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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ
MESTRADO PROFISSIONAL EM SAÚDE E GESTÃO DO TRABALHO
ISABEL CRISTINA DOS SANTOS
AS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DA ARTE GESTACIONAL PARA A
GESTANTE E SUA FAMÍLIA
Itajaí-SC
2018
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ISABEL CRISTINA DOS SANTOS
AS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DA ARTE GESTACIONAL PARA A
GESTANTE E SUA FAMÍLIA
Itajaí
2018
Dissertação apresentada como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Saúde e Gestão do Trabalho pela Escola de Saúde da Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI.
Orientadora: Prof.ª Dra. Yolanda Flores e Silva
Linha de Pesquisa: Saúde da Família na Perspectiva Interdisciplinar
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Ficha Catalográfica
Bibliotecária Eugenia Berlim Buzzi CRB 14/963
S59r
Santos, Isabel Cristina dos, 1981-
As representações sociais da arte gestacional para a gestante e sua
família.[Manuscrito] / Isabel Cristina dos Santos. - Itajaí, SC. 2018.
133f. ; fig. ; tab. ; graf.
Referências: p. 70-76.
Cópia de computador (Printout(s)).
Dissertação submetida à Universidade do Vale do Itajaí como parte dos
requisitos para a obtenção do grau de Mestre em Saúde e Gestão do
Trabalho.
“Orientadora: Profª. Drª. Yolanda Flores e Silva.”
1. Arte Gestacional. 2. Cuidado Pré-Natal. 3. Promoção da Saúde. I.
Universidade do Vale do Itajaí. II. Título.
CDU: 618.2-082
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ISABEL CRISTINA DOS SANTOS
AS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DA ARTE GESTACIONAL PARA A
GESTANTE E SUA FAMÍLIA
Esta Dissertação foi julgada adequada para obtenção do Título de Mestre em Saúde
e Gestão do Trabalho e aprovada em sua forma final pelo Programa de Pós-
Graduação Mestrado Profissional em Saúde e Gestão do Trabalho da Universidade
do Vale de Itajaí.
Linha de Pesquisa: Saúde da Família na Perspectiva Interdisciplinar
Itajaí, 29 de agosto de 2018.
Apresentado perante a Banca Examinadora composta pelos professores:
____________________________________________
Prof.ª Dra. Yolanda Flores e Silva
Presidente / Orientadora (UNIVALI)
_____________________________________________
Prof.ª Dra. Carina Nunes Bossardi
Membro Interno (UNIVALI)
______________________________________________
Prof.ª Dra. Eliany Nazaré de Oliveira
Membro Externo (UVA)
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AGRADECIMENTOS
Agradeço em primeiramente a Deus, que me deu a oportunidade e condições,
me guiou e iluminou para concretizar o sonho de realizar um Mestrado.
Aos meus familiares que estiveram ao meu lado no decorrer dessa
caminhada me apoiando e incentivando. A Greta Lily minha companheirinha que
permaneceu do meu lado o tempo todo durante a elaboração da dissertação.
A Prof.ª Dra. Yolanda Flores e Silva, minha orientadora, que me acolheu com
carinho desde o primeiro momento, e através de seu conhecimento, sabedoria e
experiência me mostrou o caminho para que essa pesquisa pudesse se tornar uma
realidade, contribuindo assim para o meu crescimento profissional e pessoal.
Os professores do Mestrado pelos ensinamentos.
As minhas amigas Andressa e Daiane, que me apoiaram, ouviram,
incentivaram em todos os momentos, inclusive naqueles em que tive vontade de
desistir e “sair correndo”, tiveram paciência e me “deram colo”.
A minha amiga Milia que mesmo distante me ajudou nessa caminhada.
A todos os amigos que fiz durante o Mestrado em especial a Alessandra e a
Taren pelo apoio, pelos almoços, pelas conversas e por dividir angustias e
inseguranças.
A Naoli Vinaver que aceitou prontamente participar da pesquisa, mesmo com
sua agenda lotada disponibilizou tempo para enriquecer esse trabalho.
Aos colegas de trabalho e também as minhas residentes Ana, Gabriela e
Fabiana que me compreenderam, colaboraram e incentivaram.
A todas as gestantes que aceitaram participar da pesquisa.
Enfim, agradeço a todos que de alguma forma contribuíram para a realização
da pesquisa, para o meu processo de aprendizagem, conhecimento e crescimento
profissional e pessoal.
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RESUMO
O pré-natal é um momento impar na vida da mulher e o enfermeiro como um dos profissionais da saúde que tem bastante contato com a mulher gestante e sua família, tem um papel fundamental na construção de vínculos e no acolhimento que realiza nas unidades de saúde. Pensando em um cuidado humanizado, empático, de forma integral é que, em vários serviços de saúde pública de nosso país, se realiza hoje a Arte Gestacional durante as consultas de pré-natal de enfermagem. Considerando esse contexto o presente estudo teve como objetivo “caracterizar as Representações Sociais da Arte Gestacional e suas implicações na mediação entre serviço e gestante no que se refere às questões educacionais voltadas à promoção da saúde” tendo como base teórica a Teoria das Representações Sociais de Serge Moscovici. A investigação realizada foi de cunho qualitativo com coleta de informação realizada com gestantes de uma unidade de saúde pública do SUS em um município do litoral catarinense, através de entrevistas semiestruturadas. A análise dos dados foi realizada utilizando-se o processo de categorização dos conteúdos das entrevistas associada às experiências de distintos pesquisadores da saúde e áreas afins e mais a experiência cotidiana neste serviço. A Teoria das Representações Sociais de Moscovici serviu de apoio teórico-metodológico para compreensão do universo das gestantes que aceitaram participar da pesquisa. Os resultados apontados e a discussão realizada com apoio dos referenciais teóricos utilizados apontam para várias ideias. Foi possível observar que a Arte Gestacional (AG) se revela um cuidado terapêutico lúdico que auxilia a gestante nos enfrentamentos e demandas cotidianas. Sendo um momento emocionante que fortalece vínculos da mulher com a família e o bebê, pode ser implantada nos serviços de saúde como tecnologia social durante as consultas de enfermagem. Dessa forma, se sugere tornar este momento um espaço não apenas de acolhimento voltado ao cuidado lúdico e relaxante, mas, um momento educacional, algo sugerido no último tópico desta dissertação, enquanto uma proposta de cuidado as gestantes. PALAVRAS-CHAVE: Arte Gestacional. Cuidado Terapêutico. Cuidado Pré-Natal. Promoção da Saúde. Representação Social.
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ABSTRACT
Prenatal care is a unique moment in the lives of the mother and the nurse, one of the health professionals who have a lot of contact with the pregnant woman and her family, and who play a fundamental role in building bonds and in the reception that theyoffer in the health center. Thinking of a humanized, empathetic, and integral care, several public health services in our country are performing Gestational Art during prenatal nursing consultations. Considering this context, the present study aimed to "characterize the Social Representations of Gestational Art and its implications in the mediation between service and pregnant women with regard to educational issues aimed at health promotion", based on Serge Moscovici‟s Theory of Social Representations. The qualitative study was carried out with data collectionthrough semi-structured interviewswith pregnant women from a public health unit of the SUS in a municipality on the coast of Santa Catarina. The data were analyzed using the categorization process of the interview contents associated to the experiences of different health researchers and related areas, plus daily experience in this service. Muscovici‟s Theory of Social Representations served as theoretical and methodological support for understanding the universe of pregnant women who agreed to participate in the research. The results, and the discussion carried out with the support of the theoretical references used, point to several ideas. It found that Gestational Art (AG) reveals a playful therapeutic care that helps the pregnant woman in her daily confrontations and demands. Being an exciting time that strengthens women's ties to family and baby, it can be implanted in health services as a social technology during nursing consultations. It is therefore suggested that this time be utilized as an educational moment, rather than as a time of care and playful relaxation time. This suggestion is given the last topic of this dissertation, as a proposal of the care for pregnant women. KEY WORDS: Gestational Art. Therapeutic Care. Prenatal care. Health Promotion. Social Representation.
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LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1............................................................................................................. 17
FIGURA 2............................................................................................................. 40
FIGURA 3............................................................................................................. 42
FIGURA 4............................................................................................................. 43
FIGURA 5............................................................................................................. 44
FIGURA 6............................................................................................................. 45
FIGURA 7............................................................................................................. 46
FIGURA 8............................................................................................................. 47
FIGURA 9............................................................................................................. 49
FIGURA 10........................................................................................................... 67
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA.......................................................... 11
2 PROBLEMAS, PRESSUPOSTOS DE PESQUISA E OBJETIVOS........ 13
3 PERCURSO METODOLÓGICO.............................................................. 15
3.1 A pesquisa.................................................................................. 15
3.2 Universo da pesquisa: município, população/amostra e unidade de saúde 16
3.3 Análise das informações: Teoria das Representações Sociais.................... 19
4 PRÉ-NATAL: PREMISSAS TEÓRICAS...................................................... 24
4.1 O pré-natal e sua importância: para gestante, bebê e familía...................... 26
4.2 O pré-natal na perpectiva da enfermagem................................................... 29
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................... 33
5.1 A Arte Gestacional........................................................................................ 33
5.2 As gestantes................................................................................................. 40
5.3 Os discursos................................................................................................. 48
6 PRÉ-NATAL COM A INCLUSÃO DA ARTE GESTACIONAL: UMA
PROPOSTA..................................................................................................
59
6.1 A Arte Gestacional é uma tecnologia social que pode ajudar a mulher
gestante?......................................................................................................
59
6.2 Arte Gestacional como proposta de tecnologia social.................................. 62
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................... 68
REFERÊNCIAS.................................................................................................... 70
APÊNDICES......................................................................................................... 77
APÊNDICE A........................................................................................................ 78
APÊNDICE B........................................................................................................ 80
APÊNDICE C........................................................................................................ 81
APÊNDICE D........................................................................................................ 82
APÊNDICE E........................................................................................................ 83
APÊNDICE F......................................................................................................... 84
APÊNDICE G........................................................................................................ 89
ANEXOS............................................................................................................... 94
ANEXO A.............................................................................................................. 95
10
ANEXO B.............................................................................................................. 98
11
1 INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA
A pesquisa realizada sob a ótica da Teoria das Representações Sociais de
Serge Moscovici buscou caracterizar as representações sociais e/ou significados da
Arte Gestacional, também conhecida como „Ultrassom Natural‟ ou „Ecografia
Ecológica‟, para a gestante e sua família. A Teoria das Representações Sociais é
uma abordagem reconhecida como sociopsicológica por Moscovici (1995) com
bases na Sociologia Clássica e na Antropologia de Durkheim e Lévy-Bruhl. De modo
geral os teóricos clássicos da Sociologia e Psicologia Social entendem as
representações sociais como categorias do pensamento científico que expressam a
realidade social vigente (SANTOS; DIAS, 2015).
Serge Moscovici foi um psicólogo romeno naturalizado francês que criou o
conceito de Representação Social. Fujita e Shimo (2016)na perspectiva de
Moscovici entendem este conceito:
Como um sistema de valores, ideias e práticas, com duas funções: primeiro, estabelecer uma ordem que possibilitará às pessoas orientar-se em seu mundo material e social e controlá-lo; e, em segundo lugar, permitir que a comunicação seja possível entre outros membros da sociedade, fornecendo-lhes um código para nomear e classificar, sem ambiguidade, os diversos aspectos de seu mundo, da sua história individual e social (FUJITA; SHIMO, 2016, p. 441).
Segundo Silva, Camargo e Padilha (2011) a Teoria das Representações
Sociais tem sido amplamente empregada na área da saúde com a intenção de
considerar o conhecimento não especializado, o conhecimento leigo e as
concepções e o que pensam diversos grupos sociais sobre determinado fenômeno,
com a intenção de lidar com a complexidade dos problemas que os mesmos trazem
as unidades de saúde. A partir deste contexto, de reconhecer o „saber‟, „o falar‟ e o
„pensar‟ leigos é que se pensou em trabalhar na perspectiva das representações
sociais construídas pelos sujeitos, enquanto “conhecimentos práticos que se
desenvolvem nas relações do senso comum, formados pelo conjunto de ideias da
vida cotidiana, construída nas relações estabelecidas entre sujeitos ou através das
interações grupais” (MOSCOVICI, 2002, p. 12).
A partir desses pressupostos oriundos do pensamento de Moscovici, foi
possível se inserir no estudo das concepções teóricas, sociológicas e psicológicas
que influenciaram a construção das Representações Sociais. A leitura das obras de
12
Durkheim (2007), Weber (2002) e de Moscovici (2002; 1995) entre outras obras,
foram fundamentais na construção da investigação que foi a base da pesquisa
realizada no segundo semestre de 2017 após aprovação no CEP da UNIVALI.
Importante ressaltar que o estudo das Representações Sociais tornou possível
repensar o saber leigo e respeitá-lo considerando o contexto de vida, as alegrias, as
tristezas e as vivências das jovens gestantes que tornaram possível a realização do
trabalho apresentado.
E é importante que fique claro, que não trabalhamos as RS observando os
preceitos teóricos da mesma, as categorizações e seus sentidos e significados de
forma profunda com elementos qualitativos e quantitativos, como em muitos
trabalhos aos quais se acessou para leitura e conhecimento. A intenção neste
trabalho foi bem mais singela, queríamos apenas caracterizar o pensamento
imediato das gestantes sobre a AG. Não era intenção uma reflexão psicológica ou
sociológica sobre a temática. Embora, o que se coletou possa ser importante ao se
dar continuidade ao estudo com uma nova perspectiva com relação a Teoria da
Representação Social.
13
2 PROBLEMA, PRESSUPOSTOS DE PESQUISA E OBJETIVOS
A Arte Gestacional frente às múltiplas demandas na vida da gestante
(trabalhos diários estafantes, família distante, falta de um companheiro mais
presente, solidão, entre outros elementos), parece ser um cuidado importante que
foge da rotina convencional das consultas realizadas durante o pré-natal.
Considerando esta perspectiva as questões e/ou problemas de pesquisa foram:
Quais as Representações Sociais da Arte Gestacional para a gestante
e como esta faz a mediação da relação desta mulher com a família e o
mundo?
Quais ações educacionais a Arte Gestacional pode incentivar a partir
da organização de um protocolo de atendimento realizado pela
Enfermagem?
A Arte Gestacional, além de mudar o olhar da gestante acerca da consulta do
pré-natal, a nosso ver, traz benefícios importantes quanto aos aspectos emocionais
e aos vínculos que estabelece com a Unidade de Saúde e os profissionais com
quem precisa se relacionar até o parto e após o nascimento de sua criança. Nesse
sentido os pressupostos que nortearam a investigação realizada foram:
A Arte Gestacional é um cuidado terapêutico que auxilia a gestante nos
enfrentamentos e demandas cotidianas;
A Arte Gestacional é um cuidado terapêutico que fortalece vínculos da
gestante e da família com o bebê;
A Arte Gestacional é um cuidado terapêutico lúdico que emociona
positivamente o período da gravidez;
A Arte Gestacional é um cuidado terapêutico que auxilia na mediação
entre serviço e gestante no que se refere às questões educacionais
voltadas à promoção da saúde;
A Arte Gestacional é um cuidado terapêutico e também uma tecnologia
social capaz de ajudar a gestante a criar e/ou renovar laços com a
família e a comunidade onde vive, visto que, a solidão e a falta de
14
redes sociais resultado da sua condição de migrante, pode abalar
emocionalmente sua vida neste momento tão especial.
Considerando as questões problemas e os pressupostos acima o objetivo
geral norteador da investigação realizada foi o de “caracterizar as Representações
Sociais da Arte Gestacional e suas implicações na mediação entre serviço e
gestante no que se refere às questões educacionais voltadas a promoção da saúde”.
Os objetivos específicos que tornaram possível o atendimento do objetivo geral
foram:
Identificar as Representações Sociais das gestantes sobre a Arte
Gestacional;
Descrever o papel da Arte Gestacional do ponto de vista educacional na vida
cotidiana familiar e sociocultural da gestante;
Elaborar uma proposta de atendimento pré-natal com a inclusão da Arte
Gestacional enquanto um cuidado terapêutico com finalidade educacional,
lúdica - integrativa voltada à promoção da saúde.
15
3 PERCURSO METODOLÓGICO
3.1 A pesquisa
Essa é uma pesquisa cuja abordagem foi qualitativa cuja base teórica de
reflexão que serviu de auxílio na discussão dos resultados foi a Teoria das
Representações Sociais de Moscovici. Optamos por este caminho metodológico,
porque a investigação teve como foco aspectos subjetivos do pensamento de
mulheres gestantes acerca do que compreendiam empiricamente (sentimentos e
pensamentos) sobre a Arte Gestacional. Ou seja, trabalhamos com representações
subjetivas, com as crenças e percepções, produto de interpretações pessoais de um
saber do senso comum do cotidiano de cada gestante.
Em função de optarmos por este caminho epistemológico com uso da Teoria
das Representações Sociais como arcabouço teórico-metodológico, as informações
colhidas com base nos conhecimentos empíricos das gestantes que aceitaram
participar da investigação, forneceram dados do senso comum que nos revelam o
olhar de cada gestante acerca de seu cotidiano e o que isto representa para sua
vida familiar e da criança que está para nascer. Inicialmente esperávamos obter
dados que nos mostrassem não apenas sentimentos, mas, que aprendizados
(conhecimentos) as mesmas absorveram, aprenderam ou não, durante os encontros
da consulta pré-natal de enfermagem associada com a Arte Gestacional. Embora
esta etapa não tenha ocorrido como imaginamos inicialmente, foi um movimento
qualitativo que segundo Creswell (2007, p. 184) tornaram possível que déssemos
“passos únicos”, muito particulares para a pesquisadora, com um aprendizado
acerca das distintas estratégias de uso de textos e/ou imagens para absorver o que
as pessoas entendem sobre o tema de interesse escolhido pelo pesquisador.Na
prática, foi possível um aprendizado maior por parte da pesquisadora que
engatinhava neste universo de pesquisa proporcionado pelo mestrado e pelas
gestantes.
Os procedimentos técnicos adotados seguiram a perspectiva do Estudo de
Caso, que para Gil (2017, p. 39) “é o estudo profundo e exaustivo de um ou mais
conhecimentos amplos e detalhados de um fato ou fenômeno”, realizado com um
grupo escolhido de forma proposital. Importante enfatizar, que face às
características da abordagem qualitativa, poderia ser permitida a entrada de outros
16
informantes no grupo pré-existente, se estes fossem considerados importantes
enquanto elementos capazes de contribuir para ampliar o conhecimento que
tínhamos como objetivo (YIN, 2009).
Para a coleta de informações foram realizadas entrevistas com as gestantes
que haviam feito durante as consultas de pré-natal a Arte Gestacional em meses
anteriores a pesquisa. Utilizamos um roteiro de entrevistas do tipo semiestruturadas
com perguntas abertas e flexíveis para que as entrevistadas se sentissem à vontade
para expressar seus sentimentos e ideias. As entrevistas foram gravadas e
posteriormente transcritas com a devida autorização das participantes. O olhar de
Minayo (2014, p. 267) esteve presente nos auxiliando e mostrando que a
modalidade de entrevista semiestruturada quando bem utilizada permite uma maior
interação “sobretudo aos investigadores menos experientes” que ainda estão
aprendendo como conversar para obter respostas que possam de fato ser usadas
como informações de uma investigação.
A análise das informações coletadas através das entrevistas foi realizada
utilizando-se a técnica de categorização temática de Minayo (2014) para
organização dos dados transcritos compreendendo uma leitura corrida das
entrevistas seguida de uma leitura profunda e mais reflexiva para organização das
informações considerando os objetivos da pesquisa. Após esta etapa com a
organização sistemática das informações se fez a análise teórica com reflexões a
partir da Teoria das Representações Sociais segundo Moscovici e demais autores
que trabalharam com esta fundamentação. Para esta etapa da análise foram
realizadas seleções de categorizações dos conteúdos das entrevistas observando
distintos aspectos das falas das gestantes, tais como a possibilidade de elas
trazerem à tona aspectos ideológicos, aspectos formais e informais da linguagem
dos cotidianos de suas vidas e aspectos emocionais dos significados e
representações oriundos da Arte Gestacional para si e família.
3.2 Universo da pesquisa: município, população / amostra e unidade de saúde
A pesquisa foi realizada em um município localizado no Litoral Norte do
Estado de Santa Catarina. Colonizada por portugueses no início do século XIX, a
cidade tem desde seus primórdios uma forte ligação com a cultura açoriana,
preservada até os dias de hoje com seus pescadores, artistas e grupos folclóricos.
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Está situada bem próxima a capital do estado e por estar no litoral é um município
com grande fluxo turístico no verão Catarinense. Segundo o censo realizado pelo
IBGE, sua população em 2010 era em torno de 45.797 habitantes e a estimativa
para 2018é de uma população de 63.250 habitantes, em uma área territorial de
57,803 km² (PMI, 2017; IBGE, 2010).
Figura 01: Litoral Catarinense
Fonte: http://www.viajantevirtual.com.br/informacoes-gerais/mapas-turisticos.aspx
Com relação aos serviços de saúde, além de uma estrutura privada, o
município conta no setor público com 10 Unidades Básicas de Saúde e 14 Equipes
de Estratégia da Saúde da Família (ESF), 01 Núcleo de Apoio a Saúde da Família
(NASF) e um hospital. A pesquisa foi realizada em um dos bairros cuja Unidade
Básica de Saúde tem 03 Equipes de Estratégia da Saúde da Família, cada equipe
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composta por 01 médico, 01 enfermeiro, 02 técnicos de enfermagem e/ou auxiliar de
enfermagem, 04 a 05 agentes comunitários de saúde, além de 02 Equipes de Saúde
Bucal composta por 01 dentista e 01 técnico de saúde bucal.
Neste ano de 2018 estão sendo acompanhadas nessa unidade cerca de 100
gestantes por mês. As gestantes que foram inclusas como informantes foram as
que: passaram pela experiência da Arte Gestacional; tinham 30 semanas ou mais de
gestação e faziam acompanhamento regular de pré-natal; e que aceitaram participar
da pesquisa. Dentre as 100 gestantes assistidas mensalmente, fizemos contato com
todas, mas, a amostra final, ficou em 09 gestantes, uma coleta aceitável em
pesquisas qualitativas como a que nos propomos realizar (GIBBS, 2009).
Os primeiros 04 encontros realizados para as entrevistas foram feitos na
Unidade Básica em lugar reservado com privacidade (consultório de enfermagem).
Contudo, optamos por realizar os demais encontros nas casas das entrevistadas,
porque as entrevistas eram interrompidas com frequência por profissionais da
unidade para tratar de assuntos alheios a entrevista, o que, segundo nossa
percepção, tornava as gestantes tímidas e desconfortáveis. Estas gestantes foram
aquelas com quem tivemos contato em todo o processo de pré-natal.
Por se tratar de uma pesquisa que envolveu seres humanos foram tomados
todos os cuidados éticos previstos na Resolução 510 de 07 de abril de 2016 e
Resolução 466 de 12 de dezembro de 2012. Importante lembrar que esta resolução
permite a inclusão de novos atores sociais à pesquisa, se os pesquisadores
considerarem essenciais para o alcance dos resultados propostos. No caso
específico da investigação que ora concluímos, além das entrevistas com as
gestantes, resolvemos incluir a Parteira Tradicional Naoli Vinaver, pois a mesma foi
quem iniciou essa técnica de pintura na barriga. Nessa perspectiva, entendemos ser
de extrema importância incluir uma entrevista com a mesma nos resultados deste
estudo.
A proposta elaborada foi registrada na Plataforma Brasil e encaminhada ao
Comitê de Ética da UNIVALI para avaliação e parecer, e somente após este parecer
(Anexo A), é que iniciamos a coleta de informações „in loco‟. A entrada em campo se
iniciou com a apresentação da proposta as gestantes individualmente e aquelas que
aceitaram participar, foi entregue o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
para que lessem, tirassem dúvidas e confirmassem a participação (Apêndice F).
Após esta etapa é que iniciamos os agendamentos e as entrevistas foram
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acontecendo no segundo semestre de 2017. Para a parteira Naoli também foi
entregue um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para que lesse, tirasse
dúvidas e confirmasse a participação na pesquisa (Apêndice G). Com a mesma
tivemos dois encontros. O primeiro para conhecê-la e saber um pouco acerca de sua
atividade profissional no Brasil. No segundo encontro direcionamos nossas questões
e dúvidas a algumas especificidades sobre a pintura nas barrigas de gestantes.
3.3 Análise das informações: Teoria das Representações Sociais
Para compreender como se efetivou o processo de análise das entrevistas,
faz-se necessário introduzir a quem realiza esta leitura, no modelo teórico de
Moscovici que ele denominou de Teoria das Representações Sociais. A análise das
informações, feita sob a ótica da Teoria das Representações Sociais de Serge
Moscovici é bastante estudada pela psicologia social porque tem como premissa
entender o comportamento das pessoas do ponto de vista individual, no grupo e
sociedade. Durkheim e Moscovici foram dois grandes pesquisadores dessa área. O
francês David Émile Durkheim, sociólogo, antropólogo, cientista político, psicólogo
social e filósofo foi quem elaborou o conceito de Representação, apresentando a
noção de Representação Coletiva. Para Durkheim as representações eram
elaboradas de uma forma coletiva, e desse modo o autor fez uma ruptura entre o
coletivo e o individual. O que este queria era explicar o que fornece a unidade à vida
social, entendendo o indivíduo como produto de sua realidade social, e a resposta,
segundo ele, vem por meio do conceito de consciência coletiva (XAVIER, 2002).
Durkheim estava preocupado em estabelecer a sociologia como uma ciência autônoma e em função disto ele acabou defendendo uma separação radical entre representações individuais e representações coletivas. Para ele, caberia à psicologia o estudo das primeiras, enquanto a sociologia ficaria encarregada de estudar as últimas. Ao separar as representações individuais das representações coletivas, Durkheim acabou impossibilitando que os processos de transformação e mudança das representações coletivas fossem examinados (SANCOVSCHI, 2007, p. 11).
Weber jurista e economista alemão considerado um dos fundadores da
Sociologia, também se dedicou a estudar o indivíduo e suas relações. Se para
Durkheim a sociedade é o fundamento lógico da sociologia, para Weber este é um
fundamento que reside no indivíduo (SELL, 2015) porque a sociedade é feita por
20
indivíduos e a relação que cada indivíduo tem entre si no seu cotidiano possibilita
perceber e avaliar este fenômeno.
Em Weber, a possibilidade de entender a vida social e suas instituições passa pela análise do comportamento dos indivíduos. Tudo o que existe no âmbito social, seus grupos, instituições e ações são expressões e objetivações da atividade dos homens que lhes dá seu sentido e seu significado. É por esta razão que o indivíduo é o fundamento da explicação sociológica (SELL, 2015, p. 117).
Para Jodelet (2001) Weber descreve um saber comum, que tem o poder de
se antecipar e de prescrever o comportamento dos indivíduos e de programá-lo.
Mas, o verdadeiro inventor do conceito de representação coletiva é Durkheim. Nesse
contexto de estudos, Moscovici apresenta sua teoria sobre as representações
sociais com algumas modificações com relação a teoria de Durkheim. Ele substitui o
termo coletivo porque para ele as representações acontecem de forma individual e
não coletiva. Sua compreensão é de que não é possível ter uma representação
coletiva sem que exista uma representação individual anterior.
Desse modo, o “social” de Moscovici, diferentemente do “coletivo” de Durkheim, designa o aspecto dinâmico e a bilateralidade no processo de constituição das representações sociais, assinalando duas facetas: por um lado, a representação como forma de conhecimento socialmente elaborado e partilhado e por outro, sua realidade psicológica, afetiva e analógica, inserida no comportamento do indivíduo (XAVIER, 2002, p. 22).
A forma como a sociedade se modifica é dinâmica, e essas mudanças
acontecem através da mudança das representações com o passar do tempo, e são
esses processos de interação social e a diversidade de ideias que são o foco do
estudo de Moscovici. Enquanto Durkheim coloca as representações coletivas como
formas estáveis de compreensão coletiva que integra a sociedade como um todo,
Moscovici explora a variação e diversidade das ideias coletivas nas sociedades
modernas (MOSCOVICI, 2003). No estudo das Representações Sociais todos os
comportamentos do indivíduo na sociedade e em seu cotidiano como amizade,
religião, crenças, rituais, entre outros, podem ser entendidos através das
representações passadas e aprendidas ao longo de sua vida e sociedade. Para
Jodelet:
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As representações sociais são fenômenos complexos sempre ativados e em ação na vida social. Em sua riqueza como fenômeno, descobrimos diversos elementos (alguns, às vezes, estudados de modo isolado): informativos, cognitivos, ideológicos, normativos, crenças, valores, atitudes, opiniões, imagens etc., contudo, estes elementos são organizados sempre sob a aparência de um saber que diz algo sobre o estado da realidade. É esta totalidade significante que, em relação com a ação, encontra-se no centro da investigação científica, a qual atribui como tarefa descrevê-la, analisá-la, explicá-la em suas dimensões, formas, processos e funcionamento (JODELET, 2001, p. 21).
Seguindo ainda o pensamento de Jodelet (2001), observamos que as
representações sociais são a forma como compreendemos o mundo, é o que faz
cada um de nós darmos sentido e significado as coisas, objetos, lugares, pessoas,
enfim a realidade que vivemos no cotidiano individual e coletivo é como nos
comunicamos e nos identificamos diante do „outro‟ nos distintos grupos sociais.
Nesse sentido, as representações sociais devem ser estudadas articulando-se
elementos afetivos, mentais e sociais e integrando, ao lado da cognição, da
linguagem e da comunicação, as nossas relações sociais. Estas representações
materializadas no senso comum adquirem “vida” própria como produto da atividade
social (MOSCOVICI, 2003) e torna o desconhecido em conhecido, faz com que o
que até então não era conhecido e por esse motivo é estranho se torne parte do
cotidiano de uma determinada pessoa, grupo e/ou sociedade.
A ciência era antes baseada no sendo comum e fazia o senso comum menos comum; mas agora o sendo comum é a ciência tornada comum. Sem dúvida, cada fato, cada lugar comum esconde dentro de sua própria banalidade um mundo de conhecimento, determinada dose de cultura e um mistério que o fazem ao mesmo tempo compulsivo e fascinante (MOSCOVICI, 2003, p. 60).
Existem dois processos envolvidos na geração das Representações Sociais, o da ancoragem e o da objetivação. A ancoragem é responsável pela significação, enraizamento das ideias é o que vai transformar o desconhecido em conhecido. Ancorar é, pois, classificar e dar nome a alguma coisa. Coisas que não são classificadas, que não possuem nome são estranhas, não existem, ao mesmo tempo são ameaçadoras (MOSCOVICI, 2003, p. 61).
Esse processo de tornar familiar ocorre durante as relações entre a pessoa ou
grupo, nas comunicações do dia-a-dia. É o processo que aproxima aquilo que é
estranho, perturbador, sem sentido, com aquilo que não pode ser comunicado
22
embora seja uma categoria já existente (SANCOVSCHI, 2007). Na ancoragem
destas categorias que surgem no „falar‟ e viver cotidiano, iniciamos uma
classificação dos elementos que surgem. Quando ancoramos estamos encontrando
um lugar para encaixar os elementos do nosso viver diário, é pegar o concreto para
lhe atribuir um sentido (PATRIOTA, 2007).
A partir desta etapa objetivamos o que antes era subjetivo e começamos a
dar materialidade e vida ao mesmo. A objetivação tem dois mecanismos de atuação:
A classificação que é uma forma de tornar o conceito cognitivamente inteligível e a naturalização que coloca e organiza as partes no meio ambiente, introduzindo, por meio dos seus cortes, uma ordem que se adapta à ordem preexistente (XAVIER, 2007, p. 26).
Para Moscovici a:
Objetivação une a ideia de não familiaridade com a de realidade, torna-se a verdadeira essência da realidade (...). Para começar, objetivar é descobrir a qualidade icônica de uma ideia, ou ser impreciso, é reproduzir um conceito em uma imagem. Comparar é já representar, encher o que está naturalmente vazio, com substancia (MOSCOVICI, 2003, p. 71).
A ancoragem e a objetivação são responsáveis pela forma com que lidamos
com as memórias, e transformamos o desconhecido em conhecido, e nos
aproximamos das coisas já conhecidas e lidamos com nossas crenças, valores, pré-
conceitos e experiências vivenciadas no nosso cotidiano, a forma com que vemos e
percebemos o mundo.
É dessa soma de experiências e memórias comuns que nós extraímos as imagens, linguagem e gestos necessários para superar o não familiar, com suas consequentes ansiedades. As experiências e memórias não são nem inertes, nem mortas. Elas são dinâmicas e imortais. Ancoragem e objetivação são, pois, maneiras de lidar com a memória. A primeira mantém a memória em movimento e a memória é dirigida para dentro, está sempre colocando e tirando objetos, pessoas e acontecimentos, que ela classifica de acordo com um tipo e os rotula com um nome. A segunda, sendo mais ou menos direcionada para fora (para outros), tira daí conceitos e imagens para juntá-los e reproduzi-los no mundo exterior, para fazer as coisas conhecidas a partir do que já é conhecido (MOSCOVICI, 2003, p. 78).
Em síntese, podemos afirmar que as representações se dão através da
relação de uma pessoa com outras e com o grupo onde esta pessoa melhor se
23
insere no contexto territorial e cultural. Ao mesmo tempo em que cada pessoa cria e
transforma sua representação, aprende com as representações do meio que se
insere. Um determinado objeto não tem o mesmo sentido simbólico de um grupo
para o outro, isso porque suas representações sociais são distintas, assim como as
condutas, crenças, religião, entre outros, serão diferentes dependendo do contexto
onde cada pessoa ou grupo confortavelmente se insere e são essas relações que
formam e mantém a vida em sociedade. Para Xavier:
As representações sociais são um sistema (ou sistemas) de interpretação da realidade, que organiza as relações do indivíduo com o mundo e orienta as suas condutas e comportamentos no meio social, permitindo lhe interiorizar as experiências, as práticas sociais e os modelos de conduta ao mesmo tempo em que constrói e se apropria de objetos socializados. A relevância sociológica do estudo das representações sociais, desse modo, está no fato de que elas fundamentam práticas e atitudes dos atores, uns em relação aos outros, ao contexto social e àquilo que lhes acontece (XAVIER, 2007, p.24).
Por essas razões as representações sociais são de grande importância no
estudo do comportamento humano, do indivíduo, do grupo e sociedade em que o
mesmo está inserido. Desse modo vários campos da ciência utilizam a Teoria da
Representação Social como base para seus estudos. Em nossa análise, após as
categorizações das temáticas expostas nas entrevistas, fizemos interpretações
(Codificação Interpretativa) mostrando algumas ideias, explicações e a compreensão
da gestante sobre o que reconhece como aprendizado para sua vida e como ponte
do saber “leigo” como saber “teórico” profissional como concebe Gibbs (2009)
quando trabalha com o que denomina de interpretação do informante.
24
4 PRÉ-NATAL: PREMISSAS TEÓRICAS
A Arte Gestacional tem pouco a nos dizer sobre a sua trajetória no Brasil. É
uma prática entre Enfermeiras (os) e outras (os) profissionais da Saúde não
convencionais como os Naturopatas, as Parteiras e „Doulas‟. Apesar do
envolvimento destes profissionais com a arte gestacional, pouco foi escrito sobre a
origem desta terapêutica lúdica e artística em nosso país e em outros lugares do
mundo.
A Arte Gestacional é também conhecida como Ultrassom Natural, Ecografia
Natural ou Ecografia Ecológica. Teve seu início na década de 1990 com a parteira
mexicana Naoli Vinaver. Segundo Wolfart:
Naoli Vinaver Lopez é uma parteira mexicana que combina a prática do parto tradicional com um profundo interesse e respeito pela psicologia e a fisiologia do parto. Desde 1987 ela atendeu por volta de 1000 partos domiciliares em sua região (Xalapa e Veracruz no México), além de participar como conferencista em congressos sobre parto em mais de 30 países. Naoli teve três filhos em partos domiciliares acompanhada de sua família, o último dando origem ao vídeo “Dia de Nascimento” (WOLFART, 2012, p.9).
Embora para Naoli Vinaver seu trabalho fundamental esteja relacionado ao
parto, o acompanhamento das gestantes ocorre com vários encontros e a Arte
Gestacional, realizada a princípio para firmar vínculos entre a parteira e a gestante,
terminou se tornando um modelo de cuidado que no Brasil vem sendo usado em
vários serviços de saúde. Esta arte é uma pintura realizada na barriga da gestante,
onde através da palpação e toque (Manobra de Leopold) se identifica a posição do
bebê para que se possa fazer uma pintura do mesmo na barriga da mãe (VINAVER,
2017)1.Ser tocada em um momento como este, pode ser considerado algo especial.
Waldow (2004) quando escreve sobre o cuidado trata de forma bem específica
sobre o tocar:
1 Dados conseguidos em conversa informal com a Parteira Naoli Vinaver autora da proposta da Arte Gestacional no primeiro encontro com a mestranda em maio de 2017 em Florianópolis – SC. Outras informações sobre o trabalho de Vinaver e um pouco sobre o pensamento desta profissional serão apresentados no tópico que trata mais especificamente dos resultados da pesquisa.
25
O toque na relação de cuidado, afirma a subjetividade do corpo para o paciente. Quando não encarado apenas como uma palpação ou manipulação mecânica, o toque representa uma expressão da participação da cuidadora na experiência do paciente. (WALDOW, 2004, p. 157).
No Brasil, este cuidado vem sendo realizado por diversos profissionais na
área da saúde entre eles Enfermeiros, Psicólogos, Agentes Comunitários de Saúde,
entre outros:
O conceito aqui apresentado fundamenta-se na ideia de que a pintura do ventre materno é uma atividade artística utilizada como forma de expressão da figura do bebê imaginário e dos elementos que constituem a gravidez, podendo promover experiências maternas subjetivas que fomentem o “conhecer” sobre seu feto e seu estado intraútero, o estar/interagir com o bebê, a aproximação, a disposição para evitar a separação/perda e para proteger (FUJITA E SHIMO, 2016, p. 440).
Na perspectiva do conceito apresentado, a Arte Gestacional deve ser
realizada com a participação ativa da gestante e sempre que possível com a
presença de sua família. Saber o que ela pensa sobre este processo, o que sabe ou
o que concebe deste momento e inclusive que sentimentos esta ação lhe traz, é
uma das propostas deste tipo de arte. Acreditamos que a pesquisa realizada pode
mostrar um pouco deste momento e ao mesmo tempo demonstrar que é possível
humanizar mais o pré-natal, enquanto um cuidado imprescindível que muitas vezes
as mulheres deixam de realizar (faltando às consultas) porque não vêem neste tipo
de consulta nada de positivo se elas se sentem bem e com saúde. Para Gotardo
(2018), o trabalho de Vinaver abre a perspectiva de olharmos a gestação e o parto
como fenômenos naturais, que não precisam ser atrelados ao medo e a dor. Ou
seja, o processo pode empoderar as mulheres gestantes para que vivam este
momento com mais risos e tranquilidade. Mas, também é possível, usar estes
momentos para dar apoio emocional e até perceber se esta gestante em algum
momento irá precisar ou não de uma assistência mais ampliada com profissionais da
saúde mental, por exemplo.
A partir deste contexto, a fundamentação teórica que estaremos
apresentando é uma apresentação do tipo de pré-natal realizado no Brasil e o que
se preconiza sobre este na Enfermagem, mais especificamente. Nesse sentido se
pretende:
26
Descrever a importância do pré-natal enquanto um cuidado básico e
fundamental para a saúde da gestante e a sua interação com os
profissionais da saúde e a unidade em que realiza o pré-natal,
considerando aspectos relacionados à promoção da saúde.
Apresentar o pré-natal enquanto um cuidado terapêutico educacional
importante para a gestante na perspectiva da Enfermagem.
4.1 O pré-natal e sua importância: para gestante, bebê e família
A gestação é um momento importante na vida da mulher e sua família,
momento onde ocorrem várias mudanças fisiologias e psicológicas, em alguns casos
a gestação pode não ser planejada gerando um sentimento de insegurança para
mulher.
Verifica-se que a descoberta da gravidez comumente gera diversos tipos de emoções como: surpresa, alegria e algumas vezes o medo. Fatores como o planejamento pessoal e, principalmente, o desejo da mulher em relação a maternidade contribuem para o predomínio da vivência de sentimentos positivos, mas quando ocorre o contrário, sobretudo a ausência do apoio do companheiro ou da família dispõe a vivência da insegurança e solidão (SHIMIZUE LIMA, 2009, p. 390).
Considerando este contexto, é possível ver o pré-natal como um momento de
trocas de informações e orientações, onde a mulher poderá minimizar suas
angustias e preocupações e se sentir mais empoderada nesse momento. A
gestação, o parto, o nascimento e o período pós-parto conhecido como puerpério
são eventos carregados de sentimentos profundos e por vezes antagônicos, pois
constituem momentos de crises construtivas, com forte potencial positivo para
estimular a formação de vínculos e provocar transformações pessoais. Segundo o
Ministério da Saúde o objetivo do acompanhamento pré-natal é assegurar o
desenvolvimento da gestação, permitindo o parto de um recém-nascido saudável,
sem impacto para a saúde materna, inclusive abordando aspectos psicossociais e
as atividades educativas e preventivas. Esse ciclo de vida é tido como prioritário
para assim diminuir os riscos maternos, o baixo peso do bebê, abortos, mortalidade
materna e infantil, entre outros. O pré-natal minimiza fatores de risco para a gestante
e bebê,permite detectar e tratar doenças em tempo oportuno que podem trazer
complicações para ambos durante a gestação e parto(BRASIL, 2012).
27
As Unidades Básicas de Saúde (UBS) são a porta de entrada deste tipo de
atendimento, é o local onde as mulheres devem ser acolhidas no momento da
descoberta da gravidez, no acompanhamento do pré-natal e período pós-parto.
Durante as consultas de pré-natal são realizados vários exames para acompanhar a
saúde materna e o desenvolvimento do feto, entre eles estão o exame físico da
gestante, exames de sangue e urina, hemograma, toxoplasmose, tipagem
sanguínea, controle de pressão arterial e glicemia, medida de altura uterina,
ultrassom, testes rápidos para doenças sexualmente transmissíveis como HIV,
Sífilis, Hepatite B, escuta do batimento cardíaco do bebê, entre outros. Também são
realizadas a atualização da carteira de vacina e as vacinas de Hepatite B e
Antitetânica quando necessário. São realizadas orientações sobre aleitamento
materno, alimentação e suplementação de ferro e ações de educação em saúde
através de atividades em grupo. O Ministério da Saúde recomenda que o pré-natal
tenha início até 12 semanas de gestação e que sejam realizadas no mínimo 6
consultas intercaladas entre médico e enfermeiro, sendo 1 consulta/mês até 28
semanas, consultas quinzenais de 28 a 36 semanas e consultas semanais até o
nascimento do bebê (BRASIL, 2012).
Segundo Barreto et al. (2015) esses cuidados na atenção ao pré-natal estão
intimamente ligados à qualificação e humanização do atendimento. Nesta direção,
ressalta-se a Política Nacional de Humanização (PNH), que busca fortalecer as
demais estratégias brasileiras na perspectiva da humanização da atenção. A
atenção básica é o espaço para reconhecimento da humanização como política e
para a consolidação do Sistema Único de Saúde (SUS), à aproximação com as
gestantes, às trocas de conhecimento e o aumento dos vínculos terapêuticos.
O Ministério da Saúde lançou através da Portaria/GM nº 569, de 01 de junho
de 2000, o Programa de Humanização no Pré-Natal e Nascimento (PHNP) tendo
como principal objetivo assegurar a melhoria do acesso, da cobertura e da qualidade
do acompanhamento pré-natal, da assistência ao parto e puerpério às gestantes e
ao recém-nascido, na perspectiva dos direitos de cidadania (BRASIL, 2002).
Ainda segundo o Ministério da Saúde o PHNP tem dois aspectos
fundamentais: o primeiro é o dever das unidades de saúde receberam com
dignidade as mulheres, seus familiares e recém-nascido criando um ambiente mais
acolhedor, o segundo diz respeito a medidas e procedimentos sabidamente
benéficos para o acompanhamento do parto e do nascimento. Seguindo essa
28
lógica de humanização, melhoria do acesso, qualidade do atendimento no pré-natal
e pensando em reorganizar a rede de atenção à saúde materna infantil, o Ministério
da Saúde através da Portaria 1.459, de 24 de junho de 2011,instituiu no âmbito do
Sistema Único de Saúde a Rede Cegonha com quatro componentes: pré-natal, parto
e nascimento, puerpério e atenção integral à saúde da criança e sistema logístico
(transporte sanitário e regulação).
Art. 1° A Rede Cegonha, instituída no âmbito do Sistema Único de Saúde, consiste numa rede de cuidados que visa assegurar à mulher o direito ao planejamento reprodutivo e à atenção humanizada à gravidez, ao parto e ao puerpério, bem como à criança o direito ao nascimento seguro e ao crescimento e ao desenvolvimento saudáveis, denominada Rede Cegonha. (BRASIL, 2011).
A Rede Cegonha veio no sentido de reforçar a necessidade de criação de
vínculo entre gestante, família, profissional da saúde e unidade básica de saúde de
referência para a mulher gestante, garantindo boas práticas no atendimento do pré-
natal. No âmbito desta rede, consideramos a Arte Gestacional uma das boas
práticas que o profissional pode ofertar para o cuidado a gestante e família. É
importante saber e lembrar que o pré-natal é uma ação de promoção a saúde da
gestante e do bebê que vai nascer, pois visa à manutenção da saúde e prevenção
de agravos através das consultas, das ações educativas e visitas domiciliares, e visa
também incentivar a participação do pai no processo de gestação.
Há comprovação de que as gestantes, cujos parceiros participam das atividades de educação para a saúde no pré-natal, apresentaram comportamentos melhores em relação ao cuidado com a saúde se comparadas àquelas que não puderam contar com esta adesão. As diferenças foram significativas especialmente no que se referiram aos cuidados realizados durante o período pós-parto (REBERTE, HOGA, 2010, p. 107).
Sendo assim é de suma importância o encorajamento da participação do pai
durante as consultas e ações educativas que ocorrem na unidade, assim como no
parto, embora, na realidade brasileira, tenhamos pouca participação do pai. A
Enfermagem atua no sentido de realizar um trabalho com algumas ações que façam
com que os homens venham a algumas (ou todas se possível) consultas do pré-
natal. Trabalhamos para que isso se torne comum no dia-a-dia do nosso trabalho,
pois os reflexos dessa participação são positivos tanto para a gestante quanto para
o pai, e de fundamental importância para o bebê.
29
O casal se une mais e o relacionamento se estrutura melhor quando o homem e a mulher partilham os momentos da gravidez e do parto. Para muitos homens, sentir-se pai é um fato que só ocorre posteriormente ao nascimento. No entanto, a participação deste pai já no pré-natal pode colaborar para a formação precoce do apego entre pai e filho (OLIVEIRA et al, 2009, p. 71).
Atualmente, através da proposta da Rede Cegonha é ofertado ao pai durante
o pré-natal exames de testagem para doenças sexualmente transmissíveis, HIV,
Sífilis e Hepatites B e C. A Lei nº 11.108 de 07 de abril de 2005 garante também a
gestante a escolha de um acompanhante durante o trabalho de parto, parto e pós-
parto imediato. Se o pai da criança pode e acompanhou algumas consultas durante
o pré-natal poderá ser este acompanhante, o que a nosso ver torna emocionalmente
a gestante mais forte e confiante.
4.2 O pré-natal na perspectiva da enfermagem
A enfermagem é uma profissão regulamentada pela Lei nº 7.498 de 25 de
junho de 1986 e o Decreto nº 94.406/87 que dispõe sobre o exercício profissional da
enfermagem e entre as atividades privativas do profissional enfermeiro descritas na
lei está à consulta de enfermagem (COREN, 2017). No âmbito da atenção básica, o
enfermeiro realiza, entre outras atividades, as consultas de enfermagem na
população de sua área de abrangência na Equipe de Estratégia da Saúde da
Família. A consulta de enfermagem no pré-natal de baixo risco faz parte deste rol de
atividades. Segundo o Ministério da Saúde em seu Caderno 32 sobre pré-natal de
baixo risco, é papel do enfermeiro nas consultas de pré-natal:
1. Orientar as mulheres e suas famílias sobre a importância do pré-natal, da amamentação e da vacinação;
2. Realizar o cadastramento da gestante no SisPreNatal e fornecer o Cartão da Gestante devidamente preenchido (o cartão deve ser verificado e atualizado a cada consulta);
3. Realizar a consulta de pré-natal de gestação de baixo risco intercalada com a presença do(a) médico(a);
4. Solicitar exames complementares de acordo com o protocolo local de pré-natal;
5. Realizar testes rápidos; 6. Prescrever medicamentos padronizados para o programa de pré-
natal (sulfato ferroso e ácido fólico, além de medicamentos
30
padronizados para tratamento das DST, conforme protocolo da abordagem sindrômica);
7. Orientar a vacinação das gestantes (contra tétano e hepatite B); 8. Identificar as gestantes com algum sinal de alarme e/ou identificadas
como de alto risco e encaminhá-las para consulta médica. Caso seja classificada como de alto risco e houver dificuldade para agendar a consulta médica (ou demora significativa para este atendimento), a gestante deve ser encaminhada diretamente ao serviço de referência;
9. Realizar exame clínico das mamas e coleta para exame citopatológico do colo do útero;
10. Desenvolver atividades educativas, individuais e em grupos (grupos ou atividades de sala de espera);
11. Orientar as gestantes e a equipe quanto aos fatores de risco e à vulnerabilidade;
12. Orientar as gestantes sobre a periodicidade das consultas e realizar busca ativa das gestantes faltosas;
13. Realizar visitas domiciliares durante o período gestacional e puerperal, acompanhar o processo de aleitamento e orientar a mulher e seu companheiro sobre o planejamento familiar. (BRASIL, 2012, P. 47).
Percebemos que o enfermeiro tem um papel fundamental no cuidado do pré-
natal para a gestante e sua família. Segundo Lima (2013) a consulta de enfermagem
no pré-natal de baixo risco, visa minimizar dúvidas e anseios para que a mulher
tenha uma gestação saudável, pois além das informações técnicas, almeja-se
aumentar o vínculo entre o enfermeiro, a gestante e sua família. Criar vínculos
implica ter relações próximas e claras, que nos levam a intervenções mais solidárias
e responsáveis. Isto possibilita uma intervenção menos burocrática e impessoal
(MERTHY, 1994 apud GOMES E PINHEIRO, 2005, p. 293).
A enfermagem é uma profissão essencialmente ligada ao cuidado e em
função deste contexto, precisa atender com um olhar mais empático. Trabalhar
nesta perspectiva é buscar a realização de um cuidado com mais envolvimento, o
que para muitos significa um cuidado integral as pessoas assistidas. Para Boff
(2013) o cuidado é antes de tudo uma atitude. Uma ação que deve ser amorosa,
suave, amigável, harmoniosa e protetora, uma vez que a realidade pessoal, social e
ambiental de uma pessoa enferma ou em situação em que necessite de algum
cuidado especial, é sempre muita ambígua e por vezes sofrida. Para Salviano:
A ação do cuidar, assim, vai ao encontro do compromisso de manter a dignidade e a singularidade do ser cuidado. É um momento de preocupação, interesse e motivação, em que o respeito, a consideração e a gentileza se tornam diferencial. A consciência do cuidado deve abranger a capacidade de decisão, a sensibilidade e o
31
pensamento crítico, para diferenciar o cuidado de realização de procedimentos. Esse diferencial consiste na preocupação, interesse e na qualificação da ação de cuidar, pois se está lidando diretamente com um ser humano que é digno de atenção e com o qual se deve ter compromissos e responsabilidades. (SALVIANO, 2016, p. 1241).
Para Boff (2013) o cuidado se revela muito mais como arte do que como
técnica. No contexto da gravidez, o cuidado que o enfermeiro deve prestar no pré-
natal pode centrar-se no acolhimento e criação de vínculos com a gestante e sua
família. É um momento de ouvir e de ser solidária com as preocupações, angustias e
ansiedades da gestante, levando em consideração não somente as questões
biológicas, mas, todas as questões envolvidas no processo de gestação, mudanças
psicológicas, e até mesmo as dificuldades econômicas que a família possa estar
enfrentando no momento.
O cuidado envolve um atendimento e todo tipo de preocupação, inquietação,
desassossego, incômodo, estresse, temor e até medo de pessoas e realidades com
as quais estamos afetivamente envolvidos e por isso nos são preciosas. Embora
seja importante dominar as técnicas do cuidado com uma série de competências,
também é fundamental, pensar no cuidado e aplicá-lo enquanto um processo, um
modo de se relacionar, deixando espaços abertos para o desenvolvimento de
confiança mútua, provocando uma profunda e qualitativa transformação no
relacionamento (WALDOW, 2004).
As consultas de enfermagem vão além do que é dito em consultório, a
Enfermagem tem ações que envolvem a visita domiciliar para conhecer a realidade
das famílias e ao seu lado conta também com os olhares dos outros profissionais da
equipe, e nesse sentido o olhar do Agente Comunitário de Saúde é imprescindível,
pois eles são os profissionais que estão diretamente na casa da gestante, e por esse
motivo tem um vínculo muito forte o que favorece o diálogo. Outro momento
importante no cuidado de pré-natal realizado pelo enfermeiro são as ações
desenvolvidas em grupo, com a ajuda dos demais profissionais da Equipe Saúde da
Família e quando necessário, o apoio do Núcleo de Apoio a Saúde da Família
(NASF). Nos encontros promovidos, geralmente são realizadas rodas de conversa
onde as gestantes podem dividir suas angustias e dúvidas tópicos que muitas vezes
não relatam em consulta. É também neste momento que muitas gestantes
compartilham experiências com outras gestantes, tais como, alterações durante a
32
gravidez e parto. Nestes grupos coletivos, as preocupações são expostas em
conversas que abrem canais para convites como os de fazer a Arte Gestacional,
uma ação que a cada ano vem sendo utilizada como um canal de acolhimento e
cuidado mais individual e que pode ser importante para sanar as dúvidas e
preocupações que por vezes não são expostas nos encontros mais coletivos. Todas
estas atividades a nosso ver englobam o que Waldow fala sobre o cuidado:
O cuidado: desenvolvimento de ações, atitudes e comportamento com base em conhecimento científico, experiência, intuição e pensamento crítico, realizados para e com o paciente / cliente / ser cuidado no sentido de promover, manter e/ou recuperar sua dignidade e totalidade humanas (WALDOW, 2004, p. 159).
33
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Trabalhar com o senso comum exige muitas leituras de quem pesquisa para
apreender alguns conhecimentos que não estão no cotidiano de nossas obrigações
profissionais. E isto ocorre porque nos meios acadêmicos, o conhecimento do senso
comum tem pouca valia no cotidiano da ciência e/ou conhecimento científico. A
pesquisa com abordagem qualitativa é um exemplo deste fenômeno contemporâneo
de transcender as objetividades exigidas nas universidades.
Para compreendermos um pouco do universo das Representações Sociais
realizadas por pesquisadores da saúde, fizemos como parte de nossas tarefas de
pesquisa, um levantamento simplificado de natureza bibliométrica sobre estudos de
RS realizados nos últimos 10 anos. No apêndice I apresentamos um artigo científico
de muitos dos autores que citamos neste capítulo para discutirmos os resultados da
investigação realizada.
Como parte dos resultados da pesquisa realizada, apresentamos um pouco
da história da Arte Gestacional, fruto de uma entrevista com sua idealizadora. Em
seguida, acompanhando a dinâmica dos objetivos específicos da pesquisa
(Identificar as Representações Sociais das gestantes sobre a Arte Gestacional
segundo o modelo teórico de Moscovici; Descrever o papel da Arte Gestacional do
ponto de vista educacional na vida cotidiana familiar e sociocultural da gestante; e
Elaborar uma proposta de atendimento Pré-Natal com a inclusão da Arte
Gestacional enquanto um cuidado terapêutico com finalidade educacional, lúdica -
integrativa voltada à promoção da saúde), descrevemos e colocamos nossas
impressões e reflexões sobre a fala das informantes. Como item final apresentarmos
a Arte Gestacional inserida em uma proposta de ações e atividades que reforçam a
ideia da Arte Gestacional enquanto uma Tecnologia Social de promoção da saúde
com orientações e ensinamentos que podem ampliar as perspectivas de bem-estar e
vida saudável da gestante, da criança e familiares.
5.1 A Arte Gestacional
A Parteira Contemporânea e Tradicional Naoli Vinaver possui Certificado
Norte-Americano de Parteira (Certified Professional Midwife – CPM), também tem
formação em antropologia, e é conhecida mundialmente pelo trabalho humanizado
34
que realiza com gestantes em acompanhamento de pré-natal e parto em sua grande
maioria domiciliar. Para Hirsch (2014) e Cavalcante (2016) Naoli é uma ativista
internacional que atua reforçando os ideais de parto humanizado no Brasil e em
outros lugares do mundo.
Em 2003, a antropóloga e parteira mexicana Naoli Vinaver lança um curta que a torna a parteira mais famosa do mundo, Birth Day, com produção do seu pai George Vinaver. O curta registra o nascimento de sua terceira filha, num parto domiciliar na água, na companhia da família e dos filhos, e ainda traz depoimentos e reflexões da parteira sobre sua experiência pessoal e a prática do partejar. Em 2007, a autora lança uma versão estendida do curta. (CAVALCANTE, 2017, p. 111).
Há pouco mais de oito anos, Naoli Vinaver veio morar no Brasil em
Florianópolis, com uma agenda na capital catarinense e também em outros países
com cursos sobre parto humanizado em domicílio e também ensinando a técnica do
que denomina de Ultrassom Natural. No segundo semestre de 2017 tivemos o
privilégio de conhecê-la. Com base na entrevista concedida por ela e alguns artigos
que localizamos que a citam em função da sua formação e luta pelo parto
humanizado, elaboramos esta síntese de seu trabalho e atuação e também de como
atuamos aplicando as técnicas para realização do Ultrassom Natural nas gestantes
com as quais interagimos nas consultas de pré-natal de enfermagem.
A Arte Gestacional (como denomino) também conhecida como Ultrassom
Natural (denominação de Naoli) ou Ecografia Ecológica (denominação dada por
colegas Enfermeiras e outras profissionais que também a realizam) teve seu início
com Naoli na década de 1990, quando a mesma atuava como parteira em
comunidades camponesas no México. As mulheres atendidas por ela, não tinham
acesso a nenhum tipo de tecnologia durante o acompanhamento pré-natal devido à
dificuldade de chegarem até os grandes centros com acompanhamento médico,
exames, hospitais entre outras possibilidades, pois moravam longe em vilas
pequenas e muitas vezes de difícil acesso.
Esta não é uma história que não conheçamos. O Brasil com seu vasto
território de contradições e problemas inclusive de deslocamento entre cidades que
ficam nas distintas regiões de nosso país (norte, nordeste, centro-oeste, sul e
sudeste) principalmente, tem em pleno século XXI todas estas dificuldades citadas
por Naoli. Gama, Szwarcawld e Leal (2002) mostram que fatores como a
35
escolaridade, renda e moradia determinam tanto o acesso, quanto a qualidade da
assistência prestada pelos serviços de saúde. As parteiras informais eram
profissionais bastante atuantes no Brasil, como demonstram estudos clássicos sobre
a mulher e os sistemas populares de saúde realizados por Lima (1985), Barreto
(1989) e Buchillet (1991).
A tradição de parteiras nas Américas em pequenas localidades foi para as
mulheres por vezes a única possibilidade de um atendimento e acompanhamento
durante a gestação. Para Nascimento e colaboradores (2009), as parteiras atuavam
nos lugares mais distantes e eram reconhecidas pela comunidade como mulheres
que prestavam assistência ao parto em casa. Em alguns lugares estas aprendiam o
ofício com outras parteiras sem passar por um ensino formal, atuavam não apenas
no parto, mas, também como conselheiras, curadoras da família e dos necessitados.
Ou seja, estas mulheres e profissionais, em muitas situações eram a única „ponte‟
ou ligação da gestante com o mundo, visto que a questão das violências e
aprisionamento de mulheres em lugares remotos, também fazem parte deste
contexto. E daí a importância destas profissionais no acompanhamento de uma
mulher gestante com apoio em situações que iam além do parto.
A partir das leituras sobre a parteira Naoli e a sua própria fala quanto ao
contexto de atendimento que realizava, percebe-se muito claramente porque, além
dos estudos formais relacionados com a saúde da mulher gestante, ela teve que ter
respaldo da Antropologia. Como antropóloga, segundo seu depoimento, aprendeu
que este ofício pode ser uma ponte entre o saber científico e o saber popular numa
perspectiva mais humana, solidária e gentil para com as mulheres adultas, idosas e
crianças. Sobre seu trabalho Naoli relata ainda que:
(...) A questão do desenho na barriga, então como no México eu era a parteira da
comunidade rural aonde eu cresci, porque quando eu voltei para morar lá, e fiquei lá
digamos para me estabelecer de novo, eu já tinha crescido nessa área, nessa região que é
uma região rural que é do estado que se chama Vera Cruz ...então todo o pessoal começou
saber que eu era parteira e começaram a me procurar e eu virei parteira da comunidade
porque a parteira mais velha não queria mais atender, ela já era bem velhinha, já tava
cansada (...) Às vezes acompanhava um parto e ai me avisava, ah venha cá ajudar, porque,
era uma mulher mais velha, agora já morreu, faleceu.
36
Mas então eu comecei acompanhar parto de muitas mulheres camponesas, e a
mulher camponesa não tem dinheiro para nada, assim, não tem dinheiro para exames de
laboratório, não tem dinheiro para vitaminas, suplementos, coisa que é mais de uma
população urbana e também de uma população que recebe do posto de saúde (...) posto de
saúde não tinha na minha comunidade, elas deveriam ir para outro lugar mais elas não iam
porque tinham o costume de parir em casa (...) Então eu fui dentro também da minha mente
antropológica fui meio que inventando junto com elas ou da minha própria iniciativa de que
maneira podiam ter o necessário sem ter que gastar um dinheiro que elas não tinham (...).
Veio à questão que ao mesmo tempo que eu acompanhava parto na roça,
começaram a me procurar na cidade, para fazer parto de mulheres que tinham a opção de ir
pro hospital mais queriam optar por parir em casa. Foi aí que eu fui acompanhando umas e
outras. Foi quando as mulheres atendidas acabou sendo uma população de 50% urbana e
50% rural. Então claro que as mulheres da cidade tinham como fazer ultrassom, as do meio
rural não (...)Então o Ultrassom Natural nasceu em parte porque eu ficava assim, gente
como uma mulher da cidade vai fazer um ultrassom e consegue ver sua criança e a que
está no campo não. Quando apalpava a barriga de uma mãe do campo, eu queria também
explicar pra ela também entender como que estava a posição, o tamanho, sabe, então eu
comecei a querer compartilhar meus conhecimentos que também fazem parte de uma
filosofia mais oriental e veio assim esta técnica (...)
A „Ultrassom Natural‟ de certa forma foi utilizada por Naoli como uma forma
de explicar a condição da criança que a gestante tinha em sua barriga. Se as
mulheres do meio urbano tinham um ultrassom tecnológico, ela conseguiu
apresentar um ultrassom que podemos considerar como uma forma suave de
tecnologia realizada com tintas, manobras obstétricas e criatividade. Segundo partes
de seu depoimento, a ideia inicial era de proporcionar também momentos de
acolhimento, intimidade e o vislumbre simbólico de uma criança às vezes sonhada e
outras vezes não desejada em função das dificuldades comuns naquele território.
Segundo Grigoletti (2005, p. 150) a representação do filho imaginário surge
no espaço criado entre o já conhecido e o novo, entre a história vivida pelo pai e
pela mãe como filhos e a angústia do desconhecido. Como iniciar este processo? O
que fazer para tornar possível este momento? Como parteira Naoli coloca em prática
os conhecimentos adquiridos ao longo de sua formação teórico-prática tais como o
da palpação na barriga da mãe, para verificar o tamanho do bebê, a quantidade de
37
liquido e o posicionamento da criança. Ao realizar este processo vem a ideia de
esboçar um desenho que mostrasse a mãe uma representação de sua criança
dentro do ventre. Considerando o contexto do lugar, esta imagem desenhada
representa um Ultrassom Natural, feito sem equipamentos, algo possível de ser
realizado no ambiente que dividia com as gestantes mexicanas. No relato a seguir
um pouco mais acerca de como tudo foi tomando forma:
(...) E aí eu comecei a pintar com lápis para olhos, bem simplesmente só a forma do
bebê, assim bem detalhada mais sem cores, depois eu fui aprimorando, fui colocando cores.
Ao mesmo tempo eu comecei a viajar desde 1990, comecei a ser convidada para palestrar
em congressos de parteira, eu era bem nova (...).
(...) Mas, o meu propósito real, foi propor, desde que comecei, propor uma alternativa
ao ultrassom tecnológico, não quer dizer que não vai precisar em algum momento de fazer
um ultrassom porque tem detalhes que não dá pra apalpar com a mão, mais a maioria do
que se busca, do que se procura ver em um ultrassom, assim em termos gerais da pra sentir
com a mão. Porque se a gente consegue ouvir o batimento cardíaco do bebê, se a gente
consegue ver a posição certinha, o líquido amniótico, a gente consegue escutar a
variabilidade cardíaca do bebê, ou seja, se tem batimentos com variabilidade que indicam
uma vitalidade do bebê e uma capacidade de reação dos estímulos, a gente já sabe do
bem-estar do bebê. A gente já sabe que é um bebê que ta mexendo, que ta com um super e
bom batimento cardíaco, que ta crescendo, aumentando de tamanho e encaixando tudo
certinho.
Perguntei a Naoli como ela escolheu esse nome para a pintura na barriga, ela
então relatou que sempre que era chamada para participar como palestrante de
congressos e seminários em várias partes do mundo onde ensinava a sua técnica
perguntavam qual era o nome da mesma. Em um desses congressos, durante um
jantar com amigos, ao falaram sobre a pintura e como deveria ser o nome, veio à
denominação ainda hoje utilizada por ela.
(...) nessa janta a gente estava em Chicago em um congresso de parteira, de parto
natural, de humanização do parto. Eu lembro que a galera estava muita animada
procurando um nome e a gente pensou na ideia de Ultrassom Natural. Por que Ultrassom
Natural? Porque (...) a gente consegue muitas informações parecidas como as do ultrassom
38
tecnológico, só que a gente adquire de maneira natural com a palpação através do corpo
com as mãos, então com naturalidade saiu o nome. A gente até brincou que poderia ser
ecografia ecológica, mas, enfim, gostei mais do UN, achei beleza e adotei esse nome de
Ultrassom Natural.
Não sabemos ao certo quando essa técnica chegou ao Brasil, porém há
aproximadamente quatro anos esse trabalho vem sendo bastante divulgado nos
meios de comunicação como jornais, televisão e também através de algumas redes
sociais como o Facebook e Instagram. Em 2015 tive acesso pela primeira vez a
esse trabalho através de uma enfermeira que atua com gestantes em um município
da região do Vale de Itajaí em uma Unidade de Referência em Atendimento de Pré-
Natal do Sistema Único de Saúde.
Esta enfermeira já realizava esse trabalho desde 2013 usando o nome de
Ecografia Ecológica. Foi com ela, após solicitar, que obtive informações sobre as
técnicas do desenho e uso das tintas apropriadas para a pele humana. Após este
período de aprendizado, implantei esta atividade como uma das que já realizava na
Unidade de Saúde Básica onde atuo desde 2013 nas consultas de enfermagem. Ao
realizar a pintura na barriga das gestantes que realizavam pré-natal comigo, preferi
adotar o nome de Arte Gestacional, e desde o primeiro momento já percebi uma
grande aceitação por parte das gestantes e de colegas que atuam atendendo as
gestantes do município.
Para realização desta atividade com elas, precisei adquirir com recursos
próprios o material inócuo e atóxico para concretização do que estava me propondo
fazer, utilizando como espaço para realizar as pinturas o consultório de enfermagem
em que atendo e também a sala de grupos da unidade. Junto com a implantação da
Arte Gestacional no meu trabalho, tornei-me preceptora de uma residente de
enfermagem do curso de Residência Multiprofissional ofertado por uma universidade
comunitária da região do Vale do Itajaí, a residente no momento em que teve
contato com a pintura também quis aprender a técnica. Essa mesma residente
mostrou o trabalho através de fotos para as demais residentes e então foi solicitado
que eu fizesse um treinamento com todas as residentes de enfermagem que tinham
interesse em aprender e realizar a pintura em seus espaços de trabalho. Convidei a
enfermeira que tinha me ensinado a técnica e fomos juntas a universidade ensinar
as enfermeiras residentes à Arte Gestacional. A partir deste treinamento é que
39
outros municípios que estavam recebendo residentes de enfermagem também
começaram a realizar a Arte Gestacional aumentando assim a visibilidade e
disponibilidade da técnica a gestantes atendidas pelo SUS nos municípios da região
do Vale do Itajaí.
Comecei a divulgar esse trabalho através das redes sociais, e também no
canal virtual que a prefeitura disponibiliza e desta forma, outras enfermeiras que
trabalham no município tiverem interesse em aprender a técnica e a partir destes
contatos foram realizados vários treinamentos com as interessadas.
Hoje, 2018, já estamos com três anos do trabalho iniciado, e, continuo
ensinando a técnica a colegas enfermeiros e de outras áreas, como também
psicólogos, profissionais de educação física, assistentes sociais, entre outros. E o
interesse permanece também entre as gestantes, que desejam receber a pintura em
suas barrigas. O interesse e a perspectiva de ampliar o trabalho que realizo na
saúde, o desejo de ampliar as possibilidades de ofertar as gestantes à pintura
associada a novos conhecimentos e reflexões sobre o processo saúde e doença,
sobre a sua condição de mulher e gestante, entre outras temáticas, é que me
induziram também a realizar essa pesquisa.
De certa forma, também participo do movimento de parto humanizado
defendido pela parteira Naoli e por tantas profissionais que atuam com este olhar
numa perspectiva de gênero, de solidariedade às mulheres – mães, filhas, netas e
avós – que ao longo de suas vidas, por vezes têm poucas alegrias, poucos
momentos lúdicos de aprendizado e também de autoconhecimento.
A Arte Gestacional talvez seja o primeiro momento de cuidado, toque e
carinho que muitas mulheres têm em seu cotidiano de migrantes e trabalhadoras
(são muitas na região onde atuo). Ainda que a grande discussão que trago aqui não
seja de gênero, não há como esquecer que nossas sociedades patriarcais maltratam
e violentam suas mulheres de forma explícita e implícita. Para Duarte e Andrade
(2008) é fundamental existir um diálogo entre as gestantes e os profissionais de
saúde, respeitando os valores culturais e as limitações que envolvem a gravidez,
principalmente no que diz respeito às gestantes que quase não conseguem realizar
os cuidados de que precisam porque estão realizando trabalhos extenuantes por
necessitarem atuar em todas as frentes de trabalho que possam ajudá-las no
sustento de suas famílias.
40
O que fazemos, um presente doado ao mundo pela parteira Naoli, tem
significados simbólicos importantes para cada mulher. Cada desenho e cada barriga
(Figura 02) com uma criança representam talvez para as mulheres que as carregam,
alguma esperança, um momento de descanso, uma alegria rápida ou longa de um
futuro que está para nascer.
Figura 02: Arte Gestacional
Fonte: Dados de Pesquisa (2018)
5.2 As gestantes
De um total populacional de 100 gestantes que são acompanhadas no pré-
natal, fizemos convites às gestantes que estavam conosco realizando pré-natal e
que já tinham passado pela pintura da Arte Gestacional. Destas, 09 aceitaram estar
conosco respondendo as questões sobre si mesmas e o significado da Arte
Gestacional para elas. Embora pareça um número pequeno e aparentemente
limitado, esta quantidade era suficiente, visto que tivemos que considerar (minha
orientadora e eu) que este era meu primeiro momento de pesquisadora em uma
investigação cuja base teórica relevante e significativa era qualitativa com resultados
que implicam conhecimentos profundos sobre o pensar subjetivo.
Todas as gestantes entrevistadas relataram que foi a primeira vez que as
mesmas tiveram contato com esse trabalho, que não conheciam anteriormente, e
que ficaram sabendo da pintura quando iniciaram o pré-natal. As primeiras quatro (4)
entrevistas foram realizadas no consultório de enfermagem da unidade de saúde
onde atuo. Nesta unidade temos três equipes de Estratégia Saúde da Família e a
população atendida em sua área de abrangência é em média de 20.000 pessoas. O
espaço físico da Unidade de Saúde conta com uma ampla recepção, sala de
41
vacinas, banheiro feminino e masculino para pacientes, sala de triagem, três
consultórios médicos, três consultórios de enfermagem, dois consultórios
odontológicos, uma sala de coordenação, três salas para agentes comunitários de
saúde (ACS), uma sala de grupo, uma sala de expurgo para limpeza e preparação
dos materiais, uma sala de esterilização, além de cozinha e banheiro feminino e
masculino para uso dos funcionários e uma lavanderia.
O consultório de enfermagem que onde realizo atendimento é amplo e no
primeiro momento pensamos ser adequado para receber as gestantes para a
entrevista, uma vez que a Arte Gestacional também é realizada nesse local. Após ter
realizado as primeiras quatro entrevistas observamos que as gestantes ficavam
tímidas e não muito confortáveis. Isto porque as entrevistas eram interrompidas
algumas vezes por outros pacientes e até mesmo pelos próprios funcionários que
queriam fazer alguma pergunta ou tirar dúvidas sobre problemas que nada tinham
com a entrevista.
Foi então que pensamos em outra estratégia. Para melhorar a qualidade das
entrevistas, passamos a realizá-las nas casas das gestantes. Contamos com o apoio
dos agentes comunitários de saúde (ACS) que agendaram previamente a visita com
a gestante em dia e horário que ficasse melhor para a mesma. O importante desta
mudança é que pudemos perceber que em sua residência as gestantes ficaram mais
à vontade para falar, tornando assim as entrevistas mais produtivas. Também foi
possível ampliar meu olhar e conhecimento sobre as gestantes e entender um pouco
as suas dificuldades, bem como conhecer um pouco mais da infraestrutura local e o
que o bairro em que moram oferece ou não [igrejas, centros comunitários, farmácias,
escolas, parques, etc.].
Mas, quem eram estas mulheres? Nasceram naquele município?
Trabalhavam ali mesmo? Como viviam? Neste tópico um pouco sobre elas (Figura
03).
42
Figura 03: Perfil das gestantes participantes
Características Número de
Gestantes
Idade gestante mais jovem 16 anos
Idade gestante mais velha 41 anos
Casadas 2
União estável 7
Gravidez planejada 1
Gravidez não planejada 8
Que já tiveram aborto 3
Que nunca tiveram aborto 6
Trabalham fora de casa 4
Do lar 5
Com ensino médio completo 4
Com ensino médio incompleto 4
Com ensino fundamental
incompleto
1
Fonte: Dados da pesquisa (2018)
São mulheres jovens, a idade das mesmas está entre 16 e 41 anos. Pudemos
observar que 07vivem em união estável com seus companheiros, enquanto 02 são
casadas formalmente, nenhuma das participantes está sem companheiro (Figura
04).
43
Figura 04: Condição Familiar
Fonte: Dados de Pesquisa (2018)
Com relação ao planejamento da gravidez, constatamos que 08 das
gestantes não planejaram sua gravidez (Figura 05). Para Prietsch e colaboradores
(2011) gravidez não planejada é toda gravidez que não foi programada pelo casal,
ou pelo menos pela mulher, podendo ser indesejada, quando não faz parte do
desejo da mulher e/ou casal, e inoportuna quando ocorre em um momento não
favorável para o casal, como por exemplo, quando um dos dois ou ambos estão
desempregados. A gravidez quando não planejada pode trazer alguns riscos como
depressão durante a gravidez, depressão pós-parto, ansiedade, conflitos dentro da
família, entre outros problemas. Ainda segundo as informações coletadas durante as
entrevistas 01 gestante afirmou que sua gravidez foi planejada, 06 delas relataram
que apesar dos problemas e da falta de planejamento a gravidez era desejada.
Apenas 01 das mulheres relatou que a gravidez foi indesejada e 01 que foi uma
gravidez inoportuna uma vez que seu marido estava desempregado. Os problemas
econômicos no bairro em que moram são grandes. O desemprego ou o subemprego
é parte da normalidade das famílias que ali moram. Muitas destas pessoas inclusive
contam pouco com o apoio de seus familiares porque suas redes e/ou laços sociais
estão em outros municípios e até cidades localizadas em outras regiões do país.
Este tem sido um quadro comum no estado de Santa Catarina. O estado recebe
migrantes de todas as regiões do Brasil e atualmente muitos migrantes estrangeiros
(haitianos, senegaleses, sírios, entre outros). Esta é uma realidade das migrações
internas dos últimos 50 anos do século XX e os últimos anos do início deste novo
século (BAENINGER, 2008; CUNHA, 2006). Esta realidade e mais todas as
2
7
Casada
União Estável
44
dificuldades que as mulheres e suas famílias vivem estando tão longe de suas redes
de apoio, justificam a tristeza e às vezes a falta de entusiasmo com uma gravidez.
Na figura 05 é possível ver um pouco deste contexto, quando apenas uma mulher
afirma ter planejado a sua gravidez.
Figura 05: Planejamento da Gravidez
Fonte: Dados de Pesquisa (2018)
Em relação à escolaridade, Haidar, Oliveira e Nascimento (2001, p. 1029)
afirmam que a baixa escolaridade materna é um fator para aparecimentos de
situações de risco para mãe e bebê, pois está associada ao baixo peso ao nascer, à
perimortalidade, neomortalidade e mortalidade infantil, assim como o aumento de
número de partos. Em nossa pesquisa observamos que 01 das entrevistadas não
chegou a concluir o ensino fundamental, 04 não concluíram o ensino médio e 04 tem
o ensino médio completo (Figura 06). Contudo, nas conversas durante as consultas,
foi possível trocas de opiniões inteligentes com estas mulheres, compreender suas
dúvidas e ao mesmo tempo perceber a compreensão das mesmas sobre o que
falávamos. Apesar de cansadas com os trabalhos domésticos ou atividades
paralelas informais na comunidade, eram bem informadas sobre diversos assuntos
relacionados a crianças e os cuidados necessários a realizar em casa após o
nascimento de seus bebês.
1
8
Gravidez planejada
Gravidez não planejada
45
Figura 06: Escolaridade
Fonte: Dados de Pesquisa (2018)
Quando a pergunta teve relação sobre a atividade laboral (Figura 07), 05 das
gestantes entrevistadas referiam não trabalhar fora de casa. Muitas dessas
mulheres têm outros filhos menores o que dificulta a entrada no mercado de
trabalho, uma vez que há falta de vagas em creches, assim não tendo com quem
deixar as crianças enquanto trabalham. A renda principal vem do trabalho do
companheiro, e com as despesas da família com alimentação, moradia entre outros,
não tem condições financeiras de realizar atividades de lazer.
Já as 03 gestantes que referiram trabalhar fora de casa, relatam que
necessitam trabalhar para ajudar o companheiro com as despesas de casa, assim
não sobrando tempo para atividades de lazer. A gestante que referiu somente
estudar relatou que resolveu interromper os estudos durante a gestação, relatando
dificuldade no convívio com colegas em sala de aula devido à gravidez, e também
por pensar que após o nascimento do filho não terá tempo para os estudos, tendo
como planos futuros retomar os estudos após um ou dois anos depois do
nascimento da criança.
1
4
4
Ensino fundamental incompleto
Ensino médio incompleto
Ensido médio completo
46
Figura 07: Atividade Laboral
Fonte: Dados de Pesquisa (2018)
Todas as gestantes tiveram mais de uma gestação, três delas já tiveram
aborto. A gestante mais velha com 41 anos estava em sua 7ª gestação. Todas
afirmaram que em suas gestações anteriores realizaram as consultas de pré-natal e
reiteraram que não tinham conhecimento sobre a Arte Gestacional e tão pouco
realizado a mesma nas outras gestações. Neste grupo, apenas uma gestante
recebeu acompanhamento de pré-natal de alto risco concomitante com o
acompanhamento na Unidade Básica de Saúde (UBS), em função de ter sido
diagnosticada com Hipertensão Arterial, as demais gestantes fizeram o pré-natal
somente na UBS com a equipe de Estratégia Saúde da Família (ESF).
Um fator importante neste grupo, todas são migrantes, nenhuma das
gestantes é natural da cidade onde hoje moram, sendo que a gestante que mora
menos tempo na área de abrangência da UBS veio para o município há 08 meses e
a que mora mais tempo está há 24 anos. São mulheres oriundas de distintos
territórios brasileiros e a maioria veio de mudança acompanhando o companheiro
em busca de um emprego com um melhor salário (Figura 08).
5
1
1
1
1 Do lar
Atendente
Agente comunitária de saúde
Estudante
Auxiliar de serviços gerais
47
Figura 08: Naturalidade
Fonte: Dados de Pesquisa (2018)
É importante ressaltar, como referido em tópico anterior, que no litoral
catarinense, desde 2014, tem chegado ao estado migrantes oriundos da África e do
Haiti. Também estão chegando para a região da capital e municípios da região
metropolitana, migrantes sírios fugidos da guerra que assola o país nos últimos
anos. Esta é uma realidade difícil, seja em função dos costumes e valores culturais,
seja pelas dificuldades idiomáticas e também dos graves movimentos
preconceituosos de natureza étnica – racial comum principalmente contra os grupos
oriundos do Haiti. Embora não tenhamos muitos estudos acadêmicos concluídos
sobre estas questões, a mídia e redes sociais vêm publicando notícias de ataques
racistas com mortes de migrantes no litoral norte do estado. Algumas teses como as
de Magalhães (2017) analisam este movimento migratório e todos os sofrimentos
destes grupos de haitianos que aqui chegam idealizando um país com empregos,
equilíbrio social e aceitação.
Esta realidade com a presença de haitianos no estado de Santa Catarina não
é fruto de opções pessoais, mas, de problemas econômicos associados aos
problemas climáticos, as pequenas „guerrilhas‟ locais no Haiti que terminou por
trazer um fluxo de migrantes haitianos para o Brasil. Os casais que aqui vivem
oriundos do Haiti e mesmos aqueles que estão vindos das zonas mais pobres do
Brasil, vivem conflitos étnicos sérios e as unidades de saúde, por exemplo, bem
como seus profissionais não estão preparados para atendimentos mais específicos
com viés cultural. E porque falar desta realidade quando estamos concluindo uma
4
2
1
1
1
Paraná
Alagoas
Pernambuco
Paraíba
Rio de Janeiro
48
pesquisa com participação maciça de brasileiras? Porque parte das gestantes que
atendemos são migrantes e hoje já estamos recebendo algumas mulheres do Haiti.
Todas fazem parte de um universo de mulheres que não se inseriram na pesquisa
talvez por conta das dificuldades que encontramos ainda de nos comunicarmos com
elas.
5.3 Os discursos
Para Jodelet (2001) a Representação Social é uma forma de conhecimento
resultante do senso comum, compartilhado, elaborado e construído socialmente a
partir da realidade comum a pessoas que se interligam ou interagem em um certo
grupo social. Todas as mulheres gestantes com quem interagimos fazem parte de
uma classe trabalhadora de migrantes e a unidade básica que vão por força do
momento que vivem, de certa forma ligam estas mulheres a realidade da cidade que
moram, só que em uma condição de assistência e não de trabalho como é mais
comum entre elas.
O ser assistida e cuidada, para muitas, parece ser uma condição longínqua e
remota. Longe das famílias e com companheiros ocupados com a sobrevivência
material, pouco deles têm tempo para acompanhá-las seja a um passeio ou a
consulta de pré-natal. Algumas destas mulheres podem se sentir solitárias, às vezes
tristes, às vezes abandonadas. Os grupos sociais das mais antigas na cidade ou das
mais jovens se restringem a igreja, a unidade de saúde ou ainda ao trabalho.
Uma parte destas mulheres tem subempregos, atuam como diaristas
terceirizadas de alguma empresa ou de forma autônoma. Poucas podem se dar ao
luxo de aguardar o nascimento de seus filhos em casa, assim como poucos de seus
companheiros podem estar junto delas nos momentos em que precisam de um olhar
conhecido, um aperto de mão do pai de suas crianças. Ao realizarmos os desenhos
em suas barrigas, estamos fazendo um contato íntimo com seus corpos e também
com os sentimentos que cada uma carrega consigo. As representações do que
cada mulher sente ou compreende como parte do que vive na sua gestação,
considerando as leituras realizadas do trabalho de Moscovici (2003), é um ideário
individual e não coletivo. É algo aprendido ao longo da sua história. É antes de tudo
um conhecimento individual da trajetória pessoal que tem por sua vez todo um rol de
pessoas por detrás. Estes saberes são oriundos de todas as pessoas e instituições
49
que estão nas redes de relações e vivências de cada gestante: família, igreja,
unidade de saúde, emprego, etc. Sobre a Arte Gestacional e suas representações,
sentimos, que muito do que preconizamos ou colocamos como pressuposto
acontece com os significados que apresentamos na figura 09:
Figura 09 – Representações da Experiência da AG
Fonte: Dados de Pesquisa (2018)
A gestação é um momento único na vida de uma mulher, e junto com ela
existem vários sentimentos que muitas vezes são ambivalentes. Para Rezende
(2011, p 323) “a gravidez coloca tensões tanto para a individualidade da gestante
quanto para suas relações familiares, o que pode resultar em conflitos que mexem
com a autoestima da gestante”. A autoestima tanto pode estar relacionada com
fatores internos quanto externos. Os externos se referem ao próprio corpo, o achar-
se bonita, especial, capaz de gerar uma criança e ao mesmo tempo permanecer
mulher. Nos depoimentos é possível perceber como cada mulher percebe este
momento em que se realiza a pintura em suas barrigas:
(...) a gente fica olhando e imaginando como que faz, nossa muito legal. Aumenta a
autoestima das grávidas, dá vontade de ter mais filhos (risos) ... A gente não quer
mais tirar da barriga, sabe, parece que vê o bebe ali por fora, nossa muito legal. (A.
F. G. S, 39 anos).
As gestantes relatam também sobre a emoção de ver o desenho, que
representa o filho ou a filha que vai nascer, para elas é um momento que remete ao
EXPERIÊNCIAS DURANTE A ARTE GESTACIONAL
Emoção
Alegria
Autoestima Fortalecimento
vínculo
mãe/bebê
Imaginar /
visualizar o
bebê dentro
do útero
Aproximação
com
companheiro e
família
Aprendizado
50
bem-estar e felicidade fatores importantes para a autoestima e consequentemente
para uma gestação mais tranquila. Segundo Alvarenga et al. (2012, p. 478) “o fato
da gestante manifestar prazer e entusiasmo por comportamentos como acariciar a
barriga e conversar com o bebê evidencia o apego materno-fetal”. Nesse sentido,
consideramos a Arte Gestacional um desenho que de uma forma indireta faz a
gestante, em seu cotidiano atribulado de trabalho, ter contato com o bebê ainda
dentro do útero e a partir dai senti-lo como parte de sua vida, algo bastante concreto,
embora seja apenas um „retrato‟ do que realmente será, ali pode começar uma
relação entre mãe, filho e os demais membros da família.
(...) nem todas as mães planejaram engravidar, mais ali quando tem esse elo que
você vê uma tripinha, posso dizer assim no sentido popular, você vê ali que tem algo
interligado com você e é único, é um simples desenho que faz grande diferença (D.
S. M, 34 anos)
Ah, emoção! Porque aí você sabe como o bebê esta, fica bem legal (A. S, 16 anos).
(...) eu achei lindo, maravilhoso, se eu pudesse ficava desenhado pro resto da minha
vida, foi um momento único que eu gostei muito. E to incentivando minha filha que ta
grávida a fazer (...) aí você fica olhando no espelho e parece que você está vendo
seu filho, sabe pro lado de fora da sua barriga (V. P. L, 41 anos).
Nas falas, a pintura remete ao „real‟, uma criança imaginada se torna mais
concreta na medida em que observam a representação em desenho do que ela
pode vir a ser. O fato do bebê se mexer bastante durante a pintura fez com que
algumas gestantes relacionassem este movimento como uma demonstração de
aceitação. Como se a criança estivesse interagindo com ela durante a pintura. Para
Piccinini, et al. (2004a) a percepção dos movimentos fetais é um marco durante a
gestação, pois faz com que a mãe sinta o feto de maneira mais real, e a partir dos
movimentos as gestantes vão atribuindo características de temperamento ao bebê.
(...) é bonito, é colorido, é uma coisa diferente (...) ter a sensação de como o bebê
está na barriga, sei lá, legal achei bonito (...) eu a senti mexer (risos), parecia que ela
estava mais feliz que eu (J. S. M, 28 anos).
51
Tanto eu gostei como ela, porque ela não parava de se mexer. Ela se mexeu muito
(I. R. M, 23 anos).
Na Arte Gestacional a interação da gestante durante o processo da pintura é
muito importante, seus desejos, anseios e expectativas são extremamente
relevantes nas decisões tomadas acerca de cada traço feito em sua barriga, como
podemos perceber na fala a seguir.
Dá uma alegria, assim de repente do nada, dessa alegria você vai querendo também
fazer parte, mesmo sem saber como é que funciona aquele desenho, você quer fazer
parte, você fica dando sugestões, assim como eu fui dando sugestões pras meninas
– faz um lado mais de hominho que fica parecido com o pai, com bola, com time de
futebol, ai faz o outro lado com o jeito da mãe – então você vai de certa maneira
também sendo influenciada naquilo, você quer também participar, muito bom (...) só
de estar fazendo ali é único, é muito bom, você sente algo bom sabe, a cada
pincelada que vocês dão significa muito pra gente. (D. S. M, 34 anos).
O vínculo entre mãe / bebê começa a nascer juntamente com o crescimento
do feto no útero e a criação de laços e amor é de estrema importância para a futura
mamãe e seu bebê, porém nem sempre isso é fácil, pois existem vários fatores
físicos e emocionais que podem interferir nesse processo, como por exemplo, o
planejamento ou não da gravidez, as condições socioeconômicas no momento da
gravidez, apoio da família, entre outros elementos.
Para Klaus, Kennell e Klaus (2000, p. 20) constitui fatores importantes para a
formação do vínculo entre pais e bebê: planejamento e a aceitação da gravidez,
conscientização dos movimentos do feto, percepção do feto como uma pessoa
separada, vivência do trabalho de parto, nascimento, ver / tocar / cuidar do bebê e
aceitar o bebê como uma pessoa individual na família. Sobre este vínculo, foi
possível perceber nas falas, no tocar a barriga com carinho e orgulho.
Fujita e Shimo (2016, p. 440) consideram que qualquer momento em que se
tenta estabelecer uma ponte entre mãe e filho ou filha é de extrema significação
para “a construção do vínculo entre mãe e filho, a vivência de experiências
subjetivas que integram o núcleo subjetivo da vinculação ou experiência do amor”.
Nas falas a seguir sentimos na prática o que os autores descrevem em seu texto.
52
(...)é algo que remete ao que ta lá dentro do útero de certa maneira. E parece que a
gente tem um pouco de contato com o filho, por mais que você faça ultrassom
tudinho, você quer saber como é, que rosto vai ter, e parece que quando você faz
aquele desenho, parece que você se encontra mais assim com o próprio filho (D. S.
M, 34 anos).
(...)é um trabalho que incentiva as mães. A mãe às vezes ta rejeitando a criança ou
ta deprimida e fazendo um desenho assim incentiva as mãe sabe, não em fazer mais
filho, em fazer mais filho não, mais incentiva de querer ta com ele no colo, sabe de
querer dar amor, carinho desde ali na barriga (V. P. L, 41 anos).
Depois que eu fiz a arte gestacional, caiu mais a minha ficha que eu estava grávida,
porque até agora, acho que enquanto o filho não nascer acho que não vai cair a
ficha, porque eu lembro desde o começo que eu vim aqui com você fazer o exame
pra ver se tinha dado certo, que eu me desesperei feito uma louca. Aí eu lembro
desde aquele começo, ai eu falo pro meu marido, olha já vai fazer 9 meses atrás, aí
agora que tá caindo a ficha mesmo, depois que eu fiz o desenho, que eu olho
bastante as fotos, que eu olho tudo agora ta caindo a ficha, eu acho que enquanto o
bebê não nascer fica difícil (I. R. M, 23 anos).
Foi possível durante a pintura e depois na entrevista, perceber a emoção que
estas demonstraram após a realização da pintura. No momento em que têm a
oportunidade de visualizar o desenho pronto, algumas, expressaram o desejo em
dividir esse momento com outras pessoas da família e até mesmo com os
profissionais de saúde que estavam na unidade de saúde onde o procedimento foi
realizado.
.
Há é correr pra mostrar ao pai, já que ele não tava presente e é a única pessoa que
eu tenho aqui, então é correr pro pai, se não for pro pai, pra alguém e antes disso é
tirar foto é registrar como se fosse um passo a passo sabe, então eu já chamei a (...),
já chamei o Dr (...) e vamos saindo tirando foto com quem eu ver na frente (risos) (D.
S. M, 34 anos).
Ah eu achei tão lindo, tirei bastante foto em casa, fiquei a tarde toda em casa com a
barriga pintada, só que depois comecei a suar, aquele dia tava bem quente, ai
53
comecei a suar ai começou sair sozinho, mais se não eu teria deixado (J. F. A,
21anos).
Ah eu achei lindo, fiquei bem feliz, emocionada porque é uma coisa diferente, é
totalmente diferente a visão da gente pra visão do ultrassom que a gente faz normal
porque a gente não entende nada, ali pelo menos dá pra ver o bebê formadinho
certinho, a posição (J. S.M, 28 anos).
Ah eu chorei, emocionante, muito emocionante, é um trabalho muito técnico, é um
trabalho muito pensativo, cheio de detalhes, sabe é genial, muito genial, engraçado
(V. P. L, 41 anos).
Não sei nem explicar, foi uma coisa tão bonita, tão diferente, que palavras vou usar
pra explicar o que eu senti, não sei nem explicar (J. L. S, 26 anos).
A participação do companheiro e dos familiares é muito importante durante o
pré-natal e vem sendo cada dia mais incentivada através de políticas públicas,
inclusive através de leis que dão o direito da gestante de ter um acompanhante de
sua escolha no momento do parto. Um exemplo disso é o lançamento pelo Ministério
da Saúde em 2016 de um guia de pré-natal do parceiro, que orienta os profissionais
de saúde sobre ações que devem ser realizadas também com os parceiros durante
as consultas de pré-natal, como exames, e participação mais ativa durante todo o
processo de gestação. Segundo o Ministério da Saúde:
A gravidez também é um assunto de homem e estimular a participação do pai/parceiro durante todo esse processo pode ser fundamental para o bem-estar biopsicossocial da mãe, do bebê e dele próprio, sendo o pré-natal o momento oportuno e propício para isso (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2016, p.11).
Com a Arte Gestacional não é diferente, incentivamos a participação do
parceiro, filhos, familiares e até mesmo de amigos que a gestante gostaria que
participassem desse momento, e não limitamos o número de pessoas que queiram
participar e nem a idade, o único requisito para acompanhar e pintar junto é a
gestante querer a presença dessas pessoas durante a pintura. Sobre esta
participação as gestantes relatam que:
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Então assim foram todos eles, meu marido e as meninas, cada um que ia pintando
parecia que ia desenhando ele. O pai disse que ele ia ser parecido com o pai (risos)
(A. F. G. S, 39 anos).
No começo ele não queria pintar, ai depois ele já foi fazendo uns coraçãozinhos e foi
pintando (...) Agora no final ele ta bem ansioso. Às vezes ele diz ai amor nem
acredito que você está grávida e já ta quase ganhando ta bem ansioso. (J. F. A, 21
anos).
Foi uma emoção tão grande, meu filho também tava junto (...) e pintou a minha
barriga, foi tão bom, ele gosta de pintar (J. L. S, 26 anos).
Nossa ele ficou muito faceiro, chegou em casa ele não queria que eu tirasse a
pintura enquanto o pai não chegasse, não vai tirar ... não vai tirar ... Porque? A mãe
vai fazer o serviço? Não pode fazer, não vai tirar. Até lavou louça pra mim pra eu não
molhar a minha barriga (I. R. M, 23 anos).
Tivemos também a fala das gestantes que por algum motivo não tiveram a
presença do companheiro ou outro familiar durante a pintura, muitas vezes por
causa do trabalho dos mesmos. Nos depoimentos elas colocaram que ficaram com o
desenho até eles chegarem, para que pudessem ver o desenho pronto.
A hora que ele viu, ele teve esse contato como eu, não ficou emocionado mais ficou
feliz, e ele disse – É assim que ta? – porque vocês desenham de acordo com o que
está no ventre, mas ele ta de cabeça pra baixo? E como vai nascer desse jeito, foi
um contato bom (D. S. M, 34 anos).
Ele também achou bonito, ele ficou todo bobo, ainda mais que era uma menina (J. S.
M, 28 anos)
Ele gostou bastante, porque já viu a posição que o bebê tava, ele gostou bastante, aí
começou a tirar foto, ele é um pai babão, porque ele era louco pra ter uma menina e
agora vem a menina (I. R. M, 23 anos).
Ele gostou bastante, não conseguiu ir junto por causa do trabalho (J. L. S, 26 anos).
55
Quando foram perguntadas sobre se tinha ocorrido alguma mudança em
relação ao companheiro com ela devido à pintura, uma vez que a aceitação do bebê
pelo companheiro é um fator importante para o desenvolvimento do apego materno
ao bebê (PICCININI, et al. 2004b), obtivemos as seguintes respostas:
Mudou e mudou a minha também, mudou meu ponto de vista, porque a gente tava
meio assim brigado né, e eu achava que ele tava brigando comigo por causa da
minha gestação, mais não, e mudou também o meu ponto de vista, porque eu pude
amar mais ela dentro da barriga (V. P. L, 41 anos).
Sim bastante, ele se chegou mais agora, também ta no final, ele se chegou mais...
com o neném ele conversa bastante e a neném se mexe, meu Deus do céu (I. R. M,
23 anos).
Quanto perguntadas sobre reação de pessoas que moram longe, familiares e
amigos, se tiraram fotos, veremos as falas a seguir, mais o que foi unânime entre as
entrevistas foi à divulgação em redes sociais das fotos tiradas.
Ah eles acharam lindo, tiraram fotos, colocaram no facebook as fotos, coloquei,
compartilhei (...)o pessoal de Curitiba, amigos meus do facebook que não são
poucos, que são muitos, queriam que tivesse lá também (V. P. L. 41 anos).
É mais eu mandei fotos pra minha mãe e minha irmã e elas acharam bem
interessante também nunca tinham visto, minha irmã só tinha visto por fotos que ela
pesquisou e viu no Google ou algo assim, ela achou bem bonito, eles gostaram
bastante (J. L. S, 26 anos).
Ai eu já corri no fotógrafo pra registrar, e tava chovendo, ai começou a manchar,
pensa, ai tirei também foto do celular e coloquei pra algumas pessoas, a madrinha do
Bernardo, a família, minha mãe, ai todo mundo ficou naquela curiosidade, mais o que
é isso como é que faz, quem fez, como dá início, por que faz? Aí fica aquele monte
de pergunta (D. S. M, 34 anos).
Como é só eu meu marido e meu filho, eu mandei pra minha irmã lá de Porto Alegre,
ela conseguiu ver, ela ficou bem faceira porque que não tinha tirado foto grávida, eu
achei que engordei de mais sabe, ai ela pediu manda foto, ai eu falei eu não vou
56
mandar, ai eu falei pra ela que tinha feito isso, ai ela pesquisou e viu, ela ficou bem
faceira porque ela é muito apegada com os sobrinhos dela, ela ficou bem faceira (I.
R. M, 23 anos).
Foi perguntado também se as mesmas aconselhariam outras gestantes a
realizarem a Arte Gestacional.
Aconselharia sem sombra de dúvida, porque parece que dá uma alegria a mais e sei
lá parece que fica com a certeza que vai parecer com alguém ou que ta tendo quase
contato com a criança assim, então é muito bom, e como disse minha amiga quando
tem alguém que participa fica melhor ainda (D. S. M, 34 anos).
Eu gostaria muito que os postos de saúde tivessem o teu trabalho porque é muito
emocionante, muito criativo, sabe é muito, é cheio de detalhe, é um carinho e é com
amor, sabe, é com amor, eu gostei muito, gostei muito (V. D. L, 41 anos).
Sim, porque na pintura a gente vê o bebê ali perfeitinho, a gente vê tudo do bebê, o
rostinho assim como é. Parece que no ultrassom a gente não vê assim certinho e na
pintura a gente vê, como que ta (...) (A. F. G. S, 39 anos).
Outro ponto da Arte Gestacional é que durante a pintura que dura em média
40 minutos, as gestantes relaxam e muitas vezes tiram dúvidas que não tiraram
durante as consultas ou reforçam algum conhecimento adquirido durante as
consultas e grupos. Segundo Santos e Penna (2009, p. 659) é necessário promover
uma prática educativa que visa a participação ativa dos usuários, direcionando esse
trabalho de acordo com suas necessidades, crenças, representações e histórias de
vida, tornando-os co-produtores desse processo educativo. A Arte Gestacional é um
momento de aprendizagem para as gestantes, tendo um caráter educacional, como
podemos observar através de algumas falas.
Fixou o cuidado, até mesmo ela remeteu a alimentação, né. Esse cuidado com a
criança da alimentação, do jeito com que a gente, porque tudo o que a gente passa
na gestação passa tudo pra criança (...) as informações que vocês passam deixam a
gente mais ciente e isso é muito importante, quanto mais parto você tem, cada parto
é único, e até a pintura, o que vocês falam antes, parece que na pintura fica como se
57
fosse um elo mais fixado, parece que se conclui, é como se cada passo da gestação,
cada mês que se passa, é algo único para a mulher, ela pode ter quantos filhos,
várias informações, mais ali ela quer buscar alguém que passe pra ela o que os
outros lugares não conseguiram, e na pintura vem esse esclarecimento a mais, é
realmente o que elas falam é, olha o cordão umbilical ali que ta interligado, sabe, a
gente, como a gente se porta o sentimento, como a alimentação que passa ali
através do cordão umbilical que vai pro neném, e aquele desenho remete isso a vida,
a alegria, a satisfação (D. S. M, 34 anos).
Sim, ajuda bastante na lembrança, porque tipo assim você passou praticamente 9
meses né, indo no pré-natal, o desenho incentiva a lembrar dos ultrassons, do
médico, do enfermeiro que acompanhou você, os exames né, ajuda muito (V. D. L,
41 anos).
Ah que o meu foi bem complicado né, eu fui pro alto risco, ai eu tinha que me cuidar
bastante, alimentação, pressão tinha que estar direto cuidando (H. F. S. E. C, 28
anos).
As representações sociais que observamos no decorrer dos depoimentos das
gestantes são sentimentos que tem relação como o cuidado, motivação, autoestima,
conhecimento, solidão, representação do bebê, alegria em realizar a Arte
Gestacional, visualização do bebê de uma forma mais „palpável‟ / compreensível. No
momento da Arte Gestacional existe bastante diálogo com as gestantes de forma
que as mesmas ficam mais relaxadas e conseguem expressar seus medos, seus
anseios e tirar as dúvidas principalmente acerca do trabalho de parto,
amamentação, cuidados com o bebê após o nascimento. São comuns dúvidas sobre
o local de parto, o que levar para a maternidade.
As representações sociais de cada gestante vão sendo construídas a partir
das experiências vivenciadas por cada uma delas durante toda a gestação e a Arte
Gestacional é uma experiência que propicia representações positivas nessa fase
que é tão importante para a vida da mulher.
Nos depoimentos destas mulheres, bem como na fala da parteira Naoli, é
bastante significativo, entender como medidas simples podem se tornar importantes
meios educacionais bem como de interação e resolução de problemas de distintas
naturezas. Os limites da própria pesquisa e do tempo que passamos ao lado das
58
mulheres, levaram-nos a pensar que a AG pode, com estudos e através de uma
proposta sobre como realizá-la e torná-la parte das dinâmicas do pré-natal, no futuro
ser um dos cuidados a realizar em todas as consultas, caso as mulheres queiram e
aceitem receber mais este cuidado de enfermagem.
59
6 PRÉ-NATAL COM A INCLUSÃO DA ARTE GESTACIONAL: UMA PROPOSTA
Neste tópico apresentamos a proposta de inclusão da Arte Gestacional como
um cuidado terapêutico com finalidade educacional, lúdica - integrativa voltada à
promoção da saúde das gestantes que são acompanhadas na rede pública de
saúde de cidades de Santa Catarina e demais estados do país. Do ponto de vista
educacional, as mulheres em suas falas mostraram que este momento as deixou
felizes e que ao mesmo tempo aprendiam sobre suas crianças, o parto e a
alimentação. Entendemos que além das informações já conhecidas, outras como
uso de roupas confortáveis, questões ligadas a sexualidade, a infraestrutura local e
acessibilidade a serviços de saúde, educacionais, etc., poderiam também ser parte
do que podemos fazer pelas gestantes.
Consideramos que esta técnica que a parteira Naoli Vinaver passou a usar
para suprir a falta de um ultrassom convencional realizada com equipamentos, pode
a médio e longo prazo ser reconhecida como uma tecnologia social a ser implantada
enquanto uma política pública de aprendizado proativo com outros profissionais da
saúde, as gestantes e seus familiares.
Hoje esta técnica utilizada como um instrumento lúdico de acolhimento e de
criação de vínculos pode ser algo mais. Como bem afirma Boff (2011), o princípio de
um cuidado cheio de compaixão e amor pode ser a diferença para o futuro de
qualquer pessoa. A harmonia com a vida que está por vir e a lembrança dos
cuidados que pode administrar para este ser, podem ficar mais próximos da
lembrança e memória, principalmente de mães e pais, após viverem este momento
que consideram especial. Também é importante perceber que a humanização do
parto começa da concepção, passa pelo pré-natal e pelas representações que uma
mãe e um pai fazem desta etapa de suas vidas e também na forma como foram
cuidados e tratados durante todo o processo.
6.1 A AG é uma tecnologia social que pode ajudar a mulher gestante?
Em um país como o Brasil, que segundo a Organização Mundial da Saúde
(OMS) é o campeão mundial no número de cesáreas (taxa considerada ideal está
entre 10 e 15% dos partos) com 50% do total de nascimentos nascidos por cesáreas
(OMS 2015), propor partos mais humanizados é lutar contra uma rede de
60
profissionais que desejam ganhar economicamente com estes partos sem
considerar a mulher, sua vida e saúde. Diferente de muitos países europeus, nosso
sistema de saúde privilegia o parto por meio da cesárea, baseado na conveniência
médica e hospitalar. A mulher perde o direito de escolha acerca das decisões
ligadas a si mesma e sua criança e corre todos os riscos associados à intervenção
cirúrgica que sofrerá. No estado de São Paulo a Defensoria Pública denomina este
fenômeno de “violência obstétrica” (GOTARDO, 2018).
A parteira Naoli Vinaver, assim como vários profissionais de diferentes países,
luta contra está „máfia‟ obstétrica e patriarcal que por vezes parece existir para
castigar as mulheres. Para ela, em entrevista concedida a Wolfart:
Na medida em que as mulheres foram levadas para os hospitais e os seguimentos das suas gravidezes e partos começaram a ser acompanhados por homens médicos (na sua vasta maioria), elas foram perdendo a dignidade, o seu direito à integridade física e emocional e, com isso, a sua autonomia de parideiras capazes. O problema não são as mulheres „imperfeitas‟ que „não sabem parir mais‟, mas a cultura do parto que se esqueceu da mulher no processo desenfreado por adquirir as mais altas tecnologias sem virar a cabeça para ver que elas não são necessárias na maioria dos casos (WOLFART, 2012, p. 9).
Pensando em ofertar as mulheres gestantes orientações sobre a força que
estas têm e orientações sobre o cuidado de si, da criança que irá nascer e da
própria família, pensamos na Arte Gestacional como sendo uma tecnologia social
capaz de empoderar as mulheres neste momento tão especial e único da vida. Para
Naoli Vinaver (WOLFART, 2012a) apesar de o Brasil ser o país com maior índice de
cesáreas no mundo, existe em nosso país um movimento diferenciado dos demais
países da América Latina. A mesma considera que os profissionais da saúde são
menos prepotentes com relação ao saber das mulheres. Este pensamento é
confirmado em vários depoimentos feitos a Wolfart, por exemplo, em outra entrevista
realizada com Melania Amorim, médica-obstetra que tem doutoramento (PhD) e
também é professora de Ginecologia e Obstetrícia na Universidade Federal de
Campina Grande (UFCG). Sobre esta questão Melania Amorim afirma a Wolfart:
Parto humanizado é essencialmente aquele parto centrado na mulher, com respeito à autonomia e ao protagonismo feminino. Parto natural é o parto que acontece sem intervenções, com ocitocina, analgesia e fórceps. (....) Como médica, eu estudo e interpreto as evidências científicas que reforçam os benefícios e a segurança do parto domiciliar. Há diversos estudos demonstrando que partos
61
domiciliares têm importantes vantagens maternas, reduzindo o risco de intervenções como uso de ocitocina, episiotomia, analgesia, cesariana, se associam com menor chance de infecção e com elevado grau de satisfação materna (WOLFART, 2012b, p. 12)
Mas, como uma tecnologia social poderá auxiliar as gestantes e profissionais
da saúde neste processo tão importante e delicado que sofre tantas intervenções e
que deixa mulheres amedrontadas com o parto normal? O que é na verdade uma
tecnologia social? Podemos realmente denominar a Arte Gestacional de tecnologia
social?
Para entender a Arte Gestacional como tecnologia social, é preciso antes
fazer uma reflexão sobre o tema. Para Cupani (2011) o termo „técnica‟ diz respeito
ao controle ou a transformação de algo proveniente da natureza utilizando
conhecimentos pré-científicos. Para este filósofo, o que diferencia a técnica da
tecnologia, é que esta última tem que ter uma base cientifica. Ainda segundo o
autor, tanto a técnica quanto a tecnologia têm como característica a produção de
algo artificial, de um artefato, que pode ser eventualmente algo social, como no caso
de organizar uma equipe esportiva; ou ainda de obter um resultado de um serviço,
como por exemplo, o cuidado de pacientes. A tecnologia pode consistir em algo
julgado positivo ou negativo. Ou seja, uma tecnologia pode ter o propósito de salvar
ou matar, como as armas atômicas (CUPANI, 2011, p. 94).
No campo da saúde quando pensamos em tecnologia, geralmente nos vem
logo os equipamentos médico hospitalares. No entanto, a tecnologia deve ser
compreendida como um conjunto de ferramentas, entre elas as ações de trabalho,
que põem em movimento uma ação transformadora da natureza, assim além dos
equipamentos são necessários os conhecimentos e as ações para colocá-los em
prática (SCHARAIBER, MOTA, NOVAES, 2009). É fundamental que entendamos
que:
A tecnologia não pode ser vista apenas como algo concreto, como um produto palpável, mas como resultado de um trabalho que envolve um conjunto de ações abstratas ou concretas que apresentam uma finalidade, nesse caso, o cuidado em saúde (NIETSCHE, PAIM, LIMA, 2014, p. 96).
Existem estudos e várias formas de se apropriar do que denominamos de
tecnologias. Para esta proposta assumimos que as tecnologias podem ser
classificadas como leves, leve/duras e duras. As tecnologias leves são aquelas que
62
levam a produção de vínculos, autonomização e acolhimento. As tecnologias
leve/duras são saberes bem estruturados que operam no processo de trabalho em
saúde, como a clínica médica, a clínica psicanalítica e a epidemiologia. As
tecnologias duras se relacionam diretamente com os equipamentos tecnológicos
(tais como os voltados aos diagnósticos, por exemplo), ou ainda as normas e
estruturas organizacionais de caráter administrativo. (MERHY, et al, 2006, p. 121).
Na saúde, a tecnologia leve tem obtido um respaldo grande na Enfermagem.
As pesquisas de Nietsche, Paim e Lima (2014, p. 99) demonstra que as tecnologias
leves, permitem a otimização do cuidado, tanto em atividades técnico-assistenciais e
burocrático-administrativas como nas relações interpessoais estabelecidas entre os
diferentes sujeitos envolvidos no cuidado. Ainda segundo as autoras, o cotidiano da
assistência de enfermagem ativa o uso de tecnologias, que ocorrem de várias
formas e sofrem influências de acordo com o significado atribuído à sua utilização,
enquanto ferramenta do cuidado.
Nesse contexto, podemos sim considerar a Arte Gestacional como uma
tecnologia social leve, pois como vimos no decorrer da pesquisa, existem através da
Arte Gestacional relações capazes de produzir vínculo, autonomização, acolhimento
e empoderamento da gestante que recebe esse cuidado. Isto ocorre porque é
possível efetivar este momento como um espaço de trocas, onde a mulher é ouvida
em seus anseios, e ao mesmo tempo recebe orientações, que podem deixar a
gestante mais segura para tomada de decisão sobre si e seu corpo e realmente
participar do processo de gestação e parto de forma mais ativa e empoderada, com
um acompanhamento mais humanizado.
6.2 Arte Gestacional como proposta de Tecnologia Social
Um dos desafios que nós profissionais enfrentamos no nosso dia a dia, é o
acompanhamento de pré-natal de forma que a mulher tenha um papel central e
autonomia durante sua gestação, parto e pós-parto. Atualmente o modelo médico
centrado mais nas questões biomédicas convencionais, faz com que a gestante
apenas acompanhe de forma passiva as condutas que são repassadas para ela. O
acompanhamento do pré-natal de forma humanizada, de forma a promover a saúde
da gestante pode fazer a diferença durante todo o período de gestação, e, nesse
caso, a AG pode ser o diferencial.
63
A promoção de saúde representa uma estratégia promissora para enfrentar
vários problemas de saúde, propondo a articulação de saberes técnicos e populares,
mobilização de recursos institucionais e comunitários, público e privados, para
enfrentamento e resolução dos problemas de saúde da população (BUSS, 2000, p.
165). No acompanhamento do pré-natal o conhecimento prévio da gestante não
deve ser desconsiderado pela equipe de profissionais que a assiste, estes saberes
devem ser fortalecidos e incentivados pelas trocas entre os atores envolvidos no
processo.
Para Sodré, et al (2010), o profissional de saúde deve valorizar as ações de
ouvir, envolver-se, comunicar-se, sintonizar-se com as gestantes. O acesso facilitado
ao serviço, um acompanhamento de qualidade e conhecer a gestante e sua
realidade socioeconômica e cultural são importantes para que a gestação ocorra de
maneira tranquila minimizando os riscos para gestante e bebê. Como vimos no
tópico sobre pré-natal e sua importância para gestante, bebê e família, no âmbito do
SUS, o Ministério da Saúde através de políticas públicas de saúde, vem trabalhando
para melhoria do acesso das gestantes aos serviços, como por exemplo, através do
Programa de Humanização do Pré-Natal e Nascimentos (PHNP), a implantação de
boas práticas através da Rede Cegonha, entre outras ações para melhoria da
assistência de pré-natal, parto e pós-parto (BRASIL, 2002, 2011).
A Rede Cegonha defende que as mulheres, suas crianças e familiares podem e devem assumir a condição de protagonistas no processo de produção cogerida da saúde materna e infantil. Ou seja, de que usuárias/os do SUS, juntamente com gestores/as e trabalhadores/as, possam participar da construção cotidiana do cuidado e da gestão em saúde. Defende, ainda, a construção de modos de cuidado contextualizados, considerando: as especificidades territoriais, cada momento, cada serviço, cada equipe, bem como as singularidades de cada mulher grávida e seu contexto sociocultural (VASCONCELOS, et al, 2016, p. 982).
Nesse contexto podemos observar o grande desafio que os profissionais
devem enfrentar para a mudança efetiva na forma de trabalho para que realmente o
acompanhamento seja de forma humanizada, tornando a mulher protagonista de
sua gestação e parto. Para que esse processo de mudança ocorra os profissionais
tem que mudar sua prática e a forma de olhar para a gestante e atuar no pré-natal.
Através da pesquisa que realizamos com as gestantes pudemos perceber que
a Arte Gestacional é um momento importante no pré-natal, onde cada mulher pode
64
expressar seus sentimentos, tais como emoção, afeto, amor, aproximação com o
bebê, entre outros. Esse é um momento onde a gestante sente-se à vontade para
relatar fatos e tirar dúvidas que muitas vezes não foram possíveis ou até mesmo
foram esquecidas durante as consultas de pré-natal e nos grupos de educação em
saúde.
Por esse motivo entendemos que a Arte Gestacional sendo utilizada como
tecnologia social de promoção a saúde, pode contribuir com mudança no
acompanhamento de pré-natal, podendo ser utilizada como uma importante
ferramenta no cuidado terapêutico, contribuindo para um atendimento humanizado
onde a gestante passa a ser a principal protagonista do processo de sua gestação,
parto e pós-parto. Para alcançarmos este patamar temos como intenção e objetivo
geral: implantar a Arte Gestacional como um cuidado terapêutico e/ou tecnologia
social nas consultas de pré-natal realizadas pelo enfermeiro. Os objetivos
específicos que tornarão possível a efetivação deste processo são os que se
seguem:
Promover oficinas de reflexão, discussão e aprendizado com enfermeiros que
tenham interesse em aprender e implantar a AG no seu local de trabalho;
Transformar a Arte Gestacional em uma consulta de enfermagem individual
durante o pré-natal e em uma atividade educacional criativa e proativa;
Apresentar a gestão de saúde do município uma proposta de organização
deste serviço vinculado ao pré-natal convencional, mas, ampliado com
relação ao espaço de trabalho, equipe e material necessário à sua realização;
Avaliar constantemente com os profissionais que atuarem com a AG, a
equipe das unidades e as gestantes, os impactos desta tecnologia social nos
serviços e na qualidade do cuidado prestado as gestantes.
Público Alvo
Profissionais enfermeiros (ou outros profissionais capacitados na área
obstétrica) que atuam nas Unidades Básicas de Saúde em um município do litoral de
Santa Catarina.
Gestantes que realizam acompanhamento de pré-natal na rede pública de
saúde, através de consultas e grupos de educação em saúde.
65
Metodologia
Para que a proposta de implantar a Arte Gestacional como cuidado
terapêutico durante as consultas de pré-natal realizadas pelo enfermeiro seja
possível, faz-se necessário:
1. Apoio estrutural administrativo dos gestores das Secretarias de Saúde e
também das Unidades Básicas;
2. Apresentação da proposta aos Enfermeiros e demais profissionais
interessados em serem capacitados para tal fim;
3. Apresentação da dissertação e os resultados obtidos, bem como referenciais
sobre a importância da técnica em pesquisas relacionadas a temática
investigada.
Obvio que em um primeiro momento será necessário realizar um encontro
com os enfermeiros que trabalham na rede pública, para que possamos fazer uma
sensibilização referente ao tema. Todo este movimento, culminará com a
organização de capacitações voltadas para a gestação, a importância do pré-natal e
como a AG pode ser uma tecnologia importante no cuidado, bem como um
instrumento educacional.
Em um segundo momento, agendaremos novos encontros para então ensinar
a técnica da Arte Gestacional. Para esse momento será necessário a participação
de uma gestante voluntaria para que possamos realizar os procedimentos que
fazem parte desta ação, onde ao final de tem a pintura da criança na barriga da
gestante. Dependendo do número de profissionais participantes poderemos fazer
esse encontro em uma sala na Secretaria de Saúde, ou agendar momentos
diferentes, dividindo em grupos na própria Unidade de Saúde no consultório de
enfermagem ou na sala de grupos.
Ainda que inicialmente o material utilizado para a realização do treinamento
possa ser fornecido pela pesquisadora, depois para a implantação sugere-se que
cada unidade receba da secretaria os materiais necessários para a técnica. Após o
treinamento, podemos passar para o terceiro passo que é implantar a técnica nas
consultas de pré-natal.
Nesse sentido, a Arte Gestacional poderá ser realizada tanto em consultas
individuais do pré-natal, como em atividade de educação em saúde realizada em
grupo, isso dependerá da organização da unidade e dos profissionais envolvidos. A
66
pintura pode ser realizada a qualquer momento da gestação, porém de rotina
realizamos a partir da idade gestacional de 30 semanas, pois com a barriga maior
fica mais fácil realizar a técnica. Embora possamos pensar que outros profissionais
se envolvam com esta tecnologia, a princípio será o enfermeiro que ofertará a cada
gestante que realiza o acompanhamento de pré-natal em sua Unidade de Saúde, a
Arte Gestacional. A aceitação e autorização para realizar a pintura é uma premissa
ética essencial. A gestante deve ficar à vontade para decidir se quer ou não realizar
a técnica, também deve ser oferecido a possibilidade do familiar e/ou amigo da
gestante participar desse momento.
Caso outros profissionais desejem fazer esta tecnologia, deverão receber
uma capacitação mais ampla, visto que a Arte Gestacional consiste em pintura
realizada na barriga da gestante (Figura 9), onde através da palpação (Manobra de
Leopold) identifica-se a posição do bebê para que se possa fazer a pintura na
barriga da mãe. Nesta, de forma lúdica, sempre conversando ou respondendo a
questões da gestante, são desenhados o bebê, a placenta, o cordão umbilical e
outros desenhos solicitados pela gestante e/ou familiar que estejam ao seu lado.
Geralmente os desenhos representam se o bebê é menina ou menino, mas, existem
gestantes que acrescentam outros elementos decorativos. São utilizadas tintas
próprias para pintura em pele, além de pinceis e lápis de contorno também próprio
para pele. Ter conhecimento sobre tintas não tóxicas também é parte do
aprendizado desta tecnologia.
Abaixo, algumas fotos para ilustrar a Arte Gestacional em distintas etapas de
elaboração (Figura 10):
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Figura 10: Fotos da Arte Gestacional
Fonte: Dados de Pesquisa (2018)
Resultados Esperados
Esperamos que ao final da sensibilização da proposta de implantação da Arte
Gestacional como cuidado terapêutico com finalidade educacional, lúdica -
integrativa voltada à promoção da saúde nas consultas de pré-natal realizadas
principalmente por enfermeiros, que os mesmos se sintam aptos a realizar a técnica
nas gestantes acompanhada por eles em seu local de trabalho. A ideia é
disponibilizar a Arte Gestacional para 100% das gestantes atendidas, tendo em vista
todos os benefícios já citados. Lembrando que a pesquisadora estará à disposição
para tirar qualquer dúvida que possa surgir no decorrer e do processo de
implantação da Arte Gestacional.
68
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Essa pesquisa surgiu através da prática profissional da pesquisadora, como
uma possibilidade de caracterizar as Representações Sociais da Arte Gestacional e
suas implicações na mediação entre serviço e gestante no que se refere às
questões educacionais voltadas a promoção da saúde.
Buscamos identificar as Representações Sociais das gestantes em relação a
Arte Gestacional, segundo o modelo teórico de Serge Moscovici, via relatos de
gestantes através de entrevistas. Os resultados destas entrevistas nos mostraram
que a Arte Gestacional é um cuidado terapêutico que permite a aproximação da
gestante com seu bebê ainda dentro do útero com estreitamento de vínculos. O
momento é sempre de grande emoção associado a aprendizados que podem ser
importantes antes e depois do parto.
Nesse sentido, a pesquisa nos mostrou como a Arte Gestacional pode ser
utilizada como uma tecnologia social durante as consultas de enfermagem ou
grupos de educação em saúde, com o intuito de humanizar o cuidado. Se bem
aproveitado, quando os maridos podem participar do processo, é inclusive quando
alguns homens interagem mais com a unidade de saúde, suas mulheres e futuros
filhos ou filhas.Também é um momento para orientações, tirar dúvidas, minimizar
preocupações, tornando a gestante mais empoderada e protagonista do seu
processo de gestar e parir. Considerando o exposto até o momento, acreditamos ter
alcançado os objetivos propostos, ao mesmo tempo em que respondemos a todas
as premissas norteadoras elencadas por nós.
Para uma continuidade desta investigação foi elaborada uma proposta para
inclusão da Arte gestacional no atendimento de pré-natal enquanto um cuidado
terapêutico com a finalidade educacional, lúdica, integrativa voltada à promoção da
saúde nas consultas de pré-natal realizadas pelo enfermeiro, como ferramenta para
melhora na qualidade do atendimento e humanização do cuidado.
Entre os obstáculos e fragilidades que encontramos no decorrer da pesquisa,
diz em relação ao material para elaboração da Arte Gestacional que até o presente
momento vem sendo adquirido com recursos próprios da pesquisadora, porém
esperamos que com essa pesquisa possamos sensibilizar os gestores para que
essa realidade mude. Também esperamos que os enfermeiros e outros profissionais
que atuam com gestantes, se mostrem abertos e participativos, aderindo a ideia da
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implantação da Arte Gestacional em suas consultas e/ou atividades. Apesar da
grande demanda de pessoas, atendimentos e procedimentos que executamos em
nosso cotidiano profissional, esperamos que esta atividade torne-se uma tecnologia
social que possa impactar positivamente na vida das gestantes e dos profissionais
que aderirem à proposta.
Foi possível entender, através da pesquisa, que a Arte Gestacional é também
um cuidado relevante enquanto momento de trocas de natureza técnica, mas,
também enquanto espaço de acolhimento para as gestantes. Consideramos que se
for concretizado como tecnologia social nas consultas, tanto os profissionais quanto
as gestantes ganharão um espaço de construção e fortalecimento de vinculo,
acolhimento, ensino e aprendizagem.
Com este estudo, esperamos contribuir para a discussão da Arte Gestacional
enquanto um cuidado de saúde. Poucos estudos tratam desta questão com relatos
que possam não apenas mostrar o que é e como se faz, mas, sobre os benefícios
para a gestante e sua família. Incluí-la como um dos cuidados possíveis a mulher no
período gestacional de modo a torná-la uma política pública de aprendizado proativo
com outros profissionais da saúde, as gestantes e seus familiares, é uma das metas
que almejamos enquanto enfermeira.
70
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78
APÊNDICE A
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE E GESTÃO DO TRABALHO
MESTRADO PROFISSIONAL
ROTEIRO DE ENTREVISTA COM GESTANTE
Pesquisa: As Representações Sociais da Arte Gestacional para a Gestante e sua
Família
Mestranda: Isabel Cristina dos Santos
Orientadora: Prof Dra Yolanda Flores e Silva
1. Identificação da informante:
Nome: ______________________________________________________
Idade: __________________ Data de nascimento: ___ / ___ / ___
Número de gestações:
( ) parto normal ( ) cesárea ( ) aborto
Realizou pré-natal nas outras gestações?
( ) sim ( ) não
Ocupação: __________________________________________________
Grau de estudo:
( ) ensino fundamental incompleto ( ) ensino fundamental completo
( ) ensino médio incompleto ( ) ensino médio completo
( ) ensino superior incompleto ( ) ensino superior completo
( ) pós graduação ____________________________________________
2. Quanto tempo mora na área?
3. Veio de qual região do estado ou país?
4. É a primeira experiência com a Arte Gestacional?
79
5. Antes de inicio do pré-natal com as consultas de enfermagem, já tinha
conhecimento da Arte Gestacional?
6. As imagens que estão na sala de consultório lhe chamaram a atenção? Por
que?
7. Que sentimentos as imagens lhe transmitem?
8. Por que resolveu solicitar a arte gestacional?
9. O que sentiu durante a pintura?
10. O que sentiu após a pintura?
11. Como sua família se sentiu ao vê-la com a barriga pintada?
12. O que seu companheiro disse/expressou sobre a pintura?
13. Mudou algo na forma como seu companheiro encara a chegada do filho?
14. Você divulgou e aconselhou outras gestantes a fazerem a Arte Gestacional?
Por que?
15. A Arte Gestacional realizada durante o pré-natal se tornou um lembrete
quanto às informações fornecidas pela Enfermeira?
16. O que recorda das orientações recebidas durante o pré-natal? Como a Arte
Gestacional lhe ajudou no processo de aprendizados destas orientações?
17. O que significou a Arte Gestacional para você? Que representações elas lhe
trouxeram e o que aprendeu nesta unidade onde fez seu pré-natal?
80
APÊNDICE B
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE E GESTÃO DO TRABALHO
MESTRADO PROFISSIONAL
TERMO DE ACEITE DE ORIENTAÇÃO
Eu, Yolanda Flores e Silvana condição de Professor Orientador declaro aceitar a
discente Isabel Cristina dos Santos, regularmente matriculada no curso graduação
em Mestrado Profissional em Saúde e Gestão do Trabalho para orientá-la na
pesquisa intitulada “As Representações Sociais da Arte Gestacional para a
Gestante e sua Família”, cujo objetivo é compreender as representações sociais da
Arte Gestacional para a gestante e família estando ciente de que essa orientação
deverá atender à Resolução do CNS 466/2012 e suas complementares.
Itajaí, _____/_____/_____
_______________________________
Prof.ª Yolanda Flores e Silva
81
APÊNDICE C
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE E GESTÃO DO TRABALHO
MESTRADO PROFISSIONAL
TERMO DE UTILIZAÇÃO DOS DADOS COLETADOS EM PESQUISAS
ENVOLVENDO SERES HUMANOS
Declaro que conheço e cumprirei os requisitos da Resolução CNS 466/12 e suas
complementares no desenvolvimento do projeto de pesquisa “As Representações
Sociais da Arte Gestacional para a Gestante e sua Família”, cujo objetivo é
“compreender as representações sociais da Arte Gestacional para a gestante e
família”, assim como afirmo que os dados descritos no protocolo serão obtidos e
mantidos em absoluto sigilo (com relação a pessoas que não tenham vínculo com a
pesquisa) e utilizados apenas para os fins especificados em protocolo aprovado pelo
Comitê de Ética.
Itajaí, ____ de ______________ de 2017.
______________________________ ______________________________
Isabel Cristina dos Santos Prof.ª Dra Yolanda Flores e Silva
Pesquisadora Responsável Orientadora da Pesquisa
83
APÊNDICE E
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE E GESTÃO DO TRABALHO
MESTRADO PROFISSIONAL
TERMO DE COMPROMISSO DA EQUIPE DE PESQUISA
Nós, abaixo assinados, declaramos que o documento nominado como “Projeto
Detalhado” referente ao Projeto de Pesquisa “As Representações Sociais da Arte
Gestacional para Gestante e sua Família”, cujo objetivo é “compreender as
representações sociais da Arte Gestacional para a gestante e família”, anexado por
nós na Plataforma Brasil, possui conteúdo idêntico ao que foi preenchido nos
campos disponíveis na Plataforma Brasil.
Portanto, para fins de análise pelo Comitê de Ética, a versão do Projeto gerada
automaticamente pela Plataforma Brasil no formato “PDF”, intitulada “A
Representação Social da Arte Gestacional para a Gestante e sua Família”, terá o
conteúdo idêntico à versão do Projeto anexada por nós pesquisadores.
Itajaí, ____ de ______________ de 2017.
______________________________ ______________________________
Isabel Cristina dos Santos Prof.ª Dra Yolanda Flores e Silva
Pesquisadora Responsável Orientadora da Pesquisa
84
APÊNDICE F
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE E GESTÃO DO TRABALHO
MESTRADO PROFISSIONAL
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Você está sendo convidada a participar como voluntária em uma pesquisa na
área da saúde. Após ser esclarecida sobre as informações a seguir, no caso de
aceitar fazer parte do estudo, rubrique todas as folhas e assine ao final deste
documento, com as folhas rubricadas pela pesquisadora e assinadas pela mesma,
na última página. Este documento está em duas vias, uma delas é sua e a outra é
da pesquisadora responsável. Em caso de recusa basta devolver o documento
dizendo que não tem interesse em participar. Esta recusa poderá ser feita sem
qualquer prejuízo ou penalidade a sua pessoa.
Pesquisa:
AS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DA ARTE GESTACIONAL PARA A
GESTANTE E SUA FAMÍLIA
Isabel Cristina dos Santos (mestranda): [email protected]
Yolanda Flores e Silva (orientadora): [email protected]
A referida pesquisa tem como objetivo geral “Caracterizar as
Representações Sociais da Arte Gestacional e suas implicações na mediação entre
serviço e gestante no que se refere às questões educacionais voltadas a promoção
da saúde”, e seus objetivos específicos são: Identificar as Representações Sociais
das gestantes sobre a Arte Gestacional segundo o modelo teórico de Moscovici;
Descrever o papel da Arte Gestacional do ponto de vista educacional na vida
cotidiana familiar e sociocultural da gestante; Elaborar uma proposta de
85
atendimento Pré-Natal com a inclusão da Arte Gestacional enquanto um cuidado
terapêutico com finalidade educacional, lúdica - integrativa voltada à promoção da
saúde.
Nesta pesquisa, para a coleta de dados se fará uma entrevista direcionada as
gestantes atendidas em nossa Unidade Básica de Saúde em Itapema. Esta
entrevista possui um roteiro de questões semiestruturadas, ou seja, com perguntas
abertas e flexíveis que podem ser melhoradas caso não compreendam a pergunta
em sua totalidade ou parte dela. Se sintam à vontade para responder todas ou
somente aquelas que considerarem importantes ou que não as deixam
constrangidas.
Se concordar em participar da pesquisa, gostaríamos que as entrevistas
fossem gravadas. Importante esclarecer que as entrevistas são transcritas e alguns
trechos serão utilizados na pesquisa, mas suas respostas serão tratadas de forma
anônima e confidencial. Todas as informações coletadas serão sigilosas mantendo
sua identidade anônima. A etapa de pesquisa com as entrevistas somente ocorrerá
após avaliação e aprovação da proposta de pesquisa no Comitê de Ética da
UNIVALI nos períodos prováveis compreendidos entre agosto e dezembro de 2017.
As entrevistas serão previamente agendadas em dia e horário conforme
disponibilidade do participante e da pesquisadora tendo como local a Unidade
Básica de Saúde.
Importante esclarecer que embora todos os cuidados sejam tomados, a
pesquisa pode lhe trazer alguns riscos tais como: causar desconforto relacionado a
constrangimentos se considerar as perguntas de cunho pessoal e invasivas por falar
sobre seus sentimentos. Para minimizar o desconforto a entrevista será realizada em
local reservado e caso você se sinta desconfortável poderá deixar de responder
qualquer pergunta. Será garantido o uso de suas respostas de forma anônima em
trabalhos científicos e educacionais sem com isto trazer prejuízo pessoal, inclusive
em termos de autoestima, de prestígio e/ou de natureza econômica financeira. Se
desejar poderá sair da pesquisa a qualquer momento e as informações que lhe
envolverem serão descartadas, sem nenhum prejuízo a você.
No entanto, se você concordar em participar da pesquisa estará contribuindo
para consolidar a Arte Gestacional como um cuidado desempenhado pelo
enfermeiro no âmbito da atenção básica, rompendo com o modelo extremamente
técnico que hoje vem sendo desempenhado nas consultas de pré-natal, fortalecendo
86
assim um cuidado de forma humanizada, integral e empática, especialmente porque
são poucos os estudos voltados para esse tema até o presente momento.
Sua participação nessa pesquisa é voluntária, ou seja, a qualquer momento
você pode se recusar a responder qualquer pergunta ou desistir de participar e
retirar seu consentimento. Sua recusa não tratará nenhum prejuízo em sua relação
com a pesquisadora ou instituição onde a pesquisa esta sendo realizada. Não
haverá nenhum custo relacionado a esse estudo, você não irá ter custos financeiros
e como sua participação é voluntária, também não terá nenhuma compensação
financeira pela sua participação na pesquisa.
Os resultados da pesquisa serão socializados para os participantes da
pesquisa, comunidade e para os Gestores Municipais como forma de devolutiva,
para o conhecimento dos resultados alcançados tendo em vista o objetivo de
caracterizar as Representações Sociais da Arte Gestacional e suas implicações na
mediação entre serviço e gestante no que se refere às questões educacionais
voltadas à promoção da saúde. Caso queira ter acesso à dissertação, a mesma
ficará disponibilizada na Secretaria Municipal de Saúde e site da Universidade do
Vale do Itajaí.
Se você tiver alguma duvida com relação a esta pesquisa, você deve contatar
a pesquisadora: Isabel Cristina dos Santos, fone: (47) 99967-6949, no período da
tarde. Se você tiver alguma duvida sobre seus direitos enquanto um sujeito da
pesquisa, sugestões e/ou denúncias após os esclarecimentos da pesquisadora,
você pode entrar em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa em Seres
Humanos (CEP) da UNIVALI no fone fornecido no final do documento. O CEP é
formado por um grupo de indivíduos com conhecimentos científicos e não científicos
que realizam a revisão ética contínua da pesquisa, de modo que possa sentir-se
seguro e protegido em seus direitos.
Após o termino do estudo, os resultados serão publicados, mas não será
possível identificar nenhum dos indivíduos que participaram da pesquisa.
DECLARAÇÃO DE CONSENTIMENTO DO SUJEITO PESQUISADO:
Eu li e discuti com a pesquisadora responsável pelo presente estudo os detalhes
neste documento. Entendo que eu sou livre para aceitar e recusar e que eu posso
interromper minha participação, a qualquer momento, sem dar uma razão. Eu
87
concordo que os dados coletados para o estudo sejam usados para o propósito
acima descrito. Eu entendi a informação apresentada neste termo de consentimento.
Eu tive a oportunidade para fazer as perguntas e todas as minhas perguntas foram
respondidas. Eu receberei uma via datada e assinada deste Documento de
Consentimento Livre e Esclarecido.
Nome da Pesquisadora: Isabel Cristina dos Santos
_________________________________________________
Assinatura da Pesquisadora:
_________________________________________________
CONSENTIMENTO DE PARTICIPAÇÃO DO SUJEITO
Eu, _____________________________________, abaixo assinado, concordo em
participar do presente estudo como participante. Fui devidamente informado e
esclarecido sobre a pesquisa, os procedimentos nela envolvidos, assim como os
possíveis riscos e benefícios decorrentes de minha participação. Foi-me garantido
que posso retirar meu consentimento a qualquer momento, sem que isto leve à
qualquer penalidade ou interrupção de meu
acompanhamento/assistência/tratamento.
Local e data: _________________________________________________________
Nome da voluntária: ___________________________________________________
Assinatura: __________________________________________________________
Telefone para contato: _________________________________________________
.
Pesquisador Responsável: Isabel Cristina dos Santos
_______________________________________________________________
88
Telefone para contato: (47) 9967-6949
Orientador da pesquisa: Prof.ªDra Yolanda Flores e Silva
_______________________________________________________________
Telefones para contato: (47) 3341-7932
CEP/UNIVALI - Rua Uruguai, n. 458 Centro Itajaí. Bloco F6, andar térreo.
Horário de atendimento: Das 08h00min às 12h00min e das 13h30min às 17h30min
Telefone: 47- 33417738. E-mail: [email protected]
89
APÊNDICE G
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE E GESTÃO DO TRABALHO
MESTRADO PROFISSIONAL
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Para Uso das Informações da Parteira e Educadora Naoli Vinaver
Você está sendo convidada a participar como voluntária em uma pesquisa na área
da saúde. Após ser esclarecida sobre as informações a seguir, no caso de aceitar
fazer parte do estudo, rubrique todas as folhas e assine ao final deste documento,
com as folhas rubricadas pela pesquisadora e assinadas pela mesma, na última
página. Este documento está em duas vias, uma delas é sua e a outra é da
pesquisadora responsável. Em caso de recusa basta devolver o documento dizendo
que não tem interesse em participar. Esta recusa poderá ser feita sem qualquer
prejuízo ou penalidade a sua pessoa.
Pesquisa:
AS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DA ARTE GESTACIONAL PARA A
GESTANTE E SUA FAMÍLIA
Isabel Cristina dos Santos (mestranda): [email protected]
Yolanda Flores e Silva (orientadora): [email protected]
A referida pesquisa tem como objetivo geral “Caracterizar as
Representações Sociais da Arte Gestacional e suas implicações na mediação entre
serviço e gestante no que se refere às questões educacionais voltadas a promoção
da saúde”, e seus objetivos específicos são: Identificar as Representações Sociais
das gestantes sobre a Arte Gestacional segundo o modelo teórico de Moscovici;
90
Descrever o papel da Arte Gestacional do ponto de vista educacional na vida
cotidiana familiar e sociocultural da gestante; Elaborar uma proposta de atendimento
Pré-Natal com a inclusão da Arte Gestacional enquanto um cuidado terapêutico com
finalidade educacional, lúdica - integrativa voltada à promoção da saúde.
Com relação a sua participação nesta pesquisa, nossa ideia é entrevista-la
para sabermos acerca da sua opinião sobre pesquisas como a nossa e também
para termos um histórico sobre como a pintura realizada nas barrigas das gestantes
começou a ser realizada, visto que atua como parteira e também como educadora
em saúde com mulheres gestantes.
Se concordar em participar da pesquisa, gostaríamos que essa conversa
fosse gravada. Importante esclarecer que a conversa será transcrita e alguns
trechos serão utilizados na pesquisa. Gostaríamos de usar alguns trechos de suas
falas e citá-la como precursora das pinturas nas barrigas de gestantes. Essa
pesquisa já foi aprovada na sua parte inicial de entrevistas com gestantes no Comitê
de Ética da UNIVALI em 2017, contudo, como consideramos imprescindível citar
falas de nosso primeiro encontro e outras relacionadas a este novo encontro que
teremos agora em maio de 2018, pedimos que nos apoie autorizando a referência
de seu nome e atuação como parteira e primeira pessoa a introduzir a técnica que
denominamos de „Arte Gestacional‟ como uma das possibilidades de acolhimento e
interação com gestantes.
Importante esclarecer que os comitês de éticas brasileiros consideram que
embora todos os cuidados sejam tomados, a pesquisa pode lhe trazer algum
desconforto relacionado à constrangimentos se considerar as perguntas de cunho
pessoal e invasivas. Para minimizar possíveis desconfortos o encontro acontecerá
em local escolhido por você, após agendamento prévio, e caso você se sinta
desconfortável poderá deixar de responder qualquer pergunta. Considerando o seu
papel frente a pintura na barriga das gestantes, gostaríamos também de solicitar o
direito de citar seu nome com relação a apresentá-la como percussora desta técnica
e „arte‟ em nossos trabalhos científicos e educacionais.
Acreditamos que o seu trabalho é de extrema importância para a saúde das
mulheres e se você concordar em participar da pesquisa, a nosso ver estará
contribuindo para consolidar a „Arte Gestacional‟ como um cuidado desempenhado
pelo enfermeiro e/ou outros profissionais da saúde no âmbito da atenção básica,
rompendo com o modelo extremamente técnico que hoje vem sendo desempenhado
91
nas consultas de pré-natal, fortalecendo assim um cuidado de forma humanizada,
integral e empática, especialmente porque são poucos os estudos voltados para
esse tema até o presente momento.
Sua participação nessa pesquisa é voluntária, ou seja, a qualquer momento
você pode se recusar a responder qualquer pergunta ou desistir de participar e
retirar seu consentimento. Sua recusa não trará nenhum prejuízo em sua relação
com a pesquisadora ou instituição onde a pesquisa esta sendo realizada. Não
haverá nenhum custo relacionado a esse estudo, você não irá ter custos financeiros
e como sua participação é voluntária, também não terá nenhuma compensação
financeira pela sua participação na pesquisa.
Os resultados da pesquisa serão socializados para os participantes da
pesquisa, comunidade e para os Gestores Municipais como forma de devolutiva,
para o conhecimento dos resultados alcançados tendo em vista o objetivo de
caracterizar as Representações Sociais da Arte Gestacional e suas implicações na
mediação entre serviço e gestante no que se refere às questões educacionais
voltadas à promoção da saúde. Caso queira ter acesso à dissertação, uma cópia da
mesma em CD ou pen drive lhe será entregue após a defesa e ajustes no texto final.
Caso deseje participar como convidada especial da banca examinadora nos
colocamos à disposição para providenciarmos seu deslocamento no dia e data da
defesa desta dissertação.
Se você tiver alguma duvida com relação a esta pesquisa, você deve contatar
a pesquisadora: Isabel Cristina dos Santos, fone: (47) 99967-6949, no período da
tarde. Se você tiver alguma duvida sobre seus direitos enquanto um sujeito da
pesquisa, sugestões e/ou denúncias após os esclarecimentos da pesquisadora,
você pode entrar em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa em Seres
Humanos (CEP) da UNIVALI no fone fornecido no final do documento. O CEP é
formado por um grupo de indivíduos com conhecimentos científicos e não científicos
que realizam a revisão ética contínua da pesquisa, de modo que possa sentir-se
seguro e protegido em seus direitos.
Após o termino do estudo, os resultados serão publicados, mas não será
possível identificar nenhuma das gestantes que participaram da pesquisa, contudo,
o seu nome será citado como parte de referências bibliográficas que estão
disponíveis na internet em site de revistas científicas nacionais e internacionais, bem
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como das informações fornecidas através da entrevista a pesquisadora – mestranda
Isabel Cristina dos Santos.
DECLARAÇÃO DE CONSENTIMENTO DO SUJEITO PESQUISADO:
Eu li e discuti com a pesquisadora responsável pelo presente estudo os detalhes
neste documento. Entendo que eu sou livre para aceitar e recusar e que eu posso
interromper minha participação, a qualquer momento, sem dar uma razão. Eu
concordo que os dados coletados para o estudo sejam usados para o propósito
acima descrito. Eu entendi a informação apresentada neste termo de consentimento.
Eu tive a oportunidade para fazer as perguntas e todas as minhas perguntas foram
respondidas. Eu receberei uma via datada e assinada deste Documento de
Consentimento Livre e Esclarecido.
Nome da Pesquisadora: Isabel Cristina dos Santos
_________________________________________________
Assinatura da Pesquisadora:
_________________________________________________
CONSENTIMENTO DE PARTICIPAÇÃO DO SUJEITO
Eu, _____________________________________, abaixo assinado, concordo em
participar do presente estudo como participante. Fui devidamente informado e
esclarecido sobre a pesquisa, os procedimentos nela envolvidos, assim como os
possíveis riscos e benefícios decorrentes de minha participação. Foi-me garantido
que posso retirar meu consentimento a qualquer momento.
Local e data: ____________________________________________________
Nome da informante: ______________________________________________
Assinatura: ______________________________________________________
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Telefone para contato: _____________________________________________
.
Pesquisador Responsável: Isabel Cristina dos Santos
_______________________________________________________________
Telefone para contato: (47) 9967-6949
Orientador da pesquisa: Prof.ªDra Yolanda Flores e Silva
_______________________________________________________________
Telefones para contato: (47) 3341-7932
CEP/UNIVALI - Rua Uruguai, n. 458 Centro Itajaí. Bloco F6, andar térreo.
Horário de atendimento: Das 08h00min às 12h00min e das 13h30min às 17h30min
Telefone: 47- 33417738. E-mail: [email protected]