Artigo original Hegemonia – Revista Eletrônica de Relações Internacionais do Centro Universitário Unieuro ISSN: 1809-1261 UNIEURO, Brasília, número 4, 2009
Recebido em: 26/10/2009 Revisado em: 5/11/2009
Aprovado em: 18/11/2009
SEGURANÇA ENERGÉTICA: AS IMPLICAÇÕES POLÍTICAS DA ATUAL CRISE ENERGÉTICA NA EUROPA (1990 – 2008)
THOMÉ, Thiago Pagliarin1
Resumo: O presente artigo aborda as implicações da crise energética vivenciada pela Europa nas três ultimas décadas, com especial foco entre os anos de 1980 a 2000. As conseqüências aos cortes de abastecimento provocados pela Rússia e a resolução dos litígios na região, como alternativa aos acontecimentos, é explicada através da elaboração de Tratados que instituíram a comunidade energética na região. Palavras-chave: Segurança Internacional, Segurança Energética, Política Energética Européia, Rússia, Biocombustíveis. Abstract: This paper discusses the implications of the energy crisis experienced by Europe in the last three decades, with special focus between the years 1980 to 2000. The consequences of cuts in supply caused by Russia and the resolution of disputes in the region, as an alternative to the events, is explained by drafting Treaties establishing the energy community in the region. Key-Words: International Security, Energy Security, Energy Policy of European Union, Russia, Biofuels.
INTRODUÇÃO
O propósito fundamental desse estudo é avaliar de forma comunitária a política dos Estados
Europeus, frente às questões de segurança energética e seu grau de dependência frente aos recursos
energéticos russos. A pergunta central que orienta o trabalho é a seguinte: quais as implicações da
atual crise energética na Europa? E a hipótese de trabalho, sugere que a dependência atual referente
à Rússia, impossibilita uma postura política/econômica pró-ativa a seu favor.
No entanto, novas políticas estratégicas quanto à segurança energética possibilitariam um
novo grau de desenvolvimento a região, assim como econômico. Para a compreensão do trabalho é
importante que haja um entendimento do que consiste a região da União Européia e quais países o
trabalho estará se referindo ao mencionar essa região. A União Européia é a região que se encontra
ao norte da África e a oeste da Ásia, formada por vinte e sete países da região A segunda região
1 Bacharel em Relações Internacionais. Especialista em Política Energética Internacional.
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mencionada, a Rússia, consiste num imenso espaço geográfico localizada entre a Europa e o oeste
asiático.
O mapa na página seguinte ilustra a região compreendida pelo continente europeu e os
países localizados na região.
A relevância estratégica do tema será discutida a luz de teorias, como realismo, sob a
contextualização do poder nacional de Morgenthau, e sob o construtivismo da escola de
Copenhagen, a abordagem referente à segurança internacional.
Inicialmente serão apresentados os instrumentos teóricos utilizados de forma empírica na
analise do caso europeu, trabalhado nos capítulos seguintes e o porquê da escolha de tais
instrumentos.
Entre as diversas dificuldades energéticas que os países da região enfrentam, especialmente
de suas estruturas e graus de dependência, destaca-se a dificuldade na migração para soluções de
energias alternativas e de suas reformas para o enquadramento e crescimento econômico
provenientes desta. Num cenário em que o desenvolvimento econômico e a integração econômica
são fundamentais, políticas energéticas são colocadas como pontos fundamentais para uma maior
interação entre os Estados nesse âmbito.
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MAPA 1: UNIÃO EUROPÉIA
FONTE: União Européia (Site Oficial)
Seguidamente se abordará, em um primeiro momento, um breve histórico a cerca dos
acontecimentos ocorridos entre as décadas de 1970 e 1990, no cenário internacional, no que tange
aos assuntos decorrentes de questões energéticas. Estes por sua vez vão da crise gerada pela Guerra
do Golfo à dependência energética proveniente da Rússia. Após as devidas considerações
realizadas, dá-se início ao caso específico da Europa, onde esta por sua vez, busca novas tendências
e políticas, como alternativa a dependência causada pelo gás e petróleo russo.
Em seguida, é realizada uma analise quanto à primeira tentativa européia, sob a Carta
Européia da Energia e os problemas nela encontrados, assim como suas projeções futuras para
resolução dos problemas enfrentados. Seqüencialmente entra-se no caso russo e como este consegue
influenciar de forma direta a atuação do bloco europeu, através de seus recursos naturais como
instrumento de barganha internacional.
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O terceiro parágrafo abordará o cenário atual em que se encontra a União Européia, assim
como as prospecções futuras a cerca da segurança energética e suas alternativas. Suas implicações
serão tratadas de forma mais sintetizada, possibilitando um melhor entendimento do atual modelo e
suas preocupações com tais alternativas.
Esse trabalho se propõe a mostrar a importância da segurança energética como instrumento
de política externa através dos recursos energéticos em abundancia em alguns pontos do planeta e a
dominação proporcionada por eles, sobre aqueles que possuem carência nesse setor.
Segurança Internacional: breve abordagem dos aspectos conceituais
Os conceitos que permeiam a idéia de segurança internacional ganham complexidade
quando analisado o sistema internacional vigente, uma vez que, a ameaça militar não é mais a única
causadora dos conflitos e o Estado não é mais o ator isolado dessa relação. Questões como
terrorismo passaram a ser vistas não mais como acontecimentos isolados e entraram para pauta de
discussões da agenda de segurança bem como questões energéticas, climáticas, econômicas e de
desenvolvimento. Por não haver uma definição comum ao terrorismo, esta pode ser compreendida
por vários aspectos. O Federal Bureau of Investigation (FBI) classifica como a utilização ilegal da
força contra pessoas ou propriedades, governamentais ou não.
“There is no single definition of terrorism. The FBI defines terrorism as, "the unlawful use of force or violence against persons or property to intimidate or coerce a Government, the civilian population, or any segment thereof, in furtherance of political or social objectives." (FBI, 2006)
Esse novo nicho de assuntos começa a mudar a estrutura existente no conceito do realismo
vigente até final dos anos 70, e a agregar, conseqüentemente, novos atores além do Estado. Esta
nova abordagem é responsável por uma mudança de paradigmas, possibilitando que a compreensão
dos conflitos tenha um aspecto mais amplo. Dentre esses novos atores, pode-se citar a inclusão de
Organismos/Organizações Internacionais (OIs), Organismos Não Governamentais (ONGs),
Instituições Privadas e para alguns pensadores as ações de indivíduos.
“As organizações internacionais formam, hoje em dia, uma forte instituição mundial que permite com que os Estados institucionalizem suas relações e alcancem objetivos que não poderiam ser atingidos de forma isolada. A função de uma organização internacional é a de promover, de maneira institucionalizada e permanente, a cooperação internacional nos termos estabelecidos pelo seu tratado constitutivo. Por isso têm personalidade jurídica e são dotadas de autonomia específica, que emana dos órgãos responsáveis por um processo decisório coletivo. É este processo que permite que as organizações internacionais se tornem atores diferenciados dos seus membros (YODA, p. 1-16).”
“A sigla ONG corresponde à organização não-governamental — uma expressão que admite
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muitas interpretações. A definição textual (ou seja, aquilo que não é do governo) é tão ampla que abrange qualquer organização de natureza não-estatal. Em âmbito mundial, a expressão surgiu pela primeira vez na Organização das Nações Unidas (ONU) após a Segunda Guerra Mundial, com o uso da denominação em inglês “Non-Governmental Organizations (NGOs)” para designar organizações supranacionais e internacionais que não foram estabelecidas por acordos governamentais (ABONG, 1999)”.
O realismo parte da idéia de que os Estados possuem um poder determinado, no qual um
conjunto de fatores pode ampliar a coerção sobre inimigos em potencial, além da maximização, por
meio destes, visando o poder individual (MORGENTHAU, 2003).
Segundo Jean Touscoz, a criação das OIs surgiu de alternativa para realização de
determinadas tarefas, por parte do Estado, que antes não poderiam ocorrer sozinhas. "Os Estados
criam organizações internacionais para desempenharem tarefas que não podem realizar sozinhos.
(TOUSCOZ, p. 159.)”
Autores como Maria da Saudade Baltazar vão além destes conceitos, utilizando-se em
alguns casos de uma visão mais sociológica, para entrar mais a fundo na questão do indivíduo,
colocando este como causador direto dos conflitos.
“É inegável que vivemos, hoje, num mundo inseguro e com futuro incerto. Não obstante à especificidade das relações conflitais da sociedade atual, os conflitos são onipresentes na vida social e podem assumir diversas formas (Baltazar, p. 157-185).”
O surgimento da abordagem realista no período entre a Primeira e a Segunda Guerra
Mundial (1914 – 1945), permitiu que a desta fosse conduzida para a única atuação do Estado,
descaracterizando o indivíduo como ator responsável, uma vez que não se colocam como
proporcionais o peso entre ambos. O Estado tem autonomia para questionar, qualificar ou mesmo
punir um individuo, mas este por sua vez, não detém dos mesmos atributos, visto que, não se tem
como mensurar a punição de um individuo a um Estado. Em outras palavras, não haveria como
prendê-lo sendo que é este quem garante suas liberdades e seus deveres (MORGENTHAU, 2003).
Contudo, a insatisfação com os estudos tradicionais quanto à agenda de segurança, levou ao
surgimento de novas teorias que viriam a questionar não mais as questões militares e/ou ações
nucleares muito afloradas até as décadas de 70 e 80. A extinção da União Soviética (URSS) em
meados da década de 90 proporcionou que novos temas viessem a ter maior relevância no campo
das Relações Internacionais. Conceitos como “high power” deixaram de ser o centro das discussões
abrindo margem para “soft power” e temas relacionados à securitização (BUZAN, WEAVER & DE
WILDE, 1998).
A idéia de segurança dentro desse novo sistema de complexidades que formam a atual
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agenda internacional dos Estados pode ser justificada uma vez que tenham sido levantadas ameaças
para o sistema soberano do país, ou de algum ponto fundamental para este (Idem).
“Uma questão é considerada de segurança quando apresentada através da imposição de uma ameaça existencial para um determinado objeto referencial, legitimando medidas adequadas. Insegurança diz respeito a uma situação de ameaça, na qual contramedidas não estão disponíveis (BUZAN, DE WILDE & WEAVER, p. 4).”
Esta contextualização pode ser analisada dentro da visão da escola construtivista, da qual
fazem parte tais pensadores. Pode-se analisar o construtivismo com base nos preceitos de que o
Estado faz uso de seus interesses através de ações não pré-determinadas em uma estrutura estática
comum no sistema internacional. Para esta escola de pensadores, os acontecimentos são mutáveis e
podem determinar a maneira com a qual o sistema irá se comportar, possibilitando um novo arranjo
estrutural (Ibidem).
A idéia de segurança baseada no construtivismo vista sob a óptica da Escola de Copenhague,
opõe-se aos antigos estudos e conceitos apresentados pelo realismo. A questão não esta mais
vinculada ao âmbito político-militar, podendo ser assim, colocado sob a forma de discurso novos
temas, uma vez que este esteja permeando o conceito da securitização. “Securitização é, portanto, o
estabelecimento intersubjetivo de uma ameaça existencial com saliência suficiente para gerar
efeitos políticos substantivos (BUZAN, WEAVER & DE WILDE, P.25).
Sendo assim a utilização de determinada classificação torna-se aplicável a todo e qualquer
tema no qual o Estado julgue relevância para justificar suas ações, podendo estas, exceder suas
fronteiras em resposta a uma possível ameaça (Idem).
Baseando-se nessa nova concepção a cerca da securitização, pode-se ser realizada uma
analise hipotética quanto a assuntos de relevância para alguns países e que, para outros, não
caberiam tal preceito. Estados como o Irã no qual, não há separação entre seus poderes políticos e
religiosos, poderiam vir a “securitizar” sua religião como forma de garantir uma legitimidade na
qual uma ação poderia ser justificada. Isto é, “securitizar” a religião é uma maneira de evitar
possíveis ameaças a teocracia do país, uma vez que esta é fundamental para sua existência (Ibidem).
Por outro lado, países como o Reino Unido poderiam vir a “securitizar” sua base
fundamental que é ser um Estado laico, evitando que a teocracia pudesse justificar algum tipo de
discriminação ou disseminação conflituosa em seu território ou suas ações junto a países terceiros.
Num emblemático conflito, hipotético, onde estes dois Estados seriam observados por tais analises
uma vez que ambos possuem visões distintas (Ibidem).
Uma analise através da Teoria dos Complexos Regionais de Segurança (TCRS) formulado
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por BUZAN em meados da década de 80, mais especificamente por volta de 1983, surgem como
um novo mecanismo de interpretação entre o nível das unidades e o nível sistêmico.
“A idéia central da TCRS é que, já que a maior parte das ameaças viaja mais facilmente por distâncias curtas do que longas, a interdependência em segurança é normalmente baseada em grupos regionais: os complexos de segurança [...] Processos de securitização e, portanto, o grau de interdependência em segurança é mais intenso entre atores do próprio complexo do que entre um ator do complexo e outro do extremo. (BUZAN, WEAVER & DE WILDE, p.4).”
Dessa forma, entra-se no conceito de Segurança Coletiva, no qual Estados se unem por meio
de alianças, tratados ou blocos, com objetivo de garantirem a sua própria segurança, bem como a de
um conjunto num todo.
“Os Estados cooperam na área de segurança de diferentes formas: através da formação de alianças e coalizões, da criação de Mecanismos de resolução de disputas, do estabelecimento de medidas de confiança mútua, da assinatura de tratados para o controle de armamentos e para o desarmamento (HERZ, & HOFFMANN, 2004).”
Este modelo é baseado em acordos assumidos pelos Estados, através de compromissos, nos
quais se busca uma maior interação entre estes, a fins de que se possam resolver conflitos por meio
da política, ou mesmo fazendo-se uso de sanções econômicas, ficando para ultimo caso, uma
intervenção militar autorizada pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU).
Segurança Energética: origem e transformações
O conceito sobre segurança energética nasceu após o primeiro choque petrolífero no ano de
1973, quando países membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP)
impuseram um embargo do seu escoamento à Europa e aos Estados Unidos. A criação da OPEP
serviu de alternativa para reivindicar, perante uma constante de achatamentos de preços, utilizadas
por um grupo formado pelas grandes empresas do ramo petrolífero, conhecidas como as “sete
irmãs2”, novos reajustes de preços do barril de petróleo3 (Silva, 2007 A).
Dentre tais reajustes, como pontos fundamentais da conferência realizada em Caracas,
Venezuela, em 1961, estava: o aumento da receita dos países membros, promovendo desta maneira
o desenvolvimento interno destes países; a unificação de políticas de produção do petróleo entre os
2 SAUDI ARAMACO – Arábia Saudita; GAZPROM – Rússia; CNPC – China; NIOC – Iran; PDVSA – Venezuela; PETROBRÁS – Brasil e PETRONAS – Malásia.
3 Barril de petróleo: 42 galões U.S. ou 158.9 litros ou 34.97231575 galões imperiais (UK). (Departamento de Geociências, Universidade de Évora)
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países; e, por fim, assegurar que estes tivessem um aumento gradativo sobre a produção de petróleo,
limitando, dessa maneira, a atuação das multinacionais (Idem).
No século XX, quando ocorreram os dois primeiros choques petrolíferos (1973 e 1979/80),
as ameaças que tinham de ser supridas eram a ruptura do abastecimento de petróleo nos países
produtores, a repetição do embargo político imposto pelos países árabes em 1973 e a volatilidade
dos preços no mercado, que por sua vez, cresciam de maneira exorbitante (Ibidem).
A política de segurança energética está essencialmente direcionada à prevenção de rupturas
de abastecimento deste recurso nos países produtores, isto é, tenta-se criar um mecanismo no qual
existirão garantias que permearão o sistema tornando-o mais estável e menos volátil (BUZAN,
WEAVER & DE WILDE, P.25).
“segurança energética diz respeito à capacidade de preservar os meios de fornecimento de energia e de proteger toda cadeia de suprimento de energia e de infra-estrutura energética, a partir de um conjunto de medidas preventivas, regulatórias e afirmativas, com intuito de estabelecer um equilíbrio entre as necessidades de sobrevivência dos atores e as expectativas de ordenamento do sistema (GEHRE, 2008).”
Este conceito não é suficiente para responder aos problemas atuais, que são
multidimensionais, partindo não apenas de questões políticas e econômicas, mas também
estratégicas. Tal permeabilidade vai da ameaça terrorista à dependência do consumo OPEP, à
paralisação cada vez mais freqüente das redes de distribuição de energia, à ameaça climática e a
pressão demográfica (Idem).
Um dos problemas mais importantes, em termos de segurança energética, é assegurar o
fluxo de petróleo, gás natural e outras fontes de energia necessárias para alimentar o funcionamento
da economia dos países consumidores. A paralisação do sistema de escoamento destes recursos
pode gerar um sistema caótico para os Estados como ocorrido no embargo feito pela Rússia para a
Europa. Alguns países como Portugal possuem 60% de sua capacidade energética atrelada ao
fornecimento de energia vindo de países terceiros. Tais suspensões de abastecimento podem afetar
diretamente a estrutura econômica e política de um país, bem como comprometê-lo
financeiramente, além de gerar um leque de prejuízos (SILVA, 2007 A).
Os últimos anos têm servido para demonstrar o quão dependentes estão países e economias
ao fator petróleo. Acontecimentos no Oriente Médio colocaram em evidencia a grande dependência
dos países em desenvolvimento tecnológico e nos já industrializados dessa fonte de energia para o
abastecimento de seus mecanismos, proporcionando assim, um crescimento palpável e dentro das
condições necessárias de manutenção (Idem).
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Não obstante essa crescente dependência pode ser verificada que a utilização deste recurso
não é recente. Estima-se que os Sumérios já o utilizavam no ano 3800 a. C. como forma de asfalto
proveniente do Vale do Eufrates, assim como no embalsamamento de seus mortos e como calefator
para seus barcos (LEAL, 2007).
Apesar da utilização deste combustível ocorrer ha alguns séculos, sua real funcionalidade foi
descoberta ao final da década de 1860, na Pensilvânia, Estados Unidos da América. Justifica-se
dessa maneira a grande dependência norte-americana frente ao petróleo. Baseando-se não apenas no
caso americano, mas trabalhando uma idéia geral, as questões de segurança quando vinculadas ao
fator energia apresentam alguns pontos falhos em comum com demais localidades no âmbito
internacional (Idem).
Os principais pontos que permearam a discussão do século XX pautavam-se exclusivamente
na volatilidade com que os preços haviam chegado e no caos gerado pelas rupturas de
abastecimento. Posteriormente a isso, no século XXI, novos desafios começaram a preencher as
lacunas provenientes de um modelo de segurança energética ultrapassado, no qual a
desestabilização interna em países produtores, provenientes ou não de ataques realizados por grupos
terroristas e/ou extremistas começa a ser colocada em discussão (SILVA, 2007 B).
Novas agendas internacionais, como a mudança climática geram novas discussões quanto às
buscas por soluções mais limpas que não atacariam o planeta com efeitos tão nocivos quanto à
queima produzida pelo carvão e/ou petróleo.
Não se descartam, porém, os antigos problemas existentes, que não deixaram de existir,
apenas modificaram sua estrutura decorrente de uma mudança nos meios de produção e como
conseqüência da mudança na economia mundial. Acrescenta-se a esse conjunto de fatores, desastres
ambientais de proporções grandiosas como o furacão Rita, ou um estado de emergência decretado
em conseqüência de um tsunami.
Cabe uma pequena ressalva a respeito da questão “desastres naturais”, uma vez que estes
não ocorrem com grande freqüência, podendo ser enquadrados em políticas que visam preventivas,
mas sem previsões fixas de acontecimentos, sendo que a disposição na qual estes acontecimentos
ocorrem ao longo da faixa territorial, não é limitada podendo ir a América do Norte a região
asiática. O foco dos Estados está nas garantias de distribuição oferecidas pelos pólos detentores de
tais produções.
Segundo autores como Antonio da Costa Silva, do Instituto Superior Técnico (IST) enquanto
mudanças não ocorrerem no atual sistema de segurança energética, os problemas persistirão. “O
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problema é que hoje no século XXI as ameaças são muito mais vastas, mas a política de Segurança
Energética mantém-se inalterada (SILVA, 2008).”
Costa Silva ainda utiliza como modelo o caso da Europa, a qual passou por uma crise quanto
à distribuição do petróleo no ano de 2007, apresentando suas principais fragilidades, sendo estas:
“O desenvolvimento de um novo conceito de Segurança Energética e de um pensamento geopolítico unificado e consistente é o primeiro passo para a Europa poder lutar contra suas fragilidades actuais: a crescente dependência energética da Rússia perante a qual a Europa está hoje desarmada e politicamente fragmentada; a incapacidade para lidar com a onda crescente de nacionalismo dos recursos nos países produtores; a dificuldade de acesso das companhias européias a novas reservas de petróleo e gás; a incapacidade das lideranças políticas européias forjarem uma estratégia energética comum e a inexistência de um verdadeiro mercado aberto europeu no domínio da energia que possa servir para estimular a diversificação das fontes de abastecimento e a diminuição da dependência (SILVA, 2008.)”.
Tem-se com isso, um quadro no qual o dilema vivenciado pelos países europeus está em
tentar garantir sua própria existência de desenvolvimento. Contudo, a complexidade na qual a
questão da segurança se apresenta, demonstra que não apenas uma maior integração entre estes
países do continente seria o suficiente para redução de futuras crises, mas sim uma reestruturação
política pelo sistema europeu num todo (SILVA, 2007 C).
Relações Internacionais e Energia
O campo das relações internacionais vem se complexando com passar das décadas, uma vez
que novos temas surgem e se mesclam a alguns já existentes dando-lhes novos aspectos. No caso
energético, sua presença é notada desde o inicio, visto que energia e desenvolvimento estão
diretamente atrelados.
O grande embate sob o tema deu-se com maior vigor após o primeiro grande choque
petrolífero em meados da década de 1970, quando o embargo realizado por países detentores da
produção de petróleo exigiram um reajuste e novas regras no sistema. Este primeiro conflito fez
com que o barril do petróleo tivesse um aumento excessivo, demonstrando como é vital sua
importância para o desenvolvimento e manutenção de um Estado (SILVA, 2007 A).
Os constrangimentos sistêmicos causados por uma crise como ocorrida na década de 70, no
qual economias sofreram forte pressão com a súbita alta dos preços do petróleo, serviram para
demonstrar, o quão frágeis podem ser sistemas políticos quando se trata de um tema que envolve
tamanha complexidade.
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Cabe lembrar que o petróleo não é a única fonte de combustível existente capaz de gerar
energia, contudo, sua utilização é muito elevada em comparação a outras fontes capazes de produzir
energia. Há um aumento significativo na utilização do gás natural como fonte de energia em
algumas regiões do mundo como Ásia Central, Europa, América do Sul e América do norte, bem
como no Leste Asiático. Recentemente tem-se dado grande ênfase ao uso de um novo tipo de fonte
energética, referindo-se a crescente discussão do etanol (SILVA, 2007 A).
Dentre estas se podem enfatizar o uso da energia elétrica, produzida através de usinas
hidroelétricas4, por meio de processos de retenção de água em grandes quantidades, como exemplo
uso de rios e barragens, bem como a utilização de usinas termoelétricas5 e eólicas6. Quando
analisado por esse aspecto, há uma clara discussão quanto aos custos de produção de cada uma,
visto que se tornam mais caras que o petróleo e tem seu uso mais limitado. Em contrapartida sua
utilização tem maior aceitação por se tratarem de energias limpas, que não irão provocar um
aumento nos níveis de poluição ambiental como produzido pela queima de combustíveis fosseis no
caso do petróleo.
Sendo assim, cada vez a dependência de alguns países que não conseguem produzir algum
dos tipos de energia descritos a cima, ou que produzem, mas não chegam a ser suficientes para o
seu próprio abastecimento, acabam por se tornarem “alvos” do sistema no qual estão inseridos. Não
importa o tamanho deste país ou o que produz, ele está diretamente ligado a uma rede de
abastecimento no qual acaba participando da discussão do tema no âmbito internacional. Seja essa
participação na aquisição de um automóvel produzido em um país “X”, mas que roda com
combustível importado de um país “Y” ou de um aparelho eletrônico produzido em “Z” mas para
ser ligado deve-se utilizar a energia elétrica ali existente, mesmo que essa possua, hipoteticamente,
32% de sua composição vinda de outro país “W” (SILVA, 2008 B).
A tendência das relações internacionais nesse aspecto volta-se para grande necessidade em
se criar um mecanismo no qual os Estados possam vir a utilizá-lo, a fins de minimizar a ruptura nos
abastecimentos nos países produtores de petróleo e gás natural, assim como a grande volatilidade
4 Uma usina hidrelétrica pode ser definida como um conjunto de obras e equipamentos cuja finalidade é a geração de
energia elétrica, através de aproveitamento do potencial hidráulico existente em um rio. O potencial hidráulico é proporcionado pela vazão hidráulica e pela concentração dos desníveis existentes ao longo do curso de um rio.
5 Obtida através da queima de um tipo de combustível, renovável ou não, produzindo assim calor, sendo este, o fator produtor da energia.
6 Obtida através da força do vento por meio de um mecanismo semelhante a um cata-vento.
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dos preços no mercado. Outros pontos fundamentais estão na tentativa de reduzir a dependência da
OPEP, possibilitando com que haja um novo modelo energético em resposta a isso, uma crescente
aposta em energias renováveis como no caso dos biocombustíveis7 dentre outras (Idem).
Apesar das perspectivas sob possíveis soluções, ainda existem problemas a serem sanados
para que então, possa-se chegar ao mercado nas condições dispostas anteriormente. Compreendem
estes aglomerados de problemas o terrorismo, a crescente dependência da OPEP, desastres naturais
como furacão Katrina, “blackouts” e a volatilidade dos preços.
Há cada vez mais uma convergência dos Estados em se unirem em prol de medidas únicas
que visam combater, ou reduzi-los a níveis satisfatórios, os problemas existentes e proporcionar
uma maior equidade entre a distribuição energética e seu preço. Por se tratar de um tema envolto
por uma complexidade profunda quanto segurança, o empenho dos países tem-se demonstrado mais
responsável, uma vez que um problema no qual dois pontos de uma linha distributiva enquadrem-se
numa crise é possível que outros, mesmo que fora do “conflito”, acabem por sofrer as
conseqüências deste (BUZAN, WEAVER & DE WILDE, 1998).
Suponha-se tal linha com três pontos, sendo estes “A”, “B” e “C”, e o produto final sendo o
gás natural, através de um gasoduto8 que ligue o primeiro ao último, passando pelo intermediário,
“B”, no caso. Uma divergência política entre “A” e “B” poderia ter como conseqüência a
paralisação no abastecimento por parte do país produtor, no caso “A” para o país receptor “B”.
Tem-se dessa forma uma crise de maiores proporções desencadeada por um grupo, produzindo
perdas a outros. A interrupção do gás para o país “B” causaria em conseqüência uma interrupção
para o país “C”, visto que o caminho de distribuição de ambos é comum. Tenta-se então, criar
mecanismos para que se evite um quadro parecido com o disposto.
Volta-se a discussão de temas políticos com um viés estratégico, por se tratar de uma questão
que vai alem do simples campo econômico ou mesmo energético. Tende-se o desencadeamento de
uma crise em grandes proporções baseando-se nos acontecimentos passados como vividos
recentemente nos Estados Unidos após desastres causados pela natureza. Com a demanda de
energia em colapso, os preços sobem, causando assim, uma ruptura no sistema de regulamentação
7 Os biocombustíveis são fontes de energias renováveis, derivados de produtos agrícolas como a cana-de-açúcar,
plantas oleaginosas, biomassa florestal e outras fontes de matéria orgânica.
8 O gasoduto é uma tubulação que leva o gás natural das fontes produtoras até os centros consumidores. Transporta grandes volumes de gás, opera em alta pressão e somente se aproxima das cidades para entregar o gás às Companhias Distribuidoras, constituindo um sistema integrado de transporte de gás.
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de mercado vigente no país.
Sendo assim, novos acontecimentos viriam por determinar os novos rumos nos quais o
Estado se engajaria, não apenas no âmbito da segurança, mas numa reestruturação interna e externa.
Não se descarta a importância da agenda interna de um país quando se trata de assuntos
internacionais sejam estes, de pequena, média ou grande importância (BUZAN, WEAVER & DE
WILDE, P.26).
Tende-se cada vez a uma aproximação maior entre temas que envolvem energia e relações
internacionais nos últimos tempos, podendo ser percebida essa necessidade, por acontecimentos que
modificaram relações e acordos, como exemplo para o caso Brasil-Bolívia ocorrido em maio de
2006 quando o governo boliviano nacionalizou o gás natural em seu território.
A energia e a geopolítica vigente na União Europeia
O Leste Europeu mal havia superado o período truculento da década de 80, quando nos anos
90, uma nova guerra eclodiu próxima a região, tendo como cenário o Golfo Pérsico. Com essa
guerra torna-se notório o fato da presença energética, principalmente essa, referente ao petróleo,
como instrumento de barganha política. Em uma ação militar conjunta, vários países formaram uma
aliança, na qual os Estados Unidos lideraram o ataque ao Iraque, após sua invasão ao Kuwait.
“O quadro global da distribuição geográfica das reservas geológicas e da produção e consumo dos combustíveis fósseis, que são hoje de longe as principais fontes de energia a nível mundial, é cada vez mais propício à emergência e à recorrência de conflitos distributivos, conhecidos por guerra dos recursos ou simplesmente por guerras do petróleo (SCHWARZ, p. 7-29).”
“O problema é que a Europa, sobretudo depois da queda do Muro de Berlim em 1989, só olha para Leste e esse é um erro político que vai pagar muito caro. No plano energético a Europa depende cada vez mais da Rússia (SILVA, p.4)”
Além de milhares de mortos, poços de petróleo foram colocados em chama, visando o
prejuízo dos produtores, uma vez que incendiados, não há como se conter essa queima. As
conseqüências desses incêndios ultrapassam questões ambientais, sendo que, boa parte dessa
produção era destinada ao consumo mundial. Cabe uma pequena ressalva quanto ao fato do conflito
em si, onde as duas partes envolvidas lutavam pelo controle destes recursos naturais podendo, para
conseguir este, causar a destruição total do lado oposto.
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A inquietação no cenário internacional era enorme devido à concentração de reservas
petrolíferas naquela região. O papel desempenhado pelo petróleo naquela guerra marcou numerosos
movimentos de contestação em diversos países. Os protestos nas principais capitais européias eram,
muitas vezes, explicitamente claros sobre como se interpretavam os interesses ao conflito. Algumas
expressões como “não troquem sangue por petróleo” marcaram a opinião mundial na época. A
percepção internacional quanto aos interesses na região, eram claras, constrangendo mais ainda a
situação ali encontrada.
Temas como energia e geopolítica viriam a se tornar profundamente interligados e fadados a
acompanhar o crescimento mundial ate os dias de hoje. A energia continua presente no centro dos
conflitos internacionais em conseqüência à dependência mundial em relação a recursos naturais
como o petróleo e o gás natural (SILVA, 2007 A).
Os principais resultados para Europa quanto à lição tirada do Golfo Pérsico, durante e pós-
conflito, sem sombra de dúvida, foi referente ao fato de trazer a publico sua dependência em termos
energéticos e acordar as políticas locais para uma nova reestruturação a cerca do tema. Um marco
definitivo na conscientização, que despertou a consciência dos líderes europeus para a necessidade
de novos meios para resolução deste problema (Idem).
União Européia: o atual cenário energético
O atual cenário internacional está voltado para questões de extrema importância aos Estados,
principalmente quanto a questões estratégicas, de vital importância as economias e políticas
adotadas. A Europa é um modelo prático quanto a tais problemáticas, onde um dos temas de maior
abrangência nos últimos anos está voltado à questão energética. A agenda vigente busca soluções
entre os países membros na elaboração de um modelo comum, cujo principal desafio está em evitar
cortes no abastecimento de energia para as regiões que possuem tais déficits. O atual ritmo no qual
a sociedade vem crescendo na casa dos 2.6% a.a (CIA, 2007) nos últimos anos a tornou ainda mais
dependente não apenas do petróleo, como do gás natural e da energia elétrica.
“A União Européia consome em média três vezes mais petróleo do que produz. Analisando as fontes
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européias do petróleo conclui-se que a Rússia com 27% é o maior fornecedor da Europa. A União Européia e a Noruega em conjunto asseguram apenas 37% das necessidades de petróleo da Europa (SILVA, p.4).”
A dependência energética entre os países membros da União Européia (UE) é uma questão
vital aos interesses políticos e econômicos dos Estados. O atual modelo energético, essencialmente
pautado em petróleo e gás natural, dos quais a Europa é largamente deficitária, permite que assuntos
como segurança energética se torne arma política a favor de quem os detém. Outro fator que
possibilita tal assimetria é decorrente do fato que, onde esses recursos energéticos são encontrados
em abundancia, como nos países produtores, seus regimes políticos são marcados por tendências
pouco democráticas e governos instáveis, na grande maioria dos casos. Cabe uma ressalva quanto à
maneira como o Estado intervém diretamente nesse campo, como forma de garantir seus interesses
perante outros países.
“a dependência do exterior atinge hoje 63% e a tendência é para essa dependência se acentuar porque a principal província petrolífera européia – o Mar do Norte – já entrou em declínio e nos últimos três anos esse declínio foi de até 15% (SILVA, p.4).”
O caso Europeu, em particular, apresenta de forma clara dependência, visto os
acontecimentos nos últimos anos e suas políticas de reservas, nas quais cada país possui uma
reserva alocada em outro, como forma de garantir possíveis cortes e falhas de abastecimento. Em
conseqüência, qualquer contravenção política pode vir a bloquear estes recursos, gerando
instabilidade na região. Por não ser detentora de reservas naturais de fontes energéticas, sua
interdependência nos últimos anos se tornou objeto de estudos mais sérios, sendo colocado em
primeiro plano por vários de seus países como fator de segurança nacional, como no caso de
Portugal (SILVA, 2007 B).
“As conseqüências geopolíticas desta dependência crescente do exterior para o abastecimento de petróleo e, em particular, da Rússia e do Oriente Médio, podem aumentar as fragilidades da Europa porque a Rússia não é fiável e usa energia como arma geopolítica (como demonstrou nas crises com a Ucrânia e Bielorússia em Janeiro de 2006 e 2007) e o Oriente Médio é uma zona instável do mundo onde o extremismo islâmico não pára de se ramificar (SILVA, p.4).”
“No caso de Portugal a situação é preocupante. Somos um dos países mais vulneráveis da UE (a
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dependência dos combustíveis fósseis é de 83%) e ainda por cima 40% das nossas Reservas Estratégicas de Petróleo estão na Alemanha o que numa situação de crise não augura nada de bom (SILVA, p. 4-5).”
Cabe lembrar que não apenas a Europa passa por tais dificuldades referentes ao tema. O
problema está em um âmbito mundial, onde se estima que nos próximos 30 anos, a procura por
energia será o dobro da apresentada na atualidade, assim como afirmam o presidente da Comissão
Européia (CE) e Comissário Europeu para energia, José Manuel Durão Barroso e Andris Piebalgs.
Quando analisada a interdependência energética, se torna ainda mais determinante nas políticas
externas e internas dos Estados, dados os índices de desenvolvimento anuais. Baseando-se nessas
previsões, estudos visam soluções pautadas no desenvolvimento de energias renováveis e mais
limpas para suprir parte desta dependência. Os caminhos são os mais distintos, como
biocombustíveis9, energia nuclear voltada para fins pacíficos, além de energia elétrica.
“As previsões indicam que a dependência da Europa em relação às importações aumentará para 70 por cento em 2030, à medida que as nossas reservas de hidrocarbonetos se forem esgotando e que a procura aumente. Esta dependência tem claras implicações para nossa segurança energética (BARROS & PIEBALGS, 2006).”
Contudo, um dos pontos chave desse novo campo de estudos estratégicos, leva consigo o
peso do desenvolvimento de energias, consideradas limpas, que possuam abundancia e duração de
longo prazo, mas acima de tudo, que não prejudique o meio ambiente. Soluções limpas que se
enquadrem dentro da filosofia do desenvolvimento sustentável é o foco para esse projeto comum à
agenda internacional (SILVA, 2007 A).
Apesar das questões anteriormente citadas, o grande foco é o nível de dependência no qual
os Estados se encontram e suas projeções para os próximos anos, gerando instabilidades políticas na
atualidade. A crise mundial sob tais expectativas acaba por gerar possíveis conflitos internacionais,
sobretudo quanto às fontes de recursos naturais, causadoras de disputas e soluções de controvérsias.
O aumento da eficácia energética, assim como o desenvolvimento de energias mais seguras,
a insistência em energias renováveis e a diversificação das fontes de aprovisionamento, têm se
9 Os biocombustíveis são fontes de energias renováveis, derivados de produtos agrícolas como a cana-de-açúcar,
plantas oleaginosas, biomassa florestal e outras fontes de matéria orgânica.
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tornado objeto de preocupação por parte da União Européia, quando visto que se tornou forte
instrumento de negociação no campo da política externa. A dependência do fornecimento de
energia, principalmente de petróleo e de gás natural, e o modo de assegurar o seu fornecimento,
obriga a Europa a um novo posicionamento geopolítico.
Neste contexto, a dependência crescente da UE em relação ao fornecimento externo de
energia, proveniente, em sua maior parte dos casos de países onde reina a instabilidade política e,
em particular, a sua dependência em relação ao gás natural proveniente da Rússia, é motivo de
preocupação. Qualquer escolha, ainda que temporária, pode vir a desencadear um corte nos
abastecimentos de energia causando sérias perdas de produção e desenvolvimento econômico para o
bloco (SILVA, 2007 B).
Outro fator que não deve ser desconsiderado vem de encontro ao crescimento constante de
potencias emergente como a Índia e a China dentro do contexto energético. A China, por exemplo,
com seu índice de crescimento na casa dos 11.7% a.a (CIA, 2007) é uma grande concorrente quanto
aos produtos energéticos. Sua atuação na região da Ásia Central tem crescido consideravelmente,
após as descobertas de grandes campos de gás natural, existentes no solo daqueles países.
A pressão global sobre os recursos tende a crescer assim como os índices de
desenvolvimento dos países. Não obstante aos interesses chineses à região, estão também influencia
norte-americana em países como Cazaquistão e Turcomenistão, assim como a influencia direta da
Rússia, lembrando que estes países do centro asiático conseguiram sua independência com a queda
da União Soviética ao final da década de 80.
As perspectivas de uma produção estável estão cada vez mais ligadas a questões estratégicas
e de políticas internas. As ambições regionais podem determinar qual o fluxo que será seguido não
apenas pelo Estado, como também por fornecedores mais importantes. Este caminho pode afetar
não apenas o equilíbrio de poder em uma esfera global, como também a segurança nacional destes
países. A questão energética se tornou um fator essencial para o desenvolvimento e manutenção de
um Estado (SILVA, 2008).
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Uma nova política deveria abranger todos os quadrantes geográficos do aprovisionamento
energético – dentre eles UE, Ásia Central, Venezuela e Médio Oriente. Não se descarta, porém, o
discurso ao qual a África poderá vir a intensificar o diálogo sobre o acesso à energia e à segurança
energética com os países da Europa.
“A melhor maneira de a Europa aumentar a Segurança Energética passa por integrar a energia como componente de sua política externa. É necessário desenvolver a aliança com a Noruega, potencializar as ligações com a Turquia, com a Ásia Central, com o Norte da África. via Mediterrâneo, e fazer da Bacia Atlântica um eixo energético e geopolítico de primeiro plano (SILVA, p. 8).”
Ainda que a UE consiga deslocar o seu interesse para a eficiência energética e para as fontes
de energia renováveis nas próximas duas ou três décadas, sua dependência em relação ao padrão já
existente – petróleo e ao gás natural – não diminuirá de forma significativa. Pode-se reduzir essa
dependência, mas dentro de padrões considerados aceitáveis, isto é, baixos em relação à atualidade,
mas não extingui-la. Continua assim, a importação de recursos energéticos para sua manutenção. É
fundamental gerir esta dependência com instrumentos apropriados através de uma política externa
comum e acordos que proporcionem tais condições.
É importante ressaltar que, embora cada um dos Estados-Membros (MAPA 1) deva
conservar o direito legítimo e soberano de escolher a sua própria estrutura energética e de
abastecimento, o desenvolvimento de uma política externa comum centrada nas questões da energia
reforçaria a segurança coletiva a um nível externo gerando dessa forma, um aumento no potencial
da UE ao enfrentamento dos desafios geopolíticos da atualidade.
A Carta Européia da Energia
Em meados do ano de 1991, a Comunidade Européia do Carvão e do Aço (CECA), em
conjunto em conjunto com a Comunidade Européia de Energia Atômica (EURATOM), esboçaram o
que viria a ser assinada em 17 de dezembro do mesmo ano, em Haia, a Carta Européia da Energia
(CEE). A carta por sua vez havia sido proposta pela primeira vez em Dublin, um ano antes, pelo
então Primeiro-Ministro dos Países Baixos, no Conselho Europeu realizado naquele ano. A proposta
tinha como objeto central um projeto no qual a cooperação no setor energético entre países da
Europa do Leste e da União Soviética, sob a óptica da reconstrução econômica da região, assim
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como garantias quanto ao fornecimento de energia aos países importadores.
Os 51 signatários da Carta Européia da Energia comprometeram-se a seguir os ideais da
carta cujo ponto fundamental estava na cooperação no âmbito de um acordo de base vinculativo do
ponto de vista jurídico. Dentre estes pontos, o Tratado sobre a cooperação energética garantia aos
países investimentos, transito e comercio nos territórios onde possuía passagem. A promoção da
cooperação industrial Leste-Oeste estava entrando em vigor. O Tratado e o Protocolo definitivos ao
processo iniciado em 1991 tiveram sua efetiva ratificação pelos países signatários em 17 de
dezembro de 1994, em Lisboa, com exceção dos Estados Unidos e Canadá que não o fizeram
(CARTA EUROPÉIA, 1997).
O Tratado da Carta da Energia tem por objetivos, estabelecer um quadro jurídico que
permita promover a cooperação em longo prazo no domínio energético. Dentre suas principais
disposições estão questões econômicas e políticas sendo os principais pilares formados pela
proteção aos investimentos no setor, o livre comércio de materiais e produtos derivados da energia,
assim como o transito e a resolução dos litígios quando estes surgirem (Ibidem).
Quanto as Partes Contratantes, cabe a estas incentivar/criar condições necessárias e estáveis
para atração de capitais estrangeiros, assim como transparência e a aplicação da nação mais
favorecida. Outro ponto fundamental diz respeito aos pré-investimentos, os quais serão divididos
em dois subgrupos, quando disserem respeito ao tratamento do nacional. No primeiro caso, terão
reconhecimento às empresas e/ou instituições que forem consideradas mais empenhadas no
desenvolvimento daquela atividade, ou como melhor ressaltado pelo Tratado, as que demonstrarem
o principio de “melhores esforços” (Ibidem).
Assim que entrou em vigor, a Carta foi regida pelos princípios do Acordo Geral de Tarifas e
Comércio (do inglês GATT). Isso significava que os países signatários eram obrigados a seguir e
aplicar as regras do GATT quanto ao comercio dos produtos energéticos mesmo estes, não sendo
membros do Acordo Geral de Livre Comercio e/ou da Organização Mundial do Comércio (OMC –
do inglês WTO) mais a frente (Ibidem).
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Após isso foram definidas pelo acordo, as maneiras como deveriam ser realizadas as trocas,
vendas e manutenção dos meios e produtos. Incorporadas a isto estavam: o transito; a concorrência;
a transparência; o ambiente; a tributação e até a soberania. Esta ultima por sua vez, tinha como
fundamentos que todo recurso energético disponível em seu território, sob a reserva de seus direitos
e regido pelas normas do Direito Internacional garantiam ao Estado total controle quanto à
delimitação das áreas destinadas a pesquisas do tema, bem como quanto a sua utilização (Ibidem).
Outra clausula importante nesse contexto faz referencia a possíveis cortes de abastecimento,
proibindo assim, a interrupção ou redução dos fluxos existentes de materiais energéticos, ate que
fosse realizado estudo e resolução dos litígios apresentados. O Protocolo da Carta da Energia (PCE)
por sua vez, apresenta três objetivos principais que são:
Promover políticas de eficiência energética compatíveis com o desenvolvimento
sustentável;
Criar condições suscetíveis de incitar os produtores e os consumidores a utilizar a
energia de maneira mais econômica, mais eficaz e mais sã possível para o ambiente;
Fomentar a cooperação no domínio da eficiência energética.
O Tratado e o Protocolo entraram em vigor ao mesmo tempo em 16 de abril de 1998,
quando se adaptaram aos aspectos ambientais exigidos no seu contexto (Ibidem).
Rússia: o domínio energético frente ao mundo
Ao longo dos últimos anos, a Rússia voltou a assumir um papel de destaque no que diz
respeito às suas estratégias no setor energético. Seu novo posicionamento geopolítico, proveniente
da maneira como suas negociações, utilizando-se de seus vastos recursos energéticos, tem rendido
bons frutos a economia interna. Seu reposicionamento mundial tem demonstrado verdadeiro
empenho no tocante a novas políticas externas. A produção de petróleo vem crescendo
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progressivamente, sob o domínio da estatal GAZPROM10, mas o grande destaque vem de encontro
ao fornecimento e escoamento de gás natural.
Segundo o Statistical Review of World Energy (SRWE) estima-se que suas reservas sejam
de aproximadamente 1/3 das reservas mundiais de gás natural. Descobertas recentes, no inicio da
década de 90, colocam como principais concorrentes, os países da Ásia Central, com vastos campos
de petróleo. Contudo, a Rússia exerce nessa região, antes pertencente ao aglomerado da então
esfacelada União Soviética (URSS), forte interesses tocante a política da região. Apesar de 1/3 da
produção mundial, seu escoamento de gás para Europa tem sido de pouco menos de 2/3 do
montante exportado para demais áreas do planeta. Ainda segundo este, a Europa possui apenas
1,3% das reservas mundiais de petróleo, configurando assim sua estrutura de dependência. Já no
que diz respeito ao gás natural, a Europa detém cerca de 3% das reservas mundiais, notando-se sua
grande fragilidade e dependência dos recursos provenientes do território russo (LONDON, 2007).
Esta situação deverá ser modificada com a possível emergência da bacia do Mar Cáspio.
Países como Azerbeijão, Cazaquistão e Turcomenistão buscam inserção nessa geografia, da qual
ainda fazem parte países do Cáucaso11, como a Geórgia e a Armênia. Dessa maneira, a configuração
na qual a Rússia se enquadra, permite um maior domínio da região a fim de realizar seus objetivos
políticos e econômicos sobre tais recursos (SILVA, 2008).
“Sempre que surge um projecto europeu importante do ponto de vista estratégico, a Rússia empreende acções para o liquidar. É o caso do projecto Nabucco encetado pela companhia austríaca OMV e destinado a trazer gás da Ásia Central para a Turquia e daqui para o centro da Europa (SILVA, p.5)”.
O petróleo e o gás têm proporcionado o reaparecimento da Rússia como potência mundial,
não apenas como grande exportador, mas também como Estado forte nas decisões internacionais. A
Rússia vem trabalhando de forma a construir uma infra-estrutura, a qual consiga escoar seu
abastecimento por todo continente Europeu e Asiático, utilizando-se de caminhos pouco
convencionais como a Sibéria, além de conseguir os mercados energéticos ali existentes. (Idem). 10 No ano de 1989, o Ministério da Indústria e do Gás da União Soviética (URSS) reorganizado em prol do gás, cria a
GAZPROM.
11 A região do Cáucaso é uma cordilheira montanhosa de 1.125 quilômetros de extensão, situada entre o Mar Cáspio e o Mar Negro.
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“A Rússia aproximou-se da Hungria, prometeu criar um hub de distribuição de gás neste país para Europa Central e a Hungria passou a apoiar o prjecto russo do South Stream. Em seguida, Vladimir Putin foi à Ásia Central e celebrou contratos com Casaquistão e o Turquemenistão para comprar gás a estes países pelo dobro do preço actual e durante as próximas décadas (SILVA, p.5)”.
Como resultado, as companhias de gás GAZPROM e a ROSNEFT12, a companhia
petrolífera, emergiram, no seu conjunto, como um dos mais poderosos monopólios de energia do
mundo, com o poder de controlarem uma grande parte do mercado. A GAZPROM evoluiu para
principal “gerador do mercado” de gás da Europa, o que significa que tem a capacidade de gerir o
ritmo que outros têm de seguir (Ibidem).
“a Rússia pratica uma política de nacionalismo dos recursos, reconstrói o sector energético estatal, usa as companhias russas Gazprom e Rosneft como instrumentos de luta geopolítica, nacionaliza os interesses das companhias européias, como é o caso da Shell no projecto Sakhalin-2 e da BP no projecto TNK-BP para o campo Kovykta (SILVA, p. 5-6)”.
A estratégia econômica adotada tem como preceitos servir os interesses de longo prazo do
capital russo, colocando-o de forma influente em todo o mundo e principalmente na Europa. A
coordenação desses interesses foi pauta do governo gerido por Putin enquanto presidente (2000 –
2008) freando as possibilidades de alternativas européias.
“É caso da Ásia Central onde os projectos europeus de abastecimento a partir do Casaquistão e Turquemenistão foram paralisados pelo contra-ataque do Presidente Vladimir Putin secando a possibilidade de rotas alternativas para Europa (SILVA, p.6).”
Toda estratégia por um enorme esforço para integrar a Rússia na economia da Europa
Ocidental através da cooperação e de sociedades, foi colocado na agenda externa russa. As recentes
“parcerias” da GAZPROM com companhias de energia e bancos alemães teve um papel importante
na persuasão para obter ajuda da Alemanha quanto aos seus interesses. A União Européia e a
Noruega são as principais responsáveis por mais de 50% do consumo de gás na Europa, contando
cerca de 50% desse gás, sendo proveniente da Rússia e da Argélia (SILVA, p. 31-72).
“A Rússia é um parceiro estratégico da Europa e não deve ser demonizado. Mas o problema coloca-se quando a dependência energética da Europa em relação à Rússia já é hoje acentuada e a tendência é
12 Rosneft foi uma das últimas empresas petrolíferas verticalmente integradas a surgir a partir da reorganização e em
grande escala privatização da indústria petrolífera da Rússia nos anos subseqüentes à dissolução da União Soviética.
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para essa dependência aumentar no futuro. (...) A Rússia quer dominar a produção de gás e o sistema de distribuição assente na rede de pipelines, cercando e estrangulando completamente a Europa e lançando sobre ela uma espada de Dâmocles que pode funcionar como arma geopolítica se for necessário.” (Portugal e a Política européia de Segurança Energética, IPRISVERBIS, 5 – 6)
Contudo, os problemas enfrentados na Rússia no que diz respeito ao sistema democrático –
o qual não existe na prática – assim como a infra-estrutura do país, acabam por colocá-la em uma
situação desconfortante no que tange ao seu crescimento interno na qualidade de vida de seus
indivíduos. Com tais contravenções, sua imagem acaba por gerar desconfiança e instabilidade
política aos países com os quais possui relações comerciais e/ou políticas. Sendo a Rússia o
detentor das exportações de gás natural para união Européia, seu sistema político interno acaba por
passar despercebido quanto aos interesses energéticos, criando assim, um clima mais atenuado de
tensões.
Segue assim, o fluxo do desenvolvimento europeu, atrelado à dependência russa, e que,
tende a crescer de forma expressiva nas próximas três décadas como avaliado pela Comissão
Européia. Segundo esta essa dependência pode crescer de forma exponencial chegando próxima a
casa dos 75% de dependência do gás russo. Estuda-se cada vez mais o desenvolvimento de energias
renováveis e consideradas limpas e alternativas, como já visto anteriormente, contudo, são
previsões para longo prazo.
Alguns dos principais jornais europeus classificam a “dominação” russa como “no início do
século 21, o papel dos países árabes parece ter se transferido para Rússia, o que vigorava em 1973
ainda continua valendo: energia é política (HOLANDA, 2006)”.
“Usar o abastecimento de matérias-primas como arma era algo que só se conhecia do Oriente Médio. E mesmo lá, desde os anos 70, nenhum Estado mais ousou pressionar o exterior com a interrupção do fornecimento de petróleo ou gás natural (ALEMANHA, 2006)”.
“esta é a primeira declaração de guerra do século 21 (...) Um país cortou o fornecimento de energia do outro porque este não se curvou às suas exigências. A Rússia, o maior produtor de gás do mundo, apertou o gatilho da arma do gás (FRANÇA, 2006).”
“As razões da crise [entre Rússia e Ucrânia] são claras, mas suas conseqüências ainda incertas. O conflito tornou clara a dependência dos europeus em relação ao gás natural russo. França, Áustria, Alemanha e Itália tiveram que acordar. A Europa precisa de uma política de energia comum
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(LONDRES, 2006)”.
“todos os países que não foram abençoados com petróleo e gás natural só tem uma saída para se proteger contra manobras de poder indesejadas, ou seja, através da diversificação do próprio abastecimento de energia (SUIÇA, 2006)”.
União Européia tenciona reduzir em seu consumo de energia, o que representaria economia
de algumas centenas de milhões de Euros, assim como de dependência externa. Cada país europeu
tem feito suas próprias negociações, mas a Comissão Européia pretende tornar esse mercado
comum, proporcionando que a UE negocie em nome de todos. Levando em diante essa estratégia, a
Rússia seria um dos fornecedores de energia mais afetados com a redução de importação (SILVA,
2008).
Cenários prospectivos da segurança energética e suas implicações na Europa
Como visto nos capítulos anteriores, o atual cenário encontrado na Europa, referente à
segurança energética apresenta um quadro de dependência em larga escala, por energias de origem
estrangeira. O foco na política externa dos países membros da UE está voltado ao enfrentamento
direto da redução quanto à dependência da OPEP. O ideal adotado pela Comissão Européia vai se
baseia em uma reestruturação do modelo energético vigente. A busca por energias renováveis e que
proporcionem um desenvolvimento sustentável estão dentro das medidas tomadas e formulação de
políticas internas e externas (SILVA, 2007 C).
Constituem essa gama de alternativas os biocombustíveis, a utilização de energias
provenientes de hidroelétricas, mas estas, por sua vez, são tidas como recursos naturais, o que
implica em uma fonte que merece controle na sua utilização. Além mais, estão o uso da biomassa,
nucleares e micro-geração de energias. Contudo, o principal foco está no desenvolvimento de
energias ou modelos que propiciem um desenvolvimento considerado sustentável e ao mesmo
tempo de médio prazo (SILVA, 2008).
Sabe-se que o petróleo, o gás natural e seus derivados são fontes finitas e estima-se que com
os índices de utilização como ocorrido ao longo da história, estejam por se esgotar dentro de
algumas décadas, caso não haja um melhor equacionamento desse uso. Novas políticas são
colocadas em pauta com objetivo de controlar zonas conhecidas como Reservas Estratégicas de
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Petróleo13 (REP), localizadas fora daqueles países que a consomem de forma desenfreada (Idem).
Tais reservas são tidas como um seguro, onde em caso de crises ou cortes de abastecimento,
podem vir a ser utilizadas como forma de suprir as necessidades básicas de um Estado. Outro ponto
fundamental no que diz respeito a estas reservas, é referente à criação de zonas semelhantes às
existentes de petróleo, mas para o armazenamento de gás natural, denominadas Reservas
Estratégicas de Gás14 (REG).
“Uma nova política de gestão das Reservas Estratégicas de Petróleo e Gás é essencial para transformá-las num pilar eficaz da Segurança Energética européia. Uma nova concepção pode fazer delas um instrumento para lidar com as ameaças actuais, lutar contra a volatilidade e o choque dos preços, estabilizar os mercados e servir de contra-peso à OPEP (SILVA, p.8)”.
A diversificação dos meios de abastecimento é outro ponto de extrema importância no que
diz respeito às perspectivas européias. Para isso se busca alternativas no Mediterrâneo, Atlântico e
Ásia Central como forma de ampliação na importação. A integração de outros países junto a
Agência Internacional de Energia (AIE), como a China e a Índia estão nos planos europeus.
“Nesse sentido, a mudança do modelo energético actual é, em si própria, uma resposta estratégica importante. A integração da China, Índia e outros países emergentes na Agência Internacional de Energia, é também um passo decisivo para se criar uma plataforma única dos consumidores e se construir uma rede mundial de comércio, investimentos e circulação aberta de commodities (SILVA, p.8)”.
A Comunidade Européia da Energia
Existem muitas razões para que a segurança energética se tenha tornado uma questão
prioritária. O litígio ocorrido entre a Rússia e a Ucrânia em meados de 2006, seguidos pela
interrupção de gás natural na qual afetou diretamente outros países europeus, foi crucial para a
reestruturação do debate a cerca da energia. Esta crise constituiu um verdadeiro sinal de alarme para
a UE. Percebeu-se assim, a necessidade em se reformular o sistema que regia, até então, o modelo
de segurança energética e o quanto estes países estavam limitados às vontades políticas de quem
detinha os recursos (COMUNIDADE EUROPÉIA, 2006).
Dá-se início então a um processo no qual estudos se voltam ao aspecto da energia utilizada
como um instrumento de pressão política no relacionamento entre Estados.
13 São, em sua grande maioria, cavernas de sal subterrâneas, estrategicamente alocadas fora da região e que possuem
grande quantidade de óleo cru para emergências provenientes de cortes u escassez.
14 Utiliza-se o mesmo princípio das Reservas Estratégicas de Petróleo. Contudo, há uma estação superior para drenagem desse gás em casos de emergência.
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No dia 29 de maio de 2006 é celebrado um novo tratado no qual, institui-se a Comunidade
Européia da Energia e um mercado integrado para o setor, além de agregar alguns novos membros,
bem como aceitar a participação de Estados terceiros, mas estes, como observadores apenas. O
Tratado entrou em vigor no dia 1 de julho do mesmo ano, tendo sido concluído por um período de
10 anos. As missões da Comunidade da Energia por sua vez, agregam novos temas e ampliam a
maneira como o setor irá funcionar (COMUNIDADE EUROPÉIA, 2006).
Estão como pontos dessa nova estruturação os seguintes objetivos:
Criar um quadro jurídico e comercial estável favorável aos investimentos, a fim de
permitir um aprovisionamento de energia estável e permanente;
Criar um espaço de regulação único para o intercambio de energia da rede;
Reforçar a segurança do aprovisionamento desta zona e desenvolver as relações com
os países vizinhos;
Melhorar a eficiência energética e a situação ambiental ligada à energia da rede e
desenvolver as energias renováveis;
Desenvolver a concorrência nos mercados da energia da rede.
Cria-se também, um mercado no qual não existem fronteiras internas entre os Estados
membros, onde os direitos aduaneiros e restrições referentes às importações e exportações de
energia são proibidos, exceto em determinadas exceções, quando um país, por motivos de segurança
pública, enfrentar tais obstáculos (Ibidem).
Biocombustíveis: a alternativa brasileira
Os recentes estudos quanto às possíveis soluções focam de forma significativa a
possibilidade de crescimento do mercado de biocombustíveis. O desenvolvimento por novas
tecnologias que sejam capazes de colocá-lo como padrão para utilização estão sendo criados como
alternativas baratas. Países como Brasil são pioneiros nesse ramo e possuem em sua agenda externa
o tema como assunto de grande relevância. Os carros fabricados possuem motores preparados para
receber ambos (AMORIM, p.6).
A principal vantagem na produção de biocombustíveis está no fato de sua produção ser
simples e não esgotável como já visto por outras. O caso brasileiro em si, faz o desenvolvimento
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desta pela produção de cana de açúcar e extração do óleo da Mamona. Suas áreas de cultivação
possuem padrões climáticos favoráveis o que facilitam seu plantio. A questão que vai de encontro
aos problemas nesta tecnologia, é proveniente da preocupação ambiental, onde há duvidas quanto às
possíveis áreas desmatadas para produção desta fonte energética (Idem).
Algumas áreas de floresta tropical foram desmatadas para plantação de cana de açúcar, o que
acarretou em alguns problemas climáticos para região. Contudo, o governo brasileiro tem criado
políticas para o plantio e manutenção dessas áreas, em conjunto com as grandes usinas do ramo,
contribuindo para um desenvolvimento sustentável e que não venha a trazer prejuízos ao meio
ambiente. Seu nível de poluição é inferior ao do petróleo, mas a utilização do álcool como
alternativa teve barreiras na Europa (Ibidem).
A alternativa então foi o desenvolvimento de biodiesel como produto de exportação dados
seus benefícios. Sua aceitabilidade é maior, uma vez que em motores, por exemplo, não há
necessidade de adaptações ou mudanças nos padrões já existentes. Os níveis de poluição obtiveram
redução em quase 40% quando comparados aos combustíveis fósseis e os riscos a saúde alcançaram
94% menos de chances de causa doenças cancerígenas (MEDINA, 2005).
Energia Nuclear: a utilização com fins pacíficos
A Europa por sua vez, tenta frear essa absorção por tal tecnologia, como meio de pausar o
crescimento a fins de torná-lo uma potencia em destaque no ramo. Seus investimentos têm ido de
encontro à energia nuclear, uma vez esta, podendo vir a ser utilizada como instrumento bélico,
permitido somente, aos países que ratificaram o Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP). Há um
forte controle desse meio de produção energético por parte da Agência Internacional de Energia
Atômica (AIEA).
Leva-se em consideração a utilização mundial deste tipo de energia e seu crescimento ao
longo das ultimas três décadas. Estima-se que ao longo destes 30 anos, o consumo global passou de
0.1% para quase 17% aproximando-se do consumo de energia gerado por hidroelétricas (Gráfico 1).
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Gráfico 1: Consumo Global de Recursos Energéticos
FONTE: Furnas, Divisão Nuclear (ELETRONUCLEAR)
A Europa possui disparada o maior quantitativo de energia elétrica gerado por usinas
nucleares, seguida pelos Estados Unidos, bem como extremo Oriente. As condições climáticas
ajudam na manutenção destas usinas, onde as temperaturas costumam ser elevadas durante o
processo de geração energética (SILVA, 2007 A).
Dessa maneira, configura-se um cenário no qual as perspectivas estão lançadas sob
alternativas já existentes e capazes de suprir, quase metade da demanda européia. A diversificação
das fontes não é o único passo a ser dado, até por este, ser de médio e longo prazo. A criação e
manutenção do mercado comum da energia, como alternativa, é o primeiro passo no qual os
Estados devem focar suas políticas externas. A constante atualização das políticas energéticas é
outro passo de extrema importância, quando referentes às garantias e as necessidades existentes na
região (Idem).
A retomada das relações com a Ásia Central é de fundamental importância no campo
energético, uma vez que as reservas lá encontradas são consideradas a segunda maior do planeta,
perdendo apenas para a Rússia. O diálogo com esta por sua vez deve ser pautado em garantias que
evitem novos choques de abastecimento, assim como preço. Cabe lembrar que possíveis conflitos
viriam a acarretar em uma nova volatilidade no preço dos produtos de origem energética, gerando
assim, não apenas uma crise estrutural como política e econômica (Ibidem).
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Energia Eólica: as alternativas alemã e norte-americana
A utilização de energia proveniente das “fazendas eólicas”, como são conhecidos os campos
onde se encontra a tecnologia que transforma a força do vento em energia, é uma opção palpável ao
mercado europeu, dada a sua simplicidade quanto a recursos naturais, uma vez que o vento é tido
como inesgotável.
O uso de energia nos seus mais variados campos tem crescido de forma surpreendente como
alternativa ao petróleo nos últimos anos. Dentre estas o consumo de energia proveniente dos meios
eólicos tem sido considerado uma boa solução. O Departamento de Energia dos Estados Unidos da
América - U.S. Department of Energy – trabalha a utilização deste recurso da seguinte maneira:
“Wind energy uses the energy in the wind for practical purposes like generating electricity, charging
batteries, pumping water, or grinding grain. Wind turbines convert the kinetic energy of the wind into
other forms of energy. Large, modern wind turbines operate together in wind farms to produce
electricity for utilities. Small turbines are used by homeowners and remote villages to help meet
energy needs (ENERGY, 2008)”.
No continente europeu quem se destaca pelo papel da utilização da energia eólica é a
Alemanha, com mais de quinze mil estações geradoras de eletricidade por essa fonte. Contudo,
busca-se uma dinamização maior pela utilização de energias provenientes de meios nucleares
(NUCLEAR, 2004).
CONCLUSÃO
Essa monografia teve como objetivo avaliar o grau de dependência por parte da Europa em
relação aos recursos energéticos provenientes da Rússia, e suas conseqüências.
Ao longo desse trabalho buscou-se apresentar os atuais índices de dependência encontrados
na região, assim como as alternativas para redução desse quadro e/ou mesmo uma possível solução
dos problemas enfrentados nas ultimas três décadas. A tentativa de se enfatizar, em alguns
momentos, que o cenário internacional influenciava conseqüentemente, o cenário doméstico, deve
ser levada em consideração ao longo do processo.
Nesse contexto, os elementos formados por política externa, política interna, economia e
estratégia foram fundamentais no processo de consolidação do atual estágio em que se encontram
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essas relações. A busca por uma política externa comum focada no desenvolvimento de alternativas
ao quadro energético existente consolidou um significativo progresso, no que diz respeito às
políticas dos Estados naquela região.
A dependência energética dos países europeus pela Rússia proporcionou com que esta viesse
a se reerguer após a dissolução da União Soviética ao final da década de 80. Com isso, seu
fortalecimento interno conseguiu se solidificar novamente, possibilitando, novos investimentos no
setor energético, criando um monopólio estatal, sob domínio da GAZPROM.
A criação da Carta da Energia foi um primeiro passo nessa tentativa de reorganizar os países
dependentes dos recursos russos e garanti-los maior confiabilidade nas negociações com aquele
país. Buscavam-se mecanismos que reduzissem as possibilidades de novos cortes de abastecimentos
causados por instabilidades políticas, sendo estas internas ou externas. O grande passo veio alguns
anos após com a criação de um novo tratado, o qual compreendia novos fatores, falhos na Carta, e
que, deram garantias mais concretas aos Estados signatários.
A Comunidade Européia da Energia, criada então, surge como uma alternativa ao sistema
falho adotado ate aquele momento, mas não apenas como um modelo sugerido a ser seguido. Esse
tratado institui uma nova abordagem referente a um mercado comum europeu, no qual a energia é o
produto central, e com uma base jurídica mais consolidada, dá-se inicio a uma nova era de
abastecimentos e acordos entres seus membros.
A regulação do setor passa a ser realizada de forma a gerar equidade entre as partes
contratantes, assim como proporcionar um ambiente mais competitivo e com garantias antes não
existentes.
Assim, pode-se concluir que o trabalho conjunto desenvolvido pelos países europeus vem se
mostrando bem sucedido. Nota-se um enquadramento referente à segurança atingido em nível
amplo, não se limitando a apenas alguns países, assim como ultrapassando as questões de
segurança.
Por ultimo, verificou-se que a hipótese não se confirmou, visto que a dependência atual da
Rússia possibilita um grau o desenvolvimento alternativo pela Europa. As alternativas apresentadas
ao longo do trabalho como forma de suprir a dependência do petróleo e gás natural tornam-se
medidas cabíveis e possibilitam um melhor grau de desenvolvimento para região.
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