Download - Tese Angela Canuto
Universidade do Porto
Conselho Federal de Medicina
O CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO E A HUMANIZAÇÃO
NO ATENDIMENTO MÉDICO: UMA EXPLICAÇÃO PAUTADA EM
VALORES HUMANOS E ATITUDES
Angela Maria Moreira Canuto de Mendonça
Universidade do Porto
Conselho Federal de Medicina
O CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO E A HUMANIZAÇÃO
NO ATENDIMENTO MÉDICO: UMA EXPLICAÇÃO PAUTADA EM
VALORES HUMANOS E ATITUDES
Angela Maria Moreira Canuto de Mendonça
RESUMO
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO...........................................................................................................5
2. OBJETIVOS................................................................................................................9
2.1. Geral......................................................................................................................9
2.2. Específicos.............................................................................................................9
3. ANÁLISE DA LITERATURA...................................................................................10
3.1 - O Consentimento Informado................................................................................10
3.2. - Como Elaborar um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido?..................12
3.3– Discussão – Um Dialógo Com a História............................................................12
3.4. HUMANIZAÇÃO - Utopia ou relação construtiva?............................................15
4. VALORES INERENTES AOS HUMANOS OU
ADQUIRIDOS CULTURALMENTE?....................................................................17
4.1 - Valores Humanos ................................................................................................17
4.1.1. Valores instrumentais e terminais de Milton Rokeach ............................17
4.2 - ATITUDES – cognição, crenças ou algo mais?..................................................18
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................................27
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1 – INTRODUÇÃORalizou-se um trabalho no Conselho Federal de Medicina que evidencia que a maioria
das reclamações que chegam aquele órgão, advém muito mais da negligente, insuficiente ou
mesmo ausência total de empatia na comunicação. A dificuldade na relação médico-paciente
resulta em denúncias no Conselho Federal de Medicina. De acordo com Maia ( ) para a
maior parte dos pacientes, ocorre “erro médico” quando as suas expectativas não são
atendidas. Até por não possuírem conhecimentos técnicos para avaliar se houve erro, os
pacientes julgam seus médicos mais pelo seu comportamento humano, mais pela qualidade do
relacionamento estabelecido entre eles. Outro fator bastante realçado é a questão dos médicos
atuais estarem de certa forma substituindo a anamnese e o exame físico pelos exames
complementares. Isto provoca um afastamento entre médicos e pacientes. A maior parte dos
estudiosos é veemente em afirmar que o principal fator responsável por este aumento no
número de processos contra médicos é a má qualidade de relacionamento entre o médico e
seus pacientes (FRANÇA & GOMES, 1999, s.p.; GOTSCHLICH, 1993, p.18; MONTOYA
S. et al., 1990, p. 409).
Quem vive o dia a dia do contato com o paciente quer em consultórios, quer em
hospitais, convive com queixas de pacientes, muitas vezes depreciativas sobre atendimentos
médicos anteriores onde observa-se que a relação médico-paciente não foi estabelecida. São
casos exemplares, como o de uma senhora que ao se internar em um dos mais conceituados
hospitais do Brasil, para um exame geral (check up) achando que permaneceria, apenas, uns
dois dias, ao adentrar aquele recinto, conforme informação da mesma e de familiares, assinou
um termo de consentimento livre e “não esclarecido”, pois não foi dada a referida paciente
qualquer informação sobre o mesmo e permaneceu naquele hospital por dez dias tendo a
mesma, após esse período, solicitado alta hospitalar. Porém as terríveis conseqüências,
segundo a cliente viriam um pouco mais tarde. Após dez dias de internamento, sendo
submetida aos mais invasivos exames, a pessoa em questão que era octagenária, conseguiu,
segundo relato da mesma, se libertar da sanha avassaladora dos que pensam que o paciente, ao
assinar um consentimento , que muitas vezes sequer sabe o significado do mesmo, está
exposto a todo tipo de agressão, agressão essa que se camufla em forma de exames
“necessários” ao diagnóstico.A senhora, deixou o hospital com sintomas de depressão e de
infecção por Herpes zooster. Este não é um relato isolado. O trabalho do CFM aponta para os
processos contra médicos que é decorrência da dificuldade ou da ausência de comunicação.
Um outro exemplo é o de uma médica que,sem qualquer constrangimento, confessa ter pavor
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de ficar doente porque tem medo dos médicos. Um médico que não confia nos colegas, seria
esta uma situação mais constante do que se pensa? Defrontar-se com esta situação é um
problema complexo, pois a pessoa que necessita de cuidados médicos, algumas vezes tem o
seu diagnóstico e tratamento retardado por não confiar no profissional.Os casos expostos
acima,merecem um estudo detalhado sobre o consentimento livre e esclarecido, a
humanização, os valores e as atitudes. Ao se pesquisar na bibliografia nacional e internacional
verifica-se que este é um problema inédito e que exige uma atenção especial e uma pesquisa
mais aprofundada.De acordo com Tavares (2008) a consulta médica pode ser definida como
uma interação complexa, multidimensional, entre dois agentes sociais, médico e paciente. O
desequilíbrio na relação médico-paciente e a conseqüente insatisfação e sensação de injustiça
que pode abater-se sobre ambos tende a produzir dois modelos de comportamento: o médico
tenta melhorar a sua comunicação com o paciente, buscando restabelecer a confiança
recíproca na relação e no prosseguimento do tratamento (Caprarae Silva,1999;
Pegoraro,1995 ); o paciente quebra o elo de sua relação com o médico e procura novo
profissional de saúde para atendê-lo.Esta pesquisa se propõe a explicar o Consentimento Livre
e Esclarecido e a humanização na consulta medica, através do entendimento dos conceitos de
valores e atitudes. As demandas humanas impostas pela revolução cientifica nos séculos XX e
XXI impuseram a necessidade de diretrizes para orientar os novos conhecimentos, que ate
então não estavam contidas em qualquer área.O estudo da Bioética e o entendimento do real
significado do Consentimento Livre e Esclarecido, da humanização, de atitudes e valores
devem ser incorporados por toda a classe médica. Se assim não ocorrer, provavelmente, o
sentido do consentimento poderá ficar restrito a um papel de âmbito institucional, imutável,
onde o paciente assina um termo ao adentrar um hospital para proteger a instituição de
qualquer responsabilidade, caso ocorra qualquer situação, que venha a trazer danos aos
pacientes. Concordam com esta visão os autores Lara e De La Fuente (1990) quando afirmam
que a noção do consentimento esclarecido desaprova e tece críticas a que se ministrem
informações exclusivamente ou prioritariamente por escrito. A padronização das informações
contradiz a busca pelo teor subjetivo, e geralmente visa somente o cumprimento de ritual
legal.
A importância da humanização na qualidade da relação médico-paciente, em parte
perdida com a adoção do modelo biomédico de saúde, deve ser estimulada, para que a
autonomia do paciente seja respeitada. Drane (1984) afirma que apesar de existirem acordos
quanto aos princípios éticos, à aplicação dos mesmos é tarefa difícil e complicada. Afirma
Fortes (1994) que as políticas de saúde e as políticas educacionais devam ser orientadas à
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formação de profissionais de saúde voltadas à redução das violações contra os princípios
éticos, tal como o cotidiano dos serviços de saúde facilmente demonstra, caminhando para a
construção de um sistema de saúde comprometido com uma prática mais humanista.
E finalmente invoca-se o Novo Código de Ética Médica (2009) que no capítulo IV,
art.22 afirma que: deixar de obter consentimento do paciente ou de seu representante legal
após esclarecê-lo sobre o procedimento a ser realizado, salvo em risco iminente de morte, e no
art.24 diz que é vedado ao médico deixar de garantir ao paciente o exercício do direito de
decidir livremente sobre sua pessoa ou seu bem-estar, bem como exercer sua autoridade para
limitá-lo. No capítulo V, art.31 expõe que é vedado ao médico desrespeitar o direito do
paciente, ou de seu representante legal de decidir livremente sobre a execução de práticas
diagnósticas ou terapêuticas, salvo em caso de iminente risco de vida.
O estudo proposto pretende conhecer e, se necessário, estimular o conhecimento e a
aplicação do Consentimento Livre e Esclarecido e da humanização no atendimento medico,
através de valores e atitudes entre os estudantes da Faculdade de Medicina (FAMED) da
Universidade Federal de Alagoas.
ETICA E BIOETICA
Pensar novos conceitos em Medicina, abordar caminhos diversos para acompanhar o
desenvolvimento tecnológico, faz-se primordial no momento em que noções de ética perdem
espaço para a competitividade do capitalismo global. De acordo com Beauchamp e
Childress(2002) ética é um termo genérico para várias formas de entender e analisar a vida
moral. Para Rousseau (1973) o universo do ser humano é diferenciado do mundo natural pela
capacidade de realizar juízos de valor, e para esse autor a ética é o domínio dos juízos de
valor. Segundo Cohen e Segre (2002) uma pessoa não nasce ética; sua estruturação vai
ocorrendo juntamente com o seu desenvolvimento. Afirmam, ainda, que a eticidade está na
percepção dos conflitos da vida psíquica, (emoção x razão) e na condição que podemos
adquirir, de nos posicionarmos, de forma coerente face a esses conflitos. Consideram,
também, que a ética se fundamenta em três pré-requisitos: 1. percepção dos conflitos
(consciência); 2. autonomia (condição de posicionar-se entre a emoção e a razão, sendo que
essa escolha de posição é ativa e autônoma) 3.coerência. A eticidade seria um termo
reservado para a aptidão de exercer a função ética.
O século passado, período de imenso desenvolvimento científico em várias áreas do
conhecimento, entre elas a da saúde revestiu-se, no entanto, de um paradoxo cujos prejuízos
talvez, jamais sejam quantificados. Os abusos do poder usados em nome da ciência
justificaram inúmeros atos de monstruosidade desde o nazismo, onde em nome de uma
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ideologia tudo era permitido até experiência com cobaias humanas nos Estados Unidos e na
África entre outros. A Bioética, então, surgiu a partir da pressão de fatos históricos,
reveladores de práticas de pesquisa das quais estava ausente qualquer parâmetro de
consideração da dignidade do ser humano.Após a Segunda Guerra tomou-se conhecimento de
práticas experimentais em seres humanos, conduzidas pelo nazismo por médicos e cientistas,
que ultrapassavam qualquer expectativa imaginável de degradação. Assim, em meados do
século XX, surgem os primeiros conceitos sobre a Bioética, que segundo Segre (2002) é um
ramo da filosofia, que enfoca as questões referentes à vida humana, e como tal trata também
da morte já que a mesma é inerente à vida.
Para Hossne (2008) a bioética é, hoje, um ramo ou um campo de filosofia, em
particular da ética, com características próprias, suficientes para assegurar-lhe
individualidade, sobretudo pelo seu campo de abrangência (ciência da vida, da saúde e do
meio ambiente em interface) pela sua multi e transdisciplinaridade, e pelo pluralismo com a
participação de todos os atores que possam estar envolvidos em determinada questão ética.
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2 – OBJETIVOS
2.1 - OBJETIVO GERAL
Explicar a relação entre o Consentimento Livre e Esclarecido e a humanização no
atendimento medico através de valores e atitudes.
2.2 – OBJETIVOS ESPECIFICOS
Entender a relação entre Consentimento Livre e Esclarecido e a humanização.
Descrever o que são valores e atitudes e qual a repercussão dos mesmos na
humanização e na aplicação do Consentimento Livre e Esclarecido.
Perceber como os estudantes de Medicina entendem, valorizam e aplicam na pratica
medica os conhecimentos sobre o Consentimento Livre e Esclarecido, a humanização, valores
e atitudes.
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3 - ANÁLISE DA LITERATURA
3.1 - O CONSENTIMENTO INFORMADO
Beauchamps e Childress (2002) relatam que a partir dos julgamentos de Nuremberg
onde relatos horrendos de experiências médicas foram realizadas em campo de concentração,
a questão do consentimento tem estado em primeiro plano nas discussões da ética biomédica.
Ressaltam que o termo consentimento informado não aparece mesmo após uma década depois
desses julgamentos, e não recebe uma análise detalhada até aproximadamente 1972. E que
apenas recentemente o enfoque se transferiu da obrigação do médico ou do pesquisador de
revelar a informação, para a qualidade do entendimento e do consentimento de um paciente
ou de um sujeito de pesquisa. Enfatizam que esta modificação foi impelida pela autonomia e,
também, fundamentalmente externa aos códigos da ética médica e da ética da pesquisa. E que,
principalmente, ao longo da história surgiu uma demanda social geral e incipiente pela
proteção dos direitos dos pacientes e dos sujeitos de pesquisa, especialmente de seus direitos
de autonomia. Explicam que a abordagem aceita do consentimento informado, tem sido a que
especifica os elementos do conceito dividindo-os em componente de informação e
componente de consentimento.
Muñoz e Fortes (1998) afirmam que a pessoa autônoma tem o direito de consentir ou
recusar propostas de caráter preventivo, diagnóstico ou terapêutico, que afetem ou venham
afetar a sua integridade físico-psíquica ou social. A noção do consentimento na atividade
médica é fruto de posições filosóficas relativas à autonomia do ser humano. No âmbito da
justiça , a primeira decisão que tratou da questão parece ter sido o caso Slater versus Baker &
Staplenton, julgado em 1767 na Inglaterra: dois médicos foram considerados culpados por não
terem obtido o consentimento do paciente quando da realização de cirurgia de membro
inferior que resultou em amputação. Deve-se lembrar que naquela época o consentimento já
era demandado não só por motivos éticos e legais, mas também pela necessidade da
cooperação do paciente na realização do ato cirúrgico, pois ainda não eram suficientemente
desenvolvidas as práticas anestésicas. Do ponto de vista ético a noção do consentimento pode
diferir da forma adotada pelos tribunais. No caso a norma penal requer somente um
consentimento simples, significando o direito à recusa. O atendimento do princípio ético do
respeito à autonomia requer mais, não se limita ao simples direito à recusa ou ao
consentimento simples, requer um consentimento livre, esclarecido, renovável e revogável. O
paciente tem o direito moral de ser esclarecido sobre a natureza e os objetivos dos
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procedimentos diagnósticos, preventivos ou terapêuticos; ser informado de sua invasibilidade,
da duração dos tratamentos, dos benefícios, prováveis desconfortos, inconvenientes e
prováveis riscos físicos, psíquicos, econômicos e sociais que possa ter.
Para Junges (2007) o princípio da autonomia tem sua expressão no consentimento
informado e o ato de consentir deve ser genuinamente voluntário e basear-se na revelação
adequada das informações. Para que o mesmo não se restrinja a pura formalidade jurídica, o
modo de obter o consentimento é exigência fundamental para assegurar o princípio de
autonomia na decisão.
Conforme Engelhardt os indivíduos precisam comunicar-se e apreciar o que cada uma
das partes deseja, para chegar a um bom entendimento. O consentimento livre e informado
desempenha seu papel central não tanto por causa de um compromisso com um ideal liberal,
mas pela descrença na possibilidade de descoberta de uma visão completa dos objetivos de
assistência à saúde, em um contexto pluralista secular. Compreende obter permissão não
apenas dos indivíduos que devem ser tratados, mas também dos responsáveis por indivíduos
incapazes de consentir por si mesmo.
Raymundo e Goldim (2007) explicam que o consentimento por procuração pode ser
utilizado, quando a pessoa a ser submetida a um procedimento assistencial ou de pesquisa
encontra-se impossibilitada ou não habilitada legalmente para consentir. Nesse caso, outra
pessoa, na maioria das vezes um familiar, responsabiliza-se pela autorização do procedimento
ou da participação na pesquisa.
Polêmica, de acordo com Jonsen, Siegles e Winsdale (1989) é a questão da recusa a
procedimentos médicos por motivos religiosos, como nos casos dos adeptos das Testemunhas
de Geová que, mesmo em situação de risco rejeitam a transfusão sanguínea. Nos anos
recentes as cortes americanas e canadenses tem fundamentado as suas decisões no predomínio
do princípio da autonomia, quando maiores e capazes mesmo em risco de vida assumem a
responsabilidade. Ao contrário, os juízes permitem a realização do procedimento em crianças
filhas adeptos da seita, pois o direito à vida deve prevalecer sobre a vontade parental.
As pessoas com problemas mentais, segundo Pitta e Dallari (1992) não devem ser
vistas como totalmente afetadas em sua capacidade decisional, pois o fato da existência de
um diagnóstico de uma doença mental nem todas as vezes significa a impossibilidade de o
individuo vir a tomar uma decisão.
Segundo Matos, 2007, a exigência do consentimento informado sintetizou o respeito à
autonomia do paciente, sendo amplamente, reconhecido nos códigos de ética médica de vários
países e, até mesmo, em legislações específicas, principalmente quando se identifica a
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diminuição dessa autonomia por motivos diversos, etários ou decorrentes da própria doença.
O referido autor explica que o dever de informar significa que o médico necessita estabelecer
um relacionamento aberto ao diálogo com seu paciente, informando-o da gravidade da
doença, doe exames necessários a compreensão de sua extensão ou grau de avanço, os
diversos tratamentos possíveis e o desenvolvimento de cada um (o quanto é invasivo e
doloroso), os benefícios possivelmente alcançados, bem como os riscos do procedimento.
2.1 - COMO PROCEDER NAS SITUAÇÕES DE EMERGÊNCIA
Nas situações de emergência, segundo Muñoz e Fortes as ações dos profissionais de
saúde fundamentam-se no princípio da beneficência, ou seja, em ações positivas em favor da
vida e da saúde. Nesses casos, se aceita a noção da existência de consentimento presumido ou
implícito, pelo qual supõe-se que a pessoa, se estivesse de posse de sua real autonomia e
capacidade se manifestaria favorável as tentativas de resolver causas e/ou conseqüências de
suas condições de saúde.
3.2. - COMO ELABORAR UM TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E
ESCLARECIDO?
Na perspectiva de Muñoz e Fortes (1998) fornecer um texto padrão não é adequado,
porém é imprescindível que um termo de consentimento livre e esclarecido contenha
determinados elementos essenciais como:
1) Ser feito em linguagem accessível;
2) Conter: a) os procedimentos ou terapêutica que serão utilizados, bem como seus
objetivos e justificativas; b) desconfortos e riscos possíveis e os benefícios esperados; c)
métodos alternativos existentes; d) liberdade de o paciente recusar ou retirar seu
consentimento, sem qualquer penalização e/ou prejuízo à sua assistência; e) assinatura ou
identificação dactiloscópica do paciente ou de seu representante legal.
3.3– DISCUSSÃO – UM DIALÓGO COM A HISTÓRIA
Cecchetto (2007) discorre sobre a origem do consentimento informado no âmbito do
campo sanitário (clínico e de pesquisa) como doutrina moral afirmando que a mesma surgiu
nas últimas décadas. Relata ainda que, só há algum tempo é que estas preocupações ético-
teóricas foram sistematizadas em torno à consideração da pessoa doente como pessoa plena,
titular de obrigações e direito, mas também dona de autodeterminação que lhe permite, de
forma racional e livre, exercitar o domínio de si e, então participar nas decisões terapêuticas,
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diagnósticas, prognósticas, de tratamento ou investigação que lhe interessarem diretamente.
Informa que o consentimento informado apareceu como uma exigência, ao mesmo tempo
moral e legal, executada de forma a deixar constância expressa que, tanto um como o outro
pólo da relação terapêutica (o profissional e o doente), empreenderam uma ação médica de
comum acordo: com competência, sem que seja mediada por coerção, e contando – antes da
decisão- com a informação completa do caso.
Parece que ao contrário dos países anglo-saxônicos, onde à doutrina do consentimento
informado foi histórica e socialmente construída, no Brasil alguns Estados vivem a margem
deste conhecimento.
O despertar faz-se lento em Alagoas. Este Estado situado no nordeste brasileiro, com
cerca de mais de dois milhões e oitocentas mil pessoas (IBGE) e cuja capital é Maceió, que
atualmente conta com cerca de novecentos e trinta e seis mil e trezentos e catorze habitantes,
iniciativas para o conhecimento da Bioética entre os médicos partem de instituições isoladas,
corajosas, inicialmente, do Conselho Regional de Medicina que oferece uma educação
continuada, e da Universidade Federal de Alagoas, que implantou medidas curriculares em
2006, introduzindo em seus currículos em alguns cursos e, particularmente, no de Medicina,
eixos que contemplam disciplinas humanizadoras, seguindo as exigências das Diretrizes
Curriculares de 2001 que preconiza que o egresso do curso de Medicina tenha uma formação
generalista, humanista, crítica e reflexiva. Capacitado a atuar, pautado em princípios éticos,
no processo de saúde-doença em seus diferentes níveis de atenção, com ações de promoção,
prevenção, recuperação e reabilitação à saúde, na perspectiva da integralidade da assistência,
com senso de responsabilidade social e compromisso com a cidadania, como promotor da
saúde integral do ser humano. Desde então, as abordagens sobre Ética tem permeado todos os
períodos do curso.
Quanto ao consentimento informado quer em hospitais gerais quer na clínica privada e
principalmente na pública observa-se que, com raras exceções, a relação médico-paciente
encontra-se muito aquém do que seria ideal e que o consentimento informado, livre e
esclarecido em sua totalidade tampouco é observado e contemplado pela maioria dos
profissionais médicos.
Corroborando com a observação acima citada, Ceccheto (2007) afirma que o
reconhecimento do direito moral dos pacientes à informação para, a decisão médica, constitui
fenômeno recente na área sanitária, cuja consolidação é lenta e gradual e ainda não se vê
claramente quando chegará a termo.
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Ao resgatar a história do consentimento informado constata-se que a visão das
responsabilidades penais dos agentes sanitários mudou ao longo do tempo. Até meados do
século XVIII os médicos desfrutaram de impunidade quase completa (Cecchetto 2007).
De acordo com Pernick (1987), que tentou estabelecer o grau de sensibilidade social
que atingiu as práticas médicas ao redor da noção de informação e de consentimento ao longo
dos últimos dois séculos, houve três períodos bem diferenciados: o primeiro que vai de 1780 a
1890, marcado pela negligência; o segundo de 1890 a 1920, que pode ser relacionado à
agressão física ou à coerção; e o terceiro de 1945 a 1972, que evidencia o aparecimento do
consentimento voluntário e do conhecimento informado.
Segundo observa Cecchetto (2007), em 1931 o Ministério da Saúde do Reich alemão
ditou um regulamento para terapias médicas novas e experimentais com sujeitos humanos.
Nele o direito à concordância do paciente, ou de seu substituto legal foi reconhecido. No
entanto, durante os anos da Segunda Guerra esse regulamento não foi aplicado no território
alemão, nos campos de concentração. Apesar disso o Tribunal de Nuremberg, aproveitou a
iniciativa malograda no período do Reich, para preservar princípios básicos de respeito a
moral, e aspectos éticos e legais envolvidos nas pesquisas com seres humanos. Em 1946 o
Código de Nuremberg foi escrito onde pontifica no item 1 o “consentimento voluntário”.
Posteriormente a Associação Médica Mundial destacou a importância desse tema. Em
Helsinque em 1964, foi editada uma recomendação para guiar o curso das pesquisas no
mundo. Na cidade de Tóquio em 1975 a recomendação anterior foi revista e ampliada,
substituindo o documento prévio, sendo reconhecida como Declaração de Helsinque II.
Apenas em 1957 no estado da Califórnia, nos Estados Unidos da América o termo
consentimento informado foi usado pela primeira vez. Em 1960 o consentimento informado
entrou na órbita sanitária incorporando-se como parte integrante do ato médico. O documento
Nacional Welfare Right Organization de 1970 marca nos Estados Unidos o movimento
nacional e internacional de pessoas doentes visando à proteção das mesmas. Então, em 1981 a
Associação Médica Americana estudou o assunto, ressaltando que o direito do paciente a uma
decisão autônoma só poderia ser exercido no caso de possuir informação suficiente para
escolher de modo racional, excetuando duas condições:a) quando o paciente estivesse
inconsciente ou incapaz para consentir frente a uma necessidade ou perigo iminente;b)
quando a revelação da informação significasse uma ameaça de dano. Depois de um ano, a
Comissão do Presidente para o Estudo dos Problemas Éticos em Medicina, Biomedicina e
Investigação no Comportamento publicou um relatório sobre o assunto. Os Estados Unidos
foram o país que mais desenvolveu a doutrina do consentimento informado. Trinta estados
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estadunidenses, em 1982, já tinham elaborado legislações sobre o consentimento informado.
(CECCHETTO,2007)
Segundo Cecchetto a Proposta de Diretrizes Internacionais para a Investigação
Biomédica em Sujeitos Humanos, formulada pela Organização mundial de Saúde e pelo
Conselho Internacional das Organizações das Ciências Médicas em 1982 reafirmou o
conteúdo da Declaração de Helsinque II, optando pela expressão “consentimento informado e
dado livremente depois de ter estado adequadamente informado”. Finalmente a UNESCO em
2005 incorporou a regra acima na Declaração Universal sobre Bioética e Direitos Humanos.
3.4 - HUMANIZAÇÃO - Utopia ou relação construtiva?
Parece estranho discutir este termo, aparentemente, simples e tão atual como a
humanização, visto que ao primeiro olhar presume-se que o entendimento da humanização é
algo inerente a condição humana. No entanto, as demandas da atualidade demonstram que o
desconhecimento dos princípios básicos da convivência harmônica e respeitosa entre
indivíduos, implica em um mais profundo conhecimento dos conceitos que envolvem este
tema. Segundo Houaiss:humanizar diz respeito à aquisição de forma humana. E também:
[...] tornar(-se) benévolo, ameno, tolerável; humanar(-se); tornar(-se)
mais sociável, mais tratável; civilizar(-se), socializar(-se)16. (p. 459)
Da Grécia antiga, referência cultural na filosofia, medicina e demais ciências, resgata-
se o pensamento de Platão e Aristóteles que considera o homem um animal racional (36) ou
uma coisa que pensa (37).
Em nosso País, no Brasil que é continental e tão desigual em suas imensas diferenças
sociais, surgiu o SUS – inscrito na Constituição de 1988, com o objetivo de universalizar o
atendimento à saúde dos brasileiros, sanando parte das injustiças sociais. Esse Sistema Único
de Saúde, em meio a grandes dificuldades, debate a humanização em saúde. De acordo com
Leonardo Boff a relevante função humanizadora faz estabelecer com o outro uma relação
construtiva e de inclusão. No fundo, tudo passa pelo outro, pois sem o diálogo com o tu não
nasce o verdadeiro eu, nem surge o nós que cria o espaço da convivência e da comunhão. A
exclusão do outro está na base do terror moderno, seja econômico ou político-militar. O que
na área da saúde significa a perda da qualificação da relação profissional de saúde - usuário,
que deve dar-se por parâmetros humanitários, de solidariedade e cidadania. [...] A relação
com o outro suscita a responsabilidade. O outro faz surgir em nós a ética; nos obriga a uma
atitude de acolhimento ou de rechaço(43). Segundo Deslandes50 a humanização se
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fundamenta no”resgate da humanidade do atendimento, ou seja, postar-se contra a violência,
já que esta representa a antítese do diálogo, a negação do "outro" em sua humanidade” e na;
necessidade de melhorar a qualidade dos serviços prestados; neste sentido, a humanização é
vista como a capacidade de oferecer atendimento de qualidade, articulando os avanços
tecnológicos com o bom relacionamento.
De (art placebo. acordo com Teixeira (2009) aspectos que eram muito valorizados no
sistema médico de todos os tempos, a relação medico-paciente assumiu importância
secundária no modelo biomédico, privando o moderno arsenal terapêutico de uma intervenção
psiconeurofisiológica capaz de complementar a resolução de muitos distúrbios orgânicos.
Segundo o mesmo, as pesquisas sugerem que a postura do médico, permeadas por
manifestações positivas, comentários, sugestões, atitudes, pode exercer influência na mente
do paciente produzindo respostas neurofisiológicas favoráveis ou desfavoráveis, agindo como
instrumento terapêutico ou iatrogênico.
Em conformidade com Nunes (2006) o reconhecimento do outro, em sentido mais
específico, conduzirá a que,nesta delicada área de saúde, este não seja tratado como um corpo
ou uma doença. Se a fragilidade da vida é o que torna presentes as ameaças (doença,
incapacidade, morte), conjugamos esforços para manter a vida – aliás, melhor dizendo, para
humanizar a vida.
Citando Rego (2009), neste contexto de grandes diferenças e múltiplas interações,
discutir bioética e humanização ou a contribuição ao desenvolvimento das competências
moral e ética não é simples. As mudanças, para se tornarem efetivas, não serão simplórias e
localizadas, concentrando-se somente na mudança dos métodos de ensino. A medicina pós-
moderna não promove o antropocentrismo e não procura humanizar-se, reconhecendo que a
qualidade da relação médico-paciente é um fator que influencia na saúde e na doença
(Bleakley& Bligh,2009)
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4 – VALORES INERENTES AOS HUMANOS OU ADQUIRIDOS
CULTURALMENTE?
4.1 - Valores Humanos
Os valores humanos têm sido estudados por meio de diferentes perspectivas e são
reportados em distintas áreas de estudo, tais como: Filosofia, Antropologia, Sociologia e
Psicologia (Gouveia, 2003; Ros, 2001). O construto valor humano obteve notoriedade quando
deixou de ser concebido como atributo de um objeto e passou a ser tratado como critério do
desejável ou como um tipo de orientação (Kluckhohn, 1951). Nesta tese, assume-se a seguinte
definição geral dos valores: “(a) são conceitos ou categorias; (b) sobre estados desejáveis de
existência; (c) transcendem situações específicas; (d) assumem diferentes graus de
importância; (e) guiam a seleção ou avaliação de comportamentos e eventos; e (f) representam
cognitivamente as necessidades humanas” (Gouveia, Milfont, Fischer & Santos, 2008, p. 55).
A partir desta definição, fundamenta-se a teoria funcionalista dos valores humanos, adotada
neste estudo, e que pode ser vista como integradora, parcimoniosa e teoricamente
fundamentada (Gouveia & cols., 2008; Fischer, Milfont & Gouveia, no prelo). Antes de
apresentá-la, segue-se uma breve descrição do construto valores e das teorias anteriores à
funcionalista.
4.1.1. Valores instrumentais e terminais de Milton Rokeach
Milton Rokeach (1981) propõe sua teoria sobre os valores humanos com base em
cinco pressupostos: (a) o número de valores que uma pessoa possui é relativamente pequeno;
(b) as pessoas possuem os mesmos valores, independente da cultura na qual estejam inseridas,
diferenciando apenas o grau de importância atribuído a cada um deles; (c) os valores são
organizados em sistemas de valores – ordenação de valores ao longo de um contínuo de
importância; (d) os antecedentes dos valores podem ser determinados pela cultura, pela
sociedade e por suas instituições, além da própria personalidade dos indivíduos; e (e) as
manifestações dos valores se dão em fenômenos considerados dignos de serem estudados e
entendidos pelos cientistas sociais.
Os valores têm a ver com os modos de conduta e estados finais da existência.
“Dizer que uma pessoa tem um valor. é dizer que ela tem uma crença duradoura de
que um modo específico de conduta ou estado final da existência é pessoal e socialmente
18
preferível a modos alternativos de conduta ou estados finais da existência” (Rokeach, 1981, p.
132). Em resumo, os valores podem ser entendidos como crenças prescritivas/proscritivas que
permitem aos indivíduos julgarem objetos ou ações como desejáveis, indesejáveis,
recomendáveis ou reprováveis. De acordo com Rokeach (1981), os valores distinguem-se em
instrumentais (os comportamentos) e terminais (o desejável). Um valor instrumental é
definido como um valor único que sempre toma a seguinte forma:
“Eu creio que tal e tal modo de conduta (por exemplo, a honestidade, a coragem) é
pessoal e socialmente preferível em todas as situações com respeitos a todos os objetos” (p.
132). Enquanto que o valor terminal toma a forma do comparável. “Eu creio que tal e tal
estado da existência (por exemplo, a salvação, um mundo de paz) é pessoal e socialmente um
valor que se deve lutar para obter” (p. 132).
Os instrumentais podem ser de competência e morais. A violação do primeiro gera
sentimentos de vergonha ou de inadequação pessoal; enquanto que os morais atendem a uma
perspectiva interpessoal, provocando sentimentos de culpa quando são transgredidos.
Já os valores terminais apresentam duas tendências, centrados no indivíduo (pessoais)
ou na sociedade (sociais).
Com base nesta perspectiva teórica, os valores se estruturam em conjunto ou sets que
conformam um sistema de valor, definido como “uma organização duradoura de crenças
referentes a modos de conduta ou estados finais de existência ao longo de um contínuo de
relativa importância” (Rokeach, 1973, p. 5). O sistema de valor se organiza de forma
hierárquica, em que cada valor é ordenado em função de sua prioridade ou importância em
relação aos demais valores. Os valores podem se reordenar em função das prioridades, mas o
sistema total de valores permanece relativamente estável ao longo do tempo. A mudança ou
reordenação dos valores é uma conseqüência tanto de experiências culturais e sociais como
pessoais, por exemplo: desenvolvimento intelectual, grau de internalização de valores
culturais e institucionais, identificação política (Gouveia, 1998).
Outro aspecto que chama a atenção neste modelo são as funções dos valores: (1) ego-
defensiva, uma vez que sentimentos ou ações pouco aceitas, pessoal ou socialmente, podem
se transformar, por meio de mecanismos de racionalização e formação defensiva, em algo
mais aceitável, de modo que, socialmente, sob a forma de valores, representem conceitos
culturalmente justificáveis; (2) de conhecimento ou auto-realização, já que alguns valores,
implícita ou explicitamente, promovem a busca de significado e compreensão,
consequentemente, conhecimento e auto-realização; (3) critério de orientação, para
posicionamentos diante de problemas, predisposição favorável ou não perante uma ideologia,
19
tarefas como avaliar, julgar, emitir elogios a si e a outrem, comparar, persuadir, influenciar,
racionalizar crenças, atitudes e comportamentos que de outro modo seriam pessoal ou
socialmente condenados moralmente e necessários à manutenção da auto-estima; (4)
motivacional, pois guiam as ações humanas em situações do dia-a-dia e fornecem expressão
às necessidades humanas básicas; e (5) adaptativa, já que o conteúdo de certos valores (por
exemplo, obediência, cordialidade, autocontrole) acentua diretamente modos de conduta ou
estados finais que são de orientação adaptativa ou orientados para a utilidade (Rokeach,
1973).
Milton Rokeach (1973) reproduz contribuições significativas para a consolidação do
avanço dos estudos sobre valores, em síntese: a proposta de uma abordagem que reuniu
aspirações de diversas áreas, como a Antropologia, a Filosofia, a Sociologia e, por suposto, a
Psicologia; a diferenciação dos valores de outros construtos com os quais costumavam ser
relacionados, como as atitudes, os interesses e os traços de personalidade; a apresentação de
um instrumento que, pela primeira vez, buscava medir os valores como um construto legítimo
e específico; e, finalmente, a demonstração da centralidade dos valores no sistema cognitivo
das pessoas, reunindo dados sobre seus antecedentes e consequentes (Gouveia, Martínez,
Meira & Milfont, 2001).
Outros modelos teóricos têm sido propostos, dentre os quais se destaca o de Shalom H.
Schwartz e seus colaboradores (Schwartz, 2001; Schwartz & Bilsky, 1987, 1990).
4.2 - ATITUDES – cognição, crenças ou algo mais?
Tradicionalmente, a atitude foi vista como uma disposição estável para responder de
uma maneira consistente, favorável ou desfavorável a um objeto. Conforme Ajzen e Fishbein
( ) o papel do afeto na formação e mudança de atitude apenas, recentemente, tem se
tornado foco de atenção, o papel da cognição como antecedente a atitude tem sido largamente
reconhecido desde muitos anos. A relação entre cognição ou crenças e a avaliação da atitude
em sua totalidade está estabelecida no modelo mais popular de formação de atitude – A
expectativa- modelo de valor. Na teoria de Fishbein avaliações de pessoas ou em direção a
atitudes são determinadas por suas crenças acessíveis a respeito do objeto, onde uma crença é
definida como uma probabilidade subjetiva que o objeto tem em relação a um certo atributo.
Os termos “objeto” e “atributo” são usados no senso geral e eles se referem a qualquer
aspecto de um indivíduo no mundo. Todavia esse modelo não assume a construção deliberada
e consciente da atitude.Atitudes emergem automaticamente e espontaneamente.Elas podem
20
ser baseadas em poucas ou muitas crenças, e estas podem ou não refletirem a realidade porém
os significados são, automaticamente ativados.
O modelo de expectativa de valor sugere que a base cognitiva de uma atitude pode ser
entendida estudando-se as crenças accessíveis de uma pessoa a respeito do objeto de atitude
(Ajzen & Fissbein,1980).Segundo os autores a pesquisa sobre atitudes e mudanças de
atitude, realizadas nos últimos vinte anos tem transformado alguma das suposições básicas
inerente a visão clássica.Houve dois grandes desenvolvimentos que tiveram um impacto
profundo neste campo de conhecimento. Uma linha de trabalho tem evidenciado uma
diferença entre atitudes que são baseadas em análises sistemáticas de informações disponíveis
e atitudes que são produzidas sem muita deliberação consciente. O segundo desafio para a
visão clássica origina-se da sugestão de que atitudes não são claramente tão estáveis como
inicialmente assumidas, e que avaliações podem mudar como o resultado de mudanças de
circunstâncias e perspectivas.
A atitude de representação tradicional com os métodos de escala, como desenvolvido
por Thurstone (1928) ou Likert (1932) de campo é definida por um ampla amostra de itens
incluído no questionário, itens que direcionam as opiniões dos respondedores a respeito de
muitos diferentes aspectos da atitude em questão. A teoria da representação da atitude de
acordo com Lord & Lepper (1999) cria um problema forte em relação a dependência de
avaliação da representação subjetiva da atitude.
A Avaliação fundamentada explica que instabilidade atitudinal produzida por variação
de fatores contextuais, incluindo instabilidade que não é o resultado de mudanças na
representação de atitude, pode ser explicada na estrutura da expectativa- modelo de valor
(Ajzen & Fishbein).
A atitude-relação/comportamento é definida como uma disposição para responder com
algum grau de favorabilidade ou desfavorabilidade a um objeto psicológico, atitudes
esperadas para predizer e explicar o comportamento humano.No entanto, pesquisadores
reagiram com desânimo quando as pesquisas revelaram fracas ralações entre atitudes verbais,
disposições para respostas compatíveis com disposições latentes, e manifestação do
comportamento (Wicker,1969; Ajzen,1988; Fishbein & Azjen, 1975).
De acordo com a Teoria do Comportamento Planejado a ação humana é guiada por
três espécies de considerações: crenças a respeito das prováveis conseqüências do
comportamento, crenças a respeito das expectativas normais de outros, e crenças a respeito da
presença de fatores que podem impulsionar ou retardar a atuação do comportamento.
21
Automaticidade no comportamento humano assume que o comportamento humano
social é fundamentado,controlado, planejado no sentido que ele endossa as conseqüências do
comportamento, as expectativas normativas de referências importantes, e fatores que podem
impedir a realização.
Processando duplo modo: o modelo MODE
O modelo MODE assume que atitudes pode guiar comportamento em dois caminhos:
em um, controlada ou deliberada maneira, e em outro, automática e espontânea maneira. Esse
modelo além de estipular que quando motivação ou oportunidade para processar a informação
é limitada, o processo controlado não pode ser empregado. Nessas condições, atitudes podem
guiar comportamentos somente se eles se tornarem ativos sem esforço e automaticamente.
Além disso, o modelo assume que tal ativação automática ocorre somente em atitudes fortes,
quando uma estreita ligação foi estabelecida entre o objeto de atitude e uma
avaliação.Atitudes fortes são altamente accessíveis a memória e por esta razão podem se
tornar ativa automaticamente. Atitudes fracas, de acordo com o modelo não são ativadas
automaticamente e podem assim, não servir como guia espontâneo de comportamento. De
acordo com o princípio da congruência de crença (Ajzen,1996; Ajzen & Sexton,1999), nós
esperaríamos uma atitude forte em relação ao comportamento apenas se as crenças nos dois
contextos são iguais ou similares (Milllar & Tesser 1986). A validade preditiva deve declinar
para a dimensão de que as crenças accessíveis no contexto atitudinal, diferem da
acessibilidadae de crenças no contexto do comportamento.
Comportamento e hábito no passado é uma teoria baseada na idéia de que o
desempenho do comportamento leva a formação de um hábito, e que uma vez estabelecido, o
hábito controla o comportamento mais tarde sem mediação da cognição (Aarts, Verplanken,
& van Knippenberg,1988; Bagozzi, 1981; Ronis, Yates, & Kirscht,1989; Triandis,1977).
Comportamento social habitual ressalta que a perspectiva do hábito tenha um apelo
intuitivo, não está claro que isto signifique dizer que um comportamento social complexo é
realizado automaticamente ou habitualmente.
Comportamento passado como ação fundamentada é uma explicação alternativa, para
poder predizer se, do comportamento passado depende do reconhecimento de que uma relação
forte comportamento anterior e tardio somente prova a estabilidade temporal do
comportamento em questão.Segundo o autor hábito é apenas, uns dos muitos fatores
mediadores e, de fato, pode não ter sido necessário por todo o mecanismo para estabilidade do
comportamento (Ajzen, Fishbein)
22
Estudo 1 – Escala de atitudes frente ao Consentimento Livre e Esclarecido: elaboração
Objetiva-se desenvolver uma medida psicométrica, específicas para o contexto da
atuação médica (medida emic), de fácil manuseio (auto-aplicável) e de baixo custo (tipo lápis
e papel), de atitude (frente à humanização do Consentimento Livre e Esclarecido).
Inicialmente, realizar-se-á uma pesquisa de cunho qualitativo sobre o uso do Consentimento
Livre e Esclarecido. Para análise dos dados coletados, será utilizada uma técnica
informatizada de análise de conteúdo (por meio do software ALCESTE), para compreensão e
categorização da fala dos participantes. Com base nestas categorias de respostas, procurar-se-
á, consequentemente, construir a medida em questão. Esta etapa servirá de base para o
segundo estudo, no qual a medida de atitudes resultante será avaliada em termos dos seus
parâmetros de validade fatorial e consistência interna. Além disso, como primeira
aproximação, procurar-se-á conhecer algo mais sobre o tema, estabelecendo maior
familiaridade com o marco teórico.
Participantes
Espera-se contar com pelo menos 100 participantes, sendo 50 profissionais e 50
estudantes de medicina, do município de Maceió – AL, de ambos os sexos. O procedimento
amostral será não-probabilístico, isto é, de conveniência, em que participarão aquelas pessoas
que, convidadas, aceitarem colaborar voluntariamente.
Instrumentos e procedimentos
Os participantes serão requeridos a responder a um questionário com perguntas
abertas: (1) Qual a finalidade do Consentimento Livre e Esclarecido? Por favor, seja o mais
detalhista possível, comentando os usos deste procedimento na atuação médica. (2) Qual a
importância do Consentimento Livre e Esclarecido para você? (3) Para você é necessário ou
não humanizar o Consentimento Livre e Esclarecido? Por favor, explique sua resposta. (4) Em
sua opinião o que poderia ser feito para humanização do Consentimento Livre e Esclarecido?
Ao final, os participantes responderão perguntas de natureza demográfica, como sexo e idade.
A aplicação destes instrumentos será realizada por meio de survey eletrônico. Os respondentes
potenciais receberão e-mail com a apresentação da pesquisa e esclarecimento de sua utilidade
para a comunidade médica e o público em geral e o link para responder o questionário. Num
primeiro momento, os participantes serão esclarecidos sobre o anonimato e sigilo de suas
respostas; será solicitado o Consentimento Livre e Esclarecido de todos os participantes por
meio da assinatura de um termo (ainda que eletrônica), bem como o caráter voluntário da
23
participação e o respeito às diretrizes éticas que regem a pesquisa com seres humanos serão
garantidos.
Análise dos dados
As respostas dos participantes serão avaliadas por meio da análise de conteúdo
automática (utilizando o software ALCESTE), do sistema de análise quantitativo de dados
textuais. De acordo com Nascimento e Menandro (2006), na análise lexical, é possível associar
o léxico (palavra) e o contexto (posição da palavra no contexto traduzindo sua mensagem). A
noção da palavra no contexto em que está inserida está relacionada ao seu posicionamento no
texto e sua relação com vocábulos específicos, eleitos pelas palavras mais significativamente
presentes e pelo coeficiente de associação [χ2 (1) ≥ 3,84, p < 0,05] da palavra à sua posição no
texto.
O software ALCESTE é uma das opções para análise de dados textuais, proposto por
Max Reinert (1998). O objetivo desse tipo de análise consiste na classificação dos enunciados
do texto em função das palavras nesses enunciados, com o objetivo da análise do corpus, isto
é, textos de discursos, entrevistas, reportagens em geral, ou, ainda, relatos. Para a orientação
dos dados, utilizou-se o processo estatístico de análise multivariada, por meio da análise de
proximidades geométricas e dos Componentes Principais, para redução de dimensionalidade
(a análise de agrupamento - clusters), especificamente a Classificação Hierárquica
Descendente (CDH).
A análise de conteúdo automática efetua a organização do conteúdo estruturado a
partir de uma análise estatística em uma Classificação Descendente Hierárquica. A finalidade
da CDH é conseguir estabelecer uma divisão entre as classes, de forma mais nítida possível,
de maneira que as classes não possuam palavras sobrepostas. Esse processo ocorre quantas
vezes for necessário, decompondo, desse modo, uma classe em várias classes. A CDH
apresenta, ainda, a posição de cada classe sob a forma de dendrograma (árvore). O
dendrograma permite verificar a relação entre as classes (ligação forte ou fraca) e a
representatividade de cada classe, a partir do seu percentil no corpus avaliado. Desta forma, o
dendrograma elaborado a partir da análise possibilita a compreensão de inter-relação das
classes.
Em resumo, esta análise envolve quatro etapas operacionais: Etapa A: Leitura do
Texto e Cálculo dos Dicionários; Etapa B: Cálculo das Matrizes de Dados e Classificação das
UCE’s (Unidades de Contexto Elementar – segmentos de texto do corpus); Etapa C:
Descrição das Classes de UCE’s; e Etapa D: Cálculos Complementares. Além disso,
24
possibilita a triangulação de dados qualitativos e quantitativos (para mais detalhes, ver Alba,
2004; Nascimento & Menandro; Reinert, 1998).
Estudo 2 – Escala de atitudes frente ao Consentimento Livre e Esclarecido: parâmetros
psicométricos
Este estudo reunirá evidências acerca dos parâmetros psicométricos da medida
proposta, como validade fatorial e consistência interna. Um primeiro passo será a análise dos
Itens: após o levantamento e construção do conjunto de itens, este será avaliado teoricamente
por juízes, especialistas em psicometria. Também será verificada sua validade semântica a
partir das respostas do estrato mais baixo da população considerada (alvo). A partir desta
avaliação qualitativa dos itens, conduzir-se-ão as modificações sugeridas e aplicar-se-á a
versão experimental da medida em uma amostra de estudantes de medicina brasileiros. Assim,
este estudo se restringirá ao desenvolvimento da medida de atitudes por meio de uma
abordagem exploratória e ampla revisão da literatura sobre o tema e instrumentos existentes
em outros países.
Participantes
Prevê-se contar com uma amostra mínima de 300 estudantes universitários, de
medicina, de Maceió – AL, sendo 150 da rede pública e 150 da rede privada de ensino
superior, de ambos os sexos. O procedimento amostral será não-probabilístico, isto é, de
conveniência, em que participarão aquelas pessoas que, convidadas, aceitarem colaborar
voluntariamente.
Instrumentos e procedimentos
Nesta etapa, todos os participantes receberão um livreto, composto pelos instrumento
experimental de atitudes. Os respondentes utilizarão uma escala de cinco pontos, variando de
1 = Não me descreve em absoluto a 5 = Descreve-me totalmente. Por fim, responderão a um
Questionário Demográfico (idade, sexo, estado civil). A aplicação destes instrumentos será
realizada em ambiente coletivo de sala de aula; porém, os participantes responderão
individualmente. Num primeiro momento, os participantes serão informados sobre o
anonimato e sigilo de suas respostas, bem como será solicitado o Consentimento Livre e
Esclarecido de todos os participantes por meio da assinatura de um termo; será garantido o
caráter voluntário da participação, bem como o respeito às diretrizes éticas que regem a
pesquisa com seres humanos.
25
Análise dos Dados
Por meio do software SPSS (versão 18), buscar-se-á avaliar a validade fatorial e a
consistência interna da medida em questão. Realizar-se-á uma Análise Fatorial Exploratória e
o cálculo da consistência interna do(s) fator(es) encontrado(s), por meio da técnica Alfa de
Cronbach.
Estudo 3 – Humanização do Consentimento Livre e Esclarecido: uma explicação
pautada nos Valores Humanos e Atitudes
Trata-se de um estudo correlacional e de comparação entre grupos independentes. Isto
é, verificar a relação entre os valores humanitários e pragmáticos com atitudes frente à
humanização do atendimento com base no Consentimento Livre e Esclarecido e a intenção
comportamental de participar de um comitê em pró da humanização. Além disso, identificar
diferenças entre estudantes e profissionais em relação ao escore atitudinal frente à
humanização do atendimento e intenção comportamental.
Participantes
Espera-se contar com pelo menos 600 participantes, de ambos os sexos, sendo 300
médicos e 300 estudantes de medicina. O procedimento amostral será não-probabilístico, isto
é, de conveniência, em que participarão aquelas pessoas que, convidadas, aceitarem colaborar
voluntariamente. Entretanto, a amostra será por cotas, subtipo de amostra não-probabilística,
em que se levarão em conta as várias especialidades da medicina e os períodos do curso de
medicina.
Instrumentos e procedimentos
Os respondentes receberão um livreto no qual os instrumentos de medida são
apresentados de modo contrabalanceado para evitar o efeito de exposição, a saber:
(1) Questionário dos Valores Básicos. Este é composto por 18 valores descritos por dois itens
cada um, tendo sido derivados de Gouveia (1998). Por exemplo, sobrevivência (ter água,
comida e poder dormir bem todos os dias; viver em um lugar com abundância de alimentos);
apoio social (obter ajuda quando a necessite; sentir que não está só no mundo). Os
respondentes indicam a importância que cada valor tem como um princípio-guia na sua vida,
utilizando uma escala de resposta de 1 (Totalmente não importante) a 7 (Totalmente
importante).
26
(2) Escala de atitudes frente ao Consentimento Livre e Esclarecido. Esta será resultado do
estudo anterior, sendo seus itens, respondidos em uma escala de 5 pontos, variando de 1 =
Discordo totalmente a 5 = Concordo totalmente.
(3) Questionário Demográfico (por exemplo, idade, sexo, estado civil). Neste questionário
inclui-se também o seguinte item: Como foi possível observar, este questionário tratou,
sobretudo, de questões da humanização do Consentimento Livre e Esclarecido. Estamos
organizando um comitê para realizar atividades que sejam necessárias para humanização do
Consentimento Livre e Esclarecido. Neste sentido, precisamos contar com a participação
voluntária de profissionais e estudantes de medicina. Se você é uma das interessadas, por
favor, deixe seu e-mail para contato e um nome ou apelido de preferência que brevemente
o(a) procuraremos; manteremos em sigilo o seu e-mail.
Análise dos dados
Utilizar-se-ão estatísticas descritivas (média, desvio-padrão e intervalos de confiança
de 95%) e de tomada de decisão (teste t de student, ANOVA e MANOVA) para comparar os
escores médios em função de variáveis como sexo e categoria dos grupos estudados
(profissionais e estudantes). Serão realizadas análises de correlação r de Pearson e Regressão
Linear Múltipla (hierárquica), para verificar o nível de relação e em que medida as variáveis
antecedentes explicam as variáveis consequentes. Para testar o modelo teórico, proceder-se-á
a uma modelagem por equações estruturais. Para realização desta última, utilizar-se-á o
software AMOS 7 (Analysis of Moment Structures), considerando-se a matriz de covariâncias
e adotando o método de estimação ML (Maximum Likelihood). É importante destacar alguns
dos principais indicadores de qualidade de ajuste utilizados para a descrição dos resultados: a
Razão ²/gl, o Índice de Qualidade do Ajuste (Goodness-of-Fit Index, GFI), o Índice de
Qualidade do Ajuste Ponderado (Adjusted Goodness-of-Fit Index, AGFI), o Índice de Ajuste
Comparativo (Comparative Fit Index, CFI), a Raiz Quadrada Média Residual (Root Mean
Square Residual, RMR), a Raiz Quadrada Média do Erro de Aproximação (Root Mean
Square Error of Approximation, RMSEA). Modelos com ²/gl entre 2 e 3, GFI, AGFI, CFI,
RMR e RMSEA com valores próximos ou iguais a 0,95, 0,90, 0,95, 0,06 e 0,08,
respectivamente, indicam qualidade de ajuste do modelo (Carmines & Mclver, 1981; Garson,
2003; Hu & Bentler, 1999; Saris & Stronkhorst, 1984).
27
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ENSAIO
Bioética e humanização como temas transversais na formação médica*
Bioethics and humanization across the curriculum in medical education
Sergio RegoI; Andréia Patrícia GomesII; Rodrigo Siqueira-BatistaIII
I Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, Brasil IICentro Universitário Serra Órgãos, Rio de Janeiro, Brasil IIICentro Universitário Serra Órgãos, Rio de Janeiro, Brasil; Centro Federal de Educação Tecnológica de Química de Nilópolis, Rio de Janeiro, Brasil
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Bases psiconeurofisiológicas do fenômeno placebo-nocebo: evidências científicas que valorizam a humanização da relação médico-paciente/ Psiconeurophysiologic bases of the placebo-nocebo phenomenon: scientific evidences that value the humanization of the doctor-patient relationship Autor(es): Teixeira, Marcus ZulianFonte: Rev Assoc Med Bras; 55(1): 13-18, 2009.
Artigo [LILACS ID: 511060 ] Idioma: Português