UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS ESCOLA DE CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO
CENTRO DE EXTENSÃO – CARRO-BIBLIOTECA
RELATÓRIO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS PELO CENEX PROGRAMA CARRO-BIBLIOTECA: FRENTE DE LEITURA
ANO BASE 2009
Elaborado pela bibliotecária Gracielle Mendonça Rodrigues Gomes e pela coordenadora do Cenex, professora Adriana Bogliolo Sirihal Duarte.
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SUMÁRIO
1 APRESENTAÇÃO __________________________________________________________ 3
2 RECURSOS HUMANOS _____________________________________________________ 5
3 ACERVO E PROCESSAMENTO TÉCNICO _____________________________________ 7
4 COMUNIDADES ATENDIDAS _______________________________________________ 9
4.1 Bairro Ipiranga__________________________________________________________________ 10
4.2 Bairro Bonsucesso _______________________________________________________________ 12
4.3 Bairro São Benedito ______________________________________________________________ 13
4.4 Bairro Lagoa____________________________________________________________________ 14
4.5 Bairro Frimisa __________________________________________________________________ 15
5 ESTÁGIO SUPERVISIONADO E VOLUNTÁRIO _______________________________ 16
6 PROJETOS DESENVOLVIDOS______________________________________________ 17
6.1. Boletim Bairro a Bairro __________________________________________________________ 17
6.2. Encontros de Leitura ____________________________________________________________ 18
6.3. Inclusão Digital: o Carro-Biblioteca como Telecentro _________________________________ 21
6.4. Educação para a preservação: uma estratégia para a conservação de acervos bibliográficos _ 22
7. PARTICIPAÇÃO EM EVENTOS E ATIVIDADES ESPECIAIS _____________________ 24 7.1. Semana do Livro do Centro Cultural Vila Fátima (14/04/2009) ___________________________________ 24 7.2. Mostra de Profissões (27 a 29/04/2009) ______________________________________________________ 25 7.3. Inauguração da Biblioteca da Escola Municipal Vereador Rafael Barvizan (26/05/2009) ______________ 25 7.4. Evento “Cultura na Praça” no bairro Jardim Guanabara (25/06/2009) –, Contação de História __________ 25 7.5. Entrevista para a TV UNI-BH (25/06/2009) __________________________________________________ 25 7.6. XXIII CBBD (05 a 08/07/2009) ____________________________________________________________ 26 7.7. Oferta da disciplina optativa Serviços de Extensão e o Profissional da Informação (2º semestre/2009)____ 26 7.8. Visita Monitorada ao Laboratório de Preservação do Acervo_____________________________________ 26 7.9. Prêmio Viva-Leitura (21 a 23/10/2009) ______________________________________________________ 27 7.10. Entrevista na TV-WEB (22/10/2009)________________________________________________________ 27 7.11. Semana do Conhecimento e Cultura da UFMG (20 a 24/10/2009)_________________________________ 27 7.12. Entrevista para o programa Universo Literário da Rádio UFMG (26/10/2009) _______________________ 28 7.13. Semana das Crianças e Dia do Livro (27 a 30/10/2009 e 09/11/2009) ______________________________ 28 7.14. Visita do Ministro das Comunicações (13/11/2009) ____________________________________________ 29 7.15. A Extensão na Escola de Ciência da Informação ECI/UFMG (20/11/2009) _________________________ 29
7 CONSIDERAÇÕES ________________________________________________________ 30
ANEXO 1 : Artigo publicado no XXIII CBBD _______________________________________ 32
ANEXO 2: Boletins Bairro a Bairro publicados ao longo do ano ________________________ 41
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1 APRESENTAÇÃO
O Programa Carro-Biblioteca: Frente de Leitura é o segundo mais antigo programa de
Extensão da UFMG, tendo sido criado em 1973, através de um convênio com o então Instituto
Nacional do Livro (INL). Desde então atua como fortalecedor de políticas e diretrizes da
universidade, trabalhando na formação do estudante como pesquisador e extensionista, e na
inclusão social das comunidades através do incentivo à leitura. Em 2009, o Programa foi integrado
pelos projetos "Encontros de Leitura”, “Inclusão Digital: o Carro-Biblioteca como telecentro",
"Boletim Bairro a Bairro", e “Educação para a preservação: uma estratégia para a conservação
de acervos bibliográficos” (QUADRO 1).
QUADRO 1 Programa Carro-Biblioteca e projetos vinculados em 2009
Programa/Projeto Número SIEX Coordenador(a) Sub-Coordenador
Programa Carro-Biblioteca: Frente de Leitura
500001 Profa. Adriana Bogliolo Sirihal Duarte
Projeto Encontros de Leitura 400045 Profa. Maria da Conceição Carvalho
Projeto Inclusão Digital: o Carro-Biblioteca como Telecentro
400153 Profa. Marta Macedo Kerr Pinheiro
Profa. Adriana Bogliolo Sirihal Duarte
Projeto Boletim Bairro a Bairro 400005 Profa. Adriana Bogliolo Sirihal Duarte
Projeto Educação para a preservação: uma estratégia para a conservação de acervos bibliográficos
400044 Bibliotecária - Rosemary Tofani Motta
Profa. Alcenir Soares dos Reis
Os objetivos do Programa Carro-Biblioteca são: incentivar a leitura e a cidadania junto às
populações carentes da Grande BH, colaborar para a democratização do acesso à informação,
promover ações culturais e educativas, prestar assessoria às comunidades na implantação de suas
próprias bibliotecas e atuar como espaço para pesquisa e treinamento discente, propiciando a inter-
relação Ensino/Pesquisa/Extensão da Universidade.
Através de uma metodologia participativa e dialógica, criada todos os dias nas comunidades,
o Carro-Biblioteca, com seu ambiente descontraído e agradável, visa manter e fortalecer a
fidelidade dos seus usuários mais antigos. Além disso, ao promover a realização de atividades de
ação cultural junto às comunidades, tais como contação de histórias, concursos de redação e poesia,
exposição de desenhos, oficinas de inclusão digital e outras, pretende conquistar novos usuários a
cada dia.
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Em seus 36 anos de história, o projeto atendeu às necessidades de leitura e informação de
várias comunidades e promoveu diversas modalidades de ações culturais, além de ter contribuído
para a formação de um número elevado de estudantes de Biblioteconomia.
O Centro de Extensão da Escola de Ciência da Informação funciona de segunda a sexta-
feira, no horário de 8h às 17h. Cada comunidade atendida pelo Programa Carro-Biblioteca: frente
de leitura recebe a visita do Carro-Biblioteca uma vez por semana. O Carro-Biblioteca tem um
ponto fixo em cada comunidade, permanecendo ali por um período de duas horas e meia. O quadro
2 registra as comunidades visitadas em 2009, informando os dias e turnos das visitas.
QUADRO 2 Comunidades atendidas pelo Carro-Biblioteca em 2009
Comunidade Dia de visita Turno
Ipiranga segunda-feira manhã
Bonsucesso terça-feira manhã
São Benedito quarta-feira tarde
Lagoa quinta-feira manhã
Frimisa sexta-feira tarde
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2 RECURSOS HUMANOS
No quadro a seguir são apresentadas as pessoas envolvidas com o Cenex e com o Programa
Carro-Biblioteca: Frente de Leitura, suas funções e as jornadas de trabalho no ano de 2009.
QUADRO 3 Recursos humanos envolvidos com o Cenex e o Carro-Biblioteca em 2009
Nome Cargo/Função Período Horário de Trabalho
Profa. Adriana Bogliolo Sirihal Duarte
Coordenadora do Cenex e do Projeto Boletim Bairro a Bairro
2009
Profa. Alcenir Soares dos Reis
Sub-coordenadora do Projeto Educação para a preservação: uma estratégia para a conservação de
acervos bibliográficos
2009
Profa. Marta Macedo Kerr Pinheiro
Coordenadora do Projeto Inclusão Digital: o Carro-Biblioteca como
Telecentro 2009
Profa. Maria da Conceição Carvalho
Coordenadora do Projeto Encontros de Leitura
2009
Rosemary Tofani
Coordenadora do Projeto Educação para a preservação: uma estratégia para a conservação de
acervos bibliográficos
2009
Gracielle Mendonça Rodrigues Gomes
Bibliotecária/Documentalista 2009 08:00h às 12:00h e 13:00 às 17:00h
Ana Luisa de Vasconcelos Terto Secretária Executiva 2009 08:00h às 12:00h e 13:00 às 17:00h
Rúbia Ribeiro Menezes Assistente Administrativo 2009 08:00h às 12:00h e 13:00 às 17:00h
Wiler Gonçalves Ferreira Assistente Administrativo A partir de 09/11/2009 08:00h às 12:00h e 13:00 às 17:00h
João Amâncio dos Reis Motorista 2009 08:00h às 12:00h e 13:00 às 17:00h
Valdir Rosa da Silva Motorista Suprimento de férias e impedimentos do João
em 2009
08:00h às 12:00h e 13:00 às 17:00h
Francis Silva Couto Bolsa Institucional De 09/03/2009 até
01/06/2009 08:00h às 12:00h
6
Neusimar Duarte da Silva Bolsa Institucional A partir de 03/08/2009 08:00h às 12:00h
Cíntia Falcão da Silva Bolsa Institucional A partir de 01/06/2009 08:00h às 12:00h
Rosária Ferreira Otoni dos Santos Bolsa PBEXT A partir de 09/03/2009 13:00h às 17:00h
Lúcia Cristina Monteiro Cruz Bolsa PBEXT A partir de 09/03/2009 13:00h às 17:00h
Éryka Fernanda Pereira Gonçalves
Bolsa PBEXT De 09/03/2009 até
30/04/2009 13:00h às 17:00h
Ana Florência Codeglia Bolsa PBEXT De 18/05/2009 até
01/08/2009 13:00h às 17:00h
Iara de Souza Pinto Bolsa PBEXT A partir de 01/09/2009 08:00h às 12:00h
Karla Priscila Neves Bolsa PBEXT De 09/03/2009 até
30/04/2009 08:00h às 12:00h
Paola Cristine da Silva Evangelista
Bolsa PBEXT A partir de 18/05/2009 13:00h às 17:00h
Marcelo de Morais Russo Bolsa PBEXT De 09/03/2009 até
01/08/2009 13:00h às 17:00h
Camila Roberta da Silva Bolsa PBEXT A partir de 03/08/2009 08:00h às 12:00h
Edson Félix de Souza Júnior Bolsa PBEXT De 09/03/2009 até
01/06/2009 08:00h às 12:00h
Thiago Israel Simões Doro Pereira
Bolsa PBEXT A partir de 06/07/2009 13:00h às 17:00h
Flávia Ferreira Abreu Bolsa PBEXT De 09/03/2009 até
01/06/2009 13:00h às 17:00h
Flávia Ferreira Abreu Bolsa FUMP A partir de 02/06/2009 13:00h às 17:00h
Gracilene Maria de Carvalho Bolsa FUMP De 01/01/2009 até
07/05/2009 08:00h às 12:00h
Ana Carolina Souza Dutra Bolsa FUMP A partir de 07/12/2009 08:00h às 12:00h
Pâmela Bastos Machado Bolsa Pronoturno 2009 13:00h às 17:00h
Gustavo Lopes de Oliveira Bolsa Pronoturno De 01/01/2009 até
30/04/2009 08:00h às 12:00h
Eduardo Santos Rocha Bolsa Pronoturno De 01/01/2009 até
30/04/2009 13:00h às 17:00h
Raquel Carvalho de Faria Bolsa Pronoturno De 01/05/2009 até
01/08/2009 13:00h às 17:00h
Maria Leonor Antunes Bolsa Pronoturno A partir de 12/09/2009 13:00h às 17:00h
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3 ACERVO E PROCESSAMENTO TÉCNICO
O acervo do Carro-Biblioteca é formado por livros de literatura (brasileira, infanto-juvenil e
estrangeira), biografias, revistas para adultos e infanto-juvenis, gibis, romances em série, CD-
ROM’s, DVD’s e obras de referência. A maior parte das aquisições de materiais bibliográficos
realizadas pelo Carro-Biblioteca foi feita pelo recebimento de doações.
No mês de janeiro, foi instalado o Sistema Pergamum em dois computadores do Cenex e
iniciado o treinamento da bibliotecária pelo Setor de Tratamento da Informação do Sistema de
Bibliotecas da UFMG para realizar a catalogação automatizada. Em abril, depois de realizadas as
configurações necessárias, foram iniciadas as atividades de catalogação do acervo do Carro-
Biblioteca no Pergamum, com as obras compradas nos anos de 2007/2008 através do pregão
eletrônico. Na seqüência, nos meses de julho e agosto, foi oferecido pelo Setor de Tratamento da
Informação do Sistema de Bibliotecas da UFMG, outro curso de 80 horas de AACR2 e MARC,
mais completo, continuando o treinamento dos profissionais bibliotecários responsáveis pelo
trabalho de catalogação no Sistema Pergamum.
Atualmente, temos uma equipe de processamento técnico formada pela bibliotecária e duas
bolsistas que iniciaram nos últimos meses de 2009 e estão sendo treinadas para auxiliar nas
atividades de processamento técnico do acervo. Neste trabalho são usados os seguintes
instrumentos: a Classificação Decimal de Dewey, o formato MARC e as regras do AACR2 para
representação e descrição e o CD Bibliodata para controle de autoridades.
Para disponibilizar imediatamente as últimas aquisições aos usuários, foi decidido manter no
material catalogado no Sistema Pergamum, os bolsinhos, papeletas e fichas para empréstimo
manual até a implantação dos serviços de circulação e empréstimo nas comunidades através do
Sistema Pergamum.
Em 2009, foram cadastrados o total de 705 títulos e 954 exemplares. Estes dados estão
especificados na tabela abaixo:
TABELA 1
Materiais bibliográficos cadastrados no Sistema Pergamum em 2009
Materiais Bibliográficos Títulos Exemplares
Livros 699 943
CD´s 6 11
Total 705 954
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A partir de 30/04/2008, os materiais bibliográficos deixaram de ser considerados patrimônio
permanente, ou seja, já não recebem mais o número de patrimônio da UFMG, passando a ser
considerados como bem de consumo durável. Como o Pergamum permite o controle do valor do
acervo inserido, apenas para conhecimento, foi contabilizado o material do Carro inserido no
sistema, que totalizou, em 2009, R$ 32.010,52.
O Carro-Biblioteca desenvolve ainda o papel de doador de acervo para a construção e
reestruturação de pontos de leitura, por meio de doações recebidas e repassadas e através de seu
acervo de duplicatas. Neste ano, o Carro participou da inauguração da Biblioteca da Escola
Municipal Vereador Rafael Barvizan, na cidade de Betim, para onde enviou livros.
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4 COMUNIDADES ATENDIDAS
Em 2009, o Carro-Biblioteca visitou regularmente as comunidades dos bairros Ipiranga e
Lagoa, em Belo Horizonte, dos bairros São Benedito e Frimisa, em Santa Luzia, e do bairro
Bonsucesso, em Vespasiano. A tabela 2 atesta a grande procura pelos serviços oferecidos pelo
Carro-Biblioteca. Vale citar que ao longo de 2009, os usuários antigos foram recadastrados e foram
efetuadas novas inscrições totalizando 1.176 usuários cadastrados. Neste ano foi feito um total de
7.036 atendimentos, resultando em 14.716 empréstimos. A partir de maio, foram iniciadas as visitas
ao bairro Bonsucesso, sendo que o Carro-Biblioteca teve uma receptividade muito boa pelos
moradores da região, ao contrário do bairro Ipiranga, em que a mudança de ponto na região não
aumentou o número de atendimentos e empréstimos realizados, ou seja, continuou baixa a procura
pelo acervo e os serviços oferecidos pelo Carro-Biblioteca. O bairro Bonsucesso apresenta uma
média de 109 atendimentos por viagem, ao passo que no bairro Ipiranga a média diária é de 14
atendimentos. Nos bairros São Benedito, Lagoa e Frimisa, a média varia entre 27 a 55 atendimentos
por viagem. Em 2008, foram realizados 12.105 empréstimos nas comunidades e em 2009, foram
realizados 14.716 empréstimos, portanto houve um aumento nos empréstimos de aproximadamente
18%, em relação ao ano anterior. Este resultado é muito positivo, pois todo o trabalho tem sido
realizado buscando aumentar o número de usuários atendidos pelo Carro-Biblioteca, de forma a
incentivar a leitura e a cidadania junto às populações carentes da Grande BH e de colaborar para a
democratização do acesso à informação.
TABELA 2 Estatística anual (2009) de atendimentos e circulação do acervo
Comunidade Atendimentos Viagens Média
(A/V) Novas
Inscrições Empréstimos Devoluções
Ipiranga 422 30 14 82 825 725 Bonsucesso 2.830 26 109 501 5.583 4.055
São Benedito 1.243 35 36 185 2.789 2.129 Lagoa 1.709 31 55 252 3586 2.586
Frimisa 832 31 27 156 1.933 1.471 Total 7.036 153 46 1.176 14.716 10.966
A tabela 3 apresenta uma estatística da classe e tipo de material procurado em cada
comunidade. O acervo encontra-se subdividido nas seguintes categorias:
• 000 a 900 (conforme as classes da CDD: Obras Gerais - Generalidades, Filosofia, Religião, Ciências Sociais, Lingüística, Ciências Puras, Ciências Aplicadas, Artes e Divertimentos, Literatura, História – Geografia – Biografia);
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• Revistas para adultos (Veja, Isto é, Boa Forma, Criativa, Claúdia, Ana Maria, Artesanato, Casa e Jardim, Dieta, Manequim, Marie Clarie, Galileu, Crescer, Superinteressante, Saúde);
• Revistas informativas infanto-juvenis (Capricho e Querida);
• Romances em série (Bianca, Júlia, Sabrina, etc.);
• B869: Literatura brasileira;
• Literatura estrangeira;
• IJ 028: Literatura infantil;
• IJ800: Literatura infanto-juvenil;
• Gibis (revistas em quadrinhos).
Os tipos de materiais mais procurados pelos usuários do Carro-Biblioteca são: literatura
infantil e juvenil, literatura brasileira e estrangeira, revistas, romances e gibis.
TABELA 3 Estatística anual (2009) por classe e tipo de material
COMUNIDADES 000
IJ 028
100 200 300 400 500 600 700 800 IJ
800 B869 900 ROM REV GIB TOTAL
IPIRANGA 10 100 47 16 6 3 7 5 17 132 114 131 28 47 113 48 825
BONSUCESSO 30 705 61 36 53 18 38 50 62 315 397 1571 67 408 355 1417 5583
SÃO BENEDITO 12 253 22 5 20 11 38 17 40 339 201 444 40 321 295 731 2789
LAGOA 29 401 111 28 75 12 59 25 61 278 255 653 153 309 398 739 3586
FRIMISA 28 217 52 12 24 3 12 3 20 113 116 295 37 371 155 475 1933
TOTAL GERAL 109 1676 293 97 178 47 154 100 200 1177 1083 3094 326 1456 1316 3410 14716
Legenda: de 000 a 900: conforme classes da CDD; Romances em série: Bianca, Júlia, Sabrina, etc.; B869: literatura brasileira; IJ028 Literatura infantil, IJ800: Literatura juvenil; gibi (histórias em quadrinhos); revistas para adultos; revista informativa infantil/juvenil.
4.1 Bairro Ipiranga
A comunidade do bairro Ipiranga é uma comunidade que se diferencia das demais
comunidades visitadas, porque possui um número menor de usuários. No mês de outubro, após
reuniões com os leitores freqüentadores para discutir a baixa procura dos usuários na região,
seguidas de solicitação formal por escrito pelo padre da Paróquia São Vicente para que o ônibus
parasse ali em frente e análise do local sugerido pela coordenação e equipe; houve mudança do
ponto de parada do ônibus e instalação de um novo ponto de energia para ligar os computadores na
tentativa de receber outros usuários além dos que já utilizavam os serviços. Infelizmente, a maioria
dos usuários que iam com freqüência ao local antigo não freqüenta mais o Carro-Biblioteca.
Para atrair novos usuários para o novo local foram feitas divulgações na paróquia, no asilo,
na creche e em locais próximos ao ponto de parada do ônibus. Dentre as instituições, a creche - que
11
é um projeto para crianças de cinco a treze anos - foi aquela em que obtivemos maior receptividade
e interesse do público em participar dos serviços oferecidos, incluindo o empréstimo de livros e
contação de histórias.
Na comunidade foram realizados concursos de redação e, na última semana de outubro, foi
comemorada a Semana das Crianças que foi muito produtiva, contando com a participação de todos
do projeto.
Atualmente, os usuários são formados por crianças, jovens, adultos e idosos. Em relação aos
tipos de materiais emprestados, as literaturas infantil, juvenil, brasileira e estrangeira e as revistas
foram os mais procurados.
Ao longo de 2009, em 30 viagens ao Ipiranga, contabilizou-se um total de 422 atendimentos,
que geraram 825 empréstimos e 725 devoluções. A média de atendimentos por viagem é 14 (TAB
2). Os serviços de devolução e empréstimo são realizados com tranqüilidade devido ao pequeno
número de usuários presentes no Carro.
Assim, apesar de essa comunidade apresentar o menor número de usuários, atendimentos e
empréstimos realizados ao longo de 2009, quando comparada às outras comunidades, os
indicadores mostram o aumento do número de empréstimos em relação ao ano anterior. No próximo
ano, será necessário trabalhar para conquistar novos usuários ou então selecionar e mudar para outra
comunidade que tenha mais necessidade e interesse pelos serviços oferecidos pelo Carro-Biblioteca.
Figura 1: Usuária Ana Clara Jorge de Siqueira de 09 anos do Ipiranga
12
4.2 Bairro Bonsucesso
O bairro que possui maior fluxo de pessoas é o Bonsucesso. Atualmente tem 501 usuários
inscritos. As idas do Carro-Biblioteca à comunidade começaram no mês de maio. O ponto de
parada fica próximo a uma escola, a uma igreja e a um posto de saúde. Houve participação de
líderes da comunidade na divulgação e mobilização das pessoas para conhecer e participar do
programa.
Foi um desafio administrar e atender o grande número de usuários que visitavam o Carro.
Para diminuir o grande volume de pessoas dentro do Carro, foi colocada a devolução de materiais
no lado de fora, permitindo assim um melhor atendimento mesmo com um grande número de
usuários.
As bolsistas do projeto Educação para a Preservação prestaram uma grande colaboração ao
realizarem campanhas de educação e preservação do acervo para os usuários com instruções sobre
como utilizar e manusear adequadamente o acervo. Até maio, Joana da Costa Ribeiro, bolsista do
projeto Mala de Leitura (Faculdade de Educação/UFMG), realizou contações de histórias na
comunidade para as crianças, sob a coordenação da Profª Mônica Dayrell. Houve o concurso de
redação como forma de incentivar a criatividade e a escrita dos usuários. A atividade realizada na
Semana das Crianças também foi excelente. A comunidade se envolveu bastante nas atividades de
sorteio, contação de histórias com fantoches, pintura e desenho.
É notável o quanto a comunidade é carente em relação ao acesso às fontes de informação.
Isso faz com que moradores da região e não só os alunos da escola na qual o ônibus pára em frente,
usufruam dos materiais disponíveis no Carro.
Neste ano, tivemos um público variado no Carro-Biblioteca, com ênfase para as crianças e
jovens. Quanto aos resultados numéricos, foram feitas 26 viagens, 2.830 atendimentos, com média
de 109 atendimentos por viagem e um total de 5.583 empréstimos, conforme pode ser visto na
tabela 2.
Figura 2: Volume de usuários no Bairro Bonsucesso
13
4.3 Bairro São Benedito
Durante o ano, alguns usuários do bairro São Benedito relataram a importância do Carro-
Biblioteca na vida deles, o que pôde ser comprovado através da observação da melhoria dos
conhecimentos, o hábito de leitura, a importância dos livros e também o atendimento especial
oferecido pela equipe.
Em outubro, a equipe do Boletim Bairro a Bairro, produziu um exemplar especial com as
redações recebidas no concurso, cujo tema era o Carro-Biblioteca na vida dos usuários. No segundo
semestre, a bolsista Pâmela Bastos Machado realizou várias contações de histórias para os alunos da
Escola Estadual São João da Escócia que visitavam o Carro. A Semana das Crianças foi realizada
com sucesso na comunidade, tendo sido realizadas as atividades de contação de histórias com
fantoche, sorteio, pintura e desenho. Além da participação dos usuários, a atividade também
despertou o interesse de outras pessoas da comunidade em fazer inscrição e utilizar os serviços
oferecidos pelo Carro-Biblioteca.
O São Benedito é atendido pelo Carro-Biblioteca desde 1992, completando em 2009, 18
anos de atendimento. Nesse ano, a média de atendimentos por visita foi 36, tendo sido feitos 1.243
atendimentos, 2.789 empréstimos e 2.129 devoluções. Os materiais de mais interesse dos usuários
foram os romances, gibis, revistas e literatura brasileira.
Figura 3: Bolsistas e funcionários no Bairro São Benedito
14
4.4 Bairro Lagoa
O bairro Lagoa, em Belo Horizonte, também possui um grande número de usuários,
podendo contar ainda com a participação de alunos de escolas da região e da instituição filantrópica
católica "Projeto Vida Padre Gailhac". Os usuários são freqüentes e interessados pelos livros e pelo
projeto de inclusão digital.
Além das visitas habituais, ao longo do ano foram realizadas palestras para os usuários sobre
educação e preservação do acervo, com instruções sobre como utilizar e manusear adequadamente o
acervo, além da apresentação de suportes usados para registrar o conhecimento antes do uso do
papel. Houve o concurso de redação como forma de incentivar a criatividade e a escrita dos
usuários e, em seguida, foi elaborado o número especial do Boletim Bairro a Bairro, com as
redações produzidas pelos usuários. A atividade realizada na Semana das Crianças envolveu
bastante a comunidade com as atividades de sorteio, contação de histórias com fantoches, pintura e
desenho.
No bairro, o perfil dos usuários é variado, sendo formado por idosos, adultos, jovens e
crianças de todas as idades que buscam por diversos assuntos, desde religião, ciências, história até
assuntos como arte e biografias. Os livros mais procurados são de filosofia e religião, literaturas
brasileira, estrangeira, juvenil e infantil, história e geografia, revistas, romances e gibis.
Durante o ano de 2009, foram contabilizadas 31 visitas, 1.709 atendimentos, 3.586
empréstimos e 2.586 devoluções (TAB. 2). A média foi de 55 atendimentos por visita.
Figura 4: Fluxo de usuários no Bairro da Lagoa
15
4.5 Bairro Frimisa
É a comunidade mais antiga atendida pelo Carro-Biblioteca. Completou, em 2009, 36 anos
de atendimento. Os usuários visitam o Carro regularmente, se interessam por vários tipos de
assuntos e são formados principalmente por adultos, jovens e crianças.
O ponto de parada foi mudado para frente da Escola Estadual José Maria Bicalho, próximo
ao ponto de parada antigo, onde foi possível instalar um ponto de energia para ligar os
computadores do telecentro.
Em 2009, foram realizadas contações de história para as crianças pelas bolsistas Pâmela
Bastos Machado, Raquel Carvalho de Faria e Flávia Ferreira Abreu, concurso de redação e
atividade especial na semana das crianças, incluindo sorteio de livros entre os usuários-mirins,
pintura, desenho e contações de história com fantoches. Essas atividades proporcionaram momentos
descontraídos para os usuários, sendo possível incentivar a criatividade, escrita e leitura e atrair
novos usuários para o Carro-Biblioteca.
Em 2009 foram contabilizados 832 atendimentos, 1.933 empréstimos e 1.471 devoluções
(TAB 1). Os materiais mais lidos pela comunidade são os gibis, romances em série, revistas,
literaturas infantil, juvenil, brasileira e estrangeira. A média de atendimentos por viagem é de 27
usuários.
Figura 5: Contação de histórias com fantoches no Frimisa
16
5 ESTÁGIO SUPERVISIONADO E VOLUNTÁRIO
Em 2009, foram recebidos no Carro-Biblioteca dois alunos do curso de Biblioteconomia
para serem orientados no estágio supervisionado A e uma estagiária voluntária.
O estágio supervisionado constitui uma atividade curricular do curso de graduação em
Biblioteconomia, não se caracterizando como uma relação de trabalho com a instituição. Após
adquirir os conhecimentos teóricos, o aluno tem a oportunidade de conhecer a realidade de uma
Biblioteca. Os conhecimentos teóricos adquiridos durante o curso podem ser aplicados na rotina de
trabalho com a orientação de um profissional bibliotecário. Sendo assim, o aluno passa por um
treinamento e vivencia a prática profissional.
O Carro-Biblioteca recebeu para orientação dos estágios supervisionados A, no primeiro
semestre de 2009, o aluno Evandro Ribeiro Rodrigues, com a duração de 100 horas, e no segundo
semestre de 2009, a aluna Renata Gonçalves Ruas, com a duração de 75 horas. O tempo de duração
do estágio é determinado pelo professor coordenador do estágio supervisionado A.
Para iniciar o estágio é necessário que o bibliotecário orientador elabore o planejamento
diário das atividades a serem realizadas pelo aluno orientado. Após a aprovação do professor
coordenador do estágio supervisionado A são iniciadas as atividades. O planejamento envolve o
trabalho de gestão de bibliotecas, processamento técnico, recursos informacionais e serviços aos
usuários, além da apresentação do Carro-Biblioteca e suas rotinas.
O estágio voluntário a ser prestado no Cenex/ECI da UFMG, de acordo com a Lei 9.608, de
18/02/98, é atividade não remunerada, com finalidades assistenciais, educacionais, científicas,
cívicas, culturais, recreativas ou tecnológicas, e não gera vínculo empregatício, nem obrigação de
natureza trabalhista, previdenciária ou afim.
A estudante de Biblioteconomia da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), em
Manaus, Katty Anne Nunes, fez um convênio e veio estudar um semestre no curso de
Biblioteconomia na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Em setembro, a aluna iniciou
o estágio voluntário no Carro-Biblioteca. A jornada de trabalho voluntário foi de 20 horas semanais.
As atividades do estágio envolveram o serviço de atendimento aos usuários, empréstimos,
devoluções, cadastro, orientação de pesquisa e leitura, organização das estantes, preparo técnico do
acervo e realização de atividades de incentivo à leitura e cultura nas comunidades. Após o final do
segundo semestre letivo, foi finalizado o estágio da aluna.
Os estágios supervisionados e voluntários orientados pela bibliotecária do Carro-Biblioteca
e a oportunidade dos alunos participarem das atividades desenvolvidas pelos projetos nas
comunidades permitem ao Programa, cada vez mais, atuar como espaço para pesquisa e prática
profissional, propiciando a inter-relação ensino/pesquisa/extensão da Universidade.
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6 PROJETOS DESENVOLVIDOS
6.1. Boletim Bairro a Bairro
O Boletim Bairro a Bairro caracteriza-se como um instrumento de comunicação e interação
entre as comunidades que integram o Programa Carro-Biblioteca: Frente de Leitura da Escola de
Ciência da Informação. Foi implementado em 1997, por iniciativa de uma aluna do Curso de
Graduação em Biblioteconomia que, sendo moradora de um dos bairros então atendidos pelo Carro
Biblioteca, decidiu desenvolver um projeto que contemplasse uma publicação de caráter
comunitário. Em sua concepção original, o projeto caracterizou-se pela publicação de informações
utilitárias e de fácil leitura, visando a comunicação de assuntos do cotidiano das comunidades. Em
2003 foi realizado um concurso entre as comunidades atendidas pelo Carro Biblioteca, para a
escolha da logomarca do Boletim, que foi adotada pela equipe no período de 2003 a 2006. Em
2007, com o início da circulação do novo veículo do Carro-Biblioteca e início das atividades de
inclusão digital, a logomarca do boletim foi substituída pela logomarca do novo veículo, a fim de
ressaltar a integração entre os projetos que compõem o Programa Carro-Biblioteca: Frente de
Leitura. Desde então, o boletim foi reestruturado de tal forma a refletir uma identidade própria e
vem sendo produzido mensalmente, com tiragem de 300 exemplares. É distribuído na primeira
semana do mês entre os usuários das comunidades atendidas pelo Carro e, na semana subseqüente,
para o corpo docente dos cursos de graduação e pós-graduação da ECI/UFMG de modo a divulgar
as atividades promovidas pelo programa de extensão entre os professores desta Escola.
O Boletim constitui-se, além de instrumento de comunicação e interação entre as
comunidades, em instrumento de integração entre os projetos que compõem o programa Carro-
Biblioteca: Frente de Leitura. A receptividade do Boletim Bairro a Bairro pelas comunidades é
avaliada positivamente: os usuários, além de demandarem a entrega mensal do boletim, valorizarem
a publicação e incentivarem sua permanência, participam inclusive de sua concepção, sugerindo
matérias e assuntos a serem veiculados. O Boletim consiste em instrumento capaz de levar ao
conhecimento das comunidades atendidas pelo Carro-Biblioteca as realizações e demandas da
própria comunidade, além de garantir o relacionamento e a troca de informações entre as cinco
comunidades entre si, bem como entre as comunidades e a universidade.
Além dos resultados alcançados nas comunidades, caracterizando a função da extensão, o
boletim, por constituir um serviço de disseminação da informação, é utilizado em disciplinas do
curso de biblioteconomia e em pesquisas na ciência da informação.
Em 2009, buscando ampliar o uso dos recursos tecnológicos oferecidos pelo novo veículo,
além de continuar sendo produzido e veiculado em seu formato tradicional, o projeto gerou a
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divulgação da versão eletrônica do boletim no site do Cenex, projetado e implantado ao longo do
projeto. Além disso, foi criado perfil de usuário e comunidade no Orkut para o Carro-Biblioteca,
sendo que ao final de 2009 a comunidade já apresentava mais de 60 membros. Foi implantado,
também, ao final do ano, o uso do twitter pelo Carro-Biblioteca, tendo como meta para 2010 a
divulgação eletrônica diária de todas as atividades e visitas do Carro às comunidades.
Em seu formato tradicional, o boletim é estruturado em oito páginas, contendo um total de
seis seções: uma matéria principal que tem como tema algum fato importante para a população;
uma receita e uma indicação de leitura (preferencialmente, sugeridas por usuários do Carro-
Biblioteca); uma matéria sobre saúde, comportamento e meio ambiente; outra sobre algum serviço
oferecido pela UFMG aberto ao público externo e, finalmente, uma matéria sobre cada comunidade
visitada, que funciona em sistema de rodízio, de modo que em cada número haja uma matéria sobre
uma das cinco comunidades. Os bolsistas seguem um cronograma mensal em que há reuniões de
trabalho para avaliação do impacto do número recém distribuído nas comunidades bem como
organização e divisão de tarefas para o número seguinte. Após essas reuniões, ao longo de duas
semanas, os bolsistas atuam nas comunidades envolvendo seus membros na produção das matérias.
Findo este processo o boletim é editorado e, na seqüência, revisado por toda a equipe. Revisão final
é feita, ainda, pela coordenação do projeto. Em seguida, providencia-se a reprodução dos
exemplares para distribuição. A metodologia que permite a consecução desta rotina é promovida
pelo contato direto dos editores do Boletim com a comunidade, incentivando sua participação na
produção das matérias.
6.2. Encontros de Leitura
As sociedades que valorizam e incentivam a democratização da competência de leitura
continuam a ver na biblioteca – pública, escolar, comunitária, volante, móvel ou qualquer outra
designação que acervos coletivos e públicos venham a ter – um lugar adequado para o “encontro”
do leitor com o livro, espaço da pluralidade e da liberdade de escolha. Mas, em um país como o
nosso, de grandes desigualdades sociais, para que a instituição biblioteca cumpra de fato a sua
função de difusora e facilitadora do acesso ao conhecimento, há que se unir esforços no
desenvolvimento de estratégias e ações culturais que diminuam a distância entre o mundo dos textos
– impressos e digitais – e a massa de cidadãos excluídos da dinâmica da “sociedade da informação”.
Neste sentido, o Carro-Biblioteca da Escola de Ciência da informação, vem, há várias
décadas, desempenhando o papel de veículo de difusão de leitura e informação junto a comunidades
carentes da Grande Belo Horizonte, buscando através do Programa intitulado Carro-Biblioteca:
Frente de leitura não apenas disponibilizar de forma dinâmica um acervo informativo e literário
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como exercer um papel efetivo de mediação entre a população atendida e o gosto e a prática da
leitura e da pesquisa escolar. A avaliação que dispomos dessa experiência revela uma clientela
assídua e interessada, praticando o que vem sendo chamado de competência leitora e informacional,
além de algumas poucas comunidades que, a partir da convivência frutífera com o Carro-Biblioteca,
conseguiram planejar e desenvolver as suas bibliotecas permanentes.
Contudo, sabendo-se da complexidade da questão da educação brasileira lato sensu e dos
jovens nas comunidades periféricas em especial, pensou-se na criação de um projeto específico de
leitura para o Carro-Biblioteca que contemple a diversificação e ampliação das estratégias de
mediação e orientação de leitura até agora utilizadas, tanto quanto uma atenção mais específica ao
treinamento e acompanhamento dos alunos bolsistas do projeto no que se refere à questão da
formação de novos leitores.
Nesse sentido, o conceito de letramento cunhado por Magda Soares, assim como os
desdobramentos de letramento literário e letramento visual ajudam-nos a estabelecer estratégias de
orientação de leitura. Na perspectiva do letramento, como se sabe, o sujeito que aprendeu a ler não
apenas lê e escreve mas é capaz de utilizar-se da leitura e da escrita para interagir criticamente com
o seu meio social. Ampliando esse raciocínio, entendemos que o acesso à leitura literária de
qualidade leva o indivíduo ainda mais longe: permite-lhe conhecer a si mesmo e ao universo do
qual faz parte sendo, pois, decisiva para o seu enriquecimento afetivo, ético e estético. Em outras
palavras, à literatura, como de resto a qualquer forma de arte, cabe um papel potencialmente
humanizador do sujeito leitor.
A seleção e indicação de textos para leitura, sob a responsabilidade dos alunos-bolsistas,
assim como ações de estímulo ao gosto de ler e à leitura crítica são, pois, atividades fundamentais
para a efetivação do letramento literário dos leitores visitados pelo Carro-Biblioteca. Entretanto,
programas de fomento à leitura não terão êxito se o mediador – futuro professor ou futuro
bibliotecário – lê pouco ou não lê, não tem com os livros uma relação de filia. Faz-se, pois,
necessário que um projeto que pretenda incentivar a leitura junto a pessoas tradicionalmente
excluídas da cultura e da informação, se preocupe de forma mais sistemática com o estabelecimento
de ações culturais escolhidas com critério assim como uma ênfase maior na orientação dos alunos
bolsistas no que diz respeito à sua capacitação como mediador de leitura literária e competência
informacional junto ao público usuário do Carro-Biblioteca.
A implementação desse projeto se norteia por fundamentos teóricos buscados no campo
atual da sociologia da leitura que busca entender o desenvolvimento do gosto e da prática da leitura
junto a crianças, jovens e adultos numa perspectiva centrada no sujeito interessado, a partir do
conhecimento e do respeito ao seu contexto social pelo agente da leitura. Nessa perspectiva, o
projeto deve ser dinâmico e flexível, gerando e alimentando-se de uma reflexão contínua sobre seus
20
objetivos e ações, tendo como fundamento o papel da universidade no espaço social no qual se
insere. As diretrizes operacionais são:
• Orientação de leitura e empréstimo domiciliar: A escolha do que ler é um processo mais
complexo do que a simples indicação de um título ou autor. Pressupõe o conhecimento
anterior do agente a respeito das fontes de informação e leitura e a capacidade de auxiliar o
usuário no seu trabalho de anamnese que o leve à exposição de sua necessidade de leitura.
• Rodas de leitura: Além do ato de ler silenciosamente o gosto pela leitura se desenvolve pelo
compartilhamento do que se leu com liberdade e proveito por outros leitores passando pela
mesma experiência. O Carro-Biblioteca pode criar um espaço externo convidativo para
reunir pequenos grupos compartilhando leituras (de um mesmo texto previamente
combinado, ou de textos diferentes) sob a coordenação do aluno bolsista.
• Ler em voz alta: As praças públicas vem sendo retomadas pela população em ações culturais
e de lazer, num processo prazeroso de diversão e passatempo como também de
reapropriação do espaço público, num gesto significativo e eficiente contra a violência
urbana. O Carro-Biblioteca pode participar dessa idéia simulando um pequeno coreto, ou
palanque, onde cada cidadão pode ler ou falar de memória, para quem quiser ouvir e
compartilhar, o seu poema favorito, um pequeno trecho selecionado, uma notícia do jornal
do dia, etc., etc.
• Contação de histórias: Prática que também vem sendo resgatada nas escolas, nos teatros, na
televisão, em eventos literários e outros, para públicos de todas as idades. Diferente da
narração apenas de histórias infantis para crianças, ou dos contadores tradicionais, o
moderno contador de histórias adquire formação para a tarefa e seleciona criteriosamente os
textos na tradição oral ou literário. Esta atividade pode ser planejada de forma integrada a
outras experiências na UFMG.
• Ler o livro, ver o filme: As relações intertextuais entre cinema e leitura dinamizam as
discussões teóricas e podem atrair para o livro um público historicamente afastado do texto
escrito. O Carro-Biblioteca tem equipamento para a projeção de filmes em DVD e
permanece nas comunidades visitadas tempo suficiente para a exibição do filme e discussão
posterior.
• Bibliotecas para todos: A intenção inicial do Carro-Biblioteca de fomentar a longo prazo a
autonomia das comunidades visitadas em relação a bibliotecas permanentes e abertas à
comunidade pode ser apoiada por uma atividade dentro do presente projeto que consiste em
convidar, dentro de um cronograma pré-fixado, as lideranças do bairro para encontrar e
ouvir relatos de pessoas que efetivaram a criação de bibliotecas comunitárias e/ou salas de
leitura (a imprensa falada e televisiva tem divulgado muitas experiências), além de outras
21
experiências fora de Minas que foram premiadas pelo PNLL (Programa Nacional do Livro e
da Leitura).
6.3. Inclusão Digital: o Carro-Biblioteca como Telecentro
O Projeto Inclusão Digital: O Carro-Biblioteca da UFMG como telecentro visa promover o
acesso e a democratização da informação, via uso das tecnologias de informação, ligadas ao Carro-
Biblioteca. Com a generalização do uso de tecnologias e redes de informação e de comunicação, a
informatização da sociedade mundial conduz a mudanças e exerce pressões alterando suas formas
de atuar em sociedade, com forte repercussão na vida dos cidadãos, obrigados a novas capacitações
e absorções da variedade de fluxos de informação que não conhecem mais fronteiras. O cenário
reflete diretamente no processo de construção de programas visando a infoinclusão, mais
comumente denominados de inclusão digital. Nosso projeto alia-se a outras ações de extensão, já
executadas pelo Programa Carro-Biblioteca: Frente de Leitura, como a formação do leitor e a
comunicação, via boletins, entre os bairros da periferia de Belo Horizonte. Tem por proposta
promover o uso coletivo de computadores, numa formação mais ampla que o acesso às técnicas, à
rede, a jogos e diversão, pelo domínio da técnica associado ao domínio de conteúdos. Visa como
resultado possibilitar às comunidades atendidas que se tornem mais aptas a enfrentar os obstáculos,
exigências, e competências exigidas para fazer parte desta sociedade de redes virtuais e assim
ampliarem a sua inserção social.
Os bairros atendidos pelo Carro-Biblioteca são comunidades ainda bastante desprovidas dos
recursos informacionais que se estendem aos elementos de uma educação formal. A ausência de
bibliotecas, centros de informação em funcionamento e de infra-estrutura tecnológica de
computadores e de rede impossibilita o apropriar-se desses benefícios para aplicá-los em seu
cotidiano, qualificar-se e garantir em parte, sua cidadania. Assim, visando o desenvolvimento de
habilidades intelectuais relacionadas ao uso estratégico da informação, propomos o
desenvolvimento de habilidades que contribuam para resolução de problemas informacionais
concretos em situações de aplicação de conhecimentos específicos ligados à educação formal e à
cidadania, ou seja, formação para a cultura de informação.
Para a produção, utilização e distribuição de informações via terminais digitais utiliza-se
metodologia baseada no desenvolvimento de materiais didáticos criados sob demandas dos próprios
participantes, com foco no contexto vivido por eles. Serão oferecidas oficinas com três níveis de
complexidade, diferenciados e sempre acompanhadas de manuais também em formato digital que
facilitem uma navegação mais autônoma. A primeira oficina é de acesso ao computador e
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simultaneamente à internet. Para a segunda oficina, os bolsistas deste projeto selecionam, nas
comunidades, agentes/usuários multiplicadores para a repetição da primeira oficina, como
treinamento de independência da comunidade. Através desses agentes propõe-se a construção de
manuais de informações e questionamentos comuns às comunidades para condução ao acesso de
fontes de informação eletrônica específicas. A terceira oficina avalia os avanços alcançados, com
recolhimento de informações das particularidades de acesso, e dos índices qualificados deste acesso
para a construção de um inventário da experiência. Nesta oficina são aplicados questionários de
forma mais ampla, para que contemplem os usuários e os não-usuários do Carro-
Biblioteca/telecentro, para se conhecer suas expectativas e necessidades por informação no processo
necessário de retroalimentação do projeto, respeitando perfis de necessidades e possibilidades de
avanço.
6.4. Educação para a preservação: uma estratégia para a conservação de acervos
bibliográficos
A Escola de Ciência da Informação/UFMG possui, desde 1986, um bem equipado
laboratório – Laboratório de Preservação de Acervos (LPA) – que se destina ao desenvolvimento de
atividades de conservação de acervos informacionais ligadas ao ensino da área de preservação
(disciplinas, palestras, cursos e seminários), à pesquisa de novas técnicas, procedimentos e
materiais na área e também com grande ênfase nas atividades voltadas para a extensão, procurando
atender às demandas externas esclarecendo dúvidas na área e prestando assessoria a instituições
diversas, principalmente às bibliotecas. Nestas atividades busca-se empregar na prática os
ensinamentos teóricos absorvidos pelos integrantes em sala de aula ou outros ambientes. Dentro de
tal perspectiva e em função do atendimento à dimensão de extensão o projeto vem realizando desde
2001, distintas ações de extensão. Estas visam à formação de estudantes do ensino médio e
fundamental, tendo como objetivo sensibilizá-los para a importância do livro e a necessidade de
manuseá-los e armazená-los adequadamente. Ainda com o mesmo norteador realiza treinamento
em conservação para alunos da graduação do curso de Biblioteconomia e também promove
seminários referentes à preservação da nossa memória e do nosso patrimônio cultural, atividades
que contribuem para o processo de formação em relação à área de preservação de acervos.
A preservação de acervos informacionais (papéis, livros e outras mídias) tem sido tema de
estudos no exterior e no Brasil, gerando um corpo teórico subsidiador do desenvolvimento de novas
técnicas de recuperação de materiais bibliográficos danificados, contribuindo assim para a
manutenção dos registros, bem como para o aprimoramento de procedimentos preventivos que irão
minimizar a deterioração dos acervos culturais e informacionais.
23
No desenvolvimento das atividades do LPA e também em consonância com uma tendência
mundial, constatou-se que, apesar dos esforços despendidos na tentativa de recuperar os livros
deteriorados os resultados nem sempre são satisfatórios. Observa-se a existência de acervos
danificados pela ação dos vários agentes deteriorantes (de natureza física, química e biológica) e,
principalmente pela guarda e manuseio inadequados evidenciando a necessidade de se atuar na
conservação preventiva, haja vista que esta é mais eficaz na manutenção dos acervos do que a
recuperação dos danos já instalados. Observando este aspecto, a linha norteadora dos projetos
anteriormente apresentados à PROEx tem sido no sentido de atuar de forma continuada na
educação dos usuários, visando a formação de uma atitude positiva em relação ao trato com os
livros. Com este intuito procura-se atingir os mais diversos públicos tais como: estudantes de
biblioteconomia (profissionais que irão intermediar a relação informação/usuário), professores e
alunos do ensino médio e fundamental (notadamente os provenientes de escolas da rede pública de
ensino) e a comunidade em geral.
O projeto apresenta visa, portanto, desenvolver ações na área de educação para a preservação
através de atividades que possibilitem a formação, o treinamento e a conscientização do público
alvo em termos da conservação dos acervos bibliográficos, tendo como objetivos:
· Possibilitar, no âmbito do ensino, aos futuros profissionais bibliotecários, a formação de uma
consciência crítica, no que se refere à necessidade de preservação,
· Realizar treinamento com membros pertencentes à comunidade interna/externa em técnicas
básicas de conservação;
· Desenvolver atividades educativas, através de visitas monitoradas destinadas a alunos de 1º e 2º
graus;
· Conscientizar, através da realização de seminários, professores do ensino médio sobre a
importância e a necessidade de desenvolver nos seus alunos atitudes positivas em relação ao uso
e manuseio dos livros, notadamente os pertencentes aos acervos públicos.
· Promover, através de treinamento específico a capacitação de profissionais bibliotecários e
técnicos administrativos atuantes no Sistema de Bibliotecas da UFMG/ comunidade externa.
· Oferecer, junto às comunidades visitadas pelo Carro-Biblioteca, palestras de conscientização e
oficinas de pequenos reparos em livros pertencentes ao acervo utilizado pelas várias
comunidades.
24
7. PARTICIPAÇÃO EM EVENTOS E ATIVIDADES ESPECIAIS
No ano de 2009, o Carro-Biblioteca promoveu e/ou participou dos respectivos eventos:
7.1. Semana do Livro do Centro Cultural Vila Fátima (14/04/2009)
O Centro Cultural Vila Fátima promoveu a Semana do Livro com várias atividades e
solicitou a participação do Carro-Biblioteca da UFMG. As atividades realizadas pela equipe do
Carro foram: apresentação do Carro-Biblioteca para a comunidade; palestra sobre a história do
papel e as formas de preservação e conservação do livro; varal de poesia; hora do conto. As crianças
e jovens ficaram muito interessados e participaram ativamente das atividades desenvolvidas pelos
bolsistas e funcionários do Carro-Biblioteca.
Figura 6: Bolsistas realizam contação de histórias com fantoches
no Centro Cultural Vila Fátima
25
7.2. Mostra de Profissões (27 a 29/04/2009)
A Mostra das Profissões é um espaço da UFMG para estudantes e futuros vestibulandos
olharem, perguntarem, tirarem dúvidas e trocarem informações. Com conhecimento, a escolha da
profissão torna-se mais consciente. Houve a apresentação do Programa Carro-Biblioteca aos
visitantes, através de slides, folders e visita guiada ao Carro. A bibliotecária e os estagiários falaram
aos visitantes sobre o curso de Biblioteconomia e a profissão.
7.3. Inauguração da Biblioteca da Escola Municipal Vereador Rafael Barvizan (26/05/2009)
O Carro-Biblioteca recebeu doações de materiais bibliográficos e repassou para Biblioteca
da Escola Municipal Vereador Rafael Barvizan. No dia da inauguração da biblioteca, o Carro foi
apresentado aos alunos e professores da escola, com o intuito de demonstrar a importância de uma
biblioteca e incentivar o hábito da leitura. Houve muito entusiasmo e interesse das pessoas para que
o programa fosse visitar a região novamente e que pudesse ser emprestado o acervo para a
comunidade.
7.4. Evento “Cultura na Praça” no bairro Jardim Guanabara (25/06/2009) – Contação de
História
Com uma programação especial de atividades culturais e ambientais, o Centro Cultural
Jardim Guanabara (CCJG) ofereceu o "Cultura na Praça" na regional Norte. O evento, promovido
pela Prefeitura, por meio da Fundação Municipal de Cultura, do CCJG em parceria com a Regional
Norte e com a Escola de Ciência da Informação da UFMG, incluiu contação de histórias, oficinas e
mostra de cinema. A proposta do "Cultura na Praça - Praça Bolivar de Freitas" é dar maior
visibilidade às ações transformadoras que acontecem no Centro Cultural Jardim Guanabara por
meio da arte e da cultura. A programação começou às 14h, com atividades do Carro-Biblioteca, cuja
equipe realizou uma sessão de contação de histórias com fantoches.
7.5. Entrevista a TV UNI-BH (25/06/2009)
Durante o evento “Cultura na Praça” a bibliotecária do Carro-Biblioteca concedeu entrevista
à TV UNI-BH, explicando os objetivos do Programa, as ações desenvolvidas e os principais
resultados alcançados.
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7.6. XXIII CBBD – Congresso Brasileiro de Biblioteconomia, Documentação e Ciência da
Informação (05 a 08/07/2009)
O Carro-Biblioteca foi apresentado na seção Acesso à informação: cidadania, acessibilidade
e sociedade do conhecimento do XXIII CBBD, pela Profa. Adriana Bogliolo Sirihal Duarte, através
da apresentação oral do trabalho intitulado “Carro-Biblioteca da UFMG: de uma comunidade à
outra promovendo o acesso à leitura e à informação”. O trabalho discorria acerca da experiência de
deixar uma comunidade (Lindéia) e ingressar em outra (Bonsucesso), vivenciada pelo Programa em
2008-2009. Encontra-se disponível nos Anais do evento e está anexado a este relatório (ANEXO 1).
7.7. Oferta da disciplina optativa Serviços de Extensão e o Profissional da Informação (2º
semestre/2009)
Após avaliação do impacto da participação do Carro-Biblioteca na Mostra de Profissões, as
profas. Adriana Bogliolo Sirihal Duarte e Marta Macedo Kerr Pinheiro decidiram criar a disciplina
optativa Serviços de Extensão e o Profissional da Informação, oferecida no 2º semestre de 2009. O
programa da disciplina incluiu parte teórica em que foram discutidos em sala os conceitos de
cultura informacional e competência informacional, bem como o papel profissional do bibliotecário
na Sociedade da Informação. A parte prática da disciplina efetivou-se com a visita dos alunos, junto
com o Carro-Biblioteca, a Escolas da Região Metropolitana de Belo Horizonte, onde foram
apresentados para alunos concluintes do ensino médio, o Curso de Biblioteconomia, a profissão, e
os serviços de extensão, exemplificados com visita desses alunos ao Carro-Biblioteca.
7.8. Visita Monitorada ao Laboratório de Preservação do Acervo
Evento que oferece palestra ilustrativa dos processos e procedimentos utilizados pelo
homem para registrar o conhecimento destacando os agentes de natureza química, física e biológica
que deterioram os materiais informacionais e como podemos aumentar o seu tempo de vida útil
tratando-os de forma adequada. Em seguida, os alunos têm acesso à exposição dos itens tratados na
palestra para reforçar os elementos citados e realizam uma mini-oficina na qual fazem a
recuperação dos livros pertencentes ao acervo da biblioteca da escola onde estudam. Em 2009,
foram recebidos 07 grupos de alunos, das seguintes escolas: Centro Pedagógico da UFMG, em
09/04/2009 e 09/12/2009; Escola Municipal Dom Orione, em 16/04/2009; Escola Estadual Afrânio
de Melo Franco, em 22/06/2009; Escola Estadual Síria Marques da Silva, em 04/09/2009; Escola
Municipal José Madureira Horta, em 06/10/2009; e Escola Municipal Aurélio Pires, em 24/11/2009.
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7.9. Prêmio Viva-Leitura (21 a 23/10/2009)
O Programa Carro-Biblioteca: Frente de Leitura recebeu, no Museu da Língua Portuguesa,
em São Paulo, menção honrosa do Prêmio Viva Leitura. A premiação foi recebida pela
coordenadora do projeto, professora Adriana Bogliolo Sirihal Duarte, e pela servidora Ana Luisa de
Vasconcelos Terto, responsáveis pela inscrição do programa nesta edição do Prêmio. O Viva
Leitura, promovido pelo Ministério da Educação, Ministério da Cultura, Organização dos Estados
Ibero-americanos e Fundação Santillana, premia anualmente trabalhos nas categorias Bibliotecas
Públicas, Privadas e Comunitárias, Escolas Públicas e Privadas e ONGs, pessoas físicas,
universidades/faculdades e instituições sociais que desenvolvem trabalhos na área de leitura. A
comissão julgadora leva em conta a originalidade do trabalho, o impacto na construção da
cidadania, os recursos utilizados, a pertinência e a abrangência da ação na comunidade, a duração e
os resultados alcançados, entre outros critérios. Na categoria Sociedade, há a distinção da menção
honrosa, atribuída a projetos com foco no tema “formação de mediadores de leitura”. A distinção
abrange programas e projetos de apoio, promoção e patrocínio na área de leitura, desenvolvidos por
empresas públicas ou privadas. O projeto, que se destaca por sua abrangência, permanência
confirmada e alta relevância foi considerado merecedor da Menção Honrosa.
7.10. Entrevista na TV-WEB (22/10/2009)
Por ocasião da entrega do Prêmio Vivaleitura, a coordenadora do Programa Carro-
Biblioteca, Profa. Adriana Bogliolo Sirihal Duarte, concedeu depoimento gravado na TV-WEB da
Editora Moderna. O depoimento pode ser conferido via internet, através da URL
http://itv.netpoint.com.br/editoramoderna/principal.asp?id=86.
7.11. Semana do Conhecimento e Cultura da UFMG (20 a 24/10/2009)
Os bolsistas apresentaram os projetos que compõem o Programa Carro-Biblioteca e as
experiências vivenciadas nas comunidades atendidas na Semana do Conhecimento e Cultura da
UFMG. Este evento é de caráter institucional e tem por objetivo promover a socialização dos
trabalhos acadêmicos dos diversos cursos/unidades da UFMG por meio da apresentação dos
projetos de iniciação científica, graduação e extensão. O evento é aberto ao público em geral e conta
com palestras, oficinas, mesas-redondas e atividades culturais à comunidade acadêmica.
28
7.12. Entrevista no programa Universo Literário da Rádio UFMG (26/10/2009)
Entrevista concedida ao vivo, por telefone, pela Profa. Adriana Bogliolo Sirihal Duarte ao
Programa Universo Literário, da Rádio UFMG, acerca dos resultados do Programa Carro-Biblioteca
nas comunidades que visita e comentando o recebimento da Menção Honrosa no Prêmio
Vivaleitura. A entrevista está disponível na URL: http://www.ufmg.br/online/radio/arquivos/anexos
/ADRIANA%20BOGLIOLO%20-%20CARRO-BIBLIOTECA%20-%2026-10-2009.mp3
7.13. Semana das Crianças e Dia do Livro (27 a 30/10/2009 e 09/11/2009)
O evento Semana das Crianças e o Dia do Livro foi organizado pela equipe do Carro-
Biblioteca (registrado no SIEX sob número 200089) e realizado nas cinco comunidades.
Aconteceram as atividades de contação de histórias, sorteio de kits (montados com a colaboração da
Pró-Reitoria de Extensão - PROEX com a doação de material escolar e da editora Clássica com a
doação de livros da literatura infanto-juvenil), confecção de pinturas faciais e elaboração de
desenhos. Em todas as comunidades, o evento foi bem recebido pelas crianças e jovens que
participaram deste momento descontraído e agradável, que propiciou, ainda, fidelizar os usuários
mais antigos e atrair novos usuários.
Figura 7: Bolsistas e usuários do bairro Bonsucesso
nas atividades em comemoração à Semana das Crianças e ao Dia do Livro.
29
7.14. Visita do Ministro das Comunicações (13/11/2009)
O Ministro das Comunicações, Hélio Costa, esteve no campus Pampulha da UFMG para, ao
lado do reitor Ronaldo Pena, inaugurar o Telecentro Comunitário do Centro Pedagógico (CP) da
Escola de Educação Básica e Profissional da UFMG e visitar os telecentros do Carro-Biblioteca e
da Escola de Educação Física, Fiosioterapia e Terapia Ocupacional. Antes, na Sala de Sessões da
Reitoria, foi feito o anúncio do aumento de potência da rádio UFMG Educativa. O ônibus, a equipe
(coordenação, funcionários e bolsistas) e o programa foram apresentados ao ministro e sua
comitiva. Na ocasião, a coordenadora do Programa concedeu, ainda, entrevista à rádio UFMG.
Figura 8: O Ministro Hélio Costa no Carro-Biblioteca
7.15. A Extensão na Escola de Ciência da Informação ECI/UFMG (20/11/2009)
A realização deste evento para a comunidade acadêmica (docentes e discentes de graduação) da
ECI/UFMG visou divulgar as atividades desenvolvidas pelo Programa ao longo do ano de 2009.
Foram realizadas palestras de cada projeto que compõe o programa nos três turnos, manhã, tarde e
noite, apresentando, ainda, a equipe, a rotina do Carro, as experiências do dia-a-dia, a vivência em
cada comunidade, a participação em eventos e os projetos desenvolvidos pelos bolsistas. O evento
está registrado no SIEX sob número 200087.
Figura 9: Apresentação dos projetos de extensão aos discentes da ECI
30
7 CONSIDERAÇÕES
Em 2009, o Programa Carro-Biblioteca: Frente de Leitura contou com a participação de uma
grande equipe formada por 04 professores, 06 funcionários e 22 bolsistas (alunos de graduação de
letras e biblioteconomia), além da realização de 02 estágios supervisionados e 01 voluntário, para
alunos do curso de biblioteconomia. A experiência permitiu aos bolsistas interagir com um público
bem diferente das bibliotecas tradicionais, assim como perceber que o Carro-Biblioteca é uma
espécie de biblioteca pública que atende aos mais diferentes tipos de usuários e que proporciona o
acesso à leitura e ao conhecimento. Sendo assim, o Programa atuou como espaço para pesquisa e
treinamento discente, propiciando a relação entre o ensino, a pesquisa e a extensão da Universidade.
Em relação ao acervo e a informatização no Pergamum, neste ano foram cadastrados o total
de 705 títulos e 954 exemplares. No próximo ano, continuaremos o trabalho de organização e
processamento do acervo com o auxílio das estagiárias. Temos a expectativa de, no próximo ano,
conseguir incluir uma quantidade maior de títulos e exemplares na base.
Várias instituições foram beneficiadas com doações recebidas e repassadas pelo Carro-
Biblioteca com o objetivo de incentivar a construção e a reestruturação de pontos de leitura na
Grande BH e em outras cidades do estado de Minas Gerais.
Os usuários do Carro-Biblioteca são formados por crianças e jovens, de todas as idades e
sexo, adultos e idosos, principalmente, do sexo feminino. Quanto à escolha de leitura dos usuários
das comunidades, a preferência dos leitores foram os gibis (histórias em quadrinhos), a literatura
brasileira, que no ano anterior era menos procurado do que a literatura estrangeira, a literatura
infanto-juvenil, os romances seriados como Júlia, Sabrina e Bianca, as revistas para adultos e a
literatura estrangeira, seguindo respectivamente a ordem apresentada. Portanto, são importantes a
permanência dos mesmos no Carro-Biblioteca e a necessidade da promoção de outros tipos de
textos e leituras existentes para o enriquecimento do universo informacional e cultural dos usuários.
As participações nos eventos são importantes para o incentivo e a promoção de espaços de
leitura, bem como a divulgação de modo dinâmico das atividades e dos serviços desenvolvidos pelo
Carro-Biblioteca. A boa organização e planejamento dos recursos utilizados nos eventos permitem
que as atividades oferecidas sejam realizadas com qualidade e que os objetivos pretendidos sejam
alcançados, proporcionando benefícios reais ao Carro-Biblioteca.
Em relação às visitas, atendimentos, inscrições e empréstimos realizados são apresentados o
resumo do ano de 2009 e dos cinco anos anteriores na tabela a seguir:
31
TABELA 4 Resumo Estatístico do Atendimento feito pelo Carro-Biblioteca de 2004 a 2009
Comunidades
Atendimentos Viagens Média
(A/V) Inscrições Empréstimos
Total 2009 7.036 153 46 1.176 14.716 Total 2008 6.804 159 42,7 421 12.105 Total 2007 3.095 62 50 393 5.331 Total 2006 6.897 118 58 275 13.097 Total 2005 5.279 94 56 245 10.222 Total 2004 2.875 71 40 95 5.583
Observa-se que os resultados dos atendimentos e empréstimos do Carro-Biblioteca do ano
de 2009 são superiores ao ano de 2008, mesmo com menor número de viagens realizadas. A
quantidade de inscrições realizadas refere-se tanto aos novos usuários quanto aos usuários que
foram recadastrados, portanto sabe-se que aumentou a quantidade de inscrições realizadas em
relação a 2008, devido à quantidade de inscrições feitas no Bonsucesso, comunidade que
começamos a atender neste ano. Também houve acréscimo no número médio de atendimentos por
viagens que em 2008 eram 42,7 e aumentou para 46. Isso explicita a importância da presença da
equipe bem treinada para atender os usuários e da importância da divulgação dos serviços prestados
pelo Carro-Biblioteca, além da necessidade da participação mais próxima das coordenações dos
projetos junto aos bolsistas e da realização de atividades nas comunidades.
Ainda ressalta-se que em todas as comunidades o número de empréstimos ultrapassa o de
devoluções. Não há prática de penalização ou cobrança de multas por atraso na devolução, apenas a
conscientização da importância de se devolver o livro para que ele circule entre outros usuários e a
exigência de que o usuário esteja em dia para realizar novo empréstimo. Muitos empréstimos foram
realizados para o uso dos livros durante as férias, que serão devolvidos no ano seguinte, o que
justifica, em parte, a diferença entre a quantidade de empréstimos e de devoluções. No entanto,
percebe-se a necessidade de um maior controle do acervo, de modo a diminuir as perdas e conhecer
a localização dos livros não devolvidos. Um trabalho que pode ser desenvolvido pelos bolsistas
durante o período de férias é o de contatar os usuários em atraso, solicitando que eles voltem a
visitar o Carro após as férias e regularizem sua situação.
Os resultados dos trabalhos desenvolvidos pelo Carro-Biblioteca no ano de 2009 foram
positivos. Foi possível disponibilizar a acesso a recursos informacionais a vários usuários nas
diversas comunidades atendidas e com a participação em eventos de incentivo à leitura. Houve um
crescimento no número de atendimentos e pretende-se, a cada ano, através do aumento das visitas
às comunidades, a disponibilização de acervo de qualidade, a participação em eventos e a promoção
de atividades, oferecer o acesso à informação, à leitura e à cultura a um maior número de pessoas.
32
ANEXO 1 : Artigo publicado no XXIII CBBD
XXIII CBBD
Congresso Brasileiro de Biblioteconomia
CARRO-BIBLIOTECA DA UFMG: DE UMA COMUNIDADE À OUTRA
PROMOVENDO O ACESSO À LEITURA E À INFORMAÇÃO
Área temática: Acesso à informação
Sub-área: Cidadania, acessibilidade e sociedade do conhecimento
Forma de apresentação: comunicação oral
Autora: Adriana Bogliolo Sirihal Duarte
Instituição: Universidade Federal de Minas Gerais – Av. Antônio Carlos, 6627 CEP 31270-901 –
Belo Horizonte – MG – Brasil.
E-mail: [email protected]
Resumo
Apresenta o Programa Carro-Biblioteca da Escola de Ciência da Informação da UFMG, dando ênfase à sua
política de prestação de serviços e aos processos de retirada do carro-biblioteca de uma comunidade e
implantação dos serviços do carro em outra. São detalhados os projetos que atualmente compõem o
programa, a rotina de funcionamento do mesmo e a importância da existência de uma política norteando e
uniformizando as ações do programa. Finalmente, ressalta-se a importância do programa não apenas como
atividade de extensão, promotora de acesso à informação e ao conhecimento, mas também como instrumento
de ensino e objeto de pesquisa.
Palavras-chave
Carro-biblioteca; biblioteca itinerante; telecentro móvel; incentivo à leitura; acesso à informação.
1. Introdução
O Programa Carro-Biblioteca, que atua desde 1973 na região metropolitana de Belo
Horizonte – MG, foi criado através de um convênio da Universidade Federal de Minas Gerais
(UFMG) com o Instituto Nacional do Livro (INL – hoje extinto). O programa completa, em 2009,
36 anos de atividades ininterruptas, visitando comunidades da Grande Belo Horizonte, promovendo
o acesso à informação e à leitura.
Durante esse período o programa articulou atividades de extensão, ensino e pesquisa, que
resultaram em diversas publicações entre as quais se destacam: o número temático da Revista da
Escola de Biblioteconomia em comemoração aos 20 anos do carro-biblioteca (DUMONT, 1995);
33
outras publicações em periódicos científicos (CASA NOVA e BARBOSA, 1983; KREMER, 1983;
CABRAL, 1988; DUMONT, 1990; REZENDE, 1992); apresentações e trabalhos publicados em
seminários, congressos e eventos (KREMER, 1982; CABRAL, 1987; CABRAL e REIS, 2004;
PAIVA, 2005; JORGE e JORGE, 2006; SIRIHAL DUARTE, 2007); tese de doutorado
(DUMONT, 1998); matérias em boletins, revistas, jornais etc. (PROGRAMA NACIONAL... 2007;
COHEN, 2008; PAIVA, 2008), além dos relatórios anuais internos desenvolvidos no âmbito do
Centro de Extensão da Escola de Ciência da Informação (CENEx/ECI), responsável pela condução
do Programa.
Nos primeiros anos de atividade do Programa, a biblioteca itinerante era abrigada por uma
Kombi. Os anos seguintes viram a substituição deste veículo por um microônibus, especialmente
adaptado para comportar o acervo a ser levado às comunidades (DUMONT, FRANÇA e CASTRO,
1995, p. 327-335). Finalmente, em 2007, o microônibus foi substituído por um ônibus urbano que
incorpora, além do espaço de biblioteca móvel, um telecentro. Graças a uma parceria realizada entre
a Fundação Municipal de Cultura (FMC) e o Centro de Extensão da Escola de Ciência da
Informação da UFMG (CENEx/ECI), o microônibus permanece em atividade, sob coordenação da
FMC:
Um convênio realizado, em 2008, entre a Fundação Municipal de Cultura e a
Universidade Federal de Minas Gerais, por meio da Escola de Ciência da Informação, ampliou os programas destinados ao incentivo à leitura. O carro-biblioteca é considerado um dos serviços de extensão bibliotecária dos mais eficientes, por sua capacidade de percorrer as comunidades motivando a participação dos leitores. (...) Inicialmente o atendimento contemplará os bairros Renascença, Bom Jesus, São Pedro (próximo à Vila Santa Rita de Cássia) e Santo Antônio (PORTAL PBH)1.
Atualmente, o carro-biblioteca da Escola de Ciência da Informação da UFMG visita cinco
comunidades por ano. Em cada comunidade, atendida uma vez por semana, há um ponto de parada
pré-determinado, onde a bibliotecária e os bolsistas do programa de extensão oferecem serviços de
biblioteca e telecentro para os usuários do carro. Em 2009, o Programa Carro-Biblioteca encontra-
se composto por quatro projetos2, responsáveis pelo oferecimento destes serviços: o projeto
Encontros de Leitura tem como objetivo central promover o acesso das populações visitadas pelo 1 Portal da Prefeitura de Belo Horizonte: http://portalpbh.pbh.gov.br/pbh/ecp/contents.do?evento= conteudo&idConteudo=27672&chPlc=27672&termos=carro-biblioteca. Acesso em 13 abr 2009. 2 De acordo com a Pró-Reitoria de Extensão da UFMG, na publicação Programa de Bolsas de Extensão PBEXT – Guia
2009 – orientações para apresentação de programas e projetos, define-se programa como um conjunto articulado de projetos e outras ações de extensão (cursos, eventos, prestação de serviços), preferencialmente integradas a atividades de pesquisa e de ensino, em geral configurado pela interdisciplinaridade. Tem caráter orgânicoinstitucional, clareza de diretrizes e orientação para um objetivo comum, sendo executado a médio e longo prazos. Projeto, por sua vez, é uma ação processual e contínua, de caráter educativo, social, cultural, científico ou tecnológico,com objetivo específico, desenvolvido a curto e médio prazos. Dada esta estruturação e a necessidade de adaptação das atividades desenvolvidas pelo programa junto às comunidades, é possível perceber, ao longo dos anos, variação dos projetos que compõem o Programa carro-biblioteca.
34
carro-biblioteca aos materiais de leitura informativa e literária, disponibilizando-lhes atenção e
orientação na escolha e na utilização dos livros, jornais, revistas, obras de referências e outros
suportes informacionais disponíveis no carro, em forma impressa ou digital. Prevê atividades de
orientação de leitura e empréstimo domiciliar, rodas de leitura, contação de histórias, entre tantas
outras. O projeto Inclusão Digital: o carro-biblioteca da UFMG como telecentro busca aprofundar
e estender a questão da informação, da comunicação e do conhecimento através das práticas de
inclusão no telecentro do carro-biblioteca. Entre suas atividades pressupõe a oferta de oficinas com
três diferentes níveis de complexidade: acesso ao computador e à internet; formação de
multiplicadores e, finalmente, avaliação dos avanços alcançados. O projeto Boletim Bairro a Bairro
tem como objetivo central a elaboração mensal de um boletim distribuído junto às comunidades
atendidas pelo programa, veiculando informações de cunho utilitário, promovendo a integração
entre as cinco comunidades atendidas e oferecendo espaço de expressão aos seus usuários que, além
de leitores, participam de sua elaboração. Com a implantação dos serviços de telecentro do carro-
biblioteca, o escopo de atuação deste projeto estende-se, ainda, à criação de blog, comunidade
virtual e site do carro, a fim de que a informação produzida para e pelas comunidades seja veiculada
também na web. Finalmente, o projeto Educação para preservação: uma estratégia para a
conservação de acervos bibliográficos busca desenvolver ações na área de educação para a
preservação através de atividades que possibilitem a formação, o treinamento e a conscientização do
público alvo em termos da conservação dos acervos bibliográficos.
2. Encerramento das atividades no Bairro Lindéia (2008)
Em 2008 o carro-biblioteca visitou regularmente as comunidades dos bairros Lagoa, Lindéia
e Ipiranga em Belo Horizonte, e dos bairros São Benedito e Frimisa em Santa Luzia. A tabela 1
atesta a grande procura pelos serviços oferecidos pelo carro-biblioteca. Ressalta-se que ao longo de
2008 foram efetuadas 421 inscrições de novos usuários, e um total de 6.804 atendimentos a usuários
resultando em 12.105 empréstimos.
TABELA 1 Comunidades atendidas pelo carro-biblioteca em 2008
Comunidade Atendimentos Viagens Média (A/V) Novas
Inscrições Empréstimos
Lagoa 2.322 33 70,3 189 4.075 Lindéia 1.536 32 48 75 2.567 Ipiranga 450 30 15 54 723
São Benedito 1.372 32 42,8 56 2.582 Frimisa 1.124 32 35 47 2.158 Total 6.804 159 42,2 421 12.105
35
O Bairro Lindéia, atendido pelo carro-biblioteca durante 26 anos, vivenciou em 2008 seu
último ano de visitas do carro. Vale lembrar:
O carro-biblioteca tem um compromisso: só se retira definitivamente da comunidade quando o serviço permanente já tiver sido implantado. Se o objetivo do carro é suscitar a demanda de serviços informacionais permanentes, não pode despertar essa demanda e depois deixar a comunidade deles desprovida: seria um total descomprometimento com um trabalho sério, planejado e constantemente avaliado (DUMONT, FRANÇA e CASTRO, 1995, p. 326).
No dia 28 de junho de 2008, a Prefeitura Municipal de Belo Horizonte inaugurou o Centro
Cultural Lindéia Regina. Diante da inauguração do Centro Cultural, a equipe do carro-biblioteca se
reuniu e discutiu sobre a saída definitiva do Bairro Lindéia, uma vez que a partir de então os
moradores do Bairro teriam acesso à Biblioteca do Centro Cultural.
Concluiu-se pela realização de uma saída gradual, que levasse os usuários do carro-
biblioteca a freqüentar a biblioteca do Centro Cultural recém inaugurado. Assim, em agosto de 2008
iniciou-se campanha de informação aos usuários (através do Boletim Bairro a Bairro, de
correspondência impressa, de telefonemas e de cartazes afixados no carro) de que o carro-biblioteca
mudaria seu ponto de parada. Em setembro efetivou-se tal mudança, saindo da Avenida Flor de
Seda para a Rua Professora Ruth Pina (distante aproximadamente 10 quadras do endereço de parada
original), com acesso ao Centro Cultural Lindéia Regina, objetivando transferir seus usuários para
a biblioteca do Centro.
O carro-biblioteca passou então a atender os usuários, a partir do dia 25 de setembro de
2008, em frente ao Centro Cultural. A equipe do carro-biblioteca incentivou os usuários a fazerem
inscrições na Biblioteca do Centro Cultural. Além disso, promoveu atividades para que os novos
usuários passassem a freqüentar a Biblioteca do Centro como, por exemplo, o varal de adivinhas,
que interligava o carro-biblioteca à biblioteca do Centro Cultural, convidando os leitores a
percorrerem seu trajeto distraindo-se com as adivinhações até chegar à nova biblioteca, onde eram
recebidos.
Embora o Programa Carro-Biblioteca não tenha participado efetivamente na implantação da
biblioteca no Bairro Lindéia, já que sua viabilização deu-se através do orçamento participativo
(Prefeitura Municipal de Belo Horizonte), contribuímos com a doação de um número significativo
de livros, a fim de incrementar o acervo daquela biblioteca, antes de deixarmos definitivamente o
atendimento ao Bairro Lindéia, o que ocorreu em dezembro de 2008.
3. Implantação do serviço no Bairro Bonsucesso (2009)
Conforme estabelecido pela política de prestação de serviços do Programa Carro-Biblioteca:
36
O Centro de Extensão define quatro pré-requisitos básicos para o desenvolvimento de projetos de implantação do serviço do carro em uma determinada comunidade: 1.a manifestação do interesse em receber a visita do carro deve advir primeiramente de contatos estabelecidos por seus legítimos representantes; 2.a comunidade não possuir centros de informação ou bibliotecas em funcionamento;
3.estar situada geograficamente distante de serviços bibliotecários ou em local de difícil acesso às bibliotecas públicas comunitárias ou populares da cidade e 4.que
o carro-biblioteca não tenha de percorrer mais de meia-hora para atingir o local de visita (DUMONT, FRANÇA e CASTRO, 1995, p. 323).
Os meses de fevereiro e março de 2009 foram meses de análise, pela equipe do carro-
biblioteca, dos pedidos formais de inclusão de comunidade encaminhados ao CENEx/ECI. Alguns
foram descartados em virtude da distância de percurso entre a UFMG e o local solicitado ser
superior ao estabelecido pela política de prestação de serviços, outros pela dificuldade de
estabelecer contato com os solicitantes. Enfim, foi selecionada uma solicitação encaminhada pela
direção e assessoria pedagógica da Escola Municipal Bárbara Maria Salomão, situada no bairro
Bonsucesso, na cidade de Vespasiano (MG).
Com o objetivo de verificar se a comunidade atendia a todos os pré-requisitos para sua
inserção, agendou-se visita à escola no dia 05 de março de 2009. Na ocasião se avaliou tanto os
arredores da escola solicitante quanto a própria escola, que se situa em região de visível carência
social, econômica e cultural. Internamente, a escola possui uma sala que recebe o nome de
biblioteca, com acervo quase exclusivo de livros didáticos usados (doados pela prefeitura para uso
entre os alunos e restituídos por eles à biblioteca escolar após um ano de uso), alguns livros de
literatura e revistas em quadrinhos. Não há qualquer espécie de organização ou catalogação deste
material, não existe profissional bibliotecário e nem mesmo auxiliar de biblioteca. Uma funcionária
deslocada de sua função original é responsável pela manutenção do local, que funciona também
como sala de estudos e atividades extra-classe para os alunos. Há uma promessa informal da
prefeitura de Vespasiano em relação à construção de uma biblioteca escolar em uma área da escola,
e nenhum compromisso em relação à designação de um bibliotecário para assumi-la.
No mesmo quarteirão da escola encontram-se um posto de saúde e uma igreja católica. O
ponto de parada do carro-biblioteca sugerido seria neste quarteirão, pouco acima do portão de
entrada da escola, que se prontificou em assumir o compromisso de fornecimento de energia
elétrica necessário ao funcionamento do telecentro móvel (atualmente o carro possui autonomia no
acesso à internet, mas ainda não possui autonomia elétrica).
A conclusão resultante desta primeira visita exploratória foi a de que a comunidade
solicitante atende aos pré-requisitos para a implantação dos serviços do carro-biblioteca. A política
de prestação de serviços do Programa Carro-Biblioteca ressalta, ainda:
37
Quando a Comissão do Centro de Extensão define que determinada comunidade preenche os pré-requisitos estabelecidos, parte-se então para a fase de desenvolvimento do projeto de implantação do serviço. Esta etapa é considerada como a mais política do programa. A concepção da palavra democracia é exercida nesta fase: é saber chegar aos representantes comunitários, sejam eles os oficiais
ou as lideranças populares, sem se impor, mas claramente mostrando os objetivos do carro e os serviços que tem a oferecer. Nessa ocasião, é necessário esclarecer
que o programa não está ligado a nenhum fim político e também a necessidade da participação permanente da comunidade. É importante explicar, nessas primeiras negociações, que a prestação do serviço do carro já tem um fim previsto – pois constitui uma atividade fomentadora e intermediária da implantação de um serviço de informação, ou biblioteca permanente, na comunidade. (DUMONT, FRANÇA e CASTRO, 1995, p. 324-325)
Nesse sentido, o próximo passo do processo foi o agendamento de reunião com as lideranças
comunitárias do Bairro Bonsucesso. A direção da escola prontificou-se em estabelecer os contatos e
fazer os convites para um encontro conjunto da equipe do carro-biblioteca com a comunidade. No
dia 24 de março de 2009 efetuou-se tal encontro, que contou com dez participantes do Programa
(entre coordenadores do programa e de seus projetos, funcionários do CENEx/ECI e bolsistas que
atuam no programa) e cerca de vinte participantes da comunidade (professores e assistentes
pedagógicos da escola, alunos da educação de jovens e adultos, representantes do posto de saúde, da
igreja e do comércio local).
O encontro, mediado pela coordenadora do programa, teve seu início com uma exposição
sobre os princípios do programa, uma apresentação do perfil das comunidades atualmente atendidas
e o esclarecimento de que a parceria entre a comunidade proponente e o carro-biblioteca se
fundamentaria em três compromissos a serem assumidos pelos membros da comunidade: o da
divulgação dos serviços oferecidos pelo carro-biblioteca3; o do fornecimento de energia elétrica
para funcionamento do telecentro e, principalmente, o compromisso de que a comunidade, com o
apoio da equipe do carro, começaria desde já os esforços para o estabelecimento de uma biblioteca
local que atendesse não somente à escola, mas a toda a comunidade do bairro e redondezas. O
encontro foi repleto de perguntas e sugestões por parte dos presentes, que deixaram bastante claro o
interesse e entusiasmo local com a possibilidade da vinda do carro. Solicitaram ajuda para a
divulgação através da confecção de cartazes e do envio antecipado das fichas de inscrição como
usuários, pois, segundo os representantes da comunidade, “dessa forma evitaremos a formação de
uma fila no primeiro dia de atendimento, trazendo as fichas já preenchidas”.
3 Dumont (1995, p. 198-199) ressalta que “foi detectado nos estudos que a divulgação mais comum entre os que procuram o carro é feita pela própria comunidade, através da informação veiculada “boca-a-boca” e isto tem funcionado satisfatoriamente bem, pois o cunho da credibilidade é alto e, por ser genuína, do local, toca no que lhes interessa”.
38
Ficou estabelecido que daríamos andamento às ações para inserção da comunidade no
calendário de visitas do carro-biblioteca a partir do mês de maio. Em 15 de abril foi enviado para
quatro pontos da comunidade (escola, posto de saúde, igreja e papelaria) um kit contendo cartazes,
cópias do Guia do Usuário e do Boletim Bairro-a-Bairro (em que uma das seções falava sobre a
inserção da comunidade Bonsucesso) e dos formulários de cadastro de usuários. Em 17 de abril uma
equipe técnica da UFMG esteve na escola para a instalação da tomada elétrica compatível para
acesso do equipamento do carro à energia. A primeira visita à comunidade está prevista para a
manhã do dia 05 de maio de 2009.
4. Considerações finais
A existência de uma política bem estabelecida e respaldada em anos de experiência mostra-
se de muita utilidade no momento da tomada de decisões em um programa extensionista como o
carro-biblioteca, que conta com uma equipe flutuante (a coordenação do CENEx muda a cada dois
anos, a equipe de bolsistas a cada ano, e mesmo a coordenação dos programas e a conformação dos
projetos que o compõem muda com freqüência visando, entre outras coisas, a adaptação das ações
ao desenvolvimento rápido das formas de acesso à informação). É essa política que garante a
uniformidade e a continuidade do programa ao longo de 36 anos.
Os serviços oferecidos pelo programa vem se adaptando às mudanças no universo
informacional: o carro-biblioteca adaptou-se ao surgimento das tecnologias de informação e
comunicação, oferecendo acesso à informação eletrônica através de computadores conectados à
internet, além de outros recursos multimídia como televisor, dvd, datashow; vem definindo
estratégias de renovação do acervo, buscando permanentemente oferecer informações e literatura
atualizada; promove constantemente atividades culturais de incentivo à leitura; além de preocupar-
se em prestar serviços em consonância com a realidade das comunidades atendidas.
Ainda que deixe saudade e sentimento de nostalgia, a experiência da saída de uma
comunidade é positiva, quando se percebe que ela encontra autonomia para acesso à informação.
Apesar da existência da política de prestação de serviços do Programa, percebe-se, ainda, uma
fragilidade no sentido da necessidade de estabelecimento de um plano de desenvolvimento interno e
da criação de um projeto específico, para compor o programa, que vise incentivar e orientar as
comunidades na criação de sua própria biblioteca comunitária. Não é uma situação ideal a de
permanência durante tanto tempo em uma mesma comunidade, como ocorreu no bairro Lindéia.
Embora o programa tenha o compromisso, como citado, de não deixar uma comunidade antes que
ela possua um serviço permanente implantado, nos últimos anos de andamento das atividades não
se tem verificado o apoio necessário às comunidades para que elas atuem no sentido do
estabelecimento deste serviço. Essa percepção guiou a seleção das ações junto à nova comunidade a
39
ser inserida. Desde o primeiro contato, vem-se ressaltando a importância do estabelecimento desta
autonomia e da implantação do serviço permanente. O carro está se inserindo na comunidade já
com o plano de incentivar e orientar suas lideranças na implantação de uma biblioteca local.
Finalmente, cumpre ressaltar que a importância do trabalho extensionista não se limita ao
atendimento às comunidades, mas engloba o aprendizado proporcionado aos alunos (graduandos em
biblioteconomia) bolsistas, que vivenciam a rotina de uma biblioteca, o contato com o público, as
ações de organização do acervo e de atendimento ao usuário; além de abrir um vastíssimo campo à
pesquisa (assuntos como inclusão digital, ação cultural, incentivo à leitura, redes sociais e outros
vem sendo explorados em pesquisas que tem como objeto os serviços do carro-biblioteca e as
comunidades por ele atendidas).
Referências
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ANEXO 2: Boletins Bairro a Bairro publicados ao longo do ano