Transcript
Page 1: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

1

RESUMO

Page 2: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

2

Tendo Syngonanthus elegantulus Ruhland (Eriocaulaceae) como modelo de

estudo, o objetivo desta tese foi o de avaliar as perspectivas para o uso

sustentado de populações de sempre-vivas, frente às práticas correntes de

manejo extrativista. O extrativismo é importante para o sustento de grande

número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. Porém, a exploração intensa é

considerada um dos principais fatores relacionados ao declínio populacional

de várias das espécies exploradas. O manejo extrativista, centrado na coleta

de inflorescências e queima dos campos, busca maximizar o retorno

econômico a partir da manipulação do esforço reprodutivo das plantas-alvo.

Caso o incremento do esforço reprodutivo resulte em demandas energéticas

conflitantes com aquelas relacionadas a outras funções essenciais da história

de vida da planta, tais como crescimento e sobrevivência, é possível que estas

práticas exerçam forte influência sobre o valor adaptativo (fitness) de suas

populações naturais, com implicações para sua conservação e para a

sustentabilidade do extrativismo. As práticas tradicionais de manejo foram

replicadas, em escala experimental, monitorando-se os efeitos resultantes

sobre plantas marcadas. Foram ainda realizados estudos de fenologia, de

relações escalares entre tamanho, biomassa, crescimento e de recrutamento.

Os resultados mostraram que plantas manejadas, de fato, aumentaram

significativamente a produção de inflorescências, particularmente em

decorrência da queima. Por outro lado, os custos da reprodução foram

também significativos: houve aumento das probabilidades de morte (em

especial para plantas jovens) e redução do crescimento. Porém, a coleta de

inflorescências contribui para a minimização de tais custos e a queima

estimula o recrutamento via sementes. Os dados obtidos indicam que um

manejo intensivo e persistente pode de fato levar a perdas populacionais. Por

outro lado, sugerem que a queima dos campos pode ser importante para a

manutenção de suas populações. Finalmente, sugere-se a implementação de

ações visando a conservação e uso racional de sempre-vivas.

Page 3: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

3

ABSTRACT

Page 4: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

4

Taking S. elegantulus as a model, this research aimed to evaluate the

perspectives for the sustainable use of populations of star-flowers, through

current extrativist management practices. Star-flower extraction is an important

income source for a large number of families at the Alto Jequitinhonha region,

Minas Gerais State, southeastern Brazil. However, the intense exploitation is

considered to be one of the main factors leading to population declines of

several star-flower species. The extractive management, centered in the

collection of inflorescences and burning of the fields ultimately aims to

maximize harvest income through manipulation of the plants reproductive

effort. In case the augmented reproductive effort leads to tradeoffs with other

essential life history functions, such as growth and survival, it is possible that

these practices will affect the fitness of natural populations, with implications

regarding its conservation and management sustainability. The extractive

management practices were replicated experimentally and the resulting effects

were recorded through monitoring of tagged plants. Additional studies included

phenology, analysis of scalar relations between plant size, biomass and growth

and recruitment. The results showed that managed plants indeed significantly

increased inflorescence production, particularly in response to fire. On the other

hand, costs from reproduction were also significant: the plants showed

increased death probability (young plants in particular) and reduced growth.

However, inflorescence collection contributes to lessening somatic costs of

reproduction and fire stimulates seedling recruitment. The data suggest that an

intensive and persistent management may in fact lead to population decline.

On the other hand, they suggest that the burning of the fields may be important

for sustaining its populations. Actions regarding the conservation and rational

use of star-flowers are suggested.

Page 5: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

5

INTRODUÇÃO

Page 6: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Introdução

6

Extrativismo e sustentabilidade ambiental

O extrativismo alcança, mundialmente, grande importância nas

economias de mercado e como forma de subsistência, em segmentos que vão

da exploração madeireira à produção de alimentos, lenha, fibras, látex,

cosméticos, produtos medicinais e ornamentais. Estima-se que entre 4000 e

6000 espécies vegetais não-madeiráveis tenham importância comercial em

todo o mundo, e que centenas de milhões de pessoas obtenham atualmente

uma porção significativa de suas necessidades de subsistência e renda, bem

como de manutenção de aspectos culturais, a partir da coleta de produtos

vegetais e animais (Iqbal, 1993; Neumann & Hirsch, 2000; SCBD, 2001; Tictin,

2004). Este é, certamente, o caso de populações indígenas e tradicionais e,

em boa medida, da população rural brasileira, em várias regiões de seus

diferentes biomas (Posey, 1986; Almeida et al., 1998; Drumond et al., 2000;

Diegues & Arruda, 2001; Ribeiro, 2002; Hall, 2004), muito embora as

estatísticas oficiais abordem majoritariamente os itens de maior peso na

balança comercial, tais como piaçava, babaçu, erva-mate, açaí, carnaúba,

castanha-do-pará, borracha, entre outros (Wunder, 1999).

Particularmente nas últimas duas décadas, os atributos sociais e

econômicos do extrativismo têm sido continuamente debatidos, elaborados e

apresentados como argumentos adicionais para a conservação de

ecossistemas naturais. Uma extensa literatura relacionada à exploração de

produtos do extrativismo foi produzida – em especial sobre recursos florestais

não madeireiros1 – buscando-se explorar o potencial social e econômico e os

benefícios para a conservação da biodiversidade através do seu uso comercial

(Neuman & Hirsch, 2000). No Brasil, a temática do extrativismo florestal não

madeireiro ganhou destaque mundial a partir dos anos 1970 e, em particular,

nos anos 1980, com a luta dos seringueiros amazônicos para a conservação

1 Segundo Wickens (1991) produtos florestais não madeireiros são todo material biológico (além de toras e seus produtos derivados) que podem ser extraídos de ecossistemas naturais, plantações manejadas etc., e utilizados para fins domésticos, comerciais ou ter significado social, cultural ou religioso. Incluem, portanto, plantas utilizadas como alimento, forragem, combustível, remédios, fibras, produtos bioquímicos etc., assim como animais, para obtenção de alimento, peles, penas etc.

Page 7: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Introdução

7

das florestas, contrapondo-se aos interesses de pecuaristas e madeireiros e

levando ao surgimento de um arcabouço legal e institucional para a promoção

dos direitos fundiários de populações extrativistas (Wunder, 1999). O

extrativismo de produtos florestais não madeireiros tornou-se parte da agenda

promovida por organizações como a FAO, das Nações Unidas (http://www.fao.

org/forestry/FOP/FOPW/NWFP/nwfp-e.stm), Banco Mundial (http://www.

worldbank.org), CIFOR (Center for International Forestry Research,

http://www.cifor. cgiar.org), IDRC (International Development Research Centre,

http://www.idrc.ca), IUCN (International Union for the Conservation of Nature,

http://www.iucn.org), entre outras.

A promoção do sustento de populações humanas por meio da

exploração de produtos florestais não madeireiros, como alternativa para o

desflorestamento e conversão para uso agrícola ou pastoril, ganhou ampla

aceitação como paradigma para a conservação (Peters et al., 1989; Nepstad &

Schwartzman, 1992). Esta abordagem fundamenta-se na noção de que a

melhor forma de assegurar a conservação da biodiversidade é torná-la

economicamente relevante para as comunidades locais. Um dos pressupostos

dessa tese é o de que, no longo prazo, o valor econômico das florestas (ou

outros ecossitemas – conforme definição de Wickens2, 1991) é maior quando

estas são conservadas. Em segundo lugar, as comunidades extrativistas

tenderão a adotar um manejo sustentável caso obtenham benefícios

econômicos diretos da exploração de seus produtos. Se a pobreza pode ser

diminuída através da exploração destes recursos, então as pressões para o

desflorestamento (ou degradação dos ecossistemas) serão reduzidas

(Neuman & Hirsch, 2000).

Dessa forma, a sustentabilidade do extrativismo é essencial, tanto para

a conservação dos recursos em voga, quanto para o sustento de um grande

número de pessoas. Naturalmente, o potencial do extrativismo como

ferramenta para integração entre conservação e desenvolvimento é uma

resultante da interação de fatores diversos, de ordem econômica, política,

2 Nota de rodapé à página 6.

Page 8: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Introdução

8

social e ambiental, dificultando generalizações e abordagens abrangentes

sobre o tema. Por exemplo, Tictin (2004) considera que as opções de manejo

adotadas no extrativismo são fortemente dependentes das características

fundiárias, das condições de governança, status sócio-econômico, pressões

populacionais, educação, políticas governamentais e fatores culturais.

Do ponto de vista da conservação, muitos autores, como por exemplo

Myers (1988), sugerem que o extrativismo de produtos florestais não

madeireiros seja pouco ou não impactante, provocando menos danos do que a

extração madeireira ou conversão de terras para usos agropecuários. Por

outro lado, a expansão do comércio e da demanda de produtos do

extrativismo, resultando na extração de volumes crescentes das populações

silvestres, tem gerado preocupações com referência à sobrecoleta (Tictin,

2004). Porém, um dos principais problemas a serem enfrentados na avaliação

dos efeitos da exploração de produtos florestais não madeireiros refere-se à

falta de conhecimento a respeito dos usos, biologia e manejo da maioria dos

produtos, mesmo daqueles com elevado valor comercial (veja revisão de

Neumann & Hirsch, 2000).

O extrativismo pode também ser considerado sustentável sob o ponto

de vista ecológico se a coleta não resultar em efeitos deletérios de longo prazo

na reprodução e regeneração das populações exploradas, tendo como

referência populações naturais não exploradas (Hall & Bawa, 1993). Além

disso, um uso sustentável não deveria produzir efeitos adversos discerníveis

sobre outras espécies da comunidade, ou sobre a estrutura e função do

ecossistema.

A partir da análise de 70 estudos de caso, Tictin (2004) afirma que o

extrativismo vegetal pode afetar a fisiologia e taxas vitais de indivíduos, mudar

padrões demográficos e genéticos e alterar processos ecológicos no âmbito de

comunidades e ecossistemas. A tolerância da espécie ao extrativismo

dependeria de características da história de vida e partes da planta

exploradas, influenciada ainda por variações espaciais e temporais na

condição do ambiente e pelas práticas de manejo impostas. O autor alerta

Page 9: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Introdução

9

para o fato de que a sustentabilidade frente ao extrativismo em um nível (por

exemplo, populações) pode ou não coincidir com a sustentabilidade em outro

nível (comunidades, ecossistemas). Muitos dos estudos populacionais por ele

revisados na verdade concluíram que os níveis de extração praticados eram,

aparentemente, insustentáveis no longo prazo.

Sempre-vivas na região de Diamantina, MG: fonte de renda,

exploração e declínio

As sempre-vivas são assim denominadas devido ao fato de que seus

escapos e inflorescências, após serem coletados e desidratados, mantém a

forma e coloração inalteradas, como se tais estruturas estivessem vivas

(Giulietti et al., 1996). Sob esta denominação enquadram-se espécies de

monocotiledôneas das famílias Eriocaulaceae, Poaceae, Xyridaceae,

Cyperaceae e Rapateaceae, com ampla distribuição no Brasil e expressivo

número de espécies. Partes de várias espécies são utilizadas na confecção de

arranjos florais, apreciados por sua delicada beleza e durabilidade. Entre

estas, as mais valorizadas pelo comércio são obtidas, principalmente, nos

campos rupestres de Minas Gerais, Bahia e Goiás (Giulietti et al., 1996).

Nestes locais, o extrativismo constitui importante atividade econômica e parte

do sustento de um grande número de famílias que se dedicam à coleta de

sempre-vivas (fotos 1 e 2, pg. 29).

As sempre-vivas mais valorizadas pela beleza dos capítulos e

resistência dos escapos pertencem à família Eriocaulaceae, cujo centro de

diversidade situa-se na cadeia do Espinhaço, entre os estados de Minas

Gerais e Bahia (Giulietti & Hensold, 1990; Scatena et al., 2004). Entre as

Eriocaulaceae, grande parte das espécies comercializadas como “sempre-

vivas” pertencem ao gênero Syngonanthus sect. Eulepis (Scatena et al., 2004),

conforme ressaltado por Giulietti et al. (1988) por suas “inflorescências

vistosas, com brácteas bem desenvolvidas e de cores alvas a douradas,

Page 10: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Introdução

10

algumas vezes com brilho nacarado, o que confere às mesmas um destaque

em relação a todas as outras espécies”.

Os primeiros registros da comercialização de sempre-vivas na região de

Diamantina remontam ao início da década de 1930, conforme levantamento

histórico realizado pelo Instituto Terra Brasilis (1999), havendo registros da

remessa de cargas para o Rio de Janeiro e São Paulo em 1931. Em 1935, há

registro da comercialização de S. elegans em Viena, Áustria (Alexander, 1935

apud Parra, 2000). O negócio extrativista provocou rápida expansão do

comércio de sempre-vivas e, já ao fim da década de 1930, há relatos do

surgimento de vários concorrentes no mercado regional, de compradores

intermediários e exportadores. Em meados da década de 1940, durante a II

Guerra mundial, houve expressivo crescimento das exportações de sempre-

vivas para vários países, entre eles Japão e EUA, provocando comentários de

que as flores seriam utilizadas secretamente para a produção de explosivos.

A forte expansão do comércio de sempre-vivas continua nas décadas

seguintes, atingindo seu ápice após meados da década de 70, quando grande

parte do volume exportado como “flores secas” referia-se a material da flora

nativa, originária das serras mineiras (municípios de Diamantina, Joaquim

Felício, Buenópolis, Datas, Serro, Gouvêa e outros), com destaque para as

Eriocaulaceae e Xyridaceae (Saturnino et al., 1977). Nesta época, as autoras

alertaram para o uso indiscriminado de sempre-vivas, sustentando a hipótese

de que um declínio da produção, indicado pelos dados de comércio exterior

(dados da CACEX – Banco do Brasil S.A., entre 1971 e 1976) e pela realidade

presenciada ao longo de vários anos de pesquisas em campo, seria

conseqüência da “ação predatória sobre estas espécies”. As autoras relatam

ainda em seu trabalho o encolhimento da área de distribuição de várias

espécies visadas pelo comércio e mencionam que “os pequenos e médios

vendedores queixam-se de que já não conseguem material bom e farto, como

nos anos anteriores”.

Já no início dos anos 80, uma nítida fase de declínio do volume

comercializado foi documentada por Giulietti et al. (1988). Os autores

Page 11: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Introdução

11

pesquisaram volumes de produtos exportados entre os anos de 1974 e 1986,

dando ênfase a 33 espécies de sempre-vivas [famílias Eriocaulaceae,

Poaceae (Graminae), Xyridaceae e Cyperaceae] encontradas na região de

Diamantina. O padrão geral encontrado foi o de redução no volume de

exportações, drástica redução de populações de algumas espécies endêmicas

e diminuição da área de ocorrência de várias espécies. Por exemplo,

Syngonanthus elegans, destacadamente uma das mais visadas pelo comércio

(40 toneladas de inflorescências exportadas somente em 1984) e cuja

distribuição se estendia originalmente de Diamantina à Serra do Cipó, já não

era encontrada pelos autores nessa última localidade. Infelizmente, não

existem dados compilados com referência à comercialização de sempre-vivas

no mercado interno, embora seja razoável supor que este tenha também porte

expressivo (Instituto Terra Brasilis, 1999).

As fases de grande incremento e posterior declínio dos volumes

exportados são ilustradas na série histórica de 25 anos (1970 a 1997)

compilada por Terra Brasilis (1999) (figura 1), a partir de fontes diversas

(dados originais da Secretaria de Comércio Exterior - SECEX/MIC, referentes

a “flores/botões secos, cortados para ornamentação”). Seguindo-se ao ápice

da exportação em 1978, quando o montante comercializado atingiu cerca de

886 toneladas, uma aparente tendência à oscilação dos volumes

comercializados em patamares bastante inferiores configura-se após a fase de

declínio, a partir de 1982 (média de 263,57 ± 56,03 toneladas/ano).

A concorrência provocada pela entrada de produtos estrangeiros

similares no mercado internacional é um dos fatores apontados como possível

causa da diminuição do montante comercializado (Giulietti, 1988; Instituto

Terra Brasilis, 1999). No entanto, apesar da queda na quantidade exportada

ente 1973 e 1997 (figura 1), a receita obtida por tonelada configura um padrão

ascendente, demonstrando a valorização do produto ao longo desses 25 anos

(figura 2). Isso indica que a diminuição da demanda não é a melhor explicação

para o decréscimo do montante exportado e sim a diminuição da oferta.

Page 12: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Introdução

12

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

1000

1970

1974

1975

1976

1977

1978

1979

1980

1981

1982

1983

1984

1985

1986

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

Ton

elad

as

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

Rec

eita

(m

il U

S$)

QuantidadeReceita

Figura 1 - Evolução do volume de exportações para flores secas e botões e receita

equivalente. Fonte: Instituto Terra Brasilis (1999).

1

1.5

2

2.5

3

3.5

4

4.5

5

5.5

6

1968 1973 1978 1983 1988 1993 1998

Raz

ão R

ecei

ta/P

eso

Figura 2 - Valores anuais para a relação: Receita (US$) / Peso (Kg) de flores secas e

botões exportados no período 1970 – 1997.

Page 13: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Introdução

13

O declínio do volume de sempre-vivas comercializado no exterior foi

acompanhado de relatos sobre o declínio de populações de várias espécies de

sempre-vivas, por parte de pesquisadores e coletores (Saturnino et al., 1977;

Giulietti et al., 1988; Instituto Terra Brasilis, 1999). Entre os fatores apontados

como causas deste declínio constam o sobresforço de coleta de

inflorescências, prejudicando o recrutamento via sementes (de acordo com

Giulietti et al., 1996, a coleta de inflorescências ocorre sempre antes da

completa maturação dos frutos); danos resultantes de atividades

agropecuárias; e o uso indiscriminado do fogo nos campos.

Em 1997, várias espécies de sempre-vivas foram adicionadas à Lista

Oficial de Espécies Ameaçadas do Estado de Minas Gerais (Minas Gerais,

1997). Entre estas constam 14 espécies do gênero Syngonanthus na categoria

“Criticamente Ameaçada”, em função da coleta predatória, em vários casos

agravada pela restrita área de distribuição da espécie. Na última revisão da

lista brasileira de espécies ameaçadas (IBAMA 2005,

http://www.biodiversitas.org.br/floraBr/) constam nove espécies do gênero

Syngonanthus, quatro destas enquadradas na categoria “Criticamente em

Perigo” (S. brasiliana, S. magnificus, S. mucugensis e S. suberosus), duas na

categoria “Em Perigo” (S. elegans e S. vernonioides), duas na categoria

“Vulnerável” (S. harleyii e S. bahiensis) e uma na categoria “Dados

Deficientes” (S. circinnatus).

Características do manejo extrativista de sempre-vivas na região de

Diamantina, MG

O manejo extrativista envolve todo um rol de práticas executadas em

diferentes escalas, sendo a primeira referente aos métodos específicos de

coleta das partes das plantas almejadas, seguida pelas práticas adicionais de

manejo, executadas com o propósito de aumentar a produção (incluindo

podas, retirada de ervas daninhas, proteção, fertilização e plantio de sementes

ou propágulos vegetativos) e, por fim, os usos da terra que caracterizam o

Page 14: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Introdução

14

contexto onde crescem as plantas-alvo (corte de madeiras, criação de gado,

agricultura. Tictin, 2004). Este autor ressalta ainda a importância de se

trabalhar com as comunidades de coletores na elaboração e avaliação de

práticas específicas de manejo, visando mitigar os efeitos negativos do

extrativismo, de forma a garantir a persistência das populações de plantas. Os

coletores são, naturalmente, uma fonte essencial de conhecimentos sobre os

limites do extrativismo, sendo as ações de manejo balizadas pela da

incorporação de conhecimentos empíricos, adquiridos na lida com o objeto.

O estudo realizado pelo Instituto Terra Brasilis (1999) traz valiosas

informações sobre as características do manejo extrativista de sempre-vivas

na região de Diamantina, MG, e das percepções dos coletores com relação

aos seus efeitos. Em entrevistas a 53 coletores de comunidades cuja

economia é fortemente ligada ao extrativismo (comunidades dos distritos de

Batatal, Galheiros, Inhaí e São João da Chapada, município de Diamantina),

constatou-se que 51% tinham na atividade a principal fonte de renda e que a

maioria possuía larga experiência em lidar com as sempre-vivas (73%

coletavam há pelo menos 20 anos) e grande conhecimento das áreas de

coleta (94% declararam que, em geral, as mesmas pessoas coletam nos

mesmos locais, a cada floração).

Entre os coletores, havia consenso geral sobre a diminuição das

populações das espécies explotadas, a percepção de que cada vez são

necessários maiores deslocamentos para conseguir quantidades suficientes

do produto e relatos sobre tempos (muitas vezes, não muito remotos) em que

a produção era mais abundante. Surpreendentemente, porém, quando

perguntados sobre a possibilidade de extinção das sempre-vivas, 42%

manifestaram opinião contrária. Muitos manifestaram estranheza com esta

possibilidade, dada a persistência das florações ao longo de décadas de sua

vivência como coletores. Aliada a esta noção, havia uma percepção

generalizada de que as plantas são longevas: 66% dos entrevistados

afirmaram que as sempre-vivas (no caso, as plantas matrizes) não morrem, ao

passo que 6% afirmaram que estas vivem mais de cinco anos (28% afirmaram

desconhecer quanto tempo vivem).

Page 15: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Introdução

15

A quase totalidade dos entrevistados (93%) associou a queima dos

campos à maior produção de flores e 87% afirmaram que o fogo é

rotineiramente utilizado nos campos em que colhem. Vários coletores

mencionaram que a época certa para se usar o fogo para esta finalidade é

logo após as primeiras chuvas, ao final de setembro ou em outubro. Existe

também o momento certo para a coleta, que é quando os escapos das

inflorescências são facilmente retirados das bainhas. Coletas tardias provocam

danos às plantas, levando ao arranque de rosetas ou touceiras inteiras. Para

as espécies mais visadas pelo comércio na região de Diamantina, como S.

elegans e S. venustus, esta época se dá entre os meses de março e abril. As

inflorescências recém-abertas, colhidas nessa época, alcançam melhores

preços devido à maior brancura dos capítulos. Coletores experientes

mencionaram que quando as inflorescências são deixadas nas plantas, sem

colher, prejudica-se a floração seguinte.

O conhecimento dos coletores é, sem dúvida, importante para

direcionar pesquisas referentes aos efeitos das práticas extrativistas sobre as

populações de espécies de sempre-vivas. Em primeiro lugar há indicação de

que as coletas incidem sobre as mesmas populações de plantas, com grande

freqüência e eficiência, dada a motivação que o valor econômico do recurso

provoca, a experiência dos coletores envolvidos e sua familiaridade com as

áreas de coleta. Em segundo lugar, o uso do fogo consta claramente como

uma ferramenta de manejo, visando o incremento na produção de

inflorescências e é, aparentemente, utilizado com freqüência. Estes fatores

podem ter importância destacada sobre as dinâmicas populacionais das

espécies explotadas, por exemplo, na medida do impacto da coleta sobre o

recrutamento via sementes (Giulietti et al., 1996) e/ou do impacto da queima

sobre as probabilidades de sobrevivência de indivíduos em diferentes idades

ou fases do desenvolvimento.

Um comportamento demográfico complexo pode, portanto, emergir

dos efeitos combinados da queima dos campos e da coleta eficiente de

inflorescências. Aqui merece destaque a percepção (a partir dos dados de

entrevistas, mencionados acima) de que as sempre-vivas são, possivelmente,

Page 16: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Introdução

16

plantas longevas. Sendo este o caso, é provável que efeitos demográficos

importantes, decorrentes do manejo extrativista, manifestem-se no longo

prazo. Visto que, naturalmente, o manejo extrativista é balizado por meio da

percepção das relações causais entre as interferências provocadas (e.g. coleta

e uso do fogo) e a produção resultante (e.g., volume de inflorescências),

efeitos demográficos complexos e de longo prazo (e.g., declínio populacional)

podem constituir um complicador adicional na busca de práticas extrativistas

sustentáveis.

Extrativismo de sempre-vivas: manipulando funções da história de

vida

No cerne das discussões referentes às perspectivas de uso sustentável

das sempre-vivas frente ao manejo extrativista estão, portanto, questões

pertinentes aos efeitos dessas práticas sobre a história de vida das plantas, ou

seja, se, e em que medida, tais práticas afetam as probabilidades de

sobrevivência e as taxas de reprodução em cada idade/fase da vida do

organismo (Partridge & Harvey, 1988).

O pressuposto central às teorias relacionadas à história de vida diz

respeito à existência de demandas conflitantes entre suas funções

características, como crescimento, sobrevivência e reprodução, tornando

biologicamente impossível a um organismo maximizar seus ganhos em todas

estas funções. Especificamente com relação a plantas, Obeso (2002) sugere

que as três funções mais importantes para o valor adaptativo (fitness3) do

indivíduo seriam: a manutenção somática e a luta pela sobrevivência em meio

aos competidores, onde o tamanho vegetativo pode, em grande medida,

determinar o sucesso; o evitamento de predadores, que pode ser alcançado

3 O termo fitness é aqui utilizado conforme Begon et al. (1986), referente à contribuição proporcional (em número de descendentes) que um indivíduo traz às futuras gerações, relativo ao número de descendentes deixados por outros indivíduos da população. Os indivíduos de maior fitness têm, portanto, maior influência sobre o conjunto de características herdáveis daquela população.

Page 17: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Introdução

17

através do investimento em defesas; e o investimento em reprodução, que é

fortemente relacionado ao fitness e pode ser tomado como uma medida do

sucesso nas funções de manutenção somática e defesa. O sucesso em

qualquer uma destas funções, no entanto, requer o comprometimento de

recursos e energia, a serem extraídos de um suprimento limitado, resultando

em perdas potenciais no investimento em outra (Reznick, 1985; Stearns, 1989;

Ohara et al., 2001; Obeso, 2002).

O esforço reprodutivo é considerado uma variável particularmente

importante no contexto da história de vida (Bell, 1980). Visto que os custos da

reprodução conflitam com aqueles impostos por outras demandas essenciais,

a fertilidade de um organismo não pode ser maximizada pela seleção natural

simultaneamente em todas as suas idades/fases – há limites fisiológicos e

ecológicos para as combinações possíveis entre fertilidade e sobrevivência

que podem ser realizadas. Assim, diferentes estratégias de alocação do

esforço reprodutivo podem evoluir em resposta ao impacto demográfico

causado por fatores ambientais, dentro de limites impostos por fatores

genéticos e por sua história evolutiva (Partridge & Harvey, 1988).

No contexto do extrativismo de sempre-vivas, cabe perguntar que

impactos demográficos (por exemplo, crescimento vegetativo, taxas de

reprodução e mortalidade) - considerados por alguns autores como custos

indiretos da reprodução (Newell, 1991; Nicotra, 1999), são esperados em

decorrência das práticas de manejo executadas, visto que estas buscam, em

última instância, maximizar o retorno econômico a partir do estímulo ao

incremento do esforço reprodutivo (custos diretos da reprodução).

Uma conclusão geral obtida a partir de modelos de história de vida

baseados no custo da reprodução é a de que os organismos tendem a

maximizar o valor reprodutivo a cada idade/estágio, a partir da alocação

apropriada de recursos às funções de crescimento, manutenção e reprodução

(Partridge & Harvey, 1988). Por valor reprodutivo entende-se o empenho

reprodutivo esperado ao longo de toda a vida, ou a soma dos empenhos

reprodutivos alcançados em todas as idades ou estágios reprodutivos.

Page 18: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Introdução

18

Formalmente, este valor reflete a combinação das fecundidades e taxas de

sobrevivência específicas de cada idade/estágio da vida do organismo,

ponderadas pela sua contribuição proporcional em relação ao futuro da

população (Begon, 1986)4. Em teoria, espera-se uma correlação negativa

entre a intensidade do esforço reprodutivo atual e o valor reprodutivo residual

(VRR) - a ser alcançado ao longo do período restante da vida do indivíduo

(Williams, 1966).

Embora haja exceções, estudos de caso que abordam demandas

conflitantes entre reprodução e outras características da história de vida

geralmente confirmam as previsões baseadas na hipótese da existência de

custos reprodutivos (Obeso, 2002). Altos índices de fecundidade resultam em

consumo elevado de energia por parte dos óvulos fertilizados, podendo deste

modo reduzir a disponibilidade de recursos que seriam utilizados para a

floração em anos subseqüentes (Janzen et al., 1980; Lloyd, 1992). Harper

(1977) observou que plantas policárpicas perenes frequentemente mostram

correlação inversa entre crescimento vegetativo e a produção de frutos e

sementes. Ohara et al. (2001) mencionaram que, em vários estudos utilizando

técnicas de manipulação do esforço reprodutivo, observou-se que as plantas

sofreram diminuição do tamanho durante ou no ano seguinte ao da formação

massiva de frutos, apresentaram fecundidade reduzida na estação reprodutiva

seguinte, ou regrediram para uma condição masculina ou não reprodutiva.

Revendo estudos sobre tabelas de vida de 65 espécies de plantas iteróparas

4Segundo Begon (1986), o valor reprodutivo de um indivíduo em idade ou estágio x (VRx) é dado por:

∑∞=

=→=

t

xt tT

xTtxtx N

NSmVR

)(

)(..

Onde; mt é a taxa de natalidade para indivíduos de idade/estágio t; Sx→t é a probabilidade de sobrevivência da idade/estágio x à idade/estágio t; NT(t) é o tamanho da população quando o indivíduo está em idade/estágio t. Caso o tamanho populacional se mantenha constante, NT(x) = NT(t) e NT(x)/NT(t) pode ser ignorado. Porém, quando a população está em crescimento, NT(x)/NT(t) <1, de forma que a reprodução em fases futuras (ou residual) traz pouca contribuição proporcional a VRx. Contrariamente, se a população está em declínio, NT(x)/NT(t) <1, e a reprodução futura (residual) pode ter maior valor que a atual, devido à sua maior contribuição proporcional.

Page 19: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Introdução

19

perenes, Silvertown et al. (2001) detectaram correlação positiva entre a idade

à primeira reprodução e a duração média da vida reprodutiva.

Por sua vez, perdas na velocidade do crescimento, em função de custos

somáticos da reprodução, podem gerar reflexos em diferentes componentes

do fitness associados ao tamanho do indivíduo como, por exemplo,

probabilidade futura de reprodução (envolvendo limite de tamanho corporal

mínimo para reprodução) e fecundidade (alocação reprodutiva dependente do

tamanho) (Mendes & Karlsson, 2004).

A detecção e o dimensionamento dos custos da reprodução, no entanto,

não são tarefas triviais. Dificuldades surgem em geral diante de questões tais

como a efetiva identificação de fatores limitantes; ausência de limitação na

disponibilidade de recursos ou mesmo a intensificação da captação de

recursos durante a fase reprodutiva; a possibilidade de utilização de reservas

energéticas no tamponamento de demandas elevadas de recursos por curtos

períodos; estruturas reprodutivas capazes de contribuírem na produção de

fotossintatos; aumento da atividade fotossintética para compensar o carbono

alocado às estruturas reprodutivas (Ågren & Wilson, 1994; Sandvik, 2001;

Obeso, 2002). Obeso (2002) ressaltou que diferentes conclusões sobre os

custos da reprodução podem ser obtidas na dependência da “moeda corrente”

(currency) utilizada como parâmetro (biomassa, carbono, nutrientes como N e

P, crescimento etc.). Assim, uma das formas mais eficientes de se evidenciar

os efeitos da alocação reprodutiva sobre outras funções da história de vida é

por meio da manipulação experimental do esforço reprodutivo.

Estes estudos, a rigor, envolvem a manipulação das taxas reprodutivas

de indivíduos por meio de experimentos controlados, sendo os custos da

reprodução normalmente revelados em termos de sobrevivência, fertilidade e

crescimento subseqüentes (embora sua ocorrência e magnitude possam

depender de características do ambiente em que esta medida é feita)

(Partridge & Harvey, 1988). Frequentemente, tais estudos envolvem a indução

da polinização, provocando aumentos na demanda de recursos para a

formação de estruturas reprodutivas, frutos e sementes; a supressão da

Page 20: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Introdução

20

reprodução em indivíduos reprodutivamente ativos, pela remoção de botões,

flores ou frutos ainda pequenos; e/ou manipulação experimental do ambiente,

pela remoção de herbívoros, provocando alterações na disponibilidade de

nutrientes, grau de sombreamento e uso do fogo, entre outros (Reznick, 1985;

Obeso, 2002). Não é de todo estranho, portanto, que as práticas de manejo,

empiricamente estabelecidas, visando o incremento da produção de

inflorescências de sempre-vivas, envolvam pontos comuns a alguns dos

procedimentos de manipulação experimental empregados na investigação dos

custos da reprodução.

O estímulo à floração pós-queima, adotado pelos coletores de sempre-

vivas como prática de manejo, é fenômeno amplamente reconhecido, comum

a muitas espécies adaptadas a ambientes propensos a queimadas, onde o

fogo é parte da dinâmica natural, incluindo ambientes savanícolas tropicais

(Coutinho, 1977; Hartnett & Richardson, 1989; Whelan, 1995; Figueira, 1998,

Bond & Keeley, 2005). Os mecanismos pelos quais o fogo produz tal efeito,

porém, não são ainda bem conhecidos (Abrahamson, 1999).

Os efeitos do fogo sobre a vegetação campestre podem variar

fortemente, dependendo da sua composição em espécies e tipos funcionais5,

época da queimada, freqüência e intensidade das queimadas, interação com

outras perturbações, fatores climáticos e meteorológicos, o que limita a

formulação de generalizações mais amplas (Uys et al., 2004). A queima pode

influenciar a dinâmica de populações de plantas de forma pouco previsível,

dada a complexidade dos seus efeitos (Hoffmann, 1999). O fogo pode,

simultaneamente, afetar a reprodução sexuada e vegetativa, o

estabelecimento de plântulas, o tamanho dos indivíduos, seu crescimento e

mortalidade (Frost & Robertson 1987; Whelan, 1995; Franco et al. 1996;

Hoffmann, 1999; Bond & Keeley, 2005; Medeiros & Miranda, 2005). Além do

esperado aumento na mortalidade de plântulas em função da queima (Bond &

Keeley, 2005), é provável que eventuais danos físicos e estresse fisiológico 5 O termo “tipos funcionais” é aqui utilizado segundo a definição de Gitay & Noble (1997), referindo-se a componentes bióticos de um ecossistema que desempenham as mesmas funções ou conjunto de funções.

Page 21: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Introdução

21

resultantes ampliem os custos somáticos (Biere 1995; Sandvik 2001) e

demográficos da reprodução nas sempre-vivas.

Os efeitos decorrentes da coleta de inflorescências podem ser

igualmente complexos. A habitual coleta de inflorescências, em fase anterior à

formação de sementes, pode representar uma redução dos custos somáticos e

demográficos da reprodução (artificialmente inflados em função do estímulo

provocado pela queima) em indivíduos reprodutivamente ativos. Neste caso os

custos decorreriam da manutenção de flores funcionalmente reprodutivas,

envolvendo o empenho de recursos para a produção de pólen, néctar,

manutenção e respiração das estruturas florais (Obeso, 2002) e,

posteriormente, na formação de frutos e sementes. Ou seja, custos da

reprodução poupados em um ano deveriam resultar em aumento da energia

disponível para o crescimento e/ou reprodução no ano seguinte (Sandvik,

2001). Por outro lado, a eficiente coleta de inflorescências pode levar a uma

depleção do pool de sementes na população (Giulietti, 1996), reduzindo

expressivamente o recrutamento no período pós-queima, comumente

observado em ambientes propensos à queima (Bond & Keeley, 2005).

Outro fator de importância a ser considerado refere-se à condição de

várias espécies de sempre-vivas como plantas clonais perenes, para as quais

o manejo visando o estímulo à floração pode interferir no balanço de opções

quanto à alocação de meristemas entre a reprodução vegetativa (expansão

clonal) e a reprodução sexuada (Bishop & Davy, 1985; Hartnett, 1990). O

crescimento clonal permite que um mesmo genótipo se replique e se expanda

no ambiente local, enquanto a reprodução sexuada é fundamental para a

manutenção da diversidade genética e dispersão a longas distâncias, via

semente. Ambas as funções provavelmente contribuem de forma significativa

para o fitness da planta e, portanto, estariam sujeitas a pressões seletivas

quanto à variação do investimento relativo entre crescimento clonal versus

reprodução sexuada (Huber & During, 2001). Caso as duas modalidades

reprodutivas compitam por recursos, os investimentos não podem ser

simultaneamente maximizados para ambas e, por isso, podem surgir

demandas conflitantes (Stearns, 1992).

Page 22: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Introdução

22

Em plantas superiores, o processo de decisão quanto à alocação de

meristemas para o crescimento e reprodução envolve três possibilidades

(Geber, 1990): sua utilização na formação de uma inflorescência, dessa forma

encerrando a sua atividade; a sua diferenciação vegetativa, produzindo um

novo ramo lateral; e, por fim, a quiescência. Portanto, o empenho de

meristemas na reprodução sexuada reduz a disponibilidade de meristemas

para o crescimento clonal. Já aqueles dedicados ao crescimento clonal

podem, em fases posteriores, ampliar as possibilidades de decisão, seja para

investimentos em reprodução sexuada, vegetativa ou quiescência.

Segundo Prati & Schmidt (2000), além da decisão quanto às formas de

diferenciação, mencionadas acima, uma segunda etapa decisória do processo

de alocação envolve o controle fisiológico do fluxo de recursos, determinando,

por exemplo, o tamanho dessas estruturas (e seu custo proporcional). Um

comprometimento significativo dos meristemas para produção de

inflorescências nas fases reprodutivas iniciais implica na inativação de parte do

pool de meristemas a ser, eventualmente, investido na reprodução vegetativa

futura (no caso de plantas clonais, no aumento do número de módulos ou

ramets) (Geber, 1990; Huber & During, 2001). Dessa forma é possível que a

manipulação do esforço reprodutivo resulte em perdas no valor reprodutivo

residual das sempre-vivas, tanto em decorrência do custo energético da

reprodução quanto pelos reflexos em parâmetros componentes do fitness

associados ao tamanho do indivíduo (Mendes & Karlsson, 2004).

Nesse caso, é de grande relevância o status populacional da espécie-

alvo nas áreas sob manejo. Por meio de um modelo algébrico simples, Begon

(1986) pondera que a importância do VRR varia de acordo com as mudanças

populacionais6. Para populações em expansão, espera-se que o empenho

reprodutivo atual (VR) tenha valor relativo maior do que o VRR. No caso

inverso, em populações declinantes, o VRR pode ter maior peso do que o VR,

dada a sua maior contribuição proporcional. Isto sugere que, para populações

em expansão, poderia ser vantajoso incrementar o empenho reprodutivo nas

6 Nota de rodapé à página 18.

Page 23: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Introdução

23

fases iniciais da atividade reprodutiva, ao passo que populações ameaçadas

de extinção se beneficiariam retardando a reprodução (Obeso, 2002).

O mesmo raciocínio pode ser aplicado à condição do hábitat (por

exemplo, o contexto sucessional), já que estas respostas podem representar

decisões estratégicas de alocação preferencial de recursos, seja na dispersão

e colonização de hábitats não ocupados (aumento da produção de sementes)

ou na persistência local (aumento do tamanho corporal e da capacidade

competitiva) (Jongejans et al., 2006).

Visto, enfim, que as práticas de manejo extrativista de sempre-vivas

envolvem a manipulação da alocação de recursos para reprodução, é

esperado que tais práticas tenham forte influência sobre o fitness de suas

populações naturais (Hartnett, 1990), com implicações para a sua

conservação. Sob a ótica do manejo extrativista, a sempre-viva ideal seria não

menos do que o “Demônio Darwiniano” (Law, 1979), um organismo capaz de,

simultaneamente, maximizar todos os aspectos de sua performance

reprodutiva, começando a reproduzir-se logo ao nascer e produzindo copiosa

prole ao longo de sua vida infinita. No mundo real, porém, um manejo

extrativista ideal deveria buscar obter das sempre-vivas a correta medida de

investimento na produção de inflorescências, poupando-as o quanto possível

dos custos somáticos e demográficos posteriores e buscando o melhor ajuste

de seu valor reprodutivo residual ao cenário do estatus populacional de cada

área específica. Não menos importante, o manejo não deveria implicar em

prejuízo à manutenção de seu potencial evolutivo.

Page 24: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Introdução

24

Estudos em sempre-vivas: proposta de uma abordagem experimental

Apesar da importância ambiental, social e econômica associada à

exploração das sempre-vivas, a falta de conhecimento sobre a ecologia

dessas plantas e dos efeitos do extrativismo sobre suas populações persiste

como um dos principais obstáculos a serem enfrentados na busca de diretrizes

para um manejo sustentado.

Hall & Bawa (1993) defenderam que somente comparações diretas

entre populações naturais e aquelas explotadas fornecem informações

suficientes para se avaliar a sustentabilidade do extrativismo. Ainda,

recomendam que amostragens comparativas devem ser realizadas em

populações sujeitas a diferentes intensidades do extrativismo, para que se

possa determinar o estatus das populações explotadas e possibilitar a

distinção dos efeitos populacionais resultantes imediatos e tardios.

Especificamente para plantas herbáceas perenes, estes autores recomendam

o enfoque em taxas de mortalidade de indivíduos adultos visados pela coleta e

em mudanças provocadas pela intensidade da coleta sobre a sua capacidade

reprodutiva. Da mesma forma, enfatizam a importância de se quantificar a

regeneração natural decorrente de reprodução vegetativa versus aquela

decorrente da produção de sementes. Tictin (2004) recomendou que, para se

manejar e conservar eficientemente populações visadas pelo extrativismo, ao

menos três questões devem ser investigadas, além de aspectos sociais,

econômicos e políticos: i) Quais são os impactos ecológicos do extrativismo?

ii) Quais são os mecanismos envolvidos nesses impactos? iii) Que práticas de

manejo poderiam mitigar os impactos negativos e/ou promover impactos

positivos?

Tendo S. elegantulus Ruhland como modelo, o principal objetivo deste

estudo é o de avaliar os efeitos populacionais do manejo extrativista

tradicional, particularmente a coleta de inflorescências e a queima dos

campos, replicados em escala experimental, visando a obtenção de subsídios

para a conservação e manejo sustentável de espécies de sempre-vivas.

Page 25: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Introdução

25

Syngonanthus elegantulus é uma planta de pequeno porte, perene,

monóica e policárpica, com folhas cilíndricas formando uma roseta basal. A

planta tem estrutura modular, com rizomas eretos a horizontais que podem

conter várias rosetas em suas ramificações. Para fins de padronização da

nomenclatura relacionada à estrutura da planta, neste trabalho adotou-se o

termo “touceira” em referência ao conjunto de rosetas pertinente a um mesmo

indivíduo. Alternativamente, os termos “ramet” ou “módulo” são empregados

para designar as rosetas como clones de uma mesma identidade genética,

aqui referida como “genet”.

Syngonanthus elegantulus era, até recentemente, considerada

subespécie de S. elegans (Bong.) Ruhland - uma das espécies mais visadas

pelo extrativismo na região de Diamantina e entre as mais valorizadas nos

mercados interno (nacional) e externo. S. elegantulus foi reestabelecida à

categoria de espécie, em uma revisão da seção Eulepis do gênero

Syngonanthus (Parra, 2000). A espécie ocorre ao longo da porção mineira da

cadeia do Espinhaço, desde a região de Diamantina e Chapada do Couto, ao

norte, até a sua porção sul, em Barão de Cocais, e também em outras serras

mineiras mais ao sul (serras de São Tomé das Letras, Lavras, São João del

Rei e Tiradentes) (Parra, 2000).

Syngonanthus elegantulus é, portanto, morfologicamente similar e

ocupa o mesmo tipo de hábitat de S. elegans, sendo comum a sua ocorrência

em proximidade a esta última, ao longo da Cadeia do Espinhaço (Parra, 2000).

Ambas são sujeitas ao extrativismo de inflorescências, que ocorre nos

mesmos moldes e padrão sazonal, muito embora as inflorescências de S.

elegantulus atinjam menor valor comercial que as de S. elegans, cujos

escapos são mais longos e os capítulos maiores. Dessa forma, considero-a

um modelo alternativo adequado para estudos referentes à ecologia e efeitos

do manejo extrativista para outras espécies do gênero com necessidades

ambientais semelhantes.

Fatos recentes, como a criação dos Parques Nacional das Sempre-

Vivas e Estaduais da Serra do Cabral e Serra Nova, em Minas Gerais e a

Page 26: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Introdução

26

decretação da reserva da biosfera da cadeia do Espinhaço, constituem

manifestações de respaldo à importância da conservação dos ecossistemas

campestres de altitude e da necessidade de se promover o uso sustentável de

seus recursos naturais. Ao mesmo tempo, sinalizam a urgente necessidade de

fundamentos técnicos e embasamento científico para seu manejo e

conservação efetivos. Nos últimos anos, vários estudos têm trazido

informações valiosas nesse sentido, enfocando aspectos básicos e aplicados

da biologia e ecologia de espécies de Eriocaulaceae, como os realizados por

Figueira (1998), sobre a ecologia populacional de Paepalanthus polyanthus e

Miranda (2002) utilizando esta mesma espécie como indicadora para a

ocorrência de queimadas em áreas campestres; Paixão-Santos et al. (2003) e

Silva et al. (2005a,b), abordando o cultivo in vitro de S. mucugensis; Ramos et

al. (2005) enfocando a biologia reprodutiva de S. mucugensis e S. curralensis

na Chapada Diamantina, BA; Schmidt (2005), abordando etnobotânica e

ecologia populacional de S. nitens na região do Parque Estadual do Jalapão,

TO; Oliveira (2003) e Oliveira & Garcia (2005), referentes à germinação e

formação de banco de sementes para S. elegans, S. elegantulus e S.

venustus; entre outros.

O presente estudo pretende contribuir para o manejo e conservação das

sempre-vivas, somando-se às contribuições dos estudos mencionados acima,

por meio da ampliação dos conhecimentos acerca da biologia e ecologia de S.

elegantulus, com ênfase na investigação dos efeitos populacionais decorrentes

do manejo extrativista.

Os capítulos 1 a 3 a seguir referem-se a abordagens descritivas e

exploratórias sobre a população estudada e aspectos biológicos da espécie: o

capítulo 1 apresenta uma caracterização da área de estudos e da população

de S. elegantulus. O capítulo 2 trata da fenologia da espécie, incluindo

observações sobre biologia floral. O Capítulo 3 explora as relações escalares

entre variáveis biométricas com respeito à forma, tamanho e crescimento de

ramets e genets. Os capítulos 4 a 6 tratam da exploração dos efeitos do

manejo extrativista sobre indivíduos e populações de S. elegantulus, a partir

do estudo experimental realizado ao longo de dois anos completos: O Capítulo

Page 27: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Introdução

27

4 trata dos efeitos resultantes do manejo sobre a produção de inflorescências

e crescimento de S. elegantulus. O capítulo 5 trata do estudo das

probabilidades de morte em plantas de diferentes fases do desenvolvimento,

submetidas aos diferentes tratamentos experimentais e, por fim, o capítulo 6

aborda os efeitos resultantes do manejo sobre o recrutamento de plântulas.

Page 28: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

28

FOTOGRAFIAS

Page 29: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Fotografias

29

Foto 1. Importância econômica das sempre-vivas. A) Galpão repleto de sempre-vivas de diferentes espécies em Diamantina, MG. B) Coletor de sempre-vivas da região de Diamantina. (Fotos de Cuia Guimarães).

Foto 2. Ranchos de coletores de sempre-vivas nos afloramentos rochosos (lapas) da serra do Espinhaço. (Fotos de Lúcio Bedê).

A

B

A

B

Page 30: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Fotografias

30

Foto 3. Região do Córrego da Lapa. Vista do platô com cobertura predominantemente herbácea ao sopé dos afloramentos rochosos, onde ocorre S. elegantulus. (Foto de Lúcio Bedê).

Foto 4. A) Campo florido com Syngonanthus elegantulus. B) Detalhe da roseta de S. elegantulus. (Fotos de Lúcio Bedê).

B

A

Page 31: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Fotografias

31

Foto 5. A) Detalhe da delimitação das parcelas de 2,5 m2 e espaços intercalados para a movimentação dos pesquisadores. B) Vista aérea dos Blocos 2 e 3, demarcados sobre a população de S. elegantulus. Pode-se observar a diferença na densidade da cobertura herbácea entre parcelas submetidas à queima x parcelas não queimadas. (Fotos de Lúcio Bedê).

Foto 6. Indivíduos de S. elegantulus marcados com plaquetas de alumínio (Foto de Lúcio Bedê).

B A

Page 32: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Fotografias

32

Foto 7. Queima das parcelas selecionadas sob supervisão dos funcionários do PERPreto. (Foto de Werner Piper).

Foto 8. Detalhe das grades utilizadas como apoio para as medidas de densidade populacional de S. elegantulus e da cobertura herbácea. As duas fotos mostram o contraste da cobertura herbácea nas parcelas controle (A) x parcelas submetidas à queima (B). (Fotos de Lúcio Bedê).

A B

Page 33: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Fotografias

33

Foto 9. A) Syngonanthus elegantulus às margens de vala erodida na região do córrego da Lapa. B) Indivíduos de S. elegantulus isolados em meio à cobertura herbácea densa. (Fotos de Lúcio Bedê).

A

B

Page 34: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

34

CAPÍTULO 1: Contextualização - Área de estudo e características gerais da população local

de Syngonanthus elegantulus

Page 35: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 1

35

INTRODUÇÃO

A área de estudo situa-se no Parque Estadual do Rio Preto - PERPreto, município de

São Gonçalo do Rio Preto (18º 00 S e 43º 23’W), Minas Gerais, cerca de 70 km a NE

de Diamantina e a 370 km de Belo Horizonte. A principal rota de acesso ao Parque

Estadual do Rio Preto é através das rodovias BR 040 (Belo Horizonte a Sete Lagoas),

BR 135 (Sete Lagoas a Curvelo), BR 259 (Curvelo a Gouvêa), BR 367 (Gouvêa a

Diamantina) e MG 217 (Diamantina a São Gonçalo do Rio Preto)

(http://www.dner.gov.br/rodovias/mapas/). O município de São Gonçalo do Rio Preto

pertence à região do Alto Jequitinhonha, microrregião de Diamantina, na porção

central do Espinhaço mineiro.

O PERPreto, criado através do decreto Nº 35.611 de 01 de junho de 1994, possui

10.755 hectares, tomando cerca de um terço do município de São Gonçalo do Rio

Preto e abrangendo as nascentes do rio Preto, importante afluente do alto rio Araçuaí,

que por sua vez é o principal afluente do rio Jequitinhonha. O PERPreto abriga

diferentes manifestações fitofisionômicas de Cerrado, assentadas sobre um relevo

bastante acidentado, com altitudes variando entre 850 e 1826 m. Nos vales largos e

profundos predomina o cerrado sobre formações de filito e xisto, enquanto nos cumes

mais altos ocorrem formações de quartzito e arenito sobre as quais cresce vegetação

de campos rupestres. Os solos da região são em geral rasos e arenosos, muito ácidos

e pobres em nutrientes (Giulietti & Pirani, 1997).

O PERPreto abriga importantes áreas sobre as quais incidia o extrativismo sobre

populações da sempre-viva Syngonanthus elegantulus, em localidades conhecidas

como Chapada dos Couto, Serra das Boleiras e córrego da Lapa. Esta última, situada

próxima à portaria do Parque e do principal acesso às suas dependências

(coordenadas UTM: S-180526,3; W-432029,9), portanto em condições ideais de

proteção contra interferências externas, foi escolhida para a realização do presente

estudo (fotos 3 e 4A, pg. 30). Segundo o depoimento do Diretor do Parque, Antônio

Augusto Tonhão de Almeida, na ocasião do início da pesquisa esta área encontrava-

se livre da influência de queimadas e do extrativismo há pelo menos quatro anos.

O clima da região é classificado como Cwb (Köppen, 1931), mesotérmico com verões

moderados e estação chuvosa durante o verão e média anual de temperatura entre

17,4 e 19,8 ºC; a média no mês mais quente fica abaixo de 22ºC. Conforme dados

Page 36: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 1

36

climáticos para séries históricas normais de 1961 a 1990, da estação meteorológica

de Diamatina (anexo 1), disponibilizados pela EMBRAPA e ESALQ/USP (Banco de

dados Climáticos do Brasil (http://www.bdclima.cnpm.embrapa.br/resultados/

index.php), a precipitação média anual é de 1405 mm. A estação chuvosa dura de

sete a oito meses (valor médio máximo de precipitação de 307 mm em janeiro) e o

período seco, que coincide com o inverno, de três a quatro meses (valores médios

mínimos de precipitação de 8 mm em junho e julho, respectivamente), ocorrendo

déficit hídrico entre maio e setembro. A temperatura média mínima equivale a 15,3 ºC

no mês de julho e a máxima a 20,0 ºC, em janeiro. Apesar do clima fortemente

sazonal, nuvens de orvalho e alguma chuva ocorrem na região durante a estação

seca, permitindo que parte dos solos permaneça úmida ao longo do ano (Giulietti &

Pirani, 1997).

MATERIAL E MÉTODOS

Caracterização do hábitat de Syngonanthus elegantul us

Clima

Dados climatológicos mensais para a estação meteorológica do município de

Diamantina foram extraídos dos boletins agrometeorológicos do INMET (ISSN 0102-

1273), de janeiro 1998 a dezembro de 2002. Foram compilados dados referentes aos

parâmetros: temperatura média do ar, máxima e mínima; precipitação total,

evapotranspiração potencial e real (mm); armazenamento de água no solo, déficit e

excesso hídricos (mm).

Solo

Para a caracterização do solo da área de estudos, em agosto de 2001 foram colhidas

três amostras de solo superficial com aproximadamente 1kg (até 10 cm de

profundidade), em cada parcela controle dos oito blocos demarcados para a

realização dos experimentos, totalizando 24 amostras. Análises de granulometria,

classificação textural e parâmetros de fertilidade foram encomendadas ao Setor de

Laboratórios de Fertilidade do Solo da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

(EMBRAPA) em Sete Lagoas, MG.

Page 37: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 1

37

A análise granulométrica e a caracterização textural foram feitas a partir do conjunto

das amostras colhidas em quatro parcelas controle, aleatoriamente selecionadas.

Para a caracterização da fertilidade foram analisados, em cada amostra, os seguintes

parâmetros: pH em água (1:2,5); H+Al (cmolc/dm3); Al (cmolc/dm3); Ca (cmolc/dm3); Mg

(cmolc/dm3); K (mg/dm3); P (mg/dm3); N total (%); matéria orgânica (dag/kg);

saturação de Al (%). As análises elaboradas pela EMBRAPA referentes aos

parâmetros Al, Ca e Mg foram extraídos com KCl 1N; K e P medidos pelo método de

Mehlich (Mehlich, 1953) utilizando HCl 0,05N + H2SO4 0,025N. O cálculo percentual

de saturação por alumínio foi obtido por: Al/(Ca+Mg+Al+(K/391)) x 100. A matéria

orgânica foi determinada através do método de Walkley-Black (Walkley & Black,

1934).

Gradientes de umidade e temperatura do solo

Visando caracterizar as condições do solo no início da época seca e na estação

chuvosa, os parâmetros temperatura e conteúdo hídrico do solo superficial foram

medidos in situ em maio e dezembro de 2000, utilizando-se um medidor digital

“Aquaterr 200" da Spectrum Technologies. O aparelho mede a capacitância da matriz

solo-água e é calibrado para indicar o conteúdo volumétrico de água em %. De

acordo com informações do fabricante, o aparelho pode ser empregado em uma

ampla variedade de solos e não é afetado pela temperatura, pH, sais dissolvidos e

íons metálicos. As medidas de temperatura (± 1,5 ºF) e umidade (± 2%) foram feitas

através de uma sonda de 15 cm de comprimento, sendo necessária calibragem em

água (100%) para a leitura de umidade. As leituras de temperatura em escala

Farenheit (ºF) foram convertidas em graus centígrados (ºC) utilizando a fórmula: ºC =

5/9 (ºF-32).

Delineamento experimental

Visando analisar os possíveis efeitos decorrentes de práticas tradicionais de manejo

extrativista sobre a população de S. elegantulus, a coleta de inflorescências (sim = C

ou não = O) e a queima (sim = F ou não = O), foram replicadas em escala

experimental, simulando os procedimentos realizados pelos coletores de sempre-

vivas da região (Instituto Terra Brasilis, 1999).

Em abril de 1999 foram demarcados oito blocos de 40m2 de área, aleatoriamente

dispostos sobre a população de S. elegantulus na região do córrego da Lapa,

conforme ilustrado na figura 1 (fotos 5A e 5B, pg. 31). Em cada bloco foram

demarcadas em seqüência oito parcelas retangulares de 2,5 m x 1 m, dispostas

Page 38: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 1

38

paralelamente ao longo de seu maior lado e separadas entre si por uma distância de

cerca de 80 cm. Sobre cada parcela incidiram diferentes combinações dos fatores

fogo e coleta, ao longo de dois anos de pesquisa, assumindo-se as plantas de uma

determinada parcela não são afetadas pelos tratamentos incidentes em parcelas

adjacentes. Do rol de 16 combinações de tratamentos possíveis, oito foram

selecionados: CF-CF; CF-OF; CO-CO; CO-OF; OF-CO; OF-OF; OO-CF; Controle.

Portanto, no primeiro ano (1999) incidiram quatro tratamentos apenas: CF; CO; OF;

Controle e as demais combinações de tratamentos em 2000. Estes tratamentos foram

repetidos em cada um dos oito blocos, em seqüências aleatorizadas. Obteve-se,

portanto, oito réplicas de cada tratamento, totalizando 64 parcelas (figura 2).

Em cada parcela, entre 35 e 45 plantas com altura superior a 1 cm foram

aleatoriamente selecionadas e marcadas individualmente com etiquetas de alumínio

atadas a hastes de arame galvanizado (foto 6, pg. 31) totalizando 2288 plantas, as

quais, a cada floração (abril de 1999, 2000 e 20001), tiveram as seguintes variáveis

biométricas medidas: altura da touceira (mm); número de rosetas na touceira; número

total de inflorescências na touceira; altura máxima das inflorescências (cm); número

de rosetas mortas (modelo de planilha, anexo II).

Para as parcelas destinadas à coleta, as inflorescências de cada planta marcada

foram colhidas (final de abril e início de maio de 1999, 2000 e 2001) e estocadas em

sacos de papel individualizados, identificados com o número da planta e da parcela

para posterior pesagem. O mesmo foi feito com as inflorescências restantes, de

plantas não marcadas, porém embaladas coletivamente. As parcelas destinadas à

queima (outubro de 1999 e 2000) foram queimadas sob supervisão dos guardas-

parque, de forma a garantir que o fogo permanecesse restrito ao perímetro da parcela

de 2,5 m2 (foto 7, pg. 32).

O restante dos indivíduos presentes em cada parcela foi acompanhado, a cada

período de floração, através de medidas de densidade (indivíduos/m2), distinguindo-se

os indivíduos de uma única roseta e com até 1 cm de altura como plântulas. As

estimativas de densidade foram obtidas sobrepondo-se, a cada parcela, uma grade

delimitando 10 sub-parcelas de 0,25 m2 (resultando em 640 subparcelas para o

conjunto dos oito blocos), contando-se os indivíduos presentes com auxílio de um

contador manual (tally counter).

Este mesmo sistema foi adotado para se obter uma estimativa visual da densidade da

cobertura herbácea em cada parcela, utilizando-se como apoio uma segunda grade

Page 39: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 1

39

contendo 64 células (8 linhas x 8 colunas), sobreposta a cada subparcela (foto 8,

pg.32). As estimativas de cobertura foram obtidas contando-se o número de células

da grade cobertas por plantas herbáceas, excluindo-se S.elegantulus.

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 240

Metros

Met

ros

BL - 3

BL - 5

BL - 1

BL - 6BL - 2

BL - 4

BL - 8

BL - 7

N

Trilha

Córrego da Lapa

Estrada para a Sede do PERPreto

Figura 1. Croquis da região de estudos mostrando a disposição dos blocos do estudo experimental na região do córrego da Lapa, Parque Estadual do Rio Preto, município de São Gonçalo do Rio Preto, MG. ..

Page 40: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 1

40

Bloco 1 Bloco 2 Parcela 1999 2000 Parcela 1999 2000

1 C F C F 9 O F C O 2 O O O O 10 C O C O 3 C F O F 11 O O C F 4 O F C O 12 C F O F 5 C O O F 13 O F O F 6 O O C F 14 C O O F 7 C O C O 15 O O O O 8 O F O F 16 C F C F

Bloco 3 Bloco 4 Parcela 1999 2000 Parcela 1999 2000

17 C O O F 26 O F O F 18 O F O F 27 C O O F 19 C F C F 28 O O O O 20 O O C F 29 C F C F 21 C F O F 30 O O C F 22 O F C O 31 C F O F 23 C O C O 32 O F C O 24

(berçário) O O O O

33 C O C O 25 O O O O

Bloco 5 Bloco 6 Parcela 1999 2000 Parcela 1999 2000

34 O O O O 42 O O C F 35 C F O F 43 C F O F 36 O F C O 44 O F C O 37 C O C O 45 C O O F 38 O O C F 46 O F O F 39 C O O F 47 C O C O 40 O F O F 48 O O O O 41 C F C F 49 C F C F

Bloco 7 Bloco 8

Parcela 1999 2000 Parcela 1999 2000 50 C O C O 58 O F O F 51 O F C O 59 C O C O 52 C O O F 60 O O C F 53 O O O O 61 C F C F 54 C F O F 62 O F C O 55 O F O F 63 C O O F 56 C F C F 64 O O O O 57 O O C F 65 C F O F

Figura 2. Esquema representando a disposição dos tratamentos nos oito blocos do experimento, os fatores considerados no experimento foram a coleta de inflorescências (sim = C ou não = O) e o fogo (sim = F ou não = O).

Page 41: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 1

41

RESULTADOS E DISCUSSÀO

Caracterização da área de estudo

A região do córrego da Lapa consiste em um platô com solos predominantemente

arenosos, formados pela acumulação de sedimentos finos provenientes dos maciços

quartzíticos adjacentes (foto 3, pg. 30). Em sua porção mais baixa está o córrego da

Lapa, perene, de águas escuras e ácidas, estreito (ca. 1,50 – 2 m de largura) e raso,

ladeado por formação ciliar, cuja largura varia entre 5 e 30 m e altura de 5 a 10 m. A

margem direita do córrego é ladeada por uma mancha de campo hidromórfico sobre

solo turfoso, com largura variando entre 10 e 30 m, onde predominam populações de

xiridáceas.

Segundo Beatto & Spera (1988), no domínio do Cerrado as areias quartzozas estão

relacionadas a sedimentos arenosos de cobertura e a alterações de rochas

quartzíticas e areníticas, normalmente em relevo plano ou suave ondulado. Costituem

sedimentos muito porosos, excessivamente drenados e com baixa disponibilidade em

nutrientes para as plantas. Além de não disporem de reservas nutricionais que

possam ser liberadas de forma gradual, sendo normalmente álicas ou distróficas,

possuem baixa capacidade de retenção de cátions. Esses solos estão condicionados

aos baixos teores de argila e de matéria orgânica, consequentemente baixa

capacidadee de agregação de partículas, sendo muito suscetíveis à erosão.

De fato, a análise granulométrica enquadra o solo do local na classe textural “areia”,

tendo a composição granulométrica das quatro amostras analisadas em média

55,25% de areia grossa, 40,25% de areia fina, 0,25% de siltes e apenas 4,25% de

argilas. Comparados aos valores estabelecidos em classificação realizada pela

Comissão de Fertilidade do solo de Minas Gerais (Alvarez et al., 1999), os resultados

das análises de fertilidade (Tabela 1, Anexo III) indicam que o solo na área do córrego

da Lapa apresenta baixo teor de matéria orgânica e pode ser quimicamente

classificado como de acidez elevada, sendo a acidez potencial das amostras (H + Al)

baixa a média. Considerando o complexo de troca catiônica, as amostras enquadram

os solos como de teor alto a muito alto para os valores de saturação por Al3+,

significando que a capacidade de troca de cátions do solo é tomada por alumínio

trocável (tóxico) ao invés de nutrientes, como se verifica pelos baixos teores de Ca2+,

Mg2+ e K+ em todas as amostras analisadas. Portanto, o substrato onde se

desenvolve S. elegantulus, formado no sopé dos maciços quartzíticos é ácido, com

Page 42: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 1

42

baixos teores de matéria orgânica e química e estruturalmente pobre e com elevados

teores de alumínio, fato característico dos solos de cerrado. As características do

substrato em questão são similares àquelas documentadas pelo Instituto Terra

Brasilis (1999) para áreas de ocorrência de S. elegans nos distritos de Conselheiro

Mata e Galheiros (município de Diamantina), incluindo um plantio comercial desta

espécie.

A variação dos valores médios mensais de temperatura e precipitação entre janeiro de

1998 e dezembro de 2002 apresentou conformidade aos padrões sazonais dos

valores normais para a região de Diamantina (Figura 3). Porém, a partir da série

completa de dados mensais de precipitação entre 1999 e 2002, nota-se que a

precipitação anual total variou expressivamente com relação ao valor normal de 1405

mm para a região, alternando valores altos e baixos ao longo do período de estudos

em campo (1253 mm em 1999, 1639 mm em 2000, 1068 mm em 2001 e 1434 mm em

2002. Média de 1348,5 mm no período).

0

5

10

15

20

25

jan/9

8

mai/

98

set/9

8

jan/9

9

mai/

99

set/9

9

jan/0

0

mai/

00

set/0

0

jan-0

1

mai-

01

set-0

1

jan-0

2

mai-

02

set-0

2

Tem

pera

tura

(ºC

)

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

Pre

cipi

taçã

o (m

m)

T (período) T (normal) P (período) P (normal)

Figura 3. Valores médios de temperatura e precipitação em Diamantina, MG no

período de Janeiro de 1998 a dezembro de 2002, juntamente com dados normais

para a região.

Legenda: T = temperatura, P = precipitação. Fonte: dados Normais obtidos no Banco de Dados Climáticos do Brasil (EMBRAPA/ESALQ – USP) e boletins agrometeorológicos mensais do INMET para o período.

Page 43: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 1

43

Tabela 1. Valor médio e desvio padrão para parâmetros físicos e químicos do

substrato onde ocorre S. elegantulus, para 24 amostras de solo superficial colhidas

em agosto de 2001.

Parâmetro / unidade Média Erro padrão

pH 4,58 0,018 H+Al (cmolc/dm3) 2,35 0,143 Al (cmolc/dm3) 0,62 0,035 Ca (cmolc/dm3) 0,11 0,014 Mg (cmolc/dm3) 0,02 0,002 K (mg/dm3) 20,75 0,504 P (mg/dm3) 4,38 0,145 Matéria orgânica (dag/kg) 1,09 0,057 Saturação de alumínio (%) 78 1,317 Nitrogênio total (%) 0,03 0,002

cmolc/dm3 = Centimol de carga por decímetro cúbico; mg/dm3 = miligrama por decímetro cúbico; dag/kg = decagrama/kg

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

1 15 29 43 57 71 85 99 113 127 141 155 169 183 197 211 225

Distância do córrego da Lapa (m)

Teo

r de

um

idad

e (%

)

20

22

24

26

28

30

32

34

36

38

Tem

pera

tura

(ºC

)

Umidade

Temperatura

Área de ocorrência de S. elegantulusVárzea

Figura 4. Gradientes de temperatura e umidade no solo superficial ao longo de um transecto na Várzea da Lapa, em Maio/2001.

Os gradientes de temperatura e umidade do solo superficial na área de ocorrência de

S. elegantulus são ilustrados na figura 4, para dados obtidos ao longo de um transecto

orientado de NW a SE, perpendicular ao alinhamento do platô do córrego da Lapa, em

Page 44: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 1

44

maio de 2001. Os teores de umidade caem abruptamente a partir da quebra de relevo

que delimita a área de várzea com solo turfoso, adjacente ao córrego, permanecendo

em níveis não detectáveis pelo aparelho de medição a partir desse ponto. A quebra

de relevo igualmente delimita a área de ocorrência de S. elegantulus, que prossegue

em direção SE até o início de uma fitofisionomia distinta, de cerrado senso restrito, já

próximo aos maciços quartzíticos que delimitam o platô. Já os valores de temperatura

aumentam com a distância a partir do córrego em direção SE, particularmente após o

término da área de várzea.

Caracterização da população

Em maio de 1999, a densidade populacional média de S. elegantulus era de 25,9 ±

0,95 indivíduos por parcela (n = 640), ou cerca de 103,4 indivíduos/m2. A proporção

de recrutas (plantas de uma roseta com até 1 cm de altura) na população era de cerca

de 16,3%, com densidade estimada de 4,2 ± 0,3 indivíduos por parcela, ou cerca de

16,85 indivíduos/m2. Na ocasião, a cobertura herbácea, excluindo indivíduos de S.

elegantulus, foi estimada em 34,7 ± 0,7 % (n = 640). A estimativa de densidade

populacional para S. elegantulus em 1999 foi próxima àquela obtida por Instituto Terra

Brasilis (1999) na mesma localidade, no ano anterior, sendo esta de 86,4

indivíduos/m2 (21,6 ± 1,22 indivíduos/ parcela de 0,25 m2, n = 85).

A altura média das plantas em abril de 1999 era de 3,12 ± 0,03 cm (n = 2288) e a

máxima de 7,5 cm (Tabela 2). A distribuição de freqüência de tamanhos foi unimodal

(classe de 2 a 3 cm de altura), com a predominância de indivíduos com rosetas de até

4 cm de altura e expressiva representatividade de plântulas e indivíduos jovens (0 a 2

cm de altura), indicando expressivo recrutamento a partir de sementes (Figura 5). A

grande maioria dos indivíduos na população apresentava apenas uma roseta (77%),

sendo a freqüência de indivíduos com duas rosetas apenas 12,15 % e com três

rosetas 4,28 % (Figura 6). Apenas cinco plantas apresentaram dez ou mais rosetas na

touceira (máximo de 12).

Cerca de 40,8% dos indivíduos não produziram inflorescências e a maioria das

plantas floridas apresentava até 10 inflorescências (43,3% da população. Figura 7). O

número máximo de inflorescências registrado foi 151, para uma planta com 10

touceiras e altura de 4,5 cm. As alturas máximas mais freqüentes para as

inflorescências variaram entre 25 cm e 35 cm (58,7%), sendo a classe modal de 30

Page 45: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 1

45

cm a 35 cm (Figura 8). A altura máxima registrada para as inflorescências foi de 53,5

cm para uma planta com roseta de 5,8 cm de altura.

Tabela 2. Estatísticas descritivas das variáveis mensuradas nas plantas marcadas, em abril/maio de 1999.

Parâmetro Altura da

touceira (cm) Número de

rosetas Número de

Inflorescências Altura > escapo

(cm) n 2288 2287 2286 2285 Média 3.12 1.49 4.51 16.22 Erro padrão 0.03 0.03 0.17 0.32 Variância 1.61 1.52 67.23 238.36 IC -95% 3.07 1.44 4.18 15.59 IC+95% 3.18 1.55 4.85 16.85 Mediana 3.0 1.0 2.0 16.5 Mínimo 1.0 1.0 0.0 0.0 Máximo 7.5 12.0 151.0 53.5 Quartil inferior 2.0 1.0 0.0 0.0 Quartil superior 4.0 1.0 6.0 31.0 Amplitude 6.5 11.0 151.0 53.5

IC = intervalo de confiança.

0

5

10

15

20

25

30

≤ 1 1;2 2;3 3;4 4;5 5;6 6;7 7>Plant height (cm)

Fre

quen

cy (

%)

Estimated

Observed

Figura 5. Distribuição de freqüência de alturas para a população de S. elegantulus na

região do córrego da Lapa em abril de 1999. N = 2288. A freqüência de recrutas na

população (<=1 cm) foi obtida a partir das estimativas de densidade populacional.

Page 46: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 1

46

0.00

10.00

20.00

30.00

40.00

50.00

60.00

70.00

80.00

90.00

1 2 3 4 5 6 7 8 9 =>10

Número de rosetas

Fre

qüên

cia

(%)

Figura 6. Distribuição de freqüência do número de rosetas para a população de S.

elegantulus na região do córrego da Lapa em abril de 1999. N = 2288.

0.00

5.00

10.00

15.00

20.00

25.00

30.00

35.00

40.00

45.00

<=0 0;5

5;10

10;15

15;20

20;25

25;30

30;35

35;40

40;45 >45

Número de inflorescências

Fre

qüên

cia

(%)

Figura 7. Distribuição de freqüência do número de inflorescências por planta na

população de S. elegantulus da região do córrego da Lapa, em abril de 1999.

N = 2285.

Page 47: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 1

47

0

5

10

15

20

25

0;5 5;10 10;15 15;20 20;25 25;30 30;35 35;40 40;45 >45

Altura máxima das inflorescências (cm)

Fre

qüên

cia

(%)

Figura 8. Distribuição de freqüência para altura máxima das inflorescências por planta

em fase reprodutiva na população de S. elegantulus da região do córrego da Lapa,

em abril de 1999. N = 1330.

REFERÊNCIAS

Alvarez VHV; Novais RF; Barros NF; Cantarutti RB; Lopes AS. 1999. Interpretação dos resultados das análises de solos. In: Ribeiro AC; Guimarães PTG; Alvarez VHV. (Ed.). Recomendação para o uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais: 5ª Aproximação. Viçosa: Comissão de Fertilidade do Solo do Estado de Minas Gerais. p. 25-32.

Beatto A; Correia JR; Spera ST. 1998. Solos do Bioma Cerrado: Aspectos pedológicos. In: Sano, S.M. & Almeida, S.P. Cerrado: Ambiente e Flora. Planaltina. Embrapa. p. 47-86.

Giulietti AM & Pirani JR. 1997. Espinhaço range region. Eastern Brazil. In Davis, S.D.; Heywood, V.H.; Herrera-Macbryde, O.; Villa-Lobos, J.; Hamilton, A.C. (eds.), Centres of plant diversity: a guide and strategy for their conservation. Volume 3. Information Press, Oxford. p. 397-404.

Instituto Terra Brasilis de Desenvolvimento Socioambiental – ITB / Centro Cape / SEBRAE / Mãos de Minas, 1999. Projeto Sempre-Viva: Perspectivas de seu Uso Sustentado. ITB, Belo Horizonte.

Köppen W. 1931. Climatologia. Fondo de Cultura Economica. Buenos Aires.

Walkley A & Black IA. 1934. An examination of Degtjareff method for determining soil organic matter and a proposed modification of the chromic acid titration method. Soil Science 37:29-37.

Page 48: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 1

48

ANEXO I. Balanço hídrico climatológico para Diamant ina. Fonte: dados do INMET disponibilizados no Banco de Dados Climatológicos do Brasil, por EMBRAPA/ESALQ – USP (http://www.bdclima.cnpm.embrapa.br/resultados/ index.php)

T (ºC) P (mm) ETP ARM (mm) ETR (mm) DEF (mm) EXC(mm) Mês

Jan 19,80 307,00 85,50 100,00 85,50 0,00 221,50

Fev 20,00 121,00 79,68 100,00 79,68 0,00 41,32

Mar 19,90 167,00 84,49 100,00 84,49 0,00 82,51

Abr 18,50 79,00 68,20 100,00 68,20 0,00 10,80

Mai 17,10 31,00 58,27 76,13 54,87 3,40 0,00

Jun 16,00 8,00 48,22 50,92 33,21 15,01 0,00

Jul 15,30 8,00 45,55 34,98 23,94 21,61 0,00

Ago 16,50 17,00 53,68 24,24 27,74 25,94 0,00

Set 17,40 48,00 59,79 21,54 50,70 9,09 0,00

Out 18,70 133,00 73,90 80,65 73,90 0,00 0,00

Nov 19,10 222,00 77,52 100,00 77,52 0,00 125,13

Dez 19,30 264,00 83,88 100,00 83,88 0,00 180,12

TOTAIS 217,60 1.405,00 818,67 888,46 743,62 75,05 661,38

MÉDIAS 18,13 117,08 68,22 74,04 61,97 6,25 55,11

T = temperatura; P = precipitação; ETP = Evapotranspiração potencial; ETR =

Evapotranspiração real; DEF = Déficit hídrico; EXC = Excesso hídrico.

Page 49: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 1

49

ANEXO II. Modelo de planilha utilizada no estudo ex perimental

BL PAR Pl. # Alt Nros Ninfl Alt Infl Nbot Mort Miss Brot Herb Obs Data 2 15 517 1 29/4/01 2 15 534 4.8 3 5 13 1 29/4/01 2 15 540 4.3 1 8 27.5 29/4/01 2 15 543 4.8 5 14 24 29/4/01 2 15 573 5.6 10 60 38 2 29/4/01 2 15 580 1 29/4/01 2 15 584 3.3 2 4 23.5 29/4/01 2 15 604 4.5 1 38 30.5 6 1 1 29/4/01 2 15 606 5.2 1 12 42 1 29/4/01 2 16 454 3.8 3 11 20 29/4/01 2 16 460 3.5 1 15 23 29/4/01 2 16 461 3.6 2 7 32 1 29/4/01 2 16 473 4.4 1 9 17.5 3 1 29/4/01

BL = bloco; PAR = parcela; Pl.# = número da planta; Alt = altura da roseta; Nros = número de ramets;

Ninfl = número de inflorescências no genet; Alt Infl = altura máxima das inflorescências; Nbot = número

de botões (inflorescências que não chegaram à antese); Mort = planta morta; Miss = planta não

encontrada; Brot = inflorescência com brotamento; Herb = evidência de herbivoria; Obs = observações.

Page 50: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 1

50

ANEXO III. Parâmetros físicos e químicos de amostra s de solo superficial para a área

de ocorrência de S. elegantulus na várzea da Lapa, PERPreto, MG.

Amostra pH H+Al

(cmolc/dm3) Al

(cmolc/dm3) Ca

(cmolc/dm3) Mg

(cmolc/dm3) K

(mg/dm3) P

(mg/dm3) MO

(dag/kg) Sat Al

(%) N total

(%)

BL1-1 4.7 1.65 0.5 0.05 0.02 22 5 0.98 80 0.02 BL1-2 4.6 1.7 0.45 0.06 0.02 22 5 0.97 77 0.02 BL1-3 4.6 1.61 1 0.05 0.02 21 5 1.02 89 0.03 BL2-1 4.5 3.54 0.85 0.05 0.02 26 6 1.37 86 0.05 BL2-2 4.5 3.2 0.9 0.06 0.02 23 5 1.16 87 0.04 BL2-3 4.4 3.39 0.4 0.06 0.02 24 5 1.45 74 0.04 BL3-1 4.5 1.5 0.45 0.02 0.01 20 4 0.78 85 0.03 BL3-2 4.7 1.45 0.45 0.02 0.01 21 4 0.7 85 0.03 BL3-3 4.7 1.5 0.4 0.02 0.01 20 4 1 83 0.03 BL4-1 4.6 3.2 0.75 0.26 0.02 20 3 1.43 69 0.05 BL4-2 4.5 3.13 0.7 0.27 0.02 21 4 1.34 66 0.03 BL4-3 4.5 3.66 0.9 0.27 0.03 22 5 1.36 71 0.04 BL5-1 4.5 2.1 0.6 0.11 0.01 21 4 0.94 78 0.03 BL5-2 4.6 2.18 0.65 0.13 0.01 22 5 0.98 77 0.03 BL5-3 4.7 1.95 0.6 0.1 0.01 19 4 0.84 79 0.03 BL6-1 4.6 1.9 0.5 0.13 0.01 23 5 0.84 71 0.03 BL6-2 4.7 2.18 0.5 0.14 0.02 23 5 1.33 69 0.04 BL6-3 4.6 1.74 0.5 0.14 0.02 22 4 0.86 70 0.03 BL7-1 4.6 2.6 0.7 0.09 0.01 17 3 0.87 83 0.04 BL7-2 4.5 2.81 0.7 0.1 0.01 16 4 0.97 82 0.03 BL7-3 4.5 2.51 0.7 0.1 0.01 16 4 1.89 82 0.03 BL8-1 4.6 2.43 0.6 0.1 0.01 20 4 1.24 79 0.03 BL8-2 4.7 2.13 0.55 0.13 0.01 17 4 0.98 75 0.02 BL8-3 4.6 2.25 0.6 0.14 0.01 20 4 0.93 75 0.03 Média 4.58 2.35 0.62 0.11 0.02 20.75 4.38 1.09 78.00 0.03 se 0.018 0.143 0.035 0.014 0.002 0.504 0.145 0.057 1.317 0.002

BL = bloco amostral; se = erro padrão; Sat Al = saturação de alumínio; cmolc/dm3 = Centimol de carga por

decímetro cúbico; mg/dm3 = miligrama por decímetro cúbico; dag/kg = decagrama/kg

Page 51: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

51

CAPÍTULO 2: Fenologia de Syngonanthus elegantulus

Page 52: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 2

52

Quantitative phenology of the clonal perennial star flower

Syngongnthus elegantulus Ruhl. (Eriocaulaceae)

Lúcio Cadaval BEDÊ1*

Rogério Parentoni MARTINS1

Roselaine M. DO CARMO 2

Yasmine ANTONINI1

1Departamento de Biologia Geral, Instituto de Ciências Biológicas,

Universidade Federal de Minas Gerais. Av. Antônio Carlos 6627, Belo

Horizonte – MG, Brazil;

2 Departamento de Botânica, Instituto de Ciências Biológicas, Universidade

Federal de Minas Gerais. Av. Antônio Carlos 6627, Belo Horizonte – MG,

Brazil.

*Correspondence to : Lúcio C. Bedê

Rua Apucarana 653/102

31.310-520 - Belo Horizonte, MG, Brasil

Fone:55.31.32613889 - FAX:

e-mail [email protected]

Key-words: Entomophily, extractive management, reproductive biology.

Page 53: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 2

53

ABSTRACT

The phenology of Syngonanthus elegantulus (Eriocaulaceae) was quantified through

monthly monitoring of 120 plants at the central Espinhaço mountain range, Minas

Gerais State, eastern Brazil, from February 2000 to March 2001. There is a marked

seasonal variation of the monitored parameters, in close association to rainfall and soil

water availability. Ramet size was affected by leaf loss at the peak dry season (June

through September) and leaf growth reached maximum values between December

and January. Genet size was affected by ramet gains between the late-rain through

late-dry seasons, while ramet loss was particularly severe between September and

November. A pilose leaf aspect predominates in the genets along the dry season.

Scape production begins in January and anthesis occurs between late March and late

April, when scape length reaches its maximum. The anthesis is followed by intense

insect visiting to inflorescences, the most common visitors being stingless bees, small

sized Coleoptera and Diptera. Insect behavior and visiting patterns as well as the

results from inflorescence bagging experiments indicate that insects play a key role as

pollinators. Maximum seed number per capitulum occurs in May and June, declining

sharply afterwards. Inflorescence collection for commerce (March and April) occurs

before the seed dispersion phase, thus it may have a strong potential impact upon

recruitment from seeds and seed bank formation.

Page 54: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 2

54

INTRODUCTION

Along the Espinhaço Range, an over 1,000 km long stretch of mountains in eastern

Brazil, the collection of Eriocaulaceae inflorescences for ornamental purposes attains

expressive economic importance and is a seasonal revenue source for a large number

of low income families (Giulietti at al., 1988; Instituto Terra Brasilis, 1999). These are

commonly known as “starflowers” or “everlasting flowers”, terms referring to parts of

plants, such as scapes and inflorescences that maintain the living appearance after

being extracted and dried. Those belonging to species of Syngonanthus sect. Eulepis

are particularly valued for their capitula with showy involucral bracts (Parra, 2000).

However, inflorescence overharvesting, in demand for both the national market and for

export, is considered to be one of the main drivers of extinction threat to many species,

including several rare endemics (Saturnino et al., 1977; Giulietti at al., 1988; 1996;

Instituto Terra Brasilis, 1999). In Minas Gerais state alone, 17 Syngonanthus species

are listed as threatened with extinction (Mendonça & Lins 2000).

The phenological characterization of commercially exploited starflower species is an

important step for establishing adequate extractive management practices, because

phenological patterns reveal the temporal dynamics of resource allocation to

maintenance, growth and reproduction. Phenological information are, therefore, useful

in assessing the ecological effects of management practices and may help guide their

timing and intensity. For instance, the inflorescence harvesting of many Syngonanthus

species traditionally takes place early at the flowering season, before seed formation,

when capitula are whiter and most valued in the market (Giulietti et al., 1996; Instituto

Terra Brasilis, 1999). Thus, efficient inflorescence collection is likely to impact the

population’s seed pool and, thereafter, seedbank formation and recruitment from

seeds. Likewise, phenological knowledge is important for the establishment of

adequate cultivation practices, an important perspective of sustainable economic use

of starflowers.

Based on a previous study by Scatena et al. (1997) on the phenology of S. elegantulus

at the southern Espinhaço range [although referred by the authors as S. elegans, its

placement under S. elegantulus was defined by Parra (2000) in her revision of the

genus Syngonanthus sect. Eulepis], we monitored variation in plant size, leaf aspect

and reproductive structures of 120 S. elegantulus plants at the central Espinhaço

range, between February 2000 and March 2001. Syngonanthus elegantulus Ruhl.

Page 55: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 2

55

(Eriocaulaceae) is a small perennial, monoecious acaulescent plant with pilose

cylindrical leaves forming a basal rosette. The plant has a modular structure, with erect

to horizontal rhizomes that may bear several rosettes from its ramifications. It occurs

along most of the Minas Gerais state portion of the Espinhaço mountain range (Parra,

2000), in association to sandy and rocky soils of the “campos rupestres” (altitudinal

rocky grasslands) and of transitional areas between these and the Cerrado (Brazilian

savanna).

Syngonanthus elegantulus occupies the same habitat type and is morphologically

similar to S. elegans (Bong.) Ruhland - one of the species most prized for its beauty in

the national and international starflower market (Giulietti at al., 1988; Parra 2000) and

considered as threatened with extinction in Minas Gerais State (Mendonça & Lins

2000) and Brazil (2005 revision of the red listed Brazilian flora, available at

http://www.biodiversitas.org.br/floraBr/). Just as well, S. elegantulus is targeted to

inflorescence extraction, although being of lesser economic value than the later, due to

its shorter scapes and smaller capitula. Therefore, we consider S. elegantulus a good

surrogate for studies regarding the ecology and extractive management effects upon

Syngonanthus species with similar habitat requirements.

This study aimed to contribute with the biological and ecological knowledge regarding

exploited starflowers of the Syngonanthus genus through the phenological

characterization of S. elegantulus at the central Espinhaço range.

MATERIAL & METHODS

The study was developed in the Rio Preto State Park, at the municipality of São

Gonçalo do Rio Preto (18º 00’S e 43º 23’W) in Minas Gerais State, southeastern

Brazil. The Park’s dominant vegetation features are those of the Brazilian savanna,

with altitudes ranging between 850 m and 1826 m. The higher elevations are

dominated by “campos rupestres”, associated to quartzite arenite formations, where

the soils are generally sandy, shallow, acidic and nutrient poor (Giulietti & Pirani 1997).

According to Galvão & Nimer (1965), the local climate is classified as Köppen’s Cwb

(Köppen, 1931), mesothermal with mild summer, with a three to four months dry winter

period and a seven to eight months summer rainy season. Temperatures vary

between 17.4oC and 19.8oC and the average annual rainfall is 1500 mm.

Page 56: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 2

56

The phenology study was carried out at the Lapa creek region (S-18o05’26’’; W-43o

20’29’’), a 4 ha sand plateau 900m above sea level, at the foot of neighbour quatzite

scarpments, that hosts the largest population of S. elegantulus in the Park area. At the

time the study was developed, the site was assured to have been protected from fires

and inflorescence collection for the last five years.

The study was developed between February 2000 and March 2001, through the

monthly monitoring of 120 plants of S. elegantulus with basal leaf length above one

cm, scattered through eight fenced plots of 2 m2 randomly placed at the study area. In

each plot, three groups of five individuals were randomly picked to fit each of the

following predefined size/sexual maturity categories: non-reproducing, one-rosette

plants; flowering plants with one rosette; and flowering plants with two or more

rosettes. The plants were individually marked with aluminium tags attached to thin

steel posts.

We monitored the following variables: plant size –basal leaf length of the ramet and

number of ramets in the genet; genet pilose leaves (%);genet green leaves (%);

number of capitula; maximum scape length; predominant scape color in the genet and

average seed number per capitulum. Seed counts were made monthly under

stereomicroscope by dissection of 22 to 94 capitula from non-tagged plants with 3 to 4

cm basal leaf length. At the beginning of the study, the marked plants were assigned

to three broad size classes or cohorts, based on ramet basal leaf length: Class 1 = 1,5

to 3,0 cm (N = 38); Class 2 = 3,0 to 4,5cm (N = 40); Class 3 = > 4,5cm (N = 28).

Seasonal patterns for number of ramets and leaf, scape and capitula traits were then

displayed through mean values attained by plants in each size cohort.

Meteorological data from Diamantina (MG), distant ca. 60km from the study site, were

provided by the National Meteorological Institute (Instituto Nacional de Meteorologia -

INMET) following Thornthwaite & Mather (1955). Mean percent surface soil moisture

was measured monthly from eight 20 cc corer samples (one per sampling plot).

Samples were wraped in plastic film and stored in polystyrene containers for

transportation to laboratory, weighed to the nearest 0.1g., oven-dried at 50ºC until

attaining constant weight and then re-weighted for obtaining the percent mineral water

content.

For the characterization of growth patterns of both basal leaf length of the ramet (RL)

and genet size (number of ramets in the genet, NR) in plants of different sizes, we

used the Ford-Walford method (Walford, 1946), a plot of the least squares regression

Page 57: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 2

57

model of the relation between size at age S(t+1) against size at age St, with t values

corresponding to the one year study period (February 2000 to February 2001). The

theoretical asymptotic length RLmax corresponds to the intercept of the regression line

on the plot byssectriz and is given by: RLmax = -a/b, where a is the regression

coefficient and b is the regression exponent.

In March 2000 and 2001 we had the chance to investigate the role of insects in the

pollination of S. elegantulus, based on the characterization of its inflorescence visiting

insect fauna, their behavioral patterns and on characteristics of the plant’s floral

biology. For five days in March 2001, insect visitors were observed and captured over

a 5m2 area from 09:30 AM to 16:30 PM, at 30 minute shifts per hour. In order to

evaluate the eventual role played by insects in pollen dispersal, visitors were captured

with hand-nets between 10:00 and 12:00 AM, dusted with fluorescent powder and

released. Up to ten capitula visited by each marked insect were collected for further

inspection under ultra-violet light in laboratory. The visiting bee fauna collected was

stored with the collections of the Bee Systematics and Ecology Laboratory at the

Zoology Department of the Federal University of Minas Gerais.

A preliminary assessment of mating systems in S. elegantulus was then made in

March 2001, by preventing the access of insect visitors to capitula of bagged

inflorescences. Mother plants with RL between 3 and 4 cm were selected and

individual inflorescences or whole plants were bagged with fine mesh tulle cloth

mounted upon cylindrical wire frames previous to the anthesis of the capitula. We

enclosed 24 whole flowering plants (as to allow for geitonogamy or the fertilization by

the pollen from different capitula of the same individual) and 29 individualized capitula

(as to allow for agamospermy or asexual seed production). The bagging of

inflorescences did not rule out the possibility of wind pollination (although its

occurrence could have been made difficult, for the reduced mesh size may act as a

wind barrier). The inflorescences were kept covered for at least 60 days and, at once,

the bagged capitula were collected and examined for fruit formation. Capitula from

neighbour plants were taken as a control for open fertilization.

Page 58: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 2

58

RESULTS

Normal values of temperature and pluviosity at Diamantina municipality (1972 – 1990)

are shown in Figure 1, along with mean precipitation data for the study period and

mean surface soil moisture content. Surface soil moisture was strongly correlated with

mean precipitation (r = 0.904; p < 0.001; N = 12) and with estimates of soil natural

water supply, derived from climatological data (r = 0.911; p < 0.001; N = 12). Soil water

deficits occurred between May and October, while average surface soil moisture

remained below 4%, and surpluses occurred from November through March, with soil

moisture values between 12.3% and 31.6%. Most monitored plant variables showed

marked seasonal variation, in close association with the rainfall regime, such as leaf

and scape growth, scape color, leaf pilosity, ramet offshooting and the events of

anthesis, pollen production and seed formation.

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

Jan/

00

Feb

/00

Mar

/00

Apr

/00

May

/00

Jun/

00

Jul/0

0

Aug

/00

Sep

/00

Oct

/00

Nov

/00

Dec

/00

Jan/

01

Feb

/01

Mar

/01

Pre

cipi

tatio

n (m

m)

0

5

10

15

20

25

30

35

Tem

p. (

ºC);

Soi

l moi

stur

e (%

)

Normal ppt ppt 00-01 Temp. 00-01 Soil Moisture

Figure. 1. Monthly normal values of precipitation (1972 – 1990) and average values of

precipitation, air temperature and moisture content of surface soil samples between

March 2000 and January 2001.

Having S. elegantulus a rosette architecture and modular structure, the phenological

dynamics of growth is expressed both at the ramet (leaf size) and genet (number of

Page 59: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 2

59

modules or ramets) levels. Mean variations in ramet size along the year are shown in

figure 2. Generalized losses of older, outer basal leaves lead to ramet size reduction in

plants of all size classes along the dry months of June through September, being the

heaviest toll on ramet size taken by larger plants, in size classes 2 and 3. On the other

hand, at the benign months of November through March, expressive leaf growth with

net gains in basal leaf length is displayed by plants of all sizes. In regard to genet

growth, a quite distinct pattern emerged (Figure 3). Net gains in ramet production

begun at mid-rainy season (February) and continued until late dry season

(September), predominantly as offshoots from larger individuals (size classes 2 and 3).

Most ramet losses occurred at the peak dry season (10 out of 16 total ramet losses),

as well as most plant deaths (13 out of 16 deaths or 81%), particularly for single-

rosette individuals (94%).

2

2.5

3

3.5

4

4.5

5

5.5

Feb

00

Mar

00

Apr

00

May

00

Jun0

0

Jul0

0

Aug

00

Sep

00

Oct

00

Nov

00

Dec

00

Jan0

0

Ave

rage

bas

al le

af le

ngth

(cm

)

Class 1

Class 2

Class 3

Figure 2. Average basal leaf length in S. elegantulus genets of size classes 1 – 3,

from February 2000 to January 2001.

As expected, basal leaf length growth lowers as the plant size increases. We found

RLt+1 = 1.5422 + 0.6708. RL t (95% CI for b = 0.523 to 0.819; R2 = 0,484; F = 81.718;

p<0.0001; N = 88). Therefore, ramet growth is determinate and tends to an

assymptotic value of basal leaf length RL max = 4.68cm. This maximum theoretical size

is, however, quite smaller than the maximum size observed in the field (7.6 cm).

Biased maximum ramet size estimates may have resulted from generalized lower

growth rates in this particular year.

Page 60: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 2

60

0.75

1.25

1.75

2.25

2.75

3.25

3.75

Feb

00

Mar

00

Apr

00

May

00

Jun0

0

Jul0

0

Aug

00

Sep

00

Oct

00

Nov

00

Dec

00

Jan0

0Ave

rage

num

ber

of r

amet

s pe

r ge

net

Class 1

Class 2

Class 3

Figure 3. Average number of ramets per S. elegantulus genets of size classes 1 – 3,

from February 2000 to January 2001.

In regard to genet growth, the slope of the regression line of size at genet age NR t+1

against size at genet age NRt does not differ from unity: NRt+1 = 0.4653 + 0.9581.NRt,

95% CI for b = 0.827 to 1.089 (R2 = 0.706; F = 211.656; p<0.0001; N = 89). Thus, net

yearly gains in genet size occur rather slowly, suggesting an indeterminate growth

pattern. However, the maximum theoretical size obtained, of ca. 11 ramets (NRmax =

11.12), was close to the maximum genet size (NR = 12) found in a previous census of

the local population of S. elegantulus (Bede et al., in preparation).

A pilose leaf aspect of the genets was associated to drier months, following a

generalized glabrous aspect at the early rainy season. Plants of all size classes

showed a similar pattern for the pilose leaves % in the genet along the year (Figure 4),

the pilose aspect predominating between March and September and reaches the

highest values at the peak dry season, between July and September (between 73%

and 91%). Mean genet leaf pilosity values decreased from October on, reaching the

lowest figures in December (between 0.8% and 10.7%), when a vigorous leaf turnover

took place. In the field we observed that individuals deeply shaded by the surrounding

herbaceous cover had a glabrous aspect, compared to neighbour plants in open spots,

fully exposed to sunlight. The leaf turnover is also illustrated by the annual variation in

the green leaves % (Figure 5), which showed to be strongly related to plant size.

Larger plants seem to be far more able to dampen seasonal drought effects, while in

Page 61: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 2

61

small sized plants (size class 1) the green leaves % exhibits an U-shaped pattern, with

minimum values in the peak dry season (August – September).

-40

-20

0

20

40

60

80

100

120

Feb

00

Mar

00

Apr

00

May

00

Jun0

0

Jul0

0

Aug

00

Sep

00

Oct

00

Nov

00

Dec

00

Jan0

0

% P

ubes

cent

leav

es in

the

gene

t

Class 1

Class 2

Class 3

Figure 4. Average percentage of pubescent leaves in S. elegantulus genets of size

classes 1 – 3, between February 2000 and January 2001.

55

60

65

70

75

80

85

90

95

100

Feb

00

Mar

00

Apr

00

May

00

Jun0

0

Jul0

0

Aug

00

Sep

00

Oct

00

Nov

00

Dec

00

Jan0

0

% G

reen

leav

es in

the

gene

t

Class 1

Class 2

Class 3

Figure 5. Average percentage of green leaves in S. elegantulus genets of size classes

1 – 3, between February 2000 and January 2001.

Page 62: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 2

62

Spathes emerge from the rosettes in January and scapes appear between January

and February, soon being tipped by small inflorescence buds. Scape growth takes

place rapidly and maximum height is reached in April. Reproduction can start in the

early stages of plant development, as seen for flowering plants with basal leaf length of

1.6 cm. However, the mean number of inflorescences per ramet (0.6 ± 0.2; 3.8 ± 0.7

and 5.7 ± 0.6 for plants in size classes 1, 2 and 3, respectively) and mean scape

length (16.2 ± 0.7 cm; 27.6 ± 1.2 cm and 33.7 ± 1.4 cm for plants in size classes 1, 2

and 3, respectively) are closely related to plant size. Scapes remain attached to

spathes all over the year, but progressive losses occur either by herbivory, in the early

months of February and March or by breakage and termite attack after scapes dry out,

from April on. Scapes from the last flowering season, still attached to the mother

rosettes, denote the plant’s polycarpy.

Both scape and spathe color changed markedly from green (January through April) to

yellow-green (March through May) to orange yellow (mostly April and May) and finally

to brown, which begins in May and predominates from June on (Figure 6). Scape color

probably denotes physiological processes such as photosynthesis, sap flow and seed

formation, during the green to yellow-green phase, as well as their termination after

drying out, in the brown phase.

0%

20%

40%

60%

80%

100%

Feb

Mar

Apr

May Ju

n

Jul

Aug

Sep Oct

% S

cape

col

or d

omin

ance

BrownYellowYellow-GreenGreen

Figure 6. Average percentage scape color dominance in S. elegantulus genets

between February 2000 and October 2000.

Page 63: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 2

63

Anthesis takes place in March and inflorescence buds which have not opened until

April remain closed throughout the year. The average proportion of unopened

inflorescence buds for plants in size class 1 is ca. 22 %, about twice that of plants in

size classes 2 and 3 (12 % and 10 %, respectively), suggesting that early reproduction

entails high costs through reduced fecundity. In the field we observed a year-round

circadian rhythm of anthesis, driven by the hygroscopic functioning of the capitulum

involucral bracts (Hensold, 1988; Parra, 2000). The capitula bracts open and expose

the flowers at warm morning hours, as dew clouds dissipate (usually around 08:30 h

and 09:00 h) and close as the air moisture increases, after sunset. The closing of the

bracts also occurred whenever it rained.

Pollen production takes place from late March through mid-April and insect visiting to

inflorescences took place throughout this period, when visitors seemed to display

active search for pollen and nectar. The most common insect visitors to inflorescences

were the stingless bees Tetragonisca angustula, Dialictus sp., Plebeia droriana,

Trigona spinipes, Paratrigona lineata and Augoclirini sp., being T. angustula and

Dialictus sp, the most abundant. Coleoptera: Cantharidae, Diptera: Syrphidae,

Bombyliidae (several morph taxa in both), Thysanoptera and Hymenoptera:

Formicidae were also frequent visitors. Visit intensity and visitor morph-taxon variety

were higher between the 09:30 (shortly after the daily anthesis of inflorescences and

anthers) to 14:00, showing sharp decline afterwards. To us, the inflorescences did not

seem to exhale any particular odor during this period. Among visitors, bees seemed to

collect nectar and pollen and the other groups mostly nectar. Pollen of S. elegantulus

was found attached to the body of T. angustula, Dialictus sp and Cantharidae

exemplars.

Fluorescent particles dispersed by insects (ants excluded) were detected in 65

capitula, reaching predominantly those with dominance of pistillate flowers (X2 = 51.13;

p = 0.0001, as of March, 24th 2001). The most frequent flower parts reached were

sepals (28.7%), petals (26.2%), anthers (17.1%), trichomes (15.2%) and pistils

(12.8%). Insects seem to play a key role as pollinators, since isolated bagged capitula,

despite not precluding the possibility of agamospermy or wind pollination, produced far

less positive results for seed formation (Exact Fisher p = 0.0005) and far less seeds

per capitulum (0.103 ± 0.06, N = 29) than control ones (23.86 ± 2.96, N = 35). Seed

formation in capitula of whole bagged plants was incipient and did not differ from that

Page 64: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 2

64

of individually isolated ones (1.5 ± 0.58; Exact Fisher, p = 0.156, N = 24), indicating the

possible existence of avoidance mechanisms for geitonogamy.

Seed counts per capitulum reached maximum values in April and May (64.2 ± 6.8 and

71.3 ± 4.4, respectively), when scapes are predominantly in the yellow-green to yellow

collor phase. A sharp decrease in the seed count takes place afterwards, with near

zero values reached in October (Figure 7). Therefore, seed dispersion takes place

mostly during the dry season, along the brown phase of the scapes collor, confirming

the fact that traditional inflorescence harvesting in March and April may strongly impact

the population seed pool and hence recruitment from seeds. In the field we observed

that capitula are whiter right after anthesis (a trait valued in the star-flower market) and

become dust-stained already in late April.

Recruitment from seeds occurred all over at the early to mid-rainy season. The

sprouting and vegetative growth of plantlets inside the capitulum occurred in 11 of the

marked plants. Sprouts appeared between April and May but, in all cases, the plantlets

died soon after producing the first leaves, while still attached to the capitula, in the late

dry season (August - September).

Ave

rage

num

ber

of s

eeds

per

ca

pitu

lum

-10

10

30

50

70

90

110

Mar Apr May Jun Jul Aug Sep Oct

Figure 7. Average number of seeds (mean ± sd) per capitulum in S. elegantulus

genets with basal leaf length of 3 - 4 cm from March to October 2000.

Page 65: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 2

65

DISCUSSION

The observed phenological patterns were similar to those described by Scatena et al.

(1997), for S. elegantulus at the southern Espinhaço Range. Most monitored plant

variables showed marked seasonal variation, in close association with the hydrological

cycle. In regard to plant growth, S. elegantulus showed distinct dynamics at the ramet

and genet levels. Ramet growth was restricted to the rainy period and ramet size was

strongly affected by leaf loss along most of the dry season. At the genet level,

however, and in particular for larger plants, a net increase in ramet numbers occurred

until mid to late dry season, indicating that genet growth is probably pushed through

deployment of stored energy reserves. In fact, starch reserves occur in the rhizome of

S. elegantulus and in several other Eriocaulaceae (Castro, 1986; Scatena, 1990;

Scatena & Rocha, 1995; Scatena et al., 1997).

As regards growth, ramets are potentially independent functional units, presenting

determinate growth due to biomechanical and physiological constraints (Niklas, 1994).

Genets, on the other hand, may grow indefinitely by adding functionally independent

units, as seem to be the case of S. elegantulus, whose net yearly gains in genet size

occur rather slowly. The expected maximum theoretical values for both ramet and

genet size should, however, be a subject of further research, preferably involving

larger samples and distinct hydrological cycles.

Larger plants also seem to be far more able to dampen the harsh conditions of intense

solar radiation and low surface soil water availability along the dry season, as

illustrated by the smooth annual variation of the genets % green leaves, as opposed to

the U-shaped pattern of this metric displayed by smaller plants. Plant mortality

occurred almost exclusively among smaller, one rosette plants (94%), as also

observed by Scatena et al. (1997) and both plant mortality and ramet losses were

most frequent at the peak dry season.

According to Scatena et al. (1997) the S. elegantulus traits of rosette architecture, leaf

pubescence and rhizome starch reserves are common convergent adaptations to

extreme environments such as alpine areas and are displayed by plant communities of

rupestrian fields as well. Plant hairs may contribute to light reflection and heat

dissipation, as well as minimize water loss by promoting the thickening of the

protective air boundary layer around the leaf surface (Meinzer et al., 1985; Niklas,

1994). S. elegantulus leaves are pilose (Parra, 2000), although a denser pilose leaf

Page 66: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 2

66

aspect was associated to the drier months, following the generalized glabrous, bright-

green leaf aspect observed at months of hight leaf turnover, at the early rainy season.

Shaded plants also displayed a glabrous leaf appearance, in contrast to those fully

exposed to sunlight.

Reproductive allocation, denoted by the number and size of the inflorescences

produced, is related to plant size, the larger S. elegantulus plants being able to higher

commitment of biomass to reproduction. Despite its early start, reproduction in S.

elegantulus entails high costs through reduced fecundity, as denoted by the high

frequency of unopened buds in smaller plants and, possibly, in reduced quality of

offspring (Bell, 1980; Stearns, 1992).

Evidence for entomophily in Eriocaulaceae was provided for the first time by Ramos et

al. (2005), in a detailed study on the floral biology of S. mucugensis and S. curralensis.

Until then, as emphasized by the authors, indications regarding pollination systems in

Eriocaulaceae had been based solely on morphological aspects and casual

observations, with positions manifested both towards anemophily and entomophily as

the principal system (Kral, 1966; Cronquist, 1981; Hensold, 1988; Faria 1994; Sano,

1996, Rosa and Scatena, 2003). Syngonanthus elegantulus, like S. mucugensis and

S. curralensis, has small flowers of separate sexes, placement of anthers and stigmas

above the perianth, small and plentiful pollen grains and, apparently, a large number of

staminate flowers in relation to pistillate flowers, common characteristics of both

anemophily and unspecialized, polyphyllous entomophily (Ramos et al., 2005). Even

though anemophily could not be ruled out for S. elegantulus, the results of the bagging

experiment showed much higher fertilization success through open pollination,

indicating xenogamy as the principal mating system. Furthermore, the behavior and

visiting schedule of insect visitors suggests that insects play a key role as pollinators

for S. elegantulus as well. Indeed, the visiting insect fauna was qualitatively similar to

that reported by Ramos et al. (2005) for S. mucugensis and S. curralensis.

Although not yet reported in S. elegantulus, the occurrence of sprouting and vegetative

growth of complete plantlets with leaves, stem and adventitious roots from

inflorescences occurs in Eriocaulaceae, being particularly common in the genus

Leiothrix (Monteiro-Scanavacca et al. 1976) with sporadic occurrence in other genus

(Giulietti, 1997). Monteiro-Scanavacca & Mazoni (1976) state that such vegetative

growth results from modifications in the inflorescence apical meristem and raise the

possibility that such event may potentially occur in inflorescences of species which

Page 67: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 2

67

typically do not produce sprouts. In S. elegantulus this is a low frequency event and, in

and in all observed cases, the plantlets died while still attached to capitula, after

producing the first leaves.

Syngonanthus elegantulus seeds are small, in average measuring 0.36 mm and with a

dry mass of 10-3 g. (Oliveira & Garcia, 2005). Ramos et al. (2005) regard the seed

dispersion of S. mucugensis and S. curralensis as anemochoric and/or barochoric.

Based on field observations, we believe that for S. elegantulus seeds the hydrochoric

dispersion should also be considered. During the rainy season abundant water

percolates through the quartz arenite formations, carrying down large amounts of sand

and organic particles that accumulate in the soaked sandy mountain pediments, where

S. elegantulus develop. Most seeds contained in the capitula are dispersed after the

traditional inflorescence harvesting time, during the orange yellow through brown

scape color phase, between late-April and August. Better market prices attained by

whiter, freshly open inflorescences and resource competition among collectors are

compelling drivers of early inflorescence harvesting. In that stage as well, when

scapes are predominantly in the green to yellow-green phase, harvesting is facilitated

for scapes are easily plucked out from spathes. Oliveira (2003) found maximum

germination rates of 36.5% for S. elegantulus seeds and germination experiments after

simulating storage in seed banks produced similar estimates. Thus, the indiscriminate

harvesting of inflorescences is likely to contribute to the depletion of the population’s

seed pool and seed bank formation and, thereafter, recruitment from seeds. Since the

initial developmental stages of S. elegantulus are particularly susceptible to death

under harsh dry season conditions, as reported by Scatena et al. (1997) and this

study, a depleted recruitment may contribute to population senescence and decline in

the middle-to-long term. The use of fire, a common management practice in the region,

performed with the aims to stimulate inflorescence production (Instituto Terra Brasilis,

1999), is also likely to aggravate the mortality of young individuals (Whelan, 1995;

Hoffmann, 1998; Bond & Keeley, 2005). A rational management strategy for S.

elegantulus should, therefore, seek to combine the correct timing and

intensity/frequency of management actions such as inflorescence collection and the

use of fire.

Page 68: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 2

68

Acknowledgements

This study was funded by the Instituto Terra Brasilis and WWF Brazil and supported by

the Ecology, Conservation and Wildlife Management Program at the Federal

University of Minas Gerais and the Instituto Estadual de Florestas – IEF/MG. The

Brazilian CNPq (National Council for Science and Technology Development)

conceded a researcher scholarship 1B to R. P. Martins and a Graduate scholarship to

L.C. Bede. We thank the Rio Preto State Park Director, Antônio Augusto Tonhão de

Almeida and his staff for all their kind support to the field activities. Dr. Geraldo Wilson

Fernandes kindly provided the laboratory facilities at the Dept. Biologia Geral of the

Universidade Federal de Minas Gerais.

Page 69: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 2

69

REFERENCES

Bell G. 1980. The costs of reproduction and their consequences. American Naturalist 116: 45-76.

Bond WJ, Keeley JE. 2005. Fire as a global ‘herbivore’: the ecology and evolution of flammable ecosystems. Trends in Ecology and Evolution 20 (7):387-394

Castro NM. 1986. Estudos morfológicos dos órgãos vegetativos de espécies de Paepalanthus Kunth (Eriocaulaceae) da Serra do Cipó (Minas Gerais). Dissertation, Instituto de Biociências, Universidade de São Paulo, SP

Faria GM. 1994. A flora e a fauna apícola de um ecossistema de campo rupestre, Serra do Cipó, MG. Brasil: composição, fenologia e suas interações. Thesis. Rio Claro, Univ. Est. Paulista – UNESP.

Galvão MV, Nimer E. 1965. Clima. In: Geografia do Brasil – Grande região Leste. IBGE, Rio de Janeiro. 5:91-139

Giulietti AM, Wanderley MGL, Longhi-Wagner HM, Pirani JR, Parra LR. 1996. Estudos em sempre-vivas: taxonomia com ênfase nas espécies de Minas Gerais, Brasil. Acta bot. Bras. 10 (2):329-377.

Giulietti N, Giulietti A, Pirani JR, Menezes NL. 1988. Estudos em sempre-vivas: importância econômica do extrativismo em Minas Gerais, Brasil. Acta bot. Bras. 1(2):179-193.

Hensold N. 1988. Morphology and systematics of Paepalanthus subgenus Xeractis (Eriocaulaceae). Systematic Botany Monographs 23. Michigan, The American Society of Plants Taxonomists.

Hoffmann WA. 1998. Post-burn reproduction of woody plants in a neotropical savanna: the relative importance of sexual and vegetative reproduction. Journal of Applied Ecology 35: 422-433.

Instituto Terra Brasilis de Desenvolvimento Socioambiental – ITB / Centro Cape / SEBRAE / Mãos de Minas. 1999. Projeto Sempre-Viva: Perspectivas de seu Uso Sustentado. ITB, Belo Horizonte. Unpublished report

Köppen W. 1931. Climatologia. Fondo de Cultura Economica. Buenos Aires

Kral R. 1966. Eriocaulaceae of the continental North America north of Mexico. Sida 4: 285–332.

Meinzer FC, Goldstein GH, Rundel PW. 1985. Morphological changes along an altitude gradient and their consequences for an Andean giant rosette plant. Oecologia 65:278-283

Mendonça MP, Lins LV. 2000. (Org.) Lista vermelha das espécies ameaçadas de extinção da flora de Minas Gerais. Fundação Biodiversitas, Fundação Zoo-Botânica de Belo Horizonte. 157 p.

Monteiro-Scanavacca W, Mazzoni SC, Giulietti AM. 1976. Reprodução vegetativa a partir da inflorescência em Eriocaulaceae. Bol Bot Univ S Paulo 4:61-72

Monteiro-Scanavacca WR & Mazzoni SC. 1976. Aspectos morfológicos em ápices de inflorescências de Eriocaulaceae. Bol. Botânica Univ. S. Paulo 4: 23-30.

Page 70: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 2

70

Niklas KJ. 1994. Plant Allometry: The scaling of fomr and process. The University of Chicago Press, Chicago. 395p.

Oliveira PG. 2003. Germinação potencial para formação de banco de sementes de três espécies de Syngonanthus (Eriocaulaceae). Dissertation. Instituto de Ciências Biológicas, UFMG. Belo Horizonte, MG, 38 p.

Oliveira PG, Garcia QS. 2005. Efeitos da luz e da temperatura na germinação de sementes de Syngonanthus elegantulus Ruhland, S. elegans (Bong.) Ruhland e S. venustus Silveira (Eriocaulaceae). Acta bot. bras. 19(3): 639-645. 2005

Parra LR. 2000. Redelimitação e revisão de Syngonanthus Sect Eulepis (Bong. Ex Koern.) Ruhland – Eriocaulaceae. Thesis. Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo.

Ramos COC, Borba EL, Funch, LS. 2005. Pollination in Brazilian Syngonanthus (Eriocaulaceae) Species: Evidence for Entomophily Instead of Anemophily. Annals of Botany 2005 96(3):387-397.

Rosa MM, Scatena VL. 2003. Floral anatomy of Eriocaulon elichrysoides and Syngonanthus caulescens (Eriocaulaceae). Flora 198: 188–199.

Sano PT. 1996. Fenologia de Paepalanthus hilairei Koern., P. polyanthus (BONG.) Kunth e P. robustus Silveira: Paepalanthus sect. Actinocephalus Koern. – Eriocaulaceae. Acta Bot Bras 10:317-328

Saturnino HM, Saturnino MAC, Brandão M. 1977. Algumas considerações sobre exportação e importação de plantas ornamentais em Minas Gerais In: Abstracts of the XIII Congresso Nacional de Botânica, Belo Horizonte.

Scatena VL. 1990. Morfoanatomia de espécies de Syngonanthus Ruhl. (Eriocaulaceae) dos campos rupestres do Brasil. Thesis. Instituto de Biociências, Universidade de São Paulo, SP

Scatena VL, Lima AAA, Lemos Filho JP. 1997. Aspectos fenológicos de Syngonanthus elegans (Bong.) Ruhl. (Eriocaulaceae) da Serra do Cipó – MG, Brasil. Arq Biol Tecnol 40:153-167

Scatena VL, Menezes NL. 1995. Aspectos morfológicos e anatômicos do caule em espécies de Syngonanthus Ruhl. Eriocaulaceae. Bol Botânica Univ S Paulo 14:91-107

Stearns SC. 1992. The evlution of life histories. New York, NY, USA: Oxford University Press.

Thornthwaite CW, Mather JR. 1955. The water balance. Publications in Climatology. New Jersey: Drexel Institute of Technology, 104p

Walford LA. 1946. A new graphic method for describing the growth of animals. Biological Bulletin 90:141-147

Whelan RJ. 1995. The ecology of fire. Cambridge University Press, New York, USA.

Page 71: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

71

CAPÍTULO 3: Alometria de Syngonanthus elegantulus

Page 72: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 3

72

Allometry of size, biomass allocation and growth of the clonal perennial

herb Syngonanthus elegantulus Ruhl. (Eriocaulaceae)

Lúcio Cadaval BEDÊ1*

Emílio SUYAMA2

Rogério Parentoni MARTINS1

1Departamento de Biologia Geral, Instituto de Ciências Biológicas,

Universidade Federal de Minas Gerais. Av. Antônio Carlos 6627, Belo

Horizonte – MG, Brazil;

2 Departamento de Estatística, Instituto de Ciências Exatas, Universidade

Federal de Minas Gerais. Av. Antônio Carlos 6627, Belo Horizonte – MG,

Brazil.

Running title : Allometry of size, biomass and growth in the clonal herb

Syngonanthus elegantulus

*Corresponding author: Lúcio C. Bedê

Rua Apucarana 653/102

31.310-520 - Belo Horizonte, MG, Brasil

Fone:55.31.32613889 - FAX:

e-mail [email protected]

Page 73: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 3

73

ABSTRACT

Background and Aims Scalar relations regarding size, shape, biomass allocation and

growth were studied for Syngonanthuselegantulus (Eriocaulaceae) a perennial clonal

herb whose inflorescences are of economic importance.

Methods Plant size was assessed both at the ramet and genet levels, by counting the

number of ramets in the genet and by measuring the genet’s basal leaf length. We

obtained data on the dry mass of plant parts, aerial plant shape and growth of both

genets and ramets from tagged plants between 1999 and 2000. The ramet growth

curve was obtained using the Richards equation and genet growth was assessed

using Ford-Walford plots. Allometric relations were assessed using Reduced Major

Axis regression. The average reproduction threshold size (RTS) was assessed

through binary logistic regression of flowering data x ramet size.

Key Results Syngonanthus elegantulus ramets have determined growth, with

asymptote size of 6.4 cm, while genet growth is indetermined. Reproduction can start

early (rosette size of 1 cm) and RTS occurs at rosettes with 2.6 cm. The reproductive

mass scales isometrically with the plant’s total vegetative mass and with leaf mass but

anisometrically with the rhizome mass, which increases disproportionately with plant

size. The aerial shape of S. elegantulus genets is roughly hemispheric, but this shape

is lost as the number of ramets increase.

Conclusions S. elegantulus are long lived herbs and its ramets are potentially

independent functional units. Allocation to reproductive structures and plant fertility are

related to plant size, the larger plants being able to higher commitment to reproduction

and higher fertility. At the genet level, S. elegantulus plants allocate relatively more

biomass to rhizomes than to leaves as plants grow larger, possibly indicating their role

as energy storage organs. The roughly hemispheric aerial shape of S. elegantulus

genets is hypothesized to have significance as regards water economy.

Key words: scalar relations, starflower, size-related reproductive allocation and fertility

Page 74: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 3

74

INTRODUCTION

Scalar relations between biometric variables can be quite revealing of a species

natural history, providing subsidies to the investigation of adaptive strategies regarding

energy allocation tradeoffs to life history functions such as survival, growth and

reproduction. For poorly studied species of economic importance, as is the case of

most plants targeted by extractive management of non-timber forest products, the

analysis of scalar relations is an important exploratory tool for the grounding of

adequate management practices, aiming production optimization and species

conservation.

Along the Espinhaço Range, an over 1,000 km stretch of mountains 900-1500 m high,

50-100 km wide crossing part of the eastern Brazilian states of Minas Gerais and

Bahia, the extractive management of Eriocaulaceae inflorescences, in particular of

Syngonanthus genus sect. Eulepis, attains expressive economic importance as a

decorative produce and is a significant seasonal source of revenue for a large number

of low income families (Giulietti at al., 1988; Instituto Terra Brasilis, 1999). However,

overharvesting is considered to be one of the main drivers of extinction threat to many

of these species (Saturnino et al., 1977; Giulietti at al., 1988; Instituto Terra Brasilis,

1999, Mendonça and Lins, 2000).

The occurrence of Syngonanthus species of the section Eulepis is associated to

patches of well drained, sandy to rocky soils in “campo rupestre” vegetation (also

termed altitudinal rocky fields), which are usually nutrient poor, shallow, acidic and

aluminum saturated (Parra, 2000; Giulietti and Pirani, 1997; Instituto Terra Brasilis,

1999). Plants of Syngonanthus species are small monoecious, polycarpic plants with

modular structure, with erect to horizontal rhizomes that may bear several rosettes

from their ramifications. Therefore, measures of size, growth and biomass allocation to

plant organs can be assessed both at the ramet and genet levels. Being each module

a potentially independent functional unit, their genets are expected to grow in a

indeterminate fashion. In theory, at least, clonal growth could defy senescence through

vegetative reproduction and increased fertility by the addition of new modules.

Ramets, on the other hand, are expected to present determinate growth and

determinate size-related fertility and biomass ratios.

This study aimed to explore scalar relations in S. elegantulus Ruhl. (Eriocaulaceae),

with emphasis to aspects related to size, shape, growth and reproduction, as a subsidy

Page 75: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 3

75

for the establishment of sustainable extractive management practices and cultivation

of starflowers. For instance, S. elegantulus occupies the same habitat type and is

morphologically similar to S. elegans (Bong.) Ruhl. - one of the most valued species in

the national starflower market and as an export product (Parra, 2000). Just as well, it is

targeted to inflorescence extraction, although being of lesser economic value than the

latter, due to its shorter scapes and smaller capitula. Therefore, we consider S.

elegantulus a good surrogate for other starflower species of commercial importance

with similar habitat requirements. To our knowledge, this is the first exploratory study

addressing scalar relations regarding growth and biomass allocation in Syngonanthus

species.

Study site

The study was developed at the Lapa creek region (S-18o05’26,3’’; W-43o 20’29,9’’)

within the Rio Preto State Park, at the municipality of São Gonçalo do Rio Preto, Minas

Gerais State, southeastern Brazil. The Park’s dominant vegetation features are those

of the Brazilian savanna, with altitudes ranging from 850 m to 1826 m. The higher

elevations are dominated by “campo rupestre” vegetation associated to quartz arenite

formations, where the soils are generally sandy, shallow, acidic and nutrient poor

(Giulietti and Pirani, 1997). The Lapa creek region is a 4 ha sand plateau 900 m above

sea level at the foot of quatzite scarpments that hosts one of the largest populations of

S. elegantulus in the Park area. At the time the study was developed, the site was

assured to have been protected from fires and inflorescence collection for the last five

years. According to Galvão and Nimer (1965), the local climate is classified as

Köppen’s Cwb (Köppen, 1931), mesothermal with mild summer, with a of three-to-four

months dry period in winter and a seven-to-eight months summer raining season.

Temperatures vary between 17.4oC and 19.8oC and the average annual rainfall is

1500 mm.

MATERIAL & METHODS

Since S. elegantulus plants form well defined clusters of ramets roughly resembling an

hemisphere, aerial plant shape was approximated from measures of genet height Gh

(measured vertically as the maximum leaf length above the ground) and genet radius

Gr (the diametrical horizontal projection of the genet’s leaves). Measures of 405 plants,

Page 76: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 3

76

obtained by Instituto Terra Brasilis (1999) at the Lapa creek region in May 1998 were

used to assess scalar relations for size and shape of S. elegantulus.

Plant size was assessed both at the ramet and genet levels, by counting the number of

ramets NR in the genet and by measuring the basal leaf length Rl of the genet’s

largest rosette. Plant biomass measures were obtained from 125 plants of different

sizes (spanning 1 to 11 rosettes) collected in August 2000. The entire genets were

carefully extracted, dusted off and oven-dried to a constant weight at 60° C. Plant parts

were then separated as roots, leaves and reproductive structures (spathes, scapes

and capitula) and weighted to the nearest 0.0001 mg using precision scales. Dry

leaves accumulated at the base of the rosette were removed prior to weighting, as to

avoid in dry mass measurement bias.

Reduced major axis (Model Type II) regression was used to test for allometric relations

between measurements of size for the whole plant or between its parts (geometric

similitude of linear dimensions; biomass allocated to plant organs) across a range of

genet sizes. Model II regression is recommended when functional rather than

predictive relationships are sought among variables that are biologically

interdependent and subject to unknown measurement error (Sokal and Rohlf, 1981;

Niklas, 1994): log y2 = log βRMA + αRMA log y1, where y2 and y1 are interdependent

variables; αRMA = αLS / r, where αLS and r are the slope and correlation coefficient

determined from ordinary least squares (Model Type I) regression, and log βRMA = log

( Y 2) − αRMA log ( Y 1), where (Y ) denotes the mean of variable y. The 95%

confidence intervals for βRMA values are computed based on the corresponding 95%

confidence intervals of αRMA (Sokal and Rohlf, 1981). For the relation between log

transformed variables measured in the same units, isometry (the ratio of y2 to y1 is

constant to each increment of y2) is indicated where the slope equals unity (α = 1)

(Niklas, 1994). For a simple linear scaling relation, an isometric relation is indicated

when the value of βRMA equals zero, provided the units of y2 and y1 are identical. RMA

regressions were performed using the software PAST (Hammer et al., 2001).

The average reproduction threshold size (RTS), or the size at which a plant has a 50%

probability of flowering was assessed through binary logistic regression of flowering

data as a function of ramet size (0.1 cm intervals), taken from 2296 plants at the Lapa

creek region in April / May 1999. Flowering probabilities (p) were obtained according to

the model:

Page 77: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 3

77

Xppp βα +=−= )ˆ1/ˆln()ˆ(logit

Parameters α and β of the fitted logistic curve determine the ordinate intercept and the

slope of the curve, respectively, and can be related to RTS (Wesselingh et al., 1993)

as:

X

X

e

ey βα

βα

+

+

+=

Plant growth for both ramet and genet size was assessed through cross sectional data

from 405 plants of different sizes, marked with aluminium tags in April 1999 and

measured again in April 2000. The ramet growth curve was obtained using the

Richards equation (Richards, 1959), assuming that the size of newborn plants = 0:

[ ] λ1

1 ktt exx −

∞ −=

where: Xt is the ramet size at time t, X∞ is the asymptotic size. The relationship

between plant sizes at two successive moments is given by:

( ) λλλ11 −

−− +−=∞ t

kk xeexxt

defining the simple linear regression equation for the transformed parameters as:

λλ βα 1−+= txxt

the regression coefficients are:

( )k

k

e

ex−

−∞

=

−=

βα λ 1

and the asymptote can be obtained using:

βαλ

−=∞ 1

x

From the approximation in a Taylor series for the ratio between two random variables

X and Y, around the ratio of their mean:

( ) ( )YY

XX

XY

X YXY

X µµµµ

µµµ −−−+≅

2

1

Page 78: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 3

78

one can obtain its approximate variance as:

( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

−+

=−+≅

YY

XYXY

X

Y

X

Y

X

Y

YXCovYVarXVarYXCovYVar

XVar

Y

XVar

µµµµµµ

µµ

µµ

µ,

2,222

2

34

2

2

Therefore, the variance of the transformed asymptote estimator for plant height was

obtained by:

( ) ( ) ( )( )

( )( )

−+

−+

−≅∞ βα

βαββ

αα

βαλ

ˆ1ˆ

ˆ,ˆ2

ˆ1

ˆ

ˆ

ˆˆ1

ˆˆ

22

2CovVarVar

xVar

Genet growh pattern was assessed using the Ford-Walford plot (Walford, 1946) of the

relation between number of ramets (NR) at age NR(t+1) against NRt, with t values

corresponding to the one year study period (1999 – 2000) and testing for isometric

growth through simple linear RMA regression analysis.

RESULTS

Size and shape

Despite the wide variation in genet size at the Lapa creek region (maximum rosette

size of 6.5 cm and maximum genet size of 13 rosettes), S. elegantulus showed rather

similar dimensions for genet height Gh and genet radius Gr along its development,

being Gr ≈ 1/2 Gh (in the population, Gh = 2.98 ± 0.05; Gr = 2.72 ± 0.06; N = 405), such

that overall aerial plant shape is roughly approximate to that of an hemisphere. It

seems therefore that, along S. elegantulus development, the genet accommodates the

growth dynamics of its ramets in a hemisphere-like fashion. One reasonable inference

from this shape analogy refers to the ontogeny of the plant’s surface area to volume

ratio S:V. Being the hemisphere surface area given by 2π r2 and its volume by ⅔ π r 3,

its S:V ratio relates to the genet radius as 3/Gr. Therefore, small S. elegantulus plants

have a far greater surface area per volume unit than their larger counterparts.

However, the relation between Gr and Gh is not isometric along the plant development,

as made clear by the value of αRMA significantly different from unity, obtained through

reduced major axis regression: Gh = 1.448. Gr 0.737 (SE αRMA = 0.02, CI 95% αRMA =

0.698; r2 = 0,704, n = 405, FLS = 757.64, p = 0.000). This fact may result from size

dependent variations in either the geometry or shape of the genet along the plant

Page 79: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 3

79

development (Niklas, 1994), as a result of plastic architectural arrangements that

multiple rosette genets may assume. In fact, the genet radius elongates throughout

genet growth, while altering its height little (figure 1). Overall genet aerial shape thus

tends to flatten out, configuring a rather oblate hemisphere in larger genets, probably

due to the disproportional widening of its circumference base as new ramets are

produced and/or eventually, due to the loss of older, central ramets.

-0.4

-0.2

0

0.2

0.4

0.6

0.8

1

-0.4 -0.2 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1

Log(G r )

Log(

Gh

)

Figure 1. RMA regression plot of log10-transformed data for S. elegantulus genet basal

radius (Gr) x genet height (Gh). The dotted diagonal line represents the slope (equal to

one) of an isometric relationship.

Growth

Using the Richards growth model (Richards, 1959) for determining the growth curve

for ramets of S. elegantulus we obtained:

[ ] 847.11

695.0154.6 tLtR −=

Since λ > 1, the resulting curve shape is not sigmoidal. As of 1999-2000 based growth

estimates, S. elegantulus at the Lapa creek region are long-lived plants, tending to the

basal leaf length asymptotic size (RL∞) of 6.54 cm ± 0.81 at about 14 years of age

(figure 2). Genet growth, on the other hand, is indetermined. From the Ford-Walford

plot of a simple linear RMA regression analysis for the number of ramets (NR) of

Page 80: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 3

80

marked individuals between 1999 and 2000, we found NR2000 = 0.0484 +

1.1457.NR1999 (SE b = 0.0484, r2 = 0.898, n = 393, F = 3447.0, p = 0.000), CI 95% for

b = -0.034; 0.0131, therefore b does not differ from zero. That is, the ratio of NR1999 to

NR2000 is constant for each increment of NR1999. Genet growth pattern therefore

conditions the increase in NR at a rate proportional to the size already attained, as

described by the exponential function: NR = NR0ert, where NR0 = 1 (initial genet size of

one rosette), e is the base of natural logarithms and r is the relative rate of increase.

Applying this function to a range of expected genet sizes passed one year interval (as

of the NR2000 x NR1999 Ford-Walford plot) we obtained: NR = e0.148t (figure 2).

0123456789

10

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18

Time (years)

Siz

e

Ramet (cm)

Genet (NR)

Figure 2. Growth curves for ramets (Richards model) and genets (number of ramets,

NR, exponential function) of S. elegantulus at the Lapa creek region, based on growth

rates of marked individuals between April 1999 and April 2000.

Size at first reproduction and Reproduction Thresho ld size

In S. elegantulus plants of the Lapa creek region, reproduction can start at early

stages of the plant development, as shown by plantlets with basal leaf length of 1 cm.

According to the ramet growth model above, this corresponds to approximately 6

months of age. The logistic curve fit for the relation between rosette size and flowering

probability for S. elegantulus is shown in figure 3. The plants attain average

reproduction threshold size (RTS) at the rosette size (RL) of 2.6 cm, (model constant =

Page 81: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 3

81

-2.345, coefficient = 0.903; X2 = 517.788; df = 1; p = 0.0000, N = 2296). According to

the ramet growth curve obtained, RTS in the studied population takes place at the

approximate age of 1.7 year.

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1

0 1 2 3 4 5 6 7 8

R L (cm)

Flo

wer

ing

prob

abili

ty

RTS = 2.6 cm

Figure 3. Logistic model fit for flowering probabilities as a function of ramet size (RL) in

S. elegantulus. RTS = reproduction threshold size, or the ramet size at which plants

have 50% probability of flowering.

Biomass allocations

At the ramet level, the average biomass allocated to reproduction MP (dry mass of

scapes + scape sleeves + inflorescences), rhizomes MR and leaves ML increases

exponentially with rosette size RL (table 1, figure 4). Smaller ramets have little rhizome

mass, as opposed to biomass allocated to leaves and to reproductive organs. For

instance, at the early size of RL = 1,8 cm, the rhizome takes only 11.25% of total plant

dry weight, nearly a sixth of the corresponding leaf biomass (ML = 63% of total dry

weight) and less than half the weight of the plant’s reproductive output (MP = 25.77%

of total plant weight). At about the size at first reproduction (RL = 2.6 cm) MR = 18,3%,

MP = 27.24% and ML = 54.5% of total dry weight, respectively. Along the rosette

development, however, the proportion of the total biomass allocated to rhizomes

increases steadily, outweighing the reproductive biomass after reaching basal leaf

length RL = 3.9 cm, and then outweighing leaf biomass after RL = 5.7 cm (figure 4). As

Page 82: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 3

82

RL increases, so does the size of individual reproductive organs, as denoted by the

mean individual inflorescence mass Minfl, the scape length S and the genet’s larger

callix diameter Cd (shaped by the capitulum involucral bracts. Table 1). Hence, fertility

increases with ramet size, as evinced by the increase in mean seed number per

inflorescence, as the callix diameter grows larger (Figure 5).

Table 1. Linear RMA regression outputs for scalar relations related to rosette basal

leaf length (RL) in S. elegantulus of the Lapa creek region.

Equation r² N FLS SE aRMA IC 95% aRMA

MR = 0.0000036. RL 6.23 0.767 125 404.69 0.287 5.682; 6.817

MP = 0.00017. RL 5.06 0.734 125 338.64 0.219 4.671; 5.524

ML = 0.00056. RL 4.51 0.806 125 509.62 0.178 4.143; 4.891

Minfl = 0.0017. RL 2.061 0.286 578 229.76 0.073 1.878; 2.232

S = 6.109. RL 1.18 0.477 1336 1216.9 0.013 0.742; 0.829

Cd = 1.33. RL 0.764 0.641 114 199.77 0.043 0.68; 0.856

MR = rhizome mass; MP = reproductive mass; ML = leaf mass; Minfl = mean individual

inflorescence mass; S = scape length; Cd = callix diameter. All p values < 0.0001.

At the genet level, the differential allocation of biomass between rhizome and leaves

along the plant development is revealed by the anisometric RMA regression between

MR and ML (ML = 0.917. MR 0.725, SE αRMA = 0.028, IC 95% for αRMA = 0.669; 0.785, r2 =

0.81, n = 125, FLS = 520.72, p = 0.000), with S. elegantulus plants allocating relatively

less biomass to leaves than to roots as plants grow larger (Figure 6). As regards

biomass allocation to reproduction, the relation between genet reproductive biomass

MP and genet vegetative biomass MV showed to be isometric (Figure 7): MP = 0.367.

MV 1.046 (SE αRMA = 0.035, IC 95% for αRMA = 0.985; 1.113, r2 = 0.862, n = 125, FLS =

768.68, p = 0.000). Therefore, the larger the genet, the larger the resulting

reproductive output made up by the sum of outputs from its independent modules.

Page 83: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 3

83

Figure 4. Curves for the expected average dry mass of reproductive parts (MP), leaves

(ML) and rhizomes (MR) along ramet development (RL) for S. elegantulus. Based on

dry mass measurements from August 2000. Model equations and details are given in

Table 1.

Figure 5. Average number of seeds per inflorescence in relation to callix diameter.

Data for the largest callix diameter found in inflorescences of 114 genets in May 2000

Closed squares = mean values ± se (boxes), ± sd (whiskers).

0

0.5

1

1.5

2

2.5

3

1.5 2.5 3.5 4.5 5.5 6.5 7.5

RL (cm)

MP

ML

MR

M P M L

M R

Callix diameter (mm)

Num

ber

of s

eeds

0

10

20

30

40

50

1 2 3 4 5

Dry

mas

s (g

)

Page 84: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 3

84

-3.5

-2.5

-1.5

-0.5

0.5

-3.5 -2.5 -1.5 -0.5 0.5

Log(M R )

Log(

ML

)

Figure 6. RMA regression plot of log10-transformed data for genet root mass (MR) x

genet leaf mass (ML) of S. elegantulus. The dotted diagonal line represents the slope

(equal to one) of an isometric relationship

-3

-2

-1

0

1

-3 -2 -1 0 1

Log(M V )

Log(

MP

)

Figure 7. RMA regression plot of log10-transformed data for genet vegetavive mass

(MV) x genet reproductive mass (MP) in S. elegantulus. The dotted diagonal line

represents the slope (equal to one) of an isometric relationship

Page 85: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 3

85

By exploring the relationship between the biomass allocated to both vegetative

components, rhizome MR and leaves ML and the resulting reproductive biomass MP,

we found that MP scales isometrically with ML as: MP = 0.740. ML1.122, with CI 95% for

aRMA = 1.051; 1.2, therefore αRMA does not differ from unity (SE αRMA = 0.04, r2 = 0.841,

n = 125, FLS = 652.49 p = 0.000). On the other hand, MP scales allometrically with MR :

MP = 0.671. MR0.813 (SE aRMA = 0.032, CI 95% for αRMA = 0.756; 0.876, r2 = 0.803, n =

125, FLS = 499.88, p = 0.000,), the reproductive output grows at a proportionally

smaller rate as the plant’s root mass increases (Figure 8), possibly due to the role of

the rhizome as an energy storage organ (Scatena et al., 1997).

-4

-3

-2

-1

0

1

-4 -3 -2 -1 0 1

Log dry mass (M R ; M L )

Log

(MP

)

Figure 8. RMA regression plot of log10-transformed data for the relationship between

root mass (MR) x reproductive mass (MP) (closed circles) and leaf mass (ML) x

reproductive mass (MP) (triangles). The dotted diagonal line represents the slope

(equal to one) of an isometric relationship

DISCUSSION

As expected from S. elegantulus clonal structure, the scalar relations regarding size

and biomass allocation to plant parts indicates that S. elegantulus ramets are

potentially independent functional units, presenting determinate growth and

Page 86: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 3

86

determinate size-related fertility and biomass ratios. As of 1999-2000 based estimates,

S. elegantulus at the Lapa creek region are long-lived plants, tending to the basal leaf

length asymptotic size of 6.54 cm at about 14 years of age. These estimates are, of

course, approximations from a vertical approach, therefore dependent on the influence

of environmental factors during/previous to the study period. In fact, the maximum

theoretical size of 6.54 is considerably lower than the actual maximum ramet size of

7.6 cm, found in the studied population (Bedê et al., in preparation). On the other

hand, genets may grow indefinitely by adding new ramets, as evinced by their

exponential growth pattern. S. elegantulus clonal growth fits Sebens (1987) definition

of “indeterminate growth type II – plastic exponential growth” found in modular

animals: since energy intake occurs at each module, as does metabolic cost, net gains

are proportional to the tissue mass of the entire colony, producing linear or exponential

growth.

There are great potential advantages for genets to grow larger, for size is an important

indicator of plant fitness. Large plants tend to have higher absolute fecundity and tend

to be better competitors than small plants (Bonser and Aarssen, 2003). In theory,

genets could defy senescence through vegetative reproduction and maximization of

the reproductive effort, since the plant’s inflorescence production can be greatly

increased by adding reproductive modules (Watkinson, 1992). In fact, in a study with

life table data of 65 perennial iteroparous species, Silvertown et al. (2001) found that

reproductive value increased with age in 77% (50/65) of species due to an increase in

size dependent fecundity. Clonal plants benefit from the flexibility of the modular

structure, which allows genets to overcome punctual adverse conditions through ramet

loss and growth reorientation (Harnett and Bazzaz, 1983; 1985). By its turn, ramets

may benefit from belonging to larger genets by taking advantage of resource flow

(such as photoassimilates, water and mineral nutrients) through physiological

integration from mother to daughter ramets, a trait of particular importance while under

unfavorable environmental conditions (Kun and Oborny, 2003).

However, factors such as resource density, spatial patchiness and temporal

fluctuations of resource availability are likely to influence the relative success and

evolution of distinct strategies regarding the endurance of ramet integration (Kun and

Oborny, 2003). Silvertown et al. (2001) hypothesized that the conditions for

senescence to evolve at the genet level depend upon the presence of physiological

integration among ramets. When a genet fragments, any trade-offs (e.g. from costs of

Page 87: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 3

87

reproduction) will tend to be confined within each fragment and, as a consequence,

ramets will senesce but the genet may not. Also, the maintenance of a network of long,

interconnecting, rhizomes may be energetically expensive and may allow pathogens to

spread among ramets (Harnett and Bazzaz, 1985). For indeterminate growth type II

organisms, Sebens (1987) adds that, despite continued growth throughout lifespan,

“shrinkage, partial mortality, and variable growth rates decouple size and age, and a

limit is invariably set by habitat boundaries, presence of spatial competitors, predation,

or other sources of mortality”. For instance, in the studied population, S. elegantulus

genets larger than three ramets were rather scarce (only 6.51% of the individuals had

four or more rosettes. Bedê et al., in prep.).

As pointed out by Begon et al. (1986), modular organisms may be composed of parts

passing through distinct phases – youth, middle age, senescence and death, all at the

same time. Syngonanthus elegantulus genets in fact show rosettes of different sizes

(size amplitudes between ramets typically range from 1 to 2 cm) and frequently display

rhizome scars or dying rosettes. From visual inspection, it is not possible to tell

whether all ramets in a S. elegantulus genet have intact, fully functional connections

and there is no easy way to differentiate genets of the same size that grew from seed

from those formed by natural cloning, out of larger genets. It is reasonable to suppose

that, the older the S. elegantulus genet, the higher the probability that the connections

between some of its ramets will eventually be lost. Most certainly, both processes help

to shape out the resulting genet size frequency distribution.

In the context of the present study, an important consideration refers to the possible

milder microclimate conditions attained by larger plants, through improved thermal

insulation and moisture retention. For S. elegantulus plants, the hemisphere-like shape

architecture may provide larger ramets and genets with better microclimatic buffering

(e.g. moisture retention and temperature insulation), provided by the decreasing

surface area in relation to the rosette volume. Besides, S. elegantulus plants have

hairy leaves (Parra, 2000), a trait that increases boundary layer thickness and

resistance to mass transfers (water loss) and that may contribute to heat dissipation

(Jones, 1992; Niklas, 1994). These are factors of likely relevance considering the

region’s prolonged dry season and the slim water storage capacity of the upper sandy

soil layer, where these plants develop. Thus, a few interesting questions remain to be

investigated, such as to whether genet expansion naturally implies the departure from

the hemispheric spatial arrangement (and microclimatic optima), triggering the re-

Page 88: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 3

88

shaping of the genet through fragmentation or, otherwise, whether that shape is

dependent on genet functional connectivity, or whether this is advantageous to the

point that the hemispheric shape is kept as a spatial arrangement option a by a

collectivity of ramets even after functional connections have been lost.

Reproduction in S. elegantulus can start at early phases of the plant development, as

seen in this study for plants with basal leaf length of only 1 cm, equivalent to

approximately 6 months of age. However, early reproduction entails high costs in S.

elegantulus through reduced fecundity, both due to its small callix area and reduced

seed bearing capacity and to incomplete development of the flowering structures. In a

phenological study at the Lapa Creek area, Bedê et al (in preparation) found that

plants with basal leaf length between 1-3 cm showed high frequency (up to 22%) of

flower buds that failed to reach anthesis. The plants attain average reproduction

threshold size at the rosette size of 2.6 cm, to be reached within approximately 20

months of development. Allocation to reproductive structures (as denoted by scape

length and inflorescence callix diameter) and, thence, plant fertility, is related to plant

size, the larger S. elegantulus plants being able to higher commitment of biomass to

reproduction. An isometric relation between reproductive mass MP and total vegetative

mass MV, was found for genet sizes ranging from 1 to 11 rosettes, reinforcing the

notion of potential independent fuctionality of S. elegantulus ramets. MP also scales

isometrically with total leaf mass ML but anisometrically with the rhizome mass MR,

which increases disproportionately with plant size.

At the genet level, S. elegantulus plants allocate relatively more biomass to rhizomes

than to leaves as plants grow larger. Root to leaf biomass ratios are thought to reflect

the balance of biomass allocation to the plant organ that is harvesting the resource

limiting growth, i.e., between carbon fixation by leaves and soil resource acquisition by

roots, known as balanced-growth hypothesis (Shipley and Meziane, 2002). The

increased input in root biomass as plants grow larger is coherent with the

hypothesized role played by rhizomes as energy storage organs in Syngonanthus

species, from findings of starch reserves within the rhizome (Scatena et al., 1997), in

face of the limitations imposed by the well-drained, acidic, nutrient-poor, aluminium-

saturated sandy soils where S. elegantulus grows. Further efforts should be directed to

investigating starflowers in regard to allometry of vegetative biomass partitioning

across environments with different supply rates of limiting soil resources, by testing for

significant allometric slopes and intercepts (Shipley and Meziane, 2002). Since

Page 89: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 3

89

cultivation constitutes an alternative to the extractive management of natural

populations of starflowers, in particular to red-listed species, proper soil management

practices could be used as a means to improve inflorescence production.

Acknowledgements

This study was funded by the Instituto Terra Brasilis and WWF Brazil and supported by

the The Brazilian CNPq (National Council for Science and Technology Development),

the Ecology, Conservation and Wildlife Management Program at the Federal

University of Minas Gerais and the Instituto Estadual de Florestas – IEF/MG. We thank

the Rio Preto State Park Director, Antônio Augusto Tonhão de Almeida and his staff

for all their kind support to the field activities. Dr. Geraldo Wilson Fernandes kindly

provided the laboratory facilities at the Dept. Biologia Geral at the Universidade

Federal de Minas Gerais.

Page 90: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 3

90

REFERENCES

Begon M, Harper JL and Townsend CR. 1986. Ecology: Individuals, Populations and Communities. Blackwell Sci. Publ., Oxford.

Bonser SP and Aarssen LW. 2003. Allometry and development in herbaceous plants: functional responses of meristem allocation to light and nutrient availability. American Journal of Botany 90(3): 404–412.

Enquist BJ and Niklas KJ. 2002. Global allocation rules for patterns of biomass partitioning across seed plants. Science, 295: 1517–1520.

Galvão MV and Nimer E. 1965. Clima in Geografia do Brasil – Grande região Leste. IBGE, Rio de Janeiro. 5(19):91-139.

Giulietti AM and Pirani JR 1988. Patterns of geographic distribution of some plant species from the Espinhaço range, Minas Gerais ans Bahia, Brazil. In Vanzolini PE and Heyer WR (eds.). Proceedings of a workshop on neotropical distribution patterns p. 39-69. Acad. Bras. Cien. Rio de Janeiro.

Giulietti AM and Pirani JR. 1997. Espinhaço range region. Eastern Brazil. In Davis SD, Heywood VH, Herrera-Macbryde O, Villa-Lobos J, Hamilton AC (eds.), Centres of plant diversity: a guide and strategy for their conservation. Volume 3. Information Press, Oxford. Pp. 397-404.

Hammer Ø, Harper DAT and Ryan PD. 2001. PAST: Paleontological Statistics Software Package for Education and Data Analysis. Palaeontologia Electronica 4(1): 9pp. http://palaeo-electronica.org/2001_1/past/issue1_01.htm

Harnett DC and Bazzaz FA. 1983. Physiological integration among intraclonal ramets in Solidago canadensis. Ecology 64(4): 779-788.

Harnett DC and Bazzaz FA. 1985. The integration of neighbourhood effects by clonal genets in Solidago canadensis. Journal of Ecology 73: 415-427.

Instituto Terra Brasilis de Desenvolvimento Socioambiental – ITB/Centro Cape/SEBRAE/Mãos de Minas, 1999. Projeto Sempre-Viva: Perspectivas de seu Uso Sustentado. ITB, Belo Horizonte.

Jones HG. 1992. Plants and microclimate: a quantitative approach to environmental plant physiology. 2nd ed. Cambridge Univ. Press. Cambridge, UK.

Köppen W. 1931. Climatologia. Fondo de Cultura Economica. Buenos Aires.

Kun A and Oborny B. 2003. Survival and competition of clonal plant populations in spatially and temporally heterogeneous habitats. Community Ecology 4 (1):1-20.

Mendonça MP and Lins LV. 2000. (Org.) Lista vermelha das espécies ameaçadas de extinção da flora de Minas Gerais. Fundação Biodiversitas, Fundação Zoo-Botânica de Belo Horizonte. 157 p.

Niklas KJ. 1994. Plant Allometry: The scaling of fomr and process. The University of Chicago Press, Chicago. 395p.

Niklas KJ and Enquist BJ. 2001. Invariant scaling relationships for interspecific plant biomass production rates and body size. PNAS 98 (5): 2922-2927

Page 91: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 3

91

Parra LR. 2000. Redelimitação e revisão de Syngonanthus Sect. Eulepis (Bong. Ex Koern.) Ruhland – Eriocaulaceae. Doctorade Thesis. Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo. 201p.

Richards, FJ. 1959. A flexible growth function for empirical use. Journal of Experimental Botany 10(29): 290-300.

Saturnino HM, Saturnino MAC and Brandão M. 1977. Algumas considerações sobre exportação e importação de plantas ornamentais em Minas Gerais. Anais da Sociedade de Botânica do Brasil. XXIII Cong. Nac. Botânica, Belo horizonte. p. 213-217.

Scatena VL, Lima AAA and Lemos Filho, JP. 1997. Aspectos fenológicos de Syngonanthus elegans (Bong.) Ruhl. (Eriocaulaceae) da Serra do Cipó – MG, Brasil. Arq. Biol. Tecnol. 40 (1): 153 – 167

Sebens KP. 1987. The ecology of indeterminate growth in animals. Annual Review of Ecology and Systematics 18:371-407.

Shipley B and Meziane D. 2002. The balanced-growth hypothesis and the allometry of leaf and root biomass allocation. Functional Ecology 16: 326–331

Silvertown JW, Franco M and Perez-Ishiwara R. 2001. Evolution of senescence in iteroparous perennial plants. Evolutionary Ecology Research 3: 393–412.

Sokal RR and Rohlf FJ. 1981. Biometry, 2 nd ed. San Francisco, W. H. Freeman and Co.

Walford LA. 1946. A new graphic method for describing the growth of animals. Biological Bulletin, 90:141-147.

Watkinson A. 1992. Plant senescence. Trends in Ecology and Evolution 7(12):417-420.

Wesselingh RA, de Jong TJ, Klinkhamer PGL, van Dijk MJ and Schlattman EGM 1993. Geographical Variation in Threshold Size for Flowering in Cynoglossum-Officinale. Acta Botanica Neerlandica 42(1): p. 81-91.

Page 92: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

92

CAPÍTULO 4: Efeitos do manejo sobre a produção de inflorescências e crescimento de Syngonanthus elegantulus

Page 93: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 4

93

IMPACTOS DO MANEJO EXTRATIVISTA SOBRE O NÚMERO DE

INFLORESCÊNCIAS E CRESCIMENTO DA SEMPRE-VIVA SYNGONANTHUS

ELEGANTULUS RUHL. 1903 (ERIOCAULACEAE)

Cibele Queiroz da Silva1

Lúcio Cadaval Bede2*

Carlos Henrique Flores da Costa3

Rogério Parentoni Martins2

1Departamento de Estatística, Instituto de Ciências Exatas, UNB, Brasília, DF 2Departamento de Biologia Geral, Instituto de Ciências Biológicas, UFMG – Belo

Horizonte, MG 3Departamento de Estatística, Instituto de Ciências Exatas, UFMG – Belo Horizonte,

MG.

*Correspondência para: Lúcio C. Bedê

Rua Apucarana 653/102

31.310-520 - Belo Horizonte, MG, Brasil

Fone:55.31.32613889 - FAX:

e-mail [email protected]

Palavras-chave: sempre-vivas, extrativismo, mortalidade, crescimento.

Page 94: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 4

94

ABSTRACT

Along the Espinhaço mountain range in eastern Brazil, the collection of inflorescences of

several Syngonanthus (Eriocaulaceae) species constitute an important seasonal revenue

source for low income families. However, overhavesting is considered to be one of the main

drivers of extinction risk to these species. Traditionally, the extractive management involves

the burning of fields, as to boost inflorescence production, and the early collection of

inflorescences. We investigated the management effects upon the production of

inflorescences and ramet growth in S. elegantulus through small-scale experiments

alternating combinations of both practices over two years. Our results show that the

management practices significantly enhance inflorescence production, the most efficient

modality being the sequential harvesting and burning over two years, yelding 304 % increase

in inflorescence production. However, S. elegantulus manifests a tradeoff between present

reproduction and ramet growth, particularly for burned plants. Thus, allocation of resources

to reproduction occurs at the expense of vegetative growth. Inflorescence collection seems

to mitigate part of the tradeoff, by sparing plants from energy demands to fruit and seed

production. The referred management practices are, therefore, likely to affect plant fitness,

by altering size-related life history functions.

Page 95: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 4

95

RESUMO

Ao longo da cadeia do espinhaço, no leste brasileiro, a coleta de inflorescências de várias

espécies de Eriocaulaceae do gênero Syngonanthus constitui uma importante fonte sazonal

de renda para famílias de baixa renda. No entanto, a sobrecoleta é considerada um dos

principais fatores relacionados ao seu risco de extinção. Tradicionalmente, o manejo

extrativista envolve a queima dos campos, como estímulo à produção e a coleta

subseqüente de inflorescências. Nós investigamos os efeitos do manejo sobre a produção

de inflorescências e sobre o crescimento de ramets de S. elegantulus através de

experimentos em pequena escala alternando combinações de ambas as práticas ao longo

de dois anos. Nossos resultados mostram que as práticas de manejo significativamente

aumentam a produção, sendo a prática seqüencial de coleta e queima ao longo de dois

anos a modalidade mais eficiente, provocando um incremento de 304% na produção de

inflorescências. No entanto, S. elegantulus manifesta demanda conflitante entre a

reprodução sexuada e crescimento dos ramets, particularmente para as plantas submetidas

à queima. Assim, a alocação de recursos à reprodução ocorre às custas do crescimento

vegetativo. A coleta de inflorescências parece mitigar este conflito, poupando as plantas de

parte dos custos energéticos envolvidos na formação de frutos e sementes. As práticas de

manejo podem portanto afetar o fitness das plantas em função de alterações sobre funções

da história de vida relacionadas ao tamanho.

Page 96: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 4

96

INTRODUÇÃO

Nos campos rupestres de Minas Gerais, Bahia, Goiás e Tocantins, partes de várias

espécies de plantas popularmente conhecidas como sempre-vivas são utilizadas na

confecção de arranjos decorativos, apreciados por sua delicada beleza e durabilidade. As

sempre-vivas mais valorizadas pertencem à família Eriocaulaceae (particularmente à

Syngonanthus sect. Eulepis), cujo centro de diversidade situa-se na cadeia do Espinhaço,

entre os estados de Minas Gerais e Bahia (Giulietti & Hensold, 1990; Giulietti et al., 1996;

Scatena et al., 2004). Nessa região, o extrativismo constitui importante atividade econômica

e parte do sustento de um grande número de famílias que se dedicam ao extrativismo. O

comércio de sempre-vivas atingiu seu ápice após meados da década de 1970, porém já ao

final desta década e ao longo da próxima, declínio do volume comercializado no exterior foi

documentado por Saturnino et al. (1977) e Giulietti et al. (1988). Embora faltem estimativas

sobre o porte e importância econômica do comércio de sempre-vivas no mercado interno, é

razoável supor que este seja também expressivo (Instituto Terra Brasilis, 1999).

Apesar da importância ambiental, social e econômica associada à exploração das sempre-

vivas, a falta de conhecimento sobre a ecologia dessas plantas e dos efeitos do extrativismo

sobre suas populações é um dos principais obstáculos à realização de um manejo

sustentado efetivo. A partir de entrevistas a coletores experientes de sempre-vivas na região

de Diamantina, MG, foi evidenciado que as coletas incidem sobre as mesmas populações

de plantas, com grande freqüência e eficiência, dada a motivação pelo valor econômico do

recurso, a experiência dos coletores envolvidos e sua familiaridade com as áreas de coleta

(Instituto Terra Brasilis, 1999). Coletores mencionaram que, quando as inflorescências não

são colhidas, prejudica-se a floração seguinte nas mesmas plantas. Além disso, a queima

dos campos consta claramente como um elemento de manejo, visando o incremento na

produção de inflorescências e é, aparentemente, utilizado com freqüência.

A prática do manejo extrativista, centrada na coleta de inflorescências e queima dos campos

busca maximizar o retorno econômico a partir da manipulação do esforço reprodutivo das

plantas-alvo. De fato, o estímulo à floração pós-queima é fenômeno amplamente

reconhecido, comum a muitas espécies adaptadas a ambientes propensos a queimadas,

onde o fogo é parte da dinâmica natural, incluindo ambientes savanícolas tropicais

(Coutinho, 1977; Hartnett & Richardson, 1989; Whelan, 1995; Bond & Keeley, 2005). Por

sua vez, a coleta de inflorescências de sempre-vivas, tradicionalmente realizada em fase

anterior à formação de sementes (Giulietti, 1996), pode representar uma redução dos custos

Page 97: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 4

97

somáticos e demográficos da reprodução (e.g., referente à produção de pólen, néctar,

manutenção e respiração das estruturas florais; Obeso, 2002).

No cerne das discussões referentes às perspectivas de uso sustentável das sempre-vivas

frente ao manejo extrativista estão, portanto, questões referentes aos efeitos deste sobre

funções da história de vida das espécies em questão. O pressuposto central às teorias

relacionadas à história de vida diz respeito à existência de demandas conflitantes entre suas

funções características, como crescimento, sobrevivência e reprodução, tornando

biologicamente impossível a um organismo maximizar seus ganhos em todos os sentidos.

Visto que os custos da reprodução, em princípio, conflitam com aqueles impostos por outras

demandas essenciais, a fertilidade de um organismo não poderia ser maximizada pela

seleção natural simultaneamente em todas as suas idades/fases. Considerando-se, enfim,

que o manejo extrativista de sempre-vivas envolve a manipulação da alocação de recursos

para reprodução, é possível que tais práticas tenham forte influência sobre o valor

adaptativo de suas populações naturais, com implicações para a sua conservação.

Tendo a sempre-viva S. elegantulus como modelo, este estudo investigou

experimentalmente os efeitos do manejo extrativista, centrado nas práticas de coleta de

inflorescências e uso do fogo, sobre a produção de inflorescências e o crescimento

vegetativo das plantas. As seguintes questões foram propostas: Quais são os efeitos das

práticas de coleta e uso do fogo sobre a produção de inflorescências? S. elegantulus

manifesta demandas conflitantes entre alocação reprodutiva e crescimento vegetativo? Que

modalidades de manejo contribuem melhores perspectivas para o uso sustentado da

espécie?

MÉTODOS

Área de estudo

A área de estudos situa-se no Parque Estadual do Rio Preto, município de São Gonçalo do

Rio Preto (18º 00 S e 43º 23’W), Minas Gerais, na porção central do Espinhaço mineiro. Os

solos da região são em geral rasos e arenosos, muito ácidos e pobres em nutrientes

(Giulietti & Pirani, 1997). O clima é classificado como Cwb (Köppen, 1931), mesotérmico

com verões moderados e estação chuvosa durante o verão e média anual de temperatura

entre 17,4 e 19,8 ºC. No município de Diamantina, ca. 75 km do local, a precipitação média

anual é de 1405 mm (http://www.bdclima.cnpm.embrapa.br/resultados/index.php, acessado

Page 98: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 4

98

em 07/2005). O Parque exibe diferentes manifestações fitofisionômicas pertinentes ao

bioma Cerrado, assentadas sobre um relevo bastante acidentado, com altitudes variando

entre 850 e 1826 m e abriga importantes áreas onde incidia o extrativismo sobre populações

da sempre-viva Syngonanthus elegantulus. A população estudada localiza-se na região do

córrego da Lapa, situada próxima à portaria do Parque e do principal acesso às suas

dependências, portanto em condições ideais de proteção contra interferências externas.

Segundo o testemunho dos funcionários do Parque, na ocasião do início da pesquisa esta

área encontrava-se livre da influência de queimadas e do extrativismo há pelo menos cinco

anos.

Delineamento experimental

Os procedimentos de coleta de inflorescências e queima dos campos, realizados pelos

coletores de sempre-vivas da região em foco (Instituto Terra Brasilis, 1999), foram

replicados em escala experimental. Em 1999 foram demarcados oito blocos de 40m2 de

área, aleatoriamente dispostos sobre a população de S. elegantulus. Em cada bloco foram

demarcadas oito parcelas de 2,5 m x 1 m, sobre as quais incidiram diferentes combinações

dos fatores fogo (sim = F ou não = O) e coleta (sim = C ou não = O) ao longo de dois anos

(1999-2000). De 16 combinações de tratamentos possíveis, foram selecionadas oito: CF-CF;

CF-OF; CO-CO; CO-OF; OF-CO; OF-OF; OO-CF; Controle. Portanto, no primeiro ano

(1999) incidiram quatro tratamentos apenas: CF; CO; OF e Controle e as demais

combinações de tratamentos em 2000. Os tratamentos foram repetidos em cada um dos oito

blocos, em seqüências aleatorizadas. Obteve-se, portanto, oito réplicas de cada tratamento,

totalizando 64 parcelas. Em cada parcela foram marcadas, com etiquetas de alumínio, entre

35 e 45 plantas com altura superior a 1 cm. A cada floração (abril de 1999, 2000 e 20001)

foram medidas a altura da touceira (mm); número de rosetas na touceira; número total de

inflorescências na touceira e número plantas mortas. A coleta de inflorescências foi

realizada ao final de abril e início de maio de 1999, 2000 e 2001. A queima das parcelas

ocorreu ao final de setembro e início de outubro de 1999 e 2000.

Uso de modelos com inflação de zeros

Considerando-se que nem todas as plantas em idade/tamanho reprodutivo entram em

floração a cada ano (por exemplo, em função de seu histórico recente de investimentos em

reprodução ou de variações nas condições do ambiente) (Méndez & Carlson, 2004), o

número de plantas com empenho reprodutivo nulo poderá ser, eventualmente, maior do que

o esperado com base no número de indivíduos da população que ainda não alcançaram a

idade/tamanho mínimo para a reprodução. Para lidar com a expectativa de uma contagem

Page 99: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 4

99

inflada de zeros (ausência de floração) e, tendo-se o número de inflorescências produzidas

pela planta como a variável resposta, utilizou-se para a análise modelos de contagem com

inflação de zeros (MCIZ), a partir das distribuições de Poisson, Binomial Negativa e suas

variações, utilizando o software STATA (1977; http://www.stata.com).

Os MCIZ foram introduzidos por Lambert (1992) com o objetivo de sanar falhas dos modelos

de regressão de Poisson, em consideração a fatores como superdispersão e excesso de

zeros. Tais fatores foram incorporados ao modelo de Poisson por meio de uma mudança na

estrutura da média, permitindo que sejam geradas contagens de zeros pertinentes a duas

categorias distintas: zeros amostrais e zeros estruturais. Por exemplo, uma planta em

idade/tamanho reprodutivo pode, eventualmente, produzir zero flores em um ano, ao passo

que uma planta imatura, embora possua as mesmas variáveis biométricas mensuráveis,

como altura e número de rosetas, produzirá zero flores. A primeira pertence ao grupo "NEM

SEMPRE ZERO", enquanto a segunda pertence ao grupo "SEMPRE ZERO". O MCIZ

assume, portanto, que existem dois grupos latentes (não observáveis). Um indivíduo no

grupo "SEMPRE ZERO" (grupo A) tem contagem zero com probabilidade 1, enquanto um

indivíduo no grupo "NEM SEMPRE ZERO" (grupo B) pode ter uma contagem zero, mas há

uma probabilidade não nula de que este indivíduo tenha uma contagem positiva. O processo

de análise é desenvolvido em três etapas:

Etapa I - Modelagem de associação a um dado grupo latente: Associação ao grupo A

("SEMPRE ZERO") - Seja A=1 se o indivíduo pertence ao grupo A e A=0 em caso contrário.

Este tipo de ocorrência binária pode ser modelado usando um modelo logito ou probito:

( ) ( )γψ iiii zFzAP === |1

onde iψ é a probabilidade do indivíduo i pertencer ao grupo A. As variáveis z são denotadas

como variáveis de "inflação", uma vez que se destinam a inflar o número de zeros. Caso

houvesse uma variável observada, indicadora do grupo ao qual o indivíduo pertence, uma

regressão logística binária usual poderia ser utilizada. Porém, como o grupo ao qual

pertence o indivíduo é uma variável latente, não sabemos se o indivíduo pertence ao grupo

A ou ao grupo B.

Etapa II - Modelagem de contagem para os indivíduos no grupo B ("NEM SEMPRE ZERO").

Entre aqueles indivíduos que não produzirão sempre uma contagem zero, a probabilidade

de cada contagem (inclusive de zeros) é determinada tanto através do modelo de regressão

de Poisson quanto do modelo de regressão Binomial Negativo.

Page 100: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 4

100

Para o modelo de Poisson com inflação de zeros (ZIP - Zero Inflated Poisson) utiliza-se:

( )!

ˆ1)0,/(i

yi

iii y

eAxyP

ii µψµ−

−==

Enquanto para o modelo Binomial Negativo com inflação de zeros (ZINB - Zero Inflated

Negative Binomial) utiliza-se:

( ) ( )( )

iy

i

i

ii

iiii y

yAxyP

+

+Γ+Γ

== −−

−−

µαµ

µαα

αα

α

11

1

1

11

!0,/

onde Γ é uma função de probabilidade Gamma e o parâmetro α determina o grau de

dispersão nas predições do modelo. Se 0=α , o modelo reduz-se ao modelo de regressão

Poisson. Em ambas as equações, ( )βµ ii xexp= . Da mesma forma que para o grupo A, não

temos uma variável observada indicando o grupo ao qual a observação está associada.

Etapa III - Cômputo das probabilidades observadas, em termos de uma mistura das

probabilidades para os dois grupos, A e B. A proporção em cada grupo é definida por:

( ) iiAP ψ== 1

( ) iiAP ψ−== 10

e a probabilidade de uma contagem zero, de modo geral, é dada por:

( ) ( )[ ]0,|0*1 ==−+= iiiii AxyPψψ

Para contagens maiores do que zero,

( ) ( ) ( )0,|*1,| ==−== iiiiiii AxkyPzxkyP ψ

Por fim, a contagem esperada é calculada como:

( ) ( )( ) ( )ψµψµψ −=−+= 1*1**0,| zxyE

Onde z é uma variável que expressa a inflação de zeros.

Para a interpretação do modelo de regressão com inflação de zeros, os valores estimados

dos parâmetros são divididos em duas partes. A primeira parte compreende o conjunto de

coeficientes estimados e demais estatísticas correspondentes à modelagem finita da

regressão de Poisson ou da regressão Binomial Negativa, para os indivíduos no grupo

( )iii zxyP ,|0=

Page 101: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 4

101

"SEMPRE ZERO" (grupo A). A segunda parte dos valores estimados dos parâmetros

pertence à parte inflada, correspondente ao modelo binário (logístico ou probito) que prediz

a que grupo o indivíduo está associado. Esta parte contém coeficientes para o valor de

mudança na chance de um indivíduo estar no grupo A, comparado a esta no grupo B. Desta

forma, estes coeficientes podem ser interpretados como sendo de um modelo logístico

binário, onde ( )βexp expressa o acréscimo/decréscimo na chance do indivíduo pertencer

ao grupo B quando a covariável assume o valor 1, considerando-se todas as outras

variáveis constantes.

Para se avaliar a qualidade do ajuste dos modelos podem ser utilizados os testes da razão

de verossimilhança (para teste de superdispersão) e o teste de Vuong (1989), para

comparação de dois modelos não-aninhados. O teste da razão de verossimilhança testa a

hipótese nula 0:0 =αH contra a alternativa 0: >αaH . Este teste é útil para comparar os

modelos de regressão de Poisson e Binomial Negativo. A rejeição da hipótese nula indica

que o modelo Binomial Negativo é mais adequado do que o modelo de Poisson.

O teste de Vuong considera dois modelos, onde ( )ii xyP |1 é o valor predito da probabilidade

de observar y no primeiro modelo e ( )ii xyP |ˆ2 é o valor predito da probabilidade para o

segundo modelo. Definindo:

( )( )

=

ii

iii

xyP

xyPm

|ˆ|ˆ

ln2

1

A estatística de Vuong para testar a hipótese ( ) 0:0 =mEH é dada por:

ms

mNV =

Sendo m a média e mS o desvio-padrão de im . Se V>1.96, o primeiro modelo deve ser

escolhido. Se V < -1.96, o segundo modelo deve ser escolhido. Caso -1.96 < V < 1.96,

qualquer um dos modelos se ajusta igualmente bem aos dados. Por exemplo, o primeiro

modelo pode ser ZINB e, nesse caso, o modelo 2 é o modelo de regressão Binomial

Negativo.

S. elegantulus é uma planta clonal, portanto as medidas de tamanho podem ser referentes

ao tamanho do ramet (altura da planta, equivalente ao comprimento máximo das folhas

basais da roseta) ou ao tamanho do genet (número de ramets). Visto que em S. elegantulus

Page 102: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 4

102

a alocação de biomassa reprodutiva está relacionada ao tamanho do ramet, existindo um

tamanho limite para o início da reprodução (Bede et al., em preparação. Capítulo 3), esta

medida foi utilizada como variável de inflação, pois há plantas que podem não produzir

flores (zero estrutural) devido ao seu tamanho reduzido. Plantas maiores podem também

não produzir flores, porém devido ao acaso (zero amostral). Dados categorizados para

altura da planta e número de ramets foram utilizados para a construção dos modelos,

tomando-se a primeira categoria destas variáveis (plantas mais jovens/menores) como

referência. Como variável resposta, utilizou-se o número de inflorescências.

Manejo x crescimento da planta

Para verificar possíveis influências do manejo sobre o crescimento de S. elegantulus, a cada

floração (1999, 2000 e 2001) foram tomadas medidas das plantas marcadas, utilizado o

comprimento máximo das folhas basais da roseta como indicador para o tamanho do ramet.

Para a obtenção das curvas de crescimento utilizou-se o modelo de Richards (1959):

[ ] λ1

1 ktt exx −

∞ −=

Onde: Xt é o tamanho do ramet no tempo t e X∞ é o tamanho assintótico. Assume-se que o

tamanho da planta ao germinar é igual a zero. A relação entre medidas de tamanho dos

ramets em momentos consecutivos t e t-1 é dada pela equação de regressão linear simples,

para as variáveis transformadas:

λλ βα 1−+= txxt

Onde os coeficientes de regressão são dados por:

( )k

k

e

ex−

−∞

=

−=

βα λ 1

O tamanho assintótico pode ser obtido usando-se:

βαλ

−=∞ 1

x

A variância do estimador da assíntota transformada foi obtida usando-se (Bede et al, em

preparação. Capítulo 3):

( ) ( ) ( )( )

( )( )

−+

−+

−≅∞ βα

βαββ

αα

βαλ

ˆ1ˆ

ˆ,ˆ2

ˆ1

ˆ

ˆ

ˆˆ1

ˆˆ

22

2CovVarVar

xVar

Page 103: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 4

103

Manejo x tamanho das inflorescências

Para se averiguar eventuais efeitos do manejo sobre o tamanho médio das inflorescências

produzidas pela planta, utilizou-se o modelo de regressão linear tipo II (também conhecido

como modelo do eixo maior reduzido, RMA) para a relação alométrica entre massa média

por inflorescência x altura máxima das inflorescências produzidas no genet. O modelo II de

regressão é recomendado para análise de relações funcionais entre variáveis

biologicamente interdependentes e sujeitas a erros de mensuração não conhecidos (Sokal &

Rohlf, 1981; Niklas, 1994):

log y2 = log βRMA + αRMA log y1

Onde y2 e y1 são variáveis interdependentes; αRMA = αLS / r, onde αLS e r são a declividade da

curva e o coeficiente de correlação, determinados a partir do modelo de regressão por

quadrados mínimos (Tipo I, aqui denotado como LS), e log βRMA = log ( Y 2) − αRMA log ( Y 1),

onde ( Y ) denota a média da variável y. O intervalo de confiança a 95% para os valores de

βRMA são computados com base nos valores correspondentes dos intervalos de confiança de

αRMA (Sokal & Rohlf, 1981). A análise foi aplicada aos conjuntos de dados referentes ao

primeiro ano do experimento, para plantas submetidas aos tratamentos CF, CO, OF e

Controle, respectivamente, utilizando-se o software PAST (Hammer et al., 2001).

RESULTADOS

Manejo e número de inflorescências

Para o ano de 1999, as análises exploram a relação entre as variáveis explicativas altura da

planta (Alt) e número de rosetas (NR), na produtividade média para o número de

inflorescências (Ninfl). Para as fases consecutivas (florações de 2000 e 2001), as análises

incluem a influência do tratamento aplicado nos períodos anteriores. Para cada período, os

dados referentes às variáveis Alt, NR e Ninfl foram reagrupados em classes distintas,

buscando-se evitar a ocorrência de celas com freqüências muito baixas.

Dados de 1999

Os dados referentes à altura da planta foram reagrupados nas seguintes classes: Alt1 = 1;2

cm, Alt2 = 2;2,9 cm, Alt3 = 2,9;3,9 cm e Alt4 = 3,9;7,5 cm. Para NR temos NR1 = 1 roseta e

Page 104: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 4

104

NR2 ≥ 2 rosetas. Para a variável Ninfl foram obtidas três classes: 0, 1;2 e > 2. Os dados

brutos em cada categoria são apresentados no anexo 1 e sintetizados na tabela 1. Como

esperado, observa-se que plantas menores produzem menos inflorescências do que plantas

maiores, sendo o tamanho indicado tanto pela altura da planta quanto pelo numero de

rosetas. Ainda, observa-se uma tendência à estabilização no acréscimo no número médio

de inflorescências em função do incremento na altura da planta, independente do número de

rosetas. Este padrão é concordante com o encontrado por Bedê et al. (em preparação –

Capítulo 3) para S. elegantulus desta mesma população.

Tabela 1 – Dados de 1999 para o relacionamento entre classes de altura, número de

rosetas e número médio de inflorescências em S. elegantulus.

Classes de altura

Número de rosetas 1 2 3 4 Total

1 0.48 1.29 3.17 5.16 2.3

>1 1.00 4.44 9.33 14.35 11.95

Total 0.48 1.5 4.9 9.53 4.51

Classes de altura: 1 = 1;2 cm, 2 = 2;2,9 cm, 3 = 2,9;3,9 cm e 4 = 3,9;7,5.

A tabela 2 descreve o melhor e mais parcimonioso modelo Binomial negativo com inflação

de zeros obtido para predizer a produtividade em função das variáveis altura da planta e

número de rosetas. Os modelos de Poisson e Poisson com inflação de zeros também foram

considerados, porém descartados em função de seu ajuste inferior. O teste de Vuong para a

qualidade do ajuste, considerando o modelo Binomial Negativo e o modelo Binomial

Negativo com excesso de zeros, indica que este último é mais adequado para descrever os

dados em questão (Teste de Vuong para ZINB x NB: SD Normal = 6.031, p > Z = 1.0000).

O fato de uma planta pertencer à classe NR2 (duas ou mais rosetas) aumenta o valor

esperado de Ninfl. em 151.2% (em relação à classe NR1), mantendo-se todas as outras

variáveis constantes. Para plantas pertencentes às Alt 2, Alt3 e Alt4, o aumento esperado

em Ninfl é de 140.0%, 318.8% e 512.8% (em relação à classe Alt1, ou plantas de 1;2 cm),

mantendo-se todas as outras variáveis constantes. Não houve interações significativas entre

níveis de alturas e de rosetas na construção do modelo. Visto que os efeitos principais são

significativos com respeito à categoria de referência (Alt1, NR1), é pertinente indagarmos se

Page 105: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 4

105

estes efeitos são também significativos quando confrontados entre categorias de referência.

Como mostra a tabela 3, todos os testes foram significativos (veja também as mudanças

percentuais indicadas na tabela 2). Portanto, o efeito de Alt4 sobre o número médio de

inflorescências é significativamente maior do que os de Alt3 e Alt2 e o de Alt3

significativamente maior que o de Alt2.

Tabela 2 – Modelo Binomial Negativo com Inflação de zeros, incluindo as mudanças

percentuais no valor esperado do número de inflorescências para cada unidade de

acréscimo na variável X.

Ninfl_1999 b SE Z P>|z| IC 95% % %SD_X SD_X

Alt2 0.876 0.141 6.206 0.000 0.599 1.152 140.000 45.100 0.425 Alt3 1.432 0.133 10.794 0.000 1.172 1.692 318.800 88.500 0.443 Alt4 1.813 0.132 13.705 0.000 1.554 2.072 512.800 127.300 0.453 NR2 0.921 0.056 16.533 0.000 0.812 1.030 151.200 47.300 0.420

_const. -0.014 0.125 -0.109 0.913 -0.258 0.231 -- -- --

Equação binária: Mudança dos fatores para as chances de “sempre zero” Alt2 -0.321 0.229 -1.402 0.161 -0.771 0.128 -27.500 -12.800 0.425 Alt3 -1.488 0.239 -6.236 0.000 -1.955 -1.020 -77.400 -48.300 0.443 Alt4 -2.242 0.260 -8.621 0.000 -2.752 -1.732 -89.400 -63.800 0.453

_const. 0.078 0.199 0.394 0.693 -0.312 0.469 -- -- -- /lnα -0.452 0.071 -6.403 0.000 -0.591 -0.314 -- -- -- α 0.636 0.045 0.554 0.731 -- -- --

Ninfl = número de inflorescências; Alt =altura da planta; b = coeficiente bruto; SE = erro padrão; z = z-

score para teste de b=0; P>|z| = p-valor para o teste de z; % = mudança percentual na contagem

esperada para incrementos unitários em X; %SD_X = mudança percentual na contagem esperada

para SD iem função de X; SD_X = desvio padrão de X; Alt = altura da planta; NR = número de rosetas

da planta; const. = constante do modelo; α = fator de inflação.

Page 106: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 4

106

Tabela 3 – Testes considerando a interação entre categorias de referência distintas da linha

de base (Alt1).

Teste Coef. SE z P>|z| IC 95%

Alt3 x Alt2 0.557 0.083 6.725 0.000 0.394 0.719

Alt4 x Alt2 0.937 0.081 11.533 0.000 0.778 1.097

Alt4 x Alt3 0.381 0.059 6.503 0.000 0.266 0.495

Alt = altura da planta; Coef = coeficiente do modelo; SE = erro padrão; z = z-score

para teste de b=0; P>|z| = p-valor para o teste de z; IC 95% = Intervalo de Confiança

a 95%.

Dados de 2000

Para o período de 2000, os dados da variável altura foram reagrupados nas seguintes

classes: Alt1 = 1;3,6 cm, Alt2 = 3,6;4,6 cm e Alt3 = 4,6;47.5 cm. Com relação a NR

obtivemos três classes: 1, 2 e >2 e, para Ninfl, cinco classes: 0, 1;3, 4;6, 7;9, ≥ 10. Os dados

brutos em cada categoria são apresentados no anexo 2 e sumarizados na tabela 4. Com

respeito à relação entre Ninfl e tamanho da planta (Alt, NR), observa-se padrão assintótico

para o incremento cumulativo, semelhante ao encontrado para os dados de 1999.

Tabela 4 – Dados de 2000 para o relacionamento entre classes de altura, número de rosetas e número médio de inflorescências em S. elegantulus.

Classes de altura

Número de rosetas 1 2 3 Total

1 2.76 5.94 6.95 4.81

2 7.46 11.31 11.27 10.52

>2 14.05 20.03 23.81 21.13

Total 4.28 9.99 13.75 9.28

Classes de altura: 1 = 1;3,6 cm, 2 = 3,6;4,6 cm e 3 = >4,6 cm.

Page 107: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 4

107

Com relação ao efeito dos tratamentos sobre o número médio de inflorescências (Tabela 5),

o tratamento CF é o que, aparentemente, proporciona a maior produtividade média (10.05

inflorescências), seguido pelos tratamentos OF (9.59), CO (9.02). O tratamento controle

aparentemente proporciona os piores resultados no que diz respeito à produtividade média

(7.30). Observa-se que, independentemente do tratamento aplicado, o número médio de

inflorescências aumenta com a altura e o número de rosetas.

A tabela 6 apresenta o melhor e mais parcimonioso modelo Binomial negativo com inflação

de zeros obtido para a produtividade, em função das variáveis Alt e NR. O modelo Binomial

Negativo com excesso de zeros (ZINB) mostrou-se mais adequado que o modelo Binomial

Negativo (BN) para descrever os dados em questão (Teste Vuong para ZINB x NB: SD

Normal = 5.030, p > Z = 1.0000). Os modelos de Poisson e Poisson com inflação de zeros

também foram descartados em função de seu ajuste inferior.

Tabela 5 – Dados de 2000 para o relacionamento entre tratamentos, classes de altura,

número de rosetas e número médio de inflorescências em S. elegantulus.

Classes de Altura Número de rosetas Trat.

1 2 3 1 2 >2 Ninfl. médio

CF 4.66 9.54 15 4.79 11 21.8 10.05

OF 4.85 10.8 15 4.69 9.9 21.1 9.59

CO 4.04 10.4 13 5.14 11 21.4 9.02

Controle 1.39 7.12 11 4.1 8.7 18.1 7.30

Trat. = tratamentos, Fogo: F = sim, O = não; Coleta: C = sim, O = não; Classes de altura: 1 =

1;3,6 cm, 2 = 3,6;4,6 cm e 3 = >4,6 cm; Ninfl Médio = média global para o número de

inflorescências.

Em relação à classe NR1, plantas pertinentes a NR2 e NR3 aumentaram o valor esperado

de Ninfl em 117.3% e em 275.5% respectivamente, mantendo-se constantes todas as outras

variáveis. Em relação às plantas na classe Alt1 (1;3,6 cm), plantas na classe Alt2 (3,6;4,6

cm) e Alt3 (4,6;47.5 cm) aumentam Ninfl em 227.1% e 269.9%, respectivamente, mantendo-

se todas as outras variáveis constantes. O fato de uma planta ser submetida ao tratamento

CF aumenta Ninfl em 120.4% (em relação ao tratamento OO), mantendo-se todas as outras

variáveis constantes. Este acréscimo percentual é, respectivamente, de 152.9% e 111.3%

para plantas submetidas a OF e CO. Portanto, destes tratamentos, o mais produtivo em

relação ao tratamento controle é o tratamento OF. Porém, entre si, os tratamentos CF, CO e

Page 108: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 4

108

OF não apresentam diferenças significativas quanto à produtividade média de

inflorescências, conforme apresentado na tabela 7.

Para a interação entre categorias de referência (Tabela 7), os testes mostram que apenas o

efeito de NR3 sobre Ninfl é significativamente maior do que o de NR2. Comparados ao

tratamento controle, os tratamentos CF, CO e OF conduzem a resultados similares quanto à

produtividade da planta. Apesar de observarmos, na tabela 6, que apenas a interação

Alt3*NR2 foi significativa, os demais termos do modelo foram mantidos, de forma a permitir

uma interpretação geral para a interação entre Alt e NR, independente do nível destas

variáveis.

Page 109: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 4

109

Tabela 6 – Modelo Binomial Negativo com Inflação de zeros, incluindo as mudanças percentuais

no valor esperado do número de inflorescências para uma unidade de acréscimo na variável X.

Ninfl._00 Coef. SE Z P>|z| IC 95% % %SD_X SD_X

NR2 0.776 0.122 6.338 0.000 0.536 1.016 117.300 36.700 0.403 NR3 1.323 0.138 9.595 0.000 0.053 11.594 275.600 70.300 0.403 Alt2 1.185 0.239 4.952 0.000 0.716 1.654 227.100 78.400 0.488 Alt3 1.308 0.235 5.577 0.000 0.848 1.768 269.900 81.300 0.455 CF 0.790 0.227 3.488 0.000 0.346 1.235 120.400 41.400 0.438 CO 0.748 0.230 3.249 0.001 0.297 1.199 111.300 36.800 0.419 OF 0.928 0.219 4.243 0.000 0.499 1.356 152.900 57.000 0.486 Alt2*NR2 -0.206 0.147 -1.401 0.161 -0.495 0.082 -18.600 -5.700 0.287 Alt2*NR3 -0.212 0.161 -1.314 0.189 -0.528 0.104 -19.100 -5.500 0.268 Alt3*NR2 -0.371 0.157 -2.357 0.018 -0.679 -0.062 -31.000 -9.100 0.258 Alt3*NR3 -0.200 0.163 -1.226 0.220 -0.520 0.120 -18.100 -5.800 0.300 Alt2*CF -0.700 0.260 -2.689 0.007 -1.210 -0.190 -50.300 -18.600 0.295 Alt2*CO -0.630 0.263 -2.395 0.017 -1.146 -0.114 -46.700 -17.200 0.300 Alt2*OF -0.694 0.249 -2.786 0.005 -1.183 -0.206 -50.100 -22.200 0.362 Alt3*CF -0.532 0.252 -2.112 0.035 -1.025 -0.038 -41.200 -13.900 0.282 Alt3*CO -0.524 0.261 -2.011 0.044 -1.036 -0.013 -40.800 -11.500 0.233 Alt3*OF -0.737 0.244 -3.014 0.003 -1.216 -0.258 -52.100 -18.900 0.285 _const. 0.564 0.213 2.647 0.008 0.146 0.981

Equação binária: Mudança dos fatores para as chances de “sempre zero”

Alt2 -1.447 0.250 -5.786 0.000 -1.938 -0.957 -76.500 -50.700 0.488 Alt3 -1.697 0.296 -5.725 0.000 -2.277 -1.116 -81.700 -53.800 0.455 _const. -1.085 0.142 -7.658 0.000 -1.362 -0.807 -- -- -- /lnα -0.789 0.063 -12.577 0.000 -0.912 -0.666 -- -- -- α 0.454 0.029 -- -- 0.402 0.514 -- -- --

Ninfl = número de inflorescências; b = coeficiente bruto; SE = erro padrão; z = z-score para teste de b=0;

P>|z| = p-valor para o teste de z; IC 95% = Intervalo de Confiança a 95%; % = mudança percentual na

contagem esperada para incrementos unitários em X; %SD_X = mudança percentual na contagem

esperada para SD iem função de X; SD_X = desvio padrão de X; Alt = altura da planta; NR = número de

rosetas da planta; const. = constante do modelo; α = fator de inflação. Tratamentos, Fogo: F = sim, O =

não; Coleta: C = sim.

Page 110: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 4

110

Tabela 7 – Testes considerando a interação entre categorias de referência distintas da linha

de base (Alt1 e NR1) e os tratamentos realizados.

Teste Coef. SE Z P>|z| IC 95%

NR3 x NR2 -0.547 0.164 -3.347 0.001 -0.868 -0.227

Alt2 x Alt3 -0.123 0.148 -0.830 0.407 -0.414 0.168

CF x OF -0.137 0.113 -1.211 0.226 -0.360 0.085

CO x OF -0.180 0.123 -1.460 0.144 -0.421 0.061

CF x CO 0.042 0.137 0.310 0.756 -0.225 0.310

NR = Número de rosetas; Alt = altura da planta; Tratamentos, Fogo: F = sim, O = não; Coleta:

C = sim, O = não; SE = erro padrão; Coef = coeficiente do modelo; z = z-score para teste de

b=0; P>|z| = p-valor para o teste de z; IC 95% = Intervalo de Confiança a 95%.

Dados de 2001

Para 2001 os dados de altura da planta foram reagrupados em três classes: Alt1 = 1;3,4 cm,

Alt2 = 3,4;4,2 cm e Alt3 >4,2 cm e NR em duas classes: 1 e >1. Para Ninfl considerou-se as

classes: 0, 1;5, >5. Os dados brutos em cada categoria são apresentados no anexo 3 e

sumarizados na tabela 8, onde se observa padrão semelhante ao encontrado para os

conjuntos de dados de 1999 e 2000.

Tabela 8 – Dados de 2001 para o relacionamento entre classes de altura, número de

rosetas e número médio de inflorescências em S. elegantulus.

Classes de altura Número de rosetas

1 2 3 Total

1 2.77 4.99 7.74 4.79

>1 6.36 14.53 17.05 14.52

Total 3.55 9.33 13.26 9.01

Classes de altura: 1 = 1;3,4 cm, 2 = 3,4;4,2 cm e 3 = > 4,2 cm.

Page 111: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 4

111

Com relação ao efeito do tratamento no número médio de inflorescências, observa-se que o

tratamento CF-CF é o que, aparentemente, proporciona a maior produtividade média,

seguido pelos tratamentos CO-OF; OO-CF; OF-OF; CF-OF; OF-CO; CO-CO, nesta ordem

(tabela 9). O tratamento controle (OO-OO) aparentemente proporciona os piores resultados,

com ressalva ao tratamento CO-CO, no que diz respeito à produtividade média.

Tabela 9 – Dados de 2001 para o relacionamento entre tratamentos, classes de altura,

número de rosetas e número médio de inflorescências em S. elegantulus. Classes de altura:

1 = 1;3,4 cm, 2 = 3,4;4,2 cm e 3 = > 4,2 cm.

Tratamentos Classes de altura Número de rosetas

1 2 3 1 >1

Ninfl. Médio

CFCF 5.16 11 18.23 6.35 17.49 12.43 COOF 4.1 10.04 14.81 4.95 16.94 9.72

OOCF 4.44 9.8 16.73 5.41 15.57 9.52

OFOF 3.36 10.63 13.76 5.57 12.63 8.89

CFOF 3.61 15.07 12 4.27 15.66 8.58

OFCO 2.97 7.97 12.97 4.66 11.59 8.31

COCO 2.05 5.35 10.82 3.71 12.22 6.94

OOOO 1.05 5.31 10.37 3.93 13.52 7.78

Fogo: F = sim, O = não; Coleta: C = sim, O = não; Ninfl.Médio = média global para o número

de inflorescências.

A tabela 10 descreve o melhor e mais parcimonioso modelo Binomial negativo com inflação

de zeros encontrado para predizer a produtividade em função das variáveis Alt e NR. O

modelo ZINB mostrou-se mais adequado que o modelo BN para descrever os dados em

questão (Teste Vuong para ZINB x BN: SD. Normal = 2.588, p > Z = 0.9952), tendo sido

descartados os modelos de Poisson e Poisson com inflação de zeros, em função do seu

ajuste inferior.

Page 112: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 4

112

Tabela 10 – Modelo Binomial Negativo com Inflação de zeros, incluindo as mudanças

percentuais no valor esperado do número de inflorescências para uma unidade de

acréscimo na variável X.

Ninfl. 2001 b SE Z P>|z| IC 95% % %SD_X SD_X

NR2 0.739 0.133 5.569 0.000 0.479 0.999 109.300 44.200 0.496 Alt2 1.066 0.345 3.087 0.002 0.389 1.742 190.300 68.100 0.488 Alt3 1.843 0.328 5.612 0.000 1.199 2.487 531.700 138.200 0.471 CFCF 1.397 0.346 4.036 0.000 0.718 2.075 304.100 57.200 0.324 CFOF 1.061 0.329 3.227 0.001 0.417 1.705 188.900 40.500 0.320 COCO 0.499 0.366 1.366 0.172 -0.217 1.216 64.800 18.600 0.341 COOF 1.215 0.340 3.570 0.000 0.548 1.882 237.100 52.100 0.345 OFCO 0.740 0.373 1.982 0.047 0.008 1.471 109.500 25.200 0.304 OFOF 0.943 0.339 2.780 0.005 0.278 1.608 156.900 35.900 0.325 OOCF 1.229 0.339 3.624 0.000 0.564 1.893 241.700 53.100 0.347 Alt2 x NR2 0.299 0.157 1.910 0.056 -0.008 0.607 34.900 12.100 0.381 Alt3 x NR2 0.000 0.161 0.003 0.998 -0.315 0.316 0.000 0.000 0.398 Alt2 x CFCF -0.857 0.395 -2.166 0.030 -1.632 -0.082 -57.500 -16.000 0.203 Alt2 x CFOF -0.235 0.385 -0.609 0.542 -0.990 0.521 -20.900 -4.100 0.181 Alt2 x COCO -0.561 0.414 -1.355 0.175 -1.373 0.251 -42.900 -11.400 0.215 Alt2 x COOF -0.737 0.387 -1.904 0.057 -1.496 0.022 -52.200 -15.600 0.229 Alt2 x OFCO -0.508 0.419 -1.212 0.226 -1.330 0.314 -39.800 -10.500 0.218 Alt2 x OFOF -0.370 0.388 -0.952 0.341 -1.130 0.391 -30.900 -7.600 0.215 Alt2 x OOCF -0.678 0.382 -1.772 0.076 -1.427 0.072 -49.200 -16.200 0.260 Alt3 x CFCF -1.105 0.376 -2.935 0.003 -1.843 -0.367 -66.900 -20.900 0.212 Alt3 x CFOF -1.089 0.381 -2.856 0.004 -1.836 -0.342 -66.300 -15.000 0.149 Alt3 x COCO -0.490 0.394 -1.244 0.213 -1.262 0.282 -38.700 -10.700 0.231 Alt3 x COOF -1.009 0.374 -2.698 0.007 -1.741 -0.276 -63.500 -18.200 0.200 Alt3 x OFCO -0.640 0.411 -1.555 0.120 -1.446 0.167 -47.300 -10.300 0.170 Alt3 x OFOF -0.776 0.381 -2.034 0.042 -1.524 -0.028 -54.000 -12.400 0.170 Alt3 x OOCF -0.929 0.384 -2.420 0.016 -1.682 -0.177 -60.500 -13.700 0.159 _const. 0.164 0.309 0.531 0.595 -0.441 0.769 -- -- --

Equação binária: Mudança dos fatores para as chances de “sempre zero”

Alt2 -1.335 0.459 -2.908 0.004 -2.234 -0.435 -73.700 -47.800 0.488 Alt3 -1.080 0.384 -2.815 0.005 -1.831 -0.328 -66.000 -39.900 0.471 _const. -1.755 0.267 -6.585 0.000 -2.278 -1.233 -- -- -- /lnα -0.421 0.068 -6.181 0.000 -0.554 -0.287 -- -- -- α 0.657 0.045 -- -- 0.575 0.750 -- -- --

Ninfl = número de inflorescências; b = coeficiente bruto; SE = erro padrão; z = z-score para teste de b=0; P>|z| = p-valor para o teste de z; % = mudança percentual na contagem esperada para incrementos unitários em X; %SD_X = mudança percentual na contagem esperada para SD iem função de X; SD_X = desvio padrão de X; Alt = altura da planta; NR = número de rosetas da planta; const. = constante do modelo; α = fator de inflação. Tratamentos, Fogo: F = sim, O = não; Coleta: C = sim, O = não.

Page 113: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 4

113

Com relação à interpretação do modelo em bases percentuais, levando-se em conta os

valores da tabela 10, tem-se que o fato de uma planta pertencer à classe NR2 (ter mais de

uma roseta) aumenta o Ninfl esperado em 109.3% (em relação a NR1), mantendo-se todas

as outras variáveis constantes. Com relação à altura, plantas nas classes Alt2 (3,4;4,2 cm) e

Alt3 (>4,2 cm) aumentam o Ninfl esperado em 190,3% e 531.7%, em relação a Alt1 (1;3,4

cm), mantendo-se todas as outras variáveis constantes. Plantas submetidas ao tratamento

CF-CF aumentam o número esperado de inflorescências em 304.1% em relação ao

tratamento controle (OO-OO). Este acréscimo percentual é de, respectivamente, 241.7%,

237.1%, 188.9%, 156.9%, 109.5%, 64.8% para plantas submetidas aos tratamentos OO-CF,

CO-OF, CF-OF, OF-OF OF-CO e CO-CO. Portanto, destes tratamentos, o mais produtivo

em relação ao tratamento controle (OO-OO) é o tratamento CF-CF.

Na tabela 11 são apresentados os resultados dos testes para interação entre categorias das

variáveis e tratamentos analisados. Nota-se que o efeito de Alt3 sobre o Ninfl é

significativamente maior do que o de Alt2. Apesar desta interação significativa os demais

termos do modelo foram mantidos, buscando-se uma interpretação global para a interação

entre altura e número de rosetas, independente do nível destas variáveis. Com relação aos

tratamentos, CF-CF, OO-CF, CO-OF e CF-OF destacam-se com relação ao efeito sobre a

produção de inflorescências, ao passo que OF-OF, OF-CO e CO-CO formam um outro

grupo, onde o menor incremento foi obtido no tratamento CO-CO. Os sinais negativos dos

termos de interação são explicados pela tendência a um valor assintótico no incremento de

Ninfl à medida que os níveis de altura crescem, como ocorrido nas análises referentes a

1999 e 2000.

Manejo x crescimento

Com relação ao crescimento dos ramets, nota-se que as diferentes modalidades de manejo

resultaram em diferentes graus de interferência sobre o crescimento em S. elegantulus.

Porém, o período 2000 – 2001 foi menos favorável ao crescimento das plantas do que o

período anterior, visto que nesse ano as plantas controle mostraram redução significativa do

tamanho assintótico (X∞), de 32% (tabela 12, figura 1). De fato, a precipitação na região

durante a estação de crescimento (outubro a março) do período 2000 - 2001 (1324,9 mm,

106 dias chuvosos) teve 260,7 mm de chuva e 18 dias chuvosos a menos do que na

estação correspondente anterior (1064,2 mm, 88 dias chuvosos).

Page 114: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 4

114

Tabela 11 – Testes considerando a interação entre categorias de referência distintas da linha de

base (categorias Alt1 e NR1) e os tratamentos realizados.

Teste Coef SE z P>|z| IC95%

Alt2 x Alt3 -0.778 0.193 -4.035 0.000 -1.155 -0.400 CFCF x CFOF 0.336 0.202 1.658 0.097 -0.061 0.732 CFCF x COCO 0.897 0.261 3.440 0.001 0.386 1.408 CFCF x COOF 0.181 0.223 0.815 0.415 -0.255 0.618 CFCF x OFCO 0.657 0.270 2.433 0.015 0.128 1.186 CFCF x OFOF 0.453 0.219 2.069 0.039 0.024 0.883 CFCF x OOCF 0.168 0.219 0.766 0.444 -0.262 0.598 CFOF x COCO 0.562 0.237 2.371 0.018 0.097 1.026 CFOF x COOF -0.154 0.195 -0.791 0.429 -0.536 0.228 CFOF x OFCO 0.321 0.247 1.302 0.193 -0.162 0.805 CFOF x OFOF 0.118 0.192 0.614 0.539 -0.258 0.493 CFOF x OOCF -0.168 0.191 -0.877 0.381 -0.543 0.207 COCO x COOF -0.716 0.252 -2.842 0.004 -1.209 -0.222 COCO x OFCO -0.240 0.292 -0.823 0.410 -0.812 0.332 COCO x OFOF -0.444 0.250 -1.773 0.076 -0.935 0.047 COCO x OOCF -0.729 0.249 -2.924 0.003 -1.218 -0.240 COOF x OFCO 0.476 0.261 1.823 0.068 -0.036 0.987 COOF x OFOF 0.272 0.212 1.285 0.199 -0.143 0.686 COOF x OOCF -0.014 0.211 -0.064 0.949 -0.427 0.400 OFCO x OFOF -0.204 0.259 -0.786 0.432 -0.712 0.305 OFCO x OOCF -0.489 0.258 -1.895 0.058 -0.995 0.017 OFOF x OOCF -0.285 0.208 -1.371 0.170 -0.693 0.123

NR = Número de rosetas; Alt = altura da planta; Tratamentos, Fogo: F = sim, O = não; Coleta: C = sim, O = não; SE = erro padrão; Coef = coeficiente do modelo; z = z-score para teste de b=0; P>|z| = p-valor para o teste de z; IC 95% = Intervalo de Confiança a 95%.

No primeiro ano do experimento, os tratamentos envolvendo o uso do fogo, OF e CF,

provocaram uma redução significativa nas estimativas de X∞, configurando uma redução de

43,9% e 43,4% com relação à situação controle, respectivamente (Tabela 12). Já o

tratamento CO resultou em uma redução muito pequena e não significativa de X∞ (3,7%). Na

floração de 2001, as menores taxas de crescimento prejudicaram a comparação entre os

tratamentos, reduzindo as possibilidades de variação de X∞. Com relação exclusivamente

aos valores médios desta estimativa, pode-se observar que, apesar de não terem ocorrido

diferenças significativas, houve tendência à redução expressiva de X∞ nas modalidades de

manejo envolvendo a queima recente (redução de 20,8%, 22,43%, 28,38% e 53,1% em

relação à situação controle, nos tratamentos OF-OF, CO-OF, OO-CF e CF-OF,

Page 115: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 4

115

respectivamente), à exceção de CF-CF. Este último apresentou redução de apenas 11,4%

em X∞, valor similar ao encontrado para o tratamento OFCO (9,8%), em que o fogo ocorreu

somente no primeiro ano do experimento, e também para o tratamento livre de queima

COCO (11,4%). Ambos CFCF e OFCO têm em comum o fato de apresentarem a seqüência

de tratamentos _F;C_, indicando que, possivelmente, a coleta subseqüente ao fogo é um

fator de relevância para um melhor equilíbrio no balanço das demandas energéticas

relacionadas ao crescimento vegetativo x reprodução sexuada.

Tabela 12 – Estimativas de tamanho assintótico (cm) obtidas através do modelo de Richards

para ramets de S. elegantulus submetidos às diferentes modalidades de tratamentos ao longo de

dois anos de experimento.

Trat. Xλt λ N R2 F X∞

X∞+ IC 95%

X∞- IC 95% % X∞.

Dados de 1999 – 2000

Controle 1.4575+0.678 Xλt-1 0.81 402 0.5945 586.52 6.45 7.75 5.15 --

CO 0.7586+0.6724 Xλt-1 0.46 391 0.5618 498.64 6.21 7.62 4.79 3.72

OF 0.6886+0.3867 Xλt-1 0.09 321 0.2598 111.95 3.62 4.22 3.02 43.88

CF 0.1523+0.3916 Xλt-1 -1.07 333 0.4914 319.85 3.65 4.07 3.23 43.41

Dados de 2000 – 2001

Controle 1.4637+0.6549 Xλt-1 0.98 226 0.6332 386.69 4.37 5.5 3.23 --

OFCO 0.144+0.4008 Xλt-1 -1.04 230 0.5567 286.34 3.94 4.51 3.37 9.84

CFCF 0.4405+0.5535 Xλt-1 -0.01 225 0.6406 397.55 3.87 4.54 3.2 11.44

COCO 0.075+0.4701 Xλt-1 -1.46 223 0.6036 336.47 3.82 4.47 3.16 12.59

OFOF 0.3734+0.5927 Xλt-1 -0.07 207 0.6103 320.99 3.46 4.24 2.68 20.82

COOF 3.1504+0.4364 Xλt-1 1.41 214 0.4364 164.14 3.39 4.06 2.72 22.43

OOCF 0.5272+0.429 Xλt-1 -0.07 207 0.3466 108.76 3.13 3.75 2.51 28.38

CFOF -0.0047+1.2956 Xλt-1 -5.77 214 0.5767 288.82 2.05 5.63 -- 53.09

Trat. = tratamento, Fogo: F = sim, O = não; Coleta: C = sim, O = não; Xλt = valor transformado para

tamanho do ramet no tempo t; λ = constante do modelo; X∞ = estimativa do tamanho assintótico

transformado. Todos os testes significativos a p<0.0001.

Page 116: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 4

116

Tam

anho

ass

intó

tico

(cm

)

-2

0

2

4

6

8

10

OO

CO

OF

CF

OO

-OO

OF

-CO

CF

-CF

CO

-CO

OF

-OF

CO

-OF

OO

-CF

CF

-OF

Figura 1. Estimativas de tamanho assintótico para ramets de S. elegantulus, obtidas através

do modelo de Richards. As barras representam intervalos de confiança a 95%.

Manejo e tamanho das inflorescências

Visto que as diferentes modalidades de manejo provocaram variados graus de interferência

sobre o número de inflorescências produzidas e sobre o crescimento vegetativo das plantas,

cabe perguntar se estes também interferiram no tamanho médio das inflorescências

produzidas. A tabela 14 mostra que, para os indivíduos reprodutivamente ativos de S.

elegantulus, submetidos aos diferentes tratamentos aplicados ao longo de 1999, as relações

alométricas entre altura máxima das inflorescências x peso médio por inflorescência não

apresentam diferenças significativas. Ou seja, as inflorescências mantém inalterada a

relação altura x peso que, provavelmente, é limitada exclusivamente por condicionantes

biomecânicos. Da mesma forma, a análise comparativa do peso médio por inflorescência

produzida em 2000 por plantas que, em 1999, tinham ramets de altura entre 3 e 4 cm,

mostra que não houve diferença significativa entre os diferentes tratamentos a que foram

submetidas em 1999 (F = 2.5534; p = 0.0561).

Page 117: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 4

117

Tabela 14 – Coeficientes do modelo de regressão tipo II para a relação log altura máxima

das inflorescências x log peso médio por inflorescência para indivíduos de S. elegantulus

submetidos aos diferentes tratamentos aplicados entre 1999 a 2000. Todos os testes e

coeficientes do modelo significativos a p <0.0001.

Trat. α α+IC 95% α-IC 95% β β+IC 95% β-IC 95% R2 N

CO 1.820 2.201 1.548 -4.312 -3.897 -4.903 0.333 117

OF 1.589 1.946 1.312 -3.944 -3.537 -4.475 0.579 110

CF 1.740 2.046 1.486 -4.169 -3.807 -4.615 0.465 117

Controle 1.697 2.213 1.331 -4.139 -3.592 -4.926 0.349 138

Trat. = tratamento, Fogo: F = sim, O = não; Coleta: C = sim, O = não; α = intercepto; β = declividade;

IC 95% = intervalo de confiança a 95%.

DISCUSSÃO

Os resultados indicam que a prática da queima e coleta de inflorescências associada ao

manejo extrativista de sempre-vivas na região de Diamantina, MG (Instituto Terra Brasilis,

1999) induzem, no curto prazo, um aumento significativo na produção de inflorescências por

parte de S. elegantulus. No primeiro ano do experimento todas as modalidades de manejo,

com e sem o uso do fogo, induziram a um incremento expressivo no número de

inflorescências produzidas (superior a 110%) em comparação à situação controle, com

destaque para as modalidades que incluíram a queima dos campos (120,4% e 152,9% para

CF e OF, respectivamente). Este incremento não representou uma diminuição do peso

médio das inflorescências produzidas pela planta, nem tampouco uma alteração da relação

alométrica entre a altura máxima das inflorescências x massa média das inflorescências no

genet, como indicado pelos dados de pesagem de inflorescências produzidas pelas plantas

marcadas na floração de 2000, indicando que a formação de inflorescências provavelmente

obedece a rígidos condicionantes biomecânicos.

Page 118: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 4

118

O papel do fogo como indutor do empenho reprodutivo sexuado em S. elegantulus se

evidencia após o segundo ano do experimento, quando o incremento na produção de

inflorescências foi particularmente destacado em todas as modalidades que envolveram a

queima recente (ano 2000), variando de 156,9% a 304,1%, em comparação à situação

controle. Ao final do experimento, os resultados menos expressivos entre as modalidades

testadas referem-se ao tratamento OF-CO, em que a queima ficou restrita ao primeiro ano e

ao tratamento CO-CO (109,5% e 64,8%, respectivamente). O exercício consecutivo da

coleta de inflorescências e queima dos campos (CF-CF) foi a modalidade de manejo que

produziu os resultados mais expressivos (304%), corroborando a noção, manifestada pelos

coletores, de que ambas interferências são importantes para o incremento da produtividade

das sempre-vivas.

As modalidades de manejo envolvendo a queima recente provocaram as respostas mais

expressivas, não apenas quanto à produção de inflorescências, mas também quanto à

redução na estimativa do tamanho assintótico (X∞): plantas submetidas à queima recente

manifestaram perdas percentuais em X∞ da ordem de 20,8% a 53,1% em relação à situação

controle. Para S. elegantulus a queima, realizada ao final da estação seca, precede as

fenofases de crescimento foliar e formação de inflorescências que ocorrem,

concomitantemente, ao longo do período chuvoso, de outubro a março (Bede et al, em

preparação). Os resultados evidenciam, portanto, que em S. elegantulus o incremento da

alocação reprodutiva, induzido pelo manejo extrativista, implica em expressivo custo

reprodutivo (e.g. referente à alocação de biomassa, nutrientes e energia para a formação de

inflorescências, frutos e sementes), manifestado em termos de crescimento foliar e,

provavelmente, sobrevivência. Interessantemente, o tratamento CF-CF que, entre todos os

demais, destacou-se pelo aumento provocado no empenho reprodutivo, apresentou uma

redução em X∞ de apenas 11,4%, patamar comparável às modalidades OF-CO, em que a

queima ocorreu apenas no primeiro ano e CO-CO, em que não incidiu a queima (9,8% e

12,6%, respectivamente). Para as plantas submetidas aos tratamentos CF-CF e OF-CO, é

provável que parte dos custos da reprodução tenha sido mitigada pela coleta de

inflorescências, visto que esta antecede a formação de frutos e sementes, embora ocorra já

ao final da estação de crescimento das plantas (Giulietti et al.,1996; Bedê et al, em

preparação. Capítulo 2). Dessa forma, a seqüência _F;C_ parece combinar os atributos de

forte estímulo à reprodução e minimização das demandas conflitantes entre reprodução e

crescimento.

Page 119: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 4

119

O período 2000 – 2001 foi, aparentemente, menos favorável ao crescimento das plantas,

conforme indicado pela diferença de crescimento das plantas controle, em comparação ao

período anterior (redução de 32% em X∞), possivelmente devido aos menores índices

pluviométricos registrados durante a estação de crescimento. Chama a atenção, no entanto,

que plantas submetidas ao tratamento OO-CF no período 2000 – 2001 tenham mostrado o

dobro do empenho reprodutivo do que o alcançado pelas plantas submetidas ao mesmo

tratamento (CF) no ano anterior (241,7% superior ao tratamento controle na floração de

2001, contra 120,4% na floração de 2000). Este fato pode indicar que a sinalização para um

esforço reprodutivo aumentado pode ser especialmente forte nos anos menos favoráveis ao

crescimento e sobrevivência dos indivíduos adultos.

Ao passo que a reprodução sexuada é importante na manutenção da diversidade genética,

na dispersão a longas distâncias e colonização de hábitats não ocupados, via produção de

sementes, o tamanho corporal é relevante para o aumento da capacidade competitiva e na

persistência local (Huber & During, 2001). Os dados obtidos indicam que o manejo

extrativista, particularmente através da queima, tem o potencial de interferir no balanço entre

a alocação de recursos para reprodução sexuada e crescimento vegetativo de S.

elegantulus, com implicações para a sua conservação. Além da restrição ao crescimento

vegetativo, é provável que eventuais danos físicos e o estresse fisiológico, decorrentes da

queima, ampliem os custos somáticos (Biere 1995; Sandvik 2001) e demográficos da

reprodução nas sempre-vivas.

Para S. elegantulus, assim como outras espécies de Syngonanthus da sect. Eulepis,

associadas a solos pobres em nutrientes, sujeitas ao déficit hídrico e forte exposição à

radiação solar ao longo de boa parte do ano, é razoável supor que investimentos em

reprodução, crescimento e manutenção somática envolvam custos elevados. Em teoria, ao

menos, espera-se uma correlação negativa entre a intensidade do esforço reprodutivo atual

e o valor reprodutivo residual, ou o empenho reprodutivo esperado ao longo da vida restante

do organismo (Williams, 1966). Para indivíduos de S. elegantulus submetidos ao manejo

extrativista, é provável que perdas no valor reprodutivo residual resultem tanto do custo

aumentado da reprodução quanto pelos reflexos em parâmetros componentes do fitness,

associados ao tamanho do indivíduo (Mendes & Karlsson 2004). Além disso, a coleta

eficiente de inflorescências pode contribuir significativamente para a redução do pool de

sementes produzido pela população, prejudicando a formação de bancos de sementes e o

recrutamento.

Page 120: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 4

120

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Biere A. 1995. Genotypic and plastic variation in plant size: effects on fecundity and allocation patterns in Lychnis flos-cuculi along a gradient of natural soil fertility. Journal of Ecology 83: 629–642

Bond WJ & Keeley JE. 2005. Fire as a global ‘herbivore’: the ecology and evolution of flammable ecosystems. Trends in Ecology and Evolution 20 (7):387-394

Coutinho LM. 1977. Aspectos ecológicos do fogo no cerrado. II. As queimadas e a dispersão de sementes em algumas espécies anemocóricas do estrato herbáceo-subarbustivo. Boletim de Botânica da Universidade de São Paulo 5: 57-64.

Giulietti AM, Wanderley MGL, Longhi-Wagner HM, Pirani JR & Parra LR. 1996. Estudos em sempre-vivas: taxonomia com ênfase nas espécies de Minas Gerais, Brasil. Acta bot. Bras. 10(2):329-377.

Giulietti AM & Hensold N. 1990. Padrões de distribuição geográfica dos gêneros de Eriocaulaceae. Acta bot. bras. 4(1):133-157.

Giulietti AM & Pirani JR. 1997. Espinhaço range region. Eastern Brazil. In Davis SD, Heywood VH, Herrera-Macbryde O, Villa-Lobos J, Hamilton AC (eds.), Centres of plant diversity: a guide and strategy for their conservation. Volume 3. Information Press, Oxford. Pp. 397-404.

Giulietti N, Giulietti A, Pirani JR & Menezes NL. 1988. Estudos em sempre-vivas: importância econômica do extrativismo em Minas Gerais, Brasil. Acta bot. Bras. 1(2):179-193.

Hammer Ø, Harper DAT & Ryan PD. 2001. PAST: Paleontological Statistics Software Package for Education and Data Analysis. Palaeontologia Electronica 4(1): 9pp. http://palaeo-electronica.org/2001_1/past/issue1_01.htm

Hartnett DC, & Richardson DR. 1989. Population biology of Bonomia grandiflora (Convolvulaceae): effects of fire on plant and seed bank dynamics. American Journal of Botany 73:361–369.

Huber H & During H. 2001. No long term costs of meristem allocation to flowering in stoloniferous Trifolium species. Evolutionary Ecology 14: 731-748.

Instituto Terra Brasilis de Desenvolvimento Socioambiental – ITB / Centro Cape/SEBRAE/Mãos de Minas, 1999. Projeto Sempre-Viva: Perspectivas de seu Uso Sustentado. ITB, Belo Horizonte.

Köppen W 1931. Climatologia. Fondo de Cultura Economica. Buenos Aires.

Méndez M & Karlsson PS. 2004. Between-population variation in size-dependent Rproduction and reproductive allocation in Pinguicula vulgaris (Lentibulariaceae) and its environmental correlates Oikos 104: 59–70.

Niklas KJ. 1994. Plant Allometry: The scaling of fomr and process. The University of Chicago Press, Chicago. 395p.

Obeso JR. 2002. The costs of reproduction in plants. New Phytologist, 155: 321–348

Richards FJ. 1959. A flexible growth function for empirical use. Journal of Experimental Botany 10(29): 290-300.

Page 121: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 4

121

Sandvik SM. 2001. Somatic and demographic costs under different temperature regimes in the late-flowering alpine perennial herb Saxifraga stellaris (Saxifragaceae). – Oikos 93: 303–311.

Saturnino HM, Saturnino MAC & Brandão M. 1977. Algumas considerações sobre exportação e importação de plantas ornamentais em Minas Gerais. Anais da Sociedade de Botânica do Brasil. XXIII Cong. Nac. Botânica, Belo horizonte. p. 213-217.

Scatena VL, Vich DV. & Parra LR. 2004. Anatomia de escapos, folhas e brácteas de Syngonanthus sect. Eulepis (Bong. ex Koern.) Ruhland (Eriocaulaceae) Acta bot. bras. 18(4): 825-837. 2004

Sokal RR, & Rohlf FJ. 1981. Biometry, 2 nd ed. San Francisco, W. H. Freeman and Co.

Vuong O. 1989. Likelihood Ratio Tests for Model Selection and Non-nested Hypotheses. Econometrica 57:307–334.

Whelan RJ. 1995. The ecology of fire. Cambridge University Press, New York, USA.

Williams GC. 1966. Natural selection, the costs of reproduction, and the refinement of Lack’s principle. American Naturalist 100: 687–690.

Page 122: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 4

122

ANEXOS

Anexo 1: Dados de 1999 para a relação entre o número de inflorescências, classes de

altura e número de rosetas em S. elegantulus. Classes de altura: 1;2 cm, 2;2,9 cm, 2,9;3,9

cm e 3,9; 7,5 cm.

Classses de altura Número de rosetas

1 2 3 4 Total 1 >1 Total

Ninfl N % N % N % N % N N % N % N

0 352 37 308 33 179 18.9 108 11.4 947 894 94.4 53 5.6 947

1;2 97 26 111 29 105 27.7 66 17.4 379 328 86.5 51 13.5 379

>2 25 2.6 123 13 328 34.1 487 50.6 963 541 56.2 422 43.8 963

Total 474 21 542 24 612 26.7 661 28.9 2289 1763 77 526 23 2289

Ninfl = número de inflorescências.

Anexo 2: Dados de 2000 para a relação entre o número de inflorescências, classes de

altura e classes de rosetas de S. elegantulus. Classes de altura: 1 = 1;3,5 cm, 2 = 3,5;4,5 cm

e 3 = >4,5 cm.

Classes de altura Número de rosetas

1 2 3 Total 1 2 >2 Total

Ninfl N % N % N % N N % N % N % N

0 156 60.7 64 24.9 37 14.4 257 231 89.9 19 7.39 7 2.72 257

1;3 115 47.7 84 34.9 42 17.4 241 189 78.1 35 14.5 18 7.44 242

4;6 81 31.2 105 40.4 74 28.5 260 187 71.9 53 20.4 20 7.69 260

7;9 59 28.6 93 45.2 54 26.2 206 122 58.9 50 24.2 35 16.9 207

≥10 46 9.52 221 45.8 216 44.7 483 131 27.1 137 28.4 215 44.5 483

Total 457 31.6 567 39.2 423 29.2 1447 860 59.4 294 20.3 295 20.4 1449

Ninfl = número de inflorescências.

Page 123: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 4

123

Anexo 3: Dados de 2001 para a relação entre o número de inflorescências, classes de

altura e classes de rosetas de S. elegantulus. Classes de altura: 1 = 1;3,4 cm, 2 = 3,4;4,2 cm

e 3 = > 4,2 cm.

Classes de altura Número de rosetas

1 2 3 Total 1 >1 Total

Ninfl. N % N % N % N N % N % N

0 110 51 65 30 41 19 216 176 81.5 40 18.5 216

1;5 160 36 185 42 98 22.1 443 315 71.1 128 28.9 443

>5 88 14 245 40 284 46 617 231 37.4 386 62.6 617

Total 358 28 495 39 423 33.2 1276 722 56.6 554 43.4 1276

Ninfl = número de inflorescências.

Page 124: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

124

CAPÍTULO 5: Manejo Extrativista e Mortalidade de Syngonanthus elegantulus

Page 125: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 5

125

SURVIVAL COSTS OF REPRODUCTION INDUCED BY THE EXTRA CTIVE

MANAGEMENT OF THE ORNAMENTAL STARFLOWER Syngongnthus

elegantulus Ruhl. 1903 (Eriocaulaceae)

Cibele Q. da Silva1

Lúcio C. Bedê2*

Emílio Suyama3

Michele F. Miranda3

Rogério P. Martins2

1Departamento de Estatística, Instituto de Ciências Exatas, Universidade

Nacional de Brasília, Brasília – DF, Brazil 2Departamento de Biologia Geral, Instituto de Ciências Biológicas,

Universidade Federal de Minas Gerais. Av. Antônio Carlos 6627, Belo

Horizonte – MG, Brazil

3Departamento de Estatística, Instituto de Ciências Exatas, Universidade

Federal de Minas Gerais. Av. Antônio Carlos 6627, Belo Horizonte – MG,

Brazil

*Correspondence to: Lúcio C. Bedê

Rua Apucarana 653/102

31.310-520 - Belo Horizonte, MG, Brasil

Fone:55.31.32613889 - FAX:

e-mail [email protected]

Key words:

Starflowers; extractive management; fire; cost of reproduction; sustainable

use.

Page 126: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 5

126

ABSTRACT

Many species of Syngonanthus (Eriocaulaceae) of economic importance are targeted

for inflorescence collection in the Espinhaço mountain range in eastern Brazil, to

which overharvesting is considered to be one of the main drivers of extinction threat.

The traditional management prescribes the use of fire at the peak dry season as a

flowering boosting factor and the early harvesting of inflorescences upon natural

populations of starflowers. This work refers to the analysis of mortality data obtained

in an experimental study replicating the management effects of traditional extractive

management practices upon the starflower Syngonanthus elegantulus. Three main

aspects are apparent from our results: first, smaller plants, as those with a single

rosette and short basal leaf length experience high mortality as compared to their

larger counterparts: death probability lessens as plant size increases, regardless the

modality of extractive management imposed during the first year of the experiment.

Second, fire showed to be a strong mortality factor, particularly to smaller plants.

Third, inflorescence collection was a mortality reducing factor for individuals in all

treatments, probably by sparing subsequent energy demands for the formation of

fruits and seeds. Therefore, the referred management practices of burning and

inflorescence collection strongly influence plant survival, although in opposite

directions. High fire frequency may thus impose strong demographic cost upon S.

elegantulus populations and should be avoided as a management practice. Also,

inflorescence collection should follow fire episodes, in order to minimize demographic

costs.

Page 127: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 5

127

INTRODUCTION

Star-flower inflorescences are harvested for ornamental purposes and constitute an

important seasonal income source to rural poor along the Espinhaço, a ca. 1000 km

long mountain range between the eastern Brazilian States of Minas Gerais and Bahia.

Most star-flower species of economic importance belong to the botanical families

Eriocaulaceae, Poaceae, Xyridaceae, Cyperaceae and Rapateaceae. Among those,

the Eriocaulaceae species of the genus Syngonanthus are the most valuable, with

many taxa endemic to the altitudinal rupestrian fields of the Espinhaço range (Giulietti

& Hensold, 1990; Giulietti et al., 1988). The intense extractive exploitation is

considered to be the main factor driving star-flower species to extinction (Saturnino et

al., 1977; Giulietti et al., 1988; Instituto Terra Brasilis, 1999). Among the species

exploited in the Espinhaço range of Minas Gerais alone, as many as 17 Syngonanthus

species (Eriocaulaceae) figure as critically endangered (Mendonça & Lins, 2000).

Despite the critical conservation status and economic importance of many ornamental

star-flower species in Brazil, quite little is known about their ecology and, particularly,

about the effects of the traditional extractive management practices upon the exploited

populations.

Traditional extractive management prescribes the use of fire at the peak dry season

(normally between July and September) as a flowering boosting factor and the early

harvesting of inflorescences, for freshly opened inflorescences attain higher market

prices and are easily plucked out from sheaths (Instituto Terra Brasilis, 1999).

Although these empirically established management practices clearly target short-term

boosting of inflorescence production and income maximization, consistent long-term

declining trends for the volume of star-flower exports have been documented since a

peak production occurred between the late 1970’s and early 1980’s. Since these

declining trends are concomitant to increasing revenue per ton (Giulietti et al., 1988;

Instituto Terra Brasilis, 1999), production losses have been attributed to

overexploitation - due to intense seed pool depletion through early harvesting of

inflorescences, precluding recruitment from seeds (Giulietti et al., 1996); also

harvesting injuries and mortality effects from frequent fires, between others (Instituto

Terra Brasilis, 1999). Fire can be lethal as a stressing factor, by impinging irremediable

tissue damage and inflorescence collection may eventually incur in death risk from

mechanical injuries (rosettes or entire genets are eventually uprooted as

Page 128: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 5

128

inflorescences are pulled from sheaths). Moreover, these very management practices

may, either alone or combined, interfere with the plants energy tradeoffs between life

history functions, producing complex demographic effects.

Life history theory predicts that tradeoffs between reproduction, growth, survival and

future reproduction will take place whenever limiting resources are involved (Stearns,

1992) and somatic costs of reproduction are expected to increase under stressful

conditions, such as low resource availability, herbivory attack or fire (Reznick, 1985;

Primack et al., 1994; Sandvik 2001). For instance, species of Syngonanthus sect.

Eulepis occur in harsh habitats, such as patches of nutrient poor sandy to rocky soils

(Parra, 2000) fully exposed to sunlight and with limited supply of surface water during

the dry season (Bedê et al., in preparation). Therefore, increased allocation to

reproduction in these conditions may affect survivorship and/or growth, thence

affecting the individual’s residual reproductive value (that is, its remnant lifetime

expectation of reproductive output) (Begon et al., 1986). However, trade-offs between

functions from reproduction costs are not necessarily apparent (Abrahamson &

Caswell, 1982), for plants may draw from accumulated reserves in belowground

structures to buffer high energy demand for short periods; the reproductive parts may

contribute to carbon gain through photosysthesis; or photosintate demands may be

supplied by increased rate of photosynthesis in nearby leaves, between other factors

(Calvo, 1990; Agren & Wilson, 1994; Sandvik, 2001; Obeso, 2002; Hartemink et al.,

2004).

It is well known that fire triggers flowering and fruiting in many species that are

adapted to fire-prone environments (Coutinho, 1977; Abrahamson, 1999; Hartnett and

Richardson, 1989). Inflorescence collection, on the other hand, may prevent further

costly investments of seed and fruit formation, thus contributing to lessening future

reproductive and demographic costs (Begon et al., 1986). In fact, one of the most

effective ways to evaluate costs of reproduction consists in experimentally altering the

plant’s reproductive allocation (Obeso, 2002). Enhancing fertilization through hand

pollination has been frequently used to assess reproduction costs in orchids whose

reproduction is known to be pollinator limited (Ackerman & Montalvo, 1990; Primack &

Hall, 1990); and bud removal experiments are frequently used in perennial herbs, in

order to assess whether resources that cannot be used for the development of the

removed plant parts become available for other purposes. The extractive management

practices of starflowers, namely inflorescence collection and use of fire, can therefore

Page 129: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 5

129

be though of as empirically established manipulation of the reproductive allocation, to

which the resulting demographic effects are among the ultimate drivers of the fates of

natural populations of starflowers.

As noted by Obeso (2002) in his review on the costs of reproduction in plants, while

the effects of current reproduction on growth and future reproduction have been

frequently studied, there is a relative scarcity of data on trade-offs between current

reproduction and somatic resource pool and survival. This experimental work aims to

investigate mortality effects resulting from traditional extractive management

practices, namely the use of fire and the collection of inflorescences - upon a natural

population of the star-flower S. elegantulus Ruhl. (Eriocaulaceae) at the central

Espinhaço Range of Minas Gerais State, eastern Brazil. S. elegantulus is a small

perennial, monoecious, polycarpic plant with cylindrical leaves forming a basal rosette.

The plant has a modular structure, with erect to horizontal rhizomes that may bear

several rosettes from its ramifications. It occupies the same habitat and is

morphologically similar to S. elegans (Bong.) Ruhl. - one of the most valued species in

the national starflower market (Parra, 2000). Despite also being targeted to

inflorescence extraction, S. elegantulus inflorescences are of lesser economic value

and the species is not listed as threatened with extinction at the State, National or

international (IUCN) levels. We therefore consider S. elegantulus a good surrogate for

studies regarding the ecology and extractive management effects upon Syngonanthus

species with similar habitat requirements.

MATERIAL & METHODS

Study Site

The experimental study was carried out at the Lapa Creek area within the Rio Preto

State Park, at the municipality of São Gonçalo do Rio Preto (18º 00’S e 43º 23’W),

Minas Gerais State, southeastern Brazil. The Park’s 10,755 hectars are

predominantly covered by formations of the Brazilian savanna, including “campo

rupestre” vegetation at the higher elevations, in association to quartzite-arenite

formations, where the soils are generally sandy, shallow, acidic and nutrient poor

(Giulietti & Pirani 1997). The habitat of S. elegantulus, typically represented in the

Lapa Creek area, consists mostly of plateaus formed by the accumulation of

Page 130: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 5

130

sediments eroded from quartzite rocks, above 900 m of elevation. According to

Galvão & Nimer (1965), the local climate is classified as Köppen’s Cwb (Köppen,

1931), mesothermal with mild summer, with three-to-four months dry period in

winter and a seven-to-eight months summer rainy season. Average temperatures

vary between 17.4 oC and 19.8oC and the average annual rainfall is 1500 mm.

Methods

Mortality data were obtained from a small-scale experimental replication of the

traditional extractive management practices as assessed by Instituto Terra Brasilis

(1998), involving the inflorescence collection (C) at the beginning of the dry season,

from early April through early May, and burning of the fields (F) at the peak dry

season, between August and early October. Between 1999 and 2001, experimental

treatments consisting of eight combinations of inflorescence collection and fire

episodes were arrayed in a randomized block design within eight 40 m2 plots randomly

placed upon a natural population of S. elegantulus, each having eight 2.5 m2 cells

delimited (64 cells total, eight replicates per treatment). In each cell, between 35 to 45

plants higher than 1cm were randomly selected and marked with aluminum tags,

totaling 2279 marked plants. The co-variables genet height (Gh), number of rosettes

(NR) and number of inflorescences (Ninfl) were measured for each marked plant at the

flowering seasons of 1999, 2000 and 2001.

The mortality analysis consisted of two phases: (1) mortality in 2000 as regards the co-

variables assessed in 1999, in response to 1999’s treatment combinations (F, C = fire

and collection, O = absence of a treatment): CF; CO; OF; and Control; and (2)

mortality in 2001 as regards the co-variables assessed in 2000, in response to 1999-

2000’s treatment combinations: CF-CF; CF-OF; CO-CO; CO-OF; OF-CO; OF-OF; OO-

CF and Control. Mortality effects resulting from the combined influence of the referred

co-variables were explored through logistic modeling:

log [p/(1-p)] = α + Xβ

Where β is a logistic coefficient eigenvector, X is the co-variables eigenvector and p is

the death probability of a plant, given a set of values of the co-variables. Mortality

chances are expressed as the rate:

p/(1-p)

For assessing interaction effects between co-variables and treatments, we cross-

calculated logit differences between all possible combinations of the model terms,

Page 131: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 5

131

assuming that there exists an interaction between a co-variable and a given risk factor

provided the association between the co-variable and the dependent variable differs in

each level of that risk factor (Hosmer & Lemeshow, 1989).

Odd ratios were obtained through power functions using logit differences, as follows:

Treatment Category

A B

Logit difference

A z'ˆ0 ββ + z'ˆˆ

50 βββ ++ 51ˆˆ β=d

B z'ˆˆ10 βββ ++ z'ˆˆˆˆ

7510 βββββ ++++ 752ˆˆˆ ββ +=d

Logit difference 13ˆˆ β=d 714

ˆˆˆ ββ +=d 7515ˆˆˆˆ βββ ++=d

Logit confidence intervals were obtained by calculating variance estimates for each

linear combination of coefficients of the logit difference terms, as exemplified below:

)ˆˆ(2)ˆˆ(2)ˆ,ˆ(2)ˆ()ˆ()ˆ()ˆ( 7571517575 βββββββββ +++++++= CovCovCovVarVarVardVar

RESULTS

Of the 2279 plants marked in 1999, 839 (36.8%) died up to the next year’s flowering

season. Between 2000 and 2001, however, death records were scant: from 2000’s

1440 survivor plants only 165 (11.4%) died up to 2001’s flowering season, thus,

severely limiting the analysis of the combined effects for the consecutive eight

treatment modalities performed in this period. Only CO-OF and OO-CF provided

enough cases for modeling. For the same reason, the investigation of mortality effects

regarding the combined relationship between treatments and Gh, NR and Ninfl was not

possible. The relationship between categories of Gh x NR and between Gh x Ninfl did

not indicate the existence of interaction between such effects. Therefore, we restricted

the scope of the analysis to the results of the four treatment combinations performed in

1999 (CF, CO, OF and Control).

Page 132: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 5

132

In order to assess size related mortality effects, the co-variable Gh in 1999 (Gh99) was

converted into four discrete categories corresponding to the respective quartiles, being

the height classes: Gh 1 = 1.0-2.0 cm; Gh 2 = 2.0-3.0 cm; Gh 3 = 3.0-4.0 cm and Gh 4 =

4.0-> cm. Co-variable NR in 1999 (NR99) was categorized as NR1 = one-rosette and

NR2 = two-more rosettes; and co-variable Ninfl99 was categorized as Ninfl 1 = no

inflorescences or Ninfl 2 = 1 or more inflorescences. To each co-variable category and

treatment in the model, value 1 was assigned for plants fitting a given category or

treatment and 0 otherwise. The number of observations and % mortality ascribed to

each treatment and co-variable is displayed in Table 1.

Table 1 - Number of observations and % mortality of S. elegantulus resulting from

each treatment and co-variable.

Treatment Co-Factors / n. of

obs. CF CO OF OO Total

N 208 235 240 259 942 Ninfl 1 % 63.46 41.70 65.83 55.98 56.58

N 368 319 306 342 1335 Ninfl 2 % 30.43 20.38 24.18 15.79 22.85

N 149 129 124 174 576 Gh 1 % 73.83 81.40 94.35 71.84 79.34

N 173 143 112 154 582 Gh 2 % 54.91 28.67 58.04 33.12 43.30

N 112 169 158 139 578 Gh 3 % 21.43 7.69 19.62 10.07 14.19

N 142 115 152 134 543 Gh 4 % 10.56 4.35 12.50 6.72 8.84

N 455 422 403 474 1754 NR1 % 50.99 36.49 52.61 40.30 44.98

N 121 134 143 127 525 NR2 % 9.92 7.46 13.99 6.30 9.52

Ninfl = number of inflorescences; Gh = genet height; Treatment: Collection (C = yes,

O = no), Fire (F = yes, O = no).

Page 133: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 5

133

The most parsimonious logistic model adjusted to the experiment data is:

log (p/(1-p)) = 0.94502 - 0.70601*NR2 - 0.77722*Ninfl2 - 1.05416*Gh2 - 2.28617* Gh3 -

2.72384* Gh 4 + 0.67292*CF + 0.48857*CO + 2.09139*OF - 1.30520*CO x Gh 2 -

1.56225*CO x Gh 3 - 1.81923*CO x Gh 4 - 1.16771*OF x Gh 2 - 1.51374*OF x Gh 3 -

1.39206*OF x Gh 3 + 0.94344*CO x Ninfl2.

The values obtained for the model coefficients are shown in Table 2, along with

parameters for interpretation. The main effects of each variable were significant at

least at 10% and there were few significant interactions between the treatments and

Gh classes, and between treatment CO and Ninfl classes.

Table 2 – Model coefficients, p values and % change of the expected value for a given

factor level (X), as compared to the reference category (Gh, NR1).

Mortality 1999 Coef. Z p % change of X

SD of X

NR2 -0.706 -3.872 0.000 -50.6 0.421 Ninfl 2 -0.777 -5.905 0.000 -54.0 0.493 Gh 2 -1.054 -6.041 0.000 -65.2 0.436 Gh 3 -2.286 -10.090 0.000 -89.8 0.435 Gh 4 -2.724 -10.274 0.000 -93.4 0.426 CF 0.673 4.530 0.000 96.0 0.435 CO 0.489 1.746 0.081 63.0 0.429 OF 2.091 5.036 0.000 709.6 0.427 CO x Gh 2 -1.305 -3.798 0.000 -72.9 0.243 CO x Gh 3 -1.562 -3.490 0.000 -79.0 0.262 CO x Gh 4 -1.819 -2.888 0.004 -83.8 0.217 OF x Gh 2 -1.168 -2.477 0.013 -68.9 0.216 OF x Gh 3 -1.514 -3.062 0.002 -78.0 0.254 OF x Gh 4 -1.392 -2.633 0.008 -75.1 0.250 CO x Ninfl 2 0.943 3.186 0.001 156.9 0.347 Constant 0.945 6.491 0.000 -- --

Coef. = model coefficient; z = z-score for test of coef.; P>|z| = p-value for z test;

SD = standard deviation; Ninfl = number of inflorescences; Gh = genet height;

Treatment: Collection (C = yes, O = no), Fire (F = yes, O = no); Coef. = model

coefficient.

Page 134: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 5

134

As regards the comparison of global effects between treatments (Table 3), treatment

combinations that included fire in general resulted in higher mortality rates (CF =

42.36%; OF = 42.49%) than those without fire (CO = 29.5%; Control = 33.11%). CF

plants present a non-significant increase of mortality chances when compared to CO

plants. That is, CF and CO are just about equally harmful to plants. However, OF

plants show an expressive, significant increase of mortality chance when compared to

CO or CF, with most of this effect referring to young (Gh 1) plants, as explored in detail

below. Therefore, inflorescence harvesting seems to play an important role in

lessening mortality chances, regardless of fire. In fact, by comparing treatments OF

and CF, the later was found to be generally less harmful to plants than the first.

Table 3 – Mortality chance for S. elegantulus compared between treatments.

Mortality1999 Coef. Std. Err. z P>|z| 95% confidence interval

CF x CO 0.1843 0.2896 0.6370 0.5240 -0.3833 0.7520

OF x CF 0.1418 0.4201 3.3770 0.0010 0.5951 2.2419

OF x CO 1.6028 0.4602 3.4830 0.0000 0.7008 2.5048

Coef. = model coefficient; Std. Err = standard error; z = z-score for test of coef.; P>|z| = p-

value for z test; Treatment: Collection (C = yes, O = no), Fire (F = yes, O = no); Coef. =

model coefficient.

Plant size, as denoted by Gh and NR, was found to be an important mortality related

factor. At the control cells, taller plants showed lower mortality chance, as compared to

Gh 1 plants: for Gh 2 through Gh 4 plants, the reduction in mortality chance was rather

expressive: 65%, 90% and 93%, respectively. Also, plants with two or more rosettes

had mortality chances decreased ca. 50%, as compared to single rosette plants,

provided all other variables are kept constant. Also, flowering plants in control plots

showed mortality chances ca. 54% smaller than non-flowering ones, provided all other

variables are kept constant. This fact is hardly surprising, since flowering probability in

S. elegantulus is related to plant size (Bedê at al., in prep. Chapter 3).

Size also showed to have marked influence upon the interaction effects between co-

variables and treatments. As illustrated in table 4, non-flowering CO plants in height

Page 135: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 5

135

classes Gh 2 through Gh 4 showed a significant and progressive decrease in death risk

when compared to control (odd ratios were 0.442, 0.342 and 0.264 respectively, all

significant at p<5%). The death chance of non-flowering CO plants in size classes Gh 2

through Gh 4 also decreased in comparison to Gh 1 individuals of both Control and CO

treatment (odds ratios were 0.348, 0.102 e 0.066, compared to Gh 1 control plants and

0.094, 0.021 and 0,011, compared to Gh 1 CO plants, respectively. All significant at

p<5% in each height class).

Table 4 – Estimated logit differences, odd ratios and confidence intervals at 95% for

the effects related to height categories for plants with zero inflorescences subjected to

Control and CO treatments.

CI 95%

Efeito / entre Difference Odds ratio Lower limit Upper limit

CO Gh 1 0.4886 1.6300 0.9419 2.8207

CO Gh 2 -0.8166 0.4419 0.2609 0.7487

Gh 2 Control -1.0542 0.3485 0.2475 0.4906

Gh 2 CO -2.3594 0.0945 0.0529 0.1689

(Gh 2 + CO) -- -1.8708 0.1540 0.0916 0.2590

CO Gh 3 -1.0737 0.3418 0.1532 0.7623

Gh 3 Control -2.2862 0.1017 0.0652 0.1585

Gh 3 CO -3.8484 0.0213 0.0100 0.0456

(Gh 3 + CO) -- -3.3599 0.0347 0.0165 0.0732

CO Gh 4 -1.3307 0.2643 0.0804 0.8694

Gh 4 Control -2.7238 0.0656 0.0390 0.1103

Gh 4 CO -4.5431 0.0106 0.0034 0.0330

(Gh 4 + CO) -- -4.0545 0.0173 0.0056 0.0534

Gh = genet height; Treatment: Collection (C = yes, O = no), Fire (F =

yes, O = no); Coef. = model coefficient.

Page 136: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 5

136

Flowering plants in height classes Gh 2 through Gh 4 under CO do not show significant

differences in death chance as compared to control plants of the same size classes

(odd ratios are 1,1352, 0,87788 e 0,67894 for Gh 2 through Gh 4 plants, respectively).

On the other hand, flowering plants display the same pattern of diminishing death

chances with increased size, described above (Table 5). Compared to Gh 1 plants in

both control and (particularly) CO cells, flowering Gh 2 through Gh 4 plants show a

significant, progressive decrease of death risk as plant height increases (in each

height class). The collection of inflorescences, however, showed to be an important

mortality effect for flowering plants in the smallest size class. Compared to Gh 1 plants

in control cells, the odds ratio for Gh 1 CO plants is 4.187 (significant at p<5%).

Table 5 – Estimated logit differences, odd ratios and confidence intervals at 95% for

the effects related to Gh 1-4 height categories for plants with one or more

inflorescences under Control and CO treatments.

CI 95% Co-factors Difference Odds ratio

Lower limit Upper limit

CO Gh 1 1.4320 4.1871 2.1497 8.1556

CO Gh 2 0.1268 1.1352 0.6510 1.9796

Gh 2 Control -1.0542 0.3485 0.2475 0.4906

Gh 2 CO -2.3594 0.0945 0.0529 0.1689

(ALT2 + CO) -- -0.9274 0.3956 0.2285 0.6850

CO Gh 3 -0.1302 0.8779 0.4318 1.7847

Gh 3 Control -2.2862 0.1017 0.0652 0.1585

Gh 3 CO -3.8484 0.0213 0.0100 0.0456

(Gh 3 + CO) -- -2.4164 0.0892 0.0456 0.1749

CO Gh 4 -0.3872 0.6789 0.2237 2.0603

Gh 4 Control -2.7238 0.0656 0.0390 0.1103

Gh 4 CO -4.5431 0.0106 0.0034 0.0330

(Gh 4 + CO) -- -3.1111 0.0446 0.0154 0.1292

Legend: Ninfl = number of inflorescences; Gh = genet height; Treatment: Collection (C =

yes, O = no), Fire (F = yes, O = no); Coef. = model coefficient.

Page 137: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 5

137

However, fire showed to be an important mortality effect for all plant heights and,

particularly, to Gh 1 plants, be it under treatment OF or under CF (although much

smaller in the last. Tables 6 and 7). All other variables kept constant, Gh 1 plants

submitted to treatments OF or CF had mortality chances increased 710% and 96%,

respectively, in relation to plants in control cells. Compared to control cells, odd ratios

for OF plants in height classes Gh 1 through Gh 4 were 8.096, 2.519, 1.782 and 2.012,

respectively (table 6), and for CF plants in height classes Gh 1 through Gh 4 odd ratios

were 1.96, 0.348, 0.102 and 0.066, respectively (table 6. All significant at p<5%).

Again, mortality risks were lessened for larger plants. For both control and OF plants,

Gh 2 through Gh 4 individuals show, in comparison to Gh 1, a significant and progressive

decrease of death risk as size increases (p<5% in each size class), but as in the case

of the harvesting effects presented above, the decrease in death risk was less marked

in the control cells (in Gh 2 through Gh 4 Control plants, odd ratios were 0.34848,

0.10166 and 0.06562 respectively) than for OF ones (odd ratios are 0.10841, 0.02237

and 0.01631 for Gh 2 through Gh 4, OF plants). Interestingly, interaction effects of

treatments CF and OF with Ninfl 1 and Ninfl 2 were not significant, therefore excluded

from the analysis.

Page 138: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 5

138

Table 6 - Estimated logit differences, odd ratios and confidence intervals at 95% for

the effects related to height categories Gh 1 through Gh 4, for Control plants and those

under treatment OF.

CI 95% Co-factors Difference Odds ratio

Lower limit Upper limit

OF Gh 1 2.0914 8.0962 3.5875 18.2712

OF Gh 2 0.9237 2.5185 1.5618 4.0614

Gh 2 Control -1.0542 0.3485 0.2475 0.4906

Gh 2 OF -2.2219 0.1084 0.0405 0.2903

(Gh 2 + OF) -- -0.1305 0.8777 0.4450 1.7312

OF Gh 3 0.5777 1.7819 1.0179 3.1191

Gh 3 Control -2.2862 0.1017 0.0652 0.1585

Gh 3 OF -3.7999 0.0224 0.0094 0.0533

(Gh 3 + OF) -- -1.7085 0.1811 0.1104 0.2972

OF Gh 4 0.6993 2.0124 1.0254 3.9496

Gh 4 Control -2.7238 0.0656 0.0390 0.1103

Gh 4 OF -4.1159 0.0163 0.0065 0.0409

(Gh 4 + OF) -- -2.0245 0.1321 0.0740 0.2356

Gh = genet height; Treatment: Collection (C = yes, O = no), Fire (F = yes, O =

no); Coef. = model coefficient.

Page 139: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 5

139

Table 7 - Estimated logit differences, odd ratios and confidence intervals at 95% for

the effects related to height categories Gh 1 through Gh 4, for Control plants and those

under treatment CF.

CI 95% Co-factors Difference Odds ratio

Lower limit Upper limit

CF Gh 1 0.6729 1.9600 1.4649 2.6223

CF Gh 2 0.6729 1.9600 1.4649 2.6223

Gh 2 Control -1.0542 0.3485 0.2475 0.4906

Gh 2 CF -1.0542 0.3485 0.2475 0.4906

(Gh 2 + CF) -- -0.3812 0.6830 0.4464 1.0451

CF Gh 3 0.6729 1.9600 1.4649 2.6223

Gh 3 Control -2.2862 0.1017 0.0652 0.1585

Gh 3 CF -2.2862 0.1017 0.0652 0.1585

(Gh 3 + CF) -- -1.6133 0.1992 0.1194 0.3324

CF Gh 4 0.6729 1.9600 1.4649 2.6223

Gh 4 Control -2.7238 0.0656 0.0390 0.1103

Gh 4 CF -2.7238 0.0656 0.0390 0.1103

(Gh 4 + CF) -- -2.0509 0.1286 0.0729 0.2269

Gh = genet height; Treatment: Collection (C = yes, O = no), Fire (F = yes, O = no);

Coef. = model coefficient.

Page 140: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 5

140

DISCUSSION

Three main aspects are apparent from mortality data of S. elegantulus, as a result of

the experimentally reproduced management practices. First, single rosette plants with

short basal leaf length experience high mortality as compared to their larger

counterparts: death probability lessens as plant size increases, regardless the modality

of extractive management imposed during the first year of the experiment. Second, fire

showed to be a strong mortality factor, particularly to smaller plants. Third,

inflorescence collection was a mortality reducing factor for reproductively active

individuals in all treatments.

As seen in the present study, the high mortality of juveniles is a common fact in plant

communities and is aggravated by fire, a well documented fact in tropical savannas

(Bond & Keeley, 2005; Frost & Robertson 1987; Whelan, 1995; Franco et al., 1996;

Hoffmann, 1998). For plants in reproductive stage, higher mortality rates of burned

plants may also result from overwhelming energy costs driven by an enhanced

flowering response (consumption of energy by fertilized ovules). The increased sexual

reproductive effort of plants in response to events that may indicate high risk of ramet

and genet mortality has been documented from both field (Harper, 1977; Brewer &

Platt, 1994) and modeling studies (Sackville-Hamilton et al., 1987; Gardner & Mangel,

1999). Our results show that, for S. elegantulus, the burning of fields, an empirically

established management practice with the aims to enhance the production of

starflowers (Instituto Terra Brasilis, 1999) significantly increases mortality risk of plants

in all developmental stages. Several studies have reported constraints from sexual

reproduction (through investments in costly resources and nutrients) to vegetative

growth, future fecundity and future survivorship in plants (Mendez & Obeso, 1993;

Agren, 1988; Muir, 1995), while others have shown no measurable cost of

reproduction (Horvitz & Schemske, 1988; Agren & Wilson, 1994; Lord, 1998;

Jongejans et al., 2006).

For S. elegantulus plants, the fact that inflorescence collection significantly reduces

mortality chance in reproductive individuals of different sizes, from either burned and

unburned plots, reveals that expressive cost incur from sexual reproduction. The usual

timing of inflorescence harvesting, as reproduced in this experiment, probably allows

pollination to occur in most sites but precedes fruit and seed formation. Pollination in

S. elegantulus occurs within a couple of weeks after anthesis (Bedê et al., in

Page 141: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 5

141

preparation), but it is likely to be over by the time the inflorescences of natural

populations are harvested. Therefore, the reproduction costs spared to flowering

plants through inflorescence harvesting refer mostly to seed and fruit formation, rather

than to production of nectar and pollen. Since Syngonanthus scapes and spathes are

green, such cost surmounts the eventual photosynthetic contribution of flowering

structures to carbon gain (Bazzaz et al., 1979).

The mortality data obtained in this experiment indicate that larger plants seem to be far

more able to entail costs of reproduction. It seems likely that, for plants associated to

low fertility, water stressed habitats such as S. elegantulus (probably most if not all

species of Syngonanthus sect. Eulepis as well), rhizome starch reserves could play a

decisive role in helping plants to cope with the burden of physiological costs imposed

by reproduction, fire damage and increased fire-cued allocation to reproduction. In a

study of scalar relations for plants in this same S. elegantulus population, Bede et al

(in preparation – chapter 3) found that the biomass invested in sexual reproduction

grows at proportionally smaller rates as the plant’s root mass increases, indicating that

larger ramets/genets possibly have increasingly larger energy storage capacity to draw

from.

Page 142: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 5

142

REFERENCES

Abrahamson WG & Caswell H. 1982. On the comparative allocation of biomass, energy, and nutrients in plants. Ecology 63(4): 982-991.

Abrahamson WG. 1999 Episodic reproduction in two fire-prone palms, Serenoa repens and Sabal etonia (Palmae). Ecology 80: 100-115.

Ackerman JD and Montalvo AM. 1990. Short- and long-term limitations to fruit production in a tropical orchid. Ecology, 71:263–272.

Ågren J, Willson MF. 1994. Costs of seed production in the perennial herbs Geranium maculatum and G. sylvaticum: an experimental field study. Oikos 70: 35–42.

Ågren J. 1988. Sexual differences in biomass and nutrients allocation in the dioecious Rubus chamaemorus L. Ecology 69:962-973.

Bazzaz FA, Carlson RW & Harper JL. 1979. Contribution to reproductive effort by photosysthesis of flowers and fruits. Nature 279(7):554-555.

Begon M, Harper JL & Townsend CR. 1986. Ecology: Individuals, Populations and Communities. Blackwell Sci. Publ., Oxford.

Bond WJ. and Keeley JE. 2005. Fire as a global ‘herbivore’: the ecology and evolution of flammable ecosystems. Trends in Ecology and Evolution 20 (7):387-394

Brewer JS & Platt WJ. 1994. Effects of Fire Season and Soil Fertility on Clonal Growth in a Pyrophilic Forb, Pityopsis graminifolia (Asteraceae). American Journal of Botany 81:(7): 805-814.

Calvo RN. 1990. Four-year growth and reproduction of Cyclopogon cranichoides (Orchidaceae) in South Florida. Am. J. Bot. 77: 736–741.

Coutinho LM. 1977. Aspectos ecológicos do fogo no cerrado. II. As queimadas e a dispersão de sementes em algumas espécies anemocóricas do estrato herbáceo-subarbustivo. Boletim de Botânica da Universidade de São Paulo 5: 57-64.

Ferreira MB, Saturnino HM. 1977. Algumas considerações sobre os arranjos ornamentais confeccionados com plantas secas em Minas Gerais. Anais da Sociedade Botânica do Brasil. XXIII Cong. Nac. pp 201-211.

Franco AC, Souza, MP & Nardoto GB. 1996. Estabelecimento e crescimento de Dalbergia miscolobium em áreas de campo sujo e cerrado no DF. Pp. 84-92. In: H.S. Miranda; B.F.S. Dias & C.H. Saito (orgs.). Impacto de Queimadas em Área de Cerrado e Restinga. Brasília, ECL/Universidade de Brasília.

Frost PGH and Robertson F. 1987. The ecological effects of fire in savannas. In Walker, B.H., ed. Determinants of tropical savannas. The International Union of Biological Sciences IUBS Monograph Series, No. 3. IRL Press, Oxford

Galvão MV & Nimer E. 1965. Clima in Geografia do Brasil – Grande região Leste. IBGE, Rio de Janeiro. 5(19):91-139.

Gardner SN & Mangel M. 1999. Modeling investments in seeds, clonal offspring, and translocation in a clonal plant. Ecology 80:1202-1220

Giulietti AM & Hensold N. 1990. Padrões de distribuição geográfica dos gêneros de Eriocaulaceae. Acta bot. bras. 4(1):133-157.

Page 143: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 5

143

Giulietti AM & Pirani JR. 1997. Espinhaço range region. Eastern Brazil. In Davis SD, Heywood VH, Herrera-Macbryde O, Villa-Lobos J, Hamilton AC (eds.), Centres of plant diversity: a guide and strategy for their conservation. Volume 3. Information Press, Oxford. Pp. 397-404.

Giulietti AM, Wanderley MGL, Longhi-Wagner HM, Pirani JR & Parra LR. 1996. Estudos em sempre-vivas: taxonomia com ênfase nas espécies de Minas Gerais, Brasil. Acta bot. Bras. 10(2):329-377.

Giulietti N, Giulietti A, Pirani JR & Menezes NL. 1988. Estudos em sempre-vivas: importância econômica do extrativismo em Minas Gerais, Brasil. Acta bot. Bras. 1(2):179-193.

Harper JL. 1977. Population biology of plants. London, UK: Academic Press.

Hartemink N, Jongejans E and de Kroon H. 2004. Flexible life history responses to flower and rosette bud removal in three perennial herbs. Oikos 105: 159-167

Hartnett DC and Richardson DR. 1989. Population biology of Bonomia grandiflora (Convolvulaceae): effects of fire on plant and seed bank dynamics. American Journal of Botany 73:361–369.

Hoffmann WA. 1998. Post-burn reproduction of woody plants in a neotropical savanna: the relative importance of sexual and vegetative reproduction. Journal of Applied Ecology 35: 422-433.

Horvitz CC & Schemske DW. 1988. Demographic cost of reproduction in a neotropical herb: an experimental field study. Ecology 69: 1741-1745.

Hosmer DW and Lemeshow S. 1989. Applied Logistic Regression. John Wiley & Sons, New York.

Instituto Terra Brasilis de Desenvolvimento Socioambiental – ITB / Centro Cape/SEBRAE/Mãos de Minas, 1999. Projeto Sempre-Viva: Perspectivas de seu Uso Sustentado. ITB, Belo Horizonte.

Jongejans E, de Kroon H & Berendse F. 2006. The interplay between shifts in biomass allocation and costs of reproduction in four grassland perennials under simulated successional change. Oecologia 147: 369–378

Köppen W. 1931. Climatologia. Fondo de Cultura Economica. Buenos Aires.

Lord J. 1998. Effect of flowering on vegetative growth and further reproduction in Festuca novae-zelandia. New Zealand Journal of Ecology 22(1): 25-31

Mendez M & Obeso JR. 1993. Size-dependent reproductive and vegetative allocation in Arum italicum (Araceae). Canadian Journal of Botany 71: 309-314.

Mendonça MP & Lins LV. 2000. (Org.) Lista vermelha das espécies ameaçadas de extinção da flora de Minas Gerais. Fundação Biodiversitas, Fundação Zoo-Botânica de Belo Horizonte. 157 p.

Muir AM. 1995. The cost of reproduction to the clonal herb Asarum canadense. Cannadian Journal of Botany 73:1683-1686.

Obeso JR. 2002. The costs of reproduction in plants. New Phytologist, 155: 321–348

Parra LR. 2000. Redelimitação e revisão de Syngonanthus Sect. Eulepis (Bong. Ex Koern.) Ruhland – Eriocaulaceae. Doctorade Thesis. Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo. 201p.

Page 144: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 5

144

Primack RB and P Hall. 1990. Costs of reproduction in the pink lady’s slipper orchid: a four-year experimental study. American Naturalist, 136:638–656.

Primack RB, Miao SL & Becker KR. 1994. Cost of reproduction in the pink lady’s slipper orchid (Cypripedium acaule): defoliation, increased seed production and fire. American Journal of Botany 81: 1083-1093.

Reznick D. 1985. Cost of reproduction: an evaluation of the empirical evidence. Oikos 44: 257–267.

Sackville-Hamilton NR, Schmid B & Harper JL. 1987. Life-history concepts and the population biology of clonal organisms. Proceedings of the Royal Society of London B232, 35-57.

Sandvik SM. 2001. Somatic and demographic costs under different temperature regimes in the late-flowering alpine perennial herb Saxifraga stellaris (Saxifragaceae). – Oikos 93: 303–311.

Saturnino HM, Saturnino MAC & Ferreira MB. 1977. Algumas considerações sobre exportação e importação de plantas ornamentais em Minas Gerais. Anais da Sociedade Botânica do Brasil. XXIII Cong. Nac. pp 213-217.

Whelan RJ. 1995. The ecology of fire. Cambridge University Press, New York, USA.

Page 145: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

145

CAPÍTULO 6: Efeitos do manejo extrativista sobre o recrutamento de plântulas de Syngonanthus elegantulus

Page 146: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 6

146

EXTRACTIVE MANAGEMENT AFFECTS SEEDLING RECRUITMENT TO

THE STARFLOWER Syngonanthus elegantulus (Eriocaulaceae)

Lucio Cadaval Bedê1*

Adriano P. Paglia2

Rogério Parentoni Martins1

1Departamento de Biologia Geral, Instituto de Ciências Biológicas da UFMG

Av. Antonio Carlos 6627, Belo Horizonte, MG, Brazil 2 Departamento de Ciências Biológicas, Centro Universitário Metodista

Isabela Hendrix, Rua da Bahia 2020, Belo Horizonte, MG, Brazil

*Corresponding author: Lúcio C. Bedê

Rua Apucarana 653/102

31.310-520 - Belo Horizonte, MG, Brasil

Fone:55.31.32613889 - FAX:

e-mail [email protected]

Key words:

Starflowers; Syngonanthus elegantulus; extractive management; recruitment;

sustainable use.

Page 147: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 6

147

ABSTRACT

The intense harvesting of inflorescences prior to setting seeds and the frequent use of

fire as to boost flowering are considered to be the main factors driving star-flower

species to extinction along the Espinhaço mountain range in eastern Brazil. In this

study we experimentally reproduced these traditional management practices upon a

natural population of the starflower Syngonanthus elegantulus (Eriocaulacece), in

order to assess their effects on seedling recruitment. Our results show that the

extractive management interferes with the recruitment dynamics of S. elegantulus: fire

significantly reduced the herbaceous cover and stimulated seedling recruitment. An

intermittent fire regime may favor seedling establishment and their transition to the

next size classes, while repeated fires seem to impact the progression of seedling

cohorts and the regrowth of the herbaceous cover. Additional inputs of seeds took

place at the local scale, probably through dispersion from outer sources and from seed

banks. Seed pool depletions are to be expected under persistent and efficient

inflorescence collection and may lead to population senescence.

Page 148: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 6

148

INTRODUCTION

Star-flower inflorescences are harvested for ornamental purposes and constitute an

important seasonal income source to rural poor along the Serra do Espinhaço, a ca.

1000 km long mountain range between the eastern Brazilian States of Minas Gerais

and Bahia. Among those, the Eriocaulaceae species of the genus Syngonanthus are

the most valuable, with many species endemic to the altitudinal “campo rupestre“

vegetation of the Espinhaço range (Giulietti et al., 1988; Giulietti & Hensold, 1990).

Traditional extractive management of starflowers prescribes the use of fire at the peak

dry season (normally between July and September) as a flowering boosting factor and

the early harvesting of inflorescences (late March, April), for freshly emerged

inflorescences attain higher market prices and are easily plucked out from mother

plants (Instituto Terra Brasilis, 1999). Although these empirically established

management practices clearly target short-term boosting of inflorescence production

and income maximization, consistent long-term declining trends for the volume of star-

flower exports have been documented since a peak production occurred between the

late 1970’s and early 1980’s. The intense harvesting of inflorescences prior to setting

seeds (Saturnino et al., 1977; Giulietti et al., 1988, 1996) and frequent fires (Instituto

Terra Brasilis, 1999) are considered to be the main factors driving star-flower species

to extinction. As many as 17 Syngonanthus species exploited in the Espinhaço

mountain range figure among the Minas Gerais State red listed flora as critically

endangered (Mendonça & Lins, 2000).

Despite this fact and of the economic importance of many ornamental star-flower

species in Brazil, quite little is known about their ecology and, particularly, about the

effects of the traditional extractive management practices upon the exploited

populations. It is well known that fire induces flowering and fruiting in many plant

species adapted to fire-prone environments (Coutinho 1977, Hartnett and Richardson

1989; Abrahamson 1999) and that fire can directly or indirectly stimulate seed

germination and seedling establishment (Keeley & Fotheringham, 2000). On the other

hand, fire may cause important mortality effects upon seedlings (Frost & Robertson

1987; Whelan, 1995; Bond & Keeley 2005) and the harvesting of inflorescences

ultimately may impact recruitment (Hall & Bawa, 1993). In this study we experimentally

reproduced the above mentioned traditional management practices upon a natural

Page 149: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 6

149

population of the starflower Syngonanthus elegantulus Ruhl., in order to assess the

management effects on recruitment from seeds.

MATERIAL & METHODS

Study Site

The experimental study was carried out at the Lapa Creek area within the Rio Preto

State Park, at the municipality of São Gonçalo do Rio Preto (18º 00’S e 43º 23’W),

Minas Gerais State, southeast Brazil. The Park’s 10,755 hectares are

predominantly covered by formations of the Brazilian savanna, including “campo

rupestre” vegetation at the higher elevations, in association to quartzite-arenite

formations, where the soils are generally sandy, shallow, acidic and nutrient poor

(Giulietti & Pirani 1997). The habitat of S. elegantulus, typically represented by the

Lapa Creek area, consists mostly in plateaus formed by the accumulation of

sediments eroded from quartzite rocks of the Espinhaço range, above 900 m of

elevation. According to Galvão & Nimer (1965), the local climate is classified as

Köppen’s Cwb (Köppen, 1931), mesothermal with mild summer, with three-to-four

months dry period in winter and a seven-to-eight months summer raining seazon.

Mean temperatures vary between 17.4 oC and 19.8oC and the mean annual rainfall

is 1500 mm.

Methods

Recruitment data were obtained from small-scale experimental replication of the

traditional extractive management practices as assessed by Instituto Terra Brasilis

(1998), involving the inflorescence collection (C) at the beginning of the dry season,

from early April through early May, and burning of the fields (F) at the peak dry

season, between September and early October. Between 1999 and 2001,

experimental treatments consisting of eight combinations of inflorescence collection

and fire episodes were arrayed in a randomized block design. Eight 40 m2 blocks were

randomly set upon a natural population of S. elegantulus, each having eight 2.5 m2 lots

delimited with fenced wood posts (total of 64 lots, with eight replicates per treatment).

Along the year of 1999 the following treatment combinations were performed: CF; CO;

OF; and Control and along 2000 the treatment combinations were: CF-CF; CF-OF;

CO-CO; CO-OF; OF-CO; OF-OF; OO-CF and Control. Records of seedlings, taken as

Page 150: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 6

150

plants with up to 1 cm of height above the ground, non-seedlings (individuals larger

than 1 cm tall) and herbaceous cover (excluding S. elegantulus) were taken in each lot

at the flowering seasons of 1999, 2000 and 2001.

For the counting of seedlings and non-seedlings, each lot was subdivided in 10 square

cells of 0.25 m2 by overlaying an aluminum grid upon the lot’s fencing poles. The

herbaceous cover (excluding S.elegantulus) was visually estimated using a 64 cell grid

laid upon each 0.25 m2 square, by counting the number of cells filled with plant leaves.

The counts in each cell were made with the aid of a tally counter.

In order to characterize the size frequency distribution in the S. elegantulus population,

the basal leaf length (plant height) and the number of ramets per genet were taken

from 35 to 45 individuals randomly picked within each lot (totaling 2288 non-seedling

individuals). The proportion of seedlings x non-seedlings was used to complete the

size frequency diagram for the population.

Average count data values per lot were compared using 2-way ANOVA, taking the

sampling blocks as a random factor. The 2001 count data were log transformed prior

to the analysis. The results are displayed for graphical interpretation using mean

values ± 95% confidence intervals and average values are referred to in the text as

mean ± SE.

In order to calibrate visual estimates of herbaceous cover in terms of above ground

biomass of herbs (S. elegantulus excluded) and light incidence at ground level, in July

2000 we visually estimated the herbaceous cover in forty 0.25m2 quadrat samples

randomly placed over the study area. The light penetration at ground level was then

measured using a portable digital lux meter (range 0 – 50.000 lux, accuracy ±5%) and

the herbaceous cover inside each quadrat cropped and oven-dried at 50 oC until

reaching constant weight (g).

RESULTS

The average density of S. elegantulus in May 1999 was 25.9 ± 0.95 individuals per

quadrat (n = 640) or 103.4 individuals/m2, and the proportion of seedlings was 4.2 ±

0.3 per quadrat or ca. 16.85 seedlings/m2 (16.3% of the population). The average plant

height in the population was 3.12 cm ± 0.03 (n = 2288) with the maximum size of 7.5

cm (Figure 1). Most individuals in the population had only one ramet (77%), being the

Page 151: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 6

151

proportion of genets with 2 and 3 ramets 12.15 % and 4.28 % respectively. Only two

plants presented genet size superior to 10 ramets, the maximum genet size being 12

ramets.

0

5

10

15

20

25

30

≤ 1 1;2 2;3 3;4 4;5 5;6 6;7 7>Plant height (cm)

Fre

quen

cy (

%)

Estimated

Observed

Figure 1. Size (plant height) distribution in the S. elegantulus population in May 1999,

from measurements taken from 2288 non-seedling (> 1 cm) individuals. The proportion

of seedlings was estimated from count data.

Visual estimates of the herbaceous cover showed strong positive correlation with the

herbaceous aboveground biomass (Pearson r = 0.87, t = 11.049, p < 0.0001, n = 40),

and strong negative correlation with light penetration at ground level (Pearson r = -

0.85, t = -10.0725, p < 0.0001, n = 40). Obviously then, light at ground level was

negatively correlated with above ground biomass of herbs (Pearson r = -0.8177, t = -

8.7561, p < 0.0001, n = 40).

The average percentage of visually estimated herbaceous cover previous to the

experiment (May 1999) was 34.7 ± 0.7/m2 (n = 640) in the Lapa creek area. At the

experiment lots, no significant relationship was found between the average

herbaceous cover and the average number of seedlings (R2 = -0.016, F = 0.0052, p =

0.9412, n = 64) or with the average number of non-seedlings (R2 = 0.0086, F = 0.5348,

p = 0.5259, n = 64). The average number of seedlings, however, was strongly related

Page 152: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 6

152

to the number of non-seedlings (potential mother plants): R2 = 0.091, F = 6.2044, p =

0.0147, n = 64.

The burning of the 2.5 m2 lots took between 50 and 140 seconds and the surface soil

temperature immediately after fire varied between 41oC and 52 oC. Previous to

burning, the surface soil temperatures varied between 28 oC and 31 oC.

Treatment effects: year 2000 data

The treatments performed during 1999 produced significant differences regarding the

herbaceous cover (ANOVA, F3,21 = 33,3; p < 0,001): as expected, treatments involving

fire showed significantly smaller average herbaceous cover than the control and CO

lots (figure 2). Contrary to the patterns found in 1999, though, a significant negative

relationship between average herbaceous cover and average number of seedlings

was found in 2000 (R2 = 0.244, F = 21.3716, p < 0.0001, n = 64). Therefore, in the

analysis of the management effects upon recruitment, we controlled the influence of

the herbaceous cover by using it as a covariate. There were no significant differences

between the treatments on recruitment (Figure 3. ANCOVA, F3,20 = 1,37; p = 0,28) and

there was a pervasive, significant negative relationship between the herbaceous cover

and recruitment (F1,20 = 2,37; p = 0,13).

C CF F Control5

10

15

20

25

30

35

Her

bac

eou

s co

ver

Figure 2. Visual estimates of herbaceous cover density in 2000 in response to

treatments performed in 1999. C = inflorescence collection, F = fire, O = absence of

treatment C or F.

Page 153: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 6

153

As regards the number of non-seedling individuals, no significant effects were detected

as a result of the treatments performed (F3,21 = 1,83; p = 0,17) and, like in 1999, no

relationship was found between average herbaceous cover and average number of

non-seedlings (R2 = 0.003, F = 0.1525, p = 0.6996, n = 64). Contrary to 1999 data, no

significant relation was found between non-seedlings (potential mother plants) and the

average number of seedlings (R2 =0.0023, F = 0.1460, p = 0.7053, n = 64).

Treatment effects: year 2001 data

No significant relations were found between average herbaceous cover x average

number of seedlings (R2 = 0.048, F = 3.1034, p = 0.0794, n = 64), between average

herbaceous cover x and the average number of non-seedlings (R2 = 0.013, F = 0.0819,

p = 0.7727, n = 64), nor between this last variable and the average number of

seedlings (R2 = 0.048, F = 3.1415, p = 0.0776, n = 64).

The eight treatment modalities performed along the year 2000 produced significant

differences upon the herbaceous cover (F7,49 = 17.2; p < 0,001) and seedlings (F7,49 =

4.6; p < 0,001). As in 2000, compared to control plots, all treatments involving the use

of fire showed a significant reduction of the herbaceous cover in 2001 (figure 3). All but

OF-CO, in which fire was used only in 1999, significantly reduced herbaceous cover

compared to CO-CO. As expected, the herbaceous cover at control and CO-CO lots

did not differ (figure 4). As regards recruitment (figure 5), with exception of CF-CF, all

treatments that included fire presented significantly higher average number of

seedlings than the control. The lower seedling records were found in the control lots

and those from treatments involving inflorescence collection along both years of the

experiment: CO-CO and CF-CF. As for non-seedling individuals, only OF-CO showed

a significantly higher average in relation to the control (Figure 5. F7,49 = 3.5; p = 0,004).

Page 154: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 6

154

C CF F Control10

20

30

40

50

60

70

80

90

Nu

mb

er o

f see

dlin

gs

Figure 3. Number of recruits in 2000 in response to treatments performed in 1999. C =

inflorescence collection, F = fire, O = absence of treatment C or F.

CF-CF CF-OF OF-OF CO-OF OF-CO OO-CF CO-CO Control1.8

2.0

2.2

2.4

2.6

2.8

3.0

3.2

3.4

3.6

3.8

Her

bace

ous

cove

r (lo

g)

Figure 4 – Average (mean ± IC 95%) visual estimate of herbaceous cover density in

2001 in response to treatments performed in 2000. C = inflorescence collection, F =

fire, O = absence of treatment C or F

Page 155: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 6

155

CF-CF CF-OF OF-OF CO-OF OF-CO OO-CF CO-CO Control0.0

0.5

1.0

1.5

2.0

2.5

3.0

3.5

4.0

Num

ber

of s

eedl

ings

(lo

g)

Figure 5 – Average (mean ± IC 95%) number of recruits in 2001 in response to

treatments performed in 2000. C = inflorescence collection, F = fire, O = absence of

treatment C or F.

CF-CF CF-OF OF-OF CO-OF OF-CO OO-CF CO-CO Control2.4

2.6

2.8

3.0

3.2

3.4

3.6

3.8

4.0

4.2

Num

ber

of in

divi

dual

s (lo

g)

Figure 6 – Average (mean ± IC 95%) number of non-seedling individuals in 2001 in

response to treatments performed in 2000. C = inflorescence collection, F = fire, O =

absence of treatment C or F.

Page 156: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 6

156

DISCUSSION

Our results show that the extractive management practices interfere with the

recruitment dynamics of S. elegantulus. Fire significantly reduced the herbaceous

cover and stimulated seedling recruitment. The reduction in the herbaceous cover

alone can be the ultimate factor driving recruitment enhancement, as apparent from

the experiment results in the year 2000, although such marked effect was not detected

in 1999 or 2001. Seed germination can, in fact, be stimulated by alterations in light

penetration, temperature, moisture and nutrient regimes in response to fire (Whelan,

1995; Keeley & Fotheringham, 2000). In the Lapa creek area, a few patches of

exposed sandy soil along road cuts and erosions presented dense aggregations of

seedlings, revealing the role of seeds in the opportunistic colonization of gaps in the

herbaceous cover. Also, as reported by Instituto Terra Brasilis (1999), the only soil

management practice involved in the commercial planting of S. elegans consists in the

plowing of the superficial sandy soil, in order to remove the competing herbaceous

cover.

These facts bring about the importance of considering the transitory condition of these

populations in the temporal scale of succession (Jongejans et al., 2006) when referring

to a sustained harvesting of inflorescences or to conservation management. Along the

three flowering seasons monitored in this experiment, the control lots showed a

progressive increase of the average herbaceous cover: 34.7 ± 0.7 % (n = 640) in

1999, 43.6 ± 1.7 % (n = 160) in 2000 and 48.2 ± 3.1 % (n = 80) in 2001. Along the

“campo rupestre” vegetation of the Espinhaço range, small aggregates of

Syngonanthus individuals are commonly found in small, clearly delimited patches of

open sandy soil, surrounded by a dense herbaceous cover, indicating the shrinkage of

their populations along succession.

Where free space or associated resources are limited, disturbances that remove

residents may create favorable conditions for recruitment, and fire is one such

common disturbance agent in a wide range of plant communities, including grasslands

and savannas (Tyler, 1996). Indeed, fire is probably the most frequent cause of

disturbance to rupestrian field plant communities. Frequent fires - sometimes recurring

several times a decade, are a characteristic of wet tropical savannas, either by natural

causes and, particularly, by human influence (Frost & Robertson, 1987; Hoffmann,

1999; Bond & Keeley, 2005). For instance, Miranda (2002) estimates that biomass

Page 157: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 6

157

accumulation rates at the “campo rupestre” vegetation of the southern Espinhaço

mountain range could sustain fires at 2-yr. intervals.

A significant increase of non-seedling individuals occurred only under treatment OF-

CO, which seems to indicate that an intermittent fire regime may favor seedling

establishment and their transition to the next size classes, for this was the only

management modality that skipped burning in the second year of the experiment.

Conversely, repeated fires seem to impact the progression of seedling cohorts and the

regrowth of the herbaceous cover.

Since most seeds contained in the capitula are dispersed after the usual inflorescence

harvesting time (Giulietti et al., 1996; Bede et al, in preparation. Chapter 2), the

inflorescence collection is a likely factor to influence the following year’s seedling

recruitment. However, the harvesting of inflorescences did not significantly alter the

herbaceous cover density, neither the number of seedlings or non-seedlings. In fact, in

none of the three flowering seasons the seedling counts showed a relationship with

those of non-seedlings (potential mother plants). Therefore, it seems that additional

inputs of seeds take place at the lot scale, probably through dispersion from outer

sources and from seed banks. Ramos et al. (2005) suggested that anemochoric and/or

barochoric seed dispersion occurs for the minute seeds of S. mucugensis and S.

curralensis. S. elegantulus seeds are also small, in average measuring 0.36 mm and

with a dry mass of 10-3 g. (Oliveira & Garcia, 2005), and might be dispersed by the

same agents. Besides, for S. elegantulus seeds, the hydrochoric dispersion should

also be considered, for abundant sand and organic particles are carried by rains and

accumulate in the pediments and sandy plateaus where S. elegantulus develop.

Oliveira (2003) found that the sympatric S. elegantulus, S. elegans e S. venustus all

form persistent seed banks. In the case of S. elegantulus, seeds presented a

germination rate of 36,5% after being stored underground for 12 months.

Despite not apparent from this experiment’s results, seed pool depletions are to be

expected under persistent and efficient inflorescence collection, such as for

populations under intensive harvesting regime. In fact, the absence of seedling

recruitment due to inflorescence harvesting was documented by Instituto Terra Brasilis

(1999), in a commercial planting of S. elegans. Besides, considering that successful

establishment of seedlings is generally low (Thomas & Dale, 1975; Harper, 1977), it is

plausible to consider that persistent seed pool losses from inflorescence collection will

eventually lead to population senescence. Best management practices should then

Page 158: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 6

158

consider a patchy interference design within a population range, in order to provide

spatial and temporal buffering to adverse management effects.

Page 159: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 6

159

REFERENCES

Bond WJ & Keeley JE. 2005. Fire as a global ‘herbivore’: the ecology and evolution of flammable ecosystems. Trends in Ecology and Evolution 20 (7):387-394

Coutinho LM. 1977. Aspectos ecológicos do fogo no cerrado. II. As queimadas e a dispersão de sementes em algumas espécies anemocóricas do estrato herbáceo-subarbustivo. Boletim de Botânica da Universidade de São Paulo 5: 57-64.

Frost PGH & Robertson F. 1987. The ecological effects of fire in savannas. In Walker, B.H., ed. Determinants of tropical savannas. The International Union of Biological Sciences IUBS Monograph Series, No. 3. IRL Press, Oxford

Galvão MV & Nimer E. 1965. Clima in Geografia do Brasil – Grande região Leste. IBGE, Rio de Janeiro. 5(19):91-139.

Giulietti AM, Wanderley MGL, Longhi-Wagner HM, Pirani JR & Parra LR. 1996. Estudos em sempre-vivas: taxonomia com ênfase nas espécies de Minas Gerais, Brasil. Acta bot. Bras. 10(2):329-377.

Giulietti A.M & Hensold N. 1990. Padrões de distribuição geográfica dos gêneros de Eriocaulaceae. Acta bot. bras. 4(1):133-157.

Giulietti N, Giulietti A, Pirani JR & Menezes NL. 1988. Estudos em sempre-vivas: importância econômica do extrativismo em Minas Gerais, Brasil. Acta bot. Bras. 1(2):179-193.

Hall P, Bawa K. 1993. Methods to assess the impact of extraction of non-timber tropical forest products on plant populations. Econ. Bot. 47, 234–247.

Harper JL. 1977. Population biology of plants. London, UK: Academic Press.

Hoffmann WA. 1999. Fire and population dynamics of woody plants in a neotropical savanna: matrix model projections. Ecology, 80(4):1354–1369

Instituto Terra Brasilis de Desenvolvimento Socioambiental – ITB / Centro Cape / SEBRAE / Mãos de Minas, 1999. Projeto Sempre-Viva: Perspectivas de seu Uso Sustentado. ITB, Belo Horizonte.

Jongejans E, de Kroon H & Berendse F. 2006. The interplay between shifts in biomass allocation and costs of reproduction in four grassland perennials under simulated successional change. Oecologia 147: 369–378

Keeley JE & Fotheringham CJ. 2000. The role of fire in regeneration from seed. Pp 311-315. In: M. Fenner (ed.). Seed: the ecology of regeneration in plant communities. UK, CAB International.

Köppen W. 1931. Climatologia. Fondo de Cultura Economica. Buenos Aires.

Mendonça MP & Lins LV. 2000. (Org.) Lista vermelha das espécies ameaçadas de extinção da flora de Minas Gerais. Fundação Biodiversitas, Fundação Zoo-Botânica de Belo Horizonte. 157 p.

Miranda CAK. 2002. Paepalanthus polyanthus (Bong.) Kunth (Eriocaulaceae): espécie bioindicadora de biomassa vegetal aérea acumulada nos campos rupestres da Serra do Cipó após o fogo. Dissertation. Universidade Federal de Minas Gerais, Instituto de Ciências Biológicas. Belo Horizonte.

Page 160: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Capítulo 6

160

Oliveira PG. 2003. Germinação potencial para formação de banco de sementes de três espécies de Syngonanthus (Eriocaulaceae). Dissertation. Instituto de Ciências Biológicas, UFMG. Belo Horizonte, MG, 38 p.

Oliveira PG & Garcia QS. 2005. Efeitos da luz e da temperatura na germinação de sementes de Syngonanthus elegantulus Ruhland, S. elegans (Bong.) Ruhland e S. venustus Silveira (Eriocaulaceae). Acta bot. bras. 19(3): 639-645. 2005

Ramos COC, Borba EL & Funch LS. 2005. Pollination in Brazilian Syngonanthus (Eriocaulaceae) Species: Evidence for Entomophily Instead of Anemophily. Annals of Botany 2005 96(3):387-397.

Saturnino HM, Saturnino MAC & Brandão M. 1977. Algumas considerações sobre exportação e importação de plantas ornamentais em Minas Gerais. Anais da Sociedade de Botânica do Brasil. XXIII Cong. Nac. Botânica, Belo horizonte. p. 213-217.

Thomas AG & Dale HM. 1975. The role of seed reproduction in the dynamics of established populations of Hieracium floribundum and comparison with that of vegetative reproduction. Cannadian Journal of Botany 53: 3022-3032.

Tyler CM. 1996. Relative importance of factors contributing to postfire seedling establishment in maritime chaparral. Ecology 77(7): 2182-2195.

Whelan RJ. 1995. The ecology of fire. Cambridge University Press, New York, USA.

Page 161: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

161

DISCUSSÃO E CONCLUSÕES

Page 162: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Discussão e Conclusões

162

Perspectivas para o manejo sustentado de sempre-vivas

Neste trabalho, o extrativismo de sempre-vivas foi tratado como “manejo

extrativista” senso Tictin (2004), visto que abrange um conjunto de práticas

executadas em diferentes escalas, como os métodos específicos de coleta das

partes das plantas-alvo (por exemplo, a temporalidade na coleta de

inflorescências), a execução de práticas adicionais de manejo, visando o

aumento da produção (por exemplo, a queima dos campos) e os outros usos

da terra, que caracterizam o contexto onde as referidas plantas crescem

(criação extensiva de gado, extrativismo de vários outros produtos). As

práticas da coleta de inflorescências e queima dos campos, práticas centrais

ao manejo, constituíram a base para a investigação experimental dos efeitos

do extrativismo sobre sempre-vivas do gênero Syngonanthus, particularmente

aquelas da seção Eulepis, utilizando S. elegantulus como modelo.

A abordagem exploratória adotada nos capítulos 1 a 3 permitiu a

descrição de aspectos essenciais ao entendimento dos efeitos do estudo

experimental (capítulos 4 a 6). Devido à estrutura modular de S. elegantulus, a

descrição do tamanho do indíduo envolve, necessariamente, medidas de

ramets e genets. A forma mais simples e não destrutiva de medi-los é por meio

do comprimento das folhas basais da roseta (Gh) e do número de ramets (NR),

(capítulo 3). As relações escalares obtidas permitiram concluir que os ramets

de um mesmo genet constituem, conforme esperado, unidades funcionais

potencialmente independentes, com crescimento determinado, ao passo que

os genets apresentam crescimento indeterminado (porém, o tamanho máximo

encontrado na população estudada foi NR = 12). S. elegantulus é uma planta

herbácea longeva, possivelmente levando tempo superior a 10 anos para

atingir o tamanho assintótico para seus ramets (Gh∞).

As medidas Gh e NR, porém, mostraram-se elásticas e apresentaram

considerável variação em função das condições ambientais. O tamanho

máximo dos ramets em um mesmo indivíduo varia ao longo do ano, em função

de variações sazonais nas taxas de perda e renovação das folhas (capítulo 2).

Gh varia também de ano para ano, como evidenciado pela redução significativa

Page 163: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Discussão e Conclusões

163

da estimativa do tamanho assintótico (Gh∞) para plantas controle, entre 1999 e

2000 (diminuição de 32% na estimativa de 2000, em comparação com aquela

obtida em 1999 (Capítulo 4), possivelmente em função de uma menor

incidência de chuvas na estação de crescimento (outubro a março) referente a

este último período. Gh∞ também mostrou-se sensível às práticas do manejo

extrativista, como foi evidenciado no capítulo 4. Com relação a NR, os dados

obtidos pelo acompanhamento de plantas marcadas mostram, igualmente, que

variações no balanço de perdas e ganhos de ramets podem ocorrer no mesmo

ano e entre anos consecutivos, possivelmente sob a influência dos mesmos

fatores mencionados acima para variações em Gh. A plasticidade quanto à

formação e perda de ramets dá às plantas clonais uma vantagem adicional,

permitindo aos genets contornarem situações pontuais adversas (Harnett &

Bazzaz, 1983; 1985).

Para a maioria das touceiras de S. elegantulus, na população estudada,

Gh e NR configuram um formato aproximadamente hemisférico (capítulo 2; foto

4B, pg. 30) que, em função de uma relação superfície: volume favorável

(pequena), possivelmente contribui para a amenização das condições

microclimáticas adversas, enfrentadas pelas plantas em seu hábitat natural.

Neste sentido, a relação superfície: volume torna-se mais favorável quanto

maior for a touceira. Este formato, porém, eventualmente se desfaz em função

de alterações no arranjo tridimensional, ao longo do incremento em NR. No

entanto, a desfiguração do formato hemisférico atinge uma porção

relativamente pequena da população estudada, visto que somente 6,5% dos

indivíduos apresentavam NR > 3.

Entre as variáveis biométricas aqui consideradas, o indicador mais

estável para o tamanho do indivíduo talvez seja a biomassa de raízes. Muir

(1995) ressalta a importância de se considerar o tamanho do rizoma no estudo

de plantas clonais, dado o seu papel fundamental no provisionamento de

nutrientes e energia empregados para reprodução. A massa de raízes toma

proporções crescentes da biomassa vegetativa total ao longo do

desenvolvimento do indivíduo (capítulo 3). O papel das raízes de S.

elegantulus (e demais espécies do gênero na sect. Eulepis) como reservatório

Page 164: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Discussão e Conclusões

164

de energia, salientado por Scatena (1997) e Parra (2000) é, provavelmente,

fundamental na resposta aos estímulos e pressões provocadas pelo manejo

extrativista e, de forma geral, como componente do fitness associado ao

tamanho.

As práticas da queima e da coleta de inflorescências constituem formas

de manipulação do esforço reprodutivo das sempre-vivas e definem, em última

instância, o retorno econômico obtido a partir do o volume extraído. Tendo em

vista a noção generalizada de que o esforço reprodutivo implica em custos

energéticos expressivos, e de que o suprimento energético para estes gastos

é limitado, o surgimento de demandas conflitantes entre esta e outras funções

essenciais da história de vida constitui um caminho natural para a proposição

e teste de hipóteses referentes aos efeitos do extrativismo e perspectivas de

uso sustentável do recurso em questão.

A existência de demandas conflitantes entre funções relacionadas ao

fitness, a partir da pressuposição de custos da reprodução é um conceito

central na teoria de história de vida. De fato, um grande número de estudos

confirmam previsões baseadas na hipótese da existência de custos

reprodutivos (Harper, 1977; Smith & Young, 1982; Muir, 1995; Ohara et al.,

2001; Silvertown et al., 2001). Por outro lado, custos da reprodução em plantas

não são facilmente mensuráveis (revisão em Obeso, 2002) e generalizações

sobre o tema são dificultadas pela existência de um amplo conjunto de

respostas, em função de características biológicas das espécies, dos

parâmetros analisados e da influência de fatores diversos, como gradientes

ambientais, por exemplo, de temperatura (Sandvik, 2001) e disponibilidade de

nutrientes (Abrahamson & Caswell, 1982; Thompson & Echert, 2004), estágio

sucessional (Jongejans et al., 2006), herbivoria (Spotswood et al., 2002;

Yamauchi & Yamamura, 2004), fogo (Hartnett, 1990) entre outros, algumas

vezes concluindo pela inexistência de custos da reprodução ou pela existência

de correlações positivas entre funções como crescimento e reprodução

(Horvitz & Schemske, 1988; Ågren & Wilson, 1994; Lord, 1998; Reznick et al.,

Page 165: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Discussão e Conclusões

165

2000)7. No entanto, apesar das dificuldades metodológicas e do fato de que o

conceito de custo da reprodução é predominantemente descritivo e não uma

ferramenta preditiva, a importância de seu estudo está na possibilidade de se

relacionar a fisiologia à demografia e à evolução de histórias de vida (Obeso,

2002).

Há evidências sobre demandas conflitantes entre alocação reprodutiva

x crescimento e sobrevivência de S. elegantulus (capítulos 4 e 5). As práticas

associadas ao manejo extrativista significativamente amplificam a alocação

reprodutiva, mensurada a partir do número de inflorescências sem, no entanto,

afetar as relações alométricas referentes ao comprimento dos escapos e a

massa média das inflorescências (capítulo 4). Entre as modalidades testadas,

aquelas envolvendo a queima produziram os resultados mais expressivos,

chegando a um incremento, após o segundo ano do experimento, da ordem de

156,9% a 304,1%, em comparação ao controle. Corroborando a noção,

manifestada pelos coletores, de que a coleta e a queima são importantes para

o incremento da produtividade das sempre-vivas, a modalidade CF-CF, entre

as oito possibilidades testadas, foi a que produziu os resultados mais

expressivos (304%). Da mesma forma, o custo da reprodução, dimensionado

tanto em termos do prejuízo ao crescimento quanto pelo aumento das taxas de

mortalidade (capítulo 5), foi mais expressivo nos tratamentos que envolveram

a queima. Enfim, o manejo extrativista, através do estímulo ao investimento

em reprodução, implica em perdas no potencial valor reprodutivo futuro.

Nesse caso, é de grande relevância o status populacional da espécie-

alvo nas áreas sob manejo. Por meio de um modelo algébrico simples, Begon

(1986) pondera que a importância do valor reprodutivo residual (VRR) varia de

7 Reznick et al. (2000) propõem que a razão para essa variação reside no fato de que o conjunto de características (geneticamente definidas) que maximizam o fitness pode mudar à medida que muda o ambiente. Dessa forma, em situações especiais, correlações genéticas positivas entre características da história de vida podem ocorrer, embora contrariando as expectativas com base nos pressupostos usuais da teoria de história de vida. Segundo os autores, a relação genótipo x ambiente impede a fixação de tais genótipos vencedores na população, visto que somente são vantajosos em certos lugares e/ ou certos momentos, dessa forma mantendo-se como polimorfismos.

Page 166: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Discussão e Conclusões

166

acordo com as mudanças populacionais8. Para populações em expansão,

espera-se que o empenho reprodutivo atual (VR) tenha valor relativo maior do

que o VRR. No caso inverso, em populações declinantes, o VRR pode ter

maior peso do que o VR, dada a sua maior contribuição proporcional. Isto

sugere que, para populações em expansão, poderia ser vantajoso incrementar

o empenho reprodutivo nas fases iniciais da atividade reprodutiva, ao passo

que populações ameaçadas de extinção se beneficiariam retardando a

reprodução (Obeso, 2002).

Dois fatores se destacam neste trabalho. Em primeiro lugar, a coleta de

inflorescências mostrou-se importante como fator de minimização dos custos

somáticos e demográficos do manejo extrativista, provavelmente pelo fato

desta anteceder a formação de frutos e sementes (Giulietti et al.,1996; capítulo

2), poupando à planta os custos energéticos deste investimento. Dessa forma,

a seqüência “Fogo–Coleta” parece combinar os atributos de forte estímulo à

reprodução e minimização das demandas conflitantes entre reprodução x

crescimento e sobrevivência. No caso dos efeitos sobre a mortalidade, tendo

sido possível somente analisar os efeitos dos tratamentos executados no

primeiro ano do experimento, constatou-se que, mesmo que anteceda a

queima (CF), a coleta constitui um importante fator de redução da mortalidade,

possivelmente pelo mesmo motivo mencionado acima. Em segundo lugar, os

custos demográficos recaem particularmente sobre os indivíduos menores.

No caso de S. elegantulus, alguns fatores foram particularmente

importantes para a detecção de custos somáticos e demográficos da

reprodução. Em primeiro lugar, a pequena disponibilidade de nutrientes e de

água em boa parte do ano (capítulo 1) provavelmente restringe a produtividade

e oneram a síntese orgânica, em particular no que se refere à formação de

tecidos ricos em nutrientes e reservas energéticas, como é o caso de frutos e

sementes (Milberg & Lamont, 1997). Em segundo lugar, as funções de

crescimento e reprodução ocorrem simultaneamente ao longo de parte da

estação chuvosa, aumentando as chances de ocorrência de demandas

8 Nota de rodapé à página 18.

Page 167: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Discussão e Conclusões

167

conflitantes (capítulo 2). Em terceiro lugar, a expressiva variação do esforço

reprodutivo manifestada por S. elegantulus ocorreu em resposta à indução

experimental, permitindo assim a detecção do custo da reprodução (a partir

das curvas de resposta para o crescimento e sobrevivência) (Ågren & Wilson,

1994).

Para as plantas, o tamanho corporal é um importante indicador para o

fitness: plantas maiores tendem a apresentar maior fecundidade absoluta do

que plantas menores e, visto que interações competitivas tendem a serem

assimétricas, plantas maiores tendem a ser melhores competidores do que

plantas menores (Bonser & Aarsen, 2003). O tamanho corporal é, sem dúvida,

um fator de grande influência sobre o fitness em S. elegantulus e um dos

pontos-chave com referência aos efeitos do manejo extrativista. Nos diferentes

estudos pertinentes aos capítulos 2 a 5, constata-se índices de mortalidade

expressivamente maiores para os indivíduos jovens e uma relação alométrica

positiva entre tamanho da planta e a alocação reprodutiva / fertilidade. Como

mencionado acima, nas diferentes modalidades de manejo, testadas

experimentalmente, observou-se uma intensificação destes fatores, em

particular para os tratamentos envolvendo o uso do fogo (diminuição

significativa das chances de sobrevivência para plantas jovens, inibição do

crescimento clonal, inibição da retomada do crescimento em Gh).

Conforme já discutido, em plantas clonais perenes, como as sempre-

vivas de Syngonanthus sect. Eulepis, o manejo visando o estímulo à

reprodução pode interferir no balanço de opções quanto à alocação de

meristemas entre a reprodução vegetativa (expansão clonal) e a reprodução

sexuada (Bishop & Davy, 1985; Hartnett, 1990). Ou seja, os meristemas

utilizados na formação de inflorescências encerram sua atividade, reduzindo a

disponibilidade de meristemas para o crescimento vegetativo (clonal). Já os

meristemas alocados ao crescimento clonal podem, em instâncias futuras,

ampliar as possibilidades de decisão, seja em favor da reprodução sexuada,

vegetativa ou quiescência (inatividade do meristema) (Geber, 1990; Huber &

During, 2001).

Page 168: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Discussão e Conclusões

168

No caso das populações de sempre-vivas, este balanço de opções pode

ser de grande relevância, na dependência de fatores relacionados ao status

populacional e à condição do hábitat, como por exemplo, o seu contexto

sucessional. Ao passo que em plantas clonais a reprodução sexuada é

importante na manutenção da diversidade genética, na dispersão a longas

distâncias e colonização de hábitats não ocupados, via produção de sementes

(Kingsolver, 1986; Gardner & Mangel, 1999), o crescimento clonal é importante

para aumentar as chances de persistência local, por meio do aumento da

capacidade competitiva e da redução das taxas de mortalidade individual.

No caso de S. elegantulus, se por um lado o manejo extrativista

promove a perda de indivíduos jovens e tende a preservar os indivíduos de

maior porte (mais resistentes aos efeitos nocivos do manejo), por outro lado

promove a redução da cobertura herbácea competidora, propiciando as

condições para um incremento expressivo no recrutamento via sementes

(capítulo 6). Nesse ponto, a coleta de inflorescências é um fator chave. Os

resultados obtidos nos capítulos 4 e 5 indicam que a coleta de inflorescências,

que ocorre em fase anterior à formação de frutos e sementes, tem um papel

fundamental na minimização dos custos somáticos e demográficos da

reprodução (crescimento, sobrevivência), dessa forma contribuindo para a

persistência dos indivíduos de maior porte na população. Por outro lado, a

coleta eficiente e continuada de inflorescências pode representar uma

significativa perda do pool de sementes local, afetando as taxas de

recrutamento de plântulas (Giulietti et al., 1996). Assim, o manejo extrativista

intensivo de populações de sempre-vivas pode, em princípio, contribuir para o

envelhecimento da população e sua eventual extinção local.

A ausência de recrutamento em função da depleção do pool de

sementes pela coleta de inflorescências foi documentada por Instituto Terra

Brasilis (1999), em um plantio comercial de S. elegans com 41 meses de idade

no distrito de Conselheiro Mata, município de Diamantina, MG. Obviamente,

este cenário pode ser minimizado em caso de aporte de sementes dispersadas

a partir de outras fontes colonizadoras, bem como pela existência de um banco

de sementes capaz de tamponar, por algum tempo, as perdas de recrutamento

Page 169: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Discussão e Conclusões

169

em decorrência da retirada das inflorescências. A formação de bancos de

sementes para S. elegantulus, assim como S. elegans e S. venustus foi

demonstrada por Oliveira (2003). No caso de S. elegantulus, sementes

estocadas durante um ano sob o solo superficial apresentaram taxa de

germinação de 36,5%. Considerando-se que o índice de sucesso no

estabelecimento de plântulas de espécies herbáceas perenes é geralmente

baixo (Thomas & Dale,1975; Harper, 1977), é plausível considerar que perdas

no aporte de sementes em função da coleta eficiente e continuada de

inflorescências possam afetar fortemente a renovação das populações.

As sementes de S. elegantulus possuem tamanho reduzido (peso seco

de 10-3 g., segundo Oliveira & Garcia, 2005) e, assim como sugerido por

Ramos et al. (2005), com relação às sementes de S. mucugensis,

provavelmente apresentam dispersão anemocórica e/ou barocórica. Ainda no

caso de S. elegantulus, cabe considerar dispersão hidrocórica, pois é comum

observar, nos sopés dos afloramentos quartzíticos, a movimentação e acúmulo

de areia e partículas orgânicas finas carreadas pela chuva durante o verão

(capítulo 2). De fato, na população estudada, algumas manchas de solo

arenoso exposto apresentaram denso recrutamento via sementes, embora ali

faltassem indivíduos de maior porte, em fase reprodutiva. Uma destas áreas

coincidiu com a parcela de número 24 pertinente ao bloco 3.

Na área do córrego da Lapa, onde foi executado o experimento,

grandes agregados de indivíduos de S. elegantulus ocorrem em taludes

recém-abertos e valas erodidas às margens da estrada que corta o platô (foto

9A, pg. 33), revelando o papel das sementes e plântulas na colonização

oportunista de áreas recém impactadas, destituídas da cobertura herbácea

nativa. De fato, no plantio comercial de sempre-vivas mencionado acima

(Instituto Terra Brasilis 1999), a única prática de manejo do solo para o cultivo

consiste na gradagem do solo superficial, antes da semeadura. Porém, na

escala temporal da sucessão, populações de plantas são efêmeras e,

eventualmente, se extinguem (Jongejans et al., 2006). Na área do

experimento, observou-se que parcelas controle foram aos poucos tomadas

por uma cobertura crescente de outras espécies herbáceas, particularmente

Page 170: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Discussão e Conclusões

170

nas áreas mais úmidas, em marcante contraste com rala cobertura herbácea

das parcelas submetidas à queima (fotos 8A e 8B, pg. 32; capítulo 6). Nos

campos rupestres da região de Diamantina, MG, é comum constatar a

ocorrência de S. elegantulus e S. elegans em manchas de solo arenoso

exposto, claramente delimitadas e, muitas vezes, de pequena dimensão,

circundadas por vegetação herbácea mais adensada (foto 9B, pg. 33),

denotando a transitoriedade de tais agregações em um contexto sucessional.

Provavelmente, a causa mais freqüente de perturbação sobre estas

comunidades campestres é o fogo. Segundo Frost & Robertson (1987),

queimas freqüentes são uma característica das savanas tropicais, causadas

por fenômenos climáticos (raios) ou, principalmente, pela ação humana, sendo

que nas savanas úmidas a queima pode ocorrer a intervalos de 1 a 5 anos.

Bond & Keeley (2005) colocam os campos graminosos com predomínio de

espécies C4 e as savanas de regiões úmidas (cerrado brasileiro e savanas

africanas úmidas), como as formações em maior descompasso com a

biomassa potencial de plantas lenhosas, predita a partir de modelagens

utilizando dados de solos e clima (Dynamic global vegetation models -

DGVMs). Estes seriam os ecossistemas com a maior freqüência de incêndios

em todo o mundo, queimando várias vezes por década, alguns queimando

duas vezes ao ano. Miranda (2002) estima que, em princípio, nos campos

rupestres da serra do Cipó, porção sul da cadeia do Espinhaço, as taxas de

acúmulo de biomassa poderiam sustentar a ocorrência de incêndios a cada

dois anos.

Com base nos dados obtidos para S. elegantulus, pode-se constatar

que a freqüência da queima (sem aqui considerar sua escala e intensidade) é

um ponto chave para a conservação de suas populações. Nas áreas livres de

queima por longos períodos, as sempre-vivas poderão enfrentar a diminuição

de suas populações, em função do avanço da cobertura herbácea competidora

(fotos 8A e 8B, pg. 32; foto 9B, pg. 33) e de elementos lenhosos, sendo este

último efeito frequentemente documentado como resultado da supressão do

fogo em comunidades vegetais propensas à queima (Frost & Robertson, 1985;

Hoffmann, 1999; Uys et al, 2004; Bond & Keeley, 2005; Overbeck, 2005). Por

Page 171: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Discussão e Conclusões

171

outro lado, queimas a intervalos muito curtos podem impactar severamente as

populações de sempre-vivas pelo aumento das taxas de mortalidade,

particularmente para os indivíduos de menor porte.

Dessa forma, a queima dos campos deve ser levada em conta ao se

considerar o manejo das sempre-vivas com vistas à conservação e à

sustentabilidade do extrativismo. Porém, os dados obtidos neste trabalho não

são suficientes para sustentar qualquer recomendação com relação com

relação a estes propósitos, como por exemplo, em que escalas - espacial e

temporal, seriam as mais indicadas. Os efeitos do fogo são de natureza

complexa e sua utilização está longe de ser um consenso nas esferas técnica

e política (Dellasala et al., 2004), sendo este um dos principais motivos da

ausência generalizada de políticas para o uso do fogo como ferramenta de

manejo para conservação da biodiversidade em áreas protegidas no Brasil.

Sendo o fogo um processo atuante na escala da paisagem, seu regime

deveria, idealmente, ser definido a partir de causas naturais, a partir de fatores

como a produtividade, processos sucessionais e acumulação de biomassa em

seus ecossistemas. Na realidade atual, porém, tal condição é dificilmente

alcançada em boa parte dos remanescentes vegetacionais no domínio do

cerrado, em função de fatores como fragmentação e usos antrópicos. Em

função dos motivos acima expostos, a extensão dos territórios sobre os quais

se dá o manejo extrativista é, no entanto, um outro ponto fundamental para a

sua viabilidade ecológica e econômica.

Conservação e manejo de sempre-vivas

Os capítulos anteriores trazem novas informações sobre uma série de

aspectos biológicos e ecológicos básicos e de importância aplicada ao manejo

e conservação das sempre-vivas. Em boa medida, porém, este trabalho

traduz, em linguagem científica e acadêmica, parte do conhecimento e

experiência que os coletores adquiriram em sua lida com o extrativismo de

sempre-vivas. A menção a fatos como a longevidade das plantas, o estímulo à

floração e o aumento da produção de inflorescências em resposta à queima, o

papel da coleta de inflorescências sobre o resultado da floração seguinte, o

Page 172: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Discussão e Conclusões

172

momento adequado de se proceder ao arranquio das inflorescências, aos

possíveis efeitos negativos de um manejo intensivo e continuado sobre as

suas populações, por exemplo, surgiram a partir de entrevistas com

experientes coletores de sempre-vivas (Instituto Terra Brasilis, 1999) e foram

corroborados ou sustentados pelos resultados aqui descritos.

Outros tantos fatos, também surgidos em entrevistas ou na convivência

com os coletores, porém não tratados experimentalmente ou não investigados

em maiores detalhes, como o momento ideal para se atear fogo aos campos,

ou o “fogo bom” de logo após as primeiras chuvas do verão e o “fogo ruim” do

auge da seca, o conhecimento sobre as preferências de hábitat e fenologia de

diferentes espécies, a noção do declínio populacional e mesmo de extinções

locais de espécies explotadas, devem ser tomados como testemunho concreto

de seu conhecimento e utilizados como subsídio a propostas de manejo e

conservação.

Conforme ressaltado por Schmidt (2005) para o caso do extrativismo de

S. nitens na região do Jalapão (TO), o extrativismo de sempre-vivas de fato

representa uma excelente oportunidade de gerar renda sem a substituição de

áreas naturais. Esta meta, no entanto, demanda todo um conjunto de

providências e iniciativas relacionadas, enfim, à proteção dos recursos naturais

em questão, à oferta de perspectivas para a exploração racional do seu

potencial como fonte geradora de renda e ao controle, fiscalização e

monitoramento dos recursos comercializados. É interessante notar que, nesse

sentido, o mesmo rol de providências potencialmente se aplica a toda uma

série de produtos do extrativismo e não somente às sempre-vivas (dados

obtidos pelo Instituto Terra Brasilis, 1999, mostram que nos mercados locais

são comercializadas partes de mais de cem espécies vegetais extraídas na

região de Diamantina), portanto existe um enorme potencial para a

convergência de propósitos e sinergia das ações, otimização de custos e

geração de benefícios sociais e ambientais.

No caso das sempre-vivas da região de Diamantina, não se trata de

começar do zero. O Projeto Sempre-Vivas, iniciado pelo instituto Terra Brasilis

Page 173: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Discussão e Conclusões

173

em 1998, constitui um exemplo concreto da importância da atuação do terceiro

setor como catalisador de parcerias interinstitucionais na compilação e

geração de conhecimentos, planejamento e desenvolvimento de programas e

iniciativas relacionadas ao extrativismo e à conservação de espécies de

sempre-vivas9. Exemplos de iniciativas similares existem para outras regiões

de importância com relação ao extrativismo de sempre-vivas, como no caso da

região do Jalapão, no Tocantins (Schmidt, 2004)10, com referência ao

extrativismo de S. nitens, e para a região de Mucugê, na Bahia, com relação a

S. mucugensis e S. curralensis (Eduardo L. Borba, com. pess.;

http://www.essenciasfloraisbrasil.com.br/Projeto%20Sempre%20Viva.htm)11.

Com base nos resultados do presente estudo, na experiência trazida

pelo projeto Sempre-Vivas e diversas outras fontes anteriormente citadas,

particularmente Instituto Terra Brasilis (1999), pode-se agrupar as ações

prioritárias para a conservação de espécies de sempre-vivas e busca da

sustentabilidade do manejo extrativista na região de Diamaninta, MG, em três

grandes grupos. O primeiro refere-se à destinação de áreas para o manejo e

proteção de espécies de sempre-vivas. Neste caso, a partir de recortes

espaciais envolvendo grande extensão territorial, cujos limites abranjam

populações naturalmente esparsas de diferentes espécies de sempre-vivas, de

9 Contando com as parcerias do Instituto Centro de Capacitação e Apoio ao Empreendedor (ICCAPE), da Central Mãos de Minas e do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), Fundação Serra do Cipó, Instituto Estadual de Florestas de Minas Gerais (IEF-MG) e IBAMA, este projeto obteve financiamento do PNUD/GEF/PPP e do Serviço de Pesca e Vida Silvestre dos Estados Unidos (USFWS) para a realização de um extenso rol de atividades, incluindo o levantamento de dados secundários e pesquisa histórica sobre a coleta e comercialização de sempre-vivas, diagnóstico sócio-econômico da atividade extrativista, estudos bio-ecológicos e mercadológicos, oficinas de design e produção artesanal e o I Seminário Sobre Extrativismo de Sempre-vivas no Brasil. 10 Participação de instituições como a PEQUI – Pesquisa e Conservação do Cerrado; Embrapa/Cenargen; Naturatins, Universidade de Brasília; Associação Capim Dourado do Povoado da Mumbuca; Ibama, apoio do PNUD/GEF/PPP e WWF. 11 Projeto Sempre Viva, com apoio do Fundo Nacional do Meio Ambiente, envolvendo ações de pesquisa, educação ambiental, ecoturismo e implantação de um parque municipal onde ocorre a sempre-viva de mucugê, em parceria entre o Ministério do Meio Ambiente, o Governo do Estado da Bahia, a Universidade Católica do Salvador, a Universidade Estadual de Feira de Santana e a Prefeitura Municipal de Mucugê.

Page 174: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Discussão e Conclusões

174

forma a permitir a ocorrência de dinâmicas metapopulacionais e a manutenção

de processos ecológicos, incluindo o fogo e a adoção de pousio (rotação de

áreas de uso) para as populações manejadas. Recomenda-se buscar, para

estas áreas, o status de área protegida, sob categoria de uso sustentável,

direcionada ao manejo extrativista, garantindo a existência de segmentos

intangíveis, onde populações silvestres de sempre-vivas, livre de manejo,

sejam capazes de atuar como fontes colonizadoras. Recomenda-se, ainda, a

criação de áreas protegidas de proteção integral, para a proteção de espécies

ameaçadas de sempre-vivas em conjuntos representativos das formações

vegetacionais da região da cadeia do Espinhaço.

Em segundo lugar, recomenda-se a implementação de programas de

apoio à produção e geração de renda para as comunidades extrativistas da

região (por exemplo, São João da Chapada, Galheiros, Batatal e outras), como

o apoio ao associativismo, o estímulo (aprimoramento técnico, difusão,

assistência, financiamento) ao cultivo de sempre-vivas em pequena escala

(agricultura familiar), utilizando espécies da própria região e o apoio a

iniciativas de cunho comunitário, voltadas à produção de artesanato com

produtos do extrativismo, excluindo espécies ameaçadas.

Em terceiro lugar, são necessárias medidas urgentes relacionadas ao

controle, fiscalização e monitoramento do comércio de sempre-vivas. Entre

estas, enfatiza-se a necessidade de elaboração de manuais para

determinação taxonômica (para-taxonômica) de espécies de sempre-vivas,

como instrumento de suporte às ações de fiscalização, controle e

monitoramento da comercialização, tanto para o mercado interno quanto para

exportação. Recomenda-se, a partir daí, a implementação de procedimentos

rotineiros de controle aduaneiro sobre o comércio de espécies ameaçadas /

monitoramento dos volumes comercializados para espécies não enquadradas

em listas vermelhas. Para o mercado interno, recomenda-se o estudo de

mecanismos para a fiscalização da comercialização, dadas as dificuldades

impostas pela variedade de produtos, pelo caráter espacialmente disperso das

áreas de produção e pela informalidade do setor. Recomenda-se,

Page 175: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Discussão e Conclusões

175

emergencialmente, a adoção de moratórias para comercialização por espécie,

de forma a permitir o pousio de populações nativas sob manejo extrativista.

Por fim, recomenda-se o incentivo a pesquisas relacionadas à biologia e

ecologia de espécies de sempre-vivas visadas pelo manejo extrativista, bem

como aos estudos que visem subsidiar o estabelecimento de políticas de

manejo relacionadas ao uso do fogo em formações savânicas.

Page 176: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

176

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Page 177: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Referências Bibliográficas

177

Abrahamson WG. 1999. Episodic reproduction in two fire-prone palms, Serenoa

repens and Sabal etonia (Palmae). Ecology 80: 100-115.

Abrahamson WG & Caswell H. 1982. On the comparative allocation of biomass,

energy, and nutrients in plants. Ecology 63(4): 982-991.

Ågren J & Willson MF. 1994. Costs of seed production in the perennial herbs

Geranium maculatum and G. sylvaticum: an experimental field study. Oikos 70:

35–42.

Alexander EJ. 1935. A curious dried decorative. Journ. N.Y. Bot. Garden 36: 221.

Almeida SP, Proença CEB, Sano SM & Ribeiro JF. 1998. Cerrado: espécies vegetais

úteis. Planaltina, EMBRAPA-CPAC. 464p.

Begon M, Harper JL & Townsend CR. 1986. Ecology: Individuals, Populations and

Communities. Blackwell Sci. Publ., Oxford.

Bell G. 1980. The costs of reproduction and their consequences. American Naturalist

116: 45-76.

Biere A. 1995. Genotypic and plastic variation in plant size: effects on fecundity and

allocation patterns in Lychnis flos-cuculi along a gradient of natural soil fertility.

Journal of Ecology 83: 629–642

Bishop GF & Davy AJ. 1985. Density and the commitment of apical meristems to

clonal growth and reproduction in Hieracium pilosella. Oecologia 66(3): 417-422

Bond WJ & Keeley JE. 2005. Fire as a global ‘herbivore’: the ecology and evolution of

flammable ecosystems. Trends in Ecology and Evolution 20 (7):387-394.

Bonser SP & Aarssen LW. 2003. Allometry and development in herbaceous plants:

functional responses of meristem allocation to light and nutrient availability.

American Journal of Botany 90(3): 404–412.

Coutinho LM. 1977. Aspectos ecológicos do fogo no cerrado. II. As queimadas e a

dispersão de sementes em algumas espécies anemocóricas do estrato herbáceo-

subarbustivo. Boletim de Botânica da Universidade de São Paulo 5: 57-64.

Dellasala DA, Williams JE, Williams CD & Franklin JE. 2004. Beyond smoke and

mirrors: A synthesys of fire policy and science. Conservation Biology 18(4):976-

986.

Page 178: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Referências Bibliográficas

178

Diegues AC & Arruda RSV (orgs.). 2001. Saberes tradicionais e biodiversidade no

Brasil. Brasília: Ministério do Meio Ambiente; São Paulo: USP, 2001. 176 p.

http://www.usp.br/nupaub/saberes/saberes.htm. Acessado em 07/2006.

Drumond MA (coord.), Kiill HLP, Lima PCF, Oliveira MC, Oliveira VR, Albuquerque

SG, Nascimento CES & Cavalcanti J. 2000. Estratégias para o Uso Sustentável da

Biodiversidade da Caatinga. Documento para discussão no GT Estratégias para o

Uso Sustentável. Petrolina, BA. In: Avaliação e identificação de ações prioritárias

para conservação, utilização sustentável e partição dos benefícios da

biodiversidade do bioma Caatinga.

http://www.biodiversitas.org.br/caatinga/relatorios/uso_sustentavel.pdf acessado

em 07/2006.

Figueira JEC. 1998. Dinâmica de populações de Paepalanthus polyanthus

(Eriocaulaceae) na Serra do Cipó, MG. Campinas, SP: Universidade Estadual de

Campinas.

Franco AC, Souza MP & Nardoto GB. 1996. Estabelecimento e crescimento de

Dalbergia miscolobium em áreas de campo sujo e cerrado no DF. Pp. 84-92. In:

Miranda HS, Dias BFS & Saito CH. (orgs.). Impacto de Queimadas em Área de

Cerrado e Restinga. Brasília, ECL/Universidade de Brasília.

Frost PGH & Robertson F. 1987. The ecological effects of fire in savannas. In Walker,

B.H., ed. Determinants of tropical savannas. The International Union of Biological

Sciences IUBS Monograph Series, No. 3. IRL Press, Oxford.

Gardner SN. & Mangel M. 1999. Modeling investments in seeds, clonal offspring, and

translocation in a clonal plant. Ecology 80:1202-1220

Geber MA. 1990. The cost of meristem limitation in Polygonum arenastrum: negative

genetic correlations between fecundity and growth. Evolution 44: 799–819.

Gitay H & Noble IR. 1997. What are functional types and how should we seek them.

In: Smith TM, Shugart, HH, Woodward FI (eds.). Plant functional types: their

relevance to ecosystem properties and global change. International Geosphere-

Biosphere Programme Book Series 1. Cambridge Univ. Press.

Giulietti AM, Wanderley MGL, Longhi-Wagner HM, Pirani JR & Parra LR. 1996.

Estudos em sempre-vivas: taxonomia com ênfase nas espécies de Minas Gerais,

Brasil. Acta bot. Bras. 10(2):329-377.

Page 179: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Referências Bibliográficas

179

Giulietti AM & Hensold N. 1990. Padrões de distribuição geográfica dos gêneros de

Eriocaulaceae. Acta bot. bras. 4(1):133-157.

Giulietti N, Giulietti A, Pirani JR & Menezes NL. 1988. Estudos em sempre-vivas:

importância econômica do extrativismo em Minas Gerais, Brasil. Acta bot. Bras.

1(2):179-193.

Hall A. 2004. Extractive Reserves: Building Natural Assets in the Brazilian Amazon. In:

Working Paper Series, Political Economy Research Institute, University of

Massachusetts. www.umass.edu/peri/ acessado em 07/2006.

Hall P, Bawa K. 1993. Methods to assess the impact of extraction of non-timber

tropical forest products on plant populations. Econ. Bot. 47, 234–247.

Harnett DC & Bazzaz FA. 1983. Physiological integration among intraclonal ramets in

Solidago canadensis. Ecology 64(4): 779-788.

Harnett DC & Bazzaz FA. 1985. The integration of neighbourhood effects by clonal

genets in Solidago canadensis. Journal of Ecology 73: 415-427.

Harper JL. 1977. Population biology of plants. London, UK: Academic Press.

Hartnett DC & Richardson DR. 1989. Population biology of Bonomia grandiflora

(Convolvulaceae): effects of fire on plant and seed bank dynamics. American

Journal of Botany 73:361–369.

Hartnett DC. 1990. Size-dependent allocation to sexual and vegetative reproduction in

four clonal composites. Oecologia 84: 254-259.

Hoffmann WA. 1999. Fire and population dynamics of woody plants in a neotropical

savanna: matrix model projections. Ecology, 80(4):1354–1369

Horvitz CC & Schemske DW. 1988. Demographic cost of reproduction in a neotropical

herb: an experimental field study. Ecology 69: 1741-1745.

Huber H & During H. 2001. No long term costs of meristem allocation to flowering in

stoloniferous Trifolium species. Evolutionary Ecology 14: 731-748.

Instituto Terra Brasilis de Desenvolvimento Socioambiental – ITB / Centro Cape /

SEBRAE / Mãos de Minas, 1999. Projeto Sempre-Viva: Perspectivas de seu Uso

Sustentado. ITB, Belo Horizonte.

Page 180: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Referências Bibliográficas

180

Iqbal M. 1993. International Trade in Non-Wood Forest Products. An Overview. Food

and Agriculture Organization, Rome, Italy. http://www.fao.org/documents/

show_cdr.asp?url_file=/docrep/x5326e/x5326e0i.htm

Janzen DH. 1976. Effects of defoliation on fruit-bearing branches of the kentucky

coffee-tree Gymnocladus dioicus (Leguminosae). American Midland Naturalist 95:

474–478.

Jongejans E, de Kroon H & Berendse F. 2006. The interplay between shifts in biomass

allocation and costs of reproduction in four grassland perennials under simulated

successional change. Oecologia 147: 369–378.

Kingsolver RW. 1986. Vegetative reproduction as a stabilizing feature of the population

dynamics of Yucca glauca. Oecologia 69:380-387.

Law R. 1979. Optimal life histories under age-specific predation. The American

Naturalist. 114:399–417

Lloyd DG. 1992. Self- and Cross-Fertilization in Plants. II. The Selection of Self-

Fertilization. International Journal of Plant Sciences 153(3): 370-380

Lord J. 1998. Effect of flowering on vegetative growth and further reproduction in

festuca novae-zelandia. New Zealand Journal of Ecology 22(1): 25-31

Medeiros MB & Miranda HS. 2005. Mortalidade pós-fogo em espécies lenhosas de

campo sujo submetido a três queimadas prescritas anuais. Acta bot. bras. 19(3):

493-500. 2005

Méndez M & Karlsson PS. 2004. Between-population variation in size-dependent

Rproduction and reproductive allocation in Pinguicula vulgaris (Lentibulariaceae)

and its environmental correlates Oikos 104: 59–70.

Milberg P & Lamont BL. 1997. Seed / cotyledon size and nutrient content play a major

role in early performance of species on nutrient-poor soils. New Phytologist 137:

665-672.

Minas Gerais. 1997. Diário do Executivo, Legislativo e publicações de terceiros.

Caderno 1, 30/10/1997. P 10-12.

Miranda CAK. 2002. Paepalanthus polyanthus (Bong.) Kunth (Eriocaulaceae): espécie

bioindicadora de biomassa vegetal aérea acumulada nos campos rupestres da

Serra do Cipó após o fogo. Tese de Mestrado. Universidade Federal de Minas

Gerais, Instituto de Ciências Biológicas. Belo Horizonte.

Page 181: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Referências Bibliográficas

181

Muir AM. 1995. The cost of reproduction to the clonal herb Asarum canadense.

Cannadian Journal of Botany 73:1683-1686.

Myers N. 1988 .Tropical Forests: Much More than Stocks of Wood., Journal of Tropical

Ecology, 4: 209.21.

Nepstad DC. & Schwartzman S. 1992. Non-Timber Product Extraction from Tropical

Forest: Evaluation of a Conservation and Development Strategy. New York

Botanical Garden, Bronx, NY.

Neumann RP & Hirsch E. 2000. Commercialization of non-timber forest products:

review and analysis of research. Bogor, Rome: CIFOR, FAO.

Newell EA. 1991. Direct and delayed costs of reproduction in Aesculus californica.

Journal of Ecology 79: 365–378.

Nicotra AB. 1999. Reproductive allocation and the long-term costs of reproduction in

Sipanura grandiflora, a dioecious neotropical shrub. Journal of Ecology 87: 138–

149.

Obeso JR. 2002. The costs of reproduction in plants. New Phytologist, 155: 321–348

Ohara M, Takada T & Kawano S. 2001. Demography and reproductive strategies of a

polycarpic perennial, Trillium apetalon (Trilliaceae) Plant Species Biology 16, 209–

217

Oliveira PG. 2003. Germinação potencial para formação de banco de sementes de

três espécies de Syngonanthus (Eriocaulaceae). Tese de Mestrado. Instituto de

Ciências Biológicas, UFMG. Belo Horizonte, MG, 38 p.

Oliveira PG. & Garcia QS. 2005. Efeitos da luz e da temperatura na germinação de

sementes de Syngonanthus elegantulus Ruhland, S. elegans (Bong.) Ruhland e S.

venustus Silveira (Eriocaulaceae). Acta bot. bras. 19(3): 639-645. 2005.

Overbeck G. 2005. Effect of fire on vegetation dynamics and plant types in subtropical

grassland in southern Brazil. Doctoral Dissertation. Department für Ökologie,

Technischen Universität München. München, Germany. 138p.

Paixão-Santos J, Dornelles ALC, Silva JRS & RIOS AP. 2003. Germinação in vitro de

Syngonanthus mucugensis Giulietti. Sitientibus Ser. Ciênc. Biol. 3 (1/2): 120–124.

Page 182: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Referências Bibliográficas

182

Parra LR. 2000. Redelimitação e revisão de Syngonanthus Sect. Eulepis (Bong. Ex

Koern.) Ruhland – Eriocaulaceae. Tese de Doutorado. Instituto de Biociências da

Universidade de São Paulo. 201p.

Partridge L & Harvey PL. 1988. The ecological context of life history evolution. Science

241: 1449-1455.

Peters CM, Gentry AH & Mendelsohn RO. 1989. Valuation of an Amazonian

Rainforest. Nature, 339: 655.56.

Posey DA. 1986 “Manejo da floresta secundária, capoeiras, campos e cerrados

(Kayapós)” in Ribeiro, Darci (editores) Suma etnológica brasileira. Edição

atualizada do Handbok of South American Indians (Petrópolis: Vozes) Vol. 1.

Prati D & Schmid B. 2000. Genetic differentiation of life-history traits within populations

of the clonal plant Ranunculus reptans Oikos 90: 442–456.

Ramos COC, Borba EL & Funch LS. 2005. Pollination in Brazilian Syngonanthus

(Eriocaulaceae) Species: Evidence for Entomophily Instead of Anemophily. Annals

of Botany 2005 96(3):387-397.

Reznick D. 1985. Cost of reproduction: an evaluation of the empirical evidence. Oikos

44: 257–267.

Reznick D, Nunney L & Tessier A. 2000. Big houses, big cars, superfleas and the

costs of reproduction. Trends in Ecology and Evolution 15(10):421-425.

Ribeiro RF. 2002. O Eldorado do Brasil Central: história ambiental e convivência

sustentável com o Cerrado. In: Héctor Alimonda. (Org.). Ecología Política.

Naturaleza, Sociedad y Utopia. Buenos Aires: CLACSO - Consejo

Latinoamericano de Ciencias Sociales., p. 249-275.

Sandvik SM. 2001. Somatic and demographic costs under different temperature

regimes in the late-flowering alpine perennial herb Saxifraga stellaris

(Saxifragaceae). – Oikos 93: 303–311.

Saturnino HM, Saturnino MAC & Brandão M. 1977. Algumas considerações sobre

exportação e importação de plantas ornamentais em Minas Gerais. Anais da

Sociedade de Botânica do Brasil. XXIII Cong. Nac. Botânica, Belo horizonte. p.

213-217.

Page 183: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Referências Bibliográficas

183

Scatena VL, Vich DV & Parra LR. 2004. Anatomia de escapos, folhas e brácteas de

Syngonanthus sect. Eulepis (Bong. ex Koern.) Ruhland (Eriocaulaceae) Acta bot.

bras. 18(4): 825-837. 2004

Scatena VL, Lima AAA & Lemos Filho JP. 1997. Aspectos fenológicos de

Syngonanthus elegans (Bong.) Ruhl. (Eriocaulaceae) da Serra do Cipó – MG,

Brasil. Arq. Biol. Tecnol. 40 (1): 153 – 167.

SCBD. 2001. Sustainable Management of Non-Timber Forest Resources. CBD

Technical Series 6. Secretariat of the Convention on Biological Diversity, Montreal,

Canada.

Schmidt IB. 2005. Etnobotânica e ecologia populacional de Syngonanthus nitens:

sempre-viva utilizada para artesanato no Jalapão, Tocantins. Universidade de

Brasília, Instituto de Ciências Biológicas. Tese de Mestrado. 91 p.

Silva JRS, Lima-Brito A, de Santana JRF & Dornelles ALC. 2005a. Efeito da sacarose

sobre o enraizamento e desenvolvimento “in vitro” de Syngonanthus mucugensis

Giul. Sitientibus Ser. Ciênc. Biol. 5 (2): 56-59.

Silva JRS, Santos JP, Rios APS, de Santana JRF & Dornelles ALC. 2005b. Estudo da

germinação e morfologia do desenvolvimento pós-seminal de Syngonanthus

mucugensis Giul. “in vitro”. Sitientibus Ser. Ciênc. Biol. 5 (2): 60-62.

Silvertown JW, Franco M & Perez-Ishiwara R. 2001. Evolution of senescence in

iteroparous perennial plants. Evolutionary Ecology Research 3: 393–412.

Smith AP & Young TP. 1982. The cost of reproduction in Senecio keniodendron, a

giant rosette species of mount Kenya. Oecologia 55:243-247.

Spotswood E, Bradley KL & Knops JMH. 2002. Effects of herbivory on the

reproductive effort of 4 prairie perennials. BMC Ecology 2 (2).

http://www.biomedcentral.com/1472-6785/2/2.

Stearns SC. 1989. Trade-offs in life history evolution. Functional Ecology 3: 259-268.

Stearns SC. 1992. The evlution of life histories. New York, NY, USA: Oxford University

Press.

Thomas AG. & Dale HM. 1975. The role of seed reproduction in the dynamics of

established populations of Hieracium floribundum and comparison with that of

vegetative reproduction. Cannadian Journal of Botany 53: 3022-3032.

Page 184: Tese Corrigida - VF - ECMVS - pos.icb.ufmg.brpos.icb.ufmg.br/pgecologia/teses/T33_Lucio_Cadaval_Bede.pdf · número de famílias do Alto Jequitinhonha-MG. ... desflorestamento e conversão

Referências Bibliográficas

184

Thompson FL & Eckert CG. 2004. Trade-offs between sexual and clonal reproduction

in an aquatic plant: experimental manipulations vs. Phenotypic correlations. J.

Evol. Biol. 17:581-592.

Tictin T. 2004. The ecological implications of harvesting non-timber forest products.

Journal of Applied Ecology 41 (1): 11-21.

Uys RG, Bond WJ & Everson TM. 2004. The effects of different fire regimes on plant

diversity in southern African grasslands. Biol. Conserv. 118: 489–499

Whelan RJ. 1995. The ecology of fire. Cambridge University Press, New York, USA.

Wickens GE. 1991. Management issues for development of nontimber forest products.

Unasylva 42 (165): 3-8.

Williams GC. 1966. Natural selection, the costs of reproduction, and the refinement of

Lack’s principle. American Naturalist 100: 687–690.

Wunder S. 1999. Value Determinants of Plant Extractivism in Brazil: An analysis of the

data from the IBGE Agricultural Census. Ministério do Planejamento, Orçamento e

Gestão / IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Texto para discussão

Nº 682. 59 p.

Yamauchi A & Yamamura N. 2004. Herbivory promotes plant production and

reproduction in nutrient-poor conditions: effetcs of plant adaptive phenology. The

American Naturalist 163 (1):138-153.


Top Related