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UMA PERSPECTIVA CONCEPTUAL E INTEGRATIVA DAS ARTES VISUAIS
NA ANÁLISE DO CONCEITO DE STRESSE
Saul Neves de Jesus Universidade do Algarve (Portugal)
Resumo O stresse tem vindo a ser um problema crescente na nossa sociedade. Embora haja várias definições de stresse, predomina a perspectiva transaccional que considera que as situações de stresse ocorrem quando o sujeito faz uma avaliação das exigências como superiores aos seus recursos para responder às mesmas de forma adequada ou competente. Há vários sintomas de stresse, tal como há vários tipos de factores internos e externos. Neste artigo apresentamos vários trabalhos artísticos que criámos para ilustrar o conceito de stresse, os seus sintomas e principais factores. Para esta perspectiva integrativa e conceptual da arte, utilizámos diversas técnicas de arte visual: a fotografia, a pintura, a foto-pintura, a escultura, a instalação e o desenho. Palavras-chave: Arte conceptual; Fotografia; Pintura; Escultura; Instalação; Desenho; Stresse. A CONCEPTUAL AND INTEGRATIVE PERSPECTIVE ON VISUAL ARTS: A CREATIVE ANALYSIS OF THE STRESS CONCEPT Abstract Stress is an increase problem in our society. Nevertheless there are several definitions of stress, are accepted the perspective that considers the transactional stress situations occur when the subject makes an assessment of the demands it faces higher than its resources to respond adequately or competently. There are several stress symptoms, as well as several types of internal and external stress factors. At thisymptoms and main factors. For this integrative and conceptual art perspective was used several visual arts techniques: photography, painting, photo-painting, sculpture, installation, and drawing. Key-words: Conceptual Art; Photography; Painting; Sculpture; Installation; Drawing; Stress. 1. Introdução O stresse foi um conceito que surgiu no século XVII, no âmbito da engenharia, para traduzir
a pressão exercida sobre as pontes, as quais deveriam ser projectadas para suportar essa
carga de stresse. No século XX surgiram diversas definições de stresse no âmbito da
Psicologia, sendo aceite a perspectiva que considera o stresse como o resultado da
avaliação da transacção entre as exigências colocadas sobre o sujeito e os seus recursos
para responder de forma adequada ou competente (Lazarus & Folkman, 1984).
O stresse pode ser causado por factores externos, como seja a pressão social, isto é, as exigências colocadas por outros sobre o sujeito, mas também pode ser causado por factores internos, tal como as exigências que o sujeito se coloca a si próprio (Jesus, 2007).
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Temos realizado diversas investigações sobre o conceito de stresse, quer no plano da
conceptualização teórica, quer no plano empírico, encontrando-se os resultados publicados
em vários livros e artigos científicos. Um dos trabalhos realizados no plano da
conceptualização teórica traduziu-se no modelo desenvolvimentista de stresse (Jesus,
2002), em que procurámos abordar o stresse associado ao desenvolvimento humano,
distinguindo entre a valência negativa do stress (distress) e a sua também possível valência
positiva (eustress). Um outro contributo importante traduziu-se na formulação de um
programa de gestão do stresse através do treino de competências (Jesus, 1998; Jesus,
2010; Jesus & Conboy, 2001; Jesus & Esteve, 2000).
No plano empírico temos ainda coordenado diversas investigações, algumas delas no
âmbito de teses que dirigimos, de mestrado (Almeida, 2002; Barahona, 2008; Fonseca,
2006; Leal, 2011; Pacheco, 2002; Quirino, 2008) e de doutoramento (Amaro, 2010; Martins,
2005; Ramos, 2011).
O reconhecimento dos trabalhos que temos desenvolvido sobre este conceito levaram a
termos sido escolhidos para coordenar, em 2013, a organização do congresso mundial da
STAR Stress and Anxiety International Research. Esta é uma sociedade mundial em que
se encontram representados mais de quarenta países de todos os continentes e que se
dedica ao estudo das situações de stresse e de ansiedade há mais de 30 anos.
Para além do contributo que temos tido no âmbito da investigação científica, quisemos
também procurar abordar o conceito de stresse através da arte.
Diversos artistas realizaram já trabalhos em que, de forma explícita ou implícita, é abordado
o stresse. Muito recentemente, alguns artistas apresentaram trabalhos sobre este tópico em
diversos tipos de arte visual: Pais de Sousa na pintura (2009), Kurt Wenner na pintura
urbana (2007), Mauro Pimentel na fotografia (2010) e Yoan Capote na escultura (2010). No
entanto, conseguimos encontrar trabalhos cujo conteúdo pode ser relacionado com o
stresse, em diversos artistas que marcaram a história de arte, nomeadamente em Eduard
Desde há muito tempo que a arte e a ciência andam interligadas, sendo os primeiros
grandes cientistas identificados na história também como artistas, como é o caso de
Leonardo Da Vinci.
No entanto, a cada vez maior especialização das várias áreas do conhecimento levou à
perda de uma visão mais holística do saber e a um progressivo afastamento entre a arte e a
ciência. Na linha do dualismo cartesiano, Snow (1960) vem distinguir entre a ciência e a
arte, como culturas diferentes, opostas nos pressupostos, sendo a ciência considerada
como racional e a arte como emocional.
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Nos últimos anos têm surgido movimentos para promover a interdisciplinaridade e a
integração do conhecimento científico, permitindo uma visão mais ampla e abrangente da
complexidade dos fenómenos e aproveitando os vários contributos específicos das diversas
teorias (Jesus & Lens, 2005).
E há também na história moderna vários casos de cientistas, inclusivamente vencedores de
Prémios Nobel de medicina ou fisiologia, como são os casos de Roger Guillemin, Salvadore
Luria ou Robert Holley, todos eles nascidos no século XX, que também desenvolveram
trabalhos no domínio da arte visual (Araújo-Jorge, 2004), sendo a criatividade necessária à
produção científica e à produção artística que permite fazer a ponte entre os dois domínios.
Embora tenha sido pouco frequente a tentativa de transpor para a abordagem artística,
temas estudados no âmbito científico, temos alguns exemplos na história da arte. O
conceituado Salvador Dali foi um dos que procurou inspirar-se em descobertas da ciência
para criar algumas das suas obras surrealistas (Dali, 2004).
Só a partir dos anos 60 se iniciou um movimento consistente de arte conceptual, permitindo
valorizar sobretudo o conceito subjacente ao produto artístico (Marzona, 2006). Embora
vários artistas tenham anteriormente tentado evidenciar a arte como um veículo para
-
segundo o qual o mais importante para a arte conceptual são as ideias, ficando a execução
da obra para segundo plano, podendo até ser executada por outros que não o artista que a
concebeu e criou. O importante seria o conceito, o projecto da obra, o qual é formulado
antes da sua materialização. Esta perspectiva da arte tornou-se mais consistente a partir do
-
desenvolver o seu trabalho neste enquadramento da arte conceptual, utilizando diversas
técnicas artísticas e, inclusivamente, as novas tecnologias, produzindo instalações, vídeo
arte, etc. O artista procura conciliar as tradições artísticas tradicionais com as técnicas
contemporâneas, permitindo a livre expressão artística.
O movimento da Arte Integrativa que surgiu nos anos 90, embora com uma conotação inicial
ligada à Arte Terapia, também contribuiu para acentuar a perspectiva de flexibilidade e
integração de várias técnicas artísticas no trabalho realizado.
Esta perspectiva da arte cria a possibilidade de estabelecer pontes entre os conceitos
estudados na ciência e a expressão e comunicação dos mesmos através da arte, permitindo
retomar uma maior proximidade entre a ciência e a arte.
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Neste enquadramento numa perspectiva integrativa de arte conceptual, procurámos
representar o conceito de stresse através de vários tipos de arte visual: fotografia, pintura,
foto-pintura, escultura, instalação e desenho.
2. Trabalhos artísticos realizados sobre o conceito de stresse 2.1. Fotografia
Stresse Máscara na sociedade (0,20 x 0,30; 1986)
Nesta fotografia pretendemos destacar os factores sociais subjacentes ao stresse e os
comportamentos inadequados que muitas vezes os sujeitos desenvolvem perante situações
de stresse, como seja fumar.
A pressão social pode provocar uma elevada tensão no sujeito, podendo este desenvolver
certos comportamentos em reacção a isso. Estas reacções englobam-se nas estratégias de
coping, conceito que pretende traduzir as formas que o sujeito pode utilizar para lidar com o
stresse (Lazarus & Folkman, 1984). Os autores têm procurado agrupar as estratégias de
coping em categorias, sendo a proposta de Latack (1986) uma das mais utilizadas. Segundo
esta autora, podemos entre as estratégias de confronto, as estratégias de evitamento e as
estratégias de gestão dos sintomas. As duas primeiras têm a ver com o comportamento do
sujeito em relação a factores específicos de stresse, enquanto a última têm a ver com
comportamentos que o sujeito realiza, que vão ter implicações nos sintomas de stresse, mas
que podem não estar relacionados directamente com nenhum factor específico de stress.
Por exemplo, perante uma situação de conflito com outra pessoa, o sujeito pode utilizar uma
estratégia de confronto, indo falar com essa pessoa para resolver o conflito, ou pode utilizar
uma estratégia de evitamento, procurando não encontrar essa pessoa, ou pode utilizar
estratégias que não têm relação directa com esse conflito, como seja fumar. Esta é uma
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estratégia de coping considerada inadequada, pois tem um efeito negativo sobre os
sintomas, ao contrário de outras consideradas adequadas, ou com um efeito positivo sobre
a saúde do sujeito, como seja a prática de exercício físico.
Nesta fotografia, o comportamento de fumar aparece ainda como algo automático ou
reactivo em situações de stresse social, num sujeito anónimo ou não identificado, que se
mascara ou esconde atrás desse comportamento. O facto da face do sujeito aparecer negra,
pela falta de luz, não obstante estar a acender um isqueiro, procura traduzir também que
esse é claramente um comportamento negativo para si próprio, não sendo o possível prazer
decorrente do momento em que fuma (simbolizado pela luz momentânea do isqueiro a
acender) suficiente para inibir os efeitos negativos para a sua saúde física (simbolizado pela
face negra da senhora que está a fumar).
2.2. Foto-pintura
Stresse na procura de identidade: conflito entre o id e o superego (0,70 x 0,70; 2006)
Neste quadro pintámos uma jovem que apresenta um comportamento inibido revelado pelo
facto de estar um pouco encolhida, com as mãos entre as pernas fechadas, o rosto
escondido pelo cabelo, num quarto fechado. No entanto, a jovem está despida e apresenta
um rubor na pele, simbolizado pela cor vermelha, olhando pela janela, única saída visível,
como que observando o que desejava ser, isto é uma jovem expressiva, aberta ao mundo,
envolta por um calor de sensualidade que a cor vermelha desta fotografia procura retratar.
Temos assim um paradoxo, um conflito, ou uma aparente contradição entre o
comportamento inibido da jovem, representado pela pintura, e o comportamento expressivo
que ela deseja ter, representado pela fotografia.
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Com este quadro pretendemos ilustrar o conceito de stresse segundo a perspectiva
psicanalítica. De acordo com Freud (1927), o eu ou o ego do sujeito desenvolve-se a partir
do confronto entre as pulsões do id e as pressões das regras sociais impostas pelo
superego. Assim, a construção da identidade de cada sujeito é um processo stressante,
resultante duma constante gestão de duas forças ou tensões contraditórias: uma de origem
interna (o id), funcionando segundo o princípio do prazer, para o qual não há normas ou
regras, e outra de origem externa (o superego), que procura impor os limites socialmente
aceitáveis do comportamento.
2.3. Pintura
Stresse Grito de sangue em atentado terrorista (4,10 x 2,00; 2010)
Esta pintura representa o comportamento limite do sujeito face a uma situação de stresse,
em que este grita de forma desesperada, sentindo que não pode fazer nada, uma total
impotência, ou um total descontrolo, face à situação em que se encontra.
A falta de controlo das situações é apontada como um dos principais factores de stresse das
últimas décadas (Lévy-Leboyer, 1994)). As investigações realizadas desde final dos anos 90
até à actualidade têm permitido verificar que, de forma bastante evidente, as expectativas de
controlo de resultados, ou locus de controlo, são cada vez mais externas (Rotter, 1990), o
que também justifica o elevado nível de stresse em que as pessoas se encontram
actualmente. O aumento da violência na sociedade e, em particular, os atentados que
ocorrem cada vez com maior frequência e gravidade, aumentam a insegurança das pessoas
e a incerteza quanto ao futuro, parecendo que, não obstante a longevidade ser cada vez
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maior, a perspectiva temporal de futuro (Nuttin, 1980), que diz respeito à localização
temporal dos objectos motivacionais que constituem o conteúdo da vida mental do sujeito, é
cada vez menor, traduzindo que as pessoas se focalizam cada vez mais no presente e nos
problemas imediatos que têm para resolver.
A situação de stresse escolhida para esta pintura é uma situação limite, pois traduz um
atentado terrorista, como é expresso pelas duas explosões representadas neste trabalho.
Assim, este trabalho integra três telas, sendo as telas laterais representativas do factor limite
de stresse em que o sujeito se encontra e a tela do meio representativa do impacto que
esse factor provoca no comportamento do sujeito.
Para além de representarem explosões, as telas laterais têm escritos dois textos que se
complementam e que pretendem reforçar a mensagem já expressa pela imagem. Desta
forma, pretendemos ainda expressar a perspectiva integrativa e a complementaridade que
pode existir entre mensagem escrita e mensagem visual, aspecto que já anteriormente
-pint
(Jesus, 2009). Os textos estão escritos em espanhol, pois este trabalho foi concebido em
Madrid, no dia 11 de Março de 2010, dia em que decorriam nesta cidade as comemorações
dos seis anos dos atentados de Athocha.
A situação limite em que o sujeito se encontra é reforçada pela cor cinzenta da pintura e
pelas lágrimas vermelhas que lhe escorrem pela face, isto é o sujeito não só grita como
ão em que houve
muito sangue derramado pelas vítimas dos atentados.
2.4. Escultura
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Stresse (0,50 x 2,00 x 0,30; 2010)
Esta escultura, em que foi utilizado alumínio e gesso, procura sintetizar o conceito de
stresse, em termos dos principais factores e sintomas que podem ocorrer.
Em relação aos sintomas, tendo em conta que o órgão mais sensível às situações de stress
é o coração (Serra, 2007), sendo aliás uma adequada tensão arterial um dos principais
indicadores de saúde física, procurámos representar o coração como o aspecto que mais se
destaca na escultura, até pela cor vermelha com que está pintado.
as exigências ou os factores de stresse que podem ser externos e internos.
As pressões internas, sobretudo devido a conflitos internos face a decisões que têm que ser
tomadas, ou a indecisões face à multiplicidade de alternativas possíveis hoje em dia, ou a
uma excessiva ambição pessoal, ou ainda a expectativas irrealistas por parte do sujeito,
traduzem que o próprio sujeito pode ser o principal factor do stresse que apresenta e
encontram-se representadas pelas correntes puxadas para lados diferentes destruindo o
coração.
No que diz respeito às pressões externas, estão representadas através de um peso
pendurado no coração, que é um coração invertido, significando e sintetizando todas as
exigências externas que podem prejudicar a saúde do sujeito, em particular o coração. Além
disso, o facto deste coração ser em metal significa a falta de suporte social e emocional que
aumenta o impacto negativo das exigências exteriores sobre o sujeito.
2.5. Instalação
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Stresse nas condições de vida Azar (4,00 x 1,00; 2010)
Condições de vida Sorte (4,00 x 1,00; 2010)
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Stresse na qualidade de vida Pessimismo (4,00 x 1,00; 2010)
Qualidade de vida Optimismo (4,00 x 1,00; 2010)
Nesta instalação apresentamos situações que pretendem representar a distinção entre
condições de vida e qualidade de vida, muitas vezes confundidos na linguagem do senso
comum. O conceito de stresse pode ser associado a ambas as situações.
A principal distinção entre as noções de qualidade de vida e de condições de vida é porque,
enquanto esta última diz respeito às condições objectivas em que o sujeito se encontra, a
primeira integra uma componente subjectiva, referindo-se à percepção que o sujeito tem das
suas condições de vida (Ribeiro, 2006). Neste sentido, o stresse nas condições de vida
pode ser traduzido por uma situação de azar, pólo negativo das condições de vida que se
opõe a uma situação de sorte que constitui a possibilidade positiva dentro das condições de
vida. Por seu turno, tendo em conta a importância de variáveis de personalidade para
compreender o stresse do sujeito (Serra, 2007), o stresse na qualidade de vida pode ser
representado pelo pessimismo, isto é o sujeito tende a ter percepções e expectativas
negativas sobre a sua realidade e condições de vida, o qual se opõe ao optimismo, conceito
que ilustra as percepções positivas do sujeito sobre a sua realidade presente e as suas
expectativas também positivas face às possibilidades do futuro (Barros, 2004).
Procuramos representar as condições de vida positivas por uma passadeira vermelha em
caminhando no seu percurso de boas condições de vida. Por seu turno, as condições de
vida negativas são representadas por uma passadeira negra, com pedras e pregos, em que
se encontra um par de chinelos pobres, simbolizando um sujeito com azar nas suas
condições de vida, deixando para trás um rasto de memóri
dificuldades e as constantes situações de stresse por que tem passado.
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No que diz respeito à qualidade de vida, o stresse é representado por um par de sapatos de
e sorte do sujeito com as
suas condições de vida. No entanto, o sujeito encontra-se numa situação de stresse pois
percepciona uma realidade negativa e antecipa um percurso difícil, representado pelas
pegadas negras com pedras e pregos que se encontram no seu percurso, o qual se afunila
no final, significando a diminuição da perspectiva de possibilidades e de expectativas em
relação ao futuro, cenário característico das situações de pessimismo. Ao contrário, o sujeito
optimista consegue prevenir situações de stresse e usufruir de qualidade de vida pois,
embora possa ter condições de vida difíceis, representadas por uma passadeira negra e por
um par de sapatos sem marca e de menor qualidade, consegue perspectivar outras
alternativas e hipóteses para um percurso com qualidade de vida, representado pelo alargar
da dimensão da passadeira e pelas pegadas vermelhas que nela se encontram.
2.6. Desenho
Stresse cardíaco (0,42 x 0,30; 2011)
Neste desenho, abordamos novamente o stresse com uma ênfase no coração, pela
importância deste órgão para a vida e pelo facto de ser um do que mais pode ser
afectado por situações de stresse. Desta vez, procuramos destacar a importância
das pulsações ou do ritmo cardíaco, podendo ser distinguida entre uma situação de
relaxamento, em que o coração apresenta poucas pulsações por minuto, traduzindo
um estado considerado de tranquilidade que é benéfico para a saúde do sujeito, e
uma situação de stresse, em que a frequência cardíaca aumenta de forma bastante
relevante.
Para além dos dois desenhos do ritmo cardíaco, encontram-se dois desenhos do
coração, representando as imagens do batimento cardíaco, podendo o coração estar
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contraído numa situação de sistole dos ventrículos, ou podendo estar mais
expandido na situação de diástole dos ventrículos, sendo o processo circulatório
uma alternância entre sistole e diástole (Parker, 1997). As situações de stresse
podem levar a perturbações neste processo, com o surgimento de arritmias,
prejudiciais para a saúde cardíaca.
Estes foram os trabalhos artísticos que produzimos sobre o conceito de stresse, segundo a
perspectiva integrativa e conceptual em que nos enquadramos, procurando utilizar diversas
artes visuais para explicitar vários aspectos deste conceito, os seus principais sintomas e
factores, bem como a relação entre este conceito e outros com os quais pode ser
relacionado, como é o caso da qualidade de vida.
No futuro pretendemos trabalhar também o conceito de stresse utilizando outras técnicas
das artes visuais, nomeadamente a media arte, e procuraremos ainda aprofundar a
perspectiva das relações que se podem estabelecer entre a linguagem visual e a linguagem
escrita.
A ciência pode contribuir para um cada vez melhor conhecimento da realidade e a arte pode
contribuir para comunicar o conhecimento que a ciência vai alcançando.
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META-ANALYSIS OF THE STUDIES ON
MOTIVATION AND CREATIVITY RELATED TO PERSON
Saul Neves de Jesus, Susana Imaginário, Joana Nobre Duarte, Sandra Mendonça, Joana Santos (University of Algarve, Portugal)
Claudia Lenuta Rus (Babes-Bolyai University, Romania) Willy Lens (University of Louvain, Belgium)
ABSTRACT Creativity and Motivation are two of the main psychological concepts to understand the flexibility and innovation of human behavior. Nevertheless many studies were conducted on both concepts, but any meta-analysis about the relationship between them was previously done. Thus, the aim of this study was to analyze the relationship between intrinsic motivation and creativity related to person by using meta-analytic procedures based on random-effects model. The present meta-analysis included seven independent samples (representing a total of N= 3,173 participants) that met he inclusion criteria. The results indicated the expected significant positive relationship between intrinsic motivation and creativity related to person ( 0 = .34, 95% CI = [.30, .39]). The percentage of the variance explained by sampling error (36.29% < 75%) and the probability of the Q test (p < .01) revealed that there was no homogeneity across the effect sizes included in the whole set of studies. The moderator analysis indicated that the relationship between intrinsic motivation and creativity related to person was moderated by the type of the sample (students vs. employees). Particularly, it was found that intrinsic motivation is stronger related to creativity on the sample of employees compared to those of students. Keywords: Creativity related to person; Intrinsic Motivation; Creativity; Meta-analysis. INTRODUCTION
Since Humanistic Psychology, motivation and creativity were considered as two concepts
that could have important relationships (Maslow, 1954).
Many researches were conducted and many theories were proposed about motivation and
creativity since many years, and these concepts had an important contribution for the history
of Psychology, and for the explanation of human behavior, namely in what concern to his
flexibility and potential for learning.
In particular, taking into account that all behaviors are motivated, motivation it is a key
concept in Psychology. As Weiner said "motivation lies at the heart, the very center of
Psychology" (1992, 1).
Nevertheless, at the last decades, there was a tendency to a higher specialization of the
authors, and specific theories and variables began being proposed for behavior analysis.
As contemporary motivational theories have become more specific and precise, they have
also become more restricted in their range. For instance, many theories tend to overvalue
just one concept or variable, such as intrinsic motivation (Deci, 1975).