Poeta” – pelo amor que tinha às artes e às letras e pela obra literária que deixou e que o notabilizou como trovador. A ele se deve a criação dos Estudos Gerais de Lisboa, que viriam a dar origem à Universidade Portuguesa.

D. Dinis

1. pino: cristas floridas dos pinheiros, na primavera. 2. sabedes: sabeis (dizei-me se sabeis). 3. novas: novidades; notícias. 4. e u é: e onde está. 5. mentiu do que pôs: mentiu sobre o que combi-nou. 6. mi á jurado: me jurou. 7. preguntades: perguntais. 8. polo: pelo. 9. san’: são; bem de saúde. 10. vosc’: convosco. 11. ant’: antes de. 12. saído: terminado; passado.

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Edward Burne-Jones, Sarça Ardente, 1882-1898

Guia do Professor

Educação LiteráriaMC

EL14.2. Ler textos literários portugue-ses de diferentes géneros, pertencen-tes aos séculos XII a XVI. EL14.4. Fazer inferências, fundamen-tando.EL14.6. Explicitar a estrutura do texto: organização interna. EL14.7. Estabelecer relações de senti-do: a) entre as diversas partes constitu-tivas de um texto; b) entre característi-cas e pontos de vista das personagens.EL14.8. Identificar características do texto poético no que diz respeito a: a) estrofe (dístico […]); d) paralelismo (cantigas de amigo); e) refrão. EL14.9. Identificar e explicitar o valor dos recursos expressivos menciona-dos no Programa.

Edward Burne-Jones (1833-1898)• Artista e designer inglês, represen-

tante maior da segunda geração de Pré-Rafaelitas

• Fascinado pela Idade Média e pelos grandes mestres italianos

• Evoca, em muitas das suas obras, te-mas bíblicos e da mitologia greco--latina

1. Sugestão:

PDFA propósito da dupla faceta de D. Di-nis (“O Lavrador” e “O Poeta”) e da de-signação “Pinhal do Rei”, poderá ser lido e analisado o poema “D. Dinis” (in Mensagem, Fernando Pessoa). Este poema encontra-se disponível nos Recursos do Projeto e no Caderno do Professor, na secção Materiais de Apoio (versão impressa).

Está disponível no CD áudio a leitura expressiva desta cantiga, que serve de base à ficha de Informação e Aplicação sobre “Leitura em voz al-ta” (p. 72).

2. Sugestão:PL A propósito da representação li-terária da Natureza em diferentes cul-turas e da importância que determi-nados elementos naturais podem assumir enquanto motivos estéticos, pode ser lido e analisado o poema “Os viajantes da noite murmuram o teu nome” (in O Meu Coração é Árabe, org. Adalberto Alves), transcrito na p. 84.

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2. Poesia trovadoresca

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3. Esta cantiga de amigo pode dividir-se em duas partes.

3.1. Identifica-as, explicitando o assunto de cada uma delas.

4. Foca, agora, a tua atenção nos dois interlocutores da cantiga.

4.1. Identifica-os e caracteriza-os psicologicamente, fundamentando a tua resposta.

4.2. Mostra como a personificação e a apóstrofe se encontram ao serviço da caracteriza-ção do segundo interlocutor.

5. Na cantiga fala-se do “amigo” / ”amado” da donzela.

5.1. Caracteriza-o, de acordo com o ponto de vista de cada interlocutor.

6. Prova que esta cantiga obedece à técnica paralelística, mas que o processo do leixa-pren não se verifica em todas as estrofes.

7. A cantiga de amigo “Ondas do mar de Vigo” é uma paralelística perfeita.

7.1. Completa-a, no teu caderno, com os versos em falta.

Informação

A personificação é um recurso expressivo que consiste em atribuir qualidades, compor-tamentos, sentimentos e impulsos humanos a seres inanimados, a animais ou a entidades abstratas.

A apóstrofe é um recurso expressivo que consiste na interrupção do discurso para inter-pelar, através do vocativo, um destinatário (vivo ou morto, presente ou ausente, real ou fan-tástico) a que se atribuem características humanas. Produz um efeito de presentificação.Ex.: “– Ai flores, ai flores do verde pino, / se sabedes novas do meu amigo!”

Personificação e apóstrofe

Ver Síntese Informativa, p. 380

Ondas do mar de VigoOndas do mar de Vigo,

se vistes meu amigo?1

E ai Deus, se verra2 cedo!

Ondas do mar levado3,

se vistes meu amado?

a.

b. o por que4 eu sospiro?

E ai Deus, se verra cedo!

c. por que ei gram coidado5?

E ai Deus, se verra cedo!

Martim Codax in Elsa Gonçalves, Maria Ana Ramos, Op. cit. [p. 261]

1. v. 2: subentende-se dizei-me. 2. verra: virá. 3. levado: bravo; encapelado. 4. o por que: aquele por quem. 5. ei gram coidado: tenho grande preocupação.

Ver nota biográfica de Martim Codax, p. 65

Guia do Professor

3.1. Primeira parte – vv. 1-12: o sujei-to poético interpela a natureza, por-que o amigo/namorado demora a chegar ao encontro.Segunda parte – vv. 13-24: as flores do verde pino, personificadas, respon-dem ao sujeito poético, tranquilizan-do-o.4.1. Primeiro interlocutor: rapariga; saudosa do amigo, ansiosa por saber notícias dele (vv. 1-6) e zangada por pensar que ele lhe mentiu (vv. 7-12).Segundo interlocutor: flores do verde pinho; natureza humanizada, amiga, confidente e tranquilizadora (vv. 13- -24).4.2. Personificação – atribuição de estatuto humano à natureza, contri-buindo para acentuar a sua função de confidente e de entidade tranqui-lizadora.Apóstrofe – interpelação e presenti-ficação da natureza.5.1. Ponto de vista da “amiga”: na-morado ausente (vv. 2, 4) e mentiro-so (vv. 8, 11).Ponto de vista da natureza: bem de saúde (vv. 14, 17) e leal (vv. 20, 23).6. Técnica paralelística:• simetria e repetição (par de dísticos

como unidade rítmica; repetição do conteúdo da estrofe ímpar pela estrofe par; alternância da rima em i e a).

• processo do leixa-pren: não se verifi-ca do segundo par (vv. 7-12) para o terceiro par de estrofes (vv. 13-18).

7. Sugestão:

Está disponível no CD áudio a leitura expressiva desta cantiga, que é usada nos exercícios da ficha de In-formação e Aplicação sobre “Leitura em voz alta” (p. 73).7.1. a. “E ai Deus, se verra cedo!”b. “Se vistes meu amigo,”c. “Se vistes meu amado,”

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Síntese da unidade

Poesia trovadoresca

Contextualização histórico-literária

Género autóctone, cujas origens parecem remontar a uma vasta e arcaica tradição da canção em voz feminina

Género de matriz provençal, de registo aristocrático; canção em voz masculina

Género de carácter satírico, em que se faz uma crítica direta e ostensiva, identificando-se o alvo visado (cantiga de maldizer), ou subtil, sem explicitar a identidade de quem se critica (cantiga de escárnio); canção em voz masculina

Cantigas de amigo Cantigas de escárnio e maldizer

Géneros da poesia trovadoresca

• Agentes: trovadores, jograis, soldadeiras (dançarinas)

• Modalidade: cantiga (poesia cantada)

• Cancioneiros – Cancioneiro da Ajuda – Cancioneiro da Biblioteca Nacional – Cancioneiro da Vaticana

Contexto de produção

oral

• Tempo: entre finais do século XII e meados do século XIV (época do nascimento das nacionalidades ibéricas e da Reconquista Cristã)

• Espaço: reinos de Leão e Galiza, reino de Portugal, reino de Castela

• Produtores/agentes: trovadores e jograis (reis, filhos de reis, nobres, burgueses, clérigos, elementos do povo)

• Língua: galego-português

escrita

Cantigas de amor

Guia do Professor

PPTPoesia trovadoresca – Síntese da uni-dade

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2. Poesia trovadoresca

Cantigas de amigo

Cantigas de amor

Cantigas de escárnio e maldizer

Sujeito poético

Caracterização temática

Caracterização formal

Sujeito poético

Sujeito poético

Caracterização temática

Caracterização temática

Em geral, voz feminina (donzela), que se refere ao “amigo” (namorado)

Representação de afetos e emoções• Variedade do sentimento amoroso: amor, alegria/orgulho de amar e de ser amada,

ansiedade, saudade, tristeza, raiva, etc.• Confidência amorosa à natureza, à mãe, às amigas• Relação com a natureza

– natureza humanizada/personificada, com o papel de confidente– elementos naturais com valor simbólico

Ambiente (espaços, protagonistas e circunstâncias)

• Ambiente doméstico e familiar, marcado pela presença feminina (ausência do chefe de família; autoridade materna)– tarefas domésticas – ida à fonte– vida coletiva – baile, romaria

• Paralelismo (princípio da repetição e da simetria)– repetição de palavras, versos inteiros, construções ou conceitos– leixa-pren – processo de encadeamento de estrofes que consiste na retoma de versos

• Refrão: repetição de um ou mais versos no final das estrofes

Voz masculina (trovador), que se dirige à mulher amada (“senhor”), elogiando-a e/ou expressando a sua “coita de amor”

Voz masculina (trovador), que faz uma crítica, de forma direta ou velada

Representação de afetos e emoções• “Coita de amor”: sofrimento amoroso provocado pela não correspondência amorosa e que

conduz à “morte de amor”• Elogio cortês: panegírico da “senhor”, modelo de beleza e de virtude

Ambiente (espaços, protagonistas e circunstâncias)• Espaço aristocrático/ambiente palaciano (corte)• Vassalagem amorosa; obediência ao código da mesura (não revelação da identidade da

“senhor”)

Representação de afetos e emoções• Dimensão satírica

– paródia do amor cortês: crítica das regras do amor cortês de matriz provençal– crítica de costumes: deserção, cobardia de vassalos nobres em campo de batalha;

falta de dotes poéticos dos jograis

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Encontros • Português, 10.º ano • Caderno do Professor

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Materiais de Apoio – Leitura

Nome N.º Turma Data - -

Aspetos contextuais

Quem escreveu a apreciação crítica?

Quem é o eventual recetor/destinatário da apreciação crítica?

Com que finalidade(s) ou intenção(ões) a apreciação crítica foi escrita?

Qual é o meio de transmissão/suporte da apreciação crítica?

Em que área foi produzida a apreciação crítica (literatura, cinema, teatro, música, artes plásticas, etc.)?

Aspetos temáticos e

organizacionais

Qual é o objeto da apreciação crítica?

Que informação significativa é transmitida pela apreciação crítica (ao nível da descrição do objeto e do comentário crítico)?

Em quantas partes se divide a apreciação crítica? Quais são? Intitula-as.

De que forma se encadeiam os tópicos tratados?

Que marcas linguísticas são utilizadas para marcar o carácter apreciativo/depreciativo? Exemplifica.

Que aspetos paratextuais contribuem para a construção do sentido global da apreciação crítica (título e subtítulo, ilustração, outros elementos icónicos, etc.)?

Marcas específicas de género presentes

na apreciação crítica

(Ver manual, p. 54)

Grelha de análise de apreciação crítica

Título da apreciação crítica analisada:

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5. Materiais de apoio • Oralidade

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Instalações artísticas (Manual, p. 41)

Instalação da artista canadiana criada para o festival Nuit Blanche Calgary, constituída por 6000 lâmpadas que se ligam e desligam por meio de um puxador.

Instalação interativa criada para a 18.ª Bienal of Sydney, realizada no Museu de Arte Contemporânea da Austrália. A instalação ocupa o teto de duas galerias, sendo composta por centenas de “cubos voadores” de origami e tendo pontos de luz de fibra ótica equipados com sensores, que respondem ao movimento do público com motivos musicais.

Nuvem (Caitlind R. C. Brown)

Qualquer coisa pode quebrar (Pinaree Sanpitak)

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Programa – Encontros, 10.º ano

Oralidade

Compreensão do Oral

Reportagem Manual – pp. 20, 42, 301, 319

Documentário Manual – pp. 48, 81, 123, 159, 253, 288, 297-298

Anúncio publicitário Manual – pp. 32, 76, 204, 236

Expressão Oral

SínteseManual – pp. 46-47, 63, 76, 81, 96, 173, 223, 350

Apreciação crítica (de reportagem, de documentário, de entrevista, de livro, de filme, de exposição ou outra manifestação cultural)

Manual – pp. 40-41, 48, 90, 204, 246, 281

Leitura

Relato de viagemManual – pp. 33-35, 36, 81Caderno de Atividades – pp. 62-63

Artigo de divulgação científica Manual – pp. 43-45, 221-222, 259

Exposição sobre um tema Manual – pp. 49-50, 52, 62-66, 88, 96, 112-116, 146-150, 183, 186, 212-216, 264-267, 291, 318, 332-335

Apreciação crítica (de filme, de peça de teatro, de livro, de exposição ou outra manifestação cultural)

Manual – pp. 37-39, 40, 130, 354Caderno de Atividades – pp. 42-43, 48-49

Escrita

SínteseManual – pp. 46-47, 115, 149, 224, 251, 261, 291, 318Caderno de Atividades – pp. 62-65

Exposição sobre um tema Manual – pp. 52-53, 84, 94, 123, 143, 204, 209, 242, 248, 283, 312, 329Caderno de Atividades – pp. 70-73

Apreciação críticaManual – pp. 40-41, 59, 65, 159, 351 Caderno de Atividades – pp. 66-69

Educação Literária1. Poesia trovadoresca

Cantigas de amigo (escolher 4) Cantigas de amor (escolher 2) Cantigas de escárnio e maldizer (escolher 2)

Manual – pp. 60-109Caderno de Atividades – pp. 70-71

2. Fernão Lopes, Crónica de D. João I– Excertos de 2 capítulos (11, 115 ou 148 da 1.ª Parte)

Manual – pp. 110-143

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3. Gil VicenteFarsa de Inês Pereira (integral) OUAuto da Feira (integral)

Manual – pp. 144-209

4. Luís de Camões, RimasRedondilhas (escolher 4)Sonetos (escolher 8)

Manual – pp. 210-261Caderno de Atividades – pp. 70-71

5. Luís de Camões, Os Lusíadas– Visão global– A constituição da matéria épica: canto I, ests. 1 a 18; canto IX, ests. 52,

53, 66 a 70, 89 a 95; canto X, ests. 75 a 91– Reflexões do Poeta: canto I, ests. 105 e 106; canto V, ests. 92 a 100;

canto VII, ests. 78 a 87; canto VIII, ests. 96 a 99; canto IX, ests. 88 a 95; canto X, ests. 145 a 156

Manual – pp. 262-329Caderno de Atividades – p. 73

6. História Trágico-Marítima:“As terríveis aventuras de Jorge de Albuquerque Coelho (1565)” (excertos)

Manual – pp. 330-355Caderno de Atividades – p. 73

Gramática

1. O português: génese, variação e mudança

1.1. Principais etapas da formação e da evolução do português

Manual – pp. 85-87, 358Caderno de Atividades – pp. 6-8

1.2. Fonética e fonologia[processos fonológicos]

Manual – pp. 18, 100-101, 109, 163, 283, 329, 359Caderno de Atividades – pp. 9-10

1.3. EtimologiaManual – pp. 178, 183, 243, 360Caderno de Atividades – pp. 11-12

1.4. Geografia do português no mundoManual – pp. 299-301, 360-361Caderno de Atividades – pp. 13-14

2. Sintaxe

2.1. Funções sintáticas

Manual – pp. 18, 39, 59, 71, 75, 78, 108-109, 123, 124-125, 134, 143, 224, 229, 232-233, 235, 250, 261, 276, 286-287, 292, 329, 345-346, 373-375Caderno de Atividades – pp. 23-33

2.2. A frase complexa: coordenação e subordina-ção

Manual – pp. 18, 45, 51, 59, 91, 99, 154, 158, 209, 235, 250, 260, 307, 311, 317, 329, 341, 346, 355, 376-378Caderno de Atividades – pp. 34-40

3. Lexicologia

3.1. Arcaísmos e neologismosManual – pp. 18, 36, 164-165, 361Caderno de Atividades – pp. 15-16

3.2. Campo lexical e campo semânticoManual – pp. 164-165, 172, 183, 209, 248, 304, 362Caderno de Atividades – pp. 17-19

3.3. Processos irregulares de formação de pala-vras: extensão semântica, empréstimo, amál-gama, sigla, acrónimo e truncação

Manual – pp. 18, 164-165, 183, 364Caderno de Atividades – pp. 20-22

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Metas Curriculares – Encontros, 10.º ano

Oralidade O10Objetivos e descritores de desempenho Páginas (Guia do Professor)

1. Interpretar textos orais de diferentes géneros.

1. Identificar o tema dominante, justificando. 32, 42, 253

2. Explicitar a estrutura do texto. 32, 42, 79, 236, 319

3. Distinguir informação subjetiva de informação objetiva. 48, 75, 79, 123, 173

4. Fazer inferências. 32, 48, 51, 79, 126, 159, 179, 214, 228, 236, 253, 288, 297, 301, 351

5. Distinguir diferentes intenções comunicativas. 32, 75, 79, 159, 236, 297

6. Verificar a adequação e a expressividade dos recursos verbais e não verbais. 32, 75, 79, 159, 236, 246, 253

7. Explicitar, em função do texto, marcas dos seguintes géneros: reportagem, documentário, anúncio publicitário.

32, 42, 48, 75, 236, 253

2. Registar e tratar a informação.

1. Tomar notas, organizando-as. 123, 159, 176, 319

2. Registar em tópicos, sequencialmente, a informação relevante. 176, 237, 297, 319

3. Planificar intervenções orais.

1. Pesquisar e selecionar informação. 40, 346

2. Planificar o texto oral, elaborando tópicos de suporte à intervenção. 40, 46, 184, 227, 281, 346

4. Participar oportuna e construtivamente em situações de interação oral.

1. Respeitar o princípio de cortesia: formas de tratamento e registos de língua.

26, 27, 51, 136, 184, 188, 292, 322

2. Utilizar adequadamente recursos verbais e não verbais: postura, tom de voz, articulação, ritmo, entoação, expressividade.

26, 27, 40, 46, 51, 136, 163, 184, 281, 304, 322

5. Produzir textos orais com correção e pertinência.

1. Produzir textos seguindo tópicos fornecidos. 62, 92, 241, 281, 304, 347

2. Produzir textos seguindo tópicos elaborados autonomamente. 26, 90, 341

3. Produzir textos linguisticamente corretos, com diversificação do vocabulário e das estruturas utilizadas.

26, 40, 46, 62, 90, 92, 96, 103, 292, 304, 341, 347

6. Produzir textos orais de diferentes géneros e com diferentes finalidades.

1. Produzir os seguintes géneros de texto: síntese e apreciação crítica. 40, 46, 48, 62, 75, 81, 90, 96, 173, 188, 223, 246, 281

2. Respeitar as marcas de género do texto a produzir. 40, 46, 62, 75, 81, 96

3. Respeitar as seguintes extensões temporais: síntese – 1 a 3 minutos; apreciação crítica – 2 a 4 minutos.

40, 46, 75, 81, 96, 173, 281

Leitura L10Objetivos e descritores de desempenho Páginas (Guia do Professor)

7. Ler e interpretar textos de diferentes géneros e graus de complexidade.

1. Identificar o tema dominante, justificando. 33, 43, 49, 64, 70

2. Fazer inferências, fundamentando. 33, 36, 43, 49, 64, 70, 112, 115, 118, 221, 266, 297, 301, 334

3. Explicitar a estrutura do texto: organização interna. 33, 36, 49

4. Explicitar o sentido global do texto, fundamentando. 36, 70, 75, 88, 130, 297, 322

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Objetivos e descritores de desempenho Páginas (Guia do Professor)

5. Relacionar aspetos paratextuais com o conteúdo do texto. 33, 36, 70, 297

6. Explicitar, em textos apresentados em diversos suportes, marcas dos seguintes géneros: relato de viagem, artigo de divulgação científica, exposição sobre um tema e apreciação crítica.

26, 33, 36, 43, 49, 81, 130, 221

8. Utilizar procedimentos adequados ao registo e ao tratamento da informação.

1. Selecionar criteriosamente informação relevante. 30, 49, 62, 96, 114, 115, 118, 146, 148, 149, 184, 186, 212, 214, 216, 264, 266, 322, 332, 334, 346

2. Elaborar tópicos que sistematizem as ideias-chave do texto, organizando-os sequencialmente.

66, 146, 148, 186, 212, 216, 264, 288, 332

9. Ler para apreciar criticamente textos variados.

1. Exprimir pontos de vista suscitados por leituras diversas, fundamentando. 103, 136, 184, 227, 341, 346

2. Analisar a função de diferentes suportes em contextos específicos de leitura. 43

Escrita E10Objetivos e descritores de desempenho Páginas (Guia do Professor)

10. Planificar a escrita de textos.

1. Pesquisar informação pertinente. 40, 52

2. Elaborar planos: a) estabelecer objetivos; b) pesquisar e selecionar informação pertinente; c) definir tópicos e organizá-los de acordo com o género de texto a produzir.

40, 52

11. Escrever textos de diferentes géneros e finalidades.

1. Escrever textos variados, respeitando as marcas do género: síntese, exposição sobre um tema e apreciação crítica.

40, 46, 52, 64, 114, 123, 148, 159, 188, 224, 248, 251, 312, 318, 351

12. Redigir textos com coerência e correção linguística.

1. Respeitar o tema. 40, 52, 84, 94, 136, 159,188, 242

2. Mobilizar informação adequada ao tema. 40, 52, 84, 94, 123, 136, 159, 242

3. Redigir um texto estruturado, que reflita uma planificação, evidenciando um bom domínio dos mecanismos de coesão textual com marcação correta de parágrafos e utilização adequada de conectores.

27, 40, 52, 84, 114, 148, 159, 188, 283, 312, 351

4. Mobilizar adequadamente recursos da língua: uso correto do registo de língua, vocabulário adequado ao tema, correção na acentuação, na ortografia, na sintaxe e na pontuação.

27, 40, 46, 52, 94, 114, 188

5. Observar os princípios do trabalho intelectual: identificação das fontes utilizadas; cumprimento das normas de citação; uso de notas de rodapé; elaboração da bibliografia.

52, 123

6. Explorar as virtualidades das tecnologias de informação na produção, na revisão e na edição do texto.

27, 52

13. Rever os textos escritos.

1. Pautar a escrita do texto por gestos recorrentes de revisão e aperfeiçoamento, tendo em vista a qualidade do produto final.

27, 40, 46, 52, 114, 148, 159ENC1

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Projeto de Leitura

Para quem gosta de livros sobre viagens reais…

• Almeida Faria, O Murmúrio do Mundo: A Índia Revisitada (2012)Obra em que Almeida Faria relata a sua extraordinária viagem à Índia. O livro encontra-se estrutu-rado em quatro partes: Partida, Goa, Cochim, Regresso. Poderás ler excertos nas pp. 33 e 36.

• Peter Carey, O Japão é um Lugar Estranho (2004)Obra em que o autor dá a conhecer, em registo de reportagem, um percurso feito pela cidade de Tóquio com o seu filho adolescente, refletindo sobre o universo da “manga” e sobre a influência da cultura popular japonesa nos jovens ocidentais.

• Bruce Chatwin, Na Patagónia (1977)Bruce Chatwin relata as suas viagens pela remota Patagónia (América do Sul), articu-lando a descrição de locais da fascinante Terra do Fogo com a narração de histórias intrigantes.

• Raul Brandão, As Ilhas Desconhecidas (1926)Relato de uma viagem feita aos arquipélagos da Madeira e dos Açores, em que Raul Brandão descreve a beleza natural das ilhas e reflete sobre a condição social dos seus habitantes. Poderás ler um excerto na p. 56.

• Marco Polo, Viagens (séc. XIII) [excertos escolhidos]Obra em que Marco Polo relata detalhadamente as suas viagens pelo Oriente, descre-vendo as “maravilhas do mundo” e transmitindo informação sobre costumes e conhe-cimentos geográficos e mercantis.

Para quem prefere viagens imaginadas…

• Claudio Magris, Danúbio (1986)Romance cujo tema central é uma viagem através do grande rio europeu, o Danúbio (atraves-sando a Alemanha, a Áustria, a Hungria, a antiga Jugoslávia, a Roménia e a Turquia), e, a partir dela, a jornada através da história e do imaginário do continente europeu.

• Italo Calvino, As Cidades Invisíveis (1972)Romance em que se narra uma história ocorrida no século XIII, altura em que Marco Polo chega ao império de Kublai Khan, e em que, em diálogo com este, descreve deta-lhadamente cinquenta e cinco cidades por que passou.

• Jonathan Swift, Viagens de Gulliver (1726)Romance em que se narram as incríveis viagens de Gulliver, desde o momento em que naufraga até ao seu regresso a casa, passando pela ilha dos minúsculos lilliputianos, pela terra dos gigantes, por uma ilha flutuante e pela terra dos cavalos inteligentes.

O Projeto de Leitura, assumido por cada aluno, pressupõe a leitura, por ano, de uma ou duas obras de literaturas em língua portuguesa ou traduzidas para português.

Apresenta-se abaixo a lista de obras destinadas ao Projeto de Leitura de 10.º ano. Para facilitar a escolha, os livros encontram-se agrupados por temas ou por modos literários.

Ao longo do manual encontrarás alguns textos e excertos de livros do Projeto de Leitura assinalados com o ícone PL , que se relacionam tematicamente com as obras em estudo.

Guia do Professor

PL Encontram-se disponíveis mate-riais de apoio ao Projeto de Leitura nos Recursos do Projeto e no Caderno do Professor (versão impressa).

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Unidade 2 | Poesia trovadoresca

Lê o texto seguinte. Em caso de necessidade, consulta um dicionário.

Jordi Savall: quando a música é só estética, acaba-se em Auschwitz 27-01-2010

Jordi Savall, líder do Hespèrion XXI, esteve no sábado em Santiago do Cacém, num concerto raro. Em entrevista ao Ípsilon, argumenta que “a música e a cultura” são as únicas portas que ainda podem promover o diálogo entre os povos. “Todas as outras – políticas, sociais, violentas – foram um fracasso.”

Jordi Savall conta isto no encore: ao apresentar “A la una yo naci”, música sefardita, em concertos na Turquia ou na Grécia, houve espectadores a reivindicar a peça como fazendo parte da sua tradição musical. “Cada um de nós pensa que a sua música é única e isso impede--nos de ver a beleza da música dos outros”, diz o maestro do Hespèrion XXI e da Capella Reial de Catalunya.

Com Pedro Estevan nas percussões, Savall protagonizou com a sua viola de gamba, um rebab e uma lira de arcco, no sábado passado, um concerto raro na Igreja Matriz de Santiago do Cacém. Foi na abertura do 6.º Festival Terras Sem Sombra, promovido pelo Departamento do Património Histórico e Artístico da Diocese de Beja e produzido pela Arte das Musas. O alinhamento de “Oriente – Ocidente” baseou-se no disco com o mesmo título e em Istanbul, projeto de 2009. […]

Orient – Occident, como outros discos seus, traduz a herança de Sefarad, do Al-Andaluz, de Bizâncio. Escreve que a música pode ser um antídoto espiritual contra o conflito ou, como diz Amin Maalouf, um diálogo das almas. É o que busca com o seu trabalho?

A música é sempre fonte de diálogo. Para fazer música, tem de haver diálogo com os mú-sicos, com o público. Creio no poder da música, porque o vivo cada dia. Quando é profunda, emocionante, bela, a música pode mudar-nos. Aqueles que têm o privilégio de se expressar com a música têm a responsabilidade de mostrar que a linguagem musical do Oriente e do Ocidente era comum, que não havia a separação enorme que há hoje. Que, há muito tempo, especialmente na Península Ibérica, a linguagem destas culturas era muito próxima. Cada uma tinha o seu estilo, a sua expressão, a sua língua, os seus ritmos e modos. Mas todas as culturas medievais trabalhavam sobre a mesma base da melodia ornamentada, do ritmo da dança e das estruturas de improvisação. […]

No Ocidente, sempre houve como que uma contaminação entre o sacro e o profano. E no Oriente?

É igual, mas não diria uma contaminação, antes um enriquecimento. A maioria das músi-cas começa sempre como linguagem espiritual e depois lúdica; isso mesclou-se sempre. A música é o que dá sentido ao ser humano. Um bebé, quando nasce, não compreende

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Arcaísmos e neologismos

1. Completa o verbete de arcaísmo com as palavras indicadas.

2. Da seguinte lista de palavras assinala aquelas que atualmente são arcaísmos. Em caso de necessidade, consulta um dicionário.

• vetustez• ca• semel• madre• refrigério

• velida• pingarelho• mopa• carqueja • belífero

• relicário• coita• canastro• fiúza• xerém

• luscar• gamo• louçana• liteiro• samicas

2.1. Associa os arcaísmos identificados aos significados que se apresentam abaixo.

a. dor, desgosto: e. geração, descendência:

b. bela: f. jogar, divertir-se:

c. porque: g. talvez:

d. confiança, fé: h. formosa:

3. Lê os seguintes excertos jornalísticos retirados do semanário Expresso.

a. “Insinceridade” ainda não existe como palavra, mas alastra como prática.

b. Paulo Pena navega com facilidade por entre conceitos como “imparidade”, “alavancagem” e “ securiti-zação”, […] “banca-sombra” ou “bancocracia”.

c. Bruno de Carvalho quer Godinho Lopes na AG para dissecar “verdades e inverdades”.

3.1. Sublinha os neologismos existentes nos excertos.

3.2. Explica como foram formados esses neologismos e explicita o seu significado.

a.

b.

c.

Arcaísmo

Palavra ou expressão que entrou em a. numa língua. O b. pode ter um efeito estilístico quando ocorre para recuperar a virtualidade de um termo c. . Tal acontece na literatura, quando um escritor insiste em não deixar morrer um termo d. que lhe é caro por algum motivo. O romance histórico convencio-nal tem necessidade de recuperar a linguagem da e. através de f. que asseguram a cor local.

Carlos Ceia, in e-Dicionário de Termos Literários (EDTL), http://www.edtl.com.pt> [Consult. 03-01-2014, adaptado]

arcaísmos desuso época arcaísmo antigo (2x)

Manual, pp. 164-165

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Encontros • Português, 10.º ano • Caderno do Professor

fotocopiável

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Excerto

A Índia e Bombaim

Assim que se apagou o sinal de apertar cintos de segurança, houve quem desatasse a cami-

nhar coxia abaixo coxia acima, e a mais original das passageiras ensaiou até uns exercícios físi-

cos, indiferente a sedentários sorrisos.

Avançando contra o suposto sentido do sol ao voarmos para leste, adiantamos os relógios,

o dia desaparece mais depressa, tempo e espaço, medidas para mim um tanto mágicas, ficam

semibaralhadas. A seguir ao almoço era noite, mas a trepidação em certos percursos e a difi-

culdade do meu corpo em saltar fusos horários sabotaram-me o sono. Por isso, nos vagares da

travessia, observei os meus vizinhos indianos e as suas crianças bem arranjadas, quase dema-

siado bem-comportadas, sem se agitarem nem falarem alto. Uma pré-adolescente indiana le-

vava preso ao cabelo, em estilo cerimonioso, um fio com argolas claras que pareciam de prata

e, no pulso, uma espécie de rosário com dezenas de pequenas contas em madeira, quem sabe

se para obter a proteção de Brahma, criador e energia do mundo, ou de qualquer outra dos

milhões de divindades dessa Índia onde, diz-se, são tantas quantos os humanos porque cada

um tem a sua.

Sem conseguir dormir, fui lendo sobre a cidade onde em breve aterraríamos. Segundo

uma etimologia aparentemente óbvia embora errónea, o nome Bombaim provinha da expres-

são portuguesa “Boa Baía”, transformada pelos ingleses em Bombay por julgarem tratar-se de

uma baía (bay). Na verdade, Bombaim não era baía, era uma série de sete ilhas e ilhotas pan-

tanosas agora ligadas. No ano cento e cinquenta da nossa era, Ptolomeu chamara-lhe Hepta-

násia, por causa das sete ilhas que os hindus apelidaram de Mumbai invocando talvez a deusa

Mumba para que ela lhes concedesse a segurança da terra firme. À cautela deram uma ajuda à

deusa, construindo sucessivos aterros, paredões, canais e diques. Os quais, contudo, na esta-

ção das chuvas, não impedem as águas de incharem e inundarem casas, ruas e bairros.

Almeida Faria, O Murmúrio do Mundo: A Índia Revisitada, Lisboa, Tinta-da-China, 2010 [pp. 26-27]

Tópicos de reflexão • Representação do quotidiano (os aspetos da cultura indiana: a apresentação cuidada

das crianças; a crença em várias divindades, as características de Bombaim).

• Relato de viagem (o tema da viagem conjugado com a descrição de especificidades culturais e geográficas da Índia; o discurso pessoal).

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Apreciação crítica (de pintura)

1. Observa atentamente o quadro abaixo, pintado por José Malhoa e intitulado Lavadouro (na mata).

1.1. Analisa a imagem, preenchendo o quadro abaixo com tópicos. Em caso de necessidade, pesquisa informação sobre a obra e o autor em livros de arte e/ou na internet.

Informação sobre a pintura (descrição sucinta e comentário crítico)

Suporte e dimensões Tema representado Técnicas de composição

Descrição sucinta Descrição sucinta Descrição sucinta

• • •

Comentário crítico Comentário crítico Comentário crítico

• • •

Informação sobre o pintor

José Malhoa, Lavadouro (na mata), 1922

Manual, pp. 40-41

José Malhoa, Lavadouro (na mata), 1922

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4. Projeto de Leitura

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Faria, Almeida O Murmúrio do Mundo: A Índia Revisitada (2012)Sinopse

“O viajante ocidental que pela primeira vez chega a Goa e Cochim en-frentará provavelmente a vertigem do caos à sua volta e dentro de si. Quando começa a familiarizar-se com a estonteante exuberância e com as contradições coexistentes, quando julga começar a entender a complexi-dade das castas, dos cultos e costumes tão diferentes, quando começa a fixar nomes, imagens, atributos dos deuses, tudo lhe foge de súbito, tudo se torna de novo confuso, como se o véu de Maia voltasse a cobrir a inde-cifrável irrealidade da Índia real.” (Da obra)

http://www.fnac.pt/O-Murmurio-do-Mundo-Almeida-Faria/a552808 [Consult. 10-02-2015]

[N]otável relato dessa viagem [à Índia] partilhada com Bárbara Assis Pacheco, cujas

belas ilustrações criam uma espécie de narrativa visual que se intromete na narrativa literá-

ria e a complementa. […] Enquanto deambula por Goa e Cochim, Almeida Faria evoca a

origem e etimologia das cidades, explica como o hinduísmo e o cristianismo se contamina-

ram, demora-se na descrição de rituais religiosos e sobretudo dá-nos a ver, com extraordi-

nária clareza, as maravilhas arquitetónicas que lhe vão sendo reveladas […]. A dado passo,

Almeida Faria enumera lugares com “nomes de pura música”: Pangim, Banguelim, Bicho-

lim, Morombim, Panelim, entre outras que acabam em ‘im’ . Mas pura música é também a

sua prosa, que alia uma trabalhada fluidez a uma notável precisão vocabular (no caos do

trânsito, por exemplo, identifica um “frenesim buzinante”; na fachada austera de uma

igreja, “nódoas negras de bolor”).

José Mário Silva, http://www.wook.pt/ficha/o-murmurio-do-mundo/a/id/12445572

[Consult. 05-02-2015, com supressões]

Almeida Faria fez a sua viagem à Índia e chamou ao livro que dela resultou O Mur-múrio do Mundo (ilustrado por Bárbara Assis Pacheco). É uma ideia própria do roman-

tismo, a de um rumor do mundo que os românticos se propunham decifrar e traduzir.

[...]

O filtro da distância reflexiva está quase sempre presente, e é ela que determina o

tom elegante e subtil da prosa.

António Guerreiro, http://livrariapodoslivros.blogspot.pt/2012/02/o-murmurio-do-mundo.html

[Consult. 05-02-2015, com supressões]

Sobre a obra

ENC10CP_20142838_F15_3P_CImg.indd 229 16/03/2015 10:33Todos os materiais do Caderno do Professor estão também disponíveis em formato editável, fotocopiável e projetável nos Recursos do Projeto .

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Caderno de AtividadesEstrutura-se em três momentos:

1. Gramática • exercícios organizados por

conteúdos

2. Leitura | Gramática • exercícios centrados em textos

não literários relacionados com as unidades e com tipologia de Exame

3. Escrita • atividades de produção escrita

dos géneros textuais preconizados pelo Programa

Soluções para todas as atividades

2 e-Manual PremiumVersão digital do manual com acesso aos recursos do projeto em contexto.

Caderno de Atividadesenriquecido com exercícios interativos em contexto

Recursos áudio e vídeo (24) explorados em atividades do manual

PowerPoint® didáticos (29) que apoiam o desenvolvimento das unidades/atividades do manual

Materiais editáveis, fotocopiáveis e projetáveis• Planificações de unidade• Planos de aula• Projeto de Leitura• Testes de avaliação• Materiais de apoio

O acesso à versão definitiva do E-manual Premium é exclusivo do Professor adotante e estará disponível a partir de setembro de 2015.

e-Manual do Aluno O acesso ao e-Manual do Aluno é disponibilizado, gratuitamente, na compra do manual em papel, no ano letivo 2015-2016, e poderá ser adquirido autonomamente através da Internet.

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NOVIDADE

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Momentos informativos

• Fichas de Informação e Aplicação intercaladas nas subunidades, sistematizam os conteúdos textuais e gramaticais previstos para o 10.° ano

Estrutura das fichas:• Observação de casos• Informação e exemplos • Exercícios de aplicação

• Caixas informativas, integradas nas subunidades, explicitam e exemplificam os conteúdos abordados

• Síntese Informativa, no final do manual, esquematiza os conteúdos de gramática, recursos expressivos e termos literários

Ao longo do manual, são feitas remissões oportunas para estes momentos informativos.

Guia do Professor nas margens laterais do manual

• apresentação dos descritores de desempenho das Metas Curriculares MC

• resolução de todos os exercícios• informação sobre obras e autores• sugestão de outras atividades• remissão para os vários

componentes do projeto• transcrição de textos gravados

CD Áudio33 faixas Textos ditos por atores de teatroAna Celeste Ferreira | Emília Silvestre | Fernando Moreira | José Eduardo Silva | Manuel Tur

Programa e Metas Curriculares• Transcrição do documento oficial

• Páginas iniciais com identificação dos momentos do projeto em que se cumpre o Programa e as Metas

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Projeto de Leitura PLDe acordo com o novo Programa, os alunos devem ler um ou dois livros de uma lista de 40 obras.

O Projeto de Leitura é abordado sob diversas formas:• apresentação sumária da lista das

obras e proposta de atividades na Unidade 0

• exploração de excertos, em articulação com os conteúdos de Educação Literária

• informação sobre todas as obras com excertos e tópicos de reflexão no Caderno do Professor

Caderno do Professor• Estrutura do projeto

• Planificações de unidade

• Planos de aula para todo o ano letivo

Os Planos de aula apresentam sugestões de articulação de todas as atividades com subunidades do manual.

• Testes de avaliação com estrutura de Exame Nacional e

grelhas de correção e classificação

• Projeto de Leitura informações sobre as obras e

excertos com tópicos de reflexão

• Materiais de apoio – Oralidade | Escrita | Leitura | Educação Literária

• grelhas de análise e guiões de produção dos géneros textuais

• textos dos géneros textuais trabalhados no 10.° ano

• materiais de apoio às atividades propostas no manual

3Estrutura das unidades

As unidades 2 a 7 centram-se na abordagem dos conteúdos literários e apresentam uma dinâmica regular:• Separador• Contextualização

histórico-literária• Texto analisado*• Subunidades• Síntese da unidade*

• Teste formativo*

* Complementados por apresentações em PowerPoint®.

ManualO manual Encontros respeita integralmente o novo documento normativo da disciplina – Programa e Metas Curriculares de Português (2014).

Estrutura do manual

0. Diagnóstico e Projeto de Leitura• diagnose dos vários domínios e apresentação do Projeto de Leitura

1. Compreender e produzir géneros textuais*• anúncio publicitário, reportagem, documentário, artigo de divulgação científica,

relato de viagem, apreciação crítica, síntese, exposição sobre um tema

O trabalho dos conteúdos desta unidade permite duas abordagens: • de forma autónoma e sequencial• integrando as suas subunidades nas restantes unidades

2. Poesia trovadoresca• 9 cantigas de amigo, 4 cantigas de amor, 4 cantigas de escárnio e maldizer

3. Fernão Lopes, Crónica de D. João I• 3 excertos (capítulos 11, 115, 148)

4. Gil Vicente, Farsa de Inês Pereira | Auto da Feira• 2 obras integrais

5. Luís de Camões, Rimas• 8 redondilhas, 14 sonetos

6. Luís de Camões, Os Lusíadas• todas as estâncias referidas no Programa

7. História Trágico-Marítima• 4 excertos

Síntese Informativa• gramática, recursos expressivos e termos literários

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Caderno de Atividades2 e-Manual Premium (exclusivo para o Professor)6

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Re�exões do poeta

Oralidade | Leitura

1. Observa o cartoon abaixo, que entra em diálogo com a pintura Os Girassóis, de Van Gogh.

1.1. Interpreta o cartoon, explicitando a sua possível intenção crítica.

2. Lê agora o artigo jornalístico a seguir apresentado.

Porque continuamos a não consumir Cultura? Falta de educação e dinheiro

CLÁUDIA CARVALHO | 24/11/2013

Vamos menos ao cinema, quase não vamos a bibliotecas públicas nem visita-mos museus. A espetáculos de teatro, dança ou ópera vamos muito pouco; só a concertos, de vez em quando. Não temos grande interesse em ler um livro, nem costumamos visitar monumentos. Mas vemos e ouvimos muita televisão e rádio.

-mos representados no inquérito do Eurobarómetro sobre a participação em ativi-dades culturais na União Europeia. Nele, Portugal surge ao fundo da tabela, ao

– tal como os romenos ou os búlgaros – quase não se envolveram no último ano em atividades culturais. A crise económica explica parte dos números mas diz--nos quem conhece o meio que o problema está muito para além disso. Falta es-timular o ensino cultural nas escolas. Falta os decisores políticos, e a sociedade em geral, olharem para a cultura como um bem essencial. E falta um maior inves-timento.

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Hui Xiaoyoung, in Juventude, Desporto, Paz e Tolerância – Festival Internacional de Cartoon, Turquia, 2012

Vincent van Gogh, Os Girassóis, 1888

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6. Luís de Camões, Os Lusíadas

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3. Considerando os elementos analisados a propósito das estâncias 145 a 156, re�ete com os teus colegas sobre a situação da arte e da cultura na sociedade.

Poderás abordar os seguintes tópicos: • valorização da arte e dos artistas, segundo a perspetiva camoniana; • hábitos culturais e formas de ocupação dos tempos livres.

Organiza o debate, respeitando as seguintes etapas: – divisão da turma em grupos, tendo em conta a posição assumida; – escolha de um moderador para gerir as intervenções dos grupos; – preparação do ponto de vista a defender com base nos argumentos

que justi�cam as tomadas de posição.

Estas são as principais conclusões que se tiram depois de se ouvirem vários nomes reconhecidos da área. Há quem se surpreenda com os números, quem já estivesse à espera destes dados por estarem em linha com a tendência dos últi-mos anos e quem questione a forma como o inquérito da Comissão Europeia foi realizado. Mas há um adjetivo que todos repetem: “preocupante”.

Sermos tão pouco ativos culturalmente é preocupante e é preciso perceber o que está a acontecer com a Cultura em Portugal. O que implica também questio-

portugueses são dos cidadãos da União Europeia com menores taxas de partici-pação em atividades culturais? Porque é que Portugal, por exemplo, é o país onde há maior falta de interesse pela leitura? E porque é que só 6% dos inquiridos, em Portugal, tem uma atividade cultural frequente? A média europeia não é particu-larmente alta mas as diferenças são grandes, como é o caso da Suécia (43%), da Dinamarca (36%) e dos Países Baixos (34%), onde os cidadãos descrevem a sua taxa de participação como elevada ou muito elevada. Na vizinha Espanha esta taxa é de 19%. Qual é então o problema dos portugueses?

“É uma questão de educação”, diz ao Público Paulo Cunha e Silva, programa-dor cultural e novo vereador da Cultura da Câmara do Porto, que acredita que em Portugal “não se cultiva a Cultura”. “De pequenino se torce o pepino. Este ditado

criar hábitos culturais e isso não acontece”, defende Cunha e Silva, que deste Eu-robarómetro se surpreendeu mais com a fraca adesão às salas de cinema.

Os dados do inquérito revelam que 71% dos cidadãos portugueses não foram uma única vez ao cinema nos últimos 12 meses – uma diferença de quatro pontos percentuais quando comparado com os dados de 2007 (ano do último Eurobaró-metro sobre a participação em atividades culturais). Segundo os últimos resulta-dos divulgados pelo Instituto do Cinema e Audiovisual (ICA), de janeiro até outu-bro registaram-se menos 1,2 milhões de espectadores nas salas de cinema portuguesas, o que representa uma quebra de 10,6% em relação ao mesmo pe-ríodo de 2012. A queda já vem do ano passado mas em 2013 tem vindo a acen-tuar-se. […]

in Público.pt, disponível em http://www.publico.pt/culturaipsilon/noticia/quando-foi-a-ultima-vez-que- wollof/#2=egap?7503161-uesum-mu-atisiv-oan-opmet-otnauq-ah-e-ortaet-oa-e-amenic-oa-iof-

[Consult. 28-09-2014, com supressões]

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e-Manual do Aluno7

espacoprofessor.ptExperimente em

Programa e Metas Curriculares5CD Áudio4Manual + Guia do Professor (nas margens laterais do manual)

1 Caderno do Professor3

Meados Séc. XV

Fernão LopesCrónica de D. João I(c. 1450)

Final Séc. XIIa meados Séc. XIV

Poesia trovadoresca

Primeira metade Séc. XVI

Gil VicenteFarsa de Inês Pereira(1523)Auto da Feira(1527)

Segunda metade Séc. XVI

Luís de CamõesRimas (1595)Os Lusíadas (1572)

Segunda metade Séc. XVI e XVII

História Trágico-Marítima(1552-1602)

Contextualização

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Leitura | Oralidade | Educação Literária | Escrita

1. Nesta unidade vais ler, analisar e apreciar cantigas trovadorescas galego-portuguesas. Lê o texto abaixo, em que se apresentam dados gerais sobre estas cantigas.

Cantigas trovadorescas galego-portuguesas

As cantigas trovadorescas galego-portuguesas são um dos patrimónios mais ricos da

Idade Média peninsular. Produzidas durante o período, de cerca de 150 anos, que vai,

genericamente, de finais do século XII a meados do século XIV, as cantigas medievais

situam-se, historicamente, nos alvores das nacionalidades ibéricas, sendo, em grande

parte, contemporâneas da chamada Reconquista Cristã, que nelas deixa, aliás, numero-

sas marcas. Tendo em conta a geografia política peninsular da época, que se caracteri-

zava pela existência de entidades políticas diversas, muitas vezes com fronteiras voláteis

e frequentemente em luta entre si, a área geográfica e cultural onde se desenvolve a arte

trovadoresca galego-portuguesa (ou seja, em língua galego-portuguesa) corresponde,

latamente, aos reinos de Leão e Galiza, ao reino de Portugal, e ao reino de Castela (a

partir de 1230 unificado com Leão).

Nas origens da arte trovadoresca galego-portuguesa está, indiscutivelmente, a arte

dos trovadores provençais, movimento artístico nascido no sul de França em inícios do

século XII, e que rapidamente se estende pela Europa cristã. Compondo e cantando já

em língua falada (no caso, o occitânico1) e não mais em latim, os trovadores provençais,

através da arte da canso2 […], definiram os modelos e padrões artísticos, mas também

genericamente culturais, que se irão tornar dominantes nas cortes e casas aristo-

cráticas europeias durante os séculos seguintes. Acompanhando, pois, sem dúvida, um

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Representação de um torneio de trovadores, in Códice Manesse, c. 1305-1340 [frag.]

Guia do Professor

Leitura | Oralidade | Educação LiteráriaMC

L8.1. Selecionar criteriosamente in-formação relevante.O5.1. Produzir textos seguindo tópi-cos fornecidos. O5.3. Produzir textos linguisticamen-te corretos, com diversificação do vo-cabulário e das estruturas utilizadas. O6.1. Produzir os seguintes géneros de texto: síntese […]. O6.2. Respeitar as marcas de género do texto a produzir. EL16.1. Reconhecer a contextualiza-ção histórico-literária nos casos pre-vistos no Programa.

Sugestão:Base de dados online Cantigas Medie-vais Galego-Portuguesas, http://canti-gas.fcsh.unl.pt/index.asp [Consult. 25-10-2014]

Esta base de dados disponibiliza:• a totalidade das cantigas medievais

presentes nos cancioneiros galego--portugueses;

• as imagens dos manuscritos;• a música (quer a medieval, quer as

versões ou composições originais contemporâneas que tomam como ponto de partida os textos das can-tigas medievais);

• informação sucinta sobre os autores, as personagens e os lugares referi-dos nas cantigas;

• a “Arte de Trovar” (tratado de poéti-ca trovadoresca que abre o Cancio-neiro da Biblioteca Nacional).

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2. Poesia trovadoresca

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1.1. Reproduz o esquema abaixo no teu caderno e completa-o, de acordo com a informa-ção apresentada no texto.

1.1.1. Com base no esquema, faz uma síntese oral do texto.

Ao produzires a tua síntese, deves ter o cuidado de:

• mobilizar informação relativa ao contexto de produção e de transmissão das cantigas;

• diversificar o vocabulário e as estruturas frásicas;

• usar conectores adequados, que evidenciem: – a relação entre o contexto espacial e temporal da produção das cantigas

e a sua origem; – a relação entre o contexto de produção e o contexto de transmissão das

cantigas.

movimento europeu mais vasto de adoção dos modelos occitânicos, a arte trovadoresca

galego-portuguesa assume, no entanto, características muito próprias […] e que a dis-

tinguem de forma assinalável da sua congénere provençal, desde logo pela criação de

um género próprio, a cantiga de amigo.

No total, e recolhidas em três grandes cancioneiros (o Cancioneiro da Ajuda, o Can-cioneiro da Biblioteca Nacional e o Cancioneiro da Biblioteca Vaticana), chegaram até

nós cerca de 1680 cantigas profanas ou de corte, pertencentes a três géneros maiores

(cantiga de amor, cantiga de amigo e cantiga de escárnio e maldizer), e da autoria de

cerca de 187 trovadores e jograis. Da mesma época e ainda em língua galego-portu-

guesa, são também as Cantigas de Santa Maria, um vasto conjunto de 420 cantigas reli-

giosas, de louvor à Virgem e de narração dos seus milagres, atribuíveis a Afonso X.

Graça Videira Lopes et al. (2011), Cantigas Medievais Galego-Portuguesas [base de dados online], Lisboa, Instituto de Estudos Medievais, FCSH/NOVA,

in http://cantigas.fcsh.unl.pt. [Consult. 25-20-2014]

1. occitânico: conjunto de línguas faladas no sul de França. 2. canso: composição poética que trata do amor cortês.

Ver Síntese, p. 46

Tempoa.

Cantigas profanas

d.

Espaçob.

Cantigas religiosas

e.

Cantigas trovadorescas galego-portuguesas

Origemc.

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Contexto de produção Contexto de transmissão escrita

Guia do Professor1.1. a. Entre finais do século XII e meados do século XIV/época do nas-cimento das nacionalidades ibéricas e da Reconquista Cristã.b. Reinos de Leão e Galiza, reino de Portugal, reino de Castela.c. Arte dos trovadores provençais.d. Cancioneiro da Ajuda, Cancioneiro da Biblioteca Nacional, Cancioneiro da Vaticana.e. Cantigas de Santa Maria.

PDFGuião de produção de síntese oral disponível nos Recursos do Projeto e no Caderno do Professor – Materiais de Apoio (versão impressa).

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Cantigas de amigo

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Educação Literária

1. Lê a informação seguinte acerca de D. Dinis, o autor da cantiga de amigo “Ai flores, ai flores do verde pino”.

2. Lê, agora, a cantiga de amigo, em que a natureza desempenha uma função de relevo.

Ai flores, ai flores do verde pino– Ai flores, ai flores do verde pino1,

se sabedes2 novas3 do meu amigo!

Ai Deus, e u é4?

Ai flores, ai flores do verde ramo,

se sabedes novas do meu amado!

Ai Deus, e u é?

Se sabedes novas do meu amigo,

aquel que mentiu do que pôs5 comigo!

Ai Deus, e u é?

Se sabedes novas do meu amado,

aquel que mentiu do que mi á jurado6!

Ai Deus, e u é?

[– Vós me preguntades7 polo8 voss’amigo,

e eu bem vos digo que é san’9 vivo.

Ai Deus, e u é?]

Vós me preguntades polo voss’amado,

e eu bem vos digo que é viv’e sano.

Ai Deus, e u é?

E eu bem vos digo que é san’e vivo

e seera vosc’10 ant’11 o prazo saído12.

Ai Deus, e u é?

E eu bem vos digo que é viv’e sano

e seera vosc’ant’o prazo passado.

Ai Deus, e u é?

D. Dinis in Elsa Gonçalves, Maria Ana Ramos, Op. cit. [p. 292]

Informação

D. Dinis (1261-1325) foi o sexto rei de Portugal e ficou conhecido como “O Lavrador” – pelo grande impulso que deu à agricultura e pela ampliação do Pinhal de Leiria –, e “O Poeta” – pelo amor que tinha às artes e às letras e pela obra literária que deixou e que o notabilizou como trovador. A ele se deve a criação dos Estudos Gerais de Lisboa, que viriam a dar origem à Universidade Portuguesa.

D. Dinis

1. pino: cristas floridas dos pinheiros, na primavera. 2. sabedes: sabeis (dizei-me se sabeis). 3. novas: novidades; notícias. 4. e u é: e onde está. 5. mentiu do que pôs: mentiu sobre o que combi-nou. 6. mi á jurado: me jurou. 7. preguntades: perguntais. 8. polo: pelo. 9. san’: são; bem de saúde. 10. vosc’: convosco. 11. ant’: antes de. 12. saído: terminado; passado.

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Edward Burne-Jones, Sarça Ardente, 1882-1898

Guia do Professor

Educação LiteráriaMC

EL14.2. Ler textos literários portugue-ses de diferentes géneros, pertencen-tes aos séculos XII a XVI. EL14.4. Fazer inferências, fundamen-tando.EL14.6. Explicitar a estrutura do texto: organização interna. EL14.7. Estabelecer relações de senti-do: a) entre as diversas partes constitu-tivas de um texto; b) entre característi-cas e pontos de vista das personagens.EL14.8. Identificar características do texto poético no que diz respeito a: a) estrofe (dístico […]); d) paralelismo (cantigas de amigo); e) refrão. EL14.9. Identificar e explicitar o valor dos recursos expressivos menciona-dos no Programa.

Edward Burne-Jones (1833-1898)• Artista e designer inglês, represen-

tante maior da segunda geração de Pré-Rafaelitas

• Fascinado pela Idade Média e pelos grandes mestres italianos

• Evoca, em muitas das suas obras, te-mas bíblicos e da mitologia greco--latina

1. Sugestão:

PDFA propósito da dupla faceta de D. Di-nis (“O Lavrador” e “O Poeta”) e da de-signação “Pinhal do Rei”, poderá ser lido e analisado o poema “D. Dinis” (in Mensagem, Fernando Pessoa). Este poema encontra-se disponível nos Recursos do Projeto e no Caderno do Professor, na secção Materiais de Apoio (versão impressa).

Está disponível no CD áudio a leitura expressiva desta cantiga, que serve de base à ficha de Informação e Aplicação sobre “Leitura em voz al-ta” (p. 72).

2. Sugestão:PL A propósito da representação li-terária da Natureza em diferentes cul-turas e da importância que determi-nados elementos naturais podem assumir enquanto motivos estéticos, pode ser lido e analisado o poema “Os viajantes da noite murmuram o teu nome” (in O Meu Coração é Árabe, org. Adalberto Alves), transcrito na p. 84.

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2. Poesia trovadoresca

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3. Esta cantiga de amigo pode dividir-se em duas partes.

3.1. Identifica-as, explicitando o assunto de cada uma delas.

4. Foca, agora, a tua atenção nos dois interlocutores da cantiga.

4.1. Identifica-os e caracteriza-os psicologicamente, fundamentando a tua resposta.

4.2. Mostra como a personificação e a apóstrofe se encontram ao serviço da caracteriza-ção do segundo interlocutor.

5. Na cantiga fala-se do “amigo” / ”amado” da donzela.

5.1. Caracteriza-o, de acordo com o ponto de vista de cada interlocutor.

6. Prova que esta cantiga obedece à técnica paralelística, mas que o processo do leixa-pren não se verifica em todas as estrofes.

7. A cantiga de amigo “Ondas do mar de Vigo” é uma paralelística perfeita.

7.1. Completa-a, no teu caderno, com os versos em falta.

Informação

A personificação é um recurso expressivo que consiste em atribuir qualidades, compor-tamentos, sentimentos e impulsos humanos a seres inanimados, a animais ou a entidades abstratas.

A apóstrofe é um recurso expressivo que consiste na interrupção do discurso para inter-pelar, através do vocativo, um destinatário (vivo ou morto, presente ou ausente, real ou fan-tástico) a que se atribuem características humanas. Produz um efeito de presentificação.Ex.: “– Ai flores, ai flores do verde pino, / se sabedes novas do meu amigo!”

Personificação e apóstrofe

Ver Síntese Informativa, p. 380

Ondas do mar de VigoOndas do mar de Vigo,

se vistes meu amigo?1

E ai Deus, se verra2 cedo!

Ondas do mar levado3,

se vistes meu amado?

a.

b. o por que4 eu sospiro?

E ai Deus, se verra cedo!

c. por que ei gram coidado5?

E ai Deus, se verra cedo!

Martim Codax in Elsa Gonçalves, Maria Ana Ramos, Op. cit. [p. 261]

1. v. 2: subentende-se dizei-me. 2. verra: virá. 3. levado: bravo; encapelado. 4. o por que: aquele por quem. 5. ei gram coidado: tenho grande preocupação.

Ver nota biográfica de Martim Codax, p. 65

Guia do Professor

3.1. Primeira parte – vv. 1-12: o sujei-to poético interpela a natureza, por-que o amigo/namorado demora a chegar ao encontro.Segunda parte – vv. 13-24: as flores do verde pino, personificadas, respon-dem ao sujeito poético, tranquilizan-do-o.4.1. Primeiro interlocutor: rapariga; saudosa do amigo, ansiosa por saber notícias dele (vv. 1-6) e zangada por pensar que ele lhe mentiu (vv. 7-12).Segundo interlocutor: flores do verde pinho; natureza humanizada, amiga, confidente e tranquilizadora (vv. 13- -24).4.2. Personificação – atribuição de estatuto humano à natureza, contri-buindo para acentuar a sua função de confidente e de entidade tranqui-lizadora.Apóstrofe – interpelação e presenti-ficação da natureza.5.1. Ponto de vista da “amiga”: na-morado ausente (vv. 2, 4) e mentiro-so (vv. 8, 11).Ponto de vista da natureza: bem de saúde (vv. 14, 17) e leal (vv. 20, 23).6. Técnica paralelística:• simetria e repetição (par de dísticos

como unidade rítmica; repetição do conteúdo da estrofe ímpar pela estrofe par; alternância da rima em i e a).

• processo do leixa-pren: não se verifi-ca do segundo par (vv. 7-12) para o terceiro par de estrofes (vv. 13-18).

7. Sugestão:

Está disponível no CD áudio a leitura expressiva desta cantiga, que é usada nos exercícios da ficha de In-formação e Aplicação sobre “Leitura em voz alta” (p. 73).7.1. a. “E ai Deus, se verra cedo!”b. “Se vistes meu amigo,”c. “Se vistes meu amado,”

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Síntese da unidade

Poesia trovadoresca

Contextualização histórico-literária

Género autóctone, cujas origens parecem remontar a uma vasta e arcaica tradição da canção em voz feminina

Género de matriz provençal, de registo aristocrático; canção em voz masculina

Género de carácter satírico, em que se faz uma crítica direta e ostensiva, identificando-se o alvo visado (cantiga de maldizer), ou subtil, sem explicitar a identidade de quem se critica (cantiga de escárnio); canção em voz masculina

Cantigas de amigo Cantigas de escárnio e maldizer

Géneros da poesia trovadoresca

• Agentes: trovadores, jograis, soldadeiras (dançarinas)

• Modalidade: cantiga (poesia cantada)

• Cancioneiros – Cancioneiro da Ajuda – Cancioneiro da Biblioteca Nacional – Cancioneiro da Vaticana

Contexto de produção

oral

• Tempo: entre finais do século XII e meados do século XIV (época do nascimento das nacionalidades ibéricas e da Reconquista Cristã)

• Espaço: reinos de Leão e Galiza, reino de Portugal, reino de Castela

• Produtores/agentes: trovadores e jograis (reis, filhos de reis, nobres, burgueses, clérigos, elementos do povo)

• Língua: galego-português

escrita

Cantigas de amor

Guia do Professor

PPTPoesia trovadoresca – Síntese da uni-dade

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2. Poesia trovadoresca

Cantigas de amigo

Cantigas de amor

Cantigas de escárnio e maldizer

Sujeito poético

Caracterização temática

Caracterização formal

Sujeito poético

Sujeito poético

Caracterização temática

Caracterização temática

Em geral, voz feminina (donzela), que se refere ao “amigo” (namorado)

Representação de afetos e emoções• Variedade do sentimento amoroso: amor, alegria/orgulho de amar e de ser amada,

ansiedade, saudade, tristeza, raiva, etc.• Confidência amorosa à natureza, à mãe, às amigas• Relação com a natureza

– natureza humanizada/personificada, com o papel de confidente– elementos naturais com valor simbólico

Ambiente (espaços, protagonistas e circunstâncias)

• Ambiente doméstico e familiar, marcado pela presença feminina (ausência do chefe de família; autoridade materna)– tarefas domésticas – ida à fonte– vida coletiva – baile, romaria

• Paralelismo (princípio da repetição e da simetria)– repetição de palavras, versos inteiros, construções ou conceitos– leixa-pren – processo de encadeamento de estrofes que consiste na retoma de versos

• Refrão: repetição de um ou mais versos no final das estrofes

Voz masculina (trovador), que se dirige à mulher amada (“senhor”), elogiando-a e/ou expressando a sua “coita de amor”

Voz masculina (trovador), que faz uma crítica, de forma direta ou velada

Representação de afetos e emoções• “Coita de amor”: sofrimento amoroso provocado pela não correspondência amorosa e que

conduz à “morte de amor”• Elogio cortês: panegírico da “senhor”, modelo de beleza e de virtude

Ambiente (espaços, protagonistas e circunstâncias)• Espaço aristocrático/ambiente palaciano (corte)• Vassalagem amorosa; obediência ao código da mesura (não revelação da identidade da

“senhor”)

Representação de afetos e emoções• Dimensão satírica

– paródia do amor cortês: crítica das regras do amor cortês de matriz provençal– crítica de costumes: deserção, cobardia de vassalos nobres em campo de batalha;

falta de dotes poéticos dos jograis

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Encontros • Português, 10.º ano • Caderno do Professor

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Materiais de Apoio – Leitura

Nome N.º Turma Data - -

Aspetos contextuais

Quem escreveu a apreciação crítica?

Quem é o eventual recetor/destinatário da apreciação crítica?

Com que finalidade(s) ou intenção(ões) a apreciação crítica foi escrita?

Qual é o meio de transmissão/suporte da apreciação crítica?

Em que área foi produzida a apreciação crítica (literatura, cinema, teatro, música, artes plásticas, etc.)?

Aspetos temáticos e

organizacionais

Qual é o objeto da apreciação crítica?

Que informação significativa é transmitida pela apreciação crítica (ao nível da descrição do objeto e do comentário crítico)?

Em quantas partes se divide a apreciação crítica? Quais são? Intitula-as.

De que forma se encadeiam os tópicos tratados?

Que marcas linguísticas são utilizadas para marcar o carácter apreciativo/depreciativo? Exemplifica.

Que aspetos paratextuais contribuem para a construção do sentido global da apreciação crítica (título e subtítulo, ilustração, outros elementos icónicos, etc.)?

Marcas específicas de género presentes

na apreciação crítica

(Ver manual, p. 54)

Grelha de análise de apreciação crítica

Título da apreciação crítica analisada:

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5. Materiais de apoio • Oralidade

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Instalações artísticas (Manual, p. 41)

Instalação da artista canadiana criada para o festival Nuit Blanche Calgary, constituída por 6000 lâmpadas que se ligam e desligam por meio de um puxador.

Instalação interativa criada para a 18.ª Bienal of Sydney, realizada no Museu de Arte Contemporânea da Austrália. A instalação ocupa o teto de duas galerias, sendo composta por centenas de “cubos voadores” de origami e tendo pontos de luz de fibra ótica equipados com sensores, que respondem ao movimento do público com motivos musicais.

Nuvem (Caitlind R. C. Brown)

Qualquer coisa pode quebrar (Pinaree Sanpitak)

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Programa – Encontros, 10.º ano

Oralidade

Compreensão do Oral

Reportagem Manual – pp. 20, 42, 301, 319

Documentário Manual – pp. 48, 81, 123, 159, 253, 288, 297-298

Anúncio publicitário Manual – pp. 32, 76, 204, 236

Expressão Oral

SínteseManual – pp. 46-47, 63, 76, 81, 96, 173, 223, 350

Apreciação crítica (de reportagem, de documentário, de entrevista, de livro, de filme, de exposição ou outra manifestação cultural)

Manual – pp. 40-41, 48, 90, 204, 246, 281

Leitura

Relato de viagemManual – pp. 33-35, 36, 81Caderno de Atividades – pp. 62-63

Artigo de divulgação científica Manual – pp. 43-45, 221-222, 259

Exposição sobre um tema Manual – pp. 49-50, 52, 62-66, 88, 96, 112-116, 146-150, 183, 186, 212-216, 264-267, 291, 318, 332-335

Apreciação crítica (de filme, de peça de teatro, de livro, de exposição ou outra manifestação cultural)

Manual – pp. 37-39, 40, 130, 354Caderno de Atividades – pp. 42-43, 48-49

Escrita

SínteseManual – pp. 46-47, 115, 149, 224, 251, 261, 291, 318Caderno de Atividades – pp. 62-65

Exposição sobre um tema Manual – pp. 52-53, 84, 94, 123, 143, 204, 209, 242, 248, 283, 312, 329Caderno de Atividades – pp. 70-73

Apreciação críticaManual – pp. 40-41, 59, 65, 159, 351 Caderno de Atividades – pp. 66-69

Educação Literária1. Poesia trovadoresca

Cantigas de amigo (escolher 4) Cantigas de amor (escolher 2) Cantigas de escárnio e maldizer (escolher 2)

Manual – pp. 60-109Caderno de Atividades – pp. 70-71

2. Fernão Lopes, Crónica de D. João I– Excertos de 2 capítulos (11, 115 ou 148 da 1.ª Parte)

Manual – pp. 110-143

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3. Gil VicenteFarsa de Inês Pereira (integral) OUAuto da Feira (integral)

Manual – pp. 144-209

4. Luís de Camões, RimasRedondilhas (escolher 4)Sonetos (escolher 8)

Manual – pp. 210-261Caderno de Atividades – pp. 70-71

5. Luís de Camões, Os Lusíadas– Visão global– A constituição da matéria épica: canto I, ests. 1 a 18; canto IX, ests. 52,

53, 66 a 70, 89 a 95; canto X, ests. 75 a 91– Reflexões do Poeta: canto I, ests. 105 e 106; canto V, ests. 92 a 100;

canto VII, ests. 78 a 87; canto VIII, ests. 96 a 99; canto IX, ests. 88 a 95; canto X, ests. 145 a 156

Manual – pp. 262-329Caderno de Atividades – p. 73

6. História Trágico-Marítima:“As terríveis aventuras de Jorge de Albuquerque Coelho (1565)” (excertos)

Manual – pp. 330-355Caderno de Atividades – p. 73

Gramática

1. O português: génese, variação e mudança

1.1. Principais etapas da formação e da evolução do português

Manual – pp. 85-87, 358Caderno de Atividades – pp. 6-8

1.2. Fonética e fonologia[processos fonológicos]

Manual – pp. 18, 100-101, 109, 163, 283, 329, 359Caderno de Atividades – pp. 9-10

1.3. EtimologiaManual – pp. 178, 183, 243, 360Caderno de Atividades – pp. 11-12

1.4. Geografia do português no mundoManual – pp. 299-301, 360-361Caderno de Atividades – pp. 13-14

2. Sintaxe

2.1. Funções sintáticas

Manual – pp. 18, 39, 59, 71, 75, 78, 108-109, 123, 124-125, 134, 143, 224, 229, 232-233, 235, 250, 261, 276, 286-287, 292, 329, 345-346, 373-375Caderno de Atividades – pp. 23-33

2.2. A frase complexa: coordenação e subordina-ção

Manual – pp. 18, 45, 51, 59, 91, 99, 154, 158, 209, 235, 250, 260, 307, 311, 317, 329, 341, 346, 355, 376-378Caderno de Atividades – pp. 34-40

3. Lexicologia

3.1. Arcaísmos e neologismosManual – pp. 18, 36, 164-165, 361Caderno de Atividades – pp. 15-16

3.2. Campo lexical e campo semânticoManual – pp. 164-165, 172, 183, 209, 248, 304, 362Caderno de Atividades – pp. 17-19

3.3. Processos irregulares de formação de pala-vras: extensão semântica, empréstimo, amál-gama, sigla, acrónimo e truncação

Manual – pp. 18, 164-165, 183, 364Caderno de Atividades – pp. 20-22

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Metas Curriculares – Encontros, 10.º ano

Oralidade O10Objetivos e descritores de desempenho Páginas (Guia do Professor)

1. Interpretar textos orais de diferentes géneros.

1. Identificar o tema dominante, justificando. 32, 42, 253

2. Explicitar a estrutura do texto. 32, 42, 79, 236, 319

3. Distinguir informação subjetiva de informação objetiva. 48, 75, 79, 123, 173

4. Fazer inferências. 32, 48, 51, 79, 126, 159, 179, 214, 228, 236, 253, 288, 297, 301, 351

5. Distinguir diferentes intenções comunicativas. 32, 75, 79, 159, 236, 297

6. Verificar a adequação e a expressividade dos recursos verbais e não verbais. 32, 75, 79, 159, 236, 246, 253

7. Explicitar, em função do texto, marcas dos seguintes géneros: reportagem, documentário, anúncio publicitário.

32, 42, 48, 75, 236, 253

2. Registar e tratar a informação.

1. Tomar notas, organizando-as. 123, 159, 176, 319

2. Registar em tópicos, sequencialmente, a informação relevante. 176, 237, 297, 319

3. Planificar intervenções orais.

1. Pesquisar e selecionar informação. 40, 346

2. Planificar o texto oral, elaborando tópicos de suporte à intervenção. 40, 46, 184, 227, 281, 346

4. Participar oportuna e construtivamente em situações de interação oral.

1. Respeitar o princípio de cortesia: formas de tratamento e registos de língua.

26, 27, 51, 136, 184, 188, 292, 322

2. Utilizar adequadamente recursos verbais e não verbais: postura, tom de voz, articulação, ritmo, entoação, expressividade.

26, 27, 40, 46, 51, 136, 163, 184, 281, 304, 322

5. Produzir textos orais com correção e pertinência.

1. Produzir textos seguindo tópicos fornecidos. 62, 92, 241, 281, 304, 347

2. Produzir textos seguindo tópicos elaborados autonomamente. 26, 90, 341

3. Produzir textos linguisticamente corretos, com diversificação do vocabulário e das estruturas utilizadas.

26, 40, 46, 62, 90, 92, 96, 103, 292, 304, 341, 347

6. Produzir textos orais de diferentes géneros e com diferentes finalidades.

1. Produzir os seguintes géneros de texto: síntese e apreciação crítica. 40, 46, 48, 62, 75, 81, 90, 96, 173, 188, 223, 246, 281

2. Respeitar as marcas de género do texto a produzir. 40, 46, 62, 75, 81, 96

3. Respeitar as seguintes extensões temporais: síntese – 1 a 3 minutos; apreciação crítica – 2 a 4 minutos.

40, 46, 75, 81, 96, 173, 281

Leitura L10Objetivos e descritores de desempenho Páginas (Guia do Professor)

7. Ler e interpretar textos de diferentes géneros e graus de complexidade.

1. Identificar o tema dominante, justificando. 33, 43, 49, 64, 70

2. Fazer inferências, fundamentando. 33, 36, 43, 49, 64, 70, 112, 115, 118, 221, 266, 297, 301, 334

3. Explicitar a estrutura do texto: organização interna. 33, 36, 49

4. Explicitar o sentido global do texto, fundamentando. 36, 70, 75, 88, 130, 297, 322

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Objetivos e descritores de desempenho Páginas (Guia do Professor)

5. Relacionar aspetos paratextuais com o conteúdo do texto. 33, 36, 70, 297

6. Explicitar, em textos apresentados em diversos suportes, marcas dos seguintes géneros: relato de viagem, artigo de divulgação científica, exposição sobre um tema e apreciação crítica.

26, 33, 36, 43, 49, 81, 130, 221

8. Utilizar procedimentos adequados ao registo e ao tratamento da informação.

1. Selecionar criteriosamente informação relevante. 30, 49, 62, 96, 114, 115, 118, 146, 148, 149, 184, 186, 212, 214, 216, 264, 266, 322, 332, 334, 346

2. Elaborar tópicos que sistematizem as ideias-chave do texto, organizando-os sequencialmente.

66, 146, 148, 186, 212, 216, 264, 288, 332

9. Ler para apreciar criticamente textos variados.

1. Exprimir pontos de vista suscitados por leituras diversas, fundamentando. 103, 136, 184, 227, 341, 346

2. Analisar a função de diferentes suportes em contextos específicos de leitura. 43

Escrita E10Objetivos e descritores de desempenho Páginas (Guia do Professor)

10. Planificar a escrita de textos.

1. Pesquisar informação pertinente. 40, 52

2. Elaborar planos: a) estabelecer objetivos; b) pesquisar e selecionar informação pertinente; c) definir tópicos e organizá-los de acordo com o género de texto a produzir.

40, 52

11. Escrever textos de diferentes géneros e finalidades.

1. Escrever textos variados, respeitando as marcas do género: síntese, exposição sobre um tema e apreciação crítica.

40, 46, 52, 64, 114, 123, 148, 159, 188, 224, 248, 251, 312, 318, 351

12. Redigir textos com coerência e correção linguística.

1. Respeitar o tema. 40, 52, 84, 94, 136, 159,188, 242

2. Mobilizar informação adequada ao tema. 40, 52, 84, 94, 123, 136, 159, 242

3. Redigir um texto estruturado, que reflita uma planificação, evidenciando um bom domínio dos mecanismos de coesão textual com marcação correta de parágrafos e utilização adequada de conectores.

27, 40, 52, 84, 114, 148, 159, 188, 283, 312, 351

4. Mobilizar adequadamente recursos da língua: uso correto do registo de língua, vocabulário adequado ao tema, correção na acentuação, na ortografia, na sintaxe e na pontuação.

27, 40, 46, 52, 94, 114, 188

5. Observar os princípios do trabalho intelectual: identificação das fontes utilizadas; cumprimento das normas de citação; uso de notas de rodapé; elaboração da bibliografia.

52, 123

6. Explorar as virtualidades das tecnologias de informação na produção, na revisão e na edição do texto.

27, 52

13. Rever os textos escritos.

1. Pautar a escrita do texto por gestos recorrentes de revisão e aperfeiçoamento, tendo em vista a qualidade do produto final.

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Projeto de Leitura

Para quem gosta de livros sobre viagens reais…

• Almeida Faria, O Murmúrio do Mundo: A Índia Revisitada (2012)Obra em que Almeida Faria relata a sua extraordinária viagem à Índia. O livro encontra-se estrutu-rado em quatro partes: Partida, Goa, Cochim, Regresso. Poderás ler excertos nas pp. 33 e 36.

• Peter Carey, O Japão é um Lugar Estranho (2004)Obra em que o autor dá a conhecer, em registo de reportagem, um percurso feito pela cidade de Tóquio com o seu filho adolescente, refletindo sobre o universo da “manga” e sobre a influência da cultura popular japonesa nos jovens ocidentais.

• Bruce Chatwin, Na Patagónia (1977)Bruce Chatwin relata as suas viagens pela remota Patagónia (América do Sul), articu-lando a descrição de locais da fascinante Terra do Fogo com a narração de histórias intrigantes.

• Raul Brandão, As Ilhas Desconhecidas (1926)Relato de uma viagem feita aos arquipélagos da Madeira e dos Açores, em que Raul Brandão descreve a beleza natural das ilhas e reflete sobre a condição social dos seus habitantes. Poderás ler um excerto na p. 56.

• Marco Polo, Viagens (séc. XIII) [excertos escolhidos]Obra em que Marco Polo relata detalhadamente as suas viagens pelo Oriente, descre-vendo as “maravilhas do mundo” e transmitindo informação sobre costumes e conhe-cimentos geográficos e mercantis.

Para quem prefere viagens imaginadas…

• Claudio Magris, Danúbio (1986)Romance cujo tema central é uma viagem através do grande rio europeu, o Danúbio (atraves-sando a Alemanha, a Áustria, a Hungria, a antiga Jugoslávia, a Roménia e a Turquia), e, a partir dela, a jornada através da história e do imaginário do continente europeu.

• Italo Calvino, As Cidades Invisíveis (1972)Romance em que se narra uma história ocorrida no século XIII, altura em que Marco Polo chega ao império de Kublai Khan, e em que, em diálogo com este, descreve deta-lhadamente cinquenta e cinco cidades por que passou.

• Jonathan Swift, Viagens de Gulliver (1726)Romance em que se narram as incríveis viagens de Gulliver, desde o momento em que naufraga até ao seu regresso a casa, passando pela ilha dos minúsculos lilliputianos, pela terra dos gigantes, por uma ilha flutuante e pela terra dos cavalos inteligentes.

O Projeto de Leitura, assumido por cada aluno, pressupõe a leitura, por ano, de uma ou duas obras de literaturas em língua portuguesa ou traduzidas para português.

Apresenta-se abaixo a lista de obras destinadas ao Projeto de Leitura de 10.º ano. Para facilitar a escolha, os livros encontram-se agrupados por temas ou por modos literários.

Ao longo do manual encontrarás alguns textos e excertos de livros do Projeto de Leitura assinalados com o ícone PL , que se relacionam tematicamente com as obras em estudo.

Guia do Professor

PL Encontram-se disponíveis mate-riais de apoio ao Projeto de Leitura nos Recursos do Projeto e no Caderno do Professor (versão impressa).

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Unidade 2 | Poesia trovadoresca

Lê o texto seguinte. Em caso de necessidade, consulta um dicionário.

Jordi Savall: quando a música é só estética, acaba-se em Auschwitz 27-01-2010

Jordi Savall, líder do Hespèrion XXI, esteve no sábado em Santiago do Cacém, num concerto raro. Em entrevista ao Ípsilon, argumenta que “a música e a cultura” são as únicas portas que ainda podem promover o diálogo entre os povos. “Todas as outras – políticas, sociais, violentas – foram um fracasso.”

Jordi Savall conta isto no encore: ao apresentar “A la una yo naci”, música sefardita, em concertos na Turquia ou na Grécia, houve espectadores a reivindicar a peça como fazendo parte da sua tradição musical. “Cada um de nós pensa que a sua música é única e isso impede--nos de ver a beleza da música dos outros”, diz o maestro do Hespèrion XXI e da Capella Reial de Catalunya.

Com Pedro Estevan nas percussões, Savall protagonizou com a sua viola de gamba, um rebab e uma lira de arcco, no sábado passado, um concerto raro na Igreja Matriz de Santiago do Cacém. Foi na abertura do 6.º Festival Terras Sem Sombra, promovido pelo Departamento do Património Histórico e Artístico da Diocese de Beja e produzido pela Arte das Musas. O alinhamento de “Oriente – Ocidente” baseou-se no disco com o mesmo título e em Istanbul, projeto de 2009. […]

Orient – Occident, como outros discos seus, traduz a herança de Sefarad, do Al-Andaluz, de Bizâncio. Escreve que a música pode ser um antídoto espiritual contra o conflito ou, como diz Amin Maalouf, um diálogo das almas. É o que busca com o seu trabalho?

A música é sempre fonte de diálogo. Para fazer música, tem de haver diálogo com os mú-sicos, com o público. Creio no poder da música, porque o vivo cada dia. Quando é profunda, emocionante, bela, a música pode mudar-nos. Aqueles que têm o privilégio de se expressar com a música têm a responsabilidade de mostrar que a linguagem musical do Oriente e do Ocidente era comum, que não havia a separação enorme que há hoje. Que, há muito tempo, especialmente na Península Ibérica, a linguagem destas culturas era muito próxima. Cada uma tinha o seu estilo, a sua expressão, a sua língua, os seus ritmos e modos. Mas todas as culturas medievais trabalhavam sobre a mesma base da melodia ornamentada, do ritmo da dança e das estruturas de improvisação. […]

No Ocidente, sempre houve como que uma contaminação entre o sacro e o profano. E no Oriente?

É igual, mas não diria uma contaminação, antes um enriquecimento. A maioria das músi-cas começa sempre como linguagem espiritual e depois lúdica; isso mesclou-se sempre. A música é o que dá sentido ao ser humano. Um bebé, quando nasce, não compreende

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Arcaísmos e neologismos

1. Completa o verbete de arcaísmo com as palavras indicadas.

2. Da seguinte lista de palavras assinala aquelas que atualmente são arcaísmos. Em caso de necessidade, consulta um dicionário.

• vetustez• ca• semel• madre• refrigério

• velida• pingarelho• mopa• carqueja • belífero

• relicário• coita• canastro• fiúza• xerém

• luscar• gamo• louçana• liteiro• samicas

2.1. Associa os arcaísmos identificados aos significados que se apresentam abaixo.

a. dor, desgosto: e. geração, descendência:

b. bela: f. jogar, divertir-se:

c. porque: g. talvez:

d. confiança, fé: h. formosa:

3. Lê os seguintes excertos jornalísticos retirados do semanário Expresso.

a. “Insinceridade” ainda não existe como palavra, mas alastra como prática.

b. Paulo Pena navega com facilidade por entre conceitos como “imparidade”, “alavancagem” e “ securiti-zação”, […] “banca-sombra” ou “bancocracia”.

c. Bruno de Carvalho quer Godinho Lopes na AG para dissecar “verdades e inverdades”.

3.1. Sublinha os neologismos existentes nos excertos.

3.2. Explica como foram formados esses neologismos e explicita o seu significado.

a.

b.

c.

Arcaísmo

Palavra ou expressão que entrou em a. numa língua. O b. pode ter um efeito estilístico quando ocorre para recuperar a virtualidade de um termo c. . Tal acontece na literatura, quando um escritor insiste em não deixar morrer um termo d. que lhe é caro por algum motivo. O romance histórico convencio-nal tem necessidade de recuperar a linguagem da e. através de f. que asseguram a cor local.

Carlos Ceia, in e-Dicionário de Termos Literários (EDTL), http://www.edtl.com.pt> [Consult. 03-01-2014, adaptado]

arcaísmos desuso época arcaísmo antigo (2x)

Manual, pp. 164-165

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Encontros • Português, 10.º ano • Caderno do Professor

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A Índia e Bombaim

Assim que se apagou o sinal de apertar cintos de segurança, houve quem desatasse a cami-

nhar coxia abaixo coxia acima, e a mais original das passageiras ensaiou até uns exercícios físi-

cos, indiferente a sedentários sorrisos.

Avançando contra o suposto sentido do sol ao voarmos para leste, adiantamos os relógios,

o dia desaparece mais depressa, tempo e espaço, medidas para mim um tanto mágicas, ficam

semibaralhadas. A seguir ao almoço era noite, mas a trepidação em certos percursos e a difi-

culdade do meu corpo em saltar fusos horários sabotaram-me o sono. Por isso, nos vagares da

travessia, observei os meus vizinhos indianos e as suas crianças bem arranjadas, quase dema-

siado bem-comportadas, sem se agitarem nem falarem alto. Uma pré-adolescente indiana le-

vava preso ao cabelo, em estilo cerimonioso, um fio com argolas claras que pareciam de prata

e, no pulso, uma espécie de rosário com dezenas de pequenas contas em madeira, quem sabe

se para obter a proteção de Brahma, criador e energia do mundo, ou de qualquer outra dos

milhões de divindades dessa Índia onde, diz-se, são tantas quantos os humanos porque cada

um tem a sua.

Sem conseguir dormir, fui lendo sobre a cidade onde em breve aterraríamos. Segundo

uma etimologia aparentemente óbvia embora errónea, o nome Bombaim provinha da expres-

são portuguesa “Boa Baía”, transformada pelos ingleses em Bombay por julgarem tratar-se de

uma baía (bay). Na verdade, Bombaim não era baía, era uma série de sete ilhas e ilhotas pan-

tanosas agora ligadas. No ano cento e cinquenta da nossa era, Ptolomeu chamara-lhe Hepta-

násia, por causa das sete ilhas que os hindus apelidaram de Mumbai invocando talvez a deusa

Mumba para que ela lhes concedesse a segurança da terra firme. À cautela deram uma ajuda à

deusa, construindo sucessivos aterros, paredões, canais e diques. Os quais, contudo, na esta-

ção das chuvas, não impedem as águas de incharem e inundarem casas, ruas e bairros.

Almeida Faria, O Murmúrio do Mundo: A Índia Revisitada, Lisboa, Tinta-da-China, 2010 [pp. 26-27]

Tópicos de reflexão • Representação do quotidiano (os aspetos da cultura indiana: a apresentação cuidada

das crianças; a crença em várias divindades, as características de Bombaim).

• Relato de viagem (o tema da viagem conjugado com a descrição de especificidades culturais e geográficas da Índia; o discurso pessoal).

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Apreciação crítica (de pintura)

1. Observa atentamente o quadro abaixo, pintado por José Malhoa e intitulado Lavadouro (na mata).

1.1. Analisa a imagem, preenchendo o quadro abaixo com tópicos. Em caso de necessidade, pesquisa informação sobre a obra e o autor em livros de arte e/ou na internet.

Informação sobre a pintura (descrição sucinta e comentário crítico)

Suporte e dimensões Tema representado Técnicas de composição

Descrição sucinta Descrição sucinta Descrição sucinta

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Comentário crítico Comentário crítico Comentário crítico

• • •

Informação sobre o pintor

José Malhoa, Lavadouro (na mata), 1922

Manual, pp. 40-41

José Malhoa, Lavadouro (na mata), 1922

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4. Projeto de Leitura

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Faria, Almeida O Murmúrio do Mundo: A Índia Revisitada (2012)Sinopse

“O viajante ocidental que pela primeira vez chega a Goa e Cochim en-frentará provavelmente a vertigem do caos à sua volta e dentro de si. Quando começa a familiarizar-se com a estonteante exuberância e com as contradições coexistentes, quando julga começar a entender a complexi-dade das castas, dos cultos e costumes tão diferentes, quando começa a fixar nomes, imagens, atributos dos deuses, tudo lhe foge de súbito, tudo se torna de novo confuso, como se o véu de Maia voltasse a cobrir a inde-cifrável irrealidade da Índia real.” (Da obra)

http://www.fnac.pt/O-Murmurio-do-Mundo-Almeida-Faria/a552808 [Consult. 10-02-2015]

[N]otável relato dessa viagem [à Índia] partilhada com Bárbara Assis Pacheco, cujas

belas ilustrações criam uma espécie de narrativa visual que se intromete na narrativa literá-

ria e a complementa. […] Enquanto deambula por Goa e Cochim, Almeida Faria evoca a

origem e etimologia das cidades, explica como o hinduísmo e o cristianismo se contamina-

ram, demora-se na descrição de rituais religiosos e sobretudo dá-nos a ver, com extraordi-

nária clareza, as maravilhas arquitetónicas que lhe vão sendo reveladas […]. A dado passo,

Almeida Faria enumera lugares com “nomes de pura música”: Pangim, Banguelim, Bicho-

lim, Morombim, Panelim, entre outras que acabam em ‘im’ . Mas pura música é também a

sua prosa, que alia uma trabalhada fluidez a uma notável precisão vocabular (no caos do

trânsito, por exemplo, identifica um “frenesim buzinante”; na fachada austera de uma

igreja, “nódoas negras de bolor”).

José Mário Silva, http://www.wook.pt/ficha/o-murmurio-do-mundo/a/id/12445572

[Consult. 05-02-2015, com supressões]

Almeida Faria fez a sua viagem à Índia e chamou ao livro que dela resultou O Mur-múrio do Mundo (ilustrado por Bárbara Assis Pacheco). É uma ideia própria do roman-

tismo, a de um rumor do mundo que os românticos se propunham decifrar e traduzir.

[...]

O filtro da distância reflexiva está quase sempre presente, e é ela que determina o

tom elegante e subtil da prosa.

António Guerreiro, http://livrariapodoslivros.blogspot.pt/2012/02/o-murmurio-do-mundo.html

[Consult. 05-02-2015, com supressões]

Sobre a obra

ENC10CP_20142838_F15_3P_CImg.indd 229 16/03/2015 10:33Todos os materiais do Caderno do Professor estão também disponíveis em formato editável, fotocopiável e projetável nos Recursos do Projeto .

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Re�exões do poeta

Oralidade | Leitura

1. Observa o cartoon abaixo, que entra em diálogo com a pintura Os Girassóis, de Van Gogh.

1.1. Interpreta o cartoon, explicitando a sua possível intenção crítica.

2. Lê agora o artigo jornalístico a seguir apresentado.

Porque continuamos a não consumir Cultura? Falta de educação e dinheiro

CLÁUDIA CARVALHO | 24/11/2013

Vamos menos ao cinema, quase não vamos a bibliotecas públicas nem visita-mos museus. A espetáculos de teatro, dança ou ópera vamos muito pouco; só a concertos, de vez em quando. Não temos grande interesse em ler um livro, nem costumamos visitar monumentos. Mas vemos e ouvimos muita televisão e rádio.

-mos representados no inquérito do Eurobarómetro sobre a participação em ativi-dades culturais na União Europeia. Nele, Portugal surge ao fundo da tabela, ao

– tal como os romenos ou os búlgaros – quase não se envolveram no último ano em atividades culturais. A crise económica explica parte dos números mas diz--nos quem conhece o meio que o problema está muito para além disso. Falta es-timular o ensino cultural nas escolas. Falta os decisores políticos, e a sociedade em geral, olharem para a cultura como um bem essencial. E falta um maior inves-timento.

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Hui Xiaoyoung, in Juventude, Desporto, Paz e Tolerância – Festival Internacional de Cartoon, Turquia, 2012

Vincent van Gogh, Os Girassóis, 1888

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6. Luís de Camões, Os Lusíadas

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3. Considerando os elementos analisados a propósito das estâncias 145 a 156, re�ete com os teus colegas sobre a situação da arte e da cultura na sociedade.

Poderás abordar os seguintes tópicos: • valorização da arte e dos artistas, segundo a perspetiva camoniana; • hábitos culturais e formas de ocupação dos tempos livres.

Organiza o debate, respeitando as seguintes etapas: – divisão da turma em grupos, tendo em conta a posição assumida; – escolha de um moderador para gerir as intervenções dos grupos; – preparação do ponto de vista a defender com base nos argumentos

que justi�cam as tomadas de posição.

Estas são as principais conclusões que se tiram depois de se ouvirem vários nomes reconhecidos da área. Há quem se surpreenda com os números, quem já estivesse à espera destes dados por estarem em linha com a tendência dos últi-mos anos e quem questione a forma como o inquérito da Comissão Europeia foi realizado. Mas há um adjetivo que todos repetem: “preocupante”.

Sermos tão pouco ativos culturalmente é preocupante e é preciso perceber o que está a acontecer com a Cultura em Portugal. O que implica também questio-

portugueses são dos cidadãos da União Europeia com menores taxas de partici-pação em atividades culturais? Porque é que Portugal, por exemplo, é o país onde há maior falta de interesse pela leitura? E porque é que só 6% dos inquiridos, em Portugal, tem uma atividade cultural frequente? A média europeia não é particu-larmente alta mas as diferenças são grandes, como é o caso da Suécia (43%), da Dinamarca (36%) e dos Países Baixos (34%), onde os cidadãos descrevem a sua taxa de participação como elevada ou muito elevada. Na vizinha Espanha esta taxa é de 19%. Qual é então o problema dos portugueses?

“É uma questão de educação”, diz ao Público Paulo Cunha e Silva, programa-dor cultural e novo vereador da Cultura da Câmara do Porto, que acredita que em Portugal “não se cultiva a Cultura”. “De pequenino se torce o pepino. Este ditado

criar hábitos culturais e isso não acontece”, defende Cunha e Silva, que deste Eu-robarómetro se surpreendeu mais com a fraca adesão às salas de cinema.

Os dados do inquérito revelam que 71% dos cidadãos portugueses não foram uma única vez ao cinema nos últimos 12 meses – uma diferença de quatro pontos percentuais quando comparado com os dados de 2007 (ano do último Eurobaró-metro sobre a participação em atividades culturais). Segundo os últimos resulta-dos divulgados pelo Instituto do Cinema e Audiovisual (ICA), de janeiro até outu-bro registaram-se menos 1,2 milhões de espectadores nas salas de cinema portuguesas, o que representa uma quebra de 10,6% em relação ao mesmo pe-ríodo de 2012. A queda já vem do ano passado mas em 2013 tem vindo a acen-tuar-se. […]

in Público.pt, disponível em http://www.publico.pt/culturaipsilon/noticia/quando-foi-a-ultima-vez-que- wollof/#2=egap?7503161-uesum-mu-atisiv-oan-opmet-otnauq-ah-e-ortaet-oa-e-amenic-oa-iof-

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Unidade 1 | Compreender e produzir géneros textuais

Lê o texto seguinte. Em caso de necessidade, consulta um dicionário.

CRÍTICAUm compêndio do coraçãoRUI LAGARTINHO ı 25-07-2014 ı 04:58

José Eduardo Agualusa resgata uma das personagens mais fascinantes da História de Portugal em África.

Livros A Rainha Ginga

De vez em quando, as coisas não corriam de feição no Impé-rio Português em África. O novo romance de José Eduardo Agualusa relembra-nos o tempo em que os holandeses cobiça-vam Luanda, percebendo as fraquezas da pequena metrópole tomada pelos Filipes de Castela. Longe da pequenez da capital, numa altura em que o século XVII ainda era quase uma novidade, um padre pernambucano chega a Angola e tem uma visão […]: “Na manhã em que pela primeira vez vi Ginga, fazia um mar liso e leve e tão cheio de luz que parecia que dentro dele um outro sol se levantava. Dizem os marinheiros que um mar assim está sob o domínio de Galena, uma das nereidas, ou sereias, cujo nome, em grego, tem por significado calmaria luminosa, a calmaria do mar inundado de sol.”

O relato celestial de Francisco José de Santa Cruz não vai permanecer idílico, pois em breve, quando a luz se dissipar, perceberá que avistou sem ainda o desconfiar uma das mu-lheres mais controversas da História de Portugal em África ou de África em Portugal. Dona Ana de Sousa, ou Ngola Ana Nzinga Mbande, ou Rainha Ginga (1583-1663) foi uma rainha dos reinos do Ndongo e de Matamba, no Sudoeste de África. O seu título real na língua quim-bundo – Ngola – foi o nome utilizado pelos portugueses para denominar Angola.

Ginga, que se tornou mito na História de Angola, é-nos descrita nalgumas destas páginas envolta na geoestratégia da época. Quando escolhe ficar ao lado dela, trabalhando como seu secretário, o missionário Francisco José de Santa Cruz está a fazer uma escolha pecaminosa: “O Paraíso deixara de ser para mim algo abstrato e remoto. O Inferno também. O Paraíso era ela e o ar que ela respirava, e o Inferno a ausência dela. A toda a volta só havia demónios.”

Há nestes primeiros capítulos do relato do padre pernambucano o recurso à técnica da anestesia, o que nos permite desprendermo-nos da realidade e, enfeitiçados de encantos, prosseguirmos atrás dele. Neste contexto a tarefa é fácil, prazenteira e aceite pelo leitor de forma voluntária. O ponto de viragem acontece no capítulo quinto, onde se escreve que “há mentiras que resgatam e há verdades que escravizam.” É nesta altura que começam a saltar perigos dos caminhos que podem ser mosquitos ou leões, inimigos que eram aliados, piratas lendários quando a estrada é feita de mar: “Somos maus pela mesma razão que as pedras não caem para cima, quando as soltamos perdendo-se no céu. Somos maus por indolência.”

A Rainha Ginga é um romance de aventuras bem escrito e sem retóricas falsamente so-fisticadas onde se misturam lendas, figuras históricas e reflexões intemporais precisamente sobre o tempo. Escreve o padre Francisco: “Não habitamos ao longo da vida um único corpo,

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Unidade 1 | Compreender e produzir géneros textuais

e sim inúmeros, um diverso a cada instante.” Esta é uma vida pacificada por amores e desa-mores, sobressaltada pela adrenalina que o cruzamento com verdadeiros piratas lhe deu, com uma duração felizmente grande para se poder distanciar, desprender. Francisco José de Santa Cruz é um achado de personagem na triangulação quase global que a sua biografia permite, unindo Portugal, Brasil e Angola.

Quase no final do livro, temos notícias frescas de Ginga: a rainha, que um dia quis ser tratada por rei e que chegou a ter não um séquito de aias mas de aios, morre aos 80 anos em paz com os portugueses e com a Igreja Católica.

Um dos trunfos do romance resulta disto: a sua figura tutelar, porque pertence quase ao domínio da lenda, aparece e desaparece e é-nos contada por alguém que, embora tenha res-pirado o mesmo ar que ela, aplica uma patine ao seu relato, não a deixando sair da imagem que a história fez dela. Aqui e ali o pitoresco e o detalhe de riquezas, modos de vida, datas, façanhas, salpicam o livro. Mas são apenas pintas, antes fruto do fascínio do próprio Agua-lusa em partilhar o muito que estudou e descobriu na preparação do livro – andanças e tra-balhos que, de resto, muito lhe agradecemos.

in http://www.publico.pt/culturaipsilon/noticia/um-compendio-do-coracao-1663964 [Consult. 22-12-2014, com supressões]

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1. Para responderes a cada um dos itens de 1.1. a 1.9., seleciona a opção correta.

1.1. Este texto adota o género textual

a. relato de viagem.

b. artigo de divulgação científica.

c. apreciação crítica.

d. exposição sobre um tema.

1.2. Ao nível do contexto de produção, este texto foi produzido na esfera

a. jornalística.b. publicitária.c. escolar.d. científica.

1.3. O segmento inicial do texto, destacado a negrito (ll. 1-2),

a. não desperta a atenção nem o interesse do leitor.

b. deixa antever o clima e a tónica de abordagem do tema.

c. tem um carácter objetivo.

d. é marcado pela prevalência da primeira pessoa gramatical.

1.4. Nas linhas 3 a 12 contextualiza-se historicamente a ação narrada e

a. apresenta-se sinteticamente a situação inicial do romance.

b. descreve-se o padre pernambucano que chega a Angola.

c. enumeram-se os aspetos mais valorizados da obra.

d. listam-se os aspetos menos apreciados na obra.

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