UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
ESCOLA DE EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTE
Stéphano Freitas Soares Melo
Seleção de microRNA e Proteína Alvo Envolvidos com a Função Cardíaca de Ratos Infartados em Resposta ao
Treinamento Aeróbico
SÃO PAULO
2014
STÉPHANO FREITAS SOARES MELO
Seleção de microRNA e Proteína Alvo Envolvidos com a Função Cardíaca de Ratos Infartados em Resposta ao
Treinamento Aeróbico
VERSÃO CORRIGIDA
(O original se encontra disponível na biblioteca da EEFE)
Tese Apresentada à Escola de
Educação Física e Esporte da
Universidade de São Paulo, como
requisito parcial para obtenção do
grau de Doutor em Educação Física.
Aréa de Concetração: Biodinâmica do
Movimento Humano.
Orientador: Professora Dra. Edilamar
Menezes de Oliveira
SÃO PAULO
2014
Melo, Stéphano Freitas Soares
Seleção de microRNA e proteína alvo envolvidos com função
cardíaca de ratos infartados em resposta ao treinamento aeróbico /
Stéphano Freitas Soares de Melo. – São Paulo : [s.n.], 2014.
111p.
Tese (Doutorado) - Escola de Educação Física e Esporte
da Universidade de São Paulo.
Orientadora: Profa. Dra. Edilamar Menezes de Oliveira
1. Bioquímica 2. Treinamento físico I. Título.
i
AGRADECIMENTOS
Meu maior agradecimento é à Deus que me deu uma grande oportunidade de
estar realizando o sonho de cursar o Doutorado na Universidade de São Paulo e
poder estar vivendo com saúde. Com fé em Deus tudo tem se tornado muito mais
fácil. MUITO OBRIGADO....
Agradeço aos meus país Maria do céu e José e minha irmã Ludmila que estiveram
do meu lado, durante todo este tempo e que mesmo longe sempre conseguiram
dar apoio e AMOR.
Agradeço à Priscila Ferro Ferraz que preencheu minha vida de alegria e felicidade.
Amo muito você....
Sou muito grato a professora Edilamar pela oportunidade que me deu de ser seu
aluno de Doutorado. Obrigado pela paciência, ensinamentos, motivação e toda
ajuda que sempre recebi. Obrigado por tudo.
Agradeço a professora Taís Tinucci com quem muito apreendi.
Agradeço a valiosa ajuda e apoio dos alunos do laboratório de bioquímica da
atividade motora e biologia molecular do exercício Tiago Fernandes, Clara
Nóbrega, Vander, Ursula Soci e Cléber René e Natan Silva que muito me
ajudaram para realização de todas as etapas do Doutorado.
Agradeço aos funcionários Glória Fátima Motta, Katt Mattos, Marcele Coelho,
Luciano Lopes, da EEFE que com o valioso trabalho tornaram tudo isso possível.
ii
Aos professores e funcionários da Universidade Federal de Viçosa em especial ao
professor Antonio José Natali com quem muito aprendi e que sempre tive bons
exemplos.
Ao professor Paulo Roberto Santos Amorim meu primeiro orientador com quem
dei meus primeiros passos e me fez despertar para a vida acadêmica,
eternamente grato....
À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, pela concessão da
bolsa de doutorado e pelo apoio financeiro para a realização desta pesquisa.
À Escola de Educação Física e Esporte
À Universidade de São Paulo
Obrigado.....
iii
SUMÁRIO
Página
AGRADECIMENTOS............................................................................. i
LISTA DE TABELAS.............................................................................. Viii
LISTA DE FIGURAS.............................................................................. ix
LISTA DE SIGLAS, ABREVIAÇÕES E SÍMBOLOS.............................. xii
RESUMO............................................................................................... xiv
ABSTRACT............................................................................................ xvi
1 INTRODUÇÃO....................................................................................... 1
2 REVISÃO DA LITERATURA................................................................. 4
2.1 Infarto do Miocárdio............................................................................... 4
2.2 Modelo de Infarto do Miocárdio em Animais......................................... 5
2.3 Treinamento Físico e Adaptações Cardiovasculares............................ 6
2.4 Treinamento Físico e Infarto do Miocárdio............................................ 12
2.5 microRNAs............................................................................................. 15
2.6 Localização dos microRNAs.................................................................. 16
2.7 Biogênese dos microRNAs.................................................................... 17
2.8 Mecanismo de Ação dos microRNAs.................................................... 18
2.9 microRNA e Coração............................................................................. 20
2.10 microRNA e Infarto do Miocárdio........................................................... 22
2.11 microRNA no Coração de Animais Submetidos ao Exercício............... 25
2.12 Validação dos mRNA alvos de microRNA............................................. 26
iv
2.13 Modulação da Ação de microRNA......................................................... 27
2.14 Métodos de Entrega dos Vetores Virais................................................ 28
2.15 Injeção Direta no Miocárdio................................................................... 28
2.16 Métodos de Entrega Intravascular......................................................... 29
3 JUSTIFICATIVA..................................................................................... 30
4 OBJETIVOS........................................................................................... 31
4.1 Geral...................................................................................................... 31
4.2 Específicos............................................................................................ 31
5 MATERIAL E MÉTODOS...................................................................... 34
5.1 Animais Experimentais.......................................................................... 34
5.2 Protocolo de Cirurgia Cardíaca para Indução do Infarto do Miocárdio. 35
5.3 Avaliação da Morfometria e Função Ventricular................................... 35
5.4 Tamanho do Infarto do Miocárdio......................................................... 37
5.5 Protocolo de Treinamento Físico Aeróbico........................................... 38
5.6 Avaliação do Consumo Máximo de Oxigênio........................................ 39
5.7 Índice Hipertrofia Cardíaca.................................................................... 40
5.8 Extração de RNA Total.......................................................................... 40
5.9 Cleanup para Microarray....................................................................... 41
5.10 MicroRNA Microarrays.......................................................................... 41
5.11 Microarrays............................................................................................ 41
5.12 Real Time-PCR..................................................................................... 42
5.13 Western blotting..................................................................................... 43
v
5.14 Análise Quantitativa de Fibras de Colágeno no Miocárdio................... 43
5.15 Imagem Histológica do Tamanho do Infarto......................................... 44
5.16 Determinação da Hidroxiprolina............................................................ 45
5.17 Medida da Atividade da Ca2+-ATPase................................................... 46
5.29 Análise dos Dados................................................................................ 54
6 RESULTADOS...................................................................................... 55
6.1 Massa Corporal..................................................................................... 55
6.2 Hipertrofia Cardíaca.............................................................................. 56
6.3 Medida do Consumo de Oxigênio......................................................... 56
6.4 Medidas Ecocardiográficas................................................................... 57
6.5 Expressão do MicroRNA-29a................................................................ 60
6.6 Expressão do MicroRNA-29b................................................................ 62
6.7 Expressão do MicroRNA-29c................................................................ 64
6.8 Expressão do Colágeno IAI e IIIAI........................................................ 66
6.9 Análise Quantitativa das Fibras de Colágeno....................................... 70
6.10 Análise Quantitativa de Hidroxiprolina.................................................. 71
6.16 Expressão do MicroRNA-1 e do MicroRNA-214................................... 79
6.17 Expressão Protéica do NCX e da Serca2............................................. 81
6.18 Medida da Atividade da Ca2+-ATPase................................................... 82
6.19 Micrornas selecionados......................................................................... 84
6.20 Confirmação da Expressão do MicroRNA 122...................................... 86
6.21 Confirmação da Expressão do Microrna-206........................................ 87
vi
6.22 Confirmação da Expressão do Microrna-18a........................................ 88
6.23 Confirmação da Expressão do Microrna-339-5p................................... 89
6.24 Escolha do microRNA-339-5p e dos Alvos do microRNA-339-5p........ 90
6.25 Expressão Protéica da Myo1c e do PGC-1 β........................................ 91
7 DISCUSSÃO......................................................................................... 93
7.1 Massa Corporal..................................................................................... 93
7.2 Hipertrofia Cardíaca.............................................................................. 94
7.3 Medida do Consumo de Oxigênio......................................................... 95
7.4 Medidas Ecocardiográficas................................................................... 96
7.5 Expressão dos MicroRNAs-29a/b/c, COLIA, COLIIIAI, (OH-prolina) e
da FVC.................................................................................................. 98
8 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA........................................................... 108
9 ANEXO 1............................................................................................... 109
9.1 Mudanças no Projeto Inicial.................................................................. 109
9.2 Aprendizagem da Técnica de Aplicação de Vetores Virais in vivo.......
9.3 Tratamento in vivo................................................................................
9.4 Preparação do Vetor Viral para Transfecção........................................
9.5 Transformação de Bactérias Eletro Competentes................................
9.6 Pré Inóculo e Inoculo.............................................................................
9.7 Maxi Prep..............................................................................................
9.8 Produção do vetor lentiviral do microRNA-29c.....................................
9.9 Plaqueamento.......................................................................................
vii
9.10 Transfecção do Vetor Lentiviral.............................................................
9.11 Protocolo de Titulação dos Lentivírus...................................................
9.12 Cirurgia e Transfecção in vivo do Vetor Lentiviral no Coração.............
9.13 Titulação................................................................................................ 73
9.14 Expressão de Green Fluorescent Protein em Fígado e Coração de
Ratos SHR............................................................................................. 73
9.15 Expressão do MicroRNA-29c por Real Time-PCR no Ventrículo
Esquerdo............................................................................................... 75
9.16 Expressão Gênica do Colágeno do tipo I no Ventrículo Esquerdo....... 77
9.17 Concentração de Hidroxiprolina Cardíaca............................................. 78
10 ANEXO 2.............................................................................................. 1
10.1 Artigo Publicado na Revista Cellular Physiology and Biochemistry...... 1
viii
LISTA DE TABELAS
Página
TABELA 1 Massa Corporal no Dia do Procedimento Cirúrgico, Pré e Pós o Protocolo de TF de Dez Semanas..........................................
55
TABELA 2 Morfometria e Índices de Função Sistólica e Diastólica Obtidos pelo Exame Ecocardiográfico.......................................
59
TABELA 3
19 MicroRNAs selecionados com base nos critérios: Expressão do grupo SED-IM >SED-SHAM, TR-SHAM < SED-SHAM e TR-INF < SED-INF. Exclusão dos microRNAs que apresentavam expressão menor do que 2 U.A. Diferença do grupo TR-SHAM para o grupo SED-SHAM menor do que 1 U.A.............................................................................................
85
TABELA 4
13 MicroRNAs selecionados com base nos critérios: Expressão do grupo SED-IM <SED-SHAM, TR-SHAM > SED-SHAM e TR-INF > SED-INF. Exclusão dos microRNAs que apresentavam expressão menor do que 2 U.A. Diferença do grupo TR-SHAM para o grupo SED-SHAM menor do que 1 U.A.............................................................................................
86
ix
LISTA DE FIGURAS
Página
FIGURA 1 Desenho experimental............................................................... 34
FIGURA 2 Visualização do VE (corte transversal) realizado pelo modo M. 36
FIGURA 3 Pelo método bidimensional foi feita a avaliação do fluxo mitral através do Doppler....................................................................
37
FIGURA 4 Visão esquemática do protocolo de TF de natação para ratos. 38
FIGURA 5 Aparato de TF de natação para ratos........................................ 38
FIGURA 6 Hipertrofia cardíaca dada pela relação do VE/MC (mg/g), pré e pós o protocolo de TF de dez semanas.................................
56
FIGURA 7 O consumo máximo de oxigênio após o protocolo de TF de dez semanas.............................................................................
57
FIGURA 8 Expressão do microRNA-29a na região infartada (A), na borda da região infartada (B) e na região remanescente ao infarto (C) realizada por real-time PCR.....................................
61
FIGURA 9 Expressão de microRNA-29b na região infartada (A), na borda da região infartada (B) e na região remanescente ao infarto (C) realizada por real-time PCR. ...................................
63
FIGURA 10 Expressão do microRNA-29c na região infartada (A), na borda da região infartada (B) e na região remanescente ao infarto (C) realizada por real-time PCR................................................
65
FIGURA 11 Expressão do colágeno (COLIAI) na região infartada (A), na borda da região infartada (B) e na região remanescente ao infarto (C) realizada por real-time PCR.....................................
67
FIGURA 12 Expressão do colágeno (COLIAIII) na região infartada (A), na borda da região infartada (B) e na região remanescente ao infarto (C) realizada por real-time PCR.....................................
69
FIGURA 13 Cortes histológicos representativos da região infartada do miocárdio (A). Os painéis mostram as fibras de colágeno na região infartada e na RM dos grupos SED-INF e TR-INF (n = 7, por grupo) (B). Análise quantitativa das fibras de colágeno
71
x
no miocárdio (C). ......................................................................
FIGURA 14 Quantificação de colágeno a partir da concentração(mg/g) de hidroxiprolina (OH-prolina) na região infartada (A), na borda da região infartada (B) e na região remanescente ao infarto (C) realizada por real-time PCR. ..............................................
72
FIGURA 15 Expressão do microRNA-1 (A) e microRNA-214 (B) realizado por PCR em tempo real.............................................................
80
FIGURA 16 Expressão protéica do NCX (A) e da SERCA2 (B) por western blot. ...........................................................................................
81
FIGURA 17 A atividade da cálcio ATPase da membrana plasmática (PMCA) mais a atividade da cálcio ATPase do retículo sarcoplasmático (SERCA 2a). ..................................................
83
FIGURA 18 A atividade da cálcio ATPase da membrana plasmática (PMCA)(A) e a atividade da cálcio ATPase do retículo endoplasmático (SERCA 2a) (B)...............................................
84
FIGURA 19 Expressão do microRNA-122 realizado por PCR em tempo real.............................................................................................
87
FIGURA 20 Expressão do microRNA 206 realizado por PCR em tempo real.............................................................................................
88
FIGURA 21 Expressão do microRNA 18a realizado por PCR em tempo real.............................................................................................
89
FIGURA 22 Expressão do microRNA 339-5p realizado por PCR em tempo real.............................................................................................
90
FIGURA 23 Expressão protéica da Myo1c (A) e do PGC-1 β (B) por western blot 92
FIGURA 24 Desenho experimental............................................................... 46
FIGURA 25 Histologia do VE após o procedimento de injeção com 200µL de azul de metileno. A. primeira técnica. B segunda técnica....
49
FIGURA 26 Curva padrão para a titulação de lentivírus............................... 73
FIGURA 27 Expressão proteica de GFP em coração de SHR tratados com 74
xi
pré-miR-29c por Western Blott em unidades arbitrárias (U.A.).
FIGURA 28 Expressão proteica de GFP em fígado de SHR por Western Blott em unidades arbitrárias (U.A.) em SHR tratados com o pré-miR-29c. .............................................................................
75
FIGURA 29 Expressão do microRNA-29c realizada por reação de PCR em tempo real............................................................................
76
FIGURA 30 Expressão do microRNA-29c realizada por reação de PCR em tempo real. ..........................................................................
76
FIGURA 31 Expressão relativa do colágeno COLIAI (alvo do mir-29c), realizado por PCR em tempo real.............................................
77
FIGURA 32 Expressão gênica relativa do colágeno COLIAI (alvo do miR-29c) realizado por PCR em tempo real. ..................................
78
FIGURA 33 Conteúdo total de colágeno em cardiomiócitos avaliado pela quantificação da concentração da Hidroxiprolina (OH-Pro -mg/g) em SHR tratados com pré-miR-29c................................
78
xii
LISTA DE SIGLAS, ABREVIAÇÕES E SÍMBOLOS
IM......................... Infarto do Miocárdio
TF......................... Treinamento Físico
VE........................ Ventrículo Esquerdo
VO2max.................. Consumo Máximo de Oxigênio
SERCA-2A............ ATPase do Retículo Sarcoplasmático
NCX....................... Trocador Na+/ Ca2+
GLUT 4.................. Transportador de Glicose 4
PGC-1.................... Peroxissoma Proliferador Activator Receptor Coactivator-1
COL IAIII IAI .......... Colágeno I e III
PMCA..................... Cálcio ATPase da Membrana Plasmática
ATP ....................... Adenosina Trifosfato
ADP........................ Adenosina Difosfato
AMP........................ Adenosina Monofosfato
PI(3)K...................... Fosfoinositideo 3 Quinase
Myo1c...................... Miosina 1C
Lin4 ......................... Linhagem Deficiente 4
DGCR8……………... DiGeorge syndrome critical region gene 8
xiii
MCP......................... Miosina de Cadeia Pesada
Akt............................ Proteina Quinase B
%FEAT..................... Fração de Encurtamento da Área Transversal
FVC.......................... Fração Volumétrica de Colágeno
OH-prolina................ Concentração de hidroxiprolina
MC........................... Massa Corporal
RM........................... Região Remanescente ao Infarto
BR............................ Borda do Infarto
RI............................. Região do Infarto
xiv
RESUMO
MELO, S. F. S. Seleção de microRNA e proteína alvo envolvidos com a função cardíaca de ratos infartados em resposta ao treinamento aeróbico . 2014.120 f. Tese (Doutorado) - Escola de Educação Física e Esporte, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2014.
O infarto do miocárdio (IM) é uma patologia causada pela obstrução parcial
ou total das artérias coronárias responsáveis pela irrigação do miocárdio. Sabe-se
que logo após o IM, o treinamento físico (TF) promove melhora e adaptações
benéficas ao sistema cardiovascular. O objetivo do presente estudo foi traçar o
perfil de microRNAs na área remanescente ao IM de ratos submetidos ou não ao
TF através da técnica de microarray, selecionar e confirmar a expressão de um
microRNA específico, por programas de bioinformática que tenha alvos que
possam estar envolvidos com a melhora da função cardíaca com o TF. Também
foi objetivo deste estudo, verificar a expressão do microRNA-1, do microRNA-29 e
do microRNA-214 e dos respectivos alvos destes microRNAs, como o colágeno,
NCX e SERCA2a. Para isso, ratos Wistar foram divididos em quatro grupos:
SEDENTÁRIO SHAM (SED-SHAM), SEDENTÁRIO INFARTADO (SED-IM),
TREINADO SHAM (TR-SHAM) e TREINADO INFARTADO (TR-IM). A função
ventricular foi acompanhada com ecocardiografia antes e após oito semanas do
protocolo de TF de natação. Os animais foram sacrificados, o RNA foi extraído e
posteriormente foi traçado o perfil de microRNAs. Para seleção dos microRNAs
foram estipulados dois padrões de expressão entre os grupos. De acordo com os
critérios aplicados foram observados, apenas 6 microRNAs para o primeiro padrão
de expressão e 3 microRNAs para o segundo padrão de expressão que
satisfizeram todos os critérios. O microRNA-339-5p foi escolhido por apresentar
expressão diferencial pronunciada como efeito do TF por ter dois genes (alvos
selecionados por programas de bioinformática TargetScan, Miranda e PicTar), o
Myo1c e o PGC-1 β, que estão envolvidos com a regulação da função cardíaca.
Neste estudo, foi possível verificar que nos grupos TR-SHAM e TR-IM ocorreu
aumento da expressão da Myo1c e redução da expressão do microRNA-339-5p.
Nossos resultados também mostraram que o TF induziu aumento na expressão
xv
dos microRNAs-29a/c, o que está relacionado com significativa diminuição na
expressão gênica do COLIAI, COLIIIAI, diminuição na concentração de
hidroxiprolina e fração volumétrica de colágeno de ratos com IM. Outro resultado
deste estudo é que o TF induziu diminuição na expressão dos microRNAs-1 e 214,
o que está relacionado com aumento na expressão protéica dos alvos SERCA-2a
e NCX de ratos com IM. Esses efeitos estão associados com a melhora da função
ventricular avaliada pela FEAT% (função sistólica) e pela relação E/A (função
diastólica), realizado por avaliação ecocardiográfica após o período de TF.
Palavras-chave: microRNA, infarto do miocárdio, treinamento físico, contratilidade
cardíaca.
xvi
ABSTRACT
MELO, S. F. S. Selection of microRNA and target protein involved i n cardiac function in infarcted rats in response to aerobic t raining. 2014.120 f. Tese (Doutorado) - Escola de Educação Física e Esporte, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2014.
Myocardial infarction (MI) is a disease caused by partial or total blockage of the
myocardial coronary arteries. It is known that after MI, physical training (PT)
improves and promotes beneficial adaptations to the cardiovascular system. The
aim of this study was to analyse the microRNAs profile in the remaining area to MI
in rats submitted to PT by microarray and select a specific microRNA by
bioinformatics software that has targets involved with the improvement of cardiac
function by PT. Also, the aim of this study was to verify the expression of the
microRNA-1, microRNA-29 and microRNA-214 and its targets, such as collagen,
NCX and SERCA2a. For this, rats were divided into four groups: SEDENTARY
SHAM (SHAM - SED), INFARCTED SEDENTARY (SED-MI), TRAINED SHAM
(TR-SHAM) and INFARCTED TRAINED (TR-IM). Ventricular function was
monitored with echocardiography before and after eight weeks of the PT. The
animals were sacrificed, the RNA was extracted and traced the profile of
microRNAs. For selection of microRNAs were stipulated two patterns of expression
between the groups. The first standard, 6 microRNAs were selected and in the
second standard, 3 microRNAs were selected to satisfy all criteria. The microRNA-
339-5p was chosen because of pronounced differential expression with PT and
have two target genes selected by bioinformatics programs (TargetScan, Miranda
and PicTar) Myo1c and the PGC-1 β are involved in the regulation of cardiac
function. In this study, we found that the SHAM group and the group with MI
undergoing PT increased expression of Myo1c in contrast to a decreased
expression of microRNA-339- 5p. Our results also showed that PT induced
increased expression of microRNA-29a/c, which is associated with a significant
decrease in gene expression of COLIAI, COLIIIAI, the hydroxyproline
xvii
concentration and collagen volume fraction of rats with MI. Another result of this
study is that the PT induced decrease in the expression of microRNA-1 and
microRNA-214, which is related to the increase in protein expression of the targets
SERCA-2a and NCX of rats with MI. These effects are associated with improved
ventricular function assessed by FEAT % (systolic function) and E/A ratio (diastolic
function), performed by echocardiography after the period of PT.
Keywords: microRNA, myocardial infarction, physical training, cardiac contractility.
.
1. INTRODUÇÃO
O infarto do miocárdio (IM) é uma patologia causada pela obstrução parcial
ou total das artérias responsáveis pela irrigação do miocárdio. Quando o fluxo
nestas artérias é obstruído, uma parte do tecido cardíaco deixa de receber
oxigênio e nutrientes. Este evento está relacionado à morte de parte do miocárdio,
que leva a um quadro de remodelamento para restauração da função cardíaca.
Posteriormente o remodelamento torna-se inadequado e, gradualmente, leva à
descompensação progressiva, que está associada a mau prognóstico (WISLOFF
et al., 2002; DAYAN et al., 2005).
Vários fatores estão associados ao IM, por exemplo: a dislipidemia,
tabagismo, obesidade, hipertensão arterial, diabetes e inatividade física (BLAIR;
OBERMAN, 1987; BLAIR; COOPER, 1997).
O IM persiste como importante causa de mortalidade, apesar dos avanços
tanto no tratamento como na prevenção dessa condição, acarretando grandes
custos aos sistemas de saúde. As doenças isquêmicas do coração representam
30% do total das mortes por doenças cardiovasculares nos países ocidentais
(ROSAMOND et al., 2007). No Brasil, dados preliminares de 2010 apontam para
99.408 mil óbitos que tiveram como causa a doença isquêmica do coração
(DATASUS, 2012). A morbidade por doenças isquêmicas do coração também
acarreta um elevado custo para os cofres públicos. De 1993 a 1997, essas
doenças foram responsáveis por 1% de todas as internações e 3,3% dos gastos
do Sistema Único de Saúde (LAURENTI et al., 2000).
Sabe-se que o IM causa a perda, prejuízo da contratilidade e hipertrofia dos
cardiomiócitos, além da diminuição da espessura da parede do ventrículo,
modificação da matriz extracelular e alterações metabólicas. Essas alterações
promovem um rearranjo compensatório no miocárdio ao atingir três regiões
morfológicas e molecularmente distintas: região infartada, região da borda do IM e
região remota do IM, (JACKSON et al., 2005). Diante disso, diferentes estratégias
terapêuticas almejam modular vários processos cardíacos como contratilidade,
metabolismo, apoptose, angiogênese, formação de fibrose e controle da
hipertrofia, com o objetivo de reverter ou prevenir danos nas diferentes regiões do
2
coração infartado (DONAHUE, 2004; ANGHEL; POGWIZD, 2007; PALANIYANDI
et al., 2011).
Nas últimas décadas houve um número de pesquisadores que se
dedicaram a entender os efeitos metabólicos, autonômicos e estruturais do
treinamento físico (TF), promovidos no sistema cardiovascular em diversas
patologias, dentre elas o IM, levando os pesquisadores a sugerir o TF como
conduta não farmacológica importante no tratamento (WISLOFF et al., 2002;
BATISTA et al., 2007; ROLIM et al., 2007; MEDEIROS et al., 2008).
Os mecanismos centrais pelos quais o exercício melhora os sintomas
clínicos em pacientes após o IM tem sido objeto de diversas investigações. Alguns
estudos têm demonstrado que o TF promove melhora na função cardíaca (BLAIR;
COOPER., 1970; BLOMQVIST; SALTIN.,1983; JORGE et al., 2010) e atenua a
dilatação do ventrículo esquerdo (VE) em animais com grandes IM (ORENSTEIN
et al., 1995). No entanto, muito dos mecanismos moleculares que são
responsáveis pelos efeitos benéficos do exercício físico sobre a função e o
remodelamento miocárdico após o IM permanecem a ser elucidados.
Dentre inúmeros trabalhos publicados para investigar os mecanismos
celulares e bioquímicos responsáveis pelos benefícios do exercício físico, em
situações patológicas e fisiológicas, promovidos no sistema cardiovascular, o
grupo de pesquisadores orientados por Wisloff et al. (2002) demonstrou que ratos
submetidos ao TF intervalado alternados entre 8 min a 85-90% do VO2max
(consumo máximo de oxigênio) e a 2 min em 50-60% do VO2max, após quatro
semanas da ligadura da artéria coronária esquerda apresentaram a hipertrofia
miocárdica atenuada e melhora na função contrátil dos miócitos, com o aumento
na expressão da ATPase do retículo sarcoplasmático (SERCA-2a) e na
sensibilidade dos miofilamentos ao Ca2+. Os resultados encontrados por Song et
al. (2004), também demonstram melhora da contratilidade do miócito de animais
com IM submetidos ao TF intervalado após 2 semanas da ligadura da artéria
coronariana, assim como o restabelecimento da expressão de proteínas cardíacas
como a SERCA-2a e o aumento na expressão do trocador Na+/ Ca2+(NCX), os
quais regulam o transiente de cálcio.
3
Em resposta ao IM o VE também sofre mudanças metabólicas. A oxidação
de ácidos graxos é diminuída e o metabolismo de glicose é aumentado (CZECH;
CORVERA, 1999; SALTIEL; KAHN, 2001; DAVILA-ROMAN et al., 2002).
Masamura et al, 2003 analisou a expressão do GLUT 4 em duas diferentes
regiões do coração infartado. Os autores observaram que a expressão do GLUT 4,
após 4 semanas estava aumentada na região da borda e diminuída na região
remanescente ao infarto, demostrando que o metabolismo é alterado,
diferentemente nas regiões do coração após o infarto do miocárdio. Da mesma
forma que o exercício tende a restabelecer a expressão de proteínas envolvidadas
com a contratilidade, o exercício promove uma reexpressão de proteína como a
peroxissoma proliferador activator receptor coactivator-1 (PGC-1) responsável
pela oxidação de ácidos graxos e também maior expressão e traslocação do
GLUT 4 o qual é importante no metabolismo glicolítico.
Para melhor compreensão dos mecanismos moleculares envolvidos com os
benefícios do TF no sistema cardiovascular, novos aspectos têm sido alvos de
investigação, como a influência da expressão de microRNAs no processo da
regulação gênica (CHEN, 2008; VAN ROOIJ, 2010; VAN ROOIJ, 2011; MAGNY et
al., 2013; NELSON et al., 2014). Nosso grupo publicou o primeiro trabalho na
literatura com TF de natação em animais, demonstrando que a expressão do
microRNA-29 é acompanhado por melhora na complacência ventricular e isto foi
estreitamente relacionada com a diminuição da expressão gênica e proteica de
colágeno I e III no coração (SOCI et al., 2011). O que é interessante, uma vez que
pode ser um provável mecanismo para explicar a diminuição do colágeno no VE e
a melhora da função cardíaca, após o IM de animais submetidos ao TF.
Recentemente, o trabalho publicado pela Van Rooij et al. (2008), foi o
primeiro a investigar o perfil de expressão dos microRNAs no coração de ratos
infartados. Posteriormente, ao trabalho desse grupo, vários trabalhos investigaram
a expressão de microRNA em diferentes regiões do coração de animais
submetidos ao infarto do miocárdio, comparando o perfil de expressão em
diferentes estágios após a realização do IM (PORT et al.,2011; SHI et al., 2010 ;
DONG et al., 2009).
4
Ainda não existem estudos relacionando os efeitos do TF sobre o perfil de
microRNAs expressos no coração de animais infartados. Desta forma, a utilização
das técnicas de biologia molecular associada à utilização de modelos
experimentais podem permitir que aspectos fundamentais da regulação dos
diversos mecanismos envolvidos na melhora da função contrátil com exercício
físico possam ser bem compreendidos e utilizados para modular a expressão de
genes com o intuito de melhorar a contratilidade cardíaca e interromper a
progressão ou reverter o quadro do IM.
5
2. REVISÃO DA LITERATURA 2.1 Infarto do Miocárdio
O infarto do miocárdio (IM) é uma patologia causada pela obstrução parcial
ou total das artérias responsáveis pela irrigação do miocárdio. Quando o fluxo
nestas artérias é obstruído, uma parte do tecido cardíaco deixa de receber
oxigênio e nutrientes. Este evento está relacionado à morte de parte do miocárdio,
que leva a um quadro de remodelamento para restauração da função cardíaca.
Posteriormente o remodelamento torna-se inadequado e, gradualmente, leva à
descompensação progressiva, que está associada a mau prognóstico (WISLOFF
et al., 2002; DAYAN et al., 2005).
O IM persiste como importante causa de mortalidade, apesar dos avanços
tanto no tratamento como na prevenção dessa condição, acarretando grandes
custos aos sistemas de saúde. As doenças isquêmicas do coração representam
30% do total das mortes por doenças cardiovasculares nos países ocidentais
(ROSAMOND et al., 2007). No Brasil, dados preliminares de 2010 apontam para
99.408 mil óbitos que tiveram como causa a doença isquêmica do coração
(DATASUS, 2012). A morbidade por doenças isquêmicas do coração também
acarreta um elevado custo para os cofres públicos. De 1993 a 1997, essas
doenças foram responsáveis por 1% de todas as internações e 3,3% dos gastos
do Sistema Único de Saúde (LAURENTI et al., 2000).
Sabe-se que o IM causa a perda, prejuízo da contratilidade e hipertrofia dos
cardiomiócitos, além da diminuição da espessura da parede do ventrículo,
modificação da matriz extracelular e alterações metabólicas. Essas alterações
metabólicas promovem um rearranjo compensatório no miocárdio ao atingir três
regiões morfológicas e molecularmente distintas: região infartada, região da borda
do IM e região remota do IM, (JACKSON et al., 2005). Diante disso, diferentes
estratégias terapêuticas almejam modular vários processos cardíacos como
contratilidade, metabolismo, apoptose, angiogênese, formação de fibrose e
controle da hipertrofia, com o objetivo de reverter ou prevenir danos nas diferentes
regiões do coração infartado (DONAHUE, 2004; POGWIZD, 2007; PALANIYANDI
et al., 2011).
6
Desta forma, estudos que visem aprofundar o conhecimento dos
mecanismos moleculares envovidos nesta patologia, tanto em humanos como
modelos experimentais podem contribuir significativamente para o
desenvovimento de novas terapias e tramentos, que resultem em diminuição de
recursos financeiros públicos para o tratamento destes pacientes.
2.2 Modelo de Infarto do Miocárdio em Animais
O emprego de modelo experimental do IM em animais foi descrito há
décadas por Johns e Olson (1954). Entre as várias espécies estudadas, há
preferência pela utilização de ratos devido à facilidade para realizar a cirurgia
de oclusão da artéria coronária, além do baixo custo na aquisição e
manutenção dos animais (JOHNS; OLSON, 1954; FISHBEIN et al., 1978b). A
caracterização e a sequência de eventos histológicos obtidos após a produção
cirúrgica do IM em ratos já foram descritas (FISHBEIN et al., 1978b; SPADARO
et al., 1980). O comportamento hemodinâmico na fase crônica do IM, tanto em
condição basal, como em ratos submetidos à sobrecarga de pressão ou de
volume foi relatado por Fishbein et al. (1978a).
A oclusão da artéria coronária interventricular anterior é a estratégia mais
frequentemente aplicada para a produção do IM (JOHNS; OLSON, 1954;
GAUDRON et al., 1994; TUCCI, 2010). No entanto, apesar do processo
fisiopatológico que se estabelece nos roedores após ligadura da coronária ser útil
para analisar o remodelamento que ocorre no músculo cardíaco remanescente,
ele não guarda analogia com as síndromes coronárias humanas. Faltam ao
modelo as lesões arteriais que conferem perfil próprio a coronariopatia de
humanos: arritmias, isquemias transitórias e reincidências de oclusão coronária,
inexistentes no animal de experimentação (TUCCI, 2010).
A grande variabilidade no que se refere à mortalidade nas primeiras 24
horas após a oclusão da coronária chama atenção neste modelo. Os limites de
mortalidade descritos na literatura na fase imediata à oclusão coronária variam do
valor mais baixo de 13% até o máximo de 65%. Além disso, a variação no
tamanho do IM resultante, também pode ou não evoluir com aumento da pressão
7
diastólica final do VE e insuficiência cardíaca congestiva, dependendo da
extensão da lesão miocárdica secundária à oclusão coronariana (GAUDRON,
et al., 1994; TUCCI, 2010).
O eletrocardiograma e o ecocardiograma são métodos não invasivos
capazes de identificar a área de necrose ou cicatricial em coração de ratos
submetidos a oclusão da artéria coronária. O ecocardiograma possibilita
caracterizar a presença e o tamanho do IM com muito boa sensibilidade, mesmo
em períodos precoces como dois dias após promover a necrose, além de informar
sobre a função ventricular (SANTOS et al., 2009).
2.3 Treinamento Físico e Adaptações Cardiovasculares
O exercício físico dinâmico regular produz vários efeitos benéficos sobre o
músculo esquelético e o músculo cardíaco, além dos efeitos sobre a circulação
coronariana e periférica. Essas adaptações fisiológicas dependem da quantidade
de TF, que é determinada pelo volume (tempo de TF), intensidade (grau de carga
de TF) e freqüência (número de sessões de treinamento em um determinado
espaço de tempo) de TF (DICKHUTH, et al., 1983). A combinação adequada
desses fatores somada as características da espécie são determinantes para o
melhor desenvolvimento das adaptações fisiológicas. Essas adaptações já estão
bem descritas na literatura com exercício físico aeróbico como corrida e natação,
tanto em humanos (HOLLOSZY; BOOTH, 1976; BLOMQVIST; SALTIN, 1983)
como em animais (SCHAIBLE; SCHEUER, 1979).
Diversos estudos mostram que o TF aeróbico diminui a frequência cardíaca
(FC) tanto de repouso como em cargas submáximas (KEUL et al., 1982;
STRATTON, et al., 1994). Isso é um indicativo de que para uma mesma carga de
trabalho, há menor gasto energético pelo coração, ocorrendo, portanto, uma
melhora na eficiência deste órgão. Alterações estruturais e hemodinâmicas
participam desse processo (KANAKIS; HICKSON, 1980).
Estruturalmente, o aumento da massa muscular do miocárdio,
principalmente do VE, com aumento do volume diastólico final, caracteriza a
hipertrofia excêntrica (FLECK, 1988; FORJAZ et al., 1998). Também ocorre
8
aumento do volume sistólico e da força de contração (SALTIN, 1985; STRATTON,
et al., 1994). Como há maior enchimento ventricular, mantendo-se a fração de
ejeção, o coração ejeta maior volume absoluto de sangue. Portanto, é necessário
um menor número de batimentos por minuto para manter o débito cardíaco.
Adaptações importantes como aumento do calibre das artérias coronarianas
(JOCHEM et al., 1972) e aumento do fluxo sanguíneo cardíaco e periférico
(MONTOYE et al., 1972) acontecem também nos vasos. Essas alterações
garantem melhor perfusão sanguínea para os músculos durante o exercício.
Além dos efeitos do condicionamento físico sobre o coração, o exercício
físico também promove adaptações na musculatura periférica que influenciam,
indiretamente, no desempenho cardíaco (Forjaz et al., 1998). Como exemplo,
podemos citar redução plasmática de triglicérides, diminuição do LDL-colesterol e
aumento da sensibilidade à insulina (BLAIR; COOPER, 1997; FRENCH;
KRAMER, 2007). A mais relevante, porém, é o aumento do VO2max, encontrado
tanto em humanos (Holloszy; Booth, 1976) como em animais experimentais
(SCHAIBLE; SCHEUER, 1979).
Nos últimos anos inúmeros estudos têm dado grande ênfase aos
mecanismos bioquímicos e moleculares que estão envolvidos com os benefícios
do exercício físico no sistema cardiovascular (WISLOFF et al., 2002; WISLOFF et
al., 2007).
Contratilidade e Relaxamento
O cálcio está envolvido na regulação de três processos essenciais no
cardiomiócito: a contratilidade, o relaxamento e na transdução de sinal. Nos
miocitos cardíacos, o cálcio entra na célula através do canal de cálcio do tipo L e
através dos receptores de rianodina ocorre a liberação de mais cálcio armazenado
no retículo sarcoplasmático, que conduzem a um aumento sustentado do cálcio
intracelular, desencadeando, finalmente a contração dos miócitos. O relaxamento
do cardiomiócito ocorre, logo em seguida, pela remoção do cálcio a partir de três
9
grandes bombas de extrusão, a SERCA-2a, o NCX e a cálcio ATPase da
membrana plasmática (PMCA) (BERS., 2000).
A mobilização de cálcio a partir de organelas intracelulares é altamente
especializada no músculo cardíaco. A SERCA representa 90% das proteínas da
membrana do retículo sarcoplasmático no músculo cardíaco e o controle da
concentração de cálcio intracelular é em grande parte realizada por esta proteína
(NELSON et al., 2014).
O TF promove um melhor controle dos mecanismos de entrada e saída de
cálcio. Alguns estudos têm demonstrado que a expressão e função destas
proteínas são alteradas com o treinamento e estão diretamente relacionadas com
a melhora da função cardíaca. Assim, muitos pesquisadores têm buscado
especificar a contribuição dos diferentes componentes celulares e moleculares
que contribuem para essas adaptações (KRANIAS; HAJJAR., 2012).
Wisloff e colaboradores (2002) verificaram em ratos submetidos ao
treinamento uma capacidade de encurtamento aumentada dos miócitos no grupo
treinado e isso foi associado com um menor pico sistólico de cálcio intracelular.
Alguns mecanismos possíveis como o aumento da expressão de SERCA-2a, do
NCX e aumento da sensibilidade de miofilamentos, acompanhados das mudanças
intracelulares de cálcio, são possíveis fatores para reduzir o cálcio sistólico,
contribuindo para diminuição do pico sistólico de cálcio como observado, com TF,
por estes autores. Acredita-se que o TF promove benefícios na contratilidade dos
miócitos cardíacos através do aumento da expressão de proteínas reguladoras da
homeostasia de cálcio, como SERCA-2a, NCX e fosfolambam, porém, sem alterar
a expressão de rianodina.
Além das proteínas contrateis alteradas no miocárdio, com o TF, outras
proteínas da matriz extracelular também são alteradas, com o TF, podendo levar a
melhora da função contrátil do coração. Nosso laboratório, já demonstrou que
ratos submetidos a dois protocolos de treinamento de natação com volumes de
treinamento moderado e alto apresentaram melhora na função diastólica e
complacência ventricular e isso estava intimamente relacionado com a diminuição
da expressão gênica e proteína do colágeno IAIII IAI (SOCI et al., 2011).
10
Metabolismo cardíaco
No coração normal a oxidação de ácidos graxos é a principal via metabólica
responsável para a geração de energia para a contração, sendo responsável por
60 a 70% da produção de ATP (VAN DE VUSSE et al. 1992). A glicólise e a
gliconeogênese constituem aproximadamente 30% da síntese de ATP. O coração
é capaz de alternar substratos energéticos dependendo da sobrecarga imposta
sobre ele e da concentração relativa de moléculas de substratos circulantes. Este
fenômeno é considerado como um mecanismo adaptativo que permite ao coração
produzir um suprimento contínuo de ATP, sob várias condições fisiológicas, como
por exemplo, no jejum e no exercício (BERNARDO et al, 2010).
Existem fatores limitantes da glicólise no músculo cardíaco. Por exemplo, a
atividade aumentada da oxidação dos ácidos graxos faz com que ocorra uma
inibição da fosfofrutoquinase enzima fundamental da via glicolítica, pelo aumento
de citrato, além de outros mecanismos inibitórios desta via. Em contrapartida,
podemos dizer que no miocárdio a via glicolítica é estimulada pelo fosfato
inorgânico, 5'-AMP, ADP e frutose-1,6-difosfato, substâncias que estão
acumuladas no miocárdio em situação isquêmicas, como no IM, enquanto o
metabólico (citrato) presentes quando o coração está bem oxigenado direciona a
via para a oxidação dos ácidos graxos. Em situações de aumento do consumo de
oxigênio e ATP, como no exercício, se os níveis plasmáticos dos ácidos graxos
estiverem diminuídos, aumenta a captação de lactato, bem como a sua oxidação.
Na captação e metabolização da glicose estão envolvidas diferentes etapas, cada
uma delas com os seus componentes inibidores e estimuladores específicos
(JAMES et al., 1983; HENRIKSEN, 2002; LUCIANO et al., 2002).
O efeito metabólico da insulina é de extrema importância para a
manutenção da homeostasia da glicose e metabolismo cardíaco (MONDON et al,
1980; CZECH CORVERA, 1999). A sinalização intracelular da insulina inicia-se
com a ligação do hormônio a um receptor específico de membrana que ativa uma
subunidade da PI(3)K e em seqüência leva a fosforilação da Akt que vai ativar a
11
translocação do GLUT4 para a membrana citoplasmática para que ocorra o
transporte de glicose. Sabe-se também que a atividade contrátil do músculo pode
estimular a translocação do GLUT4 na ausência de insulina (HAYASHI et al.,
1997; GOODYEAR; KAHN, 1998). Embora ainda não muito bem etendido, existem
inúmeras outras moléculas envolvidas nesse mecanismo de sinalização durante o
exercício, como o aumento na concentração do íon cálcio no interior da célula,
alteração da disponibilidade de proteína quinase ativada por AMP intracelular, a
atividade da óxido nítrico sintase e a síntese por ela de óxido nítrico, o aumento na
concentração de bradicinina ou até mesmo a hipóxia que podem estimular a
captação de glicose através do aumento da translocação do GLUT-4 para a
membrana durante a contração muscular (HAYASHI et al., 1997; GOODYEAR;
KAHN, 1998).
Embora os mecanismos de sinalização que conduz a translocação do
GLUT4 tem sido extensivamente estudada ainda não é bem entendida a
maquinaria intracelular de transporte do GLUT4. Alguns estudos com músculo
esquelético sugerem que existem diferentes “pools” de GLUT4, que podem ser
estimulado por insulina e outros sendo estimulados pelo exercício (DOUEN et al.,
1990; CODERRE et al., 1995). Neste contexto, uma proteína que pode estar
envolvida com os efeitos benéficos do treinamento no coração é a proteína
miosina 1c (Myo1c) que é uma das nove isoformas de miosina, sendo amplamente
expressa no coração (BOGUSLAVSKY et al, 2012). Como outras miosinas não
convencionais, a Myo1c interage com a actina e está envolvida em vários
processos celulares, incluindo endocitose, exocitose, como por exemplo, a
translocação de GLUT-4 para a membrana celular (BRANDSTAETTER et al,
2012). Myo1c foi recentemente, descoberta e verificou-se ser uma proteína
necessária para a absorção de glicose no músculo esquelético com TF e com
estimulação via insulina (TOYODA et al., 2011). No coração poucos são os
estudos que relacionam a proteína Myo1c com TF no coração.
Experimentos realizados com animais wild-type que foram submetidos a
exercício voluntário, durante quatro semanas, verificou-se aumento nos níveis de
proteína Myo1c em relação ao grupo controle no músculo esquelético. Este
12
aumento da expressão da Myo1c, nos animais wild-type foi diretamente
relacionado com a absorção de glicose estimulada tanto pela contração (in situ)
quanto pela insulina, enquanto que os animais knockout para Myo1c diminuiram
tanto a absorção de glicose pela contração quanto pela insulina (TOYODA et al.,
2011).
Outra proteína que tem sido investigada é a peroxissoma proliferador
activator receptor coactivator-1 β (PGC-1 β) e a peroxissoma proliferador activator
receptor coactivator-1 α (PGC-1 α) que estão envolvidas com o controle da
expressão de muitos dos genes que controlam a fosforilação oxidativa e a
biogênese mitocondrial (MORTENSEN et al 2007). O exercício tem se mostrado
eficiente para melhorar o funcionamento mitocondrial em coração de amimais
(EICHNER et al, 2010; ABDALLA et al, 2011). Riehle et al, 2011 demonstraram
que animais Knockout para PGC-1 β reduzem a expressão de genes relacionados
com via oxidativas e também teve uma redução significativa no tamanho da
mitrocondria.
Embora tenhamos relativamente um bom entendimento de muitas funções
da PGC-1 α em vários tecidos, o nosso conhecimento sobre a PGC-1 β,
especialmente ainda é rudimentar. Um modelo animal que expressa PGC-1 β
numa série de tecidos aumentou a capacidade oxidativa do músculo esquelético,
aumentou o gasto energético total, apresentou menores níveis de insulina e
resistência a obesidade (KAMEI et al., 2003). No entanto, as funções específicas
da PGC-1 β precisam ser melhor compriendidas, principalmente em situaçoes
como em resposta ao TF no músculo cardíaco.
2.4 Treinamento Físico e Infarto do Miocárdio
Nas últimas décadas foi grande o número de pesquisadores que se
dedicaram a entender os efeitos metabólicos, autonômicos e estruturais
promovidos no sistema cardiovascular pelo TF em diversas patologias, dentre elas
o IM. Os resultados desses trabalhos levaram os pesquisadores a sugerir o TF
como conduta não farmacológica importante como parte do tratamento de
13
cardiopatias (WISLOFF et al., 2002; WISLOFF et al., 2007; MEDEIROS et al 2008;
BARTHOLOMEU et al., 2008; RODRIGUES et al., 2010).
O TF tem revelado vários efeitos positivos na redução das disfunções
cardíacas e periféricas em animais após o IM. Estudos mostraram que o TF após
o IM tem efeitos favoráveis, que incluem o aumento no desempenho do exercício
máximo, no VO2max, no volume sistólico máximo, na máxima condutância para o
trabalho muscular esquelético, no remodelamento, na capacidade funcional do VE,
na fração de ejeção e no enchimento diastólico inicial do VE. Além disso, o
exercício aumenta a atividade antioxidante no coração de animais após o IM
(MUSCH et al., 1986; XU et al., 2008; RODRIGUES et al., 2010).
Além dos trabalhos do grupo dos pesquisadores orientados pelo Wisloff et
al. (2002) já mencionados anteriormente, inúmeros trabalhos investigaram os
mecanismos bioquímicos e fisiológicos responsáveis pelos benefícios do exercício
físico no sistema cardiovascular, em situações patológicas e fisiológicas (NATALI,
et al., 2000; KEMI; WISLOFF et al., 2009; OLIVEIRA et al., 2009; LIN et al., 2010;
BERNADO et al., 2010).
Contratilidade e Relaxamento
A função ventricular é altamente dependente do transiente de cálcio no
coração. A disfunção do miocárdio observada após o IM deve-se em parte por
alterações na expressão, atividade e nível de fosforilação das proteínas
sarcôméricas (KEMI et al., 2008). Kim et al. (2008), verificaram que a redução da
atividade e expressão do NCX, redução funcional da SERCA-2a e o aumento da
liberação de cálcio durante o relaxamento pelos receptores de rianodina tem sido
correlacionadas, positivamente como um conjunto de modificações moleculares
responsáveis pela perda e prejuízo funcional do coração após o IM.
Wisloff (2002), demonstram melhora na contratilidade dos cardiomiócitos de
animais com IM submetidos ao TF intervalado, após 2 semanas do IM, e isso foi
acompanhado de um aumento do pico do transiente de cálcio intracelular e da
14
expressão de proteínas cardíacas como a SERCA-2a e o aumento na expressão
do NCX, importantes reguladores do transiente de cálcio. Posteriormente, Dayan
et al. (2005), em um estudo com animais, demonstraram que três semanas de TF
de natação realizado, antes do IM, também foi significativamente suficiente para
atenuar o prejuízo funcional do miocárdio, sendo o TF capaz de promover um
efeito cardioprotetor importante contra os danos causados pelo remodelamento
cardíaco.
Da mesma forma, trabalhos com camundongos knockouts para os
receptores α2A\α2CARKO adrenérgicos que apresentam hiperatividade simpática e
desenvolvem insuficiência cardíaca, com decréscimo progressivo da função
cardíaca a partir do quarto mês de idade e mortalidade de 50% aos 6 meses de
idade (BRUM et al., 2002), observou-se benefícios sobre a tolerância ao esforço e
a função sistólica nos camundongos α2A/α2CARKO com o TF. Estes benefícios
foram acompanhados pela melhora do transiente de Ca2+ intracelular e da
expressão de proteínas cardíacas, como a SERCA-2a e fosfolamban, bem como
pela redução na expressão do NCX (ROLIM et al., 2007).
Além das proteínas contráteis que são modificadas após o IM, células do
miocárdio, começam a expressar, desproporcionalmente as proteínas da matriz
extracelular o que induz a formação da fibrose, podendo levar a rigidez mecânica
e a disfunção na contratilidade cardíaca (WEBER et al., 1994; PALOJOKI et al.,
2001). Em contra partida estudos do nosso laboratorio mostraram que o
treinamento pode ter um efeito na redução do colágeno cardíaco e melhora da
função cardíaca em situações patológicas que ocorrem aumento da formação da
fibrose no coração (ROCHA et al., 2007).
Metabolismo Cardíaco
Em situações patológicas a oxidação de ácidos graxos é diminuída e o
metabolismo de glicose é aumentado (VAN DE VUSSE et al. 1992; DAVILA-
ROMAN et al., 2002; BERNARDO et al, 2010). Esta alternância na utilização de
substratos energéticos pode ser um mecanismo protetor, permitindo ao coração
produzir ATP de forma rápida mesmo em condições de hipoxia. Este mecanismo
15
bioquímico ocorre após o IM, quando o suprimento de oxigênio é limitado e o
transporte de ácidos graxos e o metabolismo oxidadtivo é prejudicado devido a
deficiência de enzimas envolvidas na oxidação de ácidos graxos, desta forma a
glicose passa a ser o substrato primário usado pelo coração (OSTADAL et al.,
1999; VAN BILSEN et al., 2009).
Em resposta ao IM o VE sofre mudanças metabólicas. A oxidação de
ácidos graxos é diminuída e o metabolismo de glicose é aumentado (ALLARD et
al., 1994; CHRISTE; RODGERS, 1994; DAVILA-ROMAN et al., 2002). Masamura
et al, (2003), analisou a expressão do GLUT 4 em duas diferentes regiões do
coração infartado. Os autores observaram que a expressão do GLUT 4, após 4
semanas estava aumentada na região da borda e diminuída na região
remanescente ao infarto, demonstrando que o metabolismo é alterado,
diferentemente nas regiões do coração após o IM. Da mesma forma como o
exercício tende a restabelecer a expressão de proteínas envolvidas com a
contratilidade, o exercício promove uma reexpressão de proteína como a PGC-1,
responsável pela oxidação de ácidos graxos e também maior expressão e
traslocação do GLUT 4 responsável pelo metabolismo glicolítico. No entanto,
poucos são os estudos que relacionam a proteína Myo1c com IM e TF.
A PGC-1α e PGC-1β tem sido relacionada como reguladora mestra da
disfunção mitocondrial e do metabolismo oxidativo. Assim, estas proteínas têm
grande potencial na prevenção e no tratamento de doenças associadas com o
prejuízo mitocondrial. A expressão da PGC-1 β é reduzida em certos modelos de
doença cardíaca em animal, muitas vezes acompanhada por uma mudança da
utilização do substrato energético ácidos graxos para glicose (Huss; Kelly, 2004;
Huss; Kelly 2005). Nestes estudos, com modelo de sobrecarga cardíaca
camundongos knockout para PGC-1 β apresentaram maior prejuízo da função
cardíaca, tal como aumento do estresse oxidativo e uma menor taxa de utilização
do metabolismo glicolítico em relação ao grupo controle.
Na busca dos mecanismos moleculares envolvidos no IM, recentes estudos
têm identificado um perfil distinto de expressão de microRNAs nas diferentes
regiões do músculo cardíaco com IM em humanos e em animais (VAN ROOIJ et
16
al., 2008; BOSTJANCICR et al., 2009; WANG et al.,2012). Estes estudos têm
revelado importantes papéis dos microRNAS em diferentes processos cardíacos,
o que sugere que o TF, também exerce mecanismos regulatórios sobre a
expressão de microRNAs em situações patológicas (CARE et al., 2007; DONG et
al., 2009; MONTGOMERY et al., 2011).
Por isso, os mecanismos bioquímicos e fisiológicos celulares responsáveis
pelos efeitos benéficos do exercício físico sobre o remodelamento e função
miocárdica após o IM estão sendo objeto de intensa exploração científica nos
últimos anos.
2.6 MicroRNAs
Os microRNAs são um tipo de RNA que vem sendo estudados como
reguladores gênicos de diversos tipos e processos celulares, inclusive nos
cardiomiócitos. Os microRNAs são uma classe de RNA não codificante,
responsáveis pela regulação pós-transcricional da expressão gênica de plantas e
animais (KIM, 2005). Lin4 (do inglês lineage-deficient-4) foi descoberto em 1993
como o primeiro microRNA, sendo nesta época associado à regulação do
desenvolvimento larval em Caenorhabditis elegans (LEE et al., 1993).
Até o momento, mais de 2578 sequências de microRNAs, de mais de 50
tipos de organismos diferentes foram catalogados no banco de dados miRBase,
sendo que mais de 1800 microRNAs diferentes foram clonados e sequenciados
em humanos (KAWASHIMA e SHIOI, 2011 ; KINGWELL, 2011; FIEDLER et al.,
2012). Estudos de bioinformática estimam que este número pode ser bem maior,
constituindo uma das maiores classes de reguladores gênicos (OLENA; PATTON,
2009).
2.7 Localização dos MicroRNAs
Os microRNAs podem estar presentes em regiões intergênicas do genoma,
em íntrons e também em éxons, tanto de genes codificadores para proteína
quanto de genes não codificadores (OLENA; PATTON, 2009).
17
Os microRNAs podem apresentar uma expressão constitutiva ou fase
específica e estarem expressos em certos tecidos e ausentes em outros (Olena;
Patton, 2009; Takada; Asahara, 2012). Os microRNAs intrônicos são
coordenadamente expressos com o mRNA (RNA mensageiro) do gene no qual
reside, formando um único transcrito primário (MONTGOMERY 2011; THUM,
2011). Existem também os transcritos primários codificadores para microRNAs,
que possuem características semelhantes aos mRNA, como cap 5’ m7G e cauda
poli(A) na extremidade 3’, sugerindo que estes também são transcritos pela RNA
polimerase II. Alguns loci codificadores para microRNA encontram-se próximos do
aparato de outros microRNAs, sugerindo que estes possuem suas próprias
unidades de transcrição; outros encontram-se na forma de cluster e apresentam
padrões de expressão semelhantes, implicando em sua transcrição em transcritos
policistrônicos (KIM, 2005; DEE; GETTS, 2011 ; MONTGOMERY, 2011 ; OLENA
E PATTON, 2009). É importante salientar que os precursores de microRNAs
podem ser expressos em clusters, constituindo verdadeiros RNAs policistrônicos,
o que ocorre com 37% dos microRNAs humanos (ALTUVIA et al., 2005; HE et al.,
2005). A existência de cluster de 2 - 6 precursores de microRNAs sugere que a
expressão de alguns tipos de microRNAs podem ocorrer de forma coordenada,
provavelmente através de um único promotor (KIM, 2005; OLENA E PATTON,
2009; MAGNY et al., 2013).
2.8 Biogênese dos MicroRNAs
O processo de formação dos microRNAs tem início a partir do produto
primário da transcrição do gene de microRNA que é denominado pri-microRNA, o
qual apresenta uma estrutura de dupla hélice do tipo hairpin (~300 nucleotídeos) e
é processado no núcleo por uma ribonuclease do tipo III denominada Drosha, e
seu cofator DGCR8 (DiGeorge syndrome critical region gene 8). A molécula
resultante do processamento da Drosha é denominada de precursor do microRNA
(pré-microRNA), o qual é exportado do núcleo para o citoplasma pela exportina 5,
uma proteína de exportação nuclear dependente de Ran-GTP como cofator. No
citoplasma, o pré-micro-RNA sofre a ação de outra ribonuclease do tipo III
18
denominada Dicer e dá origem a um pequeno e imperfeito duplex dsRNA que
contém tanto a fita de microRNA maduro quanto sua fita anti-sense (KIM, 2005;
OLENA; PATTON, 2009 ; THUM, 2011; KINGWELL, 2011). O produto da Dicer é
incorporado por um complexo multimérico denominado RISC (RNA-induced
silence complex), o qual contém proteínas da família argonauta como principais
componentes. Apenas uma das fitas do duplex de microRNA permanece no
complexo RISC para controlar a expressão pós-transcricional de genes alvos. A
abundância do microRNA pode ser controlada na transcrição do pri-microRNA,
durante qualquer passo da biogênese e no turnover do microRNA maduro
(SCHWARZ et al., 2008).
2.9 Mecanismo de Ação dos MicroRNAs
O microRNA maduro de fita simples, incorporado ao complexo protéico
RISC, direciona o microRNA para a região de complementaridade na região 3’-
UTR do mRNA alvo, podendo efetuar a regulação negativa da expressão de
genes através de dois mecanismos principais (SCHWARZ et al., 2008): clivagem
do mRNA ou repressão traducional.
Uma vez incorporado no complexo RISC citoplasmático, o microRNA cliva o
mRNA quando ocorrer complementaridade perfeita com o mRNA alvo ou reprime
a tradução no caso de apresentar complementaridade parcial com o seu mRNA
alvo (KIM, 2005; KREK et al., 2005; FIEDLER et al., 2010).
Em C. elegans, onde este processo foi descoberto, existe o pareamento de
bases entre o microRNA do gene do C. elegans lin-4 e um dos alvos deste
microRNA na região 3'-UTR do mRNA de um gene codificante da proteína lin-14,
conforme figura abaixo. Por este pareamento de bases, o microRNA lin-4 reprime
a tradução do mRNA da proteína lin-14 (LEE et al., 1993).
Alguns estudos indicam que um único microRNA possa regular 200 RNAs
apresentando funções totalmente diversas. Desta forma, os microRNAs
constituem uma enorme e complexa rede regulatória da sinalização celular. Em
plantas, a regulação dos microRNAs ocorre principalmente através de sua
19
interação perfeita com o mRNA, levando-o à degradação. No entanto, já se tem
exemplos da ocorrência deste silenciamento gênico também em mamíferos
(MONTGOMERY; VAN ROOIJ, 2011; NOZAWA et al 2012).
Em animais, a maioria dos microRNAs liga-se na região 3'-UTR do mRNA
alvo com complementaridade imperfeita, e funciona como repressor traducional.
Há numerosos exemplos em que a redução da produção da proteína regulada
pelo microRNA não é acompanhada por mudanças correspondentes na
abundância do mRNA (MALLORY et al., 2004).
Clancy et al. (2007) demonstraram que o cap na extremidade 5’ e a cauda
de poli (A) na extremidade 3’ são necessários para a repressão completa da
tradução. Entretanto, embora a maioria dos microRNAs animais reprimam
tradução, estudos subsequentes mostram que os microRNAs podem exercer seus
efeitos por uma variedade de mecanismos, como por exemplo, a clivagem do
mRNA do Hoxb8 pelo microRNA-196 (BEILHARZ et al., 2009). A inibição da
tradução continua sendo considerada como o mecanismo principal de regulação
da expressão gênica por microRNAs em animais, porém, trabalhos recentes têm
apontado outros mecanismos possíveis como deadenilação, degradação e captura
dos mRNA nos P-bodies (NILSEN., 2007). Há também numerosos exemplos de
microRNAs que desestabilizam e/ou degradam seus mRNA alvos (BAGGA et al.,
2005).
2.10 MicroRNA e Coração
Os microRNAs podem regular, diretamente pelo menos 60% dos genes em
uma célula. Por isso, não é surpreendente que microRNAs regulem programas
genéticos na biologia cardiovascular e sejam críticos para o desenvolvimento
cardíaco, função endotelial, metabolismo lipídico, hipertrofia ventricular e arritmias
pós-IM (VAN ROOIJ; OLSON, 2007b; ZHANG, 2010; MONTGOMERY; VAN
ROOIJ, 2011).
Estudos recentes relatam que o microRNA-1 é um dos mais abundantes
microRNAs no coração e regula várias proteínas alvo que funcionam como fatores
de transcrição, receptores, proteínas reguladoras da apoptose. Este microRNA
20
tem um papel crítico na determinação da hipertrofia de cardiomiócitos, regulando
vários genes associados à função cardíaca, incluindo o NCX, a calmodulina , o
MEF2A, o IGF1 e IGF1R. A superexpressão in vitro do microRNA-1 resultou na
inibição da hipertrofia cardíaca. Por outro lado, com a inibição do microRNA-1
obteve-se a hipertrofia mais pronunciada do que após a estimulação com
indutores convencionais de hipertrofia (HONGYAN; GUO-CHANG., 2012). Na
inibição in vivo do microRNA-133 por uma única infusão do antagomir houve
marcante e persistente hipertrofia cardíaca. Os resultados demostram que os
microRNA-133 e microRNA-1 são reguladores chave da hipertrofia cardíaca
(CARE et al., 2007). Resultados do nosso laboratório mostram que a expressão
gênica destes dois microRNAs também é diminuída na hipertrofia cardíaca
fisiológica induzida pelo TF aeróbico (SOCI et al., 2011).
Em um estudo de revisão, Divakaran e Mann (2008) analisaram o perfil de
expressão de 71 microRNAs cardíacos, de um total de 10 diferentes
experimentos, dos quais 5 foram de tecidos humanos, 4 de ratos e 1 em estudo
em miócito isolado. Foi verificado aumento na expressão de 25 microRNAs (7b,
7c, 10b, 15b, 21, 23a, 23b, 24, 27a, 27b, 29a, 103, 125B, 140*, 195, 199A, 199A*,
199B, 208, 210, 211, 214, 330, 341, 424), em uma ou mais amostras de miocárdio
no coração de humanos e em modelos experimentais. Estes resultados sugerem
que as mudanças nos padrões de expressão de microRNA em modelos
experimentais podem fornecer uma visão para a nossa compreensão da regulação
gênica, responsável pela função cardíaca em situações fisiopatológicas, não só
em animais como em humanos (ANGHEL; POGWIZD, 2007; BARRINGHAUS;
ZAMORE, 2009; KAWASHIMA; SHIOI, 2011).
2.11 MicroRNA e Infarto do Miocárdio
Ao longo dos últimos anos, vários estudos baseados em Microarray foram
publicados, detalhando mudanças na expressão de microRNAs em coração
normal versus coração infartado. Os resultados desses estudos, até o momento,
demonstram que o número de microRNAs detectado por array (acima do limiar
estatístico) é da ordem de aproximadamente 150-200 microRNAs. No entanto,
21
devemos lembrar que o perfil de expressão depende da região do coração
analisada e que o tecido cardíaco representa uma mistura de tipos de células,
incluindo cardiomiócitos, fibroblastos e células vasculares (BARRINGHAUS;
ZAMORE, 2009).
Logo após o IM ocorre uma resposta de remodelamento patológico que
inclui formação de fibrose, alterações metabólicas, crescimento cardíaco
hipertrófico e disfunção ventricular. Os padrões de expressão de microRNAs após
o período do IM são distintos, ao longo do tempo, e a análise da mudança da
expressão gênica é um meio importante para definir as diferenças moleculares
associadas às mudanças fenotípicas observadas em resposta ao IM. Recentes
estudos publicados na literatura avaliaram a expressão de microRNAs em
diferentes regiões do coração de animais submetidos ao IM, comparando o perfil
de expressão aguda ou cronicamente, após a realização do IM (VAN ROOIJ et al.,
2008; DONG et al., 2009; SHI et al., 2010; PORT et al., 2011).
A pesquisadora Eva van Rooij, a primeira a investigar o perfil de expressão
dos microRNAs no coração de ratos infartados, verificou que entre os microRNAs
alterados na borda do IM estava o microRNA-29 que possui como alvo diversos
mRNAs que codificam proteínas envolvidas na fibrose, incluindo colágenos,
fibrillinas e elastinas. De fato, a inibição do microRNA-29 com antagomir in vitro e
in vivo induz a expressão de colágenos e a baixa expressão de microRNA-29
aumenta a expressão de colágeno em fibroblastos (van Rooij, Sutherland et al.,
2008). Recentemente, estudo do nosso laboratório demonstrou que existe uma
correlação entre o aumento da expressão do microRNA-29 e diminuição de
colágeno cardíaco em ratos submetidos a um programa de TF aeróbico (SOCI et
al. 2011). Com isso, observou que o microRNA-29 funciona, como um importante
regulador da fibrose cardíaca, representando um potencial alvo terapêutico para o
controle do tecido fibroso no coração.
Em outro estudo no coração de ratos infartados, verificou-se na fase inicial,
após seis e vinte quatro horas do IM, o perfil de expressão de microRNA. Em
comparação com o perfil de expressão nas áreas não infartadas, 38 microRNAs
foram diferencialmente expressos em áreas infartadas e 33 microRNAs foram,
22
aberrantemente expressos na borda do IM. Notavelmente, a expressão do
microRNA-21 foi, significativamente diminuida em áreas do IM, mas foi aumentada
na borda do IM. Com a superexpressão do microRNA-21 por adenovírus (Ad-
microRNA-21), verificou-se uma redução de 29% na dimensão do VE, após duas
semanas da realização do IM (DONG et al., 2009).
Ainda com estudos no coração de ratos infartados, Shi et al. (2010),
realizaram um microarray de microRNA em miocárdio de ratos com IM e
verificaram que os níveis de expressão de dezessete microRNAs foram,
significativamente alterados, sugerindo que os microRNAs, diferencialmente
expressos podem servir como novos biomarcadores do IM. Isso poderia ser de
grande interesse, uma vez que o IM é uma das doenças cardiovasculares mais
graves e os microRNAs são importantes componentes celulares, estando sua
disfunção associada a várias doenças (SHI et al.,2010).
Recentemente, Port et al., (2011) demonstrou por meio de bioinformática
que vários genes e microRNAs em várias vias são regulados, temporalmente de
maneira específica, sugerindo que microRNAs, diferencialmente regulados são
alvos previstos para a expressão de diversos genes em diferentes processos
biológicos envolvidos nas respostas ao IM. Desta forma, torna-se fundamental
determinar os fatores envolvidos no prejuízo funcional provocado pela lesão do
miocárdio que são associados ou promovidos pelos microRNAs.
Estudo realizado por Van Rooij e Olson (2007b) demonstram, por exemplo
que ocorre aumento na expressão do microRNA-208 no IM, o qual é codificado no
intron 27 do gene da alfa miosina de cadeia pesada (α-MCP), e verificou-se uma
relação direta na expressão da α-MCP com o microRNA-208 e inversamente
proporcional à beta miosina de cadeia pesada (β-MCP). Além disso, a deleção do
gene do microRNA-208 em camundongos mostrou que este microRNA atua,
diretamente no bloqueio pós-transcricional da β-MCP e foram resistentes ao
desenvolvimento de fibrose, exercendo papel fundamental na manutenção da
função cardíaca.
Kumarswamy et al. (2012), observaram que a terapia com superexpressão
da SERCA2a foi acompanhada pela noramlização da expressão do miR-1 e da
23
expressão do NCX cardíaco. Em animais com insuficiência cardíaca, os efeitos
benéficos da terapia com superexpressão da SERCA2a foram, pelo menos em
parte, mediado pela normalização do microRNA-1. Os autores evidenciaram que a
via Akt-FOXO3a desempenhou papel importante na regulação dos níveis do
microRNA-1, embora a ativação crônica no coração desta via tem sido mostrado
ser prejudicial. Neste mesmo estudo os autores validaram em cardiomiócitos o
NCX como alvo do miR-1.
Em outro estudo Aurora et al. (2012) também validaram o NCX como alvo
do microRNA-214. Neste estudo os autores verificaram mudanças na expressão
de microRNAs em coração normal versus coração com isquemia reperfusão. A
isquemia reperfusão provoca um aumento da sobrecarga de cálcio nos
cardiomiócitos, causando uma alteração para o modo reverso do NCX, resultando
em mais sobrecarga de cálcio e maior comprometimento da função cardíaca.
Aurora et al. (2012) demonstraram que camundongos deficientes para o
microRNA-214 são sensíveis a lesão por isquemia reperfusão, evidenciada pelo
aumento da apoptose cardíaca, fibrose e perda de função cardíaca. Neste
elegante trabalho verificou-se que a inibição da expressão do NCX pelo miR-214
protege o miócito de danos, atenuando a ação do NCX, de aumentar o influxo de
cálcio no citoplasma após a isquemia reperfusão.
Portanto, conhecer os microRNAs envolvidos nos processos celulares no
coração, associados ao exercício físico, pode trazer respostas importantes para
futuras intervenções como alvos terapêuticos no tratamento pós-IM (VAN ROOIJ;
OLSON, 2007a; b; DIVAKARAN; MANN, 2008; VAN ROOIJ et al., 2008; WANG et
al.,2012).
2.12 MicroRNA no Coração de Animais Submetidos ao Treinamento Físico
Nosso grupo foi o primeiro a verificar os efeitos do TF no perfil de
microRNAs expressos no coração de animais. Foi realizado um estudo para
investigar se a hipertrofia cardíaca fisiológica excêntrica induzida por dois
protocolos de TF de natação, com intesidade moderada e alto-volume de
treinamento, poderia induzir um perfil de expressão similar para os microRNAs.
24
Verificou-se que a expressão do microRNA-1, 133a e 133b (SOCI et al.,2011) foi
semelhante a expressão observada na hipertrofia patológica (CARE et al., 2007).
Além disso, os microRNA-1, 133a e 133b foram igualmente diminuídos com os
dois protocolos de TF de natação, quando comparados aos animais sedentários.
Portanto, esse resultados mostram um padrão de expressão similar, independente
do tipo de hipertrofia cardíaca. No entanto, existem microRNAs, como o
microRNA-29, que têm padrão de expressão induzida com o TF, que é antagônico
ao observado em doenças como a hipertensão e insuficiência cardíaca. Desta
forma, uma investigação mais aprofundada é necessária para delinear e
diferenciar a expressão de microRNAs com treinamento antes ou após o IM.
A família do microRNA-29 tem alvos validado in vitro e in vivo para mRNAs
de proteínas da matriz extracelular, tais como o colagénio IAI, IAII, IAIII, IIIAI,
fibrilina e elastina no coração e vários tecidos e está envolvida na hipertrofia
cardíaca patológica e em processos de insuficiência cardíaca (WANG et al.,
2012a). A regulação do microRNA-29 in vitro e in vivo, usando um modelo de IM,
aumentou a resposta fibrótica e a expressão de colágenos, enquanto a
superexpressão de microRNA-29 em fibroblastos reduziu a expressão de
colágeno (VAN ROOIJ et al., 2008). Conforme referido anteriormente, nosso grupo
demonstrou que ratos submetidos a TF apresentaram expressão gênica
aumentada do microRNA-29, que foram condizentes com o aumento do volume de
TF. A regulação do microRNA-29 foi acompanhada de uma melhora na
complacência ventricular e foi correlacionada com a diminuição da expressão
gênica e proteica de colágeno I e III (SOCI et al., 2011). Estes dados sugerem
que a expressão aumentada de microRNA-29 desempenha um papel importante
no controle de proteção de colágeno cardíaco e hipertrofia induzida pelo TF
aeróbico. No entanto, ainda não existem estudos relacionando os efeitos do TF no
perfil de microRNAs expressos no coração de animais infartados.
2.13 Validação dos mRNA Alvos de microRNA
Sabe-se que cada microRNA pode regular até 200 transcritos, e mais de
um microRNA pode regular, coordenadamente um único mRNA alvo (KREKN et
25
al., 2005). Isso nos leva a supor uma enorme possibilidade combinatória,
sugerindo um modelo, altamente complexo de regulação da expressão gênica.
Existem vários algoritmos de predição de alvos de microRNA: miRanda
(http://www.micro-RNA.org//miranda.htm), miRBase (http://micro-
RNA.sanger.ac.uk/targets/v2/), PicTar (http://pictar.bio.nyu.edu) e TargetScan
(http://genes.mit.edu/targetscan). Estes algoritmos têm como estratégia a análise
do alinhamento das sequências de microRNA com as sequências das regiões 3’-
UTR de mRNA através de fatores como: energia livre do híbrido formado e/ou
requisitos do pareamento de bases na extremidade 5' (região seed) do microRNA
e/ou a conservação filogenética dos sítios de ligação nas sequências 3'-UTRs
(MAZIERE; ENRIGHT, 2007; DEE; GETTS, 2011).
A sequência seed é referida como região crítica para o reconhecimento do
mRNA alvo pelo microRNA e corresponde aos primeiros 7-8 nucleotídeos a partir
da primeira ou da segunda base da extremidade 5’ do microRNA. Em particular, a
extremidade 5’ do microRNA é perfeitamente complementar à sequência
correspondente do seu alvo, e é geralmente muito conservada entre microRNAs
parálogos (MAZIERE; ENRIGHT, 2007).
Por mais rígidos que sejam os critérios avaliados pelos algoritmos de
predição de alvos de microRNA, há uma infinidade e diversidade de alvos preditos
para cada microRNA e uma grande parte desses pares microRNA-mRNA alvo não
se confirma experimentalmente. O programa Tarbase
(http://www.diana.pcbi.upenn.edu/tarbase.html) disponibiliza para consulta uma
relação de pares microRNA-mRNA alvo previamente validados experimentalmente
(KREK et al., 2005; MAZIERE; ENRIGHT, 2007; NILSEN, 2007; MONTGOMERY
et al., 2011; MONTGOMERY; VAN ROOIJ, 2011).
A validação dos pares microRNA-mRNA in vivo ainda é um desafio, as
metodologias atuais de validação biológica de alvos de microRNAs são
trabalhosas e não permitem a validação dos alvos em larga escala. Os métodos
utilizados para esta finalidade serão discutidos a seguir.
2.14 Modulação da Ação de MicroRNAs
26
O desenvolvimento de sistemas artificiais tem recorrido a várias abordagens
para validação biológica de alvos de micro-RNAs das quais distinguiremos dois
tipos principais: a primeira abordagem baseia-se na transcrição de um fragmento
de DNA inserido num vetor de expressão na orientação inversa do DNA natural
entre um promotor e um terminador de transcrição. O transcrito resultante é
complementar do mRNA alvo natural e poderá interferir com a expressão do
mensageiro in vivo. Esta estratégia conduz à inibição constitutiva de uma função
alvo, porque neste sistema espera-se que a síntese do RNA anti-sense seja
permanente.
A segunda estratégia, baseia-se na síntese de curtos fragmentos de DNA,
ou de análogos ou derivados, complementares de uma porção da região alvo.
Nesta abordagem, estas moléculas são exógenas e o seu efeito é transitório
(CRAVADOR, 1998; DAVIS et al., 2008).
Além destas duas abordagens existem outras formas de controle da
expressão dos microRNAs como por exemplo os animais transgênicos, os quais
podem ser manipulados para expressar ou reduzir a expressão de determinado
microRNAs, no entanto, podem representar uma combinação de resultados
primários e secundários (OKAMOTO et al., 2004).
2.14.1 Métodos de Entrega por Vetores Virais
Métodos de entrega podem ser classificados em duas grandes categorias: a
entrega direta ao miocárdio e administração sistêmica intravascular. Como tantos
métodos específicos foram desenvolvidos para a entrega dos oligos dentro de
cada categoria, a revisão a seguir vai destacar alguns princípios básicos de cada
método de entrega (DAVIS et al., 2008).
2.14.2 Injeção Direta no Miocárdio
A injeção direta de moléculas exógenas ou vetores de expressão no
miocárdio talvez seja conceitualmente a abordagem mais óbvia. Este método
envolve a introdução de uma seringa ou dispositivo similar, diretamente no
27
músculo cardíaco. Moléculas exógenas ou vetores de expressão tem acesso
direto às células do miocárdio através do espaço intersticial. Este método tem sido
utilizado em estudos que abordam uma grande variedade de modelos de doenças,
incluindo doença cardíaca isquêmica, insuficiência cardíaca e distrofias
musculares (SZATKOWSKI et al., 2011).
O método exato de injeção varia de acordo com o sistema experimental e
objetivos do estudo. No geral, a injeção direta tem sido associada a excelentes
índices de sobrevida. As injeções podem ser administradas a cego, visando o
coração através da parede torácica ou transdiafragma, através da cavidade
abdominal. Este método parece bastante confiável e tem sido usado com eficácia
por um número crescente de investigadores, especialmente em pequenos
roedores (DAVIS et al., 2008).
A injeção também pode ser feita através da parede torácica, sob a
orientação da tecnologia de ultrassom. A orientação com ultrassom aumenta a
precisão da injeção direta, pois permite a visualização do coração. Apesar da
simplicidade da técnica de injeção direta, é difícil a reprodutibilidade da mesma
área do coração em magnitudes semelhantes entre animais num mesmo estudo,
mesmo com a orientação do ultrassom. A injeção direta também pode ser feita
com cirurgias com exposição do coração, permitindo a visualização direta para a
entrega da droga ao tecido alvo (SZATKOWSKI et al., 2011).
2.14.3 Métodos de Entrega Intravascular
Através da circulação, moléculas exógenas ou vetores de expressão são
aplicados em determinadas veias ou arterias e direcionados para toda a circulação
e o coração. Usando a vasta rede capilar do coração as moléculas exógenas ou
vetores de expressão têm acesso à maioria dos miócitos deste órgão. No entanto,
uma série de obstáculos imposto complica esse cenário. O próprio sangue pode
conter anticorpos neutralizantes para o vetor de escolha, especialmente quando
eles estão com carga viral. O sangue também contém proteínas, como albumina
e plaquetas, que podem absorver ou inativar o vetor. Há também barreiras físicas
para a transdução, incluindo as células endocárdicas e do endotélio capilar. Uma
28
vez fora da luz vascular, o vetor deve também atravessar a matriz extracelular e
preencher o espaço intersticial para transdução da célula alvo. O pulmão também
tende a agir como uma esponja para vetores e quaisquer vetores inseridos no
espaço venoso precisam passar pelo pulmão, antes de chegar ao coração para
ejeção e circulação sistêmica. Finalmente, há a resposta do próprio hospedeiro.
Moléculas exógenas sofrem a ação de RNAses, que degradam os
oligonucleotídeos estranhos ao organismo. Além disso, grandes quantidades
intravasculares de um material estranho pode levar à toxicidade de órgãos e/ou
uma reação alérgica. Apesar das dificuldades iniciais, muitos grupos têm
desenvolvido vários métodos de entrega vascular que podem resultar em alta
eficiência tecidual específica (RAPER et al., 2003).
Desvantagens potenciais da injeção da veia da cauda de ratos incluem a
exigência de alta dose de moléculas exógenas ou vetores de expressão e a
possibilidade de expressão do vetor em tecidos não cardíacos, causando efeitos
adicionais indesejáveis (RAPER et al., 2003).
29
3. JUSTIFICATIVA
Atualmente, não existem estudos publicados que observaram o efeito do TF
aeróbico na expressão de microRNAs no músculo cardíaco com IM. Recentes
estudos têm identificado um perfil distinto de expressão de microRNAs nas
diferentes regiões do músculo cardíaco com IM em humanos e em animais
(BOSTJANCIC et al., 2009; VAN ROOIJ et al., 2008; WANG et al.,2012). Estes
estudos têm revelado importantes papéis destes microRNAs em diferentes
processos cardíacos, incluindo contratilidade cardíaca, controle da hipertrofia,
apoptose, metabolismo, formação de fibrose e angiogênese, propiciando
vislumbrar novos mecanismos regulatórios e potencial terapêutico para o
tratamento do IM (CARE et al., 2007; DONG et al., 2009; MONTGOMERY et al.,
2011). Portanto, como TF promove melhora e adaptações benéficas ao sistema
cardiovascular após o IM, a identificação de microRNAs específicos que modulem
o processo de reparo do miócito pode servir de base para uso terapêutico. Assim
sendo, este trabalho abre a perspectiva de uso desta informação para corrigir um
processo patológico, pela superexpressão ou inibição in vivo de microRNA.
30
4. OBJETIVOS 4.1 Geral
O objetivo do presente estudo foi traçar o perfil de microRNAs na área
remanescente ao IM de ratos Wistar submetidos ao TF de natação através da
técnica de microarray e selecionar e confirmar a expressão de um microRNA
específico por programas de bioinformática (TargetScan, Miranda e PicTar) que
tenha alvos que possam estar envolvido com a melhora da função cardíaca com o
TF. Também foi objetivo deste estudo, verificar a expressão do microRNA-29, do
microRNA-1 e do microRNA-214 e dos respectivos alvos destes microRNAs, como
o colágeno, NCX e SERCA2a.
4.2 Específicos Primeira etapa: • Avaliar o efeito do TF aeróbico através do teste máximo em esteira;
• Acompanhar a função ventricular com ecocardiografia antes e após o período de
TF nos animais controles e infartados.
• Realizar o microRNA Array no tecido do VE, na área remanescente ao IM, nos
ratos infartados e infartados treinados e, nessa mesma região do VE, nos ratos
treinados e controle (sham).
• Selecionar um microRNA que apresente como alvo, genes de proteínas que
regulam a função cardíaca e que apresente expressão alterada como efeito do TF
na área remanescente ao IM
•Confirmar, por Real Time-PCR, do aumento ou diminuição da expressão do
microRNA selecionado.
• Identificar os alvos dos microRNAs selecionados, através de programas de
bioinformática (TargetScan, Miranda e PicTar).
• Verificar a expressão da proteína alvo do microRNA selecionado por Western
blott.
31
• Verificar a expressão do microRNA-29, do microRNA-1 e do microRNA-214 e
das respectivas proteínas, como o colágeno, NCX e a SERCA2a, alvos destes
microRNAs.
Segunda etapa:
• Assim, o microRNA com expressão diferencial mais pronunciada, com maior ou
menor expressão, que esteja envolvido com genes candidatos à regulação da
função cardíaca e confirmado por Real Time-PCR será selecionado para ser
inibido ou superexepresso e assim será utilizado para entender os mecanismos
responsáveis pela melhora ou reversão da perda da função cardíaca do animal
infartado.
• Na área remanescente ao IM as proteínas alvo consideradas importantes para
melhorar ou reverter à perda da função cardíaca, as quais podem ser alvo do
microRNA selecionado, terão sua expressão protéica confirmadas por técnica de
Western blotting.
32
5. MATERIAL E MÉTODOS
Para melhor entendimento do estudo realizado, optamos por separar em
duas etapas e apresentar no início de cada uma delas, um desenho experimental.
Primeira etapa 5.1 Animais Experimentais:
Foram utilizados 28 ratos Wistar (peso corporal entre 250 e 300g). Todos os
animais foram provenientes do Biotério do Instituto de Ciências Biomédicas da
Universidade de São Paulo e receberam ração própria ad libitum. Os animais
foram mantidos em ambiente com temperatura média de aproximadamente 25oC e
submetidos a um regime de 12 horas claro/escuro (ciclo invertido), durante o
período do experimento. Todos os protocolos utilizados neste estudo estavam de
acordo com as diretrizes do Colégio Brasileiro de Experimentação Animal
(COBEA) e foram aprovados pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Escola de
Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo (Processo nº 2010/07
aprovado em 25-03-2010).
Desenho experimental
FIGURA 1. Desenho experimental. Os animais foram aleatoriamente distribuídos com n= 7 em cada grupo.
TR IM
Ratos Wistar
Ligação da coronária* Sham 0 dias
4 semanas
14 semanas
SED SHAM
TR SHAM
SED IM
Pré Ecocardiograma
Pós Ecocardiograma
Vo2 max
2 semanas de adaptação 8 semanas de treino com 3% da carga
1 vez ao dia 5 vezes por semana
Sacrifício 48 horas após o último treino
Análise moleculares * Oclusão da artéria coronária descendente anterior esquerda
33
5.2 Protocolo de Cirurgia Cardíaca para Indução do Infarto do Miocárdio
Todos os ratos foram anestesiados com uma mistura de xilazina (0,67
mg/Kg) e Ketamina (0,33 mg/kg) intraperitoneal. Em seguida, os ratos foram
entubados para ventilação mecânica e foi feita uma toracotomia esquerda sob
condições assépticas através do terceiro espaço intercostal. O pericárdio foi
aberto e, no grupo Infartado, a artéria coronária anterior descendente esquerda foi
ligada distalmente a 2 mm de sua origem com fio de polipropileno não absorvível
(5.0, ETHICON, Brasil), finalizando com o fechamento do tórax. O restante dos
animais submetidos ao estresse cirúrgico, mas sem o IM, foram utilizados como
controle (grupo SHAM). Após procedimento cirúrgico, os ratos passaram por um
período de recuperação de 30 dias.
5.3 Avaliação da Morfometria e Função Ventricular
As medidas ecocardiográficas foram avaliadas conforme descrito
anteriormente (Santos, Helber et al., 2009). O exame ecocardiográfico
transtorácico foi realizado em todos os ratos, quatro e quatorze semanas após a
cirurgia do IM, ou seja, pré e pós período de TF (descritos a seguir). Os exames
foram realizados por um único observador e, em cada exame, foi coletado um total
de três medidas para cada variável, sendo calculadas, posteriormente, as médias
dessas medidas. O exame ecocardiográfico foi realizado com os animais
anestesiados, por via intraperitoneal, com uma mistura de Xilazina (0,67 mg/Kg) e
Ketamina (0,33 mg/kg).
O animal anestesiado foi colocado em decúbito lateral em uma mesa
cirúrgica apropriada. Foi utilizado o equipamento Sonos 5500 (Philips, Andover,
Mass) com transdutor de 5 a 12 MHz, que permite imagens com 2 ou 3 cm de
profundidade. Para o registro das imagens foi utilizado o posicionamento de três
eletrodos, permitindo a visualização do sinal eletrocardiográfico e o registro da
frequência cardíaca. Foram obtidas vistas dos planos longitudinais e transversais
do eixo para-esternal e vista apical das cavidades 2 e 4 do coração, para a
avaliação do fluxo mitral através do Doppler. As imagens foram armazenadas em
fitas de videocassete para análise posterior.
34
A partir da visualização do VE (corte transversal) no nível dos músculos
papilares foram obtidas as medidas das seguintes variáveis pelo modo M:
diâmetro diastólico (DDiVE) e sistólico (DSiVE) do VE, espessura da parede
posterior (PPd) e anterior (PAd) do VE e massa do VE (MVe). Pelo método
bidimensional foram obtidas a área diastólica (ADiVE) e sistólica (ASiVE) do VE.
A massa do VE (MVE) foi calculada segundo orientação da Sociedade
Americana de Ecocardiografia, que estima a MVE através da utilização da
seguinte fórmula matemática: MVE = [(DDiaVE+SIV+PPd)3-(DDiaVE)3]x1,047,
onde 1,047 (mg/mm3), que corresponde à densidade do miocárdio. As imagens
foram armazenadas em fitas de videocassete para análise posterior.
A função sistólica foi avaliada pela fração de encurtamento da área
transversal (%FEAT) que corresponde à diferença da área diastólica pela área
sistólica, dividida pela área diastólica e multiplicada por 100, para representação
em porcentagem de três regiões (basal, média e apical).
FIGURA 2- Visualização do VE (corte transversal) realizado pelo modo M. Foram
obtidas as medidas das variáveis: diâmetro diastólico e sistólico do
VE, espessura da parede posterior e anterior do VE, espessura
relativa da parede ventricular, diâmetro do átrio esquerdo e massa do
VE e pelo método bidimensional, a área diastólica e sistólica do VE.
Figura A- animal sham. Figura B- animal infartado.
DSi DDi
Parede Anterior
Parede Posterior
Parede Anterior
Parede Posterior
DSi Ant
DDi
A BA
35
A função diastólica foi avaliada pelos valores derivados da curva de
velocidade do enchimento na diástole pelo Doppler. A partir da curva de
velocidade do fluxo diastólico mitral, a velocidade máxima das ondas E e A foi
medida e a razão E / A, calculada.
..FIGURA 3- Pelo método bidimensional foi feita a avaliação do fluxo mitral através
...................do Doppler. A partir da curva de velocidade do fluxo diastólico mitral, a
...................velocidade máxima das ondas E e A foi medida. Figura C- animal
...................SHAM. Figura D- animal infartado.
5.4 Tamanho do Infarto do Miocárdio
O tamanho do IM foi medido pelo ecocardiograma bidimensional com base
no plano basal, medial e apical transversal do VE. Três medidas do perímetro do
endocárdio (PE) da cavidade do VE e o comprimento do segmento com IM (SI) de
cada corte transversal foram obtidos durante a diástole. O tamanho do IM (TI) para
cada segmento, expresso como a proporção do perímetro do VE de cada corte
transversal, foi calculado pela equação: TI (%) = (SI / PE) × 100. O tamanho do IM
total de cada animal foi calculado como a média dos TI (%) dos 3 segmentos. O
IM avaliado por ecocardiograma foi definido como qualquer segmento com
ecogenicidade aumentada e/ou mudança no espessamento do miocárdio ou
movimento sistólico (hipocinesia, acinesia ou discinesia).
C D
36
5.5 Protocolo de Treinamento Físico Aeróbico
O TF de natação foi realizado segundo protocolo de Hashimoto et al.
(2004); Medeiros et al., (2004); Do Carmo et al. (2011); Fernandes et al. (2011);
Fernandes et al. (2011); Soci et al. (2011). Os animais foram treinados durante 10
semanas, em sessões de 60 min, 1 vez ao dia, 5 vezes por semana, com aumento
gradual da sobrecarga de trabalho (peso na cauda em porcentagem do peso
corporal) até atingir 4 % do peso corporal (PC).
FIGURA 4 Visão esquemática do protocolo de TF de natação para ratos.
O protocolo utilizado foi caracterizado como TF de baixa a moderada
intensidade e longa duração, sendo efetivo na promoção de adaptações
cardiovasculares e no aumento da capacidade oxidativa muscular. Os ratos foram
identificados e pesados semanalmente, para a correção da sobrecarga de TF em
função do aumento do peso corporal. O TF foi realizado em um sistema de
natação específico para ratos, com água aquecida a 30-32º C (FIGURA 10).
FIGURA 5- Aparato de TF de natação para ratos.
SEMANAS
1° 2° 4° 3° 6° 5° 8° 10° 7° 9°
CARGA (%pc)
0 2 e 3 3 3 3 3 3 3 3 3
TEMPO(min)
30 40 60 60 60 60 60 60 60 60
37
Quarenta e oito horas após a ultima sessão de TF, os animais foram
submetidos a análises ecocardiográficas e, posteriormente, mortos por
decaptação. As amostras necessárias foram coletadas e armazenadas
adequadamente para análises histológicas, bioquímicas, celulares e moleculares.
5.6 Avaliação do Consumo Máximo de Oxigênio
Na última semana de TF os animais foram adaptados à corrida progressiva
na esteira e submetidos a um teste progressivo de esforço máximo em esteira
rolante adaptado de Brooks e White (1978), com incremento de carga de 3m/min a
cada 3 min, até a exaustão, para a obtenção do VO2max.
O consumo de oxigênio pico foi mensurado por determinação da fração
expirada de oxigênio (FeO2) durante o teste de exercício progressivo, até
exaustão.
Neste protocolo os ratos foram colocados numa caixa metabólica sobre a
esteira rolante, que serviu como câmara de mistura dos gases expirados. Esta
câmara é conectada a um tubo na forma de “T”, para a retirada de amostras de ar
(1.000 ml/min) para avaliação da FeO2 em um analisador de gases. A outra via do
tubo em “T” é utilizada para a aspiração do ar em fluxo contínuo (2.500 ml/min),
regulável por bomba aspiradora. A parte da frente da caixa metabólica possui uma
abertura de 2 mm da superfície, que permite a entrada de ar ambiente
unidirecional sugado pela bomba aspiradora. O fluxo de ar na caixa metabólica é
de 3.500 ml/min.
O rato foi colocado dentro da caixa metabólica por um período de repouso
de 30 minutos para o registro do estado basal e, em seguida, o teste foi iniciado
com velocidade de 3 m/min. Durante cada estágio (3min) de exercício realizado,
foram analisadas as FeO2 dos gases contidos no ar da caixa metabólica. Foram
consideradas as frações expiradas dos trinta últimos segundos de cada estágio
para a determinação do VO2max de cada estágio.
Ao atingir a exaustão, o rato foi mantido na caixa metabólica por
aproximadamente 3 min e as frações expiradas foram registradas para verificar a
recuperação do animal e o funcionamento dos analisadores.
38
O consumo de oxigênio foi calculado através da seguinte fórmula
matemática:
Onde:
VO2 = ml.Kg-¹.min-1
Fluxo de ar = 1000 ml/min (analisador) + 2500 ml/min (bomba de aspiração) =
3500 ml/min.
FiO2 = fração de oxigênio inspirada (ar ambiente).
FeO2 = fração de oxigênio expirada (caixa de mistura).
Peso corporal = Kg.
Para a análise dos dados foi utilizado o maior valor do VO2.
5.7 Índice Hipertrofia Cardíaca
O coração foi dissecado, tendo sido separados o VE e o VD (ventrículo
direito). A hipertrofia cardíaca (HC) foi avaliada pelo peso úmido do VE corrigido
pelo PC do animal (mg/g).
5.8 Extração de RNA Total
O VE foi separado em três regiões: região do IM (parte com fibrose e com
cor branca que delimita bem essa região do ventrículo), região da borda do IM
(região de aproximadamente 2 mm próxima ao IM) e região remanescente ao IM
(região restante do VE) nos ratos infartados, infartados treinados, treinados e
controle (sham).
O RNA total do coração foi isolado na região remanescente ao IM, em 1 ml
de Trizol (Invitrogen), conforme indicação do fabricante. As amostras de RNA
foram diluídas na proporção de 1:100 em água, e analisadas por
espectrofotometria em 260 a 280nm. Para conversão de RNA em DNA
complementar (cDNA) foi utilizado 1 µg. mL-1 de RNA total, 1 µL de dNTP mix 10
VO2 = fluxo de ar X (FiO2-FeO2)/ peso corporal
39
mM, 1 µL de random hexamers (50 ng. µL-1) e 8 µL de H2O DEPC, de acordo com
o fabricante (Invitrogen, Brasil).
5.9 Cleanup para Microarray
Cleanup: é uma técnica que utiliza colunas para limpeza do RNA total.
Para a utilização da plataforma de microarray, necessariamente deve ser utilizado
um cleanup (kit da Ambion) nas amostras de tecido do ventrículo, uma vez que a
extração do RNA total feita pelo método do tryzol. Utilizamos essa técnica,
exatamente com o intuito de retirar das amostras de resíduos de fenóis.
5.10 MicroRNA Microarrays
A plataforma de microarray foi baseado no sistema Sanger miRBase
Release 15.0, com CHIP 2.0 e realizado em parceria com o laboratório de biologia
molecular do Instituto de Câncer de São Paulo pelo nosso laboratório, com os kits
da companhia AFFYMETRIX, USA.
5.11 Microarray
A análise dos dados do microarray de microRNA foi realizada usando
ferramentas específicas do software Bioconductor/R. Inicialmente, os dados foram
importados e após análises de controle de qualidade das intensidades de sinal de
cada experimento, foi realizado o pré-processamento pela metodologia de RMA
(robust multiarray average). Em seguida, foi aplicado um filtro de desvio
interquartílico de 0,5 para excluir da análise os microRNAs que apresentaram
pouca variação entre os microarrays e não são informativos para a detecção de
microRNAs diferencialmente expressos. Foi realizado o microarray com o n=1
para cada grupo, sendo que para cada grupo foi realizado um pool com a mesma
quantidade de RNA total de três amostras por grupo.
Para a escolha do microRNA foi realizado um filtro com o seguinte critério:
���� Os microsRNAs foram selecionados e separados de acordo com
dois padrões de expressão. No primeiro padrão de expressão o
40
microRNA selecionado do grupo SED-IM deveria apresentar
expressão maior que o grupo SED-SHAM, o grupo TR-SHAM
deveria apresentar expressão menor que o grupo SED-SHAM e o
grupo TR-IM deveria apresentar expressão menor que o grupo
SED-IM. No segundo padrão de expressão os microRNAs
selecionados do grupo SED-IM deveria apresentar expressão
menor que o grupo SED-SHAM, o grupo TR-SHAM deveria
apresentar expressão maior que o grupo SED-SHAM e o grupo TR-
IM deveria apresentar expressão maior que o grupo SED-IM.
���� Em seguida, foram excluídos todos os microRNAs que
apresentavam expressão menor do que 1 U.A.
���� Por último, que a diferença do grupo TR-SHAM para o grupo SED-
SHAM fosse maior do que 2 U.A.
Foi realizada a confirmação do aumento e/ou diminuição dos microRNAs
pela reação em cadeia da polimerase em tempo real (Real Time-PCR), e das
proteínas alvo dos microRNAs no VE dos animais, por técnica de Western
blotting.
5.12 Real Time-PCR
O ensaio da análise da expressão gênica foi feito de acordo com o
protocolo descrito no Taqman Gold RT-PCR kit. Nesse ensaio, a primeira fita de
cDNA (1-6 µl) foi amplificada em 25 µl de reação, contendo 12,5 µl de Taqman
transcriptase reversa, 2x da mistura SYBR Green PCR Mastermix (Applied
Biosystems) e primers específicos para cada microRNA analisado,
comercializados pela Ambion ou Applyed para o gene desejado (900nM). Foi
utilizado como controle normalizador o gene U6 conforme descrito acima.
Os passos da reação em cadeia da polimerase em tempo real foram os
seguintes: 1) denaturação a 95ºC por 10 minutos para a ativação da enzima
AmpliTaq Gold; 2) 45 ciclos a 95ºC por 15 segundos (denaturação) e 60ºC por 1
41
minuto (anelamento). As fluorescências foram lidas em detector ABI PRISM 7700
(Applied Biosystems).
5.13 Western Blotting
As amostras coletadas foram imediatamente homogeneizadas por meio de
homogenizadaro Polytron (PT-K Brinkman Instruments) em volume (9x seu peso)
de tampão de lise hipotônico, contendo tampão de fosfato de potássio 50mM (pH
7), sacarose 0,3 M, DTT 0,5 mM, EDTA 1mM (pH 8), PMSF 0,3 mM, NaF 10mM e
coquetel de inibidor de fosfatase (1:1000, Sigma Aldrich EUA) e colocadas em
banho a 100oC por 10 min. As amostras foram mantidas no gelo e centrifugadas
(3.000 rpm X 10 min) e depois armazenadas a -20 oC. Os homogenatos foram
centrifugados por 15 minutos, a 12.000 rpm, a 4oC. O sobrenadante foi retirado,
diluído em tampão Laemmli na proporção de 1:4 e aquecidos em água fervente
por 5 min (LAEMMLI, 1970) para ser posteriormente submetido à eletroforese em
gel de poliacrilamida (SDS-PAGE 8%) no aparelho para minigel (Mini-Protean). A
transferência das proteínas separadas no gel foi feita eletricamente para uma
membrana de nitrocelulose, utilizando-se um aparelho da Bio-Rad por
aproximadamente 2h sob 120 volts. As membranas foram bloqueadas pela
incubação com 10 ml de solução bloqueadora (leite desnatado Molico 5%, Tris
10mM, NaCl 150 mM e Tween 20 0,02%) a 4°C, overnight ou por 2h na
temperatura ambiente. Estas membranas foram posteriormente incubadas a 4°C
com o anticorpo primário para as proteínas escolhidas para estudo. As bandas
existentes nas membranas incubadas foram visualizadas através do uso do Kit
para detecção por quimioluminescência (Amersham, ECLTM Western Blotting
Detection). Após medir a intensidade das bandas (Molecular imager, ChimiDoc
XRS, Bio-Rad), as bandas escaneadas foram analisadas utilizando o programa de
análise de densitometria óptica Scion Image, fornecido gratuitamente pela NIH
(USA) via Internet (http://www.scioncorp.com/).
42
5.14 Análise Quantitativa de Fibras de Colágeno no Miocárdio
O VE foi fixado em 6% de formaldeído e embebidos em parafina. Apos isso,
foram feitos cortes em secções de 5 mM, ao nível do músculo papilar. A fração
volumétrica de colágeno (CVF) do miocárdio intersticial foi determinada usando a
luz direta dos tecidos preparados com Picrosirius, conforme já descrito (ROCHA et
al 2007). O colágeno intersticial foi determinado por um sistema de análise de
imagem assistida por computador (Imagem-Pro Plus, Media Cybernetics, Silver
Spring, MD) a partir de 20 campos seleccionados no microscópio com projeção
(x200) na RI e na BR+RM do ventrículo esquerdo.
A FVC foi calculada como a soma de todas as áreas do tecido conjuntivo
dividido pela soma de todas as áreas do músculo em todos os campos.
5.15 Imagem Histológica do Tamanho do Infarto
Foram feitos cortes, representativos, no criostato para retratar a área
infartada e tecido adjacente ao infarto. A organização do tecido foi evidenciado por
coloração com hematoxilina eosina (H/E).
5.16 Determinação da Hidroxiprolina
O colágeno do VE foi quantificada a partir da concentração de hidroxiprolina
(OH-prolina), por um método modificado, como já descrito (BERGMAN; LOXLEY,
1970). Todas as amostras de tecido (100 mg) foram obitidas da mesma área da
parede do VE. Os tecidos foram hidrolisados em 1 ml de HCl (8N) à 115 ° C,
durante 18 h em tubos de vidros vedados. Foi realizado a filtrgem do produto das
amostras. Um oxidante (cloramina T, 0,5 ml) foi adicionado, agitado em vórtex e
permaneceu em repouso durante 4 min. Em seguida, foi adicionado 1,0 ml de
reagente de Ehrlich (3 ml de reagente de Ehrlich, mais 16 ml de isopropanol). Os
tubos foram vortexado, durante 4 minutos e depois mantido à 60 °C, durante 21
min. A intensidade da coloração foi medida à 558 nm em temperatura ambiente
após 1hora. A concetração de OH-prolina foi determinada a partir do valor de 150
µl de amostra em cada duplicata, utilizando uma curva de concentração padrão
43
com 0,5-5µg de 1-OH-prolina. Os dados são expressos como miligramas por
grama de OH-prolina.
5.17 Medida da Atividade da Ca2+-ATPase
O [32P]-fosfato inorgânico (32Pi) foi obtido a partir do Instituto de
Investigação Energético Nuclear de São Paulo. [γ-32P]-adenosina-trifosfato ([γ-
32P] ATP), foi preparado como descrito por Maia et al., (1983).
A região remanescente do coração foi lavada com uma solução fria (4° C),
contendo 137 mM NaCl, 2,7 mM KCl, 11,9 mM de NaHCO3, 0,36 mM NaH2PO4,
5,5 mM de glucose, 1,8 mM de CaCl2 e 0,4 mM de MgCl2, equilibrada com uma
mistura gasosa carbogênica (95% O2 / 5% CO2, pH 7,4) e armazenado
imediatamente a -80 º C até à sua utilização. No dia da preparação, o tecido foi
picado e homogeneizado utilizando um dispersor Ultraturrax (IKA Works, Inc.),
9500 rpm durante 10 segundos por três vezes, com um intervalo de 20s entre os
passos, em uma solução fria contendo: 0,2 mM de fluoreto de fenilmetilsulfonilo, 2
mM de ditiotreitol, 0,4 mg / mL de aprotinina, 0,2 mM EDTA e 250 mM sacarose
em 5 mM Tris-HCl (pH 7,4). A preparação foi ultracentrifugada a 110.000 g
durante 35 min. O pellet foi ressuspenso no mesmo tampão, sem EDTA e
ditiotreitol e armazenadas a -80 ° C. A concentração de proteína foi determinada
pelo ensaio de proteínas de Lowry, utilizando albumina de soro bovino como
padrão (LOWRY et al., 1951).
As frações obtidas a partir do homogeneizado de tecido cardíaco
remanescente (0,2 mg / ml , a concentração final de proteína ) foram incubados
durante 1h em meio (0,5 ml , 37 ° C ), contendo 50 mM de MOPs -Tris (pH 7,4 ) , 5
mM de NaN3 , 0,2 mM de EGTA , 1 mM de [ γ -32P ] ATP (sal dissódico ; atividade
específica ~ 1,5 × 1010 Bq / mmol), 4 mM de MgCl2 e 100 mM de KCl , na
presença ou na ausência de 3 µM tapsigargina . O CaCl2 total necessário para a
concentração de Ca2+ livre de 50 µM foram calculados de acordo com Sorenson
et al. (1986). Tapsigargina sensível ao Ca2+ ATPase (relacionado com a SERCA )
foi determinada pela diferença entre a Ca2+-ATPase medido na ausência (total
Ca2+ - ATPase ) e presença de tapsigargina . A atividade Ca2+ - ATPase
resistente a tapsigargina foi relacionada com a Ca2+-ATPase da membrana
44
plasmática (PMCA). As reações foram interrompidas por adição de 1 ml 26% (
w/v) de carvão em 0,1 N HCl . Os tubos foram centrifugados a 1500 x g durante,
15 min a 4 ° C, e 0,25 ml de sobrenadante contendo o 32Pi liberado foi quantificado
por cintilação líquida . Os resultados foram expressos como nmol de Pi libertado ×
mg-1 de proteína /h ou a percentagem do total da atividade Ca2+ ATPase.
5.29 Análise dos Dados
Os dados foram analisados utilizando a análise de variância ANOVA de
duas vias para comparar os valores dos grupos, e o teste de Bonferroni foi usado
para verificar a diferença significativa entre as médias (Sigma software, Stat). Foi
adotado para todos os experimentos um p< 0,05 de significância. Todos os
resultados foram apresentados na forma de média ± desvio-padrão.
45
6. RESULTADOS
A seguir serão descritos os resultados da massa corporal, hipertrofia
cardíaca, medida do consumo de oxigênio e as medidas ecocardiográficas.
6.1 Massa Corporal
Apesar da massa corporal (MC) ter sido avaliada semanalmente, optamos
por mostrar apenas os valores finais para deixar o resultado mais claro. A Tabela
1 mostra a massa corporal no dia do procedimento cirúrgico (sham ou IM) a que
os animais foram submetidos. Além disso, mostra a massa corporal antes e após
a realização do protocolo de TF. Os resultados apresentados na Tabela 1
demonstram que a massa corporal não apresentou diferença em cada grupo no
dia do procedimento cirúrgico (SED-SHAM: 328±5,4: TR-SHAM: 331±7,6 SED-IM:
330±6,4: TR-IM: 331±6,2 g), pré (SED-SHAM: 353±9,1: TR-SHAM: 354±13,3
SED-IM: 348±112,4: TR-IM: 346±13,6 g) e pós (SED-SHAM: 338±14,0: TR-
SHAM: 387±2,6 SED-IM: 382±14,6: TR-IM: 387±12,3 g) período de TF.
Entretanto, todos os grupos apresentaram massa corporal aumentada no período
pré-treinamento em relação ao dia do procedimento cirúrgico, e no período pós-
treinamento em relação ao início do protocolo de TF (p<0,05).
TABELA 1- Massa corporal no dia do procedimento cirúrgico, pré e pós- protocolo
de TF de dez semanas. Os dados foram analisados pela análise de
variância (ANOVA) e o teste de Bonferroni foi usado para verificar a
diferença significativa entre as médias, n = 7, por grupo. Média ±
Desvio-Padrão. * p < 0,05 pós vs. pré e #p < 0,05 pré vs. inicial.
Grupos MC(g)
(inicial)
MC (g)
(pré treino)
MC (g)
(pós treino)
SED-SHAM 328±5,4 353±9,1# 388±14,0*
TR-SHAM 331±7,6 354±13,3# 387±2,6*
SED-IM 330±6,4 348±12,4# 382±14,6*
TR-IM 331±6,2 346±13,6# 387±12,3*
46
6.2 Hipertrofia Cardíaca
A Figura 13 mostra a relação do peso do VE/MC (mg/g). A hipertrofia do VE
foi 12,3% no grupo TR-SHAM (2,43±0,1mg/g; p<0,05), 12,5% no grupo SED-IM
(2,44±0,2mg/g; p<0,01) e 15,3% no grupo TR-IM (2,5±0,1mg/g; p<0,05)
comparados ao grupo SED-SHAM (2,17±0,2mg/g).
0
1
2
3
SED-SHAM SED-INF TR-SHAM TR-INF
Hip
ertro
fia c
ardí
aca
(mg\
g)
* *
#
*
FIGURA 6-Hipertrofia cardíaca dada pela relação do peso do VE/MC (mg/g) pós-
protocolo de TF de dez semanas. Os dados foram analisados pela
análise de variância (ANOVA) e o teste de Bonferroni foi usado para
verificar a diferença significativa entre as médias, n = 7, por grupo.
Média ± Desvio Padrão. * p < 0,05, vs SED-SHAM.
6.3 Medida do Consumo de Oxigênio
A Figura 14 mostra o VO2max dos animais pós-protocolo de TF. Observa-se
a eficácia do TF com aumento 14% do VO2max para o grupo que TR-SHAM
(53,81±2,6mL.kg-1.min-1) em relação ao grupo SED-SHAM (39,09±1,9mL.kg-
1.min-1), e um aumento de 12% para o grupo TR-IM (48,96±2,8mL.kg-1.min-1)
em relação ao grupo SED-IM (43,09±1,7mL.kg-1.min-1). Verificou-se também que
o VO2max atingido pelo grupo TR-SHAM foi 9% (46,08±2,2mL.kg-1.min-1) maior em
relação ao grupo TR-IM (39,09±1,9mL.kg-1.min-1).
47
0
20
40
60
SED-SHAM SED-INF TR-SHAM TR-INF
Vo
2 m
ax (
mL/
min
/Kg)
** #
FIGURA 7-O consumo máximo de oxigênio pós-protocolo de TF de dez semanas.
Os dados foram analisados pela análise de variância (ANOVA) e o
teste de Bonferroni foi usado para verificar a diferença significativa
entre as médias, n = 7, por grupo. Média ± Desvio-Padrão. * p < 0,05,
vs respectivos controles , # p < 0,05 vs TR-IM.
6.4 Medidas Ecocardiográficas
A Tabela 2 resume os resultados da avaliação da morfometria
(porcentagem do IM, massa e espessura da parede anterior e posterior do VE),
da função ventricular analisada pela %FEAT (função sistólica) e a relação E/A
(função diastólica), realizados através de avaliação ecocardiográfica pré e pós-
período de TF. Concomitante ao exame ecocardiográfico foi feito o registro de
eletrocardiograma de maneira a garantir a mesma frequência cardíaca em todos
os grupos experimentais. O resultado da frequência cardíaca, embora não
apresentado na referida tabela, não foi diferente entre os grupos.
A porcentagem do tamanho do IM foi de 30% no grupo SED-IM e 29% no
grupo TR-IM, antes do período de TF e esta porcentagem se manteve semelhante
após o período de TF, sendo 29% no grupo SED-IM e 28% no grupo TR-IM.
A massa do VE analisada pelo ecocardiograma demonstrou um aumento
de 24% no grupo TR-SHAM (1,12±0,03), quando comparado com o pré-TF
48
(0,85±0,02), e de 16% quando comparado com o grupo SED-SHAM (0,94±0,02)
após o período de TF.
A espessura da parede anterior, após o período de TF foi semelhante entre
SED-IM (1,28±0,003) e TR-IM (1,30±0,003) e entre SED-SHAM (1,76±0,002) e
TR-SHAM (1,80±0,003), porém, ambos os grupos SED-IM e TR-IM apresentaram
tamanho 27% menor quando comparados com seus respectivos SED-SHAM e
TR-SHAM. A espessura da parede posterior do grupo TR-SHAM (1,72±0,003),
SED-IM (1,74±0,02) e TR-IM (1,82±0,01) foram 14,0% 14,4% e 18,8%,
respectivamente, maior que no grupo SED-SHAM (1,47±0,01) após o TF.
Não houve diferença entre os grupos SED-SHAM (70%) e TR-SHAM (71%)
com relação a %FEAT, porém, o grupo TR-IM (42%) teve uma melhora da
%FEAT em relação ao período pré-TF (35%) e ao grupo SED-IM (33%), enquanto
o grupo SED-IM teve um prejuízo da %FEAT, após o período de TF (33%).
A relação das ondas E/A não apresentou diferença entre os grupos SED-
SHAM (1,40±0,1) e TR-SHAM (1,55±0,4). No entanto, o grupo TR-IM (1,74±0,1)
teve uma diminuição de 11% da relação E/A em comparação ao período anterior
ao TF (1,96±0,1) e de 17% em relação ao grupo SED-IM (2,05±0,1), após o
período de TF. O grupo SED-IM teve um aumento de 6% em relação ao período
anterior ao protocolo de treinametno (1,93±0,1 vs. 2,05±0,1).
49
TABELA 2-Morfometria e índices de função sistólica e diastólica obtidos pelo
exame ecocardiográfico, pré e pós o protocolo de TF de dez
semanas. Média ± Desvio Padrão. Os dados foram analisados
pela análise de variância (ANOVA) e o teste de Bonferroni foi
usado para verificar a diferença significativa entre as médias. # p
< 0,05, pré ou pós vs respectivo pré ou pós do grupo SED-
SHAM, & p < 0,05, pré ou pós vs respectivo pré ou pós do grupo
TR-SHAM, $ p < 0,05, pré ou pós vs respectivo pré ou pós do
grupo SED-IM e * p < 0,05 pós vs pré do mesmo grupo.
50
A seguir serão descritos os resultados da expressão do microRNA-29a,
microRNAs-29b e microRNAs-29c, a expressão dos colágenos IAI e IIIAI, a
análise quantitativa das fibras de colágeno e hidroxiprolina na RM, na BR e RI do
IM.
6.5 Expressão do MicroRNA-29a
A expressão do microRNA-29a foi reduzida em 49% na RI e 16% na BR no
grupo SED-INF em comparação com o grupo SED-SHAM. No entanto, a
expressão do microRNA-29a foi aumentada em 36% na RM no grupo SED-INF em
comparação com o grupo SED-SHAM. A expressão do microRNA-29a foi
aumentada em 15% na RI, 16% na BR e de 25% na RM, respectivamente, no
grupo TR-SHAM comparado com o grupo SED-SAHM. No grupo TR-INF o
microRNA-29a foi aumentado 32% na BR e 52% na RM em comparação com
SED-INF (Figura 15, p <0,05).
51
0
50
100
150
200
250
SED-SHAM SED-INF TR-SHAM TR-INF
Nív
eis
de
miR
NA
- 29
a n
o V
E(%
do
con
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0
20
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SED-SHAM SED-INF TR-SHAM TR-INF
Nív
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A- 2
9ano
VE
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0
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SED-SHAM SED-INF TR-SHAM TR-INF
Nív
eis
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iRN
A-
29a
no V
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do
cont
role
)
* *
*
* *
*
*
*
* # &
# #
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#
Expressão do microRNA -29a na região infartada
Express ão do microRNA -29a na regi ão remanescente ao infarto
Express ão do microRNA -29a na região da borda do infarto
A
B
C
52
FIGURA 8-Expressão do microRNA-29a na região infartada (A), na borda da
região infartada (B) e na região remanescente ao infarto (C) realizada
por real-time PCR. Todos os resultados são apresentados como média
± desvio padrão e em porcentagem em relação ao grupo SED-SHAM,
n = 7, por grupo. * Diferença significativa vs. SED-SHAM, # vs. SED-
INF, & vs. TR-SHAM (P <0,05).
6.6 Expressão do MicroRNA-29b
A expressão do microRNA-29b foi diminuída em 33% na RI e ocorreu um
aumento de 60% na RM no grupo SED-INF em comparação com o grupo SED-
SHAM. A expressão do microRNA-29b não foi alterada com o treinamento. No
entanto, a expressão do microRNA-29b foi aumentada em 27% na BR e 65% na
RM no grupo TR-INF em comparação com o grupo TR-SHAM e na RI a expressão
do microRNA-29b apresentou um diminuição de 35% no grupo TR-INF comparado
com o grupo TR-INF (Figura 16, p <0,05).
53
0
50
100
150
200
250
SED-SHAM SED-INF TR-SHAM TR-INF
Nív
eis
de m
iRN
A-
29b
no V
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)
0
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SED-SHAM SED-INF TR-SHAM TR-INF
Nív
eis
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iRN
A-
29b
no V
E(%
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cont
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)
0
20
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60
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SED-SHAM SED-INF TR-SHAM TR-INF
Nív
eis
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miR
NA
- 29b
no
VE
(% d
o co
ntro
le)
* *
*
* *
&
& #
& #
#
C
B
A Expressão do microRNA -29b na região infartada
Express ão do microRNA -29b na regi ão da bo rda do infarto
Express ão do microRNA -29b na regi ão remanescente ao infarto
54
FIGURA 9-Expressão de microRNA-29b na região infartada (A), na borda da
região infartada (B) e na região remanescente ao infarto (C) realizada
por real-time PCR. Todos os resultados são apresentados como média
± desvio padrão e em porcentagem em relação ao grupo SED-SHAM,
n = 7, por grupo). * Diferença significativa vs. SED-SHAM, # vs. SED-
INF, & vs. TR-SHAM (P <0,05).
6.7 Expressão do MicroRNA-29c
A expressão do microRNA-29c foi reduzida em 28% na RI, em 31% na BR
e 15% na RM no grupo SED-INF em comparação com o grupo SED-SHAM. A
expressão do microRNA-29c foi aumentada em 38% na RI, em 34% na BR e 42%
na RM no grupo TR-SHAM comparado com o grupo SED-SHAM. Da mesma
forma, o microRNA-29c foi aumentado em 63% na BR e 55% na RM no grupo TR-
INF em comparação com o grupo SED-INF, no entanto, a expressão do
microRNA-29c não foi alterado com o treinamento na RI no grupo TR-INF (Figura
17, p <0,05).
55
0
20
40
60
80
100
120
140
160
SED-SHAM SED-INF TR-SHAM TR-INF
Nív
eis
de m
iRN
A-
29c
no V
E(%
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role
)
0
20
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60
80
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140
160
SED-SHAM SED-INF TR-SHAM TR-INF
Nív
eis
de m
iRN
A-
29c
no V
E(%
do
cont
role
)
0
50
100
150
200
250
SED-SHAM SED-INF TR-SHAM TR-INF
Nív
eis
de m
iRN
A-
29c
no
VE
(% d
o c
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tro
le)
*
*
*
*
* *
* *
*
# &
# #
# & #
C
B
A Expressão do microRNA -29c na reg ião infartada
Express ão do microRNA -29c na regi ão da borda do infarto
Express ão do microRNA -29c na regi ão remanescente ao infarto
56
FIGURA 10- Expressão do microRNA-29c na região infartada (A), na borda da
região infartada (B) e na região remanescente ao infarto (C) realizada
por real-time PCR. Todos os resultados são apresentados como média
± desvio padrão e em porcentagem em relação ao grupo SED-SHAM, n
= 7, por grupo. * Diferença significativa vs. SED-SHAM, # vs. SED-INF, &
vs. TR-SHAM (P <0,05).
6.8 Expressão do Colágeno IAI e IIIAI
A expressão do COLIAI e COLIIIAI foi diminuída em 56% e 51%,
respectivamente, no grupo SED-INF comparado com o grupo de SED-SHAM na
RI. Em contraste, a expressão do COLIIIAI COLIAI foi aumentada em 22% e 25%,
respectivamente, no grupo SED-INF comparado com o grupo de SED-SHAM na
BR e aumento em 35% e 19%, respectivamente, no grupo SED-INF comparado
com o grupo SED-SHAM na RM. A expressão do COLIAI foi reduzida em 53% na
RI, 55% na BR e 43% na RM no grupo TR-SHAM comparado com o grupo SED-
SHAM. A expressão do COLIIIAI foi reduzida em 57% no RI, 56% na BR e de 43%
na RM no grupo TR-SHAM comparado com o grupo SED-SHAM. A expressão do
COLIAI e COLIIIAI não foi alterada com o treinamento na RI no grupo TR-INF,
mas com o treinamento foi reduzida de 63% e 62%, respectivamente, no grupo
TR-INF em comparação com o grupo SED-INF na RM, enquanto a expressão do
COLIIIAI foi diminuída de 16% no grupo TR-INF em comparação com o grupo
SED-INF na BR. No entanto, a expressão COLIAI foi aumenta em 17% no TR-INF
comparado com o grupo SED-INF na BR (Figura 18, p <0,05).
57
0
20
40
60
80
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SED-SHAM SED-INF TR-SHAM TR-INF
Nív
eis
de m
RN
A d
o C
OLI
AI
no V
E(%
do
cont
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SED-SHAM SED-INF TR-SHAM TR-INF
Nív
eis
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RN
A d
o C
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AI n
o V
E(%
do
cont
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)
0
20
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80
100
120
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SED-SHAM SED-INF TR-SHAM TR-INF
Nív
eis
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RN
A d
o C
OLI
AI
no V
E(%
do
cont
role
)
* * *
*
*
*
* *
*
&
&
#
#
#
#
Expressão do colágen o IAI na região infartada
Expressão do Colágeno IAI na região da borda do inf arto
Expressão do Colágeno IAI na região remanescente ao infarto
A
B
C
58
FIGURA 11-Expressão do colágeno (COLIAI) na região infartada (A), na borda da
região infartada (B) e na região remanescente ao infarto (C) realizada
por real-time PCR. Todos os resultados são apresentados como média
± desvio padrão e em porcentagem em relação ao grupo SED-SHAM, n
= 7, por grupo. * Diferença significativa vs. SED-SHAM, # vs. SED-INF, &
vs. TR-SHAM (P <0,05).
59
0
20
40
60
80
100
120
140
160
SED-SHAM SED-INF TR-SHAM TR-INF
Nív
eis
de m
RN
A d
o C
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AII
I no
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o co
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*
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#
A
B
C
0
20
40
60
80
100
120
140
160
SED-SHAM SED-INF TR-SHAM TR-INF
Nív
eis
de m
RN
A d
o C
OLI
AII
I no
VE
(% d
o co
ntro
le)
* * *
Expressão do col ágeno IIIAI na região infartada
Expressão do Colágeno IIIAI na região da borda do i nfarto
Expressão do Colágeno IIIAI na região remanescente ao infarto
0
20
40
60
80
100
120
140
160
SED-SHAM SED-INF TR-SHAM TR-INF
Nív
eis
de m
RN
A d
o C
OLI
AII
I no
VE
(% d
o co
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le)
# #
*
* *
60
FIGURA 12-Expressão do colágeno (COLIAIII) na região infartada (A), na borda
da região infartada (B) e na região remanescente ao infarto (C) realizada
por real-time PCR. Todos os resultados são apresentados como média
± desvio padrão e em porcentagem em relação ao grupo SED-SHAM, n
= 7, por grupo. * Diferença significativa vs. SED-SHAM, # vs. SED-INF, &
vs. TR-SHAM (P <0,05).
6.9 Análise Quantitativa das Fibras de Colágeno
A Fração volumétrica de colágeno foi reduzida de 18,7% (borda do IM +
região remanescente do IM) no grupo TR-INF comparado com o grupo SED-INF
(1,8 ± 0,1 vs 1,5 ± 0,1 µm / área) (Figura 20, p <0,05).
SED-INF
SED-INF TR-INF
TR-INF
BR + RM BR + RM
IR IR
TR-INF SED-INF TR-SHAM SED-SHAM
INF INF
61
Fração volumétrica de colágeno
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
6,0
SED-INF SED-INF TR-INF TR-INF
µm/a
rea
RI
BR+RM
*
# #
FIGURA 13- Cortes histológicos representativos da região infartada do miocárdio
(A). Os painéis mostram as fibras de colágeno na região infartada e na
RM dos grupos SED-INF e TR-INF, n = 7, por grupo .(B). Análise
quantitativa das fibras de colágeno no miocárdio (C). Todos os
resultados são apresentados como média ± desvio padrão. * Diferença
significativa vs TR-INF (BR +RM), # vs SED-INF e TR-INF (BR + RM)
(P ˂ 0,05).
6.10 Análise Quantitativa de Hidroxiprolina
A concentração (mg/g) de colágeno do VE quantificada a partir da
concentração de hidroxiprolina (OH-prolina), foi reduzida em 38% na BR e 36% na
RM do TR-SHAM em relação ao grupo SED-SHAM. No entanto, a concentração
de OH-prolina foi aumentada em 19% na BR e 25% na RM no grupo SED-INF em
relação ao grupo SED-SHAM, enquanto apenas na RM ocorreu redução de 35,2%
no grupo TR-INF em relação ao grupo SED-INF (Figura 21, p <0,05).
62
FIGURA 14-Quantificação de colágeno a partir da concentração(mg/g) de
hidroxiprolina (OH-prolina) na região infartada (A), na borda da região
infartada (B) e na região remanescente ao infarto (C) realizada por
real-time PCR. Todos os resultados são apresentados como média ±
desvio padrão e em porcentagem em relação ao grupo SED-SHAM, n
= 7, por grupo. * Diferença significativa vs. SED-SHAM, # vs. SED-INF, & vs. TR-SHAM (P <0,05).
A seguir serão descritos os resultados da expressão do microRNA-1 e do
microRNA-214, a expressão protéica da Serca2 e do NCX e a medida da atividade
da Ca2+-ATPase. Os resultados são referentes à região RM ao IM.
OH- Prolina
0
20
40
60
80
100
120
140
160
SED-SHAM SED-INF TR-SHAM TR-INFExp
ress
ão R
elat
iva
de c
olág
eno
na R
M
(mg/
g) (
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*
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#
OH- Prolina
0
20
40
60
80
100
120
140
SED-SHAM SED-INF TR-SHAM TR-INF
Exp
ress
ão R
elat
iva
de c
olág
eno
na B
R
(mg/
g) (
% d
o co
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le)
*
*
&
&
#
63
6.11 Expressão do MicroRNA-1 e do MicroRNA-214
A expressão do microRNA-1 foi diminuída 52% no grupo SED-INF e 55%
no grupo TR-SHAM, respectivamente em comparação com o grupo SED-SHAM.
Enquanto, no grupo TR-INF a expressão do microRNA-1 foi 49% maior em
comparação com o grupo SED-INF (Figura 30A, p <0,05).
A expressão do microRNA-214 foi aumentada 54% no grupo SED-INF em
comparação com o grupo SED-SHAM e diminuiu 51% no grupo TR-SHAM em
comparação com o grupo SED-SHAM. No grupo TR-INF o microRNA-214 foi
diminuído 29% em comparação com SED -INF (Figura 31B, p <0,05).
A
0
20
40
60
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SED-SHAM SED-INF TR-SHAM TR-INF
Nív
eis
de m
iRN
A-1
no
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)
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*
B
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0
20
40
60
80
100
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180
SED-SHAM SED-INF TR-SHAM TR-INF
Nív
eis
de m
iRN
A-
214
no V
E(%
do
cont
role
)
*
* #
& #
FIGURA 15- Expressão do microRNA-1 (A) e microRNA-214 (B) realizado por
PCR em tempo real. Percentual em relação ao grupo SED-SHAM, n = 7
cada grupo. Todos os resultados são apresentados como média ±
desvio padrão. * Diferença significativa vs. SED-SHAM, # vs SED-INF, e & vs TR-SHAM (P ˂ 0,05).
6.12 Expressão Protéica do NCX e da Serca2
A expressão do NCX, alvo do microRNA-1 e do microRNA-214 tiveram
aumento de 55% no SED-INF e 40% no grupo TR-SHAM em comparação com o
grupo SED-SHAM, enquanto no grupo TR-INF a expressão do NCX foi diminuída
36% em comparação com SED-INF (Figura 31A, p <0,05).
Em contrapartida, a expressão da Serca2, alvo do microRNA-214, foi
diminuída 37% no grupo SED-INF em comparação com o grupo SED-SHAM e
aumentada 53% no grupo TR-SHAM em comparação com o grupo SED-SHAM.
No grupo TR-INF a expressão da Serca2 foi 48% maior em comparação com
SED-INF (Figura 31B, p <0,05).
A
65
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
SED-SHAM SED-INF TR-SHAM TR-INF
Pro
tein
a N
CX
(%
do
cont
role
)
*
# &
*
B
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
SED-SHAM SED-INF TR-SHAM TR-INF
Pro
tein
a S
ER
CA
2 (%
do
cont
role
)
#
#
&
*
*
FIGURA 16-Expressão protéica do NCX (A) e da SERCA2 (B) por western blot.
Percentual em relação ao grupo SED-SHAM, n = 6 cada grupo. Todos
os resultados são apresentados como média ± desvio padrão. *
Diferença significativa vs. SED-SHAM, # vs SED-INF, e & vs TR-SHAM
(P ˂ 0,05).
6.13 Medida da Atividade da Ca2+-ATPase
66
A atividade da cálcio ATPase da região remanescente ao infarto que
corresponde a soma da atividade da cálcio ATPase da membrana plasmática
(PMCA) mais a atividade da cálcio ATPase do retículo sarcoplasmático (SERCA
2a) não foram alteradas com o treinamento.
0
20
40
60
80
100
120
140
160
SED-SHAM SED-INF TR-SHAM TR-INF Ativ
idad
e da
Ca2
+-A
TP
ase
(nm
olP
i.mg
-1.h
-1)
(% d
o co
ntro
le)
FIGURA 17-A atividade da cálcio ATPase da membrana plasmática (PMCA ) mais
a atividade da cálcio ATPase do retículo sarcoplasmático (SERCA 2a).
Percentual em relação ao grupo SED-SHAM, n = 7 cada grupo. Todos
os resultados são apresentados como média ± desvio padrão. *
Diferença significativa vs. SED-SHAM, # vs SED-INF, e & vs TR-SHAM
(P ˂ 0,05).
67
A atividade da PMCA e a atividade SERCA 2a, medidas separadamente,
não foram alteradas com o treinamento.
0
20
40
60
80
100
120
140
SED-SHAM SED-INF TR-SHAM TR-INF
Ativ
idad
e da
SE
RC
A (n
mol
Pi.m
g-1
.h-1
)
(% d
o co
ntro
le)
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
200
SED-SHAM SED-INF TR-SHAM TR-INF
Ativ
idad
e da
PM
CA
(nm
olP
i.mg
-1.h
-1)
(% d
o co
ntro
le)
* #
FIGURA 18-A atividade da cálcio ATPase da membrana plasmática (PMCA )(A) e
a atividade da cálcio ATPase do retículo endoplasmático (SERCA 2a)
(B). Percentual em relação ao grupo SED-SHAM, n = 7 cada grupo.
Todos os resultados são apresentados como média ± desvio padrão. *
Diferença significativa vs. SED-SHAM, # vs SED-INF, e & vs TR-SHAM
(P ˂ 0,05).
68
A seguir serão apresentados duas tabelas com microRNAs selecionados
com base nos critérios utilizados para filtragem dos dados obtidos pelo microarray.
Na seqüência são apresentados, as confirmações dos 4 primeiros microRNAs
selecionados e a escolha das proteínas alvos do microRNA-339-5p. Os resultados
são referentes à região RM ao IM.
6.14 MicroRNAs selecionados
Os microRNAs foram selecionados e separados de acordo com dois
padrões de expressão. Para o primeiro padrão de expressão os microRNAs
selecionados tem o grupo SED-IM, apresentando expressão maior que o grupo
SED-SHAM, o grupo TR-SHAM, apresentando expressão menor que o grupo
SED-SHAM e o grupo TR-IM, apresentando expressão menor que o grupo SED-
IM, observou-se um total de 19 microRNAs (Tabela 3).
Enquanto para o segundo padrão de expressão os microRNAs
selecionados tem o grupo SED-IM, apresentando expressão menor que o grupo
SED-SHAM, o grupo TR-SHAM, apresentando expressão maior que o grupo SED-
SHAM e o grupo TR-IM, apresentando expressão maior que o grupo SED-IM,
observou-se um total de 13 microRNAs (Tabela 4).
No entanto, quando se utiliza o critério de exclusão dos microRNAs que
apresentam expressão menor do que 2 U.A e diferença do grupo TR-SHAM para o
grupo SED-SHAM menor do que 1 U.A observa-se, apenas 6 microRNAs no
primeiro grupo e somente 3 microRNAs no segundo grupo que satisfizeram este
critério.
MicroRNA SED-SHAM SED-IM TR-SHAM TR-IM
1 rno-miR-122_st 7,93 9,55 2,75 7,36 2 rno-miR-206_st 4,52 5,62 2,92 3,08 3 rno-miR-18a_st 5,30 5,68 3,98 5,09 4 rno-miR-339-5p_st 5,99 7,26 4,30 5,08 5 rno-miR-322-star_st 5,34 5,54 4,25 5,25 6 rno-miR-362_st 4,56 4,71 2,82 3,60 7 rno-miR-532-3p_st 4,55 4,70 3,56 3,73
8 rno-miR-542-5p_st 4,76 4,80 3,78 2,90
69
9 rno-miR-500_st 5,54 6,48 5,48 5,82
10 rno-miR-146b_st 7,04 7,88 7,01 7,72
11 rno-miR-674-3p_st 4,62 5,16 3,98 4,08
12 rno-miR-199a-5p_st 7,20 7,94 7,04 7,87
13 rno-miR-139-3p_st 3,48 3,84 3,44 2,87
14 rno-miR-423_st 5,44 5,75 5,41 5,09
15 rno-miR-324-5p_st 6,25 6,59 6,17 6,43
16 rno-miR-24-1-star_st 5,02 5,29 4,20 5,00
17 rno-miR-221_st 8,22 8,62 8,15 8,46
18 rno-miR-139-5p_st 7,10 7,45 6,89 7,26
19 rno-miR-497_st 7,60 7,91 7,40 7,60
TABELA 3- MicroRNAs selecionados com base nos critérios: Expressão do grupo SED-
IM >SED-SHAM, TR-SHAM < SED-SHAM e TR-INF < SED-INF. Exclusão
dos microRNAs que apresentavam expressão menor do que 2 U.A.
Diferença do grupo TR-SHAM para o grupo SED-SHAM menor do que 1 U.A.
MicroRNA SED-SHAM SED-IM TR-SHAM TR-IM
1 rno-let-7f_st 3,102256 3,098525 4,676485 3,229919 2 rno-miR-666_st 3,257582 3,229735 4,547727 3,247308 3 rno-miR-219-1-3p_st 2,911466 2,889957 4,409831 3,383507 4 rno-miR-181d_st 9,38098 9,090545 10,18396 9,361909
5 rno-miR-760-5p_st 3,259715 3,175632 4,167668 3,520635
6 rno-miR-370_st 3,154998 3,047036 4,119389 3,061969
7 rno-miR-219-2-3p_st 2,820246 2,739523 3,773386 2,906274
8 rno-miR-876_st 2,804263 2,724271 3,511069 3,223558
9 rno-miR-22-star_st 7,176147 6,621816 7,283187 7,143952
10 rno-miR-196b_st 2,852125 2,71063 3,611466 2,892262
11 rno-miR-292-5p_st 2,936816 2,766369 3,293531 2,892262
12 rno-miR-129_st 2,906955 2,734503 3,106302 2,847904
13 rno-miR-337_st 3,117978 2,89426 3,261101 3,209977
TABELA 4- MicroRNAs selecionados com base nos critérios: Expressão do grupo SED-
IM <SED-SHAM, TR-SHAM > SED-SHAM e TR-INF > SED-INF. Exclusão
dos microRNAs que apresentavam expressão menor do que 2 U.A.
Diferença do grupo TR-SHAM para o grupo SED-SHAM menor do que 1 U.A.
70
6.26 Confirmação da Expressão do MicroRNA 122
A expressão do microRNA-122 foi aumentada 51% no grupo SED-INF em
comparação com o grupo SED-SHAM e diminuiu 43% no grupo TR-SHAM em
comparação com o grupo SED-SAHM. No grupo TR-INF o microRNA-122 foi
diminuido 51% em comparação com SED-INF (Figura 34, p <0,05).
0
20
40
60
80
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SED-SHAM SED-INF TR-SHAM TR-INF
Nív
eis
de m
iRN
A-
122
no V
E(%
do
cont
role
)
*
* #
& #
Figura 19-Expressão do microRNA-122 realizado por PCR em tempo real (Figura
A). Percentual em relação ao grupo SED-SHAM, n = 7 cada grupo.
Todos os resultados são apresentados como média ± desvio padrão. *
Diferença significativa vs. SED-SHAM, # vs SED-INF, e & vs TR-SHAM
(P ˂ 0,05).
6.15 Confirmação da Expressão do MicroRNA-206
A expressão do microRNA-206 foi aumentada 45% no grupo SED-INF em
comparação com o grupo SED-SHAM e diminuiu 41% no grupo TR-SHAM em
comparação com o grupo SED-SAHM. No grupo TR-INF o microRNA-122 foi
diminuido 46% em comparação com SED-INF (Figura 35, p <0,05).
71
0
20
40
60
80
100
120
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160
SED-SHAM SED-INF TR-SHAM TR-INF
Nív
eis
de m
iRN
A-
206
no V
E(%
do
cont
role
)
*
* #
& #
FIGURA 20-Expressão do microRNA 206 realizado por PCR em tempo real
(Figura A). Percentual em relação ao grupo SED-SHAM, n = 7 cada
grupo. Todos os resultados são apresentados como média ± desvio
padrão. * Diferença significativa vs. SED-SHAM, # vs SED-INF, e & vs
TR-SHAM (P ˂ 0,05).
6.16 Confirmação da Expressão do Microrna-18a
A expressão do microRNA-18a foi aumentada 36% no grupo SED-INF em
comparação com o grupo SED-SHAM e diminuiu 44% no grupo TR-SHAM em
comparação com o grupo SED-SAHM. No grupo TR-INF o microRNA-18a foi
diminuido 26% em comparação com SED-INF (Figura 36, p <0,05).
72
0
20
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SED-SHAM SED-INF TR-SHAM TR-INF
Nív
eis
de m
iRN
A-
18a
no V
E(%
do
cont
role
)
*
* #
& #
FIGURA 21-Expressão do microRNA 18a realizado por PCR em tempo real
(Figura A). Percentual em relação ao grupo SED-SHAM, n = 7 cada
grupo. Todos os resultados são apresentados como média ± desvio
padrão. * Diferença significativa vs. SED-SHAM, # vs SED-INF, e & vs
TR-SHAM (P ˂ 0,05).
6.17 Confirmação da Expressão do MicroRNA-339-5p
A expressão do microRNA-339-5p foi aumentada 53% no grupo SED-INF
em comparação com o grupo SED-SHAM e diminuiu 40% no grupo TR-SHAM em
comparação com o grupo SED-SHAM. No grupo TR-INF o microRNA-339-5p foi
diminuido 37% em comparação com SED-INF (Figura 37, p <0,05).
73
0
20
40
60
80
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140
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180
SED-SHAM SED-INF TR-SHAM TR-INF
Nív
eis
de m
iRN
A-
339-
5P n
o V
E(%
do
cont
role
)
*
* #
& #
FIGURA 22-Expressão do microRNA 339-5p realizado por PCR em tempo real
(Figura A). Percentual em relação ao grupo SED-SHAM, n = 7 cada
grupo. Todos os resultados são apresentados como média ± desvio
padrão. * Diferença significativa vs. SED-SHAM, # vs SED-INF, e & vs
TR-SHAM (P ˂ 0,05).
6.18 Escolha do microRNA-339-5p e dos Alvos do microRNA-339-5p
O microRNA-339-5p foi escolhido por apresentar expressão diferencial
pronunciada com efeito do treinamento físico e está envolvido com genes
candidatos a regulação da função cardíaca e ter sido confirmado por Real Time-
PCR. Os dois genes alvos do microRNA-339-5p selecionados por programas de
bioinformática (TargetScan, Miranda e PicTar) foram a Myo1c e PGC-1 β, os quais
estão envolvidos com a função cardíaca.
No gene da MYO1C o miR-339-5p apresenta:
1 seqüência conservada na posição 87-94 da MYO1C 3' UTR:
5' ...AGACUCAAGCUUCCAGACAGGGA... |||||||
3' GCACUCGAGGACCUCCUGUCCCU
1 seqüência não conservada na posição 982-988 da MYO1C 3' UTR:
74
5' ...ACCUGGGAGCAUGGGGACAGGGC... |||||||
3' GCACUCGAGGACCUCCUGUCCCU
No gene do PGC-1 β miR-339-5p apresenta:
1 seqüência conservada na posição 6398-6404 do PGC-1 β 3' UTR:
5' ...UUCCCCUGGCUCUACGACAGGGU... ||||| |||||||
3' GCACUCGAGGACCUC----CUGUCCCU 2 seqüências não conservada na posição 865-871 do PGC-1 β 3' UTR:
5' ...UGUUAGACCCACUCUACAGGGAA...
|||||| 3' GCACUCGAGGACCUCCUGUCCCU
5' ...CUGAGGAGUACAUGAGACAGGGC...
||||||| 3' GCACUCGAGGACCUCCUGUCCCU
6.19 Expressão Protéica da Myo1c e do PGC-1 β
A expressão da Myo1c, alvo do microRNA-339-5p diminuiu de 36% no
grupo SED-INF em comparação com o grupo SED-SHAM e aumentou de 63% no
grupo TR-SHAM em comparação com o grupo SED-SHAM, enquanto no grupo
TR-INF a expressão do Myo1c aumentou de 49% em comparação com SED-
SHAM (Figura 38A, p <0,05).
A expressão do PGC-1 β, também alvo do microRNA-339-5p, foi alterada
somente no grupo TR-SHAM, com um aumento de 29% em comparação com o
grupo SED-SHAM (Figura 38B, p <0,05).
75
A
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
SED-SHAM SED-INF TR-SHAM TR-INF
Pro
teín
a M
YO
1C (
% d
o co
ntro
le)
* ##
*
*
B
0
20
40
60
80
100
120
140
160
SED-SHAM SED-INF TR-SHAM TR-INF
Pro
tein
a P
PA
RG
C1β
(%
do
cont
role
) * #
&
FIGURA 23-Expressão protéica da Myo1c (A) e do PGC-1 β (B) por western blot.
Percentual em relação ao grupo SED-SHAM, n = 7 cada grupo. Todos
os resultados são apresentados como média ± desvio padrão. *
Diferença significativa vs. SED-SHAM, # vs SED-INF, e & vs TR-SHAM
(P ˂ 0,05).
GAPDH
PGC-1 β
GAPDH
MYO1c
76
77
7. DISCUSSÃO
De acordo com os critérios aplicados foram observados, apenas 6
microRNAs para o primeiro padrão de expressão e 3 microRNAs para o segundo
padrão de expressão que satisfizeram todos os critérios. O microRNA-339-5p foi
escolhido por apresentar expressão diferencial pronunciada como efeito do TF por
ter dois genes (alvos selecionados por programas de bioinformática TargetScan,
Miranda e PicTar), o Myo1c e o PGC-1 β, que estão envolvidos com a regulação
da função cardíaca. Neste estudo, foi possível verificar que nos grupos TR-SHAM
e TR-IM ocorreu aumento da expressão da Myo1c e redução da expressão do
microRNA-339-5p. Nossos resultados também mostraram que o TF induziu
aumento na expressão dos microRNAs-29a/c, o que está relacionado com
significativa diminuição na expressão gênica do COLIAI, COLIIIAI, diminuição na
concentração de hidroxiprolina e fração volumétrica de colágeno de ratos com IM.
Outro resultado deste estudo é que o TF induziu diminuição na expressão dos
microRNA 214, o que está relacionado com aumento na expressão protéica
SERCA-2a e aumento na expressão dos microRNA 1 o que está relacionado com
diminuição na expressão protéica do NCX de ratos com IM. Esses efeitos estão
associados com a melhora da função ventricular avaliada pela FEAT% (função
sistólica) e pela relação E/A (função diastólica), realizado por avaliação
ecocardiográfica após o período de TF.
7.1 Massa Corporal
Os dados encontrados na literatura com relação ao efeito do TF aeróbico de
natação sobre a MC, de animais de experimentação são ainda controversos,
devido aos diferentes protocolos de TF utilizados com modificações em freqência,
intensidade, duração e tipo de exercício. Porém, apesar de alguns trabalhos
demonstrarem que o TF é capaz de alterar a MC (ROCHA et al., 2007;
FERNANDES, et al., 2011), os dados obtidos neste estudo são compatíveis com
os resultados de estudos que utilizaram protocolo de TF semelhante ao utilizado
78
neste experimento. Esses dados demonstram que o TF não foi capaz de alterar a
MC do grupo treinado em relação ao grupo sedentário no final do protocolo de TF
(DO CARMO et al., 2011; ROQUE et al., 2011; SOCI et al.,2011).
Estudos que mostraram diminuição da MC ou menor ganho pós-TF
aeróbico, atribuem esses resultados ao fato do exercício elevar o gasto calórico
durante o metabolismo basal, promovendo um aumento do metabolismo oxidativo.
Isso pode ser confirmado indiretamente, após o sacrifício com a remoção da
gordura reto peritoneal dos animais treinados, a qual está diminuída em
comparação aos animais sedentários, desta forma explicando em parte esse
menor ganho da MC ao final do protocolo experimental. Por outro lado, os
trabalhos que mostram que a MC se mantém semelhante para os grupos
treinados e controle, justificam que isso ocorre em função de um possível aumento
da ingestão calórica dos animais treinados (TOCH; POCHLMAN, 1996).
Como o TF de natação seguiu um protocolo baseado na porcentagem do
peso corporal dos animais, foi importante verificar que após as 4 semanas do
procedimento cirúrgico, os animais não apresentaram alteração da MC promovida
pelo IM ou pela cirurgia fictícia (sham).
7.2 Hipertrofia Cardíaca
O aumento da massa cardíaca foi avaliado tanto pelo peso úmido do VE
corrigido pelo peso corporal, quanto pelo ecocardiograma. No entanto, a medida
da massa cardíaca pelo ecocardiograma para o coração infartado não é valida
pelo modo M, portanto não será apresentada. Para fins de discussão,
consideraremos somente o resultado obtido pela razão peso do VE/MC. Essa é
uma medida direta e com menor possibilidade de erro do que a avaliada pelo
ecocardiograma, que estima a massa do coração através de fórmulas
matemáticas.
A HC encontrada no grupo TR-SHAM já era esperada e seu percentual em
relação ao grupo SED-SHAM foi bastante próximo do encontrado pelo nosso
grupo em publicações com esse modelo de TF (DO CARMO et al., 2011;
FERNANDES et al., 2011; SOCI et al., 2011). Assim, comparando-se dados da
79
literatura com diferentes tipos de TF aeróbico, verifica-se que o percentual de
ganho de massa do VE de animais treinados em relação aos controle é maior com
o TF em natação do que com o TF em esteira (BLOMQVIST; SALTIN, 1983;
GAUDRON et al., 1994; WISLOFF et al., 2002).
Nos grupos SED-IM e TR-IM a hipertrofia já era esperada, uma vez que os
animais permaneceram durante quatro semanas de recuperação mais o período
de TF de 10 semanas com IM. Resultados semelhantes foram encontrados por
Wisloff, Loennechen et al., (2002) que realizaram um protocolo de TF intervalado
em esteira, alternados entre 8 min a 85-90% do VO2max e 2 min em 50-60% do
VO2max, com os mesmos intervalos de tempo de recuperação após o IM e período
de TF utilizados neste estudo.
Bansal, et al.( 2010) que utilizaram um protocolo de corrida em esteira, com
os animais permanecendo durante quatro semanas de recuperação mais o
período de TF de 8 semanas com IM, observaram a hipertrofia aumentada no
grupo TR-IM em relação ao grupo SED-IM. WISLOFF et al. (2002), que utilizaram
protocolo semelhante, observaram que a hipertrofia no grupo TR-IM foi menor que
no grupo SED-IM. Nossos resultados não detectaram diferença entre estes dois
grupos.
7.3 Medida do Consumo de Oxigênio O VO2max retrata a capacidade máxima do organismo de extrair oxigênio.
Esta é a medida que melhor avalia a potência aeróbica, ou seja, a quantidade
máxima de energia que pode ser transformada em trabalho aeróbico das fibras
musculares, por unidade de tempo (DENDAI, 2004).
O percentual de aumento no VO2max encontrado no grupo TR-SHAM em
relação ao grupo SED-SHAM foi semelhante ao encontrado por nosso grupo em
estudos anteriores que utilizaram o mesmo protocolo de natação deste trabalho
(BATISTA et al., 2007; DO CARMO et al. 2011; FERNANDES et al. 2011; SOCI et
al.,2011).
A tendência à redução do VO2max no grupo SED-IM em relação ao grupo
SED-SHAM observada neste estudo é semelhane aos resultados encontrados por
80
Wisloff et al. (2002) que realizaram um protocolo de TF intervalado em esteira
alternados entre 8 min a 85-90% do VO2max e a 2 min em 50-60% do VO2max, e aos
resultados encontrados por Batista et al.( 2007), que realizaram treino de corrida
em esteira em 55-60% do VO2max, sendo que ambos os trabalhos utilizaram os
mesmos intervalos de tempo de recuperação após o IM e período de TF do
presente estudo.
7.4 Medidas Ecocardiográficas
Neste estudo foi estabelecido como critério para inclusão uma faixa
pequena do IM (se IM<35%); assim, animais que apresentaram IM grandes (se IM
> 35%) não foram incluidos neste estudo. Essa classificação do tamanho do IM é
arbitrária, como sugerido por Dayan et al. (2005). Neste tipo de estudo, é
importante não apresentar grandes variações nos dois grupos infartados antes e
após o período de TF, uma vez que IM de diferentes tamanhos podem levar a
respostas hemodinâmicas e moleculares distintas.
A porcentagem de hipertrofia no grupo TR-SHAM em relação ao grupo
SED-SHAM, analisada pela relação do VE/PC (12%) e pela massa do VE medido
pelo ecocardiograma (16%), não foram semelhante. Isso ocorre, principalmente,
pelo fato do cálculo da medida da massa do VE pelo ecocardiograma utilizar-se
de fórmulas que partem do pressuposto de que o coração é uma forma
geométrica elíptica, cuja largura equivale a 2/3 da altura e assumem que a HC
estudada é simétrica e, portanto, qualquer região analisada reflete o coração
como um todo. Além disso, como já mencionado acima, essa fórmula não é valida
para cálculo em corações infartados. Assim, temos apenas o resultado da massa
do VE pelo ecocardiograma nos dois grupos sham.
A espessura da parede anterior menor nos grupos Co IM e Tr IM quando
comparado com os grupos SED-SHAM e TR-SHAM era um resultado esperado,
uma vez que é nesta região do ventrículo que ocorre a necrose do tecido
cardíaco, promovendo o afinamento da parede. Resultados semelhantes foram
demonstrados por Bansal et al. (2010) e Wisloff et al .(2002), que realizaram
81
protocolo similar ao utilizado neste trabalho, no entanto, Bansal et al. (2010)
verificaram um aumento na espessura da parede anterior do ventrículo no grupo
TR-SHAM em relação ao grupo SED-SHAM, o que não foi observado no estudo
do Wisloff et al. (2002) nem neste estudo .
O aumento na espessura da parede posterior no grupo TR-SHAM em
relação aos grupos SED-SHAM, SED-IM e TR-IM já era um resultado esperado,
uma vez que é nesta região do ventrículo que ocorre a hipertrofia do músculo
cardíaco, promovendo o aumento da parede como foi observado; apesar disso, os
estudos de Wisloff et al. (2002), e de Hashimoto et al. (2004), que realizaram
protocolo similares ao utilizado neste trabalho, mas com corrida em esteira, não
verificaram este aumento na espessura da parede posterior no grupo TR-SHAM
em relação ao grupo SED-SHAM. Além disso, o trabalho do Hashimoto et al.
(2004) não verificou-se a hipertrofia cardíaca do grupo TR-SHAM em relação ao
grupo SED-SHAM com o protocolo que utilizaram.
Vários índices de função sistólica têm sido propostos e investigados,
entretanto ainda não há uma medida perfeita. Conforme pode ser observado na
TABELA 2, a função sistólica neste estudo foi avaliada pela %FEAT. A %FEAT é
uma medida da função do coração como bomba, e corresponde ao percentual de
diminuição da cavidade a partir do fim da diástole até o final da sístole (Santos, et
al., 2009).
O TF avaliado não alterou a função sistólica avaliada pela %FEAT no grupo
TR sham em comparação ao grupo SED-SHAM, o que corrobora com os dados
da literatura (PLUIM, 2000; BARBIER, 2006). No grupo TR-SHAM, a função
sistólica aumentou de 33% para 42% em relação ao grupo Co IM, o que era
esperado como efeito do TF em animais infartados, como já demonstrado em
trabalhos anteriores que utilizaram diferentes índices de função sistólica
(BARBIER, 2006).
Para determinação da função diastólica utilizamos a relação entre os picos
E/A, onde o pico E corresponde à fase de enchimento rápido do ventrículo, e o
pico A corresponde à fase de enchimento lento, ou contração atrial (KATZ, 1996).
Normalmente, o valor de pico da onda E é maior que o da onda A, e em situações
82
de disfunção diastólica esses valores invertem-se, ficando os valores de pico da
onda A maiores ou iguais aos da onda E (BOON, 1998). O TF utilizado não alterou
a função diastólica avaliada pela relação E/A no grupo TR-SHAM em comparação
ao grupo SED-SHAM, o que corrobora com os dados de trabalho anteriormente
publicado por nosso grupo (Soci et al. 2011). No grupo TR-SHAM a função
diastólica melhorou em relação ao grupo SED-IM, o que era esperado como efeito
do TF em animais infartados, indicando uma maior complacência ventricular em
relação ao grupo SED-IM, como já demonstrado em trabalhos anteriores (JORGE
et al. 2010).
7.5 Expressão dos MicroRNAs-29a/c, COLIA, COLIIIAI, (OH-prolina) e da FVC
Uma das conclusões deste estudo é que o treinamento aeróbico induziu
aumento na expressão dos microRNAs-29a/b/c, o que está relacionado a uma
diminuição significativa na expressão gênica do COLIAI e COLIIIAI de ratos com
IM. Esses efeitos estão associados a melhora da função ventricular avaliada pela
FEAT% (função sistólica) e a relação E/A (função diastólica), aferidas por
avaliação ecocardiográfica após o período de TF.
No nosso laboratório, recentemente, Soci et al. (2011), mostraram que ratos
submetidos a dois protocolos de treinamento de natação com volumes de
treinamento moderado e alto apresentaram hipertrofia cardíaca fisiológica e
expressão aumentada do microRNA-29, o que se correlacionou de forma linear
com o aumento no volume de treinamento. O aumento da expressão do
microRNA-29 está intimamente relacionado à diminuição da expressão gênica e
proteína do colágeno IAIII IAI. A esta regulação foi associada uma melhora na
função diastólica e aumento da complacência ventricular.
Vários estudos mostraram que a família do microRNA-29 está envolvida na
regulação de fibrose em doenças tais como a nefropatia diabética, esclerose
sistêmica, condropatia e IM (VAN ROOIJ et al, 2008;. SHI et al, 2010). O perfil de
expressão de microRNAs, na fase tardia do IM (3 e 14 dias após IM), foi
recentemente identificado por um excelente estudo relatado por Van Rooij et al.
(2011). Estes investigadores concluíram que a diminuição do microRNA-29a/b/c
83
foi mais pronunciada na borda do IM após 3 dias do infarto do miocárdio e não
mudou na região remanescente do IM após 14 dias de IM. Os investigadores
também mostraram que enquanto a regulação negativa do microRNA-29
aumentou a expressão do colágeno e a resposta fibrótica em modelo de rato com
IM, a superexpressão do microRNA-29 em fibroblastos promoveu uma diminuição
do colágeno, desempenhando um papel importante na redução da fibrose
cardíaca durante o processo de reparo após IM. Nossos resultados demosntraram
que o microRNA-29c diminuiu, significativamente, na região remanescente do IM,
mas inesperadamente o microRNA-29 a e b foram aumentados. No entanto, o
aumento do microRNA-29 (a e c) foi associado ao decréscimo de COLIAI e
COLIIIAI. Esta disparidade pode ser devido a um aumento da estabilidade do
RNAm. Neste caso, os fatores de regulação que podem alterar a semi-vida
citoplasmática do RNAm para colágenos COLIAI e COLIIIAI devem ser
considerados, uma vez que estas alterações não foram correlacionadas com
modificações semelhantes nas taxas de transcrição para os mRNAs (CHAPMAN
et al., 1990).
Sabe-se que várias proteínas, como fibrilina-1 (scan Destino), COL1A2
(mirBase) , COL15A2 ( mirBase ) , COL5A3 ( Miranda) e COL7A1 ( Pic Tar) que
estão presentes na matriz extracelular são alvos já validados da família do
microRNA 29 (VAN ROOIJ et al, 2008; PRESNEAU et al, 2012). Por isso, seria
ideal para este estudo, que o COLIAI e COLIIIAI que estão presentes em grandes
proporções no sistema cardiovascular que desempenham um papel importante na
formação da matriz extracelular e estão diretamente relacionados com a
deterioração da função cardíaca após o infarto do miocárdio (PALOJOKI et al,
2001, SHI et al, 2010) fossem quantificados pela técnica de western blot. No
entanto, realizou-se a medição de colágeno através de técnicas indiretas, como a
técnica que quantifica a concentração de hidroxiprolina e a fração volumétrica de
colágeno, para demonstrar a provável regulação do colágeno pelo microRNA 29
no coração de ratos infartados submetidos ao treinamento de natação.
84
Os dados parciais nos permitem concluir que o TF induz a regulação da
expressão do microRNA-29, o qual esta relacionado a uma diminuição significativa
da expressão do gene do colágeno e à melhora da função ventricular.
7.6 Padronização do tratamento in vivo
Antes de finalilizar os experimentos de microarray, determinamos que o
microRNA-29c, que tem a expressão diminuída com o TF e que está associado
com a fibrose e a perda da função cardíaca, fosse o escolhido para iniciar a
padronização da metodologia de transfecção in vivo em nosso laboratório. A
padronização ocorreu em parceria com outro projeto desenvolvido por nosso
grupo de estudo. Esta padronização visou estabelecer os procedimentos
cirúrgicos ideais, a concentração ideal de aplicação dos vetores virais nos animais
e o tempo de duração da expressão do microRNA in vivo, além de todos os
controles e procedimentos necessários para otimizar a técnica in vivo.
Assim, após a padronização com o microRNA-29c, seria dada continuidade
neste projeto com a realização da transfecção do microRNA selecionado pelo
microarray.
A idéia do projeto de induzir a expressão do microRNA-29c nos animais
SHR partiu dos resultados de microarray do nosso laboratório, que revelaram em
ratos hipertensos quais os microRNAs que estavam diferencialmente expressos
em resposta ao TF aeróbico e à própria hipertensão. Uma vez que o TF aeróbico
promove hipertrofia cardíaca fisiológica e a hipertensão promove hipertrofia
cardíaca patológica os primeiros questionamentos realizados a respeito desses
resultados foram sobre quais os microRNAs diferencialmente expressos na
hipertensão apresentavam reversão em sua expressão com o TF (SOCI et al,
2011; FERNANDES et al, 2011).
Além disso, um estudo publicado em 2011 pelo nosso grupo mostra que o
treinamento físico aeróbico induziu um aumento da expressão do microRNA-29c
em ratos Wistar, mudança esta que foi linear com o aumento de frequência de
treinamento, o que foi altamente correlacionado com a diminuição do colágeno
85
cardíaco e promoveu uma melhora da complacência ventricular e da função
diastólica nos animais treinados (SOCI et al, 2011).
Selecionado o microRNA-29c, subsequentemente, foi realizado o
experimento de transfecção para aumentar a expressão do microRNA-29c no
coração em animais SHR por intermédio do vetor lentiviral. A transfecção in vivo
feita em animais SHR mostrou que a superexpressão do microRNA-29c induziu
uma diminuição na expressão gênica do colágeno do tipo I, sem no entanto alterar
a expressão total de hidroxiprolina cardíaca.
Nossos resultados demostraram que o GFP foi diferentemente expresso no
coração e no fígado dos animais que receberam a mesma dose de vetor lentiviral.
O maior aumento de GFP no fígado pode ser um fator limitante para a utilização
desta técnica, uma vez que é preciso uma alta dose deste para ter efeitos pouco
expressivos no coração, ainda que nossos resultados estejam baseados em um
reduzido número de animais. Isso pode estar ocorrendo pela barreira existente
para a penetração do vetor lentiviral no músculo cardíaco.
Ainda não foi totalmente estabelecido as concentrações ideais para inibição
do microRNA-29c. Pretendemos iniciar um terceiro protocolo experimental para
tentar padronizar a utililização in vivo do microRNA-29c
7.7 Expressão da SERCA-2a, do NCX e dos microRNAs 1 e 214
Outra conclusão deste estudo é que o treinamento aeróbico induziu
diminuição na expressão do microRNAs-214, o que está relacionado com um
aumento significativo na expressão proteica da SERCA-2a e aumento na
expressão do microRNAs-214, o que está relacionado com uma dimimuição
significativa na expressão proteica do NCX de ratos com IM. Esses efeitos estão
associados com melhora da função ventricular avaliada pela FEAT% (função
sistólica) e a relação E/A (função diastólica), avaliadas por ecocardiografia após o
período de TF.
Foi verificado neste estudo um aumento da expressão do NCX e da
SERCA-2a com o treinamento. Alguns estudos têm demonstrado que a expressão
e função destas proteínas são realmente alteradas com o treinamento e estão
86
diretamente relacionadas com a melhora da função cardíaca. No estudo de Wisloff
e colaboradores (2002) os autores verificaram uma capacidade de encurtamento
aumentada dos miócitos no grupo treinado e isso foi associado ao aumento da
expressão da SERCA-2a, aumento da sensibilidade de miofilamentos e aumento
dos níveis de NCX como fatores preponderantes para reduzir o cálcio sistólico,
contribuindo assim para diminuição do pico sistólico de cálcio com o treinamento,
embora, Rolim et al. (2007), não tenha verificado alteração da expressão da
SERCA-2a e do NCX com o treinamento em camundongos wide type.
O que foi observado neste estudo é que a expressão da SERCA-2a foi
aumentada nos animais infartados submetidos ao treinamento em relação ao
grupo sedentário infartado. Resultados semelhantes já tinham sido encontrados
por Wisloff e colaboradores (2002) que verificaram em ratos infartados submetidos
ao treinamento, aumento da expressão da SERCA-2a. A expressão da SERCA-2a
é correlacionada positivamente com um conjunto de modificações moleculares
responsáveis pela liberação e recaptação de cálcio e, conseqüentemente, pela
melhora funcional do coração após o infarto do miocárdio. Os resultados
encontrados por Song et al. (2004) também demonstram melhora da contratilidade
do cardiomiócito de animais submetidos ao TF intervalado após 2 semanas do IM
que foi acompanhado por um aumento na expressão da SERCA-2a. Da mesma
forma, Rolim et al. (2007) estudando camundongos knockout para os receptores
α2A\α2CARKO, que apresentam hiperatividade simpática e desenvolvem
insuficiência cardíaca com decréscimo progressivo da função cardíaca (Brum et
al., 2002) verificaram aumento da expressão da SERCA-2a nestes animais
submetidos ao treinamento.
Diferentemente da expressão da SERCA-2a, a expressão do NCX foi
aumentada nos animais infartados e também nos animais submetidos ao
treinamento em relação ao grupo sedentário, tendo o grupo treinado infartado uma
diminuição da expressão em relação ao grupo infartado. Resultados semelhantes
foram encontrados em camundongos knockout para os receptores α2A\α2CARKO
adrenérgicos (Brum et al., 2002), no entanto, Wisloff e colaboradores (2002) e
Song et al. (2004) verificaram diminuição da expressão do NCX em ratos
87
infartados e um aumento da expressão do NCX no grupo infartado submetido ao
treinamento. Algumas variações no tamanho do infarto e o prejuízo funcional em
cada um destes modelos e o tipo e intensidade de treinamento podem provocar
variações intracelulares distintas de cálcio nos cardiomiócitos o que pode levar a
alterações para o modo reverso do NCX, devido a diferentes padrões de
expressão e função do NCX, perpetuando ainda mais a sobrecarga de cálcio.
Aurora et al. (2012), validaram o NCX como alvo do microRNA-1, estes
autores verificaram mudanças na expressão dos microRNAs em coração normal
versus coração com isquemia/reperfusão. Em outro estudo Kumarswamy et al.
2012, observaram que a terapia com superexpressão da SERCA2a foi
acompanhada pela normalização da expressão do microRNA-1 e da expressão do
NCX cardíaco, sendo que os efeitos benéficos desta terapia foram, pelo menos
em parte, mediado pela normalização do microRNA-1 em animais com
insuficiência cardíaca. Uma vez que estes estudos já validaram o NCX como alvo
do microRNA-1, nossos resultados com o microRNA-1 nos animais do grupo sham
e no grupo infartado podem estar relacionados com a normalização do NCX e
consequentemente com a melhora da função cardíaca observada neste estudo
com o treinamento.
Neste mesmo elegante trabalho realizado por Aurora et al. (2012), os
autores também validaram o NCX como alvo do microRNA-214. Demonstrou-se
que camundongos deficientes para o microRNA-214 são sensíveis a lesão por
isquemia/reperfusão, condição essa evidenciada pelo aumento da apoptose
cardíaca, fibrose e perda de função do coração. Além disso, verificou-se que a
inibição da expressão do NCX pelo microRNA-214 protege o miócito de danos,
atenuando a ação do NCX de aumentar o influxo de cálcio no citoplasma após a
isquemia/reperfusão. Uma vez que já foi validado o NCX como alvo do microRNA-
1, nossos resultados relacionando o microRNA-214 com o NCX é uma hipótese
para explicar a regulação da expressão do NCX e, conseqüentemente, a melhora
da função cardíaca observada neste estudo com o treinamento. No entanto, por
algum motivo desconhecido, a mesma relação verificada no grupo infartado e
infartado treinado não foi observada.
88
Outra interessante relação observada neste estudo foi do microRNA-214
com a SERCA-2a. Esta relação passa a ser de grande interesse, uma vez que
nossos resultados mostraram que a regulação da SERCA-2a pelo microRNA-214
pode estar ocorrendo tanto nos animais do grupo sham quanto nos animais do
grupo infartado. Esta regulação pode ser um dos pricipais fatores responsáveis
pela normalização da SERCA-2a e conseqüentemente da melhora da função
cardíaca observada neste estudo com o treinamento, pois a SERCA-2a representa
90% das proteínas da membrana no retículo sarcoplasmático no músculo cardíaco
e o controle da concentração de cálcio intracelular é em grande parte realizada por
esta proteína. Portanto, o microRNA-214 apresenta-se como um possível
candidato à regulação da expressão da SERCA-2a, tanto em situações patológica
como em situação fisiológica e com grande interesse para posteriores estudos
visto que foi realizada somente a validação da SERCA-2a como alvo do
microRNA-214 in silico.
A atividade de cálcio ATPase não ter sido alterada com o treinamento foi
um dado esperado, uma vez que já esta bem estabelecido que o treinamento
físico tem efeito mínimo sobre a função da SERCA-2a e da PMCA em condições
fisiológicas normais, como observado por Tepmanas et al. (2009) em ratos
submetidos a um programa de treinamento aeróbico de moderada intensidade
durante 9 semanas. No entanto, atividade da cálcio ATPase não ter sido alterada
em animais infartados submetidos ao treinamento foi um dado inesperado, tendo
em vista, que em condições patológicas ocorre redução tanto da expressão
quanto da função da SERCA-2a em miocárdio de ratos com insuficiência cardíaca,
como observado por Dhalla et al. (2009). Sendo assim, o treinamento físico tem se
apresentado como uma interveção interessante como reparador da função da
cálcio ATPase do coração em condições patológicas como o infarto. O fato dos
dados referentes à análise da atividade da cálcio ATPase terem sido obitidos a
partir de uma pequena amostra pode ter contribuído para não encontrar diferenças
entre os grupos.
7.8 Escolha do microRNA 339-5p e expressão da Myo1c e do PGC-1 β
89
O microRNA-339-5p foi escolhido por apresentar expressão diferencial
pronunciada como efeito do treinamento físico, estar envolvido com genes
candidatos a regulação da função cardíaca e ter sido confirmado por Real Time-
PCR. Cabe ressaltar que foram estabelecidos vários critérios para selecionar um
microRNA. Estes critérios foram empregados com intuito de filtrar ao máximo o
número de microRNA, embora outros microRNAs também importantes possam ter
sido excluídos pela análise empregada.
Um dos dois genes alvos do microRNA-339-5p, selecionados por
programas de bioinformática (TargetScan, Miranda e PicTar), foi o da Myo1c.
Neste estudo, foi possível verficar que no grupo submetido ao treinamento ocorreu
um aumento da expressão da Myo1c em contrapartida a uma redução da
expressão do microRNA-339-5p. Em experimentos realizados com animais
submetidos a exercício voluntário durante quatro semanas, foi observado aumento
dos níveis da proteína Myo1c no músculo esquelético em relação ao grupo
controle. Além disso, os animais que superexpressaram a Myo1c aumentaram
significativamente a absorção de glicose estimulada tanto pela contração (in situ)
quanto pela insulina, enquanto que os animais knockout para Myo1c diminuiram
tanto a absorção de glicose pela contração quanto pela insulina. Estes dados
suportam a idéia de que no coração a Myo1c também pode estar sendo alterada
com o exercício e que o microRNA-339-5p pode ser responsável por regular a
expressão desta proteína e, conseqüentemente, sinalizando para o transporte do
GLUT4. No entanto, não sabemos os mecanismos de sinalização durante o
exercício que podem estimular a captação de glicose via proteína Myo1c para
aumentar a translocação do Glut-4 para a membrana durante a contração
muscular (HAYASHI et al., 1997; GOODYEAR; KAHN, 1998; TOYODA, et al.,
2011).
Outra relação interessante observada foi que no grupo infartado submetido
ao treinamento ocorreu aumento da expressão da Myo1c em enquanto
simultaneamento ocorria uma diminuição da expressão do microRNA-339-5p
neste mesmo grupo. Masamura et al, (2003) analisaram a expressão do GLUT 4
90
em duas diferentes regiões do coração infartado. Os autores observaram que a
expressão do GLUT 4, após 4 semanas, estava aumentada na região da borda e
diminuída na região remanescente ao infarto, demonstrando que o metabolismo é
alterado diferentemente nas regiões do coração após o IM. Estes resultados
suportam a idéia de que ocorra também a traslocação do GLUT 4 e que isto possa
estar envolvido com o aumento da Myo1c no grupo treinado infartado, uma vez
que o exercício tende a restabelecer o metabolismo com a reexpressão de
proteínas como a PGC -1 e GLUT 4 em animais com IM.
No coração poucos são os estudos que relacionam o metabolismo
glicolítico e oxidativo, em especial a proteína Myo1c, com a função cardíaca e o
treinamento físico. Por isso, a validação da Myo1c como alvo do microRNA-339-5p
passa a ser de grande interesse, uma vez que esta regulação pode estar
diretamente relacionada ao transporte do GLU-4 e a melhora do metabolismo
energético promovido pelo treinamento físico no coração de animais infartados.
O segundo gene alvo do microRNA-339-5p selecionado por programas de
bioinformática (TargetScan, Miranda e PicTar) foi o PGC-1 β. Neste estudo, foi
possível verficar que somente no grupo submetido ao treinamento ocorreu um
aumento da expressão do PGC-1 β, no entanto a expressão do PGC-1 β não se
alterou para o grupo dos animais infartados e infartados submetidos ao
treinamento. A expressão de PGC-1 β é reduzida em certos modelos de doença
cardíaca em animal (RIEHLE et al, 2011). Camundongos knockout para PGC-1 β
submetidos a sobrecarga cardíaca e que apresentaram prejuízo da função
cardíaca foi observado aumento do estresse oxidativo e uma menor taxa de
utilização do metabolismo glicolítico em relação ao grupo knockout para PGC-1 β.
Apesar destas proteínas estarem alteradas em determinadas doenças e serem
associadas com prejuízo mitocondrial, neste estudo, não foi verificada alteração
do PGC-1 β, tanto no grupo dos animais infartados quanto nos infartados
submetidos ao treinamento.
Embora a validação do PGC-1 β possa ser de grande interesse, uma vez
que esta regulação pode estar diretamente relacionada com a mudança da
utilização do substrato, a melhora da eficiência do funcionamento mitocondrial do
91
coração e, consequentemente, a melhora do metabolismo energético promovido
pelo treinamento físico no coração de animais infartados, não foi possível neste
estudo justificar que o PGC-1 β tenha relação como alvo do microRNA-339-5p.
Uma das limitações para seleção dos microRNAs foi não ter realizado o
microarray com um número de amostras maior para que se possa ter um valor
mais confiável de expressão para cada grupo. Isso ocorreu pelo elevado custo dos
chipps para realizar a técnica. No entanto, sabíamos de antemão que o microarray
geraria um número grande de dados e teríamos que decidir entre vários
microRNAs que são prováveis candidatos à regulação gênica de importantes alvos
envolvidos com a função cardíaca.
Outra limitação foi estipularmos critérios que, apesar de serem
interessantes para mostrar um padrão de expressão com microRNAS em valores
absolutos, poderiam fazer com que deixassemos de observar microRNAs
importantes a ser estudados. Como ficou evidente ao verificarmos que as
expressões dos microRNAs 1, 29c e 214, confirmadas por real time PCR, não
foram observadas na lista de microRNAs selecionados para estudo, pois, embora
tenham apresentado padrão semelhante aos critérios, não apresentaram valores
absolutos suficientes para que fossem incluídos nas tabelas dos microRNAs
escolhidos. Por sua vez, os microRNAs 29a e b que não apresentaram padrão de
expressão semelhante aos critérios determinados também não apareceram na
lista de microRNAs escolhidos, como já era esperado.
92
8. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
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TABELA 2-Morfometria e índices de função sistólica e diastólica obtidos pelo exame ecocardiográfico, pré e pós o
protocolo de TF de dez semanas. Média ± Desvio Padrão. Os dados foram analisados pela análise de
variância (ANOVA) e o teste de Bonferroni foi usado para verificar a diferença significativa entre as
médias. # p < 0,05, pré ou pós vs respectivo pré ou pós do grupo Co sham, & p < 0,05, pré ou pós vs
respectivo pré ou pós do grupo TR-SHAM, $ p < 0,05, pré ou pós vs respectivo pré ou pós do grupo
SED-IM e * p < 0,05 pós vs pré do mesmo grupo.
Medida SED-SHAM TR-SHAM SED-IM TR-IM Pré Pós Pré Pós Pré Pós Pré Pós
%Infarto 30% 29% 29% 28%
MVE (g) 0,84±0,01 0,94±0,02* 0,85±0,02 1,12±0,03#*
EPA(mm) 1,74±0,003 1,76±0,002 1,73±0,004 1,80±0,003 1,23±0,002#& 1,28±0,003#& 1,25±0,002 1,30±0,003#&
EPP(mm) 1,44±0,003 1,47±0,01 1,45±0,001 1,72±0,003*# 1,54±0,003#& 1,74±0,02*# 1,56±0,002#& 1,82±0,01*#&$
FEAT% 72% 70% 70% 71% 36%#& 33%*#& 35%#& 42%*#&$
E/A(m\s) 1,42±0,1 1,40±0,1 1,40±0,1 1,55±0,4 1,93±0,1#& 2,05±0,1*#& 1,96±0,1#& 1,74±0,1*#&$
ANEXO 1
2
9.1 Mudanças no Projeto Inicial
Inicialmente, a proposta do projeto enviado a comissão de pós graduação da
Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo apresentava como
objetivo traçar o perfil de microRNAs expressos na área remanescente ao IM de ratos
Wistar submetidos ao TF de natação e, em seguida, seria selecionado um microRNA
específico para ser utilizado como terapia gênica em animais com IM.
No entanto, posteriormente, ao início do projeto, ocorreram imprevistos para
realização da técnica do microarray. Principalmente, por atrasos na importação
ocasionados por falta de ter um representante permanente credenciado da empresa
Affimetrix do Brasil, que realizasse as importações dos chips e os reagentes necessários
para realização dos experimentos de microarray.
Após os experimentos de microarray, os quais foram padronizados em nosso
Laboratório, a partir deste e outro projeto que está sendo realizado, paralelamente por
outro estudante, tivemos ainda que fazer as análises do microarray utilizando um
programa com o qual não estávamos familiarizados, pois a Affimetrix acaba de se instalar
no Brasil e nós fomos pioneiros nestas metodologias, segundo informações do
representante da empresa em São Paulo.
Para darmos continuidade à segunda etapa deste projeto fizemos o
orçamento dos custos para compra de oligonucleotídeos para serem usados como
antisense em várias empresas. Depois de longo tempo e discussão de
metodologias a serem utilizadas, concluímos que os custos para a compra destes
antisense para uso em ratos ficaria muito elevado, uma vez que a droga é utilizada
por grama de peso corporal. Desta forma, decidimos comprar a seqüência
subclonada de um microRNA em um vetor de expressão para microRNAs
(plasmídio) viral e fazer o empacotamento deste vetor em um lentivírus.
Antes de finalilizar os experimentos de microarray, determinamos que o microRNA-
29c que tem a expressão diminuída com o TF e que está associado com a fibrose e a
perda da função cardíaca, fosse o escolhido para iniciar a padronização da metodologia
de transfecção in vivo em nosso laboratório. A padronização ocorreu em parceria com
outro projeto desenvolvido no nosso laboratório. A decisão de padronizar a técnica de
trasfecção in vivo em conjuto com outro projeto foi para estabelecer os procedimentos
cirúrgicos ideais, a concentração ideal de aplicação nos animais e o tempo de duração da
3
expressão do microRNA in vivo, além de todos os controles e procedimentos necessários
para otimizar a técnica in vivo.
Assim, após a padronização com o microRNA-29c seria dado a continuidade deste
projeto com a realização da transfecção com o microRNA selecionado pelo microarray.
Segunda etapa
Desenho experimental
FIGURA 24 Desenho experimental.
9.2 Aprendizagem da Técnica de Aplicação de Vetores Virais in vivo
Foi testado a viabilidade de realizar o IM no VE, logo após a aplicação da injeção
com vetores virais no coração do animal. Para isso, foram realizados testes utilizando azul
de metileno com o objetivo de verificar a eficiência da distribuição da solução injetada no
coração. Foram utilizados 10 ratos Wistar com peso de 290±10g, provenientes do ICB-
USP.
Os ratos foram anestesiados com uma mistura de ketamina/xilazina intraperitoneal.
Em seguida, os ratos foram entubados para ventilação mecânica e foi feita uma
Ratos Wistar
Ligação da coronária* Sham 0 dias
14 dias
controle
infartado
Tratado scrambled
infartado
Sacrifício Estudos moleculares
* Oclusão da artéria coronária descendente anterior esquerda
Tratado
oligo
Tratado
oligo
Tratado
scrambled
controle
sz
4
toracotomia esquerda sob condições assépticas através do terceiro espaço intercostal. O
pericárdio foi aberto e um cateter G 22 contendo 200µL de corante (azul de metileno) foi
avançado a partir do ápice do VE para o arco aórtico. A aorta e artérias pulmonares
foram pinçadas distalmente ao local do cateter e da solução injetada. Um grampo sobre a
aorta e a artéria pulmonar foi mantido por 10s, enquanto o coração bombeava contra o
sistema fechado (isovolumétrico). Este procedimento permite à solução de azul de
metileno (0,5 mM) circular nas artérias coronárias e perfundir o coração. Após 10s, o
grampo sobre a aorta e a artéria pulmonar foi retirado. Logo em seguida, a artéria
coronária anterior descendente esquerda foi ligada distalmente a 2 mm de sua origem
com fio de polipropileno não absorvível (5.0, ETHICON, Brasil). Após a remoção de ar, o
tórax foi fechado, e os animais foram extubados e transferidos de volta para suas gaiolas.
Dos 10 animais utilizados neste teste, 3 morreram devido a erros de manipulação durante
a cirurgia, 2 morreram após dois e três dias da cirurgia, e os outros 5 animais foram
eutanasiados após 30 dias do procedimento cirúrgico.
Outro procedimento foi realizado para testar se haveria uma maior absorção,
imediatamente após a aplicação do corante azul de metileno em duas diferentes técnicas
(técnica A e técnica B). Para isso, foram selecionados 10 ratos Wistar com peso de
290±10g provenientes do ICB-USP.
A primeira técnica (A) foi realizada como descrito acima: um cateter G 22 contendo
200µL de corante (azul de metileno) foi avançado a partir do ápice do VE para o arco
aórtico. A aorta e artérias pulmonares foram pinçadas distalmente ao local do cateter e
da solução injetada. Um grampo sobre a aorta e a artéria pulmonar foi mantido por 10s,
enquanto o coração bombeava contra o sistema fechado (isovolumétrico). A diferença em
relação ao procedimento descrito acima, é que nesta técnica não foi realizado o IM.
Imediatamente, após a injeção o animal foi eutanasiado.
A segunda técnica (B) foi feita com ratos anestesiados com uma mistura de
ketamina/xilazina intraperitoneal. Em seguida, os ratos foram entubados para ventilação
mecânica e foi inserida uma cânula (PE-50) na artéria carótida. A cânula foi guiada até o
VE e a pressão do VE aferida. A cânula estava heparinizada e foi preenchida com 200µL
de azul de metileno, sendo a extremidade externa ocluída. Após a cânula chegar ao VE,
foi injetada a solução de azul de metileno por 10s e, logo em seguida, o animal foi
eutanasiado.
5
Pelas figuras (2A e 2B) histológicas (técnica A e técnica B) podemos observar que
imediatamente após a injeção do azul de metileno, sua penetração foi visivelmente maior
na técnica B (figura 2B) que na técnica A (figura 2A).
Apesar dos testes com as técnicas A e B terem sido feitas com uma solução (azul
de metileno) com propriedades diferentes dos vetores virais que foram usados no
experimento, o que vai determinar o tempo de permanência da solução no tecido,
podemos observar que a primeira técnica utilizada demonstrou ser realmente mais
efetiva.
Estes testes apresentam outras limitações, como o número reduzido de animais
utilizados e a não quantificação do azul de metileno nos cortes histológicos, no entanto, o
intuito principal dos testes foi aprender técnicas diferentes e verificar se mesmo com uma
solução com propriedades diferentes da que será utilizada, a técnica com injeção
diretamente no miocárdio é mais efetiva.
FIGURA 25-Histologia do VE após o procedimento de injeção com 200µL
de azul de metileno. A. primeira técnica. B segunda técnica
B A
6
9.3 Tratamento in vivo
Foram realizados dois experimentos pilotos de transfecção in vivo para padronizar
os métodos, para ajustar procedimentos, aperfeiçoar e homogeneizar resultados. Esses
experimentos consistiram na infusão de um vetor lentiviral de expressão do microRNA-
29c, também com objetivos de investigar o potencial terapêutico dessas moléculas. A
seguir estão apresentados os métodos e alguns resultados do segundo estudo piloto:
9.4 Preparação do Vetor Viral para Transfecção
Compramos um plasmídio já com o miR-29c clonado no vetor lentiviral da empresa
Biossettia Inc, San Diego, CA.
9.5 Transformação de Bactérias Eletro Competentes
Para observar os efeitos da superexpressão do miR-29c no coração de ratos SHR
foram utilizados plasmídeos de superexpressão para o pré-miR-29c (Biossettia Inc, San
Diego, CA) e plasmídeos acessórios (HGM, HSVG, REV e TAT- cedidos pelo Prof. Dr.
Gustavo Mostoslavsky da Boston University) para a montagem do delivery lentiviral do
plasmídeo do estudo.
Os plasmídeos acima citados foram amplificados, através de sua inserção
individual em bactérias E. Coli, pelo processo de eletroporação (U=1700V; T=5ms) com a
utilização do Multiporator (AG22331, Eppendorf, Hamburg, DE). As bactérias foram
retiradas do freezer -80 e o eletroporador foi ajustado na voltagem e no tempo adequado.
Foram adicionados 15 µL de plasmídeo no eppendorf contendo as bactérias aliquotadas
a serem transformadas. O conteúdo do eppendorf (plasmídeos + bactérias
eletrocompetentes) foi cuidadosamente transferido para uma cubeta de eletroporação de
forma que ficasse bem distribuído no fundo da mesma e a cubeta foi inserida no
eletroporador e o mesmo foi acionado. Foi esperado o tempo requerido para o processo
físico de desestabilização da membrana e entrada do plasmídeo no citosol bacteriano
pelo eletroporador. A cubeta foi retirada do eletroporador e foram adicionados 900 µL de
meio LB (Peptona 1%, Extrato de levedura 0,5% e NaCl a 1%) na cubeta. O conteúdo
eletroporado foi suavemente homogenizado com o meio LB adicionado dentro da cubeta
e transferido para um novo eppendorf. Após isso, as bactérias eletroporadas foram
recuperadas através de banho a 37º C por 1 hora e estavam prontas para serem
amplificadas.
7
9.6 Pré Inóculo e Inóculo
Para serem amplificadas ou proliferarem, as bactérias transformadas foram pré-
inoculadas em Shaker Thermo Scientific (MaxQ 4000, modelo 4331, Marietta OH - USA)
overnight em tubo estéril a 37º C em 5 mL de meio LB com o antibiótico seletor
Ampicilina (1:500). Em seguida, as bactérias proliferadas foram reincubadas no mesmo
Shaker overnight em um Erlen Meyer contendo 500 mL de meio LB Ampicilina (1:500).
9.7 Maxi Prep
A extração do plasmídeo amplificado das bactérias foi realizada pelo experimento
de Maxi Prep com o kit Tip 500 da Qiagen (#1216 – Hilden – DE). Foram realizadas
sucessivas centrifugações de 30 minutos a 7500 RPM, para obter o pellet bacteriano de
500 mL de inóculo para cada um dos plasmídeos utilizados. O pellet bacteriano foi
submetido a preparação para extração, à lise, e posteriormente a neutralização segundo
as normas do fabricante do Kit. Após a neutralização foi realizada uma incubação em
gelo normal por 20 minutos e o conteúdo neutralizado foi submetido a centrifugação por
30 minutos a 9500 RPM por 4oC. Após a incubação o conteúdo foi filtrado em gase estéril
e incluído em colunas ativadas por 10mL tampão QBT (segundo instruções do
fabricante). Após a passagem do conteúdo a ser extraído. A coluna foi lavada 2 vezes
com tampão QC e colocada em um tubo falcon estéril, onde recebeu o tampão QF, para
extração ou eluição do DNA da coluna. Após a eluição foram adicionados 10,5 mL de
isopropanol ao DNA, que foi mantido no freezer -80oC overnight, para precipitação. No
dia seguinte o DNA precipitado foi centrifugado a 15000 g por 30 minutos a 4ºC, e foram
obtidos os pellet de DNA, que foram lavados com 1,5 mL de álcool a 70% (analítico) e
transferidos para eppendorfs. Os pellets foram centrifugados em microcentrífuga
(Eppendorf modelo 5415R, Hamburgo, DE) a 15000 g durante 10 minutos a 4ºC e
ressuspensos em 200 µL de TE. A quantidade de DNA dos plasmídeos extraídos foi
dosada, em equipamento Nanodrop 2000 (Thermo Scientific, USA) e preparados para a
montagem do vetor lentiviral.
9.8 Produção do vetor lentiviral do microRNA-29c
A produção do vetor lentiviral de expressão do microRNA-29c foi realizado em
células HEK293T. A produção do vetor lentiviral consiste na infecção em células
produtoras dos plasmídeos acessórios do lentivírus mais o plasmídeo de interesse. Para
8
o experimento foram produzidas 40 placas P100 (100mm de diâmetro) do vetor lentiviral
de expressão do microRNA-29c para os animais tratados e também 20 placas do vetor
lentiviral controle (CSI), que continha o vetor lentiviral adicionado do plasmídeo sem o
inserto do pré-miR-29c, totalizando 60 placas.
9.9 Plaqueamento
Para o plaqueamento foram adicionados 10 mL de gelatina a 3% em cada placa,
as quais foram mantidas por 45min na estufa a 37ºC. Posteriomente, a gelatina foi
aspirada e as placas mantidas no fluxo laminar por meia hora sob radiação ultra violeta,
durante a preparação das células HEK293T. As células HEK293T foram tratadas com
tripsina e centrifugadas por 5 minutos a 1000 rpm. O sobrenadante foi aspirado e as
células foram ressuspensas em 5 mL de meio DMEM + BCS 10% e contadas na câmara
de Newbauer totalizando o número de 4,5 x 106 por placa, o que representa 80% de
confluência. As células plaqueadas foram incubadas por 24 h a 37º C e 5% de CO2.
Após as 24 horas, o meio das células foi trocado para DMEM-H, sem soro e penicilina
(starving).
9.10 Transfecção do Vetor Lentiviral
Em um tubo ependorf (1,5 mL) foram adicionados 655 µL de Opti-Mem (Dibco,
Invitrogen, CA, USA) adicionado de 2,5 µL de cada plasmídeo acessório (TAT, VER,
HSVG e HGM – 300 ng) e 1 mL de plasmídeo com o pré-miR-29c ou o CSI (ou 4 µg dos
plasmídeos de interesse). Em um segundo tubo foram adicionados 655 µL de Opti-Mem
adicionado de 275 µL lipofectamina 2000 (Invitrogen CA, USA), incubado em temperatura
ambiente durante 5 minutos. O Segundo tubo foi suavemente pipetado ao primeiro e a
solução foi incubada novamente em temperatura ambiente por 20 minutos. Após a
incubação foi adicionado o volume total do tubo em cada placa com DMEM-H.
Aproximadamente 8 horas após, e o meio foi trocado para o meio completo
(DMEM-H, 10% Donor Bovine Serum com Ferro Fe e 1 % de penicilina). Após 72 horas,
uma amostra de 1 mL de sobrenadante das células foi retirado para ser submetido à
titulação. O restante do sobrenadante viral produzido pelas células HEK293T foi
submetido à ultracentrifugação em ultracentrífuga com velocidade de 50.000 g durante 90
minutos (Sorvall – Ultra PRO- 80) e os pellets virais foram ressuspensos e concentrados
1000 x em meio DMEM.
9
9.11 Protocolo de Titulação dos Lentivírus
O sobrenadante das células foi retirado, e foram obtidos os títulos virais por
intermédio do kit de titulação QuickTiter™Lentivirus Titer Kit (VPK-107, San Diego, CA),
segundo o protocolo do fabricante. A titulação obtida foi de 2,0 x 108 partículas virais/mL
de sobrenadante para os plasmídeos CSI e 2,25 x 108 partículas virais/mL para o
plasmídeo contendo o inserto do pré-miR-29c.
9.12 Cirurgia e Transfecção in vivo do Vetor Lentiviral no Coração
Ratos SHR foram anestesiados com uma mistura de ketamina/xilazina
intraperitoneal. Em seguida, os ratos foram entubados para ventilação mecânica e foi
realizada uma injeção no VE, contendo 200µL, em diferentes concentrações do lentivírus
(2 e 10 µL) nos animais tratados, enquanto os animais do grupo SHAM receberam soro.
SHR 7B: baixa concentração do lentivirus (2 µL) e sacrificados após 7 dias.
SHR 7A: alta concentração do lentivirus (10 µL) e sacrificados após 7 dias.
SHR 14B: baixa concentração do lentivirus (2 µL) e sacrificados após 14 dias.
SHR 14A: alta concentração do lentivirus (10 µL) e sacrificados após 14 dias.
COS: Controle tratado com soro (10 µL) e sacrificados após 14 dias.
CSI: Controle com plasmídio sem inserto (10 µL) e sacrificados após 14 dias.
Os animais foram tratados com uma baixa concentração do lentivírus (2 µL = 2x
2,25x108 partículas virais/µL) e com uma dose alta do lentivirus (10µL = 10x 2,25x108
partículas virais/µL). A seguir os animais foram extubados e transferidos de volta para
suas gaiolas e sacrificados após 7 e 14 dias.
A seguir serão descritos os resultados da titulação, expressão de Green
Fluorescent Protein (GFP) em fígado e coração de ratos SHR, expressão de
microRNA-29c por real time-PCR no VE, expressão gênica de colágeno do tipo I
no VE, concentração de hidroxiprolina cardíaca dos animais tratados com
plasmídio contendo o inserto do pré-microRNA-29c-gfp. Os resultados são
referentes ao VE.
10
9.13 Titulação
Os títulos obtidos para as amostras dosadas foram satisfatórios e estavam dentro
da amplitude esperada de partículas virais por mL de sobrenadante. A curva padrão de
concentrações de P24 (Proteína 24) está apresentada na figura 11. A titulação obtida foi
de 2,0 x 108 partículas virais/mL de sobrenadante para os plasmídeos CSI e 2,25 x 108
partículas virais/mL para o plasmídeo contendo o inserto do pré-miR-29c.
FIGURA 26: Curva padrão para a titulação de lentivírus
9.14 Expressão de Green Fluorescent Protein em Fígado e Coração de Ratos
SHR
Conforme a Figura 23 a expressão de GFP no coração apresentou aumento do
grupo SHR14A comparado aos grupos COS, SHR14B SHR7A, SHR7B. Já o grupo
SHR14A não se alterou muito ao ser comparado ao grupo CSI.
Conforme a intensidade das bandas apresentadas na figura 24 pode-se observar
que a expressão hepática de GFP foi mais alta que a cardíaca. Novamente, o grupo
SHR14A apresentou expressão aumentada em relação aos grupos SHR7B e SHR14B e
COS. Já a expressão do SHR14B foi muito semelhante a do grupo CSI.
11
No entanto, a expressão de GFP não se apresentou muito alta no coração,
diferentemente do que ocorreu no fígado.
FIGURA 27-Expressão proteica de GFP em coração de SHR tratados com pré-miR-29c
por Western Blott em unidades arbitrárias (U.A.). SHR7B – tratados com
baixa dose após 7 dias (n=2); SHR7A – tratados com alta dose após 7 dias
(n=3); SHR14B – tratados com baixa dose após 14 dias (n=3); SHR14A –
tratados com alta dose após 14 dias (n=2); CSI – controle sem inserto,
tratados com o plasmídeo sem o pré-miR-29c (n=2); COS – controle tratado
com soro (n=2); GFP - células 293T sem expressão de GFP, GFP+ células
293T com alta expressão de GFP.
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
4
SHR7B SHR7A SHR14B CSI COS GFP+-GFP-
*
**
7B 7A 14B 14A CSI COS GFP+
GFP - 50 kDa
SHR14A
GAPDH - 39 kDa
GFP-
U.A
.
12
FIGURA 28-Expressão proteica de GFP em fígado de SHR por Western Blott em
unidades arbitrárias (U.A.) em SHR tratados com o pré-miR-29c.
SHR7B – tratados com baixa dose após 7 dias; SHR7A – tratados
com alta dose após 7 dias(n=3); SHR14B – tratados com baixa dose
após 14 dias (n=3); SHR14A – tratados com alta dose após 14 dias
(n=3); CSI – controle sem inserto, tratados com o plasmídeo sem o
pré miR-29 (n=2); COS – controle tratado com soro (n=2); GFP-
células 293T sem expressão de GFP, GFP+ células 293T com alta
expressão de GFP.
9.15 Expressão do MicroRNA-29c por Real Time-PCR no Ventrículo Esquerdo
Para avaliar a eficiência do tratamento com o vetor lentiviral foi realizado a
análise da expressão do microRNA-29c nos animais experimentais.
Conforme as figuras 25 e 26 mostram, tanto os grupos tratados após 7 dias,
quanto os grupos tratados após 14 dias apresentaram aumento de expressão em
comparação aos seus controles. Os grupos SHR7B e SHR7A apresentaram
7B 7A 14B 14A CSI COS GFP+ GFP-
GFP - 50 kDa
** $
$
β-actina - 42 kDa
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
1,4
1,6
1,8
2
SHR7B SHR7A SHR14B SHR14A CSI COS GFP- GFP+
U.A
.
13
expressão aumentada quando comparado aos seus controles. A expressão dos
grupos SHR14B e SHR14A também foi aumentada quando comparado ao
controle.
FIGURA 29-Expressão do microRNA-29c realizada por reação de PCR em
tempo real. SHR – ratos espontaneamente hipertensos; SHR7B –
tratados com baixa dose após 7 dias (n=3); SHR7A – tratados com
alta dose após 7 dias (n=3); COS – controle tratado com soro (n=2).
FIGURA 30-Expressão do microRNA-29c realizada por reação de PCR em
tempo real. SHR14B – tratados com baixa dose após 14 dias (n=3);
SHR14A – tratados com alta dose após 14 dias (n=3); COS –
controle tratado com soro (n=2).
Exp
ress
ão
re
lati
va d
e m
iR-2
9c
% d
o c
on
tro
le
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
1,4
1,6
1,8
SHR7B SHR7A COS
**
14
9.16 Expressão Gênica do Colágeno do tipo I no Ventrículo Esquerdo
A expressão gênica do colágeno tipo I (COLIAI), um dos alvos do
microRNA-29c com alta expressão no coração de SHR, diminuiu também para
todos os grupos tratados. Como ilustra a figura 27, os grupo SHR7B e o grupo
SHR7A apresentaram diminuição comparado aos controles. A figura 28 também
mostra uma diminuição do grupo SHR14B e do grupo SHR14A, quando
comparado aos seus controles.
FIGURA 31-Expressão relativa do colágeno COLIAI (alvo do mir-29c), realizado
por PCR em tempo real. SHR7B – tratados com baixa dose após 7
dias (n=3); SHR7A – tratados com alta dose após 7 dias (n=3); CSI –
controle sem inserto, tratados com o plasmídeo sem o pré-miR-29c
(n=2).
15
FIGURA 32-Expressão gênica relativa do colágeno COLIAI (alvo do miR-29c)
realizado por PCR em tempo real. SHR – ratos espontaneamente
hipertensos; SHR14B – tratados com baixa dose após 14 dias (n=3);
SHR14A – tratados com alta dose após 14 dias (n=3); CSI – controle
sem inserto, tratados com o plasmídeo sem o pré-miR-29c (n=2).
9.17 Concentração de Hidroxiprolina Cardíaca
Um método indireto de mensuração do colágeno cardíaco é a mensuração
da Hidroxiprolina (OH- prolina) cardíaca. Nessa medida, conforme a figura 29 os
animais tratados por 7 dias apresentaram concentrações de OH prolina
aumentados em relação aos controles e aos grupos SHR14B e SHR14A.
Entretanto, para os grupos tratados por 14 dias esses valores se normalizaram e
os animais hipertensos não apresentaram diferenças comparado ao grupo
controle.
16
FIGURA 33-Conteúdo total de colágeno em cardiomiócitos avaliado pela
quantificação da concentração da Hidroxiprolina (OH-Pro -mg/g) em
SHR tratados com pré-miR-29c; SHR7B – tratados com baixa dose
após 7 dias (n=3); SHR7A – tratados com alta dose após 7 dias
(n=3); SHR14B – tratados com baixa dose após 14 dias (n=3);
SHR14A – tratados com alta dose após 14 dias (n=3); COS –
controle tratado com soro (n=2).
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ANEXO 2
18
10.1 Artigo Publicado na Revista Cellular Physiology and Biochemistry
JANEIRO DE 2014