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.\ di:-:tinta cantora sr.ª D. J Cl>ITll Ll\l.\ li série-N.º 521 '1ssiaa!ua pra P111u1aL I Trimestre 1120 CI\' . 1:1181ias ,1nugmas \ Semestre . 2$40 .. e les,aah : Ano .. ... . 4IBO Numero avulso, 10 ccnta\IOS O SECU LO Re1!1eçlo, adminlstreçie e oficinas: raa do Seculo, 43 Lisboa, 14 de Fevereiro de 1916 Oirer.ior: J. J. DA SlLYA GRAÇA Propriedade de J. J. DA SILYA GRAÇA. Ltd. Editor: JOSÉ JOUBERT CllAYB.5

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Page 1: e les,aah: O SECU LO Propriedade de Numero avulso, 10hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/OBRAS/IlustracaoPort/1916/N521/N521... · Janeiro, o escritor brazileiro José Verissi mo de Matos

.\ di:-:tinta cantora sr.ª D. J Cl>ITll Ll\l.\

li série-N.º 521

'1ssiaa!ua pra P111u1aL I Trimestre 1120 CI\'.

1:1181ias ,1nugmas \ Semestre. 2$40 .. e les,aah: Ano . . ... . 4IBO •

Numero avulso, 10 ccnta\IOS Edf~semana~do jorn~ O SECU LO

• Re1!1eçlo, adminlstreçie e oficinas: raa do Seculo, 43 •

Lisboa, 14 de Fevereiro de 1916

Oirer.ior: J. J. DA SlLYA GRAÇA Propriedade de J. J. DA SILYA GRAÇA. Ltd.

Editor: JOSÉ JOUBERT CllAYB.5

Page 2: e les,aah: O SECU LO Propriedade de Numero avulso, 10hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/OBRAS/IlustracaoPort/1916/N521/N521... · Janeiro, o escritor brazileiro José Verissi mo de Matos

ILUSTR AC,Ã n PORTUOUEZA

CARTUCHOS PARA TODAS AS PISTOLAS E REVOLVEIHS

..!{,n;ará e.i.:!:1~ =~™::. ~~~· Rftf,'lêr'ô~: UMC. Sua .. plowo ra,.;da, reaular e cel1a são dcmoouodas pdoo rttord. do mundo:-lj~;'COO':'to Olympic, a•nho por A. P. L.ane, m&rca

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IJinna a MEl.HDR SABONETE ·

- ' ...

O :passad.o, o presente e o futuro REVELADO PELA MAIS CELEBRE

CHIROMA NTE E FISIONO~IS1A OA EUROPA

NIA DAIVI E

B~ouillard Diz o passado e o presente e

prediz o ftl>luro. com veracidade e rapidez: e 1ncompara,·e1 em"ª" llCIOIOS. Pelo CSlllllO Que íez das clcnclas. Quiromancias. cronolo­gla e ns101og111, e pelas apllcaçôes 1>nulcas das teorias ele Gall. 1.a­•·01e1·. Dcsbarrolles . Laml>rose, d'A rpenllgney, madame Broull­lard tem percorrido as 1><·lnclpaes ~htades da guropa e Amerlca. onde rot admirada 11e1os numero­so; cllentes da mais alta catcgo­rl:t, a quem predisse a queda do Jmperto e todos os acoornc1meu-

1os Que se 111e ~e{tulram. ~·aia portu~u ez. rraoccz. Ing lês. a lcmiio. Ita­liano e llespaohol. oa coosutt.as dlnrlas ons 9 oa nrnnhâ ás 1 t du 110110 em seu gabinete ''ª· llUA oo t:A lt \10, '•ª 1sobre·IOJa)-Lls1>oa 1:ou­su11as u 1 soou reis. 2S!>OO e 5$000 reis

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colhtt de "Maizcna." Meu-se 11~ 6car npeaso. e quando OU\·er fuo. deile·te vm quartilho ele ••i. boticl. e duas l?êmu d' ovoo bem babel... Deite-se aaucu e: a CS$iCOci.a e po9ha-tc a tdat.

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Toda a t1pecie de doc:e.. ,,..,.;, e bisco!tOI to1nam-sc muiti.imo su:>et'iore•quondo, cm. 108Af defa­rinha, unicamt'ntc se emp<ca11dc 1/ 5 a 114 ll&rtedc "'Maiicna."

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14-2-1916

Cafasfrofes ' Um livro ufil

A semana passada foi fcrtil em catastrofes. No 11 Canadá pegou fogo ao palacio do parlamento, em Otawa, e, atravez de outras desgraças me- il nores, ardeu um deputado. Em Marrocos um quartel abateu, feriu recrutas, entulhou um te­nente-coronel. Com os grandes temporaes de Hes­panha, sem que o telegrafo nos explicasse por- 11 quê, um medico que ia n'um trem afogou·se n'um balseiro cheio de vinho branco. E como se não bastassem estes estranhos e incongruentes factos, li

o Ganges sub iu, inundou a lndia, afogou dez mil in -digenas, a terra li tremeu no Tur-questão, deitou abaixo uma s êrie li de aldeólas. O mundo está, real­mente, desconfor- 1 lavei.Tudo isto que 1

se passou longe de nós, vem escassamente contado pela Havas, no fundo mais sumido dos jornaes. Coi­sas remotas que apenas nos dão um vago e con­descendente encolher de hombros. Com que pra­zer vejo este belo ceu, este inverno já macio! Nem o amavel Tejo transborda, nem - coisa adn1iravel de dizer-se !-os deputados ardem. Cul­tivemos, pois, o nosso jardim!

José Verissimo

Qnasi sexagenario, morreu, agora, no Rio de Janeiro, o escritor brazileiro José Verissi mo de Matos. O Brazil perde um ilustre professor, as letras um dos seus mais brilhantes coloristas, a Amazonia o seu mais enternecido cantor. Como nenhum outro, teve esse raro poder de descri­ção, que faz viver e agitarem-se nos seus livros as infindaveis florestas do Norte-Brazileiro; a sua força evocadora era servida pela mais classica e pura das linguagens, recheada de vocabulos pro­prios e faiscantes que ele inventou, poli n e lan­

\Ôn 'nessa tão curio­sa e tão original con­versação brazileira. Ainda hoje, pegan­do, ao acaso, n'um dos seus livros, abri as ·Cênas da Vida 1 Amazonica•, reli essa Eorm0sissima novéla que é •O bôto ... To- 11

da a ver~ura, o misterio, a imen>a magesta­de dessas vastas florestas que permanecem imu­taveis e eternas entre o Tocantins e o Madeira, 1 saiu de entre as suas paginas magnificas. Com que amor José Veríssimo tratou a sua Amazonia ! Vi­veu-a, respirou-a, tornou-se panteísta por ela. foi 1 um escritor convicto, crente, ingenuo, grande e bGm!

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Apareceu, agora, um livro que nos ensina a guiar locomotivas. Com este livro, todos nós, atulhados de física e de teoria de maquinas, poderemos, com relativa facilidade, perceber um certo numero de coisas de que apenas temos uma nebulosa ideia. Cheios de cursos, de noções teoricas, sabendo desenvolver um binonimo ou calcular a resistencia de uma viga de ferro, como são, todavia, raros aqueles que, entregues a si proprios e isolados, podHiam aproveitar-se de tudo quanto o saber humano tem pacientemente acumulado! Lembro­me de certo conto fantastico de Andcrson onde um homem - um medico - se encontra repentinamente, com toda a sua ciencia e o seu progresso, vi­vendo nas pri­meiras edades da terra, com meia duzia de t r o g 1 o d i t a s. Tem o saber dos seculos e uma caixa de lumes prontos; agonisa de fome, ao lado de um campo de trigo, porque não sabe fa­zer pão; com toda a ciencia de Pasteur ou de Trousseau, não póde arrancar um dente a um tro­glodita menor e a unica noção pratica que soube incutir a esses homens primitivos- foi ensinar-lhes a acender um fosforo!

O Carnaval aproxima-~e cow todas as suas gra­ças; já Pierrots de flanelas sujas segredam convi· tes a varias Colombines em mau estado de con­sc:rvação. A mascara vae aparecendo, a bisnaga desponta. Fabrica-se um penacho em todas as tra­peiras, já o divertimento do esoelho, tão galante e tão fino, nos persegue pelas ruas ... Encontro por aí creaturas que se entreolham com terror e pergun­tam apavoradas como se hão-de isentar d'essa coi~a hedionda e fétida que é o carnaval alfacinha. Não é focil. Andamos ~

todos tão tristes Jltfé. 0 ~-e-

durante o ano ~({ :zr_ ~ que se torna jus- 1 ,1 " • :s, ta uma exuberan- :"i ,:!!!;~~ ~~.

~ ,~ .. --- . eia passageira · ,tf.; ~ · n'este povo ama- ~ / :. : '.; ~ ...... vel e bem educa- ~- : ;.: ; '. do, comedido até nas maiores folias. Para mim, é delicioso o entru­do. Tres magnifit:os dias de ,,farniente", no íuedo d'nm ufauteuil••, entre um livro e um cigarro, apli­cando o velho proverbio do deitar cedo e cedo erguer ... E' lastimavel que não haja, ao menos, um todos os mezes !

MAR/O DE ALMEIDA.

(Ilustrações de Manuel Oustavo)

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(Diario de um caçador)

Posse para onde fosse que saissse de Lis­boa, a espingarda

nunca me abandonava em tempo de caça. Tive de ir fazer, naquele ano, uns estudos nos livros do arquivo da camara ecle­siastica de Valença, por sinal guardados em arcas de milho em casa do aba­de da Ganclara, então já cego, e levei a minha companheira inseparavel.

Hospedado no ho­tel Rio Minho•, ia todos os dias de ma­nhã, de Cdrro, para a Gandara.

Que belo ar, sa­turado das emana-

efluvios da terra, não resistí á tentação de me escapar ao trabalho. A meio caminho, atra­vessou a estrada na direção su l, mesmo por cima da charrette, um farto bando de rolas. Foi um instante emquanto mandei o cocheiro retroceder. Voltei ao hotel, peguei na espin­garda e no cinto e dirigi-me para os pinhaes de Fontoura.

Já um ano eu fizera ali grande fachina, gra­ças ao João Mota, um bom velhote, que co­mo poucos sabia os melhores bebedouros das rolas e as moitas predilétas dos coelhos. Lem­brei-me dos seus excelentes serviços, mas an­tes de o procurar fui visitar monsenhor Cons­tantino de Ba rros, paroco de fo utoura e vi­gario geral de Valença. Era o modelo dos padres e dos portuguezes: inteligente, instrui­do, austero e ao mesmo tempo bom conse­lheiro e guia dos seus paroq uianos, que a inda hoje o choram.

Atra,·essei o Yelho cemiterio, contiguo á egreja, cheio de lousas e de frondosas came­lias, que mais pareciam uma homenagem flo­rida á cruz enorme que se lhes altea va no meio, do que sombra amiga e carinhosa para os mortos. Depois de uns deliciosos minutos de cavaco, pergunte i-lhe pelo Mota.

-Morreu, faz ámanhã precisamente duas semanas.

-Morreu?! ... exclamei surpreendido. Mor­reu de quê?

-Por ter casado segunda vez e com uma rapariga. Eu bem o aconselhei ...

E monsenhor Barros cravou-me o seu olhar sereno e penetrante de fisionom ista, a ver o efeito que tal afirmação produzia em mim.

ções do mato Confesso que não foi pequeno. O Mota e dos pinhei- morrera por ter casado com uma rapariga ...

ros, se não respirava Não estava nisto o aguilhão da minha supre-estrada acima! Sor- za; o que me surpreendia era ter casado ou-

via-o a grandes haustos, com a sofreguidão de tra vez aquele homem de 60 anos, quebrados quem sae de um carcere ou faz uma inspira- como 70, calmo, ponderado, regular no seu ção anciosa de oxigenio antes de se meter trabalho e n.a sua vida como uma maquina, e noutro. Efétivamentc, naquela casa não se rcs- que, da ultima vez que o vira, ainda cborava pirava bem. Apenas mexia nos livros, que ou- como uma creança a perda de uma compa-tro mortal não se arriscára até ali a manusear, nheira querida de 23 anos, mais nova do que evolava-se uma espessa e irritante poeira de ele uns dez, e que lhe norteava a velhice com ossuario. Parecia-me viver essas horas revol- uma mão tão meiga como leal. vendo esqueletos. -Mas o Mota era tão amigo da mulher e

Naquela manhã de outono, rica de sol e de um santo homem, observei eu ainda confuso. IQl=~~~~~~~~~~~~~·~~·~~~~~~~~~-[QJ

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e -E' verdade; mas lá diz o versiculo do

Genesis que «OS filhos de Deus viram que as filhas dos homens eram belas e ...

-Então,. a rapariga era bela?- atalhei eu, sem vontade de conhecer o resto do ver­siculo.

-Bela como as que o são. Apareceu aí ha dois anos para servir, vinda de Orense, onde o Mota trabalhou muitos anos como serrador e d'onde r~gressou casado com a primeira

. (Q] -G:onheceu a primeira mulher do Mota?

retomou ele a conversa. -Perfeitamente. -Pois, quando tivesse 25 anos, seria exa-

tamente a segunda. P0r ela, faça idéa d'esta. I-la irmãs que não se parecem tanto.

-Ou mãe e filha, acrescentei eu maliciosa­mente, confesso, antevendo já uma emaranha­da urdidura de romance.

O abade de Fontoura encolheu os hombros,

mulher, que era de lá. Tinha 25 anos, e hoje ergueu os olhos ao ceu e apertou muito os 27; ao pé, parecia neta d'e le que aparentava labios estendendo-os, como se tivesse receio mais anos do que tinha. Era exposta, segundo de que lhe escapasse um monosilabo sequer resava a certidão de batismo e a papelada que que me atiçasse ainda mais a imaginação. E teve de correr depois para se casarem ... Se depois contou-me: era belo aquele pedaço de rapariga l ... Pou- -Decorridos uns quatro mezes sobre ache-pe-me, meu amigo, a uma descrição que pouco gada da rapariga aqui, já circulavam uns se compadece com a gravidade das minhas zuns-zuns de que ela transtornára a cabeça ao vestes e ainda menos com a da minha idade, Mota. Por esse tempo eu mesmo o curpreen-suspendeu monsenhor Barros, sublinhando a di uma tarde seguindo-a por aquele atalho frase com uma graça infinita. além, ao fundo das terras,· como quem vae in- '

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conscientemente atraído pelo poder fascinante de uma aparição. Perdi-os, em seguida, de vista por detraz do bastio. A' noite, mandei-o chamar e falei-lhe como um amigo. Fiz-lhe vêr o pe1 igo do futuro e o ridiculo espétaculo do presente. Com os olhos esgazeados e a voz estranhamente tremula, disse-me que a sua Joaquina resurgira n'aqucla rapariga, linda e meiga, como Deus lh'a enviára ha 25 anos e lh'a roubara havia dois, sem piedade da sua velhice que estava á porta. Havia tambem de casar com ela.

Corrigi-lhe com severidade a blasfemia, advertindo-o de que ele se queixava de Deus lhe levar a mu lher e, afinal, ele é que despre­sava a sua honrada memoria para c sar com outra; o que o tornava duplamente pecador. Não calcula, meu amigo, o fogo intenso que o tomou de subito e o que ele me arengou na sua linguagem desalinhada, mas clara e im po­nente de convicção. Em resumo: estava deci­dido, contra todas as ad ·, ertencias e preconcei­tos, a casar outra vez, porque na segunda mu­lher não fazia mais do que continuar a amar a primeira, tão parecidas eram elas de corpo e de alma!

-E' singular, deveras singular! exclamei eu. -E' verdade! Estranha fórma de sugestão!

Creio que Empedocles e Heraclito, velhos mestres em assuntos de amor-não conheço os novos-nunca abordaram casos d'esta na­tureza. Convenci-me de que mais nad1 tinha a fazer e casei o Mota com a Micaela.

-- fez em março um ano, continuou o abade. Oc; tres primeiros mezes decorreram alegres e L iizes. foram uma verdadeira pri­mavera como a que lhes sorria atravez das arvores e das flôres que lhes cercavam amo­ravelmente a casinha. Mas depois o Mota en­trou de entristecer, de andar cabisbaixo e de evitar as peo;soas. Tambem me evitava a mim; talvez envergonhado e penitenciado ele não ter seguido os meus conselhos. Deixo'! de tra­balhar e raras vezes saía, a não ser para ir ouvir missa. E cada domingo-notava eu mesmo de longe - ele ia decaindo de uma maneira pavorosa. O amor era para ele ainda mais do que o tirano dos velhos, segundo o dizer conceituoso de Luiz Xll: era o inferno que lhe torturava a alma. Devorava-o o ciume na sua fase mais selvagem, mais estupenda; roia-o ferozmente, acordado, dormindo, e até quando punha os olhos na imagem de Deus, que lhe podia levar o influxo calmante da sua mizericordia.

- Então Micaela não era, afinal, em tudo

a primeira mulher do Mota? Pobre velho nas mãos de uma rapariga de 25 anos!

- Não, se-nhor; engana-se. Ninguem tinha que lhe dizer; só a lastimavam. Se a visse hoje!. . . Parece uma velha. Tambem sofreu muito; reconhecia-se que sofria muito; e so­fria ·com uma resignação que nunca vi na­quela idade. O Mota chegava a abalar de noite, armado de espingarda» á procura do imaginario salteador da sua honra, ao primeiro ruído que sentia no exterior, fôsse o vento a bulir na folhagem, fôsse um barrote do telhado a estalar levemente com o caruncho ou a mu­dança de temperatura. Até o proprio filho, um bom rapaz de 20 anos, teve de se ausen­tar d'aqui, levado de uma dôr incomportavel, porque ~hegou a reconhecer - inaudita aber­ração humanal-que o pae tinha ...

E monsenhor Barros não acabou a frase, de requeimante que ela era para os seus labios e de deprimente para a nossa pobre especie.

- Mas esse homem estava louco de todo, doido varrido e perigoso!

- Sem duvida. Mas que fazer? São dos taes casos que só a morte póde liquidar. fo­gem á alçada expurgante da justiça e aos co­letes repressores dos manicomios. Liquidou-se ha 15 dias, depois de largos mezes de tor­mento. Deus se amerceie do pobre Mota! ... Mandei-lhe abrir a cova ao lado da cova da primeira mulher. As duas loisas unem-se numa intenção piedosa e expressiva. Viveram am­bos tão unidos, tão felizes!

- E Micaela? - perguntei eu ainda não sa­tisfeito com este fecho do romance.

-Os primeiros oito dias não saiu de casa. Ao oitavo veiu ouvir a missa de sufragio que encomendára. E, de então para cá, todos os dias, á tardinha, quando batem trindades, vem renovar os goivos e malmequercs, q ue es­parge sobre as duas campas e ajoelha em se­guida a rez1r . .. Olhe lá vem ela !

E, efetivamente, um vulto esguio de mu­lher, amortalhada de negro, aproximou-se len­tamen te das duas campas e ajoelhou. A' luz indecisa do poente que maior cunho de tris­teza imprimia áquele cenario, não lhe pude observar as feições nem distinguir o que ela fazia. Nisto soaram, compassadas e solenes, as badaladas das Avé-Marias. O abade de fon­toura e eu descobrímo-nos e, num indizivel recolhi mento espiritual, quedámo-nos muito tempo voltados para aquele quadro pungente de dôr. Nenhum de nós tinha os olhos enxu-tos.

FLOREANO.

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Como dissemos já, decorreram brilhantíssimas as fes­tas aniversarias do ·n de 1aneiro, 110 Porto onde o cnere do Estado, o presidente do mmiste1 io e o ministro do fomrnto receberam as mais calorosas manifestações por parte de todas as classes sociaeg.

A chegada do sr. presidente da Republica a Lisboa foi entusiastica, achando-se na gare da estaç~o do Rocio muitos funcic na rios do Estado rara cumprimentar o seu c1 efe supremo. Cá fóra, no largo de Camõe~. a alluen­cia do povo era enorme, a qual vitoriou o sr. dr. Ber­nardino Machado.

AINDA A CELEBRAÇÃO DO 31 DE JANEIRO

No Porto: -1. A Camara Municipal, ornamentada no dia 11 de faneiro.-2. As forças de marinha na pra­ça da Liberdade, no dia 30 <!e janeiro, aguard•nno a chtgada do sr. presidente da Republica.-3. O sr. pre­sidente da Republica, e os srs. dr. Afonso Costa, Correia Barréto, presidente do Senado, coronel Manuel Maria Coelho, tenente-coronel Malheiro e Antonio Maria da Silva, mini<tro do fomento, junto do tumulo

.. dos heroes do 31 de janeiro no cemiter!o do ~epouso.-(Cltcllt Oarcez).

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Em Llsbo•:-0 ><. dr. Bernardino Mt.chado, presidente da Republica, saindo da cuaçio do Rodo onde ft.>i muito aclamado.

O chefe do Estado seiuindo pela Avenida da Liberdade a ca1ninho do palado 1Cllcllts Bcnolicl).

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fl exposição 7(igino de )Yfendonça No salão da !lustração Porillgueza es­

tã aberta uma nova exposição de pintura, interessante a todos os respeites, princi­

palmente por nos trazer a revelação de um grande ta­lento artistico, que as lutas do jornalismo e o culto ;1paixonado d;1 literatura, como romancista e drama­turgo, por tanto tempo ntm sequer deixaram entrever. A não ser algum intimo, ninguem mais terá conhe­cido a Higino de Mendon­ça uma decidida vocação para o desenho e para a pintura. Lançacjo na vida 1ornalistica pelo jornal do Comercio, então dirigido por Antonio de Serpa Pi­mentel, passando mais tar­de d'aquele jornal para a Oazefn. de Portugal, de que foi proprietario e que se fundiu com a Tarde, so­bre cujos alicerces se fun­daram as Noticias de Lis­boa, reaparecendo as Novi­dades, depois da proclama· ção ela republica, sob a sua

11As manas Albergarias•, "Amor de Mãe•, 11A avósinhau e outras, nos hlvia ainJa de aparecer sob o aspeto de um excelente pin­

tor. E' verdade que Higino de Mt:ndonça já concorreu a exposições da Sociedade Nacional de Be­las Artes com trabalhos a oleo e a pastel, que lhe va­leram duas menções hon­rosas; mas ao seu nome de jornalista e de dramaturgo não se ligou certamente o do pintor. Continuou a ser conhecido no mundo das letras, mas passou desper­cebido no mundo da arte.

fatigado e desgostoso do jornalismo, com a sus­pensão das Novidades, de­dicou-se febrilmeme á pin­tura; procurou n'ela o es­quecimento dos seus dis­sabores e n'ela elevou de tal fórma o seu espírito que todos os seus quadros traduzem, além de um ver­dadeiro temperamento ar­tis•ico, a concepção das belezas naturaes na sua fórma mais pura. H1gi-direção, ninguem diria

O sr. Higino de Mendonça

Chalet de Luiza Margarida de Sousa

que esse critico d'arte, vivo e energico, esse polemista distinto e não poucas vezes temido, era no fundo um grande artista. Ninguem diria tão pouco ~ue o cintilante autor do romance

•Luciha11, que teve duas edições, e das aplaudidas peças tea!raes •Pena Ultima•,

199

Pronto a virar

no de Mendonça não é um pintor saido da aca­demia; formou-o o talento. a observação escru­pulosa e sentida da natureza e o estudo dos grandes mestres nos museus. Os seus 46 qua­dros a oleo e um a pastel, expostos no salão da Ilustração Portugueza, leem

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desenho, teem côres, teem deta­lhes, teem, em su ma, uma tal ver­dade nos aspetos deliciosos da ter­ra e da agua, que não acreditamos que esse homem não passasse toda a vida a desenhar e a pintar, não tenha sido exclu­sivamente um ar­tista, em vez de seguir a carreira de marinha, sen­do hoje capitão

•Na n•esa da cosinba. quadro da sr.• o. Henriqueta de Mendonça Bcttcn·

c<1crt Cardoso

A nau dos Corvos (Cabo Carvodro)

de mar e guerra, e de conquistar no jornalismo e nas le­tras o lGgar de pri ­masia qu: todos nós lhe reconhecemos.

Com Higino de Mendonça expõe tarnbem 5 quadros, que revelam muito talento e estudo,

guns d'esses qua­dro.; parecem de uma artista consu­mada. Em suma, a expos:ção ffigino de Mendonça re­presenta um verda­deiro acontecimen­to pelos dois for­mosos talentos ar­tisticos que tão ines­p era d ame'nte nos revela e 1~elo cunho da extremada dis­tinção que respira.

•Rio de Louz.a., poente

200

sua filha a sr.ª D. Hen­riqueta de

Mendonça Bet­tencourt Cardo­so, discipula do insigne pintor sr. Antonio felix da Costa.

A distinta ama­dora ainda ha pouco tempo se consagra á pin­tura; mas o ~eu

desenho é já tão firme e rigoroso, o seu colorido tão rico e bt!m graduado que ai-

e Rio do Avenal•

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BELEZAS ---

ALEMTEJANAS

O sr. dr. Mario Oanta Frtirc. disUnto fotografo.amador.

O sr. dr. Mario Gama Freire, é um grande admirado1 das belezas alemtejanas. Amador muito distin­to da fotografia, não perde oca­sião de tirar aspetos que mais lhe agradem da rica província que tanto o entusiasma. Os ·cli­chés• que aqui inserimos são pre­ciosos pela observação de perspe· tiva e pelos efeitos de luz. Os as­petos do Sado e da pitoresca ribeira do Dejébr. são na verda­de encantadores, não admirando por isso, que o distinto fotogra­fo-amador os tenha reproduzi­do justamente nos seus pon-

5. A cgrcja de S. Mamede

2. O Xarramn ao luar 3. Um aspeto do rio Sado an luar

4. Uma ponte sobre o Dejébc

tos mais dignos de serem apreciados admiradores do Portugal pitoresco.

2'JJ

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Os soberanos do Montenegro em Lyon. - A rainha Milena saindo para o seu passeio quotidiano acompanhada de uru oficial da côrte

O Velho Mundo em guerra

A França, sempre nobremen­te hospitaleira e de uma exem­plar lealda-d.e para com todos os povos que ao lado d'ela -:em­batem a ambição selvagem da Alemanha, recebeu de braços abertos e com todas as honras que lhe eram devidas, o rei Ni­colau do Montenegro, que a sorte da guerra forçou a dei­xar o seu paiz.

A comoção do infeliz sobe­rano ao pisar o solo francez foi indescritivel perante tão fraternal acohhimento. Este fa­cto lambem estendeu a sua in­fluencia moral ao resto dos seus exercitos que, dissimina­dos por um lado e outro, de­pois de uma ingrata luta, se vão refazendo e ieunindo.

Dentro em pouco o Mon~e­ncgro disporá outra vez de nu­merosas e valentes tropas que, coadjuvadas pelos aliados, hão de expulsar vergonhosamente os invasores, que se supõem já em paiz conquistado.

A chegada a Lyon do rei Nicolau, do M ontenegro.- 0 rei sain1o da ga1·e. acompanhado pelo perfeito ae Rhone entre filas de territoriae• que lhe prestam honras mi litares.- cc:ttcllé's Bra .. ger1.

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Em Lyon.-0 principe oanilo, herdeiro do Montenegro, a princeza Militu, sua mulher, á esquerda osr. Ber­nel, vtce consul do Montenegro e á direita o sr. Burnet, encarregado dos negocios do Montenegro em Paris, na

visita á vila de Vcrnay, onde os soberanos mt>ntenearlnos residem.

Em Lyon.-A vila de Vernay, onde residirio os soberanos do Montene~o durante o seu exilio

(Cllellil Branger}.

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\ \ 1

O general Casfelnau em Sa/onica.- Acorr.panhado dos seus ofidaes, o general chega á crista de um monte

2. O general e o seu estado maior atravessando plan icies e mentes na Macedonia, • ao norte de Salonica

3. O general observando os campos

Um forte italiano nos Alpes Carniques-(Cltcllé f.xcelsior)

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Visitando os hospitaes de feridos

Noticiaram os jornaes que a ex-rainha de Por­tugal e seu filho haviam visitado os hospitaes de sangue em França. Na fotografia que hoje rcprodu-

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zimos vemos a sr." O. Ame lia, acompanhada de ma­dame Jswolsky, esposa do embaixador da Russia em Paris, á saída do hospital russo n'aquela cidade.

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jY'um hospital milifar auxiliar

1 L

Uma atriz franccza lcndJ vcrus a u n h!r.>e qu: cclou_nos camp~s de batalha

(Rapido 1r0<111is d"aprés naturc <!o nos•o c"rc; pondcntc c;pccial sr. Ferreira da Costa).

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Um a\•ilo 1ti1i:ante russo, do tipo /lrJt1 .V111Ir<mu·l;t•

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A infantaria france;:a regressando ao seu acampamento depois de uma brilhante vitoria ganha sobre os alemles

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Os prisioneiros buliiaros são enviados para uma ilha do Mediterraneo (Ctlclié Excelsior).

Em Salonica.- As primeiras vitimas dos aeroplanos alemães, em 30 de dezembro de 1915: dois car­neiros e um pastor grego, que mulheres d•. vuinban;a r.>Jeiam, chorand.,, E;te ato de hostilidades

motivou a prisão dos consules dos paizes inimig.ls no mesmo dia e um ataque aos seu; consulados

-

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Na A/1a c/a: No cemlterlo de Moosch. antes da inhumaçio do ttneral Serrctt, rerido cm terras da Alsacia, o reretro, coberto com um pano tricolor,~ pardado, durante o d~file dos assist(ntcs, por jovens alsacianas.

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~.<f?)rU ----- ------- - . f~ J)~

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....

O imperador da Russia e •cu filho o principc herdeiro Nicolou Nicolaievitch, no quartel general em Pctrogrado .

't

Ouílherme II na fr11nte do Strypa, na Oalicia, e111 princípios de janeiro ultimo

O general Oourand, inspecionando as linhas de combate

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COM O QUE ELE SE CONTENTA

E/11: - Que horrol' de tempo, parece q ue vamos pelos ares 1

E l e : - Um tompo magnilico, mulher. Assim estamos livres dos zeppet1111.

<Tlle By • ta111Ur).

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_s:::~~P--~...C...::Q......a.,,.,.-~~~~~~~~~~~~~--------------- -

ExPos1c~o= ~ ,_

Ere tiva mente o sr. Sousa Pinto aíir­m a-se cada vez mais o extraordi­nario pintor que todos conhecemos, sendo prodigiosa de encanto a obra que expoz, a qual abrange todos os generos, desde o retrato á p:iisagem, dos estudos a pas­t.!I aos trabalhos a oleo, não sendo possivel distinguir este d'aquele, tão belos são todos eles.

O ilustre pintor Sousa Pinto, uma das mais gloriosas i n d i vi dualidades artisticas portugue­zas, é condecora­do com a Legião de Honra, conce­dida quando ex­poz no ·Salon•, de Paris, os seus ad­mira veis trabalhos.

A exposição, que é individual, tem tido um suces­so que nenhuma outra do seu gene­ro até hoje alcan­çou, pois que logo nos primeiros dias a venda de quadros ascendeu a impor­tante cifra de dez contos de réis.

::_5oq-d'~/YTO=, ';:/ foi um verdadeiro

acontecimento artistice a expos1çao do distinto pintor sr. Sousa Pinto, ar­füta consagrado não só no paiz como no estran. geiro, onde tem recebi­do os mais gloriosos elo­gios e honrosas recom­pensas pelos seus bri­lhantissi'TIOS trabalhos. A con­correncia ao palacio de Be­las Artes tem sido desusada. Artistas e amadores di. sublime arte leem ali acorrido, exta­siando-se com tanta obra prima.

• La culottc déchiré•

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A pesca A caminho do trabalho

Meditação

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~ 0. f~ Um trecho dos campos de Sanfarem por ocasião da ultima cheia

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Se nilo tosse a inlollgon· te e corajosa inic1ati·

va, diremos mesmo pa· triotka, do ilustre emprc zarlo e diretor do Collsc• dos Recreio!', sr. Antonio Santo!', o grande vublii-o de Lisboa nunca lugraria o prazer espiritual de ou· vir opera. S. Carlos era o teatro dos privllrgla­dos- dos ricos e dos arh;­locra1as, estancto cativos Lodos os logares. Estran­geiro ou provinriano, que passasse por Lisboa, la· se sem ouvir uma só par­lllura dos grandes mes­tres, oor mais dinheiro Que estivesse disposto a gastar.

Yelu o Coliseu com a ooe­ra, acessível a todas as posses. O• frequentadores de S. <:arlos olharam-na com rosorvaR; mas as classes medias e populares en­rarreiraram logo para aquela vasta, hlglenlca e desafogada ca.«a de espeta­culcs, acabando por preferir os en· C'antos benefiC'os do teatro lírico, como todo o po­vo que se préza, ás cenas dissolYentes e Irritantes de

Ucutar valor. Inte· rossa e consola ver o gosto, o criterlo, o entusiai:.mo com que esses milhares de pessoas que enrhem a~ ban1·adas da geral, nAo falando da plateia e dos C"amarotes, seguem a musica e o canlo, ora suspendendo a rei:plra· Ci•O, ora aplauclin<lo fre. nPLlramonte. E' uma das melhoras provas de cul­tura que nos pode dar uma sociedade.

E o caso é qne esta ex• elente atmosfera que ~e creou no Coliseu e o racto de, nos ulllmos anos, virem cantar al­guma!l das maiores no­tabilidades líricas do munclo leem alraldo ali de tal forma os velhos /lflbltués de S. Carlos, que eles chegam a es­quecer-se de que conll· nua rechado o seu velho teatro. O ano passado

tiveram o notavel tenor VI· nas, a insigne prima-dona Uardéo o o celebre maestro

Sant<·Sacns; este ano, a prima­dona l(rucenlsl<I, d~ nome uni­versal, e agora o notavel barlto-

110 Mattia BaLtislini, bem como a gen· til Galvany, Calando-se já cm que

ouviremos lambem Tlta nuro ! , Tudo isto nào repres11nta apenas a su­

perior e Inconfundível orientacão, com que o sr. An­lonio Santos dirige o seu teatro, representa lambem

1. O sr. Antonio Santo~, Ilustre ernprezario do Coliseu dos Recreios.- 'l. O baritono Mattla Ratthtini. - 3. O soprano dramatico Ma· pna Lopez.-4, O soprano Carmen Toschi.-5. O soprano l~abelle Orbellini.-6. O tenor Marescotll.-7. O tenor Eurico Arenun.-

8. O soprano lireiro Oina de Martini.-9. O barltono Mimo Zuffo

alguns teatros de detlam11.çáo. Por isso a a(·ito larga e firme do sr. Antonlo Santos no noEso melo teatral tem quanto a nós um cunho edutall•o que 1he Imprime par·

serios encargo~. mais pelo brio de manter a opera em Ll~boa a uma certa ahura do que pela mira em com­pen~açl'es de outra <'rdt>m.

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INSCRICÃO •

De noite, á luz gentia d<i luar, A' beira d' uma follte cristabna, Que entre musgos e avencas, a cantar, Mwmura e corre, junto da colina, Foi sentar-se uma vez, a descan(ar, A Ventura radiosa e peregrina.

Da fonte ouvindo o tépido mttrmwio, D' um vago sónho presa ou embalada, Quiz dizer-nos onde era o seu tugwio Ou palacio. E inscreveu sua morada Na rocha sobre a qual a agua corria : Mas a corrente os tra.ços joi gastando ...

E flSSim a nossa Vida vae passando, Sem achar da Ventura a moradia ...

(Do livro Poenltl e Auroras a sair brevcmcntc1.

MOTA CABRAL

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Um casarrento • e 1 ~ g ante. -Já a o llustraçdo Portu· o rrueza registou nas o suas paginas o ca­g sarnento da sr.• O. o Belmira Elisa Este­º vinho Castanheira : de Moura, filha 0 da sr." O. Carolina 0 Carn1en Eslev1nho o Casta n h e ir a de o Moura e do grande o comerciante sr. Jollo ~ Ca-;tanlleira de Mou·

ra, e sobrinha do opulento capitalista e lmp Jrtante ind us­t ri a 1 sr. Antonio Castanheira de .\tou­ra, com o sr. dr. Joio Pinto de Ft­g ue ire do, lluslrc

FIGURAS

O sr. dr. joio Pinto de Figuei· redo

E FACTOS

A sr.• O. Bclmira Elisa E<levinh~ Cas1anhcira de Moura

~~~~~~~~~°O'

1 A Renascença Porlu· gueza, do Porto, editou um bclissimo livro histo­rico. E' o rerco d'aquela cidade, contado pelo co­ronel Owen, sua testemu· nha. O livro tem grande

·valor, é certo, como docu-1\mentação historica; mas tem a valorisal-o ainda ;m~is o prefacio e notas

do 1lus1re escritor sr Raul

. O nosso amigo dr. Sou·

za Costa deu á publicida­de mais um livro qu'!, co­mo os anteriores, é de grande valor. E' uma no­vela naturista, que inti 1u­lou Regresso á Felicido­de, na qual a Natureza tem primorosas descrições e se antevê que a Humani· dade retrocederá á sua primitiva, vivendo empoleirada mentando-se de frutos apenas.

advogado e escri­tor. A cerimonia º religiosa. celebrada o na egrcja da Encar- ~ nação com Uio nu· o merosa e orno d Is tinta o assisteneJa, revestiu o brilho e pompa éxce· g pcionae~. tendo llavi- 0 doánoite no Hotel de~ Inglaterra um ban- o quete, oterecirto pelo o pae da gcntilissima o noiva e a que assisti· g ram !17 convidados. 0 Hoje presta a llus- 0 traça' ao seu apre- 9 ciado colaborador sr. o dr. J. P. de Figueire- o do a homenagem da e sua simpatia com sin- ~ ceros votos pelas fe- ~ licidades do seu lar. o

o

5. Foi uma festa notavel a leitura do poema Chave Douracta feita pelo autor, o ilustre poet• dr. Manuel da Silva Ualo, no atelte1 do eminente escultor Teixeira Lopes, na tarde de 16 de Janeiro ultimo.-6. Promotores de uma festa a bordo do paquete Avon, da Mala Real Jnglua, para comemorar n aniversario da Republica dos E. u. do Brazil em 15 de novembro de 1915 em viagem da Ma­deira para S. Vicente: O. Nair Dias Carduo, D. Maria Dias Cardoso, O. Alzira Dias Cardoso, D. Nairinha Souza Cardoso, D. Debora Wanderley, D. Ana Cabral, Luiz Cabral, D. Antonia Cabral, Ou1lherme Dias Car.<oso, O. Helena Cardoso Terezinho, Pelix de Souu, Antonio Oliveira Outra, Euclides Mendts, Antero d' Azevedo, Roberto de Arau'o Wanderley, Mario Cardoso Tue•

zinho, D. lzabel Cabral, D. Eulalia d'Azevedo e José Roberto da Silva.

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Uma recita de estudantes. -A favor do Cofre de Socorros a Estudan­tes Pobres, reali­sou-se no teatro Po­liteama uma recita promovida pelos alunos da faculda­de de Ciencias, á qual assistiram o · r. presidente da Republica e o sr. ministro da instru­ção.

da Macaquinhos no sotão, ambas origi­naes dos srs. fla­vio dos Santos· ~ Henrique Galvão, tendo. a ultima mu­sica do sr. Hermi­nio do Nascimentv.

O espetaculo constou da peça Pensão da Briolan· ja, já representada no ano passado, e da revista intitula-

1 8 sr. Jaime Leal-2. O sr. José Formosinho-1. O sr. Can·alho Oliveira 4. sr. Garrido Couto - 5. O sr. Henrique Oalvão- 6. O sr. Prata Dias

7. O sr. Flavio dos Santos-8. O sr. Nuno Vieira, autores e interpretes

A recita correu. animadíssima, sen­do os interpretes das duas peças e os seus autores ca­lorosamente o vaci o­nados, tendo·se des­tacado no desempe­nho os srs. Carlos do Nascimento e Oliveira. O teatro tinha uma enchen­te.

Liceu Central de A educação física no Liceu Central de

Ponta Delgada, S. Miguel, Açores, tem tomado um grande incremento, de­vido ao criterioso metodo e esforços do seu professor, sr. João Ma' ia Sequeira, que tem sido incansavel n'este ramo de

Plancha de frente

() sr. João Maria Sequeira. professor de ginastica do Li· ceu Central de Ponta Del-

gada

de ginastica sueca e aplicada, feitas ao ar livre e no ginasio do li­ceu por ocasião das fes­tas promovidas pela 7.ª classe de Ciencias a fa­vor do gabinete de qui­rnka do mesmo liceu.

Todos os alunos foram muito ovacionados nos seus exercícios

Ponta Delgada ensino. O desenvolvimento da ~inastica em S. Miguel deve-se a ele exclusiva­mente, pois já ha 33 anos que exerce ali o Jogar de professor com uma distinção que muito o h'lnra. As fotografias que inserimos representam varios exercícios

Varias suspensões nas escadas de corda Exercícios dos membros superiores e inferiores 1Cltc./lé1 do sr. M. J. Matos)

/

·' 1, :

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O PORTO DE LOURENÇO MARQUES

~

·~~~ !·" 11 . • ' '•é1~ Lourenço Marques! de extensão, em li. Quantas wzes, nós nha reta, obra que

todos, que nunca saímos impressiona todos quantos mãe pah ia, pensamos em que, o visitam, é prova evidente de

muito além, exis- quantopóde a ener-te qualquer coi- gia do povo portu-sa que nos deve or- guez. Obra essen-gulhar! E quem l o cialmente portu-portugucz que ao gucza, construida desembarcar no por portuguezes, porto de Lourenço engenheiros, mes-Marq nes, pelo pri. tres e operarios, é meíra vez, não sen- documento do tra-tiu um arrepio de balho que, apesar comoção ao vêr a de tudo quanto se monumental obra disser, o portuguez que se chama •A produz nas colo-Ponte - caes Gor- nias onde tem mai• jão?• larga iniciativa.

O porto de Lou- Faz bt!m vêr ts!a renço Marques ê o sr. Carlos S:I Carneiro, diret~r <to obra tão apreciada um dos mais belos porto e caminho de ferro de Lt•uren· pelos estrangeiros

ço Marques e, sem duvida, o profissionaes ou melhor da Africa . não, que da União do Sul, porto natural e não artificial vem vêr o nosso trabalho; e que não como o seu competidor Durban, se cançam de elo,riar, como ultiwa-c-om a sua ponte-caes de cimento mente o fizeram. na visita do Con-armado com cêrca de 1.600 metros selho de Administração dos Cami-

2. O sr. Eduardo Carvalhal, en~nheiro chefe de via e obras-3. O sr. Vieira <ta Silva, chefe da secretaria-4. O sr. Oliveira Cabral, chefe de tração e oficinas-5. O sr. Teodoro de Macedo, enienhciro inspetor das obras publicas da provincia-6 O sr. Riheir, enste· nbelro sub-diretOl'--7. O sr. Duarte Veiga, engenheiro chefe das obras dn portn--S. O sr. Oiu•eppe Poray, engenheiro eletrici•ta , he· fe-9. O •r. Vaz Oomes, engenh•iro eletricista adjunto-to. O sr. Aníbal Valente. chefe da contabilidade-li. (J ,r. T, maz C• rreia, che· fe da liscali<açâo e e;tatistica-12. O sr. Campos Vieira, chefe dns armazens geraes-t3. O sr. Eduar to Bel "chefe do movimento-14. O

sr. Correia Mendes, chefe de tarifas-15. O sr. Leite Spencer, cbde do caes-16. A ponte-caes de Lvurenço Marques

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Eotr&da \ln. cgare .. da esta~Ao do can1loho de ferro <Je r.ourenço \la.rques

nhos de Ferro da l.ín1ão e do seu Dirrtor Geral, a quem ou­vimos esta frase dizer: .v. fa­zem melhor que nós•. (Vou work better than us).

Uma linha de navios acosta­dos ae caes, os guindastes ele­tricos despejando-os da s1 a carga, o vae-vem constante de uma multidão de carregadores indigenas, comboios passando na ponte, a carvoeira despejan­do vagons cheios de carvão di­retamente para os navios, e ao longe a silhueta do gi~antesco guindaste de 60 toneladas e o magestoso edifício da estação de Loureuço Marques Central.

Tudo isto, n'um golpe de vis­ta, obc;crva quem na tolda do navio que s1rnvemente dcslisa para acostar, espera o desem­barque. E esta sensação c!olhi­da de relance, dispõe logo bem a favor d'esta terra, d'esta ci-

A nova instalação carvoeira permiHndo carregar 500 toneladas por hora tos vagons são levantados \•ira· dos e vasados dentro dos porões do navio acostado)

dade encantadora, destinada a ser das primeiras da Africa do Sul, se não fôr a guerra aberta que lhe fazem os portos com­petidores, sempre prontos por mil subterfugios e á custa de grandes sacri fiei os pecuniarios, a desviar o trafego que natu­ralmente não tinha outra via a seguir que não fosse o porto de Lourenço Marques.

Mas apesar de tudo, não con­seguem o seu desideratum por­que conforme disse um funcio­nario da União •O Incomati corre para lá• e a l.ínião não póde fazei-o correr para o Transvaal .. ·"· Grande verda­de! Quanto póde a politíca co­mercial da Africa do Sul que nos obriga a tarifas irracio­naes, como a de transportar uma tonelada de mercadoria doe Lisboa para o Entroncamento pelo mesmo preço do que Bar-

A nova estação do caminho de ferro de Lourenço Marques. Editado da Aministração, acabado de concluir

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celona a transporta, pelo ca:ninho de ferro, para Lisboa!

O caminho de ferro de Lourenço Marques com os seus duzentos e cincocnta quilome­lros de exploração, dispõe de poderosas ma­quinas e dos melhores wagúns ele frrro de capacidade não egualada nos nossos cami· nhos de ferro da metropole, e das melhores carruagens de corredor latera l, com peque­nos salões, casa de banho e cama.

Os vagons-restaurantes, tão bons como os do 11S11d-Express., andam nos comboios cor­reios. Quem pensar que estamos atrazados póde tirar d'ahi a sua idéa. O progresso chegou aqui primeiro que ao continente! E, como o

dinheiro em Africanada vale gasta-se ás mãos

Ponte-caes de Loure•ço Marques. lni· ciamento da construção do prolon1t:t·

mento para 1uzante

cheias para obter as comodi­dades indispensaveis para quem vive n'e~tas regiões, onde a vi­da se esgota rapidamente, mer­cê do clima e da febre de tra­balho que a todos atormenta!

E o portuguez preguiçoso, em Lisboa, torna-se em Africa aHvo e empreendedor! Sente-se a h1ta pela vida em todos os recantos de Lourenço Mar­ques. Terra de trabalho produ­tivo! Como satisfaz \•êr que so­mos capazes de trabalhar!

Gare da estação do caminho de ferro de Lourenço Marques

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Page 33: e les,aah: O SECU LO Propriedade de Numero avulso, 10hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/OBRAS/IlustracaoPort/1916/N521/N521... · Janeiro, o escritor brazileiro José Verissi mo de Matos