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USO DO TERRITÓRIO, AGRONEGÓCIO DO BIODIESEL E AGRICULTURA FAMILIAR NA AMAZÔNIA:
A DENDEICULTURA NA MICRORREGIÃO DE TOMÉ-AÇU
Elany Cristina Barros da Silva Universidade Federal do Pará - UFPA
João Santos Nahum Universidade Federal do Pará - UFPA
[email protected] Resumo O estudo se inscreve no contexto de uma pesquisa de mestrado sobre a integração da agricultura familiar ao agronegócio do biodiesel na microrregião de Tomé-Açu, nordeste do estado do Pará.O presente trabalhotemcomo objetivo apresentar as questões, os objetivos e as hipóteses da nossa pesquisa, bem como as primeiras discussões teóricas realizadas. O texto está dividido em quatro partes: a primeira aborda os elementos estruturantes da pesquisa (problemática, objetivos e hipóteses), a segunda aborda em linhas geraisos conceitos de a teorização sobre campesinato e agricultura familiar; na terceira discutimos sobre o território e o seu uso; e na quarta parte analisamos algumas políticas do Estado que contribuem para a integração da agricultura familiar ao agronegócio do biodiesel. Palavras-chave: Uso do Território. Agronegócio. Agricultura Familiar.
Introdução e contexto
Quando falamos sobre a Amazônia, muito se discute sobre os problemas ambientais e
possíveis formas de exploração sustentável da mesma. Mas a complexidade da região
está diretamente ligada aos processos desencadeados sobre ela, principalmente, a partir
da década de 1950, como os grandes projetos agro-minerais, que impuseram novos
sujeitos e, consequentemente, novas relações, muitas delas conflituosas, no espaço
amazônico.
Um processo que vem transformando intensamente esse espaço corresponde à expansão
do agronegócio do biodiesel sobre a região, porém, em nosso estudo, analisaremos,
especificamente, a microrregião de Tomé-Açu, nordeste do estado do Pará.Essa
microrregião é composta por cinco municípios: Acará, Concórdia do Pará, Moju,
Tailândia e Tomé-Açu.
A expansão do agronegócio do biodiesel nessa microrregião configura usos desiguais e
antagônicos do território pelas empresas do agronegócio do biodiesel e pela agricultura
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familiar, visto que, as empresas produtoras de dendê têm intencionalidades sobre o uso
do território associada à monocultura do dendê, instalação de usinas, comercialização da
produção. O uso do território pela agricultura familiar, por sua vez, está mais associadoà
reprodução do seu modo de vida, que se fundamenta na família, no trabalho e na terra.
O óleo de palma, oriundo do dendê, vem sendo utilizado de forma crescente, como
matéria-prima para a produção de biodiesel, e sua produção vem recebendo inúmeros
incentivos do governo Federal por constituir uma fonte de energia limpa e renovável
que contribua para a substituição gradativa da energia derivada de combustíveis fósseis,
altamente prejudiciais ao meio ambiente. Além disso, a cultura do dendê agrega muito
trabalho manual, o que constitui em uma possibilidade de geração de emprego e renda
no campo.Dentre o conjunto de incentivos, o Estado vem desenvolvendo políticas
territoriais comoo Plano Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB), o Selo
Combustível Social e, mais especificamente sobre a microrregião de Tome-Açu, o
Programa de Produção Sustentável de Óleo de Palma (PPSOP), que trazem como
objetivos centrais a produção de uma energia limpa e renovável, arecuperação de áreas
desflorestadas e a geração de emprego e renda a partir da integração da agricultura
familiar ao agronegócio.
É no contexto da expansão do agronegócio e da implantação dessas políticas territoriais
que ganha ênfase o objeto de nossa pesquisa, qual sejam os caminhos e descaminhosda
integração da agricultura familiar ao agronegócio do biodiesel na microrregião de
Tomé-Açu, nordeste do estado do Pará.
A expansão do agronegócio do biodiesel na Amazônia, que ocorre desde a década de
1950, vem gerando um forte impacto socioambiental, pois insere novos sujeitos sociais
e, consequentemente, novas formas de pensar e agir sobre o território. A relevância de
nosso estudo está na possibilidade de contribuir para compreensão dos elementos desse
processo, que envolve a ação das empresas produtoras de biodiesel, o Estado e a
agricultura familiar. Além disso, o nosso trabalho se justifica pela possibilidade de
elucidar como a integração da agricultura familiar ao agronegócio, proposta nas
políticas territoriais do Governo Federal, vem de fato ocorrendo em nossa referência
empírica.
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Problemática e objetivos
O atual modelo de desenvolvimento, pautado em uma matriz energética extremamente
prejudicial ao meio ambiente, há tempos vem sendo questionado. Países do mundo todo
estão buscando novas fontes de energia, para a substituição do petróleo, e buscam,
preferencialmente, fontes de energia limpa e/ou renovável.
Neste contexto, o governo brasileiro tem investido na ampliação e diversificação da
matriz energética brasileira para encontrar uma fonte de energia alternativa ao uso do
carbono fóssil vetor das emissões de diversos poluentes (monóxido de carbono, enxofre,
etc) altamente prejudiciais ao meio ambiente, com destaque para a energia eólica, a
energia solar e a agroenergia (que apresentam, consideravelmente, um menor impacto
ambiental).
No âmbito da agroenergia, dentre as diversas culturas propícias para a sua produção,
destacamos em nosso estudo a cultura do dendê, matéria prima do biodiesel de óleo de
palma, visto que esta cultura vem recebendo importantes incentivos do Governo
Federal, mediante a criação do Plano Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB),
do Selo Combustível Social e, mais especificamente, no estado do Pará, a criação do
Programa de Produção Sustentável de Palma de Óleo (PPSPO), pois, o dendezeiro
apresenta características biológicas que o tornam uma espécie propícia no processo de
reflorestamento de áreas desmatadas na Amazônia, e no âmbito social, por necessitar de
grande quantidade de mão de obra, pois seu manejo é manual, apresenta alto potencial
de geração de emprego e renda.
No entanto, a cultura do dendezeiro tem apresentado impactos negativos nos maiores
produtores mundiais, Indonésia e Malásia, com uma redução considerável de floresta
nativa para o cultivo dessa palmácea, expulsão de pequenos proprietários de terra e
ameaça a segurança alimentar, uma vez que se tem a valorização da dendei cultura em
detrimento das culturas de produção de alimentos.
Neste contexto, levantamos a seguinte questão central: como, a partir do Plano Nacional
de Produção e Uso do Biodiesel,ocorre a integração da agricultura familiar ao
agronegócio do dendê na microrregião de Tomé-Açú? Por conseguinte, de posse dessa
problemática, levantamos os seguintes questionamentos:
Como as politicas de estado promovem a integração da agricultura familiar ao
agronegócio do biodiesel na microrregião de Tomé-Açú?
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Sobre que condições técnicas e territoriais ocorrem às associações das unidades
familiares ao agronegócio do biodiesel?
Quais os limites dessas associações? Tal associação está impulsionando o
desenvolvimento territorial rural?
A associação da agricultura familiar ao agronegócio do biodiesel ameaça a
segurança/soberania alimentar?
Tomando como referência o exemplo problemático da Indonésia e da Malásia no que
diz respeito aos impactos ambientais, a exemplo da substituição de vegetação nativa
pela monocultura do dendê,e a diminuição da oferta de alimentos decorrente da
expansão da dendeicultura, o governo brasileiro inseriu em suas políticas de incentivo à
produção de dendê, diretrizes e normas ambientais que visão evitar tais problemas,
como por exemplo, um Projeto de Lei que proíbe, em todo o território nacional, o
desflorestamento de mata nativa para o cultivo da dendeicultura, e uma cláusula que
determina um percentual a ser destinado a produção do dendê nas pequenas
propriedades, para impedir a substituição das lavouras de alimentos pela cultura do
dendê.
A partir do exposto até aqui, levantamos as seguintes hipóteses:
O Estado promove a integração da agricultura familiar ao agronegócio do
biodiesel por meio da implantação de políticas territoriais, a exemplo do PNPB, do Selo
Combustível Social e do PPSOP, no entanto, na prática, essa integração não é efetivada
como o proposto nos referidos planos.
As condições técnicas e territoriais foram criadas respectivamente, pelas
pesquisas da Embrapa; pela cultura do dendê, desenvolvida no nordeste paraense desde
a década de 1960, associada aos territórios rurais deprimidos onde ela se encontra.
A associação da agricultura familiar ao agronegócio do biodiesel apresenta
sérias limitações no que diz respeito a sua participação na cadeia produtiva do dendê,
pois a integração dos agricultores familiares vem se efetivando, na maioria das vezes,
apenas como fornecedores de matéria-prima, dependentes dos empresários para
assistência técnica e compra da produção, o que por sua vez não promove um efetivo
desenvolvimento territorial rural.
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A segurança/soberania alimentar está ameaçada com a expansão da
dendeicultura a medida que áreas onde eram praticadas a policultura são substituídas
pela monocultura do dendê, fato esse, diretamente ligado ao pagamento dos
empréstimos feitos pelos agricultores e às exigências das empresas com as quais esses
agricultores estão associados.
O objetivo principal deste trabalho é identificar e examinar as relações entre o
agronegócio do biodiesel e a agricultura familiar na microrregião de Tomé-Açu. Nossos
objetivos específicos são:
Analisar as principais políticas desenvolvidas pelo Estado, o PNPB, Selo
Combustível Social e o PPSOP, identificando suas principais contribuições e os seus
limites para a integração do campesinato ao agronegócio do biodiesel na microrregião
de Tomé-Açu.
Identificar e analisar sobre quais condições técnicas e territoriais ocorrem as
associações das unidades familiares ao agronegócio do biodiesel.
Analisar quais os limites dessas associações e suas implicações
sobredesenvolvimento territorial rural.
Compreender os impactos da integração da agricultura familiar ao agronegócio
do biodiesel sobre a segurança/soberania alimentar.
Metodologia
a) Trabalho teórico-metodológico, banco de dados e imagens.
O primeiro momento consiste aprimorar os fundamentos teóricos e metodológicos
norteadores da pesquisa. Debateremos conceitos como agronegócio, território usado,
campesinato, agricultura familiar, dentre outros que constituem o sistema conceitual
necessário para pensar a situação geográfica em foco.
Construiremos um banco de dados acerca da periodização da dendeicultura nessa
microrregião, identificando os grupos e empresas, quando chegaram, o município de
atuação, bem como área plantada. Para tanto se faz necessário recorrer às fontes de
dados do BASA, da SUDAM, do ITERPA, do INCRA, além de levantamento
cartográfico e de imagem de sensoriamento remoto(plataforma satelital) das áreas de
plantação de dendê na microrregião de Tomé-Açu. O levantamento compreende dois
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períodos, o anterior e o posterior ao PNPB. Essa periodização fornecerá a trajetória
espacial da dendeicultura, permitindo construirmos dados e indicadores que demostrem
a expansão da dendeicultura a partir do PNPB.
A ideia de período geográfico é fundamental nesta pesquisa. Inicialmente
construiremos um quadro da microrregião de Tomé-Açu no período anterior à chegada
do agronegócio do dendê, denominado de Tempo 1. Caracterizaremos a configuração
territorial e a dinâmica social do espaço rural dessa região, sobretudo os usos do
território pelo campesinato. A seguir discorremos sobre as condições políticas,
econômicas e científico-tecnológicas que possibilitaram a chegada de outras empresas
para produção de dendê, permitindo que tal movimento seja interpretado como evento,
que reorganiza a configuração territorial, a dinâmica social, o território usado ou espaço
geográfico rural. Para tanto é imprescindível adentrar nas múltiplas e trans-escalares
relações de poder tecidas entre as ações políticas do estado, as empresas e agentes
locais. Um produto deste momento será um artigo acerca da periodização do dendê na
microrregião de Tomé-Açu, focalizando as condições políticas, técnicas e científicas,
bem como a configuração territorial local, isto é, a natureza do subsolo, solo, relevo,
vegetação, clima, ação biótica e antrópica, que permitiram a expansão da dendeicultura.
2) Trabalho de campo e análise
A compreensão da dendeicultura como evento é fundamental para construirmos um
quadro de como o modo de vida camponês se reproduz diante dos impactos desse
processo de reconfiguração da dinâmica espacial, procurando entender as condições e
possibilidades que permitiram seu enraizamento. Esse quadro denominamos o Tempo 2.
Para construí-lo, realizaremos trabalho de campo que consiste em entrevistar três
grupos:
1. Dendeicultores: pessoas relacionadas diretamente às empresas e
empreendimentos do dendê estabelecidos na microrregião de Tomé-Açu: diretores e/ou
agentes locais representantes dos interesses de grupos ou empresas dendeicultoras.
2. Poder público local: representantes do poder público municipal, sobretudo
secretário de agricultura, de economia, de meio ambiente, de desenvolvimento, dentre
outros que se relacionam com a dendeicultura.
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3. Campesinato: no trabalho de campo definiremos os territórios e comunidades
sobre os quais dirigiremos as questões norteadoras desta pesquisa. O trabalho de campo
com este grupo consiste em construir um quadro sobre a localização, condições,
trajetória, tendências, padrões e modelos presentes na expansão da dendeicultura na
microrregião de Tomé-Açu e seu impacto no modo de vida camponês. Para tanto, o
primeiro passo é a apresentar a pesquisa à comunidade, o que faremos através de
contato junto às lideranças das associações de trabalhadores rurais. Desta forma busca-
se envolver membros das comunidades no processo de pesquisa a ser desenvolvido,
identificar pessoas chaves e jovens para a etapa de aplicação de formulário.
3) Sistematizar informações
A partir dos passos anteriores temos elementos para selecionar e organizar informações,
estabelecer relações, interpretar experiências e vivências, construir sínteses acerca dos
impactos da dendeicultura sobre o campesinato a partir do PNPB. Trata-se mesmo do
momento de elaboração dos capítulos de artigos e da dissertação.
Referencial teórico e metodológico
Aqui expomos em largos traços o referencial teórico e conceitual que preside, sustenta e
estrutura nossa pesquisa. Ele ainda está em construção, mas o seu núcleo duro reside no
sistema conceitual composto por agricultura familiar, território usado e agronegócio.
Neste momento ainda não problematizamos tais conceitos, pois certamente, no decorrer
da pesquisa e mesmo com o trabalho de campo, outras categorias e conceitos serão
necessários.
Agricultura familiar: mudanças no conceito
O conceito de agricultura familiar do Governo Federal que está posto nos planos e
programas do Estado é o estabelecido no Manual Operacional do Crédito Rural Pronaf
(2002), segundo o qual, os agricultores familiares são definidos como os produtores
rurais que atendem aos seguintes requisitos: serem proprietários, posseiros,
arrendatários, parceiros ou concessionários da Reforma Agrária; residirem na
propriedade ou em local próximo; deterem, sob qualquer forma, no máximo quatro
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módulos fiscais de terra, quantificados conforme a legislação em vigor; no mínimo 80%
(oitenta por cento) da renda bruta familiar deve ser proveniente da exploração
agropecuária ou não-agropecuária do estabelecimento; a base da exploração do
estabelecimento deve ser o trabalho familiar. (BRASIL, 2012).
Essa concepção da agricultura familiar começou a ser difundida no contexto do
Programa Novo Mundo Rural, que intensificou o desenvolvimento capitalista no campo
com a introdução maior de inovações tecnológicas na agricultura e na pecuária e
transformações nas relações de produção, onde a agricultura familiar é integrada às
atividades capitalistas, numa visão passiva e subalterna. Assim, o conceito de agricultor
familiar passa a ser associado ao progresso, ao moderno, em detrimento do conceito de
camponês ligado arcaico e ao atraso.
Para elucidar essa questão, apresentamos em linhas gerais, uma discussão sobre o
conceito de camponês, a partir das teorias de Kautsky (1986), Lenin(1985), Chayanov
(1981),
Segundo Kautsky (1986) a presença do camponês no campo representava um atraso
econômico e social. O camponês trabalhando em sua terra e sendo proprietário dos
meios de produção compunha um tipo característico do modo de produção
predominante na Idade Média, o Feudalismo.
De acordo com Kautsky, a expansão do capitalismo no campo dava-se pela
industrialização da agricultura e pelo aumento de relações de trabalho capitalistas
decorrentes desse processo. Todas essas mudanças tornariam a pequena exploração
camponesa incapaz de suprir as necessidades de consumo da família. Portanto, a única
alternativa ao camponês era sua transformação em trabalhador assalariado. Tal processo
implicaria na eliminação do campesinato.
Apesar das mudanças ocorridas nas relações de produção e do aumento do trabalho
assalariado não ocorreu uma completa proletarização da classe camponesa. Mesmo
assim, para Kautsky, a presença de tais transformações não admitia a pertinência da
classificação desse sujeito enquanto camponês, pois a prática do trabalho assalariado se
tornou necessária para garantir a sua sobrevivência.
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A destruição da indústria camponesa de sustentação obriga o pequeno lavrador a procurar um emprego adicional para reforçar seu orçamento doméstico no momento em que suas terras passam a fornecer-lhes, no máximo, o alimento necessário para a sua subsistência, mas nenhum excedente negociável. O pequeno lavrador dispõe, de fato, do tempo necessário para realizar esse trabalho acessório, pois sua própria atividade agrícola exige dedicação total apenas em certos períodos do ano. Ele não cobre suas necessidades de dinheiro com a venda de seus produtos excedentes, mas com a venda de sua força de trabalho excedente. Assim, ele se apresenta perante o mercado da mesma forma que faz o proletário destituído de qualquer propriedade particular (KAUTSKY, 1986, p. 149)
Neste sentido, o autor conclui que o modo de produção camponês é característico de um
período anterior ao capitalismo, e, portanto, tende a ser superado pelo desenvolvimento
do modo capitalista de produção. No que concerne ao modo de produção camponês,
Kautsky afirma que "não obstante a firmeza desse sistema econômico, o
desenvolvimento industrial urbano e a economia monetária conseguiram aplicar a ele e
a profissão de camponês o golpe de morte de sua existência" (KAUTISK, 1986, p. 24).
Também Lenin, em seu estudo sobre o Desenvolvimento do Capitalismo na Rússia,
defende a teoria de que o avanço do capitalismo implicaria na destruição do
campesinato e, consequentemente, na extinção do camponês.
Fundamentado nos estudos de Marx, Lênin desenvolve sua tese da diferenciação social,
a partir da qual ele projeta um futuro fatalista para o campesinato, pois o avanço das
relações capitalistas no campo implicaria em uma diferenciação social, surgindo assim
agricultores ricos, médios e pobres (LENIN, 1985). Nesse contexto, também no campo
só seria possível o desenvolvimento de duas classes sociais antagônicas: a burguesia e o
proletariado. O campesinato reduz-se a um “mundo à parte”. A concentração na agricultura engendra a proletarização dos camponeses e o êxodo rural. A contradição fundamental do MPC reproduz-se no meio rural instaurando aí duas classes sociais com interesses opostos. (AMIN, S.; VERGOUPOULOS, K.. 1997, p. 68)
A partir do exposto, podemos concluir que a transformação do campesinato em
agricultor familiar é eminente, que ao camponês só resta à integração a integração ao
mercado de forma passiva e submissa.
Diferentemente das concepções de Kautsky e Lênin, que aludem ao desaparecimento do
campesinato mediante o desenvolvimento do modo de produção capitalista, seja pela
necessidade pecuniária do camponês, seja pelo aumento das relações de trabalho
assalariadas em detrimento do trabalho familiar, os estudos de Chayanov (1981)
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defendem a permanência do campesinato no modo de produção capitalista. Chayanov
parte da análise de um modo de produção camponês
Cujas unidades elementares são constituídas por famílias de camponeses trabalhadores, proprietários do solo, e cujo produto é destinado, principalmente à auto-subsistência da família, estando comercializada apenas uma fração deste (...). A unidade elementar é, ao mesmo tempo, unidade de produção e de consumo, as trocas mercantes são apenas marginais: os ruralistas sabem perfeitamente que a vida camponesa não é apenas organizada em torno da produção, como o é a empresa industrial; sabem que ela tanto é um modo de existência, de vida, quanto um modo de produzir (AMIN, S.; VERGOUPOULOS, K.. 1997, p. 27)
Esse modo de produção camponês tem como unidade básica a família, e o trabalho
familiar constitui a principal forma de produção. O trabalho realizado pelo campesinato
objetiva suprir as necessidades da família. Esse fato torna o modo de produção
camponês diferente do capitalista. No entanto, ele deve ser compreendido considerando-
se a relação que este estabelece com o modo de produção predominante no qual está
inserido.Essa unidade econômica familiar apontada por Chayanov caracteriza-se por
apresentar uma lógica interna voltada para a reprodução da família, neste sentido, a
unidade econômica camponesa não visa o lucro, como ocorre com a indústria
capitalista, mas sim a satisfação das necessidades da família.
Oliveira (2004) propõe a compreensão do campesinato inserido no processo de
desenvolvimento desigual e combinado do capitalismo. Neste sentido, o camponês é
entendido enquanto classe social inerente a esse processo contraditório realizado pelo
capital. Ao mesmo tempo em que esse desenvolvimento avança produzindo relações especificamente capitalistas (...) o capitalismo produz igual e contraditoriamente relações camponesas de produção através da presença e do aumento do trabalho familiar no campo (OLIVEIRA, 2004, p. 36).
O campesinato continua a se reproduzir nas sociedades atuais integradas ao mundo
moderno (WANDERLEY, 1996) pelo movimento desigual e contraditório do
capitalismo (OLIVEIRA, 2004). Não podemos negar que o avanço do capitalismo no
campo impõe novas relações ao campesinato, no entanto, é ingênuo acreditar que o
campesinato passa por todo esse processo de forma passiva e submissa. Do ponto de vista do agricultor, parece evidente que suas estratégias de reprodução, nas condições modernas de produção, em grande parte ainda se baseiam na valorização dos recursos de que dispõe internamente, no
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estabelecimento familiar, e se destinam a assegurar a sobrevivência da família no presente e no futuro. Decerta forma, os trabalhadores familiares modernos “enfrentam” os novos desafios com as “armas” que possuem e que aprenderam a usar ao longo do tempo. (WANDERLEY, 1996, p. 8)
Não podemos adotar simplesmente uma ideia de oposição entre campesinato e
agricultor familiar, onde o primeiro estaria associado ao tradicional e o segundo a ideia
de moderno. Segundo Wanderley (1996), há de se considerar que o campesinato,
mesmo em sua visão tradicional, não é um sujeito isolado, ele interage com a sociedade
“englobante”, e é no âmbito dessas relações que ele se modifica. Não no sentido de
metamorfosear-se em agricultor familiar, mas de modificar suas formas de produzir e de
viver em sociedade. Como bem destaca Shanin (2008) os camponeses apresentam uma
grande habilidade de se ajustarem a novas condições, bem como, uma enorme
flexibilidade para encontrar novas formas de se adaptar e de se reproduzir. Neste
sentido,
Não é mais possível explicar a presença de agricultores familiares na sociedade atual como uma simples reprodução do campesinato tradicional, tal como foi analisado pelos seus “clássicos”. Esteve e está em curso, inegavelmente, um processo de mudanças profundas que afetam precisamente a forma de produzir e a vida social dos agricultores e, em muitos casos a própria importância da lógica familiar. Porém, parece evidente, como já foi dito, que a “modernização” dessa agricultura não reproduz o modelo clássico da empresa (...) capitalista, e sim o modelo familiar, cuja origem está na tradição camponesa, não é abolida; ao contrário, ela permanece inspirando e orientando – em proporções e sob formas distintas, naturalmente – as novas decisões que o agricultor deve tomar nos novos contextos a que está submetido. Esse agricultor familiar, de uma certa forma, permanece camponês (...) na medida que a família continua sendo o objetivo principal que define as estratégias de produção e reprodução e a instância imediata de decisão. (WANDERLEY, 2004, p. 48)
A partir do exposto, entendemos que o conceito de agricultura familiar está contido na
definição do campesinato, pois a unidade familiar é simultaneamente proprietária dos
meios de produção e força de trabalho, sendo o objetivo da produção a reprodução da
família no presente e no futuro. Nesse sentido, cabe frisar que as novas relações e
formas de produção nas quais o agricultor familiar passa a ser inserido não o
restringema um trabalhador para o capital, visto que o seu modo de vida camponês é
reproduzido na relação desigual e contraditória do capitalismo.
Em nossa pesquisa, para entendermos como ocorre a integração do campesinato ao
agronegócio do biodiesel na microrregião de Tomé-Açu, considerando a importância da
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implantação de políticas como o PNPB, o Selo Combustível Social e o PPSOP,
adotaremos em nosso estudo o conceito de agricultor familiar, pois é este o conceito
apresentado nas referidas políticas. Cabe frisar, que compartilhamos da compreensão de
que apesar das transformações sofridas pelo campesinato, ele não desaparece, nem tão
pouco se metamorfoseia em agricultor familiar, ao contrário, ele se reproduz
reproduzindo o seu modo de vida baseado na tríade família, trabalho e terra.
O território e os seus múltiplos usos
Para compreendermos os diferentes usos do território engendrado pelas empresas e
pelos agricultores familiares, realizamos, em linhas gerais, uma discussão teórica sobre
as ideias que norteiam o conceito de território. Para tanto, as obras de Haesbaert (1997-
2004) e Santos (2008-2010) são referências essenciais para a definição do conceito de
território, ou melhor, do uso do território adotada em nosso estudo.
Haesbaert (2004) ao discorrer sobre o conceito de território, parte da concepção de
que,o território apresenta três vertentes básicas. São elas: 1. Jurídico-Política: a mais difundida, onde o território é visto como um espaço delimitado e controlado, por meio de qual exerce um determinado poder [...] 2. Cultural (ista): prioriza a dimensão simbólico-cultural, mais subjetiva, na qual o território é visto sobretudo como o produto da apropriação/valorização simbólica de um grupo sobre seu espaço. 3. Econômica (muitas vezes economicista): bem menos difundida, enfatiza a dimensão das relações econômicas no embate entre as classes sociais e na relação capital trabalho. (FERNANDES apud SILVA, 2003, p. 74)
A partir da análise das discussões teóricas sobre o conceito de território desenvolvidas
por Sack e Raffestin, Haesbaert incorpora a visão relacional de espaço, bem como das
relações de poder que definem o território. Assim o “território construído a partir de
uma perspectiva relacional do espaço é visto completamente inserido dentro de
relações social - histórica, ou de modo mais estrito (...), de relações de poder”
(HAESBAERT, 2004, p. 80).
Haesbaert também aborda a distinção entre domínio e apropriação do espaço feita por
Lefebvre (1986), que dentre outros, afirma que Como processo de apropriação e controle, a territorialização se inscreve sempre num campo de poder, não apenas no sentido de apropriação física, material (através de fronteiras jurídico-políticas, por exemplo), mas também imaterial, simbólica (LEFEBVRE, 1986, p. 40)
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Aprofundando a discussão Haesbaert também conclui que o Território deve ser visto na perspectiva não apenas de um domínio ou controle politicamente estruturado, mas também de uma apropriação que incorpora uma dimensão simbólica, identitária e, porque não dizer, dependendo do grupo ou classe social a que estivermos nos referindo, afetiva (HAESBAERT, 1997, p. 41)
É a partir dessas discussões que Haesbaert estrutura seu conceito de território. Para ele,
o território é “fruto da interação entre relações sociais e controle do/pelo espaço,
relações de poder em sentido amplo, ao mesmo tempo de forma mais concreta
(dominação) e mais simbólica (apropriação)” (HAESBAERT, 2004, p. 235).
O território, em qualquer acepção, está relacionado ao sentido de poder. Ou seja, o
território corresponde tanto ao poder no sentido mais concreto, de dominação, quanto ao
poder no sentido mais simbólico, de apropriação.
De acordo com Santos (2008), o que deve ser de fato considerado é o uso do território, e
não o território em si mesmo. O território usado é um híbrido, sinônimo de espaço
geográfico. Assim, entendendo o espaço como um sistema de objetos e um sistema de
ações, podemos compreender como ocorrem os diferentes usos do território, visto que,
cada sujeito social, com uma intencionalidade própria, define como, por quê, e para que,
o território é usado. As configurações territoriais são o conjunto dos sistemas naturais, herdados por uma determinada sociedade, e dos sistemas de engenharia, isto é, objetos técnicos e culturais historicamente estabelecidos. As configurações territoriais são apenas condições. Sua atualidade, isto é, sua significação real, advém das ações realizadas sobre eles. (SANTOS, 2010, p. 248)
Na microrregião de Tomé-Açu podemos verificar como o território pode apresentar
usos diversos, tomando como exemplo o uso do território pelas empresas e o território
usado pelos agricultores familiares. Nesse contexto, podemos entender que a
territorialidade, tanto das empresas, quanto dos agricultores familiares, diz respeito às
relações econômicas e culturais, pois está intimamente associada ao modo como esses
sujeitos utilizam a terra (à exemplo da concentração de tecnologia e da monocultura do
dendê realizada em grandes propriedades pela empresas; ou da policultura de alimentos
praticada pelos agricultores familiares)como se organizam no espaço a partir da
disposição de seus objetos e como dão significado ao lugar (por exemplo, o caráter
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majoritariamente econômico do território, para as empresas; e o território como lócus da
reprodução do modo de vida, para os agricultores familiares)
O agronegócio e a cadeia produtiva do dendê
O desenvolvimento das atividades agropecuárias no campo brasileiro deve ser
compreendido não apenas pelas atividades que ocorrem no interior das propriedades
rurais, como também pelos processos que interligam a produção aos consumidores. Esse
sistema mais abrangente, composto por cadeias produtivas, corresponde ao agronegócio
(CASTRO, LIMA, SILVA, 2010).
De acordo com Teubal (2008) o agronegócio é um modelo de desenvolvimento
agroindustrial “cujo modo de funcionamento global, com predomínio de capital
financeiro, orienta-se, em grande parte, rumo a uma especialização crescente em
determinadas commodities orientadas para o mercado externo e com uma tendência à
concentração em grandes unidades de exploração”.
Na realidade de nossa referência empírica, constatamos que a expansão do agronegócio
do biodiesel promove o desenvolvimento da dendeicultura utilizando em larga escala a
produção realizada pela agricultura familiar em pequenas propriedades. No entanto ele
se enquadra na definição de agronegócio por apresentar indicadores de consumo,
produção, capacidade produtiva, preços do biodiesel e políticas e incentivos para a
expansão do agronegócio do biodiesel derivado do óleo de palma.
É importante destacar que a estruturação da cadeia produtiva do biodiesel proveniente
do óleo de palma ainda não está consolidada, pois a maior parte da produção dendê é
destinada para as indústrias alimentícias e de cosméticos, e por ser atualmente a soja a
maior commoditie de maior rentabilidade econômica destinada á produção de biodiesel.
No que diz respeito à opção pela produção em pequenas propriedades, realizada pela
agricultura familiar, isso se deve às Políticas implantadas pelo Governo Federal, como o
PNPB, o Selo Combustível Social e o PPSOP.
O PNPB, instituído em 2004, é um projeto interministerial e tem por objetivo criar,
desenvolver e consolidar a cadeia produtiva e o mercado de biodiesel no país, tendo
como principais metas a diminuição gradativa do consumo de combustíveis geradores
de gases estufa e a inclusão da agricultura familiar na cadeia produtiva.
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No intuito de estimular a inclusão social da agricultura familiar nessa cadeia produtiva,
o Governo Federal lançou o Selo Combustível Social, um componente de identificação
criado a partir do Decreto Nº 5.297, de 6 de dezembro de 2004, concedido pelo
Ministério do Desenvolvimento Agrário ao produtor de biodiesel que cumpre os
critérios descritos na Instrução Normativa Nº 01 de 19 de fevereiro de 2009.
Segundo as normas definidas pelo Selo Combustível Social, as empresas que o possuem
gozam das seguintes vantagens: Diferenciação/isenção nos tributos PIS/PASEP e
COFINS; Participação assegurada de 80% do biodiesel negociado nos leilões públicos
da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP); Acesso às
melhores condições de financiamento junto aos bancos que operam o Programa (ou
outras instituições financeiras que possuam condições especiais de financiamento para
projetos); Possibilidade de uso do Selo Combustível Social para promover sua imagem
no mercado (BRASIL, MDA)
Analisando nossa referência empírica, podemos entender que essas vantagens
estimulam as empresas produtoras de biodiesel na microrregião de Tomé-Açu a
integrarem agricultores familiares à cadeia produtiva do dendê.
É importante frisar que o Selo confere ao seu possuidor o caráter de promotor de
inclusão social dos agricultores familiares enquadrados ao Programa de Fortalecimento
da Agricultura Familiar (Pronaf), e para garantir essa inclusão os produtores de
biodiesel precisam cumprir algumas tarefas para com o agricultor familiar, que são:
firmar contratos com os agricultores familiares negociados com a participação de uma
entidade representativa dos mesmos (sindicatos, federações); assegurar assistência
técnica gratuita aos agricultores familiares contratados; capacitar os agricultores e
agricultoras familiares para a produção de oleaginosa(s), de forma compatível com a
segurança alimentar da família e com os processos de geração de renda em curso,
contribuindo para a melhor inserção da agricultura familiar na cadeia produtiva do
biodiesel e para o alcance da sustentabilidade da propriedade. (BRASIL, 2012).
O Programa de Produção Sustentável de Óleo de Palma lançado em 2010 pelo Governo
Federal, no município de Tomé-Açu, nordeste do estado do Pará, tem como objetivo
disciplinar a expansão da produção de óleo depalma no Brasil e ofertar instrumentos
para garantir umaprodução em bases ambientais e sociais sustentáveis. Suas diretrizes
correspondem basicamente na preservação da floresta e da vegetação nativa e; expansão
da produção integrada com agricultura familiar. Para tanto, o PPSOP está pauta do em
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um Projeto de Lei que proíbe, terminantemente, a supressão da vegetação nativa para o
cultivo do dendê, e no Zoneamento Agroecológico do Dendê (ZAE–Dendê), que
delimitou apenas áreas aptas (solo e clima) em regiões antropizadas sem restrições
ambientais. As áreas aptas ao cultivo da palma delimitadas pelo ZAE-Dendê, além de
apresentarem características edafoclimáticas propícias ao cultivo do dendê,
correspondem também a áreas com um grande número de agricultores familiares e um
baixo Índice de Desenvolvimento Humano.
Neste contexto, a dendeicultura pode oferecer uma alternativa de produção sustentável,
com alta produtividade e rentabilidade para os agricultores familiares integrados a
cadeia produtiva do biodiesel. A projeção é de que uma família consiga aumentar a
renda mensal de R$ 415, provenientes do trabalho nas lavouras de mandioca ou na
extração do açaí, para até R$2 mil. (Brasil, 2012).
Apesar de o Selo obrigar as empresas produtoras de biodiesel a comprarem parte das
matérias-primas da agricultura familiar, celebrarem contratos e dar assistência técnica
aos agricultores familiares,podemos observar em nossa área de estudo situações
distintas do que está previsto. Em alguns casos, a assistência técnica aos agricultores se
limita a seleção de sementes mais resistentes para o cultivo do dendê. Apesar de estar
previsto no PPSOP que a segurança alimentar deve ser garantida, observamos que
pequenos agricultores estão substituindo a policultura pela monocultura do dendê, seja
por que as exigências das empresas é muito grande e eles não conseguem conciliar a
produção de subsistência com a produção do dendê; seja porque a cultura do dendê tem
um valor comercial maior, quando comparado às lavouras de subsistência, o que
possibilita um aumento da renda.
Conclusão
Ao final das nossas primeiras reflexões sobre a integração da agricultura familiar ao
agronegócio do dendê, podemos observar que o governo vem estimulando essa
integração a partir de políticas públicas como o Plano Nacional de Produção e Uso do
Biodiesel, o Selo Combustível Social e o Programa de Produção Sustentável de Palma
de Óleo. No entanto, ainda é preciso elucidar a realidade dessa integração a partir de
nossa referência empírica, uma vez que essa integração apresenta sérias limitações para
os agricultores familiares posto que eles se integram na condição de mão-de-obra para a
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produção do dendê, dependentes das determinações das empresas sobre a forma de
produção e assistência técnica.O avanço do agronegócio do biodiesel na microrregião de
Tomé-Açu apresenta muitas questões que precisão ser elucidadas: formação de mercado
de terras, perda da soberania na produção de alimentos, e quais as possibilidades de
integração ao agronegócio nas perspectivas dos agricultores familiares. Nossa pesquisa
está apenas no início dessa jornada que visa conhecer os meandros desse complexo e
importante processo.
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