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EDITOR-COORDENADOR (INTERINO): EDSON RODRIGUES / [email protected]

SÁBSALVADOR19/3/2011

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caderno2mais.atarde.com.br

MÚSICA O VIOLONISTAALESSANDRO PENEZZI (FOTO)E O CLARINETISTA ALEXANDRERIBEIRO ARREBENTAM NO CDCORDAS AO VENTO 8

LIVROS GIGANTE DO MERCADO PORTUGUÊS,A EDITORA BABEL CHEGA AO BRASIL 5

Pedro Guida / Divulgação

CIDADANIA Campanhas para doação de livrosdemocratizam a leitura e chamam atençãopara iniciativas que contradizem a ideia deque brasileiros não gostam de ler

Vida, obra e

DOAÇÃO

Marco Aurélio Martins / Ag. A TARDE

MARCOS DIAS

Por muito tempo, aquela se-nhora era aviltada pelo com-panheiro, tendo que ouvir, en-tre outras coisas, que não eraninguém. Mas, ao ler a bio-grafia da guerreira Maria Fe-lipa, essa mesma senhora en-tendeu que não era inútil, nemfeia, nem ninguém. Criou gos-to pela leitura. E gosto em pen-sar por conta própria.

Foi por meio de um livro dis-ponível numa biblioteca comu-nitária que o milagre se deu. E,antes de estar lá, o mesmoexemplar serviu a alguém, queo passou à frente.

Adoaçãodelivrostemmuitoa ver com a democratização daleitura. Mais do que precisar deabrir espaço em casa. Mais do

que se livrar dapoeira nas estan-tes. Sim, eles neces-sitam de cuidados,mas precisam tambémde novos leitores, paraque as letras formem mais doque palavras: façam sentido.

PrazerÉ certo que há livros que que-remos para sempre ao nossolado. Seja pelo renovado prazerestético a cada leitura, ou por-que estão ali em momentos denossas vidas, cruzando fatos eficções, vida e obra. A convi-vência com livros, tanto quantoa impossibilidade de tê-los, fazdiferença. O acesso à leitura,porém, em um país que his-toricamente despreza a educa-ção, pode ser potencializado.

Na hora dedoar, as opçõespodem ser apos-tar em um destinoespecífico ou lan-çá-los ao acaso, co-mo faz em Salvadorum grupo independen-te que adora doar livrostanto quanto pedalar.

O advogado Valci Barreto éum deles. Costuma deixá-losem locais públicos, com um bi-lhete, em que diz: “Este livro éseu. Pode levar, mas não jogueno lixo, entregue para outrapessoa que gosta de ler”.

Valci já gostava dos livros

antes desaber ler. E

antes mes-mo de sua ci-

dade natal,Jaguaquara,

ter uma biblio-teca. Começou

com gibis, que tro-cava na porta do cinema.

E quando foi presidente do Co-légio Pio XII, fundou a primeirabiblioteca. Comprava três, ga-nhava um e distribuía.

Nos anos 90, quando se mu-dou para Salvador, uma criançano Garcia, vizinha dos seus pais,lhe inspirou a fazer doações, e

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assim surgia a bicicloteca: “Éuma doença, mas não queroque seja curada”. No blog bi-kebook.blogspot.com.br, ele eamigos incentivam a prática.

SangueA publicitária Itana Magieritambém integra esse grupo eacreditaqueomais importanteda doação é saber que os livrosdestinam-seapessoasquetêminteresse, mas não recursos:“Doar livros é como doar san-gue”. O interesse do grupo, deacordo com ela, é despertarnas pessoas a alegria de doarnovamente – até que a doaçãopossa formar uma rede – vo-luntária e consciente.

E uma rede é, propriamente,o que fez a ONG Avante, queaceita doações, fazendo a dis-

tribuição para sete bibliotecascomunitárias de Salvador, pormeio do projeto EMredandoLeituras, com recursos do Ins-tituto C&A. As sete bibliotecasrecebem apoio técnico para aformação de educadores daprópria comunidade, para de-senvolver o gosto pela leituraem crianças e jovens.

Consultora da Avante, RitaMargarete defende que a lei-tura é essencial na formaçãodas pessoas. “A gente costu-ma ouvir muito que o Brasilnão lê. Mas o acesso é muitodifícil. A Biblioteca Central dosBarris, que seria o local maisfácil, para muitos é inacessívelpor falta do dinheiro para apassagem”.

LEIA MAIS NA PÁGINA 3

Valci Barreto,de bike, apostana iniciativa delevar livros alocais públicos

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