Download - SEMANA DE ARTE MODERNA - UMA VISÃO
ESCRITORES, BOM DIA!
SÉRGIO AUGUSTO DE MUNHOZ PITAKI
8 de abril de 2017
MODERNISMO
SEMANA DE 22
TrovadorismoHumanismo
RenascimentoClassicismo
QuinhentismoBarroco
ArcadismoRomantismo
RealismoNaturalismo
ParnasianismoSimbolismo
Pré-modernismoModernismo
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”Surgindo de um estado de espírito característico, desaparecendo com o aparecimento de outro estado
de espírito característico...”
Wilson Martins, A Ideia Modernista. 2002. pg. 18
Mário de Andrade
TROVADORISMO - SÉCULO XII
Cantiga da Ribeirinha, de Paio Soares Taveirós
No mundo nom me sei parelha,mentre me for como me vai;ca ja moiro por vós, e ai!,mia senhor branca e vermelha,queredes que vos retraiaquando vos eu vi em saia?Mao dia me levantei,que vos entomnom vi feia!
E, mia senhor, desaquelha,me foi a mi mui mal di' ai!E vós, filha de Dom PaiMoniz, en bem vos semelhad' haver eu por vós gabundarvaia?Pois eu, mia senhor, d' alfaianunca de vós houve nem heivalia d'ua correia!”
Nascimento: 20 de julho de 1304, Arezzo, ItáliaFalecimento: 19 de julho de 1374, Arquà Petrarca, ItáliaMagnum opus: Canzoniere
WILLIAM SHAKESPEARE
1564-1616
"Farto de tudo, a paz da morte imploroPara não ver no mérito um pedinteE o nulo se ostentanto sem decoro.E a fé mais pura em degradado acinte,E a honra, que era de ouro, regredida.E a virtude das virgens violadas,E a reta perfeição ser retorcida,E a força pelo fraco subjulgada,E a prepotência amordaçando a arte,E impondo regra o tolo doutoural,E a verdade singela posta à parte,E o bem cativo estar no ativo mal:
Farto de tudo, a morte é o bom caminho,Mas, morto, deixo o meu amor sozinho.”
Gonçalves Dias (1823/1864)
1846
Canção do exílio
Minha terra tem palmeiras,Onde canta o Sabiá;As aves, que aqui gorjeiam,Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas,Nossas várzeas têm mais flores,Nossos bosques têm mais vida,Nossa vida mais amores.
Em cismar, sozinho, à noite,Mais prazer encontro eu lá;Minha terra tem palmeiras,Onde canta o Sabiá.
Minha terra tem primores,Que tais não encontro eu cá;Em cismar — sozinho, à noite —Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,Onde canta o Sabiá.Não permita Deus que eu morra,Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primoresQue não encontro por cá;Sem qu'inda aviste as palmeiras,Onde canta o Sabiá.
ROMANTISMO
Correspondências - Charles Baudelaire (França, 1857)
A natureza é um templo onde vivos pilaresPodem deixar ouvir confusas vozes: e estasFazem o homem passar através de florestasDe símbolos que o vêem com olhos familiares
Como os ecos além confundem seus rumoresNa mais profunda e mais tenebrosa unidade,Tão vasta como a noite e com a claridade,Harmonizam-se os sons, os perfumes e as cores.
Perfumes frescos como carnes de criançaOu oboés de doçura ou verdejantes ermosE outros ricos, triunfais e podres na fragrância
Que possuem a expansão do universo sem termosComo o sândalo, o almíscar, o benjoim e o incensoQue cantam dos sentidos o transporte imenso.
SIMBOLISMO
OLAVO BILAC
AO CORAÇÃO QUE SOFRE
Ao coração que sofre, separadoDo teu, no exílio em que a chorar me vejo,Não basta o afeto simples e sagradoCom que das desventuras me protejo.
Não me basta saber que sou amado,Nem só desejo o teu amor: desejoTer nos braços teu corpo delicado,Ter na boca a doçura de teu beijo.
E as justas ambições que me consomemNão me envergonham: pois maior baixezaNão há que a terra pelo céu trocar;
E mais eleva o coração de um homemSer de homem sempre e, na maior pureza,Ficar na terra e humanamente amar.
PARNASIANISMO
MODERNISMO
ARTE DE AMAR
Se queres sentir a felicidade de amar, esquece a tua alma.
A alma é que estraga o amor.
Só em Deus ela pode encontrar satisfação.
Não noutra alma.
Só em Deus - ou fora do mundo.
As almas são incomunicáveis.
Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo.
Porque os corpos se entendem, mas as almas não.
Manuel Bandeira
PÓS—MODERNISMO
DOIS E DOIS: QUATRO
Como dois e dois são quatrosei que a vida vale a penaembora o pão seja caroe a liberdade pequena
Como teus holos são clarose a tua pele, morena
como é azul o oceanoe a lagoa, serena
como um tempo de alegriapor trás do terror me acena
e a noite carrega o diano seu colo de açucena
- sei que dois e dois são quatro- e a liberdade, pequena
ANITA MALFATTI - 1921-27
MÁRIO RAUL DE MORAIS ANDRADE SP -1893-1945
Mario Raul Moraes de Andrade
foi poeta, escritor, crítico literário, musicólogo, folclorista, ensaísta brasileiro.
Ele foi um dos pioneiros da poesia moderna brasileira com a publicação de seu livro
Pauliceia Desvairada em 1922.
Nascimento: 9 de outubro de 1893, São Paulo, São Paulo
Falecimento: 25 de fevereiro de 1945, São Paulo, São Paulo
1918 1922 1927 1928 1928
1933
1944
1934 1959
1937 1937 1942 1943
LUNDU DO ESCRITOR DIFÍCIL
Eu sou um escritor difícil
Que a muita gente enquizila,
Porém essa culpa é fácil
De se acabar duma vez:
É só tirar a cortina
Que entra luz nesta escuridez.
Cortina de brim caipora,
Com teia caranguejeira
E enfeite ruim de caipira,
Fale fala brasileira
Que você enxerga bonito
Tanta luz nesta capoeira
Tal-e-qual numa gupiara.
Misturo tudo num saco,
Mas gaúcho maranhense
Que pára no Mato Grosso,
Bate este angu de caroço
Ver sopa de caruru;
A vida é mesmo um buraco,
Bobo é quem não é tatu!
Eu sou um escritor difícil,
Porém culpa de quem é!...
Todo difícil é fácil,
Abasta a gente saber.
Bajé, pixé, chué, ôh "xavié"
De tão fácil virou fóssil,
O difícil é aprender!
Virtude de urubutinga
De enxergar tudo de longe!
Não carece vestir tanga
Pra penetrar meu caçanje!
Você sabe o francês "singe"
Mas não sabe o que é guariba?
— Pois é macaco, seu mano,
Que só sabe o que é da estranja.
MÁRIO DE ANDRADE
• “Minhas obras todas na significação verdadeira delas eu as mostro nem mesmo como soluções possíveis e transitórias. São procu
• (MARTINS, 2002, p. 262).
VIAGEM - BRASIL
O Brasil é lindo.
O Brasil é grande.
O Brasil é verde.
Planta-se. Come-se. Bebe-se. Muito
Soja. Trigo. Milho. Café. Cana. Muita.
Palmeiras há. Buritís. Carnaúbas.
Açaís.
O Brasil tem Nerildo e Nerivan.
O Brasil tem menestréis. Tem
Poesia.
O Brasil tem sertão. Inhambú-xintã.
Rouba-se. Corrompe-se. Muito.
Estradas boas em Goiás.
Ceará nem tanto. Nem no Sul.
O Brasil tem pinhão. Moqueca.
O Brasil tem tucupí. Tucunaré.
O Brasil tem jambú. Tacacá.
No final de uma descida íngreme
Tem um rio. E uma ponte.
Na subida tem um céu azul.
O Brasil são brasís.
O Brasil são sotaques.
O Brasil são cores.
Amores. Pernas. E cabeças.
Com jeitos. Maneiras.
Somos iguais.
O Brasil tem rima.
O Brasil tem molejo. Ginga.
O Brasil é Macunaíma.
Sérgio Pitaki
ANITA MALFATTI
SP - 1889-1964
“A BOBA”
O HOMEM AMARELO
ANITA MALFATTI
JOSÉ OSWALD DE SOUSA ANDRADEAntropófago (1890-1954)
1917 - defesa de Anita Malfatti contra as críticas de Monteiro
Lobato em sua coluna no "Jornal do Comércio".
1926 - Casa-se com Tarsila do Amaral em 1926.
1929 - Abalos financeiros com a crise de 29.
1930 - separa-se de Tarsila, casa com a escritora Patrícia Galvão (Pagú)
1930 - 45 - Por influência da companheira, ingressa no P.
Comunista
Desse período são as obras mais significativas de sua carreira, como
"Manifesto Antropófago", "Serafim Ponta Grande" e "O Rei da Vela".
- mudou a gênese das palavras, como a de "deglutição".
- Debochado, irônico e crítico
Rupturas sintáticas, lógicas e fragmentação
Nacionalismo crítico
Em 1924, em Paris, Oswald lança o "Manifesto da Poesia Pau-Brasil".
Deglutição de gêneros
Pronominais
Dê-me um cigarroDiz a gramáticaDo professor e do alunoE do mulato sabidoMas o bom negro e o bom brancoDa Nação BrasileiraDizem todos os diasDeixa disso camaradaMe dá um cigarro.
Oswald de Andrade
Canto de regresso à pátria
Minha terra tem palmaresOnde gorjeia o marOs passarinhos daquiNão cantam como os de láMinha terra tem mais rosasE quase que mais amoresMinha terra tem mais ouroMinha terra tem mais terraOuro terra amor e rosasEu quero tudo de láNão permita Deus que eu morraSem que volte para láNão permita Deus que eu morraSem que volte pra São PauloSem que veja a Rua 15E o progresso de São Paulo.
Oswald de Andrade
Retrato de Oswald de Andrade, 1922
Tarsila do Amaral ( Brasil 1886-1973)
óleo sobre tela
MANUEL CARNEIRO DE SOUZA BANDEIRA FILHO
Recife, 1886; RJ, 1968.
Tuberculoso viveu na Suiça, em Clavadel.
1917 - "Cinzas da Horas”
1919 - "Carnaval"
1922 - Semana de Arte Moderna - “Os sapos"
1924 - "Ritmo Dissoluto"
1930 - "Libertinagem"
1940 - Membro Academia Brasileira de Letras
1946 - Prêmio Nacional de Literatura
Os Sapos
Enfunando os papos,
Saem da penumbra,
Aos pulos, os sapos.
A luz os deslumbra.
Em ronco que aterra,
Berra o sapo-boi:
- "Meu pai foi à guerra!"
- "Não foi!" - "Foi!" - "Não foi!".
O sapo-tanoeiro,
Parnasiano aguado,
Diz:
- Meu cancioneiro
É bem martelado.
Vede como primo
Em comer os hiatos!
Que arte!
E nunca rimo
Os termos cognatos.
O meu verso é bom
Frumento sem joio.
Faço rimas com
Consoantes de apoio.
Vai por cinquenta anos
Que lhes dei a norma:
Reduzi sem danos
A formas a forma.
Clame a saparia
Em críticas cépticas:
Não há mais poesia,
Mas há artes poéticas...
Urra o sapo-boi:
- Meu pai foi rei!
- "Foi!" - "Não foi!"
- "Foi!" - "Não foi!".
Brada em um assomo
O sapo-tanoeiro:
- A grande arte é como
Lavor de joalheiro.
Ou bem de estatuário.
Tudo quanto é belo,
Tudo quanto é vário,
Canta no martelo".
Outros, sapos-pipas (Um mal em si cabe),
Falam pelas tripas,
- "Sei!" - "Não sabe!" - "Sabe!".
Longe dessa grita,
Lá onde mais densa
A noite infinita
Veste a sombra imensa;
Lá, fugido ao mundo,
Sem glória, sem fé,
No perau profundo
E solitário, é
Que soluças tu,
Transido de frio,
Sapo-cururu
Da beira do rio...
“Vou-me embora pra Pasárgada” foi o poema de mais
longa gestação em toda minha obra. Vi pela primeira vez
esse nome de Pasárgada quando tinha os meus dezesseis
anos e foi num autor grego.
Esse nome de Pasárgada, que significa “campo dos persas”,
suscitou na minha imaginação uma paisagem fabulosa, um
país de delícias.
Mais de vinte anos depois, quando eu morava só na minha
casa da Rua do Curvelo, num momento de fundo
desânimo, da mais aguda doença, saltou-me de súbito do
subconsciente esse grito estapafúrdio:
“Vou-me embora pra Pasárgada!”.
Manuel Bandeira
VICTOR BRECHERET
Fernese, It - 1884; SP 1955
"Monumento às Bandeiras"Maquete - 1920; Inauguração - 1953
"Foi sua arte magnífica que abriu os nossos cérebros, (...) criando entre nós uma arte forte, liberta,
espontânea.” Menotti del Pichia
CÂNDIDO PORTINARI
GRAÇA ARANHA
São Luiz do Maranhão -1868Rio de Janeiro -1931
“Se a Academia se desvia desse movimento regenerador,
se a Academia não se renova, morra a Academia!
A Academia Brasileira morreu para mim,
como também não existe para o pensamento e
para a vida atual do Brasil.
Se fui incoerente aí entrando e permanecendo,
separo-me da Academia pela coerência.”
“Espírito Moderno” - 1924
MUITO OBRIGADO
SÉRGIO AUGUSTO DE MUNHOZ PITAKI
CADEIRA No. 27
ACADEMIA PARANAENSE DE POESIA