1. INTRODUÇÃO
A Assistência Social é política pública que preconiza o direito do cidadão e dever
do Estado e compõe o tripé da Seguridade Social, juntamente com a Saúde e Previdência
Social. Tem caráter de política de Proteção Social com articulação a outras políticas sociais,
proporcionando atendimento, sem a necessidade de contribuição, a todos que dela necessitam.
A Lei nº 8742 - Lei Orgânica de Assistência Social - LOAS, aprovada em 07 de
dezembro de 1.993, reconheceu a Assistência Social como política pública, direito do cidadão
e dever do estado. A primeira ação para estruturar essa política pública foi a implantação de
uma Política Nacional de Assistência Social, criando diretrizes para a execução das ações,
programas e serviços para atendimento aos usuários. Em novembro de 2004, essa Política
Nacional foi reestruturada numa perspectiva de implantação de um Sistema Único de
Assistência Social, cumprindo a principal deliberação aprovada na IV Conferência Nacional
de Assistência Social, realizada em dezembro de 2003.
A gestão proposta por esta política pauta-se no pacto federativo, no qual devem
ser detalhadas as atribuições e competências dos três níveis de governo na provisão das ações
socioassistenciais, a partir das indicações e deliberações das Conferências, dos Conselhos e
das Comissões de Gestão Compartilhada, as quais se constituem em espaços de discussão,
negociação e pactuação dos instrumentos de gestão e formas de operacionalização da Política
de Assistência Social (PNAS, 2004).
O SUAS - Sistema Único de Assistência Social é um modelo de gestão
descentralizado e participativo que se constitui na regulação e organização das ações
socioassistenciais, com foco prioritário na atenção às famílias, seus membros e indivíduos.
Pressupõe uma gestão compartilhada, com co-financiamento das três esferas de governo e
definição clara das competências técnico-políticas da União, Estados, Distrito Federal e
Municípios, com a participação e mobilização da sociedade civil. Define e organiza a
execução da política de assistência social, normatizando padrões de serviços de acordo com as
referências de Vigilância Social, Proteção Social e Defesa Social e Institucional. Ressalta o
campo da informação, monitoramento e avaliação, como importante estratégia para uma
melhor atuação das políticas sociais, principalmente da política de assistência social (PNAS,
2004).
O artigo 5º da LOAS propõe como exigência o comando único na formulação da
Política de Assistência Social exercido pelo Estado, ao afirmar que uma das diretrizes é a
descentralização político-administrativa e o comando único das ações em cada esfera de
governo. Essas diretrizes orientaram o processo de implantação da Política de Assistência
Social no Paraná.
Em 2003, o Estado do Paraná instituiu a SETP – Secretaria de Estado do
Trabalho, Emprego e Promoção Social, órgão responsável pela execução das Políticas de
Assistência Social, de Trabalho, Emprego e Renda e de Segurança Alimentar e Nutricional.
A SETP tem por objetivo instituir uma nova forma de gestão da Política Pública
de Assistência Social no Estado do Paraná, cumprindo com a responsabilidade da esfera
estadual na condução dessa política. Nesse contexto, objetiva-se instrumentalizar a gestão
municipal da Assistência Social, mediante processos de assessoramento técnico, teórico,
operativo e metodológico, que viabilizem o efetivo exercício do papel da referida instância e o
eficaz gerenciamento dos recursos. Tem também a função de monitorar, acompanhar e
fiscalizar a operacionalização de programas federais no âmbito do Estado.
Para execução da Política de Assistência Social, a SETP está estruturada com 18
Escritórios Regionais que têm a função de desenvolver o conjunto de programas da Política
de Assistência Social, articulando as parcerias necessárias e tomando as providências técnico-
administrativas para a efetiva concretização das ações.
Desde a instituição da SETP, o Escritório Regional de Cascavel tem cumprido
este objetivo, executando as ações da Política Estadual de Assistência Social, através de
Assessorias Técnicas para Gestores, Técnicos e Conselheiros dos 34 municípios1 de sua
região de abrangência.
O trabalho de Assessoria Técnica que o Escritório Regional da SETP de Cascavel
vem realizando com os municípios, através de reuniões técnicas, Encontros de Capacitação e
visitas in loco, tem subsidiado as equipes técnicas dos municípios na execução dos serviços
prestados. Porém, é possível perceber mediante o contato rotineiro com gestores e técnicos de
alguns municípios que as orientações repassadas são parcialmente colocadas em prática,
demonstrando algumas falhas na execução dos serviços de atendimento ao usuário, mais
especificamente na execução do Programa Bolsa Família.
O Programa Bolsa Família estabelece três compromissos com os municípios,
atualização de cadastros de famílias, informação das condicionalidades de freqüência escolar
e de saúde dos beneficiários e realização de Programas complementares (Palestras de 1 Quais sejam: Anahy, Assis Chateaubriand, Boa Vista da Aparecida, Braganey, Cafelândia, Campo Bonito, Capitão Leônidas Marques, Cascavel, Catanduvas, Céu Azul, Corbélia, Diamante do Oeste, Diamante do Sul, Formosa do Oeste, Guaraniaçu, Ibema, Iguatu, Iracema do Oeste, Jesuítas, Lindoeste, Maripá, Matelândia, Nova Aurora, Nova Santa Rosa, Ouro Verde do Oeste, Palotina, Quatro Pontes, Santa Lúcia,, Santa Tereza do Oeste, São Pedro do Iguaçu, Toledo, Três Barras do Paraná, Tupãssi e Vera cruz do Oeste.
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orientações, Oficinas de Convivência, cursos de preparação para o trabalho e Projetos de
geração de renda). As falhas percebidas são no sentido de que o Gestor da Assistência Social,
os Técnicos e o Gestor do Programa Bolsa Família fazem um acompanhamento parcial das
condicionalidades, como também dos compromissos das famílias, no que se refere à
atualização de cadastros. Observa-se em alguns municípios que ainda permanecem como
beneficiárias do Programa famílias que não estão mais nos critérios estabelecidos, enquanto
outras que têm direito ao acesso não estão sendo contempladas, pois só são abertas vagas para
o município se houver cancelamentos de famílias.
Outra constatação é de que as ações socioeducativas que devem ser realizadas
com as famílias, nos programas complementares, estão acontecendo, porém sem planejamento
com base em levantamento das necessidades e interesse das famílias, o que gera a pouca
participação dos beneficiários e não apresenta possibilidades de inclusão, portanto não
atingem resultados satisfatórios.
Diante desta constatação, essa pesquisa propõe-se a verificar como as Assessorias
Técnicas do Escritório Regional da SETP de Cascavel, junto aos gestores do Programa Bolsa
Família e técnicos municipais de Assistência Social, têm contribuído para a execução dos
serviços de atendimento aos beneficiários do Programa Bolsa Família, em cumprimento aos
objetivos do Programa.
1.1 Objetivo geral:
Analisar as ações realizadas nas Assessorias Técnicas, através das orientações
repassadas aos gestores de Assistência Social, Gestores do PBF e técnicos municipais de
Assistência Social dos CRAS, no que tange à eficiência e eficácia no atendimento aos
beneficiários do Programa Bolsa Família.
1.2 Objetivos específicos:
a) Elaborar um diagnóstico conjunto, considerando a atuação dos gestores do
Programa Bolsa Família e técnicos de Assistência Social dos CRAS dos
municípios, para verificar como o trabalho de Assessoria Técnica do Escritório
Regional da SETP de Cascavel está contribuindo na execução dos serviços para os
beneficiários;
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b) propor ações de melhorias a partir dos resultados obtidos com este trabalho de
pesquisa na realização das Assessorias Técnicas do Escritório Regional da SETP
de Cascavel, em cumprimento aos objetivos do programa.
Este TCC está estruturado em três capítulos: o primeiro apresenta o
reconhecimento da Assistência Social como Política Pública, a regulamentação da Política
Nacional de Assistência Social e a estruturação desta Política no Estado do Paraná. O segundo
capítulo trata-se de uma contextualização do Programa Bolsa Família, inserido na Política de
Assistência Social e o terceiro capítulo contém a análise dos dados obtidos com os
questionários, que possibilitam a reflexão sobre o resultado das Assessorias Técnicas do
Escritório Regional da SETP de Cascavel, realizadas nos municípios.
Nas considerações finais apresenta-se o resultado do problema de pesquisa, que
possibilita uma reflexão sobre as Assessorias Técnicas realizadas pelo Escritório Regional da
SETP de Cascavel, nos municípios de sua abrangência, demonstrando que apesar de todas as
orientações e informações repassadas aos municípios sobre o PBF, estes não estão executando
na totalidade as ações conforme o compromisso estabelecido pelo Programa. Quando são
executados os Programas Complementares, não são planejados a partir de um diagnóstico que
possibilite a realização de ações que garantam a promoção e autonomia dos beneficiários e,
também, não estão atingindo a totalidade dos beneficiários.
Portanto, os municípios não estão cumprindo o que estabelece a Política de
Assistência Social, no que se refere ao objetivo de “prover serviços, programas, projetos e
benefícios de proteção social básica e, ou especial para famílias e indivíduos que deles
necessitar” (PNAS, 2004).
1.3 Justificativa:
Justifica-se este trabalho, pelo fato de que ainda não foi realizada uma pesquisa
para avaliar o trabalho realizado pelo Escritório Regional da SETP de Cascavel, através de
Assessorias Técnicas aos gestores e técnicos municipais de Assistência Social, no que se
refere a execução dos serviços socioassistenciais, mais especificamente nas ações do
Programa Bolsa Família.
Desde a aprovação da LOAS, o Escritório Regional da SETP de Cascavel vem
assessorando os municípios na implantação programas e projetos, bem como no
acompanhamento destas ações, sempre com o foco na garantia de direitos dos usuários,
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contribuindo desta forma na execução dos serviços destinados aos beneficiários do PBF ,
através de orientações, capacitações e monitoramento das ações. Contudo ainda não foi
possível estabelecer uma metodologia para avaliar qualitativamente as ações realizadas pelo
Escritório Regional da SETP, através das Assessorias Técnicas.
Apesar de não existir um instrumento de avaliação para verificar a eficácia da
Assessoria Técnica do E.R. de Cascavel, observa-se ao contato com alguns gestores e
técnicos, que as orientações repassadas nas Assessorias Técnicas não são postas em prática na
sua totalidade, de forma que os serviços socioassistenciais não atingem os resultados
esperados no atendimento aos beneficiários, o que acarreta relativa ineficiência na utilização
dos recursos financeiros.
1.4 Metodologia:
Considerando a identificação de falhas no processo de execução dos programas
complementares e no acompanhamento das condicionalidades do Programa Bolsa Família em
alguns municípios, optou-se pela elaboração deste TCC, o qual foi construído através da
pesquisa qualitativa, por reconhecer que a realidade só se apreende por aproximação e a
pesquisa exploratória, onde Gil (1991) coloca que a pesquisa exploratória tem como objetivo
tornar o objeto de estudo mais explícito. As técnicas de pesquisa utilizadas para a elaboração
deste TCC foram: pesquisa bibliográfica, desenvolvida a partir de material já elaborado, como
livros, Cartilhas da Secretaria de Estado do Trabalho Emprego e Promoção Social e a
legislação vigente: LOAS, PNAS e NOB, como também coleta primária de dados obtidos
através da aplicação de questionários.
A metodologia aplicada para levantamento dos dados foi realizada através da
aplicação de questionários com 10 (dez) gestores do Programa Bolsa Família, 10 (dez)
técnicos de Assistência Social, que atuam nos CRAS – Centro de Referência de Assistência
Social e 03 (três) beneficiários do Programa por município, a qual possibilitou levantar dados
sobre e execução dessas atividades no município e conseqüentemente a eficácia da Assessoria
Técnica do Escritório Regional, especificamente nesta ação.
Na pesquisa foram abordados os seguintes aspectos: com os gestores e técnicos, a
importância e a eficácia da assessoria técnica do Escritório Regional, para a execução do
programa Bolsa Família no município. Com os beneficiários, o grau de conhecimento sobre
as condicionalidades do Programa Bolsa Família, mais especificamente os programas
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complementares, como está sendo a participação nestes programas e o que essa ação tem
contribuído na promoção da família.
A pesquisa compreendeu coleta de dados, por amostragem, em dez municípios da
região de abrangência do Escritório Regional da SETP de Cascavel, com as seguintes
características: municípios em Gestão Básica e com CRAS em funcionamento e equipe
técnica composta por funcionários concursados, quais sejam: ASSIS CHATEAUBRIAND,
CATANDUVAS, CORBÉLIA, FORMOSA DO OESTE, IBEMA, IRACEMA DO OESTE,
MATELÂNDIA, OURO VERDE DO OESTE, SANTA TEREZA DO OESTE E TOLEDO.
Esse critério foi utilizado pelo fato de que municípios com estas condições têm melhores
possibilidades de executar o Programa Bolsa Família, de acordo com os compromissos
assumidos pela Gestão Municipal, quando da Adesão ao Programa. Decidiu-se pela pesquisa
por amostragem, pelo fato de ser um período curto de tempo para a realização deste TCC.
12
2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Breve Histórico da Assistência Social no Brasil.
Tradicionalmente, até 1993 a Assistência Social no Brasil foi concebida com base
na caridade e filantropia, com características assistencialista e clientelista. A concepção de
pobreza era considerada fruto da incapacidade dos indivíduos e de acomodação dos pobres.
Nessa ótica, a Assistência Social era realizada em situações emergenciais, principalmente pela
atuação de rede de solidariedade formada por entidades sociais, em sua maioria ligada às
Igrejas.
Nesse contexto, a Assistência Social foi considerada uma prática e não uma
política, como um dever de ajuda atribuído à sociedade, não se configurando como um
mecanismo de universalização de direitos que garantissem o exercício da cidadania e a
superação das condições de vulnerabilidade e miserabilidade. O sistema de proteção social era
paliativo, excludente e fragmentado, não apresentando resultados satisfatórios para a
superação da condição de subalternidade.
Com a promulgação da Constituição Federal de 1.988, assegurou-se o caráter de
Estado Democrático de Direito, as políticas de Seguridade Social, entre elas a Assistência
Social, tiveram sua organização incumbida ao Poder Público, pautada pelo viés democrático
de universalidade, de eqüidade, de justiça social, de participação popular, de descentralização
da gestão e de controle social. Este fato apresentou mudança de paradigmas para o Brasil,
onde se deu maior ênfase à questão dos direitos sociais, definindo-os de responsabilidade
pública (COLIN, 2003).
Esse contexto conferiu à Assistência Social o caráter de Política Pública “direito
do cidadão e dever do estado”, através da promulgação da Lei nº 8742/93 – LOAS -Lei
Orgânica de Assistência Social, que regulamentou os Artigos 203 e 204 da Constituição
Federal de 1988, estabelecendo que a sua execução deve ser realizada através de um conjunto
integrado de ações de iniciativa pública e da sociedade, com primazia do Estado, devendo ser
prestada a todos que dela necessitar, independente de contribuição (COLIN, 2003).
Nessa nova visão, a Assistência Social passa a se constituir em política social não
contributiva, estabelecendo uma relação orgânica com as demais políticas sociais e
econômicas. Como política pública, destina-se a superar as desigualdades, desfazer exclusões
e assegurar o direito à vida (COLIN, 2003).
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A LOAS estabelece, em seu Artigo 5º, inciso I, o comando único nas três esferas
de governo, a gestão participativa e o controle social, colocando a responsabilidade da
execução em cada ente da federação, inclusive com orçamento próprio, os quais deverão estar
alocados em fundos próprios criados por força da Lei.
A Política Nacional de Assistência Social vigente, aprovada em novembro de
2004, expressa exatamente a materialidade do conteúdo da assistência social como um pilar
do Sistema de Proteção Social Brasileiro.
A última década significou a ampliação do reconhecimento pelo Estado, no esteio
da luta da sociedade brasileira, dos direitos de crianças, adolescentes, idosos e pessoas com
deficiência. Observa-se um crescimento progressivo dos gastos públicos, nas três esferas de
governo, no campo da Assistência Social, no financiamento de serviços socioassistenciais e
para a gestão da política pública.
Como forma de superar importantes desafios ainda existentes, na execução desta
política pública, a IV Conferência Nacional de Assistência Social, apontou como principal
deliberação a construção e implementação do Sistema Único de Assistência Social – SUAS
requisito principal para a efetividade da Assistência Social como política pública.
A gestão proposta por esta Política pauta-se no pacto federativo, que estabelece
atribuições e competências nas três esferas de governo, com a provisão das ações
socioassistenciais preconizadas na LOAS e na NOB – Norma Operacional Básica, deliberadas
nas Conferências, pelos Conselhos e Comissões compartilhadas (Comissões Intergestores
Bipartite e Tripartite – CIT e CIBs).
2.1.1 Conceito e base de organização do Sistema Único de Assistência Social - SUAS
O SUAS constitui-se na regulação e organização das ações socioassistenciais em
todo o território nacional, com foco prioritário na atenção das famílias, seus membros e
indivíduos. Prevê uma gestão compartilhada, co-financiamento da política pelas três esferas
de governo e definição clara das competências técnico-políticas da União, Estado e
Municípios. Materializa o conteúdo da LOAS, cumprindo dessa forma com os objetivos e
resultados esperados que devem consagrar direitos de cidadania e inclusão social.
Define e organiza os elementos essenciais à execução da política de assistência
social possibilitando a normatização dos padrões nos serviços, qualidade no atendimento,
indicadores de avaliação e resultado, nomenclatura dos serviços e da rede socioassistencial.
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O SUAS é um sistema público não contributivo, descentralizado e participativo,
com a função primordial de gestão do conteúdo específico da Assistência Social. Está
posicionado na intersetorialidade com as demais políticas sociais, o que demanda maior
integração e delimitação de atribuições específicas.
A regulação da dinâmica do SUAS é socialmente orientada pela ação pública
territorialmente adequada e democraticamente construída, com definição de competências
específicas de cada esfera de governo.
A Assistência Social é política pública de direção universal e direitos de
cidadania, capaz de alargar a agenda de direitos sociais a serem assegurados a todos os
brasileiros, de acordo com suas necessidades e independentemente de sua renda.
Nessa perspectiva, a Assistência Social, implementada como política pública
afiançadora de direitos, deve ser realizada por meio de uma estrutura político-administrativa
que ressalte o processo de descentralização e intersetorial. Nesse sentido a “Proteção Social
da Assistência Social consiste no conjunto de ações, cuidados, atenções, benefícios e auxílios
ofertados pelo SUAS, para a redução e prevenção do impacto das vicissitudes sociais e
naturais ao ciclo de vida, à dignidade humana e à família”. Tem por direção o
desenvolvimento humano e social e os direitos de cidadania, através dos princípios de
matricialidade sociofamiliar, territorialização, proteção pró-ativa, integração à seguridade
social e integração às políticas sociais e econômicas (NOB/SUAS, 2004, p. 90).
O SUAS está sendo construído por meio de uma nova lógica de organização das
ações: com definição de níveis de complexidade dos serviços, compreendendo a Proteção
Social Básica e a Proteção Social Especial, com referência no território, a centralidade na
família e o porte dos municípios.
Nesta perspectiva, [...] O SUAS, deve voltar-se especialmente para o campo distinto das demais políticas sociais, ao implementar, desde medidas de transferência direta não-contributiva de valores materiais (no nosso caso, o Bolsa Família), reforçando corretamente o protagonismo da população, até emancipação e autonomia dos segmentos populacionais a ela vinculados (PAIVA, 2006, apud JORGE, 2007, p.23).
De acordo com Sposati (2006), como movimento inicial da gestão do SUAS, há
um novo reposicionamento dos gestores municipais quanto à habilitação dos municípios
diante do SUAS, considerando a gestão inicial para municípios com Conselho, Plano e Fundo
Municipal em funcionamento e criou mais dois níveis de gestão: a básica e a plena.
15
“Outro movimento colocado pelo SUAS foi a forma de financiamento, que passa
a ser feito com repasses de fundo a fundo, proporcionando maior controle das ações
executadas pela rede socioassistencial” (NOB/SUAS, 2005, p. 49).
De acordo com a Política Nacional de Assistência Social – PNAS (2004), a
construção de uma política como pública e de direitos precisa levar em conta três vertentes de
proteção social: as pessoas, as circunstâncias e, dentre elas, seu núcleo de apoio à família.
Neste sentido, a proteção social exige maior aproximação possível do cotidiano da vida das
pessoas, pois é nele que os riscos e as vulnerabilidades se constituem.
Segundo Paiva (2006), há um enorme contingente de pessoas que não tem acesso
aos benefícios ou à proteção social que necessitam de atendimento, independentemente de
contribuição. A Assistência Social como essa nova concepção, compreendida como direito,
tem duplo efeito, o de suprir sob dado padrão pré-definido um recebimento, e o de
desenvolvimento humano e social, não tutelador ou assistencialista.
Assim entende-se por proteção social as formas “institucionalizadas que as
sociedades constituem para proteger parte ou o conjunto de seus membros, tais sistemas
decorrem de certas vicissitudes da vida natural ou social, tais como a velhice, a doença. [...]”
(PNAS, 2004 apud JORGE, 2007, p. 25).
2.1.2 A Política de Assistência Social no Estado do Paraná
O Estado do Paraná implantou a Lei Orgânica de Assistência Social em 1994 e
estruturou sua Política de Assistência Social de forma articulada aos demais níveis e
instâncias constitutivas dessa política. Conforme estabelece a Constituição Federal, a Política
Pública de Assistência Social deve ser administrada e gerida segundo as diretrizes
democráticas de: descentralização, municipalização e participação. Também prevê que a
Assistência Social deve ser realizada por meio de um conjunto integrado de ações da
administração pública e da sociedade civil que garantam o atendimento das necessidades
básicas do cidadão.
O artigo 6º da LOAS dispõe que as ações na área da Assistência Social serão
organizadas em sistema descentralizado e participativo, constituído pelas entidades e
organizações de assistência social. O artigo 8º da mesma lei estabelece que cada ente federado
observados os princípios e diretrizes desta lei fixarão suas respectivas Políticas de Assistência
Social.
16
No Estado do Paraná esse Sistema Descentralizado e Participativo da Assistência
Social foi construído na trajetória de lutas entre os atores diversos, inscritos nos espaços
constitutivos da relação entre o Estado e a sociedade civil.
A estruturação da Política de Assistência Social no Paraná teve início em 1993,
podendo ser localizada em quatro grandes marcos. No primeiro marco, ocorreu a mobilização
e a organização da sociedade civil e de órgãos governamentais, junto ao poder legislativo para
a aprovação e implementação da Lei Orgânica de Assistência Social no Paraná.
Tais mobilizações resultaram na instalação de um Fórum Popular de Assistência
Social de Curitiba, com representações de entidade, setores religiosos, populares, sindicais,
prestadores de serviços e trabalhadores do setor.
No segundo marco, o Estado assume a implementação da LOAS no Paraná,
passando de uma perspectiva da Assistência Social enquanto programa governamental para o
estatuto de política pública.
O terceiro marco destaca-se pela criação e consolidação de instâncias
significativas do sistema descentralizado e participativo. Há um avanço nesse Sistema em
decorrência das forças de pressão da sociedade civil em garantir novos espaços de deliberação
e de participação popular.
Em 1996, foram criados o Conselho Estadual de Assistência Social - CEAS e o
Fundo Estadual de Assistência Social, através da Lei nº 11.362/96.
O quarto grande marco refere-se à reestruturação da secretaria responsável pela
Política de Assistência Social, com a tendência significativa de redimensionamento quanto ao
apoio técnico-político e financeiro aos municípios.
Com a nova gestão governamental no Paraná, em 2003, a Secretaria responsável
pela Política de Assistência Social no Estado passa a denominar-se Secretaria de Estado do
Trabalho, Emprego e Promoção Social (SETP). A reestruturação da Secretaria adota uma
concepção da Assistência Social como política universal, direito de quem dela necessitar,
constituindo o Núcleo de Coordenação Estadual da Assistência Social e demais
coordenadorias articuladas com a Política Estadual do Trabalho. A organização da Política de
Assistência Social no Paraná pauta-se em princípios ético-políticos com direção social
emancipatória que fortalece e se capilariza, através de uma condução metodológica
participativa, centrando a atenção especialmente nas instâncias deliberativas (conselhos),
política e de articulação (Fóruns), avaliativa e propositiva de diretrizes (Conferências).
Nesse cenário onde acontecem as lutas e movimentos para implementação da Lei
Orgânica de Assistência Social – LOAS no Paraná, explicitam-se complexas situações e
17
questionamentos sobre a nova organização jurídico-política da Assistência Social e a prática
dos atores envolvidos enriquecendo o processo de construção de uma nova cultura da
Assistência Social. Ao longo deste período, ocorreram avanços significativos na
implementação da Política de Assistência Social, principalmente a implantação do SUAS e o
Estado do Paraná tem executado as ações de sua competência nesta área, articulado às
Instância de pactuação CIB e CIT e de deliberação CNAS e CEAS, o que tem contribuído
para esses resultados.
2.2 PROGRAMAS DE TRANSFERÊNCIA DE RENDA
A partir dos anos de 1980 vem ocorrendo grandes transformações econômicas,
sociais e no mundo do trabalho, devido a Revolução Tecnológica da Era da Informação. Tais
transformações geram profundo rearranjo do mercado capitalista evidenciados nos processos
de Globalização e Regionalização dos mercados, concentrando cada vez mais o capital,
orientados pela internacionalização da economia (SILVA, 2008).
Este fenômeno provoca situações que demandam ações do Estado para proteção
de trabalhadores que passam a enfrentar o desemprego e a precarização do trabalho e como
conseqüência amplia-se a pobreza nos países com capitalismo avançado. Essas
transformações geram conseqüências diretas no processo de mudanças sociais.
Nos primeiros anos do século XX, a partir de meados da década de 1940, foi consolidado um acordo social de classes, welfare state, que expressava um pacto tácito estabelecido entre o capital e trabalho, tendo como compromisso o primeiro, instituir uma sociedade de pleno emprego e de bem-estar social e o segundo, abdicar do ideal revolucionário, permitindo a paz social (SILVA, 2008, p.16).
Com o declínio do pleno emprego, surge uma sociedade marcada pela dualidade
composta por um lado de pessoas bem empregadas, e por outro lado, um grande contingente
de pessoas desempregadas, demonstrando a ineficiência do welfare state, que não conseguia
dar respostas às novas questões sociais, originadas por esta composição da sociedade,
aumentando cada vez mais, pessoas em dificuldades (inválidos), desempregados, velhos etc.
Esse novo contexto origina o desencadeamento de debates e o desenvolvimento
de experiências internacionais de Programas de Transferência de Renda, adotados como
alternativas para o domínio da pobreza.
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Segundo Silva (2008), o período entre 1930 e 1943 foi um marco na constituição
de um sistema de proteção social no Brasil. Período marcado por grandes transformações
socioeconômicas, passando de um modelo de desenvolvimento agro-exportador para um
modelo urbano-industrial. O Estado passa a assumir a regulação e provisão direta da
educação, saúde, previdência, programas de alimentação e nutrição, habitação popular,
saneamento, transporte coletivo.
No Brasil, o Estado foi sempre o principal sujeito na produção do
desenvolvimento econômico, mas também se constitui numa fonte de solidariedade social,
assumindo o papel de responsável pela promoção do bem-estar social.
Durante as décadas de 1970 e 1980, esse sistema de Proteção Social avançou
rumo à consolidação, sob a orientação do autoritarismo da ditadura militar, fazendo com que a
expansão dos programas e serviços sociais passasse a funcionar como compensação à
repressão e ao arbítrio. Neste período, surgem novos movimentos sociais, a estruturação de
sindicatos, reordenamento dos partidos políticos, entre eles o Partido dos Trabalhadores, além
de intensa atuação da igreja.
Essa dinâmica social apresenta novas demandas sociais e a ampliação dos direitos
sociais, num movimento de alargamento da concepção de cidadania.
O processo de ampliação de direitos sociais que construiu a democratização da
sociedade brasileira foi fortemente combatido e interrompido na década de 1990, com a
implantação do chamado projeto de desenvolvimento econômico, na busca de inserção do
Brasil na competitividade da economia globalizada. Esse contexto teve como conseqüência a
estagnação do crescimento econômico e a precarização e instabilidade do trabalho, o
desemprego e o rebaixamento do valor da renda, resultando na ampliação e aprofundamento
da pobreza.
Esta década apresenta um sistema de Proteção Social marcado por superposições de objetivos, competências, clientelas-alvo, agências e mecanismos operadores, instabilidade e descontinuidade dos programas sociais, insuficiência e ineficiência, com desperdícios de recursos, distanciamento entre formuladores de políticas e beneficiários, ausência de mecanismos de controle e acompanhamento de programas (Draibe et alii,1995), além do avanço de um movimento de privatização das políticas sociais mediatizado por nefasta articulação do Estado com o setor privado lucrativo, principalmente no que se refere às políticas de educação, saúde e habitação (SILVA, 2008, p. 27).
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Nos anos de 1990, observa-se um período de profunda contradição no campo do
bem-estar social no Brasil. De um lado verifica-se um avanço no plano político-institucional,
através do estabelecimento da seguridade social e dos princípios de descentralização e de
participação social. De outro lado ocorre a intervenção estatal social com posturas restritivas e
critérios cada vez maiores, de rebaixamento do corte de renda, na fixação da linha da pobreza,
para permitir acesso da população a programas sociais, principalmente os Programas de
Transferência de Renda.
Devido a essa postura não se verificou a necessária expansão de programas e
serviços sociais. Tudo isso é agravado pelo desmonte dos direitos sociais conquistados.
O Século XXI iniciou-se com distâncias cada vez mais amplas entre indicadores
econômicos e sociais. O Sistema de Proteção Social tem se mostrado incapaz de enfrentar o
empobrecimento e a desproteção social de um grande contingente da população brasileira. Os
programas sociais têm sido orientados por políticas compensatórias desvinculadas das
políticas de desenvolvimento econômico, incrementando a concentração de renda e a
manutenção de uma economia centrada na informalidade.
A temática da renda mínima/bolsa-escola, considerada como Programa de
Transferência de Renda, ocupou até o início dos anos 1990, um espaço marginal no debate
brasileiro sobre as questões sociais.
Esse tipo de política pública começa a ser colocado em prática a partir de 1991,
com o Projeto de Lei nº 80/1991, que propõe a instituição do Programa de Garantia de Renda
Mínima.
Os Programas de Transferência de Renda tem origem na instituição dos mínimos
sociais no âmbito do Estado brasileiro, sendo a primeira iniciativa a instituição do Salário
Mínimo em 1940. Significou o estabelecimento de um salário de base com o objetivo de
garantir condições de alimentação, habitação, vestuário, cuidados médicos e educação para o
trabalhador e sua família.
Portanto, há que se considerar que o salário mínimo só tem o significado de renda
mínima para trabalhadores inseridos no mercado de trabalho.
Outra forma de mínimos sociais, instituída em 1986, é o Seguro-desemprego, que
é um benefício temporário, em forma de transferência monetária. Destina-se ao trabalhador
formal e doméstico, em razão da dispensa sem justa causa.
Ainda no campo dos mínimos sociais, pode ser incluído o Abono Salarial, no
valor de um salário mínimo, pago anualmente a trabalhadores que tenham percebido até dois
salários mínimos de remuneração mensal de empregadores que contribuem para o Programa
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de Integração Social – PIS ou Programa de Formação de Patrimônio do Servidor Público –
PASEP.
A Constituição Brasileira de 1988 instituiu três benefícios, sendo que dois podem
ser considerados como Programas de Transferência de Renda. O primeiro representado pela
elevação dos benefícios mínimos da Previdência Social, equiparados ao salário mínimo. O
outro benefício no campo dos mínimos sociais representado pela Previdência Social Rural
com bases legais para garantia de uma proteção especial para a economia familiar rural.
A Renda Mensal Vitalícia é outra modalidade de Transferência de Renda,
destinada às pessoas com mais de 70 anos de idade que não tem meios de subsistência. Esse
direito foi reafirmado pela Constituição Brasileira de 1988, no âmbito da Assistência Social.
Este auxílio foi regulamentado pela Lei Orgânica de Assistência Social – LOAS (Lei nº 8742,
de 07 de dezembro de 1993), ficando instituído como Benefício de Prestação Continuada –
BPC, de caráter não contributivo.
O ano de 1991 é considerado marco inicial de um debate mais específico sobre
Programas de Transferência de Renda. A aprovação do Projeto de Lei nº 80/1991, propõe a
instituição do Programa de Garantia de Renda Mínima.
A instituição de um debate, ainda muito restrito, introduziu definitivamente, na
agenda pública brasileira a possibilidade de implementação de programas de Transferência de
Renda. Nesse contexto surgiram experiências pioneiras em Campinas, Brasília, Ribeirão Preto
e Santos, preconizando a transferência direta de auxílio financeiro como complementação da
renda de famílias pobres (SILVA, 2008, p. 38)
Os Programas de Transferência de Renda inauguraram um debate, que se
aprofundou durante a década de 1990, constituindo-se nesse Século XXI o principal eixo da
Política de Assistência Social do Sistema Brasileiro de Proteção Social. Surgiram nesse
período experiências pioneiras em municípios brasileiros.
Os Programas de Transferência de Renda são apontados por Suplicy como possibilidade concreta, simples e objetiva de garantia de direito mais elementar do ser humano, o direito à vida, mediante uma justa participação na riqueza socialmente produzida (SILVA, 2008, p.39).
De acordo com Silva (2008), a partir da década de 1980, grandes transformações
ocorreram na economia, com profundas conseqüências no mundo do trabalho, gerando um
número cada vez maior de desempregados e ampliação de trabalhos precarizados, atingindo
homens e mulheres de todas as idades e principalmente jovens. “Tal situação inspira
21
estudiosos a identificarem novas questões sociais e a necessidade de redimensionamento do
welfare state, cujos elementos básicos de sustentação eram o pleno emprego, crescimento
econômico e família estável, ruíram com o novo desenho da economia globalizada” (SILVA,
2008, p.41).
Esse contexto coloca então a necessidade de reforma dos programas sociais, é
nesta perspectiva que
os Programas de Transferência de Renda são destacados como possibilidades para enfrentamento do desemprego e da pobreza, definidos por políticos, organizações sociais e estudiosos das questões sociais, que apontam as seguintes perspectivas: de natureza liberal/neoliberal que considera os Programas de Transferência de Renda como mecanismos compensatórios e residual, eficiente no combate à pobreza; de natureza progressista/distributivista que reconhece os Programas de Transferência de Renda como mecanismos de redistribuição da riqueza socialmente produzida e como complemento dos serviços sociais básicos voltados para a inclusão social e por fim uma perspectiva que percebe os Programas de Transferência de Renda como mecanismo provisório para permitir a inserção social e profissional dos cidadãos (SILVA, 2008, p. 41,42).
A implementação de programas nacionais de grande abrangência na década de
1990, direcionam as experiências para uma perspectiva orientada por pressupostos
liberais/neoliberais. Desta forma os resultados alcançados não parecem ser capazes de
ultrapassar a manutenção das grandes desigualdades sociais, com impactos duvidosos sobre a
interrupção do ciclo vicioso de reprodução da pobreza (SILVA, 2008).
Segundo Silva (2008), apesar destas considerações,
estudos realizados indicam a redução da indigência, da pobreza e da desigualdade no Brasil, a partir de 2004. Dentre os fatores que contribuíram para essa redução, destacam-se os Programas de Transferência de Renda, tais como Bolsa Família, Seguro Social Rural e o Benefício de Prestação Continuada, pelo elevado quantitativo de público atendido por estes e outros Programas de Transferência de Renda e pela capacidade de focalização nas famílias pobres (SILVA, 2008, p.44).
O processo de desenvolvimento histórico da Política Social brasileira rumo à
construção de uma Política Pública de Transferência de Renda, evidencia que os programas
de transferência monetária direta a indivíduos ou famílias representam elemento central na
constituição do atual Sistema Brasileiro de Proteção Social e consequentemente na Política de
Assistência Social.
22
“São considerados Programas de Transferência de Renda aqueles destinados a
efetuar uma transferência monetária, independente de prévia contribuição, a famílias pobres,
com corte de renda per capita familiar de meio salário mínimo para os programas federais” e
que incentivam ao acesso a políticas universais estruturantes, principalmente de educação, de
saúde e de trabalho. As famílias enquanto beneficiárias tem compromissos como contra
partida: freqüência escolar de crianças e adolescentes, retirada de crianças e adolescentes do
trabalho infantil e acompanhamento vacinal de crianças de 00 a 06 anos e acompanhamento
médico a gestantes e nutrizes (SILVA, 2008, p. 130).
2.2.1 Caracterização do Programa Bolsa Família
Esse programa resultou da unificação dos Programas de Transferência de Renda,
existentes no governo federal até o ano de 2003, inicialmente restrito à unificação de quatro
programas: Bolsa-escola, Bolsa Alimentação, Vale Gás e Cartão Alimentação. Instituído pela
Medida Provisória nº 132, de 20 de outubro de 2003, transformado na Lei nº 10.836, de 09 de
janeiro de 2004 e regulamentado pelo Decreto nº 5.209, de 17 de setembro de 2004
São objetivos do Programa Bolsa Família:
a) Combater a fome, a pobreza e as desigualdades por meio de transferência de um benefício financeiro associado a garantia de acesso aos direitos sociais básicos – saúde, educação, assistência social e segurança alimentar:b) Promover a inclusão social, contribuindo para a emancipação das famílias, proporcionando meios e condições para que possam sair da situação de vulnerabilidade social. (BRASIL/MDS, 2006 apud SILVA, 2008, p. 135).
A unificação do Programas de Transferência de Renda representa uma evolução
destes programas, “ao incluir a perspectiva de responsabilidade compartilhada entre a união,
estados e municípios, representando um passo importante no campo das Políticas Sociais”
(FONSECA, 2003 apud SILVA, p.135).
O processo de unificação dos Programas de Transferência de Renda deve ser
considerado não como mero mecanismo de gestão, mas como um processo que deve ser
colocado a serviço de um Sistema de Proteção Social universal, capaz de atender todas as
pessoas em situação de risco e vulnerabilidade.
O Programa Bolsa Família aborda três dimensões necessárias para o
enfrentamento à fome e à pobreza:
23
a) promoção do alívio imediato da pobreza por meio da transferência direta de rendas às famílias;b) reforço ao exercício de direitos sociais básicos nas áreas de saúde e educação, por meio do acompanhamento das condicionalidades, rompendo o ciclo da pobreza entre gerações; ec) apoio ao desenvolvimento de capacidades das famílias por meio de programas complementares de capacitação, geração de emprego e renda, alfabetização etc. (BRASIL/MDS, 2008).
Coordenado em nível nacional pela Secretaria Nacional de Renda e Cidadania, do
Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a Fome, e implementado de forma
descentralizada pelos municípios, com grande ênfase nas condicionalidades (compromissos)
que devem ser assumidos pelas famílias beneficiários, o Programa Bolsa Família traz como
justificativa ser capaz de romper com o viés assistencialista que tem marcado as Políticas
Sociais Brasileiras.
Fato relevante que vem sendo denominado pelos responsáveis pelo programa é o
de “Portas de Saída” da situação de exclusão social, que deve acontecer pela articulação de
outros programas como: alfabetização, capacitação profissional, apoio a agricultura familiar,
microcrédito entre outros, cujo objetivo é integrar esforços para permitir autonomização das
famílias, além do acesso à educação e à serviços de saúde. É responsabilidade das três esferas
de Governo, realizar ações que possibilitem o acesso dos beneficiários nestes programas
(SILVA, 2008).
No que se refere à competência dos Estados no Programa Bolsa Família é a
responsabilidade em relação à agenda de desenvolvimento local e regional, sendo portanto, o
seu papel o de implementação dos Programas Complementares para as famílias beneficiárias,
com atividades de geração de trabalho e renda e de apoio as atividades produtivas. Também,
tem o papel central na coordenação e apoio aos municípios para implementação do programa.
Essa participação dos Estados é formalizada por meio de pactos específicos que
regulamentam a integração entre o Programa Bolsa Família e os programas próprios de
transferência de Renda.
O público do Programa Bolsa Família é composto por famílias extremamente
pobres (renda per capita mensal de até R$ 60,00) e famílias pobres (renda per capita mensal
entre R$ 60,01 e R$ 120,00).
Para que façam parte do Programa é necessário que sejam identificadas através do
Cadastro Único dos Programas Sociais (CADÚNICO), possibilitando a seleção para o
Programa Bolsa Família. É uma base nacional de dados socioeconômicos, das famílias que
possuem renda mensal de até meio salário mínimo por pessoa.
24
O CADÚNICO é um mecanismo de seleção para diversos programas sociais,
inclusive o Programa Bolsa Família, porém o cadastramento não gera a inclusão automática
das famílias em Programas de Transferência de Renda. É preciso enquadrar-se nos critérios de
cada programa.
Tanto as vulnerabilidades quanto as potencialidades das famílias beneficiárias do
Programa Bolsa Família, devem ser levadas em consideração para a coordenação
intergovernamental, na implementação de ações que as beneficiem (SILVA,2008).
Para que os propósitos do Programa Bolsa Família sejam realizados e as famílias
tenham sua cidadania fortalecida, faz-se necessário que estas famílias também sejam
contempladas por Programas Complementares.
O acompanhamento familiar é fundamental para o alcance dos objetivos da
articulação dos Programas Complementares ao Programa Bolsa Família.
Para que esse componente do Programa Bolsa Família seja bem sucedido, é muito
importante o papel do Estado no estímulo ao desenvolvimento local e regional, com políticas
de apoio ao desenvolvimento de arranjos produtivos locais, de cooperação entre municípios
etc.
O Controle Social do Programa Bolsa Família é feito pela Instância de Controle
Social (Comissão), formada por representantes do governo municipal e entidades da
comunidade que compartilham a responsabilidade de acompanhar o funcionamento e o
desenvolvimento das ações implementadas pelo poder público, como também fiscalizar as
políticas públicas essenciais para o atendimento dos beneficiários do Programa.
Para apoiar os municípios na gestão do Programa Bolsa Família, foi criado pelo
Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome o IGD – Índice de Gestão
Descentralizada. É um índice que avalia a qualidade da gestão municipal do Programa Bolsa
Família e do Cadastro Único para programas sociais e serve de base para o repasse financeiro
aos municípios.
O IGD é calculado mensalmente a partir da média de quatro indicadores:
a) indicador de qualidade do cadastro;
b) indicador de atualização de cadastro;
c) indicador de condicionalidade da Educação;
d) indicador de condicionalidade da Saúde.
“O monitoramento das condicionalidades indica o esforço do município em
garantir a oferta de serviços nas áreas de Assistência Social, Saúde e Educação”, como
25
também fazer um acompanhamento das famílias no cumprimento dessas condicionalidades.
(GUIA PARA ACOMPANHAMENTO DAS CONDICIONALIDADES DO PROGRAMA
BOLSA FAMÍLIA, 2008, p. 45, 46).
Dentre os Programas de Transferência de Renda já implantados no Brasil,
o Programa Bolsa Família constitui-se em uma das mais importantes iniciativas no combate à fome e à exclusão social, tendo como princípio básico o alívio imediato da pobreza, através da transferência direta de renda, do cumprimento dos direitos sociais e à implementação de Programas Complementares. A articulação entre essas três ações, contribui para que as famílias beneficiárias desenvolvam suas capacidades e exerçam os direitos sociais garantidos constitucionalmente (CARTILHA BOLSA FAMÍLIA – GUIA DO GESTOR, 2006, p.55).
Portanto, para que este programa obtenha esses resultados, é necessário que os
Gestores Municipais do PBF tenham a compreensão da amplitude deste programa, o que
possibilitará a organização nos municípios de uma estrutura adequada, principalmente de
profissionais, para a execução do programa. É nesse contexto que as Assessorias Técnicas do
Escritórios Regional de Cascavel têm o papel de informar, orientar e monitorar os Gestores do
PBF e os Técnicos, para que conheçam a legislação que regulamenta o programa, o objetivo
das condicionalidades e a metodologia proposta pelo programa, ser aplicada na execução dos
serviços socioassistenciais oferecidos aos beneficiários, bem como dos Programas
Complementares.
26
3. A ASSESSORIA TÉCNICA DO ESCRITÓRIO REGIONAL DA SETP DE CASCAVEL NA GESTÃO DO PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA
O SUAS traz na sua função de regulação e organização da Política de Assistência
Social, competências específicas em cada esfera de governo. Aos Estados compete estabelecer
mecanismos para implementação, acompanhamento e monitoramento de ações dentro dessa
nova lógica de atuação, tanto a nível estadual quanto municipal.
Cada esfera de governo, dentro da normatização das ações de gestão, deve
implantar um Sistema de Informação, de Monitoramento e avaliação, dos sistemas municipais
com o objetivo de aprimorar as condições para manter e ampliar o vínculo do SUAS.
A ação do Estado na gestão do SUAS compreende assessoramento técnico,
teórico, operativo e metodológico nos municípios, visando a organização dos serviços,
programas, projetos e benefícios e o eficaz gerenciamento dos recursos. Um instrumento de
gestão utilizado para acompanhamento dos serviços, programas, projetos e benefícios é o
monitoramento e avaliação. Estabelecido na PNAS (2004), é uma ferramenta de
democratização, transparência de recursos públicos e ações.
Uma das responsabilidades do Órgão Gestor Estadual no SUAS é a coordenação
de um Sistema de Informação, Monitoramento e Avaliação, com a finalidade de corrigir
processos com utilização de indicadores padronizados.
Nesse sentido, o monitoramento dos programas federais, sendo uma das
atribuições das Assessorias Técnicas da SETP, possibilita um acompanhamento da gestão
destes programas nos municípios, fazendo as orientações necessárias para garantir aos
usuários, acesso aos direitos previstos na legislação.
O Programa Bolsa Família enquadra-se neste contexto, ou seja, estabelece que
deve existir um monitoramento nas três esferas de governo, cabendo aos Estados um
acompanhamento mais próximo dos gestores municipais, através de capacitações e
treinamentos para os técnicos e membros da Comissão Gestora do Programa Bolsa Família,
bem como acompanhamento dos índices das condicionalidades, no sentido de orientar os
municípios da importância do cumprimento das condicionalidades no Programa Bolsa
Família.
Essa competência do Gestor Estadual concretiza-se através de ações da
Coordenação Estadual do PBF, com sede na Capital do Estado, e das Assessorias Técnicas
realizadas pelos Escritórios Regionais da SETP.
27
Na região oeste do Paraná, o Escritório Regional da SETP de Cascavel é
responsável pelo acompanhamento da execução do Programa Bolsa Família nos 34
municípios de sua abrangência, através de instrumentalização, orientação, capacitação dos
envolvidos na execução do programa e no monitoramento das condicionalidades
estabelecidas pelo Programa Bolsa Família, nas políticas de saúde e de educação. Esse
Programa de Transferência de Renda é um benefício socioassistencial e faz parte da Política
de Assistência Social e deve estar vinculado aos serviços socioeducativos realizados no
município. As famílias beneficiárias do Programa Bolsa Família são prioridade no
atendimento oferecido pelos municípios nesses serviços.
No próximo item serão apresentados os dados obtidos com a pesquisa realizada
com os Gestores do Programa Bolsa Família, Técnicos do CRAS e Beneficiários do
Programa.
3.1 Análise do Gestor Municipal do Programa Bolsa Família sobre a Assessoria Técnicado Escritório Regional de Cascavel
Neste item será apresentada a análise dos dados da pesquisa através de
questionários aplicados aos Gestores do Programa Bolsa Família. Os itens aqui apresentados
foram originados das respostas à pesquisa.
A execução do Programa Bolsa Família no município exige o compromisso de
que sejam oferecidos aos beneficiários serviços socioassistenciais (programas
complementares), vinculados ao Programa de Transferência de Renda, com o objetivo de
promover a emancipação e autonomia das pessoas.
A figura 1 apresenta o grau de conhecimento que o Gestor do PBF tem sobre a
legislação que regulamenta a Política de Assistência Social, o SUAS e os Programas Federais,
entre eles o Programa Bolsa Família, onde o resultado da pesquisa apresentou os seguintes
dados: 90 % tem conhecimento e 10 % tem conhecimento parcial.
28
FIGURA 1: CONHECIMENTO DO GESTOR DO PBF SOBRE A LEGISLAÇÃO QUE REGULAMENTA A POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL E OS PROGRAMAS FEDERAIS.
Fonte: dados primários, organizado pela autora.
Esse resultado demonstra que a maioria dos Gestores do PBF conhece a legislação
que regulamenta a Política de Assistência Social, o SUAS e os Programas Federais, em
específico o Programa Bolsa Família. Conhecer a legislação é fato primordial para a boa
execução do PBF no município e conseqüentemente a garantia de atendimento aos
beneficiários.
Analisando este resultado, percebe-se que as falhas identificadas na execução do
programa não estão no desconhecimento da legislação.
A figura 2, demonstra como o Gestor do PBF tem acesso a essa legislação: 44 %
através do Escritório Regional da SETP; 50 % através do site do MDS; 6 % de outras
formas.
29
90%
10%
Sim Parcialm ente
FIGURA 2: COMO O GESTOR DO PBF TEM ACESSO A LEGISLAÇÃO
Fonte: dados primários, organizado pela autora.
As respostas apresentadas mostram que o acesso a essa legislação acontece para a
maioria dos Gestores do PBF através do site do MDS, mas o repasse de
informações/orientações pelo E.R. da SETP também apresentou um índice considerável. O
acesso às informações e orientações propicia maiores conhecimentos sobre a Política de
Assistência Social e o PBF, que contribui para o bom desempenho deste programa.
Esse resultado demonstra que as Assessorias Técnicas do ER de Cascavel têm um
papel importante nesse processo de informação.
Na figura 3 é possível observar que providências são tomadas pelo Órgão Gestor
do PBF ao receber as informações e orientações do ER da SETP sobre o programa: 17 % são
repassadas ao Operador do Cadastro Único; 25 % são repassadas ao Operador do Cadastro
único e a equipe técnica do CRAS; 58 % leitura e repasse das informações a todos os
envolvidos na execução do programa (Operador do CADÚNICO, Técnicos, Conselheiros,
Sec. de Saúde e Sec. de Educação). Neste gráfico, devido à dupla resposta, a legenda
aparecerá como letra “ A” são repassadas ao Operador do Cadastro Único, como letra “B”
são repassadas ao Operador do Cadastro Único e à equipe técnica do CRAS e como letra “C”
leitura e repasse das informações a todos os envolvidos na execução do programa (Técnicos,
Conselheiros, Sec. de Saúde e Sec. de Educação).
30
44%
50%
6%
E.R SETP Site do MDS Outro
FIGURA 3: PROVIDÊNCIAS TOMADAS PELO GESTOR DO PBF QUANTO AS INFORMAÇÕES REPASSADAS PELO ESCRITÓRIO REGIONAL DE CASCAVEL.
Fonte: dados primários, organizado pela autora.
A) são repassadas ao Operador do Cadastro ÚnicoB) são repassadas ao Operador do Cadastro Único e à equipe técnica do CRASC) leitura e repasse das informações a todos os envolvidos na execução do programa (Técnicos, conselheiros, Sec. de Saúde e Sec. de Educação)
Esse resultado aponta que a maioria dos Gestores do PBF realiza leitura das
informações e orientações, repassadas pelo ER da SETP e repassa a todos os envolvidos na
execução do Programa (Técnicos, Conselheiros, Membros da Comissão, Operador do
CADÚNICO, Sec. de Educação, Sec. de Saúde). O repasse de informações e orientações pelo
Gestor do PBF a todos os envolvidos com o programa é imprescindível para a execução,
acompanhamento e controle deste programa no município.
Analisando esse resultado, verifica-se que as informações são repassadas a todos
os envolvidos com o programa, portanto as falhas que acontecem não são decorrentes de falta
de informação.
A figura 4 mostra de que forma as orientações repassadas pelo ER da SETP sobre
o PBF são executadas: 60 % executam de forma total; 40 % executam de forma parcial.
31
17%
25%58%
A B C
FIGURA 4: COMO SÃO EXECUTADAS PELO GESTOR DO PBF AS ORIENTAÇÕES REPASSADAS PELO ESCRITÓRIO REGIONAL DE CASCAVEL.
Fonte: dados primários, organizado pela autora.
Conforme a figura 4 pode-se inferir que a maioria dos Gestores do PBF executa
totalmente as informações e orientações repassadas pelo ER da SETP, porém alguns
município executam parcialmente devido a algumas dificuldades, tais como: equipe
insuficiente para realização das ações, falta de intersetorialidade com as Políticas de Saúde e
de Educação. As informações e orientações repassadas pelo ER da SETP são de relevante
importância, tendo em vista que são orientações relativas à Política de Assistência Social e ao
Programa Bolsa Família e que devem ser cumpridas pelos municípios, por tratar-se da
legislação vigente.
Esse resultado demonstra as causas de execução parcial, por parte de alguns
municípios, das informações e orientações repassadas pelo ER de Cascavel, e que de fato
acontecem nos municípios.
Na figura 5 pode-se observar de que forma a participação do Gestor do PBF em
Encontros, Seminários e Capacitações, promovidas pelo ER da SETP, tem contribuído para
melhor execução do programa: 50 % de forma parcial; 50% de forma total.
32
60%
40%
Total Parcial
FIGURA 5: DE QUE FORMA A PARTICIPAÇÃO DO GESTOR DO PBF EM EXECUÇÃO DO PROGRAMA.ENCONTROS SEMINÁRIOS, E CAPACITAÇÕES CONTRIBUI PARA MELHOR
Fonte: dados primários, organizado pela autora.
Esse resultado aponta que a participação em Encontros, Seminários e
Capacitações, promovidos pelo ER da SETP, tem contribuído para melhor execução do
programa no município, porém 50% dos gestores responderam que contribui parcialmente.
Participar destes eventos é um fato relevante na aquisição de conhecimentos que possibilitam
uma maior compreensão sobre a Política de Assistência Social onde o Programa Bolsa
Família está inserido.
A figura 6 demonstra o grau de importância, para o Gestor do PBF sobre a
informações e orientações, repassadas pelo ER da SETP, para execução do PBF: 30 %
consideram imprescindível; 40 % consideram muito importante; 30% consideram importante.
33
50%50%
Parcial Total
FIGURA 6: IMPORTÂNCIA QUE O GESTOR DO PBF ATRIBUI ÀS INFORMAÇÕES/ORIENTAÇÕES REPASSADAS PELO ESCRITÓRIO REGIONAL DE CASCAVEL.
Fonte: dados primários, organizado pela autora.
Este item apresenta o resultado de que a maioria dos Gestores do PBF considera
muito importante as informações e orientações, repassadas pelo ER da SETP, para a execução
do programa no município. As informações e orientações sobre o PBF orientam os Gestores
do programa sobre os compromissos estabelecidos pelo programa e como executá-los para
atingir os objetivos, ou seja, proporcionar aos beneficiários possibilidades de melhoria da
qualidade de vida, garantia de renda e promoção de sua autonomia.
A análise desse resultado demonstra que as Assessorias Técnicas do ER de
Cascavel têm um papel importante para os municípios no que se refere às informações
necessárias para a execução do PBF.
3.2. Assessorias técnicas sob a análise dos técnicos dos CRAS
Neste item serão trabalhados os dados da pesquisa realizada com técnicos do
CRAS, através da aplicação de questionário.
A figura 7 demonstra o grau de conhecimento da legislação que regulamenta o
SUAS e o PBF (Leis, Decretos, Portarias, Instruções Normativas, etc.): 80% tem
conhecimento; 0 % não tem conhecimento; 20 % tem conhecimento parcial.
34
30%
40%
30%
Imprescindível Muito Importante Importante
FIGURA 7: CONHECIMENTO DA LEGISLAÇÃO QUE REGULAMENTA O SUAS E O PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA.
Fonte: dados primários, organizado pela autora.
Este item apresenta o resultado de que a maioria dos Técnicos do CRAS
conhecem a legislação que regulamenta a Política de Assistência Social, o SUAS e os
Programas Federais, em específico o Programa Bolsa Família. Para os Técnicos do CRAS o
conhecimento da legislação é imprescindível para o planejamento das ações a serem
realizadas com os beneficiários.
Esse resultado demonstra que as falhas na execução das ações dos Programas
Complementares não são devidas ao desconhecimento da legislação
Na figura 8 observa-se a forma com que os Técnicos têm acesso a essa legislação:
44 % através do ER da SETP; 50 % através do site do MDS; 06 % outra forma.
35
80%
20%
Sim Parcialm ente
FIGURA 8: ACESSO DOS TÉCNICOS DO CRAS À LEGISLAÇÃO.
Fonte: dados primários, organizado pela autora.
As respostas apresentadas mostram que o acesso a essa legislação acontece para a
maioria dos Técnicos do CRAS pelo site do MDS, mas o repasse de informações e
orientações pelo ER da SETP teve um índice considerável. O acesso às informações e
orientações são bastante relevantes para o planejamento, execução e acompanhamento das
ações executadas com os beneficiários, principalmente nas condicionalidades do PBF.
Observa-se com esse resultado que as Assessorias Técnicas do ER de Cascavel
contribuem de forma significativa, com informações e orientações pertinentes ao programa.
A figura 9 apresenta que providências são tomadas pelos Técnicos do CRAS ao
receberem as informações e orientações sobre o PBF repassadas pelo ER da SETP: 18 %
leitura e tomada de providências; 82% leitura e repasse das informações para o Gestor do
PBF, Operador do CADÚNICO, demais técnicos e conselheiros. Neste gráfico houve
duplicidade de respostas, portanto a legenda se apresenta com a letra “A” leitura e tomada de
providências e com a letra “B” leitura e repasse das informações para o Gestor do PBF,
Operador do Cadastro Único, demais Técnicos e Conselheiros.
36
80%
50%
6%
E.R SETP Site do MDS Outro
FIGURA 9: PROVIDÊNCIAS DOS TÉCNICOS DOS CRAS QUANTO ÀS INFORMAÇÕES REPASSADAS PELO ESCRITÓRIO REGIONAL DE CASCAVEL.
Fonte: dados primários, organizado pela autora.
A) leitura e tomada de providênciasB) leitura e repasse das informações para o gestor do Programa Bolsa Família, Operador do Cadastro Único, demais técnicos e conselheiros.
Esse resultado aponta que a maioria dos Técnicos do CRAS realiza a leitura das
informações e orientações, repassadas pelo ER da SETP, e repassa para todos os envolvidos
com o programa no município (Técnicos, Conselheiros, Membros da Comissão, Operador do
CADÚNICO, Sec. Educação e Sec. de Saúde). O repasse das informações e orientações para
todos os envolvidos com o PBF é de fundamental importância para o bom desempenho do
programa no município, pois o conhecimento sobre os compromissos do programa
possibilitam maior compreensão dos envolvidos, na execução e acompanhamento.
Com esse resultado,verifica-se que todos os envolvidos com o PBF têm acesso às
informações e orientações repassadas pelo ER de Cascavel, portanto não está na falta de
informação a dificuldade principal para as falhas na execução do PBF.
A figura 10 demonstra de que forma os Técnicos do CRAS executam as
orientações repassadas pelo ER da SETP sobre o PBF: 50 % executam totalmente; 50 %
executam parcialmente, devido às dificuldades.
37
18%
82%
A B
FIGURA 10: DE QUE FORMA OS TÉCNICOS DOS CRAS EXECUTAM AS INFORMAÇÕES REPASSADAS PELO ESCRITÓRIO REGIONAL DE CASCAVEL.
Fonte: dados primários, organizado pela autora.
Este item apresenta que a maioria dos Técnicos do CRAS executa parcialmente as
orientações e informações, repassadas pelo ER da SETP, devido a algumas dificuldades. Esta
questão apresenta também uma resposta aberta onde o resultado demonstra as seguintes
dificuldades: equipe insuficiente para a realização das ações, questões burocráticas que
dificultam a realização de ações e espaço físico insuficiente. As orientações repassadas têm o
objetivo de subsidiar os Técnicos do CRAS no planejamento das ações, como também na
execução dos serviços que devem ser ofertados aos beneficiários, para cumprir os
compromissos estabelecidos pelo programa.
A análise desses dados apontam as dificuldades para a execução das ações dos
Programas Complementares, que de fato acontecem na maioria dos municípios, sendo um
fator importante de análise para o não cumprimento da totalidade de execução das
informações e orientações.
Na figura 11 é possível observar de que forma a participação dos Técnicos do
CRAS em Encontros, Seminários e Capacitações, promovidos pelo ER da SETP tem
contribuído para a execução do PBF no município: 60 % de forma parcial; 40 % de forma
total.
38
50%50%
Totalm ente Parcialm ente
FIGURA 11: DE QUE FORMA A PARTICIPAÇÃO DOS TÉCNICOS DO CRAS EM ENCONTROS, SEMINÁRIOS E CAPACITAÇÕES CONTRIBUIU PARA A EXECUÇÃO DO PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA.
Fonte: dados primários, organizado pela autora
Este item demonstra que para a maioria dos Técnicos do CRAS a participação em
Encontros, Seminários e Capacitações, promovidos pela SETP, tem contribuído parcialmente
para a execução do Programa Bolsa Família no município. Estes eventos promovidos pela
SETP têm o objetivo de capacitar os Técnicos para a execução dos serviços a serem ofertados
aos beneficiários, em articulação com outras política públicas e com a rede socioassistencial
do município, em cumprimento ao que estabelece a Política de Assistência Social e o
Programa Bolsa Família.
Com esse resultado, verifica-se que a realização de Encontros, Seminários e
Capacitações, tem contribuído parcialmente para os Técnicos na execução do PBF no
município. Somente as capacitações não possibilitam uma boa execução do programa, é
preciso ter estrutura adequada no município para o desenvolvimento das ações,
principalmente com equipe de profissionais.
A figura 12 demonstra se as ações executadas pelo PBF estão atingindo a todos os
beneficiários: 30 % sim; 60 % não, 10% parcialmente.
39
60%
40%
Parcial Total
FIGURA 12: ABRANGÊNCIA DOS BENEFICIÁRIOS NAS AÇÕES EXECUTADAS PELO PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA.
Fonte: dados primários, organizado pela autora.
Essa questão apresenta um resultado onde se verifica que a maioria dos Técnicos
do CRAS reconhecem que as ações executadas no PBF não estão atingindo todos os
beneficiários do programa. Essa questão apresenta, também, resposta aberta, sendo apontadas
algumas dificuldades que demonstram porque não se atinge a todos os beneficiários nas
ações executadas, tais como: equipe insuficiente, falta de interesse dos beneficiários, grande
demanda de beneficiários, falta de organização do município. As ações que devem ser
executadas pelos municípios, mais especificamente os Programas Complementares, são
compromissos do município, estabelecidos pelo PBF, com co-financiamento do Governo
Federal, que tem o objetivo de proporcionar aos beneficiários o fortalecimento da cidadania,
através de ações que promovam a melhoria da renda a partir de seu próprio trabalho, inserção
em atividade de educação e capacitação, garantindo-lhes melhoria de suas condições de vida e
convivência social e acesso a regularização de documentação de todos os membros da família.
Esse resultado demonstra que a maioria dos municípios não possui uma estrutura
adequada, principalmente equipe insuficiente para a execução das ações do PBF, em
específico dos Programas Complementares. Quanto à dificuldade de participação dos
beneficiários, esta deve-se ao fato de que o trabalho de busca ativa junto as famílias está
sendo insuficiente ou inexistente para o incentivo a participação.
A figura 13 apresenta as principais dificuldades na execução das atividades
socioeducativas que devem ser realizadas com as famílias beneficiárias do PBF, conforme
compromissos do programas: 10% prioridade de outras atividades; 31% quadro reduzido de
40
30%
60%
10%
Sim Não Parcialmente
pessoal; 31% dificuldade de participação dos beneficiários; 10 % dificuldade de entrosamento
da equipe técnica; 8% dificuldade de abrangência do território; 10% dificuldade para
deslocamento dos técnicos, por motivo de transporte. Neste gráfico, devido à duplicidade de
respostas a legenda apresenta-se com a letra “A” prioridade de outras atividades, com a letra
“B” quadro reduzido de pessoal, como letra “C” dificuldade de participação dos beneficiários,
com a letra “D” dificuldade de entrosamento da equipe, com a letra “E” dificuldade de
abrangência do território e com a letra ”F” dificuldade para deslocamento dos técnicos, por
motivo de transporte.
FIGURA 13: PRINCIPAIS DIFICULDADES NA REALIZAÇÃO DAS ATIVIDADES SOCIOEDUCATIVAS.
Fonte: dados primários, organizado pela aurora.
A) prioridade de outras atividadesB) quadro reduzido de pessoalC) dificuldade de participação dos beneficiáriosD) dificuldade de entrosamento da equipe técnicaE) dificuldade de abrangência do territórioF) dificuldade para deslocamentos dos técnicos, por motivo de transporte
Esse resultado demonstra quais as maiores dificuldades apresentadas pelos
Técnicos do CRAS, na execução das atividades socioeducativas a serem realizadas com os
beneficiários, tais como quadro de pessoal reduzido, dificuldade de participação dos
beneficiários, dificuldade de entrosamento da equipe, dificuldade de abrangência do território
e dificuldade de deslocamento dos técnicos por motivo de transporte. O município precisa
41
10%
31%
31%
10%
8%10%
A B C D E F
criar uma estrutura adequada para executar o PBF, com espaço físico adequado, equipe de
profissionais suficiente para a execução e acompanhamento das atividades, suporte de
equipamentos e materiais suficientes para o bom desempenho do trabalho. Só com esta
estrutura mínima será possível realizar os serviços de atendimento aos beneficiários com
qualidade eficiência e efetividade.
Na análise desses resultados, observa-se que a falta de uma estrutura adequada
interfere na execução das ações socioeducativas, que devem ser realizadas com os
beneficiários e, portanto, não se atinge o resultado de fortalecimento dos vínculos familiares e
comunitários estabelecidos pelo programa.
3.3 Resultado da pesquisa realizada com os beneficiários do Programa Bolsa Família
Neste item serão trabalhados os dados da pesquisa realizada com os beneficiários
do PBF, sobre o grau de conhecimento das condicionalidades do programa e a participação
destes nas atividades oferecidas pelo município.
A figura 14 demonstra o grau de conhecimento sobre as condicionalidades, mais
especificamente os programas complementares: 90 % sim; 10 % não.
FIGURA 14: CONHECIMENTO DAS CONDICIONALIDADES DO PBF.
Fonte: dados primários, organizado pela autora.
Esse resultado demonstra que a maioria dos beneficiários tem conhecimento das
condicionalidades do programa, especificamente os programas complementares. O
42
90%
10%
Sim Não
conhecimento das condicionalidades pelos beneficiários é de fundamental importância para
que os serviços oferecidos pelos municípios tenham êxito apresentem bons resultados.
A análise desse resultado mostra que os Gestores do PBF, informam as famílias sobre
as condicionalidades do programa, através de reuniões, palestras etc.
Na figura 15 observa-se o grau de conhecimento sobre reuniões realizadas pelo
município sobre o PBF: 96 % sim; 4 % não.
FIGURA 15: CONHECIMENTO SOBRE REUNIÕES ESPECÍFICAS DO PBF.
Fonte: dados primários, organizado pela autora.
Essa questão apresenta a informação de que a maioria dos beneficiários do PBF
sabe que o município realiza reuniões para repassar informações sobre o Programa Bolsa
Família. A realização de reuniões sobre o PBF, com os beneficiários do programa, é de
grande importância para o conhecimento das condicionalidades, das sanções e outras
informações pertinentes ao programa, como forma de aprimorar cada vez mais a execução
deste programa no município.
Esse resultado demonstra que não é pela falta de informações sobre o programa
que as famílias não participam das ações ofertadas pelo município.
A figura 16 apresenta o grau de conhecimento sobre os programas
complementares oferecido pelos municípios: 26 % referem-se a Cursos de Artesanato; 32 %
referem-se a Cursos profissionalizantes; 34% referem-se a Palestras educativas (saúde,
educação, nutrição, etc.); 8 % referem-se a Oficinas de geração de renda. Neste gráfico,
devido a respostas em duplicidade, a legenda apresenta-se com a letra “A” cursos de
43
96%
4%
Sim Não
artesanato, com a letra “B” cursos profissionalizantes, com a letra “C” palestras educativas
(saúde, educação, nutrição etc.) e com a letra “D” oficina de geração de renda.
FIGURA 16: CONHECIMENTO DOS PROGRAMAS COMPLEMENTARES.
Fonte: dados primários, organizado pela autora.
Nesta questão, verifica-se através das respostas dos beneficiários do PBF que os
municípios oferecem cursos de artesanato, cursos profissionalizantes, palestras educativas e
oficinas de geração de renda. Nos Programas Complementares uma das ações são os cursos de
capacitação para melhoria de renda das famílias, os quais o município deve ofertar com base
em um diagnóstico de demandas, o que possibilita melhores resultados na geração de renda
para os beneficiários. Os municípios devem ofertar também as palestras educativas que
possibilitam aos beneficiários, conhecimentos para a melhoria da qualidade de vida.
Com esse resultado observa-se que a maioria dos beneficiários sabe que o
município oferece cursos e palestras, como Programas Complementares, porém nem todos
que responderam a pesquisa participam de todas as ações, a maioria participa apenas das
palestras, porque fazem parte das condicionalidades obrigatórias.
Na figura 17 é possível perceber o grau de participação dos beneficiários em
algumas das ações dos programas complementares do PBF (cursos, palestras, oficinas de
convivência, atendimento psicológico): 100 % sim.
44
26%
32%
34%
8%
A B C D
FIGURA 17: PARTICIPAÇÃO DOS BENEFICIÁRIOS EM ALGUMAS AÇÕES DOS PROGRAMAS COMPLEMENTARES.
Fonte: dados primários, organizado pela autora.
Essa questão demonstra que todos os beneficiários que responderam o
questionário já participaram ou participam de alguma das atividades promovidas pelo
município (cursos, palestras, oficinas de convivência). A participação dos beneficiários nos
serviços ofertados pelo município, possibilita novos conhecimentos para a melhoria da renda
familiar, bem como a convivência familiar e comunitária , promovendo a sua autonomia.
Esse resultado demonstra que todos que responderam o questionário participam de
algumas das ações ofertadas pelo município, a maioria participa das palestras educativas.
A figura 18 apresenta de que forma a participação nas ações dos programas
complementares contribuiu para melhoria da qualidade de vida e da convivência familiar:
15 % na melhoria da renda (através de trabalho); 30 % na aquisição de mais conhecimentos
para melhoria das condições de vida(saúde, educação, etc.); 30 % na aquisição de maiores
conhecimentos do cuidado com os filhos (saúde, educação, convivência familiar); 24 % na
possibilidade de maior participação na vida comunitária. Devido a duplicidade de respostas,
este gráfico apresenta a legenda com a letra “A” melhoria da renda (através do trabalho), com
a letra “B” proporciona mais conhecimentos para a melhoria das condições de vida (saúde,
educação, etc.), com a letra “C” proporciona mais conhecimentos do cuidado com os filhos
(saúde, educação, convivência familiar) e com a letra “D” possibilidade de maior participação
na vida comunitária.
45
100%
Sim
FIGURA 18: A CONTRIBUIÇÃO DA PARTICIPAÇÃO NOS PROGRAMA COMPLEMENTARES PARA A MELHORIA DA QUALIDADE DE VIDA DOS BENEFICIÁRIOS.
Fonte: dados primários, organizados pela autora.
A) Melhoria da renda (através de trabalho)B) Proporciona mais conhecimentos para melhoria das condições de vida (saúde, educação,
etc.)C) Proporciona mais conhecimentos do cuidado com os filhos (saúde, educação, convivência
familiar)D) Possibilidade de maior participação na vida comunitária
Nesta questão o resultado que se apresenta é de que a participação dos
beneficiários do PBF nas atividades promovidas pelo município, contribui significativamente
para a melhoria da qualidade de vida dos beneficiários. A participação dos beneficiários nos
serviços ofertados pelo município é de fundamental importância para o rompimento do ciclo
da pobreza, pois o objetivo é proporcionar aos beneficiários, oportunidades de trabalho e
renda, conhecimentos para a melhoria da qualidade de vida e melhoria da convivência
familiar e comunitária, fatores que permitem a promoção da autonomia das pessoas.
Observa-se com esse resultado que para a maioria dos beneficiários as ações dos
Programas Complementares são importantes porque proporcionam conhecimentos para
melhoria da qualidade de vida, porém demonstra que maior participação mesmo é nas
palestras, porque fazem parte das condicionalidades obrigatórias.
46
15%
30%
30%
24%
A B C D
Na figura 19 observa-se o grau de importância que os beneficiários atribuem aos
programas complementares oferecidos pelo município: 100% sim.
FIGURA 19: IMPORTÂNCIA DOS PROGRAMAS COMPLEMENTARES.
Fonte: dados primários, organizado pela autora.
Esse resultado aponta que todos os beneficiários acham importante a participação
nas atividades oferecidas pelo município, para a promoção social. Os serviços que devem ser
ofertados pelo município aos beneficiários têm o objetivo de romper com o ciclo da pobreza e
promover a emancipação dos beneficiários, através de ações articuladas com outras políticas
públicas e com a rede socioassistencial do município.
Com esse resultado é possível observar que os beneficiários acham importante
participar das ações dos Programas Complementares, porém poucos participam dos cursos
oferecidos. Observa-se nessa análise que está faltando um maior incentivo para as famílias,
demonstrando as possibilidades de melhorar a renda, através destas capacitações.
A figura 20 aponta o resultado positivo relatado pelos beneficiários, por estarem
no PBF: 33,4 % arrumou trabalho/emprego para algum membro da família; 85,2 % melhorou
a convivência familiar; 29,6 % voltou a estudar; 81,2 % adquiriu muitos conhecimentos que
contribuíram para a melhoria da qualidade de vida; 81,2 % melhorou o relacionamento com
os filhos; 74,1% melhorou a convivência comunitária, possibilitando maior participação nas
atividades da comunidade. Neste gráfico, devido à duplicidade de respostas, a legenda se
apresenta com a letra “A” arrumou trabalho/emprego para algum membro da família, com a
letra “B” melhorou a convivência familiar, com a letra “C” voltou a estudar, com a letra “D”
adquiriu muitos conhecimentos que contribuíram para a melhoria da qualidade de vida, com a
47
100%
Sim
letra “E” melhorou o relacionamento com os filhos e com a letra “F” melhorou a convivência
comunitária, possibilitando maior participação nas atividades da comunidade.
FIGURA 20: RESULTADO POSITIVO PROPORCIONADO COM A INCLUSÃO NO PROGRAMA BOLSA FAMÍLA.
Fonte: dados primários, organizado pela autora.
A) Arrumou trabalho/emprego para algum membro da famíliaB) Melhorou a convivência familiarC) Voltou a estudarD) Adquiriu muitos conhecimentos que contribuíram para a melhoria da qualidade de vidaE) Melhorou o relacionamento com os filhosF) Melhorou a convivência comunitária, possibilitando maior participação nas atividades da comunidade
Nessa questão o resultado aponta que a participação dos beneficiários, nas
atividades oferecidas pelo município, proporciona um resultado positivo na sua vida. As
atividades que devem ser desenvolvidas nos serviços ofertados pelo município têm o objetivo
de proporcionar aos beneficiários melhoria na renda familiar, promover a autonomia das
pessoas e fortalecer a cidadania, através do acesso aos direitos socioassistenciais previstos na
legislação.
A análise desse resultado demonstra que os beneficiários consideram a
participação nas atividades oferecidas pelo município como um ponto positivo para a
melhoria da qualidade de vida.
Ao analisar os resultados dos questionários aplicados com os Gestores do PBF,
Técnicos do CRAS e beneficiários, verifica-se que os Programas Complementares estão
48
8%
22%
7%
22%
22%
19%
A B C D E F
sendo realizados nos municípios, porém atingem um número reduzido de beneficiários,
quando deveria atingir pelo menos a maioria destes e, ainda as ações ofertadas são
basicamente cursos de artesanato e alguns profissionalizantes, o que proporciona poucas
possibilidades de trabalho para geração de renda diante das especificidades dos pequenos
municípios, em sua expressiva maioria, municípios com ênfase nas atividades agrícolas.
Como os Programas Complementares não são colocados como condicionalidade
para os beneficiários, ocorre a dificuldade de participação. É nesse sentido que o Gestor do
PBF precisa ter a compreensão total do Programa Bolsa Família, tendo um entendimento da
amplitude da pobreza, em seu contexto geral, que se apresenta não apenas na dificuldade de
renda, mas também outras dificuldades que necessitam ser atendidas como acessibilidade,
potencialidade para novas escolhas expressas, principalmente no contexto da educação.
Portanto é preciso investir em ações que promovam o restabelecimento dos vínculos
familiares e comunitários, visando o resgate da cidadania e a sua emancipação, tais como:
grupos de convivência, ações socioeducativas, oficinas intergeracionais, etc. Ao mesmo
tempo é necessária a realização de cursos para aqueles beneficiários que necessitam, mais
especificamente, melhorar a renda da família através de capacitação profissional.
Para que este trabalho seja realizado e obtenha os resultados propostos pelo
Programa é preciso que o município estruture equipe de profissionais (Assistentes Sociais,
Psicólogos e Pedagogos). O resultado da pesquisa mostra essa dificuldade e, portanto, tendo a
compreensão total do Programa, o Gestor municipal do PBF tem argumentos para solicitar
esta estrutura como ação prioritária no município.
Como ação do Estado, através do Escritório Regional da SETP de Cascavel, para
dar suporte aos municípios, na melhoria da execução dos Programas Complementares,
propõe-se um acompanhamento mais próximo dos municípios, o que possibilitará uma melhor
compreensão pelos envolvidos com o PBF e consequentemente este programa seja executado
como uma ação prioritária no município.
Esta ação do Escritório Regional da SETP de Cascavel pauta-se na realização de
reuniões em cada município, com Gestores da Assistência Social, Gestores do PBF, Técnicos,
Operador do CADÚNICO, representantes das Políticas de Educação e Saúde e membros da
Comissão Municipal do PBF, com periodicidade semestral, onde realiza-se um
monitoramento do Programa, avaliando o que está sendo realizado e orientando sobre as
falhas detectadas, para que sejam solucionadas.
Outra ação do Escritório Regional da SETP de Cascavel, é a realização de
Encontros Regionais e Micro Regionais, com os envolvidos neste Programa nos municípios,
49
para trabalhar oficinas que orientem para as atividades a serem realizadas nos Programas
Complementares, como também proporcionem espaços para troca de experiências entre os
municípios, sobre as ações executadas.
Com estas ações executadas pelo Escritório Regional da SETP de Cascavel, é
possível melhorar a execução das ações dos Programas Complementares nos municípios,
fazendo com que este Programa tenha bons resultados, tanto para a Gestão quanto para os
beneficiários.
50
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esta pesquisa possibilitou fazer uma análise sobre as Assessorias Técnicas
realizadas pelo ER/SETP, nos municípios de sua abrangência, sobre o que este trabalho traz
de resultados na execução do Programa Bolsa Família, mais especificamente na garantia de
acesso dos beneficiários nos Programas Complementares. A avaliação realizada neste sentido
pôde constatar que em alguns municípios existem falhas na execução do Programa Bolsa
Família.
O Programa Bolsa família é um Programa de Transferência de Renda que
estabelece compromissos com os gestores municipais e com os beneficiários, como forma de
garantir o acesso à renda e à promoção social dos beneficiários. Sendo assim, o Programa
Bolsa Família coloca em prática o que a NOB/ SUAS estabelece como Proteção Social, que
consiste num conjunto de ações, cuidados, atenções, benefícios e auxílios ofertados pelo
SUAS, para a redução do impacto das vicissitudes sociais e naturais do ciclo de vida, a
dignidade humana e à família como núcleo básico de sustentação afetiva, biológica e
relacional.
Com a realização desta pesquisa foi possível refletir, de forma mais específica,
sobre o trabalho de Assessorias Técnicas que o ER/SETP tem realizado nos municípios,
considerando, de modo mais específico sobre o Programa Bolsa Família em suas diferentes
faces, bem como o seu resultado na garantia de acesso dos beneficiários nos Programas
Complementares.
A pesquisa realizada permitiu a constatação de que existem falhas na execução do
PBF nos municípios, principalmente na realização dos Programas Complementares. A análise
dos resultados da pesquisa feita com os beneficiários mostra que a maioria já participou de
cursos e palestras oferecidas pelo município, porém os resultados são poucos satisfatórios
para a promoção das famílias, pois os cursos que são realizados possibilitam poucas
oportunidades de trabalho e renda, sendo a maioria direcionados para mulheres. Observou-se
que, apesar do trabalho das Assessorias Técnicas realizadas pelo ER/SETP, através de
reuniões, capacitações, repasse de informações e orientações por endereço eletrônico, contato
telefônico, correspondências protocoladas e visitas in loco para monitoramento, os gestores e
técnicos do CRAS não conseguem colocar em prática todas as orientações repassadas sobre o
51
programa. As dificuldades para que tais informações sejam de fato sistematizadas referem-se
às situações específicas, tais como: estrutura de pessoal insuficiente, falta de estrutura física
para a execução de atividades, falta de organização do município, questões burocráticas do
município e falta de interesse dos beneficiários em participar das ações realizadas pelo
município.
Outro ponto importante que a pesquisa apresenta é que a maioria dos municípios
entrevistados realiza algumas ações dos Programas Complementares, principalmente palestras
educativas, porém não atinge a totalidade dos beneficiários devido a algumas dificuldades
apontadas pelos Técnicos do CRAS, tais como: deficiência na busca ativa, não
comparecimento por parte dos beneficiários, falta de entrosamento da equipe, equipe
reduzida, deficiência de estratégias para romper com a prática assistencialista, necessidade de
implantação de mais CRAS, falta de organização do município, priorização de outras
atividades, espaço físico adequado, dificuldade de abrangência do território e grande
demanda de famílias beneficiárias.
Através da análise dos compromissos estabelecidos pelo Programa Bolsa Família,
assumidos pelos municípios através do Termo de Adesão ao Programa, percebeu-se que estes
estão cumprindo parcialmente uma das principais condicionalidades a dos Programas
Complementares, cujo objetivo é a promoção social dos beneficiários e o resgate de sua
autonomia. As ações realizadas são basicamente palestras e cursos de artesanato, sendo a
maioria direcionados para mulheres, o que proporcionam poucas oportunidades de trabalho e
renda. Portanto este fato demonstra que a gestão municipal de Assistência Social, além de
estar cumprindo parcialmente a condicionalidade dos Programas Complementares, não está
proporcionando o acesso a todos os beneficiários nas ações que possibilitariam o rompimento
com a geração de pobreza e extrema pobreza.
Diante destas constatações, o desafio que se apresenta para o aprimoramento da
gestão deste Programa nos municípios, é de que as Assessorias Técnicas do ER/SETP de
Cascavel devem ser intensificadas, através da realização de Encontros Regionais e Micro
Regionais, para a conscientização dos Gestores do PBF e Técnicos, sobre a importância do
Programa Bolsa Família na execução da Política de Assistência Social e na garantia dos
direitos sociais. Só através desta compreensão é que os Gestores poderão estruturar melhor os
serviços no município, com equipe técnica compatível e estrutura física adequada e suficiente
para a execução de todas as ações que se fazem necessárias para cumprir os compromissos do
Programa. Outra ação de melhoria das Assessorias Técnicas é estabelecer uma agenda de
monitoramento do PBF nos municípios, duas vezes por ano, com a participação do Gestor do
52
PBF, Técnicos, Operador do CADÚNICO, representantes das Política de Saúde e de
Educação e membros da Comissão do PBF.
Esse processo de pesquisa foi importante porque demonstrou que é necessário
realizar uma avaliação do trabalho realizado pelo ER/SETP de Cascavel, principalmente na
metodologia utilizada nas Assessorias Técnicas junto aos municípios, para garantir a eficácia
desta ação, no atendimento aos beneficiários do PBF.
Este TCC é o início de um estudo sobre este tema e pretendeu contribuir com uma
reflexão acerca das Assessorias Técnicas realizadas pelo ER/SETP de Cascavel, mais
especificamente no Programa Bolsa Família, nos municípios de sua abrangência, visando ao
aprimoramento desta ação para a garantia dos direitos socioassistenciais aos beneficiários do
Programa.
Este estudo possibilitou visualizar as falhas na execução de ações do Programa
Bolsa Família, principalmente nos Programas Complementares, nos municípios da região de
abrangência do Escritório Regional da SETP de Cascavel selecionados para esta pesquisa. Tal
situação pode acontecer em outras regiões do Estado. Desta forma propõe-se que este estudo
seja aplicado nos demais Escritórios Regionais da SETP, como forma de melhorar a execução
dos Programas Complementares em todos os municípios do Estado do Paraná. É nas ações
dos Programas Complementares que é possível fortalecer os vínculos familiares e
comunitários, possibilitando melhores resultados na participação dos beneficiários nos
serviços ofertados pelos municípios, proporcionando o fortalecimento da cidadania e a
emancipação das famílias.
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REFERÊNCIAS
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_________. Política Nacional de Assistência Social. Brasília, 2004.
__________. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Programa Bolsa Família - Guia do Gestor. Brasília, 2006.
JORGE, Maria Cristina. A Política de Assistência Social e o Centro de Referência de Assistência Social – CRAS na Região Oeste do Paraná. Trabalho de Conclusão de Curso. - Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE: Toledo. 2007, p 12, 23.
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PARANÁ. Secretaria de Estado do Trabalho Emprego e Promoção Social. Políticas Estaduais da Assistência Social e do Trabalho e Emprego. Curitiba, PR, 2003.
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