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Os riscos gerados pela circulação de veículos motivaram o legislador a estabelecer uma espécie de seguro, cuja finalidade seria garantir uma indenização mínima às vítimas de acidentes automobilísticos, independente de perquirição acerca de culpa. Nessa espécie de seguro é irrelevante indagar-se acerca da culpa. A Lei 6.194/1974 instituiu no sistema jurídico brasileiro o Seguro Obrigatório de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Via Terrestre – DPVAT. Posteriormente, a Lei 8.441/1992 veio ampliar a indenização, com o intuito de tornar mais efetiva ao fim que se destinava. O seguro obrigatório, como é comumente conhecido, é um seguro especial de acidentes pessoais, decorrente de uma causa súbita e involuntária, destinado às pessoas transportadas ou não, que porventura venham a ser lesionadas por veículos em circulação. Não há um contrato de seguro propriamente dito, e sim uma obrigação legal, um seguro de responsabilidade social imposto por lei, para cobrir os riscos da circulação dos veículos em geral. A cobertura do seguro obrigatório abrange todos os danos pessoais sofridos, inclusive os sofridos pelo próprio segurado. O seguro prevê indenização nos casos de: morte, invalidez permanente e despesas de assistência médica e suplementares. A alteração do valor da indenização introduzida pela M.P. nº 340 só é aplicável aos sinistros ocorridos a partir de sua vigência, que se deu em 29/12/2006. Valores: I - R$ 13.500,00 (treze mil e quinhentos reais) - no caso de morte; II - até R$ 13.500,00 (treze mil e quinhentos reais) - no caso de invalidez permanente; III - até R$ 2.700,00 (dois mil e setecentos reais) - como reembolso à vítima - no caso de despesas de assistência médica e suplementares devidamente comprovadas. Não estão cobertos, por expressa previsão legal: danos materiais (roubo, colisão ou incêndio de veículos); acidentes ocorridos fora do território nacional; multas e fianças impostas ao

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Os riscos gerados pela circulação de veículos motivaram o legislador a estabelecer uma espécie de seguro, cuja finalidade seria garantir uma indenização mínima às vítimas de acidentes automobilísticos, independente de perquirição acerca de culpa. Nessa espécie de seguro é irrelevante indagar-se acerca da culpa.

A Lei 6.194/1974 instituiu no sistema jurídico brasileiro o Seguro Obrigatório de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Via Terrestre – DPVAT. Posteriormente, a Lei 8.441/1992 veio ampliar a indenização, com o intuito de tornar mais efetiva ao fim que se destinava.

O seguro obrigatório, como é comumente conhecido, é um seguro especial de acidentes pessoais, decorrente de uma causa súbita e involuntária, destinado às pessoas transportadas ou não, que porventura venham a ser lesionadas por veículos em circulação.

Não há um contrato de seguro propriamente dito, e sim uma obrigação legal, um seguro de responsabilidade social imposto por lei, para cobrir os riscos da circulação dos veículos em geral.

A cobertura do seguro obrigatório abrange todos os danos pessoais sofridos, inclusive os sofridos pelo próprio segurado. O seguro prevê indenização nos casos de: morte, invalidez permanente e despesas de assistência médica e suplementares.

A alteração do valor da indenização introduzida pela M.P. nº 340 só é aplicável aos sinistros ocorridos a partir de sua vigência, que se deu em 29/12/2006.

Valores:

  I - R$ 13.500,00 (treze mil e quinhentos reais) - no caso de morte;

        II - até R$ 13.500,00 (treze mil e quinhentos reais) - no caso de invalidez permanente;

        III - até R$ 2.700,00 (dois mil e setecentos reais) - como reembolso à vítima - no caso de despesas de assistência médica e suplementares devidamente comprovadas.

Não estão cobertos, por expressa previsão legal: danos materiais (roubo, colisão ou incêndio de veículos); acidentes ocorridos fora do território nacional; multas e fianças impostas ao condutor ou proprietário do veículo e quaisquer despesas decorrentes de ações ou processos criminais; danos pessoais resultantes de radiações ionizantes ou contaminações por radioatividade de qualquer tipo de combustível nuclear, ou de qualquer resíduo de combustão de matéria nuclear.

Para que se operacionalize esse seguro previsto em lei, faz-se necessário uma ação conjunta das seguradoras de todo o país, organizadas em

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um consórcio. Todas as seguradoras conveniadas atuam em conjunto e solidariamente, administradas pela Federação Nacional das Empresas de Seguros Privados e Capitalização.

Ainda, por se tratar de um seguro de conotação social, o próprio não pagamento do prêmio por parte do proprietário do automóvel não impede o pagamento da indenização. Esse entendimento é pacífico e já ensejou a edição de verbete sumular pelo Superior Tribunal de Justiça:

Súmula 257 – A falta de pagamento do prêmio do seguro obrigatório de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Vias Terrestres (DPVAT) não é motivo para a recusa do pagamento da indenização.

Para fazer jus à indenização, basta que a vítima apresente os documentos que comprovem o acidente e a condição de beneficiário.

Para que não restassem desamparadas as vítimas de acidentes cujo veículo não foi identificado, dispõe o artigo 7º da Lei 6.194/74 que a indenização por pessoa vitimada por veículo não identificado será paga, nas mesmas condições que as indenizações em que é identificado o veículo, porém, por um consórcio de Sociedades Seguradoras. Aqui está presente mais um aspecto que deixa evidente a natureza objetiva da responsabilização.

SÚMULA Nº 14 – DPVAT (revisada em 19/12/2008)

VINCULAÇÃO SALÁRIO MÍNIMO. - É legítima a vinculação do valor da indenização do seguro DPVAT ao valor do salário mínimo, consoante fixado na Lei nº 6.194/74, não sendo possível modificá-lo por Resolução. A alteração do valor da indenização introduzida pela M.P. nº 340 só é aplicável aos sinistros ocorridos a partir de sua vigência, que se deu em 29/12/2006.

QUITAÇÃO. - A quitação é limitada ao valor recebido, não abrangendo o direito à complementação da indenização, cujo valor decorre de lei.

CONSÓRCIO OBRIGATÓRIO. - O consórcio obrigatório do seguro DPVAT institui solidariedade entre as seguradoras participantes, de modo que, independentemente de qual delas tenha liquidado administrativamente o sinistro, qualquer uma poderá ser demandada pela respectiva complementação de indenização, inocorrendo ilegitimidade passiva por esse motivo.

GRADUAÇÃO DA INVALIDEZ – I. Descabe cogitar acerca de graduação da invalidez permanente; havendo a invalidez, desimportando se em grau máximo ou mínimo, devida é a indenização no patamar de quarenta salários mínimos, ou do valor máximo vigente na data

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do sinistro, conforme este tenha ocorrido, respectivamente, antes ou depois de 29/12/2006.II. Entretanto, nos pedidos de indenização por invalidez permanente ajuizados a partir do precedente do Recurso Inominado nº 71001887330, julgado em 18/12/2008, haverá de ser observada a regra de graduação da invalidez.

PAGAMENTO DO PRÊMIO - Mesmo nos sinistros ocorridos antes da vigência da Lei nº 8.441/92 é desnecessária a comprovação do pagamento do prêmio do seguro veicular obrigatório.

COMPLEXIDADE - Inexiste complexidade de causa a afastar a competência do Juizado Especial quando os autos exibem prova da invalidez através de laudo oriundo de órgãos oficiais, como o INSS e o DML.

APURAÇÃO DA INDENIZAÇÃO - Na hipótese de pagamento administrativo parcial, a complementação deverá ser apurada com base no salário mínimo da data de tal pagamento. Nas demais hipóteses, a indenização deverá ser apurada com base no valor do salário mínimo da data do ajuizamento da ação. Outrossim, para os sinistros ocorridos a partir de 29/12/2006, a apuração da indenização, havendo ou não pagamento administrativo parcial, deverá tomar por base o valor em moeda corrente vigente na data da ocorrência do sinistro.

CORREÇÃO MONETÁRIA – A correção monetária, a ser calculada pela variação do IGP-M, incide a partir do momento da apuração do valor da indenização, como forma de recomposição adequada do valor da moeda.

JUROS – Os juros moratórios incidirão sempre a partir da citação, mesmo tendo havido pagamento parcial ou pedido administrativo desatendido.

MÁQUINA AGRÍCOLA – Dá ensejo à cobertura do seguro DPVAT o acidente com máquina agrícola, ainda que não licenciada, desde que ocorrido em situação em que seja utilizada como meio de transporte.

MEGADATA – O espelho do “sistema Megadata” goza de presunção relativa de veracidade como prova de pagamento administrativo da indenização, quando provido de dados que lhe confiram verossimilhança.

Graduação da invalidez

ANEXO

(art. 3o da Lei no 6.194, de 19 de dezembro de 1974) 

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Danos Corporais TotaisRepercussão na Íntegra do Patrimônio Físico

Percentual da Perda

Perda anatômica e/ou funcional completa de ambos os membros superiores ou inferiores

100

Perda anatômica e/ou funcional completa de ambas as mãos ou de ambos os pésPerda anatômica e/ou funcional completa de um membro superior e de um membro inferiorPerda completa da visão em ambos os olhos (cegueira bilateral) ou cegueira legal bilateralLesões neurológicas que cursem com: (a) dano cognitivo-comportamental alienante; (b) impedimento do senso de orientação espacial e/ou do livre deslocamento corporal; (c) perda completa do controle esfincteriano; (d) comprometimento de função vital ou autonômicaLesões de órgãos e estruturas crânio-faciais, cervicais, torácicos, abdominais, pélvicos ou retro-peritoneais cursando com prejuízos funcionais não compensáveis, de ordem autonômica, respiratória, cardiovascular, digestiva, excretora ou de qualquer outra espécie, desde que haja comprometimento de função vitalDanos Corporais Segmentares (Parciais)Repercussões em Partes de Membros Superiores e Inferiores

Percentuais das Perdas

Perda anatômica e/ou funcional completa de um dos membros superiores e/ou de uma das mãos 70Perda anatômica e/ou funcional completa de um dos membros inferioresPerda anatômica e/ou funcional completa de um dos pés 50Perda completa da mobilidade de um dos ombros, cotovelos, punhos ou dedo polegar

25Perda completa da mobilidade de um quadril, joelho ou tornozeloPerda anatômica e/ou funcional completa de qualquer um dentre os outros dedos da mão 10Perda anatômica e/ou funcional completa de qualquer um dos dedos do péDanos Corporais Segmentares (Parciais)Outras Repercussões em Órgãos e Estruturas Corporais

Percentuais das Perdas

Perda auditiva total bilateral (surdez completa) ou da fonação (mudez completa) ou da visão de um olho

50

Perda completa da mobilidade de um segmento da coluna vertebral exceto o sacral 25Perda integral (retirada cirúrgica) do baço 10

§ 1o  No caso da cobertura de que trata o inciso II, deverão ser enquadradas na tabela anexa a esta Lei as lesões diretamente decorrentes de acidente e que não sejam suscetíveis de amenização proporcionada por qualquer medida terapêutica, classificando-se a invalidez permanente como total ou parcial, subdividindo-se a invalidez permanente parcial em completa e incompleta, conforme a extensão das perdas anatômicas ou funcionais, observado o disposto abaixo: (Incluído pela Medida Provisória nº 451, de 2008).

        I - quando se tratar de invalidez permanente parcial completa, a perda anatômica ou funcional será diretamente enquadrada em um dos segmentos orgânicos ou corporais previstos na tabela anexa, correspondendo a indenização ao valor resultante da aplicação do percentual ali estabelecido ao valor máximo da cobertura; e (Incluído pela Medida Provisória nº 451, de 2008).

        II - quando se tratar de invalidez permanente parcial incompleta, será efetuado o enquadramento da perda anatômica ou funcional na forma prevista na alínea “a”, procedendo-se, em seguida, à redução proporcional da indenização que corresponderá a setenta e cinco por cento para as perdas de repercussão intensa, cinqüenta por cento para as de média repercussão, vinte e cinco por cento para as de leve repercussão, adotando-se

Page 5: DPVAT

ainda o percentual de dez por cento, nos casos de seqüelas residuais. (Incluído pela Medida Provisória nº 451, de 2008).

        § 2o  O seguro previsto nesta Lei não contempla as despesas decorrentes do atendimento médico ou hospitalar efetuado em estabelecimento ou em hospital credenciado ao Sistema Único de Saúde - SUS, mesmo que em caráter privado, sendo vedado o pagamento de qualquer indenização nesses casos. (Incluído pela Medida Provisória nº 451, de 2008).

Tabela de Prescrição do Seguro DPVAT

Contagem na regra de transição

TABELA DE PRESCRIÇÃO DO SEGURO DPVAT

Apresenta-se, a seguir, tabela sobre prescrição tendo e vista a entrada em vigor do Código Civil, em 11 de janeiro de

2003, que estabeleceu o prazo prescricional de 3 anos para as ações relativas ao seguro obrigatório, ao invés dos 20 anos

estabelecidos no Código Civil anterior.

PRESCRIÇÕES DO SEGURO OBRIGATÓRIO (DPVAT)Código Civil de 1916 (art. 177, caput) 20 anos

Código Civil de 2002 (art. 206, § 3º, IX) 03 anos

REGRA DE TRANSIÇÃO (ART.2.028, CC/02)

Se até 11/01/03 houver transcorrido até 10 anos Desconsiderar o tempo transcorrido e contar 03 anos a partir de 11/01/2003

Se até 11/03/03 houver transcorrido mais de 10 anos

Considerar o tempo transcorrido e adicionar o tempo restante até completar 20 anos conforme tabela abaixo.

CONTAGEM NA REGRA DE TRANSIÇÃOAno em que se iniciou a contagem do prazo (a partir de 11/01/1983)

Tempo transcorrido até 11/01/2003

Tempo restante a partir de 11/01/2003

2003 00 032002 01 032001 02 032000 03 031999 04 031998 05 031997 06 031996 07 031995 08 031994 09 031993 10 031992 11 091991 12 081990 13 071989 14 061988 15 051987 16 041986 17 031985 18 021984 19 011983 20 00

Até 2003, ano em que o Novo Código Civil entrou em vigor, o prazo para dar entrada no pedido de indenização do Seguro

DPVAT era de 20 anos. Esse prazo mudou e agora varia conforme o tempo decorrido entre a data do acidente e a data no

Novo Código Civil:

          Se esse tempo for maior que 10 anos (metade do antigo prazo prescricional de 20 anos), o prazo para fazer o

pedido de indenização permanece sendo de 20 anos.

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          Se esse tempo for menor que 10 anos (metade do antigo prazo prescricional de 20 anos), o prazo para fazer o

pedido de indenização será de 3 anos.

Acidente ocorrido em Tempo transcorrido até 11/01/2003

Prazo de prescrição Acidente prescreverá ou prescreveu em

1983 20 anos 20 anos-20 anos transcorridos = 0 ano

2003

1984 19 anos 20 anos – 19 anos transcorridos = 1 ano

2004

1985 18 anos 20 anos – 18 anos transcorridos = 2 anos

2005

1986 17 anos 20 anos – 17 anos transcorridos = 3 anos

2006

1987 16 anos 20 anos – 16 anos transcorridos = 4 anos

2007

1988 15 anos 20 anos – 15 anos transcorridos = 5 anos

2008

1989 14 anos 20 anos – 14 anos transcorridos = 6 anos

2009

1990 13 anos 20 anos – 13 anos transcorridos = 7 anos

2010

1991 12 anos 20 anos – 12 anos transcorridos =8 anos

2011

1992 11 anos 20 anos – 11 anos transcorridos = 9 anos

2012

1993 (acidentes transcorridos antes de

11/01/1993).

10 anos 20 anos – 10 anos transcorridos = 10 anos

2013

1993 (acidentes ocorridos a partir de 11/01/1993,

inclusive).

10 anos 3 anos 2006

1994 9 anos 3 anos 20061995 8 anos 3 anos 20061996 7 anos 3 anos 20061997 6 anos 3 anos 20061998 5 anos 3 anos 20061999 4 anos 3 anos 20062000 3 anos 3 anos 20062001 2 anos 3 anos 20062002 1 anos 3 anos 2006

2003 em diante 0 ano 3 anos 2006