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DPF Departamento de Polícia Federal RELATORIO DE EXECUÇÃO Detecção de manchas de óleo Brasília Outubro de 2019

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  • DPF Departamento de Polícia Federal

    RELATORIO DE EXECUÇÃO

    Detecção de manchas de óleo

    Brasília

    Outubro de 2019

  • Página 2 de 19

    Destinatário DEPARTAMENTO DE POLÍCIA FEDERAL

    Contato FRANCO PERAZZONI

    Responsável técnico ALEXANDRE CORRÊA DA SILVA

    Data de início do serviço 14/OUT/2019

    Prazo de Execução 6 DIAS ÚTEIS

    Data entrega do relatório 25/OUT/2019

    SUMÁRIO

    1. DESCRIÇÃO DO PROBLEMA ............................................................................... 3

    2. OBJETIVO ................................................................................................................ 3

    3. METODOLOGIA ..................................................................................................... 3

    4. RESULTADOS E OBSERVAÇÕES...................................................................... 10

  • Página 3 de 19

    1. DESCRIÇÃO DO PROBLEMA

    Conforme relatado pelas autoridades competentes, manchas de óleo vem sido encontradas

    nas praias da região nordeste do Brasil ao longo dos meses de setembro e outubro de

    2019. Segundo as informações os primeiros registros se deram em 2 de setembro de 2019

    na região dos estados de Pernambuco e Paraíba. Após o registro inicial mais detecções

    foram registradas desde o litoral da Bahia até o litoral do Maranhão. Para fins de

    investigação dos culpados e planejamento das medidas de proteção e recuperação

    ambiental se faz necessário a detecção da origem desse vazamento de óleo.

    2. OBJETIVO

    2.1. Objetivo principal

    O projeto aqui descrito teve como objetivo principal a identificação da origem das

    manchas de óleo detectadas no litoral Brasileiro ao longo dos meses de setembro e

    outubro de 2019

    2.2. Objetivos secundários

    Como objetivos adicionais o presente projeto visou a identificação dos prováveis

    causadores do vazamento.

    3. METODOLOGIA

    A abordagem metodológica seguiu um modelo de rastreamento, partindo das observações

    nas praias para as detecções no oceano, até atingir a origem. Essa abordagem se consistiu

    nas seguintes fases:

    ▪ Delimitação da área de interesse

    ▪ Delimitação dos intervalos de datas

    ▪ Procura de imagens correspondentes às datas e às áreas

    ▪ Processamento e análise das imagens

    ▪ Cruzamento dos dados das imagens com dados de embarcações

    3.1. Delimitação da área de interesse

  • Página 4 de 19

    Para a delimitação da área de interesse foi utilizado como referência o relatório gerado

    pela International Tanker Owners Pollution Federation Limited – ITOPF (as respectivas

    áreas estão representadas em vermelho abaixo):

    Figura 1 - Potenciais áreas do vazamento. Fonte ITOPF.

    Essas áreas foram geradas de acordo com o modelo de correntes oceânicas, Global

    HYCOM + CICE. Para completar o cenário foram escolhidas mais duas áreas de procura,

    na costa do Brasil, da Bahia até o Maranhão, e uma área mais a Nordeste das áreas

    apresentadas pela ITOPF. Essas áreas foram determinadas de acordo com as correntes

    oceânicas e o vento oceânico.

  • Página 5 de 19

    Figura 2 - Correntes e vento oceânico 01/08/2019. Fonte ESA OVL

    Figura 3 - Correntes e vento oceânico 25/08/2019. Fonte ESA OVL.

    3.2. Delimitação dos intervalos de datas

    ▪ Para a delimitação dos intervalos de datas, se utilizou os seguintes critérios:

    ▪ Costa: 02/09/2019 à 25/08/2019

    ▪ Área 3 ITOPF: 27/08/2019 à 13/08/2019

    ▪ Área 2 ITOPF: 17/08/2019 à 29/07/2019

    ▪ Área 1 ITOPF: 03/08/2019 à 25/07/2019

    ▪ Área à NE da ITOP: 03/08/2019 à 25/07/2019

  • Página 6 de 19

    A seguir estão representadas as áreas:

    Figura 4 - Áreas monitoradas

    3.3. Procura de imagens correspondentes às datas e às áreas

    Para a procura de imagens foram considerados os seguintes sensores:

    ▪ Modis Terra e Modis Acqua

    ▪ Sentinel-3A e Sentinel-3B

    ▪ Sentinel-2A e Sentinel-2B

    ▪ Sentinel-1A e Sentinel-1B

    ▪ Landsat-8

    Detalhamento dos sensores:

    3.3.1. Modis Terra e Acqua Dimensões do swath: 2330 km (cross track) por 10 km (along track at nadir)

    Quantização: 12 bits

    Resolução espacial: 250 m (bandas 1-2), 500 m (bandas 3-7), 1000 m (bandas 8-36)

    Banda Largura de banda (nm)

    1 620 - 670

    2 841 - 876

    3 459 - 479

    4 545 - 565

    5 1230 - 1250

    6 1628 - 1652

    7 2105 - 2155

    8 405 - 420

    9 438 - 448

    10 483 - 493

  • Página 7 de 19

    11 526 - 536

    12 546 - 556

    13 662 - 672

    14 673 - 683

    15 743 - 753

    16 862 - 877

    17 890 - 920

    18 931 - 941

    19 915 - 965

    Banda Largura de banda (µm)

    20 3.660 - 3.840

    21 3.929 - 3.989

    22 3.929 - 3.989

    23 4.020 - 4.080

    24 4.433 - 4.498

    25 4.482 - 4.549

    26 1.360 - 1.390

    27 6.535 - 6.895

    28 7.175 - 7.475

    29 8.400 - 8.700

    30 9.580 - 9.880

    31 10.780 - 11.280

    32 11.770 - 12.270

    33 13.185 - 13.485

    34 13.485 - 13.785

    35 13.785 - 14.085

    36 14.085 - 14.385

    3.3.2. Sentinel-3A e 3B Dimensões do swath: 1270 km

    Quantização: 12 bits

    Resolução espacial: 300m

    Banda λ central (nm) Largura (nm)

    Oa01 400 15

    Oa02 412.5 10

    Oa03 442.5 10

    Oa04 490 10

    Oa05 510 10

    Oa06 560 10

    Oa07 620 10

    Oa08 665 10

    Oa09 673.75 7.5

    Oa10 681.25 7.5

    Oa11 708.75 10

    Oa12 753.75 7.5

    Oa13 761.25 2.5

    Oa14 764.375 3.75

    Oa15 767.5 2.5

  • Página 8 de 19

    Oa16 778.75 15

    Oa17 865 20

    Oa18 885 10

    Oa19 900 10

    Oa20 940 20

    Oa21 1 020 40

    3.3.3. Sentinel-2A e 2B Dimensões do swath: 290 km

    Quantização: 12 bits

    Resolução espacial: 10m, 20m e 60m

    Banda

    2A 2B

    λ central (nm) Largura (nm) λ central (nm) Largura (nm)

    2 492.4 94 492.1 94

    3 559.8 45 559.0 46

    4 664.6 38 665.0 39

    8 832.8 147 833.0 133

    Banda 2A 2B

    λ central (nm) Largura (nm) λ central (nm) Largura (nm)

    5 704.1 19 703.8 20

    6 740.5 18 739.1 18

    7 782.8 28 779.7 28

    8a 864.7 44 864.0 32

    11 1613.7 143 1610.4 141

    12 2202.4 242 2185.7 238

    Banda 2A 2B

    λ central (nm) Largura (nm) λ central (nm) Largura (nm)

    1 442.7 44 442.3 45

    9 945.1 26 943.2 27

    10 1373.5 75 1376.9 76

    3.3.4. Sentinel-1A e Sentinel-1B Dimensões do swath (IW): 250 km

    Resolução nominal: 20x22m

    Resolução espacial: 10x10m

    Polarização: VV

    3.3.5. Landsat-8 Dimensões do swath: 185 km

  • Página 9 de 19

    Quantização: 12 bits

    Resolução espacial: 15m, 30m e 100m

    Bandas λ Resolução

    (micrômetros) (metros)

    Banda 1 - Coastal aerosol 0.43-0.45 30

    Banda 2 – Blue 0.45-0.51 30

    Banda 3 – Green 0.53-0.59 30

    Banda 4 – Red 0.64-0.67 30

    Banda 5 - Near Infrared (NIR) 0.85-0.88 30

    Banda 6 - SWIR 1 1.57-1.65 30

    Banda 7 - SWIR 2 2.11-2.29 30

    Banda 8 – Panchromatic 0.50-0.68 15

    Banda 9 – Cirrus 1.36-1.38 30

    Banda 10 - Thermal Infrared (TIRS) 1 10.6-11.19 100

    Banda 11 - Thermal Infrared (TIRS) 2 11.50-12.51 100

    3.4. Processamento e análise das imagens

    Para processar o grande volume de imagens foi utilizada a plataforma de processamento

    digital de imagens HEX Skynet, parte da tecnologia de processamento é explicada por

    Silva A. C. et al. No artigo Semi-automatic Oil Spill Detection in Sentinel-1 SAR Images

    at Brazil's Coast. O uso dessa tecnologia permitiu focar a pesquisa na análise das

    informações extraídas das imagens, podendo cobrir diferentes regiões sem precisar

    reprocessar um grande volume de imagens a cada mudança. Mais informações sobre essa

    tecnologia podem ser obridas em https://www.xskynet.app/

    3.4.1. Detalhes do processamento das imagens SAR

    Para as imagens de Radar de Abertura Sintética – SAR, foi realizado processamento de

    correção de órbita, calibração para sigma0, filtro de speckle e reprojeção.

    3.4.2. Detalhes do processamento das imagens óticas

    Para as imagens óticas foi realizado processamento de reprojeção, layer stack para

    composição RGB e realce da Look up Table.

    As seguintes composições RGB foram adotadas para os sensores:

    ▪ Sentinel-2: True color 4, 3, 2 e IR 12, 11, 8A;

    ▪ Landsat-8: True color 4, 3, 2;

    ▪ Modis: True color 1, 4, 3;

  • Página 10 de 19

    ▪ Sentinel-3: True color 8, 6, 4.

    3.4.3. Análise das imagens

    A análise dos dados seguiu os modelos já consagrados de monitoramento de manchas de

    óleo, a exemplo de C. R. Jackson e J. R. Apel com as informações do National Oceanic

    and Atmospheric Administration – NOAA compilados no Synthetic Aperture Radar

    Marine User's Manual e as informações compiladas por Merv Fingas no livro Handbook

    of Oil Spill Science and Technology.

    Algumas premissas são utilizadas para a confirmação do óleo, como:

    ▪ Detecção da mesma feição em mais de uma data e mais de um sensor, somente

    feições com óleo permanecem muito tempo na superfície do oceano;

    ▪ Dampening effect nas imagens SAR, associado a excludentes de fatores

    meteoceanográficos;

    ▪ Queda da concentração de CHL-a;

    ▪ Forma típica de óleo;

    ▪ Coloração típica de óleo nas imagens óticas com cor verdadeira (as amostras de

    coloração típica podem ser encontradas em

    https://response.restoration.noaa.gov/sites/default/files/OWJA_2016.pdf;

    ▪ Brilho mais elevado (óleo cru) em imagens com composição no infravermelho.

    3.5. Cruzamento dos dados das imagens com dados de embarcações

    Para o cruzamento desses dados foi utilizada a tecnologia OCEAN FINDER da AIRBUS,

    que permite a identificação de embarcações, com as suas respectivas informações, e a

    determinação de sua rota. Esses dados foram obtidos através da parceria da HEX com a

    AIRBUS. Mais informações a respeito dessa tecnologia podem ser obtidas em

    https://oneatlas.airbus.com/ocean-finder/learn-more

    4. RESULTADOS E OBSERVAÇÕES

    É importante ressaltar que foi encontrado um grande volume de imagens na região para a

    determinação da origem da mancha de óleo. Tal volume totalizou 829 cenas que só foi

  • Página 11 de 19

    possível seu processamento e análise com a utilização da plataforma Skynet. Abaixo

    segue a quantidade de cenas por sensor.

    ▪ Modis Terra e Acqua: 215 cenas

    ▪ Sentinel-3A e 3B: 162 cenas

    Figura 5 - Pegadas das cenas Sentinel-3

    ▪ Sentinel-2A e 2B: 350 cenas

    Figura 6 - Pegadas das cenas Sentinel-2

    ▪ Sentinel-1A e Sentinel-1B: 75 cenas

  • Página 12 de 19

    Figura 7 - Pegadas das cenas Sentinel-1

    ▪ Landsat-8: 27 cenas

    Figura 8 - Pegadas das cenas Landsat-8

    Como resultado da análise das imagens processadas foram encontradas 4 feições de óleo

    de grandes proporções a aproximadamente 700km da costa na latitude dos estados do Rio

    Grande do Norte e Paraíba. Tais feições se movimentaram em dias consecutivos desde o

    dia 29/07 até 01/08. A seguir as imagens das feições do dia 29/07 até o dia 01/08

    respectivamente:

  • Página 13 de 19

  • Página 14 de 19

    Vista de detalhes das feições:

  • Página 15 de 19

  • Página 16 de 19

    Nas imagens do dia 28/07 não foram encontradas feições, o que fez com a data de origem

    do vazamento estivesse situada entre 28/07/2019 e 29/07/2019. O ponto de origem

    também está dentro ou bem próximo do polígono vermelho destacado nas figuras, onde

    os finais das manchas detectadas se situam. É importante destacar que as correntes e vento

    oceânicos confirmam a movimentação dessas manchas para as áreas atingidas na costa

    do Brasil.

  • Página 17 de 19

    Figura 9 - Correntes e vento oceânico 28/07/2019. Fonte ESA OVL.

    Figura 10 - Correntes e vento oceânico 29/07/2019. Fonte ESA OVL.

  • Página 18 de 19

    Figura 11 - Correntes e vento oceânico 30/07/2019. Fonte ESA OVL.

    Em posse dessas informações foi utilizado o OCEANFINDER para a detecção das

    embarcações, em um primeiro momento foi utilizado para detectar as embarcações que

    passaram pela área 1 sugerida pelo ITOPF no período próximo ao dia 01/08/2019. Os

    resultados estão no relatório anexo Report_2019_10_15-15_13_43_272.pdf

    Foram encontrados quatro navios tankers que teriam condições de originar tal vazamento.

    Em um segundo momento o OCEANFINDER foi utilizado para detectar as embarcações

    que passaram pelo polígono criado à nordeste das áreas do ITOPF entre os dias

    28/07/2019 e 30/07/2019. Foi encontrada somente uma embarcação que passou pelo

    polígono no período especificado. Os dados estão no relatório em anexo

    Report_2019_10_23-15_44_14_436.pdf. A seguir os dados da embarcação e de sua rota.

  • Página 19 de 19

    Figura 12 - Rota da embarcação suspeita entre 01/07/2019 e 30/07/2019

    Figura 13 - Dados da embarcação suspeita