FACULDADE REDENTORCURSO: FONOAUDIOLOGIA
DÉBORA GONÇALVES GABRY
A FONOAUDIOLOGIA NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA: IMPRESCÍNDIVEL NAS ALTERAÇÕES DE LINGUAGEM
Itaperuna
2014
DÉBORA GONÇALVES GABRY
A FONOAUDIOLOGIA NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA: IMPRESCÍNDIVEL NAS ALTERAÇÕES DE LINGUAGEM
Monografia apresentada a Faculdade Redentor como parte dos requisitos para a obtenção do título de bacharel em Fonoaudiologia.
Orientadora: Heleni Ramos Silva
Itaperuna
2014
FOLHA DE APROVAÇÃO
Autor (a): DÉBORA GONÇALVES GABRY
Título: A FONOAUDIOLOGIA NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA: IMPRESCINDÍVEL
NAS ALTERAÇÕES DE LINGUAGEM.
Natureza: Monografia
Objetivo: Título de Bacharel em Fonoaudiologia
Instituição: Faculdade Redentor
Área de Concentração: Aprovada em:____/_____/______Banca Examinadora:
___________________________________________
Profª. M.Sc. Heleni Ramos Silva
M.Sc. CES. JF/PUC MG
Instituição: Faculdade Redentor
___________________________________________
Profª. Priscila Carneiro Santos
Especialista em Motricidade Orofacial - CEFAC/RJ
Instituição: Faculdade Redentor
____________________________________________Profª. M.Sc. Carolina de Freitas do Carmo
M.Sc. Ciências da Saúde – Saúde da Criança e do Adolescente - UFMG
Instituição: Faculdade Redentor
DEDICATÓRIA
Em primeiro lugar a Deus, pois sem fé Nele eu não chegaria ao final desta
jornada. A minha família pelo apoio incondicional: meu esposo, meus filhos,
meus pais e irmãos. A orientadora Clécia e Heleni pela dedicação,
fundamental para que se tornasse possível à conclusão deste trabalho.
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar a Deus, pois sem fé Nele eu não chegaria ao final desta
jornada.
A minha família pelo apoio incondicional: meu esposo, meus filhos, meus pais
e irmãos.
A orientadora Clécia e Heleni pela dedicação, fundamental para que se
tornasse possível a conclusão deste trabalho.
A professora e coordenadora do curso de fonoaudiologia Carolina pelo apoio
e incentivo demonstrado desde o início do projeto.
A professora de TCC Cileny, pela dedicação na orientação das pesquisas.
EPÍGRAFE
“Entre palavras e combinações de palavras circulamos, vivemos, morremos e palavras somos, finalmente, mas com que significado
que não sabemos ao certo?”(Carlos Drummond)
“Quanto maior a sabedoria de uma pessoa, mais ela quer saber, e quanto menor, menos ela quer saber, pois o querer saber já é
parte da sabedoria”.(Içami Tiba)
RESUMO
Nas escolas, ações isoladas de educadores e de pais tem promovido e implementado a inclusão de pessoas com algum tipo de necessidade educativa especial. A atuação do fonoaudiólogo na escola não é uma atuação terapêutica como nas clínicas. O objetivo da Educação Inclusiva é a transformação de uma sociedade mais justa valorizando todos os cidadãos, de forma integrada e participando igualitariamente da sociedade. A atuação do fonoaudiólogo em escola comum compreende três funções: Participação em equipe técnica, triagem e terapia. A prática fonoaudiológica educacional hoje está crescendo, devido ao reconhecimento do resultado positivo dessa atuação que está caminhando junto com o desenvolvimento escolar. A criança fala conforme seu meio social. Portanto a família tem um papel importante no desenvolvimento da linguagem por ser ela, o primeiro contato social da criança. Escola, fonoaudiologia e família, compartilham a responsabilidade de assentar as bases para que as alterações da comunicação e da linguagem sejam detectadas a tempo e se inicie uma possível solução. O fonoaudiólogo que atua no contexto escolar conhece as etapas e processos que possa corresponder e indicar se o quadro é patológico. O fonoaudiólogo educacional participa ativamente da estrutura escolar. Não está ali para fazer críticas, mas sugerir estratégias para alcançarem juntos, um determinado objetivo pedagógico. A prática fonoaudiológica educacional hoje está crescendo devido ao reconhecimento do resultado positivo dessa atuação e está caminhando junto com o desenvolvimento escolar. Dos profissionais avaliadores e educativos que compõem essa equipe (pedagogos, psicopedagogos, psicólogos, neurologistas, psiquiatras e assistente social), o fonoaudiólogo é fundamental no ambiente educacional, para prevenir sobre problemas de aprendizagem, principalmente na alfabetização, que podem não ser descobertas pela equipe. É preciso que se façam adaptações para que a atuação passe da clínica para o âmbito educacional. O ambiente educacional envolve todo um diferencial da clínica por ter questões de ensino aprendizagem que estão atreladas a realidade escolar. Tem que se resignificar o papel do fonoaudiólogo para que se faça um serviço mais permanente, que ajude a escola de fato. Há uma previsão de que no futuro, o mercado de trabalho crescerá mais na área de educação do que na saúde com as políticas de inclusão. As atribuições da equipe variam em função da especialidade, porém todos os profissionais trabalham em conjunto orientando e acompanhando o ensino aprendizagem do aluno nas diversas interfaces: aluno\professor, das condições ambientais da escola, da interação aluno\aluno e do estilo de aprendizagem do aluno. Quando a fonoaudiologia surgiu na escola, o procedimento baseava-se nos modelos americanos e não levava em consideração as diferenças da estrutura educacional que regiam aquele e o nosso país. Fica claro que não deve ser realizado o atendimento terapêutico na escola: proibição que tem como base a Constituição de 1988 e Lei de Diretrizes e Bases da Educação.
Palavras - ChaveAlterações; Educação; Fonoaudiologia; Inclusão; Linguagem.
ABSTRACT
In schools, isolated actions of educators and parents has implemented and promoted the inclusion of people with some form of special educational need. The role of the speech therapist at school is not a therapeutic action as in clinics. The aim of inclusive education is the transformation of a fairer society valuing all citizens in an integrated and participating equally in society. The role of the speech pathologist in common school comprises three functions: Participation in technical staff, screening and therapy. The educational practice speech today is growing, due to the recognition of the positive role that it is moving along with the child's school. The child speaks as his social milieu. So the family has an important role in language development because she was the first child of social contact. School, speech therapy and family, share the responsibility to lay the groundwork for the changes of the communication and language are detected in time and begins a possible solution. The audiologist who works in the school knows the steps and processes that can match and indicate whether the frame is pathological. The educational audiologist actively participates in the school structure. It's not there to make any criticism, but suggest strategies to achieve together a specific pedagogical objective. The educational practice speech today is growing due to the recognition of the positive result of this action and is moving along with the child's school. Professionals and educational evaluators comprising this team (pedagogues, psychologists, psychologists, neurologists, psychiatrists and social workers), the audiologist is critical mo educational environment to prevent problems on learning, especially in literacy, which can not be discovered by the team . It is necessary to make adjustments to the performance of clinical pass for the educational context. The whole educational environment involves a differential clinic to have issues of teaching and learning that are tied to school reality. You have to reframe the role of the audiologist to make it a more permanent, to help the school in fact. There is a prediction that in the future, the job market will grow more in education than in health with inclusion policies. Team assignments vary depending on the specialty, but all professionals work together guiding and accompanying teaching student learning in the various interfaces: student \ teacher, environmental conditions of the school, the student interaction \ student and the learning style of student. When the speech appeared in the school, the procedure was based on American models and did not take into account differences in educational structure and one that governed our country. Clearly that should not be performed therapeutic care in school: that prohibition is based on the 1988 Constitution and Law of Guidelines and Bases of Education.
Key WorldsChanges; Education; Fonoaudiology; Inclusion; Language.
SUMÁRIO
RESUMO.....................................................................................................................7ABSTRACT..................................................................................................................81.INTRODUÇÃO........................................................................................................101.1JUSTIFICATIVA....................................................................................................121.2OBJETIVOS..........................................................................................................132. EDUCAÇÃO INCLUSIVA.......................................................................................142.1 OBJETIVOS E BENEFÍCIOS DA FONOAUDIOLOGIA NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA................................................................................................................172.1.1 PARTICIPAÇÃO EM EQUIPE TÉCNICA..........................................................182.1.2 TRIAGEM FONOAUDIOLÓGICA.....................................................................192.1.3 ESTRATÉGIAS DE PREVENÇÃO...................................................................192.2 PRÁTICA FONOAUDIOLÓGICA DA INCLUSÃO NO BRASIL HOJE................203. ATENDIMENTO À FAMÍLIA...................................................................................234. A LINGUAGEM ATRAVÉS DA ATUAÇÃO MULTIDISCIPLINAR..........................265. ATUAÇÃO FONOAUDIOLOGICA EDUCACIONAL...............................................306.CONCLUSÃO.........................................................................................................337.REFERÊNCIAS......................................................................................................348.APÊNDICE .............................................................................................................37ARTIGO CIENTÍFICO................................................................................................38RESUMO...................................................................................................................39SUMMARY.................................................................................................................40INTRODUÇÃO...........................................................................................................41METODOLOGIA........................................................................................................421 EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO OLHAR DA FONOAUDIOLOGIA EDUCACIONAL..422 A FONOAUDIOLOGIA EDUCACIONAL.................................................................433 TRÍADE: FONOAUDIOLOGIA & ESCOLA & FAMÍLIA...........................................45DISCUSSÃO TEÓRICA.............................................................................................49CONCLUSÃO............................................................................................................50REFERÊNCIAS.........................................................................................................51ANEXOSANEXO 1: INSTRUÇÕES AOS AUTORES DA REVISTA.........................................53
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INTRODUÇÃO
A fonoaudiologia surgiu no final do século XIX com a necessidade da
normatização da língua por causa das diferenças de linguagem devido às variações
de dialetos na língua brasileira.
Porém a história da fonoaudiologia tem uma data mais antiga, se for
considerada juntamente à educação especial. Teve início no período imperial, no
Colégio Imperial para meninos cegos, que é hoje o Instituto Benjamin Constant e no
ano seguinte, com a criação do Colégio Nacional para ensinar os deficientes
auditivos (SILVA, 2007).
A atuação do fonoaudiólogo na escola não é uma atuação terapêutica como
nas clínicas, ele atua realizando triagens, encaminhamentos, orientações e
assessorias. Essa relação entre a Fonoaudiologia e a Educação tem raízes
históricas ligando a Fonoaudiologia à Pedagogia.
A escola é um espaço de transformação da sociedade, pois fornece
instrumentos para a construção da cidadania. Por isso, é necessária uma atuação
abrangente da escola, envolvendo outros profissionais.
Nesse sentido, surgem parcerias entre professores, psicopedagogos,
psicólogos e fonoaudiólogos, formando uma equipe multidisciplinar.
A Declaração de Salamanca, UNESCO, 1994, veio para formalizar, a
proposta de uma educação generalizada, que alcançasse a todos.
Reuniram-se em Salamanca, de 7 a 10 de junho de 1994, mais de 300
participantes, em representação de 92 governos e 25 organizações internacionais. A
fim de promover o objetivo da Educação para Todos, examinando as mudanças
fundamentais de políticas necessárias para desenvolver a abordagem da
comunicação inclusiva, nomeadamente, capacitando as escolas para atender a
todas as crianças, sobretudo, as que têm necessidades educativas especiais.
Devido ao fato da Fonoaudiologia trabalhar diretamente com a comunicação
humana, a sua ação com os professores em sala de aula está cada vez maior.
Assim o espaço para o trabalho do fonoaudiólogo neste processo de inclusão das
crianças nas escolas regulares tem aumentado gradativamente com base na
Constituição de 1988, que é a primeira que inscreve de forma clara o direito ao
atendimento educacional especializado dos portadores de necessidades especiais
educativas, preferencialmente na rede regular de ensino.
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O Fonoaudiólogo no ambiente educacional se depara com alunos e escolas
que necessitam de estratégias para serem estruturados diante das necessidades
pertinentes à inclusão, de maneira que a escola e os alunos não se sintam
invadidos. Espera-se que todos compreendam a criança numa interação com o outro
e, também que haja uma compreensão do ambiente para se alcançar os cuidados
com a criança (MAIA & GERTEL, 2011).
O trabalho do fonoaudiólogo consiste em orientar os professores sobre
aspectos de alfabetização, bem como fornecer instrumentos para observar a fala
das crianças, além de prevenir alterações dos órgãos fonoarticulatórios com
orientações, dificuldades voltadas para a escrita, a aquisição da leitura dentre
outras. Também fazer palestras com pais, treinamentos, aprimoramentos, reuniões
periódicas com os professores e participação dos fonoaudiólogos no planejamento
anual.
Lembrando sempre que todo esse trabalho é também preventivo, tendo a preocupação de orientar.
Devemos, ao olhar para a escola, compreender como sendo ela um espaço
em que todos que dela participam possuem um papel e um potencial a desenvolver.
Olhar e respeitar as necessidades especiais de cada criança sendo ela o foco
principal de uma parceria, com o grupo, onde o fonoaudiólogo será organizador e
complementador.
Segundo SacalosKi (2000), o fonoaudiólogo na rede regular de ensino poderá
auxiliar na aprendizagem através de aspectos de alfabetização, bem como fornecer
instrumentos para observar a fala das crianças, além de prevenir alterações dos
órgãos fonoarticulatórios da fala, da escrita, que ofereça juntamente com a escola,
oportunidades favoráveis à inclusão do aluno com necessidades especiais no ensino
regular.
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JUSTIFICATIVA
Este tema justifica-se pelo fato da Fonoaudiologia trabalhar diretamente com
a comunicação humana, em um espaço abrangente, destacadamente nessa
pesquisa, no processo de inclusão nas escolas de ensino regular, tendo em vista o
aumento do número de alunos com necessidades especiais observadas nesse
contexto. A contribuição da Fonoaudiologia é agregar conhecimentos específicos do
processamento da linguagem, atendendo aos alunos em todos os níveis de
escolarização, assim como a influência dos fatores sócio-culturais no processo de
aprendizagem.
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OBJETIVO GERAL
Contribuir no processo de inclusão escolar e mostrar como a atuação
fonoaudiológica é importante na rede regular de ensino, com alunos que apresentam
necessidades educativas especiais.
OBJETIVO ESPECÍFICO
Apresentar a contribuição da Fonoaudiologia à Educação Inclusiva;
Somar esforços para prevenir e detectar alterações de linguagem;
Fornecer estratégias para um trabalho docente mais significativo;
Implantar e implementar programas educacionais junto à equipe
educacional com apoio da família e suporte ao aluno;
Apontar outras possibilidades de aquisição e desenvolvimento da
linguagem.
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4. EDUCAÇÃO INCLUSIVA
É importante o empenho, para que todos possam ter o ensino ideal e a
aprendizagem alcance àqueles com necessidades educativas especiais nas salas
de aula das escolas. Segundo Omote (2005 p.34):
Em vez de procurar no aluno algo que não funciona direito e que o torna presumidamente incompetente para as atividades escolares, procura-se construir um ambiente escolar que seja acolhedor e adequado para as necessidades e particularidades de todos os alunos.
Ações isoladas de educadores e de pais tem promovido e implementado a
inclusão nas escolas de pessoas com algum tipo de deficiência ou necessidade
especial, para resgatar o respeito humano e a dignidade possibilitando o
desenvolvimento e o alcance a vários recursos da sociedade para que todos tenham
acesso ao ensino nas escolas regulares (MACIEL, 2000).
Inclusão é o privilégio de conviver com as diferenças. Ter a capacidade de
entender e reconhecer o outro, e assim, de conviver com pessoas diferentes. Maciel
(2000) complementa dizendo que a Educação Inclusiva acolhe a todos sem
exceção. Seja para o estudante com deficiência física, para os que têm
comprometimento mental, para os superdotados, para todas as minorias e para a
criança que é discriminada por qualquer outro motivo (CAVALCANTI, 2009).
Segundo Cavalcanti (2009), as atividades desenvolvidas com portadores de
necessidades especiais, são selecionadas e planejadas para que todos aprendam.
Muitas escolas diversificam o programa e esperam que todos tenham os mesmos
resultados. Para uma escola ser inclusiva, é necessário iniciar com um projeto
pedagógico baseado na reflexão, que vai além de rampas e banheiros adaptados.
Um bom projeto valoriza a cultura, a história e as experiências da turma.
O processo de exclusão social de pessoas com deficiência ou alguma
necessidade especial é tão antigo quanto á socialização do homem. Nem a
avaliação de alunos com deficiência mental deve ser diferente das avaliações dos
outros alunos. Cada caso acaba acarretando um tipo de ação e despertando
diferentes maneiras de reações, preconceitos e inquietações. As crianças com
necessidades educativas especiais, ao entrarem na escola tem que se integrar
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participando de três estruturas da escola: o ambiente de aprendizagem, que é a
escola; a integração professor/aluno; e a interação aluno/aluno (MACIEL, 2000).
A Declaração de Salamanca (1994), que descreve sobre princípios à política,
às práticas das necessidades educativas especiais e um enquadramento da ação.
Trazendo o princípio da inclusão e o objetivo de conseguir “escolas para todos”,
independente das suas diferenças, incluindo todas as pessoas promovendo a
aprendizagem atendendo às necessidades individuais.
Segundo Mendes (2002 p.76):
Para atender as necessidades educativas de seus alunos é preciso que a escola se modifique. Nesse momento caberá a ela atender a uma parcela social que até então esteve excluída de seus projetos e planos de trabalho, ainda que estivesse presente em suas dependências, seja na classe especial, na classe de recurso ou na classe comum.
A Declaração de Salamanca (1994) nos relata que as escolas regulares que
aderiram à inclusão, constituem os melhores meios para combater atitudes de
exclusão. Elas formam uma sociedade que tem como foco incluir todos os alunos
com necessidades educativas especiais, antes excluídos, e agora participantes do
processo educativo.
Segundo Maciel (2000), é importante que o professor e os que atuam na
educação escolar, tenham o conhecimento sobre o que é deficiência, os principais
tipos e causas, as características e as necessidades educativas de cada deficiência.
De acordo com Río & Bosch (2000, p. 325):
Entre os distúrbios mais frequentes que ocorrem na escola encontram-se os atrasos globais de linguagem, os distúrbios de articulação, um tipo de alteração que poderia chamar “pobreza geral da linguagem moral”, gagueira e perdas auditivas. O mutismo eletivo não é um distúrbio frequente, mas devido a seus vínculos especiais com a escola foi incluído neste segmento.
Temos como princípios básicos da sociedade inclusiva, que todas as pessoas
portadoras de deficiência devem ter suas necessidades especiais atendidas, pois é
no atendimento que se encontra a democracia. De acordo com Maciel (2000), para
que isso aconteça, nossa visão social deve estar voltada para um trabalho que
sensibilize as pessoas envolvidas na inclusão. Cavalcanti (2009), ainda coloca que:
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a inclusão não admite qualquer tipo de discriminação, e os mais excluídos sempre
são os que têm deficiências graves.
Segundo Cavalcanti (2009), no Canadá em 2009, havia um garoto que ia de
maca para a escola e, apesar do raciocínio comprometido, era respeitado pelos
colegas, integrado à turma e participativo. O que só foi possível devido à cooperação
de todos. A atitude inclusiva da turma permitiu a inclusão de um aluno com
necessidades educativas especiais de ter acesso à educação, que é direito de todos
os cidadãos brasileiros.
De acordo com Mendes (2002 p.77):
A escola inclusiva requer a efetivação de currículos adequados (adaptados ou modificados, quando necessário) e uma prática pedagógica flexível com arranjos que favoreçam tanto o bom aproveitamento quanto o ajuste sócio-educacional do indivíduo com necessidades educacionais especiais.
O que vem ocorrendo é que muitas escolas regulares limitam o acesso das
crianças com necessidades especiais, justificando-se que em sua equipe os
profissionais estão despreparados.
Segundo Mantoan (2009), em entrevista a Meire Cavalcanti:
Você não pode ter um lugar no mundo sem considerar o do outro, valorizando o que ele é e o que ele pode ser. Além disso, para nós, professores, o maior ganho está em garantir a todos o direito à educação.
É importante que os professores tomem ciência do diagnóstico e do
prognóstico do aluno com necessidades educativas especiais, a fim de traçar
estratégias conjuntas de estimulação família – escola e procurem profissionais como
psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, que estejam atendendo ou que já
atenderam esses alunos e pesquisem várias técnicas em que variáveis como o
desenvolvimento da linguagem, o desenvolvimento físico e, sobretudo as
experiências sociais estejam presentes (MACIEL, 2000).
A Educação Inclusiva faz parte, hoje, de todas as discussões e planejamentos
de políticas públicas. Há todo um esforço global em fortalecer o lema “Educação
para todos”.
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4.1 Objetivos e Benefícios da Fonoaudiologia na Educação Inclusiva
O objetivo da Educação Inclusiva é a transformação de uma sociedade mais
justa valorizando todos os cidadãos, de forma integrada e participando
igualitariamente da sociedade. Dessa forma o aluno com necessidades educativas
especiais, através da educação inclusiva participa do mesmo processo de
aprendizagem, com outros alunos na escola, independente das limitações ou
dificuldades que possa apresentar, sendo valorizado como cidadão (GOMES, 2005).
Segundo Río & Bosch (2002 p. 324):
O papel da escola no desenvolvimento da linguagem é evidente, já que o contexto escolar contribui de forma decisiva para a evolução da comunicação e da linguagem, tanto oral como escrita.
A LDB 93 94/96 acrescenta que haverá, quando necessário, serviços de
apoio especializado, na escola regular, para atender às peculiaridades da clientela
de educação especial.
A escola deve oferecer aos alunos com necessidades educativas especiais,
profissionais qualificados, para proporcionar a este aluno um aprendizado com
melhor aproveitamento. Silva & Aranha (2005), enfatizam que o paradigma da
construção de sistemas educacionais inclusivos, requer relações que atendam as
necessidades educacionais de todos.
A interação entre a Fonoaudiologia e o processo de educação inclusiva pode
ser vista no Decreto Nº 87.218, de 31 de maio de 1982, que regulamenta a Lei nº
6.965, de 09 de dezembro de 1981. Ele dispõe sobre a regulamentação da profissão
de Fonoaudiólogo e determinam outras providências, como as relacionadas ao
campo e atividade profissional, que incluem assessorar órgãos e estabelecimentos
públicos, autárquicos, privados ou mistos no campo da Fonoaudiologia, participar da
equipe de orientação e planejamento escolar, inserindo aspectos preventivos ligados
a assuntos fonoaudiológicos. Estes evidenciam a função efetiva do fonoaudiólogo na
área de Educação.
Segundo Sacaloski et al (2000), na escola o fonoaudiólogo poderá
realizar pesquisas, com levantamento de dados sobre fala, linguagem, audição,
escrita e motricidade, utilizando estratégias preventivas, focando os problemas mais
frequentes na escola. No entanto, nada poderá acontecer se a parceria com o
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professor não for firmemente estabelecida. É por meio dele e de outros profissionais
da escola que o fonoaudiólogo poderá chegar aos alunos e pais.
4.1.1 Participação em Equipe Técnica
Na participação em Equipe Técnica, o fonoaudiólogo desempenha o papel de
assessor e consultor.
A assessoria escolar fonoaudiológica pode contribuir para a formação de um
professor reflexivo, comprometido com sua profissão, por meio de um trabalho
coletivo, compartilhado e cooperativo. E o aprimoramento da formação dos
profissionais que trabalham na escola pode contribuir para o apagamento da
patologização dos alunos. O fonoaudiólogo pode redirecionar sua orientação tendo
um posicionamento mais questionador, assim ele contribuirá junto á equipe
educacional para que ele faça reflexões do seu fazer, justificando a inserção da
fonoaudiologia no ambiente educacional (BARCELOS & FREIRE, 2005).
Segundo Sacaloski et al (2000), como assessor, o fonoaudiólogo deverá
passar informações referentes à sua área de atuação aos outros profissionais da
equipe, participando do planejamento anual e oferecendo sugestões técnicas para
os professores. Na sala de alfabetização, o seu trabalho consiste em orientar os
professores sobre os aspectos relacionados à alfabetização, bem como fornecer
instrumentos para observar a fala dos alunos, também prevenir alterações dos
órgãos fonoarticulatórios, da fala, e da escrita.
Segundo Sacaloski et al (2000 p. 22):
Além do trabalho junto aos professores, como assessor, o fonoaudiólogo também deve orientar os pais quanto ao desenvolvimento normal e as dificuldades de cada criança por meio de palestras.
De acordo com Guapyassú (2009), as atividades desenvolvidas podem ter
enfoques diferenciados, porém o mais importante é que o profissional de
Fonoaudiologia atue em parceria com a equipe institucional no planejamento
pedagógico, trabalhando com os professores e a família. O profissional não está na
escola para realizar atendimento clínico e sim, para atuar junto à equipe escolar,
visando a prevenção das possíveis alterações da linguagem e promover a saúde de
toda a comunidade educacional.
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4.1.2 Triagem Fonoaudiológica
É através da triagem fonoaudiológica que o professor e a escola observam os
erros cometidos na escrita do aluno.
Segundo Sacaloski et al (2000 p. 23):
Sugere-se que a triagem tenha como enfoque a linguagem, a fala, a audibilização e a motricidade oral no início da pré-escola. E que se aplique nova triagem no final deste período a fim de prevenir problemas de alfabetização. No nível escolar, o objetivo será verificar se há alterações de escrita.
Após a realização da triagem fonoaudiológica, por meio de vários testes que
verifiquem a linguagem oral e escrita da criança, posteriormente ao levantamento
das alterações fonoaudiológicas dos alunos, o fonoaudiólogo orientará aos
professores, para que possam realizar atividades de estimulação para beneficiar o
desenvolvimento dos alunos.
4.1.3 Estratégias de Prevenção
Segundo Sacaloski et al (2000), a terapia, por vezes, vem sendo realizada em
algumas escolas, mas tal atuação é muito controvertida devido aos vários aspectos
envolvidos no processo terapêutico. Também complementa dizendo que inúmeros
autores postulam que a atuação fonoaudiológica na educação deve ser preventiva e
realizada preferencialmente por meio do professor e demais profissionais da escola.
O fonoaudiólogo irá orientá-los para que se tornem agentes multiplicadores e
ampliem o alcance da prevenção.
Segundo (FARIA, 1994 apud SACALOSKI et al 2000, p. 30):
A linguagem é uma forma de representação e consiste num sistema de significações no qual a palavra funciona como significante, porque permite ao sujeito evocar verbalmente objetos e acontecimentos ausentes.
De acordo com Sacaloski et al (2000), nessa visão, a inteligência é condição
para a aquisição da linguagem, que é estruturada pelo pensamento lógico. Do
desenvolvimento do pensamento surge a linguagem. Quando a fala é usada para
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expressar o que pensamos, estamos utilizando a nossa capacidade cognitiva para
relacionar a imagem que vimos à palavra verbalizada.
O professor fala frases mais longas, mais complexas, diferentes das frases
que eram normalmente utilizadas com a criança em casa. É uma linguagem formal e
para as crianças com distúrbios de linguagem, os anos escolares são, às vezes,
mais difíceis. As crianças têm problemas em definir palavras colocando-as em seus
sinônimos ou antônimos. De acordo com (SMOLKA, 1993 apud SACALOSKI et al,
2000, p. 63):
A análise dos processos e das circunstâncias da produção dos textos pode revelar, além de condições do cotidiano da criança, aspectos de sua atividade mental discursiva, bem como a relação que ela vai desenvolvendo com a própria escrita “para que” e “como” ela pode usar essa forma de linguagem.
As intervenções com crianças em idade escolar envolvem uma abordagem de
equipe que inclui: pais, professores, fonoaudiólogos, psicólogos, pedagogos e outros
profissionais. Os fonoaudiólogos que atuam na educação inclusiva estão voltados
não só para identificar as dificuldades educativas da criança na escola, mas também
identificar as dificuldades direcionadas à fala, linguagem e aprendizagem, assim
como na orientação aos professores para que eles possam utilizar os recursos
adequados para favorecer a inclusão de todos na escola.
4.2 PRÁTICA FONOAUDIOLÓGICA DE INCLUSÃO NO BRASIL HOJE
A Fonoaudiologia possui estreita relação com a Educação Especial Inclusiva,
desde o início do Período Imperial, no Colégio Imperial para meninos cegos e no
ano seguinte com a criação do Colégio Nacional para ensinar os deficientes
auditivos (SILVA, 2007).
A Fonoaudiologia estabelece relações não só com a Educação, mas
especialmente com a Educação Especial, porque grande quantidade de indivíduos
com distúrbios da comunicação são frequentadores de escolas ou classes especiais.
Muitas lutas foram vencidas para se alcançar a prática fonoaudiológica da
inclusão, que só foi atingida através de muitos esforços, união, determinação e
coragem. Também para melhorar a organização da categoria, propiciando
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profissionalismo às suas práticas e para dar à profissão um caráter acadêmico e
científico que ainda não existia na época de 1960, caracterizando-se assim o
pioneirismo.
Segundo Furtado (2009), que atua na Secretaria Municipal de Educação e
Cultura do município de Rio Bonito desde 2002, trabalhava numa equipe
multidisciplinar formada por três fonoaudiólogos, uma assistente social e duas
psicólogas realizando atendimento clínico nas escolas, o que era ineficaz.
Mudou então para o modelo atual de trabalho educacional, necessitando a
intervenção do Conselho Regional de Fonoaudiologia. Nesse novo modelo, a
atuação fonoaudiológica na escola, é atuar junto à equipe multidisciplinar
promovendo orientação e prevenção em âmbito escolar.
Segundo (GRAÇA, 2009 apud COSTA,1999 p. 8):
O fonoaudiólogo educacional é membro ativo dentro da estrutura escolar. Não está ali para criticar o que o professor faz e sim lhe sugerir estratégias para alcançarem juntos na direção de determinado objetivo pedagógico.
De acordo com Graça (2009), o fonoaudiólogo do século XXI precisa provocar
um novo enfrentamento em relação a sua atuação na educação. Uma revisão de
formação, dos modelos e métodos de seu trabalho para atuar na educação e na
formação de indivíduos críticos e criativos perante o mundo.
Graça (2009, p.10) relata:
Desde que a equipe começou a trabalhar diretamente com o professor, as fonoaudiólogas sugerem, através do lúdico, atividades que auxiliam nas dificuldades do aluno, procurando colaborar com o pedagógico.
A prática fonoaudiológica educacional hoje está crescendo, devido ao
reconhecimento do resultado positivo dessa atuação que permite em parceria a ação
pedagógica dar ao profissional da educação, possibilidades de compreender que
muitas das dificuldades que os alunos apresentam dependem de se identificar e
abordar outros aspectos que não são contemplados por muitas de nossas escolas.
Segundo Ferreira et al (2004), a preocupação com a inclusão social constitui
questão central para a eficácia da atuação fonoaudiológica, que não se restringe
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apenas no campo clínico terapêutico. A Fonoaudiologia também desenvolve ações
nos âmbitos de promoção e proteção da saúde.
De acordo com Ferreira et al, (2004 p.727):
Essas ações são providas pela vigilância de saúde e por intervenções do fonoaudiólogo junto à equipes em diferentes espaços sociais, fundamentais para a sobrevivência e a sociabilidade da vida – família, creche, escola, trabalho e centros de convivência de idosos.
De acordo com Río & Bosch (2002), é na escola que são detectados, às
vezes, gerados e em algumas ocasiões tratados os distúrbios de linguagem de
causas e gravidades diversas.
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5. ATENDIMENTO À FAMÍLIA
A linguagem se constrói por meio de vivências da criança com seu meio,
assim como em toda a aprendizagem. Essas vivências ocorrem em um espaço
interativo, ou seja, nas interações que as crianças fazem com os adultos e com
outras crianças (VYGOTSKY, 2001).
Segundo Scaloski et al (2000), a criança fala conforme o seu meio social.
Quando o seu convívio se faz em ambientes onde está mais exposta à fala,
favorecendo a linguagem, terá seu vocabulário mais rico e o seu desenvolvimento
será mais rápido. Portanto a família tem um papel importante no desenvolvimento da
linguagem por ser ela, o primeiro contato social da criança, que se inicia em casa
com seus familiares.
De acordo com Ferreira et al (2004, p.728):
Além do trabalho com o paciente para conhecer sua história, delinear o diagnóstico e estabelecer um prognóstico com base nos potenciais de desenvolvimento ou capacidades preservadas, a ação junto à família e a comunidade se constitui numa das questões centrais no atendimento clínico de pessoas com necessidades especiais.
Segundo Río & Bosch (2002), escola, fonoaudiologia e família, compartilham
a responsabilidade de assentar as bases para que as alterações da comunicação e
da linguagem sejam detectadas a tempo e se inicie uma possível solução.
De acordo com Guapyassú (2009), para os pais e demais familiares é
importante que aconteçam palestras, reuniões e orientações onde deve ficar bem
definido o campo de atuação do fonoaudiólogo educacional. Aos pais é levada a
informação de que seus filhos precisam de colaboração para desenvolver a
linguagem e que, o brincar contribui no desenvolvimento da inteligência, dentro do
seu potencial. Aqueles pais com filhos que apresentam dificuldades são dados à
orientação de como agir e onde procurar o tratamento.
O fonoaudiólogo deve atuar com segurança, demonstrando em sua prática
que toda a proposta elaborada visa atender às necessidades e, juntamente com a
equipe multidisciplinar e família buscam proporcionar o desenvolvimento cognitivo e
acadêmico da criança.
24
Segundo Ferreira et al, (2004), é essencial o contato periódico com a família
quando se busca dar apoio e incentivo para uma participação ativa nos processos
de desenvolvimento de crianças ou de recuperação de alterações na motricidade
oral, linguagem, voz e audição.
Incentivar a família do aluno com necessidades educativas especiais para
buscar recursos que lhe auxiliem na caminhada da inclusão, é um papel importante
que o fonoaudiólogo exerce na sua orientação junto à família na escola, estimulando
e incentivando comportamentos de maior autonomia (FERREIRA et al, 2004).
Segundo Rio & Bosch (2002), é a família quem estará diariamente com o
aluno, mediando nas orientações que porventura, possam ter sido feitas na escola
tanto pelo fonoaudiólogo como pela equipe multidisciplinar. Portanto é inevitável que
o fonoaudiólogo tenha que partilhar do apoio total ou parcial, conforme a
necessidade da família deste aluno.
Segundo Marchesan (1998, p. 99):
Cabe também nos indagarmos de qual o campo possível e eticamente adequado para o trabalho do fonoaudiólogo com a família, quais seus limites, seus objetivos e, principalmente, quando e como deve ser ampliado o campo de atuação numa tentativa de criar ou melhorar a relação familiar com o tratamento.
Podemos pensar numa família como sendo um sistema muito complexo e
articulado, de tal forma que seus membros tecem uma rede de interdependências e
mútuas influências. Conhecendo seus hábitos, culturas, crenças, valores morais e
religiosos, pode-se evitar que sejam cometidos erros ou indelicadezas involuntárias
no transcorrer da atuação (MARCHESAN, 1998).
De acordo com Rio & Bosch (2002, p.325):
A detecção do problema é, às vezes, feita pela família, mas o professor pode ter um papel significativo, pois dispõe de mais elementos de comparação do que a família especialmente se considerarmos que as atuais famílias urbanas, vivem isoladas e têm um número reduzido de filhos.
Segundo Rio & Bosch (2002), esse isolamento ocorre devido ao fato dos pais
estarem tão envolvidos com a sua profissão e ou outros projetos, fazendo com que
seu tempo disponível para levar os filhos ao parque, a casa dos avós, contar
25
histórias, dentre outras atividades do convívio diário, seja reduzido. É importante que
a criança tenha contato também com outras pessoas, ampliando aos poucos seu
relacionamento ou contato com o meio social, e assim, o desenvolvimento da fala e
da linguagem será progressivo.
Os pais terão a possibilidade de perceber alguma alteração revendo
diariamente se estas alterações são constantes e/ ou gradativas, para terem
elementos de comparação da linguagem. Quando isso não acontece pela falta de
observação diária, eles demoram mais a detectar o problema, porque possuem
menos elementos de comparação do que os professores, tendo os professores a
orientação do fonoaudiólogo na escola e por sua observação diária essa interação
possibilitará um acompanhamento específico e atuante nas necessidades dos
educandos (RIO & BOSCH, 2002).
O fonoaudiólogo que atua no contexto escolar conhece as etapas e processos
que possam corresponder e indicar se o quadro é patológico.
Segundo Guapyassú (2009, p.9):
A Fonoaudiologia Educacional é uma área da Fonoaudiologia, que está inserida no contexto educacional para a prevenção das questões que estão relacionadas à comunicação oral e escrita, a voz e a audição, além da promoção da saúde escolar.
Aproximadamente a partir dos quatro anos de idade a criança ingressa no
contexto escolar, sendo assim a escola, o local secundário no desenvolvimento da
linguagem. A escola tem a percepção, de que possa haver alguma alteração na
linguagem, antes mesmo que o pediatra, até porque o contato da escola com a
criança é mais frequente (RÍO & BOSCH, 2002).
Por isso se faz indispensável à presença de um especialista de linguagem no
contexto escolar. É o fonoaudiólogo, em uma ação conjunta com outros profissionais
da educação e da saúde, que estará capacitado para essa atuação.
26
6. A LINGUAGEM ATRAVÉS DA ATUAÇÃO MULTIDISCIPLINAR
Segundo profoe (1998), Programa de Profilaxia Fonoaudiológica na
Educação, além do papel de consultor e assessor, o fonoaudiólogo também pode
desempenhar a função de administrador, atuando em equipes multidisciplinares com
o objetivo de criar e implementar programas educacionais.
Na visão de Navas (2008), a Fonoaudiologia tem contribuído para a educação
agregando conhecimentos específicos do processamento de linguagem, de acordo
com cada faixa etária em âmbito escolar e a influência de fatores sócio culturais na
aprendizagem.
De acordo com Navas (2008, p. 4):
Tal abordagem soma esforços para prevenir e detectar as alterações de linguagem oral e escrita em um processo integrado e complementar aos profissionais educadores.
Assim como os profissionais avaliadores, educativos que compõem essa
equipe (pedagogos, psicopedagogos, psicólogos, psiquiatras, neurologistas e
assistente social), o fonoaudiólogo é fundamental no ambiente educacional para
prevenir quanto aos problemas de aprendizagem, principalmente na alfabetização,
que em muitas vezes não são descobertas pela equipe (OSSWALD, 2011).
De acordo com Graça (2009, p. 10):
A fonoaudiologia sempre atua de acordo com a solicitação da equipe pedagógica da escola. Assim, já foram desenvolvidos temas como “Voz, como atuar com saúde vocal” e “Dificuldade de Aprendizagem”.
Segundo Diniz (2012), pesquisa feita pela AMEM – Associação de Mães em
Movimento, atualmente são muitas as dificuldades que alunos da Diniz (2012)rede
pública e privada encontram com a nova política de inclusão. É direito das pessoas
com necessidades educativas especiais a inclusão escolar. Porém, o professor,
peça chave no processo de inclusão escolar não possui condições de assumir tal
aluno sem ter uma preparação específica / direcionada.
Segundo Scaloscki et al (2000), a escola e o professor estão diante de
situações do desenvolvimento da linguagem as quais eles não estão preparados
para resolver. Mas cabe à escola, questionar junto aos órgãos responsáveis por esta
27
instituição de ensino, o direito de ter participando de sua equipe, profissionais da
área da saúde que sejam especialistas em linguagem: como o fonoaudiólogo.
Conforme Diniz (2012), nem todos os alunos aprendem da mesma maneira.
Uns aprendem com mais facilidade utilizando-se mais de audição, outros da visão, e
assim por diante. Dai a necessidade dos professores estarem munidos de
conhecimento para saberem qual a estratégia mais eficaz para alunos com
dificuldade de aprendizagem.
De acordo com Diniz (2012):
A atuação multidisciplinar é fundamental para facilitar esse processo de comunicação seja através da linguagem oral, escrita ou corporal, pois na busca de realizar uma leitura de mundo, possibilita uma ação conjunta dessas diversas formas de linguagem, no seu processo de aprendizagem.
Segundo Zorzi (2008), a maior parte dos problemas de aprendizagem implica
em problemas de linguagem e o profissional que tem esse domínio e a possibilidade
de prestar ajuda no âmbito educacional, sem limite, é o fonoaudiólogo. É ele, quem
estará criando todo um esquema para melhorar as condições de comunicação em
situações como ruído, a voz do professor e do aluno e técnicas didáticas para
auxiliar na compreensão da matéria ensinada dentro da sala de aula.
Segundo Zorzi (2008, p. 6):
A fonoaudiologia foi ganhando espaço na área da Saúde e perdendo espaço na Educação, porque começou a manter uma relação de serviços externos à escola, com os procedimentos de triagem.
Isso ocorria, devido ao fato do profissional se aproximar da escola para
buscar crianças que tivessem dificuldades, principalmente na pré escola, para evitar
problemas futuros, particularmente os auditivos mas também da fala, da motricidade
orofacial (ZORZI, 2008).
Segundo Santos (2008), o fonoaudiólogo precisa entender, como profissional
da educação, que ele esta na escola muito mais para promover um nível de ensino e
aprendizagem de excelência, abordando aspectos de sua área para gerar esses
benefícios educacionais direcionados a comunicação. Transformando a comunidade
escolar (professores, alunos, funcionários em geral...), realizando uma metamorfose
de sociedade e de mundo, em um lugar melhor para se viver.
28
De acordo com Santos (2008, p. 6):
Se este fonoaudiólogo se insere neste ambiente escolar inclusivo e olha para ele com a visão clínica impregnada em suas veias, que faz da escola seu consultório e transforma alunos em pacientes, só reforça a visão social de que a única coisa que sabemos lidar é com doenças.
Segundo Zorzi (2008), é preciso que se faça adaptações para que a atuação
passe da clínica para o âmbito educacional. Ele relata que em muitos eventos que
participa, tem ouvido de professores queixas em relação a palestras de
fonoaudiólogos que consideram muitas técnicas, de efeito apenas local. “Não
conseguimos levar nada para sala de aula, para nossa conduta, a nossa atitude”.
De acordo com Calheta (2008, p. 7):
Se o fonoaudiólogo não se dispuser a conhecer a educação e suas questões, ele não poderá contribuir efetivamente com os integrantes da escola.
O ambiente educacional envolve todo um diferencial da clínica por ter
questões de ensino aprendizagem que está atrelada a realidade escolar.
Segundo Matumoto (2008, p. 7),
Embora seja um território que estamos trabalhando ha muito tempo, temos que resignificar nosso papel para que se faça um serviço mais permanente, que ajude a escola de fato. Investimos muito em ajudar o aluno, como se ele tivesse que se adequar a escola.
Há uma previsão mundial de que em um futuro próximo e real, o mercado de
trabalho crescerá comparativamente mais na área de educação do que na saúde,
com as políticas de inclusão e a sobre vida de prematuros extremos e ou de baixo
peso (NAVAS, 2008).
As atribuições da equipe variam em função da especialidade, porém todos os
profissionais trabalham em conjunto, orientando e acompanhando o processo
ensino-aprendizagem do aluno nas suas diversas interfaces: aluno/professor, das
condições ambientais da escola, da interação aluno/aluno e do estilo preferencial de
aprendizagem do aluno (ESTRELA, 2008).
A interação do Fonoaudiólogo com a Educação está direcionada na
orientação aos professores e à equipe escolar.
29
Por isso o fonoaudiólogo deve apresentar uma formação multidisciplinar
possuindo conhecimento sobre linguagem, audição, voz, motricidade e funções
orofaciais que possam auxiliar na detecção, orientação e prevenção dos distúrbios
de comunicação. A Fonoaudiologia tem contribuído para a educação com
conhecimentos de linguagem, conforme as faixas etárias em ambiente escolar e a
influência das estruturas sócio-culturais que se apresentam.
30
7. ATUAÇÃO FONOAUDIOLOGICA EDUCACIONAL
Segundo Cavalheiro (2008) fica claro que não deve ser realizado o
atendimento terapêutico na escola. “Essa proibição tem como base a Constituição
de 1988 e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB-Lei 9394/96), que define
como objetivos da educação o pleno desenvolvimento da pessoa; também o preparo
para o exercício da cidadania e a qualificação para o trabalho”. Nessa perspectiva
fica evidenciada a necessidade de superar as propostas de trabalho que valorizam a
figura do aluno, a quem se atribui uma doença e a responsabilidade pelo seu
fracasso.
Segundo Zorzi (2008), a maioria dos problemas de aprendizagem tem relação
com problemas de linguagem. O fonoaudiólogo educacional deve pensar que mais
do que prevenir problemas, ele está desenvolvendo gente.
Quando a fonoaudiologia surgiu na escola, ela se iniciou com uma forma de
atendimento a pequenos grupos de crianças dentro das escolas e pré escolas e foi
chamada de Fonoaudiologia Escolar - o procedimento baseava-se muito nos
modelos norte americanos e não levava em consideração as diferenças da estrutura
educacional que regiam aquele e o nosso pais (DIDIER, 2001).
Segundo Zorzi (2008), um dos papéis do fonoaudiólogo, em contato com os
professores no ambiente escolar é efetuar o levantamento das crianças com
problemas, efetuar um primeiro processo de avaliação, encaminhar para os recursos
de saúde que a comunidade disponibiliza para assistência extrapedagógica, fora da
escola e criar para essas crianças programas de intervenção dentro da escola (não
de caráter fonoaudiológico, mas educacional), com muitos cuidados do ponto de
vista de garantia das habilidades que a criança tem que desenvolver.
De acordo com Sacaloski et al (2000, p. 23)
É mencionado ainda que o fonoaudiólogo pode realizar pesquisas na escola, pois levantando dados sobre fala, linguagem, audição, escrita e motricidade oral, ele poderá avaliar seu trabalho e propor estratégias de prevenção específica para os problemas mais frequentes.
31
O trabalho da Fonoaudiologia Escolar é de orientação, estimulação e
detecção de problemas na área de voz, de comunicação oral e escrita e audição,
tendo como população-alvo alunos, pais e professores.
Segundo Oliveira, on line, com os alunos, o trabalho fonoaudiológico tem os
seguintes objetivos:
Otimizar o desenvolvimento da linguagem oral, leitura e escrita.
Promover estratégias de prevenção, preservação e controle de abusos e
riscos para a voz e a audição.
Estimular a eliminação de hábitos inadequados relacionados às alterações
fonoaudiológicas.
Detectar Precocemente alterações fonoaudiológicas relacionadas à audição,
voz, motricidade orofacial e linguagem oral e escrita. Encaminhar para
profissionais, quando necessário e acompanhar os tratamentos externos à
escola.
A atuação com professores visa:
Orientar quanto aos cuidados com a voz.
Ensinar estratégias vocais para conservação e maximização da voz, durante
o uso profissional.
Promover informações quanto às alterações fonoaudiológicas, como
desenvolvimento normal da linguagem oral, leitura e escrita, e como estes
podem ser otimizados em sala de aula.
Capacitar o profissional para detecção de possíveis alterações
fonoaudiológicas que seus alunos venham a apresentar.
Encaminhar o professor que apresentar alterações vocais para profissionais
especializados, acompanhando o tratamento.
No trabalho com os pais, o fonoaudiólogo realiza orientações sobre:
O desenvolvimento normal da criança e as alterações fonoaudiológicas
comuns na infância.
A importância do estímulo familiar para otimização do desenvolvimento da
criança.
O possível problema do filho e explicação de encaminhamentos necessários.
Ao Fonoaudiólogo, profissional da Saúde e Educação, é proibido o
atendimento clínico terapêutico na escola, ele somente poderá atuar através de
prevenção e orientação. O Conselho Federal de Fonoaudiologia veda
32
terminantemente o atendimento clínico/terapêutico dentro das instituições de
educação infantil, ensino fundamental e médio, mesmo sendo inclusivas. Somente é
permitido o atendimento Clínico/Terapêutico em escolas de educação especial,
exclusivamente se for respeitado o horário escolar do aluno sem alterações.
CONCLUSÃO
33
Concluímos que a fonoaudiologia na Educação Inclusiva é imprescindível nas
alterações de linguagem dos alunos com necessidades educativas especiais, para
assessorar no desenvolvimento da linguagem dos alunos.
A escola deve oferecer aos alunos com necessidades educativas especiais,
profissionais preparados para que este aluno tenha um aprendizado com um melhor
aproveitamento. A atuação fonoaudiológica na escola realiza-se junto à equipe
multidisciplinar promovendo a orientação e prevenção em âmbito escolar.
O fonoaudiólogo irá contribuir no processo de inclusão escolar e mostrar
como a atuação fonoaudiológica é importante na rede regular de ensino com alunos
com necessidades educativas especiais. Fornecendo estratégias, implantando
projetos junto a equipe educacional com apoio da família e do aluno. Ele poderá
apontar outras possibilidades de aquisição e desenvolvimento da linguagem.
O fonoaudiólogo capacitado para questões de comunicação e linguagem, é o
profissional que tem formação para orientar aos professores sobre distúrbios de
linguagem que são detectados na escola dificultando o processo de ensino
aprendizagem. A atuação fonoaudiológica feita na Educação Inclusiva é realizada
através de avaliações, orientações e assessorias, prevenindo quanto às alterações
de linguagem oral e escrita dos alunos com necessidades educativas especiais.
REFERÊNCIAS
34
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ZORZI, J. L. Fonoaudiólogo na Educação: imprescindível para a escola e para a família – Relação Distorcida; Jornal do CFFa; Brasília; IX; n. 38; p. 3 - 26; 2008.
37
APÊNDICE
DECLARAÇÃO DE AUTORIA
DÉBORA GONÇALVES GABRY, identidade nº 09481781-4, DETRAN-RJ, declaro
para os devidos fins e sob as penas previstas pela lei, de acordo com o Código
Penal Brasileiro e na lei 9610/1998, que o trabalho que versa sobre:
FONOAUDIOLOGIA EDUCACIONAL: IMPRESCINDÍVEL NA INCLUSÃO é de
minha única e exclusiva autoria, estando a FACULDADE REDENTOR autorizada a
divulga-lo, mantendo cópia em biblioteca, sem ônus referentes a direitos autorais,
por se tratar de exigência parcial para certificação do CURSO DE GRADUAÇÃO EM
FONOAUDIOLOGIA.
Itaperuna, _____ de ___________________ de _______.
_____________________________________
Assinatura
_____/_____/_____
___________________________
Ciente
38
ARTIGO CIENTÍFICO
Este manuscrito foi redigido de acordo com as normas do periódico Revista Perspectivas Online Disponível em: seer.perspectivasonline.com.br/ Acesso em 10 Ag. 2014
39
Fonoaudiologia Educacional: Imprescindível na Inclusão
Débora Gonçalves GabryGraduanda em FonoaudiologiaHeleni Ramos SilvaMestre em Letras (Conceito CAPES 3) Juiz de Fora, CESJF, [email protected] Faculdade Redentor, Rodovia BR 356, nº25, Bairro Cidade NovaCEP 28.300-000 Itaperuna-RJ – (22) 3811-0111
RESUMO O seguinte artigo tem o objetivo de contribuir no processo de inclusão escolar e mostrar como a atuação fonoaudiológica é de suma importância junto aos alunos com necessidades educativas especiais. Utilizou-se pesquisa bibliográfica em livros, revistas e sites especializados sobre o tema. O fonoaudiólogo participa do desenvolvimento da linguagem dos alunos, contribuindo para um ambiente propício de aprendizagem para todos. A educação inclusiva é a transformação de uma sociedade mais justa valorizando todos os cidadãos, de forma integrada e participativa no contexto social. A criança quando começa a desenvolver a linguagem é influenciada pelo ambiente em que vive, portanto a família tem um papel importante no desenvolvimento desta. Escola, Fonoaudiologia e Família compartilham a responsabilidade de assentar as bases para que as alterações da comunicação sejam detectadas a tempo. O Fonoaudiólogo na educação inclusiva participa da estrutura escolar, ele contribui no processo de inclusão, fornecendo estratégias, implantando e implementando programas junto à equipe educacional com o apoio da família e do aluno. A título de conclusão a referida pesquisa nos traz a confirmação que as contribuições fonoaudiológicas na escola se fazem imprescindíveis a fim de otimizar o processo da inclusão de escolares com necessidades educativas especiais. PALAVRAS – CHAVEDesenvolvimento; Educação; Fonoaudiologia; Inclusão; Linguagem.
40
SUMMARYThe following article aims to contribute to the children's school enrollment process and show how the speech therapy is of paramount importance for students with special educational needs in this context. We used literature in books, magazines and websites on the subject. The speech therapist participates in the development of students' language, contributing to a conducive learning environment for all. Inclusive education is the transformation of a fairer society valuing all citizens, integrated and participatory manner in the social context. The child begins to develop when the language is influenced by the environment they live in, so the family has an important role in this development. School, Speech Therapy and Family share the responsibility to lay the groundwork for the changes in the communication are detected in time. The Audiologist participates in inclusive education of school structure, it contributes in the inclusion process, providing strategies, deploying and implementing educational programs for the team with the support of family and student. In conclusion to this research brings us confirmation that speech therapy at school contributions are made essential in order to optimize the process of inclusion of students with special educational needs.
KEY WORLDS Desenvolviment; Education; Fonoaudiology; Inclusion; Language.
41
Introdução
Devido ao número de alunos com necessidades educativas especiais nas escolas de
ensino regular estar aumentando nos últimos anos, se faz necessária à atuação junto á
instituição escolar de um profissional que forneça conhecimentos necessários a fim de
detectar, orientar e assessorar a comunidade escolar no desenvolvimento da comunicação
de todos, o fonoaudiólogo. Atuando na educação, ele contribuirá no processo de inclusão
escolar dos alunos com necessidades educativas especiais. Atuará junto á equipe
educacional, com o apoio da família e do aluno. As orientações serão realizadas através de
reuniões e palestras periódicas sobre as dificuldades educativas especiais que estão
voltadas para a aquisição e desenvolvimento da linguagem em todos os seus aspectos,
contribuirá para que todos possam ter o ensino adequado e a aprendizagem possa alcançar
àqueles que necessitam de um aprender diferenciado (SACALOSKI, 2000).
O papel da escola no desenvolvimento da linguagem é evidente, já que o contexto
escolar contribui de forma decisiva para o crescimento da comunicação e da linguagem, oral
e escrita, (RÍO & BOSCH, 2002).
Segundo Capellini et al, (2011, p. 22):
A equipe escolar, especialmente os professores, carecem de oportunidades para atualizações profissionais e estratégias de manejo da sala de aula inclusiva. É esperado que quando os professores tem que se distanciar muito de suas práticas e abordagens tradicionais, sintam-se inseguros.
O fonoaudiólogo educacional pode contribuir para a não patologização dos alunos. O
Fonoaudiólogo pode ter um direcionamento na sua orientação que estimule um
desenvolvimento cada vez mais adequado da linguagem, sendo sua atuação diferenciada
da realizada na clínica justificando a inserção da fonoaudiologia no ambiente educacional
(BARCELOS & FREIRE, 2005).
De acordo com Río & Bosch (2002), dentre os distúrbios que são mais frequentes na
escola estão as hipoacusias ou perdas auditivas de maior ou menor amplitude. Na escola o
comportamento da criança pode ficar comprometido devido a essa dificuldade de audição,
por isso o professor que tem a orientação de um fonoaudiólogo junto à equipe
multidisciplinar, possui condições de interpretar para poder assessorar e comunicar à família
deste aluno, sobre sua necessidade educativa especial.
Para uma escola ser inclusiva, é necessário iniciar com um projeto pedagógico
baseado na reflexão, que vai além de rampas e banheiros adaptados. Um bom projeto
valoriza a cultura, a história e as experiências do aluno.
42
Segundo Río & Bosch (2002, p.326):
O fonoaudiólogo conhece hoje suficientemente bem esses processos e etapas e as correspondentes indicações para decidir se está diante de um quadro patológico ou se, pelo contrário, se trata apenas de processos lógicos no curso do desenvolvimento fonológico.
Quanto mais cedo forem orientados quanto às dificuldades educativas especiais dos
alunos, mais oportunidades os professores terão de realizar o ensino aprendizagem.
O presente artigo tem por objetivo responder a tal questionamento: porque o
fonoaudiólogo educacional se faz imprescindível junto ao processo de inclusão?
Metodologia
Neste projeto utilizou-se a pesquisa bibliográfica em livros, revistas especializadas
sobre o tema e na internet em sites seguros.
1 Educação Inclusiva no Olhar da Fonoaudiologia Educacional
Inclusão é o privilégio de conviver com as diferenças. Ter a capacidade de entender
e reconhecer o outro, e assim, de conviver com pessoas diferentes. Maciel (2012)
complementa dizendo que a Educação Inclusiva acolhe a todos os alunos sem exceção.
Seja para o estudante com deficiência física ou para os que têm comprometimento mental,
assim como para os superdotados e as minorias discriminadas (CAVALCANTI, 2012).
Segundo Cavalcanti (2012), as atividades desenvolvidas com portadores de
necessidades especiais são selecionadas e planejadas para que todos aprendam.
O objetivo da educação inclusiva é a transformação para uma sociedade igualitária,
propiciando aos alunos com necessidades educativas especiais (NEE) o direito ao ensino
regular, estando sujeitos às mesmas oportunidades educativas.
A Declaração de Salamanca (1994) descreve sobre princípios à política, às práticas
das necessidades educativas especiais e um enquadramento da ação. Traz o princípio da
inclusão e o objetivo de conseguir “escolas para todos”. As escolas regulares que aderiram
à inclusão constituem os melhores meios para combater atitudes de exclusão.
A escola que aderiu aos princípios de inclusão deve oferecer aos alunos com NEE,
profissionais qualificados para proporcionar a este aluno um aprendizado com melhor
aproveitamento. Silva e Aranha (2005) enfatizam que o paradigma da construção de
43
sistemas educacionais inclusivos, requer relações que atendam as necessidades educativas
de todos os alunos.
A Política Nacional de Educação Especial (BRASIL/MEC/SEESP, 1994, p.13),
considera “alunado da educação especial¨:
Aquele que, por apresentar necessidades próprias e diferentes dos demais alunos no domínio das aprendizagens curriculares correspondentes à sua idade, requer recursos pedagógicos e metodologias educacionais específicas.
Os alunos da educação especial são genericamente chamados de portadores de
necessidades educativas especiais. Segundo Marques (1992), os diversos tipos de
excepcionalidade são distribuídos em áreas constituídas de acordo com suas respectivas
características: na área referente as aptidões intelectuais encontram-se os super dotados e
os deficientes mentais; a área de estudos sensoriais é constituída pelos deficientes visuais
e auditivos; a área neuromuscular e óssea é constituída pelos deficientes físicos e os
deficientes da fala. Nesse grupo encontram-se também aqueles que apresentam paralisia
cerebral (PC); os desajustados sociais e/ou emocionais ou portadores de condutas típicas
compõem a área do comportamento social e emocional; e finalmente encontra-se a área das
deficiências múltiplas.
2 A Fonoaudiologia Educacional
A interação entre a Fonoaudiologia e o processo de educação inclusiva pode ser
vista no decreto Nº 87.218, de 31 de maio de 1982, que regulamenta a lei nº 6.965, de 09 de
dezembro de 1981. Ele dispõe sobre a regulamentação da profissão de fonoaudiólogo e
determina outras providências, como as relacionadas ao campo e atividade profissional, que
incluem assessorar órgãos e estabelecimentos públicos, autárquicos, privados ou mistos no
campo da fonoaudiologia, participar da equipe de orientação e planejamento escolar,
inserindo aspectos preventivos ligados a assuntos fonoaudiológicos. Estes evidenciam a
função efetiva do Fonoaudiólogo na área de educação.
De acordo com o Conselho Federal de Fonoaudiologia, foi por meio da Resolução
CFFa nº 309, de 1º de abril de 2005, que se normatizou a atuação do fonoaudiólogo na
educação Infantil, no ensino fundamental, ensino médio, educação especial e no ensino
superior.
Ações isoladas de educadores e pais tem promovido a inclusão de pessoas com
algum tipo de necessidade educativa especial nas escolas. A atuação do fonoaudiólogo na
escola não é uma atuação terapêutica como nas clínicas. Realiza-se junto à equipe
44
multidisciplinar, promovendo orientação e prevenção em âmbito escolar sendo
imprescindível ao processo de inclusão (MACIEL, 2012).
Uma necessidade educativa especial pode não ser prontamente identificada pelo
professor quando a criança chega à escola, apresentando atrasos no desenvolvimento da
linguagem. Ela apresenta distúrbio de linguagem quando o padrão de aquisição da
linguagem se desvia do desenvolvimento normal (BOONE & PLANTE, 1994).
Segundo Omote (2005, p.34):
Em vez de procurar no aluno algo que não funciona direito e que o torna presumidamente incompetente para as atividades escolares, procura-se construir um ambiente escolar que seja acolhedor e adequado para as necessidades e particularidades de todos os alunos.
A presença do fonoaudiólogo na escola regular ainda não é obrigatória, mas tem
aumentado consideravelmente como profissional da linguagem, fazendo parte do pessoal
contratado (RIO & BOSCH, 2000).
Na visão de Navas (2008), a Fonoaudiologia tem contribuído para a educação
agregando conhecimentos específicos do processamento de linguagem, de acordo com
cada faixa etária em âmbito escolar e a influência de fatores sócio culturais na
aprendizagem. O autor complementa dizendo que tal abordagem soma esforços para
prevenir, detectar e amenizar as alterações de linguagem em um processo integrado, vindo
para complementar aos profissionais educadores.
Segundo COSTA 1999, apud GRAÇA, 2009, p. 8:
O fonoaudiólogo educacional é membro ativo dentro da estrutura escolar. Não está ali para criticar o que professor faz e sim sugerir estratégias para alcançarem juntos à direção de determinado objetivo pedagógico.
O Fonoaudiólogo, profissional especializado em alterações de linguagem, é o
profissional que têm formação para orientar aos professores sobre distúrbios desta, que são
detectados na escola dificultando o processo de ensino aprendizagem. Quanto mais cedo
forem detectadas as alterações e os professores e família forem orientados quanto às
dificuldades educativas especiais dos alunos, mais oportunidades esses alunos terão de
evoluírem.
Para uma escola ser inclusiva, é necessário iniciar com um projeto pedagógico
baseado na reflexão. Um bom projeto valoriza a cultura, a história e as experiências dos
alunos, assim como os profissionais que compõem a equipe educacional nas escolas, que
45
são: os pedagogos, psicopedagogos, psicólogos, assistente social, juntamente com o
fonoaudiólogo (OSSWALD, 2011).
Segundo Santos (2008), o fonoaudiólogo está na escola, como profissional inserido
na educação, para promover um nível de ensino e aprendizagem adequados, abordando
aspectos a fim de gerar através da sua qualificação, benefícios educacionais direcionados a
comunicação e linguagem, que são os problemas mais presentes na escola, assim como no
encaminhamento do aluno à equipe multidisciplinar (OLIVEIRA & NATAL, 2011).
No entanto nada poderá acontecer se não houver uma interação entre o profissional
da linguagem, pais, escola e aluno, para que haja uma transformação na comunidade
escolar realizando uma metamorfose de sociedade e de mundo.
De acordo com Oliveira & Natal (2011, p.9):
Na atuação, dentro da escola, um dos papéis fundamentais do fonoaudiólogo é apresentar ao professor alternativas para ajudar o aluno com dificuldades.
Espera-se que o fonoaudiólogo, em uma ação conjunta com outros profissionais da
educação e da saúde possa contribuir com um trabalho efetivo para que se alcance a
inclusão dos alunos com necessidades educativas especiais nas escolas regulares de forma
eficiente.
3 Tríade: Fonoaudiologia & Escola & Família
Segundo Cavalheiro (2008), fica claro que não deve ser realizado o atendimento
terapêutico na escola. “Essa proibição tem como base a Constituição de 1988 e a Lei de
Diretrizes e Bases da Educação (LDB-Lei 9394/96), que define como objetivos da educação
o pleno desenvolvimento da pessoa; também o preparo para o exercício da cidadania e a
qualificação para o trabalho”. Nessa perspectiva fica evidenciada a necessidade de superar
as propostas de trabalho que valorizam a figura do aluno, a quem se atribui uma doença e a
responsabilidade pelo seu fracasso.
Segundo Zorzi (2008), a maioria dos problemas de aprendizagem tem relação com
problemas de linguagem. O fonoaudiólogo educacional deve pensar que mais do que
prevenir problemas, ele está desenvolvendo gente.
Quando a fonoaudiologia surgiu na escola, ela se iniciou com uma forma de
atendimento a pequenos grupos de crianças dentro das escolas e pré escolas e foi chamada
de Fonoaudiologia Escolar - o procedimento baseava-se muito nos modelos norte
americanos e não levava em consideração as diferenças da estrutura educacional que
regiam aquele e o nosso pais (DIDIER, 2001).
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De acordo com Didier (2001, p. 13):
Desse modo, o surgimento da fonoaudiologia na escola, por muito tempo, esteve voltado à adoção de procedimentos terapêuticos, de práticas curativas e detectar problemas na escola.
Segundo Zorzi (2008), um dos papéis do fonoaudiólogo, em contato com os
professores no ambiente escolar é efetuar o levantamento das crianças com problemas,
efetuar um primeiro processo de avaliação, encaminhar para os recursos de saúde que a
comunidade disponibiliza para assistência extra pedagógica, fora da escola e criar para
essas crianças programas de intervenção dentro da escola, com muitos cuidados para
garantir as habilidades que a criança tem que desenvolver.
Desenvolver a habilidade comunicativa inicialmente é o que mais preocupa aos pais
e educadores quando a criança chega ao convívio social. Por isso, o processo de Inclusão
Escolar e Social, segundo ZaborosKi & Oliveira (2013), reforça a importância do trabalho
com as especificidades dos alunos com NEE, mas também com as necessidades
comunicativas dos interlocutores do contexto no qual esse aluno está inserido.
O Fonoaudiólogo deve promover em âmbito educacional a saúde fonoaudiológica,
contribuindo para o aprimoramento da comunicação e para o desempenho escolar
satisfatório através da assessoria fornecida ao educador (Zaboroski & Oliveira, 2013).
A prática educacional na escola, ou seja, o ensino é função do educador, è ele quem
vai direcionar a aprendizagem. O Fonoaudiólogo irá fornecer assessoria necessária e
adequada para que o educador possa ultrapassar os obstáculos que venham surgir em meio
a este processo e favorecer o desenvolvimento adequado da comunicação oral e escrita.
De acordo com Zaboroski e Oliveira (2013, p. 118):
A atuação fonoaudiológica com os educandos, que possuem alterações fonoaudiológicas, e seus familiares é desenvolvida por meio de oficinas de estimulação da linguagem oral e escrita.
Estratégias fonoaudiológicas são realizadas envolvendo educando, familiares e
equipe escolar. Elas são feitas na escola pelo fonoaudiólogo educacional que orientará ao
responsável para que ele possa realizar em casa estimulações simples com a criança.
As estimulações realizadas pelo fonoaudiólogo na escola em educação infantil
podem ser táteis – através de texturas variadas como geleca, massa de modelar, tinta
guache, bolas de isopor ou de borracha. A realização das terapias envolvendo percepção
visual e auditiva, através de músicas infantis e dvd’s, são estímulos que quando oferecidos
adequadamente, levando em consideração a idade cronológica da criança e a alteração que
ela apresenta possuem um resultado positivo no desenvolvimento da linguagem.
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Segundo Río & Bosch (2002), escola, fonoaudiologia e família, compartilham a
responsabilidade de assentar as bases para que as alterações da comunicação e da
linguagem sejam detectadas a tempo e se inicie uma possível solução.
De acordo com Guapyassú (2009), para os pais e demais familiares é importante que
aconteçam palestras, reuniões e orientações onde deve ficar bem definido o campo de
atuação do fonoaudiólogo educacional. Aos pais é levada a informação de que seus filhos
precisam de colaboração para desenvolver a linguagem e que, o brincar contribui no
desenvolvimento da inteligência, dentro do seu potencial. Aqueles pais com filhos que
apresentam dificuldades são dados à orientação de como agir e onde procurar o tratamento.
Segundo Ferreira et al (2004), é essencial o contato periódico com a família, quando
se busca dar apoio e incentivo para uma participação ativa nos processos de
desenvolvimento de crianças ou de recuperação de alterações na motricidade oral,
linguagem, voz e audição.
Incentivar a família do aluno com necessidades educativas especiais para buscar
recursos que lhe auxiliem na caminhada da inclusão, é um papel importante que o
fonoaudiólogo exerce na escola, estimulando e incentivando comportamentos de maior
autonomia (FERREIRA et al, 2004).
Segundo Rio & Bosch (2002), é a família quem estará diariamente com o aluno,
mediando nas orientações que porventura, possam ter sido feitas na escola tanto pelo
fonoaudiólogo como pela equipe multidisciplinar. Portanto é inevitável que o fonoaudiólogo
tenha que partilhar do apoio total ou parcial, conforme a necessidade da família deste aluno.
Segundo Marchesan (1998, p. 99):
Cabe também nos indagarmos de qual o campo possível e eticamente adequado para o trabalho do fonoaudiólogo com a família, quais seus limites, seus objetivos e, principalmente, quando e como deve ser ampliado o campo de atuação numa tentativa de criar ou melhorar a relação familiar com o as estratégias de prevenção.
Podemos pensar numa família como sendo um sistema muito complexo e articulado,
de tal forma que seus membros tecem uma rede de interdependências e mútuas influências.
Conhecendo seus hábitos, culturas, crenças, valores morais e religiosos, pode-se evitar que
sejam cometidos erros ou indelicadezas involuntárias no transcorrer da
atuação( MARCHESAN, 1998).
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De acordo com Rio & Bosch (2002, p.225)
A detecção do problema é, às vezes, feita pela família, mas o professor pode ter um papel significativo, pois dispõe de mais elementos de comparação do que a família, especialmente se considerarmos que as atuais famílias urbanas, vivem isoladas e têm um número reduzido de filhos.
Esse isolamento ocorre devido ao fato dos pais estarem tão envolvidos com a sua
profissão e ou outros projetos, fazendo com que seu tempo disponível para levar os filhos ao
parque, a casa dos avós, contar histórias, dentre outras atividades do convívio diário, seja
reduzido. É importante que a criança tenha contato também com outras pessoas, ampliando
aos poucos seu relacionamento com o meio social, e assim, o desenvolvimento da fala e da
linguagem será progressivo.
Os pais terão a possibilidade de perceber alguma alteração revendo diariamente se
estas alterações são constantes e/ ou gradativas, para terem elementos de comparação da
linguagem. Quando isso não acontece pela falta de observação diária, eles demoram mais a
detectar o problema, porque possuem menos elementos de comparação do que os
professores, tendo os professores à orientação do fonoaudiólogo na escola e por sua
observação diária essa interação possibilitará um acompanhamento específico e atuante
nas necessidades dos educandos.
O fonoaudiólogo que atua no contexto escolar conhece as etapas e processos que
possam corresponder e indicar se o quadro é patológico.
Segundo Guapyassú (2009, p.9):
A Fonoaudiologia Educacional é uma área da Fonoaudiologia, que está inserida no contexto educacional para a prevenção das questões que estão relacionadas à comunicação oral e escrita, a voz e a audição, além da promoção da saúde escolar.
Aproximadamente a partir dos quatro anos de idade a criança ingressa no contexto
escolar, sendo assim a escola, o local secundário no desenvolvimento da linguagem. A
escola tem a percepção, de que possa haver alguma alteração na linguagem, antes mesmo
que o pediatra, até porque o contato da escola com a criança é mais frequente (RÍO &
BOSCH, 2002).
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Discussão Teórica
Através da atuação fonoaudiológica nas escolas inclusivas, temos tido uma grande
contribuição para um ambiente favorável de aprendizagem para todos. O fonoaudiólogo
demonstra em sua prática que toda a proposta elaborada visa atender às necessidades
educativas especiais e juntamente com a equipe multidisciplinar e família buscam estimular
o desenvolvimento da criança.
As escolas regulares que aderiram à inclusão constituem os melhores meios para
combater atitudes de exclusão. A fonoaudiologia tem contribuído na educação, de acordo
com a faixa etária para agregar conhecimentos do processamento da linguagem em âmbito
escolar. Ao abordar aspectos referentes à linguagem, o fonoaudiólogo trará benefícios para
o desenvolvimento do aluno junto à sociedade. Ele deverá ser o profissional mais procurado
pelos educadores em casos de insucesso no processo de ensino aprendizagem.
O fonoaudiólogo não realizará atendimento clínico, mas junto com a equipe escolar e
as famílias, irá prevenir possíveis alterações de linguagem além de promover uma
comunicação e aprendizagem de forma mais eficaz. Quando solicitado pelos professores,
efetuará o levantamento das necessidades educativas especiais dos alunos através do
processo avaliativo ou triagem.
O Brasil necessita de novas propostas para o ensino e favorecer uma aprendizagem
adequada para os alunos com necessidades educativas especiais. A fonoaudiologia
educacional atuando na inclusão traz perspectivas que são imprescindíveis para que a
educação inclusiva no Brasil realmente aconteça.
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Conclusão
Concluímos que devido ao número de alunos com necessidades educativas especiais nas escolas de ensino regular estar aumentando, hoje é importante a atuação do fonoaudiólogo nas escolas para assessorar no processo de ensino aprendizagem. O fonoaudiólogo poderá reconhecer as alterações de linguagem nos alunos, identificar suas dificuldades de aprendizagem, orientar e prevenir sobre as alterações de linguagem.
A Fonoaudiologia educacional tem previsão de expandir nos próximos anos devido à importância dessa atuação e pelos resultados que se tem observado quanto às alterações de linguagem dos alunos quando existe a participação do profissional da linguagem junto à equipe multidisciplinar.
O fonoaudiólogo que atua na educação inclusiva deve estar prontamente capacitado para atuar frente às dificuldades encontradas e passo a passo nessa caminhada da educação inclusiva tendo o apoio da equipe Escolar e da família para alcançar o objetivo da inclusão.
Portanto se faz imprescindível à presença de um especialista de linguagem no contexto escolar. É o fonoaudiólogo, em uma ação conjunta com outros profissionais da educação e a família, que estará capacitado para essa atuação.
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