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Duque de Caxias O legado de um bravo Juca Fernandes

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Este livro presta-se a homenagear o Exército Brasileiro. Duque de Caxias foi um bravo destacado por tantos outros bravos que emprestaram sua vida na defesa da nação. O Exército Brasileiro foi a força determinante na defesa da soberania do Brasil nos conflitos territoriais. Entretanto, sem jamais deixar de lado a missão pacificadora liderada pelo Patrono Luís Alves de Lima e Silva... Nosso único Duque... de Caxias.

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Duque de CaxiasO legado de um bravo

Juca Fernandes

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Duque de Caxias

Este livro presta-se a homenagear o Exército Brasileiro.Duque de Caxias foi um bravo destacado por tan-

tos outros bravos que emprestaram sua vida na defesa da nação.

O Exército Brasileiro foi a força determinante na defesa da soberania do Brasil nos conflitos territoriais.

Entretanto, sem jamais deixar de lado a missão pacificadora liderada pelo Patrono Luís Alves de Lima e Silva... Nosso único Duque... de Caxias.

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O Legado de Um BravoDuque de Caxias

A história de um bravo brasileiro

A Petrobras Distribuidora por meio da sua unidade de negócios responsável pela aviação - a BR Aviation - sente-se honrada em participar desta obra que resgata parte da história recente do Brasil.

A BR Aviation está presente nos mais diversos pontos deste Brasil continental!

Certamente a imensidão deste País deve-se em boa parte à luta de Duque de Caxias, que o defendeu fervorosamente dos invasores do século XIX.

Hoje, o mundo reconhece a pacífica condição do nosso Brasil, composto de culturas, climas e desejos distintos. O pacificador Luís Alves de Lima e Silva (o Duque de Caxias) foi o grande mentor dessa situação invejável con-quistada pelos brasileiros.

Cabe aos homens do presente contar o passado de lutas e conquistas desta nação para inspirar o futuro do nosso País com a força da nossa juventude.

Se Alberto Santos Dumont aproximou os povos do mundo através do seu invento, o avião, se o Almirante Tamandaré encurtou as distâncias marítimas através da sua atuação sobre as águas, Duque de Caxias protegeu nossas fron-teiras por terra e pela terra que tanto merecemos.

A BR Aviation de certa forma aproveitou os ensinamentos desses bravos para desbravar o Brasil levando conforto e segurança para os mais remotos aeroportos e campos de pousos deste continental País.

Aos jovens o exemplo desse herói brasileiro é contado nesta obra, Duque de Caxias - o legado de um bravo, oferecida pela BR Aviation aos milhares de brasileiros idênticos ao Duque de Caxias que existem nesta belíssima nação chamada Brasil. Boa leitura.

Francelino PaesGerente Executivo da BR Aviation

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O Legado de Um BravoDuque de Caxias

Ao iniciar o século XIX, em pleno ano de 1800, o Brasil plantava e exportava o melhor café do mundo. A então colônia portuguesa, por ser colônia não tinha exatamente uma capital, e sim um centro administrativo do Império Português, que nessa época era a cidade do Rio de Janeiro com seus aproximados 60 mil habitantes.

Nesse mesmo período, a cidade mais populosa do mundo era Pequim, com sua cultura mandarim e seus 2,5 milhões de chinesinhos que 200 anos depois se multiplicariam para 25 milhões de olhos puxados. Tóquio somava um milhão de habitantes, como também a capital da Inglaterra, Londres.

Uma pequena, mas significativa parte da população brasileira estimada em 15 mil pes-soas durante o ano de 1800 migrara da então decadente Lisboa, capital do outrora podero-so Portugal. Lisboa contava 300 mil habitan-tes e sofria um processo de “encolhimento”, iniciado em 1700 quando acolhia mais de 500 mil portugueses na maior cidade do país.

A história reservou uma menção honrosa a Portugal, talvez pelas conquistas além-mar, além-fronteiras, além da conta quem sabe. Seu nome, Portugal, é o único que não tem feminino tampouco masculino. Não se diz “O” Portugal nem tampouco “A” Portugal...

O nascimento do futuro Duque de Caxias ocorreu no dia 25 de agosto de 1803 na Fazenda São Paulo, na Vila Porto Estrela, na Capitania do Rio de Janei-ro, atual Município de Duque de Caxias.

Filho de Francisco de Lima e Silva e Mariana Cândido de Oliveira Belo recebeu o nome de Luís Alves de Lima, que após seu batismo acrescentou o sobrenome “Silva”.

Filho, neto e irmão de militares, Luís Alves de Lima e Silva já era predestinado à carreira das armas, tanto que foi cadete de 1ª classe desde os 5 anos. Do lado materno, a família era constituída de oficiais de milícias, enquanto do lado pa-terno de oficiais do Exército.

Aprendeu as primeiras letras e operações matemáticas com a avó materna, Ana Quitéria. Estudou no convento São Joaquim e, aos 14 anos, matriculou-se na Aca-demia Real Militar, de onde regressou promovido a tenente para servir o 1º Bata-lhão do Imperador, unidade de elite do Exército do Rei que acabara de proclamar a Independência do Brasil em 7 de setembro de 1822. Coube ao Tenente Luís Alves de Lima e Silva receber a bandeira do império das mãos do imperador.

Em janeiro de 1823, o Tenente Luís Alves é selecionado para servir o Batalhão do Imperador, para em 24 de março de 1823 chegar à Bahia para combater os portugueses rebe-lados. Cinco dias depois enfrenta seu primeiro batismo de fogo e sua primeira vitória ao pacificar o movi-mento rebelde na Bahia.

No retorno dessa campanha, precisamente em 3 de junho de 1823, recebe o título que mais pre-zou durante sua vida, o de Veterano da Independência, com apenas 20 anos de vida.

Caxias...e sua brilhante trajetória

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O Legado de Um BravoDuque de Caxias

Caxias iniciava então uma das mais brilhantes carreiras militares que se tem notícia. Voltou à corte após as glórias de Pirajá, ainda componente do Batalhão do Imperador.

Em 22 de janeiro de 1824, foi pro-movido a capitão e agraciado em 17 de fevereiro do mesmo ano com a co-menda da Imperial Ordem Cruzeiro no grau de cavaleiro. Em 7 de abril presta juramento de fidelidade à Constituição do Império, iniciando-se na carreira das armas.

Ainda como capitão marcha para a guerra contra a República Argentina em 12 de junho de 1825, para em julho

ser condecorado com a Medalha da Independência da Bahia. Essa homenagem ocorreu no “front” durante a guerra contra os atuais irmãos argentinos.

Em 20 de agosto de 1825, a situação na Cisplatina ganha uma revolução que colocou à prova a competência do Capitão Luís Alves de Lima e Silva na chamada Campanha da Cisplatina.

No futuro Dia das Crianças, exatamente em 12 de outubro de 1827, o futuro e único duque brasileiro recebe a Ordem de São Bento de Aviz, por atos de bra-vura na revolução da Campanha da Cisplatina.

Brasil e Argentina assinam um tratado de reconhecimento da independência da Província Cisplatina, a qual se transforma no Estado Oriental do Uruguai. Esse fato ocorreu em 27 de outubro de 1828, ano que Luís Alves é promovido a major e nomeado subcomandante do Batalhão do Imperador.

Homem de confiança do Imperador Pedro I, Caxias foi chamado para pacificar o ânimo dos brasileiros nos momentos de maior dificuldade da Nação. O mais famoso militar da história brasileira foi o único brasileiro a atingir o ducado.

O mundo na juventude de CaxiasAo completar 25 anos de idade, Caxias vivia num mundo em

constante ebulição.Nascia nos Estados Unidos, em São Francisco, o inventor do

jeans, Levi Strauss, o mesmo jeans que Caxias usaria no final de seus dias. Corria o ano de 1829 e o transporte ferroviário ganhava importância incomum na Europa, mas que só chegaria ao Brasil em 1854. O Brasil assinava um tratado de amizade e comércio com os Estados Unidos.

José Bonifácio de Andrada e Silva retorna do seu exílio na França para o Brasil, depois de ser demitido em 1823 pelo próprio impe-rador, completando assim seis anos longe do País.

Acontece em Viena, na Áustria, o primeiro concerto de Chopin, onde o músico apresenta a obra “Noturno”.

Em 18 de fevereiro de 1832, seu batalhão foi dis-solvido deixando-o sem nenhuma função de comando. Caxias aproveita sua condi-ção de “avulso” para criar o Batalhão de Oficiais, sendo nomeado instrutor geral de infantaria da Guarda Nacional do Rio de Janeiro.

Em 7 de junho de 1832, é nomeado segundo comandante do corpo de guardas municipais permanentes, para assim paci-ficar o Rio de Janeiro e assumir o coman-do geral da mesma guarda.

Acontece em 6 de janeiro de 1833 seu casamento com Ana Luísa Carneiro Via-na. Quatro meses depois é promovido a tenente-coronel.

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Morre D. Pedro I aos 35 anos de idade de tuberculose em 24 de setembro de 1834, no mesmo quarto e na mesma cama onde nascera no Palácio de Queluz, em Portugal. Eclode no Rio Grande do Sul a Revolução Farroupilha, em 21 de setembro de 1835.

Ao lado do Ministro da Guerra, João Vieira de Carvalho, parte para o Rio Grande do Sul, em 6 de março de 1839, para intervir na Revolução Farroupilha.

Promovido a coronel em 2 de dezembro de 1839, recebe a missão de pacificar o Maranhão que se opunha às diretrizes da corte, iniciando a revolução dos ba-laios chamada Balaiada. Nessa mesma época foi nomeado presidente da Provín-cia do Maranhão, que acabou pacificada em 19 de janeiro de 1841.

Torna-se general-brigadeiro em 18 de julho de 1841, e também Barão de Caxias com apenas 38 anos de idade.

Foi nomeado comandante das Armas da Corte em 21 de março de 1842 e logo em seguida assume o cargo de Comandante-Chefe da Província de São Paulo, onde acumula também o cargo de vice-presidente da mesma província.

Havia um movimento revoltoso dos liberais em São Paulo e Minas Gerais que acabou debelado pelo então Barão de Caxias no embate derradeiro na cidade de Sorocaba. Pela sua atuação diante dos revoltosos de Minas Gerais, onde consegue a vitória, recebe a promoção para marechal de campo em 25 de julho de 1842.

Luís Alves de Lima e Silva era um militar astuto e muito fiel ao regime mo-nárquico. Suas atuações vitoriosas o levaram novamente para o Rio Grande do Sul em 9 de novembro de 1842. A distância entre São Paulo e Rio Grande do Sul demorava cerca de 8 a 10 dias para ser cumprida sempre por tração animal. Caxias tinha uma carruagem que o confortava, mas durante o trajeto preferia longas pernas sobre o lombo do seu cavalo.

Ainda se alastrava progressivamente no sul a Guerra dos Farrapos. Por conta de capacidade administrativa, técnico-militar e pacificadora, em 1842, passou a ser o comandante-chefe do Exército em operações e presidente da Província do Rio Grande do Sul. Chegou em Porto Alegre com carta branca para agir contra os revoltosos, mas se destacou pela simplicidade, humanidade e altruísmo.

Por sua bravura, respeito à vida e suas ideias de pacificação, os chefes revolu-cionários passaram a se entender com ele, e assim, em 1º de março de 1845, é assinada a Paz de Ponche Verde, dando fim à Revolução Farroupilha. Foi procla-mado Conselheiro da Paz e O Pacificador do Brasil. Nesse mesmo ano recebe o título de Conde de Caxias e elege-se senador pelo Rio Grande do Sul.

Durante o período de 1845 a 1851, o Conde de Caxias exerceu várias funções estratégicas, amparadas pelo respeito de D. Pedro II.

O Conde de Caxias teve seu nome indicado pela província que tinha acabado de pacificar para senador do Império, cargo que assumiu em 1847. Em 1851, foi nomeado presidente da província e comandante-chefe do Exérci-to Sul. Em 5 de setembro, Caxias entra no Uruguai, diminuindo as tensões que existiam naquela parte da fronteira. No ano seguinte é promovido a tenente-general e recebe elevação ao título de Marquês de Caxias.

Em 1853, uma carta imperial lhe dá o di-reito de tomar parte direta na administração do Estado e, em 1855, nomeado ministro da Guerra. Junto com esse cargo, em 1857, ain-da assume a presidência do Conselho de Ministros do Império, por motivo de doença do Marquês de Paraná. Foi graduado marechal-do-exército e novamente senador em 1863.

Tem início a Guerra do Paraguai em 1865 e no ano seguinte Caxias é nomeado comandante-chefe das forças do Império na luta contra o Paraguai e efetivado

Rótulo de cigarro:

Duque de Caxias,

Herói dos Heróis no

Paraguai.

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O Legado de Um BravoDuque de Caxias

marechal-do-exército. Só considerou terminada a batalha ao tomar a cidade de As-sunção, capital do Paraguai, em 1º de janeiro de 1869. Nesse ano, Caxias teve seu título nobiliárquico elevado a Duque, como recompensa pelos serviços prestados na mais difícil de suas batalhas. É o único brasileiro a merecer essa honraria.

Pós-guerra, é ainda, pela terceira vez, nomeado ministro da Guerra e presi-dente do Conselho de Ministros. Participou de fatos marcantes da história do Brasil, como a Questão Religiosa, o afastamento de D. Pedro II e a regência da Princesa Isabel.

A República continuou a venerar sua memória. O Exército consagrou a data de seu nascimento como o Dia do Soldado e em sua homenagem foi criada a Medalha do Pacificador. O governo proclamou-o Patrono do Exército Brasileiro.

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O Brasão de Duque de Caxias

O Brasão D’Armas de Luís Alves de Lima, o Duque de Caxias, representa as seis principais famílias de que é descendente, em um só escudo de dois traços cortado ao meio.

Logo acima notamos a coroa de duque, que simboliza o título máximo com que Caxias foi agraciado pelo Imperador.

No primeiro quarto, apresenta-se o leão dos Silvas, família oriunda de Sílvio, rei de Alba, e em Portugal de Dom Pelayo Guterres da Silva, de quem Luís Alves de Lima descendia, diferenciado por uma brica de prata, com um farpão de negro.

A seguir, vemos as cinco estrelas vermelhas, em santor, sobre um fundo doura-do – Armas dos Fonsecas ou Affonsecas, nobres da Galliza, que combateram os mouros em Lamego.

O terceiro quarto representa o brasão d’armas dos Limas, nobres senhores que habitavam as margens do Rio Lima e que usavam as armas de Aragão, doa-das pelo Rei D. Pedro II, de Aragão, a Dom João Fernandez de Lima pelos relevan-tes serviços prestados àquele reino, nas batalhas de Novas e Tolosa.

Os Brandões, principal tronco de que Caxias descende, tinham por armas cinco brandões de ouro, acessos de vermelho, em santor, e eram originários de um cavaleiro da Normandia de nome Fernan Brandon. Esta família estava inti-mamente ligada à dos Soromenhos e Silveiras pelas alianças que efetuaram.

Soromenho, nome de pereira ou pera brava, constitui o motivo do quinto quartel do brasão de Caxias, trazendo por armas um soromenho de verde, com frutas e arrancado de prata, ladeado em chefe de uma flor de liz e de um crescen-te de ouro. O nome Soromenho acredita-se ser proveniente do chefe da família, Capitão Governador da Fortaleza de Pera.

E por último os Silveiras, representados por três faixas de vermelho, em cam-po de prata. Os Silveiras, descendentes dos Pestanas, de Giraldo Giraldes, o Sem Pavor, que conquistou Evora aos mouros, tiveram o seu nome tirado do Morga-do e Torre de Silveira.

Cumpre referir que, além das seis armas integrantes do brasão de Luís Alves de Lima, poderiam ainda nele figurar as armas dos Pedegaches, pois era terceiro neto de Pedro Batista Pedegache. As armas dos Pedegaches são de vermelho, com dois machados de prata passados em aspa, acompanhados de quatro flores de liz de ouro, uma em chefe, uma em ponta e uma de cada lado, e uma coroa de ouro de sete pontas, tendo ao lado dois crescentes de prata.

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O Legado de Um BravoDuque de Caxias

Duque de Caxias e suas célebres frases

“Mais militar que político, eu quero até ignorar os nomes dos partidos, que por desgraça entre vós existem. Deveis conhecer as necessidades e as vantagens da paz, condição de riqueza e de prosperidade dos povos e, confiando na Divina Providência, que tantas vezes tem nos salvado, espero achar em vós tudo o que for mister para o triunfo de nossa santa causa.”

Proclamação ao povo maranhense

“Minha espada não tem partidos!”Frase de Caxias ao aceitar o convite de Zacharias de Góes

para assumir o comando da Guerra da Tríplice Aliança

“Sigam-me os que forem brasileiros.”Célebre frase do soldado brasileiro na Guerra do Paraguai

“O Deus dos Exércitos está conosco. Eia! Marchemos ao combate, que a vitória é certa, porque o general e amigo que vos guia, ainda, até hoje, não foi vencido!”

Clamou Caxias aos seus soldados, tomado de orgulho,

na mais difícil de suas campanhas - a Guerra do Paraguai.

“Lembrai-vos que a poucos passos de vós está o inimigo de todos nós – o inimigo de nossa raça e de tradição. Não pode tardar que nos meçamos com os soldados de Oribes e Rosas; guardemos para então as nossas espadas e o nosso sangue. Abracemo- nos para marcharmos, não peito a peito, mas ombro a ombro, em defesa da Pátria, que é nossa mãe comum.”

Apelo de Caxias ao chegar a Porto Alegre aos sentimentos

patrióticos dos que se rebelaram através de um manifesto cívico.

“Não fui um revolucionário! Estimei a abdicação por-que achei que era um bem para o Brasil, mas não concor-ri direta ou indiretamente para isso”.

“Meus senhores, isso são conse-quências do movimento, mas po-dem contar comigo para quanto estiver ao meu alcance, exceto para soltá-los.”

Disse Caxias aos dez chefes rebeldes

aprisionados no combate de Santa Luzia.

“Tal é o cuidado que me dás e o amor que tenho que, cheio de trabalhos, não me esqueço de ti.”

Bilhete de Caxias para sua amada Ana Luísa

durante a revolta do Maranhão.

“Eu tenho o coração maior que o mundo. Tu bem o sabes. Onde mesma cabes! Que te parece? Até estou poeta!”

No mesmo dia no Maranhão

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O Legado de Um BravoDuque de Caxias

O casamento de CaxiasDurante sua estada em São Paulo, mandou um bilhete para a baronesa in-

formando que tinha lhe remetido uma carta e 200$000 para fazer um vestido bem bonito, pois queria vê-la com o modelito no primeiro baile depois de sua chegada. Disse ele: “Estou muito bom e danado pra ir embora”. Mas Ana Luísa teve de esperar para estrear o vestido, pois no dia 25 o Marechal Barão de Caxias já partia para Minas Gerais.

Mergulhado na Guerra do Paraguai, também encontrou inspiração e tempo, na aspereza da sua barraca de campanha, para dedicar esses simples versos de ternura para a esposa distante: “Eu tenho o coração maior que o mundo. Tu bem o sabes. Onde mesma cabes! Que te parece? Até estou poeta!”. Com idade avançada, Luís Alves de Lima e Silva viu o mundo cair sob seus pés com o falecimento da amada, que era mais jovem 14 anos. Escreveu: “Vivo agora muito triste depois do golpe que sofri com a morte de minha duquesa, a quem eu amava muito e só hoje desejo ir para onde Deus a levou.”

Luís Alves de Lima e Silva frequentava a casa do amigo e oficial do Exército Brás Fernandes Vianna, irmão da moça por quem viria a se apaixonar. Ele levou meses para se aproximar de Ana Luísa Carneiro Vianna, e ela, apaixonada, acom-panhava da janela de sua casa as manobras militares realizadas pelo oficial.

A mãe da moça não era favorável a esse casamento. Ela tinha outros planos para a filha. Assim como ela tinha se casado com um homem da corte com o intuito de elevar a posição social da família, pretendia fazer o mesmo com a filha. O pai era falecido e o irmão mais velho consentia a união, pois admirava Caxias. Contavam também com o apoio dos tios da moça, o Visconde de Mirandella e sua esposa.

No dia do aniversário de Ana Luísa, no mês de dezembro, Luís Alves pediu formalmente sua mão em casamento, mas recebeu um enfático não da mãe da moça. Eles não desistiram e na noite de 6 de janeiro de 1833, em cerimônia rápi-da e discreta, oficializaram a união no oratório do solar na casa da moça. A mãe dela nem desconfiava. Ana Luísa preparou o oratório para a missa do Dia de Reis. Ela com um simples vestido branco e ele com sua habitual farda se ajoelharam ao sinal do padre (cúmplice), que oficializou a união.

Dessa união nasceram Luiza do Loreto Viana de Lima, Ana do Loreto Viana de Lima e Luís Alves de Lima e Silva, único filho homem que faleceu prematuramente.

Para Caxias, a distância da família e da mulher durante suas batalhas era um sofrimento, mas nunca não deixou de arrumar tempo para escrever cartas para sua querida Anica, como a chamava. Era extremamente carinhoso, reproduzindo um modelo de relação familiar peculiar dos Lima.

Do Maranhão, no mês de agosto, na pior fase da campanha, em uma barraca de palha, às 11 horas da noite, escreveu um bilhete para Ana Luísa com uma pe-quena declaração: “Tal é o cuidado que me dás e o amor que tenho que, cheio de tra-balhos, não esqueço de ti”. Como sempre, despedia-se com um: “Sou só teu. Luiz.”.

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O respeito pela tropaMandou plantar alfafa e milho

para alimentar os animais, estipu-lando minuciosamente suas ordens por escrito. Caxias era o último a dormir e o primeiro a se levantar!

Assim, preparou durante alguns meses e conseguiu reorganizar os 26 mil homens, 200 carretas e 800 car-gueiros. A corte enviou suas enco-mendas rapidamente, mas esse rapi-damente demorou mais de um mês.

Seus comandados sabiam da capacidade de Caxias. Seus oficiais sabiam que ele era enérgico, porém justo. Ele impunha muita discipli-na e ao mesmo tempo fazia de tudo para confortar a tropa. Ele exigia um procedimento correto e era o primeiro a dar bom exemplo.

Outra virtude de Caxias era não se calar diante da corte, tanto que dela tam-bém reclamava exigindo tratamento humano para seus soldados.

Caxias era o melhor estrategista de guerra do Brasil. Seus comandados sabiam disso. E mais: nunca fora vencido!!!

Conta a história que numa arrojada e perigosa manobra para conquistar o lado inimigo do Humaitá, Caxias decidiu transpor o Rio Paraguai subindo para-lelamente sua margem direita, penetrando no chaco, e assim atacar os paraguaios pela retaguarda.

Para isso foi preciso construir uma estrada numa região inóspita recheada de bancos de areia movediça. O local era tão remoto que não havia sequer animais

Durante uma delicada batalha no sul do Brasil, Caxias foi designado para comandar a tropa do Exército que se en-contrava acuada e com moral destruído.

Aquilo era qualquer coisa menos um exército. A ociosidade e o vício dominavam o acampamento. Havia jogos de cartas, brigas, mulheres e barracas exploradas

por negociantes de má índole. Os soldados estavam descansos e seminus. Os es-quadrões de cavalaria não tinham cavalos nem tampouco água potável. O resul-tado dessa condição miserável vitimou muitas vidas por cólera. Doze mil homens morreram nessa situação.

Ao chegar, Caxias, resignado, pôs-se a trabalhar. Restaurou o moral da tropa, exigindo exercícios físicos diários e determinando reparo especial nos armamentos. Requisitou fardamento, mantimentos e remédios, além de ins-talar hospitais barracas. Claro que expulsou as mulheres e os comerciantes aproveitadores do caos.

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ou pássaros. A única solução era mesmo abrir uma estrada para permitir o avanço da tropa, agora reduzida a 19 mil homens.

Aconteceu então um fato que marcou essa passagem do futuro Duque de Caxias. As patrulhas inimigas não deram trégua aos brasileiros durante a cons-trução da estrada. Frequentemente se embrenhavam nas matas e subitamente atacavam os soldados de Caxias. Esse, por sua vez, inspecionava pessoalmente todos os dias as várias fases da obra. Numa dessas inspeções, em um trecho novo, Caxias ouviu um estranho ruído na mata próxima.

Dirigiu-se até lá com dois ajudantes de ordem e ao chegar viu um capitão estirado no chão. Ao ver Caxias, o oficial levantou- se rapidamente e perfilado defronte ao co-mandante pediu desculpas e disse-lhe que apenas descansava um pouco.

Caxias então determinou: “Mostre- me suas mãos!”. O capitão mostrou-as... sangrando.

“Qual é seu nome, capitão”, pergun-tou Caxias.

“Floriano Peixoto”, respondeu o as-sustado oficial.

“Está bem, capitão, descanse mais um pouco e volte ao trabalho, pois esta estrada representa a nossa salvação ou a nossa ruí-na.” Ao se afastar, um de seus ajudantes perguntou: “Vai puni-lo, marechal?”.

“Não, anote seu nome, pois vou con-decorá-lo, trata-se de um homem de brio e valor. Não viu como estava pálido e cansa-do, tinha ao seu lado o machado que usa-va como um simples soldado. Além disso, ficou envergonhado”.

A estrada foi construída em 23 dias, e Floriano Peixoto tornou-se marechal anos mais tarde.

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Uma prosa dos amigos Caxias e Tamandaré

- Saiba, meu bom amigo apreciador de frango-d’água, que Tamandaré é um lugarejo de Pernambuco. Foi lá que meu irmão Manuel, rebelde da Confederação do Equador, fora enterrado. Passando por lá quando levei D. Pedro e Dona Teresa Cristina ao nordeste, pedi permissão ao rei para trasladar seus restos mortais para o Rio de Janeiro. Por isso, quando fui agraciado com o título de Barão, nosso rei lembrou-se desse episódio e da graça do nome para homenagear-me, disse o senhor dos mares Tamandaré.

Esse encontro ocorreu quando Luís Alves de Lima e Silva era marquês, título com que o próprio Tamandaré seria agraciado anos mais tarde.

- Marquês, o senhor não conhece a Europa?, perguntou Tamandaré.- Não nunca pude ir lá, respondeu Caxias.- Deveria conhecer, pois a Europa é belíssima. Cidades como

Paris e Londres são encantadoras. Tudo bem diferente daqui, outro mundo, diria. Povo civilizado e uma organização impe-cável. Castelos, monumentos, museus e praças maravilhosas, sem contar as catedrais e igrejas históricas.

O clima é frio e agradável, hotéis de extremo luxo e requinte e festas por toda parte. Roma já é bem diferente e tem uma apa-rência de cidade eterna, berço do cristianismo.

No futuro quem sabe teremos um outro meio de transporte para levar-nos até lá. Por ora, quando o mar está encapelado, a viagem é bastante desagradável, mas os passeios que se faz lá compensam a sacrifício, proferiu um entusiasmado Tamandaré.

- Eu sempre quis conhecer a Europa, mas as guerras me dei-xaram muito tempo fora de casa. Quando meus filhos eram pe-quenos, Ana Luísa e eu preferimos ficar próximos deles, por isso acabei não viajando para a Europa. Perdemos nosso filho Luís muito jovem e logo após pensamos em ficar uns quatro meses viajando, mas D. Pedro não permitiu. Disse-me que necessitava da minha presença para intervir no caso de uma crise político-militar. Para obedecê-lo, renunciei à viagem.

Eles foram os mais importantes personagens da história recen-te deste Brasil jovem. Tal qual Duque de Caxias, o Almirante Tamandaré foi outro monstro sagrado da sagrada história do Brasil na defesa de sua soberania.

Os amigos Tamandaré e Caxias partilharam guerras e en-contros memoráveis. Num deles...

O Vice-Almirante Joaquim Marques Lisboa, recentemente contemplado com o título de Barão de Tamandaré, nomeado Conselheiro de Guerra e também

membro do Tribunal Militar, foi visitar Caxias.Os bons amigos se tratavam com intimidade tamanha,

que permitiam brincadeiras e irônicas piadas a respeito de suas bravatas. Mesmo assim, jamais dispensavam a palavra “senhor” e, por vezes, “excelência”.

Num desses encontros, o então Barão de Tamandaré, com seus 55 anos distribuídos na magreza do seu corpo sofrido por tantas batalhas, visita Caxias, que o recebe com afetuoso abraço e alegria.

Caxias estava preocupado com a esposa de Tamandaré que acabara fazer um tratamento em Paris, onde pôde restaurar com sucesso parte de seu rosto, castigado por uma doença de difícil cura. Essa notícia alegrou Caxias, tanto que imediatamente ofe-receu um charuto para o amigo Tamandaré, que aproveitou para dizer ao amigo Caxias que seus filhos trilhavam seus caminhos na Marinha e suas filhas estudavam música.

Apesar da importância de suas vidas gloriosas, a comu-nicação nesse meio de século XIX era muito lenta, por isso Caxias aproveitou-se do encontro para perguntar a origem do nome Tamandaré.

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O Legado de Um BravoDuque de Caxias

A prosa continuava num bom tom, regada por vinho, a preferência dos bravos. Ocorre que o amigo Tamanda-ré insistia no tema Europa, assim dei-xando Caxias visivelmente irritado. Foi quando maquiavelicamente indagou Tamandaré sobre um tema bastante in-discreto, talvez para divertir-se com a reação enérgica do amigo, pois já co-nhecia o final da história.

Perguntou Caxias:- E aquela censura em sua ficha por con-

ta do aparelho de chá que o senhor comprou sem autorização do ministério, como foi?”

Tamandaré, bastante irritado, res-ponde com firmeza:

- Estupidez, Caxias, funcionários bu-rocráticos bitolados pelos regulamentos. Perdoe-me a palavra, mas são nojentos! Imagine que eu carregava a bordo da Corveta Don Afonso a Princesa Dona Francisca e o Príncipe de Joinvile, além dos Duques de Aumale e meu ex-chefe Almirante John Pascoe Grenfell com sua famí-lia. Não havia louça para servir um chá, e como o navio acabara de ser lançado ao mar evidentemente não estava preparado para a viagem com tão ilustres personagens. Não tive dúvidas. Comprei um serviço completo de chá. Quando regressei ao rio, depois de socorrer o Ocean Monarch, fui surpreendido com censura por ter feito essa compra sem autorização. Imagine, amigo Caxias, que absurdo, perdi a paciência e rasguei a fatura na cara do funcionário e paguei o aparelho com dinheiro do meu bolso.

Apesar da informalidade da relação, Tamandaré aproveitou o encontro para pedir o apoio de Caxias a sua missão diplomática no sul do País, onde ocorria uma relação conflitante entre uru-guaios e gaúchos...

A guerra do gambá contra o frango-d’água!

Tamandaré gostava de uma boa caçada, especialmente na busca pelo gambá, que reputava ser uma iguaria sem igual. Contam os historiadores que certa fei-ta Tamandaré convidou seu amigo de guerra e paz, Duque de Caxias, para um almoço inimaginável. Era certo que Caxias sempre torceu o nariz ao lembrar a predileção culinária do amigo. Chegou a dizer que achava o odor do gambá repugnante e insuportável. Por isso, a velha raposa Tamandaré aproveitou-se da amizade que mantinham e pregou-lhe uma peça.

Como faria uma pescaria na fazenda do seu sobrinho João Maria Lisboa, na região paulista de Paraibuna, decidiu convidar Caxias para um almoço.

Sabedor de sua repugnância pelo gambá, mandou prepará-lo com o maior dos esmeros, fortificando seu tempero à base de muitas ervas nativas.

Lembrando que o prato predileto de Duque de Caxias era o cheiroso frango- d’água, assim sugeriu ao amigo degustar uma cutia sem igual.

O encontro, sempre regado a boas histórias dos patriotas, ocorreu de manei-ra cortês. Caxias, empanturrado do que pensava ser uma cutia, comentou mais tarde durante o almoço.

- Amigos, o prato estava excelente, delicioso, acho mesmo que se tratava de uma cutia especial, pois tinha até rabinho!, provocando com esse comentário risadas não contidas de todos ao redor da mesa. Nascia ali a famosa guerra do gambá contra o frango-d’água.

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O Legado de Um BravoDuque de Caxias

Caxias e BolívarO pacificador e o libertador

Ao entardecer de 24 de julho de 1783, em um antigo casarão de aspecto sério, quase sombrio, da Plaza de San Jacinto, em Caracas, na Venezuela, nascia Don Simón José Antonio de La Santíssima Trinidad Bolívar y Palacios, filho do Coro-nel Don Juan Vicente de Bolívar y Ponte e de Dona Concep-ción y Palácio y Blanco, que a humanidade conheceria por

Simón Bolívar, o revolucionário que dedicou a sua vida à luta contra a presença espanhola na América do Sul.

Diferentemente de Bolívar, Caxias não teve uma grande cidade por berço. Nasceu num afastado vilarejo da então Província do Rio de Janeiro, em Taquarassu, Vila da Estrela. Filho do General Francisco de Lima e Silva e de Dona Mariana Cândida de Oliveira Belo, viu a luz em 25 de agosto de 1803, no solar da Fazenda São Paulo.

Entrelaçada com as mais influentes famílias venezuelanas, a de Bolívar era das mais poderosas da América, originária da Espanha, onde suas raízes históricas surgem com os senhores feudais da Vasconia nos séculos XIII, XIV e XV, e nos seguiram até o século XVIII aqui na América do Sul. Entretanto, o fato de terem nascido na América não os tornam aristocratas aos olhos dos funcionários da Espanha, que os relegam a plano secundário.

Caxias, cercado apenas de parentes próximos, não trazia sucessos que o parti-cularizassem e nem a riqueza que cercara o berço de Bolívar. Embora importante e nobre, a família Lima e Silva não poderia competir em pompa com a do Libertador.

Como a de Bolívar, a família de Caxias mergulha as suas raízes na Península Ibérica, até os remotos dias das lutas contra o Islã.

Seu contato com a Espanha, a distinção arrogante entre colonos e nobres, o vexame sofrido na Porta de Toledo e o fecho trágico do seu curto casamento conduziram Bolívar aos cimentos da revolução emancipadora da América Espa-

nhola. A falta de um lar, do carinho da esposa, o conduziu ao lugar que lhe estava reservado na história, dedicando-se à pátria oprimida. Assim surgiu o Libertador.

Luís Alves de Lima e Silva, no dia que foi promovido a general, foi agraciado com o tí-tulo de Barão de Caxias, pela pacificação do Maranhão, ao dominar a Balaiada. Pela paci-ficação do Rio Grande do Sul (Farrapos), foi elevado a conde, a marquês ao retornar vito-rioso do Prata, onde aniquilou a tirania de Rosas e, finalmente, a duque após o término glorioso da Campanha do Paraguai, a maior da História Militar da América do Sul. Assim surgiu o Pacificador.

Bolívar jamais ostentou títulos nobiliárqui-cos, embora faltassem apenas ligeiras formali-dades para possuir o de marquês, já concedido, em princípio, a um dos seus avós. Mas a Bolívar não importava um título, bastando-lhe o nome.

Há quem afirme que o Brasil só se tornou nação quando Caxias se fez soldado. Este foi soldado por vocação e por nascimento. Pode-se dizer que nasceu no próprio Exército, o que o distingue de Bolívar, carente de formação espe-cializada na carreira das armas.

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O título de duque é uma honraria somente superada pelos poderes de reis, rainhas, príncipes e princesas.

Abaixo desse título nobre, numa escala descendente, surgem os mar-queses, condes, viscondes, barões e por último os cavaleiros.

O duque é um chefe de Estado de um ducado, podendo ser também um título nobiliárquico integrado numa Casa Real. Pode ser hereditário, normalmente atribuído aos filhos de monarcas reinantes.

A origem da palavra duque vem do verbo latino “ducere”, ou mesmo “dux”, que significa conduzir, comandar.

Luís Alves de Lima e Silva foi o único brasileiro condecorado duque! Nem mesmo seu conterrâneo e amigo Almirante Tamandaré mereceu tal prestígio.

Com a chegada da Família Real ao Brasil, aconteceu uma farta dis-tribuição de títulos de nobreza, especialmente de barão, que assegurava inclusive uma pensão vitalícia do Império. Mesmo com essa banalização dos títulos, manteve-se a importância do maior deles: o duque.

Algumas famílias emprestavam o codinome “duque” para o batismo de seus filhos. Foi o caso do compositor do Hino Nacional do Brasil, Joaquim Osório Duque Estrada.

Joaquim Osório foi uma das maiores inteligências da época como crí-tico literário, escritor, poeta, teatrólogo e professor dos mais respeitados. Mesmo assim não ganhou o título de duque, que coube apenas ao nosso Duque de Caxias!

Caxias foi o único duque brasileiro

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O Legado de Um BravoDuque de Caxias

A BalaiadaA Balaiada foi uma importante revolta popular que explodiu na Província do

Maranhão, entre os anos de 1838 e 1841.Nessa época, a economia agrária do Maranhão atravessava grande crise. Sua

principal riqueza, o algodão, vinha perdendo preço e compradores no exterior, devido à forte concorrência internacional do algodão produzido nos Estados Unidos (mais barato e de melhor qualidade que o produto brasileiro).

Quem mais sofria as consequências dos problemas econômicos do Maranhão era a população pobre. Ou seja, a multidão formada por vaqueiros, sertanejos e escravos. Cansada de tanto sofrimento, essa multidão queria lutar, de algum modo, contra as injustiças. Lutar contra a miséria, a fome, a escravidão e os maus-tratos. Havia também muita insatisfação política entre a classe média maranhense da cida-de, que formava o grupo dos Bem-Te-Vis. Foram eles que iniciaram a revolta contra os grandes fazendeiros conservadores do Maranhão e contaram com a participação explosiva dos sertanejos pobres.

Os principais líderes populares da Balaiada foram Manuel Francisco dos Anjos Ferreira (fazedor de balaios, origem do nome balaiada), Cosme Bento das Chagas (chefe de um quilombo que reunia aproximadamente 3.000 negros fugitivos) e Raimundo Gomes (vaqueiro).

A Balaiada não tinha uma organização consistente nem um projeto político definido. Não era um movimento único e harmônico. Foi um conjunto de lutas dos sertanejos marcadas pelo desejo de vingança social contra os poderosos da região. Apesar de desorganizados, os rebeldes balaios conseguiram conquistar a cidade de Caxias, uma das mais importantes do Maranhão. Mas não havia clare-za de objetivos entre os líderes populares ao assumir o governo. O poder foi então

entregue aos Bem-Te-Vis, que já estavam preocupa-dos em conter a rebelião dos sertanejos.

Para combater a revolta dos balaios, o governo enviou tropas comandadas pelo Coronel Luís Alves de Lima e Silva (futuro Duque de Caxias). Nessa altura dos acontecimentos, a classe média do Maranhão (os Bem-Te-Vis) já havia abandonado os sertanejos e apoiava as tropas governamentais. Engrossaram as hordas balaias escravos que, às centenas, fugiam de fazendas do Vale do Itapicuru. Caxias, com apoio do futuro Almirante Tamandaré, chefe das forças na-vais, reprimiu em Itapicuru-Mirim um levante da guarnição local por atraso de soldos. Foi um con-fronto sangrento, mas terminou por restaurar a dis-ciplina e punir e afastar os responsáveis. Os revoltosos não possuíam bases fixas. Sua estratégia era de guerrilha rural. Atacavam só pontos fracos das defesas do governo. A resposta a essa estratégia foi manter suficientemente guarnecidas as vilas e cidades que seriam alvos importantes para os revoltosos. Foi a partir desses pontos fortes que Caxias passou a combater a Balaiada, usando com frequência o cerco aos contingentes rebeldes localizados.

Com o governo do Maranhão funcionando a contento, frequentemente Ca-xias deixava São Luís para comandar pessoalmente as operações.

Usou como posto de comando o edifício da câmara, a cadeia e a casa da pól-vora, prédios até hoje existentes e tombados pelo Patrimônio Histórico. Como o forte de seu planejamento era atacar todas as partes estratégicas dos balaios, aos poucos ele foi minando as forças rebeldes. Por seus feitos, recebeu o título de Barão de Caxias.

Os líderes balaios foram mortos em batalha ou capturados. Desses últimos, alguns foram julgados e executados por enforcamento, como Cosme Bento. O combate aos balaios foi duro e violento. A perseguição só terminou em 1841, quando tinham morrido cerca de 12.000 sertanejos e escravos.

Os conflitos

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Guerra dos FarraposA Guerra dos Farrapos, também chamada Revolução Farroupilha, foi a mais

longa guerra civil brasileira e o mais importante conflito regencial. Durou 10 anos (1835-1845) e a paz só chegou no governo de D. Pedro II.

À época do Período Regencial Brasileiro, o termo farrapo era pejorativamente imputado aos liberais pelos conservadores (chimangos), mas, com o tempo, adquiriu um significado elogioso, sendo adotado com orgulho pelos revolucionários, de forma semelhante à que ocorreu com os sans-cullotes à época da Revolução Francesa. Como sempre, existe uma outra visão para a Guerra dos Farrapos (o outro lado).

As causas remotas do conflito estão na posição secundária, econômica e política que a região sul, e em particular a Província do Rio Grande do Sul, ocupava nos anos que se sucederam à Independência.

Diferentemente das províncias do sudeste e do nordeste, cuja produção de gêneros primários se voltava para o mercado externo, a do Rio Grande do Sul produzia para o mercado interno, tendo como principal produto o charque, uti-lizado na alimentação dos escravos africanos. A região sul, desse modo, encontra-va-se dependente de um mercado que, por sua vez, dependia do mercado externo

e sofria as consequências disso.Como causa imediata, o charque sul-rio-grandense

era tributado mais pesadamente do que o similar oriun-do da Argentina e do Uruguai, perdendo assim competi-tividade no mercado interno em função dos preços.

No interior da província existiam fazendas agrícolas cuja produção também era destinada ao consumo interno. Ali, muitos colonos se estabeleciam e, entre eles, militares desmobilizados. Alguns desses colonos não conseguiam adquirir terras para formar a própria fazenda e acabavam organizando-se em bandos armados que se ofereciam aos proprietários mais abastados.

Há que considerar, ainda, que o Rio Grande do Sul, como localidade fronteiriça à região platina, era mili-

tarizado desde o século XVII, citando-se a então ainda recente Guerra da Cisplatina. Embora vários sul-rio-grandenses tenham se distinguido na carreira militar, não havia uma contrapartida política, sendo as posições de comando, tanto civis e como mili-tares, ocupadas por elementos oriundos da Corte.

Também é preciso citar o conflito ideológico presente no Rio Grande do Sul a partir da criação da Sociedade Militar, um clube com simpatia pelo Império e até mesmo suspeito de simpatizar com a restauração de D. Pedro I. Os estancieiros sul-rio-granden-ses não viam com bons olhos a Sociedade Militar e pediam que o governo provincial a colocasse na ilegalidade.

Ao chegar o ano de 1835, os ânimos políticos estavam exal-tados. Estancieiros liberais e militares descontentes promoviam reuniões em casas de particulares, destacando-se as figuras de Bento Manuel Ribeiro e Bento Gonçalves, dois líderes militares.

Naquele ano foi nomeado presidente da Província Antônio Rodrigues Fernan-des Braga, nome que, se inicialmente agradou aos liberais, aos poucos se mos-trou pouco digno de confiança. No dia em que tomou posse, Fernandes Braga fez uma séria acusação de separatismo contra os estancieiros sul-rio-grandenses, chegando a citar nomes, o que praticamente liquidou as chances de conviver em paz com os seus governados.

Em 20 de setembro de 1835, Bento Gonçalves marchou para a capital, Porto Alegre, tomando a cidade e dando início à revolta. O governador Fernandes Bra-ga se refugiou na cidade de Rio Grande, que se tornou, a partir daí, a principal base do Império do Brasil no Rio Grande do Sul conflagrado pela guerra.

O porto marítimo de Rio Grande tornou-se a porta de entrada de armas e pro-visões para as tropas imperiais que combatiam os farrapos no Rio Grande do Sul. Os farroupilhas, como também ficaram conhecidos os rebeldes, empossaram Marciano Pereira Ribeiro como novo presidente.

O liberal Diogo Feijó, então regente do Império do Brasil, tentando acalmar os ânimos, nomeou um presidente sul-rio-grandense para a província, José de Araújo Ribeiro. A Assembleia Provincial mostrou-se indecisa quanto a esse nome e decidiu

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adiar sua posse. No dia de assumir o cargo, quando José de Araújo Ribeiro deve-ria comparecer à Assembleia, seria então informado de que não seria empossado. Bento Manuel se opôs a esse ardil e, a partir de então, desligou-se dos revoltosos. Entretanto, José Ribeiro não se dirigiu à Assembleia em Porto Alegre e tomou posse em Rio Grande, o que irritou ainda mais os ânimos sul-rio-grandenses.

Como resultado, os rebeldes proclamaram, por meio de Antônio de Souza Netto, a República Rio-Grandense (11 de setembro de 1836), indicando para presidente o nome de Bento Gonçalves. Este, no entanto, acabou cercado pelas forças de Bento Manuel com o apoio de embarcações da Marinha Imperial sob o comando de John Grenfell. Na famosa batalha da Ilha do Fanfa, Bento Gonçalves se rendeu (4 de outubro de 1836), sendo conduzido preso ao Rio de Janeiro e depois a Salvador, onde manteve ligações com os rebeldes da Sabinada.

Na ausência do líder, Gomes Jardim assumiu o governo da República Piratini, sustentada pelas forças de Souza Netto. Nesse ínterim, Bento Gonçalves se evadiu espetacularmente da detenção no Forte do Mar (Salvador, 1837), retomando a pre-

sidência no mesmo ano. Nessa fase, organizando o Estado, fez com que a revolução atingisse seu auge, levando a crer que a República Piratini conseguiria consolidar-se como Estado independente.

No plano tático, a cidade de Porto Alegre havia sido recuperada pelos legalistas, que também ocupavam Rio Grande. Sob rigoroso cerco, essas cidades eram abastecidas pela Marinha Imperial, se-nhora do oceano. As tentativas feitas para conquistá-las em 1838 revelaram-se frustrantes. Diante da pressão das forças imperiais, a capital da República foi transferida de Piratini para Caçapava do Sul, cidade mais inacessível e mais fácil de ser defendida.

Como reforço, chegou ao Rio Grande do Sul o revolucio-nário italiano Giuseppe Garibaldi. Com o apoio de Davi Cana-barro, Garibaldi partiu para Santa Catarina, onde proclamou a República Juliana (15 de julho de 1839), formando uma con-

federação com a República Piratini. A nova república, entretanto, revelou-se efêmera, pois sem condições de expandir-se pelo interior de Santa Catarina durou ape-nas quatro meses: em novembro desse mesmo ano as forças do Império retomaram a cidade litorânea de La-guna, a capital juliana.

Em 1840, por ocasião da maioridade de D. Pedro II, foi oferecida uma anistia, recusada pela maioria dos re-beldes. Alguns, contudo, exaustos pelos anos de luta, começaram a compreender que não poderiam alcançar a vitória. Em 1842 foi finalmente promulgada a Constituição da República, o que deu um ânimo momentâneo à luta. Nesse mesmo ano, entretanto, foi nomeado para presidente do Rio Grande do Sul o experiente General Luís Alves de Lima e Silva, o Barão de Caxias, o qual tratou de negociar a paz mais pela via diplomática do que pela bélica.

Os farroupilhas entraram em discordância, com episódios como a morte de Antônio Vicente da Fontoura e o duelo entre Onofre Pires (ferido e depois morto) e Bento Gonçalves.

As negociações de paz foram conduzidas por Lima e Silva, de um lado, e Davi Canabarro (que substituiu Bento Gonçalves), de outro. No dia 28 de fevereiro de 1845 (algumas fontes referem 1o de março ou 25 de fevereiro), depois de 10 anos de lutas, foi assinada a paz em Ponche Verde, que tinha como condições principais a anistia aos revoltosos; os soldados rebeldes seriam incorporados ao Exército Imperial, nos mesmos postos (excetuando-se os generais); a escolha do presidente da Província caberia aos farroupilhas; as dívidas da República Rio-Grandense seriam assumidas pelo Império do Brasil; e haveria uma taxa de 25% sobre o charque importado.

A atuação de Lima e Silva foi tão nobre e decente para com os rebeldes que os sul-rio-grandenses o escolheram para presidente da Província. O Império, reco-nhecido, outorgou ao general o título nobiliárquico de Conde de Caxias (1845).

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AbriladaLuís Alves de Lima e Silva comandava o corpo de municipais permanentes,

a futura Polícia Militar do Rio de Janeiro, que ele mesmo organizara por de-terminação de Regente Feijó. A revolta popular crescia nas ruas, incitada pelos descontentes com o rumo do País após a abdicação de Dom Pedro I. A boa ver-dade é que outras motivações surgiam e influenciavam os que se aproveitavam da confusão para derrubar a Monarquia fragilizada por Dom Pedro II ter apenas 7 anos de idade.

Frações militares uniam-se aos populares. Um jovem oficial impetuoso e destemi-do, Major Miguel de Frias e Vasconcelos, chegou à petulância de proclamar a república.

No Campo de Santana, o maior palco da anarquia carioca, aconteceu a derro-cada. O então Major Luís Alves de Lima e Silva restabeleceu a ordem ao expulsar os amotinados e perseguir a galope o rebelde Major Frias, que se escondera na casa de um correligionário. Caxias, então no alto da sua generosidade e fazen-

do jus à fama de pacificador, fingiu não perceber o rebelde amotinado. Disse de-pois: “Para que manter vivas as chamas, se já estavam para se apagar”. Frias, por sua vez, sabia que Caxias o teria salvo de um fuzilamento sumário no campo do conflito. Nesse episódio, o vencedor fora complacente com o vencido.

Nenhum dos dois astros desse episó-dio esqueceria tal fato. Miguel de Frias exilou-se solitariamente nos Estados Unidos, e Luís Alves de Lima e Silva se-guiu sua brilhante carreira militar. Vinte anos depois, o já Coronel Miguel de Frias viria a galgar o posto de Chefe do Estado- Maior do Conde de Caxias, na campa-nha do Uruguai contra Oribe.

Revolução LiberalPode se dizer que do começo da Revolução Farroupilha até o término da

Guerra da Tríplice Aliança, a nossa história política resumiu-se na disputa obs-tinada entre os partidos Conservador e Liberal. É natural que outros fatores influenciaram as definições e as atitudes, como vaidade e apego aos cargos de eleição e nomeação.

Temos de ressalvar a honrosa disposição dos revoltosos de 1842, por seu compromisso explícito de manter a integridade do Brasil e permanecer submisso ao monarca. Em São Paulo, a insurreição estourou em 17 de março de 1842 na cidade de Sorocaba, tendo à frente Rafael Tobias de Aguiar, ex-presidente da província recentemente demitido, e o combativo Padre Diogo Antonio Feijó, ex- regente todo-poderoso.

O Brigadeiro Barão de Caxias recebeu o comando das forças legalistas, reuni-das às pressas para a campanha de combate. Era o exército pacificador em ação novamente, lembrando as Forças de Paz da ONU nos dia de hoje.

Caxias chegou à capital paulista em meados de maio e conseguiu debelar a revolta em 7 de junho no combate de Venda Grande. Com isso liquidara o so-nho paulista dos revoltosos.

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Dirigindo-se a Sorocaba, Caxias constatou a fuga desesperada dos líderes do movimento, in-cluindo Tobias de Aguiar. O Padre Feijó manteve-se no front desafiando Caxias, que por sua vez o tra-tou com dignidade e rigor ao prendê-lo. Essa prisão e a dos demais líderes apressaram a dissolução das tropas rebeldes, o que permitiu a vitória de Caxias.

Ocorreu então em 10 de junho o levante dos mineiros em Barbacena. O atraso de três semanas foi fatal ao projeto de ação conjunta, devido à es-pera de mais apoio dos Farroupilhas, o que não aconteceu.

Em São Paulo, Caxias recebe a missão de co-mandar as forças pacificadoras em Minas Gerais.

Sem perder tempo, sai do Vale do Paraíba, chega ao litoral e prossegue até o Rio de Janeiro pelo mar. O presidente da Província do Rio de Janeiro, Marquês do Paraná, já encaminhara as tropas para a fronteira com Minas Gerais, como o próprio Caxias já fizera a partir de São Paulo. Caxias chega em Barbacena em 30 de julho e assume o comando de suas tropas vitoriosas. A seguir, prosseguiu até Ouro Preto para assumir o controle da então capital da Província de Minas Gerais, em 6 de agosto de 1842.

O inimigo, escondido nas cercanias de Ouro Preto, fora surpreendido e ul-trapassado. Os insurgentes então se juntaram a uma coluna de reforços oriunda de Santa Bárbara. Foi quando cometeram o erro de invadir a cidade de Sabará. Tentaram um acordo com os legalistas, mas eles não aceitaram as exigências, travando-se um combate decisivo em Santa Luzia.

A vitória das tropas de Caxias calou os rebelados em 20 de agosto de 1842.Os principais chefes rebeldes civis e militares foram presos e julgados poste-

riormente. Caxias, como de costume, respeitou os derrotados. Luís Alves de Lima e Silva retornou a Ouro Preto, entregando a província

pacificada ao presidente Bernardo da Veiga.

Guerra da CisplatinaPortugal fundou a Colônia do Sacramento, primeiro nome dado a Cisplatina

em 1680, mas o território passou a pertencer à Espanha em 1777, que a coloni-zou. Em 1816, a Coroa Portuguesa, que estava no Brasil, ocupou novamente a região, nomeando-a como Província da Cisplatina.

O termo cisplatina indica a região denominada Banda Oriental do Rio da Prata. A guerra foi um conflito ocorrido entre Brasil e Argentina no pe-ríodo de 1825 a 1828 pela posse da província, que sempre foi cobiçada por portugueses e espanhóis.

O conflito se originou em 1825, quando líderes separatistas uruguaios se unem no movimento que surge em prol da libertação da província. Os habitan-tes do lugar não aceitavam pertencer ao Brasil, pois tinham idiomas e costumes diferentes. Liderados por João Antonio Lavalleja, eles se organizaram para decla-rar a independência da região.

A Argentina, por ter interesse no território da Cisplatina, incentiva os patriotas uruguaios e ajuda no movimento, por meio de apoio político e suprimentos. O Bra-sil se revoltou declarando guerra à Argentina e aos revoltosos da região. Os brasilei-ros não apoiaram esse conflito, pois sabiam que o governo aumentaria os impostos para financiar a guerra, o que desgastou ainda mais a imagem de Dom Pedro I.

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Ainda em 1824, o chefe oriental João Antônio Lavalleja desembarcou no por-to das Vacas e foi mobilizado no Rio Grande do Sul por uma força militar para bloquear a capital argentina. Um congresso de rebeldes orientais reunidos na Vila de Florida decidiu declarar nulos os atos pelos quais a Banda Oriental fora anexada ao Brasil e a transformou em Província da Cisplatina, colocada sob a proteção das Províncias Unidas do Rio da Prata.

Em setembro de 1825, travou-se o primeiro combate entre as tropas adver-sárias, onde as brasileiras comandadas pelo Coronel Jerônimo Gomes Jardim e José Luiz Mena Barreto foram derrotas por Frutuoso Rivera, para em 12 de outubro o Coronel Bento Manuel Ribeiro em violento combate travado em Sarandi ser derrotado pelo General Lavalleja.

Em Buenos Aires, o combate de Sarandi venceu e, sob o impulso das circuns-tâncias, provocou a convocação do Congresso das Províncias Unidas do Rio da Prata e decidiu incorporar a Cisplatina à República, e devido aos fatos o governo imperial considerou essa decisão como uma declaração de guerra.

O Imperador Dom Pedro I considerou isso um ato de guerra, assim nada mais restava ao imperador senão aceitar a luta. Apesar da opinião contrária da oposição que combatia o governo imperial, reforçou as forças marítimas de Montevidéu e saiu vitorioso no combate naval de Corales. Em fevereiro de 1827, parte desta esquadra caiu em poder dos adversários, e o Tenente-General Felisberto Caldeira Brant travou violentos combates contra as tropas do General Carlos Maria Alvear. No mês seguinte, o Brasil perdeu uma força expedicionária que se dirigia à Pata-gônia, mas em abril o Almirante Rodrigo Pinto Guedes, o Barão do Rio da Prata, obtinha ampla vitória sobre os platinos em Santiago, e na tentativa de fugir ao cumprimento dos deveres das derrotas, surgiu o espírito bondoso do Capitão

Luís Alves de Lima, que demonstra a sua contínua conduta militar impecável. Partiu como capitão para a Guerra Cisplatina.

O conflito se tornara impopular pelos erros do governo e pelo espírito de revolta de grande número de membros da oposição.

A batalha terminou com a convenção de 27 de agosto de 1828, sob interfe-rência da Inglaterra, que tinha interesses econômicos na região. Propôs um acor-do entre Brasil e Argentina, em que a Província da Cisplatina seria independente e daria origem à República Oriental do Uruguai.

Com muitos conflitos entre os combatentes, muito dinheiro público foi gasto, o que desequilibrou a economia brasileira. A situação do Brasil se com-plicou, e os brasileiros ficaram insatisfeitos com o governo, sendo o Brasil vencido na batalha.

Quando o Brasil assinou o acordo pela independên-cia da região, muitos utilizaram isso como argumento para tornar ainda mais impopular o governo, alegando que o imperador sacrificou a população privando-a de recursos financeiros. O dinheiro dos cofres públicos fo-ram gastos com uma causa perdida, sem contar que mui-tos recursos já haviam sido gastos para o reconhecimento da independência do país.

No dia 2 de dezembro de 1828, o Capitão Caxias re-gressou promovido a major para o Primeiro Regimento de Infantaria da Segunda Linha. Ao final da campanha regressou ao Rio de Janeiro e tornou-se adido do Batalhão do Imperador até sua dissolução, no mês de março, quando foi nomeado como subcomandante da famosa unidade.

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A Guerra do Prata A Guerra do Prata, também conhecida como Guerra contra Oribe e Rosas,

ocorreu entre 1851 e 1852 na região do Rio da Prata, um estuário criado pelos rios Paraná e Uruguai. Foi uma disputa ocorrida entre o Império Brasileiro, Con-federação da Argentina e a República Oriental do Uruguai pela hegemonia na região do Rio da Prata.

O Brasil já havia lutado anteriormente na Guerra da Cisplatina contra as Províncias Unidas do Rio da Prata, que resultou na criação do Uruguai

Em 1851, o poder na Argentina, uma das províncias mais ricas e populosas e que ainda contava com um importante porto na época, era exercido por D. Juan Manuel Rosas desde 1829. No Uruguai, por Manoel Oribe desde 1834.

Tudo começou quando Oribe, Ministro da Guerra do Uruguai, se aliou a Juan Manuel Rosas, presidente da Argentina, com o objetivo de unificar os países Argentina, Uruguai, Paraguai e Bolívia. Com a ascensão de Juan Manuel de Rosas ao poder na Argentina, a guerra civil no Uruguai e o processo de independência do Brasil, ampliou-se a instabilidade na região do Prata. Rosas queria recriar o antigo vice-reinado do Prata com o intuito de ameaçar a soberania e a integri-

dade do Brasil e do Uruguai e garantir que a Argentina se tornasse a principal potência da América do Sul, sendo assim, apoiou Manoel Oribe em sua tentativa de assumir o controle do Uruguai. Oribe conseguiu dominar quase todo o país, com exceção de Montevidéu.

Isso era ameaçador para o Brasil, a Inglaterra e a França, que começaram a lutar contra as intenções de Oribe e Rosas. O presidente do Uruguai, Fructuoso Rivera, e os unitaristas argentinos também eram contra a tentativa.

Quanto ao Paraguai, Rosas logo resolveu esse problema. Esse país declarou sua independência em 1811, mas nenhum outro a reconheceu, e a Argentina criou barreiras para o comércio com ele.

O objetivo da diplomacia brasileira era buscar o reconhecimento da indepen-dência do Uruguai e reprimir a agressão de Rosas contra a soberania brasileira, em especial no Rio Grande do Sul, pois a política do ditador argentino também ameaçava o contato entre o Mato Grosso com o restante do país. Porém, todas as tentativas foram sem êxito.

Mesmo com o Uruguai em suas mãos, Rosas passou a atacar o Sul do Brasil, mandou uma parte do seu exército para lá e tinha como plano financiar os oponentes. O Brasil financiava a resistência a Oribe e contava com o apoio de Bolívia, Paraguai - que já tinha sua independência reconhecida pelo Brasil -, Uruguai, opositores internos e com duas províncias argentinas, Entre Rios e Corrientes, e Montevidéu

O Exército Brasileiro se armou para o confronto. O governo usou a posição es-tratégica do Rio Paraná para combater as forças argentinas, mas, após algumas ten-tativas, uma força composta de tropas bra-sileiras, lideradas por Luís Alves de Lima e

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Silva, junto com tropas argentinas e uruguaias, invadiu o Uruguai e depôs o General Oribe, que fugiu para a Argentina.

Após a retirada de Oribe e assinados os tratados para o fim da guerra, as tro-pas brasileiras unidas a uruguaios e às províncias argentinas rebeldes invadem a Argentina para tirar Rosas do poder. Próximos de Buenos Aires, no dia 1º de fevereiro de 1852, derrotam a primeira força que encontram.

Dois dias depois, houve um novo confronto chamado de Batalha de Monte Caseros, mas desta vez o Exército argentino era liderado pessoalmente por Rosas. Os aliados ganharam a disputa, e Rosas fugiu para o Reino Unido sem que nin-guém soubesse. A Guerra do Prata termina com a vitória dos aliados na Batalha de Monte Caseros, depondo Juan Manuel Rosas em 3 de fevereiro de 1852, que foi preso e levado para Londres em uma embarcação do governo inglês.

A Guerra Contra Oribe e Rosas foi importante para o Brasil, que na época enfrentava a vontade do Rio Grande do Sul de se separar do país, mas, com esse Estado participando ativamente, fez com que se integrasse de vez ao Brasil.

A vitória estabelece a hegemonia brasileira na região do Prata e gera estabi-lidade política e econômica ao Império do Brasil, consolidando a influência do Império Brasileiro na América do Sul e contribuindo para a permanência da monarquia no país.

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Duque de Caxias é um dos dez brasileiros com o nome inscrito no Livro dos Heróis da Pátria, também chama-do de Livro de Aço.

O panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo Neves foi inaugurado em 7 de setembro de 1986, pelo então presidente José Sarney.

Trata-se de um memorial fúnebre erguido para homenagear alguma pessoa ou grupo de pessoas cujos restos mortais estão em outro local. Está localizado na Praça dos Três Poderes, em Brasília. Apresenta arquitetura modernista, simboli-zando uma pomba, criada por Oscar Niemeyer. Possui três pavimentos, somando área total construída de 2 105 m². Sua pedra fundamental foi lançada pelo presi-

dente da França, François Mitterrand, em 15 de outubro de 1985.Cabe aos homenageados o status de “Herói Nacional”. Além do nosso

Duque de Caxias, incluído em 28 de janeiro de 2003, constam os seguintes nomes nas páginas do Livro de Aço:

Alferes Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, primeiro nome do Livro registrado em 21 de abril de 1992, por ocasião do bicentenário de sua execução.

Zumbi dos Palmares, inserido em 21 de março de 1997.Marechal Manuel Deodoro da Fonseca, incluído em 15 de novembro de 1997,

por ocasião do 108.º aniversário da Proclamação da República.Dom Pedro I, primeiro imperador do Brasil, proclamador da independência e

fundador do Império brasileiro, incluído em 5 de setembro de 1999, por ocasião do 177.º aniversário da Proclamação da Independência do Brasil.

Coronel José Plácido de Castro, incluído em 17 de novembro de 2004, por ocasião do centenário da celebração do Tratado de Petrópolis.

Almirante Joaquim Marques Lisboa, Marquês de Tamandaré, incluído em 13 de dezembro de 2004, por ocasião do 197.º aniversário de seu nascimento, ins-tituído como Dia do Marinheiro.

Almirante Francisco Manuel Barroso da Silva, Barão do Amazonas, incluído em 11 de junho de 2005, por ocasião do 140.º aniversário da Batalha Naval do Riachuelo.

Marechal-do-ar Alberto Santos Dumont, incluído em 26 de julho de 2006, por ocasião do centenário do voo do 14 Bis.

José Bonifácio de Andrada e Silva, o Patriarca da Independência, incluído em 21 de abril de 2007. Diferentemente de outros panteões, o Panteão da Pátria não contém túmulo de nenhum dos homenageados. A estrutura abriga também duas esculturas que homenageiam os mártires da Inconfidência Mineira. A primeira, intitulada Mural da Liberdade, foi realizada por Athos Bulcão e localiza-se no segundo pavimento, no salão vermelho. Constitui-se de três muros modulares, cada qual medindo 13,54 metros de comprimento por 2,76 metros de altura, formando o triângulo símbolo do movimento mineiro. A segunda, intitulada Painel da Inconfidência Mineira, foi realizada por João Câmara Filho e localiza-se no terceiro pavimento. Constitui-se de sete painéis, cada um ilustrando uma fase da inconfidência, tendo como foco o suplício de Tiradentes.

Caxias no

Livro de Aço

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No Exército:Seção - Grupo de 6 a 12 soldadosPelotão - Grupo de 16 a 36 soldadosAs armas - São as subdivisões básicas da tropa do Exército. As que atuam diretamente em combates são a cavalaria, a infantaria e a artilhariaCavalaria - O nome remete aos cavalos, usados pelas tropas até o século XIX. Hoje, a cavalaria é composta de tanques e carros blindados com grande potência de fogoInfantaria - É a arma composta de soldados que combatem a pé, usando de simples fuzis a mísseis de última geraçãoArtilharia - É a área responsável pela operação de canhões, obuses (uma es-pécie de morteiro de guerra), foguetes e mísseisEsquadrão - Grupo de 3 pelotões (48 a 108 soldados)Companhia - Grupo de 3 pelotões (48 a 108 soldados)Bateria - Grupo de 3 pelotões (48 a 108 soldados)Regimento - Grupo de 3 esquadrões (144 a 324 soldados). Ocupa um quartelBatalhão - Grupo de 3 ou mais companhias (144 a 324 soldados). Ocupa um quartelGrupo de artilharia - Grupo de 3 baterias (144 a 324 soldados). Ocupa um quartelBrigada - Grupo que reúne regimentos, batalhões e grupos de artilharia (cer-ca de 3 mil soldados)Divisão - Grupo de 2 a 5 brigadas (cerca de 10 mil soldados)Região Militar - Grupo de uma ou mais divisões. É o centro de controle que coordena a proteção das fronteiras do território, a mobilização das tropas, o transporte de suprimentos e toda a administração dos quartéis. Há 12 regiões militares no Brasil – a maioria ocupa mais de um EstadoComando Militar - Grupo de uma ou mais regiões militares. É o centro de onde se supervisionam as missões da tropa. Nas suas atribuições estão o planejamento das ações do Exército e o preparo dos soldados de sua área. No Brasil, há sete comandos militaresExército Brasileiro - Conjunto dos 7 comandos operacionais – ou seja, todas as tropas do país

Hierarquia:Marechal – Chefe supremo do Exército, em caso de guerra General – Caudilho, chefeGeneral de exército – Oficial General responsável pelo comando de uma grande unidade superior à DivisãoGeneral de divisão – General responsável pelo comando de uma Divisão ou comando militar equivalenteGeneral de brigada – General responsável pelo comando de uma BrigadaCoronel – O mais alto posto de oficial superior, tradicionalmente coman-dante de um Regimento. Antigamente, era chamado mestre-de-campoTenente-coronel – Oficial superior que exerce as funções de 2º comandan-te (subcomandante) de um Regimento ou de comandante de um Batalhão independenteMajor – 2º comandante (subcomandante) de um Batalhão independente ou comandante de um Batalhão integrado num RegimentoCapitão – Chefe militar, caudilho. Tradicionalmente o comandante de uma Companhia, Esquadrão ou BateriaPrimeiro-tenente – Comandante de um Pelotão ou adjunto de uma Com-panhia, Esquadrão ou BateriaSegundo-tenente – Primeiro posto da categoria tenenteAspirante – Militar com o curso superior completo, mas ainda em estágio numa unidade militar. Em alguns casos pode assumir o comando de um Pelotão

Definições

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Subtenente – Designação da maior graduação da categoria de sargento em alguns países, entre os quais, o BrasilPrimeiro-sargento – Tradicionalmente o sargento superior de uma CompanhiaSegundo-sargento – Sargento superior do PelotãoTerceiro-sargento – Primeiro posto da categoria sargento Cabo – É o militar que comanda uma Esquadra ou grupo básico de soldados. No Brasil, em algumas especialidades militares, é chamado taifeiro-morSoldado – Indivíduo alistado nas fileiras do exército. O mais baixo posto de militar, com a formação completa

Na corte:Patrono – Defensor, protetor. chefe militar ou personalidade civil escolhida com figura tutelar de uma força armada, de uma arma, de uma unidade, cujo nome mantém vivas tradições militares e o culto cívico dos heróis

Barão – Título nobiliárquico, o primeiro e inferior na escala dos títulos. Acima deste vêm os de visconde, conde, marquês e duque. O berço dessa pa-lavra se encontra no germânico baro, que, originalmente significava homem livre, embora os oficiais assim chamados fossem dependentes diretos do rei. O título era concedido a pessoas de destaque na comunidade pelo seu bem- sucedido desempenho profissional

Visconde – Título nobiliárquico, superior ao de barão e inferior ao de conde. O mesmo que vice-conde, do latim vice comitis, ou seja, o substituto do conde, de-signado para desempenhar suas funções quando ele estivesse impedido ou ausente.

Conde – Título nobiliárquico, superior ao de visconde e inferior ao de marquês. Na Roma Antiga, o vocábulo latino comes, comitis, aquele que acompanha – que deu origem à palavra “comitiva” – se referia à aqueles que viviam na órbita direta do imperador, seus assessores e oficiais palacianos. Compunham o conse-lho particular do monarca e o acompanhavam em viagens e negócios, quando exerciam função adjunta e poderes delegados pelo soberano.

Marquês – Título nobiliárquico, superior ao de conde e inferior ao de duque.Seu nome vem do provençal, dialeto medieval falado no sul da França. Ali se chamava originalmente de marques o intendente de fronteira. era o senhor de terras fronteiriças.

Duque – Título nobiliárquico, superior ao de marquês. É o mais elevado título de nobreza nas principais monarquias ocidentais, abaixo apenas de príncipe – normalmente o filho da família reinante – e tem origem no Império Romano, cujos comandantes militares recebiam o nome de dux, palavra latina que significa aquele que conduz o que vai à frente, o pastor.

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Medalha do Pacificador

A Medalha do Pacificador foi criada pela Portaria nº 345, de 25 de agosto de 1953, como evocação às homenagens prestadas a Luís Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias, por ocasião do sesquicentenário de seu nascimento.

O Governo da República, em 1954, autorizou o uso dessa condecora-ção nos uniformes militares. Depois de 1955, transformou-se em honraria a ser conferida a militares e civis, brasileiros ou estrangeiros, que tivessem prestado assinalados serviços ao Exército Brasileiro, elevando o prestígio da instituição ou desenvolvendo as relações de amizade entre a força terrestre do Brasil e as de outras nações.

A medalha ao longo do tempo recebeu honrarias: Em 1962, a Medalha do Pacificador com Palma, para premiar militares bra-

sileiros que, em tempo de paz, emprestassem abnegação, coragem e bravura em seus atos, com risco da própria vida.

Recentemente, no ano de 2002, foi criada a Insígnia de Bandeira, para ho-menagear as organizações militares e instituições civis, nacionais ou estrangeiras, credoras de homenagens especiais do Exército. E, por último ato, a medalha recebeu um laço de fita destinada às mulheres

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Caxias... e suas condecoraçõesLuís Alves de Lima e Silva foi o militar brasileiro mais condecorado na histó-

ria militar brasileira. Recebeu todas as promoções na hierarquia do Exército e, além disso, os títulos de nobreza outorgados pelo Império, que reconhecia nele o “Pacificador”. Foi membro honorário de um sem-número de instituições e sociedades humanitárias.

Títulos nobiliárquicos• Barão, em 18 de julho de 1841• Visconde, em 15 de agosto 1843• Conde, em 25 de março de 1845• Marquês, em 20 de junho de 1852• Duque, em 23 de março de 1869Honrarias • Membro Honorário do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro• Presidente de Honra do Institut D’Afrique• Sócio Honorário do Instituto Politécnico Brasileiro• Sócio Efetivo da Sociedade dos Veteranos da Independência da Bahia• Sócio Honorário do Instituto Literário LuisienseCondecorações• Cavaleiro Imperial da Ordem do Cruzeiro• Medalha de Ouro da Independência• Comendador da Ordem de São Bento de Aviz• Cavaleiro da Imperial Ordem da Rosa• Grã-Cruz da Ordem Militar de São Bento de Aviz• Medalha de Ouro da Campanha do Uruguai• Grã-Cruz efetiva da Imperial Ordem da Rosa• Medalha de Ouro Comemorativa da Rendição de Uruguaiana• Grã-Cruz da Imperial Ordem de Cruzeiro• Grã-Cruz da Imperial Ordem de D. Pedro I• Medalha do Mérito Militar• Medalha Comemorativa do término da Guerra do Paraguai

Hino ao Duque de Caxias

Sobre a história da Pátria, ó Caxias,Quando a guerra troveja minaz,O esplendor do teu gládio irradias,Como um íris de glória e de paz.

Coro:Salve, duque glorioso e sagrado,Ó Caxias invicto e gentil!Salve, flor de estadista e soldado!Salve, herói militar do Brasil.

Foste o alferes, que guiando, na frente,O novel pavilhão nacional,Só no Deus dos exércitos crente,Coroaste-o de louro imortal!

De vitória em vitória, traçasteEssa grande odisseia, que vaiDas revoltas que aqui dominasteAs jornadas do atroz Paraguai.

Do teu gládio sem par, forte e brando,O aro de ouro da paz se forjou,Que as províncias do Império estreitando,A unidade da Pátria salvou.

Letra de D. Aquino Corrêa

Música de Francisco de Paula Gomes

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Dia do Soldado Após sua morte em 1880, Luís Alves de Lima e Silva

ficou praticamente esquecido pelo Exército, lembra-do apenas em algumas datas, como o centenário de seu nascimento em 1903. Depois disso, o mundo foi tomado pelos horrores da Primeira Grande Guerra e também por isso, em 1923, passou a ser cultuado, e, em homenagem ao seu exemplo, o dia 25 de agosto, data de seu nascimento, é considerada a data oficial do Dia do Soldado do Exército Brasileiro, de onde surgiu como um dos maiores brasileiros de todos os tempos.

Nessa data, em todas as unidades militares do Exér-cito Nacional, sua vida e seu exemplo são recordados.

O culto do Exército a Caxias era parte de um pro-cesso que tomaria esse personagem como modelo ideal de soldado brasileiro, servindo como exemplo contra a indisciplina e indicando a consciência dos direitos e deveres políticos dos militares.

Ele prestou mais de 60 anos de serviços ao Brasil como político e administrador e também soldado, promovendo a unidade, a paz, a integridade e a soberania do Brasil.

Desde 1931, em mais uma homenagem ao maior soldado brasileiro, os cadetes da Academia Militar das Agulhas Negras portam como arma privativa o Espa-dim de Caxias, cópia fiel, em escala, do glorioso e invicto sabre de campanha de Caxias. Ao receberem o espadim, eles prestam o seguinte juramento durante a cerimônia de graduação:

“Recebo o sabre de Caxias como o próprio símbolo da Honra Militar”. O sabre original que pertenceu a Caxias é guardado desde 1925, pelo Institu-

to Histórico e Geográfico Brasileiro. Em 1962, o Governo Federal imortalizou Duque de Caxias elegendo-o Patrono do Exército Brasileiro.

Gírias militaresAcoxambrar - Relevar, aliviar, relaxar a posição em forma quando não deveriaAgarrar - Quando uma situação pode dar errado. “Se chegar atrasado, vai agarrar”Arrego - Exclamação suprema, perplexidade aguda, situação que realmente indica surpresa e indignaçãoArrimo - Mulher bonitaBicho - Todos os alunos do 1º ano, novatosBivaque - Espécie de acampamento, no qual a tro-pa só passa uma noite acampada na mataBizu - Dica, indício forteBizuzeiro - Entregador, traidor, alcaguete, dedo-duroCadência fantasma - Ato de rebeldia quando todos combinam de marchar sem bater com os borzeguins no chão, silênco total, irritando o sargento que desejava uma cadência de rachar o soloCair de boca - Postar-se em posição de flexão, para pagar alguma missão não cumprida ou executada com sofreguidão Camofo - Militar nascido em Minas GeraisCavok - Soldado que sai com mulheres de programa Dar chance - Expor-se demais e ser apanhado no flagraGranadas - Almôndegas que provocam altas explosões estomacaisSuco de bala - Refresco servido no rancho, de sabor indecifrávelTchola - Aquele que bajula, puxa-saco

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Caxias... sinônimo de correção

Quem ainda não foi chamado de “Caxias”? Luís Alves de Lima e Silva jamais imaginaria que seu nome de guerra serviria

para ilustrar a conduta humana no Brasil. Dizer atualmente que um sujeito é “Caxias” significa que sua conduta não

permite dubiedade. Obviamente que ao longo do tempo o termo foi colocado na bacia do jocoso.

Não é uma ilustração muito simpática para a conduta atual, que transformou “ser Caxias” num exemplo de subserviência, bajulação e conduta metódica.

O nosso único duque brasileiro, diferentemente das razões do termo, não era nada subserviente e bajulador. Muito ao contrário, por vezes normalmente em tempos de guerra desafiava a corte exigindo melhores condições humanas aos seus comandados.

Luís Alves de Lima e Silva era, sim, um “Caxias” quando a palavra de ordem era a própria ordem. Não admitia insubordinação, desordem, duplo comando e falta de nacionalismo na defesa do Brasil.

O Duque de Caxias que exemplificou o próprio Exército Brasileiro era um soldado na mais alta expressão militar. Sacrificou sua juventude em prol da defesa da Nação, frequentemente ameaçada por insurreições internas e guerras expan-sionistas dos vizinhos, principalmente do sul do Brasil.

Luís Alves ganhou o nome de Caxias devido a ter lutado na distante cidade maranhense que foi batizada com esse nome, por conta de um arbusto existente na região chamado Corona Christi, que virou Cachias, para se tornar Caxias.

Já o termo usualmente proferido nos dias atuais nasceu inspirado na conduta do soldado que se fez General, Duque e Patrono do Exército Brasileiro.

Sua vida militar sempre foi sinônimo de organização, onde suas ações tinham começo meio e fim... quase sempre vitoriosos. Caxias nunca perdeu uma guerra nem tampouco uma batalha.

Nos anos 50, com a chegada do cinema nacional, alguns filmes ci-tavam a condição de “Caxias” para determinados personagens que de-fendiam a honestidade sob qualquer pretexto.

Com a chegada do cinema novo no início dos anos 60, o próprio protagonista desse movimento, Glauber Rocha, utilizou-se do termo Ca-xias durante uma fala de um personagem no filme “Terra em Transe”.

Diz-se Caxias a todos os homens determinados, devotados, seguros, crédulos, honestos, corretos e quase sempre educados.

Se Luís Alves de Lima e Silva não fosse o exemplo da palavra, fatal-mente seria a lição do próprio termo Caxias.

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A Moda no Século XIXNo início do século XIX, pouco se muda na história do vestuário. As roupas e

os sapatos continuam no mesmo padrão do século anterior, mas dois elementos são agregados ao guarda-roupa: peles de animais e os sensuais xales, que fingiam cobrir decotes generosos.

Com a chegada da Família Real, chegavam também novos conceitos, mode-los e parâmetros, pois havia também o encargo de ser a sede da Corte portugue-sa. Por isso, a população estava em polvorosa, querendo portar-se de fato como em uma corte.

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Diversão no Século XIXAs reuniões domésticas eram uma forma de passar o tempo. Escolhia-se um

livro, e uma pessoa lia as histórias em voz alta, para distrair os demais. Jogavam cartas, dominó, damas e principalmente os homens discutiam sobre política.

As pessoas se encontravam também nos saraus, uma reunião festiva que começava à tarde ou no começo da noite, em que di-versos tipos de músicas eram tocados e cantados, inclusive o sam-ba. Era uma novidade que descontraía e divertia as pessoas.

O sarau é um evento cultural realizado, geralmente, em casa particular onde as pessoas se encontravam para se expressar ar-tisticamente. O sarau pode envolver dança, poesia, leitura de livros, música acústica e também outras formas de arte como pintura e teatro.

Esse século foi também dominado pela música tipicamen-te romântica, que tinha como objetivo apelar aos sentimen-tos que só poderiam ser alcançados pela arte da música. Nesse campo se destacaram grandes nomes de compositores como Ludwing Van Beethoven e Frédéric Chopin. O romantismo nessa época estava ligado a uma visão sonhadora da realidade, e não com o sentimento de amor.

As grandes damas, que se vestiam de uma maneira desleixada, passaram a se vestir com toda púrpura, usando tecidos quentes e de cores fortes, vestimentas que correspondiam ao clima frio da Europa, e não aos quase 40 graus brasileiros! Tomavam banho e passaram a não mais tomar. Passavam um pano sempre que a sujidade aparecesse, assim como faziam as portuguesas e as europeias em geral.

Era comum ver nas ruas senhoras total-mente espelhadas em Carlota Joaquina, que sem orientação correta a respeito de como usar as novas roupas, vestiam tudo o que pu-dessem, ou seja, punham pele de dia, sobrepu-nham várias estampas, e muitos outros erros.

Confirmando o pensamento dos portu-gueses de que aqui só viviam incapazes, as brasileiras usavam tudo o que chegava em seu porto, pois tudo era novidade, não im-portava como, todos queriam estar no clima da moda da corte!

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Artilharia a pé 1866 - 1870 Engenharia 1865 - 1871

Tenente

Capitão

Oficial

Soldados

Alferes

Soldado

Sargento

Soldados

Os uniformes da época

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Duque de Caxias

Voluntários da pátria 1865 - 1870 Artilharia a cavalo 1865 - 1872

Coronel do 41º de voluntários

(Bahia)

Alferes do1º (São Paulo)

Voluntário da pátria

Sargento

Zuavo da Bahia

Voluntário

Cabo Clarim

Capitão

Sargento

Soldado com uniforme à

gaúcha

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Cavalaria ligeira 1866 - 1870 Infantaria ligeira / Caçadores 1865 - 1872

Oficiais

SoldadosAlferes

Coronel Soldados

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A origem do nome Caxias

Os jesuítas lá chegaram no distante século XVI. Teria o Padre Antônio Dias construído uma escola primária no ano de 1741, governando a aldeia até 1758, conta a história.

Antes de receber o nome Caxias, a cidade chamou-se São José das Aldeias Altas. A explicação: logo após a partida do Padre Antônio Dias da cidade e devido à grande quantidade de uma flor do arbusto que lembrava uma esponja, chamada Corona Christi, o povo começou a pronunciar “Cachias”, que se tornou na atual Caxias.

Cidade de Caxias A verdadeira origem da cidade de Caxias, embora sem contestações evidentes,

inicia-se em princípios do século XVIII, quando existiam à margem do Itapecuru, nos pontos mais altos daquele vale ribeirinho, centenas de aldeias indígenas que haviam sido escorraçadas pelas tropas portuguesas para o médio e o alto Itapecuru.

O nome Aldeias Altas vem, assim, desse con-glomerado de aldeias, em que se destacavam as habitadas pelas tribos chamadas Guanarés. Conta-se que a povoação teria se origina-do do estabelecimento de uma fazenda de gado no local, e que em torno dela foram se aglomerando as pessoas que demanda-vam a localidade, até se formar um arraial. Os portugueses construíram suas primei-ras habitações no século XVIII e também a Igreja de Nossa Senhora da Conceição, dan-do à nova povoação o nome de “Aldeias Al-tas”. Naturalmente em contraposição às pri-meiras já estabelecidas no baixo Itapecuru. A cidade de Caxias jamais fora fundada em dia e hora certos. Originada dos pernoites e dos

aglomerados de lavradores e criadores da região, veio a se transformar, a partir dos 30 primeiros anos do século XVIII (1730), no arraial que foi o núcleo da atual cidade de Caxias, até porque a região se prestava largamente ao cultivo de arroz, milho, feijão e principalmente algodão, assim como oferecia pastagem farta e boa para criação de gado.

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Durante o Estado Novo, mais precisamente em 2 de março de 1938, entra em vigor o Decreto 311, que proibia, ou não per-mitia, que municípios brasileiros tivessem o mesmo topônimo, assim a cidade gaúcha de Caxias, onde o nosso herói fez história, passou a chamar-se Caxias do Sul e o lugarejo onde nascera no

Rio de Janeiro, Duque de Caxias. Pela antiguidade, o lugar no Maranhão que lhe deu o nome se manteve como Caxias.

A cidade maranhense de Caxias tornou-se município em 1836.

A atual Princesa do SertãoA terceira mais importante cidade do Maranhão é rica em cultura e natureza.

Sua população atual ultrapassa os 160 mil habitantes, sendo a 174ª do Brasil. Caxias é banhada pelo Rio Itapecuru, com vários afluentes proporcionando ba-nhos naturais sob temperatura equatorial. A densidade demográfica ultrapassa 30 habitantes por quilômetro quadrado.

Caxias mantém sua vocação agrícola, cultivando arroz, mandioca, milho e cana-de-açúcar basicamente. O gado representa uma boa fatia do “faturamento” da cidade, bem como o óleo de babaçu.

A distância da capital, São Luís, é de 354 quilômetros, porém bem mais pró-xima da capital do Piauí, Teresina, a meros 82 quilômetros, percorridos através de boas estradas federais.

Caxias mantém uma arquitetura herdada do século XIX no bom estilo por-tuguês. Curiosidade também é a frase “Ordem e Progresso”, criada pelo caxiense ilustre Raimundo Teixeira Mendes.

Em julho, acontece o Festival de Verão de Caxias, quando a cidade pega fogo, tama-nha é a alegria e presença do público que acompanha as bandas consagradas no Brasil.

O município tem duas estações bem definidas, verão e inverno. O cli-ma da cidade é muito quente no verão, principalmente próximo aos me-ses que antecedem o inverno. A temperatura é amenizada na região de mata, devido ao fato de ser banhada por vários córregos e riachos. A es-tação chuvosa que é abundante varia anualmente, entre outubro e abril. Um dos atrativos de Caxias são as festas religiosas que acontecem durante quase todos os meses do ano e movimentam a cidade com fiéis católicos locais, dos municípios vizinhos e até do Piauí.

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“Recebo o sabre de Caxias como o próprio símbolo da honra militar”.

O sabre de Caxias

Palavras proferidas pelos cadetes da Academia Militar das Agulhas Negras na mais importante cerimônia de sua vida militar.

A solenidade ocorre na Semana do Soldado, quando os cadetes do primeiro ano vestindo o uniforme de parada com barretina recebe um espadim, réplica da espada de Luís Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias, Patrono do Exército Brasileiro.

A espada de Caxias foi avaliada recentemente como um espólio de guerra dos mais valiosos da América Latina.

O espadim é uma arma simbólica de tamanho menor que a original, réplica do sustentáculo da Nação idealizada e defendida por Duque de Caxias. Em sua lâmina são gravados o nome do patrono, o Brasão de Armas e o sol de Itororó.

O Espadim de Caxias foi criado em 1931 por decreto. A primeira entrega ocorreu na antiga Escola Militar do Realengo, em 1932, aos cadetes iniciantes.

O sabre original de Ca-xias encontra-se sob sete chaves no Museu do Ins-tituto Histórico e Geográ-fico Brasileiro, no Rio de Janeiro, desde 1925.

O sabre de Caxias é a maior honra militar do Exército Brasileiro, pois representa o patriotismo, a cultura, a energia, a bravu-ra e a bondade do duque, patrono da Força Armada Terrestre. Um exemplo de todas as virtudes militares do soldado do Brasil.

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O Legado de Um BravoDuque de Caxias

Impossível é respigar abundantemente o que se tem escrito sobre Duque de Caxias em pa-lavras de exaltação a sua personalidade. Biografias, obras sobre a sua memorável atuação, manifestações políticas, ordens-do-dia comemorativas, registros na imprensa, anais parla-mentares e outras fontes jorram como exemplos de civismo e marcialidade, apreciações que

elevam essa figura majestosa de nossa nacionalidade. Citemos, aqui, algo do que se escreveu sobre o Patrono do Exército.

Caxias à luz dos seus contemporâneos e estudiosos

“O seu bom senso tocava as raias do gênio”. Visconde do Rio Branco

“Aprendeu a identificar-se com os seus subordinados, a não querer para si as glórias e triunfos de que a maior parte não lhes coubesse”.

Capistrano de Abreu

“Fora do serviço e nas relações com seus ajudantes-de-ordens e de campo, no seu círculo mais chegado, era Caxias muito meigo, condes-cendente e jovial. Estava sempre pronto a desculpar faltas ligeiras mas

mostrava-se terrível e até impecável em reprimir culpas graves; a confiança uma vez retirada nunca mais a restituía. Todos sabiam disso”.

Visconde de Taunay

“Esse general havia sido, à maneira dos antigos condestáveis, a espada do Segundo Império Brasileiro, protegendo-o, pelo seu valor e talento militar, nas mais graves circunstâncias que puseram em jogo a própria existência da monarquia”.

Torres Homem

“Daí a pouco, o maior dos nossos generais arrojava-se impávido sobre a ponte (refere-se a Itororó), acompanhado dos batalhões galvanizados pela irradiação da sua glória. Houve quem visse moribundos, quando ele passou, erguerem-se brandindo espadas ou carabinas, para caírem mortos adiante”.

Dionísio Cerqueira

“A República deve ao grande homem ter recebido do Império uma herança de valor inestimável. Esse imenso território começa no colossal Amazonas e vai terminar nas margens do Chuí”.

Marechal José Bernardino Bormann

“Todos reconheciam que a espada do Duque de Caxias, como a espada de Grant ou de Shermann, dera a um tempo à sua Pátria uma potente unidade e à civilização da América, um glorioso triunfo”.

Pinheiro Chagas

“Seu nome se inscreve, com fastígio da imortalidade, na galeria dos grandes soldados da América e do Mundo, como Bolívar, San Martin, Washington, Sucre etc., cujas espadas jamais se tingiram de sangue inútil e só foram brandistas para traçar fronteiras de pátrias vivas, criadas sob imperativos sagrados de liberdade e inde-pendência e de horror à tirania e à escuridão”.

Marechal Eurico Gaspar Dutra

Dominador, nunca prescindiu da humanidade; bom, nunca se afastou da justiça. Honrarias e bordados consagram nele um coração de ouro. Lumi-nosa escalada, a sua carreira, envolta em apoteose perpétua”.

Fernando Magalhães

“À ação destemerosa e detalhista de Caxias, sempre orientado no sentido de um Brasil uno e indivisível, deve-se o cunho de profunda brasilidade que, de Norte a Sul, caracteriza a mística de nossa gente”.

General Aurélio de Góes Monteiro

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“Caxias foi a espada que sustentou longos anos o Império, combaten-do e, mais do que combatendo, pacificando. Ninguém, em nosso País, em quatro séculos de história, foi maior do que ele. Guerreiro e político. Diplomata e estadista. Ninguém teve mais fé nos destinos da Pátria e ninguém a serviu com mais brasilidade”.

Gustavo Barroso

“Caxias, a espada do império, imortalizou-se por ter sido o Consolidador da Unidade Nacional e o Libertador de Povos Amigos, então sob o jugo de ditaduras caudilhescas. E, nos campos de batalha da Itália, foi o Guia Espiritual da Força Expedicionária Brasileira na luta vitoriosa contra o nazi-fascismo”.

Marechal João Baptista Mascarenhas de Moraes

“Caxias, grande na nobreza e na política, insuperável nas armas e na fé em Deus, foi expressão viva da dignidade humana e gloriosa personificação da lealdade às ins-tituições”.

General Cyro Espírito Santo Cardoso

“Suas ímpares qualidades militares, aliadas ao espírito moderado e congraçador, fizeram dele o soldado-modelo no consenso de sua classe, que o consagrou Patrono do Exército”.

Nelson de Souza Sampaio

“Esse que, através de tantas campanhas, conciliou e construiu. Cons-truiu, sim. A possibilidade do Império, o que todavia não era bastante. A integridade da Nação, esta, sagrada e irredutível. Foi o que fez durante a luminosa existência, sem um malogro que lhe enviasse a fortuna, guia-do como os Reis Magos, por uma estrela, a sorte marcada no infinito: a estrela de Caxias”.

Pedro Calmon

“Caxias é, para o Exército, o ideal de bravura e de conhecimento militar que aplicava com naturalidade peculiar ao temperamento dos grandes cabos de guerra. Para a nação, ele é ainda mais do que tudo quanto se pode pensar dum altivo solda-do porque é o símbolo da lealdade e do esteio da força que se procura nos momentos difíceis da nacionalidade”.

Coronel Maurílio Monteiro Pereira da Cunha

“Caxias, centauro invicto e magnânimo dos campos de batalha, que ainda hoje imaginamos a galopar por sobre a cumeada das nossas montanhas, como o gênio tutelar da Pátria, lembrando a todos os brasileiros que a missão sublime da espada é patrocinar a paz dos lares, à sombra da justiça e do direito”.

Arcebispo D. Aquino Corrêa

“Vidas como a de Caxias são tanto mais edificantes quanto me-lhor sabemos, com sinceridade e amor à verdade, compreendê-las”.

Coronel João Batista Magalhães

“No decorrer do tempo, a projeção do seu nome na história de nossa Pátria tende sempre a avultar, quer como elemento integra-dor da nacionalidade, quer como condutor da vitória em defesa da nossa soberania”.

Getúlio Vargas

“”Soldado vencedor, nunca vencido, obreiro da paz e da con-córdia, paira ainda sobre nós o seu vulto glorioso, a estender, como outrora, o braço hercúleo, na defesa da ordem, da unidade e in-tegridade do Brasil”.

Eugênio Vilhena de Moraes

Como, de Caxias, dissera o Visconde de Taunay, não há pompas de lingua-gem, não há arroubos de eloquência capazes de fazer maior essa individualidade, cujo principal atributo foi a simplicidade na grandeza.

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Caxias teve sua efígie impressa nas notas de Cr$ 2 (dois cruzeiros) emitidas entre 1944 e 1958 e

nas de Cr$ 100,00 (cem cruzeiros) emitidas de 1981 a 1984

Selo Duque de Caxias –

Herói Nacional. No centro

da tela, selo emitido em

25/08/2003 alusivo aos “200

Anos do Nascimento de Du-

que de Caxias”.

Selo Homenagem

a Duque de Caxias.

Valor facial: Cr$ 4,00.

Em 12/09/1939, com

valor facial de 400 réis,

foi emitido o selo “Dia

do Soldado”

Representando mais uma vitória alcançada, o

selo apresenta a imagem de Duque de Caxias tendo,

à frente, a espada entrelaçada com louros e, ao fun-

do, a imagem da Guerra dos Farrapos.

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Depois de tantas batalhas, o “velho” soldado da pacificação decide retirar-se da vida pública afugentando-se na Fazenda Santa Mônica, antiga estação fer-roviária do Desengano, atual Juparaná, até então Província do Rio de Janeiro, próximo de Vassouras. Preferiu ficar em contato apenas com seus parentes mais próximos e amigos íntimos, devido a sua frágil saúde. Isolava-se de tudo e de todos para poder morrer como sempre viveu: com dignidade.

Logo que chegou, o novo ambiente lhe fez bem. Sentiu-se melhor, mais forte, e quis cavalgar. Mas não resistiu ao esforço e teve de ser carregado da sela para seus aposentos. Alguns dias depois, restabelecido, voltou a pedir um cavalo, mas não teve forças para colocar-se sobre a sela. Cabisbaixo, recusou a ajuda que um criado lhe oferecera e caminhou lentamente para dentro de casa. Pouco tempo depois, foi obrigado a usar cadeira de rodas.

No começo de maio de 1880, seu estado de saúde se agravou. No dia 7, chamou a sua cabeceira um sacerdote, o monsenhor Meireles, a filha Ana, o gen-ro Barão de Santa Mônica, o neto Major Francisco Nicolau de Lima Nogueira, o amigo Carlos Artur da Silva, o camarada Coronel José Julião Carneiro da Silva e o criado Manuel. Despediu-se de todos, um por um, apertando-lhes as mãos. Para a filha, reservou um último beijo. Seis anos depois da morte de sua esposa, aos 77 anos, no dia 7 de maio de 1880, às 20h30, fechava os olhos para sempre um bravo militar que viveu para a glória do Exército.

No dia seguinte, um trem especial traz seu corpo para a estação do Campo de Santana, vestido com o seu mais modesto uniforme de marechal do Exército. Em seu peito, trazia apenas duas das numerosas condecorações: a do Mérito Militar e a Geral da Campanha do Paraguai.

A morte de CaxiasEm testamento, dispensou todas as honras a que teria direito depois de mor-

to. Só manifestou um desejo: que seu esquife fosse carregado à sepultura por soldados rasos escolhidos dentre os mais antigos e de melhor conduta, aos quais deveria ser dada a quantia de 30 “dinheiros” da época.

Com um enterro sem pompas e dispensa das honras militares e seu corpo conduzido por seis soldados da guarnição da corte expressavam suas últimas vontades.

O segundo sepultamento de Caxias ocorreu defronte do Palácio Duque de Caxias, na cidade do Rio de Janeiro. Seus restos mortais, bem como de sua espo-sa e seu filho falecido precocemente, encontram-se no panteão à Caxias, erguido em sua homenagem e ornamentado por dezenas de urnas disponíveis para outros bravos combatentes desse período da conturbada história do Brasil.

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Em nome de Deus. Amém.Eu, Luís Alves de Lima, Duque de Caxias, achando-me

com saúde e meu perfeito juízo, ordeno o meu testamento, da maneira seguinte: sou católico romano, tenho nesta fé vivido, e pretendo morrer.

Sou natural do Rio de Janeiro, batizado na freguesia de Inhamerim; filho legítimo do Marechal Francisco de Lima e Silva, e de sua legíti-ma Mulher, dona Mariana Cândida Bello de Lima, ambos já falecidos.

Fui casado à face da Igreja com a virtuosa dona Anna Luiza Carneiro Viana de Lima, Duquesa de Caxias, já falecida, de cujo matrimônio restam dois filhos que são Luiza e Anna, as quais se acham ca-sadas; a primeira com Francisco Nicolas Carneiro Nogueira da Gama, e a segunda, com Manoel Carneiro da Silva, as quais são as minhas legítimas herdeiras.

Declaro que nomeio meus testamenteiros, em 1º lugar, o meu genro Francisco Nicolas, em 2º meu genro Manoel Carnei-ro, em 3º meu irmão e amigo, o Visconde de Tocantins, e lhes rogo que aceitem esta testamentária, da qual só darão contas no fim de dois anos.

Recomendo a estes que quero que meu enterro  seja feito, sem pompa alguma, e só como irmão da Cruz dos Militares, no grau que ali tenho. Dispensando o estado da Casa Imperial, que se costuma a mandar aos que exercem o cargo que tenho.

Não desejo mesmo, que se façam convites para o meu en-terro, porque os meus amigos que me quizerem fazer este favor, não precisam dessa formalidade e muito menos consintam os meus filhos que eu seja embalsamado.

Logo que eu falecer deve o meu testamenteiro fazer saber ao Quartel Gene-ral, e ao ministro da Guerra que dispenso as honras fúnebres que me pertencem como Marechal do Exército e que só desejo que me mandem seis soldados, esco-lhidos dos mais antigos, e melhor conduta, dos corpos da Guarnição, para pegar as argolas do meu caixão, a cada um dos quais o meu testamenteiro, no fim do enterro, dará 30$000 de gratificação.

Declaro que deixo ao meu criado, Luiz Alves, quatrocentos mil réis e toda a roupa do meu uso.

Deixo ao meu amigo e companheiro de trabalho, João de Souza da Fonseca Costa, como sinal de lembrança, todas as minhas armas, inclusive a espada com que comandei, seis vezes, em campanha, e o cavalo de minha montaria, arreado com os arreios melhores que tiver na ocasião da minha morte.

Deixo à minha irmã, a Baroneza de Suruhi, as minhas condecorações de bri-lhantes da ordem de Pedro I como sinal de lembrança e a meu irmão, o Visconde de Tocantins, meu candieiro de prata, que herdei do meu pai.

Deixo meu relógio de ouro com a competente corrente ao Capitão Salustiano de Barros Albuquerque, também como lembrança pela lealdade com que tem me servido como amanuense.

Deixo à minha afilhada Anna Eulália de Noronha, casada com o Capitão Noronha, dois contos de réis. Cumpridas estas disposições, que deverão sair da minha terça, tudo o mais que possuo será repartido com as minhas duas filhas Anna e Luiza, acima declaradas.

Mais nada tenho a dispor, dou por findo o meu testamento, rogando as jus-tiças do país, que o façam cumprir por ser esta a minha última vontade escrita por mim e assinada.

Rio de Janeiro, 23 Abr 1874 Luís Alves de Lima - Duque de Caxias

TestamentoLuís Alves de Lima e Silva Duque de Caxias

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1803 No ano do nascimento de

Caxias em 1803... acontecia:

Napoleão Bonaparte torna-se imperador da França, coroando-se a si mesmo na Catedral Notre Dame, em Paris

Napoleão Bonaparte vende a Lousianne aos Estados Unidos por 50 milhões de francos

Morre Teresa Rodriguez Del Toro y Alaiza, esposa de Simon Bolívar

Proibida a circulação de ouro em pó nas capitanias brasileiras

Nasce o compositor francês Hector Berlioz

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1880 No ano da morte de Caxias

em 1880... acontecia!

Fundação do banco de Yokohama

Inauguração do Instituto de Infectologia Emílio Ribas

Thomas Alva Edison recebe a patente da lâmpada elétrica

Estabelecida a recompensa de US$ 500 pela cabeça de Billy the Kid, nos Estados Unidos

Auguste Rodin esculpe a famosa estátua “O pensador”

Nasce em 28 de fevereiro Maria Olívia da Silva, mulher mais idosa do Brasil até o ano de sua morte, em 2010

Conclusão do túnel ferroviário ligando a Itália à Suíça

Werner Von Siemens constrói o primeiro

elevador elétrico

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O legado de Caxias

Luís Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias, dedicou sua vida ao Brasil. Sua conduta inspirou e modelou o que hoje nos orgulhamos... o Exército Brasileiro.

O soldado, a coluna, a brigada e todos os batalhões uni-dos pela coragem na defesa das nossas fronteiras. Poderíamos chamar nosso Exército de Caxias, bem como Luís Alves de Exército de todos os brasileiros. O legado de uma vida de muitos exemplos e várias lições!

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A primorosa aviação do Exército

Podemos dizer que certamente tem o mais eficiente e completo centro de formação para pilotos de helicópteros do Brasil. Não se trata de uma escola modernosa repleta de instrutores com poucas horas de

voo, e sim da BAVEX (Base de Aviação do Exército), que fica no Município de Taubaté, distante menos de 100 quilômetros da capital, São Paulo. São vá-rios batalhões dentro dessa base, incluindo o de manutenção e suprimentos e também o Centro de Instrução de Aviação. Todos eles sob as asas do CAVEX (Comando de Aviação do Exército).

Mesmo especializada na formação e operação de helicópteros, a base militar alada do Exército Brasileiro dispõe de uma pista de pouso de 1.500 metros de extensão balizada e auxiliada por pistas auxiliares.

A Aviação do Exército e seu centro de formação ficam muito próximos do Aeroporto de São José dos Campos administrado pela INFRAERO, porém sem nenhuma interferência no seu intenso tráfego.

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Para uma visita antecedida de um pouso no aeródromo do Exército, é neces-sária uma autorização do comandante da BAVEX, normalmente um general-de--brigada sempre pronto para receber revoadas e aviadores de outras paragens.

Durante a visita acompanhamos uma solenidade de passagem e apresentação da tropa... Foi emocionante ouvir e cantar o “Hino dos Expedicionários” diante da for-mação de seis organizações militares dessa Base de Aviação, lembrando que há uma unidade recente em Campo Grande (MS) e outra na capital do Amazonas, Manaus.

A aviação no Exército surgiu em 1986 por decreto, quando o governo brasileiro adquiriu os primeiros helicópteros que chegaram três anos depois formando a frota atual de 35 Esquilos, 32 Panteras, 9 Cougars e 4 Black Hawk. Essa família de 80 aeronaves, que servem os quatro batalhões, em breve receberá mais 16 unidades do modelo 725 da Helibras/Eurocopter, que também equiparão a Marinha e a nos-

sa sofrida Aeronáutica. Lembrando que uma unidade desse modelo 725 já foi entregue.

A Base de Taubaté abriga 2.500 homens, dentre esses aproximadamente 240 são pilo-tos formados dentro do próprio Centro de Instrução. A conta é boa e fica próxima dos mariners americanos, que contam com 10 homens de apoio para cada piloto. Essa base é a maior da América Latina.

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Após a cerimônia, fomos conhecer os quatro enormes hangares que com-põem o mapa do lugar.

Como toda base militar, consome-se o que se produz, por isso, todos os me-cânicos e técnicos de diversas áreas também são formados nesse ninho de talen-tos, incluindo os pilotos logicamente. A manutenção e o acompanhamento dos boletins não sofrem a fiscalização da ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil), por conta de uma legislação militar mesmo, mas o acompanhamento é rigoroso.

Para contar sobre esse ninho de águias, temos de salientar a peculiaridade dessa formação, pois na Aeronáutica os candidatos recebem uma formação de base não experimentada no Exército. A Marinha, por sua vez, prefere a formação de seus aviadores através da própria Aeronáutica. Digo com isso que o aviador do Exército é formado plenamente dentro desse Centro de Instrução, sem nenhuma influência das aeronaves de asa fixa. Isso pode ser bom e ruim! Bom, pela qualificação especí-fica focada em um equipamento sem comparativo. Ruim, pela destreza conquista-da no comando de um avião, que permite uma pilotagem mais relaxada.

Para isso é preciso formar todo mundo, tanto que a palavra “aviação” é grito de guerra e de honra em qualquer situação. Mecânicos, checadores, técnicos em

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aviônicos, sinalizadores, abastecedores, programadores e pilotos, todos formados sob a única e focada didática que objetiva as missões executadas pelo Exército do Brasil em centenas de possibilidades. Vigilância, reconhecimento e ataque por vezes que são preteridos por força da necessidade de ações humanitárias, onde esses militares praticam resgates, ocupação de morros e favelas, como ocorreu recentemente no Rio de Janeiro. As frequentes enchentes atuais também obriga-ram esses homens ao serviço de busca e salvamento urbano e litorâneo.

Inimaginável é o trabalho desses bravos, também treinados para apoiar obras em locais inóspitos, retransmissão de rádio e evidente resgate aeromédico.

A frota de helicópteros recebe uma pintura especial à base de tinta verde an-tirradar, deixando a famosa “camufla” para os uniformes que no caso do militar chama-se farda.

Os controladores de voo e operadores devido à reduzida necessidade são trei-nados na FAB (Força Aérea Brasileira).

Curiosa foi a maquete de uma planta de terreno dentro de uma sala escura, onde equipado com um óculos de visão noturna pudemos sentir a sensação de voar na penumbra em busca do inimigo. Nenhuma escola civil de voo no mundo pensou em aproveitar esse equipamento, que seria um baita diferencial!

Durante a visita percebemos o moral elevado da tropa, talvez pela excelência do trabalho, pelo comando exercido, pelo resultado das missões, ou por tudo isso!

As oficinas são divididas por seções específicas, auxiliadas pela padronização do equipamento basicamente composto de dois modelos. Apesar da idade da frota beirar os 30 anos, percebe-se a boa condição das aeronaves preservadas por pelo menos 300 mecânicos profundos conhecedores do equipamento, resultado da homologação e do treinamento feito pelos próprios fabricantes, incluindo turbinas, rotores e sistemas de pás.

Outro fato notável é a simulação. Para cada movimento de comando da ae-ronave há um esqueleto de helicóptero em tamanho real na sala de maquetes. Antes disso o aluno-piloto se farta de informações práticas no laboratório de in-formática, onde os manuais foram complementados por situações inimagináveis preparadas pelo próprio fabricante.

Os candidatos que se inscrevem em turmas anuais têm à disposição um con-junto de simuladores homologados pela ANAC, que retratam o voo visual e também por instrumento. Não há no Brasil uma “escola” tão bem estruturada

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quanto esse Centro de Instrução de Aviação, e quem garante é o próprio fa-bricante, que no caso das turbinas Turbomeca inclui uma sala/laboratório que retrata o funcionamento da usina de força seccionada lateralmente facilitando o entendimento do sistema de propulsão.

Surpresos ficamos com o conhecimento do general comandante, que se mos-trou conhecedor profundo de todas as etapas da instrução exibindo uma fa-miliaridade inusitada para o cargo que ocupa, pois é comum nessa condição o comandante de uma base se ater aos afazeres administrativos e políticos. Ou seja, o general comandante está pronto para qualquer missão de campo.

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E por falar em campo, bem próximo da BAvT, no município vizinho de Caçapava, há uma outra unidade de apoio de solo aos “voadores verdes”, onde soldados treinados oferecem retaguarda nas múltiplas missões. Pena que essa base não tenha uma pista de pouso para aviões, senão teríamos ido visitá-la!

A boa forma física dos soldados e oficiais chama a atenção e também a curiosa condição do piloto de helicóptero do Exército. Quando brevetado e apto para o voo, esse militar se encontra na patente de tenente, quando o soldo é metade que o mer-cado civil paga. Entretanto, garantiu o “chefe” que não há concorrência para levá-lo devido à carreira militar oferecer mais benefícios e uma estabilidade impagável.

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Fomos convidados para conhecer uma escola pública próximo da base onde o Exército empresta seus técnicos na formação de 140 crianças. A escola tem vida e qualidade para a vida dessas crianças que dificilmente teriam numa escola particular tão esmerosa.

Belo trabalho desenvolvido por uma unidade do Exército do Brasil que mui-to nos orgulha.

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Missões de paz

Desde 1956, com a FENU (Força de Emergência das Nações Unidas), o Exército Brasileiro participa de missões visando pacificar ou estabilizar nações assoladas por conflitos. Atualmente, o Brasil envia soldados

para os mais diversos países do mundo em missões de paz. Baseada nos preceitos do artigo 4º da Constituição Federal, a participação

brasileira em missões de paz só ocorre após o atendimento de algumas imposi-ções, cuja principal é a aceitação, por parte dos países ou das facções envolvidas no conflito, da presença de observadores ou tropas estrangeiras em seu território.

Essa conduta da política externa brasileira vem sendo adotada há longo tem-po. Assim, a primeira participação do Exército Brasileiro ocorreu em 1947, quan-do observadores militares foram enviados para os Bálcãs. Durante as décadas de 50 e 60, viria a participar com efetivos maiores, integrando forças internacionais de p az, sob a égide da ONU (Organização das Nações Unidas) no Oriente Médio e da OEA (Organização dos Estados Americanos) no Caribe. A mais longa missão

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foi no Oriente Médio, que durou de 1957 a 1967, com a participação de 600 homens, em média, que se revezavam em 20 contingentes.

Nas décadas seguintes, foram bastante reduzidas as missões, até se reiniciarem em 1989, quando inúmeras foram abertas. Em 1994, foram enviadas tropas (uma companhia) para auxiliar na manutenção da paz em Moçambique. Em setembro de 1995, o Exército enviou para Angola um contingente composto de mais de mil homens (um batalhão, uma companhia de engenharia e um posto de saúde). Nos últimos anos, militares brasileiros vêm prestando serviços às Nações Unidas como observadores na África, na América Central, na Europa e na Ásia e cooperando para a solução pacífica do conflito fronteiriço entre o Equador e o Peru.

A par do excelente desempenho demonstrado pelas tropas e pelos observado-res brasileiros em missões no exterior, o Exército tem participado de exercícios conjuntos com outros países.

A participação em missões de paz vem trazendo crescente prestígio à política externa e ao Exército Brasileiro, aumentando sua projeção mundial.

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A defesa das fronteiras do Brasil requer ações combinadas com diversos se-tores do governo. Assim mesmo é preciso municiar as nossas Forças Ar-madas com tecnologias por vezes disponíveis somente no setor privado.

Pelo próprio histórico desbravador da empresa de telefonia Oi, aconteceu um acordo dos mais arrojados entre ela e o Exército Brasileiro. Trata-se do Projeto Oi EBNet Fronteira, voltado não somente para a segurança nacional, mas também para confortar os diversos batalhões de fronteiras do nosso Exército, interligan-do-os ao Quartel-General, em Brasília. Vale lembrar que essa iniciativa levou em conta a capacidade da “tele”, única capaz de cobrir todo o território nacional e fora dele também, como é o caso do Haiti.

Quando da compra da Brasil Telecom pela Oi, o Exército Brasileiro, em sin-tonia com o Ministério da Defesa e a ANATEL (Agência Nacional de Telecomu-nicações), colocou essa necessidade, a qual se transformou em parte do acordo.

No total, 66 pontos de presença do Exército contarão com 1 Mbps de banda de dados, capaz de prover acesso à internet através de 3 laptops e 20 ramais tele-fônicos em cada um deles.

Oi / Exército BrasileiroNesses pontos de presença, 42 pelotões e destacamentos de fronteira,

3 companhias, 8 batalhões de fronteira e selva, 6 regimentos de cavalaria mecanizada, 6 hospitais e 1 campo de instrução manterão comunicação com o mundo via internet e com sua base central em Brasília.

O acordo caminhará até o ano de 2025 sem nenhum ônus para o Exército Brasileiro, a não ser prestar apoio logístico e principalmente de transporte durante a instalação e implantação dos pontos, a maioria já em pleno funcionamento.

Os pontos foram pensados de acordo com a região e suas necessidades, como a base de Bonfim, em Roraima, que utiliza painéis solares e energia independente. A energia captada é armazenada nas baterias conjugadas.

Em Brasília, a Oi instalou uma Estação Satélite com capacidade para receber os sinais da mais remota base de presença.

Melhor que a própria tecnologia empregada, foi o treinamento ofe-recido pela Oi no Comando Militar da Amazônia aos militares do Brasil todo, que se repetirá a cada três anos.

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A Oi instalou ainda um ponto de presença no Haiti para auxiliar a ajuda brasileira nesse país devastado por um terremoto catastrófico.

O Brasil possui 15% da água potável do planeta e grande parte do oxigênio do mesmo planeta. Proteger nossas reservas naturais e nossas fronteiras requer um empenho descomunal do Exército Brasileiro, portanto, dotá-lo de tecno-logias como telefonia por fibra ótica é um desafio que a Oi decidiu junto dos nossos “verdes protetores”!

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O Exército Brasileiro na Amazônia

Muito se fala sobre a atuação das nossas Forças Armadas no historica-mente pacífico país Brasil.

Há de se lembrar que a construção dessa nação democrática passou por conflitos e guerras sob a ordem da ocupação territorial.

Com essa vocação nossas Forças tornaram-se pacificadoras e humanitárias. Defender a soberania territorial e ao mesmo tempo auxiliar as necessidades dos brasileiros que vivem nas distantes paragens do Brasil é uma tarefa árdua.

Não é possível imaginar a imensidão do Território Amazônico com seus 5,2 milhões de quilômetros quadrados e pequena densidade demográfica de 3,2 habi-tantes por quilômetro quadrado sem considerar o gigantismo do nosso Exército.

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Cabe a ele, Exército, auxiliado pela Marinha do Brasil e também pela FAB (Força Aérea Brasileira), a proteção e a preservação desse 1/3 da Floresta Tropical do Planeta Terra. Não só isso, mas também de 15% da água potável do mesmo planeta e a maior diversidade biológica do mundo.

A defesa e o patrulhamento das suas reservas minerais têm sido uma bandeira desses bravos soldados inspirados em seu Patrono, o Duque de Caxias.

Tudo isso deixa evidenciado que a Amazônia é uma região estratégica para os brasileiros. Por isso a urgente necessidade de integrá-la ao ambiente nacional e articulá-la com os nossos vizinhos, também depositários desse patrimônio. Esse é o motivo principal da prioridade nacional hoje emprestada à nossa Amazônia.

O Exército, presente na Amazônia desde o início do século XVII, vem am-pliando seu dispositivo pela instalação de diversas unidades de fronteira. Tais unidades representam polos de desenvolvimento, em torno dos quais, como ocorreu no passado, crescem núcleos habitacionais, garantidores da presença brasileira e de nossa soberania.

Essa ação pioneira e desbravadora que o Exército Brasileiro realiza, não apenas na Amazônia, mas em outras regiões do País, é fundamento da missão constitu-cional. Colaborando com o povoamento em áreas longínquas, proporcionando um mínimo de infraestrutura até que chegue o desenvolvimento, trazendo ser-viços básicos. Este trabalho silencioso é a parcela concreta de colaboração do Exército ao desenvolvimento da Nação.

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Assim nasceu a Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN)

A Academia Real Militar foi criada por Dom João em 1811. Den-tre algumas, como a Escola da Praia Vermelha, do Rio Pardo, de Porto Alegre, do Realengo, destacamos a de Resende, no interior

do Rio de Janeiro, que em 1951 recebeu o nome definitivo de Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN).

A Escola Militar do Realengo entre os anos de 1931 e 1934 expe-rimentou uma situação incomum. Em 15 de janeiro de 1931, aos 42 anos de idade, o Coronel José Pessoa Cavalcanti de Albuquerque assumiu o comando da escola. Ele era um dos únicos ex-combatentes brasileiros da Força Terrestre na Primeira Guerra Mundial. O sonho que idealizou de uma escola militar modelo foi concretizado em 23 de abril de 1951, quando o então Presidente Getúlio Vargas rebatiza a nova escola com o nome atual de Agulhas Negras. Durante o comando de José Pessoa, a escola ganhou alma fortalecida pela verdade histórica do seu principal símbolo, o Duque de Caxias.

Coube ao Coronel José Pessoa, que depois se tornaria general, resgatar a imagem e o legado de Duque de Caxias.

Três vezes ministro do Império, Duque de Caxias foi o maior chefe militar do próprio Império, exemplo de cidadania, além de pacificador e unificador do Bra-sil. Ocorre que após a Proclamação da República seus feitos históricos, títulos e exemplos dos mais admiráveis caíram no esquecimento da população, incluindo os quadros militares. O próprio título de cadete conferido aos alunos da Escola Militar nos dois reinados, como herança histórica da vinculação à nobreza de

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Portugal, caíra em desuso. Em 1923, começa o ressurgimento do pacificador e herói brasileiro. Os alunos iniciam a tradição de nomear uma nova turma de for-mandos com o nome de uma batalha ou herói de uma batalha. Ganhava então a nova turma o nome de Duque de Caxias.

Em 1924, o ministro Setembrino de Alencar decidiu criar o Dia do Soldado na data do aniversário de nascimento do notável militar, 25 de agosto, que se tornaria ao longo dos anos a mais importante do calendário do Exército Brasilei-ro e militar do Brasil. Esse fato ocorreu 38 anos antes de 1962, quando Duque de Caxias se torna Patrono do Exército.

No registro histórico, foi José Pessoa, irmão do assassinado João Pessoa, o res-suscitador de Duque de Caxias como modelo para o projeto de formação de oficiais da ativa em busca de um exército de grandeza.

Para alcançar a excelência na formação militar é preciso lembrar:Com a chegada do Príncipe Regente D. João e sua corte ao Brasil, em 1808, foi

criada a Academia Real Militar em 1811. Em 1812, a academia foi transferida para o edifício do Largo de São Francisco, onde atualmente funciona a Escola de Engenharia. Após a Proclamação da Independência ganha o nome de Imperial Academia Militar até o ano de 1832, modificado para Academia Militar da Corte.

Em 1839, passa a chamar-se Escola Militar, para em 1855 ganhar o nome de Escola de Aplicações com sede na Fortaleza de São João, no Rio de Janeiro.

Em 1898, a então Escola Militar e de Aplicações da Praia Vermelha passou a

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denominar-se Escola Militar do Brasil. Em 1905, com os ensinamentos da Cam-panha de Canudos, o ensino foi reformulado com a criação da Escola de Guerra em Porto Alegre, Escola de Aplicações e de Cavalaria em Rio Pardo e as Escolas de Artilharia e Engenharia no Realengo. Com o término da Primeira Grande Guerra acontece a unificação na Escola Militar do Realengo.

Em 1931, dá-se a transferência da escola para Resende, sua sede atual. Em 23 de abril de 1952, por decreto nasce a Academia Militar das Agulhas

Negras. Atualmente a respeitada e desejada academia militar recebe candidatos selecionados por concurso público através da Escola Preparatória de Cadetes do Exército, localizada em Campinas, no interior de São Paulo.

Ao ingressar na AMAN (Academia Militar das Agulhas Negras), o aluno praça recebe o título de cadete. A AMAN é um estabelecimento de ensino de nível superior, cuja principal missão é formar os oficiais da linha de ensino militar bélico do Exército Brasileiro.

Sua grade curricular inclui disciplinas como ciências humanas, exatas e ou-tras especificamente militares. No final do curso, o concludente é declarado as-pirante a oficial recebendo o grau de bacharel em Ciências Militares.

A academia tem um programa de condicionamento físico exemplar que re-sulta invariavelmente na Olimpíada Acadêmica, que acontece durante uma se-mana por ano. Os programas de treinamento obrigam o cadete a realizar as instruções de tiro de fuzil e pistola na mais perfeita seção de tiros da escola

Os treinados recebem orientação de resistência em ritmo de operações con-tinuadas, pressão psicológica controlada e real imitação de combate. A prática equestre realizada pela seção de equitação é uma importante peça de resistência e controle de combate.

Aconteceu em 1988, por conta da projeção e importância do Exército Brasi-leiro no cenário mundial, uma mudança organizacional e nas instalações amplia-das, conservando, no entanto, suas linhas arquitetônicas. Os valores cultuados no Exército Brasileiro forjam o comportamento do militar formado na Acade-mia Militar das Agulhas Negras, evidenciando o civismo e o legado moral de Duque de Caxias. A nossa AMAN forma oficiais e mantém uma tradição de 200 anos do nosso Exército.

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A escolha do local Em setembro de 1931, o futuro General José Pessoa visitou o local acompa-

nhado de uma comitiva de oficiais e do arquiteto Raul Penna Firme que venceu a concorrência para construir a nova sede da centenária escola militar.

A região de Resende foi a escolhida por algumas peculiaridades geográficas e certamente pela posição estratégica entre três dos mais importantes Estados do País, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo.

As condições morfológicas foram fundamentais para o treinamento de tiro de todas as armas devido à baixa densidade demográfica do lugar.

Possuía as condições climáticas propícias à recuperação das energias naturais, como também um meio social estável e pouco populoso distante de decisões po-líticas, porém dotado de infraestrutura adequada para abrigar uma importante entidade de ensino.

A rede hidrográfica também pesou na decisão devido aos inúmeros cursos d’água. Outro fator fundamental foi a proximidade relativa de um porto de mar, para facilitar manobras da Força Terrestre com a Esquadra Naval.

Getúlio Vargas aprovou a escolha e junto do Ministro da Guerra, General Leite de Castro, e da Viação, José Américo de Almeida, estabeleceu a iniciativa.

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A inauguração da Agulhas NegrasGetúlio Vargas lançou a pedra fundamental da construção da nova escola em

1938, ao percorrer a mesma Rio Santos que D. Pedro passara em 1822 na viagem que culminou com a Proclamação da Independência do Brasil. O percurso a partir do Rio de Janeiro demora 8 horas por caminho trafegável.

Só para constar: a notícia da Proclamação da Independência demorou 48 horas para chegar a Resende pelo correio a cavalo. A da Abolição da Escravatura chegou no dia seguinte pela facilidade do já inventado telégrafo, cujas linhas se-guiam a Estrada de Ferro D. Pedro II. A atual Rodovia Presidente Dutra só viria a ser inaugurada em 1952.

Quando a academia foi inaugurada, em 1944, havia em Resende apenas 15 automóveis, 97 caminhões, 43 charretes, 51 carroças e 4 ônibus, além de uma ambulância militar.

A vida social na cidade resumia-se aos bailes do Centro Cultural da cidade, às sessões de cinema no Cine-Teatro Central e à chegada do expressinho, trem de passageiros vindo do Rio de Janeiro que atraía a mocidade namoradeira e as pessoas interessadas em adquirir jornais com notícias da Capital Federal, o Rio de Janeiro. Foi nesse trem que 600 cadetes chegaram em março de 1944 para a inauguração da Escola Militar que se tornaria a mais importante do País. Depois disso Resende nunca mais foi a mesma!

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O Exército e o meio ambienteO terreno sempre foi considerado um dos fatores preponderantes da

decisão no planejamento das operações militares. Os exercícios e as mano-bras realizadas para o adestramento da tropa procuram simular a guerra, o mais próxima possível de uma situação real. Para tanto, os campos de instrução são preservados para oferecer o cenário adequado para cada si-tuação que o combatente poderá defrontar-se no campo de batalha. Hoje, esses campos de instrução formam verdadeiras ilhas de coberturas vegetais preservadas nas áreas mais antropizadas das diversas regiões do País.

Cooperando com os órgãos que cuidam da preservação ambiental, o Exército tem feito acordos e convênios com o IBAMA, com polícias es-pecializadas e com diversos outros órgãos, para o fornecimento de apoio logístico nas atividades de fiscalização ambiental.

É comum as organizações militares, em conjunto com as comunidades que as acolhem, fazerem trabalhos de limpeza, recuperação de áreas verdes e plantio de árvores.

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Duque de Caxias

EXPEDIENTEO livro Duque de Caxias - o legado de um bravo é uma publicação da FreqüênciaLivre Editora e

Comércio Ltda., Rua São Benedito, 1924, Alto da Boa Vista - São Paulo - SP

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Idealização: INFRAERO (Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária) Superintendência de Marketing

e Comunicação Social.

Editor: Juca Fernandes MTB 51820

Diretor de arte e produção: Rodolfo Galego

Diagramação: Vera Lúcia Xavier

Redatores: Juca Fernandes, Fernanda Dutra Fernandes, Carlos Alberto Fernandes e Andréa Agulha

Fontes de pesquisa: CCOMSEX - Centro de Comunicação Social

do Exército, DPHCEX - Diretoria do Patrimônio Histórico e Cultural do Exército e

CEPHIMEX - Centro de Estudos e Pesquisas de História Militar do Exército

Pesquisa: Fatima Ghandour

Fotografia: Jackson Mendes, Luciano Lopes de Souza

e Arquivos do Exército

Revisão: Dario Homero da Silva

Colaboradores: Claudio Skora Rosty, Fabiano Mache,

Nilson Kazumi Nodiri, Roberto Sebastião Peternelli Junior

Impresso na: CLY Companhia Litográfica Ypiranga

(11) 3821 3255

Sobre o autorO jornalista e aviador Juca Fernandes se confessa maravilhado com os segredos da história recente do Brasil. Au-

tor dos livros sobre os Patronos Alberto Santos Dumont, da Aeronáutica (“Retratos D’Dumont”, 2009), e Almirante Tamandaré, da Marinha do Brasil (“O Príncipe dos Mares”, 2010), completa agora o “triunvirato” desses bravos apre-sentando esta obra sobre Duque de Caxias, o Patrono do Exército Brasileiro. Duque de Caxias - o legado de um bravo é uma versão dos fatos de ontem retratando o fervoroso século XIX com linguagem atual e livre dos rebusques de uma interpretação da nossa história que ao longo dos anos decidiu por outros caminhos. Juca Fernandes não disfarça sua vocação de aviador ao pesquisar e publicar laços dessa prática por Tamandaré e Caxias, este último experimentando balões em algumas batalhas bem antes do invento idealizado por Alberto Santos Dumont. Recentemente agraciado com a Medalha da Vitória pelo Ministério da Defesa e Membro Honorário da Força Aérea Brasileira (FAB), o autor confessa sua indignação com o esquecimento da atuação de tantos heróis brasileiros. Duque de Caxias - o legado de um bravo foi a maneira encontrada por ele para revirar as páginas muito mal escritas desta história do Brasil!