UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
PROJETO: “EDUCAÇÃO AMBIENTAL NAS SÉRIES INICIAIS DO
ENSINO FUNDAMENTAL”
Por: Agda Martins Rosa
Orientador
Prof. Celso Sanchez
Espírito Santo
2009
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
PROJETO: “EDUCAÇÃO AMBIENTAL NAS SÉRIES INICIAIS DO
ENSINO FUNDAMENTAL”
Apresentação de monografia à Universidade
Candido Mendes como requisito parcial para
obtenção do grau de especialista em Educação
Ambiental.
Por: Agda Martins Rosa
3
AGRADECIMENTOS
A Deus, por mais esta conquista, ao
professor Celso Sanchez, meu
orientador e a todos que direta e
indiretamente, contribuíram para
realização desse trabalho acadêmico.
4
DEDICATÓRIA
Dedico esse trabalho acadêmico a minha
irmã Áugida Martins Rosa, que colaborou
para o aperfeiçoamento do mesmo.
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RESUMO
A tematização referente a este estudo diz respeito à educação ambiental nas
séries iniciais do ensino fundamental, para tanto a proposta de desenvolver um
projeto de educação ambiental tem como enfoque fazer uma educação capaz
de formar cidadãos decididos e reflexivos, pois o papel do educador é
promover o desenvolvimento humano que tenha responsabilidade com o meio
ambiente.
A valorização da educação ambiental no Ensino Fundamental como prática de
cidadania nas escolas, tem possibilitado aos estudantes conhecer seus direitos
e deveres, proporcionando a construção de um ensino-aprendizagem de
melhor qualidade e mais justo socialmente. Neste sentido, o principal objetivo é
analisar se a valorização da educação ambiental no Ensino Fundamental
favorece a prática da cidadania nas escolas, possibilitando aos estudantes
conhecerem seus direitos e deveres, proporcionando a construção de um
ensino-aprendizagem mais crítico e questionador.
Finalizando o estudo, percebeu-se que quando a Educação Ambiental não é
percebida em seu todo, muitas vezes é aplicada como uma matéria estanque.
Assim, muitas vezes fica relegada a um segundo plano.
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METODOLOGIA
Tipo de Pesquisa
Frente aos objetivos estabelecidos, esse estudo apresentará uma abordagem
qualitativa, já que para Lüdke (1986) “a pesquisa qualitativa supõe o contato
direto e prolongado do pesquisador com o ambiente e a situação que está
sendo investigada”.
Assim, para melhor entender e se situar em um espaço tão dinâmico e
complexo que é a escola, e também, muito particular para o professorado, a
pesquisa se desenvolverá por meio de atividades onde a proposta será
trabalhar com atitudes, com formação de valores, com o ensino e a
aprendizagem de habilidades e procedimentos. E esse é um grande desafio
para a educação. Comportamentos “ambientalmente corretos” serão
aprendidos na prática do dia a dia na escola.
O desenvolvimento da pesquisa será realizado com uma turma de 2º ano de
uma Escola Municipal de Ensino Fundamental de Cariacica / ES e terá um
caráter de pesquisa-formação, haja vista que os procedimentos metodológicos
oportunizaram situações para que os alunos identifiquem os problemas
ambientais em “lócus”, sensibilizando-os para a defesa do ambiente e da vida.
Nesse sentido, a abordagem epistemológica e metodológica das atividades
desenvolvidas são compreendidas como processo formativo e autoformativo,
através das experiências dos autores em formação. E ainda, por apresentar
estratégias adequadas e produtivas para potencializar no meio escolar as
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 09
CAPÍTULO I - O que é Educação Ambiental 15
CAPÍTULO II - A educação ambiental nas séries iniciais do ensino
fundamental 22
CAPÍTULO III - Educar para uma vida sustentável 27
CONCLUSÃO 36
ANEXO 40
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 45
ÍNDICE 47
FOLHA DE AVALIAÇÃO 48
9
INTRODUÇÃO
O tema deste estudo é Educação Ambiental, tendo como questão central a
seguinte indagação: Como abordar nas séries iniciais o tema: educação
ambiental?
A relevância do tema se dá a partir do momento que temos em vista os
problemas ambientais causados pelo próprio homem, fazendo-se necessário
um projeto de educação ambiental objetivando de maneira geral sensibilizar /
educar os alunos a viver em harmonia com o meio ambiente, pois diante de um
mundo que se constitui em um conjunto de fenômenos naturais e sociais
indissociáveis do qual a criança se mostra curiosa e investigativa, fazendo
perguntas e procurando respostas às suas indagações, pensou-se num projeto
que possibilite tanto o conhecimento dos elementos culturais e a maneira como
as atividades humanas interferem com estes elementos, construindo assim a
noção de que o equilíbrio do ambiente é fundamental para sustentação da vida
em nosso planeta.
Como objetivos específicos, a referida pesquisa tem como enfoque: possibilitar
aos alunos e a comunidade escolar experiências que fortalecem atitudes de
cidadãos conscientes da sua atuação no meio em que vive, preocupando-se
com o desenvolvimento sustentável; oportunizar situações para que os alunos
identifiquem os problemas socioambientais em “lócus”; relacionar qualidades
de vida à qualidade do ambiente reforçando a idéia de que qualidade de vida
depende do uso que fazemos da natureza e incentivar a efetivação de ações
concretas a favor da preservação do ambiente e da qualidade de vida.
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A elaboração do Parâmetro Curricular Nacional constitui o primeiro nível de
concretização curricular, é uma referência nacional para o ensino fundamental;
estabelecem uma meta educacional para qual devem convergir as ações
políticas do Ministério da Educação. Os Parâmetros Curriculares Nacionais
poderão ser utilizados como recursos para adaptações ou elaborações
curriculares realizadas pelas Secretarias de Educação, em um processo
definido pelos responsáveis em cada local.
Nos parâmetros curriculares a questão ambiental vem sendo considerada
como cada vez mais urgente e importante para a sociedade, pois o futuro da
humanidade depende da relação entre a natureza e o uso pelo homem dos
recursos naturais disponíveis. Essa consciência já chegou à escola e muitas
iniciativas têm sido desenvolvidas em torno desta questão, por educadores de
todo o País, por esta razão, vê-se a importância de se incluir a temática
Educação Ambiental nas séries iniciais do ensino fundamental, permeando
toda a prática educacional.
A intenção é tratar das questões relativas ao meio-ambiente em que vivemos,
considerando seus elementos físicos e biológicos e os modos de interação do
homem e da natureza, por meio do trabalho, da ciência, da arte e da
tecnologia. Pretende-se ainda, se referir aos conteúdos, critérios de avaliação e
orientações didáticas, que são dirigidas para as séries iniciais do ensino
fundamental.
Na seleção de conteúdos presentes, os educadores, deverão considerar sua
natureza interligada às outras áreas do currículo e a necessidade de serem
tratados de modo integrado, não só entre si, mas entre si o contexto histórico e
social em que as escolas estão inseridas.
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Neste contexto, de valorização da cidadania, é fundamental enfatizar a questão
da importância da temática ambiental e a visão integrada de mundo, tanto
tempo como no espaço, onde a escola deverá, ao longo dos nove anos do
ensino fundamental, oferecer meios efetivos para que cada aluno compreenda
os fatos naturais e humanos a esse respeito. Esta valorização da cidadania e
sua interação com o meio ambiente permitirá que o educando desenvolva suas
potencialidades e adote posturas pessoais e comportamentos sociais que lhe
permitam viver numa relação construtiva consigo mesmo e com seu meio,
colaborando para que a sociedade seja ambientalmente sustentável e
socialmente justa; protegendo, preservando todas as manifestações de vida no
planeta; e garantindo as condições para que ela prospere em toda a sua força,
abundância e diversidade.
À medida que o modelo globalizado de desenvolvimento da economia
provocou efeitos negativos mais graves, surgiram manifestações e movimentos
que refletiam a consciência de parcelas da população sobre o perigo que a
humanidade corre ao afetar de forma tão violenta o seu meio ambiente. Em
países como o Brasil, preocupações com a preservação de espécie, surgiram
já há alguns séculos, como no caso do pau-brasil, por exemplo, em função de
seu valor econômico. A preocupação com o meio ambiente possibilitou às
pessoas a constante busca por direitos e deveres ambientais, tornando-se
assim uma conquista de cidadania o que acaba refletindo no meio educacional.
Diante da educação ambiental e cidadania delimitou-se como problematização
a seguinte questão de investigação: a valorização da educação ambiental no
Ensino Fundamental como prática de cidadania nas escolas, tem possibilitado
aos estudantes conhecer seus direitos e deveres, proporcionando à
construção de um ensino-aprendizagem de melhor qualidade e mais justo
socialmente?
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A valorização da educação ambiental no Ensino Fundamental favorece a
prática da cidadania nas escolas, possibilitando aos estudantes conhecerem
seus direitos e deveres, proporcionando à construção de um ensinio-
aprendizagem mais crítico e questionador.
A questão da cidadania é um tema muito importante e que tem sido deixado
em segundo plano principalmente no meio educacional. O que se percebe é
que houve um abandono da cidadania como matéria de ensino e
aprendizagem. Com isso o indivíduo desacredita do potencial da escola e do
seu enquanto profissional deixa de cumprir seus deveres e exige os direitos,
evade-se da escola sem uma explicação convincente e passa a viver da
marginalidade, da violência, do desemprego.
Mesmo que a crise financeira estabeleça um distanciamento da posição social,
os valores não podem ser dissociados da realidade e, diante da educação que
se obtém na família, com continuidade na escola, todo indivíduo tem por dever
saber aplicar os ensinamentos para demonstrar a sua cidadania.
Educação Ambiental é um tema importante, porque irá mostrar que a
perspectiva ambiental consiste num modo de ver o mundo que se evidenciam
as inter-relações e as interdependências dos diversos elementos na
constituição e manutenção da vida. Em termos de educação, essa perspectiva
contribui para evidenciar a necessidade de um trabalho vinculado aos
princípios da dignidade do ser humano, da participação, da co-
responsabilidade, da solidariedade e da equidade.
À medida que a humanidade aumenta sua capacidade de intervir na natureza
para satisfação de necessidades em função da tecnologia disponível.
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A tecnologia empregada evoluiu rapidamente com consequências indesejáveis
que se agravam com igual rapidez. A exploração dos recursos naturais passou
a ser feita de forma demasiadamente intensa. Recursos não-renováveis, como
o petróleo, ameaçam escassear. De onde se retirava uma árvore, agora
retiram-se centenas. Onde moravam algumas famílias, consumindo alguma
área e produzindo poucos detritos, agora moram milhões de famílias, exigindo
imensos mananciais e gerando milhares de toneladas de lixo por dia. Essas
diferenças são determinantes para a degradação do meio onde se insere o
homem. Sistemas inteiros de vida vegetal e animal são tirados de seu
equilíbrio. E a riqueza, gerada num modelo econômico que propicia a
concentração da renda, não impede o crescimento da miséria e da fome.
Algumas das consequências indesejáveis desse tipo de ação humana são, por
exemplo, o esgotamento do solo, a contaminação da água e a crescente
violência nos centros urbanos.
O estilo de desenvolvimento econômico atual estimula o desperdício. O apelo
ao consumo multiplica a extração de recursos naturais. A diferença de riqueza
entre as nações contribui para o desequilíbrio ambiental. Nos países
subdesenvolvidos, o ritmo de crescimento demográfico e de urbanização não é
acompanhado pela expansão da infra-estrutura, principalmente da rede de
saneamento básico. Uma boa parcela do dejetos humanos e do lixo urbano e
industrial é lançada sem tratamento na atmosfera, nas águas ou no solo. A
necessidade de aumentar as exportações para sustentar o desenvolvimento
interno estimula tanto a extração dos recursos minerais como a expansão da
agricultura sobre novas áreas. Cresce o desmatamento e a superexploração da
Terra.
O aumento das ações antrópicas sobre os ecossistemas naturais em escala
planetária determinou uma urgente mudança na forma de pensar e agir sobre a
natureza.
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A noção de Desenvolvimento Sustentável, trás novas exigências de
desempenho ambiental para a sociedade e a indústria. A perspectiva de
sustentabilidade acaba por promover mudanças qualitativas na questão
ambiental, refletindo em decisões nacionais sobre políticas e investimentos. a
Educação Ambiental tornou-se um instrumento primordial pra o resgate da
cidadania, pois será através dela que poderemos construir um novo modelo d
desenvolvimento, em que as atividades de interação tenham como centro do
universo, a pessoa humana, e que toda a sua atividade esteja de acordo com
as regras de equilíbrio com o meio ambiente.
A principal função de trabalhar com o tema educação ambiental é contribuir
para formação de cidadãos conscientes, aptos para decidirem e atuarem na
realidade sócio ambiental de um modo comprometido com a vida, com o bem-
estar de cada um e da sociedade, local e global.
15
CAPÍTULO I
O que é Educação Ambiental
O meio ambiente constitui um dos temas transversais propostos nos
Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN/MEC) e introduz nas salas de aula
um tema cada vez mais atual. Para o educador, o meio ambiente não se
restringe ao ambiente físico e biológico, mas inclui também as relações sociais,
econômicas e culturais. O objetivo é trazer reflexões que levem o aluno ao
enriquecimento cultural, á qualidade de vida e à preocupação com o equilíbrio
ambiental.
O conceito de Educação Ambiental varia de interpretações, de acordo com
cada contexto, conforme a influência e vivência de cada um. Para muitos, a
Educação Ambiental restringe-se em trabalhar assuntos relacionados à
natureza: lixo, preservação, paisagens naturais, animais, etc. Dentro deste
enfoque, a Educação Ambiental assume um caráter basicamente naturalista.
Atualmente, a Educação Ambiental assume um caráter mais realista,
embasado na busca de um equilíbrio entre o homem e o ambiente, com vista à
construção de um futuro pensado e vivido numa lógica de desenvolvimento e
progresso (pensamento positivista). Neste contexto, a Educação Ambiental é
ferramenta de educação para o desenvolvimento sustentável (apesar de
polêmico o conceito de desenvolvimento sustentável, tendo em vista ser o
próprio “desenvolvimento” o causador de tantos danos sócio-ambientais).
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Ampliando a maneira de perceber a Educação Ambiental podemos dizer que
se trata de uma prática de educação Ambiental para o Desenvolvimento
Sustentável é severamente criticada pela dicotomia existente entre
“desenvolvimento e sustentabilidade”.
Na tentativa de fazer uma análise sobre os conceitos desta prática, colocamos
a disposição diferentes definições para a Educação Ambiental, a fim de
perceber este conceito de forma abrangente e contextual.
A Lei Federal nº. 9.795 define a Educação Ambiental como “o processo por
meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais,
conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a
conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia
qualidade de vida e sua sustentabilidade” (art. 1º Lei Federal nº. 9.795, de
27/04/99).
A definição oficial de Educação Ambiental, do Ministério do Meio Ambiente è:
“Educação Ambiental é um processo permanente, no qual os indivíduos e a
comunidade tomam consciência do seu meio ambiente e adquirem
conhecimentos, valores, habilidades, experiências e determinações que os
tornam aptos a agir – individual e coletivamente e resolver problemas
ambientais e futuros”.
Na Conferência de Estocolmo em 1972 (UNESCO, 1976, p.2), “A finalidade da
Educação Ambiental é formar uma população mundial consciente e
preocupada com o ambiente e problemas com ele relacionados, e que possua
os conhecimentos, as capacidades, as atitudes, a motivação e o compromisso
para colaborar individual e coletivamente na resolução de problemas atuais e
na preservação de problemas futuros”.
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Em 1977 na Conferência Intergovernamental de Educação Ambiental
promovida pela UNESCO em Tbilisi (Geórgia, ex-URSS), a Educação
Ambiental foi definida como um processo de reconhecimento de valores e
elucidação de conceitos que levam a desenvolver as habilidades e as atitudes
necessárias para entender e apreciar as inter-relações entre os seres
humanos, sua culturas e seus meios físicos.
Para UNESCO (1987), “A Educação Ambiental é um processo permanente no
qual os indivíduos e a comunidade tomam consciência do seu meio ambiente e
adquirem conhecimentos, habilidades, experiências, valores e a determinação
que os tornam capazes de agir, individual ou coletivamente, na busca de
soluções para os problemas ambientais, presentes e futuros”.
De acordo com o conceito de Educação Ambiental definido pela comissão
interministerial na preparação da ECO-92 (in Leão & Silva), “A Educação
Ambiental se caracteriza por incorporar as dimensões sócio-econômica,
política, cultural e histórica, não podendo se basear em pautas rígidas e de
aplicação universal devendo considerar as condições e estágios de cada país,
região e comunidade, sob uma perspectiva histórica. Assim sendo, a Educação
Ambiental deve permitir a compreensão da natureza complexa do meio
ambiente e interpretar a interdependência entre os diversos elementos que
conformam o ambiente, com vistas a utilizar racionalmente os recursos do meio
na satisfação material e espiritual da sociedade, no presente e no futuro”.
O CONAMA – Conselho nacional do Meio Ambiente – define a Educação
Ambiental como um processo de formação e informação orientando para o
desenvolvimento da consciência critica sobre as questões ambientais, e de
atividades que levem à participação das comunidades na preservação do
equilíbrio ambiental.
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A Educação Ambiental também envolve a prática para tomadas de decisões e
para as auto-formulações de comportamentos sobre os temas relacionados
com a qualidade do meio-ambiente. No Fórum das ONGS, realizado
paralelamente à Conferência Rio 92 (o qual produziu a Agenda 21),
referendando e ampliando o conceito anterior, o Tratado de Educação
Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global,
“reconhece o papel central da educação na formação de valores e na ação
social e para criar sociedades sustentáveis e equitativas (socialmente justas e
ecologicamente equilibradas)”, e considera a Educação Ambiental “um
processo de aprendizagem permanente baseado no respeito a todas as formas
de vida, o que requer responsabilidade individual e coletiva em níveis local,
nacional e planetário”. Como se vê, aqui já se consta uma profunda
transformação de uma visão extremamente naturalista e antropocêntrica
(animais e plantas servem...), confundindo natureza e meio-ambiente (que é
uma representação social), para uma conceituação que envolve outras
dimensões, além da ecológica: afetiva, social, histórica, cultural, política, ética e
estética. A própria Constituição de 1988 e a Lei da Educação Ambiental (Lei
9795 de 27/4/1999) incorporam esta evolução conceitual, como se vê no art. 1º
da mesma: “Entende-se por Educação Ambiental os processos por meio dos
quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos,
habilidades, atitudes e competências voltadas par a conservação do meio
ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e
sua sustentabilidade” (Fernando Antônio Guerra).
Hoje sabemos que a Educação Ambiental enquanto processo pedagógico
abarca uma diversidade muito grande de metodologias, enfoques e
abordagens. O que me parece ser relevante em todo o processo da Educação
Ambiental, seja formal ou não formal, é que os indivíduos – educandos e
educadores – sejam respeitados nas suas idiossincrasias, e que as atividades
e ações levem em consideração as particularidades de entorno, ou seja, do
contexto social. Precisamos reaprender a nossa existência na Terra, para
podermos enxergar e entender que a teia da vida é um intrigado movimento de
19
aprendizagem que vem ocorrendo há bilhões de anos. Para isso é necessário
que incorporemos a modéstia que nos cabe em relação a quem somos, da
onde viemos e para onde vamos. O avanço do conhecimento humano no
campo da ecologia nos faz compreender que somos apenas mais um elo da
corrente de sustentação da vida na Terra, além da necessidade da Educação
Ambiental é preciso desencadear com urgência um amplo processo de
alfabetização ecológica, visto que é fundamental que todos adquiram
conhecimentos básicos de ecologia, para que se possa aprender com a vida,
que não pára nunca, de aprender.
O que é Educação Ambiental para nós? È importante fazer esta reflexão para
que possamos consolidar uma prática educativa que desenvolva novos valores
em relação à forma como vemos, sentimos e vivemos; onde a cidadania, a
inclusão, o respeito, a alteridade, a convivência harmônica e a tolerância sejam
uma constante na prática educacional.
Sendo assim, devemos observar e considerar os princípios básicos da
Educação Ambiental, bem como as suas finalidades e categorias de objetivos.
Princípios básicos da Educação Ambiental:
a) Considerar o meio ambiente em sua totalidade, ou seja, em seus
aspectos naturais e criados pelo homem, tecnológico, sociais,
econômicos, político, técnico, histórico-cultural, moral e estético;
b) Construir um processo contínuo e permanente, começando pelo pré-
escolar, e continuando através de todas as fases do ensino formal e
não-formal;
c) Aplicar um enfoque interdisciplinar, aproveitando o conteúdo específico
de cada disciplina, de modo que se adquira uma perspectiva global e
equilibrada;
20
d) Examinar as principais questões ambientais, do ponto de vista do local,
regional, nacional e internacional, de modo que os educadores se
identifiquem com as condições ambientais de outras regiões
geográficas;
e) Concentrar-se nas situações ambientais atuais, tendo em conta também
à perspectiva histórica;
f) Insistir no valor e na necessidade da cooperação, local, nacional e
internacional para prevenir e resolver problemas ambientais;
g) Considerar de maneira explícita, os aspectos ambientais nos planos de
desenvolvimento e de crescimento;
h) Ajudar a descobrir os sintomas e as causas reais dos problemas
ambientais;
i) Destacar a complexidade dos problemas ambientais (sócio ambientais)
e, em conseqüência, a necessidade de desenvolver o senso crítico e as
habilidades necessárias para resolver problemas;
j) Utilizar diversos ambientes educativos e uma ampla gama de métodos
para comunicar e adquirir conhecimentos sobre o meio ambiente,
acentuando devidamente as atividades práticas e as experiências
pessoais.
Finalidades da Educação Ambiental:
a) Ajudar a fazer compreender, claramente, a existência da
interdependência econômica, social, política e ecológica, nas zonas
urbanas e rurais;
b) Proporcionar, a todas as pessoas, a possibilidade de adquirir os
conhecimentos, o sentido dos valores, as atitudes, o interesse ativo e as
atitudes necessárias para proteger e melhorar o meio ambiente;
c) Induzir novas formas de conduta nos indivíduos, nos grupos sociais e na
sociedade em seu conjunto, a respeito do meio ambiente.
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Categorias de objetivos da Educação Ambiental:
a) Consciência: ajudar os grupos sociais e os indivíduos a adquirir
consciência do meio ambiente global e ajudar-lhes a sensibilizar-se por
essas questões;
b) Conhecimento: ajudar os grupos sociais e os indivíduos a adquirir
diversidade de experiências e compreensão fundamental do meio
ambiente e dos problemas anexos;
c) Comportamento: ajudar os grupos sociais e os indivíduos a
comprometerem-se com uma série de valores, e a sentir interesse e
preocupação pelo meio ambiente, motivando-os de tal modo que possa
participar ativamente na melhoria e na proteção do meio ambiente;
d) Habilidade: ajudar os grupos sociais e os indivíduos a adquirir as
habilidades necessárias para determinar e resolver os problemas
ambientais;
e) Participação: proporcionar aos grupos sociais e os indivíduos a
possibilidade de participar ativamente nas tarefas que têm por objetivo
resolver problemas ambientais.
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CAPÍTULO II
A educação ambiental nas séries iniciais do ensino
fundamental
Guimaraes (2004) ressalta que a Educação Ambiental deve ser um processo
contínuo e permanente, iniciando em nível pré-escolar e estendendo-se por
todas as etapas da educação formal ou informal.
Toda criança tem prazer em desenvolver atividades em que possa tocar e
transformar. O ensino de ciências proporciona tais condições, principalmente
se tiver possibilidades de conviver com o ambiente natural. Pode-se trabalhar
de forma interdisciplinar, sem fragmentar o processo de construção do
conhecimento. Para tanto, cabe ao professor diversificar suas aulas,
desenvolvendo projetos sob forma de oficinas. Assim, dará maior dinamismo às
aulas, aproximando o conteúdo ao contexto e às vivências dos alunos.
No ensino inovador procura-se relacionar teorias e práticas, utilizando um
experimento, valorizando-se a discussão coletiva de resultados experimentais e
de interpretações teóricas, nas quais os alunos têm oportunidade de contribuir
com suas idéias e seu trabalho. Esse tipo de aula incentiva a participação e a
interação. Ao perceber o significado do que é ensinado, o aluno valorizará e se
motivará com as aulas.
Em sala de aula, o professor deve ligar o conteúdo de ciências a questões do
cotidiano das crianças, pois são significativas. As oficinas se desenvolvem
23
apoiadas nas vivências dos alunos e dos fenômenos que ocorrem a sua volta,
buscando examiná-los com o auxílio dos conceitos científicos pertinentes. É
através de um ensino investigativo, provocativo que o aluno começa a pensar e
a refletir sobre o processo de construção do conhecimento.
Há outro componente que vêm se juntar á escola nessa tarefa: a sociedade é responsável pelo processo como um todo, mas os padrões de comportamento da família e as informações veiculadas pela mídia exercem especial influência sobre as crianças. No que se refere à área ambiental, há muitas informações, valores e procedimentos que são transmitidos à criança pelo que se faz e se diz em casa. Esse conhecimento deverá ser trazido e incluído nos trabalhos da escola, para que se estabeleçam as relações entre esses dois universos no reconhecimento dos valores que se expressam por meio de comportamentos, técnicas, manifestações artísticas e culturais. (PARÂMETROS CURRICULARES, 1998, p.29).
De acordo com o Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil, “...
Nos primeiros anos de vida, o contato com o mundo permite à criança construir
conhecimentos práticos sobre seu entorno, relacionados à sua capacidade de
perceber a existência de objetos, seres, formas, cores, sons, odores de
movimentar-se nos espaços e de manipular os objetos. Experimenta expressar
e comunicar seus desejos e emoções, atribuindo as primeiras significações
para os elementos do mundo e realizando ações cada vez mais coordenadas e
intencionais, em constante interação com outras pessoas com quem
compartilha novos conhecimentos”.
É neste contexto que pretendemos proporcionar a todos os envolvidos no
projeto através das ações, momentos de reflexão sobre responsabilidade pelo
ambiente comum, pois a principal função do trabalho com tema Educação
Ambiental é contribuir para a formação de cidadãos conscientes, aptos para
decidirem e atuarem na realidade sócio ambiental de um modo comprometido
com a vida, com o bem-estar de cada um e da sociedade, local e global.
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O PCN (Parâmetros Curriculares Nacionais) tem como objetivo estratégico à
institucionalização da Educação ambiental nos sistemas de ensino. Contribui
para o desenvolvimento de ações integradas, que envolve a equipe escolar,
alunos e comunidade, tanto em relação à formação de professores quanto na
elaboração de projetos educativos pelas escolas.
O programa é realizado em parceria com as Secretarias de Educação
estaduais e Municipais, Universidades e Organizações Não-Governamentais
interessadas. Os materiais produzidos estão distribuídos em dois kits: do
formador e do professor.
O primeiro subsidia os coordenadores de grupo no seu trabalho como formador
e o segundo contém materiais que podem auxiliar os professores em suas
atividades para a prática da Educação Ambiental nas escolas como tema
transversal. O objetivo do programa é inserir a Educação Ambiental nas
políticas de formação em serviço de educadores dos sistemas de ensino,
propondo uma metodologia de formação continuada em Meio Ambiente.
Existem temas cujo estudo exige uma abordagem particularmente ampla e
diversificada. Alguns deles foram inseridos nos Parâmetros Curriculares
Nacionais, que os denomina Temas Transversais e os caracteriza como temas
que “tratam de processos que estão sendo intensamente vividos pela
sociedade, pelas comunidades, pelas famílias, pelos alunos educadores em
seu cotidiano”.
São debatidos em diferentes espaços sociais, em busca de soluções e de
alternativas, confrontando posicionamentos diversos tanto em relação á
intervenção no âmbito social mais amplo quanto à atuação pessoal. são
questões urgentes que interrogam sobre a vida humana, sobre a realidade que
está sendo construída e que demandam transformações macrossociais e
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também de atitudes pessoais, exigindo, portanto, ensino e aprendizagem de
conteúdos relativos a essas duas dimensões.
Outra de suas características é que abrem espaço para saberes extra-
escolares. Na verdade, os temas transversais prestam-se de modo muito
especial para levar à prática a concepção de formação integral da pessoa.
Cabe a educação ambiental promover mudanças no cotidiano de todos os
indivíduos e instituições, objetivando a articulação de ações educativas
voltadas para a melhoria ambiental e social, incrementando o papel das
escolas de transformar as relações e os mecanismos que hoje degradam esse
ambiente e, por conseguinte, a realidade social.
Finalmente, a educação ambiental nas séries iniciais do ensino fundamental
ajuda a consciência de preservação e de cidadania. A criança aprende, deste
cedo, que precisa cuidar e preservar, pois a vida do planeta depende de
pequenas ações. Portanto, faz-se necessário um processo intensivo de
educação ambiental entre crianças, jovem e adulto, para que todos se
sensibilizem da necessidade de o ser humano viver, harmônica e
saudavelmente, com o meio ambiente, o nosso Planeta Terra, se quisermos
que a vida nele prevaleça.
O conhecimento sistemático relacionado ao meio ambiente e ao movimento
ambiental são bastante recentes. A própria base conceitual – definições como
a de meio ambiente e de desenvolvimento sustentável, por exemplo – está em
plena construção. De fato, não existe consenso sobre esses termos nem
mesmo na comunidade cientifica; com mais razão, pode-se admitir que o
mesmo ocorra fora dela.
26
No entanto, existe uma terminologia própria de elementos que formam as
bases gerais do que se pode chamar de pensamento ecológico. Justamente
pelo fato de estar em pleno processo de construção, a definição de muitos
desses elementos é convertida. Assim, considerou-se importante à
apresentação, como uma referência, de três noções centrais: a de Meio
Ambiente, a de sustentabilidade e a de Diversidade.
A intenção é mostrar que é importante que o professor trabalhe com objetivo de
desenvolver, nos alunos, uma postura crítica diante da realidade, de
informações e valores veiculados pela mídia e daqueles trazidos de casa. Para
tanto, o professor precisa conhecer o assunto e, em geral, buscar junto com
seus alunos mais informações em publicações ou com especialistas. Tal
atitude representará maturidade de sua parte: tema da atualidade, em contínuo
desenvolvimento, exigem uma permanente atualização; e fazê-lo junto com os
alunos representa excelente ocasião de, simultaneamente e pela prática,
desenvolver procedimentos elementares de pesquisa e sistematização da
informação, medidas, considerações quantitativas, apresentação e discussão
de resultados, etc.
Portanto, o estudo primará por abordar teoricamente autores que tratam da
questão ambiental e da cidadania e sua importância no processo ensino –
aprendizagem dos educandos do Ensino Fundamental.
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CAPÍTULO III
Educar para uma vida sustentável
A humanidade durante a sua existência, deste o tempos mais remotos, vem em
busca da felicidade. Em meio às crises, aos sofrimentos pessoais e coletivos,
em meio a um processo de globalização, onde questões de ordem políticas,
sociais, culturais e espirituais, superam as fronteiras econômico-financeiras, o
ser humano vem denunciando atentados contra a sociedade, firmando o seu
olhar sobre a importância, em nível planetário, de uma consciência da
necessidade de um desenvolvimento humano durável, pautada nos princípios
da sustentabilidade.
Neste contexto surge o questionamento: como poderemos permanecer vivendo
no planeta Terra, sem nos atentarmos para a formação de novas gerações no
que se refere ao conhecimento das reais condições de sobrevivência
planetária; como fazer para possibilitar a sustentabilidade da permanência
humana no planeta?
Essas questões ganharam destaque na educação, enquanto recurso
indispensável para sustentar, no futuro, o que a história construiu, promovendo
a divulgação dos conhecimentos que podem proporcionar uma atitude
ecológica plena. A educação vista como a esperança que se tem para
promover uma humanidade comprometida com o seu meio ambiente e a
qualidade de vida, se justifica, já que, através de sistemas educacionais, as
sociedades transmitem e inculcam valores que irão permitir a crítica e a
contestação do poder e, eventualmente, a sua modificação.
28
E sendo assim, é necessário reconhecer a importância do trabalho a ser
realizado pela Educação Ambiental que passa a ser incorporada como meio de
sensibilizar e divulgar, para todos os segmentos da sociedade, a necessidade
de se posicionar pela preservação da Natureza e de se defender a importância
desta no desenvolvimento da consciência ecológica local e global.
Um desenvolvimento sustentável que preserva a natureza e garanta um
ambiente saudável para o ser humano é o direito do cidadão no pleno gozo de
seus direitos civis e políticos e esses direitos para serem adquiridos è
necessário o exercício da cidadania.
O significado do termo “cidadania” é confuso e às vezes confunde-se com o
simples direito de escolher seus governantes. No entanto, a Carta do ONU, da
Revolução Francesa e a constituição brasileira propõem como cidadania “a
igualdade de todos os homens sem discriminação de raça, cor e credo, e a
todos, cabe o domínio de seu próprio corpo e a sua vida, acesso a um salário
para viver adequadamente com direitos a saúde, educação, moradia e lazer”.
O cidadão no pleno exercício da cidadania deverá lutar para que seus direitos
sejam efetivamente praticados. Isso poderá ser realizado através da
participação direta ou indiretamente por meio do voto ou de movimentos
sociais.
Os movimentos sociais criaram novas possibilidades para o exercício prático
da cidadania. No plano simbólico fortaleceu a consciência de direito ao ser
afirmado e/ou reivindicado de forma mais ampla pelos cidadãos. Essas duas
dimensões favorecem o desenvolvimento de uma cultura democrática.
É apoiado nestas perspectivas oferecidas pela constituição que a sociedade de
modo geral deve se ajuntar aos diversos movimentos sociais e ONGs em todos
os países em especial no Brasil para defenderem o meio ambiente e
29
consciente de que a democracia não é estática, mas que para legitimar as
reivindicações é preciso um número expressivo de representantes na defesa
de seus anseios.
A sociedade junto as ONGs deve posicionar junto ao desenvolvimento “dito”
sustentável e que, no entanto não apresenta um modelo novo, menos
tecnicista. Este modelo não leva em conta as questões culturais, não se
preocupa com um desenvolvimento ecológico ético criativo, apenas satisfaz
uma minoria, que em nome de uma mudança simplesmente de título, sem
maior compromisso com a verdadeira questão ambiental, preocupa-se apenas
em incentivar o crescimento econômico, aumentando assim a exclusão social.
Frente a esta situação há uma necessidade de um modelo de desenvolvimento
que busque criatividade de forma a preencher os espaços livres promovido
pela tecnologia, reinventar uma forma de empregar o exercito de mão de obra
disponível. Somente no exercício da cidadania pode-se reverter a situação de
degradação, busca dos direitos civis políticos e sociais.
AS ONGs ambientalistas brasileiras embora pequenas frente às ONGs, dos
países do Norte, prestam importante trabalho educacional e conscientizador.
Posicionam-se frente ao “modelo sustentável de desenvolvimento”, num
questionamento quanto sua veracidade visto que o mesmo entre outras falhas
não se preocupa com a criatividade, não conhece até então as formas de
indústria que funciona a não ser a partir da valoração dos elementos naturais
do meio ambiente.
A compreensão do avanço da Educação Ambiental, nos diversos campos,
como, por exemplo, na Pedagogia, passa a ser fator essencial para uma
prática consciente por parte de órgãos governamentais, articulada ao processo
30
educativo formal e não formal, não se restringindo apenas às escolas, mas à
sociedade como um todo.
Desta forma, a preparação para as mudanças necessárias dependerá da
compreensão coletiva da natureza sistêmica das crises que ameaçam o futuro
do planeta, sendo fator fundamental para que as comunidades planejam e
implementem suas próprias alternativas às políticas vigentes. Mas, para
alcançarmos sucesso, teremos primeiramente de nos aproximar da natureza
para aprendermos acerca de sua complexidade e de sua beleza, fazendo para
isso uso do respeito, da cooperação e do diálogo.
De acordo com Gadotti (2001), o que a educação pode fazer para tornar a vida
mais sustentável no planeta é reorientar os programas educacionais existentes
no sentido de promover conhecimentos, competências, habilidades, princípios,
valores e atitudes relacionadas com a sustentabilidade. Ele sugere como
estratégia concreta para iniciar esse trabalho uma eco auditoria para descobrir
em pormenores onde estamos realmente sendo insustentáveis, para isso basta
mapear tudo o que fazemos e contrapor o que fazemos ao princípio da
sustentabilidade.
Portanto é imprescindível educar para uma visão holística do homem, pois ele
é o único indivíduo que é capaz de pensar e sentir; de questionar e modificar a
si próprio e ao mundo.
Em novembro de 2007, foi realizada em Ahmedabad, na Índia, a IV
Conferência Internacional sobre Educação Ambiental. A declaração de
Ahmedabad reflete a necessidade de educar para uma vida sustentável.
O consumo sustentável foi bem destacado nessa conferência, pois não se
pode pregar educação para sustentabilidade sem falar de educação para o
consumo sustentável. O pensamento de Gandh: “Minha vida é minha
31
mensagem”, foi referência para os debates. “O nosso exemplo é muito
importante. Pelas nossas ações, acrescentamos substância e vigor à busca por
uma vida sustentável”.
No último estudo, apresentado em 2007, o Painel Intergovernamental sobre
Mudanças Climáticas, IPCC, alerta através de relatório que os líderes políticos
tomem medidas necessárias para enfrentar o aquecimento global reafirmando
que a Revolução Industrial foi um fator determinante para o aumento da
concentração de gás carbônico na atmosfera, que provoca o efeito estufa e a
elevação da temperatura do planeta. Essa tendência deverá continuar por
vários séculos, mesmo que a humanidade controle a emissão de gás carbônico
e que se estabilize a concentração de gases de efeito estufa.
Foi afirmado também, que o aumento do nível do mar e o aquecimento são
inevitáveis.
Segundo Gadotti (2001), levando em consideração que teremos de conviver
com o aquecimento global e que precisamos diminuir seus efeitos danosos;
que o nosso estilo de vida e a nossa alimentação têm considerável impacto no
aquecimento global; que a educação para a sustentabilidade e para o consumo
sustentável é parte fundamental dessa educação, tendo impacto positivo na
diminuição da emissão de gás carbônico, faz a seguinte proposta “que
mobilizemos o maior número de escolas e estudantes na mudança de estilo de
vida para construir hábitos de uma vida sustentável, sobretudo através de uma
alimentação ecologicamente sustentável. Ainda não utilizamos o potencial
organizativo e transformador das escolas. Mais de um bilhão de crianças e
jovens estuda hoje no mundo e uma mudança em seu estilo de vida faria a
maior diferença”.
Conforme o documento base da Conferência Internacional ambiente e
sociedade (1999), “A educação não constitui a resposta absoluta para todos os
32
problemas, mas, em seu sentido mais amplo, deve ser parte vital de todos os
esforços que se façam para imaginar e criar novas relações entre as pessoas e
para fomentar maior respeito pelas necessidades do meio ambiente... A
educação é, em síntese, a melhor esperança e o meio mais eficaz que a
humanidade tem para alcançar o desenvolvimento sustentável.”
Os Parâmetros Curriculares Nacionais diz que: “a questão ambiental impõe às
sociedades a busca de novas formas de pensar e agir, individual e
coletivamente, de novos caminhos e modelos de produção de bens, para suprir
necessidades humanas, e relações sociais que não perpetuem tantas
desigualdades e exclusão social e, ao mesmo tempo, que garantam a
sustentabilidade ecológica. Isso implica um novo universo de valores no qual a
educação tem um importante papel a desempenhar.”
Segundo a orientação do manual Latino-americano de educação ambiental
(1994), os educadores devem trabalhar a educação ambiental em suas aulas
de maneira que sensibilizem os discentes que a educação é o caminho para
uma vida melhor. “Precisamos de uma educação que nos conduza a repensar
velhas fórmulas de vida e a propor ações concretas para transformar nossa
casa, nossa rua, nosso bairro, nossas comunidades, sejam elas no campo, na
fábrica, na escola, no escritório”.
Boff (1999) faz a seguinte reflexão: “O cuidado com a terra representa o global.
O cuidado com o próprio nicho ecológico representa o local. O ser humano tem
os pés no chão (local) e a cabeça aberta para o infinito (global). O coração une
o chão e infinito, abismo e estrelas, local e global. A lógica do coração é a
capacidade de encontrar a justa medida e construir o equilíbrio dinâmico. Para
isso cada pessoa precisa descobrir-se como parte do ecossistema local e da
comunidade biótica, seja em seu aspecto de natureza, seja em sua dimensão
de cultura.”
33
Concluímos que o cuidado representa uma atitude de ocupação, preocupação,
de responsabilidade e de envolvimento afetivo com o outro.
Conforme o artigo de Paulo Camargo publicado pela revista pedagógica Pátio
(maio/ julho2008), são dez os mandamentos que uma escola deve seguir para
ser uma escola sustentável, como:
1. Coerência: é preciso lutar contra o fosso entre a teoria do que se faz em sala
de aula e o que se realiza no cotidiano da instituição.
2. Informação: embora nas escolas ainda seja um processo inicial, há muitas
experiências que podem se compartilhadas, como, por exemplo, por ONGs e
empresas de outros segmentos. Do mesmo modo, é preciso investir em
formação continuada também na área ambiental.
3. Cultura: sustentabilidade não se constrói com ações pontuais, mas com a
transformação da cultura interna, o que inclui mobilizar diretores,
coordenadores, professores, funcionários administrativos, alunos e pais.
4. Paciência: nada se faz do dia para a noite, nessa área. Mudar
procedimentos arraigados leva tempo. É um processo constante e crescente,
com idas e vindas.
5. Realismo: assim como no restante da sociedade, a implantação de políticas
de sustentabilidade nos confronta com inúmeras contradições, principalmente
no que se refere aos aspectos da viabilização econômica ou tecnológica.
6. Democracia: para se construir uma escola sustentável, é preciso saber que
nada se faz de cima para baixo. É preciso saber ouvir e dialogar com os vários
setores e interesses envolvidos.
7. Compromisso socioambiental: a noção de sustentabilidade ultrapassa em
muitos os limites da escola. É preciso estimular os alunos a atrair a
comunidade circunvizinha, tornando a escola um pólo difusor dessa nova
consciência.
34
8. Criatividade: estamos em plena transformação. Não há soluções
esquematizadas. Cada escola encontrará o seu caminho. Mas não se contente
apenas com a implantação de ações como a coleta seletiva, embora seja um
bom começo.
9. Metas: estabeleça metas de curto, médio e longo prazo. Um projeto de
amplo espectro como esse se torna mais eficiente se trabalhar dentro de
objetivos preestabelecidos.
10. Transversalidade: por fim, é sempre bom lembrar: sustentabilidade rima,
sempre, com educação. É importante que haja coerência e articulação entre os
projetos ligados à sustentabilidade e o que é trabalhado em sala de aula nas
diferentes disciplinas.
Muitos conceitos e princípios são fundamentais para uma perspectiva de
educação ambiental, como autonomia, identidade, participação, pertencimento
e solidariedade. Esses conceitos nos remetem a estratégias metodológicas,
como pedagogia da práxis, a pesquisa-ação, a transdisciplinaridade, a
construção do conhecimento e os mais variados meios que almejam a
formação de pessoas educadas ambientalmente.
Se temos, enquanto seres humanos, a dádiva da consciência devemos
procurar entender o processo, os princípios e as formas de organização, sejam
elas humanas ou não, enquanto parte deste grande ecossistema que é o
planeta Terra. Somente assim, nós, humanos, poderemos rever e reinventar
as nossas comunidades educativas, comerciais e políticas, trazendo a público
a discussão e a análise dos problemas ambientais vividos hoje pela sociedade
local e global.
Enquanto educador ambiental, a sensibilização individual e coletiva em favor
de um ambiente sustentável deve ser a nossa meta, entendendo que a
sustentabilidade é um complexo de alternativas que depende de um conjunto
35
ambiental, cultural e político, portanto somos mediadores capazes de
interpretar esses conjuntos de opções que permite a construção do futuro
desejado.
36
CONCLUSÃO
Finalizado o estudo, percebeu-se que quando a Educação Ambiental não é
percebida em seu todo, muitas vezes é aplicada como uma matéria estanque
desvinculando-a do seu todo, ou seja, é trabalhada com um enfoque de uma
determinada questão e, é só.
Existe uma preocupação por parte dos educadores em desenvolver um projeto
pedagógico (matérias que devem ser trabalhadas) durante o ano letivo e
muitos deles não conseguem globalizar a Educação Ambiental aos conteúdos
curriculares.
Por incrível que pareça, dar maior ênfase à Educação Ambiental pode parecer
“perda de tempo”, e isto ocorre por que o conceito de Educação Ambiental não
está bem definido, seja por parte dos educadores, orientadores e ou
coordenadores. A Educação Ambiental deve ser trabalhada de forma
interdisciplinar.
Se tudo continuar como está, o prognóstico para um futuro próximo é
desolador. É no dia a dia que a prática da Educação Ambiental faz-se mais
necessária. São pequenos atos que dão início a grandes transformações. Uma
vez que o indivíduo percebe com clareza a importância de hábitos e atitudes
saudáveis tanto para si quanto para o meio, vai ser um exemplo para que mais
pessoas tornem-se ambientalistas, o que todos somos por natureza, pois
somos parte dela, porém, devido a inúmeros fatores, esquecemos disto.
37
Aí entra também a questão da espiritualidade. Desenvolvendo valores
espirituais, de valorização à vida, e espontânea Educação Ambiental. E assim
voltaremos a nos integrar com a natureza e consequentemente procuraremos
preservar o meio ambiente, pois teremos uma noção clara de que tudo é
integrado, tudo é interligado.
A Educação Ambiental, está diretamente ligada a nossa forma de vida como
um todo: deste o que comemos, como moramos, o que vestimos até o que
consumimos. Nossa postura frente ao cotidiano, nossas maneiras e até mesmo
o nosso trabalho estão diretamente ligadas à Educação Ambiental.
Devemos considerar a Educação Ambiental como uma maneira de ensinar
permanentemente baseado no respeito a todas as formas de vida, o que requer
responsabilidade, tanto individual como coletiva, pois ela é fundamental e os
seus conceitos devem ser trabalhados de forma a adequá-los ao público alvo e
a realidade local, pelo fato de enquanto processo pedagógico abarca uma
diversidade muito grande de metodologias, enfoques e abordagens. O que
tornar-se relevante em todo processo da Educação Ambiental, seja formal ou
não formal, é que os indivíduos – educando e educadores, como já dito
anteriormente, sejam respeitados nas suas peculiaridades, e que as atividades
e ações levem em consideração as particularidades do entorno, ou seja, do
contexto social.
Nesse contexto, a Educação Ambiental se coloca como ferramenta essencial
para a construção de uma sociedade equitativa. Enquanto um processo de
aprendizagem permanente, baseado no respeito a todos as formas de vida, a
Educação Ambiental deverá afirmar valores e ações que contribuam para a
preservação ecológica, prevendo a formação de uma sociedade socialmente
justa e ecologicamente equilibrada, tendo como principal ator, o educador,
aquele que despertará no educando o interesse; o interesse pela reflexão e o
interesse pelo conhecimento, abrindo o caminho para a percepção.
38
Desta forma, é necessário que os educadores tomem consciência da
importância da Educação Ambiental enquanto processo dinâmico e em
permanente construção, consciência esta que só será percebida quando os
mesmos estiverem preparados e seguros, através do acesso às informações,
pesquisas e materiais que irão permitir uma reflexão e nortear ações em
direção ao resgate do tempo perdido.
As discussões, os documentos, as Leis, os Decretos, as Cartas, entre outros,
que norteiam a prática da Educação Ambiental, destacam que esta deve estar
presente em todos os assuntos e exemplos a serem abordados no processo
educacional, desde a Educação Infantil, visando a conscientizar e a formar
cidadãos que reconheçam os problemas ambientais, estimulando um
relacionamento socioambiental pautado em princípios justos e equitativos, sem
que haja prejuízo, seja para humanidade, seja para o meio-ambiente. Tal
prática deverá refletir sobre os aspectos históricos, sociais, políticos,
econômicos e educacionais que norteiam a prática da Educação Ambiental, o
que permitirá um maior conhecimento, por parte de estudantes e educadores,
dos seus princípios de forma a encurtar distâncias e ampliar horizontes entre
as literaturas existentes.
O presente trabalho, visa a dar subsídios que possam incentivar estudos
complementares que venham a contribuir para a efetivação da prática da
Educação Ambiental, tendo como princípio a crença de que a consciência é o
primeiro passo para uma atitude reflexiva de como devem ser as relações
socioeconômicas, voltadas para um planejamento sustentável, objetivando a
construção de uma sociedade que sustente o crescimento cultural, a qualidade
de vida e o equilíbrio ambiental.
Tal discussão se justifica quando olhamos para o dia-a-dia da prática escolar e
nos deparamos com profissionais da educação, na sua maioria, com
dificuldades para relacionar a temática ambiental com as várias áreas do
conhecimento, limitando-se a uma prática voltada para a discussão de
39
questões de ordem natural como: desmatamento, efeito estufa, poluição e
animais em extinção. Considerações sobre desemprego, fome, ocupação
territorial sem planejamento, entre outros, são vistas como questões políticas e
econômicas, desvinculadas do ambiente.
Sendo assim, faz-se urgente despertar nos educadores a vontade de buscar
conhecimentos necessários para fundamentar uma mudança de atitude, saindo
de uma prática conceitual e estática, para uma prática dinâmica,
contextualizada e integrada, entre as diversas Àreas do Conhecimento,
discutindo questões pertinentes à Educação Ambiental sob campo político,
social, econômico e cultural.
O educador, aqui visto como educador ambiental deverá identificar e fazer uso
de subsídios, como por exemplo, a inter e a transdisciplinaridade, enquanto
pilares para a efetivação do processo de ensino e aprendizagem voltado para a
implantação da Educação Ambiental nas Instituições de Ensino.
40
ANEXOS
Registros fotográficos de trabalhos desenvolvidos com o 2º ano do Ensino
Fundamental da Escola Amenophis de Assis do Município de Cariacica – ES
abordando o tema: “Educação Ambiental” com o acompanhamento da
professora Agda Martins Rosa no processo.
Painel sobre: “Atitudes que devemos ter para proteger o meio –
ambiente”
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Construção de uma maquete retratando o ambiente urbano e rural
baseado na fábula “O rato da cidade e o rato do campo”
42
Ilustrações sobre: “O Aquecimento Global”
Atividades desenvolvidas no laboratório de informática sobre o meio-
ambiente.
45
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
BOFF, Leonardo. Saber cuidar: ética do humano – compaixão pela terra. 10º.
Ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1999.
BRASIL, Ministério da Educação. Leis de diretrizes e Bases da Educação
Nacional. Brasília: MEC/SEF, 1989.
BRASIL, Ministério da Educação. Parâmetros curriculares nacionais. Vol.I, II e
III. Brasília, DF: SEMTEC Editora, 1997.
Educação para um futuro sustentável. Documento base da Conferencia
Internacional Ambiente e Sociedade.
GADOTTI, Moacir. Pedagogia da Terra. São Paulo, Peirópolis, 2001.
GUIMARÃES, M. A formação de educadores ambienteis. Campinas: Papirus,
2004.
PÁTIO Revista Pedagógica - Educação para o desenvolvimento sustentável,
ano XII maio/julho, 2008.
Viezzer, Moema e Ovalles, Omar (organizadores). Manual Latino-americano
de educação ambiental. São Paulo, Ed. Gaia, 1994. Página 2.
46
www.cprh.pe.gov.br/sec-educamb/secund-edamb.html
47
ÍNDICE
CAPA DE ROSTO 02
AGRADECIMENTOS 03
DEDICATÓRIA 04
RESUMO 05
METODOLOGIA 06
SUMÁRIO 08
INTRODUÇÃO 09
CAPÍTULO I
O que é Educação Ambiental 15
CAPÍTULO II
A educação ambiental nas séries iniciais do ensino fundamental 22
CAPÍTULO III
Educar para uma vida sustentável 27
CONCLUSÃO 36
ANEXO 40
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 45
ÍNDICE 47