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Page 1: Trabalho EMII - planetária baja

Universidade Federal do Ceará Centro de Tecnologia – CT Departamento de Engenharia Mecânica – DEM

Cálculo dos coeficientes de

segurança do trem de engrenagens

planetário do veículo off road BAJA

Mandacaru

Disciplina de Elementos de Máquinas II

Professor: Carlos André Dias Bezerra

Aluno: Bernardo Amorim Bastos

Matricula: 0299889

Fortaleza/CE Novembro 2013

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Para o protótipo off road BAJA da equipe Siará a transmissão planetária foi

escolhida para ser a parte fixa do sistema, este trabalho visa fazer uma análise de

elementos de máquinas do sistema para certificar se o mesmo é seguro e confiável

para o projeto. Tendo como base uma competição padrão de baja, como sendo um

enduro de resistência de 4 horas, e provas dinâmicas, considera-se que por

competição o protótipo irá rodar por 5 horas. De acordo com o regulamento da SAE-

Brasil, um novo chassis deverá ser construido a cada 2 anos, sendo assim a equipe

tem o costume de renovar os seus membros nesse mesmo período, e

consequentemente criar novos projetos visando um aprendizado maior por parte dos

alunos atualmente responsáveis pela equipe SIARÁ. Logo, tendo em vista duas

competições por ano, temos um total de 4 x 5 horas, o que dá um total de 20 rodando.

Considerando uma bateria de testes usual do projeto como sendo entre 2 e 3 enduros,

um tempo de teste de 12hs por competição é mais que super estimado, somando 4 x

12 = 48 + 20 horas, um total de 68 horas que um subsistema deve durar. A razão para

não projetar para uma vida infinita se deve ao fato que o projeto visa sempre um

sistema leve, portanto, projetar para uma vida infinita iria contra a visão de reciclagem

de projeto e de zelar pela resistência mínima necessária em busca de menos peso.

Analisando o sistema planetário atual temos os seguintes

dados:

Módulo (m): 2.5 Largura de face (F): 14 mm Ângulo φ: 25o

Torques de entrada: 70 N.m (max) 12 N.m (min)

Rotação média: 3000 RPM

Engrenagens:

Sol (pinhão): 12 dentes SAE 8620 Dureza 250 HB

Planeta (intermediaria): 24 dentes SAE 8620 Dureza 250 HB

Anel (dentes internos): 60 dentes SAE 1020 Dureza 121 HB

Para calcularmos os coeficientes de segurança desse sistema será utilizado o

procedimento de cálculo de engrenagens do NORTON.

1. Para o primeiro engrenamento (Sol com planeta)

Wtmax = Tmax/rp = Tmax /[(m.nº de dentes)/2] = 70 N.m / [(2.5*12/2)/(1000m)] = 4666.667 N

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Wtmin = Tmin/rp = Tmin /[(m.nº de dentes)/2] = 12 N.m / [(2.5*12/2)/(1000m)] = 800 N

2. Será tomado o valor de pico positivo como sendo a carga transmitida, Wt = 4666.667 N.

Como a força é oscilante isso será levado em consideração na hora de calcular o Ka

3. O passo diametral pd é:

pd = 25.4/m = 25.4/2.5 = 10.16

4. Os fatores de geometria de flexão J para essa combinação são encontrados nas

Tabelas 11-9 a 11-15, como para 25º um pinhão de 12 e uma coroa de 24 resultariam

num adelgaçamento dos dentes, foi-se utilizado um adendo xp de 25% e considerando

um engrenamento com contato de um único dente (HPSTC) tem-se:

Js = 0.3086 Jp = 0.3380

5. O fator dinâmico Kv (Cv) é calculado pelas equações 11.16 e 11.17, tendo como base

um índice de qualidade da engrenagem Qv = 7 e a velocidade da linha de referência Vt

Vt = rp.ωp = 15 (mm). 3000 (RPM). 10-3 (m). 2π / 60 (s) = 4.7124 m/s

B = 0.25 .(12 – Qv)2/3 = 0.25 .(12-7)2/3 = 0.7310

A = 50 + 56 (1 – B) = 50 + 56 (1 – 0.7310) = 65.0638

Kv = Cv =

√ =

√ = 0.7539

6. Vt deve ser verificado contra a velocidade máxima permissível da linha de referência

para esta qualidade de engrenagem usando a equação 11.18:

Vtmax = [A + (Qv – 3)]² = [65.0638 + (7-3)]² = 4769.8018 ft/min = 24.2306 m/s

Que é maior que Vt portanto é aceitável

7. Largura da face é de 14 mm

8. Como 14 mm < 50 mm Km = Cm = 1.6

9. O fator Ka se destina a levar em conta a possibilidade de choque na maquinária motora

e movida. Como o motor do BAJA é monocilindrico e o sistema estará sujeito a

eventuais freadas (durante a competição) que serão no entanto amortecidas pela

correia da CVT, escolheu-se uma condição de choque moderado, resultando num

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Ka = 1,75

10. O fator tamanho Ks (Cs) e o fator de flexão da borda são iguais a 1 para engrenagens

pequenas.

11. As tensões de flexão no pinhão e na engrenagem podem ser calculados por:

σbs =

=

= 1282.9706 Mpa

σbp1 =

=

= 1465.1676 Mpa

12. Para o cálculo do Cp tem-se:

Cp = √

(

) (

)

= √

(

) (

)

= 188.98 Mpa0.5

13. O fator de geometria de superficie I é calculado a partir das equações 11.22:

ρ1= √(

) -

. = √(

) -

.

ρ1 = 0.1917 in

ρ2 = (rs + rp) sen φ - ρ1 = (0.5905 + 1.1811) sen 25 – 0.1917 = 0.5570 in

I =

(

)

=

(

)

= 0.1094

14. As tensões de superfície no engrenamento sol-planeta podem agora ser calculadas

σcsp = Cp√

= 188.98√

= 3669.7406 Mpa

15. Uma estimativa da resistência à fadiga de flexão não-corrigida pode ser feita a partir das

curvas da Figura 11-25. Para um aço SAE 8260 endurecido completamente a 250 HB a

resistência Sfb’ é encontrada a partir da curva mais baixa da figura:

Sfb’ = -274 + 167 HB – 0.152 HB² = -274 + 167 (250) – 0.152 (250)² = 31976 psi

= 219.7773 Mpa

16. Esse valor necessita ser corrigido para certos fatores usando a equação 11.24. O fator

de vida KL é encontrado pela equação apropriada na Figura 11-24 baseado no número

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requerido de ciclos na vida das engrenagens. O pinhão vê o maior número de

repetições de carregamentos de dente, portanto calcula-se a vida baseado nele.

Primeiro, calcula-se o número de ciclos N para a vida requerida de 68 horas.

N = 3000 rpm (60 min/h) (68h) = 1.22E7 ciclos

O valor de KL é encontrado a partir de

KL = 1.3558 N-0.0178 = 1.3558 1.22E7-0.0178 = 1.0140

17. Considerando que as engrenagens são refrigeradas a óleo, KT = 1

18. Para uma aproximação mais conservadora admitiu-se um coeficiente de confiabilidade

de 85%, logo KR = 0.85

19. A resistência à fadiga de flexão corrigida é:

Sfb =

=

. 219.7773 Mpa = 262.1733 Mpa

20. Uma estimativa da resistência à fadiga de flexão não-corrigida pode ser feita através

das curvas da Figura 11-27. Para um aço SAE 8620 endurecido completamente a 250

HB, a resistência encontrada pela curva mais baixa da figura:

Sfc’ = 26000 + 327 HB = 26000 + 327 (250) = 107750 psi = 742.9101 Mpa

21. Esse valor necessita ser corrigido para certos fatores usando a equação 11.25. O fator

de vida CL é encontrado através da equação apropriada na Figura 11-26 baseado no

número de ciclos N requeridos encontrado anteriormente.

CL = 1.4488 N-0.023 = 1.4488 1.22E7-0.023 = 0.9954

22. CT = KT = 1 e CR = KR = 0.85

23. Como as engrenagens Sol e planeta são de mesma dureza, CH = 1

24. A resistência a fadiga de superfície corrigida é:

Sfcsp =

=

. 742.9101 Mpa = 869.975 Mpa

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25. Para o engrenamento da engrenagem planeta com a engrenagem interna anel tem-se:

Wtmax = Tmax/rp = Tmax /[(m.nº de dentes)/2] = 350 N.m / [(2.5*60/2)/(1000m)] = 4516.1290 N

26. Os fatores de flexão para o planeta e o anel são

Jp = 0.4826 Ja = 0.4430

27. O fator dinâmico Kv (Cv) é calculado pelas equações 11.16 e 11.17, tendo como base

um índice de qualidade da engrenagem Qv = 7 e a velocidade da linha de referência Vt

Vt = rp.ωp = 60 (mm). 600 (RPM). 10-3 (m). 2π / 60 (s) = 1.8850 m/s

B = 0.7310

A = 65.0638

Kv = Cv =

√ =

√ = 0.8262

28. Vt deve ser verificado contra a velocidade máxima permissível da linha de referência

para esta qualidade de engrenagem usando a equação 11.18:

Vtmax = 24.2306 m/s

Que é maior que Vt portanto é aceitável

29. Largura da face é de 14 mm

30. Como 14 mm < 50 mm Km = Cm = 1.6

31. Ka = 1,75

32. O fator de borda para a engrenagem Anel é calculado por:

mB = tR / ht = 34.175/5.415 = 6.3117 logo como mB > 1.2

KB = 1 e Ks = 1 (CB e CS = 1)

33. As tensões de flexão no pinhão e na engrenagem podem ser calculados por:

σbp2 =

=

= 1132.8588 Mpa

σbA =

=

= 1293.7382 Mpa

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34. Para o cálculo do Cp tem-se:

Cp = √

(

) (

)

= √

(

) (

)

= 188.98 Mpa0.5

35. O fator de geometria de superficie I é calculado a partir das equações 11.22 optando

pelo sinal inferior por ser um engrenamento interno:

ρ1= √(

) ( )

-

. = √(

) -

.

ρ1 = 0.4647 in

ρ2 = (rp + ra) sen φ - ρ1 = (1.1811 + 2.9528) sen 25 + 0.4647 = 2.2117 in

I =

(

)

=

(

)

= 0.2257

36. As tensões de superfície no engrenamento planeta-anel podem agora ser calculadas

σcpa = Cp√

= 188.98√

= 1697.9161 Mpa

37. Como o aço mais fraco da ligação é o SAE 1020, com dureza de 121 HB , a

resistência à fadiga de flexão não-corrigida é de

Sfb’ = 170 Mpa

38. Esse valor necessita ser corrigido para certos fatores usando a equação 11.24. O fator

de vida KL é encontrado pela equação apropriada na Figura 11-24 baseado no número

requerido de ciclos na vida das engrenagens. O pinhão vê o maior número de

repetições de carregamentos de dente, portanto calcula-se a vida baseado nele.

Primeiro, calcula-se o número de ciclos N para a vida requerida de 68 horas.

N = 600 rpm (60 min/h) (68h) = 2.45E6 ciclos

O valor de KL é encontrado a partir de

KL = 2.3194 N-0.0538 = 2.3194 2.45E6-0.0178 = 1.0511

39. Considerando que as engrenagens são refrigeradas a óleo, KT = 1

40. Para uma aproximação mais conservadora admitiu-se um coeficiente de confiabilidade

de 85%, logo KR = 0.85

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41. A resistência à fadiga de flexão corrigida é:

Sfb =

=

. 170 Mpa = 210.2266 Mpa para SAE 1020

Sfb =

=

. 219.773 Mpa = 271.7772 Mpa para SAE 8620

42. Como o aço mais fraco da ligação é o SAE 1020, com dureza de 121 HB , a

resistência à fadiga de flexão não-corrigida é de

Sfc’ = 590 Mpa

43. Esse valor necessita ser corrigido para certos fatores usando a equação 11.25. O fator

de vida CL é encontrado através da equação apropriada na Figura 11-26 baseado no

número de ciclos N requeridos encontrado anteriormente.

CL = 2.466 N-0.056 = 2.466 2.45E6-0.056 = 1.0820

44. CT = KT = 1 e CR = KR = 0.85

45. Como as engrenagens Planeta e Anel possuem durezas diferentes, é necessário

calcular o CH

=

= 2.0661, logo A =0.00698

CH = 1 + A(mG – 1) = 1 + 0.00698(60/24 -1) = 1.01047

46. A resistência a fadiga de superfície corrigida é:

Sfcpa =

=

. 590 Mpa = 758.8853 Mpa

47. Como são três engrenagens planetas, as cargas aplicadas sobre os mesmos são

divididas por 3, logo os coeficientes de segurança são:

NbSOL =

=

= 0.61 NbPLANETA1 =

=

= 0.54

NbPLANETA2 =

=

= 0.72 NbANEL =

=

= 0.49

NcSOL-PLANETA = (

) = (

) = 0.17 NcPLAN-ANEL = (

) = (

) = 0.59

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Conclusão

Pelo o que se foi calculado observa-se que o sistema planetário foi subdimensionado,

especialmente na falha de fadiga superficial do engrenamento sol e planeta. Uma melhoria

para o sistema seria aumentar a largura da face e melhorar a relação de dentes entre a

engrenagem sol e o planeta, pois a atual obriga o sistema a trabalhar com 25% de adendo.

Além disso, um material mais resistente para a engrenagem sol como o SAE 4340 pode ser

mais indicado. Para uma situação com face de 40 mm, SAE 4340 para a engrenagem sol com

Zsol = 14 dentes e Zplaneta = 26, os coeficiente de segurança do primeiro engrenamento seriam:

NcSOL-PLANETA = 1,01

NbSOL = 1.81

NbPLANETA1 = 2.17

Tornando o sistema seguro e confiável para a realidade do BAJA.


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