dpcivil - análise do processo de liticonsórcio raposa serra do sol

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Esta atividade faz uma análise do polêmico julgamento do STF Raposa Serra do Sol sobre terras indígenas em Roraima

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FACULDADE ATUAL DA AMAZNIA CURSO DE DIREITO DISCIPLINA: DIREITO ADMINISTRATIVO

PATRCIA SOCORRO DA COSTA CUNHA

DIREITO PROCESSO CIVIL

BOA VISTA RR MAIO/ 2009

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PATRCIA SOCORRO DA COSTA CUNHA

DIREITO PROCESSO CIVIL

Trabalho realizado para obteno de nota na disciplina de Direito Processo Civil, ministrada pelo professor Daniel Sabia.

BOA VISTA RR Maio/ 2009

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ANLISE DO PROCESSO RAPOSA SERRA DO SOLO presente trabalho Isa analisar o caso de litisconsrcio ocorrido no polemico julgamento de homologao de terras indgenas Raposa Serra do Sol, no Estado de Roraima, atravs da disciplina Direito Processual Civil E, ministrada pelo professor Daniel Sabia. Primeiro importante recapitular que LITISCONSRCIO a pluralidade de partes, que pode ocorrer tanto no plo passivo (vrios rus) como no ativo (vrios autores). No caso especfico da ao contra a homologao de demarcao de terras de forma continua foi impetrado no Supremo Tribunal Federal uma Ao Popular de n 3388, tendo como autor o senador AUGUSTO AFFONSO BOTELHO NETO, e rus: UNIO E OUTROS. O desfecho dessa ao ocorreu no dia 19 de maro de 2009, quando o Supremo Tribunal Federal atravs de seus 11 ministros decidiram-se sobre a Petio 3388, ajuizada pelo senador Augusto Botelho (PT-RR), que contestava a demarcao da reserva de forma contnua. A ao pedia a anulao da Portaria 534 de 2005, editada pelo Ministrio da Justia, e o decreto do presidente Luiz Incio Lula da Silva, que homologou a demarcao, no dia 15 de abril de 2005. A demarcao foi concluda em 1998, durante o governo Fernando Henrique Cardoso. Alm de analisar se a demarcao deveria ser contnua, o STF tambm teve de definir a permanncia dos arrozeiros na regio, sendo a mesma indeferida. Isso porque, depois da homologao, foi estabelecido o prazo de um ano para a sada dos no-ndios. Para anlise deste naco, na disciplina de Direito Processual Civil I, a Ao Popular de n 3388, tendo como autor o senador AUGUSTO AFFONSO BOTELHO NETO, e rus: UNIO E OUTROS teve o senadora Mozarildo Cavalcante como assistente ( a modalidade de interveno de terceiro espontnea, o ato de ingressar no processo para ajudar uma das partes) e litisconsorcial (esta modalidade de assistncia pressupe a existncia de uma legitimao extraordinria ou substituio processual), porque o senador Mozarildo tambm atuou como titular do direito material discutido na ao.

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Quanto ao Estado de Roraima, tentou entrar ingressar como terceiro na ao impetrada pelo senador Augusto Botelho junto Supremo Tribunal Federal (STF), atravs da Ao Civil Originria (ACO) 1167, na qual o governador do estado, Jos de Anchieta Jnior, pediu a excluso, em qualquer demarcao de terras indgenas, especialmente daquela da Raposa Serra do Sol, da rea de fronteira at que fosse ouvido o Conselho de Defesa Nacional; das sedes dos municpios de Uiramut, Normandia e Pacaraima; dos imveis com propriedade ou posse anterior a 1934 e das terras tituladas pelo Incra antes da Constituio de 1988; dos imveis situados na faixa de fronteira; das plantaes de arroz irrigado no extremo sul da rea indgena e as reas destinadas construo da hidreltrica do Cotingo, no plo passivo (vrios reus), atravs da assistncia consorcial. Contudo o STF negou o pedido, e Ayres Britto votou pela improcedncia da ao movida pelo governo de Roraima, ou seja, pela demarcao contnua, com base de que a contestante (Unio) est respaldada pelo art. 231 e pargrafos da Constituio Federal do Brasil de 1988.

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Os 19 critrios que definem o processo demarcatrio da reserva Raposa/Serra do Sol e que dever servir como referncia para outras aes. 1 - O usufruto das riquezas do solo, dos rios e dos lagos existentes nas terras indgenas pode ser suplantado de maneira genrica sempre que houver como dispe o artigo 231 (pargrafo 6, da Constituio); 2 - O usufruto dos ndios no abrange o aproveitamento de recursos hdricos e potenciais energticos, que depender sempre da autorizao do Congresso Nacional; 3 - O usufruto dos ndios no abrange a pesquisa e das riquezas naturais, que depender sempre de autorizao do Congresso Nacional; 4 - O usufruto dos ndios no abrange a garimpagem nem a faiscao, dependendose o caso, ser obtida a permisso da lavra garimpeira; 5 - O usufruto dos ndios no se sobrepe ao interesse da Poltica de Defesa Nacional, instalao de bases, unidades e postos militares e demais intervenes militares, a expanso estratgica da malha viria, a explorao de alternativas energticas de cunho estratgico e o resguardo das riquezas de cunho estratgico a critrio dos rgos competentes (o Ministrio da Defesa, o Conselho de Defesa Nacional) sero implementados independentemente de consulta a comunidades indgenas envolvidas e Funai. o livre transito das Foras Armadas e o resguardo das fronteiras; 6 - A atuao das Foras Armadas da Polcia Federal na rea indgena, no mbito de suas atribuies, fica assegurada e se dar independentemente de consulta a comunidades indgenas envolvidas e Funai; 7 - O usufruto dos ndios no impede a instalao pela Unio Federal de equipamentos pblicos, redes de comunicao, estradas e vias de transporte, alm de construes necessrias prestao de servios pblicos pela Unio, especialmente os de sade e de educao; 8 - O usufruto dos ndios na rea afetada por unidades de conservao, ou seja uma dupla afetao --ambiental e indgena-- fica sob superviso e responsabilidade imediata do Instituto Chico Mendes de Conservao da Biodiversidade; 9 - O Instituto Chico Mendes de Conservao da Biodiversidade responder pela administrao da rea de unidade de conservao, tambm afetada pela terra indgena, com a participao das comunidades indgenas da rea, ouvidas as comunidades indgenas --levando em conta usos, tradies e costumes dos indgenas, podendo, para tanto, contar com a consultoria da Funai;

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10 - O trnsito de visitantes e pesquisadores no ndios deve ser admitido na rea afetada unidade de conservao nos horrios e condies estipulados pelo Instituto Chico Mendes de Conservao da Biodiversidade; 11 - Deve ser admitido o ingresso, o trnsito, a permanncia de no ndios no restante da rea da terra indgena, observadas as condies estabelecidas pela Funai; 12 - O ingresso, trnsito e a permanncia de no ndios no pode ser objeto de cobrana de quaisquer tarifas ou quantias de qualquer natureza por parte das comunidades indgenas; 13 - A cobrana (de pedgios) de tarifas ou quantias de qualquer natureza tambm no poder incidir ou ser exigida em troca da utilizao das estradas, equipamentos pblicos, linhas de transmisso de energia ou de quaisquer outros equipamentos e instalaes colocadas a servio do pblico tenham sido excludos expressamente da homologao ou no; 14 - vedado negcio jurdico relacionado a terras indgenas, assim como qualquer ato que restrinja o pleno exerccio da posse direta pela comunidade jurdica ou pelos indgenas; 15 - vedada, nas terras indgenas, qualquer pessoa estranha aos grupos tribais ou comunidades indgenas a prtica da caa, pesca ou coleta de frutas, assim como de atividade agropecuria extrativa; 16 - Os bens do patrimnio indgena, isto , as terras pertencentes ao domnio dos grupos e comunidades indgenas, o usufruto exclusivo das riquezas naturais e das utilidades existentes nas terras ocupadas, observado o disposto no artigo 49, 16, e 231, pargrafo 3, da Constituio da Repblica, bem como a renda indgena, gozam de plena iseno tributria, no cabendo a cobrana de quaisquer impostos taxas ou contribuies sobre uns e outros; 17 - vedada a ampliao da terra indgena j demarcada. Se for para a Raposa/Serra do Sol, a medida vlida, mas para outras reservas, o tema deve ser submetido a discusses jurdicas; 18 - Os direitos dos ndios relacionados s suas terras so imprescritveis e estas so inalienveis e indisponveis; 19 - Assegurada a efetiva participao de todos os entes da Federao. STF, aes, Raposa Serra do Sol, Ao Civil Originria (ACO) 1167, o governador do estado, Jos de Anchieta Jnior,

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AO POPULAR N 3388Documentos Autor: Joenia Batista de Carvalho e Ana Paula Souto Maior Data de publicao: 13/05/2008 com fundamento no artigo 231 e 232 da Constituio Federal, e na Lei 4.717/65, artigo 6, 5 e aos artigos 46 e seguintes, do Cdigo de Processo Civil, vem requerer ingresso na Ao Popular como LITISCONSORTE PASSIVO NECESSRIO como assegura o art.56 do CPC. Tendo em vista haver interesse das Comunidades Indgenas (07 a 10) de que a sentena seja favorvel a UNIO (R) a quem assistem e, uma vez que a sentena que vier a ser proferida entre a assistida e a parte contrria atingir reflexamente as Comunidades Indgenas, pelos seguintes motivos: O ingresso como litisconsortes passivo necessrio, caso Vossa Excelncia no entenda dessa forma, desde j requer o ingresso como Assistente litisconsorcial da R, por haver o interesse jurdico no resultado da Ao Popular; Que a Ao Popular seja julgada improcedente para confirmar a legalidade da Portaria 534/2005 e do Decreto de Homologao 15/04/2005.

STF, Ao Popular n 3388,AFFONSO BOTELHO NETO, Rus: UNIAO E OUTRO

Autores:

AUGUSTO

AO POPULAR de n 3388, ajuizada no STF, pelos senadores Augusto Botelho (PT-RR) e Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR). Nessa AO POPULAR de n 3388, o Senador Augusto Affonso Botelho Neto questionando a validade da Portaria n 534/2005 do Ministrio da Justia e do Decreto Presidencial de 15/04/2005, insurgindo-se contra a demarcao da Terra Indgena Raposa-Serra do Sol, localizada ao norte do Estado de Roraima. Busca o autor, com essa ao, impedir os efeitos da homologao da referida terra indgena e assim preservar os ttulos esprios de alguns proprietrios de estabelecimentos rurais. PET 3388, originada de ao popular em que o senador Augusto Botelho (PTRR), com assistncia do senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR), contesta o decreto demarcatrio e a sua homologao, s consta a Unio no plo passivo. Para o ministro Marco Aurlio, do STF, deveriam figurar no plo passivo tambm o ministro da Justia representando o

MINISTRIO DA JUSTIA

(responsvel pela edio da portaria demarcatria da rea, de n 534, de de 15 de

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abril de 2005/ 2005) e o Presidente da Repblica, que assinaram o ato de demarcao e o decreto de sua homologao. deveriam ainda ter sido citados o estado de Roraima e os municpios de Uiramut, Pacaraima e Normandia, conforme determinam os artigos 1 e 6 da Lei 4.717. Isto porque suas reas geogrficas esto em jogo no processo e, portanto, eles devem figurar no plo ativo da PET.

O MINISTRO CARLOS AYRES BRITTO revelou que, na ltima semana, foram juntados ao processo dois pedidos de ingresso na ao, como litisconsortes passivos necessrios [pessoas ou instituies que podem ser afetadas pela deciso do caso] de um lado o estado de Roraima e de outro a Comunidade Indgena Barro. Ayres Britto explicou que, com isso, precisa agora ler e decidir sobre esses pedidos, e ainda submeter todo processo, mais uma vez, ao crivo do Ministrio Pblico (MP).