Comissão Pastoral da Terra
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SINOPSE ECONÔMICA MÊS: NOV/DEZEMBRO DE- 1984
Cenlfo de Pastoral Vergueira
BIBLIOTECA
I. SITUAÇÃO ECONÔMICA .
1.1. BALANÇO DO ANO DE 1984
INDICADORES ECONÔMICOS
Existem diversos indicadores econômicos que medem, em termos
estatísticos, como se comportou a economia durante o ano. Os dados estatísticos por
si só mostram muito pouco, mas se comparamos com outros dados podemos compreender me
lhor o seu significado. Vejam o que segue.
INFLAÇÃO . 223,7%
PREÇO DA GASOLINA 284,3% ,
Indicadores para quem vive do trabalho;
AUMENTO DO SALÁRIO MlNIMO: 211% .
AUMENTO DO SALÁRIO MÉDIO NA FOLHA DE PAGAMENTO DAS EMPRESAS (segundo a FIERGS): 177%
Indicadores para quem vive do capital:
AUMENTO MÉDIO DA POUPANÇA: 243,5%
LUCRO MÉDIO DAS AÇDES DA BOLSA: 442,0%
AUMENTO DO DÓLAR NO CÂMBIO NEGRO: 286,0%
GANHO NA APLICAÇÃO EM PAPEIS: 251,0% ' ■* ......
A Inflação mede teoricamente o aumento médio dos preços de to
das as mercadorias na sociedade. Conforme se vê acima, os trabalhadores diminuiramem
muito oseu salário em relação aos preços e portanto puderam comprar menoseviver bem
pior do que em 83. Ja os que vivem do capital, tiveram seus ganhos bem acima dos pre
ços e portanto compraram bem mais. Com isso tivemos uma grande concentração de renda.
Como se vê, em épocas de inflação os trabalhadores perdem ainda mais seu poder aqui-
sitivo e os capitalistas aumentam ainda mais seus ganhos. Por isso não e verdade que
a inflação atinge a todosl*
1.2. A INFLAÇÃO DOS TRABALHADORES
esreancAçOg Fci)Éo snto c ftnoi AfaBa
táOto >w gg&K-i
Cln-J ^■■^yV. i^fMÇÇWNO ATACADO -^ jjB ^"■^—' ■C PEZEMBKOmO "PgaOiBHO «>M 3 «^yAKiAçto 5>
'X»
Se disse antes
que a inflação é a média dos preços de to
das mercadorias, mas para os trabalhado-
res existem algumas mercadorias que inte
ressam mais: os alimentos. . Vejam na tabela acima, quanto aumentaram os preços de certos
produtos alimentícios de que os trabalhadores mais precisam e mais compram. Quer dji
zer, na verdade, para os trabalhadores as condições de vida pioraram bem mais do que
a inflação geral possa indicar. (Jornal do Brasil 24.12.84)
1.3. A HISTÓRIA DA INFLAÇÃO BRASILEIRA A inflação da economia brasileira sempre foi motivo de muita
discussão e ji se deram muitos golpes de estado, "porque o povo não suportava infla-
ção tão alta..." Agora, o economista Cláudio Haddad a partir dos dados da Fun
dação Getúlio Vargas, reconstruiu os dados de inflação de todos os anos, desde 1900.
Pela importância das informações, e por serem ineditas,resoj[
vemos publicar na Tntegra, e como se vê, jamais na história do Brasil, alcançamos u-
ma inflação tão alta, e seus efeitos negativos para a classe trabalhadora somente se
descobrirão dentro de muitos anos,
Jornal do Brasil, em 29 de dezembro de 1984
1.4. CRESCIMENTO DA ECONOMIA
A Economia Brasileira crsceu 4,1% durante o ano de 1984.0 que
significa isso? Significa que a soma de todas mercadorias produzidas no paTs durante
1984 foram 4,1% a mais do que a soma de todas as mercadorias produzidas em 1983.E te
oricamente, portanto, existiria na sociedade 4,1% a mais de riqueza. No entanto não
significa que toda a produção ou toda sociedade se beneficiou desse crescimento. Mà_
mos ver que tipo de produção aumentou.
INDUSTRIA: 5,8% - AGROPECUÁRIA: 3,9% - COMERCIO: 2,3% - TRANSPORTES: 5,5%
Então o que mais puxou o crescimento foi a indústria. Masque
tipo de indústria? Extração mineral: 28,3%. Indústria de Transformação:6%. Energia E
létrica (Hidrelétricas): 11,5%. Têxtil: -2,3%. Alimentos: -0,1%. Bebidas: -0,3%.
Logo se vê, que o governo estimulou a extração mineral (minérios em geral) e a cons-
trução de hidrelétricas (Itaipu, Tucurui) e esses dois setores puxaram a média da so
ciedade para cima. Mas as indústrias ligadas ao consumo popular todas elas decrescer
ram. E se debitarmos ainda o crescimento da população se vê que naquelas indústrias
a situação está bem pior, ou seja, se produz cada vez menos.
(Jornal do Brasil 29.12.84)
; n^ Á jenda per xapita brasileira - hí^jp'jiiserÇ c:^^i■/'•%-■.■ ^ — ^ ' V '3.7*2.1
.u-i-ji ?■
■.rM;-^!
3700-
1.5. DIVIDA EXTEKNA DO PAlS
Segundo declarações do Ministro Ernane Galveas, em Nova York,
nos últimos quatro anos. o Brasil n5o recebeu nenhum centavo de dólar de dinhenro no
rk todos os empréstimos conseguidos na renegociação, foram ut l.ados empa
ga dívidas anteriores e remanejamento da dívida, que significou que *^"*r
ticamente não saiu dos paTses financiadores, ou praticamente so mudou de ***■**» empréstimos não representaram investimentos novos no paTs. (Gazeta Mercante 2.11.84)
1.6. BALANÇO DO ANO PARA OS TRABALHADORES
RENDA PER CAPITA DA POPULAÇÃO BRASILEIRA
Na tabela ao lado aparece a
tendência da renda per capi_
ta nos últimos anos, a pre
ço de hoje. Então, em 1984
a renda média de cada brasj_
leiro foi de 3.397.000 cru-
zeiros por ano. Uma família
de 5 pessoas deveria ter ga^
nho então Cr$ 16.985.000 du
rante todo ano,que daria Cr$
1.415.000 por mês por famí-
lia. Mas se sabe que 70% das
famílias brasileiras ganham
até 2 salários mínimos,ou se
ja, menos de Cr$ 350.000 por
mês. E a diferença para onde
vai? Vai para os que ganham
bem acima dissol
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Por outro lado,dá para ver que a renda média dos brasileiros.
hoje é a mesma do que durante o ano de 1977. A renda méida significa tudo o que se produziu no pais duran
te o ano, dividido pelo número de pessoas do pais. (Jornal do Brasil em 29.12.84)
1.7. DESEMPREGO NO BRASIL Segundo estudos do IPEA ^Instituto de Pesquisas Econômicas
da Secretaria de Planejamento da Presidência da República, mesmo a economia do pais
crescendo na base d^ 6% ao ano até 1990, o número de pessoas novas que ingressarão no
mercado de trabalho e não encontrarão emprego será de 10 milhSes de pessoas, nesses
próximos quatro anos até 1990. Uma boa noticia para o ano internacional da juventude.
(Gazeta Mercantil 05.11.84)
1.8. OFERTA DE ALIMENTOS NOS ÚLTIMOS ANOS
Outro estudo muito importante foi
realizado pelo mesmo IPEA. Trata-
se da oferta de alimentos agríco-
las que existe no pais. Como se vê
o governo conhece muito bem os pro
blemas do paisl
Nas tabelas ao lado se vê a tendêji
cia da oferta de alimentos no pais
mi* Cai à oferta de alimentos tKa/hmMtmmm/mno]
Amo ,lL:\ Arrta ' rW|*o 1975 1976 1977 197» 1979 1960 1961 1962 1983
74.0
MJlho Monrftoca TrH>o« 21,7 .155.4 '.3*A a».»
•'17,1 '^•164.8 ^-ZM?' ^ 99A
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i-.:-140^ ...171,1
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145,9
•215,0 1 í .196,6 '^ 197,9
191.6 171,8
56,7 62.7 49^ 49,0 45.8
to\m 94,1
1042 113,3 842 88,2
127,3 1222 102,4 113,4
FONTE: RICEaCACEX • •" .«^^«Jio
Em todos os produtos, com exceção
da soja, a oferta de alimentos por
habitante diminuiu nos anos 81/83
em relação aos anos 75/77. Se re
comenda sempre comparar de três em
três anos, para evitar efeitos de
influências metereologicas.
PRODUTO
■Arroz Feijão Leite
Quanto cada família con8onie/
(por classe de renda, em mil kg) CLASSE DE RENDA
:" :J ..1 T -a ■ ■ .♦"■•■ • ■ ■•*- -99.7 ni 93,2 73,2. .45,5 I 37,0 29,2 21,5 17,6 86,4 -"120^ -133.0 . 139.2-. - 161,4
587 "; V 50,3
fONTl: FIPE/USP .0 ,. „■
-.%■
Por outro lado, se nota que as famílias de trabalhadores de
renda mais baixa, se obrigam a consumir mais arroz e feijão, e consomem muito pouco
leite.
AT esta, VOCÊ TRABALHOU E O BRASIL MUDOU ?
(Folha de São Paulo, 23.12.84)
1.9. O EXEMPJ' L? MAIOR GRUPO EMPRESARIAL NACIONAL, E DE CAPITAL
N/CIO1 xL: O G. TP0 VOTORANTIM
A ''olha de São Paulo publicou um interessante estudo do com-
portamento do maior grupo emp. ^ ^.rial brasileiro, o Grupo Votorantim, de propriedade
do empresário oposicionista ANTOM'1 ERMlRIO DE MORAIS, cotado até como um dos possí-
veis ministros do Dr. Tancredo Neves,
Esse estudo, conforme tabela abaixo, mostra como evoluiaram
diversos aspectos da vida da empresa, du. ^nte os seis anos da crise. 1978 a 1983.
Vejamos pois:
O patrimônio da empresa cresceu nos seis anos B.41035
O lucro iTquido da empresa cresceu 2.958%
Os juros pagos aos bancos cresceram 6.125%
E os salários pagos aos empregados cresceram 2.444%
Ou seja, em seis anoí,, u ludiô» cresceu em 500% a mais do que
os salários. E o capital cresceu
mais do que o dobro do crescimeji
to dos salários. Esse é um exem-
plo prático de como acontece a
concentração da riqueza numa em
presa.
^,. ; .. .: J- '-■-.■.. . ATRAVESSOU SEIS ANOS DE CRISE ■ Indicoíior*» («nvCrS rT>ttK&»») ^1978 197!» 1980 1981 1982 1983 83 8} 83 78
Pa«rim6nic> liquido'-' if- /' 1 ' "•' 16.55/ 27.463 ie.BOT 145.524 339796 912.037 168 4-. S4I0'.
fc.* ••te bruio" IB.329 37.53» 75.067 143.153 314.473 697.882 121 9-, '3 707'.
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Solórtot* •morpot «oooii-popoi 4 009 5 602 10.540 21.B33 49 024 102016 108 l". 2 444'.
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0*»p*io ftnorKCiro ' . i •.* ** 1.7*4 3 187 4.351 12*70 je 8*9 109 9K) 183 7', 6 135-.
| foni» Grupo Votorontim * ,- —'
2. POLÍTICA
Como já noticiamos em outras sinopses, o setor de extraçãomi^
neral e o setor prioritário dos investimentos do governo. Vejam as últimas notícias.
2.1. ESTRADA DE FERRO DE CARAJÁS
A Cia Vale do Rio Doce, estatal, gastou na implantação da fer^
rovia de Carajás, para exportação do minério de ferro de Carajás, o valor de 1,3 bi-
lhões de dólares. O porto de exportação, e as despesas de administração e engenharia
consumiram mais de 1 bilhão de dólares. (Folha de São Paulo, 08.12.84)
2.2. BARRAGEM DE TUCURüí
A Barragem de TucuruT, construida pela ELETRONORTE, represeji
tou um investimento de 4,6 bilhões de dólares por parte do governo. Daqui a quatro a^
nos, quando todo seu potencial energético estiver funcionando, cerca de 30% de toda
energia produzida se destinará a apenas duas empresas multinacionais, a ALUNORTE (de
Barcarena, Pará, que consumiurá 600.000 kw) e a ALCOA (São Luis do Maranhão,620.OOOkw)
(Folha de São Paulo em 04.12.84)
5
2.3. O PROGRAMA GRANDE CARAJÁS
0 programa de governo para explorar e exportar os minérios de
Carajás, representam um investimento de 28 bilhões de dólares durante os próximos
dez anos. Esse investimento está assim distribuido: 1. PROGRAMA MINERO-METALORGICO: 9,l^bilhões de dólares
Minério de ferro: 3 bilhões de dólares Alumínio: 1,8 bilhões de dólares Cobre: 1,5 bilhões de dólares Níquel: 1,1 bilhao_de dólares Manganês: 350 milhões de dólares
2. PROGRAMA NA AGRICULTURA: 8,1 bilhões de dólares
3. PROGRAMA NA PECUÁRIA: 1,7 bilhão de dólares
4. PROGRAMA DE'REFLORESTAMENTO: 1,3 bilhão de dólares
OBRAS DE INFRAESTRUTURA: 22,5 bilhões de dólares
TOTAL' DOS INVESTIMENTOS NA REGIÃO DE CARAJÁS NOS PRÓXIMOS 10 ANOS: Us$ 61,7 bilhões.
(Folha de São Paulo, 06.12.84)
2*4. INDÚSTRIA DO MINÉRIO DE CARAJÁS TERÁ ENERGIA SUBSIDIADA
0 Ministro de Minas e Energia, César Cais, publicou portaria
no Diário Oficial, dia 17.12.84 concedendo a todas indústrias de minérios que se ins
talarem na região do Carajás, o fornecimento de energia elétrica subsidiada,sendo que
asempresas pagarão apenas 25% do preço da energia vendida no mercado. E se a TucuruT
se destinará basicamente Ss indústrias da região, logo todo custo de.TucuruT será co
berto pela sociedade brasileira e as indústrias receberão energia praticamente de gra
ça! Ah! Um detalhesinho, a portaria estabelece o prazo de 20 anos para o subsTdio. .-
(Folha de São Paulo, em 18.12.84),.
2.5. INDÚSTRIA ELETRÔNICA; í . . :
A Industria eletrônica que fabrica componentes eletrônicos e
computadores é uma das indústrias que recebem mais apoio do governo. Graças a issoes_
se ano ela cresceu nada menos do que 20%. A estimativa de vendas é de que 84 já alcan
çou a 2 bilhões de dólares. (Folha de São Paulo, em 23.12.84)
2.6. MAIOR EXPORTADOR MUNDIAL DE MINÉRIO DE FERRO ,.
No próximo ano de 1985, o Brasil deverá exportar nada menos
do que 86 milhões de toneladas de ferro, tornando-se assim o maior exportador mundi-
al de minério de ferro. (Folha de São Paulo, em 18.12.84)
2.7. INVESTIDORES ESTRANGEIROS CONVERTEM DIVIDA EM AÇÕES
Segundo o Ministro da Fazenda, Ernani Galveas, dos 800 mi -
Ihões de dólares registrados no Banco Central como investimento estrangeiro direto ,
600 milhões de dólares foram dividas que empresas tinham cora empréstimos no exterior,
-e a divida foi transformada em ações dos investidores estrangeiros. E os demais 200
milhões de dólares foram transferência de equipamentos a indústrias ja instaladas.
E interessante notar que era a fórmula defendida por Paulo
Maluf e por Roberto Campos para resolver o problema da dTvida externa. Como pelo me
nos a metade da dTvida é das empresas, eles defendem a trasformação da dTvida em a-
ções. Ou seja, desnacionalização ampla da já fraca economia nacional. (Gazeta Mercan
til, em 21.11.84)
2.8. BANCOS DE INVESTIMENTO TAMBÉM DEFENDEM DESNACIONALIZAÇÃO
0 Presidente da Associação Nacional de Bancos de Investimen-
tos, disse que a economia brasileira tem que internacionalizar-se o quanto antes
6
e defendeu como medidas urgentes: a) transformar parte da divida em ações, b) abrir
o mercado de ações das bolsas de valores para investidores estrangeiros com direito
a voto, c) abrir inclusive sistema de poupança a investidot estrangeiros.
(Folha de São Paulo, em 22.11.84)
2.9. OS FUROS DO BANCO NACIONAL DE HABITAÇÃO
0 dinheiro utilizado ate hoje pelo BNH para cobrir os furos
das financeiras e poupanças que quebram e que o Banco cobre, já atingiram 722 bilhões
de cruzeiros. Segundo os cálculos isso significa que, de cada 100 cruzeiros que o BNH
utilizou, cerca de 2,2 ele teve que aplicar para cobrir essas fraudes. Dinheiro per-
dido, ou aplicado em construções subterrâneas... (FSP, em 16.12.84)
2.10. PREVIDÊNCIA FECHA SEM DÉFICIT
0 Ministro Passarinho conseguiu terminar 1984 sem déficit na
previdência. No inicio do ano estava previsto um déficit de 1 trilhão e 719 bilhões,
para que a previdência mantivesse os mesmos serviços. Mas o Ministro resolveu prestu,
um grande serviço ao seu amigo Figueiredo, e para entregar a Previdência sem furos ,
reduziu violentamente o nTvel de prestação de assistência médica, a um ponto jamais
conhecido pelos trabalhadores. Quantos terão morrido por esse desatendimento? Mas o
Ministro poderá dizer com orgulho, sobre esse sofrimento todo, de que entregou a Pre
vidência sem dTvidas. (Jornal do Brasil, em 29.12.84)
2.11. MAIS DIFlCIL RETIRAR O FUNDO DE GARANTIA
0 Governo baixou o decreto 90.408 criando uma série de difi-
culdades para o trabalhador retirar o seu dinheiro depositado no FGTS. Com isso o go
verno espera reter mais tempo o dinheiro do trabalhador, que é corrigido abaixo da iji
fiação, e assim ajudar a sanar os problemas financeiros do BNH. Muito boas intenções
(Folha de São Paulo, em 08.11.84)
2.12. NOVO SALÁRIO MÍNIMO NÃO ALIMENTA
Segundo levantamento do DIEESE o novo salário mTnimo em vigor
no mês de novembro não consegue nem alimentar apenas duas pessoas, sem contar todas as
demais despesas que o trabalhador tem, e de seua famTlia que é em média de 4 pessoas.
Segundo ainda o DIEESE de 1979 até agora, ou seja, durante o Governo Figueiredo , o
custo dos alimentos subiu 4.946% enquanto os salários subiram apenas 4.184% ou seja,
nesses seis anos de Governo Figueiredo, a classe assalariada perdeu 800% do poder a-
quisitivo. (Folha de São Paulo, em 23.12.84)
2.13. AUMENTO DOS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS
0 Governo Figueiredo baixou decreto aumentando os salários dos
funcionários públicos a partir do mês de janeiro. Os funcionários civis tiveram umau
mento de 75% e os MILITARES, de 127%. Com isso, o salário de um general passará para
a quantia de Cr$ 9.345.196, fora as mordomias. Como você vê, você trabalhou, e o Bra
sil cresceu. (Folha de São Paulo, em 23.12.84)
2.14. AS "ARTES" DO GOVERNO MONTORO
0 Governo Montoro revelou que no penodo de janeiro a junho
de 1984, gastou a quantia de 10 bilhões de cruzeiros, em PROPAGANDA. (FSP 23.11.84)
3. CONJUNTURA ECONÔMICA NO CAMPO
3.1. SUPER SAFRA DE ALGODÃO PREOCUPA GOVERNO
0 Governo está muito preocupado com a safra de algodão, pois
a previsão de aumento da produção é de 38% em relação ao ano passado. 0 governo acha
que terá muitos problemas com isso. Deve ser o único governo do mundo que se preocu-
pa quando a produção aumenta! (Folha de São Paulo, em 23.12.84)
3.2. FRAUDE NO CAFÉ DO PARANÁ Mas de 10 mil sacas de café no valor aproximado de Cr$ 2,1
bilhões de cruzeiros foram desviados do armazém do Instituto Brasileiro do Cafe,IBC,
de Nova Esperança, 40 km de Maringá. No desvio estão envolvidos funcionários do IBC
e agricultores. Mas até agora não se tem nenhuma noticia do que poderá aconter com e
les. (Folha de São Paulo, em 13.11.84)
3.3. FRAUDE NO FEIJÃO DO PARANÁ Nelson Meurer, diretor da CIBRAZEM de Francisco Beltrão, e
Gomercindo Rizzi, presidente da Cooperativa Agrícola de Dois Vizinhos, PR, sao os
principais acusados do envolvimento na fraude do feijão, que representou um roubo no
valor de Cr$ 2.5 bilhões de cruzeiros. Esse foi o resultado do INQUÉRITO POLICIAL.
Mas apesar do processo, tampouco se sabe de alguma providência no sentido de penal^
zar os ladrões. Eles continuam muito soltos e até agora não devolveram nenhum tostão.
(Folha de São Paulo,em 18.12.84)
3.4. GOVERNO FEDERAL TAPA O FURO DO BNCC Durante todo o ano de 1984 veio a público as falcatruas e rou
bos no Banco Nacional de Crédito Cooperativo. Foram denunciadas pelos jornais e o Mi_
nistro da Agricultura se demitiu. Foi apurado inquérito. Encontrados os principais res
ponsáveis. Mas o Governo Federal não tomou nenhuma providência no sentido de punir ou
fazer os ladrões devolver o dinheiro. Pois havia muitos interesses por trás, já que
uma das falcatruas era o aval ao empréstimo da CAPEMI, onde até o filho do Presiden-
te Figueiredo estava envolvido e o BNCC andou pagando. Conclusão do roubo de 263 bi-
lhões de cruzeiros: o Governo Federal resolveu esquecer tudo e dar mais uma chance pa^
ra os "coitadinhos". Por isso-o Presidente Figueiredo autorizou a que a UNlAO cobri£
se o furo desses 263 bilhões'de cruzeiros. E tudo continuará como antes.
(Zero Hora, em 29.12.84)
3.5. LEI QUE FAVORECE TRABALHADORES NA CANA ESTÁ SENDO FRAUDADA
Em dezembro de 1965, o então Presidente Marechal Castelo Bran
co, assinou a Lei 4870 determinando de que o setor açucareiro, aplicasse 1% sobre o
-faturamento do açúcar, 15% sobre o faturamento da cana e 1% sobre o faturamento do a]_
' cool, em beneficio dos trabalhadores que trabalhavam nessas atividades. Muito bonita
a lei no papel, só que até hoje não foi cumprida. Essa é a denúncia dos sindicatos de
trabalhadores rurais da região da cana de São Paulo.
Sõ para se ter uma idéia, o que representaria essa lei, em
1984: existem no Brasil 204 Usinas que aproveitam a cana como matéria prima. Segundo
a aplicação da Let.; representaria um trilhão de cruzeiros, que deveria ir em benefi-
cio do trabalhador-e que esta sendo embolsado pelos usineiros. (FSP,02.12.84)
3.6. SETOR AGRÍCOLA DO NORDESTE CONSOME APENAS 3% DA CHESF
Sempre quando se constrói hidrelétricas e se desapropria mal
e percamente as terras dos lavradores, o Governo usa o argumento de que a energia e-
létrica beneficiara também aos agricultores. Pois bem, agora foram publicados dados,
de que de toda energia produzida pela CHESF no nordeste, apenas 1,1% da energia, be-
neficia o meio rural do nordeste e 54,9% beneficia ãs indústrias, e o restante aos de
mais setores. Isso fica claro que o meio rural brasileiro é completamente abandonado
de todos os programas de desenvolvimento do Governo, mesmo no Nordeste.
(Jornal do Brasil, em 29.12.84)
3.7. O RADAM E AS TERRAS DO NORDESTE
-r*
8
Segundo o projeto RADAM BRASIL, que fez um completo levanta-■•
mento da capacidade dos solos do Nordeste, existe no Nordeste nada menos que 10 mi_
Ihões e 300 mil hectares de terras de alto índice de fertilidade, capaz de, sendo a-
proveitadas, abastecer as necessidades alimentTcias de todo o pais, e não sõ do Nor-
deste. E para se aproveitar esse solo basta apenas de decisão polí-
tica no sentido de dar oportunidade de trabalho e acesso ã terra, a milhares de tra-
balhadores. (Folha de São Paulo, em 18.11.84)
3.8. DESAPROPRIADOS DE TUCURUl
Entre os milhares de pequenos agricultores que perderam suas
terras pela barragem de TucuruT, apenas um está satisfeito com a desapropriação e a
solução dada pela empresa ELETR0N0RTE. Trata-se do sr. Cláudio Furmann. Casualmente e
le é prefeito da cidade, e possuia 19 mil hectares, dos quais 10 mil foram desapro.pn
ados. Com o dinheiro diz que comprou outros 10 mil hectares, e ainda sobrou dinheiro
para investir em novas fazendas. Além de suas atividades, é sócio da Eletronorte nos
hotéis da Hidrelétrica. (Folha de São Paulo, em 23.11.84)
3.9. AGROTÕXICOS MATAM NO TERCEIRO MUNDO
Segundo a Organização Mundial de Saúde, as utilizações de a-
grotóxicos no Terceiro Mundo, matam 16 pessoas por dia. Segundo o responsável por es
se setor, essa estatística é ainda muit aquém da realidade, pela dificuldade de con-
trole.E a principal responsabilidade é das empresas multinacionais que desrespeitam
todas as normas nos países do Terceiro Mundo, na fabricação e comercialização de agro
tóxicos, envenenando os aplicadores (agricultores) e os alimentos produzidos, com -
conseqüências ainda mais incontroláveis. (Folha de São Paulo, em 13.12.84)
3.10. FÁBRICA DE AGROTÕXICOS VEM AO BRASIL
A Monsanto Company pretende aplicar no Brasil, no próximo a-
no, cerca de 150 milhões de dólares para fabricação de agrotóxicos. A Monsanto é uma
das 10 maiores empresas mundiais fabricantes de agrotóxicos.
(Gazeta Mercantil, em 18.12.84)
3.11. JAPÃO EMPRESTA MAIS DE 150 MILHÕES DE DÕLARES PARA O CERRADO
0 Secretãrio-Geral do Ministério da Agricultura assinou mais
convênio no Japão, de um empréstimo de 150 milhões de dólares para desenvolvimento do
cerrado. Essa percela, representa a segunda do PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO DO CERRADO,
fase II. (Folha de São Paulo, em 11.12.84)
3.12. INCRA MENTE MAIS UMA VEZ
0 agrônomo José Gomes da Silva, ex-secretário da Agricultura
de São Paulo e ligado a ABRA, declarou que o INCRA mente até na propaganda de que e^
tá fazendo a maior reforma agrária do mundo, pois mesmo em número de títulos (o que
não significa reforma agrária) ele está perdendo para o Japão, pois na época da refor
ma agrária japonesa no pos-guerra, o governo japonês distribuiu mais títulos do que
o governo brasileiro. Desse jeito, o INCRA certamente ganhará o tTtulo de organis-
mo público agrário mais mentiroso do mundo. (Folha de São Paulo, em 01.12.84)
30 de dezembro de 1984