“duc in altum” ii/16 – sugestões para uma “espiritualidade secular teatina”

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“DUC IN ALTUM” II/16 – Sugestões para uma “Espiritualidade Secular Teatina” 1 O PREPÓSITO GERAL DOS CLÉRIGOS REGULARES Aos Consultores Gerais, Aos Prepósitos Provinciais e seus Conselhos, Às Comunidades locais, Às Religiosas filhas da vem. Úrsula Benincasa, Aos devotos de São Caetano, Aos familiares, amigos e benfeitores, À Família Secular Teatina. Sugestões para uma “Espiritualidade Secular Teatina” “Duc in Altum” II série – Núm. 16 Roma, Festa de São Jose Maria Tomasi – 03/01/2013.

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“DUC IN ALTUM” II/16 – Sugestões para uma “Espiritualidade Secular Teatina”

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“DUC IN ALTUM” II/16 – Sugestões para uma “Espiritualidade Secular Teatina”

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O PREPÓSITO GERAL DOS CLÉRIGOS REGULARES

Aos Consultores Gerais, Aos Prepósitos Provinciais e seus Conselhos, Às Comunidades locais, Às Religiosas filhas da vem. Úrsula Benincasa, Aos devotos de São Caetano, Aos familiares, amigos e benfeitores, À Família Secular Teatina.

Sugestões para uma “Espiritualidade Secular Teatina”

“Duc in Altum” II série – Núm. 16

Roma, Festa de São Jose Maria Tomasi – 03/01/2013.

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BUSCANDO COMPARTILHAR IDENTIDADE E MISSÃO COM OS LEIGOS

PRIMEIRA PARTE

1. Algumas perguntas interessantes:

Durante a recente visita canônica a algumas províncias da Ordem Teatina tive ocasião de encontrar-me com leigos que fizeram as seguintes perguntas: “Como podemos nós como leigos participar da maneira de

ser e agir teatinamente na comunhão da Igreja?”

“Existe alguma estrutura em vista da possível agregação de leigos à Ordem Teatina?”

“É possível uma certa espiritualidade secular teatina?”

A resposta a tais perguntas requer uma profunda reflexão, e que abarque, ademais distintos níveis. Segundo me parece, não se fez ainda, embora seja verdade que há vários anos, aqui e ali, temos provado diversas iniciativas e experiências. Rendendo graças a Deus, não há nenhuma província que não conte com “agregados” teatinos, “admiradores” da Ordem, de seus santos, sua história, sua identidade, seu carisma; “amigos” e “benfeitores” desta ou daquela Casa. De fato, desde um longo período de tempo vimos falando de “Família Secular Teatina”, “Movimentos juvenis teatinos”, inclusive “Páscoas Teatinas”... Convivências, encontros, jornadas. Sabemos que na história da Igreja, pela influência na própria “Reforma”, pelo testemunho de vida dos “Clérigos Regulares”, houve uma época em que toda pessoa reformada, piedosa, de bons costumes, fiel à Igreja... era conhecida como “teatina”.

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2. O teatino não é exclusivo.

O modo teatino de ser não é exclusivo, na Igreja, dos membros da Ordem. É, isso sim, como sabemos, “contagioso e expansivo”. Já desde os primeiros passos da fundação dos Clérigos Regulares por Caetano Thiene e João Pedro Carafa, encontramos seculares que estão interessados pelo assunto teatino. Já em nossos dias, se produziram diversas iniciativas como a “Arquiconfraria do Escapulário Azul”, a “Cruzada do Amor Divino”, os “Cavaleiros de São Caetano”... No entanto, hoje por hoje, inclusive depois que o Concílio Vaticano II e os últimos papas reiteraram ser chegada a hora da “maioridade dos leigos”, não contamos entre os teatinos com seculares “incorporados” realmente à Ordem, ou que, vivendo de algum modo nossa espiritualidade, compartilhem a missão que, enquanto Clérigos Regulares Teatinos, nos corresponde levar adiante na Igreja. Repito que me chamou a atenção na recente visita canônica a algumas províncias da Ordem, o fato de que seculares agradecidos e admirados pelo trabalho pastoral e o modo de vida dos Teatinos, perguntem: “É possível uma certa espiritualidade secular teatina”?

3. Uma questão que requer muito diálogo e discernimento.

Está bem que tanto eles – os Chris fidelis laici ̶ como nós ̶ consagrados e presbíteros ̶ nos perguntemos. É uma questão que requer reflexão, diálogo, discernimento, oração e evidentemente tempo para o intercâmbio de opiniões e a escuta fraterna paciente, rigorosa, profunda e serena. Porque não se despeja uma incógnita como esta elaborando só e unicamente, por exemplo, um “manual de estatutos” que, de fato, temos já perfeitamente detalhado e completo. Pois bem, que sentido tem? Que finalidade? A verdade é que não terminamos de esclarecer a questão, e não por falta de interesse e de esforço. Nos últimos anos houve encontros e reuniões com “declarações” pontuais. Por ocasião do

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4º centenário do trânsito ao céu de Santo André Avelino, ocorreu em Nápoles durante os dias 7, 8 e 9 de novembro de 2008, uma “Assembleia da Família Secular Teatina” de toda a Ordem com conferências muito bem elaboradas por diversas pessoas. Mas não foram conclusivas no sentido de ter encontrado o caminho que leve, em toda a Ordem, a viver uma “experiência” de espiritualidade e missão compartilhada com “nossos” irmãos leigos como está acontecendo em outros Institutos, sejam eles Ordens ou congregações ou Sociedades de Vida Apostólica.

A propósito da participação dos leigos na identidade e na missão de um Instituto, a exortação pastoral de S. S. João Paulo II Vita Consecrata, de 25 de março de 1996, é bem sugestiva e reveladora. Trata disso muito em particular os números que vão de 54 a 56: neles se abre uma perspectiva cheia de possibilidades. Por exemplo, lemos:

“Devido às novas situações, não poucos Institutos chegaram à convicção de que seu carisma pode ser compartilhado com os leigos”, “disso se poderá derivar, sobretudo uma irradiação ativa da espiritualidade mais além das fronteiras do Instituto”; “não é raro que a participação dos leigos leve a descobrir inesperadas e fecundas implicações de alguns aspectos do carisma”.

4. A Igreja como mistério de comunhão.

Na perspectiva de uma teologia da comunhão, aos religiosos não nos é permitido deixar de lado os leigos. Todos nós necessitamos uns dos outros. Eles a nós e nós deles. Faz falta conhecermos a visão que eles teem do homem e do mundo, sua capacidade de discernimento no Espírito, sua entrega... Os religiosos, na hora do nosso seguimento particular de Jesus, na Santa Comunhão da Igreja, temos de tratar de percorrer junto aos leigos o mesmo caminho, compartilhar a experiência de fé com eles, seu compromisso de evangelização, sua caridade... Devemos permitir-lhes que “invadam” tudo quanto é nossa “identidade” e “missão”, e não como simples “observadores” ou agentes “submissos” a nossa ordem e mando.

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Lemos em Vita consecrata: “Uns dos frutos da doutrina da Igreja como comunhão, nestes últimos anos, foi a tomada de consciência de que seus vários membros podem e devem unir as forças, numa atitude de colaboração e permuta de dons, para participar mais eficazmente na missão eclesial” (nº 54). 5. Uma graça de Deus.

Como se vê, não andavam sem rumo os leigos que durante a visita canônica, nesses meses anteriores, se interessaram, aqui ou ali, por uma “maneira de agregação” à Ordem por parte deles que nos querem bem, nos conhecem e nos tratam como Teatinos. Já ao término da visita à província da Espanha, na paróquia madrilena “Virgem da Providência e São Caetano”, realizamos uma convivência de crianças, jovens, casais e pessoas de diversas idades para encerrar o “Ano vocacional teatino”. Dentro de uma grande variedade de atos programados – um musical, um vídeo, concurso de desenhos e narrações sobre São Caetano- os organizadores me pediram uma intervenção sobre a “Espiritualidade secular teatina”.

Como não podia nem devia negar-me, e era ademais, uma graça de Deus a oportunidade de ter uma reflexão conjunta sobre questão tão urgente e necessária para a Ordem no dia de hoje ofereci-lhes estas “Anotações para uma espiritualidade secular teatina” que agora desejo compartilhar com todos os padres e irmãos da Ordem.

Oxalá possam servir de “base” para poder por em pé uma “Família Secular” que, vinculada à Ordem, seja fermento de “renovação” nesta hora crítica que nos correspondeu viver.

6. O dever de “renascer” de novo como Teatinos.

Convenhamos em que a nossa época é uma época apaixonante; a de “renascer” de novo como “Teatinos”. Encontramo-nos, é verdade, vivendo uns momentos e umas circunstâncias difíceis em extremo. Tempos de “reforma” e de compromisso decidido e valente – o papa

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nos pede imperiosamente- por uma nova evangelização. Para tal fim temos que promover cristãos seculares “com audácia e valor”, com “um forte vínculo com a Igreja”, “sentido de urgência” e “alegria” (cardeal Donald W. Vuer, Relator do Sínodo dos bispos, outubro de 2012). Os Teatinos, humildemente, chegada uma época de reforma, de modo algum podemos permanecer detidos em “desculpas”, inclusive justificáveis: somos uma congregação pobre, contamos com um número reduzido de membros, mal batem às nossas portas algumas novas vocações, faltam-nos religiosos com carreiras civis, nosso prestígio social é excessivamente modesto, não podemos apresentar obras sociais, universitárias, civis,... que possam provocar a admiração e o aplauso como sabiam expressar nossos fundadores, que somos uma “pequena companhia”. Mas como? Aquilo que importa de verdade é que queiramos “dar um passo em frente”, tomando consciência da radicalidade de nosso carisma- trabalhar pela reconstrução permanente da Igreja, sua santidade, sua beleza, sua capacidade de atração e de acolhida sendo absolutamente conscientes de que o primeiro esforço de renovação há de ser feito por cada um de nós. Sempre em comunhão! Sempre de modo eclesial! No povo! Na caravana! Despertando nos leigos sua indeclinável vocação apostólica! Temos que brindar aos leigos, a mãos cheias desde nossa modéstia e pequenez de hoje, a “riqueza” tão enorme de nossa espiritualidade convencidos de que com sua colaboração eficaz, aportaremos à Igreja do século XVI. É Nosso dever. Nas páginas seguintes ofereço umas “chaves” bem modestas para uma vida teatina tal como ao longo da história da Igreja foi surgindo como dom do Espírito Santo.

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NOTAS PARA UMA ESPIRITUALIDADE SECULAR TEATINA

SEGUNDAA PARTE

1. A espiritualidade fundamental cristã é a espiritualidade batismal.

Nossos irmãos leigos hão de saber desde o princípio que de per si a “Espiritualidade secular teatina” não pode ser uma espiritualidade acabada e total, suscetível de começar por ser encarnada, vivida sem mais e de imediato. É, melhor dizendo, uma “espiritualidade em busca”, ou, em caminho, tem que ir se reformulando em fidelidade aos tempos e circunstâncias da Igreja e do mundo; e isso segundo o estilo do grande santo reformador Caetano Thiene. Por conseguinte é alérgica a qualquer classe de normas e regras, pois amparar-se em “estatutos” é como comparar-se ao menino “mau” que gosta de distrair-se espetando num alfinete todas as mariposas que encontra no jardim.

Antes de sugerir algumas pistas – e não normas e regras – acerca de como viver a espiritualidade teatina, deve deixar estabelecido que a “Espiritualidade cristã” fundamental é a batismal.

Uma “vida nova” nascida do Mistério pascal.

Uma “ruptura” total contra toda classe de desamor e exclusão.

Um seguimento fiel da mensagem integral de Jesus.

Um ir gerando ambientes de fraternidade em dependência confiada com nosso Pai do Ceu.

A espiritualidade batismal é a espiritualidade comum a todos os cristãos: leigos, religiosos, sacerdotes, bispos, o próprio papa. No entanto, ao longo da história da Igreja o Espírito fez aparecer

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“novas” formas de espiritualidade – “concretizando a batismal” – de acordo a certas circunstâncias e necessidades da Igreja segundo os tempos: espiritualidade monástica, dominicana, franciscana, etc. entre todas elas a “espiritualidade teatina”, um modo de seguir ao Senhor aparecido em sua Igreja no século XVI, um século de relaxamento moral generalizado, de esfriamento do evangelho, de paganização dos costumes; de uma Igreja cada vez mais alheia do projeto de Jesus, tanto no alto como no baixo clero.

2. São Caetano, “o coração silencioso da Reforma Católica”.

Durante uma troca de época, como está ocorrendo agora, entra em cena São Caetano Thiene, a quem a história denominou “o coração silencioso da reforma católica”. Sua proposta feita principalmente aos sacerdotes que: “Restaurem na Igreja a primitiva forma de vida apostólica: como?

Através da experiência da vida cristã vivida em comum.

A oração eclesial.

A prática e a vivência frutífera dos sacramentos como “ações de Cristo” em sua Igreja.

E a pobreza evangélica.

Tudo isso segundo Atos dos Apóstolos 2, 42-47.

3. “Ecclesia semper reformanda” (Igreja sempre sendo reformada).

O primeiro traço, portanto, e o mais característico da espiritualidade teatina é estar comprometido com a reforma. “Ecclesia semper reformanda”, dizia-se no tempo de São Caetano. Ou seja, há que ser refeita constantemente caso se “desfaça”. Dizia nosso santo:

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“Ecclesia in se sancta, licet in membris prostituta”. (Igreja santa em si mesma, porém prostituída nos seus membros). Isso de “Ecclesia in se sancta” tem que ser sublinhado, porque o Teatino tem que ser caracterizado, sobretudo por um “amor apaixonado à Igreja”, uma vez que esta apesar de seus defeitos e descuidos leva dentro Jesus. Como um sacrário. Este pode ser uma modesta caixinha de madeira pobre, sem adornos, porém dentro está o Senhor! Como se deve amar a Igreja? Com sua contínua “reconstrução”. Em todo momento e toda circunstância. O lugar principal da “reforma da Igreja” para o Teatino tem lugar no interior do coração, a pessoa mesma. O Teatino começa sua ação reformadora conformando com o evangelho as próprias atitudes, os próprios critérios, a própria realidade, o próprio ambiente. Família, cultura, política, trabalho, amizades... Esta classe de reforma se adquire passo a passo fitando de maneira fixa a Cruz redentora. O “ambiente heráldico” ou “brasão de armas” teatino é uma pessoa abraçada à Cruz: a ascese, o sacrifício, o esforço, a renúncia, pelo Evangelho e a Igreja.

4. O espírito do sermão da montanha.

A reforma teatina se concretiza tratando de viver com toda verdade e todas as consequências o espírito do sermão da montanha. A característica da espiritualidade teatina é ser “espiritualidade do sermão da montanha”: capítulo 5 e 6 do evangelho segundo são Mateus. Por que o sermão da montanha? Porque é o “coração” da mensagem de Jesus. Eis o programa de vida cristã que nos oferece o sermão:

1) Encarnar a alegria e o otimismo cristãos que proclamam as bem-aventuranças; Mt 5, 1-12.

2) Caminhar segundo o itinerário que assinala a oração dominical do pai nosso: Mt 6, 1-15.

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3) Viver com total abandono na Providência Divina: Mt 6, 19-34.

4) Chave de ouro: fazer próprio o “santo e senha” do caminho cristão, “grito de caravana” da Ordem Teatina: que resume em si todo o sermão da montanha: “Buscai primeiro o Reino de Deus e sua justiça e todo o resto vos será dado por acréscimo” (Mt 6, 33). Esta busca requer:

Fazer-se como crianças,

Viver com humildade,

Ser pacíficos,

Não deixar-se seduzir pelo dinheiro,

Perdoar,

Orar segundo o pai nosso.

5. A espiritualidade teatina comporta.

1) Estabelecer na Igreja e no mundo um clima de participação: pai “nosso”, pão “nosso”: pão fraternal, pão para todos. Se não é “nosso” não é comestível.

2) Orar como ensinou Jesus: a oração da santificação do nome do Pai; a súplica da vinda do Reino; a oração dos suplicantes: “dai-nos”...

3) Abandonar-se confiadamente na Providência de Deus: Mt 6, 25-27: “Não andeis preocupados...” O Teatino sabe muito bem que Deus é um Deus que “provê”. As coisas de que necessita veem sempre de Deus. O Teatino espera tudo da Providência Divina.

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4) Declinar incansavelmente em seu modo de vida cristão a palavra “comunhão”: união com Deus Pai em totalidade; união sem fissura alguma com os irmãos. Característica fundamental da espiritualidade é ser espiritualidade motivadora e construtora de comunhão eclesial.

5) Apostar na “reforma” contínua da Igreja tendo conhecimento daquilo que supõe: receber, incluir, abrir, acolher. O modelo de Igreja pelo qual o Teatino, seja leigo ou clérigo, ou melhor “Clérigo e leigo” se compromete trabalhar é:

Uma Igreja aberta, acolhedora, inclusiva, ampla, universal, “católica”. Contrária, por conseguinte, a qualquer assomo de paroquialismo estreito e excludente, arrogante, longínquo.

Uma Igreja “apostólica”, unida a Pedro, edificada sobre os apóstolos.

Uma Igreja “gozosa”: que se alimenta do otimismo evangélico, primeiro, e do modo sereno de ser de São Caetano. Um filho de São Caetano olha a realidade sem qualquer tipo de afobação, tranquila e sossegadamente. Não perde a esperança em momentos e circunstâncias adversas, sabe que Deus ama o homem e o mundo hoje como outrora. E que seu projeto é fazer do universo o grande espaço aberto do banquete do Reino.

6. Vamos iniciar.

Queridos padres e irmãos todos, queridos leigos que desejais, movidos sem dúvida pelo Senhor da história, compartilhar conosco “identidade” e “missão”, tratei unicamente de apontar algumas sugestões de reflexão. Haveremos de retornar uma ou outra vez sobre um tema de tanta importância como este. Não seria mal

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começar por combinar a maneira de “pequenas comunidades cristãs de amigos” e entre outras questões de interesse secular do momento ir repassando estas modestas “anotações” e sublinhá-las, concretizá-las, sobretudo ir encontrando a maneira de animar e fortalecer os campos de presença da Ordem Teatina na Igreja, e descobrir o que o mundo de hoje requer de cada um de nós em particular e em conjunto. Uma coisa deve ficar clara. A Família Secular Teatina não é:

Uma Terceira Ordem;

Uma Associação;

Um movimento.

Não deve reger-se por nenhuma Regra de Vida. Em cada casa e província há de adaptar-se segundo o modo mais oportuno. É tão só uma “maneira leiga e voluntária” de compartilhar a identidade e a missão carismáticas da Ordem dos Clérigos Regulares Teatinos. Espero que a Virgem Maria, Mãe dos Apóstolos, e São Caetano, que “instaurou na Igreja a primitiva forma de vida apostólica”, nos ajude a que esta nossa “pequena companhia” se renove conforme o teor do carisma que foi dado aos fundadores.

P. Valentín Arteaga, C.R.

Prepósito Geral.

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Em Sant’Andra della Valle, 3 de janeiro de 2013. III Centenário do trânsito ao céu de São José Maria Tomasi.