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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DO TRAIRI
GRADUAÇÃO EM FISIOTERAPIA
DEYSE CASSIANO DA SILVA
A PERFORMANCE DA MOTRICIDADE FINA EM CRIANÇAS COM
MICROCEFALIA POR ZIKA VÍRUS
SANTA CRUZ-RN 2017
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DEYSE CASSIANO DA SILVA
A PERFORMANCE DA MOTRICIDADE FINA EM CRIANÇAS COM MICROCEFALIA POR ZIKA VÍRUS
Artigo Científico apresentado a Faculdade de Ciências da Saúde do Trairi da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Fisioterapia Orientador: Prof. Dr. Klayton Galante Sousa Co – orientador: Gentil Gomes da Fonseca Filho
SANTA CRUZ 2017
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DEYSE CASSIANO DA SILVA
A PERFORMANCE DA MOTRICIDADE FINA EM CRIANÇAS COM MICROCEFALIA POR ZIKA VÍRUS
Artigo Científico apresentado a Faculdade de Ciências da Saúde do Trairi da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Fisioterapia
Aprovado em 29 de novembro de 2017.
BANCA EXAMINHADORA ____________________________________________
Prof. Dr. Klayton Galante Souza – Orientador Universidade Federal do Rio Grande do Norte
____________________________________________
Gentil Gomes da Fonseca Filho – Membro da Banca
Centro de Educação e Pesquisa em Saúde Anita Garibaldi – Instituto Santos Dumont
___________________________________________
Thaíssa Hamana de Medeiros Dantas – Membro da Banca Universidade Federal do Rio Grande do Norte
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Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Sistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial da Faculdade de Ciências da Saúde do Trairi -
FACISA
Silva, Deyse Cassiano da.
A Performance da Motricidade Fina em Crianças Com Microcefalia
Por Zika Vírus / Deyse Cassiano da Silva. - 2017.
27f.: il.
Artigo Científico (Graduação em Fisioterapia) - Universidade
Federal do Rio Grande do Norte, Faculdade de Ciências da Saúde do
Trairi. Santa Cruz, RN, 2017.
Orientador: Klayton Galante Sousa.
1. Desenvolvimento motor - Artigo científico. 2. Microcefalia -
Artigo científico. 3. Zika Vírus - Artigo científico. I. Sousa,
Klayton Galante. II. Título.
RN/UF/FACISA CDU 612.766
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Nada é tão nosso quanto os nossos sonhos.
(Autor Desconhecido)
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SUMÁRIO
1 Introdução ........................................................................................................ 05
2 Métodos............................................................................................................ 07
3 Resultado ......................................................................................................... 09
4 Discussão ........................................................................................................ 15
5 Conclusão ........................................................................................................ 17
6 Referências ...................................................................................................... 18
Anexos ................................................................................................................ 21
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A performance da motricidade fina em crianças com microcefalia por zika vírus
Deyse Cassiano da Silva
Resumo
Objetivo: Caracterizar a performance da motricidade fina em crianças com
microcefalia por Zika Vírus através da escala Bayley III.
Métodos: Trata-se de um estudo do tipo descritivo, de corte transversal e com
abordagem quantitativa. Estudo realizado em crianças com casos confirmados de
microcefalia relacionado ao Zika Vírus. As avaliações foram filmadas e realizadas a
Clínica Escola de Fisioterapia em Santa Cruz/RN e no domicílio. Foram feitas
medidas antropométricas (perímetro cefálico, peso e altura) e a avaliação da função
motora fina utilizando a Bayley III. O período do estudo foi de junho a agosto de
2017.
Resultados: Das 8 crianças avaliadas todas apresentaram atrasos significativos em
sua performance motora fina apresentando média
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5
1 Introdução
A microcefalia congênita é considerada uma condição neurológica na qual a
medida da circunferência craniana do bebê é menor que o normal. Ela é decorrente,
além de outras causas, por infecção pelo Zika virus (ZIKV); um flavivírus transmitido
pelo mosquito Aedes aegyptie.1
No Brasil, um surto de crianças nascidas com microcefalia ocorreu em 2015,
com maior concentração na região nordeste, simultaneamente a um aumento na
incidência no número de novos casos confirmados de infecção neonatal por ZIKV -
gerando um alerta para as autoridades nacionais e internacionais da saúde¹.
Como resposta, a Organização Mundial de Saúde (OMS), passou a adotar
como base para notificação dos casos de microcefalia congênita a medida do
perímetro cefálico, que deve ser realizada a partir de 24 horas após o nascimento ou
até a primeira semana de vida. Recém-nascido com 37 semanas ou mais
apresentando perímetro cefálico menor ou igual a 31,5 cm para meninas e 31,9 cm
para meninos, o equivale a -2 desvio padrão de acordo com a idade do neonato e
sexo, seguindo a tabela da OMS. Mediante notificação será realizado os testes
laboratoriais líquido cefalorraquidiano (LCR), reação de cadeia de polimerase (RT-
PCR) e exame de imagem ultrassonografia, confirmando o caso.2, 3,4, 5
A OMS disponibiliza uma ferramenta para registrar os casos suspeitos de
microcefalia pelo ZIKV, que se encontra disponível no endereço eletrônico
www.resp.saude.gov.br para os serviços públicos e privados de saúde, facilitando a
gestão o acesso a essas informações.6,7 Em estado de alerta, o ministério da Saúde,
passou a divulgar boletins notificando os números de casos atualizados no Rio
Grande do Norte. No boletim nº 32 (24/08/2017), sendo notificados no RN 512 casos
suspeitos de microcefalia no relacionados a infecção congênita, desses 147 casos
confirmados e 126 em processo de investigação. A 5º região de Saúde do Rio
Grande do Norte, composta por 21 municípios e deles 7 apresentam casos
confirmados de microcefalia.8
Em resposta ao número de casos, o Ministério da Saúde disponibiliza as
diretrizes para estimulação precoce: Crianças de 0 a 3 anos com atraso no
desenvolvimento neuropsicomotor decorrente da microcefalia, que trata-se de
http://www.resp.saude.gov.br/
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6
acompanhamento clínico e intervenções terapêuticas multiprofissionais, com objetivo
de diminuir o comprometimento neurológico adquirido, melhorando as habilidades
motoras, a aquisição da linguagem, a socialização, além de contribuir com a
estrutura do vínculo entre mãe e filho. 8, 9
Os bebês com microcefalia congênita podem apresentar alterações
desenvolvimento, como problema auditivo pode estar relacionado a alterações no
sistema nervoso central, podendo ser diferenciados por graus (leve, moderado e
severo), causando um impacto maior no desenvolvimento, uma vez que a audição é
a base para o desenvolvimento da linguagem e da fala. Outra alteração que pode
surgir é no sistema visual podendo acometer várias estruturas oculares, afetando a
área central onde a criança tem melhores respostas e apresentará dificuldades
visuais como acuidade visual baixa, dificuldade de reconhecer e localizar objetos no
seu campo de visão 10,11,12
Existem várias escalas que avaliam o desenvolvimento da criança
principalmente para os dois primeiros anos de vida. Uma delas é a escala de
desenvolvimento infantil Bayley – III, que foi criada por Nancy Bayley e
colaboradores em 1953 e revisada em 1993. Ela é composta por 5 domínios:
comportamento adaptativo, cognitivo, linguagem, motor e sócio emocional, e tem
como objetivo avaliar e detectar atrasos no desenvolvimento. A Bayley III é usada
para criança na faixa etária entre 0 a 42 meses. 13,14, 5
Dentro das categorias de avaliação da Bayley III, o domínio que avalia a
condição motora fina é composto por 66 itens. Estes avaliam as habilidades
associadas com preensão, integração percepto-motora, planejamento motor e
velocidade motora, e os itens para medir habilidades incluem: acompanhamento
visual, alcançar, manipular objetos, agarrar, qualidade do movimento da criança,
habilidades manuais e funcionais e as respostas à informação tátil (integração
sensorial).14,15
Existem estudos sobre avaliação do desenvolvimento motor em crianças com
paralisia cerebral, prematuras, baixo peso e microcefalia utilizando escalas como a
TIMP e Bayley II, observando vantagens aplicação das mesmas, uma vez que avalia
o desenvolvimento global dessas crianças mostrando os atrasos. 16,17
-
7
A escala Bayley III é reconhecida entre uma das melhores escalas existentes
para avaliação do desenvolvimento infantil, pois fornecem valores confiáveis e
válidos sobre o estado do desenvolvimento da criança nos anos iniciais de sua vida.
Outro ponto importante é que ao fornecer informações quantitativas e qualitativas
ajuda aos profissionais interpretar os resultados auxiliando traçar o plano de
tratamento como também orientar a reabilitação enfatizando o programa de
estimulação precoce8. Como ocorreu um aumento do número dos casos em todas
as regiões do país, principalmente na região Nordeste os estudos com microcefalia
utilizando a Bayley III seria enriquecedor, uma vez que demonstra de forma
detalhada quais atividades motoras finas que as crianças com microcefalia
conseguem realizar.
Dessa forma objetivo do presente estudo foi caracterizar a performance da
motricidade fina em crianças com microcefalia através da Escala Bayley III.
2 Métodos
Trata-se de um estudo do tipo descritivo, de corte transversal e com
abordagem quantitativa. O presente estudo foi realizado após aprovação do Comitê
de Ética em Pesquisa sob o número do CAAE 58715316.3.0000.5568 desta
instituição e com o consentimento dos responsáveis pela criança após o
esclarecimento a respeito da pesquisa. Foram seguidos os preceitos éticos de
acordo com a resolução nº 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde.
A pesquisa foi realizada em crianças com microcefalia de 6 municípios da 5ª
Região de Saúde do Rio Grande do Norte (5ª USARP), ao qual corresponde a Bom
Jesus, Japi, Santa Cruz, Serra Caiada, São José do Campestre e Tangará. A
população do estudo foi composta por crianças nascidas no ano 2015 a 2016, todas
crianças nascidas a termos, com caso confirmado e diagnosticado de microcefalia
relacionado ao Zika Vírus. O período do estudo foi de junho a agosto de 2017.
O recrutamento das crianças foi através do contato com os responsáveis
através do telefone e em seguida agendado uma visita ao domicílio a fim de explicar
o propósito do estudo e colher a assinatura dos termos TCLE. As avaliações foram
filmadas e realizadas na Clínica Escola de Fisioterapia da UFRN/ FACISA em Santa
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8
Cruz/RN e no domicílio que foram em Bom Jesus e Serra Caiada, no qual o
pesquisador proporcionou um ambiente calmo, tranquilo e seguro para realização da
avaliação, gravação e filmagem dos mesmos.
A amostra inicial foi de 10 crianças, porém uma das crianças mudou-se da 5ª
região de saúde do estado e outra foi descartada a infecção por ZKV, totalizando a
amostra com 8 crianças. A escolha do local de aplicação da escala foi feita de
acordo com a preferência e disponibilidade dos responsáveis. Sendo, 6 crianças
avaliadas na Clínica Escola de Fisioterapia da FACISA e outras 2 avaliadas em suas
residências.
Figura 1: Fluxograma dos casos confirmados de microcefalia no Brasil, Nordeste, Rio Grande do
Norte e 5ª Região.
A fim de comparar as medidas do nascimento, presentes na caderneta da
criança do ministério da saúde, com as do momento da avaliação, foram realizadas
as medidas antropométricas contendo (perímetro cefálico, peso e altura).
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9
A avaliação da função motora fina, foi utilizada a Escala Bayley de
Desenvolvimento Infantil III. A escala Bayley III avalia os seguintes domínios
cognitivo composta por 91 itens, linguagem que é subdividida em comunicação
receptiva (49 itens) e comunicação expressiva (48 itens), motor subdividido em
motor fino (66 itens) e motor grosso (72 itens), sócio-emocional e comportamento
adaptativo esses dois últimos domínios são avaliados são observados por forma de
questionário preenchidos pelos pais ou cuidadores.
A idade criança era calcula e transformada em meses para saber qual letra da
escala o teste iria ser iniciado, como por exemplo: uma criança com 33 meses e 24
dias a letra que iria dar início ao teste da função motora fina seria a letra P que na
escala iria inicia pelo teste de número 38, caso essa criança pontuasse 1 continuaria
os testes seguintes e se errasse (pontuação 0) voltaria a letra que nesse caso seria
a letra O e assim por diante. Para seguir o teste a criança tem que realizar três
pontuações 1, caso não consiga escala volta a letra e o teste para quando a criança
pontua 5 zeros consecutivos. Com essa pontuação em mãos o examinador pega a
pontuação total da escala motora fina e utiliza algumas tabelas para descobrir a
classificação do atraso no desenvolvimento daquela criança avaliada.
Para o seu uso, foi realizado um treinamento teórico/prático sobre a escala,
com duração de quatro semanas. A avaliação é de natureza não invasiva e possuem
tempo estimado para aplicação é de 90 minutos e aplicada por 4 examinadores.
Para a análise de dados foi utilizado o programa estatístico SPSS (versão
20.0). Foi realizada estatística descritiva com distribuição de frequência, medidas de
tendência central e dispersão. A normalidade de todas as variáveis numéricas foi
testada pelo Teste Shapiro Wilk. A correlação das variáveis de interesse foi
observada a partir do teste não paramétrico de Correlação de Spearman e para os
paramétricos, o Teste de Pearson. O nível de significância adotado foi p
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10
Variáveis Nascimento
Média DP
Nascimento
Média (P50)
Avaliação
Média DP
Avaliação
Média (P50)
Peso (kg)
3095.00
(282.843)
3,200 10.120
(862.670)
12.1
Perímetro
Cefálico (cm)
31 (1,41) 34,9 41,00(2,828) 48,1
Estatura (cm) 47.50 (0.707) 50 80.15 (1.626) 85,5
Fonte: OMS; n= (2) DP= Desvio padrão P50 de acordo com a World Health Organization.
A tabela mostra a comparação das medidas antropométricas da avaliação e
do nascimento, comparados com os valores na tabela da OMS na qual adotam
padrões de crescimento das crianças encontrando o percentil de acordo com o P50,
o P50 corresponde 50% das crianças alcançaram o ponto médio na curva do
crescimento de acordo com a idade em estudos feitos pela World Health
Organization (WHO). Com a média do nascimento e das avaliações das crianças do
estudo foi possível encontrar o P50.
Comparando a média do peso do nascimento x peso crianças tanto no
nascimento quanto em seu desenvolvimento apresentam-se com peso adequado
para sua idade segundo os padrões da OMS.
De acordo com a média (PC nascimento x PC avaliação), observa-se
nascimento foi baixo, pois para uma criança do sexo masculino com PC normal seria
de 34,9 cm de acordo com o P50. Com isso observa-se PC está dentro da faixa de
normalidade, porém não atingiu a média do P50.
Observe que a média da estatura do nascimento foi 47,50 cm, mostrando-se
baixo para o nascimento de acordo com o sexo masculino de acordo com a média
do P50. Com o desenvolvimento mantendo o escore de comprimento baixo para sua
idade.
Tabela 2 - Amostra Clínica da população Feminina
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11
Variáveis Nascimento
Média DP
Nascimento
Média (P50)
Avaliação
Média DP
Avaliação
Média (P50)
Peso (kg)
2610.00
(448.161)
3,1 9245.00
(481.721)
11,5
Perímetro
Cefálico (cm)
31 (1.581) 34 47.00 (4.174) 47,1
Estatura (cm) 47 (4.174) 45,9 78.50 (3.230) 85,15
Fonte: OMS; n= (6) DP= Desvio padrão P50 de acordo com a World Health Organization.
Comparando com os dados da amostra a média do nascimento peso foi
2,610kg, mostrando-se baixo para o nascimento de acordo com o sexo feminino.
Com o desenvolvimento obteve uma média adequada, permanecendo de acordo
com o P50 adequado para sua idade.
A tabela mostra a relação do (PC do nascimento x PC da avaliação), o valor
do nascimento foi baixo, de acordo com o P50 padronizado pela OMS, onde o PC
normal seria de 34cm. Com isso observa-se que não atingiu um percentil esperado
para sua idade.
A média da estatura para o nascimento foi 47cm, mostrando-se adequado
para o nascimento de acordo com o P50 padronizado pela OMS. Ao longo do seu
desenvolvimento obteve comprimento baixo.
O escore composto é baseado na soma da pontuação do comportamento
motor, que mensura o quão longe o score de um indivíduo pode chegar, possuindo
uma média e um desvio padrão.
O resultado do escore composto motor podem ser classificados de acordo
com o nível de desempenho motor que correspondem muito superior (130 acima),
superior (120 -129), média alta (110 - 119), média (90 - 109), média baixa (80 - 89),
média baixa (70 - 79) 3 extremamente baixo (69 abaixo). Observe o gráfico 1 do
-
12
composite score motor onde a população amostral apresenta desempenho
extremamente baixo.
Gráfico 1 - Escore composto da Pontuação da função Motora
Fonte: da coleta de dados
O escore composto da motricidade fina, representa o desempenho da criança
de acordo com a pontuação total do teste, apresentando dimensões métricas com
intervalo de 1 a 19, tendo em vista que se atingir uma pontuação de 10 mostra que
seu desempenho está normal de acordo com a faixa etária. Se a pontuação atingida
for 13 significa que a criança está acima da média e se a pontuação atingida for
abaixo de 7 criança apresenta um atraso em seu desenvolvimento. Observe o
gráfico abaixo que representa o desempenho motor fina da amostra estudada, todas
apresentam um atraso significativo em sua performance motora fina.
Gráfico 2 - Pontuação escalar da motricidade fina
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13
Fonte: da coleta dos dados
Observe a tabela abaixo as atividades motoras finas que cada criança da
amostra conseguiu realizar.
Tabela 3 – Atividades realizada por cada criança
Criança Atividade Realizada
1 Mãos fechadas;
Segurar (mantém) argola.
2 Mãos fechadas;
Segurar (mantém) argola;
Tentativa de levar a mão à boca.
3 Tentativa de levar a mão a boca;
Segurar argola;
Olhos seguem argola (circular);
Cabeça segue argola;
Olhos acompanham a bola rolar;
Manter mãos abertas;
Série blocos: alcançar bloco.
4 Mãos à boca;
Olhos seguem a pessoa em movimento;
-
14
Olhos seguem argola (Horizontal);
Tentativa de levar mão a boca;
Segurar (mantém) argola;
Cabeça segue argola;
Olhos acompanham a bola rolar.
5 Tentativa de levar a mão a boca;
Série bloco: Agarrar com a mão inteira;
Alcançar unilateral;
Série (pellet) cereal comestível (agarrar
arrastando);
Série Bloco: Oposição parcial do
polegar;
Série (pellet): cereal comestível: agarrar
com a mão inteira;
Transferir bloco.
6 Mão fechadas.
7 Transferir a argola;
Série (pellet) Cereal comestível: Agarrar
com a mão inteira;
Transferir blocos;
Série bloco: Agarrar do polegar ao dedo
mínimo;
Transferir colher e blocos para a linha
média;
Série (pellet) cereal comestível:
Oposição parcial do polegar;
Série (pellet) cereal comestível: Agarrar
do polegar ao dedo mínimo;
Movimentos isolados do dedo indicador.
8 Tentativa de levar a mão a boca.
Fonte: Coleta de dados
-
15
4 Discussão
Com bases nos resultados obtidos, verifica-se que as crianças do sexo
feminino apresentaram no nascimento peso na avaliação e nascimento as crianças
apresentam-se dentro da faixa de normalidade, porém não conseguiram atingir o
P50. O PC no nascimento ficou abaixo e na avaliação conseguiu atingir o P50, e na
estatura no nascimento está dentro da faixa de normalidade e na avaliação está
abaixo do esperado de acordo com o estudo epidemiológicos da WHO.
As crianças do sexo masculino o peso atingiu o P50 no nascimento, mas na
avaliação ficou dentro da faixa de normalidade, porém não atingiu o ponto de corte
do P50, no PC no nascimento foi abaixo do esperado e na avaliação está dentro da
faixa de normalidade, porém não conseguiram atingir o P50 e na estatura o
nascimento e na avaliação está dentro da faixa de normalidade, porém não atingiu o
P50.
Observa-se também que houve uma prevalência significativa nas alterações
no desenvolvimento motor e no motor fino e para ambos os sexos, uma vez que
todas ficaram muito abaixo do esperado para sua idade.
Com os avanços nos cuidados perinatais as taxas de sobrevida de crianças
que nascem com baixo peso melhoraram, uma vez que existe o reforço do
acompanhamento para as mesmas. Qualquer mudança ou alterações no peso,
perímetro cefálico e estatura na curva do crescimento deve ser investigada para
determinar sua causa, tendo em vista que podem estar ou não relacionadas a
atrasos no desenvolvimento motor.18,19
Um estudo realizado com 12 crianças com Síndrome de Down com idade de
dois anos usando a Bayley III para avaliar a função motora fina, mostrando que as
crianças com Síndrome de Down apresentam dificuldades em desempenhar tarefas
que exijam destrezas e coordenação uni e bimanual, ou seja, tarefas que envolvem
controle e planejamento motor, percepção visual e integração viso motora.
Observaram que das 12 crianças, nove tiveram pontuação de 7 a 4 indicando um
leve atraso, uma criança com pontuação abaixo de 3 apresentando
comprometimento baixo, e 2 participantes entre 10 e 7 atrasos moderado, obtendo
então uma menor frequência entre as tarefas motoras finas executadas, mostrando
menor desempenho nas tarefas executadas. 20
-
16
É importante lembrar que as crianças no final o primeiro ano de vida começa
a desenvolver a preensão de precisão, que requer controle da musculatura
intrínseca da mão e movimentos independentes dos dedos, movimentos esses que
são necessários para manipulações de objetos pequenos e delicados e que
qualquer alteração ou atraso no desenvolvimento motor fino a criança irá apresentar
dificuldades no controle e planejamento das ações.19, 20
Achados semelhantes em crianças com Paralisia cerebral são encontrados
em crianças com microcefalia congênita por ZIKV, como: perda de controle cervical,
dificuldade e sentar, engatinhar, realizar transposições posturais, apresentando
também atrasos na função motora fina como pegar, soltar e manipular objetos, uma
vez que a essas crianças tem um padrão flexor de punho e mão devido a
espasticidade, dificultando assim sua interação com a tarefa.11
A literatura apresenta estudos utilizando a Bayley III avaliando o
desenvolvimento motor em crianças com paralisia cerebral, baixo peso, prematuras,
mostrando uma correlação entre os resultados dos mesmos para ambos os sexos e
idade, obtendo uma pontuação baixa, ou seja
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17
É importante fornecer intervenções adequadas através da triagem precoce avaliação
para as crianças com risco potencial de incapacidade. Existe uma grande demanda
por uma ferramenta para determinar o potencial risco ou problemas no estágio inicial
do atraso no desenvolvimento. No entanto, há apenas um número limitado de
ferramentas abrangentes e objetivas para avaliação e diagnóstico.20, 21
O seguimento do desenvolvimento evidencia a importância de documentar a
estabilidade do teste, compreendo e interpretando mudanças no desempenho ao
longo da vida. O acompanhamento do desenvolvimento das crianças no primeiro ao
segundo ano de vida usando a Escala Bayley III, revela confiabilidade teste
apresentando mudança no desempenho e motor fino, e com base nisto encaminhar
para programas de intervenção precoce 12, 2
5 Conclusão
Crianças com microcefalia pelo Zika Vírus apresentam dificuldades
específicas em tarefas motoras finas, nas ações que envolvem agarrar e soltar e na
manipulação de objetos e brinquedos, interferindo na interação com o ambiente e
com os estímulos durante o seu desenvolvimento. Esses achados indicam uma
necessidade de intervenção precoce, visto que influenciam na aquisição de
habilidades funcionais. Vale ressaltar que quanto mais tarde essas crianças
receberem estimulação precoce, mais atrasado será seu desenvolvimento motor.
The performance of fine motor skills in children with microcephaly by zika virus
Abstract
Objective: To characterize fine motor performance in children with microcephaly by
Zika Virus through the Bayley III scale.
Methods: This is a descriptive, cross-sectional and quantitative approach. A study
was carried out in children with confirmed cases of microcephaly related to Zika
Virus. The evaluations were filmed and performed at the Clinical School of
-
18
Physiotherapy in Santa Cruz / RN and at home. Anthropometric measures (cephalic
perimeter, weight and height) and fine motor function evaluation were performed
using Bayley III. The study period was from June to August 2017.
Results: Of the 8 children evaluated, all presented significant delays in their fine
motor performance, presenting an average score of
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19
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Anexos
Anexo 1 – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido - TCLE
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Anexo 2 – Escala Bayley III
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REGRAS PARA FORMATAÇÃO DO ARTIGO, SEGUNDO AS NORMAS DA
REVISTA