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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE TECNOLOGIA
CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO
TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO
CECINA PINHEIRO DE SOUZA
DUNA COMPLEXO GASTRONÔMICO
NATAL, 2016.
CECINA PINHEIRO DE SOUZA
DUNA
COMPLEXO GASTRONÔMICO
Trabalho Final de Graduação
apresentado à banca examinadora do
curso de Arquitetura e Urbanismo da
Universidade Federal do Rio Grande do
Norte, como requisito para a obtenção
do grau em Arquiteta e Urbanista.
Orientadora: Prof.ª Dra. Bianca Carla
Dantas de Araújo.
NATAL, 2016.
Catalogação da Publicação na Fonte. Universidade Federal do Rio Grande
do Norte / Biblioteca Setorial de Arquitetura e Urbanismo.
Souza, Cecina Pinheiro de.
Duna complexo gastronômico / Cecina Pinheiro de Souza. – Natal,
RN, 2016. 98f. : il.
Orientadora: Bianca Carla Dantas de Araújo.
Monografia (Graduação) – Universidade Federal do Rio Grande
do Norte. Centro de Tecnologia. Departamento de Arquitetura e
Urbanismo.
1. Projeto arquitetônico – Monografia. 2. Complexo gastronômico
– Ponta Negra-RN – Monografia. 3. Turismo – Monografia. I.
Araújo, Bianca Carla Dantas de. II. Universidade Federal do Rio
Grande do Norte. III. Título.
RN/UF/BSE15 CDU 72.012.1
CECINA PINHEIRO DE SOUZA
DUNA
COMPLEXO GASTRONÔMICO
Trabalho Final de Graduação apresentado à
banca examinadora do curso de
Arquitetura e Urbanismo da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte, como
requisito para a obtenção do grau em
Arquiteta e Urbanista.
Aprovação em 17 de junho de 2016.
BANCA EXAMINADORA
Prof.ª Dra Bianca Carla Dantas de Araújo
Orientadora
Prof.ª. Leila Araújo Guilhermino
Avaliadora interna– UFRN
Leonardo Jorge Brasil de Freitas Cunha
Avaliador externo – Arquiteto e Urbanista
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais, que sempre investiram na minha educação, dentro e fora de
casa. Por sempre me ensinarem que nada na vida vem fácil e que sempre
temos que trabalhar duro para alcançar nossos objetivos. Que sempre me
incentivaram e apoiaram durante toda a trajetória do curso de Arquitetura e
Urbanismo.
Às minhas irmãs, Cinara e Ceciliana, que tantas vezes entenderam minha
ausência e me confortaram até mesmo em silêncio.
Às amigas e companheiras de TFG, Ilanna e Camilla, por compartilharem os
momentos de medo e de alegria, de dúvida e conhecimento durante todo o
desenvolvimento desse trabalho. À Giordana e Talisse, pelo companheirismo,
amizade, preocupação e por estarem sempre dispostas a me ajudar em tudo.
Graças a vocês criei forças em momentos difíceis nessa reta final.
A todos os professores que contribuíram para o meu crescimento intelectual
durante o curso, em especial à minha orientadora Bianca pela paciência e
confiança em meu trabalho.
Aos meus professores fora da universidade que através do estágio
contribuíram muito para a minha formação como Arquiteta e Urbanista. Adler,
Ilanna, Daniella, Petterson, Juliana, Mariana, Luciano, Alexandre, Rafaela,
Raissa.
Aos amigos da turma 2011.1, Amanda, Aline, Rafaela, Lívia, Gera, Gabriela,
Olga pelos trabalhos em grupo, o conhecimento compartilhado, as risadas e os
bons momentos.
Sou muito grata a vocês e a tantos outros que me formaram, sobretudo um
bom ser humano.
RESUMO
A alimentação apresenta na sociedade contemporânea um importante
papel nas viagens, tanto como uma necessidade biológica quanto como um
atrativo turístico, pois a cultura local será impressa na culinária. Sob esse
ponto de vista e levando-se em consideração Natal como sendo um polo
turístico no estado do Rio Grande do Norte, despertou-se a escolha do tema a
ser desenvolvido. O presente trabalho tem como objetivo principal desenvolver
o anteprojeto de um complexo gastronômico como sendo um espaço de lazer
e desenvolvimento econômico local, tendo como publico alvo o turista.
O trabalho foi desenvolvido na área de projeto de arquitetura e é
dividido em fundamentação teórica, estudos de referencias, desenvolvimento
do projeto e apresentação do produto final. Como resultado se tem o “Duna
Complexo Gastronômico”, localizado na praia de Ponta Negra, em Natal/RN.
Palavras-chaves: Complexo gastronômico; Turismo; Arquitetura.
ABSTRACT
In a contemporary society, which travel is one the most pleasant
activities, the feeding represents one of the many ways to know and enjoy a
place. Turns into a nice tourist program because culinary can easily highlight a
place's culture. From this point of view and keeping in mind Natal as a tourist
hub in the state of Rio Grande do Norte, this came up as a choice of theme
being developed. This paper has as most important aim to develop a draft of a
gastronomic complex as a space to relax and local economic development,
especially for tourists.
The work was developed in architectural project field and was split in:
Theoretical foundation, referential studies, development of project and
presentation of the final work. As results, the "Gastronomic Complex Duna",
located in Ponta Negra beach, Natal/RN.
Key words: Gastronomic complex; Tourism; Architecture.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Camarões Midway Mall .................................................................. 31
Figura 2 Vista interna do restaurants - salão de mesas. ............................... 32
Figura 3 Planta baixa térreo - Camarões Midway Mall. ................................. 33
Figura 4 Planta baixa - Mezanino Camarões Midway Mall. ............................ 34
Figura 5 Perspectiva da fachada do projeto arquitetônico - Eataly São Paulo. 34
Figura 6 Vista interna do térreo e primeiro pavimento - Eataly São Paulo. ..... 35
Figura 7 Planta baixa ilustrativa do térreo - Eataly São Paulo. ....................... 36
Figura 8 Planta baixa ilustrativa do 1º andar - Eataly São Paulo .................... 37
Figura 9 Planta baixa ilustrativa do 2º andar - Eataly São Paulo .................... 37
Figura 10 Perspectiva geral do complexo..................................................... 45
Figura 11 Prespectiva frontal nível da rua. ................................................... 46
Figura 12 Perspectiva interior do complexo ................................................. 46
Figura 13 Corte estacionamento no subsolo ................................................ 47
Figura 14 Localização do terreno para o projeto .......................................... 51
Figura 15 Terreno com cotas e área ............................................................ 52
Figura 16 Entorno do terreno escolhido em Ponta Negra, Natal. ................... 53
Figura 17 Terreno com níveis topográficos .................................................. 53
Figura 18 Esquema da trajetória solar e direção dos ventos aplicada ao terreno.
................................................................................................................. 54
Figura 19 Carta solar para a cidade de Natal-RN .......................................... 54
Figura 20 Rosa dos ventos para a cidade de Natal-RN. ................................. 54
Figura 21Imagens do terreno escolhido ....................................................... 55
Figura 22 Parâmetros para dimensionamento para banheiros acessíveis. ...... 61
Figura 23 Organograma Duna Complexo Gastronômico ............................... 70
Figura 24 Fluxograma geral ........................................................................ 71
Figura 25 Fluxograma Mercado ................................................................... 71
Figura 26 Fluxograma restaurantes de médio porte ..................................... 72
Figura 27 Fluxograma restaurantes de pequeno porte.................................. 72
Figura 28Croqui de concepção formal. ........................................................ 74
Figura 29 Croqui de implantação a partir dos condicionantes locais.............. 75
Figura 30 Croqui de implantação de acordo com a topografia natural do
terreno. ..................................................................................................... 75
Figura 31Esquema de zoneamento em 3D do Duna Complexo Gastronômico no
térreo. ....................................................................................................... 77
Figura 32 Planta baixa do Subsolo 01 com zoneamento. .............................. 78
Figura 33 Planta baixa térreo com zoneamento. .......................................... 78
Figura 34 Esquema do fluxo dos produtos na cozinha do restaurante. .......... 79
Figura 35 Esquema para com os acessos ao complexo. ................................ 83
Figura 36 Quadro de áreas com prescrições urbanísticas do projeto. ............ 84
Figura 37Gráfico com relação entre vão e espessuras das lajes em concreto
armado e protendido (Schmid,2009, p.09)................................................... 86
Figura 38 Simulação do forro aplicado ao projeto. ....................................... 88
Figura 39 Módulos dos Baffles para o forro acústico. ................................... 89
Figura 40 Modelo Linear Acoustics - Ambi Brasil ......................................... 90
Figura 41 Dunas de Jenipabu - RN. ............................................................. 92
Figura 42 Cobogó Duna .............................................................................. 92
Figura 43 Esquema de funcionamento da fachada ventilada. ........................ 93
Figura 44 Tabela ambiental - Megadreno Braston® ...................................... 94
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Prescrições urbanísticas para a ZET 1 ............................................ 56
Tabela 2 Especificações para rampas de acesso. .......................................... 57
Tabela 3 Programa de necessidades e Pré-dimensionamento do Duna
Complexo Gastronômico ............................................................................ 67
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 13
LAZER E TURISMO NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA .................................................. 16
TURISMO EM NATAL/RN .............................................................................................. 19
TURISMO GASTRONÔMICO .......................................................................................... 20
NOVAS TENDÊNCIAS - COMPLEXO GASTRÔNOMICO .................................................... 22
ARQUITETURA DE BARES E RESTAURANTES .............................................................. 23
ARQUITETURA DE MERCADOS .................................................................................. 28
ESTUDOS DE REFERÊNCIA ............................................................................................ 31
Estudo Direto ........................................................................................................... 31
Estudos indiretos ..................................................................................................... 34
Estudo formal .......................................................................................................... 47
CONDICIONANTES DE PROJETO ................................................................................... 51
CONDICIONANTES FÍSICOS....................................................................................... 51
CONDICIONANTES LEGAIS ........................................................................................ 55
MÉTODO DE PROJETO .................................................................................................. 66
PROGRAMA DE NECESSIDADES ................................................................................. 66
FLUXOGRAMA .......................................................................................................... 70
ESTUDOS PRELIMINARES .............................................................................................. 73
CONCEITO DO PROJETO ........................................................................................... 73
PARTIDO ARQUITETONICO ....................................................................................... 73
IMPLANTAÇÃO E RELAÇÃO COM O ENTORNO .......................................................... 74
ZONEAMENTO E SETORIZAÇÃO ................................................................................ 76
PRODUTO FINAL .......................................................................................................... 81
DUNA COMPLEXO GASTRONÔMICO ......................................................................... 81
DESCRIÇÃO TÉCNICA ............................................................................................... 84
CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 96
REFERÊNCIAS ............................................................................................................... 97
Duna Complexo Gastronômico 13
INTRODUÇÃO
Na nossa cidade contemporânea, marcada pelo o consumismo, as
pessoas buscam ocupar o tempo livre com opções de descanso ou lazer,
muitas vezes preferindo prazeres imediatos característicos de uma sociedade
movida pela pressa. Hoje, o lazer pode estar atribuído ao entretenimento,
turismo, divertimento e recreação, resultando assim em inúmeras opções de
lazer nas cidades, sejam elas gratuitas ou não. Porém, em geral, lazer na
sociedade capitalista está associado ao consumo de produtos e/ou serviços.
Para muitas pessoas a melhor opção de lazer é viajar, ou seja, sair do
lugar que provoca estresse diário, buscando novidades e bem estar. O turismo
é hoje uma atividade fundamental para o bem-estar da população com grande
importância no desenvolvimento cultural da sociedade como um todo, aonde
há a constante troca de conhecimento e experiências entre povos distintos.
Além do seu reconhecimento cultural, o turismo é ainda uma atividade de
grande importância no aspecto econômico da sociedade contemporânea, em
que apresenta condições de aumentar o consumo e a produção de bens,
serviços e empregos.
Natal está inserida nesse contexto como sendo uma cidade com forte
apelo turístico, devido principalmente às suas paisagens naturais. Logo, na
cidade, cada vez mais se investe em espaços voltados para o turismo, seja a
partir de iniciativas pública ou privada, aonde o retorno já é sentido em
diversas áreas. Uma delas onde esse crescimento é muito notável é na área de
serviço e comércio, tendo a gastronomia como forte produto turístico, a qual é
indispensável para um bom desenvolvimento da atividade turística e ainda
possui grande destaque na movimentação da economia. Junto a isso, a
gastronomia se revela como peça primordial na divulgação da cultura regional
Duna Complexo Gastronômico 14
de um lugar, pois o alimento carrega nele características relativas a fatores
emocional, cultural, social e ambiental de um povo.
Dentro dessa problemática, esse trabalho tem como objetivo apresentar
o anteprojeto de um Complexo Gastronômico, que venha a oferecer à Natal,
seus moradores e visitantes, um espaço de lazer e encontro com opções de
gastronômicas aonde pode-se aproximar da cultura regional. O complexo
contará com cinco restaurantes, sendo dois de médio porte, três de pequeno
porte; um bar e nove boxes de mercado com produtos regionais.
O presente trabalho é composto por dois volumes, sendo o volume I o
presente memorial, e o volume II, o caderno de pranchas e imagens das
perspectivas referentes à proposta arquitetônica final. O volume I é dividido
em quatro partes, a primeira é a fundamentação teórica, com os principais
conceitos relacionados ao tema; a segunda refere-se aos estudos de referência
com usos similares ao proposto.
A terceira parte apresenta o desenvolvimento do projeto, com estudos
das condicionantes físicas e legais referentes ao sitio; programa de
necessidades, pré-dimensionamento, e fluxograma.
A quarta e ultima parte refere-se à apresentação final do projeto, aonde
se explica as decisões tomadas, métodos construtivos, acessos, revestimentos.
Duna Complexo Gastronômico 16
LAZER E TURISMO NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA
O lazer vem adquirindo lugar de crescente destaque em nossa
sociedade contemporânea, contrapondo-se ao que movimenta a sociedade
industrial - o trabalho. O lazer como conhecemos hoje, surgiu com o período
da Revolução Industrial, em que os proletariados com longas jornadas de
trabalho, começaram a reivindicar uma melhor distribuição social do “tempo” a
partir do início do século XX, a fim de aumentar o tempo para suas atividades
de lazer para compensar a exaustão adquirida. O Movimento Trabalhista
Internacional contribuiu diretamente para a evolução no aumento do tempo
livre e para uma abordagem mais racionalizada e positiva do lazer enquanto
fenômeno social. A necessidade e importância dada ao lazer, a partir de então,
despertou o interesse em alguns estudiosos a realizarem pesquisas sobre o
tema, nas mais diversas áreas como, por exemplo, Administração,
Antropologia, Arquitetura e Urbanismo, Comunicação Social, Direito,
Economia, entre outros.
Geralmente o significado de lazer esta relacionado ao "não-trabalho",
tempo livre ou desocupado dedicado à diversão, à recuperação de energias, à
fuga das tensões e os problemas do cotidiano. Alguns estudiosos, pessoas
comuns considerem uma perda de tempo ou que o lazer não faz parte das
necessidades essenciais de uma sociedade, as pessoas precisam de momentos
de ócio para alcançar uma melhor qualidade de vida.
Vários autores buscam uma definição para lazer, sob diversos pontos de
vista. Porém o conceito mais difundido no Brasil, sobre o tema, foi exposto por
Dumazedier:
Um conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode entregar-
se de livre vontade, seja para repousar, seja para divertir-se,
recrear-se, entreter-se ou, ainda para desenvolver sua
informação ou formação desinteressada, sua participação social
voluntária ou sua livre capacidade criadora após livrar-se ou
Duna Complexo Gastronômico 17
desembaraçar-se das obrigações profissionais, familiares e
sociais. (DUMAZEDIER, 1973, pag. 34).
Após Dumazedier outros autores ampliaram o conceito de lazer em
busca de uma visão mais abrangente sobre o tema, como Marcellino (1990)
que associa lazer à cultura, aonde o indivíduo poderá ser tanto consumidor
quanto produtor dessa. Ainda relacionando o lazer com a cultura, surge um
conceito de outro autor:
Lazer como uma dimensão da cultura constituída por meio da
vivência lúdica de manifestações culturais em um
tempo/espaço conquistado pelo sujeito ou grupo social,
estabelecendo relações dialéticas com as necessidades, os
deveres e as obrigações, especialmente com o trabalho
produtivo (GOMES, 2004, p. 125).
A partir do conceito de Gomes, entende-se que o lazer é um conjunto
de experiência e vivências adquiridas durante a vida, que não se limita ao
conjunto de ocupações como apresentado por Dumazedier, pois dessa forma o
autor desconsidera o ócio, momento propício para a prática do lazer. Além
disso, a autora afirma que ao colocar o lazer em contraposição ao trabalho e
às demais obrigações compartimentam-se as dimensões da vida, como se esta
possuísse limites claros, rígidos. De acordo com a autora, isso não seria
possível uma vez que o lazer estabelece estreitas relações com as demais
dimensões da vida humana: trabalho, família, religião, educação, política,
dentre outras.
A importância do lazer para a sociedade é ainda reforçada com o
reconhecimento desse como direito social, presente na Declaração Universal
dos Direitos Humanos1 e na Constituição Federal do Brasil2.
1 Aprovada em 1948 pela Assembléia Geral das Nações Unidas (art. 24) (ONU, 1948).
2 "São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, o lazer, a segurança, a previdência social,
a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta
Constituição” (BRASIL, 1988, cap. II, artigo 6º).
Duna Complexo Gastronômico 18
O turismo, considerado por alguns autores como um dos produtos do
lazer é outro fenômeno que também apesar de já existira muito tempo, se
massificou após a Revolução Industrial e também a Segunda Guerra Mundial,
devido às reivindicações trabalhistas, aos avanços tecnológicos na área de
transportes e comunicações, entre outras melhorias na sociedade. Todavia um
fenômeno não se sobrepõe ao outro, lazer e turismo possuem conceitos
distintos em que o turismo é mais do que uma atividade de lazer e lazer é
mais do que uma tipologia do turismo.
Muitos autores entendem o turismo como uma atividade de importância
basicamente econômica para a sociedade, como sendo uma “indústria” de
viagens, que favorece os negócios e o comércio dos mais variados produtos e
serviços. Embora o turismo movimente muito o setor econômico de uma
cidade, gerando empregos e aumentando a venda de bens e serviços, esse
fenômeno é muito importante para o campo social e cultural.
O turismo é um fenômeno social, que consiste no
deslocamento voluntário e temporal de indivíduos ou grupos de
pessoas que, fundamentalmente por motivos de recreação,
descanso, cultura ou saúde, saem do seu local de residência
habitual para outro, no qual não exercem nenhuma atividade
lucrativa nem remunerada, gerando múltiplas inter-relações de
importância social, econômica e cultural. (De La Torre, 1994
apud MOESCH 2002, p. 12).
Pensar o turismo apenas sob o aspecto econômico e comercial pode
levar a um empobrecimento, por ser este compreendido como um fenômeno
mais complexo do que simples negócio ou produto, já que este envolve tanto
as pessoas que realizam as viagens quanto as que recebem os viajantes e,
portanto, o encontro entre diferentes culturas, sendo vivenciado dentro de
contextos históricos, políticos e sociais.
Seguindo a tendência da segmentação de mercado, a atividade turística
é segmentada de acordo com as diferentes motivações das viagens. Segundo
Duna Complexo Gastronômico 19
Youell (2002), o turismo pode ser segmentado em: turismo de lazer, turismo
de negócios e turismo de visita a amigos e parentes. De acordo com o autor, o
turismo de lazer é o mais comum, podendo ser dividido em: férias, saúde e
boa forma física, esporte, religião, instrução e cultura.
Nesse trabalho será abordada principalmente a temática do turismo
gastronômico, que pode ser enquadrada no turismo de lazer como sendo a
alimentação um fator cultural.
TURISMO EM NATAL/RN
A atividade turística em Natal vem crescendo devido aos investimentos
realizados pelo poder público. Dessa forma, o turismo vem se consolidando
como atividade econômica bastante significativa para a economia da cidade e
do estado.
Na década de 1990, a política do Programa de Desenvolvimento do
Turismo no Rio Grande do Norte – PRODETUR/RN – veio consolidar a atividade
turística na Cidade, com investimentos em áreas de praia. Os espaços
contemplados com esses recursos foram a praia de Ponta Negra e a Via
Costeira. Com isso, o bairro de Ponta Negra recebeu algumas melhorias em
sua infraestrutura, como por exemplo: esgotamento sanitário, drenagem,
pavimentação, urbanização e iluminação pública. (FONSECA, 2005)
A consequência espacial após a execução das Políticas de Turismo foi a
melhoria e aumento da infraestrutura turística na cidade, observada
principalmente pelo aumento do número dos locais de hospedagem na região.
Essas melhorias atraíram novos investidores internacionais e,
consequentemente, na instalação de novos estabelecimentos de renome
internacional no bairro.
Além do desenvolvimento econômico, o crescimento da atividade
turística também despertar o processo de urbanização. Esse fenômeno é
Duna Complexo Gastronômico 20
percebido no bairro de Ponta Negra, principalmente ao longo da Avenida
Engenheiro Roberto Freire, importante avenida que liga os bairros da zona sul
à Ponta Negra. De acordo com Furtado (2005), a partir dos meados dos anos
de 1990, essa Avenida passa a concentrar uma variedade de serviços,
notadamente do ramo gastronômico e demais serviços, destinados a atender
tanto os turistas quanto residentes dos bairros próximos.
A modalidade de turismo praticado em Natal é baseada no turismo de
massa, modalidade essa que se volta para o turismo de lazer e recreação.
Dessa forma, o processo de urbanização turística vem transformando os
espaços de lazer da cidade em espaços turísticos.
Embora Ponta Negra seja considerada um forte polo turístico da Cidade,
no bairro ainda é muito forte a presença dos residentes, tanto pelas classes
socioeconômicas elevadas, quanto pelas populares. Esses também fazem uso
da praia como opção recreação e lazer, além dos equipamentos construídos a
partir dos investimentos na área do turismo, como bares, restaurantes, boates,
entre outro.
Portanto, a praia de ponta negra é considerada o principal espaço
turístico da cidade, frequentada tanto por residentes como por turistas
advindos de várias partes do Brasil e do Mundo, em busca de espaços de lazer
e recreação.
TURISMO GASTRONÔMICO
A alimentação vem se firmando cada vez mais um atrativo turístico em
potencial nas viagens, tanto a lazer ou não. Devido a isso, os investimentos e
desenvolvimento na área do turismo gastronômico estão em constante
crescimento. Logo, a alimentação exerce uma grande contribuição no
crescimento da economia no setor de turismo.
Duna Complexo Gastronômico 21
O alimento além de ser uma fonte rentável para a economia, também
exerce um importante papel como um divulgador da cultura local. As buscas
pelas raízes culinárias e a forma de entender a cultura de um lugar por meio
de sua gastronomia está adquirido importância cada vez maior.
Assim como a língua falada, o sistema alimentar contém e
transporta a cultura de quem a pratica, é depositário das
tradições e da identidade de um grupo. Constitui, portanto, um
extraordinário veículo de autorepresentação e de troca cultural:
é instrumento de identidade, mas também o primeiro modo
para entrar em contato com culturas diversas, uma vez que
comer a comida de outros é mais fácil, pelo menos
aparentemente, do que decodificar sua língua. (MONTANARI,
2008, p. 183).
A gastronomia tradicional de um local utilizada pelo turismo faz parte
também do cotidiano daquela população. Logo, ao consumir o produto do
turismo gastronômico, o viajante entra em contato com a cultura local e
consequentemente com o anfitrião da região. Isso fortalece o intercambio
cultural entre os povos, como também a diversidade cultural.
Entretanto para haver sucesso nesse setor do turismo, os gestores e
empreendedores devem buscar meios para atrair esses turistas ao consumo.
Esse processo deve preservar sempre a cultura local, através da participação
direta da comunidade local a fim de garantir a tradição de todo o processo.
Muitas localidades fazem uso das suas raízes e tradição cultural para, através
da culinária, se tornar um atrativo aos turistas (FAGLIARI, 2005).
Na cidade contemporânea existem diversos elementos gastronômicos
que podem ser utilizados no setor turístico. Os elementos mais comuns são os
bares e restaurante, pois esses fazem parte do cotidiano da população tanto
do turista, como do anfitrião. Logo, por ser um equipamento já conhecido por
muitas pessoas, o desafio de transformá-lo em um atrativo turístico se torna
maior.
Duna Complexo Gastronômico 22
O local pode se tornar um atrativo turístico ao fazer uso de algumas
estratégias, como: um cardápio diferenciado com comida de boa qualidade;
pela sua localização estratégica próximo à outros pontos turísticos; o uso da
tematização do estabelecimento, desde o cardápio a decoração e local; uso de
cozinha e elementos típicos da cidade ou região, entre outras.
Outro tipo de estabelecimento que atrai muitos turistas é o mercado,
pois muitas pessoas sentem a necessidade de comprar algo durante as
viagens, em que muitas vezes esses produtos são típicos do local. Nos
mercados a relação entre turista – morador se torna mais estreita, pois esses
espaços fazem parte do cotidiano das comunidades. Portanto, é importante
que o empreendedor ou o responsável pelas vendas seja da comunidade, para
que o intercambio cultural seja estabelecido.
NOVAS TENDÊNCIAS - COMPLEXO GASTRÔNOMICO
A multiplicidade de funções em um mesmo espaço é uma estratégia
adotada por elementos gastronômicos a fim de atrair turistas para os
estabelecimentos. Esses espaços possuem como característica principal, a
reunião de mais de um tipo de estabelecimento em um único edifício/espaço.
Como, por exemplo, os complexos gastronômicos que reúnem em um único
estabelecimento restaurantes, bares, mercados, escola de gastronomia, lojas,
entre outros.
Como o objetivo central desse trabalho é a realização de um anteprojeto
de um complexo gastronômico, nesse tópico buscou-se entender melhor
como funcionam os espaços em cada tipo de estabelecimento (mercado e
restaurante), para então poder estabelecer relações entre os dois e desenvolver
a proposta do complexo gastronômico.
Duna Complexo Gastronômico 23
ARQUITETURA DE BARES E RESTAURANTES
Um projeto arquitetônico bem elaborado para espaços é imprescindível
no sucesso de um estabelecimento gastronômico e pode custar de 2% a 7% do
valor total a ser investido (MARICATO, 2010).
Para tal, é importante que haja uma relação estreita entre empresário e
arquiteto para melhor entendimento do espaço a ser implantam, do público-
alvo, dos objetivos, a qualidade do serviço, do montante disponível a ser
investido, das restrições com a legislação local.
Para o projeto arquitetônico ser aprovado em órgão municipal, deve-se
seguir algumas normas, principalmente por ser considerado um local de
reunião de pessoas e também por possuir espaço que trabalham com o
manuseio de alimentos deve seguir normas de higiene sanitária específicas.
Algumas medidas são imprescindíveis, como: tanques de reserva para o caso
de falta d’água ou para o combate à incêndios, para locais de maior porte;
paredes e tetos de fácil limpeza, impermeáveis, resistentes e de cor clara;
ladrilhos de formato, cor e padrão fáceis de serem encontrados e substituídos;
piso em material antiderrapante.
Um ponto muito importante para o sucesso do estabelecimento é o local
onde esse será implantado. As condições urbanas do local devem ser as
primeiras analisadas para se fazer a escolha do local. O bairro deve ter água e
energia suficientes, ruas asfaltadas, tratamento de esgotos, recolhimento de
lixo frequente, acessos fáceis, gás de rua, se possível. Devem ser evitados
locais próximos a vias de transito muito intenso e rápido de veículos.
Atualmente é de fundamental importância prever espaço para
estacionamento de veículos, pois é um dos motivos que determina a escolha
do estabelecimento por parte dos clientes.
O projeto arquitetônico para bares e restaurantes não deve se restringir
apenas ao conforto dos clientes. As zonas de trabalho, principalmente da
Duna Complexo Gastronômico 24
cozinha, devem ser bem planejadas. A garantia do bem-estar dos funcionários
também deve ser observada, atentando para a necessidade de vestiários,
refeitórios, zonas de descanso, circulações e acessos.
As demais instalações do edifício deverão ser pensadas desde o projeto
arquitetônico, como a previsão de geradores, pois grande parte do
funcionamento do restaurante está ligada a energia elétrica. Instalações
elétricas, hidráulicas e de esgoto, de combate à incêndio devem ser projetadas
por profissionais competentes, a fim de garantir a segurança do local, clientes
e funcionários.
Áreas para Clientes
O espaço destinado aos clientes deverá ser o mais amplo, nobre e de
fácil. O espaçamento e a escolha dos móveis para esse espaço é muito
importante para o bem-estar do cliente e influencia diretamente no sucesso do
estabelecimento. O dimensionamento das mesas e o espaçamento entre elas
deverão ser bem planejados, a fim de garantir o conforto dos clientes e a
facilidade na circulação dos garçons.
O balcão de bares e restaurantes deve estar em local bem escolhido e de
acesso imediato, pois não é conveniente que se tenha de atravessar o salão
para chegar ao bar.
O caixa deve estar localizado em um ponto que se uma visão ampla do
salão, para que se possa supervisionar o seu funcionamento. Além disso, é
indicado o caixa estar próximo à saída, em que se possa controlar melhor os
pagamentos.
Os toaletes não devem ficar muito afastados, mas também não muito
próximos ao salão de mesas. Esses devem ser confortáveis, amplos e
projetados de forma a evitar o constrangimento dos clientes.
Duna Complexo Gastronômico 25
A decoração do ambiente interno é um ponto muito importante na
concepção de um restaurante. Ela pode estar diretamente relacionada ao estilo
de cardápio do restaurante e ao seu conceito. Através da decoração é possível
conquistar muitos clientes, com espaços aconchegantes, lúdicos, confortáveis.
Restaurantes com apelo cultura, em pontos turísticos, podem tirar partido da
cultura local como forma de inspiração na decoração.
Cozinha e Serviço
A cozinha deverá ser planejada e dimensionada de acordo com o tipo, a
quantidade e a qualidade de refeições servidas pelo restaurante. Logo, o
projeto deve propiciar ao espaço uma boa produtividade, qualidade e
funcionalidade ao estabelecimento. Sua localização deve ser estratégica,
deverá ser de fácil acesso aos funcionários e estar ligada às despensas,
câmaras frigoríficas, estoques. Deve ter ligação com o salão de mesas, porém
não deve ser muito próximo devido a passagem de odores e ruídos
provenientes desse setor.
Em questões de estrutura básica, uma cozinha industrial pode ser
dividida nos seguintes espaços (SEBRAE, 2013):
recepção e armazenamento, onde é feita a pesagem, controle
qualitativo, quantitativo e armazenagem dos alimentos. Estão nesse setor as
câmaras frigoríficas e os almoxarifados para secos;
pré-preparo, onde são executados os descasques, fatiamentos e
lavagem para desinfecção;
copa, a qual responde pelos serviços de sobremesas e bebidas;
preparo, onde é realizado o cozimento dos alimentos;
higienização, a qual corresponde aos serviços de lavagem de
utensílios;
distribuição, onde á o atendimento ao público;
Duna Complexo Gastronômico 26
serviços, correspondendo aos vestiários, sanitários, lavanderia;
administração, onde trabalha o corpo técnico responsável.
O pé-direito recomendado deve ser tal que proporcione fácil
higienização e gere uma boa forma de ventilação e distribuição de luz. Assim,
para cozinhas de grande produção, recomenda-se um pé-direito entre 3,60m
e 4,50m e para áreas de depósito, circulações e áreas administrativas, pé-
direito de 3,00m (ORGANIZAÇÃO, 2006).
Nas cozinhas industriais deve prevalecer a cor branca, devido à larga
utilização do aço inoxidável nos equipamentos e materiais, pois a cor branca
não interfere no índice de reflexão do aço, o que não cria cantos e ambientes
escuros. Além disso, as cores claras são usadas também a fim de demonstrar o
nível de sujidade do ambiente (ANVISA, 2004).
O piso deve ser lavável, não absorvente, antiderrapante (devido à
presença de gorduras, óleos, detergentes, entre outros elementos
escorregadios), sem fendas nem rachaduras e que facilitem a limpeza e
desinfecção. Além disso, devem suportar tráfego intenso e com alta resistência
à abrasão (PEI 5), ser anticorrosivo para suportar os agentes químicos
provenientes da limpeza e quando necessário, possuir rejuntamento antiácido
(ANVISA 2004).
Devem também ter desnível suficiente para que os líquidos drenem
naturalmente em direção às saídas dotadas de ralos sanfonados e grelhas de
recolhimento com tela de proteção, evitando assim que a água fique
empossada, a entrada de animais e o retorno de odores indesejáveis. Deve ser
dada preferência para os monolíticos, para melhor utilização de carros de
transportes (ANVISA 2004).
As portas em cozinhas industriais devem ser lisas e de material não
absorvente, além de perfeitamente ajustadas às respectivas esquadrias. Devem
Duna Complexo Gastronômico 27
ser evitadas folgas entre a porta e o piso, a fim de impedir a entrada de insetos
e roedores.Já para as janelas e outras aberturas, a recomendação é de que
sejam projetadas de modo a evitar o acúmulo de sujeiras e serem providas de
sistema de barramento da entrada de insetos, com tela, por exemplo. Sua
localização deve estar na parte superior da parede, gerando o chamado “efeito
chaminé” e propiciando a troca de ar com mais facilidade, além de, dessa
maneira, conseguirem uma boa iluminação natural de forma bem distribuída,
sem gerar sombras e incidência direta de luz (ABERC, 2008).
Acústica
O conforto acústico nos ambientes de bares e restaurante mostra-se
essencial para clientes e funcionários. Por ser um ambiente de reunião de
pessoas, é normal o intenso ruído provocado por conversas paralelas na área
das mesas, como também o ruído gerado pelas louças e talheres. Dessa forma,
o projeto acústico é fundamental nesses ambientes, através do uso de
materiais absorventes nas paredes, forro, estofados nos móveis do salão de
mesas entre outras soluções.
Devido à presença de máquinas, sistemas de exaustão, manipulação de
utensílios, água, vapor, impactos nas superfícies inoxidáveis, entre outros, o
nível de ruído nas cozinhas industriais tende a ser alto, sendo potencializado
pelo elevado pé-direito necessário e a existência de superfícies não
absorventes. No projeto, deve-se ter o cuidado no que se refere à escolha de
materiais, pois, normalmente os minimizadores de ruídos são elementos
porosos, não recomendados para as cozinhas, exceto no tratamento de forros
(SILVA FILHO, 1996). Deve-se prever um isolamento acústico entre a cozinha e
a área de refeições, tomando-se o cuidado para que materiais porosos não
fiquem em contato direto com a cozinha.
Duna Complexo Gastronômico 28
Atualmente há uma tendência de, num futuro próximo, as leis
municipais exigirem isolamento acústico para conceder alvarás. Essa medida
já é exigida na cidade de São Paulo, onde o estabelecimento deve apresentar
laudo de acústica para liberar o alvará de funcionamento dos bares e
restaurantes. (MARICATO, 2010, pag. 59)
ARQUITETURA DE MERCADOS
O edifício do mercado no Brasil se inspirou nos moldes europeu, que é
um edifício fechado, de formato retangular, com ruas/avenidas que abrigam as
lojas e também é dotado de uma praça. Essa tipologia fez tanto sucesso no
Brasil que foi difundido rapidamente por todo o território nacional e assumiu
características próprias de cada região. O seu objetivo era basicamente
abastecer a população, na maioria das vezes somente com produtos
alimentares.
O antecessor do mercado são as feiras livres, que se caracterizavam pela
apropriação das ruas por parte dos comerciantes e suas barracas. Na feira,
todos estão convidados a entrar e comprar devido à inexistência de barreiras
entre a feira e o espaço urbano. Desta forma, a feira além de um espaço
comercial era também um espaço de convívio social na cidade.
Os mercados públicos tradicionais caíram em desuso após mudanças
nas atividades comerciais na cidade contemporânea, observada em espaço
como os shoppings centers, hipermercados e grandes magazines.
No final do século XX e inicio do século XXI, com a globalização e a
valorização da cultura regional, o Mercado Público volta aos poucos à cena
urbana, desta vez, requalificado e adaptado aos desejos de consumo da
cultura local. O espaço passa a ter suas funções voltadas não apenas para o
consumo da população local, mas também atua como personagem do Turismo
Cultural.
Duna Complexo Gastronômico 29
Portanto, os mercados atualmente são considerados atrativos de
interesse turístico, aonde o visitante busca ter um contato mais próximo com a
população local e o mercado, por esse ser essencialmente um lugar
“tradicional”, o turista vai em busca principalmente de um intercambio cultural.
Duna Complexo Gastronômico 31
ESTUDOS DE REFERÊNCIA
Estudo Direto
Restaurante Camarões Midway Mall
O Camarões Restaurante é um estabelecimento de grande renome em
Natal, RN. O primeiro restaurante foi construído em 1988, no bairro de Ponta
Negra, em Natal. Desde então a rede vem crescendo na cidade e conta hoje
com quatro sedes na cidade, duas em Ponta Negra e outras duas em dois
importantes shoppings, Natal Shopping e Midway Mall. Hoje os restaurantes
são visitados não somente por muitos natalenses, mas também por muitos
turistas.
Figura 1 Camarões Midway Mall
Disponível em: http://www.camaroes.com.br/
Para realizar o estudo de referência foi escolhido o restaurante do
shopping Midway Mall, por estar dentro de um shopping e dividir seu espaço e
instalações com outros estabelecimentos em um mesmo edifício. Além de
entender o funcionamento da zona de serviço do restaurante dentro do
shopping, também entender a organização da cozinha.
A unidade do Midway foi projetada pela arquiteta Rita Macedo e foi
inaugurada em 2010 e fica localizado no terceiro piso do shopping, em que
seu acesso é somente pelo interior do mesmo. O restaurante possui área de
866,67m², com capacidades para 250 lugares. O horário de funcionamento é
Duna Complexo Gastronômico 32
de segunda a sábado de 11h30 às 15h30 e domingos 11h30 às 14h, no
almoço; no jantar de segunda à quinta das 18h30 às 22h30, sexta e sábado
das 18h30 às 23h30 e aos domingos das 18h30 às 22h30. O estacionamento é
o mesmo oferecido pelo shopping.
Figura 2 Vista interna do restaurants - salão de mesas.
Disponível em: http://www.camaroes.com.br/
O restaurante possui decoração rústica e contemporânea, com uso da
madeira muito presente, cerâmica e palha, entre outros elementos que
representam a cultura nordestina.
O espaço é dividido em térreo e mezanino, em que no térreo estão
todas as mesas, distribuídas em 04 espaços, e a cozinha. No mezanino estão
os escritórios, depósitos e os banheiros para os funcionários. A estrutura do
restaurante visível aos clientes são alguns pilares que foram revestidos com
madeira, que apesar de terem uma grande secção não comprometeram o
espaço.
As mesas em sua maioria são retangulares (1,20x0,70m), algumas
encontradas na parede com 4 cadeiras, outras com duas cadeiras mais sofá e
outras totalmente livres no meio do ambiente. As mesas são confortavelmente
distribuídas em todo o salão, de modo a garantir uma boa circulação entre os
garçons e clientes. Mesas redondas com 1,10m de diâmetro, para 4 cadeiras,
fazem parte do mobiliário do Camarões Midway.
Duna Complexo Gastronômico 33
Ainda no salão de mesas, a arquiteta aplicou alguns elementos para
melhorar o conforto acústico no ambiente, como estofados nas cadeiras e
sofás, forros acústicos perfurados e o mesmo material em algumas paredes,
forro com madeira ripada como elemento estético e acústico e cortinas entre
alguns espaços.
A zona de preparação dos alimentos é formada por uma cozinha ampla,
área de lavagem de panelas e pratos (separadas), pré-preparo de saladas e
legumes com câmaras frias diretamente interligadas, uma câmara fria com
acesso independente. O lixo resfriado esta isolado, próximo a área de lavagem
e saída do restaurante para a zona de serviço do shopping. Essa zona de
cozinha ainda conta com bar e copa, que estão abertas para o salão de mesas.
Figura 3 Planta baixa térreo - Camarões Midway Mall.
Fonte: Planta cedida pela autora do projeto.
Nota: Adaptação da autora, 2016.
O térreo do restaurante esta conectado com o mezanino por uma
plataforma e escada no interior, próximo à cozinha, com acesso apenas para
funcionários. No mezanino estão duas salas para a administração do
restaurante, uma sala para o provedor, um almoxarifado, casa de máquinas,
banheiros e vestiários para os funcionários. Ainda no mezanino, mais uma sala
de pré-preparo para carnes com duas câmaras frias abrindo para seu interior.
COZINHA
MESAS MESAS RECEPÇÃO
COPA/BAR
PRE-
PREPARO
LAVA
GEM
LIXO
Duna Complexo Gastronômico 34
Figura 4 Planta baixa - Mezanino Camarões Midway Mall.
Fonte: Planta cedida pela autora do projeto.
Nota: Adaptação da autora, 2016.
A visita às instalações internas do restaurante foi de extrema
importância, pois embora os livros tenham mostrado muita coisa sobre o
funcionamento de uma cozinha industrial, vivenciar um pouco dos fluxos e
dinâmica da cozinha foi esclarecedor para projetar os espaços dos
restaurantes do Duna. Além disso, o programa do Camarões se assemelha
bastante com o esperado por esse projeto, pois os restaurantes do Complexo
deverão apresentar o mesmo perfil de cardápio e gastronomia do restaurante
Camarões.
Estudos indiretos
Eataly
Figura 5 Perspectiva da fachada do projeto arquitetônico - Eataly São Paulo.
Disponível em: vejasp.abril.com.br
ADM
PRE-
PREPARO BWC
ALMOX.
ADM
Duna Complexo Gastronômico 35
Eataly é uma rede italiana de supermercado de alimentos que oferece,
em sua maioria, produtos regionais do país. Além da vasta oferta das gôndolas
no mercado, o empreendimento reúne também alguns pequenos restaurantes
em seu complexo.
Figura 6 Vista interna do térreo e primeiro pavimento - Eataly São Paulo.
Disponível em: vejasp.abril.com.br
A primeira unidade foi inaugurada há oito anos, pelo piemontês Oscar
Farinetti, em Turim. De lá pra cá, a cadeia soma 28 lojas em cinco países – com
filiais em metrópoles como Nova Iorque, Roma e Tóquio. Todas as unidades
possuem o mesmo programa e linguagem estética. A sede recém inaugurada
no Brasil está localizada em São Paulo, na Avenida Presidente Juscelino
Kubitschek, no bairro Itaim.
No total, o complexo conta 3 andares, 4.500m², 18 pontos de
alimentação, 7 Restaurantes Temáticos, 1 Bar e Restaurante a Céu Aberto, 22
Departamentos de Mercado, 7 mil produtos no mercado, 520 funcionários (95
chefs, sous chefs, chefs de partida e ajudantes de cozinha; 250 gerentes,
garçons, cumins e hostess; 150 coordenadores, repositores, estoquistas,
consultores de atendimento; 5 funcionários de manutenção; 20 funcionários
administrativos), 5 laboratórios de produção local e 1 sala de aula.O complexo
gastronômico conta com dois andares de subsolo de estacionamento para seus
clientes.
Duna Complexo Gastronômico 36
A entrada e saída dos clientes se dão pela fachada frontal, onde também
estão os caixas de pagamento. Após a entrada encontram-se gôndolas com
produtos relacionados à gastronomia e utensílios de cozinha, e seguida estão
as gôndolas com produtos de hortifruti. Além da área de compras de mercado,
o pavimento térreo conta com cafeteria, gelateria, padaria, lojas de doces, de
salames e queijos, entre outros, todos compartilhando o mesmo espaço, sem
divisórias físicas, com 255 lugares para comer e beber.
Figura 7 Planta baixa ilustrativa do térreo - Eataly São Paulo.
Disponível em: vejasp.abril.com.br
O primeiro pavimento também conta com área de mercado com vinhos,
açougue, massas, azeites, entre outros. Além disso, estão outros restaurantes
como o restaurante La Carne (canes), Il Pesce (frutos do mar), a pizzaria Rosso
pomodoro, a trattoria La Pasta com massas frescas elaboradas na rotisseria
local, um café e uma adega. São 315 lugares para comer e beber. O complexo
ainda oferece uma sala de 18 lugares para ensino de gastronomia.
Duna Complexo Gastronômico 37
Figura 8Planta baixa ilustrativa do 1º andar - Eataly São Paulo
Disponível em: vejasp.abril.com.br
O segundo pavimento é ocupado apenas por um restaurante, o maior de
todos, o Brace Bar e Griglia, com 180 lugares. É o único onde se pode fazer
uma refeição completa, da entrada à sobremesa. Tem cozinha e cardápio da
chef Ligia Karazawa, que põe os grelhados em primeiro plano. Tudo passa
pelas brasas que dão nome ao espaço, dividido com um bar de cervejas
artesanais feitas lá mesmo. O teto de vidro é móvel e confere charme especial.
Figura 9 Planta baixa ilustrativa do 2º andar - Eataly São Paulo
Disponível em: vejasp.abril.com.br
Duna Complexo Gastronômico 38
Uma das minhas maiores inspirações para a escolha do tema desse
projeto foi o Eataly, após visita a uma de suas sedes, em Milão, Itália. O
complexo cria um ambiente muito convidativo a todos os amantes, ou não, da
gastronomia. É também um espaço para o público se aproximar da cultura de
origem do empreendimento, a italiana, somente através da gastronomia do
país a qual é muito rica e diversificada.
Com isso, atentei para o potencial que o nordeste brasileiro tem em ter
um espaço como esse para apresentar aos seus visitantes a cultura local
através da gastronomia.
Restaurante Nau – Brasília, Brasil
Figura 10 Fachada Restaurante Nau Brasília
Fonte: ArchDaily Brasil.
O Restaurante Nau, localizado na capital do país, Brasília, buscou levar
para o cerrado a harmonia do litoral paraibano. Inaugurado em 2010, o
projeto de Sandra Moura se desenha em pouco mais de sete mil metros
quadrados de referências modernas, sóbrias e ao mesmo tempo lúdicas. Para
materializar o conceito na sua forma arquitetônica, a arquiteta fez a junção o
concreto que é um elemento bastante presente em Brasília, o espelho d'água
que faz referência ao litoral paraibano.
Duna Complexo Gastronômico 39
Figura 11 Passarela de acesso sobre o espelho d'água.
Fonte: ArchDaily Brasil.
O programa do restaurante foi distribuído em três pavimentos. No
térreo estão o salão principal, a cozinha e os ambientes de apoio. No subsolo
estão estacionamento e equipamentos técnicos. E o andar superior abriga o
mezanino e área para eventos.
Figura 12 Planta baixa do térreo - Nau Brasilia
Fomte: ArchDaily Brasil.
O salão de mesas do Nau segue o conceito de ter vários ambientes
porem sem nenhuma barreia física, fazendo uso apenas de diferentes
elementos decorativos, como luminárias e diferentes tipos e tamanhos de
Duna Complexo Gastronômico 40
mesas. Já a cozinha é muito completa e muito bem distribuída, aonde fica
claro o entendimento dos fluxos em seu interior e a preocupação com o não
cruzamentos da cozinha limpa com a cozinha suja.
As soluções apresentadas no Nau para layout da cozinha e do salão de
mesas serviram para o melhor entendimento dos fluxos de um restaurante,
principalmente por apresentar um amplo programa de necessidades.
Markthal Rotterdam – Rotterdam,Holanda
O grande mercado histórico de Rotterdam, antes totalmente a céu
aberto, se transformou no maior mercado coberto da Holanda, em 2004. O
projeto é do escritório holandês MVRDV (fundado por três arquitetos,
WinyMaas, Jacob van Rijs e Nathalie de Vries, na cidade de Rotterdam).
O projeto final foi fruto de um concurso e devido às necessidades do
próprio município de criar mais espaços de habitação no centro da cidade, o
projeto exigia que além do mercado dispusesse também de uma grande área
de habitação. O que tornou essa concepção um desafio ainda maior.
Figura 13 Mercado de Rotterdam, Holanda.
Fonte: ArchDaily Brasil.
A ideia de cobrir por completo um mercado tão antigo, no coração da
cidade, veio do principio das novas regras de higienização que aos poucos se
instalam na Europa, em pouco tempo não será mais permitida a venda de
Duna Complexo Gastronômico 41
alimentos frescos ao ar livre. Dessa forma era interessante para o projeto que
além de cobrir o mercado não tirasse a identidade de um comércio antigo, de
rua, aberto.
A solução veio em compatibilidade com a necessidade de
implementação de habitação, pois o mercado se transformou em um grande
hall, com fachada predominantemente de vidro, permitindo iluminação,
evitando assim que o mercado se tornasse algo escuro e “escondido”, o que
não acontecia nas ruas. “Ao adicionar um pouco de espaço para os andares
mais baixos, um espaço extra de varejo, o volume do arco acabou sendo de
120 metros de comprimento, 70 metros de largura e 40 metros de altura.”
(ARCHDAILY, 2014).
Figura 14 Interior do mercado - Markthal Rotterdam
Fonte: ArchDaily Brasil.
O novo mercado tem um importante papel para Rotterdam, com sua
inauguração se inicia uma nova forma de urbanismo no centro da cidade, que
visa uma grande interligação do mercado com as praças a circundam e com a
nova forma de circulação, por exemplo. Segundo o site Archdaily:
“O novo mercado procura criar um importante impulso para o mercado
ao ar livre de Binnernrotte, e ele contribui também para melhorar a
economia urbana. (...) Uma vez finalizada a construção do mercado, a
prefeitura iniciará a reurbanização de Binnenrotte, com mais áreas
verdes e espaço para terraços, a fim de convertê-lo em um lugar mais
atrativo e animado, também nos dias em que o mercado não está
funcionando.”
Duna Complexo Gastronômico 42
O resultado de um projeto grandioso assim é um edifício que funciona
24h com uma contribuição extremamente marcante e duradoura para
Rotterdam.
A solução para o layout do mercado consiste em vários boxes
modulados com dimensões variadas e dispostos também em vários sentidos.
Acredita-se que isso torna o ambiente e a circulação no centro do edifício mais
dinâmica. Essa foi uma das principais inspirações para a idealização do projeto
apresentado nesse trabalho.
Figura 15 Planta baixa térreo - Markthal Rotterdam
Fonte: ArchDaily Brasil.
Mercado de Cachan – Cachan,França
Projeto de 2014, de autoria do escritório
CroixmariebourdonArchitectures, o novo mercado de Cachan se enquadra
nessa nova modalidade de mercados europeus.Um edifício coberto, com
visibilidade maior, dando oportunidade de ser mais visitado/apreciado, pois
tem um papel importante na reabilitação do bairro.
Layout do
mercado
Duna Complexo Gastronômico 43
Figura 16 Mercado de Cachan
Fonte: ArchDaily Brasil.
O mercado tem uma estrutura em aço que imprime algo leve à
edificação que combinada com as cores da cobertura (tons de verde e amarelo)
conferem dinamicidade ao prédio. Essa cobertura com recortes triangulares
permitem a incidência de luz natural no interior do mercado.
“O novo mercado Cachan proporciona uma resposta simples a
demandas técnicas, comerciais, urbanísticas e arquitetônicas. É um
exemplo elegante e dinâmico de renovação urbana e do
desenvolvimento de arquitetura que é sensível ao contexto e
ambicioso”
Figura 17 Vista interna do mercado
Fonte: ArchDaily Brasil.
Projeto de Remodelação do Mercado Municipal de Atarazanas –
Málaga, Espanha
O projeto de restauro e recuperação do antigo Mercado Central de
Abastos de Atarazanas foi fruto de um concurso nacional, no ano 2000. O
Duna Complexo Gastronômico 44
projeto de 2010, de autoria do grupo de arquitetos Aranguren & Gallegos
Arquitectos, reconstruiu e adaptou o mercado para satisfazer as necessidades
atuais, porém sempre com o objetivo principal de seguir o desenho original.
Figura 18 Vista do interior do mercado
Fonte: ArchDaily Brasil.
Para se alcançar esse objetivo algumas medidas foram tomadas. O
exemplo disso foram demolidos volumes extras que foram adicionados ao
mercado ao longo do tempo, que descaracterizam do desenho original, isso
inclui a cobertura de fibrocimento e um mezanino instalado em 1973.
Figura 19 Vista geral do interior do mercado
Fonte: ArchDaily Brasil.
A retirada desses elementos devolveu a conexão visual entre os grandes
eixos dentro mercado (da porta para a grande janela), sem barreiras
Duna Complexo Gastronômico 45
arquitetônicas. Retomando assim, a ideia do projeto inicial, que permite uma
leitura mais clara e com perfeito funcionamento do edifício.
“A restauração do Mercado, busca o respeito integral ao projeto
arquitetônico e espacial do edifício existente, com atuação
fundamental de desenhar uma organização formal e espacial das
barracas que permita a visão do grande espaço do Mercado, ao mesmo
tempo em que facilite uma adequação do conjunto a suas
necessidades atuais, de forma que clarifique e melhore a circulação
dos usuários mediante a uma unidade espacial interior/ exterior,
eliminando qualquer barreira arquitetônica.”
Primeiro Lugar no Concurso para o Centro Gastronômico e Cultural
Bellavista – Região Metropolitana de Santiago,Chile
Figura 20 Perspectiva geral do complexo
Fonte: ArchDaily Brasil.
O projeto para Centro Gastronômico e Cultural é do ano de 2013 e foi
primeiro lugar em um concurso fechado, cujo terreno possui localização
bastante privilegiada, vizinho ao acesso do Parque Metropolitano, o zoológico,
a Casa Museo La Chasconadel Poeta Pablo Neruda, e o Pátio Bellavista. De
autoria de BMA (Bodas Miani Anger, arquitectos y asociados) com sede na
Argentina e no Chile.
Essa situação do terreno em ponto estratégico, literalmente rodeado de
cultura, foi ponto decisivo para as diretrizes de projeto e implantação. A
necessidade de unir todos esses pontos gerou um fluxo bastante funcional,
Duna Complexo Gastronômico 46
que atende a todas as atividades plurais presente no espaço em questão, como
afirmou o arquiteto para o site Archdaily: “As ações de consumo - mercado e
arte - e contemplação convivem e se misturam com as atividades recreativas.”
Figura 21 Perspectiva frontal nível da rua.
Fonte: ArchDaily Brasil.
O projeto se relaciona muito bem com seu entorno, ate mesmo pela
questão de gabarito e forma que não destoam do restante das edificações do
bairro. Outro fator relevante para essa relação do edifício com o exterior é o
tipo de vegetação utilizada no projeto. O uso de vegetação nativa ou adaptada
nas superfícies verdes horizontais e verticais do centro gastronômico torna o
edifício parte da paisagem e ainda reduzem os efeitos da ilha de calor.
Figura 22 Perspectiva interior do complexo
Fonte: ArchDaily Brasil.
Essa integração do centro gastronômico com a cidade é
importantíssima, assim como a integração dentro do próprio centro. O edifício
se divide em três andares que se integram e conversam muito bem entre si.
“De qualquer ponto dos três níveis do projeto é possível chegar
facilmente a qualquer outro. Assim nossa proposta é apoiada na
fachada sul das laterais dos edifícios existentes, completando o tecido
urbano segundo legislação e deixando que todas as fachadas olhem e
Duna Complexo Gastronômico 47
interajam com os espaços urbanos gerados para expansões e até
todos os vizinhos. No trabalho da margem interna do projeto,
chamado construção das fachadas internas, é proposta uma relação
cheio-vazio equilibrada e de acordo com a fisionomia do entorno.”
Por fim, vale destacar ainda a solução de estacionamento para o centro
gastronômico. Divido em três níveis de subsolo, o estacionamento subterrâneo
confere mais possibilidades de arranjo e vagas além de não “poluir” os espaços
de convivência e fachadas do edifício.
Figura 23 Corte estacionamento no subsolo
Fonte: ArchDaily Brasil.
Estudo formal
SUPSI Campus Projeto – Mendrisio, Suíça
O projeto do escritório Kengo Kuma and Associates em parceria com o
Estúdio d’Architettura Martino Pedrozzi desenvolveram um projeto que tem
como principal objetivo superar uma barreira urbana existente entre La Scuola
Professionale Universitaria dela Svizzera Italiana (SUPSI) – instituto de ensino
superior localizado na região de língua italiana da Suíça.
Duna Complexo Gastronômico 48
Figura 24 Perspectiva geral do SUPSI Campus, Suíça.
Fonte: ArchDaily
A essência do SUPSI Campus de Kuma é a rampa, inclinada em duas
direções para formar uma forma de zig-zag, onde as inclinações dos telhados
tornam-se espaços públicos habitáveis. Estes planos inclinados foram
inspirados pela composição de camadas de pedras nos telhados das
construções locais, abrangendo assim uma reinterpretação da escala e
construção tradicional.
Ladeira da Barroquinha – Salvador – Brasil
A ladeira da Barroquinha, projeto do ano de 2013, do escritório Metro
Arquitetos Associados, foi um projeto de revitalização de uma área importante
na cidade de Salvador que abrange não só a ladeira, mas também a praça do
Cinema Glauber Rocha.
Figura 25 Visão geral - Ladeira da Barroquinha
Fonte: ArchDaily Brasil.
Duna Complexo Gastronômico 49
A praça do Cinema, por sua característica elevada, naturalmente se
inclinava para ser mirante. O projeto toma partido dessa morfologia do
terreno, criando plataformas orgânicas que conferem dinamicidade à ladeira e
de uma forma natural induzem o visitante para dentro da praça no sentido das
vistas privilegiadas.
“O desenho dessa grande escadaria é, portanto, o resultado da
organização dos usos; uma confortável escada contínua que permite
uma caminhada rápida que se desdobra em uma sequência de platôs
que insinuam um caminhar mais lento.”
Figura 26 Degraus - Ladeira da Barroquinha
Fonte: ArchDaily Brasil
Os materiais utilizados na ladeira são os mesmos encontrados em todo
centro histórico de Salvador (predominantemente pedra portuguesa e granito),
dessa forma o projeto se destaca por si só, mas não destoa do restante.
Duna Complexo Gastronômico 51
CONDICIONANTES DE PROJETO
Para o desenvolvimento do projeto de forma eficiente e legal, foram
realizados estudos dos condicionantes ambientais e legais no terreno. A
primeira parte abordará os condicionantes físicos, no que se refere às
características morfológicas do sítio e aspectos bioclimáticos. Na segunda
parte serão apresentados os condicionantes legais, a partir de diretrizes
presentes na legislação local e brasileira.
CONDICIONANTES FÍSICOS
O terreno escolhido para a proposta do Complexo Gastronômico de
Natal esta localizado no bairro de Ponta Negra, pois esse é o bairro mais
procurado pelos turistas tanto para estadia como para prática de lazer, como
foi visto anteriormente. Além disso, o local possui infra estrutura urbana
básica para a construção do empreendimento: redes públicas de
abastecimento de água e de fornecimento de energia elétrica e, ainda, redes de
captação para o esgotamento sanitário e as águas pluviais; os acessos – tanto
de pedestres, quanto de veículos – e seu entorno imediato são pavimentados.
Figura 27 Localização do terreno para o projeto
NATAL - RN
PONTA NEGRA
NATAL
TERRENO ESCOLHIDO
Fonte: Elaborado pela autora com base no Wikipédia e Google Earth.3
3 Disponível em https://pt.wikipedia.org/wiki/Natal_(Rio_Grande_do_Norte)
Duna Complexo Gastronômico 52
O terreno esta localizado em uma zona especial da cidade, na Zona
Especial de Interesse Turístico (ZET) 01 - Zona 01, com legislação específica a
qual foi especificada no ponto anterior. O lote ocupa todo o quarteirão,
totalizando 6.075,64m² e tem como limites as ruas locais Desembargador João
Vicente da Costa, Rua Skal, Rua Francisco Gurgel, Rua Moacir da Cunha Melo.
Figura 28 Terreno com cotas e área
Fonte: Elaborado pela autora, 2016.
O entorno imediato é caracterizado por importantes hotéis, pousadas,
restaurantes e centros de artesanatos. Além disso, essa distante apenas uma
quadra da orla marítima, o que possibilita a construção de um mirante com
vista para o mar e Morro do Careca4.
4O Morro do Careca é uma duna de aproximadamente 107 metros localizada no
extremo sul da Praia de Ponta Negra, em Natal, Rio Grande do Norte. É um dos
principais símbolos turísticos da cidade. [Disponível em:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Morro_do_Careca]
Duna Complexo Gastronômico 53
Figura 29 Entorno do terreno escolhido em Ponta Negra, Natal.
Fonte: Elaborado pela autora utilizando imagens do Google Earth.
Quanto às suas características físicas, possui uma topografia em declive
em direção à praia, com diferença de 7m (sete metros) do ponto mais alto ao
ponto mais baixo.
Figura 30 Terreno com níveis topográficos
Fonte: Elaborado pela autora, 2016.
O clima na cidade de Natal é quente e árido, exceto durante a estação
chuvosa (entre Abril e Julho), quando se torna quente e úmido.
Permanentemente, sopra uma brisa vinda do oceano, sempre de sudeste, dada
Duna Complexo Gastronômico 54
a proximidade do Equador, com pequenas variações, e é predominante em
toda a região nordeste do Brasil. Esses fatores fazem com quem o clima da
cidade seja bastante ameno, embora receba altos índices de incidência solar.
Portanto, para garantir o conforto térmico da edificação, é importante que as
aberturas estejam no sentido sudeste-nordeste e que essas possuam
proteções solares correlacionadas à incidência solar.
Figura 31 Esquema da trajetória solar e direção dos ventos aplicada ao terreno.
Fonte: Elaborado pela autora, 2016.
Figura 32 Carta solar para a cidade de Natal-RN
Fonte:
http://ricardosouzamarques.blogspot.com.br/
p/unp_04.html
Figura 33 Rosa dos ventos para a cidade
de Natal-RN.
Fonte: www.scielo.br
Atualmente o terreno está parcialmente ocupado por uma edificação de
uso comercial, com características de uma de edificação de caráter provisório,
Duna Complexo Gastronômico 55
notado através dos materiais utilizados e sua tipologia. Trata-se de uma
locadora de veículos e um pequeno estacionamento particular, fazendo limite
com a Rua Skal, que pode ser vista nas imagens a seguir.
Figura 34Imagens do terreno escolhido
'
Vista das ruas Moacir Cunha Melo e
Desembargador João Vicente da Costa
Vistas das ruas Skal e Francisco Gurgel
Vista das ruas Francisco Gurgel e
Moacir Cunha Melo
Vistas das ruas Skal e
Desembargador João Vicente da Costa
Fonte: Acervo pessoal da autora.
CONDICIONANTES LEGAIS
As informações analisadas para o desenvolvimento do projeto foram
retiradas do Plano Diretor de Natal, do Código de Obras de Natal, da Norma de
Segurança e prevenção contra incêndio do RN, da Norma de Acessibilidade -
Duna Complexo Gastronômico 56
NBR 9050/2015 e por fim as normas da Agência de Vigilância Sanitária em
relação às zonas com manipulação de alimentos.
Plano diretor de Natal - Lei complementar Nº 082/2007
O Plano Diretor da Cidade do Natal é o instrumento básico da política de
desenvolvimento urbano sustentável do Município, bem como de orientação do
desempenho dos agentes públicos e privados que atuam na produção e gestão
do espaço urbano.
O terreno escolhido esta localizado no bairro de Ponta Negra, esse
classificado com parte da Zona de Adensamento Básico, porém o terreno
escolhido faz está na Zona Especial de Interesse Turístico 01 (ZET 01) a qual é
regida por uma lei específica, a Lei Municipal Nº 3.607/87. A ZET 01 é
subdividida em quatro subzonas, onde o terreno esta localizado na subzona
01, a qual são permitidos usos residenciais e não residenciais, respeitando os
índices a seguir:
Tabela 1 Prescrições urbanísticas para a ZET 1
PRESCRIÇÕES URBANÍSTICAS
COEF.
DE
APROV.
RECUOS (m) TAXA DE
OCUPAÇÃO
PERMEAB. GABARIT
O FRONTAL LATERAL FUNDO
1,0* 5,0 1,5 3,0 50% 30% 7,50m**
*Áreas construídas dos edifícios de uso coletivo, destinadas aos equipamentos e
instalações de uso comum, tais como de máquinas ou de força, depósitos, sanitários,
vestuários, caixa de escada e de elevador, além de apartamentos para zelador que não
tenha área superior a 40,00m².
** Seguir o perfil natural do terreno.
Fonte: Zona Especial de Interesse Turístico 1 – ZET-1– Lei Municipal nº.3.607/87
Código de Obras e Edificações do Município de Natal - Lei complementar
Nº 055/2004
O documento estabelece medidas para a realização de projetos e
execução de obras, em relação aos aspectos técnicos, formais e estruturais,
Duna Complexo Gastronômico 57
bem como medidas administrativas em relação às mesmas dentro do
município.
O primeiro ponto a ser analisado é em relação aos acessos,
estacionamentos e calçadas. Quanto ao número de vaga, esse é determinado
de acordo com o tipo de via onde o projeto será implantado e ao tipo de uso
da edificação. O terreno esta localizado entre quatro vias locais e a edificação
tem como usos principais restaurante e mercado, em que é determinado 1vaga
a cada 20m² e 1vaga a cada 45m², respectivamente para cada uso especifico.
Todavia, como o terreno esta localizado na ZET 1 e possui como um dos usos
"restaurante", é estabelecido 1 vaga/6,00m² de área de público. Nesse caso,
prevalece a opção para maior numero de vagas. Também exigido área para
carga e descarga, embarque e desembarque, lixo e área para táxi.
O acesso de veículos será através de rampas, pois o estacionamento
será localizado no subsolo da edificação. Essas rampas devem apresentar
início da rampa com cinco metros (5,00m) do alinhamento do recuo frontal e
atender às seguintes condições:
Tabela 2 Especificações para rampas de acesso.
Fonte: Código de Obras de Natal.
Em relação às calçadas, é exigida uma largura mínima de um metro e
vinte centímetros (1,20m) contínua e livre de obstáculos; quando se tratar de
marquises, a altura mínima admitida é de dois metros e cinquenta centímetros
(2,50m), e balanço máximo de 2/3da largura da calçada.
Duna Complexo Gastronômico 58
No que se refere à classificação dos compartimentos da edificação, de
acordo com o tempo de permanência humana em seu interior, classificam-se
em:
De uso prolongado: englobam as funções de dormir ou repousar,
trabalhar, comercializar, estar, ensinar, estudar, consumir alimentos,
reunir, recrear e tratar ou recuperar a saúde;
De uso transitório: abrigam as funções de higiene pessoal, de guarda e
troca de roupas, de circulação e de acesso de pessoas, de preparação de
alimentos, de serviços de limpeza e manutenção e de depósito.
Para efeito de insolação, iluminação e ventilação,todos os
compartimentos da edificação devem dispor de abertura direta para
logradouro, pátio ou recuo.Essa abertura não pode ser inferior a um sexto
(1/6) da área do compartimento, quando se tratar de ambientes de uso
prolongado, e para ambiente de uso transitório a área será de um oitavo (1/8)
no mínimo.
São dispensados de iluminação e ventilação direta e natural os
ambientes que se destinarem a corredores e halls de área inferior a cinco
metros quadrados (5,00m²); compartimentos que pela sua utilização
justifiquem a ausência dos mesmos, conforme a Iegislação própria, mas que
disponham de iluminação e ventilação artificiais; depósitos de utensílios e
despensa.
NBR 9050/2015 - Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e
equipamentos urbanos
Esta Norma estabelece critérios e parâmetros técnicos a serem seguidos
no desenvolvimento de projetos, construções, instalação e adaptação do meio
urbano e rural, e de edificações no que às condições de acessibilidade. Aqui
serão expostos os principais parâmetros usados nesse projeto de acordo com
a tipologia do uso - Complexo Gastronômico (restaurante e mercado).
Duna Complexo Gastronômico 59
Parâmetros antropométricos:
o As dimensões do módulo de referência para pessoas com
cadeiras de rodas são de 1,20m por 0,80m.
o A área para manobra de cadeira de rodas (sem deslocamento)
deverá ser de 1,20 m ×1,20 m, para rotação de 90;1,50 m ×
1,20 m, para rotação de 180; e um círculo com diâmetro de 1,50
m, para rotação de 360°.
o Quando rotas acessíveis, rampas, terraços, caminhos elevados ou
plataformas sem vedações laterais forem delimitados em um ou
ambos os lados por superfície que se incline para baixo com
desnível superior a 0,60 m, deve ser prevista a instalação de
proteção lateral com no mínimo as características de guarda-
corpo.
Acessos e circulações
o As edificações de uso coletivo ou publico devem possuir uma ou
mais rotas de fuga acessíveis, as quais devem ser um trajeto,
contínuo, desobstruído e sinalizado conectando o espaço interno
ao espaço externo da edificação.
o Nas edificações e equipamentos urbanos, todas as entradas, bem
como as rotas de interligação às funções do edifício, devem ser
acessíveis.
o Os materiais de revestimento e acabamento de piso devem ter
superfície regular, firme, estável, não trepidante para dispositivos
com rodas e antiderrapante, sob qualquer condição (seco ou
molhado).
o As rampas devem ter inclinação de 8,33%, no máximo. Para
rampas com inclinação entre 6,25% e 8,33% devem ser previstas
Duna Complexo Gastronômico 60
áreas de descanso a cada 50m de percurso com patamares de
1,20m.
o As rampas e escadas devem ter 1,20m de largura, no mínimo.
o Quando se tratar de escadas ou rampas com largura igual ou
superior a 2,40m é necessária a instalação de no mínimo um
corrimão intermediário, garantindo faixa de circulação com
largura mínima de 1,20 m.
o Os corredores devem ter 0,90m quando de uso comum com
extensão até 4,00 m; 1,20m para corredores de uso comum com
extensão até 10,00 m; e 1,50m para corredores com extensão
superior a 10,00m ou para corredores de uso público.
Corrimãos e guarda-corpos
o Os corrimãos laterais devem ser contínuos, sem interrupção nos
patamares das escadas e rampas, e devem prolongar-se
paralelamente ao patamar, pelo menos por 0,30 m nas
extremidades;
o Os corrimãos devem ser instalados em rampas e escadas, em
ambos os lados, a 0,92 m e a0,70 m do piso, medidos da face
superior até o ponto central do piso do degrau (no caso de
escadas)ou do patamar (no caso de rampas);
Sanitários, banheiros e vestiários
o Esses devem ser localizados em rotas acessíveis próximas à
circulação principal, aonde a distância máxima percorrida seja de
até 50m.
o Para equipamentos de uso coletivo a quantidade mínima de
sanitários acessíveis deve ser igual a 5% do total de cada peça
Duna Complexo Gastronômico 61
sanitária, com no mínimo um em cada pavimento, onde houver
sanitário.
o Quanto às dimensões mínimas para sanitários e duchas, essas
devem seguir as orientações:
Figura 35 Parâmetros para dimensionamento para banheiros acessíveis.
Fonte: ABNT NBR 9050/2015, págs. 86,87 e 108.
Recomendações gerais para restaurantes
o Os restaurantes, refeitórios e bares devem possuir pelo menos 5%
do total de mesas, com no mínimo uma, acessíveis à P.C.R. Estas
mesas devem ser interligadas a uma rota acessível, incluindo o
acesso ao sanitário acessível.
o As mesas ou superfícies de refeição devem ter altura de tampo
entre 0,75 m a 0,85 m do piso acabado.
o Quando o local possuir cardápio, ao menos um exemplar deve
estar em Braille e em texto com caracteres ampliados.
Duna Complexo Gastronômico 62
Para locais de comércio a largura livre nos corredores de compras deve
ser de no mínimo 0,90 m de largura e, a cada 10 m, deve haver um
espaço para manobra da cadeira de rodas.
o Deve conter pelo menos uma caixa de pagamento ou 5% do
número total de caixas, com superfície de manuseio e alcance
visual com altura entre 0,80 m a 0,90 m do piso acabado e
devem ter espaço para a aproximação lateral ou frontal para a
P.C.R.
ANVISA - Regulamento Técnico de Boas Práticas para Serviços de
Alimentação
A Agência de Vigilância Sanitária (ANVISA), por meio da Resolução - RDC
N° 216, aprovada em 15 de setembro de 2004 estabelece procedimentos de
Boas Práticas para serviços de alimentação a fim de garantir as condições
higiênico-sanitárias do alimento preparado.
Edificação, Instalações, Equipamentos, Móveis e Utensílios
o Projetar os ambientes de forma a evitar o cruzamento em todas
as etapas da preparação de alimentos e a contaminação cruzada;
o As instalações físicas como piso, parede e teto devem possuir
revestimento liso, impermeável e lavável. Devem ser mantidos
íntegros, conservados, livres de rachaduras, trincas, goteiras,
vazamentos, infiltrações, bolores, descascamentos, dentre outros
e não devem transmitir contaminantes aos alimentos;
o A iluminação da área de preparação deve proporcionar a
visualização de forma que as atividades sejam realizadas sem
comprometer a higiene e as características sensoriais dos
alimentos. As luminárias localizadas sobre a área de preparação
Duna Complexo Gastronômico 63
dos alimentos devem ser apropriadas e estar protegidas contra
explosão e quedas acidentais.
o A ventilação deve garantir a renovação do ar e a manutenção do
ambiente livre de fungos, gases, fumaça, pós, partículas em
suspensão, condensação de vapores dentre outros que possam
comprometer a qualidade higiênico-sanitária do alimento. O
fluxo de ar não deve incidir diretamente sobre os alimentos.
o As instalações sanitárias e os vestiários não devem se comunicar
diretamente com a área de preparação e armazenamento de
alimentos ou refeitórios. As portas externas devem ser dotadas
de fechamento automático.
o Devem existir lavatórios exclusivos para a higiene das mãos na
área de manipulação, em posições estratégicas em relação ao
fluxo de preparo dos alimentos e em número suficiente de modo
a atender toda a área de preparação.
o As superfícies dos equipamentos, móveis e utensílios utilizados
na preparação, embalagem, armazenamento, transporte,
distribuição e exposição à venda dos alimentos devem ser lisas,
impermeáveis, laváveis e estar isentas de rugosidades, frestas e
outras imperfeições que possam comprometer a higienização dos
mesmos e serem fontes de contaminação dos alimentos.
Código de segurança e prevenção contra incêndio e pânico do estado
do Rio Grande do Norte e NBR 9077 - Saídas de emergência em edifícios
O código tem como objetivo estabelecer critérios básicos indispensáveis
à segurança contra incêndio nas edificações de todo o Estado do Rio Grande
do Norte. As exigências contidas neste código visam garantir os meios
necessários ao combate incêndio, evitar ou minimizar a propagação do fogo,
Duna Complexo Gastronômico 64
facilitar as ações de socorro e assegurar a evacuação segura dos ocupantes
das edificações. Junto ao código de segurança e prevenção contra incêndio e
pânico, a norma NBR 9077 vem a somar com parâmetros para o
dimensionamento das saídas de emergência da edificação.
O complexo Gastronômico esta classificado no código como uma
edificação com altura entre seis e quinze metros, com área construída superior
a 750 m², portanto deve haver:
prevenção fixa (hidrantes);
prevenção móvel (extintores de incêndio);
chuveiros automáticos (sprinkler) nas circulações e área comuns e nas
dependências de risco “C”;
iluminação de emergência;
sinalização;
escada convencional com largura de 1,20m, no mínimo;
instalação de hidrante público;
Em relação à quantidade de extintores, para cada 200m²ou pavimento,
deve haver um jogo de extintores para classes A, B e/ou C, colocados
preferencialmente juntos, devendo-se ser observada a distância máxima a ser
percorrida pelo operador, que é de 15 m no máximo.
Devido à exigência de hidrantes, se faz necessária a presença de um
reservatório de reserva para combate de incêndio o qual, após cálculo
estabelecido pelo código, deve ter 15.000l de capacidade.
Para as saídas de emergência, a largura mínima de passagem deve ser
igual a 1,10 m, correspondendo a duas unidades de passagem de 55 cm, para
as ocupações em geral.
Duna Complexo Gastronômico 66
MÉTODO DE PROJETO
A metodologia que norteou o desenvolvimento do projeto arquitetônico
do Complexo foi a apresentada por Elvan Silva, 1984. Segundo o autor, o
processo projetual consiste em uma progressão aonde o processo para
solucionar um problema é dividido em fases de acordo com o grau de
definição e resolubilidade atingidos. São eles: estudos preliminares,
anteprojeto e projeto definitivo. Após a determinação do tema e objeto de
estudo deve-se definir o Programa de necessidades, que para Silva consiste no
enunciado dos requisitos (necessidades, aspirações e expectativas) a serem
satisfeitos pelo projeto a ser realizado.
Afim de uma maior diversidade de opções gastronômicas foi proposto
três tipologias de restaurantes, além do mercado. Dois restaurantes principais,
com capacidade para 150 lugares, do tipo tradicional típico da gastronomia
local, com cardápio que represente a cultura nordestina e potiguar; três
restaurantes menores, para 50 lugares cada, com cozinha típica nordestina e
refeições rápidas, como por exemplo, tapiocarias, lanchonetes, cafeteria,
soverteria, entre outros; por fim um restaurante tipo bar, com cardápio
composto principalmente por petiscos e bebidas em geral. O mercado seguirá
a tipologia de mercados tradicionais, com boxes individuais e independentes.
PROGRAMA DE NECESSIDADES
A partir dos estudos de referência e da bibliografia estudada, elaborou-
se o programa de necessidades do projeto e o seu pré-dimensionamento que
foi dividido por núcleos: áreas comuns do Complexo Gastronômico,
Restaurantes 01 e 02 de médio porte, Restaurantes 03, 04, 05 e 06 (bar
mirante) todos de pequeno porte e o Mercado Regional. Para cada parte do
Duna Complexo Gastronômico 67
complexo criou-se uma subdivisão, com áreas de acesso ao público e somente
de serviço.
As áreas comuns do complexo devem se organizar de forma que as
demais possam ter fácil acesso a elas. Cada restaurante apesar de ter seus
ambientes e funcionamento independentes, se conectarão através das áreas
comuns e do mercado.
O pré-dimensionamento dos restaurantes foi realizado de acordo com
as informações recomendadas nos livros “Manual do Arquiteto: Planejamento,
Dimensionamento e Projeto”, "Manual básico para planejamento e projeto de
restaurantes e cozinhas industriais" e "Arte de Projetar em Arquitetura".
Tabela 3 Programa de necessidades e Pré-dimensionamento do Duna Complexo Gastronômico
ÁREAS COMUNS - COMPLEXOGASTRONÔMICO
SETOR AMBIENTE ÁREA (m²)
Público Embarque e Desembarque 18,00
Área para táxi (2 vagas) 25,00
Estacionamento (165 vagas) 1.960,20
Praça de alimentação 200,00
BWC feminino 10,00
BWC masculino 10,00
BWC feminino acessível 3,00
BWC masculino acessível 3,00
Hall dos banheiros sociais 3,00
Serviços Carga e Descarga (docas) 45,00
Lixo geral 10,00
Vestiários e BWC funcionários 20,00
Área descanso funcionários 6,00
Central de Gás 10,00
Gerador 18,00
Sub-total 399,00
RESTAURANTES 01 E 02 - CAP. 150 LUGARES
Duna Complexo Gastronômico 68
SETOR AMBIENTE ÁREA (m²)
Produção e
Serviços
Recepção de mercadorias, pesagem e
pré higienização
10,00
D.M.L 5,00
Administração e Controle 8,00
Refeitório funcionários 8,00
Despensa seca 15,00
Despensa bebidas 14,00
Câmaras frias 30,00
Despensa diária 4,00
Pré-preparo de vegetais 10,00
Pré-preparo de carnes, aves e peixes 8,00
Preparo de sobremesas e sucos 6,00
Área de cocção 28,00
Preparo pratos frios 8,00
Área para lavagem de louça 14,00
Área para lavagem de panelas 8,00
Lixo resfriado 8,00
Copa de garçons 10,00
Área para cafeteira 6,00
Atendimento Salão de mesas 180,00
BWC feminino 8,00
BWC masculino 8,00
BWC feminino acessível 3,00
BWC masculino acessível 3,00
Hall dos banheiros sociais 5,00
Recepção e espera 25,00
Caixa e bar 6,00
Sub-total 438,00
(x2)=876,00
RESTAURANTES 03, 04, 05 E 06 - CAP. 50 PESSOAS
SETOR AMBIENTE ÁREA (m²)
Produção e Recepção de mercadorias, pesagem e 8,00
Duna Complexo Gastronômico 69
Serviços pré higienização
Administração e Controle 8,00
D.M.L 5,00
Refeitório funcionários 6,00
Despensa seco 8,00
Despensa bebidas 3,50
Câmaras frias 7,50
Área de lavagem de louça e panelas 6,00
Pré-preparo 14,00
Área de cocção 5,00
Área de armazenamento do produto
acabado
3,50
Lixo resfriado 5,00
Copa de garçons 3,75
Balcão preparo rápido 6,00
Atendimento Balcão bar e caixa 5,00
Salão mesas 50,00
SUB-TOTAL 144,00
(x4)=576,00
MERCADO REGIONAL
SETOR AMBIENTE ÁREA (m²)
SERVIÇO Recepção mercadorias/higienização 10,00
Controle 8,00
Depósito geral 80,00
Administração 15,00
Câmara de resfriamento 30,00
Câmara de congelamento 20,00
PÚBLICO Boxes modulados 23,00x(9)=
207,00
Sub-total 370,00
TOTAL 2.357,00
Duna Complexo Gastronômico 70
FLUXOGRAMA
Após construção do programa, o próximo passo é a interpretação e
organização dos dados coletados em forma de organograma, onde estão
apresentados dos elementos devidamente relacionados entre si.
Figura 36 Organograma Duna Complexo Gastronômico
Fonte: Elaborado pela autora, 2016.
Também foi feito fluxogramas, ou seja, um gráfico dos fluxos
funcionais da obra que visa identificar os pontos de conflito e sobreposições
de circulação. Para melhor entendimento das partes do Duna, além do
fluxograma geral, foi feito outros separadamente para cada tipo de restaurante
e para o mercado.
Administração geral
Duna Complexo Gastronômico
Restaurante/Proprietário
Gerente
Garçons Caixas Cozinheiro
Auxiliar
de cozinha
Bar/Copa
Mercado regional/
Boxe
Proprietário
individual
Serviço de
Limpeza geral
terceirizado
Duna Complexo Gastronômico 71
GERAL - DUNA COMPLEXO GASTRONÔMICO
Figura 37 Fluxograma geral
Fonte: Elaborado pela autora, 2016.
MERCADO REGIONAL
Figura 38 Fluxograma Mercado
Fonte: Elaborado pela autora, 2016.
Duna Complexo Gastronômico 72
RESTAURANTES 01 E 02 - CAPACIDADE 150 PESSOAS
Figura 39 Fluxograma restaurantes de médio porte
Fonte: Elaborado pela autora, 2016.
RESTAURANTES 03,04, 05 E BAR- CAP. 50 PESSOAS
Figura 40 Fluxograma restaurantes de pequeno porte
Fonte: Elaborado pela autora, 2016.
Duna Complexo Gastronômico 73
ESTUDOS PRELIMINARES
CONCEITO DO PROJETO
O conceito do projeto nasce de forma natural, criado a partir da sua
localização e do seu processo de criação: Dunas.
As dunas são montes de areia, formadas de maneira natural com a ação
do vento que vem do mar carregando a areia fina. Esse tipo de relevo é uma
das grandes belezas naturais do Rio Grande do Norte, tornando-se um
elemento marcante da região e uma paisagem bastante procurada pela maioria
dos turistas que visitam o estado.
Neste projeto a forma do edifício nasceu antes da planta, logo, assim
como as dunas, ela foi determinada pelo o terreno em desnível, e a forte
presença dos ventos marítimos.
PARTIDO ARQUITETONICO
A solução do partido surgiu de maneira orgânica, a partir do próprio
sítio. Sua forma horizontal e estreita tem sua origem na dimensão e topografia
do terreno, de modo a necessitar da menor movimentação de terra possível,
reduzindo custos e tempo.Além disso, as limitações impostas pela legislação
local como o gabarito e taxa de ocupação são baixos, determinaram sua forma
final.
De concepção pura e simples de ser executado, o projeto explora a
leveza com lâminas de concreto inclinadas, formando a cobertura e a rampa de
Duna Complexo Gastronômico 74
acesso ao complexo. Essas inclinações foram desenhadas a partir da inclinação
natural do terreno aliada à inclinação acessível determinada na NBR
9050/2015.
Figura 41Croqui de concepção formal.
Fonte: Elaborado pela autora, 2016.
IMPLANTAÇÃO E RELAÇÃO COM O ENTORNO
A localização do terreno próximo ao mar e seus condicionantes
climáticos nortearam a implantação do edifício no terreno.
A fachada leste é a que recebe maior ventilação em relação às demais,
vinda do mar e do sudeste e, além disso, é também a que oferece vista para o
mar. Devido a isso, optou-se por deixá-la livre de obstáculos, tornando a
fachada de maior destaque.
Já a fachada oeste é parcialmente fechada, a fim de bloquear a insolação
na parte da tarde, porém sem bloquear a saída dos ventos foram utilizados
elementos vazados (cobogós), promovendo assim sombreamento e a
circulação de vento no interior do edifício.
Duna Complexo Gastronômico 75
Figura 42 Croqui de implantação a partir dos condicionantes locais.
Fonte: Elaborado pela autora, 2016.
A adequação do edifício na topografia existente foi resolvida de forma a
minimizar a movimentação de terra e os desníveis no interior do edifício. A
proposta consiste em estabelecer como nível zero o centro do edifício na cota
média do terreno. Dessa forma, é preciso elevar o restaurante que está
localizado na cota mais alta, a norte, para que haja uma menor movimentação
de terra e taludes.
Figura 43Croqui de implantação de acordo com a topografia natural do terreno.
Fonte: Elaborado pela autora, 2016.
O outro restaurante, localizado na lateral mais baixa, deverá permanecer
na mesma cota que o mercado, ou seja, na cota zero. Por estar na parte mais
baixa do terreno, é formado um vazio entre o piso do restaurante e o perfil
natural do terreno. Para o melhor aproveitamento e por motivo estético, o
restaurante ficará parcialmente em balanço.
Duna Complexo Gastronômico 76
De acordo com o Código de Obras de Natal, o Complexo Gastronômico
necessitará de no mínimo 165 vagas de estacionamento, além de 02 vagas
para taxi e área de embarque e desembarque. A solução para o
estacionamento foi a construção de dois níveis de subsolo. Assim como o
térreo, o subsolo foi dividido em dois níveis com alturas de pé direito
diferentes, seguindo o mesmo alinhamento do térreo.
Além do estacionamento, o subsolo abrigara o setor de serviço do
complexo gastronômico, ou seja, o recebimento e higienização dos produtos
do mercado e restaurantes, docas de carga e descarga e ainda o setor de
funcionários - vestiários e refeitório.
ZONEAMENTO E SETORIZAÇÃO
A solução encontrada foi separar os dois restaurantes maiores,
deixando nas extremidades norte-sul do terreno, para assim equilibrar o
edifício. Entre eles estariam os três restaurantes menores, em um bloco único
com pé direito mais baixo que os outros dois. Esse bloco estaria no limite
frontal da fachada leste, pois as mesas que atendem esses restaurantes
ficariam localizadas o mais próximo possível a rua, de forma a criar espaços
convidativos para quem passa na rua.
Os boxes do mercado possuem um layout mais livre, localizados
também no centro do edifício, transformando em um espaço articulador para
os demais. O bar estará localizado acima do restaurante, o qual servirá de
mirante para a visual do mar e Morro do Careca.
Os banheiros que atendem ao mercado e aos restaurantes menores
estão localizados no limite oeste do edifício. Ao lado dos banheiros foi previsto
um bloco de apoio ao Complexo Gastronômico, com balcão de informações e
sala de administração.
Duna Complexo Gastronômico 77
Os blocos serão unidos por uma cobertura em concreto, única, apoiada
nos restaurantes maiores nas extremidades e no centro por pilares circulares,
com 12m de espaçamento. Essa solução gera espaços livres para a circulação
entre os boxes do mercado.
Outro elemento marcante no térreo e na fachada principal é a rampa
que dá acesso ao térreo e ao bar mirante no primeiro pavimento. A rampa esta
totalmente de acordo com o a norma brasileira de acessibilidade (NBR
9050/2015), tornando assim o edifício acessível e ainda complementa na
forma plástica do Complexo.
Figura 44Esquema de zoneamento em 3D do Duna Complexo Gastronômico no térreo.
Fonte: Elaborado pela autora, 2016.
O primeiro piso de subsolo é além de estacionamento, é onde se
encontram os equipamentos de serviço e de acesso aos funcionários. No
centro esta as docas de carga e descarga, aonde chegam os produtos que
abastecem todo o Complexo. Abaixo de cada restaurante esta sua zona de
recebimento, higienização e depósito, com acessos independentes e
conectados ao térreo por escadas também dentro do limite de cada
restaurante.
Restaurante 01 cap.150 lugares
Bar mirante cap. 100 lugares
Restaurantes 02,03 e 04 cap. 50 lugares cada
Restaurante 01 cap.150 lugares
Banheiros áreas comuns
Rampa de acesso
Mercado regional Escadaria
Cobertura em concreto
Parede oeste com cobogós
Duna Complexo Gastronômico 78
Além desses espaços, estão no subsolo 01 outros espaços destinados a
serviço geral do projeto, como casa de gás, subestação e gerador. Cada
restaurante possui sua casa de lixo individual climatizada e no nível do térreo
está localizada a casa de lixo geral do Complexo.
Figura 45 Planta baixa do Subsolo 01 com zoneamento.
Fonte: Elaborado pela autora, 2016.
A ligação entre os pavimentos para o público se dá por duas escadas e
plataforma para portadores de necessidades especiais. As escadas estão
dimensionadas de acordo como a norma de Saída de Emergência (NBR 9077).
Essas estão localizadas no limite da fachada oeste, na zona de mercado.
O térreo foi setorizado de forma que as áreas de mesas ficassem
voltadas para o leste, devido à ventilação e vista privilegiada para o mar.
Figura 46 Planta baixa térreo com zoneamento.
LEGENDA ZONEAMENTO TÉRREO
Zona das mesas Cozinha Mercado Espaços de Convivência
Zona Serviço
Restaurante
Zona Serviço
Restaurante
Zona Serviço Restaurante
Vestiários e refeitório
Carga e
Descarga geral Depósitos mercado
Circulação vertical Circulação
vertical
Iluminação e ventilação
natural do subsolo
Duna Complexo Gastronômico 79
Fonte: Elaborado pela autora, 2016.
Um ponto muito importante na concepção da cozinha dos restaurantes
foi a atenção no cumprimento da exigência de não se cruzar produtos limpos
(comida preparada) com os sujos (louça vinda do salão e panelas usadas na
cocção). Como solução, a saída de lixo foi isolada da cozinha e deixada
próxima ao setor de lavagem de louças. O transporte do lixo será por uma
plataforma que conectará ao lixo localizado no subsolo, que também se
encontra isolado dos outros ambientes limpos. Abaixo está ilustrado o
caminho desses produtos, limpos (azul) e sujos (laranja).
Figura 47 Esquema do fluxo dos produtos na cozinha do restaurante.
Fonte: Elaborado pela autora, 2016.
Os restaurantes maiores possuem zona de pré-preparo de carnes e
outro de pré-preparo legumes em ambientes climatizados separados da
cozinha e cada um possui a sua câmara fria individual. Essa medida foi tomada
devido ao restaurante preparar pratos mais elaborados e em maior quantidade
em relação ao demais. Já nos restaurantes menores, a zona de preparo é no
mesmo ambiente da zona de preparo, organizados apenas em bancadas
diferentes.
Duna Complexo Gastronômico 81
PRODUTO FINAL
Nessa sessão do trabalho será apresentadaa descrição física e uma
síntese técnica do projeto arquitetônicodo Duna Complexo Gastronômico.
Serão apresentadas as soluções projetuais e definição de alguns materiais,
com o objetivo de se compreender o projeto final.
DUNA COMPLEXO GASTRONÔMICO
O equipamento proposto trata-se de um espaço que tem como objetivo
apresentar a cultura potiguar através da gastronomia. A ideia é criar diversos
ambientes que mostrem a diversidade cultural e gastronômica presente no
estado. Para isso o Duna contará com dois Restaurantes de médio porte
(capacidade para 150 lugares, cada) com serviço àla carte, três restaurantes de
pequeno porte (capacidades para 50 lugares, cada), para refeições rápidas e
simples, um bar (com capacidade para 70 lugares) para o consumo
principalmente de bebidas e petiscos simples e um Mercado com produtos
gastronômicos regionais, divididos em 9 (nove) boxes em que cada um terá
um proprietário diferente.
O público alvo para o complexo é o turista, visitante da cidade que
esteja em busca de conhecer e se aproximar mais da cultura local. Por isso, a
escolha do bairro de Ponta Negra, polo turístico de Natal, tem seu entorno
marcado pela forte presença de hotéis e pousadas, além de belas paisagens
naturais. Além do turista, o morador da cidade também é um forte um usuário
em potencial, devido à maior familiaridade que já tem com o produto, como
também pelo fato de ser um equipamento que não existe na cidade.
O espaço funcionará diariamente com horários diversos para cada parte
do seu complexo:
Mercado – 9h às 22h (flexível para todos os Boxes);
Restaurantes de médio porte – 11h às 14h e 19h às 23h;
Duna Complexo Gastronômico 82
Restaurantes de pequeno porte – 14h às 23h (flexível para cada
restaurante);
Bar mirante – 17h às 24h.
A edificação possui dois pavimentos, aonde o térreo é distribuído em
dois níveis; mais dois níveis de subsolo. No térreo encontram-se os
restaurantes e suas áreas de acesso ao público; os boxes do mercado; os
banheiros coletivos que atendem ao mercado e os pequenos restaurantes;
balcão de informações gerais; uma área de convivência e estar; escadas e
elevadores para o acesso aos outros níveis do edifício. No interior de cada
restaurante no térreo estão a cozinha e área social de mesas.
No primeiro pavimento, que ocupa somente a parte de cima de um dos
restaurantes, está localizado o bar e mirante do edifício; e o reservatório
superior de água.
No primeiro nível de subsolo, além das vagas de estacionamento, estão
as zonas de serviço de cada restaurante, com área de higienização, sala de
administração, depósitos, casa de lixo, vestiários e refeitórios; carga e
descarga geral do complexo; depósitos para empreendedores do mercado,
sala da administração do mercado; casa de gás, subestação e gerador. A casa
de lixo geral está localizada no térreo, com o acesso totalmente independente
do restante do edifício.
O subsolo 02 é composto apenas pelas vagas de estacionamento e o
reservatório de água inferior, localizado sob a rampa que liga o subsolo 01 ao
subsolo 02.
As vagas de estacionamento estão divididas em 15 vagas no térreo, na
fachada limite com a Rua Hélio Galvão; 45 vagas no subsolo 01; 105 vagas
para vagas no subsolo 02. Dessas vagas, 5% foram destinadas à PNE e 5% à
idosos e estão distribuídas proporcionalmente nos três setores, sempre
Duna Complexo Gastronômico 83
próximos aos acessos. Além das vagas para automóveis, foi proposto um
bicicletário no primeiro subsolo.
Acessos
O edifício possui na Rua Francisco Gurgel três formas de acesso, todas
acessível à PNE, de acordo com a NBR 9050/015. O primeiro deles dá acesso à
área de convivência, próxima ao mercado; a segunda é um acesso direto aos
restaurantes centrais menores; a terceira e com maior destaque é a rampa
acessível, que leva o visitante ao nível zero do edifício e ao mirante.
As fachadas norte e sul não possuem acesso ao edifício. Na Rua
Desembargador João Vicente da Costa encontra-se mais um acesso de
visitantes ao complexo, que liga a via ao primeiro pavimento, onde está o bar.
O acesso se dá por uma rampa com estrutura metálica e piso translúcido,
dando mais leveza à fachada.
Na Rua Desembargador João Vicente da Costa, estão localizadosos
acesso de serviço: entrada e saída dos veículos para carga e descarga; acessos
dos funcionários; acesso ao estacionamento pra os clientes; casa de lixo geral
do complexo.
Figura 48 Esquema para com os acessos ao complexo.
Acesso Serviço Acesso visitantes
Fonte: Elaborado pela autora, 2016.
Duna Complexo Gastronômico 84
Prescrições Urbanísticas
O terreno com área de 6.075,64m² recebe o projeto do edifício com
9.210,12m² de área construída total. Ao lado se encontra o quadro resumo
com os valores das áreas e informações referentes às exigências feitas pelo
Plano Diretor de Natal e pelo Código de Obras para a legalização de um
projeto de arquitetura na ZET 01 de Natal.
Figura 49 Quadro de áreas com prescrições urbanísticas do projeto.
Fonte: Elaborado pela autora, 2016.
DESCRIÇÃO TÉCNICA
Estrutura
A estrutura geral do edifício será em concreto armado protendido para
as lajes e pilares e vigas metálica. Esse tipo de estrutura foi escolhido devido à
presença de grandes vão livres nos espaços comuns e ao conceito do projeto
arquitetônico.
Duna Complexo Gastronômico 85
A utilização do sistema de protensão em lajes apresenta algumas
vantagens em relação ao sistema convencional em concreto armado, entre as
quais cabe citar:
Maior liberdade arquitetônica devido à possibilidade de vencer grandes
vãos mantendo a esbeltez da laje;
Maior área útil do pavimento devido à menor quantidade de pilares;
Economia em relação às estruturas em concreto armado para vãos
superiores a 7,0m;
Redução nas espessuras das lajes acarretando uma significativa
diminuição na altura total do prédio e conseqüentemente um menor
peso total da estrutura minimizando os custos nas fundações;
Maior resistência ao puncionamento, em lajes lisas ou cogumelos,
obtida pela colocação adequada dos cabos de protensão nas regiões
próximas aos pilares.
O complexo apresenta dois tipos de lajes. A laje entre pavimentos será a
laje tipo cogumelo com vigas faixas, pois com ela é possível vencer vãos livres
de até 8m o que facilita o layout e distribuição das vagas de estacionamento
no subsolo. A laje que ficará entre o bar e o restaurante será também a
cogumelo, porém com as vigas faixas protendidas, com a intenção de diminuir
o número de pilares no salão de mesas do restaurante.
A outra laje no projeto é a de cobertura. Trata-se de uma laje em
concreto aparente, lisa, protendida nas duas direções e sem vigas. As lajes
lisas apresentam vantagem em relação às demais, sobretudo do ponto de vista
de execução. A laje de cobertura não sofrerá influencia de cargas sobre ela,
pois a mesma não terá acesso. Portanto sua espessura será de 30cm, com
espaçamento entre apoios de até 11m, pré-dimensionada a partir do gráfico
apresentado na figura a seguir:
Duna Complexo Gastronômico 86
Figura 50 Gráfico com relação entre vão e espessuras das lajes em concreto armado e
protendido
Fonte: SCHMID, 2009, p.09.
Buscando leveza na forma, os pilares possuem secção circular, com
diâmetro de 50cm em concreto armado simples mais pilar metálico secção “I”.
Os pilares principais que aparecem no térreo seguem até o subsolo 02. Nos
pisos do subsolo estão previstos outros pilares, pois a carga nesses
pavimentos são maiores. São pilares em concreto armado com secção
retangular de 25x50cm.
Outro elemento que marca a estrutura do projeto é a rampa que
compõe a fachada leste. Essa será também em concreto protendido, pois
manterá a unidade geral da forma esbelta do conjunto. A rampa com 2,40m de
largura, será engastada em dois pontos na estrutura de piso da construção e
em outros três pilares de concreto abaixo dela, com secção circular de 20cm
de diâmetro. Esses pilares serão apoiados em vigas de transição e depois
descarregar os esforços nos pilares do subsolo.
A parede da fachada oeste possui maior espessura em relação às
demais, tornado-se uma parede estrutural dando maior estabilidade a
estrutural geral do edifício.
Duna Complexo Gastronômico 87
Reservatório de água
O consumo de água no complexo foi estimado de acordo com os
horários de funcionamento dos restaurantes com sua lotação máxima. Para o
cálculo de dimensionamento, foram usados os valores estabelecidos na NBR
5626 – Instalação predial de água fria, que estipula um volume de 25 litros de
água para cada refeição em restaurantes e de 5litros para cada 1m² de área
construída de mercado.
O número estipulado de refeições por dia para todos os restaurantes é
de 2000 refeições. Logo o consumo diário para os restaurantes é de 50.000l
(25x2.000) e para o mercado (5x675m²) será de 3.375l. O complexo deverá ter
uma reserva técnica de combate à incêndio com volume de 15.000l. Logo o
volume de água total, com reserva para dois dias de consumo mais a reserva
de incêndio, é de 120.000l.
Os reservatórios ficaram divididos em 60.000l para o reservatório
inferior, localizado sob a rampa para carros no subsolo 02; e o reservatório
superior com 60.000l, localizado atrás do bar no primeiro pavimento, no
mesmo nível. O reservatório superior deverá ter uma bomba que garanta o
abastecimento dos banheiros e cozinha do bar.
Tratamento acústico
A conversa entre clientes, aliada ao estalar de pratos na cozinha,
barulho de copos no bar, música e outros ruídos internos e externos são
fatores que podem gerar grande desconforto nos clientes de bares e
restaurantes, o que pode diminuir consideravelmente o faturamento do
empreendimento.
Para solucionar esse problema, o proprietário deverá investir em
soluções de isolamento acústico e absorção sonora tanto no salão de mesas,
como na cozinha. No salão de mesas poderão ser instalados painéis acústicos
nas paredes para melhorar o desempenho acústico no local. No forro poderá
Duna Complexo Gastronômico 88
ser utilizado o forro Knauf Cleaneo Acústico, pois além proporcionar um bom
conforto acústico também minimiza problemas com odores presentes no
ambiente.
Outras formas de diminuir o ruído interno nos restaurantes é a
utilização de quadros na parede para abafar o som, tecidos grossos, revestir as
cadeiras com estofados, além de espumas ou borrachas nos pés das mesas
para evitar o som do atrito com o chão.
Na área de mercado onde se tem um pé-direito de 6m, em média,
também se faz necessário a instalação de sistemas para o bem estar acústico.
Para esse vão aberto foi idealizado o forro tipo Baffle, da Hunter Douglas (ver
catálogo nos anexos), composto por painéis com alma dupla dispostos
paralelamente entre si à distância de 20cm com altura de 20cm. O desenho
para esse projeto será em forma de onda, como mostra a figura abaixo, com o
objetivo de dar ritmo à forma reta da laje de cobertura e quanto à cor foi
escolhido o “Cedro Americano”, um tom de madeira para compor com o
concreto e o vidro presentes no projeto.
Figura 51 Simulação do forro aplicado ao projeto.
Fonte: Elaborado pela autora, 2016.
Para criar esse efeito foi desenho três módulos com 3,00x0,20m, com
curvaturas diferentes que seguirão a inclinação da laje.
Duna Complexo Gastronômico 89
Figura 52 Módulos dos Baffles para o forro acústico.
Fonte: Elaborado pela autora, 2016.
Entre a laje e o forro será instalada uma manta termoacústica, a fim de
amenizar a transmitância de calor entre a laje de cobertura e o ambiente
interno, além de garantir maior conforto acústico na zona de mercado
juntamente ao forro Baffle.A manta escolhida foi a Facefelt Roofing da Isover
(ver catálogo nos anexos), um feltro constituído por lã de vidro, aglomerado
com resinas sintéticas, revestido com laminado branco, em sua face aparente.
O sistema é fixado sob a estrutura da laje utilizando barras metálicas do tipo
eletroduto ou similar para a sustentação dos feltros.
Ainda no vão central, o bloco dos banheiros e administração do
complexo, receberá revestimento acústico ripado de madeira. Do fabricante
Ambi Brasil, foi escolhido o Linear Acoustic 80 que deverá ser aplicado
verticalmente em toda parte externa desse bloco.
Duna Complexo Gastronômico 90
Figura 53 Modelo Linear Acoustics - Ambi Brasil
Fonte: http://ambibrasil.com.br/files/AcusticaXXI.pdf
Medidas sustentáveis
Fachada verde
A aplicação de superfícies vegetais, as fachadas ou empenas verdes, são
responsáveis por gerar um microclima e impedir com que os raios solares
incidam diretamente sobre a edificação. Tal medida será aplicada em parte da
fachada sul (Rua Skal), no bloco de restaurante em balanço. Além dessas
vantagens mencionadas,
Isolamento térmico;
Melhora a eficiência energética do edifício, devido à redução da
temperatura no ambiente interno, diminuindo a necessidade de refrigeração;
A vegetação absorve e isola os ambientes de ruídos externos;
Protege a fachada contra a chuva, o vento e os danos da radiação UV,
aumentando assim a sua vida útil;
Baixa manutenção, pois a rega pode ser automatizada;
Diminui a poluição e melhora a qualidade do ar;
Ajuda a combater o efeito de Ilhas de calor nas grandes cidades;
Duna Complexo Gastronômico 91
Maior retenção da água das chuvas;
Embeleza e valoriza os centros urbanos e a edificação;
Contribuem para o aumento da biodiversidade, atraindo pássaros,
borboletas entre outros.
A técnica que será utilizada para a construção do jardim vertical será
com a treliça metálica, a qual é chumbada na parede e essa recebe vasos meia
lua com as plantas. O jardim deverá incluir o sistema de irrigação automático.
A treliça metálica precisa ser tratada para resistir às intempéries e à maresia.
Também pode ser utilizada a tela de alambrado que já vem pronta e tratada,
para utilizar este método.
Cobogós
O cobogó é um elemento bastante presente e importante não forma do
edifício aqui projeto. Ele foi a melhor solução encontrada para compor a
fachada oeste, que necessitava de grandes vãos por onde entrasse iluminação
natural e que servisse como saída de ar, promovendo a circulação no interior
do edifício.
Além de garantir a ventilação e iluminação natural, o cobogó é um
elemento originalmente nordestino, o que valoriza ainda mais a cultural local,
tornando-se mais elemento sustentável no projeto.
Para compor uma unidade estética do projeto e seguindo o conceito do
complexo, foi criado um modelo de cobogó especifico para o Duna. Trata-se
de uma peça de concreto medindo 1,00x0,65m (largura x altura), com
desenhos curvos, inspirado nas marcas que o vento faz nas areias das dunas.
Duna Complexo Gastronômico 92
Figura 54 Dunas de Jenipabu - RN.
Fonte: Google.
Figura 55 Cobogó Duna
Fonte: Elaborado pela autora.
Fachada ventilada
Para a envoltória das fachadas foi escolhido o sistema de fachadas
ventiladas, que consiste em criar uma segunda pele em relação à fachada
principal do edifício, protegendo-a. Seu revestimento é fixado a uma armação
de alumínio (ou de aço inoxidável) que se ancora na estrutura da edificação,
mantendo a fachada afastada da alvenaria de vedação.
A fachada ventilada é considerada uma solução construtiva sustentável
que alia inovação e eficiência energética auxiliando na melhoria do conforto
térmico, já que é capaz de reduzir entre 30% a 50% do consumo de energia de
um edifício. Outro diferencial do sistema é que os materiais utilizados em sua
composição são 100% recicláveis.
O princípio fundamental das fachadas ventiladas é seu sistema de juntas
abertas, que permite que o espaço entre as placas não recebam vedação
completa nas aberturas inferiores e superiores, possibilitando, assim, a criação
da lâmina de ar na cavidade entre as duas paredes. Essa cavidade tem largura
média entre 10 e 15 centímetros, que produz o efeito chaminé, possibilitando
a troca de ar permanente na câmara e maior o conforto ambiental dentro do
edifício.
Duna Complexo Gastronômico 93
Figura 56 Esquema de funcionamento da fachada ventilada.
Fonte: http://techne.pini.com.br/engenharia-civil/144/imagens/i101887.jpg
O efeito chaminé acontece quando o ar mais quente sobe e, pela
diferença de pressão, suga para dentro da cavidade o ar mais fresco. O ar da
cavidade muda continuamente e não aquece a face do corpo da edificação, que
permanece protegida.
No projeto, o sistema será utilizado em todas as fachadas aliado aos
outros métodos já mencionados (cobogó e muro verde) para garantir a
eficiência energética e o conforto ambiental no interior de todos os ambientes.
As placas de revestimento deverão seguir o padrão estético do concreto
aparente presente no edifício (City Cement60X60cm, Portobello). Além das
fachadas principais, o sistema também será aplicado em toda a envoltória do
bloco de restaurantes do centro do edifício, porém com outra cor das demais
fachadas - City Fendi 60X60cm, Portobello.
Piso drenante
No projeto do Duna, foi idealizado em frente à sua fachada leste uma
espécie de escadaria que segue o nível natural do terreno. Essa escadaria
ocupa grande parte no terreno e com o objetivo de amenizar os danos da
impermeabilização, a pavimentação dessa área será com piso drenante. Essa
medida se torna essencial para alcançar a percentagem mínima exigida para
taxa de permeabilidade (30%), que é mais alta em relação a maior parte a
cidade.
Esse tipo de piso permite que a água escoe por meio dos poros
existentes no material de que é composto, ou seja, a área permeável não é
Duna Complexo Gastronômico 94
limitada aos espaços entre as peças, mas se estende por 100% da área do piso.
Essa função em si já apresenta algumas vantagens ambientais. Além disso, o
material pode ser fabricado com os mais diversos componentes: cimento,
pedras, fibras coco, aditivos e plastificantes. A matéria-prima reaproveitada é
outro fator que ajuda na minimização dos impactos ambientais no processo de
produção.
O fabricante Braston® é pioneiro com esse tipo de material, o qual é
possível absorver até 90% da água sobre a superfície e disponibiliza diversos
tamanhos de placa que se adéqua a qualquer projeto. Quanto ao modelo
escolhido:
Modelo Granili
Acabamento Klasse
Categoria Prata
Cor Palha
Figura 57 Tabela ambiental - Megadreno Braston®
Fonte: http://braston.com.br/tabela-ambiental/
Duna Complexo Gastronômico 95
Revestimentos internos
Mercado
Piso Porcelanato cinza, antiderrapante, PEI 4
Parede Concreto aparente
Teto Forro Baffle com manta termoacústica
Cozinhas
Piso Revestimento cerâmico branco impermeável e antiderrapante -
Gail
Parede Revestimento cerâmico branco impermeável
Teto Forro Cleaneo Knauff
Banheiros
Piso Revestimento porcelanato Porttobelo acabamento natural
Parede Revestimento porcelanato Porttobelo acabamento natural
Teto Forro de gesso
Serviço
Piso Revestimento cerâmico antiderrapante
Parede Tinta acrílica branca
Teto Forro de gesso
Duna Complexo Gastronômico 96
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após finalização desse trabalho, chegou-se a algumas considerações a
cerca do tema trabalhado e do processo de projeto.
A partir da escolha do tema, percebeu-se o quanto espaços
relacionados ao lazer é importante para as cidades e seus habitantes.
Levando-se em consideração as poucas opções de espaços de lazer em Natal,
a pretensão foi de contribuir positivamente através de um projeto que
atendesse à essas necessidades. Tendo em vista seu forte potencial turístico, a
cidade precisa de espaços que recebam esses visitantes que são muito
importantes no desenvolvimento econômico no âmbito municipal e estadual.
Com o objetivo de aplicar novas tendências de usos e espaços, decidiu-
se propor o complexo gastronômico, que serviria como espaço de lazer para a
população residente e para os turistas que visitam a cidade, promovendo o
intercambio cultural. Para chegar ao objetivo, as exigências impostas pela
legislação local e físicas do sitio foram o grande desafio do trabalho.
Embora as dificuldades impostas tenham limitado muito o processo
criativo, o programa de necessidades inicial foi mantido e foi possível chegar a
um resultado que atende à legislação, funcional e plasticamente bem
resolvido.
Duna Complexo Gastronômico 97
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