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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
DO CUMPRIMENTO DA SENTENÇA
AUTOR
MARCELO LANDI
ORIENTADOR
PROFESSOR: CARLOS AFONSO LEITE LEOCADIO
RIO DE JANEIRO
2010
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
DO CUMPRIMENTO DA SENTENÇA
Monografia apresentada à Universidade
Candido Mendes – Instituto a Vez do Mestre,
como requisito parcial para a conclusão do
curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em
Direito Processual Civil.
Por: Marcelo Landi.
3
Agradecimentos:
Aos Professores, especialmente ao meu
orientador, aos colegas de classe, à minha
esposa Maria do Socorro e aos meus filhos
Leonardo e Rafael, que tanto sofreram com
minha ausência quando da elaboração desta
monografia e dos diversos trabalhos durante o
transcorrer do curso.
4
Dedicatória:
À minha Mãe:
Magdalena Nader Landi, que sempre me
incentiva a manter a fé e convicção em tudo que
faço.
Ao meu Pai:
José Landi (in memoriam), verdadeiramente o
maior ídolo que tive.
5
RESUMO
A presente monografia tem como finalidade estudar o processo de execução de acordo com as
alterações introduzidas no Código de Processo Civil brasileiro pela Lei nº 11.232 de 22/12/2005,
a qual passou a ter vigência a partir de 24/06/2006, que inseriu um novo modelo para a execução
da sentença condenatória, extinguindo, em nome da efetividade da tutela jurisdicional, a
dualidade existente entre o processo de conhecimento e o processo de execução. O cumprimento
da sentença condenatória passou a não mais se sujeitar à abertura de um novo juízo.
Ultrapassado o prazo para o devedor realizar a prestação devida voluntariamente, o juiz, a
requerimento do credor, expedirá mandado para que se dê início aos atos executivos. Procurando
entender os motivos pelos quais a atividade executiva foi levada à categoria de processo
autônomo, atendendo assim aos reclamos que repercutiam nos corredores dos Tribunais, faz-se
um breve levantamento histórico desde o ano de 1973, quando da entrada em vigor do atual
Código de Processo Civil brasileiro até o advento da nova lei. Ao final, conclui-se que, as
modificações trazidas pela Lei nº 11.232/2005, em especial o fim da dicotomia cognição-
execução, representam um grande passo no caminho rumo a um processo mais célere, menos
oneroso e mais efetivo, de modo a assegurar dinamismo à entrega jurisdicional.
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METODOLOGIA
O método empregado no desenvolvimento do presente trabalho foi realizado através
de pesquisas bibliográficas efetuadas em livros doutrinários de autores conceituados no ramo do
direito processual civil, documentários inerentes ao tema publicados em revistas de direito,
jurisprudências e artigos extraídos da Internet, além de publicações oficiais da legislação.
Nesse diapasão, a pesquisa que resultou nesta monografia buscou a desenvolver a
capacidade de gerar conhecimentos específicos dentro da área de atuação jurídica, permitindo a
aplicação eficaz e efetiva do Direito Processual Civil durante a prática profissional, diante da
complexidade da matéria e das recentes alterações introduzidas no Código de Processo Civil.
Adicionalmente, o estudo visualizou buscar, também, as novas soluções elaboradas
pela doutrina especializada, com as grandes questões polêmicas e com as mais recentes
jurisprudências dos tribunais acerca das questões ligadas ao processo de execução.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.......................................................................................................................... 8
CAPÍTULO 1
NOÇÕES GERAIS DO PROCESSO DE EXECUÇÃO........................................................ 10
1.1 – COMENTÁRIOS À LEI Nº. 11.232 DE 22 DE DEZEMBRO DE 2005.................... 14
1.2 – DA LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA............................................................................ 15
1.3 - INTIMAÇÃO DO DEVEDOR PARA LIQUIDAÇÃO............................................... 17
1.4 - COMPETÊNCIA NA LIQUIDAÇÃO.......................................................................... 18
1.5 - LIQUIDAÇÃO PROVISÓRIA....................................................................................... 19
1.6 - REQUERIMENTO PARA CUMPRIMENTO DA SENTENÇA (LIQUIDAÇÃO
POR CÁLCULO)..................................................................................................................... 20
1.7- LIQUIDAÇÃO POR ARBITRAMENTO...................................................................... 21
1.8 - LIQUIDAÇÃO POR ARTIGOS..................................................................................... 22
CAPÍTULO 2
CUMPRIMENTO DA SENTENÇA...................................................................................... 23
2.1 - EXECUÇÃO DEFINITIVA E EXECUÇÃO PROVISÓRIA...................................... 24
2.2 - CUMPRIMENTO VOLUNTÁRIO DA SENTENÇA.................................................. 25
2.3 - MULTA............................................................................................................................... 30
2.4 - FASE EXECUTIVA - REQUERIMENTO PARA PENHORA E AVALIAÇÃO..... 32
2.5 - JUÍZO COMPETENTE PARA O CUMPRIMENTO DA SENTENÇA.................... 35
CAPÍTULO 3
DA IMPUGNAÇÃO AO CUMPRIMENTO DA SENTENÇA.............................................. 37
3.1- DO PRAZO PARA IMPUGNAÇÃO AO CUMPRIMENTO DA SENTENÇA.......... 39
3.2- DA APLICAÇÃO SUBSIDIÁRIA DAS NORMAS DO PROCESSO DE EXECUÇÃO
DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL.............................................................................................. 40
3.3 - DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS EM SEDE DO CUMPRIMENTO
DA SENTENÇA.......................................................................................................................... 41
CONCLUSÃO............................................................................................................................. 43
BIBLIOGRAFIA....................................................................................................................... 44
8
INTRODUÇÃO
O presente trabalho é um estudo sobre o processo de execução. Nesse contexto, o
trabalho dedica-se a analisar o cumprimento da sentença de acordo com as alterações inseridas
no Código de Processo Civil pela Lei n. 1132 de 22.12.2005, a qual passou a ter vigência a partir
de 24 de junho de 2006, alterando vários dispositivos do diploma legal mencionado,
notadamente quanto à sentença e a execução da mesma; dedica-se, ainda, a aprofundar o estudo
uma das alterações mais substanciais trazidas pela nova legislação que aboliu nova citação do
executado para que pague o valor ao qual foi condenado no título executivo. E é exatamente em
face da ausência de citação que fica fácil concluir que não há a instauração de uma nova relação
processual, mas apenas o surgimento de uma nova fase dentro do processo de conhecimento,
dinamizando a entrega da tutela jurisdicional. Adicionalmente, o presente estudo apresenta
noções gerais do processo de execução; casos particulares de cumprimento de sentença;
liquidação de sentença; execução provisória; pressupostos processuais no cumprimento;
cumprimento das prestações de fazer e de entrega de coisa; execução das prestações pecuniárias;
reação do executado. O estudo é dirigido ao aprofundamento e desenvolvimento profissional na
busca de abordar se a nova Lei n.1132/2005 veio ao encontro aos reclamos que repercutiam nos
corredores dos Tribunais, e por fim, assegurar dinamismo à entrega da tutela jurisdicional.
O estudo do tema e das questões analisadas em torno do mesmo justifica-se pelo fato
de que o Código de Processo Civil vem sendo objeto de reformas pontuais nos últimos anos. Só
entre 2005 e 2008, foram sancionadas sete leis que alteraram significativamente o processo civil.
A Lei n. 11.232, de 22 de dezembro de 2005, que trata do cumprimento de sentença, representa
um grande avanço no sistema processual civil, à medida que modifica a execução da sentença
condenatória, considerada um dos entraves para a consecução plena da prestação jurisdicional.
Com a edição da referenciada lei, o processo civil passou a ser sincrético, pois já não
se encerra mais com a sentença, mas com a satisfação do titular do direito.
Doravante, a tutela executiva realizar-se-á de forma seqüenciada, sem intervalo, no
próprio processo de conhecimento, sem a necessidade de um “processo autônomo” de execução,
tal como ocorre no procedimento do Juizado Especial Cível. Em regra, não há a necessidade de
uma nova citação de provocação do credor, consoante estabelece o artigo 475-J, caput, do
Código de Processo Civil. O importante disso tudo é que o demandado não será chamado a se
defender novamente, tendo em vista que já houve citação no início do processo. Daí porque não
se fala mais em processo de execução, mas em fase executiva. A sentença, por isso, passa a ter
uma nova definição. Não é mais o pronunciamento do juiz que põe termo ao processo, decidindo
9
ou não o mérito da causa, como dispunha o artigo 162, p.1º, do Código de Processo Civil. A
sentença passa a ser ato do magistrado que resolve ou não o mérito, já que o processo
prosseguirá com a fase de cumprimento do julgado.
A pesquisa que precedeu esta monografia teve como ponto de partida o pressuposto
de que a reforma realizada pela Lei n. 1132/2005, que entrou em vigor em 24 de junho de 2006,
foi muito bem recebida pela doutrina e, certamente contribuiu para a aceleração do processo civil
e a efetivação da sentença condenatória, permitindo que a prestação jurisdicional seja entregue
de forma integral.
Contudo, é preciso que haja também uma mudança de mentalidade dos operadores
do Direito, eis que as mudanças trazidas pela Lei nº 11.232/2005, ao que se vê, romperam com o
sistema processual clássico, com a finalidade de dar ao processo maior efetividade e presteza.
A dualidade do processo civil cognitivo e executório revelou ser um grande
obstáculo à integral efetivação da tutela jurisdicional, expondo o jurisdicionado que bate às
portas do Estado – Juiz a situação de difícil compreensão. Como explicar à parte que teve o seu
direito reconhecido ser necessária à instauração de outro processo, desta feita executiva, para a
realização do direito anteriormente reconhecido, impondo ao jurisdicionado todos os percalços
inerentes ao curso de um processo, mormente no que tange ao tempo? Não existe fundamento
lógico e jurídico para a manutenção, como salta aos olhos, do sistema autônomo dos processos.
Desta forma, a fusão em uma mesma estrutura processual dos atos cognitivos e
executórios revela uma técnica processual capaz de combater o tempo inimigo, dotando o
processo de maior efetividade. A unificação do processo é um grande avanço, sendo visíveis as
vantagens da execução como mera etapa final do processo, sem a necessidade de um processo
autônomo.
Por oportuno, de se notar que não houve a extinção dos processos de liquidação e de
execução, havendo apenas mudança no seu procedimento, que deixou de ter autonomia e
independência para prosseguirem logo após a sentença transitada em julgado, sem necessidade
de se formar nova relação jurídica.
Os novos fundamentos, somados à própria mudança na estrutura de execução do
título judicial, deixam evidente que, a partir da vigência dessa lei, a prestação jurisdicional só se
extingue com o recebimento, pelo vencedor da ação, do bem de vida almejado por este, ou seja,
através do pedido imediato do autor da ação.
Por fim, a nova Lei n. 1132/2005 introduziu um novo sistema processual executório
mais célere, menos, oneroso e mais eficiente capaz de atender aos anseios da sociedade,
assegurando dinamismo à entrega da tutela jurisdicional.
10
CAPÍTULO 1
NOÇÕES GERAIS DO PROCESSO DE EXECUÇÃO
Com a promulgação da lei n.11232/2005, inaugurou-se uma nova etapa da reforma
processual, desta feita com a participação efetiva do Congresso Nacional, onde o projeto
tramitou por algum tempo, vindo a ser promulgado na esperança de que a execução da sentença
se faça de forma mais simples, tornando mais palatável à justiça brasileira.
Executar é satisfazer uma prestação devida. A execução pode ser espontânea, quando
o devedor cumpre voluntariamente a prestação, ou forçada, quando o cumprimento da prestação
é obtido por meio da prática de atos executivos pelo Estado.
Tradicionalmente, o termo cumprimento, em Direito Civil, é utilizado para referir-se
a um comportamento voluntário: quando a obrigação é adimplida espontaneamente, diz-se que
houve cumprimento da obrigação1. O cumprimento seria, então, a execução espontânea. O termo
execução é utilizado para designar a execução espontânea e, igualmente, a execução forçada.
O emprego de outra palavra, em lugar do termo clássico “execução”, como
cumprimento, efetivação ou atuação, 2 em muito pouco altera a natureza da respectiva operação.
Ela se realiza mundo real e, portanto, padece das respectivas contingências.
Desapareceram as dúvidas quanto à natureza dessa atividade; porém, ela desenvolve-
se perante o órgão judiciário e, embora seus resultados não sejam imunes a posteriores
controvérsias – o provimento extintivo do processo de execução, previsto no art. 795, em
princípio, não gera a indiscutibilidade atribuída, de ordinário, à autoridade de coisa julgada-, 3 a
execução assume inequívoca natureza jurisdicional. 4 Desde que provocado pela iniciativa do
vitorioso, o órgão judiciário realiza os direitos no âmbito de uma relação processual, por sua vez
formada através do direito à tutela jurídica do Estado. Tais notas comprovam a natureza
jurisdicional da execução.
1. CARNELUTTI, Francesco Carnelutti..
Derecho y proceso. Santiago Sentis Melendo (trad.). Buenos Aires: Ediciones Jurídicas
Europa-América, 1971, p.331. 2 Na doutrina italiana, porém, Bruno Capponi, “Sull’esecuzione-atuazione dei provvedimenti d’urgenza per
condanna al pagamento di somme”, n.2, p.92 e nota (6). 3 Segundo Leonardo Greco, O processo de execução. Rio de Janeiro. Renovar. 2001 v.1, p. 249, essa limitação “é
absoluta coerente com a natureza da atividade jurisdicional exercida neste tipo de processo: atividade coativa e
satisfativa, não cognitiva, ou, no máximo, acompanhada de superficial e sumária atividade cognitiva”. No mesmo
sentido, Elpídio Donizetti. O novo processo de execução. Rio de Janeiro. Lúmen Júris. 2008, p.91. Em sentido
contrário, Cássio Scarpinella Bueno. Curso sistematizado de direito processual civil. São Paulo. Saraiva. 2008 v.3.
P. 70; Luiz Eduardo Ribeiro Mourão. “A coisa julgada e a atividade executiva”. São Paulo. Método. 2007 v.2, n.9,
pp. 359-360; Gelson Amaro de Souza, “Sentença na execução – art. 795 do CPC”. São Paulo. Revista dos Tribunais.
1992, v. 679. 4 Por óbvio, também se concebe execução extrajudicial (praticada por órgão administrativo ou por particular), como
demonstrou José Maria Rosa Tesheiner. “Jurisdição, execução e autotutela”. Rio de Janeiro. Forense. 2007, pp.380-
384.
11
Há duas técnicas processuais para viabilizar a execução de sentença: a) processo
autônomo de execução: a efetivação é objeto de um processo autônomo, instaurado com essa
preponderante finalidade; b) fase de execução: a execução ocorre dentro de um processo já
existente, como uma de suas fases. É preciso, pois, perceber que nem toda execução de sentença
ocorre, necessariamente, em um processo autônomo de execução. No entanto, convém frisar:
toda a execução realiza-se em um processo de execução, procedimento em contraditório, seja em
um processo instaurado com esse objetivo, seja como fase de um processo sincrético.
Há execução sem processo autônomo de execução, mas não há execução sem
processo.
Cabe ao legislador definir se a execução deve realizar-se num processo autônomo, ou
numa mera fase de um processo já existente. Trata-se de solução decorrente da política
legislativa, que varia ao sabor de contingências históricas, culturais, econômicas, ideológicas ou,
até mesmo, de preferências cientificas adotada em determinado contexto.
Tradicionalmente, até mesmo como forma de diminuir os poderes do magistrado, as
atividades de certificação e de efetivação eram reservadas a “processos autônomos”,
procedimentos autônomos que teriam por objetivo, somente, o cumprimento de uma ou de outra
das funções jurisdicionais. Nesse contexto, surgiu a noção de sentença condenatória, que seria
de pagar, autorizava o credor, agora munido de um título, a, querendo, promover a execução do
julgado para buscar a satisfação do seu crédito. Havia a necessidade de dois processos para
obtenção da certificação/efetivação do direito: o primeiro destinava-se apenas à certificação do
direito, objetivando o segundo a sua efetivação.
O tempo foi mostrando o equívoco dessa concepção.
Havia, à época, vários procedimentos que autorizavam ou que inseria, no âmbito do
próprio processo de conhecimento, atos executivos, fato que já comprometia a pureza da
distinção e da divisão que se fazia. Citam-se os exemplos da proteção processual da posse e do
mandado de segurança.
A partir da generalização da tutela antecipada, (CPC, art. 273 e art.461, p.3º), que
passou a ser permitido no procedimento comum, o legislador deu um grande salto evolutivo:
previu, no procedimento padrão, a prática de atos executivos. O dogma da necessidade de um
processo autônomo para a execução da decisão judicial mostrava-se obsoleto e injustificável. A
doutrina já pugnava, então, pela idéia de que a divisão dos processos deveria dar-se pela
predominância da função, não pela exclusividade.
A mudança na tutela jurisdicional das obrigações de fazer e não fazer, iniciada pelo
CDC (art.84) e depois generalizada no art. 461 do CPC, operou profunda alteração no sistema da
tutela executiva. É que, desde 1994, as sentenças que reconhecem a existência de tais obrigações
12
não precisam, para ser efetivadas, submeter-se a um processo autônomo de execução. Essas
sentenças possuem aquilo que a doutrina mais antiga chamava de “força executiva própria”;
podem sem efetivadas no mesmo processo em que foram proferidas, independentemente de
instauração de um novo processo e da provocação do interessado: o magistrado, no corpo da
sentença, já determina quais providências devem ser tomadas para garantir a efetivação da
decisão. 5
“Cumpre observar que a adoção da execução per officium iudicis, em tais casos, não
chega a comprometer nenhum dos valores fundamentais relativos ao processo, nem mesmo o
principio dispositivo, uma vez que, como já se demonstrou, ao requerer a prestação da tutela
condenatória, o que o titular do direito realmente quer é a tutela executiva, a qual está, nesse
caso, por opção do legislador, condicionada à prévia declaração judicial do direito a ser
tutelado”. 6
Depois dessa alteração, pode-se dizer que a execução das sentenças, nessas
hipóteses, passou a não mais ocorrer em processo autônomo, mas, sim, como fase complementar
ao processo de conhecimento. Por causa dessa característica, a doutrina passou a designar tais
processos de “sincréticos”, “mistos” ou “multifuncionais”, pos servem a mais de um propósito:
certificar e efetivar.
Esse mesmo regime jurídico foi estendido, posteriormente, às obrigações de dar coisa
distinta de dinheiro – CPC, arts. 461-A e 621.
A dispensa do ajuizamento de um processo autônomo para execução dessas espécies
de obrigações não só veio a diminuir o tempo necessário à prestação da tutela jurisdicional –
afinal, o credor não mais precisaria, tal como ocorria até então, promover nova citação pessoal
do réu/devedor – como também veio romper de vez com um velho paradigma segundo o qual a
atividade executiva estaria dissociada da precedente atividade jurisdicional cognitiva.
Fortaleceram-se, então, as noções de sentença mandamental e de sentença executiva
como sendo modelos de decisões sincréticas, isto é. De decisões em que o magistrado certifica o
direito da parte e, ali mesmo, sine intervalo, já toma providencias no intuito de tornar aquele
direito certificado.
Com isso, apenas as decisões que impunham obrigação de pagar quantia
permaneceram sujeitas ao regime de efetivação ex intervalo, isto é, somente elas passaram a
exigir o ajuizamento de ação autônoma, de cunho executivo/satisfativo, para que pudessem ser
efetivadas. A prática forense, contudo, terminou por revelar a deficiência desse modelo de
5 DIDIER JR, Fredie Didier Jr. Curso de Direito Processual Civil. V.5. Salvador. Editora Podivm. 2008. P.30.
6 GUERRA, Marcelo Lima Guerra. Direitos fundamentais e a proteção do credor na execução. São Paulo. RT.
2003.
13
efetivação e, igualmente, terminou por demonstrar a eficiência do modelo de execução sine
intervalo adotado para as decisões que impunham obrigações de fazer, não fazer e dar coisa. 7
Justamente por conta disso, a Lei Federal n. 1132/2005 veio a aproximar o sistema
de efetivação das decisões que impõem obrigação de pagar quantia àquele já vigente e aplicável
às decisões que impõem os outros tipos de prestação, dispensando, tal como deixa claro o art.
475-J do CPC, a instauração de um novo processo com finalidade executiva.
A Lei n. 1132/2005 pretendeu eliminar o processo autônomo de execução de
sentença. Por meio de tal diploma legal, criou-se a fase de cumprimento da sentença (CPC, arts.
475-I a art. 475-R), que corresponde à execução da sentença, só que em fase de um mesmo
procedimento, e não como objeto de outro processo8. Utilizou-se o termo cumprimento, para
designar uma atividade executiva do Estado, só como já dito, esse termo costuma ser empregado
para designar o comportamento voluntário do devedor. Confusão terminológica desnecessária9.
O art.475-I está assim redigido: “O cumprimento da sentença far-se-á conforme os
arts. 461 e 461-A desta Lei ou, tratando-se de obrigação por quantia certa, por execução, nos
termos dos demais artigos deste Capitulo”. De acordo com essa redação, parece que a execução
da sentença ocorreria apenas nos termos dos arts. 475-J e seguintes destinados basicamente à
execução de sentença pecuniária, e que a efetivação das decisões com fundamento nos arts. 461 e
461-A do CPC dar-se-ia pelo cumprimento da sentença, que não seria execução. Curiosamente,
as novas regras sobre o cumprimento das sentenças dos arts. 461 e 461-A não fosse,
substancialmente, uma atividade executiva10
.
7 DIDIER JR, Fredie Didier Jr. Curso de Direito Processual Civil. v.5. Salvador. Editora Podivm. 2008. p.31.
8. Eliminou-se, então, a necessidade de ajuizamento de actio iudicati em relação processual (THEODORO Jr.,
Humberto. As novas reformas do Código de Processo Civil. Rio de Janeiro: Forense, 2006, p.104-107). 9. Percebeu o ponto, PASSOS, José Joaquim Calmon de Passos. “A Lei n.1132, de 22 de dezembro de 2005.
Questionamentos e perplexidades. (A montanha que pariu um rato)”. José Maria Rosa Tesheiner, Mariângela
Guerreiro Milhoranza e Sérgio Gilberto Porto (coords.) Instrumentos de coerção e outros temas de direito
processual civil: estudos em homenagem aos 25 anos de docência do professor Dr. Araken de Assis. Rio de Janeiro:
Forense, 2007, p. 303-304. 10
. O artigo 475-I diz que o cumprimento da sentença far-se-á conforme os artigos 461 e 461-A (sentenças que
condenam a fazer ou não fazer alguma coisa ou a dar alguma coisa) ou, tratando-se de obrigação por quantia certa,
por execução, nos termos dos demais artigos do Capítulo X. Por que esta necessidade de mudar a qualquer preço,
mesmo que ao custo de ser pouco técnico e pouco exato? Cumprir o preceituado na sentença remete para
comportamento do vencido, atendendo a quanto lhe foi determinado. Executar é mais específico da satisfação
coercitiva por parte do Estado-Juiz, justamente por ter faltado o cumprimento. O que me deixa sem explicação
possível é compreender porque nas duas hipóteses primeiras de obrigação há cumprimento e na última execução.
Mesmo quando se cuida de obrigação de fazer, não fazer ou dar coisa se houver cumprimento não haverá execução,
faltando ele, a coerção judicial é execução. Será que se pensou doer menos coagir a fazer ou não fazer ou dar
alguma coisa do que se impor a obrigação de pagar dinheiro? Ou será que, como já afirmado por alguns, fica
dispensada a formalidade de se deferir prazo para o devedor cumprir a obrigação? “Em verdade, consciente ou
inconscientemente, robustece-se entre nós um pensamento autoritário que endeusa o mandar e tem horror ao
simplesmente decidir para certificar”. (PASSOS, José Joaquim Calmon de Passos. “A Lei n. 11.232, de 22 de
dezembro de 2005. Questionamento e perplexidades. (A montanha que pariu o rato)”, cit., p.303-304).
14
A mistura terminológica não se justifica; há execução que se pretender efetivar
materialmente um título executivo que imponha uma prestação (fazer, não fazer, entregar coisa
ou pagar quantia), pouco importando a natureza desta prestação. Talvez o mais correto fosse
dizer, para manter a terminologia do CPC, que a execução da sentença de entrega de coisa, de
acordo com o art. 461-A; e a da sentença pecuniária, de acordo com as regras do cumprimento da
sentença, previstas no art. 475-J e seguintes11
.
Cumpre, por fim, fazer um alerta: as regras da execução de título extrajudicial
aplicam-se subsidiariamente, no que couber, ao cumprimento ou execução da sentença (art.475-
R, CPC).
1.1 - Comentários à lei nº. 11.232 de 22 de dezembro de 2005
A Lei nº 11.232/2005 alterou o § 1º do art. 162 que faz parte do Título V do Livro I
(que trata do processo de conhecimento) do Código de Processo Civil. Para melhor visualização
das modificações, reproduz-se abaixo a localização do artigo alterado dentro da sistemática do
Código, bem como os artigos 267 e 269 que remetem ao assunto.
Livro I
Do Processo de Conhecimento
Título V
Dos Atos Processuais
Capítulo I
Da Forma dos Atos Processuais
Seção III
Dos Atos do Juiz
Art. 162. (...)
§ 1o Sentença é o ato pelo qual o juiz põe termo ao processo, decidindo ou não
o mérito da causa.
§ 1º Sentença é o ato do juiz que implica alguma das situações previstas nos
arts. 267 e 269 desta Lei.
Título VI
Da Formação, da Suspensão e da Extinção do Processo
Capítulo III
Da Extinção do Processo
Art. 267. Extingue-se o processo, sem julgamento do mérito:
11
. Sobre a confusão conceitual do legislador, amplamente, MOREIRA, José Carlos Barbosa Moreira.
“Cumprimento’ e ‘execução’ de sentença: necessidade de esclarecimentos conceituais”. Revista Dialética de
Direito Processual. São Paulo: Dialética, 2006, n.42.
15
Art. 267. Extingue-se o processo, sem resolução de mérito:
(...)
Art. 269. Extingue-se o processo com julgamento de mérito:
Art. 269. Haverá resolução de mérito:
Título VIII
Do Procedimento Ordinário
Capítulo VIII
Da Sentença e da Coisa Julgada
Seção I
Dos Requisitos e dos Efeitos da Sentença
Art. 463. Ao publicar a sentença de mérito, o juiz cumpre e acaba o ofício
jurisdicional, só podendo alterá-la:
Art. 463. Publicada a sentença, o juiz só poderá alterá-la:
Aplicando as considerações apresentadas nos capítulos acima para as novidades trazidas
pela Lei nº 11.232/2005, verifica-se que as novas redações dadas aos artigos 162, § 1º, 269,
caput e 463, caput, significam que o processo não se esgota com o reconhecimento do direito na
sentença, pois ainda será preciso realizá-lo. Ou seja, ainda será preciso executá-lo; sendo que
esta atividade se dará dentro do mesmo processo.
Em suma, vindo à sentença de mérito nos autos, deve o juiz continuar seu ofício
jurisdicional, até o cumprimento final de sua decisão.
1.2 - Da liquidação de sentença
De acordo com o art. 3º da Lei nº 11.232/2005, a próxima alteração promovida pela
reforma consiste nos artigos 475-A a 475-H que tratam da liquidação da sentença.
Como já dito anteriormente, a nova lei aboliu o processo de execução autônomo de título
judicial previsto no Livro II do CPC. Sendo assim, a liquidação da sentença foi transportada para
o Livro I, passando a ser apenas uma fase ou etapa do processo jurisdicional.
Quanto aos antigos artigos 603 a 611 do processo de execução do Livro II, estes foram
ab-rogados, ou seja, revogados expressamente em seu todo pelo art. 9º da Lei nº 11.232/2005.
Isto porque, no Livro II ficaram apenas as regras concernentes à execução de título executivo
extrajudicial. A liquidação não é ato compatível com esse processo, pois se o documento
extrajudicial não tiver valor definido não será um título executivo podendo ser cobrado somente
pelo processo de cognição.
Sendo assim, os novos artigos 475-A a 475-H disciplinam a atividade jurisdicional
voltada à quantificação do direito, tal qual reconhecido na sentença (art. 475-A, caput).
16
Em outras palavras, o artigo 475-A e seguintes tratam de definir o valor da condenação,
ou seja, define-se o quantum debeatur, enquanto que na sentença se teve o an debeatur.
No entanto, seguindo a tendência unitária da nova lei, inspirada pela Constituição Federal
no sentido de dar mais celeridade e efetividade à prestação jurisdicional, os atos voltados à
quantificação e realização do direito reconhecido na sentença, farão parte de um mesmo
processo. É dizer, a liquidação se tornou um mero incidente processual.
Em termos práticos, somente para citar algumas das conseqüências dessas alterações, vê-
se que não há mais citação do devedor, pois não há uma nova relação processual se formando.
(aliás, nunca houve). Basta uma simples intimação na pessoa de seu advogado para tomar ciência
do início da liquidação. E no final desta fase, a decisão não será uma sentença, passível de
apelação, mas apenas uma decisão interlocutória que desafia agravo de instrumento.
Conforme reza o art.475-A, caput, proceder-se-á à liquidação na hipótese de a sentença
não determinar o valor devido. Diz-se liquido o crédito perfeitamente individualizado, não
carecendo de qualquer elemento externo para identificar seu importe. Às vezes, porém,
estabelecida a existência do crédito sem a menor possibilidade de contestação, falta-lhe liquidez,
ou seja, o objeto da dívida não se encontra suficientemente definido.
É o que acontece, por exemplo, na hipótese de a sentença condenar o réu a pagar ao
autor, vítima de lesões sofridas num acidente de trânsito, o que este deixou de ganhar por força
do transitório impedimento ao exercício de sua profissão de advogado, no curso de sua
convalescença, sem indicar o valor da dívida.
Embora a iliquidez se mostre muito comum nas prestações pecuniárias, constitui erro
apenas evidenciá-la apenas às dividas de dinheiro. É o que se infere da imprópria e restritiva
menção a “valor devido” no art.475-A, caput: “...ou, tratando-se de obrigação por quantia certa,
por execução...”), motivo por que o incidente de liquidação atenderia tão-só dívidas de dinheiro.
Nesse particular a redação do revogado art.603, caput, mostrava-se claramente superior,
mencionando tanto a falta de determinação do valor quanto à falta de individualização do objeto
da condenação (restius: prestação).12
As prestações genéricas e as prestações de fazer também
necessitam de liquidação. E pouco adianta declarar que, no caso de ser tornar necessário
identificar bens, na condenação genérica do art.286, I, do CPC,13
se trataria de atividade estranha
12
Na verdade, como notam J.E. Carreira Alvim e Luciana Gontijo Carreira Alvim Cabral, Cumprimento da
Sentença. Curitiba. Juruá. 2006. P. 34, a simples indicação da liquidação por arbitramento e por artigos já desfaz tal
impressão. Em sentido diverso, mas recomendado à alteração da regra para suprir o defeito, Antonio Carlos Matteis
de Arruda, A nova liquidação de sentença. São Paulo. 1981. RT. N.3, p.31. Destaca a melhor técnica da lei anterior
José Maria Rosa Tesheiner, Nova sistemática processual civil. Caxias do Sul. Plenum. 2006. 2ª ed. p.102. 13
Exemplo de Marcelo Abelha Rodrigues, Manual de execução civil. Rio de Janeiro. Forense Universitária. 2007. 2ª
ed. pp.479-483.
17
à “fase de liquidação”.14
E aonde se realizaria tal empresa, senão mediante a “liquidação” e no
âmbito de suas espécies? A única conclusão concebível de que o procedimento da liquidação
aplicar-se-á em outras prestações.15
Tratando-se de prestações de entrega de coisa determinada pelo gênero, e pela
quantidade, também conhecida como genéricas, a remissão do art.475-I, caput, conduz à
aplicação do art.461-A, p 1º, que prevê o incidente de concentração, e, por tal motivo, o
legislador não se comoveu a mencionar a individualização no art.475-A, caput.16
Na mesma linha de raciocínio, Humberto Theodoro Júnior17
, expõe que “coisas e fatos
também podem ser previstos de maneira genérica na sentença a executar”, mas, sem qualquer
menção aos artigos 461 e 461-A, aconselha a aplicar, por analogia, o procedimento da liquidação
por arbitramento ou por artigos, caso seja necessária a liquidação das sentenças de obrigações
específicas.
1.3 - Intimação do devedor para liquidação
De acordo com o § 1o, do art. 475-A, do CPC, do requerimento de liquidação de sentença
será a parte intimada, na pessoa de seu advogado.
Da leitura do parágrafo acima, percebe-se que o legislador procurou excluir mais uma
ruptura ou quebra que existia no processo, de modo que a liquidação, seja por artigos ou por
arbitramento, não mais se inicia com a citação do devedor na pessoa de seu advogado, como
previa o art. 603.
Ainda preceitua o art. 475-I, do CPC, que o cumprimento da sentença far-se-á conforme
os arts. 461 e 461-A desta Lei ou, tratando-se de obrigação por quantia certa, por execução, nos
termos dos demais artigos deste Capítulo.
Desta forma, percebe-se que a liquidação deixa de ser um processo autônomo que
precedia o processo de execução, para ser apenas uma fase ou incidente processual de um único
processo, qual seja, o processo jurisdicional. Por este motivo, não há mais citação, e sim, uma
simples intimação do advogado para acompanhar a quantificação do direito genérico
reconhecido na sentença.
14
Cássio Scarpinella Bueno, Curso sistematizado de direito processual civil. São Paulo. Saraiva. 2008, v.3, p.111. 15
Flávio Cheim Jorge, Fredie Didier Jr. e Marcelo Abelha Rodrigues, A terceira etapa da reforma processual civil.
São Paulo. Saraiva. 2006. p.87. Em sentido contrário, Antonio Carlos Marcato, Da liquidação de sentença. São
Paulo. Saraiva. 2007. n. 9, p. 101. 16
Assis, Araken de Assis. Cumprimento da Sentença. Rio de Janeiro. Forense. 2009. 2ª edição, p.94. 17
Theodoro Jr, Humberto Theodoro Jr. As novas reformas do código de processo civil. Leis nº.s 11.187, de
19.10.2005; 11.232, de 22.12.2005; 11.276 e 11.277, de 07.02.2006; e 11.280, de 16.02.2006.. Rio de Janeiro:
Forense, 2006. 1ª ed.
18
Importante lembrar os conceitos de citação e intimação. O primeiro é o ato pelo qual se
chama a juízo o réu (ou o interessado) para se defender. Se o réu já se encontra em juízo, ainda
que fosse representado por seu advogado, não se trata mais de citação, mas de intimação para se
defender. A propósito, a intimação pode ser feita por mera publicação no Diário Oficial.
Nos casos de liquidação em sentença penal condenatória, em sentença arbitral e em
sentença estrangeira, ocorrerá citação mediante mandado, ou, eventualmente, por via postal e por
edital, respeitados os respectivos pressupostos de admissibilidade. (art. 475-N).
Por fim, em nome do princípio da economia processual, tratando-se de dívida pecuniária
e, portanto, passível de liquidação por intermédio de cálculo aritmético, o vencido requererá o
depósito nos próprios autos do processo, aplicando-se, conforme a atitude tomada pelo credor, o
art.581. É licito ao credor requerer o levantamento imediato da quantia incontroversa. Mas, nos
casos em que se mostra necessária a liquidação do título por arbitramento ou por artigos,
legitimar-se-á o vencido, ativamente, para pleiteá-la, segundo os procedimentos dos 475-C e
475-E.18
1.4 - Competência na liquidação
Apesar de omisso o art. 475-A, p.1º, o requerimento de liquidação se dirigirá ao juiz
competente, que corresponde ao da execução, conforme estipula, nas ações coletivas, o art.98,
p.2º, I, da Lei n. 8.078/90. Aplica-se, portanto, o disposto no art. 475-P (infra, 49).
Quando se tratar de liquidação-incidente, não há dúvida: considerando que se trata de
incidente cognitivo que surge no curso da fase executiva do processo ou no curso de processo de
execução autônomo19
, a competência para conhecê-lo é do mesmo juízo competente para
conhecer da execução.
Quando de se tratar de liquidação-fase, a competência para proceder à liquidação da
sentença será do juízo que proferiu a decisão liquidanda aplicando-se aqui os incisos I e II do
art.475-P do CPC. Trata-se de competência funcional – portanto, absoluta-, porque relacionada
ao exercício de uma função dentro do mesmo processo, e decorre também de uma conexão por
sucessividade. Considerando que o objetivo da atividade de liquidação é a complementação da
norma jurídica individualizada definida na decisão liquidanda, não se pode aplicar a opção
18
Assis, Araken de Assis, Cumprimento da Sentença. Rio de Janeiro. Forense. 2009. 2ª ed. p.114. 19
Como ocorre com a conversão em perdas e danos das obrigações de entrega de coisa, de fazer ou de não fazer
fundadas em título extrajudicial (CPC, arts. 627, p.2º, 633, p.único, 638, p.ún., e 643).
19
conferida ao credor pelo parágrafo único do art.475-P do CPC20
. Essa possibilidade de escolha
tem por objetivo viabilizar uma maior efetividade das providências executivas o que não é objeto
de discussão na fase de liquidação do julgado.
1.5 - Liquidação Provisória
A liquidação poderá ser requerida na pendência de recurso, processando-se em autos
apartados, no juízo de origem, cumprindo ao liquidante instruir o pedido com cópias das peças
processuais pertinentes.
O § 2º do art. 475-A inovou ao possibilitar ao credor dar início à fase de liquidação ainda
que a sentença não tenha transitado em julgado. Em outras palavras, se houver recurso ainda
pendente de julgamento e este recurso não tiver efeito suspensivo, o credor poderá pedir pela
liquidação da sentença em autos apartados instruindo o requerimento com cópias dos atos
processuais pertinentes à liquidação.
Basta que o recurso interposto contra a sentença condenatória não tenha efeito
suspensivo, seja ela de primeira, segunda ou até de instância especial, Nessas hipóteses, a
sentença poderá ser executada, ainda que provisoriamente.
À priori, a publicação deveria ser um ato simples e célere. Quem dera! Há casos em que o
trâmite do processo fica alguns meses parados em cartório à espera da publicação de algum ato.
Cassio Scarpinella Bueno21
, atenta para a possibilidade de o credor iniciar a liquidação
ainda que o recurso tenha efeito suspensivo. Segundo o doutrinador, aplica-se o art. 5º, LXXVIII
da Constituição Federal, no sentido de que toda prestação jurisdicional deve ser “pensada e
repensada com vistas à sua agilidade e à economia de atos processuais”. Com efeito, o credor
tem o direito de saber o exato valor da condenação e para que isso aconteça, ele não precisa dar
início à fase de cumprimento de sentença. Além do mais, os custos relativos à liquidação
provisória são suportados por quem a promove e o réu não terá qualquer custo a suportar.
Sendo assim, é de se pensar que o início da liquidação provisória só pode trazer
benefícios à atuação jurisdicional. Além do mais, ela não trará qualquer prejuízo ao devedor,
pois dar início à liquidação não significa que a “execução” esteja autorizada.
Portanto, não é necessário aguardar o trânsito em julgado da decisão para só então
promover a sua liquidação.
20
Pelo parágrafo único do art.475-P, “o exeqüente poderá optar pelo juízo do local onde se encontram bens sujeitos
à expropriação ou pelo atual domicilio do executado, casos em que a remessa dos autos do processo será solicitada
ao juízo de origem”. 21
BUENO, Cássio Scarpinella Bueno. A nova etapa da reforma do código de processo civil, v 1. Comentários
sistemáticos às leis nº11.187, de 19-12-2005, e 11.232, de 22-12-2005. São Paulo: Saraiva, 2006.
20
Se a decisão contiver capítulos líquidos e outros ilíquidos, é possível ao credor promover,
simultaneamente, a liquidação destes e a execução daqueles (CPC, art.475-J, p.2º). Ainda que
não houvesse autorização legal para tanto, poder-se-ia chegar à mesma conclusão a partir da
aplicação da teoria dos capítulos de sentença.
A liquidação na pendência de recurso recebido com ou sem efeito suspensivo constitui
opção do vencedor. Ela se mostra útil e proveitosa exatamente antes da execução provisória,
porque encurta o tempo necessário à satisfação do direito. A liquidação em si não é provisória,
mas definitiva.
1.6 - Requerimento para cumprimento da sentença (liquidação por cálculo)
A primeira modalidade de liquidação, através de cálculo do credor, caracteriza-se pela
singeleza. Aplica-se, exclusivamente, às obrigações pecuniárias. Somente quanto a elas o objeto
da prestação é indivisível através do “cálculo aritmético” aludido no art.475-B, caput.
Caracteriza tal espécie de liquidação o fato de prescindir de averiguações sobre fatos
controvertidos.22
Todavia, a operação aritmética para obter o importe exato da dívida em
dinheiro assume alta complexidade nos contratos bancários, exigindo liquidação por
arbitramento.23
A liquidação por cálculo do credor substituiu a antiga regra de liquidação por
cálculo do contador, no entanto, quando a planilha do cálculo apresentada pelo credor manifestar
excessos em relação à sentença condenatória, o juiz poderá exigir o seu exame pelo contador do
juízo. A outra hipótese em que o juiz poderá requisitar os serviços do perito judicial será quando
o credor se valer da assistência judiciária e tiver dificuldades para elaborar, com precisão, o
cálculo da condenação.
Em outras palavras, quando a apuração exata do quantum depender apenas de cálculo
aritmético, deverá o credor elaborá-lo privadamente, apresentando ao juiz o detalhamento das
operações feitas (somas, multiplicações, aplicação de índices de juros etc.) e o resultado final.
A função deste detalhamento é demonstrar como se chegou ao valor que se pretende
executar, dando ao juiz e ao devedor efetivo conhecimento a respeito da sua composição.
O art.475-B, p.1º, trata da situação do credor que, para realizar o cálculo necessita de
dados que estão em poder da parte contrária ou de terceiros. Nestes casos, está o credor despido
22
MARQUES, J.P. Remédio Marques, Curso de processo executivo comuna face do código revisto. Coimbra:
Almedina, 2000. 23
MONTERO AROCA, Juan Montero Aroca, FLORS MATÍES, José Flors Matíes. El proceso de ejecución.
Valencia: Tirant Lo Blanch, 2001.
21
de condições de proceder ao cálculo por força própria, já que não dispõe dos elementos
necessários para tanto.
Nestas hipóteses, o credor deve solicitar – mediante requerimento simples ao juiz da
causa que intime o devedor, ou cite o terceiro, para que preste as informações necessárias em
prazo não superior a trinta dias (art.475-B, p.1º).24
Note-se que aí não há instauração de processo autônomo. Trata-se de mero incidente
ligado ao processo de conhecimento (antecedente à fase do cumprimento da sentença) ou ao
processo de execução (sentença penal condenatória transitada em julgado – art.475-N, II). De
todo modo, variará o procedimento segundo se trate de incidente formado contra o executado ou
contra terceiro.
1.7 - Liquidação por arbitramento
A liquidação por arbitramento se dá mediante a atividade de perito judicial objetivando
fixar o valor de certo bem ou de determinada prestação. Esta forma de liquidação é utilizada
conforme preceitua o art.475-C, em duas situações: i) quando sentença ou convenção das partes
impuser o seu uso; ou ii) quando a natureza do objeto da liquidação assim o exigir.
Considerando que o objeto deste trabalho consiste na abordagem das modificações
trazidas pela Lei nº 11.232/2005, não se fará maiores comentários em relação às normas
meramente repetidas como é o caso do art. 475-C, tendo em conta que é copia do art. 606,
expressamente revogado pelo art. 9º da referida lei.
Contudo, vale à pena destacar uma observação importante de Cassio Scarpinella Bueno,25
no sentido de que a nova redação do art. 475-A, ao retirar a segunda hipótese de ocorrência de
liquidação (quando a sentença não individuar o objeto da condenação), não significa descartar a
liquidação por arbitramento quando houver esta finalidade. Ainda mais porque o contraditório é
um fator importante para que a individuação do objeto se dê adequadamente.
A liquidação por arbitramento ocorre quando não for possível apurar o montante da
condenação por meros cálculos aritméticos ou quando não houver necessidade de provar novos
fatos para tanto.
Como acima mencionado esta forma de liquidação reclama conhecimentos técnicos dos
árbitros (peritos judiciais). Pode vir determinada na própria sentença, ser convencionada pelas
24
MARINONI, Luiz Guilherme Marinoni, Curso de Processo Civil, v. 3. São Paulo. Revista dos Tribunais. 2008,
p.126. 25
BUENO, Cássio Scarpinella Bueno. A nova etapa da reforma do código de processo civil, volume 1: comentários
sistemáticos às leis nº11.187, de 19-12-2005, e 11.232, de 22-12-2005. São Paulo: Saraiva. 2006, p. 56.
22
partes ou quando a natureza da própria prestação o exigir. O procedimento é o mesmo da prova
pericial.
O devedor será intimado na pessoa de seu advogado para acompanhar os atos da
liquidação. O juiz nomeará um perito, marcando, desde logo, o prazo para a entrega do laudo. Se
desejarem, as partes terão cinco dias para nomear assistente técnico e formular quesitos. Após a
apresentação do laudo pelo perito, as partes terão dez dias para se manifestarem, quando então, o
juiz poderá decidir sobre o valor da condenação ou designar audiência de instrução e julgamento.
Seguindo a tendência da nova Lei nº 11.232/2005 em transformar o processo de
liquidação em fase ou etapa de liquidação, o legislador tratou de retirar a palavra “sentença” do
parágrafo único do art. 475-D e preferiu adotar para caracterizar o final da “fase da liquidação” o
correto termo “decisão”.
A decisão admitirá, pelo prejudicado, recurso de agravo, não impedindo, portanto, o
seguimento do feito e o início da execução, salvo se obtido efeito suspensivo no recurso
interposto.
1.8 - Liquidação por artigos
A liquidação por artigos deve ser feita quando, para a determinação do valor da
condenação, houver necessidade de se alegar e provar fato novo (art.475-E). Entende por fato
novo o que ficou fora da condenação por não ter sido alegado, em virtude de autorização legal,
na fase de conhecimento e que tenha influência direta na apuração do quantum debeatur.26
A título de exemplo, pode-se citar a ação de indenização derivada de erro médico quando
a vítima ainda não sabe em definitivo quais foram às conseqüências.
Na liquidação por artigos observar-se-á o procedimento até então desenvolvido, seja
ordinário ou sumário. O fato é que esta nova fase deve assegurar o amplo contraditório e a ampla
defesa para ambas as partes, pois se busca a identificação de fato novo e que, portanto, precisa
ser provado. Art. 475-G. É defeso, na liquidação, discutir de novo a lide ou modificar a sentença
que a julgou.
Desta forma, o legislador procura afastar qualquer possibilidade das partes usarem a
liquidação, principalmente a liquidação por artigos, na qual há um novo juízo de conhecimento,
para tentar modificar aquilo que já foi decidido na sentença.
Em resumo, a liquidação serve apenas para se quantificar aquilo que já foi decidido na
sentença. Não serve para alterar a sentença.
26
MARINONI, Luiz Guilherme Marinoni. Curso de Processo Civil. v. 3. São Paulo. Revista dos Tribunais. 2008,
p.126.
23
No intuito de deixar claro que a liquidação é uma mera fase ou etapa do processo
jurisdicional, e não um processo autônomo, o art. 9º da Lei nº 11.232/2005, revogou
expressamente o inciso III do art. 520 do CPC, segundo o qual se previa o efeito meramente
devolutivo para a apelação da “sentença de liquidação”.
Em outras palavras, a liquidação não é mais um processo autônomo, mas apenas uma fase
ou incidente processual. Consequentemente, sua decisão é interlocutória uma vez que ela resolve
questão incidente do processo. E o que desafia uma decisão interlocutória é o agravo de
instrumento.
Cassio Scarpinella Bueno,27
atenta para o fato de que a decisão a que se refere o art. 475-
H só diz respeito à liquidação por arbitramento ou por artigos.
Quando a quantificação da obrigação depender somente de cálculos aritméticos, não há
um encerramento formal da fase de liquidação, uma vez que não houve fase de liquidação.
Bueno explica que ainda que o juízo profira decisões interlocutórias, por sinal, todas elas
recorríveis, não se tratam da decisão prevista no art. 475-H. E assevera: “Ademais, pela lógica da
fase de cumprimento de sentença criada pela Lei nº 11.232/2005, o devedor questionará a
exatidão dos cálculos apresentados pelo credor em sua impugnação, o que fará nos termos do art.
475-L, V, e p.2º”.
Em suma, a quantificação da obrigação por cálculos faz parte do cumprimento da
sentença e o que desafia esta decisão é a impugnação prevista no art. 475-L.
CAPÍTULO 2
CUMPRIMENTO DA SENTENÇA
O cumprimento da sentença far-se-á conforme os arts. 461 e 461A desta Lei ou, tratando-
se de obrigação por quantia certa, por execução, nos termos dos demais artigos deste Capítulo.
Este novo capítulo inserido no Livro I do Código de Processo Civil através da Lei nº
11.232/2005 e denominado “Cumprimento de sentença”, trouxe modificações substanciais em
relação à execução de títulos judiciais.
Conforme já foi falado anteriormente, finalmente, o Código de Processo Civil extinguiu a
remansosa dualidade entre o processo de conhecimento e processo de execução.
Por sinal, esta dualidade já vinha sendo quebrada desde a primeira reforma processual
com o advento da lei 8.952/94 que trouxe para o art. 461 a novidade constante do Código de
27
BUENO, Cássio Scarpinella Bueno. A nova etapa da reforma do código de processo civil, v.1: comentários
sistemáticos às leis nº 11.187, de 19-12-2005, e 11.232, de 22-12-2005. São Paulo: Saraiva. 2006, p. 56.
24
Defesa do Consumidor, segundo o qual, nas obrigações de fazer ou não fazer o juiz ao
sentenciar, poderia ele mesmo ordenar as medidas necessárias para o resultado prático da
obrigação.
Com a segunda reforma do CPC, veio à lei 10.444/2002 que adotou o mesmo
procedimento do art. 461 às sentenças condenatórias de entrega de coisa (art. 461-A), e,
finalmente, com a Lei nº 11.232/2005, as sentenças condenatórias de pagamento de quantia certa
não mais ensejam a instauração de um novo processo de execução para o seu cumprimento.
Conforme estabelece o art. 475-I, utilizam-se os dispositivos inseridos no novo Capitulo X, do
Título I, Livro I do CPC.
As regras do art. 475-I ao art. 475-R dizem respeito, tão somente, ao cumprimento da
sentença que condena ao pagamento de quantia em dinheiro. Para o autor, a regra é clara ao
analisar o caput do art. 475-I.
Quando o objeto da sentença for entrega de coisa ou obrigações de fazer ou não fazer, o
procedimento relativo ao seu cumprimento segue as regras previstas nos artigos 461-A e 461
respectivamente.
Convém notar, outrossim, que o cumprimento das sentenças condenatórias de fazer, não
fazer ou para a entrega de coisas ocorrem por determinação do próprio juiz que as proferiu,
enquanto que para as sentenças de pagamento de quantia certa será preciso um requerimento da
parte nesse sentido. Mas ambos os procedimentos ocorrem no mesmo processo já iniciado, ou
seja, não será preciso instaurar um novo processo de execução para o cumprimento das
sentenças.
É importante destacar também, que o art. 475-I, juntamente com o art. 475-J, descreve
quais os atos que o credor deve tomar para ver seu direito realizado concretamente, sendo que,
conforme mencionado acima, estes atos se darão na mesma relação processual onde seu direito
foi reconhecido.
2.1 - Execução definitiva e execução provisória
O parágrafo primeiro do artigo 475-I traz as definições de execução provisória e
execução definitiva, sendo que a primeira pode ocorrer quando ainda não houve o trânsito em
julgado da sentença condenatória e quando sobre ela pende recurso com efeito meramente
devolutivo.
25
A execução definitiva se baseia em “sentença transitada em julgado”. A coisa julgada
surgirá e, portanto, a execução definitiva do respectivo provimento, nos termos do art.567, in
fine, quando a sentença não mais se sujeita a qualquer recurso, ordinário ou extraordinário.28
Em relação à sua natureza, a execução provisória constitui uma forma de antecipar a
atividade executiva.
Segundo o artigo 475-O, a execução provisória far-se-á, no que couber, do mesmo modo
que a definitiva. Na verdade, o dispositivo reclama interpretação conjunto com o artigo 475-I,
caput, a saber: o cumprimento das ordens judiciais, o das prestações de entrega de coisa e o das
prestações de fazer, seguirá o disposto no art.461 e no artigo 461-A, enquanto o das prestações
pecuniárias se governará pelo Capítulo X e, supletivamente, pelas disposições do art.475-R. E
significa, outrossim, que também na execução provisória a forma e a ordem dos atos executivos
se alteram, a critério do juiz, consoante as necessidades práticas da realização dos comandos
judiciais.29
Portanto, o exeqüente empregará na execução provisória, assim como na execução
definitiva, os meios executórios legalmente predispostos.
2.2 - Cumprimento voluntário da sentença
Início do prazo para cumprimento voluntário da sentença Malgrado se tratar de um dos
mais importantes dispositivos da reforma, o legislador não foi totalmente claro ao redigir o
artigo. Faltou esclarecer várias dúvidas em relação ao procedimento, a começar pelo prazo de
quinze dias mencionado no caput. Questiona-se quanto ao início deste prazo, e como o devedor
deverá proceder para pagar a obrigação voluntariamente, quando nos autos não houver elementos
quanto ao valor atualizado da mesma. Isso poderá acontecer quando o trânsito em julgado se der
em instância superior. Até que os autos retornem à instância de origem, com certeza, já se passou
os quinze dias previstos para pagamento sem a incidência da multa, nos termos do artigo 475-J.
Desta forma, Cassio Scarpinella Bueno30
, entende que o prazo correrá a partir da
intimação das partes, por intermédio de seus advogados, de que os autos baixaram do tribunal,
ou melhor, dizendo, a partir do "cumpra-se o v. acórdão", que geralmente é proferido quando os
autos voltam do tribunal, após o julgamento do recurso. Da mesma forma, na execução
provisória, o prazo se inicia a partir da intimação do despacho que a autoriza.
28
Assis Araken de Assis. Cumprimento da Sentença. Rio de Janeiro. Forense. 2009. 2ª ed. p.142. 29
Assis, Araken de Assis. Manual da execução. São Paulo. RT. 1998, n. 6, pp. 85-88. 30
BUENO, Cássio Scarpinella Bueno. A nova etapa da reforma do código de processo civil, v.1: comentários
sistemáticos às leis nº 11.187, de 19-12-2005, e 11.232, de 22-12-2005. São Paulo: Saraiva. 2006, p. 78.
26
A outra dúvida está nos casos em que o valor da condenação depende de cálculos do
credor. A doutrina diverge se o prazo começa a contar a partir do "cumpra-se o v. acórdão" ou,
da apresentação dos cálculos pelo credor.
Nesse caso, Bueno entende que a mera atualização dos cálculos não é uma liquidação,
sendo que o próprio devedor deverá tomar a iniciativa de elaborar os cálculos e efetuar o
depósito da quantia devida nos próximos quinze dias sob pena da condenação ser acrescida da
multa de 10%. Se o credor não acatar os cálculos do devedor, então os atos da execução poderão
ter início sobre a diferença.
Há na doutrina, uma posição que entende ser necessária a intimação, na pessoa do
devedor e não de seu advogado, para que a sentença seja cumprida, e que somente após esta
intimação o prazo de 15 dias começa a ser contado. Entre os argumentos, há o fato de que não
existe no caput do art. 475-J, qualquer menção de que a intimação do advogado do réu baste,
para que tenha início o prazo de 15 dias. Alegam também que o cumprimento da obrigação e a
multa de 10% são atos que dizem respeito ao devedor e não ao advogado. Quem irá pagar o
débito e eventualmente suportar a multa será o devedor e, portanto, cabe a ele o recebimento da
intimação.
O Início do prazo para cumprimento voluntário da sentença é dos mais polêmicos na
moderna doutrina do direito processual civil brasileiro, e precisa ser examinada com cuidado.
Como se sabe tudo gira em torno da dificuldade em se determinar com exatidão qual deve
ser o termo a quo do prazo de quinze dias a que se refere o art.475-J do Código de Processo
Civil, prazo este dentro do qual o devedor condenado apagar quantia pode, voluntariamente,
cumprir a condenação, sendo certo que o não cumprimento nesse prazo implica a incidência de
multa de dez por cento sobre o valor devido.
Toda a divergência existe pelo fato de o texto do art. 475-J não ser expresso em
estabelecer qual será este termo inicial. Constasse do texto do dispositivo legal qualquer termo
inicial expressamente indicado, e nenhuma divergência existiriam.
A primeira questão a enfrentar, para que se possa chegar à adequada solução da matéria,
consiste em saber se há ou não necessidade de intimação para que corra o prazo. Isto porque
alguns juristas sustentam que, por não haver no art. 475-J do CPC expressa referência à
necessidade de intimação, a mesma estaria dispensada, correndo o prazo “automaticamente”.
Este, aliás, é entendimento que conta com o beneplácito de importante setor da
jurisprudência, especialmente nos acórdãos proferidos pelo Superior Tribunal de Justiça no
julgamento do recurso especial n. 954.859, REL.MIN. Humberto Gomes de Barros, e no Agravo
no Agravo de Instrumento n. 1001107, REL.MIN. Sidnei Beneti. Também na doutrina há quem
27
assim entenda como é o caso do eminente processualista Athos Gusmão Carneiro31
(“Do
„cumprimento da sentença‟ conforme a Lei n° 11.232/05. Parcial retorno ao medievalismo? Por
que não?”).
Diversamente, é o entendimento do ilustre processualista Alexandre Freitas Câmara32
que
leciona: “Ponto importante a se enfrentar é o da determinação do termo inicial do prazo de
quinze dias a que se refere o art.475-J do CPC. Parece-nos que esse termo a quo deve ser a
intimação pessoal do demandado para pagar. A nosso juízo, a partir do momento em que a
sentença começar a produzir efeitos deverá o juiz determinar a intimação pessoal do devedor
para pagar o valor indicado na sentença (ou na decisão do incidente de liquidação), no prazo de
quinze dias, sob pena de multa”.
Outra possibilidade seria considerar-se que o prazo de quinze dias correria a partir do
momento em que os autos baixassem ao juízo de origem. Mas como determinar que momento
fosse esse se não haveria intimação? Teria o advogado de postar-se à porta do cartório do juízo, a
examinar todos os autos de todos os processos que ali chegassem, a fim de saber com exatidão
em que momento chegou os autos do processo em que seu cliente foi condenado?
Outro aspecto divergente na doutrina diz respeito a quem deverá ser dirigida a intimação?
Deve ser feita pelo diário oficial, ao advogado, ou pessoalmente ao devedor?
Há quem sustente, em sede doutrinária, que bastaria a intimação do advogado, pelo diário
oficial, por não haver expressa exigência de intimação pessoal. É o que sustenta, por exemplo, o
eminente processualista Cássio Scarpinella Bueno.33
Neste sentido, também, há jurisprudência,
como se pode ver, por exemplo, pelo acórdão proferido pela Décima Primeira Câmara Cível do
Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro no julgamento do agravo de instrumento n.
2009.002.03463, relatado pelo eminente Desembargador Roberto Guimarães.
De outro lado, há quem entenda que a intimação, aí, tem de ser feita pessoalmente ao
devedor. Este é entendimento sustentado, em sede doutrinária, entre outros, pelo eminente
professor pernambucano Misael Montenegro Filho, 34
e que já foi respaldado, na jurisprudência,
por exemplo, no acórdão proferido pela Sétima Câmara Cível do Egrégio Tribunal do Estado do
Rio de Janeiro no julgamento do agravo de instrumento n. 2009.002.01556, relatado pela
eminente Desembargadora Maria Henriqueta Lobo.
31
CARNEIRO, Athos Gusmão Carneiro. Do ‘Cumprimento da sentença’ conforme a lei n. 11.232/05. Parcial
Retorno ao medievalismo? Por que não? In Revista Dialética de Direito Processual, 38/28.
32 CÂMARA, Alexandre Freitas Câmara. Lições de Direito Processual Civil. V.II. Rio de Janeiro. Lumes Júris. 12ª
edição, p.467-468. 33
BUENO, Cássio Scarpinella Bueno. A nova etapa da reforma do Código de Processo Civil. V.1. São Paulo:
Saraiva 2006, pp. 77-78.
28
Sobre este mesmo entendimento, vale aludir à opinião de um dos mais ilustres
processualistas brasileiros, o eminente professor Egas Dirceu Moniz de Aragão: 35
“A parte somente será intimada quando deve, ela própria, ter ciência de algo, a fim de
fazer ou não fazer alguma coisa”.
Outro aspecto há a considerar. A obrigação de pagar dinheiro é uma obrigação civil como
outra qualquer. Ocorre que para a fluência de prazo para cumprimento, pelo devedor, de
prestações de fazer, não fazer ou entregar coisa a que tenha sido condenado, tem sido pacífico o
entendimento jurisprudencial no sentido de exigir a intimação pessoal.
A exigência de intimação pessoal para que corra o prazo para cumprimento voluntário da
condenação é certa quando se trata de obrigação de entregar coisa.
Por fim, muito se tem dito no sentido de que a defesa da tese sustentada de intimação
pessoal do devedor, levaria ao cancelamento das vantagens da reforma do CPC. Isto porque
antes da reforma operada pela Lei n. 11.232/2005 a execução da sentença que condena a pagar
dinheiro era tratada como processo autônomo em relação ao de conhecimento, o que tornava
indispensável à realização de citação. Pois, diz-se, esta citação era um dos motivos da
morosidade da execução, já que o demandado muitas vezes fazia o possível para evitar ser
citado, o que tinha de acontecer de forma pessoal. Diz-se, então, em verdadeiro argumento ad
terrorem, que se dispensar à citação – já que agora a execução de sentença não é mais outro
processo, mas fase complementar daquele mesmo processo em que a sentença foi proferida –
mas se exigir a intimação pessoal do devedor seria, na prática, uma mera modificação do nomen
iuris do ato de comunicação, sem qualquer efeito prático.
Exigir que o devedor seja intimado pessoalmente para o cumprimento da sentença é
voltar à “citação do processo de execução”, pela qual o processo passava longo tempo parado à
espera do devedor ser encontrado. Só terá mudado o nome de citação para intimação, mas os
resultados práticos serão os mesmos. Será que o devedor precisa ser avisado novamente de que
ele deve pagar o credor? Em resumo, é atuar descaradamente em prol dos devedores. Para
Humberto Theodoro Júnior, 36
, se o devedor quiser evitar a multa, deve pagar no prazo de quinze
dias após o trânsito em julgado da sentença condenatória. E se o trânsito em julgado se der em
instância superior, recomenda-se que o prazo somente tenha início quando da intimação das
partes da chegada dos autos.
34
MONTENEGRO FILHO, Misael Montenegro Filho. Cumprimento da sentença e outras reformas processuais.
São Paulo: Atlas, 2006, p.58. 35
MONIZ DE ARAGÃO, Egas Dirceu Moniz de Aragão. Comentários ao Código de Processo Civil. V.II. Rio de
Janeiro. Forense, 2004, 10ª ed. p.264. 36
THEODORO JÚNIOR, Humberto Theodoro Junior. As novas reformas do código de processo civil. Leis nº.s
11.187, de 19.10.2005; 11.232, de 22.12.2005; 11.276 e 11.277, de 07.02.2006; e 11.280, de 16.02.2006. Rio de
Janeiro: Forense, 2006. 1ª ed.
29
Mas como não é esse o entendimento da jurisprudência, Theodoro Jr. elenca várias
maneiras com que o devedor poderia se livrar da multa, como por exemplo, promover o
pagamento da condenação de imediato, antes dos autos chegarem do tribunal, podendo ser
diretamente ao credor ou não. Instaurar um procedimento equivalente ao da execução provisória
do art. 475-O, em primeiro grau de jurisdição, utilizando cópias das peças que estão no tribunal.
Enfim, poderia promover o depósito da quantia devida em conta corrente em nome do
credor, nos moldes da consignação em pagamento extrajudicial prevista no art. 890, § 1º.
Seja qual for à forma de pagamento escolhida, eventual saldo resultante da atualização do
débito, poderá ser resolvido após a chegada dos autos, sendo que ao menos, o valor principal será
pago antes dos quinze dias, revelando que a intenção do devedor não é protelar o pagamento.
Em resumo, a doutrina divide-se em três correntes: 1ª. O prazo tem início
automaticamente a partir do momento em que a sentença se torna exeqüível, seja porque
transitou em julgado, seja porque impugnada por recurso destituído de efeito suspensivo
(execução provisória); 2ª. O prazo se inicia com a intimação do devedor, na pessoa de seu
advogado; 3ª O início do prazo depende de uma intimação pessoal do devedor;
Todavia, já existe provimento no STF no sentido de que o prazo se inicia quando da
publicação do trânsito em julgado, ainda que os autos estejam na instância recursal. Sendo assim,
caso o devedor não queira ter a incidência da multa de 10%, deverá pagar a quantia nos 15 dias
seguintes à publicação do trânsito em julgado, mediante guia de depósito no juízo de origem.
Isto porque o principal objetivo da nova sistemática é justamente promover o pagamento
voluntário sem haver execução forçada. Para tanto, utiliza-se a coação psicológica gerada pela
multa do art. 475-J. Dar concessões ao devedor, no sentido de esperar que os autos retornem sem
incidir a multa, ou exigir que se ache o devedor a fim de ele seja intimado pessoalmente, vai
contra o pensamento da nova sistemática, que almeja atingir a celeridade e efetividade da
jurisdição.
No reforço dessa tese, em recente decisão, o Superior Tribunal de Justiça, na esteira de
seu papel de uniformizador da interpretação da lei federal, definiu que independe de intimação
pessoal a contagem do prazo de 15 dias para o pagamento de condenação de quantia certa.
Os Ministros determinaram que o termo inicial dos 15 dias para o pagamento voluntário
deve ser o trânsito em julgado da sentença. Após este prazo, independentemente de nova
intimação do advogado ou do devedor para cumprir a obrigação, incidirá a multa de 10% sobre o
valor da condenação.
O tema foi julgado na Terceira Turma, sob a relatoria do Ministro Humberto Gomes de
Barros e servirá como paradigma para os demais tribunais. De acordo com o Ministro relator, a
Lei nº 11.232/2005, a fim de proporcionar maior agilidade ao processamento, impôs ao devedor
30
o ônus de tomar a iniciativa e cumprir a sentença rapidamente e de forma voluntária. Em seu
voto, o ministro afirma que “o bom patrono deve adiantar-se à intimação formal, prevenindo seu
constituinte para que se prepare e fique em condições de cumprir a condenação”.
Nesse sentido, pode-se visualizar que, com exceção de alguns doutrinadores, os tribunais
“adotaram” a Lei nº 11.232/2005, no sentido de interpretá-la de forma a cumprir sua verdadeira
finalidade, ou seja, a de conferir maior eficácia e celeridade à prestação jurisdicional.
2.3 - Multa
A norma do art. 475-J impõe de maneira taxativa, a incidência da multa em caso de
descumprimento da sentença condenatória, não podendo o juiz se furtar da medida ou alterá-la.
Embora no presente trabalho se procure evitar a análise das classificações ou rotulações
efetuadas pela doutrina9 em relação aos novos atos da Lei nº 11.232/2005, diz-se que a multa do
referido artigo segue o princípio da tipicidade das medidas executivas. Isso significa que o juiz
só pode usar os meios coercitivos previstos na lei. No caso em exame, a lei impõe de modo
taxativo, a incidência da multa de 10% no caso de descumprimento da condenação. Sendo assim,
o juiz não pode usar de seu arbítrio para deixar de aplicá-la, alterná-la por outra, ou, aumentar ou
diminuir o seu valor.
Sobre o princípio da tipicidade das medidas coercitivas, Luiz Guilherme Marinoni,37
em
brilhante artigo sobre o tema, explica que em razão desse princípio os cidadãos têm o direito de
saber quais os meios executivos coercitivos serão aplicados quando a sentença de condenação
não for observada. Analisa Marinoni que “esse princípio chega a ser curioso quando se pensa em
admitir uma garantia ao cidadão que descumpre a sentença, embora possa ser compreensível,
considerando-se o momento histórico em que foi forjado”.
É certo que aquele momento histórico que inspirou o Code Napoléon, onde qualquer
coerção das obrigações infungíveis constituía um atentado contra a liberdade dos homens, já não
se assemelha ao momento atual. As regras dos artigos 84 do CDC e 461 e 461-A do CPC são a
prova disto. Hoje, o direito fundamental à tutela jurisdicional efetiva exige que o juiz tenha poder
para determinar a medida executiva adequada ao caso concreto. É lastimável que o legislador
não levasse isso em consideração ao normar a regra do art. 475-J, ou, ao menos estabelecesse o
acréscimo do valor da multa, proporcional ao aumento do prazo de descumprimento, a exemplo
das astreintes do direito francês.
37
MARINONI, Luiz Guilherme Marinoni. Novidades na execução por expropriação. In: Jus Navigandi, Teresina,
a.9, n.628, 28 mar. 2005. Disponível em: <https://jus2.uol.com.br/ doutrina/texto.asp?id=6518>. Acesso em: 30 ago.
2005.
31
A multa do art. 475-J é uma medida coercitiva e não punitiva. Ela reverte em favor do
credor e serve para motivar o cumprimento voluntário da obrigação. Como toda medida
coercitiva, ela pode ser cumulada com aquela prevista no art. 14, V e parágrafo único.
A posição da doutrina é majoritária no sentido de que a base de cálculo da multa
compreende o valor principal e todos os seus consectários como juros, atualização monetária,
honorários advocatícios, custas processuais etc., enfim, tudo aquilo que deve ser pago pelo
devedor. Como já foi dito, não pode o juiz se abster de aplicar a multa. Porém, para Luiz
Rodrigues Wambier38
a multa não poderia incidir em casos em que o cumprimento imediato da
obrigação fosse impossível, ou muito difícil, e coloca como exemplos o fato do valor da
condenação superar o do patrimônio do réu, ou este não ter dinheiro disponível, mas apenas bens
móveis ou imóveis de difícil alienação, ou ainda, o fato dos bens deste estarem indisponíveis
como, por exemplo, penhorados em outra execução movida por terceiros.
Em que pese à opinião do respeitado Professor, entende-se que tais situações são bem
cotidianas para caracterizarem situações pelas quais o pagamento é muito difícil ou impossível.
Estas não são justificativas plausíveis para a abstenção da multa.
De acordo com o § 4º do art. 475-J, efetuado o pagamento parcial antes de completar os
quinze dias previstos no caput, a multa de 10% incidirá somente sobre o restante, isto é, sobre a
diferença entre o valor devido e o efetivamente pago. Em outras palavras, no julgamento da
impugnação, a multa incidirá, somente, sobre a quantia não depositada pelo devedor
oportunamente.
A dúvida persiste em relação à execução provisória. A doutrina diverge quanto ao
cabimento ou não da multa coercitiva nesta hipótese.
Cassio Scarpinella Bueno39
entende que a partir do momento em que a sentença transita
em julgado, ou em que a execução provisória é admitida, o devedor tem que pagar nos próximos
quinze dias, sob pena da incidência da multa de 10% sobre o valor da condenação.
Por outro lado, Luiz Rodrigues Wambier40
, alega não ser razoável impor o cumprimento
sob pena de multa, a uma sentença ainda passível de mudança. Ainda mais porque no caput do
art. 475-J, diz-se “pagamento” – e não o simples depósito em juízo – sob pena de multa, ou seja,
presume-se que a multa incida apenas no descumprimento da sentença já definitiva.
38
WAMBIER, Luiz Rodrigues Wambier. Sentença civil: liquidação e cumprimento. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2006. 3ª ed. p.422-423. 39
BUENO, Cássio Scarpinella Bueno. A nova etapa da reforma do Código de Processo Civil. V.1. São Paulo:
Saraiva 2006, p. 73. 40
WAMBIER, Luiz Rodrigues Wambier (coord.); CORREIA DE ALMEIDA, Flávio Renato Correia de Almeida;
TALAMINI, Eduardo Talamini. Curso avançado de processo civil. V. 2. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007,
execução. 9ª ed.p.284.
32
E ainda, para Ernane Fidélis dos Santos41
enquanto a execução for provisória não cabe a
multa, mas ela será devida logo após o trânsito em julgado.
Vale mencionar importante observação de Fredie Didier Jr., Paula Sarno Braga e Rafael
Oliveira, 42
de que o devedor poderia livrar-se da incidência da multa, efetuando o depósito
judicial da quantia devida, que somente seria levantada nos termos do art. 475-O, inciso III, ou
seja, contra caução prestada pelo credor. No entanto, eventual recurso que o devedor queira
interpor pode ser considerado inadmissível, uma vez que o depósito seria ato incompatível com a
vontade de recorrer conforme prevê o art. 503 do CPC.
Eles mesmos prelecionam que a multa não se aplica nos casos de execução de sentença
homologatória de acordo, judicial ou extrajudicial, quando no próprio acordo já se fixou multa
negocial pelo seu descumprimento. Argumentam que haveria bis in idem injustificável.
Vale dizer que para estes professores a multa em questão, tem dupla finalidade: “servir
como contra motivo para o inadimplemento (coerção) e punir o inadimplemento (sanção)”.
Sendo certo que se definido o caráter desta multa, tão somente, coercitivo, indubitavelmente ela
seria aplicada nos casos referidos acima, juntamente com a multa contratual.
Decorrido os quinze dias sem o pagamento, além de incidir a multa, abre-se o prazo para
o credor requerer o início da fase executiva, conforme dispõe o caput do art. 475-J. Se o valor da
condenação depender de cálculos aritméticos para sua determinação, o requerimento deve vir
acompanhado do demonstrativo atualizado do cálculo.
2.4 - Fase executiva - Requerimento para penhora e avaliação
Segundo o art.475-J, caput, vencido o prazo de espera de quinze dias, e deferido o
requerimento executivo apresentado pelo exeqüente, o órgão judiciário ordenará, se for o caso, a
citação do executado (art.475-N, parágrafo único), e a expedição do mandado de penhora e
avaliação.
Ou seja, ultrapassada a fase de cumprimento voluntário da sentença, a fase executiva terá
início com o requerimento do credor para a penhora e avaliação. Vale dizer, ocorrendo o trânsito
em julgado da sentença condenatória ou a admissão da execução provisória (ambas já liquidadas)
o devedor terá quinze dias para o pagamento voluntário da obrigação. Se no término dos quinze
dias, o devedor não efetuou o pagamento, terá então, início aos atos executivos previstos no art.
41
SANTOS, Ernane Fidélis dos Santos. Manual de direito processual civil, execução e processo cautelar, v.2. São
Paulo: Saraiva. 2006. 42
DIDIER Jr, Fredie Didier Jr; BRAGA, Paula Sarno Braga; OLIVEIRA, Rafael Oliveira. Curso de direito
processual civil: direito probatório, decisão judicial, cumprimento e liquidação da sentença e coisa julgada, v.2.
Salvador: Edições Podivm, 2007, p.453.
33
475-J. O credor terá seis meses para apresentar o requerimento de penhora e avaliação, sob pena
de arquivamento dos autos (art. 475, § 5º).
No pedido deverá constar a planilha atualizada e discriminada do débito, que conforme o
art. 475-B, parágrafos 3º e 4º, poderá passar pela apreciação do contador judicial caso o juiz
perceba algo indevido nos cálculos. A penhora terá como base a valor encontrado pelo contador
judicial enquanto que a execução continuará pelo valor trazido pelo exeqüente.
A novidade trazida pela Lei nº 11.232/2005 é que o exeqüente poderá, em seu
requerimento de penhora e avaliação, indicar desde já, os bens do executado a serem penhorados
conforme determinação do art. 475-J, § 3º.
A doutrina diverge em relação à observação da ordem dos bens prevista no art. 655 do
CPC.
Araken de Assis43
afirma que a ordem dos bens não se subordina à ordem do art. 655. Ela
é instituída em favor do exeqüente e que, portanto, vale àquele de alienação mais fácil e cômoda.
Por outro lado, ele entende que “o princípio da proporcionalidade, instituído no art. 62012,
impede que a escolha seja arbitrária”.
Para Luiz Rodrigues Wambier44
, a ordem legal estabelecida no art. 655 é aplicável em
razão do disposto no art. 475-R, segundo o qual “aplicamse subsidiariamente ao cumprimento da
sentença, no que couber, a norma que rege o processo de execução de título extrajudicial”.
Se os bens não forem indicados pelo credor, a função ficará a cargo do oficial de justiça
que poderá procurá-los, mas é obviamente bastante recomendável que o credor o faça. Também
se recomenda que o próprio exeqüente já aponte o valor do bem a ser penhorado, que pode ser
referendado pelo oficial de justiça ou pelo avaliador designado.
Pela nova sistemática, o próprio oficial de justiça deverá fazer a avaliação dos bens
juntamente com a penhora, ao contrário do modelo anterior quando a avaliação era após a
finalização dos embargos, antes da alienação judicial e realizada por perito avaliador. Vale
mencionar que esta reunião das funções (oficial de justiça e avaliador) em um mesmo órgão já é
realizada na lei de execução fiscal (lei 6.830/1980) e agora também na execução de títulos
extrajudiciais (lei 11.382/2006).
No caso da avaliação exigir conhecimento específico, na forma do § 2º do art. 475-J, o
juiz deve nomear um perito-avaliador para realizá-la. Registre-se que a lei manda que a
nomeação do perito e o prazo para a entrega do laudo devem ser “breves”.
43
ASSIS, Araken de Assis. Cumprimento da Sentença. Rio de Janeiro. Forense. 2006, p.142 p.271. 44
WAMBIER, Luiz Rodrigues Wambier (coord.); CORREIA DE ALMEIDA, Flávio Renato Correira de Almeida;
TALAMINI, Eduardo Talamini. Curso avançado de processo civil, v.2. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007.
Execução. 9ª ed. p.286.
34
Percebe-se uma grande insatisfação com a classe de serventuários da justiça,
principalmente em relação aos peritos avaliadores que costumam dispensar tempo longo demais
para a entrega do laudo.
É bem verdade que na execução fiscal, essa dupla atribuição ao oficial de justiça tem sido
alvo de críticas há mais de vinte anos. Fala-se que o oficial de justiça não tem preparo e
conhecimento técnico específico para realizar tal tarefa. Além do mais, reclama-se que no
momento da alienação judicial do bem penhorado o seu valor já está defasado, tendo em vista o
longo período decorrido.
Luiz Rodrigues Wambier45
rebate os argumentos acima lembrando que a nova lei,
expressamente, exclui a avaliação pelo oficial de justiça quando há necessidade de
conhecimentos especializados. E quanto à defasagem do valor da avaliação no momento da
alienação judicial, Wambier explica que no novo sistema vigente, tanto os embargos à execução
de titulo extrajudicial, quanto à impugnação ao cumprimento de sentença não têm
necessariamente efeito suspensivo, fazendo com que a alienação judicial aconteça bem antes do
que de costume – o que tende a diminuir o risco de a avaliação estar defasada. Aliás, é o que se
espera!
Outrossim, é possível que a penhora seja feita pelo escrivão por termo nos autos. Isto
pode acontecer caso o exeqüente apresente certidão de matrícula de imóvel que pertence ao
executado. Neste caso, após a penhora por termo nos autos realizada pelo escrivão, caberá ao
oficial de justiça fazer a avaliação do bem e não o escrivão.
Celso Anicet Lisboa46
recomenda que o exeqüente anexe junto à certidão de registro do
imóvel, documentos como declarações de corretores e laudos, que mostrem ao juiz (e ao escrivão
encarregado de redigir o termo) o valor do bem penhorado, evitando assim que se interrompa o
fluxo do processo para a avaliação do imóvel pelo oficial de justiça.
Pelo novo regime, o executado será intimado para se manifestar sobre a penhora e
avaliação. Nesse sentido, alguns doutrinadores entendem que a falta de oportunidade para o
exeqüente se pronunciar sobre a avaliação fere os princípios constitucionais do devido processo
legal, do contraditório e da ampla defesa. Afirmam que as partes têm o direito de atacar a decisão
mediante recurso de agravo a até mesmo produzir provas em seu favor.
Ocorre que não há lesão alguma aqui, uma vez que o executado poderá se pronunciar
sobre a penhora na impugnação (art. 475-L, III), e o exeqüente também poderá fazê-lo, na réplica
45
WAMBIER, Luiz Rodrigues Wambier. Sentença civil: liquidação e cumprimento. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2006. 3ª ed. p.215. 46
LISBOA, Celso Anicet Lisboa. A reforma do código de processo civil: comentários às leis n. ºs 11.187, de 19 de
outubro de 2005 (Agravo), e 11.232, de 22 de dezembro de 2005 (Fases de cumprimento de sentença). Rio de
Janeiro: Forense, 2006.
35
da impugnação, ou até mesmo por uma simples petição. Permitir que as partes ofereçam o
recurso de agravo contra a penhora ou avaliação só vai provocar mais demora à marcha
processual.
Importante salientar que a intimação do executado sobre o auto de penhora e avaliação
será realizada na pessoa de seu advogado, por meio de publicação no Diário Oficial. Somente na
ausência do advogado, a intimação será na pessoa do próprio devedor ou na de seu representante
legal.
2.5 - Juízo competente para o cumprimento da sentença
Consoante o art. 475-P, a competência para processamento das sentenças civis é, de
regra, do juízo da causa, e como tal entende-se aquele que a aprecia em primeira ou única
instância, seja juiz singular ou tribunal (incisos I e II).
Em outras palavras, a sentença civil, em regra, será executada no juízo onde se formou a
relação processual ao tempo do ajuizamento do feito, ou seja, onde foi processado o feito
originalmente.
Ocorre que a Lei nº 11.232/2005 inovou ao estabelecer no parágrafo único do artigo em
exame, que em relação às sentenças civis cujo juízo da causa seja o de primeiro grau (inciso II),
o exeqüente poderá optar por dois outros foros igualmente competentes para o cumprimento da
sentença.
Os novos foros concorrentes são: o foro do local onde se encontra bens do executado
sujeito à penhora e o foro do atual domicílio do executado. Para tanto, será necessário solicitar
ao juízo de origem, a remessa dos autos do processo ao juízo escolhido. Desta forma, se evitará o
intercâmbio de precatórias, com economia de tempo e dinheiro, pois todo o processo se
deslocará para o juízo escolhido pelo exeqüente.
Fredie Didier Jr. 47
faz uma importante observação a respeito dessa modificação, que vale
a pena relatar in verbis: “O aspecto funcional da competência não se altera: será sempre de um
juízo de primeira instância a competência para a execução, em tais situações. Somente o aspecto
territorial sofre alteração”.
Em outras palavras, haverá três foros opcionais para a execução da sentença: aquele que
processou a causa originalmente, o foro do domicílio do executado e o foro do bem a ser
expropriado. Sendo certo de que todos os três foros continuam sendo no juízo de primeira
instância.
36
Analisando a questão desta forma, ou seja, de que a competência funcional caracteriza-se
pelo fato da execução se processar no juízo de primeira instância, verifica-se que não há
mitigação à regra da competência funcional como relatam alguns autores.
É que nas opiniões de Araken de Assis48
e Cassio Scarpinella Bueno49
a nova regra do
parágrafo único do art. 475-P, rompeu com a tradição do nosso direito de reconhecer ao juízo
que proferiu a sentença exeqüenda competência funcional para a prática dos atos executivos, e
por isto, inalterável por mera vontade das partes e do próprio juízo, uma vez que a competência
funcional é absoluta.
Fredie Didier Jr. 50
também menciona aspectos relevantes no tocante aos novos foros para
a execução. Ele atenta para o fato de que a penhora de bem imóvel pode ser efetuada em foro
distinto daquele onde se encontra o bem. É a dicção do § 5º do art. 659. Significa que a penhora
poderá ser feita no próprio ofício judiciário onde está o processo, dispensando a expedição de
carta precatória ou remessa dos autos àquele juízo.
Ademais, quanto à remessa dos autos ao foro escolhido, seria muito mais fácil se o
legislador autorizasse apenas a extração de cópias dos autos do processo para o juízo da
localização dos bens, ao invés de remeter todo o processo. Melhor ainda, seria não haver
necessidade de extrair cópias ou remeter os autos para outro foro diferente daquele onde está o
advogado que sempre atuou na causa. Bastaria que o sistema de cartas precatórias realmente
funcionasse a contento, e para isso seria necessário que fossem mais céleres.
O inciso III estabelece que em relação à sentença penal, arbitral e estrangeira, a execução
caberá ao juízo competente. Isso significa que:
a) sentença arbitral. O foro competente será aquele que deteria competência para julgar a
causa, se ela não tivesse sido submetida à arbitragem. Prevalecem, portanto, as regras comuns
para competência territorial prevista nos arts. 94 a 100 do CPC.
Luiz Rodrigues Wambier51
atenta para o fato de que, sendo a competência territorial
relativa, seria muito mais prático se a competência recaísse sobre o foro do local em que se
proferiu a sentença arbitral, (que não será, necessariamente, o mesmo foro que julgaria a causa se
47
DIDIER Jr, Fredie Didier; BRAGA, Paula Sarno Braga; OLIVEIRA, Rafae Oliveira. Curso de direito processual
civil: direito probatório, decisão judicial, cumprimento e liquidação da sentença e coisa julgada. V.2. Salvador:
Edições Podivm, 2007, p.430. 48
ASSIS, Araken de Assis. Cumprimento da sentença. Rio de Janeiro: Forense, 2006. P.181. 49
BUENO, Cássio Scarpinella Bueno. A nova etapa da reforma do código de processo civil, volume 1: comentários
sistemáticos às leis nº11.187, de 19-12-2005, e 11.232, de 22-12-2005. São Paulo: Saraiva, 2006. P.165.
50
DIDIER Jr, Fredie Didier; BRAGA, Paula Sarno Braga; OLIVEIRA, Rafael Oliveira. Curso de direito processual
civil: direito probatório, decisão judicial, cumprimento e liquidação da sentença e coisa julgada. V.2. Salvador:
Edições Podivm, 2007, p.429. 51
WAMBIER, Luiz Rodrigues Wambier. Sentença civil: liquidação e cumprimento. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2006. 3ª ed. p.81.
37
ela não se houvesse submetido à arbitragem). Ademais, na prática, as partes costumam pactuar o
foro para a execução da futura sentença arbitral no próprio compromisso.
b) sentença penal condenatória. Pelo juízo civil competente para a ação de conhecimento,
caso tivesse que ser ajuizada. Neste caso, deterá competência territorial relativa, cabendo ao
autor optar pelo foro do domicílio do réu, ou pelo foro do local do fato, ou do domicílio do
próprio autor.
c) sentença estrangeira homologada pelo STJ. Será competência absoluta da Justiça
Federal de primeiro grau (CF, art. 109, X). Para definição do foro competente, aplicar-se-ão as
regras gerais de competências relativas previstas nos artigos 94 a 100 do CPC. Atente-se para o
fato de que a eficácia da sentença estrangeira em nosso território depende de sua prévia
homologação pelo Superior Tribunal de Justiça, e não mais pelo Supremo Tribunal Federal.
CAPÍTULO 3
DA IMPUGNAÇÃO AO CUMPRIMENTO DA SENTENÇA
A função que, antes da Lei nº 11.232/2005, era realizado pelos “embargos à execução
fundada em sentença” é, agora, realizada pela impugnação a que se refere o art. 475-L.
Conforme o § 1º do art. 475-J, caso o executado queira impugnar os atos executivos já
realizados (penhora e avaliação), deverá oferecer a impugnação no prazo de 15 dias a contar da
data da intimação. Percebe-se que a nova Lei nº 11.232/2005 aboliu os “embargos do devedor”
em relação à execução de título judicial de quantia certa.
Aliás, na exposição de motivos da própria Lei nº 11.232/2005, o então Ministro da
Justiça, Márcio Thomaz Bastos explica que “não haverá “embargos do executado” na etapa do
cumprimento da sentença, devendo qualquer objeção do réu ser veiculada mediante mero
incidente de “impugnação”, a cuja decisão será oponível agravo de instrumento”.
Segundo Cassio Scarpinella Bueno52
a Lei nº 11.232/2005 foi, clara e inequivocadamente,
contra o fato do executado ter que se voltar contra os atos executivos ajuizando uma nova ação.
O executado poderá questionar a atividade executiva que está sendo praticada contra seu
patrimônio na mesma relação processual em que foi chamado a juízo pelo exeqüente. O fato do §
2º do art. 475-M determinar que os autos sigam apartados serve apenas para facilitar a realização
dos atos executivos sem a interferência da impugnação, já que esta, de regra, não suspenderá o
andamento da execução.
52
BUENO, Cássio Scarpinella Bueno. A nova etapa da reforma do código de processo civil, v. 1: comentários
sistemáticos às leis nº11. 187, de 19-12-2005, e 11.232, de 22-12-2005. São Paulo: Saraiva. 2006, p.116-117.
38
Na mesma linha de raciocínio Luiz Rodrigues Wambier53
expõe que “diferentemente dos
embargos, que dão ensejo a um novo processo, a impugnação constitui, sob o aspecto
procedimental, simples incidente (fase), interno ao processo em que já se desenvolve o
cumprimento da sentença”.
Wambier entende que não há espaço para os embargos à execução, uma vez que se
tornou desnecessário o ajuizamento de ação de execução autônoma, em outro processo. Mais
adiante, complementa o autor, que a impugnação regulada nos arts. 475-L e 475-M não têm
natureza jurídica de ação de conhecimento, tratando-se, apenas, de incidente realizado no curso
da execução da sentença.
Diverso é o entendimento de Araken de Assis54
, para quem a impugnação é um
instrumento de uma ação incidental, semelhante substancialmente aos antigos embargos à
execução de sentença. Para o autor, nenhum outro remédio, além da impugnação, dos embargos
à execução e do mandado de segurança têm o poder de fazer cessar a marcha da execução,
caracterizando assim, uma ação de oposição à execução.
E linhas adiante, o mestre alega que apesar da finalidade defensiva e reativa, o essencial
sobre a impugnação é “o pedido de tutela jurídica do estado, corrigindo os rumos da atividade
executiva ou extinguindo a pretensão. Mais ainda:” reduzir os embargos e, agora, a impugnação
ao papel de simples contestação, obscurece o fato de que por seu intermédio o executado põe
barra, susta no todo ou em parte a execução”. 55
Contra os argumentos acima, Fredie Didier Jr.,56
explica que "é possível alegar invalidade de ato jurídico em defesa, sem necessidade de
propositura de ação com tal objetivo". Em outras palavras, não é porque a impugnação pode
versar sobre isso ou aquilo que ela terá a natureza de ação. A impugnação é, e sempre será,
instrumento de defesa e ponto final!
Mais uma vez, é preciso dizer que reflexões teóricas a respeito da natureza jurídica da
impugnação não alterarão seu resultado prático e nem sua finalidade, qual seja, a de proporcionar
ao executado um meio de defesa contra os atos de execução.
Pensar no processo como um instrumento da jurisdição é pensar na sua praticidade, é
dizer, é pensar de acordo com a nova sistemática implantada pela lei 11.232/05, que visa pela
efetividade e celeridade da prestação jurisdicional. Se pela nova regra a execução e a
impugnação far-se-ão por mera fase processual, atentar contra este fato ao alegar que ambos
53
WAMBIER, Luiz Rodrigues Wambier. Sentença civil: liquidação e cumprimento. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2006. 3ª ed. p.374. 54
ASSIS, Araken de Assis. Cumprimento da sentença. Rio de Janeiro: Forense, 2006, p.314. 55
ASSIS, Araken de Assis. Cumprimento da sentença. Rio de Janeiro: Forense, 2006, p.314. 56
DIDIER Jr, Fredie Didier Jr; BRAGA, Paula Sarno Braga; OLIVEIRA, Rafael Oliveira. Curso de direito
processual civil: direito probatório, decisão judicial, cumprimento e liquidação da sentença e coisa julgada, v.2.
Salvador: Edições Podivm, 2007, p.459.
39
devem ser processados por nova ação, com nova relação processual e tudo mais, é desejar que a
prestação jurisdicional dê um passo para traz.
Convém ressaltar sobre brilhante posicionamento de Humberto
Theodoro Jr.57
no sentido da não necessidade de se dispor em lei oportunidade para o réu
se defender já que as matérias são todas de ordem pública. Theodoro Júnior entende que a
previsão legal de qualquer recurso ou expediente "cria quase que uma obrigação para o advogado
de praticá-lo, sob pena de o cliente desconfiar de patrocínio incompleto e deficiente".
Dessa forma, se o legislador quis abolir a ação de embargos, não havia necessidade
alguma de institucionalizar um incidente para substituí-la, ainda mais quando as matérias
poderiam ser alegadas pelo devedor, a qualquer tempo, pois são todas cognoscíveis de ofício
pelo juiz.
A propósito, Fredie Didier Jr. 58
ensina que o contraditório na atividade executiva é
eventual, ou seja, o executado não é chamado à juízo para se defender, mas para cumprir a
sentença de condenação. Mas é certo que ele existe, até porque se trata de uma garantia
constitucional. Contudo, é eventual, ou seja, o executado somente poderá usá-lo se houver
desrespeito ás matérias constantes do art. 475-L.
Enfim, qualquer que seja a corrente adotada sobre a natureza jurídica da impugnação, o
seu procedimento e sua matéria sempre será de cognição limitada às questões expressamente
previstas no art. 475-L, que serão comentadas mais adiante.
3.1 - Do prazo para impugnação ao Cumprimento da Sentença
O prazo para a oposição da impugnação é de quinze dias, contados da intimação da
penhora e avaliação. (art. 475-J, § 1º).
Se a intimação foi na pessoa do advogado por publicação no Diário Oficial, o prazo é
contado a partir da data da publicação. Se for utilizado o Diário de Justiça eletrônico, considera-
se data da publicação o primeiro dia útil seguinte ao da disponibilização da informação no
respectivo site (Lei 11.419/2006). Se for empregada a intimação eletrônica, a data de início será
a do aperfeiçoamento da intimação, nos termos das regras dos §§ 1º a 3º do art. 5º da Lei
11.419/2006.
57
THEODORO JÚNIOR, Humberto Theodoro Junior. Curso de direito processual civil: processo de execução e
cumprimento da sentença, processo cautelar e tutela de urgência. v.II. 41ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2007.41ª ed. 58
DIDIER Jr, Fredie Didier; BRAGA, Paula Sarno Braga; OLIVEIRA, Rafael Oliveira. Curso de direito processual
civil: direito probatório, decisão judicial, cumprimento e liquidação da sentença e coisa julgada, v.2. Salvador:
Edições Podivm, 2007, p.459.
40
Se a intimação for por oficial de justiça na pessoa do advogado da parte ou, não havendo,
no representante legal caso a parte seja incapaz, ou representante caso seja pessoa jurídica ou
pessoalmente para a própria parte, o prazo será contado a partir da juntada do mandado aos
autos. Se for por correio, será na data da juntada do aviso de recebimento.
Havendo litisconsortes, o prazo será comum, contado a partir da juntada do último
mandado ou aviso de recebimento (art. 241, III), e, se houver advogados diversos, o prazo será
contado em dobro, na forma do art. 191.
Quanto à aplicação do art. 191 segundo o qual “quando os litisconsortes tiverem
diferentes procuradores, ser-lhes-ão contados em dobro os prazos para contestar, para recorrer e,
de modo geral, para falar nos autos”, Luiz Rodrigues Wambier59
explica que a questão do prazo
em dobro, ainda deve ser enfrentada pela doutrina e jurisprudência. Contudo, em sua opinião,
não há mais nada que obste a incidência do art. 191, já que antes da reforma, argumentava-se que
o artigo em questão tratava de “falar nos autos”, aludindo a um processo em andamento, e,
portanto, não se enquadrava à citação dos embargos que implica em uma nova ação. Sendo
assim, como a impugnação é um ato dentro do processo em curso, não há o que se falar na
inaplicabilidade do prazo em dobro para litisconsortes com diferentes advogados.
3.2 -Da aplicação subsidiária das normas do processo de execução de título extrajudicial
Art. 475-R. Aplicam-se subsidiariamente ao cumprimento da sentença, no que couber, a
norma que regem o processo de execução de título extrajudicial.
Em razão da Lei nº 11.232/05 não ser completa no que diz respeito ao cumprimento da
sentença condenatória, é mister que exista a comunicação entre o Livro I (do processo de
conhecimento) e o Livro II (do processo de execução) para que o Código de Processo Civil seja
adequadamente interpretado e aplicado.
Bem lembra Cássio Scarpinella Bueno60
que a aplicação subsidiária das regras do
“processo de execução” deve se verificar para o cumprimento de qualquer sentença e não,
apenas, para aquela que condena ao pagamento de determinada quantia em dinheiro.
Toda atividade executiva deve ter como guia subsidiário, isto é, deve ser complementada
pelo que dispõem as regras constantes do Livro II do Código de Processo Civil.
Cumpre, por fim, fazer menção à novíssima Lei nº 11.382/2006 que modifica as regras
relativas ao processo de execução de título extrajudicial.
59
WAMBIER, Luiz Rodrigues Wambier; MEDINA, José Miguel Garcia Medina; WAMBIER, Teresa Arruda
Alvim Wambier . Sobre a necessidade de intimação pessoal do réu para o cumprimento da sentença, no caso do
art. 475-J do CPC (inserido pela lei 11.232/2005). Migalhas nº. 1.430, 08 jun. 2006. Disponível em:
<http://www.migalhas.com.br>. Acesso em: 11 ago. 2007. 60
BUENO, Cássio Scarpinella Bueno. A nova etapa da reforma do código de processo civil, v. 1: comentários
sistemáticos às leis nº11. 187, de 19-12-2005, e 11.232, de 22-12-2005. São Paulo: Saraiva. 2006, p.174-176.
41
Referida lei visa criar um procedimento mais racionalizado e célere na atividade
executiva, formando, com as alterações já implantadas pela Lei nº 11.232/05 um conjunto
processual harmônico e funcional.
3.3 - Dos honorários advocatícios em sede do cumprimento da sentença
O presente tema, surgido com o advento da Lei n. 11.232/05, já é conhecido dos
tribunais, e tem suscitado polêmica tanto na doutrina quanto na jurisprudência.
Discute-se na doutrina sobre a incidência dos honorários advocatícios na fase executiva já
que não trata-se mais de uma ação autônoma.
Há aqueles que afirmam ser inviável a condenação em honorários advocatícios nas
execuções, impugnadas ou não, tendo em vista a inexistência de um processo executivo
autônomo, mas sim mera fase processual, argumento que se alia à falta de previsão expressa da
verba na Lei 11.232/05.
Por outro lado, com base em interpretação literal, há quem sustente que a lei em comento
não teria afastado a incidência do art. 20, § 4º do CPC, porquanto o dispositivo, ao utilizar o
termo “execuções”, não estaria restrito às ações de execução, aplicando-se também aos processos
em fase de execução.
Para Cassio Scarpinella Bueno, 61
os honorários advocatícios são devidos na etapa de
execução, sem prejuízo dos outros, já arbitrados na fase de conhecimento. O argumento do autor
é no sentido de que “decorre” naturalmente “, da incidência do art. 20, § 4º do CPC28”, uma vez
que o dispositivo não menciona “processo de execução” e, portanto, deve comportar
interpretação mais ampla para incidir toda vez que se fizerem “atividades executivas”. Quanto à
impugnação, o autor tem o mesmo entendimento, mas aponta como fundamento o parágrafo 1º
do art. 24, destacado in verbis: “§ 1º O juiz, ao decidir qualquer incidente ou recurso, condenará
nas despesas o vencido”.
Dorival Renato Pavan, 62
na mesma linha de raciocínio, expõe que as verbas honorárias
são devidas tanto na fase de execução, quanto na impugnação, ainda que, agora, a impugnação
não seja mais ação, mas meio de defesa do devedor.
De igual forma, Luiz Rodrigues Wambier63
assevera que a impugnação seja acolhida ou
rejeitada, deve conter condenação do vencido em verbas de sucumbência. O argumento do autor
61
BUENO, Cássio Scarpinella Bueno. A nova etapa da reforma do código de processo civil, v. 1: comentários
sistemáticos às leis nº11. 187, de 19-12-2005, e 11.232, de 22-12-2005. São Paulo: Saraiva. 2006, p.75. 62
PAVAN, Dorival Renato Pavan. Comentários às leis nº.s 11.187 e 11.232, de 2005. São Paulo: Pillares, 2006,
p.168.
42
é o “princípio constitucional da máxima eficácia e utilidade da tutela jurisdicional ([...] há de se
evitar ao máximo prejuízo à parte que tem razão)” – diretriz extraída da garantia do art. 5º,
XXXV, da Constituição Federal. O fato de a impugnação ser uma fase e não um processo
autônomo é irrelevante.
Para estes doutrinadores, a correta equação do problema passa inequivocamente pela
consideração de que os honorários são devidos ao advogado em razão do trabalho por ele
despendido no processo, e não por qualquer outro motivo. Quanto mais trabalhoso e complexo o
feito, maior será o mérito do causídico em seu mister, portanto, proporcionalmente maior será a
verba honorária, até o limite legal.
Por outro lado, Humberto Theodoro Júnior64
leciona pela não incidência de nova verba
advocatícia, uma vez que não há mais uma ação distinta para executar a sentença. Não se aplica a
regra do art. 20 nem mesmo no incidente da impugnação, porque este se sujeita à decisão
interlocutória, sendo que a aplicação do art. 20 sempre pressupõe sentença. Outrossim, só haverá
o pagamento de honorários advocatícios quando a impugnação for acolhida e a execução vier a
ser declarada extinta, pois para o autor, o que justifica os honorários não é a exceção ou
impugnação, mas a extinção do processo executivo por sentença.
63
WAMBIER, Luiz Rodrigues Wambier (coord.); CORREIA DE ALMEIDA, Flávio Renato Correia de Almeida;
TALAMINI, Eduardo Talami. Curso avançado de processo civil. v.2. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007,
execução. 9ª ed. p.380. 64
THEODORO JÚNIOR, Humbert Theodoro Junior. Curso de direito processual civil: processo de execução e
cumprimento da sentença, processo cautelar e tutela de urgência. v. II. Rio de Janeiro: Forense, 2007, 41ª ed. p.29.
43
CONCLUSÃO
As alterações inseridas na novel lei processual civil são válidas e úteis, não obstante de
algumas inconveniências e polêmicas trazidas por alguns dispositivos, em especial, o art. 185-A,
inserido pela Lei n° 11.277/06, que possibilita o julgamento de mérito, ainda que, de
improcedência sem que haja a citação da parte contrária, desdenhando o contraditório para ser
exercido, eventualmente em segunda instância.
No geral, se nos afigura que as alterações havidas trouxeram alguns avanços no sistema
processual pátrio, denotando seu aspecto instrumental de direito - meio para a constituição do
direito material que se busca proteção. E as alterações mais válidas foram introduzidas pela Lei
n° 11.232/05, que colocou fim no processo de execução fundado em título judicial e criou a fase
de execução de sentença.
Destarte, no que concerne aos processos que tinham por escopo obrigações de fazer e de
entregar coisa, a fase executiva já havia sido, se não abolida, pelo menos em muito abrandada, já
que o legislador colocou à disposição do julgador várias medidas sub-rogatórias e coercitivas
com o escopo de assegurar ao credor atingir o adimplemento imediato, conforme se lê dos arts.
461 e 461-A do CPC.
Uma das alterações mais substanciais trazida pela nova legislação é a abolição da nova
citação do executado para que pague o valor ao qual foi condenado no título executivo. E é
exatamente em face da ausência de citação que fica fácil concluir que não há a instauração de
uma nova relação processual, mas apenas o surgimento de uma nova fase dentro do processo de
conhecimento, dinamizando a entrega da tutela jurisdicional.
Como já ponderado tal alteração vem solidificar de eficácia jurídica o julgado, em
especial à sentença prolatada no Juízo a quo, naquelas hipóteses em que nenhuma das partes
interpõe recurso. Isso porque reconhecer ou declarar o direito da parte, condenando o devedor ao
adimplemento do que se revelou devido, não é suficiente para pôr fim ao prélio. Em verdade ao
ser proferida a sentença de procedência não remanescem dúvidas acerca da direito da parte,
mesmo que no plano jurídico, mas o conflito está longe de se extinguir.
Concluindo, aguarda-se que a nova sistemática realmente veio para contribuir a fim de
satisfazer o mais rápido e efetivo direito do credor, ressaltando-se a sanção (multa) prevista no
art. 475-J. Entretanto com o decorrer dos dias poder-se-á verificar se as modificações foram
aptas para vir de encontro os anseios dos jurisdicionados, abrandando a profundeza atualmente
existente no espaço da lesão ao credor e o deleite do seu efetivo direito.
44
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