UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO SERIDÓ
CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO
O PROCESSO DE EXECUÇÃO À LUZ DO NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL
LEONARDO RONNY FERNANDES
CAICÓ
2015
2
LEONARDO RONNY FERNANDES
O PROCESSO DE EXECUÇÃO À LUZ DO NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL
Artigo científico apresentado à Universidade
Federal do Rio Grande do Norte – UFRN/CERES
– Caicó, como parte dos requisitos para obtenção
do título de Bacharel em Direito.
ORIENTADOR: Prof.ª Ana Marília Dutra
Ferreira da Silva
CAICÓ
2015
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LEONARDO RONNY FERNANDES
O PROCESSO DE EXECUÇÃO À LUZ DO NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL
Artigo científico apresentado à Universidade
Federal do Rio Grande do Norte – UFRN/CERES
– Caicó, como parte dos requisitos para obtenção
do título de Bacharel em Direito.
ORIENTADOR: Prof.ª Ana Marília Dutra
Ferreira da Silva
Aprovado em: ____/____/____
BANCA EXAMINADORA
____________________________________
Prof. Esp. Ana Marília Dutra Ferreira da Silva
Orientadora
____________________________________
Prof. Ms. Thomas Kefas de Souza Dantas
Examinador
_____________________________________
Prof. Esp. Saulo de Medeiros Torres
Examinador
4
FERNANDES, Leonardo Ronny. O processo de execução à luz do Novo Código de
Processo Civil. 2016. 26 fls. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Direito) -
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Caicó, 2016.
RESUMO
O processo de execução, assim como toda a seara do direito processual civil, é dinâmico. Em
busca de seu constante aperfeiçoamento, várias reformas legislativas vêm sendo feitas para
aprimorá-lo, acompanhadas de debates doutrinários que as balizam. Antes mesmo do Código
de Processo Civil de 2015 ser sancionado, vários ajustes foram feitos apesar de uma, então
iminente, crise política. O código noviço, assim, consolidou tais mudanças e promoveu
inovações próprias. Assim, este artigo analisa precipuamente o processo de execução no
âmbito do Novo Código de Processo Civil, que precisa ser discutido, dada sua tenra
implantação. O processo de execução, posto que prático e amplamente utilizado, tem de ser
célere e barato, e sobre isso versa este trabalho: perscrutar se as vias executivas estão
propiciando, no novo código, um processo mais rápido, econômico e justo para as partes. O
objetivo, então, é identificar as mudanças que ocorreram nas regras gerais de execução e, para
isso, o método dedutivo e a pesquisa bibliográfica foram empregados. Através de textos sobre
o tema e da comparação entre o código atual e o anterior, concluiu-se que as principais
mudanças já haviam acontecido antes mesmo do Código de 2015, através de leis esparsas.
Nesse diapasão, são realçadas as características do processo de execução, que tem como
impulso inicial a existência prévia de um título executivo extrajudicial, em detrimento do
processo de conhecimento, que culmina na produção de um título executivo judicial, e que
por sua vez é executado através do cumprimento de sentença. Para isso, são expostos
entendimentos acerca do tema e segue-se com a análise de determinados artigos do código
vigente.
Palavras-chave: Processo de Execução. Novo Código de Processo Civil. Código de Processo
Civil de 1973.
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FERNANDES, Leonardo Ronny. O processo de execução à luz do Novo Código de
Processo Civil. 2016. 26 fls. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Direito) -
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Caicó, 2016.
ABSTRACT
The implementation process, as well as the entire harvest of civil procedural law, is dynamic.
In pursuit of its continuous betterment, various legislative reforms have been made to improve
it, accompanied by doctrinal debates that beacon them. Even before the 2015 Civil Procedure
Code be sanctioned, several adjustments were made despite a, then imminent, political crisis.
The novice code then consolidated these changes and promoted its own innovations. Thus,
this article primarily analyzes the implementation process under the New Civil Procedure
Code, which needs to be discussed, given its early inauguration. The implementation process,
since practical and widely used, must be fast and cheap, and with this subject deals this paper:
to peer if the executive pathways are providing in the new code a faster, economical and fair
process to the parties. The goal, then, is to identify the changes that have occurred in the
general rules of implementation process and, for this, the deductive method and the
bibliographic research were employed. Through texts about the issue and the comparison
between the current code and the previous, it was concluded that the major changes had taken
place even before the 2015 Code, by sparse laws. Thus, it’s drawn attention to the
characteristics of the implementation process, whose initial impulse is the prior existence of
an extrajudicial enforcement title in despite of knowledge process, that culminates in the
production of a judicial enforcement title, and that in its turn runs through compliance with
judgment. For this, understandings on the subject are exposed and followed by an analysis of
certain articles of the current code.
Keywords: Implementation process. New Civil Procedure Code. 1973 Civil Procedure Code.
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O PROCESSO DE EXECUÇÃO À LUZ DO NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 7
2 A SUPRESSÃO DA AÇÃO AUTÔNOMA DE EXECUÇÃO DE SENTENÇA ................... 9
2.1 TUTELA ANTECIPADA ................................................................................................... 12
2.2 CONFLITO ENTRE OS PRINCÍPIOS DA TIPICIDADE E DA
INSTRUMENTALIDADE ....................................................................................................... 13
2.2.1 SEGURANÇA JURÍDICA NA EXECUÇÃO ................................................................. 14
3 O PROCESSO DE EXECUÇÃO NO NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL ............... 14
3.1 PODERES DO JUIZ .......................................................................................................... 15
3.2 DA DISPONIBILIDADE DA AÇÃO DE EXECUÇÃO ................................................... 18
3.3 RESPONSABILIDADE OBJETIVA ................................................................................. 19
3.4 DOS SUJEITOS DO PROCESSO ..................................................................................... 19
3.5 DA CUMULAÇÃO DE EXECUÇÕES ............................................................................. 21
3.6 INTIMAÇÃO PESSOAL DO DEVEDOR E INÍCIO DO CUMPRIMENTO DE
SENTENÇA ............................................................................................................................. 22
3.6.1 INATIVIDADE PROCESSUAL LONGA ...................................................................... 23
3.7 RESPONSABILIDADE PATRIMONIAL ......................................................................... 24
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................... 24
REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 26
7
1 INTRODUÇÃO
Quando se contempla o extenso campo da legislação e da doutrina relativa ao Direito
Processual Civil, é inevitável não deparar com mecanismos coercitivos para a realização dos
fins a que esta área do Direito se propõe alcançar. E é então que se vê, apresentando-se como
protagonistas, na atividade jurisdicional, dentre outros, os institutos que possibilitam e
fundamentam o processo de execução, que por sua vez, assim como toda a seara do direito
processual civil, é dinâmico.
A importância de tal tema dá-se devido ao fato de que tais institutos permitem a
aplicação das normas positivas gerais ao caso concreto e específico, oferecendo os meios
adequados para o exercício efetivo dos direitos subjetivos que, pela conduta ilegítima de
alguém, foram perturbados, seja pela ameaça de uma violação ou pela violação propriamente
dita.
Ora, o direito processual existe para dar suporte ao dever estatal de ‘dizer o direito’,
garantindo, como consequência natural das decisões, o cumprimento das leis materiais, nas
quais residem os direitos mais fundamentais. Os ditames formais aos quais as partes devem
obediência e de que se valem durante o processo para obter um acertamento de suas relações
jurídicas servem, tão somente, para garantir a efetividade dos direitos materiais.
Ora, a necessidade de um bom desempenho da prestação jurisdicional na sociedade se
sobrepõe aos debates doutrinários que, no ramo do direito, por vezes tendem a se prender a
detalhes que beiram a inutilidade, pois certos autores permanecem mais tempo a confabular
sobre as implicações intelectuais e definições de institutos, ou seja, atêm-se por muito tempo
ao plano das ideias, do que pensando em soluções práticas para os conflitos sociais e
antinômicos, e acabam por perder-se em meio a “estéreis divagações sobre conceitos abstratos
e exacerbadamente isolacionistas do fenômeno formal e, por isso mesmo, secundário dentro
do ordenamento jurídico” (THEODORO JR., 2016, p. 04).
É preciso, portanto, voltar esta análise para o mundo fático. De nada adianta elaborar
julgamentos científicos a respeito de todo o ordenamento jurídico se isto não servir de modo
rápido e eficaz à finalidade do Direito, qual seja, a harmonização da sociedade e das pessoas
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que a compõem, em meio aos seus mais variados conflitos sociais, através da aplicação
certeira de normas claras de um sistema jurídico prático.
Inicia-se, portanto, tal exposição estabelecendo como tema basilar o processo de
execução à luz do Novo Código de Processo Civil brasileiro, posto que esta é uma área ainda
carente de pesquisas mais elaboradas na doutrina jurídica. E isto foi o que mais nos motivou a
realizar este trabalho: a novidade do assunto, que já se reformulava antes mesmo da entrada
em vigor da nova legislação processual.
Em busca de um constante aperfeiçoamento, várias reformas legislativas já vinham
sendo feitas para aprimorar o processo de execução, acompanhadas dos debates doutrinários
que sempre as balizaram. Antes mesmo do Código de Processo Civil de 2015 ser sancionado,
vários ajustes foram feitos apesar de uma, então iminente, crise política. O código noviço,
assim, consolidou tais mudanças e promoveu inovações próprias.
Apesar das principais inovações sobre a execução terem ocorrido antes do Novo
Código de Processo Civil de 2015, através da Lei nº 11.232 de 22.12.2005 e da Lei nº 11.382
de 06.12.2006, discute-se acerca de certos institutos executivos abordando o modo como se
apresentam, então consolidados, no novo diploma legal; o que se justifica não só pelo
importante momento de transição legislativa, mas também pelo fato de que a maior parte dos
estudos relacionados ao tema que se encontra atualmente baseou-se no Projeto de Lei do
Senado nº 166 de 2010, existindo assim, ainda pouca produção científica a respeito do
processo de execução no Novo Código de Processo Civil após sua consolidação e entrada em
vigor.
O fundamento lógico desta investigação repousa na observação do resultado final de
como ficou a execução após a reforma do processo civil brasileiro, em suas normas gerais, e
não em um quadro comparativo estrito entre a legislação anterior e a corrente, posto que
certos institutos são tão inovadores que não encontram dispositivos correspondentes no
Código de Processo Civil de 1973.
Convém ainda mencionar que, para a produção deste artigo, realizou-se uma breve
perscrutação, todavia buscando versar sobre o tema assentando esta pesquisa em bases
sólidas. Através do método dedutivo e da pesquisa bibliográfica, foi trazido à tona o debate
9
sem a intenção de realizar revisões sistemáticas.
A finalidade deste artigo era a de observar os reflexos da reforma do Código de
Processo Civil no processo de execução, e assim contribuir para o constante debate a respeito
deste campo do direito processual, dado o momento histórico de transição legislativa. O
objetivo, portanto, é apontar as principais inovações que o Novo Código de Processo Civil
trouxe ao processo de execução, os problemas que enfrentou e os que deixou de solucionar e
se essas inovações foram satisfatórias. Para isso, buscou-se descrever o processo de execução
atual, comparar com a realidade anterior, e sistematizar alguns pontos importantes do Novo
Código de Processo Civil para análise geral do processo de execução hodierno.
Buscou-se identificar as mudanças que ocorreram nas regras gerais de execução e,
para isso, foi utilizada a metodologia supracitada, qual seja o método dedutivo e a pesquisa
bibliográfica, através de textos, com observação e interpretação de manuais, dos ditos quadros
comparativos e códigos anotados, onde concluiu-se que as principais mudanças já haviam
acontecido antes mesmo do Código de 2015, através de leis esparsas.
Constatou-se como resultado dessa pesquisa que a principal mudança na reforma da
execução foi a supressão da ação autônoma de execução de sentença, e que esta já ocorria
antes mesmo das leis que a instituíram através do instituto da tutela antecipada, tema que será
tratado logo a seguir. Vê-se que os poderes do juiz serão melhor delineados na atual
legislação, assim como o rol dos legitimados passivos para a execução é alargado, e que
princípios como o da disponibilidade da execução ou a possibilidade de cumular ações
executivas permaneceram inalterados.
Esboça-se, desse modo, um panorama das vias executivas, apenas sondando como
estas se davam anteriormente e como ocorrem agora, sob a luz do Novo Código de Processo
Civil.
2 A SUPRESSÃO DA AÇÃO AUTÔNOMA DE EXECUÇÃO DE SENTENÇA
A principal mudança ocorrida na renovação do processo de execução brasileiro
ultimamente, mesmo antes da reforma do Código de Processo Civil, foi a completa supressão
10
da ação de execução de sentença.
É sabido que, no século XX, o direito processual civil postergou a tendência de
formular e aperfeiçoar conceitos e começou a direcionar o pensamento para a funcionalidade,
ganhando destaque, nesse ínterim, princípios tais como os da instrumentalidade e da
efetividade, ou seja, a produção concreta de efeitos jurídicos (THEODORO JR., 2016, p. 03).
A partir desse processo, começou-se a encarar a efetividade e a justiça da prestação
jurisdicional como algo que se otimiza na medida em que o processo possui mecanismos de
celeridade e adequação, principalmente no que tange à execução.
Como citado anteriormente, muito antes de haver a reforma no Código de Processo
Civil, vários ajustes já vinham sendo feitos nas vias de execução civil. Um exemplo seria a
reforma que houve entre 2005 e 2006, que fez com que as ações de execução se
homogeneizassem às ações de conhecimento na maioria dos casos, possibilitando a tutela
jurídica que advém do devido processo legal através do mero cumprimento de sentença. O
código hodierno seguiria esse pensamento.
É certo que, no passado, havia uma concepção onde o processo era admitido como um
modelo único de procedimento, onde a atividade do juiz era burocrática e seus poderes eram
exercidos sob a égide de uma gigantesca racionalização. Nesse modelo, o usual era iniciar
dois processos autônomos, um anterior, para o acertamento da relação jurídica, e outro,
posterior, para a execução dos direitos subjetivos envolvidos nessa relação e elencados como
legítimos nas decisões judiciais, contemporâneas ao fim do processo de conhecimento
(MARINONI, 2012, p. 6).
O prosseguimento apartado dos processos era consequência desse modelo arcaico
supracitado, que seguia sempre o mesmo rito para iniciar e fazer correr qualquer lide; então,
se uma pessoa buscava saber a quem assistia determinado direito, dava início a um processo
(de conhecimento), e se, ao fim, fosse necessária uma execução, fosse por parte do então
autor, ou do réu que conseguisse contornar a situação, era necessário começar outro processo
(de execução), utilizando, no entanto, o mesmo modelo padrão, o que demonstrava uma
percepção rígida do sistema normativo.
Desse modo, esse formato único de procedimento, que exigia dois processos
11
autônomos para cada relação jurídica que enveredasse até às vias executivas, tomava muito
tempo das partes e do aparato judicial, aumentava os custos do processo e, consequentemente,
colocavam em risco a efetividade do direito material.
Ora, a doutrina correspondente sempre convencionou que as sentenças meramente
declaratórias e as sentenças constitutivas fossem consideradas independentes, pois basta que
sejam tais decisões proferidas para que a prestação jurisdicional tenha ocorrido por completo
(MARINONI, 2012, p. 5). A título de esclarecimento, cumpre dizer que as sentenças
meramente declaratórias são aquelas que têm, na sua parte dispositiva, apenas a declaração da
existência de uma relação jurídica ou reconhecimento de um direito, enquanto as constitutivas
são aquelas que, ao declararem a existência de uma relação jurídica, constituem um direito.
De modo contrário, as sentenças condenatórias declaram a existência de um fato, de um
direito, mas também condena a parte vencida a uma obrigação de dar, fazer ou não fazer.
Assim, as sentenças condenatórias exigem, após o processo cognitivo que apresenta a
solução ideal que se deve aplicar ao caso concreto, os meios de execução garantidores da
tutela do direito que se busca resguardar. Afinal, o resultado que qualquer sentença almeja
obter – com exceção das declaratórias e constitutivas mencionadas supra, que por si só já
representam uma outorga ou uma negação de um direito, e das condenatórias nas quais ocorra
um adimplemento espontâneo – só poderá ser proporcionado por meios de execução que
sejam capazes de efetivamente repercutir sobre as partes e alterar a realidade.
É que “uma sentença que tenha que interferir sobre a realidade, mas que é destituída
de meios de execução, não serve para a prestação da tutela do direito, e assim constitui ‘um
nada’, ao menos quando considerada a tutela prometida pelo direito material” (MARINONI,
2012, p. 5).
Se por um lado as sentenças declaratórias e constitutivas suprem de forma autônoma a
necessidade que a parte apresenta, declarando com quem está um direito ou um dever, ou
constituindo uma situação jurídica desejada, por outro lado somente em caso de
adimplemento espontâneo uma sentença condenatória propiciaria a tutela integral do direito;
mas, em qualquer outro caso, esta dependeria de propositura de ação de execução, cuja
proposição caberia ao vencedor da causa para perseguir concretamente o direito assegurada
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pela ação de conhecimento.
2.1 TUTELA ANTECIPADA
A actio iudicati fora abolida como procedimento autônomo diante da dualidade
acertamento/condenação em nome da efetividade da prestação jurisdicional, apresentando
uma ruptura em relação ao direito romano, que inspirava as ações de conhecimento e de
execução a correrem em separado. Todavia, de fato, sempre existiram processos unificados no
direito pátrio: As ações possessórias e as ações locatícias, por exemplo, sempre geraram
sentenças cujo cumprimento se realizam de plano, e prescindem, portanto, de ação executiva
separada, sendo todavia exceções à regra.
Um ponto essencial para essa fusão foi o surgimento da antecipação de tutela, que já
provocou uma mudança na dualidade de ações, possibilitando medidas executivas imediatas
para satisfazer o direito material do autor – sem que este precisasse de uma nova ação para
isso – dentro do processo de cognição e antes mesmo de ser proferida a sentença definitiva da
lide. Uma vez acolhido o pedido tutelado antecipadamente, nada se haveria mais para
executar após a fase de conhecimento, posto que já em exercício do direito almejado o autor.
Esse foi então, por assim dizer, o primeiro passo para a unificação dos dois procedimentos.
Em um primeiro momento, essa unificação se deu na seara das obrigações de fazer ou
não fazer e nas obrigações de entrega de coisa, quando das antecipações de tutela, das ações
monitórias, onde merece destaque a reforma dos artigos 461 e 461-A do CPC/1973. Depois, a
Lei nº 11.232, de 22.12.2005, veio unificar também o conhecimento e a execução relativa a
condenações por quantia certa. Vislumbra-se nessa conjuntura, portanto, uma melhora gradual
no processo civil brasileiro, cuja tendência é aperfeiçoar o processo de execução
(CARNEIRO, 2005, p. 122).
Se o cenário atual reuniu a ação de execução de sentença como mera consequência
natural do processo de conhecimento, e assim contribuiu para a duração razoável do processo
e sua efetividade, muito mais o fez o instituto da tutela antecipada.
Cumpre destacar porém que, por serem as vias executivas procedimentos peculiares,
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algumas regras gerais servirão para qualquer tipo de execução, enquanto outras serão comuns
a apenas a alguns tipos de execução, por exemplo: para o início do procedimento que almeja o
cumprimento de quantia certa é necessário, obviamente, o requerimento do interessado; no
entanto, para fazer cumprir obrigação de fazer, de não fazer ou de entregar coisa, o
procedimento poderá ser instaurado de ofício pelo juiz.
2.2 CONFLITO ENTRE OS PRINCÍPIOS DA TIPICIDADE E DA
INSTRUMENTALIDADE
Nesse ínterim, empraza-se também um aparente conflito entre o princípio da tipicidade
dos meios executivos e o da instrumentalidade das formas. O primeiro informa que todos os
atos executivos estão prévia e pormenorizadamente descritos na lei processual, enquanto o
segundo dita que a existência do ato processual não é um fim em si mesmo, mas instrumento
utilizado para se atingir determinada finalidade. Assim, se o ato atinge sua finalidade sem
causar prejuízo às partes, ainda que com vício, não se declara sua nulidade.
Uma vez que a sentença condenatória esteja vinculada aos meios executivos
tipificados na lei, atravanca-se assim a possibilidade de o juiz trabalhar com qualquer outro
meio de execução, controlando-se, dessa forma, a sua possibilidade de arbítrio. Todavia, resta
ainda ao magistrado amplo espaço para atos discricionários, desde que obedecidos os limites
legais, baseando-se dessa forma no princípio da instrumentalidade das formas. Caberá ao juiz
analisar cada situação sob a luz dos critérios de conveniência e oportunidade.
Se o juiz deve amoldar cada caso ao que exige à lei, por várias vezes na execução será
possível que ele tome medidas advindas de seu próprio discernimento, se assim a legislação
permitir.
Desse modo, tal conflito é facilmente resolvido: quando a lei estabelecer ditames
rígidos sobre os meios executivos, o juiz os seguirá, e apenas quando for silente ou permitir
atos discricionários, o juiz será livre para escolher outro meio, utilizando assim o princípio da
razoabilidade para não extrapolar em seus atos e incorrer em arbitrariedade.
14
2.2.1 SEGURANÇA JURÍDICA NA EXECUÇÃO
Na mesma direção, faz-se um rápido esclarecimento de que a esfera jurídica do réu, no
caso de condenação, não pode ser invadida por meio executivo não previsto na lei,
garantindo-se assim a liberdade patrimonial e a segurança psicológica do cidadão.
Essa segurança seria derivada da certeza do direito, ou da garantia de que somente
poderiam ser utilizados os meios executivos tipificados em lei, devido ao princípio da
tipicidade. O réu sempre terá, todavia, meios para se defender através de: impugnação no
cumprimento de sentença, ou embargos no processo de execução, dada a imperatividade dos
princípios do devido processo legal, do contraditório e da ampla defesa.
Feitas estas considerações iniciais acerca de algumas características da execução,
apresenta-se agora uma breve análise sobre as principais mudanças trazidas pelo Novo
Código de Processo Civil no tocante ao Processo de Execução.
3 O PROCESSO DE EXECUÇÃO NO NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL
No Novo Código de Processo Civil, o Livro II da Parte Especial foi especialmente
dedicado ao Processo de Execução. Logo no Título I, há normas que tratam da execução em
geral, seguindo-se assim, naturalmente, o Capítulo I com Disposições gerais.
O Art. 771 de pronto nos informa que o objeto deste fragmento do código é o
procedimento da execução fundada em título extrajudicial, mas que suas disposições aplicam-
se, também, no que couber, aos procedimentos especiais de execução, aos atos executivos
realizados no procedimento de cumprimento de sentença, bem como aos efeitos de atos ou
fatos processuais a que a lei atribuir força executiva, de forma subsidiária.
Essa relação de subsidiariedade será recíproca para os processos de execução de título
extrajudicial e cumprimento de sentença, como demonstrado a seguir.
Embora a legislação recente tenha dado fim à supremacia da actio iudicati, unificando
os processos de conhecimento e execução, permanece a diferença entre o mero cumprimento
de sentença e as ações propriamente executivas.
15
Ocorre que o procedimento de cumprimento de sentença tem uma relação mútua de
aplicação subsidiária com as normas pertinentes ao processo de execução, como por exemplo
as pertinentes à responsabilidade patrimonial, a penhora, formas de expropriação, satisfação
do crédito, suspensão e extinção do processo. Essa reciprocidade é revelada no parágrafo
único do art. 771, que corrobora a aplicação subsidiária à execução das disposições do Livro I
da Parte Especial, antes prevista no artigo 598 do CPC/1973.
Ora, o cumprimento de sentença é referência máxima da unificação propriamente dita
do processo de conhecimento e da ação de execução em um único processo. No primeiro
caso, o processo cognitivo produz uma decisão que será reputada título executivo judicial,
onde o Estado fará a obrigação ser cumprida como mera fase processual, consequência óbvia
do processo unificado. Já a execução fundada em título extrajudicial ainda concretiza-se em
ação autônoma, manejada pelo processo de execução em si.
É exatamente por isso que o Livro II da Parte Especial do Novo Código de Processo
Civil cuida precisamente do processo de execução fundado em prévio título executivo
extrajudicial, e ainda regula qualquer tipo de execução: procedimentos especiais de execução,
como a execução fiscal, regulada pela Lei nº 6.830/1980, e a execução hipotecária da Lei nº
5.741/1971; os atos executivos realizados no procedimento de cumprimento de sentença,
disciplinado no Título II do Livro I da Parte Especial do novo CPC; e rege também os efeitos
de atos ou fatos processuais a que a lei atribuir força executiva, como no caso da efetivação da
tutela provisória (art. 297).
Acerca da execução fiscal, parte das regras atualmente previstas em relação à
competência para este tipo de execução há muito estendem-se também às demais execuções
fundadas em título extrajudicial (MEDINA, 2011, p. 686).
3.1 PODERES DO JUIZ
Após o art. 771, há dois artigos subsequentes que tratam das faculdades gerais
creditadas a pessoa do juiz e que seguem o mesmo entendimento no qual se baseiam os
demais poderes garantidos ao juiz na legislação novel.
16
O art. 772 estabelece então os poderes do juiz. Este pode, em qualquer momento do
processo: I – ordenar o comparecimento das partes; II – advertir o executado de que seu
procedimento constitui ato atentatório à dignidade da justiça (embora tal advertência não seja
necessária para a aplicação de sanções relacionadas a estas condutas).
Essas duas faculdades singularmente já figuravam na codificação de 1973 (art. 599). A
inovação do código hodierno dá-se por este oferecer ao juiz o condão explícito de: III –
determinar que sujeitos indicados pelo exequente forneçam informações em geral
relacionadas ao objeto da execução, tais como documentos e dados que tenham em seu poder,
assinando-lhes prazo razoável.
Neste campo inserem-se como 'sujeitos' não somente o executado, mas também
terceiros alheios ao processo.
Quando tal ordem, relativa ao fornecimento de informações, não é cumprida
satisfatoriamente, pode o juiz estabelecer a imposição de multa diária ou proferir mandado de
busca e apreensão, já que no art. 773 lê-se que "o juiz poderá, de ofício ou a requerimento,
determinar as medidas necessárias ao cumprimento da ordem de entrega de documentos e
dados." Isto colabora em muito para a efetividade da prestação jurisdicional.
Como já citado neste trabalho, o princípio da instrumentalidade ganha força quando o
que se preza é a efetividade da prestação jurisdicional, o que possibilita a ocorrência de
medidas atípicas, desde que adequadas e razoáveis para que se alcance o fim almejado, qual
seja o cumprimento da ordem judicial, em detrimento do princípio da tipicidade dos atos
executivos. Todo o Novo Código de Processo Civil está baseado nessa dicotomia.
O artigo 139, inciso IV, do novo CPC, expressa a competência do juiz de dirigir o
processo, dando-lhe a obrigação, dentre outros deveres processuais, de “determinar todas as
medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias necessárias para assegurar o
cumprimento de ordem judicial, inclusive nas ações que tenham por objeto prestação
pecuniária.” É o mesmo caso da tutela provisória, seja de urgência, seja de evidência.
Convém salientar que tais medidas atípicas, sob o novo código, também poderão ser
admitidas na exibição de documento ou coisa (artigos 400, parágrafo único, e 403, parágrafo
único), o que deve ensejar o cancelamento da súmula 372 do STJ, que não permite a aplicação
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de multa cominatória na ação de exibição de documentos.
Por fim, no parágrafo único do art. 773, vê-se que quando, em decorrência do disposto
neste artigo, o juízo receber dados sigilosos para os fins da execução, o juiz adotará as
medidas necessárias para assegurar sua confidencialidade.
Para assegurar a boa-fé na execução, o novo código estabelece no art. 774 as condutas
comissivas ou omissivas consideradas como atentatórias à dignidade da justiça por parte do
executado.
As respectivas sanções não serão, assim, aplicáveis a terceiros, o que também não o
eram no CPC/1973. Tais condutas enodoam o processo e abrem espaço para a punição do
executado que: I - frauda a execução; II - se opõe maliciosamente à execução, empregando
ardis e meios artificiosos; III - dificulta ou embaraça a realização da penhora; IV - resiste
injustificadamente às ordens judiciais; V - intimado, não indica ao juiz quais são e onde estão
os bens sujeitos à penhora e os respectivos valores, nem exibe prova de sua propriedade e, se
for o caso, certidão negativa de ônus.
Nos casos previstos neste artigo, diz o parágrafo único, o juiz fixará multa em
montante não superior a vinte por cento do valor atualizado do débito em execução, a qual
será revertida em proveito do exequente, exigível nos próprios autos do processo, sem
prejuízo de outras sanções de natureza processual ou material. Neste ponto, a multa continuou
com o mesmo valor em relação à legislação anterior.
No Código de 1973, havia ainda uma possibilidade de o juiz perdoar a multa, caso o
executado se comprometesse a não praticar qualquer modalidade de ato atentatório e desse
fiador idôneo que respondesse ao exequente pela dívida principal, juros, despesas e
honorários advocatícios (artigo 601, parágrafo único do CPC/1973). Esta possibilidade restou
anulada pelo Código de Processo Civil de 2015, que a extirpou do direito positivo.
O artigo supracitado mostra-se como uma junção dos artigos 600 e 601 do CPC 1973,
após a qual este tornou-se o parágrafo único do atual artigo 774 e aquele foi meramente
reproduzido com o acréscimo do ato atentatório daquele que ‘dificulta ou embaraça a
realização da penhora’.
Contudo, devido à aplicação geral do art. 77, além das hipóteses elencadas neste artigo
18
(774), existem outras condutas que também caracterizam atos ilegítimos e atentatórios à
dignidade da justiça, mas com alcance subjetivo e sanções diferenciadas, sendo desse modo
aplicáveis ao processo de execução, inclusive a terceiros.
Assim, se o terceiro “resiste injustificadamente às ordens judiciais”, apesar do teor
exato desta expressão se encontrar direcionado ao executado no artigo 774, na execução
pratica o ato atentatório à dignidade da justiça capitulado no artigo 77, IV, do novo CPC,
sujeitando-se portanto às sanções previstas nesse artigo, sem prejuízo de sanções de natureza
diversa.
Uma mudança peculiar também nesse quesito da execução deu-se na intimação do
executado para indicar seus bens, em observância ao princípio da transparência patrimonial:
na redação anterior, “intimado, não indica ao juiz, em 5 (cinco) dias, quais são e onde se
encontram os bens sujeitos à penhora e seus respectivos valores” (art. 600, IV, CPC/1973); na
redação atual, “intimado, não indica ao juiz quais são e onde estão os bens sujeitos à penhora
e os respectivos valores, nem exibe prova de sua propriedade e, se for o caso, certidão
negativa de ônus.” O código atual, assim, aperfeiçoou o dispositivo para fomentar a aplicação
do princípio da transparência patrimonial, garantindo mais segurança jurídica.
A nova codificação inclui, desse modo, na caracterização do ato atentatório, a omissão
do executado em apresentar a prova de propriedade e, se for o caso, a certidão negativa de
ônus. Suprimido o prazo legal de 5 (cinco) dias para a indicação dos bens (art. 600, IV, CPC
1973), o que faz com que tal prazo torne-se judicial.
3.2 DA DISPONIBILIDADE DA AÇÃO DE EXECUÇÃO
Acerca da disponibilidade da ação de execução, o art. 775 vem informar que este
princípio faculta ao exequente o direito de desistir de toda a execução ou de apenas alguma
medida executiva. No dizer da legislação, na desistência da execução, observar-se-á o
seguinte: I - serão extintos a impugnação e os embargos que versarem apenas sobre questões
processuais, pagando o exequente as custas processuais e os honorários advocatícios; II - nos
demais casos, a extinção dependerá da concordância do impugnante ou do embargante.
19
Esse princípio da disponibilidade ou da desistência já existia no código anterior e
continua da mesma forma no código atual. Assim, permanece o autor da ação de execução
com a livre disponibilidade da execução, podendo desistir de toda a execução ou de apenas
alguma medida executiva, como uma penhora. Aqui, não há necessidade de consentimento do
executado para desistir da medida executiva. Este consentimento somente é exigido em uma
possibilidade: quando a defesa do executado (os embargos à execução ou a impugnação ao
cumprimento de sentença) versar sobre o mérito da execução. Nesse caso, a extinção da
execução depende da anuência do executado. Não havendo defesa ou versando esta apenas
sobre questões processuais (penhora, avaliação, depósito etc.), tal anuência é dispensada, mas
o exequente responde pelas custas e honorários advocatícios, o que é justo para as partes.
3.3 RESPONSABILIDADE OBJETIVA
Em substituição ao art. 574 do CPC/1973, o art. 776 do atual código informa, com
grande apuro técnico em sua redação, que o exequente terá que responder objetivamente e
assim ressarcir ao executado os danos que este vier a sofrer, quando a sentença, transitada em
julgado, declarar inexistente, no todo ou em parte, a obrigação que ensejou a execução.
Trata-se de execução injusta, atestada por qualquer decisão judicial que declare
inexistente a obrigação ou parte dela, como os embargos à execução, a sentença final da ação
rescisória (no cumprimento de sentença) ou a que advenha do acolhimento de qualquer defesa
do executado, desde que transitada em julgado.
Já o art. 777 diz que 'A cobrança de multas ou de indenizações decorrentes de
litigância de má-fé ou de prática de ato atentatório à dignidade da justiça será promovida nos
próprios autos do processo.' Cumpre dizer que essa regra é aplicável em qualquer tipo de
processo, não apenas no de execução.
3.4 DOS SUJEITOS DO PROCESSO
Os legitimados ativos para promover a execução forçada são elencados no art. 778,
sendo primordialmente o credor a quem a lei confere título executivo. Contudo, nos
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parágrafos seguintes, o rol se estende: § 1º – Podem promover a execução forçada ou nela
prosseguir, em sucessão ao exequente originário: I – o Ministério Público, nos casos previstos
em lei; II – o espólio, os herdeiros ou os sucessores do credor, sempre que, por morte deste,
lhes for transmitido o direito resultante do título executivo; III – o cessionário, quando o
direito resultante do título executivo lhe for transferido por ato entre vivos; IV – o sub-rogado,
nos casos de sub-rogação legal ou convencional. E o § 2º informa que a sucessão prevista no
§ 1º independe de consentimento do executado, tornando a execução mais célere.
Em comparação com os artigos 566 e 567 do CPC/1973, o artigo 778 não alterou
substancialmente a legitimidade ativa para a execução. O credor a quem a lei confere título
executivo é o legitimado ativo originário. O Ministério Público, quando autor da demanda,
passa a ser credor e, nessa qualidade, também será considerado legitimado ativo originário
(artigo 778, caput).
As hipóteses previstas no primeiro parágrafo tratam, então, da legitimação ativa
derivada ou superveniente, por sucessão do exequente originário. O Ministério Público
aparece aqui como sucessor do exequente originário, nos casos previstos em lei, como é a
hipótese da Lei nº 4.717/1965 (ação popular), na qual, “decorridos 60 (sessenta) dias da
publicação da sentença condenatória de segunda instância, sem que o autor ou terceiro
promova a respectiva execução, o representante do Ministério Público a promoverá” (artigo
16).
O parágrafo segundo inova para determinar que a legitimidade ativa derivada não
dependa do consentimento do executado, excetuando, com isso, o regime jurídico da sucessão
de partes previsto no art. 109, §1º - O adquirente ou cessionário não poderá ingressar em
juízo, sucedendo o alienante ou cedente, sem que o consinta a parte contrária.
Convém ainda mencionar contra quem a execução pode ser promovida, rol que
observa-se no art. 779: I - o devedor, reconhecido como tal no título executivo; II - o espólio,
os herdeiros ou os sucessores do devedor; III - o novo devedor que assumiu, com o
consentimento do credor, a obriga- ção resultante do título executivo; IV - o fiador do débito
constante em título extrajudicial; V - o responsável titular do bem vinculado por garantia real
ao pagamento do débito (novidade trazida pelo novo código); VI - o responsável tributário,
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assim definido em lei (mesmo que não seja o contribuinte, permanece como legitimado
passivo, a teor do que dispõe o art. 128 e subsequentes do Código Tributário Nacional).
Trata-se aqui da legitimidade passiva para a execução, que se encontrava no artigo 568
do CPC 1973. Como legitimado passivo originário persiste o devedor, reconhecido como tal
no título executivo.
Já em sucessão ao réu originário, há os ditos legitimados passivos derivados ou
supervenientes: o espólio, os herdeiros ou os sucessores do devedor, bem como o novo
devedor, que assumiu, com o consentimento do credor, a obrigação resultante do título
executivo.
Apesar de manter a lista de fiadores usuais, a nova legislação ampliou o rol de fiadores
com legitimidade passiva. Se no artigo 568, IV, CPC/1973 falava-se em “fiador judicial”, para
referir-se ao fiador que presta garantia em autos de processo, o novo diploma legal caracteriza
o “fiador do débito constante em título extrajudicial”. Nesse caso, aquele que, não sendo
devedor, cedeu bem de sua propriedade como garantia real ao pagamento da dívida de terceiro
também é legitimado passivo para a execução.
3.5 DA CUMULAÇÃO DE EXECUÇÕES
O art. 780, antigo art. 573 do CPC/1973, informa que o exequente pode cumular várias
execuções, ainda que fundadas em títulos diferentes, quando o executado for o mesmo e desde
que para todas elas seja competente o mesmo juízo e idêntico o procedimento. Tal instituto da
cumulação de execuções permaneceu inalterado, apenas foi tecnicamente aperfeiçoado em sua
redação. Essa cumulação em um único processo será permitida, ainda que baseada em títulos
distintos, quando houver identidade de partes, competência do mesmo juízo e identidade
procedimental. Isso contribuiu muito para a economia e a celeridade processual.
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3.6 INTIMAÇÃO PESSOAL DO DEVEDOR E INÍCIO DO CUMPRIMENTO DE
SENTENÇA
O termo inicial do cumprimento da sentença foi motivo de intenso debate doutrinário
logo após a publicação da Lei nº 11.232/05, pois esta deixou uma lacuna quanto ao termo
inicial de contagem para o prazo de 15 dias, previsto no art. 475-J do código anterior. Essa
omissão legislativa foi recebida de modo diverso por parte dos estudiosos.
Segundo alguns autores, o prazo para o cumprimento da sentença teria seu início com
a intimação do devedor, através da pessoa de seu advogado, após requerimento do credor com
a demonstração da memória de cálculo do valor da dívida.
Para outros, o instante inicial para o cumprimento da sentença seria comum ao trânsito
em julgado, tendo a partir desse momento o devedor que cumprir a obrigação de modo
voluntário, com o argumento bastante coerente de que a intimação serve para fazer cumprir o
dever jurídico pela parte e não pelo advogado.
Muito se criticou a inovação trazida pelo código recente, alegando-se que esta seria
uma involução se comparada ao código de 1973, que teria abolido a intimação pessoal e
admitido a intimação do advogado para a abertura do cumprimento de sentença relativa a
obrigação de quantia certa. Enfim, ficou assente no Novo Código de Processo Civil que a
intimação do advogado constituído marca o início do prazo para o cumprimento de sentença.
Este mandamento de que o prazo para cumprimento da sentença tenha início pela
intimação do devedor, em geral, na pessoa do seu advogado (NCPC, art. 513, §2º, I), aplicar-
se-á tanto nas obrigações de pagar quantia certa, como nas obrigações de fazer, não fazer e
entregar coisa.
A regra possui certas exceções, tais como a intimação por carta com aviso de
recebimento, quando o réu é representado pela Defensoria Pública ou na ausência de
procurador constituído nos autos, ou as hipóteses de intimação por edital. A intimação se dará
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por edital quando por edital foi o devedor citado na fase de conhecimento e nesta situação
houver permanecido revel. Muitas críticas foram tecidas, como a de que a exigência de
intimação pessoal, ainda que por carta com aviso de recebimento (e não, necessariamente, por
oficial de justiça), dificultaria e, por conseguinte, retardaria o início da fase de cumprimento
de sentença (ARAÚJO, 2011, p. 354). Já nos casos em que a parte se utiliza da Defensoria
Pública, posto que constituam uma situação específica, merecerão certamente tratamento
diferenciado “também neste momento processual da fase executiva, adotando-se a
necessidade de realização da intimação pessoal do devedor” (MONTEIRO, 2011, p. 820).
A intimação será, ainda, feita por meio eletrônico quando executadas empresas
públicas e privadas que não tenham advogado constituído nos autos, e estas têm a obrigação
de manter cadastro nos sistemas de processo em autos eletrônicos, com exceção das
microempresas e empresas de pequeno porte, o que parece adequado.
Interessante anotar que, nestes casos de intimação postal e por meio eletrônico, a
intimação será considerada realizada quando o devedor mudar de endereço sem previamente
comunicar ao juízo, mesmo quando não for a comunicação recebida pelo interessado
pessoalmente, nos termos do art. 274, parágrafo único, e do § 3º do art. 513 da nova
legislação.
O Novo Código de Processo Civil estabeleceu assim o sistema de intimação
presumida do devedor, considerando-se este intimado quando da mera tentativa de realizar o
ato por carta ou por correspondência eletrônica.
3.6.1 INATIVIDADE PROCESSUAL LONGA
Cabe ainda anotar a respeito da inatividade processual longa, previsão no sentido de
que a intimação respectiva será feita na pessoa do devedor na hipótese do requerimento para o
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cumprimento da sentença vir a ser formulado somente após um ano do trânsito em julgado da
sentença. Presume-se que, com o decorrer deste prazo, a parte não mantenha mais o mesmo
contato com seu advogado constituído, razão pela qual deverá ser intimada pessoalmente.
Essa intimação deverá ser por carta com aviso de recebimento, encaminhada ao endereço
constante dos autos.
3.7 RESPONSABILIDADE PATRIMONIAL
Lembrando que o procedimento de cumprimento de sentença tem uma relação mútua
de aplicação subsidiária com as normas pertinentes ao processo de execução, vê-se como
exemplo desta relação as normas pertinentes à penhora, formas de expropriação, satisfação do
crédito, suspensão e extinção do processo e responsabilidade patrimonial. Acerca da
responsabilidade patrimonial, cumpre anotar que ouve certa ampliação do rol de bens sujeitos
à execução, com a inclusão do inciso VI, do art. 790, de modo que aparecem os bens gravados
com ônus reais, que tenham sido alienados a terceiros sendo, posteriormente, reconhecida a
fraude contra credores; e inclusão do inciso VII, que engloba os bens do responsável, nos
casos de desconsideração da personalidade jurídica (LIGERO, 2011, p. 220).
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O processo de execução atualmente em vigor no país busca ser um instrumento efetivo
e célere da mais ampla satisfação do credor, com a menor onerosidade para o devedor,
respeitando-se sempre e integralmente as garantias processuais dos direitos fundamentais,
como o devido processo legal, o contraditório e a ampla defesa.
A execução não é simplesmente uma relação jurídica entre duas partes, mas dela
participam em posições subjetivas específicas muitos outros sujeitos, titulares de interesses
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próprios, como o arrematante e os credores concorrentes, interesses sobre os quais o juiz
também tem de velar. No entanto, vê-se por fim que, como em todo período de reforma
legislativa, surgem muitas soluções através das inovações impostas pelo novo código, bem
como são deixados ainda vários entraves. Ao que parece, o processo de execução está mesmo
mais ágil, econômico e justo. Certamente o Novo Código de Processo Civil buscou em vários
pontos promover a celeridade, adequação, efetividade, e segurança jurídica ao processo de
execução, mas somente a realidade das lides é que dirá se tais mudanças foram suficientes.
Diz-se inclusive que o sistema de execução presente no novo código acabou sendo
“refém do sistema preexistente, ao qual ele introduz alguns aperfeiçoamentos, aqui e ali,
preferindo manter a continuidade da disciplina legislativa anterior a enveredar pelo caminho
de tentar formular uma reforma radical.” (GRECO, 2013, p. 400). Ora, sabe-se que a crise da
execução é uma crise mundial, e que vários países já reformaram seus procedimentos
executivos porque não estavam satisfeitos. No entanto, não importa em qual país ou sob qual
regime jurídico a execução ocorra, o comportamento humano que desemboca em um
procedimento executivo permanece o mesmo de modo geral: o credor busca apressadamente
sua satisfação, e o devedor costuma ser vagaroso em adimpli-la, razões pelas quais é
composto o litígio judicial.
Ainda há, assim, muito que se melhorar em relação às coações processuais executivas,
para que futuramente o devedor colabore com maior presteza com a execução, e para que os
meios de pressão que a lei estabelecer para coagi-lo ao cumprimento da obrigação sejam
suficientes para intimidá-lo. Não há ainda, em nosso país, um debate profundo que venha a
dissecar o tema do processo de execução, e acredita-se que jamais será possível exauri-lo,
pois a diversidade dos conflitos e dos fatos cotidianos tornam o Direito obsoleto de tempos
em tempos devido a mudanças na sociedade, sendo este incapaz de tutelar todas as relações
que o homem pode conceber.
Quando observadas as características da execução, a lógica da cognição difere
completamente da execução. Este tipo de processo possui nuances próprias, práticas, que
atuam e modificam o mundo exterior. E uma vez que envolva pessoas e bens do mundo real,
no qual os valores e interesses se apresentam em permanente mutação, seu dinamismo e
constante análise é justificadamente necessária.
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REFERÊNCIAS
ARAÚJO, Luciano Vianna. O cumprimento da sentença no Projeto do Novo Código de
Processo Civil. In: Fernando Rossi; Glauco Gumerato Ramos; Jefferson Carús Guedes; Lúcio
Delfino; Luiz Eduardo Ribeiro Mourão (Coords.). O Futuro do Processo Civil no Brasil: uma
análise crítica ao Projeto do Novo CPC, Belo Horizonte: Fórum, 2011, p. 354.
CARNEIRO, Athos Gusmão. Nova execução. Aonde vamos? Vamos melhorar. Revista de
processo, v. 123, maio 2005, p. 122.
GRECO, Leonardo. Execução Civil – Entraves e Propostas. Revista Eletrônica de Direito
Processual – REDP. Volume XII. Periódico da Pós-Graduação Stricto Sensu em Direito
Processual da UERJ. Rio de Janeiro, outubro de 2013.
LIGERO, Gilberto Notário. Desafios e avanços do Processo de Execução no Projeto de
Código de Processo Civil. In: Fernando Rossi; Glauco Gumerato Ramos; Jefferson Carús
Guedes; Lúcio Delfino; Luiz Eduardo Ribeiro Mourão (Coords.). O Futuro do Processo Civil
no Brasil: uma análise crítica ao Projeto do Novo CPC, Belo Horizonte: Fórum, 2011, p. 220.
MARINONI, Luiz Guilherme. Do processo civil clássico à noção de direito à tutela
adequada ao plano do direito material e à realidade social. 2012. Disponível em:
<http://www.marinoni.adv.br/artigos.php>. Acesso em: 17 de maio de 2016.
MEDINA, José Miguel Garcia. Código de Processo Civil Comentado. 3ª Tiragem, São Paulo:
Editora Revista dos Tribunais, 2011, n. I, p. 686.
MEDINA, José Miguel Garcia. Novo CPC: quadro comparativo. Disponível em:
<https://professormedina.files.wordpress.com/2015/03/quadro-2015-1973-vertical.pdf>.
Acesso em 06 de junho de 2016.
MONTEIRO, Matheus Vidal Gomes. O prazo para pagamento voluntário no cumprimento
definitivo da sentença condenatória ao pagamento de quantia certa: análise do art. 475-J do
CPC/73 e do PL 8046/10. Revista Eletrônica de Direito Processual – REDP. Volume VIII.
Periódico da Pós-Graduação Stricto Sensu em Direito Processual da UERJ. Rio de Janeiro,
agosto de 2011.
OAB/RS. Novo código de processo civil anotado / OAB. – Porto Alegre: 2015. 842 p. ; 24
cm. Disponível em: <http://www.oabrs.org.br/novocpcanotado/novo_cpc_anotado_2015.pdf>.
Acesso em 13 de junho de 2016.
THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil - Vol. III. 47ª. ed. Rio
de Janeiro: Editora Forense, 2016. 1280 p.