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e a Cidade das Portas Mágicas

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Patrícia Furtado

e a Cidade das Portas Mágicas

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Para a minha sobrinha Helena, que, como a Matilde, ilumina tudo à sua volta e tem sempre resposta para tudo

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1É uma verdade universal que nenhuma

menina de dez anos suporta ouvir a palavra «não». Teimosa e senhora do seu nariz empinado, a Matilde não é exceção.

— Paaaaai, vá lá... — pedinchou a Matilde, com as mãos juntas em frente ao peito e o olhar mais doce que conseguiu fazer.

O pai era a sua melhor aposta. Se alguém fraquejasse, seria ele.

O pai baixou-se e pousou as mãos nos ombros da Matilde.

— Tens de parar com isso, Matilde!

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PAT R Í C I A F U RTA D O

— Mas eu já tenho...— Tu só tens dez anos! — interrompeu o pai.— Então explica-me como se eu tivesse nove:

porque é que não posso ir de vassoura, mesmo?

O pai fechou os olhos, apertou a cana do nariz com dois dedos e soltou um suspiro profundo. A pequena bruxa de cabelo cor-de-rosa ia morar com a tia Miranda em Torres Altas e estudar numa escola normal, e isso começava a parecer uma ideia pouco sensata.

— Não podes ir de vassoura por mil razões e sabes bem quais são.

— Oh, pai, deixa lá!— Matilde, não são só cinco minutos,

é uma viagem longa! — disse a mãe, que até ali tinha estado em silêncio. — Como tencionas carregar esta mala enorme? Nem sequer sabes o caminho! Vá, deixa-te de coisas e dá-me um abraço apertadinho, que o comboio deve estar a chegar. – A mãe sabia sempre pôr um ponto final na conversa.

Abraçaram-se os três, ali no cais da pequena estação de comboios de Vila Velha de Oliveira. Era a primeira vez que a Matilde ia estar longe dos pais.

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M AT I L D E E A C I DA D E DA S P O RTA S M Á G I C A S

Bom, se não contarmos com aquela vez que decidiu explorar a montanha e ficar uma semana a viver numa gruta com um urso em hibernação...

(— E se ele acordasse, Matilde?— Ora, oferecia-lhe um rebuçado de funcho. Eu sei

fazer amigos, mãe!)

Ou aquela vez que resolveu passar uns dias com a avó Úrsula, que morava numa clareira no meio da floresta, sem deixar nem um bilhete a avisar.

(— A avó gostou tanto da surpresa!— Não tinha de ser surpresa para nós! Ficámos

tão preocupados!)

A verdade é que estava sempre a escapar. Vila Velha da Oliveira era um daqueles sítios sossegados, no meio da natureza, onde todos se conheciam, e a Matilde tinha muita liberdade e poucas regras.

Os pais esperavam que viver na cidade, com a tia, lhe desse alguma disciplina e responsabilidade. Para a Matilde, era todo um mundo novo a explorar.

Mas, agora que se aproximava a hora, o nervoso miudinho dos três era tanto, que aquele abraço parecia querer durar para sempre.

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Até Fred, o furaleão da Matilde, quis participar. Esgueirou-se da mochila, por cima do ombro da miúda, e juntou-se àquele abraço. Estava todo azul, de um azul muito triste.

— Fred, não é caso para tanto. É uma seca irmos de comboio — disse a Matilde, piscando o olho ao bicharoco —, mas vamos ter grandes aventuras na cidade! Vai ser superfixe!

Fred ganhou logo outras cores, mas a mãe apressou-se a cortar a conversa:

— Nada de aventuras, nem grandes, nem pequenas! Matilde, promete que te portas bem.

— OK, OK.— Faz tudo o que a tia mandar, não te ponhas

com bruxarias na escola, aplica-te nos estudos...“Que seca!”, ia dizer a Matilde.— ... e para de dizer “que seca” a tudo!— Sim, mãe.

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— Tens farnel na mochila. Broas de grilo crocante feitas pela avó Úrsula e uma garrafa com refresco de pastilha elástica. A tia Miranda vai buscar-te à estação.

— Boa viagem, coisa boa. Não te esqueças de escrever!

— Sim, pai!

O comboio chegou e a Matilde lá tentou arrastar a mala gigante para dentro da carruagem, com o Fred e o farnel na sua mochila e a vassoura na outra mão.

A mala era daquelas mágicas, que esticam e encolhem consoante a quantidade de coisas que lá vão. Com medo de ter saudades de casa, e apesar dos conselhos da mãe, a Matilde tinha lá encafuado quase toda a tralha que havia no quarto. Estava atrapalhada, mas não quis dar parte de fraca. Ao longe, os pais observavam, divertidos.

Depois de ganhar a luta com a mala, acenou aos pais pela janela e, assim que os viu sair da estação, levantou-se do lugar e saiu de novo.

— Fred, vamos de vassoura.

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2— Achas mesmo que a tua irmã dá conta

do recado? — perguntou Simone, a mãe da Matilde, enquanto se afastavam da estação.

— Claro que dá! — respondeu Álvaro, o pai. — Não te esqueças de que a minha irmã nos criou praticamente sozinha. Seis irmãos mais novos, consegues imaginar? E olha que eu nem era o pior.

— Mas já passaram muitos anos.— Achas que a Miranda pode estar mais branda?— É possível. E sabes que a Matilde é...— ... um amor — completou Álvaro.— Ia dizer uma peste — corrigiu a mãe.Álvaro sorriu.

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Enquanto isto, a Matilde verificava se a sua vassoura estava pronta para a viagem. Descolou suavemente, sobrevoou a estação e subiu um pouco mais para ver as vistas.

— Olha, Fred, os meus pais vão ali em baixo. Espero bem que não olhem para cima, senão estamos tramados! — disse, entre risos.

Como era tradição em Vila Velha de Oliveira, a pequena bruxa de cabelo cor-de-rosa tinha recebido a sua vassoura no dia dos seus dez anos. Tinha um talento natural para voar e toda a gente a elogiava. Desde então, não pensava em mais nada senão cruzar os céus na mais preciosa prenda de anos de sempre.

— Ela tem mesmo jeito, não tem, Simone? Os pais continuavam a conversa, sem reparar

que a filha fazia acrobacias mesmo por cima deles.— Ela é incrível, mas tenho medo de que

se magoe. Ainda agora aprendeu a voar! E tem muito jeito para arranjar confusão.

Lá em cima, a Matilde estava de facto dedicada ao disparate, e, com a cabeça de fora da mochila, Fred estava já amarelo, num tom quase esverdeado.

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— Não tenhas medo, seu tonto. Eu já domino isto — afirmou. E fez mais duas piruetas e um loop, desceu a pique e deteve-se, a pairar, a centímetros do chão, só para exibir a sua técnica. O furaleão ia saindo disparado e estava cada vez mais verde. — Desculpa, Fred!

O apito do comboio ecoou pela estação e a velha locomotiva a vapor começou a andar.

— Preparado, Fred? Agarra-te bem, aqui vamos nós! Vês, o comboio vai transportar a nossa mala e indicar-nos o caminho. Os meus pais não tinham nada que se preocupar.

Deu um impulso com os pés no chão e lá levantou voo de novo, atrás do comboio em movimento.

— É de cortar a respiração! — exclamou, ao apreciar a paisagem. — Não literalmente, claro, que aqui até se respira melhor!

Matilde enchia os pulmões de felicidade. Até o Fred já tinha começado a relaxar.

— Tenho a certeza de que vamos adorar Torres Altas, Fred. Deve ser uma cidade vibrante e moderna, com edifícios altíssimos, cheia de luzes e pessoas fascinantes! — Às vezes a Matilde usava palavras caras que aprendia nos seus livros de mistério e aventura. Gostava muito de ler pela noite fora.

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( —Matilde, apaga a luz!— É só acabar este capítulo!— Já! — gritava a mãe, sabendo muito bem que a miúda

acendia a lanterna por baixo dos lençóis para continuar a ler.)

— Fred, já viste um pôr do Sol mais esplendoroso do que este?

Colorindo o céu de tons laranja e rosa, o Sol descia devagarinho por detrás dos picos nevados da Serra da Catatua, para onde o comboio se dirigia no seu ritmo vagaroso. Com ele, levava também aquele calorzinho que tinha tornado a viagem tão agradável até ali.

— Está a ficar frio! Que pena não ter um casaco na mochila.

O Fred já só tinha o nariz de fora e exibia um tom arroxeado. As montanhas geladas estavam cada vez mais perto e o Sol já tinha mergulhado por trás delas, deixando toda a paisagem num lusco-fusco que não prenunciava nada de bom.

Além do frio e do escuro, a Matilde percebeu que ia ter um problema ainda maior: o comboio ia, em breve, entrar num longo túnel para atravessar as montanhas. E ela não era fã de sítios escuros e fechados.

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A pequena bruxa acelerou e tentou aterrar numa das carruagens em andamento, para voltar para o seu lugar, onde estaria certamente mais confortável. Foi aí que percebeu que, apesar de todas as acrobacias que conseguia fazer e de todos os elogios que tinha recebido, ainda não tinha experiência para aquele tipo de manobra.

— Se os meus pais me tivessem dito que o comboio só chegava a Torres Altas à noite, eu não tinha insistido, Fred! Ou se me tivessem avisado do túnel!... — «Ou se eu tivesse feito o que me pediram...», pensou, sem ter coragem de o dizer em voz alta.

A noite começava a cair, não havia nada ali à volta além de rochas e árvores e… o túnel parecia tão assustador!

A Matilde abrandou e viu o comboio ser engolido pelo escuro, sem coragem para o seguir. Estava cansada e cheia de frio, e as lágrimas começaram a cair pela sua cara.

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Ficou ali uns minutos, suspensa no ar, à entrada do túnel. Regressar e enfrentar os pais era impensável. Vila Velha de Oliveira tinha ficado para trás há demasiado tempo e a cidade de Torres Altas era já do outro lado da serra. Estava tão perto, mas passar por cima das montanhas também não parecia possível. Perder-se-ia sem a ajuda do comboio, isto se não congelasse pelo caminho.

O túnel era a sua única hipótese, mas, sem as luzes do comboio para a guiarem, não passava de um buraco escuro e interminável.

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— Tenho medo, Fred — admitiu. O bicharoco pôs a cabeça de fora.

Nisto, o estômago vazio da Matilde fez um barulho tão grande que ecoou pelas montanhas. Olharam um para o outro e desataram a rir à gargalhada. Se nunca ouviram o riso de um furaleão, fiquem a saber que é um som tão hilariante e contagioso, que nos obriga a rir até ficarmos com a barriga a doer.

— O buraco no meu estômago parece mais assustador do que o do túnel! — dizia Matilde, agora a chorar de tanto rir.

Ao ouvir isto, Fred desapareceu de novo dentro da mochila e voltou a sair com uma das broas de grilo crocante do farnel que tinham levado.

— Ah, que boa ideia! Uma broa da avó Úrsula era mesmo o que eu estava a precisar agora. Obrigada! — A cada dentada, ganhava forças e lembrava-se das mil aventuras que a avó materna tinha vivido nos seus tempos de miúda. — Se ao menos eu já tivesse aprendido um feitiço para iluminar o caminho, como o que a avó usou quando se perdeu no labirinto das toupeiras gigantes do Norte...

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A Matilde sabia que não podia desistir agora, e tentava pensar em algo que a ajudasse naquele momento. — Já sei! Vê se encontras na mochila a lanterna que uso para ler debaixo dos lençóis, por favor! — pediu a Matilde, com esperança de não a ter guardado na mala que seguia no comboio.

A mochila estremeceu nas costas da pequena bruxa, enquanto o furaleão procurava no escuro e, por fim, encontrou a lanterna. A pilha já não estava nova, mas era suficiente para iluminar uns metros à frente.

Afinal, uma gargalhada, um bocadinho de alimento e um pouco de claridade era tudo o que a Matilde precisava para ganhar coragem.

— Agarra-te bem, Fred! Temos um comboio para apanhar!

A vassoura serpenteou a toda a velocidade pelo longo túnel da Serra da Catatua. No início da viagem, a lentidão da velha locomotiva a vapor tinha irritado a impaciente Matilde, mas agora jogava a seu favor. Ela sabia que a estação de Torres Altas já não era longe e tinha de conseguir lá chegar antes do comboio. Era preciso ir buscar a mala e fingir que tinha vindo sossegada na sua carruagem o tempo todo. A tia Miranda estaria à sua espera e não podia suspeitar daquela aventura.

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Ao sair, por fim, do maldito túnel, a lua cheia brilhava tão grande, que a noite parecia dia. Os dois companheiros de viagem respiraram de alívio. Avistaram as luzes do comboio e, um pouco mais à frente, as luzes de Torres Altas.

Com grande esforço, a Matilde conseguiu chegar à estação ao mesmo tempo que o comboio.

Esperou que parasse, entrou pela última carruagem e correu para a sua mala. Estava tão cansada, que a mala parecia agora estar carregada de calhaus. Foi com muita dificuldade que a tirou da prateleira onde a tinha arrumado e a arrastou para fora do comboio. O apito já tinha soado, e, assim que pousou a mala no cais, o comboio arrancou sem lhe dar tempo para mais nada.

Nesse mesmo segundo, apareceu a tia Miranda, que lhe deu um par de beijos e um abraço apertado.

— Minha querida Matilde, que bom ver-te! Estás gelada! Vinhas com a janela do comboio aberta? — perguntou, com um sorriso.

A Matilde estava branca, branca, como se tivesse visto uma alma penada, e não conseguia dizer uma palavra.

— Sentes-te bem, querida?

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Não, a Matilde não se sentia lá muito bem. Sabia que lhe tinha ficado a faltar algo importantíssimo. Na pressa de tirar a mala, a sua preciosa vassoura tinha ficado pousada no chão do comboio e dirigia-se, vagarosa mas imparável, para sabe-se lá onde.

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