dvb

7
Biológico , São Paulo, v.65, n.1/2, p.3-9, jan./dez., 2003 DIVULGAÇÃO TÉCNICA VÍRUS DA DIARRÉIA VIRAL BOVINA (BVDV) E.F. Flores Universidade Federal de Santa Maria, Departamento de Medicina Veterinária Preventiva, Faixa de Camobi, km 9, CEP 97105-900, Santa Maria, RS, Brasil. E-mail: [email protected] RESUMO O vírus da diarréia viral bovina (BVDV) possui distribuição mundial e é considerado o agente viral mais importante de bovinos, após o vírus da febre aftosa. A infecção tem sido descrita no Brasil desde o final da década de 60 e está amplamente difundida nos rebanhos de leite e corte. A infecção pelo BVDV tem sido associada a uma ampla variedade de manifestações, que incluem desde infecções inaparentes até enfermidades altamente fatais, como a Doença das Mucosas (DM). Doença respiratória, gastroentérica, trombocitopenia e hemorragias, e quadros crônicos de imunosupressão estão entre as manifestações clínicas da infecção. A infecção de fêmeas gestantes pode resultar em perdas embrionárias e fetais, como reabsorção embrionária, abortos, mumificações, malformações congênitas, natimortalidade e o nascimento de bezerros fracos e inviáveis. A infecção fetal entre os dias 40 e 120 de gestação freqüentemente resulta na produção de bezerros imunotolerantes, persistentemente, infectados (PI). Os bezerros PI constituem-se no ponto-chave da epidemiologia da infecção, pois são soronegativos, muitas vezes saudáveis e eliminam o vírus continuamente em secreções e excreções. Os isolados de campo do BVDV apre- sentam uma grande variabilidade antigênica, e até o presente dois grupos sorológicos distintos já foram identificados: BVDV tipos I e II. O diagnóstico da infecção pode ser realizado por detecção de vírus e/ou produtos virais em secreções, sangue e tecidos, além de exames sorológicos. O controle pode ser realizado com ou sem o uso de vacinação, dependendo do histórico clínico e virológico e do risco de introdução do agente no rebanho. Várias vacinas contendo o vírus inativado têm sido utilizadas para controlar as perdas causadas pelo BVDV no Brasil. PALAVRAS-CHAVE: Vírus da diarréia viral bovina, BVDV, bovinos, perdas reprodutivas. ABSTRACT BOVINE VIRAL DIARRHEA VIRUS. Bovine viral diarrhea virus (BVDV) is distributed worldwide among the cattle population and is considered the most important virus of cattle in countries free of foot and mouth disease virus. BVDV infection has been described in Brazil since the late 60s and is currently widespread among Brazilian beef and dairy cattle. The infection has been associated with several manifestations, ranging from subclinical infections to the deadly mucosal disease (MD). Respiratory, gastroenteric disease, thrombocytopenia, chronic cases of immunosupression are among the clinical manifestations of the infection. The infection of pregnant, seronegative cows may result in embryonic and fetal losses such as resorption and abortions, mummification, congenital malformations, stillbirths and the birth of weak and unviable calves. Fetal infection between days 40 and 120 of pregnancy frequently results in the production of immunotolerant, persistently infected (PI) calves. PI calves are the key to the epidemiology of BVDV infection since they are generally seronegative, frequently healthy and shed virus in large amounts in secretions and excretions. BVDV field isolates display a high antigenic variability and two major serological groups have been identified to date: BVDV types I and II. The diagnosis of the infections can be accomplished by detection of virus and/or viral products in secretions, blood and tissues, and by serological methods as well. BVDV infection may be controlled with or without the use of vaccination, depending on the epidemiological status of the herd. Several inactivated vaccines are currently in use to reduce the losses associated with BVDV infection in Brazil. KEY WORDS: Bovine viral diarrhea virus, BVDV, cattle, reproductive losses.

Upload: ufpel

Post on 07-Jun-2015

1.453 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: DVB

3Vírus da diarréia viral bovina (BVDV).

Biológico , São Paulo, v.65, n.1/2, p.3-9, jan./dez., 2003

DIVULGAÇÃO TÉCNICA

VÍRUS DA DIARRÉIA VIRAL BOVINA (BVDV)

E.F. Flores

Universidade Federal de Santa Maria, Departamento de Medicina Veterinária Preventiva, Faixa de Camobi,km 9, CEP 97105-900, Santa Maria, RS, Brasil. E-mail: [email protected]

RESUMO

O vírus da diarréia viral bovina (BVDV) possui distribuição mundial e é considerado o agenteviral mais importante de bovinos, após o vírus da febre aftosa. A infecção tem sido descrita noBrasil desde o final da década de 60 e está amplamente difundida nos rebanhos de leite e corte. Ainfecção pelo BVDV tem sido associada a uma ampla variedade de manifestações, que incluemdesde infecções inaparentes até enfermidades altamente fatais, como a Doença das Mucosas (DM).Doença respiratória, gastroentérica, trombocitopenia e hemorragias, e quadros crônicos deimunosupressão estão entre as manifestações clínicas da infecção. A infecção de fêmeas gestantespode resultar em perdas embrionárias e fetais, como reabsorção embrionária, abortos,mumificações, malformações congênitas, natimortalidade e o nascimento de bezerros fracos einviáveis. A infecção fetal entre os dias 40 e 120 de gestação freqüentemente resulta na produçãode bezerros imunotolerantes, persistentemente, infectados (PI). Os bezerros PI constituem-se noponto-chave da epidemiologia da infecção, pois são soronegativos, muitas vezes saudáveis eeliminam o vírus continuamente em secreções e excreções. Os isolados de campo do BVDV apre-sentam uma grande variabilidade antigênica, e até o presente dois grupos sorológicos distintos jáforam identificados: BVDV tipos I e II. O diagnóstico da infecção pode ser realizado por detecçãode vírus e/ou produtos virais em secreções, sangue e tecidos, além de exames sorológicos. Ocontrole pode ser realizado com ou sem o uso de vacinação, dependendo do histórico clínico evirológico e do risco de introdução do agente no rebanho. Várias vacinas contendo o vírus inativadotêm sido utilizadas para controlar as perdas causadas pelo BVDV no Brasil.

PALAVRAS-CHAVE: Vírus da diarréia viral bovina, BVDV, bovinos, perdas reprodutivas.

ABSTRACT

BOVINE VIRAL DIARRHEA VIRUS. Bovine viral diarrhea virus (BVDV) is distributedworldwide among the cattle population and is considered the most important virus of cattle incountries free of foot and mouth disease virus. BVDV infection has been described in Brazil sincethe late 60s and is currently widespread among Brazilian beef and dairy cattle. The infection hasbeen associated with several manifestations, ranging from subclinical infections to the deadlymucosal disease (MD). Respiratory, gastroenteric disease, thrombocytopenia, chronic cases ofimmunosupression are among the clinical manifestations of the infection. The infection of pregnant,seronegative cows may result in embryonic and fetal losses such as resorption and abortions,mummification, congenital malformations, stillbirths and the birth of weak and unviable calves.Fetal infection between days 40 and 120 of pregnancy frequently results in the production ofimmunotolerant, persistently infected (PI) calves. PI calves are the key to the epidemiology ofBVDV infection since they are generally seronegative, frequently healthy and shed virus in largeamounts in secretions and excretions. BVDV field isolates display a high antigenic variabilityand two major serological groups have been identified to date: BVDV types I and II. The diagnosisof the infections can be accomplished by detection of virus and/or viral products in secretions,blood and tissues, and by serological methods as well. BVDV infection may be controlled withor without the use of vaccination, depending on the epidemiological status of the herd. Severalinactivated vaccines are currently in use to reduce the losses associated with BVDV infection inBrazil.

KEY WORDS: Bovine viral diarrhea virus, BVDV, cattle, reproductive losses.

Page 2: DVB

4 E.F. Flores

Biológico , São Paulo, v.65, n.1/2, p.3-9, jan./dez., 2003

A denominação "Diarréia Viral Bovina" abrangeuma série de manifestações clínico-patológicas cau-sadas por um agente viral denominado vírus da diar-réia viral bovina (bovine viral diarrhea virus, BVDV)(BAKER, 1990). Essa denominação deve-se ao fato doagente ter sido inicialmente identificado em casos dedoença gastroentérica em bovinos. Posteriormente, ainfecção foi associada a uma ampla variedade de sinaisclínicos, incluindo doença respiratória, digestiva,reprodutiva, hemorrágica, cutânea e imunossupressão.Embora possa estar associado a diferentes manifesta-ções clínicas, a maioria das infecções de animaisimunocompetentes pelo BVDV parece cursar semsintomatologia clínica aparente (BAKER, 1990; BOTTON

et al., 1998; FLORES et al., 1999). Pelas conseqüênciasepidemiológicas e clínico-patológicas da infecção defêmeas bovinas prenhes, o BVDV é consideradoum vírus de importância predominantementereprodutiva.

O BVDV pertence à família Flaviviridae, gêneroPestivirus, que ainda abriga dois outros vírusantigenicamente relacionados: o vírus da peste suínaclássica (CSFV) e o vírus da doença da fronteira dosovinos (BDV). Os pestivírus são vírus pequenos (40-60 nm), envelopados e contém como genoma umamolécula de RNA, fita simples, polaridade positiva,de aproximadamente 12.5 kb. De acordo com a capa-cidade de produzir citopatologia em cultivos celula-res, os isolados de BVDV podem ser classificados emcitopatogênico (CP) e não citopatogênico (NCP). Agrande maioria dos vírus de campo são NCP, enquan-to amostras CP são isoladas quase que exclusivamentede animais acometidos da Doença das Mucosas (DM).Os isolados de campo apresentam uma grande varia-bilidade antigênica, sendo que dois gruposantigênicos principais já foram identificados: BVDVtipo I e BVDV tipo II. Os vírus do genótipo BVDV-Irepresentam a maioria dos vírus vacinais e das cepasde referência, enquanto os BVDV-II foram identifica-dos recentemente em surtos de BVD aguda e doençahemorrágica na América do Norte. No entanto, atual-mente, sabe-se que nem todos os BVDV-II são alta-mente patogênicos. Nos Estados Unidos, aproxima-damente 50% dos isolados de campo são BVDV-II,sendo que muitos destes são pouco patogênicos oumesmo avirulentos. Por isso, BVDV tipo II não deveser considerado como sinônimo de alta virulência.Os dois tipos do BVDV já foram identificados no Brasil(BOTTON et al., 1998; FLORES et al., 1999), sendo quemuitos isolados brasileiros apresentam uma grandevariabilidade antigênica, apresentando diferençasimportantes com as cepas americanas e européias(BOTTON et al., 1998). Recentemente, o BVDV-I foi sub-dividido em dois subtipos (Ia e Ib) e o BVDV-II emBVDV-IIa e IIb, de acordo com diferenças genômicas eantigênicas.

EPIDEMIOLOGIA

O BVDV tem distribuição mundial e é consideradoum dos principais patógenos de bovinos. No Brasil,vários relatos clínicos e sorológicos demonstram apresença da infecção desde o final dos anos 60. Oprimeiro isolamento do vírus no país, a partir do sorode um bezerro, foi realizado em 1974 no Rio Grandedo Sul (VIDOR, 1979). Desde então, vários estudos soro-epidemiológicos, relatos clínicos e isolamentos devírus têm demonstrado que a infecção está ampla-mente difundida no rebanho bovino brasileiro (BOTTON

et al., 1998; MULLER et al., 1988; OLIVEIRA et al., 1996;VIDOR, 1979). No Rio Grande do Sul foram relatadostrês surtos de doenças com quadro clínico-patológicocompatível com a infecção pelo vírus da BVD. Em umsurto em vacas em lactação, os animais apresentaramsinais clínicos e lesões semelhantes às observadas naforma tradicional de BVD, com diarréia e úlceras namucosa oral. Nesse surto, a morbidade foi de 8,9% e amortalidade de 1,37% (RIET-CORREA, 1983). Nos outrosdois surtos, compatíveis com a forma hemorrágica,observaram-se lesões hemorrágicas nas mucosas eserosas do trato digestivo e, em alguns casos, em mús-culos, além de úlceras na mucosa do trato digestivo; aletalidade foi próxima a 10% (BARROS, comunicaçãopessoal). O BVDV-II já foi isolado de casos de animaisadultos com diarréia e ulcerações na mucosa oral eintestino e de fetos normais coletados em matadouros(FLORES et al., 1999). No Brasil, já foram isolados apro-ximadamente 80 amostras virais até o presente, sendoque soro fetal, abortos, animais persistentementeinfectados, casos clínicos digestivos têm sido as ori-gens mais comuns de isolamento de BVDV em nossopaís. A enfermidade já foi também diagnosticada emoutros países do Mercosul (WEIBLEN, 1966).

A situação epidemiológica atual da infecção nopaís ainda é pouco conhecida. Isso se deve, em parte,ao pequeno número de laboratórios que realiza odiagnóstico da infecção. Informações de veterináriosde campo indicam que é provável que ocorra um maiornúmero de casos sem diagnóstico, especialmente daforma reprodutiva. Da mesma forma, é possível queocorra subnotificação, com grande parte dos diagnós-ticos sendo realizados a campo, sem confirmaçãolaboratorial. Vários estudos sorológicos revelaramuma prevalência de anticorpos que varia entre demenos de 10% em gado de corte a mais de 70% emgado de leite. No RS, aproximadamente 35% dosbovinos e mais de 70% das propriedades já tiveramcontato com o vírus. No entanto, o uso da vacinaçãonos últimos anos têm mascarado a atual situação dainfecção, pois parte considerável dos animaissorologicamente positivos pode ser devido à vacinação.Um estudo recente detectou anticorpos contra o BVDVno leite de tarros de 1.128 rebanhos no RS (dentre

Page 3: DVB

5Vírus da diarréia viral bovina (BVDV).

Biológico , São Paulo, v.65, n.1/2, p.3-9, jan./dez., 2003

11.171 pesquisados), indicando a ampla distribuiçãodo vírus.

A principal fonte de infecção para outros animaissão os animais persistentemente infectados (PI).Estes podem ser gerados quando fêmeas prenhes sãoinfectadas entre os dias 40 e 120 de gestação, quandoa infecção fetal resulta na produção de bezerrosimunotolerantes. Nos Estados Unidos, a freqüênciade animais PI nos rebanhos varia entre 0,5 e 1,0%. Osbezerros PI podem ser clinicamente normais (emborasejam freqüentemente fracos e com desenvolvimentoretardado) e excretam o vírus em grandes quantidadesem secreções e excreções. A transmissão ocorre porcontato direto (focinho-focinho, coito e mucosa-mucosa) ou indireto (focinho-secreções/excreções,focinho-feto abortado/placenta e contato com secre-ções/excreções). Transmissão através de agulhas/material cirúrgico contaminado, luvas de palpação epor sêmen contaminado também pode ocorrer. Osanimais PI representam o ponto-chave daepidemiologia da infecção pela sua importância naperpetuação e disseminação do vírus; e por isso cons-tituem-se no alvo principal de medidas de combateao agente. Além dos animais PI, que excretam o vírusdurante toda a vida, animais que são infectados tam-bém podem excretar o vírus por alguns dias durantea infecção aguda.

PATOGENIA, SINAIS CLÍNICOS E PATOLOGIA

As conseqüências clínico-patológicas da infecçãopelo BVDV variam principalmente de acordo com aidade e/ou categoria de animal que o vírus infecta.Para melhor compreender as várias formas da infecção,as síndromes produzidas serão divididas de acordocom essas diferentes categorias.

Infecção aguda em animais não prenhes

A infecção de animais imunocompetentes, após oseu nascimento é, na maioria das vezes assintomática.Eventualmente, pode cursar com quadros febris sua-ves, que podem passar desapercebidos. Algumascepas de maior patogenicidade podem provocar umcurto período febril, acompanhado por hipersalivação,descarga nasal, tosse e diarréia. Sinais de infecção res-piratória também podem ser observados. Lesõesulcerativas na mucosa oral podem estar presentes. Aenfermidade é autolimitante, cursando com altamorbidade e letalidade muito baixa ou ausente. Morta-lidade considerável pode ocasionalmente ocorrer emanimais jovens, principalmente, associada ao BVDV-II. A infecção pode acometer todas as categorias ani-mais, principalmente bezerros maiores de 6 meses.

O BVDV é também imunossupressor, podendopredispor os animais infectados a sofrer infecções por

outros agentes patogênicos. Assim, casos de enfermi-dade entérica ou respiratória por outros patógenospodem ser potencializados durante a infecção agudapelo BVDV (KIRKLAND et al., 1990; WRAY & ROEDER,1987). Enfermidade respiratória crônica, associada adiferentes bactérias, e quadros persistentes dedermatite também têm sido associados à infecção peloBVDV em bezerros confinados.

As cepas de BVDV-II têm sido freqüentementeassociadas à BVD aguda, à doença respiratória severa,e algumas vezes à síndrome hemorrágica que cursacom trombocitopenia. Além de bovinos jovens, podeafetar bovinos adultos e tem alta letalidade, princi-palmente em animais jovens (USDA, 1994). Algunsanimais morrem de forma hiperaguda. Surtos com40% de morbidade e 10% de mortalidade, com sinaisde diarréia, pirexia e agalactia em bovinos adultosforam, também, diagnosticados como BVDV-II(SW E E C K E R et al ., 1983). Novamente, emborafreqüentemente associados a doença severa, cepas deBVDV-II podem ser pouco ou nada virulentas, a exem-plo da maioria das cepas de BVDV-I.

Infecção aguda em animais prenhes e enfermi-dade reprodutiva

Após a infecção de fêmeas prenhes, o BVDV écapaz de atravessar a placenta e infectar o feto. Ainfecção fetal é responsável pelos maiores impactoseconômicos causados pelo vírus. As conseqüênciasda infecção fetal são determinadas pelo estágio degestação em que a fêmea é infectada, pelo biotipo (CP/NCP) e pela cepa do vírus.

Como conseqüências da infecção transplacentária,podem ocorrer reabsorção embrionária (com retornoao cio em intervalos regulares ou iregulares), abortos,mumificação fetal, natimortos, nascimento de bezerrosfracos e inviáveis, que morrem em seguida ou têmcrescimento retardado; ou nascimento de animaisPI. A morte fetal ocorre, geralmente, até o 4º mês degestação, mas a expulsão do feto pode ocorrer dealguns dias a meses após a infecção. Infecções apóso 4º mês podem ocasionar nascimentos de bezerrosfracos, mas raramente levam ao aborto. Em geral,abortos em qualquer fase de gestação podem ser atri-buídos ao BVDV.

A ocorrência de malformações fetais é um achadomuito comum em rebanhos infectados e geralmenteocorre quando a infecção ocorre entre 100-150 dias degestação. As malformações principais podem serencontradas no sistema nervoso central (hipoplasiacerebelar, microcefalia, hidranencefalia, mielinizaçãodeficiente na medula espinhal) e nos olhos (atrofia oudisplasia da retina, catarata, microftalmia), podendoobservar-se, ainda aplasia tímica, braquignatismo,retardo de crescimento e artrogripose. Em muitos

Page 4: DVB

6 E.F. Flores

Biológico , São Paulo, v.65, n.1/2, p.3-9, jan./dez., 2003

rebanhos, as malformações são os únicos achados quesugerem a presença do vírus nos rebanhos.

De especial interesse epidemiológico é a infecçãofetal entre os dias 40-120 da gestação por cepas NCPque gera animais PI. Os fetos que resistem à infecçãofreqüentemente se tornam imunotolerantes ao vírus.Podem nascer e se desenvolver normalmente, apesarde alguns nascerem fracos e morrerem nos primeirosdias de vida. Os animais PI permanecem portadoresdo vírus por toda a vida e geralmente não apresentamanticorpos contra o vírus. Por isso, são dificilmentedetectados por métodos sorológicos. Alguns animaisPI, no entanto, podem possuir títulos baixos deanticorpos, principalmente, se infectados com amos-tras heterólogas de vírus. A infecção destes animaisPI por cepas citopatogênicas, originadas por muta-ções do vírus original ou por vírus proveniente deoutros animais, determina o aparecimento da doençadas mucosas (DM). A DM geralmente afeta animaisentre os 6 meses e 2 anos de idade.

Em fêmeas infectadas nos dias que antecedem, ounos primeiros dias após a cobertura, pode ocorrerinfertilidade com repetição de cio (WHITMORE et al.,1996). Essas alterações, no entanto, são passageiras eo animal volta a ciclar e conceber em serviços posteri-ores. Em touros, tanto na infecção aguda quanto nainfecção persistente, podem ocorrer alterações na qua-lidade do sêmen, caracterizadas por diminuição namotilidade e anomalias morfológicas (REVELLI et al.,1988).

Animais PI e doença das mucosas (DM)

Estima-se que entre 2 e 5% dos fetos infectados noútero pelo BVDV permanece infectado persistentemente(PI, imunotolerante ao vírus). Alguns destes animaispodem ter uma vida normal, com desenvolvimentocorporal pleno e capazes de exercer suas funçõesreprodutivas normalmente. A maioria, no entanto,pode apresentar retardo de crescimento e morte pre-coce e alterações reprodutivas. Nos PI que atingem aidade reprodutiva, as fêmeas podem apresentarperdas embrionárias e fetais, e os machos podem apre-sentar alteração na qualidade do sêmen. No entanto,a maioria dos bezerros PI desenvolve um quadro clí-nico severo, denominado de doença das mucosas (DM)e morre antes dos 2 anos de idade.

A DM é a forma mais grave da infecção pelo BVDV.Ela ocorre em animais persistentemente infectados(infectados intrauterinamente e que nascem portadores)que são sobre-infectados por cepas citopatogênicas.A origem destas cepas citopatogênicas é questionada,mas parece que elas são originadas por mutações nascepas não-citopatogênicas que provocaram a infecçãopersistente, ou seja, elas teriam uma origem endógena(HAWARD et al ., 1987). Infecção com cepas não-

citopatogênicas derivadas de outros animais, eantigenicamente semelhantes ao vírus original, tam-bém tem sido relatada.

A DM ocorre com baixa morbidade, em torno de 1e 2% do rebanho e altíssima letalidade (próximo de100%). Ocorre com maior freqüência em bovinos com6 meses a dois anos e geralmente tem um curso agu-do, embora casos crônicos já tenham sido descritos.

Na forma aguda, a enfermidade se caracteriza porfebre (40-41º C), salivação, descarga nasal e ocular,diarréia profusa hemorrágica, desidratação, depres-são e morte. Laminite e coronite podem ser vistas. Osanimais afetados apresentam severa leucopenia. Nanecropsia observam-se úlceras e erosões em toda amucosa do trato digestivo. No esôfago, essas lesõesapresentam-se no sentido longitudinal com aspectode "arranhão de gato". As papilas ruminais apresen-tam-se diminuídas de tamanho. O conteúdo intesti-nal é escuro e aquoso e observa-se enterite catarral ouhemorrágica. As placas de Peyer estão edematosas,hemorrágicas e necróticas. Histologicamente, obser-vam-se necrose das placas de Peyer, dos centrosgerminativos do baço e linfonodos, e edema, degene-ração balonosa, necrose e infiltrado inflamatório nasmucosas do trato digestivo.

A BVD aguda, causada principalmente por BVDV-IIapresenta-se clinicamente muito semelhante à DM.No entanto, diferencia-se pelos seguintes aspectos: aDM geralmente afeta um ou poucos animais, e ocorresomente em animais persistentemente infectados. NaDM, podem ser detectados os dois biotipos do vírus, ocitopatogênico e o não-citopatogênico. A BVD agudapelo BVDV-II geralmente acomete vários animais dorebanho, e nesses casos apenas a cepa não-citopatogênica é detectada. Então, o isolamento deBVDV citopatogênico pode ser considerado ummarcador da DM.

Na forma crônica, menos comum, os sinais clíni-cos são inespecíficos. Observa-se inapetência, perdade peso e apatia progressiva. A diarréia pode ser con-tínua ou intermitente. Algumas vezes, há descarganasal e descarga ocular persistente. Áreas alopécicase de hiperqueratinização podem aparecer, geralmente,no pescoço. Lesões erosivas crônicas podem ser vis-tas na mucosa oral e na pele. Laminite, necroseinterdigital e deformação do casco podem tambémocorrer. Esses animais podem sobreviver por muitosmeses e geralmente morrem após debilitação progres-siva.

DIAGNÓSTICO

Deve-se suspeitar de infecção pelo BVDV sempreque houver perdas embrionárias, abortos,malformações fetais, nascimento de animais fracos,morte perinatal. Além disso, casos de doença entérica

Page 5: DVB

7Vírus da diarréia viral bovina (BVDV).

Biológico , São Paulo, v.65, n.1/2, p.3-9, jan./dez., 2003

e/ou respiratória com componentes hemorrágicos(melena, petéquias em mucosas, serosas etc), além deerosões e ulcerações no trato digestivo também sãosugestivos da infecção pelo BVDV. Estas manifesta-ções podem ocorrer isoladamente, mas a ocorrênciadas diferentes formas, em forma insidiosa e simultânea,é indicativa da ocorrência da enfermidade. Essasmanifestações ocorrem principalmente, mas nãoexclusivamente em animais jovens. Bezerros fracos,com crescimento retardado e predisposição a outrasenfermidades devem ser considerados potencialmentesuspeitos de serem animais PI.

Os casos de DM caracterizam-se pela altaletalidade, baixa morbidade e por lesões erosivas nasmucosas digestivas. Esta enfermidade faz parte docomplexo de doenças vesiculares e erosivas, neces-sitando diagnóstico diferencial especialmente defebre aftosa. É necessário realizar o diagnóstico dife-rencial da forma trombocitopênica de outras enfermi-dades hemorrágicas como a intoxicação aguda porPteridium aquilinum.

Os materiais de eleição para o diagnóstico dainfecção pelo vírus da BVD devem ser: sangue comanticoagulante (para detecção de animais PI ou deanimais na infecção aguda), soro (preferencialmentepareado), órgãos (baço, timo, intestino e linfonodos),fetos e envoltórios fetais (placenta e placentomas),além de órgãos ou tecidos com lesões macroscópicas.Para o isolamento viral, os órgãos ou tecidos devemser remetidos em gelo; para histopatologia, fragmentosdos tecidos com lesões devem ser conservados emformalina à 10%. No caso de animais doentes suspeitos,o sangue com anticoagulante é o material preferencial.

O teste padrão de diagnóstico é o isolamento doagente em cultivos celulares seguido por identificaçãopor imunofluorescência (IFA) e/ou imunoperoxidase(IPX). Células de origem bovina, particularmente asprimárias, são bastante sensíveis ao vírus. O sangue(especialmente os leucócitos) de animais infectadosde forma aguda ou persistente é muito rico em vírus.Para este fim, o material precisa ser coletado de formaasséptica, pois a contaminação bacteriana podeinviabilizar o isolamento. Devido a possibilidade dapresença de cepas não-citopatogênicas, todos osmateriais que forem negativos para efeito citopáticonos cultivos celulares, precisam ser testados pormétodos que demonstrem a presença de antígenosviraisl antes de serem diagnosticados como negativos.Os métodos mais utilizados neste caso são a IFA eIPX.

Além do isolamento, antígenos virais podem serdemonstrados em tecidos (fetos abortados,placentomas, fragmentos de tecidos coletados nanecropsia) por IFA e IPX. Um teste de ELISA de capturade antígeno, destinado a detectar proteínas virais nosoro de animais PI que apresenta boa especificidade e

sensibilidade, e pode ser realizado facilmente em umgrande número de amostras (BOLIN, 1995). Biópsiasde pele (coletadas na orelha) para a detecção deantígenos virais por IPX ou ELISA têm sido utilizadasrecentemente na América do Norte para a triagem edetecção de animais PI. Isolamento do vírus oudetecção de RNA viral por PCR no leite têm sido utili-zados para identificar rebanhos leiteiros infectados.

O diagnóstico sorológico geralmente é realizadopela técnica de soroneutralização (SN) ou ELISA. Aidentificação de soropositividade de um animal indicaapenas exposição prévia ao agente. Animaisinfectados de forma aguda, soroconvertem 14-20 diasapós a infecção inicial. Nestes animais a sorologiapareada, ou seja, a coleta de soro no momento da sus-peita clínica e uma segunda coleta 15-20 dias apóspode indicar a infecção pelo vírus. A elevação dostítulos de anticorpos em pelo menos 4 vezes indicaque o animal estava infectado pelo vírus no momentoda primeira coleta. Animais PI geralmente não apre-sentam anticorpos no soro já que não são capazes deresponder imunologicamente ao vírus. A sorologia,com amostras únicas, não pareadas, tem valor diag-nóstico limitado nas infecções pelo BVDV, pois indicaapenas que houve exposição prévia. Examessorológicos de rebanhos, devido à prática de vacinação,têm valor epidemiológico limitado, e servem unica-mente para verificar-se o status sorológico e a possívelpresença do vírus no rebanho. A detecção equantificação de anticorpos em amostras de leitecoletadas de tarros nos locais de coleta ou na indústriatem sido utilizada para a identificação de rebanhoscom atividade viral.

CONTROLE E PROFILAXIA

O controle da infeccão pelo BVD pode ser efetua-do com ou sem vacinação.

Controle com vacinação

Indicado para rebanhos com alta rotatividade deanimais, rebanhos com sorologia positiva, com histó-rico de doença clínica ou reprodutiva compatível ecom confirmação virológica de BVDV. Também éindicado para propriedades de terminação de novi-lhos, onde novilhos de várias procedências são colo-cados juntos. Rebanhos leiteiros com constanteanexação de animais, troca de reprodutores, etc. Tam-bém podem ser aconselhados a fazer vacinação.

No Brasil, todas as vacinas para o BVDV disponíveisatualmente são inativadas, com adjuvante oleoso ouhidróxido de alumínio. Geralmente, essas vacinas sãoassociadas a vacinas para outros agentes infecciososcomo o herpesvírus bovino-1, vírus da Parainfluenza-3e vírus respiratório sincicial (BRSV). Vacinas

Page 6: DVB

8 E.F. Flores

Biológico , São Paulo, v.65, n.1/2, p.3-9, jan./dez., 2003

inativadas geralmente induzem resposta sorológicamoderada e de curta duração. Por isso, para umaresposta adequada são aconselhadas revacinaçõesperiódicas.

A vacinação deve seguir o esquema indicado pelosfabricantes. Geralmente, os bezerros são vacinadosaos 4-6 meses e revacinados 30 a 40 dias após. Algunsanimais podem ainda possuir anticorpos maternosnessa idade. Assim, é recomendada umarevacinação aos 8-12 meses. Revacinações a cada6-12 meses devem ser realizadas para manutençãoda imunidade. Não há um esquema ideal, porém,um mínimo de uma dose anual é necessária. Nocaso das fêmeas, recomenda-se revacinação previa-mente à temporada de monta (2-3 semanas antesda cobertura).

As vacinas oleosas devem requerer menor númerode revacinações, porém, não há dados sobre o esquemade vacinação a utilizar. Para aumentar a amplitudeantigênica da imunização, recomenda-se utilizarvacinas com cepas regionais ou a rotação de vacinasproduzidas a partir de diferentes cepas (BOLIN, 1995).Do ponto de vista prático, poder-se-ia fazer aprimovacinação com uma determinada vacina erevacinações com vacinas de outros fabricantes.

Vacinas produzidas com cepas tipo I em geralinduzem proteção parcial ou incompleta contra cepasde BVDV-II. No Brasil, atualmente só uma vacina con-tém o BVDV-II, embora existam cepas de BVDV-IIcirculando na população bovina. Recentemente,alguns laboratórios estão tentando licenciar vacinascontendo os dois genótipos (BVDV-I e II) no país.

Como regra geral, as vacinas contra o BVDVpodem induzir boa proteção contra a doença clínica,mas são usualmente ineficazes em proteger os fetosde infecção transplacentária. Em recente estudo reali-zado no Setor de Virologia da UFSM, foram testadastrês vacinas comerciais contra o BVDV. Todas elasinduziram títulos baixos a moderados de anticorpos,e em apenas uma parcela dos animais. Os títulos fo-ram menores e menos freqüentes contra o BVDV-II.Esses resultados questionam sobre a eficácia dessasvacinas. Da mesma forma, nenhuma dessas vacinasfoi capaz de proteger fetos ovinos frente a inoculaçãoexperimental.

Embora ainda não estejam licenciadas no Brasil,as vacinas com vírus vivo modificado são mais eficazesna indução de proteção. No SV/UFSM, foi desenvol-vida uma vacina experimental com cepas brasileirasde BVDV-I e BVDV-II. Essa vacina induziu títulosaltos de anticorpos em todos os animais vacinadose foi capaz de proteger os fetos de infecçãotransplacentária. Portanto, a tendência é a de que asvacinas com vírus vivo modificado, há décadas emuso nos Estados Unidos, eventualmente venham aser licenciadas no Brasil.

Enfatizando novamente: controle com vacinaçãodeve ser usado em rebanhos em que haja risco real deintrodução do agente, ou em que o agente já tenha semanifestado. Nesses casos, deve-se seguir estritamenteas instruções do fabricante em relação à dose, via deaplicação e intervalos para revacinações.

Controle sem vacinação

É indicado para rebanhos fechados, sem o ingressofreqüente de animais. Rebanhos extensivos de gadode corte geralmente enquadram-se nessa categoria.Também indicado para rebanhos cujos parâmetrosreprodutivos e clínicos não registrem eventos suges-tivos da infecção pelo BVDV. Rebanhos com sorologianegativa, e cujo ingresso de animais seja raro ou even-tual também não correm grande risco de introduçãodo agente. Nesses casos, pode-se utilizar o controlesem vacinação, que objetiva manter o status negativodo rebanho.

Nesses rebanhos (sem animais PI, sem sorologia,sem sinais clínicos e reprodutivos sugestivos doBVDV) e que se deseje evitar a introdução da infecçãosem vacinação, recomenda-se testar para vírus todo equalquer animal antes de ingressar na propriedade.Através dessa medida, podem-se manter rebanhoslivres da infecção, pois a principal forma de introdu-ção da infecção é através de animais infectados (nafase aguda ou persistente). Vacas prenhes e bezerrosdevem ser especialmente testados, pois representamimportantes formas de introdução de vírus nosrebanhos.

Em rebanhos suspeitos de possuírem animaisPI, ou com histórico de casos clínicos suspeitos deBVDV, o controle baseia-se na detecção e elimina-ção dos animais infectados persistentes (PI). Di-versos métodos têm sido descritos para identifica-ção dos animais PI, entre eles o mais utilizado é oisolamento do vírus em cultivo celular. Conside-ra-se o animal persistentemente infectado quandose obtém o isolamento viral a partir de duas cole-tas de sangue separadas, no mínimo, por 3 sema-nas. Para isso, deve-se enviar sangue comanticoagulante para o diagnóstico. Uma vez iden-tificados esses animais devem ser descartados,pois são as fontes de infecção. Deve-se suspeitarda existência de animais PI em rebanhos cujos pro-blemas reprodutivos e clínicos compatíveis com oBVDV sejam freqüentes e após a confirmaçãolaboratorial. Nesses rebanhos, todos os animaiscom idade entre 6 meses e 2 anos devem ser testa-dos para a presença de vírus. Outras técnicas,como PCR, ELISA de captura, eimunohistoquímica em biópsias de pele estão sen-do desenvolvidas para facilitar e baratear a iden-tificação de animais infectados persistentemente.

Page 7: DVB

9Vírus da diarréia viral bovina (BVDV).

Biológico , São Paulo, v.65, n.1/2, p.3-9, jan./dez., 2003

Em resumo, o controle da infecção baseia-se navacinação (nos casos recomendados), procurando-semanter níveis altos de anticorpos; em medidas deprevenção para impedir a entrada de animaisinfectados em rebanhos livres; e na identificação eremoção de animais PI (em rebanhos que possuamesses animais). Em qualquer caso, a decisão de vacinarou não deve ser muito criteriosa, devido ao custo e àeficácia questionável das vacinas. Em grande partedos casos, um bom controle sem vacinação podemanter a propriedade livre da infecção.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BA K E R, J.C. Clinical aspects of bovine virus diarrheainfection. Rev. Sci. Tech. Off. Int. Epizoot., v.9, p.25-41,1990.

BOLIN, S.R. Control of bovine viral diarrhea infection byuse of vaccination. Vet. Clin. North Am. Food Pract.,v.11, p.615-623, 1995.

BOTTON, S.A.; SILVA, A.M. DA; BRUM, M.C.S.; WEIBLEN, R.; FLO-RES, E.F. Antigenic characterization of brazilian bovineviral diarrhea virus (BVDV) isolates by monoclonalantibodies and cross neutralization. Braz. J. Med. Biol.Res., v.31, p.1429-1438, 1998.

FLORES, E.F.; G IL , L.H.G.V.; BOTTON, S.A.; WEIBLEN, R.; RIDPATH,J.F.; KREUTZ, L.C.; PILATI, C.; DRIEMEIER, D.; MOOJEN, V.;WENDELSTEIN, A.C. Clinical, pathological and antigenicaspects of bovine viral diarrhea virus (BVDV) type 2isolates identified in Brazil. Virus Rev. Res., v.4, suppl.1, p.55, 1999.

HOWARD , C.J.; CLARKE , M.C.; BROWNLIE , J. Comparisons byneutralisation assays of pairs of non-cytopathogenicand cytopathogenic strains of bovine virus diarrhoeavirus isolated from cases of mucosal disease. Vet.Microbiol. v.13, p.361-369, 1987.

KIRKLAND, P.D.; HART, K.G.; MOYLE, A.; ROGAN, E. The impactof perstivirus on an artificial breeding program forcattle. Aust. Vet. J., v.67, p.261-263, 1990.

MUELLER , S.B.K.; IKUNO, A.A.; SAAD, V.M.; BARRETO, C.S.F.;CASTRO, L.C.; SIMON, I.C.; OLIVEIRA, A.R. Isolation andidentification of bovine diarrhea virus-mucosal

disease (BVD-MD) from an outbreak in the State ofSão Paulo. In: CONGRESSO NACIONAL DEVIROLOGIA, 4., 1988, São Lourenço, MG. Anais. SãoLourenço: 1988. p.80.

OLIVEIRA, L.G.; ROEHE , P.M.; OLIVEIRA, E.A.S.; SILVA, L.H.T.;VIEIRA, L.A.; SILVA, T.C.; CALDAS, A.P.F. Presença depestivírus e anticorpos contra pestivírus em soros ecultivos celulares. Arq. Bras. Med. Vet. Zootec., v.48p.513-523, 1996.

REVELLI, S.G.; CHASEY, D.; DREW , T.W. Some observations onthe semen of bulls persistently infected with bovinediarrhoea virus. Vet. Rec. v.123, p.122-125, 1988.

RIET-CORREA, F.; SCHILD, A.L.; MENDEZ, M.C.; OLIVEIRA, J.A.;GIL -TURNES, C.; GONÇALVES, A. Laboratório Regional deDiagnóstico: relatório de atividades e doenças da área deinfluência, no período 1978-1982. Pelotas: Ed. da Univer-sidade, 1983. 98p.

SWECKER , W.S.; ALISSON , M.N.; BOLIN, S.R.; C OLE, R.M. Type IIbovine virus diarrhea virus infection in a closed herdof Simmental cattle. Comp. Educ. Cont. Food An. v.11,p.79-83, 1997.

USDA. Emerging acute/peracute clinical disease outbreaksassociated with BVD Virus. Fort Collins: Usda: Aphis:Vs, Ceah, Nahms, 1994. Unpublished (availablethrough contact below).

VIDOR , T. Isolamento e identificação do vírus da doença dasmucosas no Estado do Rio Grande do Sul. Bol. Inst.Pesqui. Vet. Des. Finamor . v.5, p.51-58, 1974.

WE I B L E N, R. Situação epidemiológica das principais enfer-midades víricas no cone-sul. In: ENCONTRO INTER-NACIONAL DE VIROLOGIA MOLECULAR VETE-RINÁRIA, 1996, Santa Maria, RS. Anais. Santa Maria:1996. p.11-16.

WHITMORE, H.L.; ZEMJANIS, R.; OLSON, J. Effects of bovineviral diarrhea virus on conception in cattle. J. Am.Vet. Med. Assoc., v.178 p. 1065-1067, 1981.

WRAY, C. & ROEDER, P.L. Effect of bovine virus diarrhea-mucosal disease virus infecton on salmonella infectionin calves. Res. Vet. Sci. v.42, p.213-218, 1987.

Recebido em 10/4/03Aceito em 15/5/03