Download - Revista Ciab 47 ago13
nº 47
Para crescer com prudência, Caixa eleva orçamento anual de TI
O neurocientista Eric Haseltine explica como empresas chegam a ideias “matadoras”
A fórmula da inovação
na 23ª edição do Ciab, CIOs debatem como a tecnologia ajuda a enfrentar os novos desafios do setor bancário
Motor da eficiência
Rumo a R$ 3 bilhões
infraestrutura
ciab febraban 2013
coMissão organizadorapresidente: Luis Antonio Rodrigues – Itaú Unibancovice-presidente: Gustavo de Souza Fosse – Banco do Brasil
MeMbrosAdauto Del Fávero – HSBCArmando Corrêa – CitibankEliane Grotti Borges – CaixaJorge Fernando Krug Santos – Banrisul Jorge Luiz Viegas Ramalho – Itaú UnibancoJorge Vacarini – Deutsche BankKeiji Sakai – Banco BM&F BovespaOdair Garcia – Banco do BrasilPaulo César Duarte Cherberle – BradescoRicardo de Barros Marcondes – SantanderRonei Maranssati – Banco do Brasil
diretoria de eventosNair Macedo (diretora)Marcelo Assumpção (gerente de relacionamento)Hilda Nishijima Solera (assessora)
diretoria de coMunicaçãoWilliam Salasar (diretor)Cleide Sanchez Rodriguez (gerente)Danilo Gregório (assessor)
diretoria técnicaWilson Antonio Salmeron Gutierrez (diretor)Nilton César Gratão (assessor)Vitor Lee Harris (assessor)
MarketingSilvia Fernanda Mazzola (assessora)
Revista Ciab FEBRABAnediçãoDanilo Gregório
Pauta, rePortagens e textoABCE Comunicação e Comunicação FEBRABAN
Projeto gráfico e editoraçãoIdeia Visual
jornalista resPonsávelCleide Sanchez Rodriguez (MTb 15.318)
esta é uMa Publicação da federação brasileira de bancos – febrabanAv. Brigadeiro Faria Lima, 148514º andar – Torre Norte 01452-921 – São Paulo – SP
copyright 2013 - Agosto todos os direitos reservAdos
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Caixa Econômica Federal
novo Cadastro
Tecnologia que move os bancos
O presidente da Caixa Econômica Federal, Jorge Hereda, e o vice-presidente de finan-ças da instituição, Márcio Percival, falaram da importância da TI para o desenvolvimento do banco. A Caixa deve investir R$ 3 bilhões em inovação e tecnologia em 2013 e 2014.
Desde o dia 1º de agosto, a Câmara Interban-cária de Pagamentos (CIP) vem transportan-do os dados do Novo Cadastro, sistema de compartilhamento que busca elevar o nível de transparência sobre a situação de crédito de cada consumidor.
Executivos de TI da Caixa Econômica Federal, Itaú Unibanco, Santander e Bradesco estive-ram no Ciab FEBRABAN 2013 para discutir como suas áreas podem acelerar a corrida pela eficiência operacional.
4Editorial
5Caixa Econômica Federal
8Big data
12Novo Cadastro
15Opiniões de especialistas
18Balanço Ciab 2013
20Eric Haseltine
23A TI dos bancos
Índice
infraestrutura
4 • revista Ciab FEBRABAN • Agosto de 2013
editorial
Trabalho é o que não falta
Durante três dias, a 23ª edição do Congresso e Exposição de Tecnologia da Informação das Instituições Financeiras, o Ciab FEBRABAN de 2013, recebeu 16.861 visitantes. Desse total, 1.972 também eram congressistas, ou seja, tiveram a
chance de acompanhar os debates e as palestras do evento. Com o tema central “Os Novos Desafios do Setor Financeiro”,
o congresso reuniu cerca de 130 personalidades, entre palestrantes e debatedores, divididos em 33 painéis. Na parte da exposição, o Ciab contou com 140 empresas, que apresentaram soluções inovadoras para o mercado financeiro, aplicáveis às mais variadas dimensões, como se-gurança, eficiência operacional e atendimento ao cliente.
Esses números, além de nos encher de orgulho, reafirmam o status que a tecnologia alcançou na indústria financeira, ingressando até na pauta das discussões de alto escalão. Num país que tem mais linhas de celular do que habitantes, não dá para ignorar a profunda transforma-ção que a evolução tecnológica e seus impactos no público consumidor estão provocando no setor bancário, como mostra a reportagem de capa desta edição.
“Para atender toda nossa demanda o principal ponto a considerar é investir na mobilidade. O mundo todo está conectado e vemos isso avançar na sociedade de maneira acelerada. Em São Paulo, usar os canais virtuais de atendimento é quase uma necessidade física. Ir até uma agên-cia hoje requer, às vezes, horas”, disse Alexandre Barros, vice-presidente de tecnologia do Itaú Unibanco.
CIOs de bancos presentes no Ciab res-saltaram que as demandas atuais não são nada desprezíveis. Além do contexto macroeconô-mico, marcado pelo desaquecimento interna-cional e pela redução histórica da taxa de juros no Brasil, o arrocho regulatório e novidades na legislação também pedem soluções tecnológi-cas sofisticadas e muitas vezes inéditas. “Proje-tos como a conformidade às regras de Basileia 3 envolvem muito trabalho de desenvolvimento”, reforçou Joaquim Lima de Oliveira, vice-pre-sidente de TI da Caixa.
Um exemplo recente é a implantação do Novo Cadastro, em operação desde 1º de agosto. As instituições financeiras es-tabeleceram uma plataforma tecnológica específica para encaminhar aos gestores de bancos de dados, de forma segura, os dados de crédito de seus clientes (confira a maté-ria na página 12). O projeto contou com o envolvimento de diversas áreas dos bancos e tem na tecnologia uma importante aliada para assegurar segurança, transparência e comodidade à população. ■
Luis Antonio RodriguesDiretor Setorial de Tecnologia e Automação Bancária da FEBRABAN
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eficiência oPeracional
AMelhora da qualidade de atendiMento no sistema financeiro brasileiro passa pela criação de produtos e modelos de negócios, pela diversificação de canais e pela revisão de plataformas tec-nológicas. É o que pensa Márcio Percival, vice-presidente de
finanças da Caixa Econômica Federal, que comandou o painel “Tecnologia da Informação como Vetor Essencial para Enfrentar os Novos Desafios do
Alicerces para expansão
Por Cesar Augusto Sampaio
Investimentos em tecnologia ajudam Caixa a crescer sem descuidar de riscos, custos e atendimento
6 • revista Ciab FEBRABAN • Agosto de 2013
eficiência oPeracional
A TI deve atacar as ineficiências e, ao mesmo tempo, visar a criação de canais e plataformas para atingir a redução de custo
Percival, da Caixa
Sistema Financeiro”, durante o Ciab FEBRA-BAN 2013. Para o executivo, todas as instituições financeiras, de uma maneira geral, perseguem o aumento da rentabilidade, a ampliação do crédito e a contribuição para o financiamento da econo-mia brasileira. “E isso depende da capacidade de integração das nossas agendas com as do setor de tecnologia da informação e comunicação.”
Percival ressalta que essa integração fará com que os bancos alcancem a desejada eficiên-cia operacional e elevem seu grau de competiti-vidade. Por esse motivo, a Caixa tem investido pesadamente em Tecnologia da Informação (TI). A instituição aplicou cerca de R$ 2 bi-lhões em inovação e tecnologia no ano passado e deve levar esse valor ao patamar de R$ 3 bi-lhões em 2013 e 2014. Hoje, a Caixa atende 44 milhões de beneficiários de programas sociais
do governo e 67 milhões de clientes – ante os 50 milhões de 2010. Somente em operações de crédito, o banco processa um volume total de R$ 1,5 milhão por dia (excluindo crédito imobiliário).
Diante desses números, fica fácil enten-der por que os bancos - sobretudo no caso de uma organização do porte da Caixa - re-querem uma musculatura robusta em TI: a procura constante por níveis mais altos de eficiência operacional e qualidade de atendi-mento. “Muito além do desafio de automa-tizar atividades e processar uma quantidade crescente de informações, compete à TI con-tribuir, juntamente com as demais áreas de uma instituição bancária, na busca por novas soluções que garantam a melhoria permanen-te no atendimento ao cliente, assim como na oferta de novos produtos e serviços adequa-dos as suas necessidades”, disse Jorge Hereda, presidente da Caixa Econômica Federal, em entrevista à Revista Ciab FEBRABAN.
MobilidadeO presidente da Caixa fez questão de enfatizar o impacto provocado pela adoção de apare-lhos móveis, cada vez mais presentes no dia a dia dos consumidores, na tecnologia bancária.
“O acesso a serviços financeiros está migrando para novos ambientes e diferentes dispositi-vos, como os tablets e os smartphones. Esses equipamentos estão baseados em diferentes sistemas operacionais.”
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bilhões em inovação
e tecnologia em 2013 e 2014.
Caixa vai investir
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Compete à TI contribuir na busca por novas soluções que garantam a melhoria permanente no atendimento ao cliente
Hereda, da Caixa
Não é à toa que esse tema tenha desper-tado a atenção da alta direção da Caixa. Os efeitos da era digital são cristalinos. Para se ter uma ideia, em 12 meses, o volume de transa-ções de clientes da Caixa em mobile banking cresceu 11.517%, passando de pouco mais de 36 mil transações, em abril de 2012 , para 4,2 milhões, um ano depois. O internet banking também avançou em ritmo acelerado, subin-do de 68,2 milhões de transações para 102,16 milhões no mesmo período.
Segundo Hereda, nessa migração para ca-nais eletrônicos, para que não haja interrup-ções na prestação de serviços em razão de uma eventual sobrecarga, a Caixa investe também em infraestrutura de redes, incluindo links de contingência. “A construção do Datacenter no Parque Tecnológico Capital Digital, em Brasí-lia, representa a magnitude dos investimentos da Caixa em TI.” O Datacenter foi inaugurado em março de 2013.
Na avaliação de Percival, a TI vem ganhando peso no planejamento estratégico de praticamen-te todos os setores econômicos. “É ponto vital para superar os principais desafios da sociedade brasileira, como o da indústria, que vai precisar, necessariamente, passar por uma modernização tecnológica para se recolocar na cadeia produtiva e no mercado mundial.” Para os setores bancário e financeiro, que atravessam um momento espe-cial, mirando eficiência, qualidade e conveniência, o cuidado com os alicerces tecnológicos é fator preponderante.
Mudança de paradigma“Taxas de juros mais baixas e a portabilidade do crédito são coisas que vieram para ficar. Nesse contexto, de uma saudável concorrên-cia, os bancos têm de aumentar sua eficiência operacional”, constatou Percival, para quem
“a TI deve atacar as ineficiências e, ao mesmo tempo, visar a criação de canais e platafor-mas para atingir a redução de custo”.
O trabalho da TI apoia áreas distintas da atividade bancária, tornando-se um ele-mento central, inclusive, para a minimização de riscos. Percival contou que foi necessária uma revisão do modelo de gestão de riscos da Caixa para acompanhar a expansão da carteira de crédito e de clientes da empresa.
“Sempre tivemos um modelo conservador e tradicional, continuamos com esse esti-lo e é bom que seja assim. Vamos apenas mudar alguns parâmetros para adequá-lo à nova realidade”, reconheceu. Mecanismos de controle de inadimplência, por exemplo, são ainda mais importantes no cenário atual.
Percival destacou outro exemplo inter-no. “Atualmente, em função do crescimento da Caixa, temos duas empresas de consulto-ria trabalhando na revisão dos nossos proces-sos e da gestão. Buscamos uma gestão mais eficiente, uma melhor governança e mais agilidade na tomada de decisões. O segredo será criar produtos certos, para o público certo. Personalizar e simplificar são desafios”, completou o vice-presidente. ■
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Em 12 meses, transações de clientes
da Caixa em mobile banking cresceram
No mesmo período, transações de internet
banking de clientes da Caixa subiram de
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big data
nuM Mundo de interações cada vez mais digitais, os ban-cos brasileiros se deparam com dois fenômenos, à primeira vista,
inconciliáveis. O primeiro é o crescimento vertiginoso do universo de clientes: o nú-mero de pessoas físicas e jurídicas com al-gum tipo de relacionamento com o sistema financeiro nacional saltou de 92,1 milhões para 135,7 milhões entre 2005 e 2012, se-gundo dados da Pesquisa FEBRABAN de Tecnologia Bancária. Nesse mesmo período, a quantidade de contas correntes subiu a um ritmo médio anual de 9%, atingindo a
marca de 166 milhões em 2012, e a de contas poupança chegou a 162 milhões. Ao mesmo tempo em que se agiganta e se acostuma a satisfazer seus desejos à velocidade da ban-da larga, essa massa de clientes se sofistica, exigindo agilidade, qualidade e comodidade na prestação de serviços. Como satisfazer as elevadas expectativas desse público tão nu-meroso, diverso e crítico?
Os bancos descobriram que a resposta passa pelo uso intenso de tecnologias que per-mitem destrinchar o perfil desse consumidor e assim fornecer um atendimento na medida certa. A esse conjunto de ferramentas dedica-
Por Leandro Esteves
Tecnologia ajuda a satisfazer público cada vez mais numeroso, diverso e crítico
Dados que valem muito
Mais de 70% dos clientes se dispõem a liberar informações para os bancos em troca de maior segurança em seus dispositivos móveis
Cunha, da EMC
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das a gerenciar informações diversas, desor-denadas e em grande escala dá-se o nome de
“big data”. Os dados estão espalhados por toda parte, desde comentários deixados em redes sociais a pontos de localização registrados por smartphones.
Não por acaso, o conceito de big data permeou boa parte dos painéis de discussão do Ciab FEBRABAN 2013, confirmando o tema como uma das tendências mais quentes de Tecnologia da Informação (TI) na indús-tria financeira. “Mais de 70% dos clientes se dispõem a liberar informações para os bancos em troca de maior segurança em seus disposi-
tivos móveis”, observou Carlos Cunha, CEO da EMC no Brasil, empresa especializada em soluções de armazenamento e big data.
Trata-se de um tipo de informação que pode se converter em receita, por meio de novos produtos e serviços, frisou Donald Feinberg, vice-presidente de infraestrutura e big data do Gartner, que reuniu três de seus especialistas no painel do Ciab FEBRABAN 2013 “Nexo das Forças”. No futuro, pensa o executivo, “as corporações serão reconhecidas pela sua habilidade em prever os movimentos”, ou seja, será recompensado quem conseguir antecipar as necessidades e desejos do público.
Hoje, dois terços dos bancos no mundo todo já têm projetos de big data em funcionamento
Panichi, da IBM
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milhões de contas correntes e
Pesquisa da FEbRabaN indica
milhões de contas poupança
em 2012
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chapéubig data
“A capacidade de predição é o maior desafio e será a grande oportunidade dos CIOs”, con-cluiu Feinberg.
novos empregos Essa habilidade é tão ressaltada que a função de “cientista de dados” é comumente classifi-cada entre as oportunidades mais promisso-ras no mercado de trabalho. Até 2015 serão gerados 4,4 milhões de empregos no mundo diretamente ligados ao suporte e apoio de in-formações reunidas sob o chapéu de big data, segundo o Gartner. Dessas vagas, 1,9 milhão serão criadas apenas nos Estados Unidos. Con-sideradas as vagas indiretas geradas por cada novo analista de informações, essa quantia po-deria chegar a 6 milhões de postos de trabalho, mesmo em meio a uma economia que não consegue avançar.
A geração de informações deu um salto graças a um fato irrefutável: o planeta está mais digital e interconectado. Movimentos recentes da “internet das coisas” - representada por apa-relhos “inteligentes”, como televisores e refri-geradores interativos e conectados à web - e a forma de trabalhar da geração Y - sempre em equipe e em redes sociais - foram a gota d’água para o advento da “era do big data”, pontuou Marcos Panichi, líder da área de soluções de Information Management da IBM. “Atentos a isso, dois terços dos bancos no mundo todo já têm projetos de big data em funcionamento”, acrescentou Panichi.
Panichi citou como exemplo o Banco do Brasil, que já conseguiu reduzir o tempo gasto em análises detalhadas e pesadas de 24 horas para apenas alguns minutos, inte-ragindo e integrando soluções já disponíveis.
Atualmente, graças a um sistema de compartilhamento de informações, temos casos de bancos que reduziram a incidência de fraudes em mais de 90%
Huckaby, da RSA
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No futuro, serão recompensadas as empresas que conseguirem antecipar as necessidades e desejos do público
Feinberg, do Gartner
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4,4milhões
de empregos ligados ao big data
até 2015 serão gerados
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“O caminho para que as grandes corporações possam realmente entender o que procura seu cliente seria construir plataformas de big data que permitam evolução constante”, aconselhou o executivo da IBM. Ele faz a ressalva, porém, de que só vale a pena tratar grandes volumes de dados se transformados
“em capacidade de percepção e insights de negócios”.
Rapidez e convergênciaEm ambientes de TI complexos como o dos bancos, extrair dados de maneira eficiente não é uma tarefa elementar. Para Jason White, gerente de desenvolvimento de negócios da HP-3PAR na América Latina, uma arquitetura de sistemas projetada há 15 anos não suporta a nova onda de computação global. O repre-sentante da HP considera que os ambientes dos grandes bancos brasileiros, altamente di-versificados e compostos de sistemas antigos convivendo com novos, devem sofrer modifi-cações para se alcançar a rapidez esperada para soluções de big data. Na opinião de White, a arquitetura deve ser convergente, suportando várias camadas em funcionamento simultâneo e capaz de agregar o poder de processamento de vários servidores.
As tecnologias de big data têm se mos-trado úteis não só para elevar receitas, mas também para reduzir perdas. É o caso da cha-mada “e-fraud network”, rede de especialistas de segurança de instituições financeiras do mundo inteiro, criada pela RSA (divisão de
segurança da EMC). O compartilhamento constante de informações nessa rede, carac-terizada pela velocidade de análise de dados originados em diversos países, permite o blo-queio de operações suspeitas segundos após terem sido flagradas.
A rede e-fraud pode até mesmo colocar sob suspeita a atividade de criminosos obser-vando apenas seu comportamento. O tempo de permanência em determinado site, as pági-nas consultadas e a velocidade com que senhas são informadas. Antes de a fraude ser iniciada, tudo isso pode ser indício do problema.
Essa aplicação de big data alcançou resul-tados antes impensáveis, disse Mike Huckaby, diretor sênior da RSA. “Hoje, graças a esse sistema de compartilhamento de informações, temos casos de bancos que reduziram a inci-dência de fraudes em mais de 90%”, finalizou.
Para quem atua nesse segmento, a boa notícia, é que, ao que tudo indica, os inves-timentos em big data só estão no início. Um levantamento do Banco Mundial constatou uma parcela de 55,9% dos brasileiros adultos com conta em alguma instituição financeira. O índice, embora supere os de África do Sul (53,6%) e Índia (35,2%), fica aquém do pa-tamar verificado nos Estados Unidos (88%) e na Zona do Euro (90,5%), o que sugere um grande potencial de bancarização da popula-ção brasileira. Com mais clientes, mais infor-mações estarão na mesa dos bancos. A sorte, pelo jeito, vai brindar quem estiver disposto a manipulá-las. ■
Uma arquitetura de sistemas projetada há 15 anos não suporta a nova onda de computação global
White, da HP-3PAR
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12 • revista Ciab FEBRABAN • Agosto de 2013
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UMa nova faMília de inforMações financeiras passa pela rede da Câmara Interbancária de Pagamentos (CIP) desde 1º de agosto de 2013: os dados do Novo Cadastro. Parcelas de empréstimo pessoal, parcelas de financiamento imobiliário,
prestações de cartão de crédito, tudo isso transita agora no hub recém--criado pela CIP para o Novo Cadastro, sistema de compartilhamento dos históricos de pagamento de obrigações financeiras de clientes pessoas físicas e jurídicas.
Ligando as pontas
Por Danilo Gregório
Como a CIP se preparou para unir bancos e gestores de banco de dados para o Novo Cadastro
Os arquivos trocados pelas instituições são fragmentados, criptografados, assinados e compactados, com tamanho máximo de 50 MB
Célia Okazawa, da CIP
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A escolha da CIP como canal de trans-porte dos dados foi essencial para que o setor bancário cumprisse a regulamentação do Novo Cadastro, que busca elevar o nível de trans-parência sobre a situação de crédito de cada consumidor (leia quadro na próxima página). Sociedade civil sem fins lucrativos, a CIP já faz a compensação e a liquidação de pagamentos interbancários em tempo real e em ambiente com elevado nível de segurança e disponibili-dade - taxa de 99,9999%. Em 2012, processou 2,4 bilhões de transações, num valor de R$ 4,3 trilhões, volume comparável ao das maio-res câmaras de pagamento do mundo. É no ambiente da CIP, por exemplo, que os ban-cos conseguem realizar há mais de dez anos as transferências eletrônicas (TEDs), com reco-nhecidas confiabilidade e comodidade para os clientes bancários.
Em grupoO trabalho da CIP no Novo Cadastro come-çou em meados do primeiro semestre de 2013, quando um grupo de trabalho montado pela Federação Brasileira de Bancos - FEBRABAN para esse projeto a convocou. O grupo de trabalho - organizado pela Comissão de Tec-nologia e Automação Bancária (CNAB) da FEBRABAN e composto de representantes de Banco do Brasil, Banco Volkswagen, Bradesco, Caixa Econômica Federal, HSBC, Itaú Uni-banco, Santander e entidades como ABBC, ABBI, ABEL, ACREFI e ANEF - definiu o padrão XML dos arquivos a serem produzidos e trocados entre os bancos. Esses arquivos podem carregar tanto as autorizações dos clientes quanto suas informações de crédito. O formato XML é uma das formas mais re-comendadas hoje em dia para a especificação
de arquivos devido a sua flexibilidade.“A CIP estabelece que os arquivos sejam
fragmentados, criptografados, assinados e compactados, com tamanho máximo de 50 MB”, diz Célia Okazawa, superintendente de tecnologia da informação (TI) da CIP, ao mencionar os requisitos já observados nos demais serviços prestados pela entidade. A criptografia protege a confidencialidade, e a assinatura digital, a autencidade dos dados. A “quebra” e a compactação melhoram as condições de tráfego na rede, possibilitando agilidade da comunicação e a eficiência no tratamento dos arquivos. A rede dedicada ao Novo Cadastro fica isolada das utilizadas nos demais serviços prestados pela CIP para evitar riscos de interferências.
A participação da CIP é uma maneira efi-ciente de implantar o Novo Cadastro, além de agregar os serviços de monitoração e suporte a todos os envolvidos. Isso porque os bancos precisam fazer com que os arquivos cheguem aos Gestores de Banco de Dados (GBDs), fi-guras responsáveis por consolidar e atualizar as informações financeiras dos clientes. A CIP funciona como uma ponte entre as instituições que fornecem crédito e os GBDs. Sem essa intermediação, cada banco teria de construir do zero e manter canais diretos de comuni-cação com todos os GBDs, o que fatalmente encareceria o processo. O modelo adotado per-mite que apenas a CIP estabeleça links com os GBDs e as instituições de crédito participantes.
InvestimentoPara esse novo ecossistema tecnológico, a CIP investiu em hardware e software. Houve con-tratação de links para sua base principal em São Paulo e para a do Rio de Janeiro, que opera
2,4bilhões
de transações, num valor de
Em 2012, a CIP processou
trilhões
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infraestrutura
C riado pela Lei 12.414/11 e regulamentado pelo Conse-
lho Monetário Nacional (CMN), o Novo Cadastro é um banco de da-dos que armazena o histórico de crédito de consumidores que te-nham expressa e previamente au-torizado esse procedimento. Com-põem esse quadro de informações pagamentos realizados pelos con-sumidores às mais diversas fontes
– instituições financeiras, empresas que vendem a crédito, consórcios e concessionárias de serviços públi-cos, entre outros.
O projeto contou com o en-volvimento de diversas áreas dos bancos e tem na tecnologia uma im-portante aliada para assegurar segu-rança, transparência e comodidade à população. Para que os benefícios do Novo Cadastro se façam sentir é necessário que haja adesão por par-te das demais empresas que vendem no crediário, das concessionárias de serviços públicos, dos consórcios, dos condomínios, das escolas, das
TVs por assinatura, enfim das em-presas prestadoras de serviços con-tinuados. Sem uma base significati-va de históricos de pagamentos, as informações não permitirão que as instituições e as empresas conce-dentes de crédito melhorem a qua-lidade das próprias decisões e, con-sequentemente, melhorem a oferta aos clientes.
O Novo Cadastro tende a di-minuir a chamada “assimetria de informações” (tomador sabe mais sobre sua capacidade de pagamen-to do que quem empresta), que dificulta a contratação de um em-préstimo, fazendo com que os bons pagadores paguem pelo risco re-presentado pelos maus pagadores.
No médio prazo, o Novo Ca-dastro contribuirá para a queda da inadimplência e para prevenir o superendividamento em razão da melhora nas condições de conces-sões de crédito (prazos mais longos, maior agilidade na liberação do financiamento, parcelas mais ade-
quadas ao perfil dos clientes), uma vez que permitirá avaliar não só o histórico de crédito, como também os valores tomados pelo cliente no mercado.
A experiência internacional mostra que são necessários, no mínimo, três a quatro anos para se observar os primeiros impactos do Novo Cadastro no crédito conce-dido. A adesão ao Novo Cadastro é voluntária. Os clientes que não aderirem à ferramenta continuarão com o mesmo relacionamento com o sistema financeiro.
Ao possibilitar a formação de históricos de quitação de crediário em lojas de varejo e de contas de serviços públicos, como energia elétrica, o Cadastro torna-se um importante fator de inclusão finan-ceira, facilitando o acesso a serviços e ao crédito bancário de pessoas sem relacionamento prévio com instituições bancárias, mas com bom retrospecto de pagamentos fora do sistema financeiro.
para assegurar a manutenção do sistema no ar em caso de falhas. O hub do Novo Cadastro estreou pronto para processar dados de pelo menos dois milhões de consumidores, capaci-dade essa que pode ser expandida conforme a demanda, segundo a CIP.
Com a infraestrutura atual, a CIP é capaz de validar e enviar para o GBD pacotes de
dados contendo até 1,5 GB (compactados em arquivos de 50 MB) em pouco mais de dois minutos. Essa quantidade de dados equivale a um livro de 437 mil páginas ou a um filme como a animação Meu Malvado Favorito, que, numa conexão doméstica de 10 MB de velo-cidade, demorariam no mínimo 20 minutos para serem baixados. ■
Já conhece o novo Cadastro?
Agosto de 2013 • revista Ciab FEBRABAN • 15
Ponto de vista
Seleção de frasesDurante os três dias do Ciab FEBRABAN 2013, especialistas do Brasil e exterior apresentaram suas ideias e opiniões sobre assuntos que devem ditar os próximos passos da tecnologia das instituições financeiras
Por Gutemberg Medeiros
Murilo Portugal, presidente executivo da FEBRABAn
“Ainda temos uma cultura muito ligada à indexação, mas os bancos brasileiros estão sólidos e preparados para a demanda de financiamentos de longo prazo que irão ajudar no desenvolvimento econômico e social do País.”Abertura do Ciab FEBRABAN 2013
Virgílio Augusto Fernandes Almeida, secretário de política de informática do Ministério de Ciência e Tecnologia
“As novas tecnologias são capazes de gerar processos e negócios inovadores e, muitas vezes, negócios disruptivos. Os setores mais competitivos da eco-nomia brasileira precisam estar atentos para aproveitar essas oportunidades. A utilização de pessoal altamente qualificado, a criação de centos de P&D (Pesquisa e Desenvolvimento) nas empresas e o estímulo ao empreendedo-rismo de base tecnológica são fundamentais para que empresas brasileiras se mantenham competitivas no cenário global.” Abertura do Ciab FEBRABAN 2013
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16 • revista Ciab FEBRABAN • Agosto de 2013
Ponto de vista
Marcos Panichi, executivo da área de gestão da informação da IBM
“Big data vai mar-car o novo setor da economia, va-mos entrar numa nova fase de análise de dados em grande velo-cidade.”Big data
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Marco Tavares, diretor-executivo de operações do HSBC
“Há duas formas de reduzir o custo operacional do back office: fazer mais barato o que já se faz ou deixar de fazer. Quando os clientes passam a usar internet ou mobile banking, reduzimos o custo das agências. Mas para economizar no back office, a automação tem de ser fim a fim, sem nenhuma intervenção durante o processo.” Desafios do back office dos Bancos
Cyro Diehl, CEO da Oracle
“Investir em no-vas tecnologias para os canais de relaciona-mento com clientes traz um mundo de oportunidades para as empre-sas, que devem
se atentar ao comportamento de seus clien-tes por meio das redes sociais.”Canais de relacionamento com clientes
Marco Antonio Rossi, presidente do Grupo Bradesco Seguros
“O Ciab é gran-dioso, passa uma visão de Brasil grande, crescendo e se desenvolvendo e é o mesmo o que tem acon-tecido no mun-
do dos seguros nos últimos anos.”Desafios, tendências e o papel da TI para o setor de seguros
Roberto Saidon, gerente executivo comercial da Itautec
“O BYOD (Bring Your Own Device) é a tendên-cia para o mercado atual, já que hoje a evo-lução é crescente e os jovens tendem a aderir ao uso de seus dispositivos móveis não apenas para uso pessoal, mas também para facilitar a vida em alguns processos comerciais. Porém, ainda existe o problema na segurança e os aspectos legais.”BYOD - Bring Your On Device
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Ricardo Amorim, presidente da RICAM Consultoria
“O setor finan-ceiro do Brasil talvez seja tec-nologicamente o mais avança-do, ou, se não, um dos mais avançados no mundo, porém, o governo com-
plica a entrada de investimentos no País, fa-zendo com que eles não aconteçam, ou, se acontecerem, demorem a ser realizados.”Transformações econômicas no Brasil e no mundo e desafios e oportunidades para o setor financeiro
José Ricardo Munhoz, Sales and Business Development Manager at da Bull
“Hoje, 88% dos clientes do setor bancário procuram serviços e produtos, como cartões de crédito ou crédito imobiliário, pela inter-net. Mas apenas 30% realizam contratações por esse canal.”Eficiência Operacional através das ferramen-tas de segurança da informação
Michael Slaby, estrategista de tecnologia da TomorrowVentures e das campanhas eleitorais de Barack Obama
“Uma questão importante é definir que su-cesso se quer alcançar. É pre-ciso entender o sucesso de forma quanti-tativa. Métricas dão às pessoas
um senso de missão e realização.”Engajamento, instrumentalização e comuni-cação em um mundo interconectado
Milton Shizuo, diretor de desenvolvimento de produtos de hardware para automação bancária da Itautec
“Hoje, 80% das transações no Brasil ainda são feitas com a utilização de dinheiro ou cheque. É preciso que os bancos melhorem o relacio-namento com seus clientes para aprimorar a eficiência.”Eficiência em tecnologia bancária
Alexandre Winetzki, presidente da Woopi
“A melhor maneira de ser relevante (no mundo das apps mó-veis) é se concentrar no que se faz melhor. Não adianta tentar fazer tudo.”Appification - das aplicações aos apli-cativos
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Ciab 2013 reúne 16,8 mil pessoas em três dias
Evento teve 1.972 congressistas, além de 130 palestrantes. Na área de exposição 140 empresas apresentaram soluções inovadoras para o mercado financeiro
Por Danilo Gregório
A 23ª edição do congresso e Expo-sição de Tecnologia da Informação das Instituições Financeiras, o Ciab FEBRABAN, foi realizada em São
Paulo, nos dias 12, 13 e 14 de junho. Durante os três dias, o evento recebeu 16.861 visitantes, dos quais 1.972 também eram congressistas.
Com o tema central “Os Novos Desafios do Setor Financeiro”, o congresso reuniu cerca
de 130 personalidades, entre conferencistas e de-batedores, em 33 painéis. Entre os especialistas que participaram, o destaque ficou para alguns nomes como Michael Slaby, estrategista da cam-panha de reeleição de Barack Obama; Marcio Percival, vice-presidente da Caixa Econômica Federal; Donald Feinberg, do Gartner; Viviane El Banate Basso, da BM&FBovespa; David Gos-lin, da Deloitte e o economista Ricardo Amorim.
Até 2014, teremos a junção das áreas de ações, renda fixa, derivativos, câmbio e ativos
Viviane Basso, da BM&FBovespa
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balanço
Durante sua apresentação, no dia 12 de junho, Marcio Percival revelou que a Caixa investiu cerca de R$ 2 bilhões em inovação e tecnologia no ano passado e que a instituição deve aumentar esse valor para R$ 3 bilhões em 2013 e 2014.
Soluções inovadoras O Ciab FEBRABAN 2013 contou com 140 empresas expositoras, que apresentaram so-luções inovadoras para o mercado financeiro, aplicáveis a segurança, eficiência operacional, atendimento ao cliente, entre outros aspectos. Vale lembrar a presença de algumas. A CIS trouxe o leitor biométrico híbrido FHS 100, que lê a impressão digital e a veia dos dedos via câmeras e lentes.
A novidade da GetNet para o Ciab 2013 foram os terminais de autoatendimento Saque e Pague, que permitem o depósito em dinheiro e cheque sem a utilização de envelopes e que ainda contam com os serviços de depósito em maço de cheques, moedeiro, dispensador e re-carga de cartões, operando em um conceito de
“miniagência”. A alemã HESS levou para a exposição cai-
xas eletrônicos que fazem operação de câmbio, trocam moedas por créditos, fazem pagamento de boletos sem a necessidade de ter conta em banco e dispensam moedas em rolos.
A Itautec trouxe uma série de soluções focadas em segurança, eficiência operacional, integração e comodidade, como o Terminal de Atendimento Móvel, usado para cadastro
de novas contas que permite um atendimento paperless (sem papel) de alto dinamismo e efi-ciência dentro ou fora do ambiente de agência; e também o ATM Adattis Mobicash, para agi-lizar operações como saque, entre outras, com o uso de smartphones e da tecnologia Near Field Communication (NFC, sigla em inglês para comunicação por aproximação).
A brasileira Recognition, em parceria com a norte-americana Digital Check, lançou no Ciab o Remote Deposit Capture (RDC), tec-nologia que leva funções e recursos de bancos para lojas e estabelecimentos de varejo em geral. Com a solução, composta de um conjunto de hardware e software, o varejista pode fazer a digitalização de cheques e outros documentos e transmitir as imagens a um banco para que seja realizado o depósito e posterior compensação. Os requisitos básicos para o RDC incluem um simples PC, uma ligação a Internet e um scan-ner especializado. A solução já é utilizada nos Estados Unidos, México e Europa.
A Scopus apresentou o aplicativo Depósito em Cheque via Smartphone, desenvolvido para o Bradesco. A solução nasceu no Centro de Ino-vações da Scopus, em uma iniciativa pioneira no País. O aplicativo permite que os clientes do Bradesco digitalizem os cheques a serem depositados usando a câmera do smartphone. Todos os dados capturados armazenados pelo aparelho trafegam em ambiente seguro, com uso de assinatura digital, seguindo os padrões e protocolos de formatos estabelecidos pelas normas vigentes. ■
É preciso investir em qualificação de mão de obra para resolver problemas estruturais. Não conheço país que seja desenvolvido sem antes desenvolver as pessoasAmorim, da Ricam Consultoria
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inovação
Como cultivar frutos do acasoNeurocientista diz que receita para a sobrevivência das corporações passa pela capacidade de lidar com o inesperado
Por Leandro Esteves
Onorte-aMericano eric ha-seltine construiu uMa carrei-ra notável. Neurocientista, foi vice-presidente executivo de
pesquisa e desenvolvimento da Walt Disney Imagineering – braço da Disney responsável
pelos parques temáticos, resorts e cruzeiros da marca – e chefiou os departamentos de ciência e tecnologia de várias agências governamentais dos Estados Unidos, como a Central Intelligen-ce Agency (CIA) e a National Security Agency (NSA). Seu currículo guarda também passagens
Precisamos mudar antes de sermos obrigados a mudar, para nos adaptarmos a um mundo em transformação
Haseltine, da Haseltine Partners
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Como cultivar frutos do acaso
acadêmicas curiosas, como o estudo do cére-bro de cobras, que lhe rendeu o título de Ph.D em psicologia fisiológica. Com uma trajetória singular, marcada por escolhas aparentemente sem nexo, tornou-se um defensor mais do que apropriado da importância do nonsense (“sem sentido”, em inglês) no sucesso de grandes com-panhias. Hoje, Haseltine é presidente e diretor administrativo da Haseltine Partners.
Haseltine trouxe para o Ciab 2013 a mes-ma mensagem que tem levado como consultor e palestrante para o mundo corporativo: as cor-porações devem estar abertas ao improvável, ao futuro não previsível e aos “acidentes”, se quise-rem permanecer no topo do mercado por muito tempo. “De que vale saber, por exemplo, que os telefones celulares terão, em seis anos, oito vezes mais memória, oito vezes mais poder de proces-samento, e acesso a bandas outras tantas vezes
mais largas? Isso é previsível. Mas e o que não sabemos? Quais serão os aplicativos matadores”, provocou o futurista da área de tecnologia.
Vítimas do imediatismoPara o consultor, o cérebro humano tende a pensar nas necessidades mais urgentes e previ-síveis, desconsiderando eventos inesperados e deixando em segundo plano questões de longo prazo que poderiam ter impacto positivo já no presente. Haseltine encontra esse mesmo tipo de comportamento nas empresas. Ele forne-ceu dados que ilustram bem isso: do primeiro ranking Fortune 500, com as maiores empresas dos EUA, elaborado em 1995, somente 13% daquelas organizações aparecem na mais re-cente edição; o que teria acometido 87% das companhias que, em certa época, figuravam entre as mais poderosas do planeta? “A maior
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inovação
parte das grandes empresas está indo na mesma direção”, advertiu Haseltine.
O consultor acredita, porém, ser possível contrariar a ordem natural das coisas e aumen-tar a capacidade de detectar oportunidades de negócios menos óbvias. Ele propõe alternativas a técnicas convencionais de inovação, como os modelos baseados em consultas a clientes e em grupos multidisciplinares. Dois exemplos são colhidos entre as sobreviventes da lista da revista Fortune. Em comum, elas são fiéis ao mantra de “mudar antes que um mundo mu-tante nos obrigue a mudar”.
A primeira é a 3M – fabricante de produ-tos diversos, de esponjas de limpeza a monito-res sensíveis a toque -, que determina que 30% dos novos pedidos de venda sejam de produtos inexistentes há cinco anos. Os gerentes são reconhecidos quando vendem esses produtos e penalizados com os resultados de linhas mais antigas. A teoria por trás dessa prática, expli-ca Haseltine, é que o mercado se transforma constantemente, o consumidor sempre exige mudanças, e as necessidades variam geografi-camente. “Então, precisamos mudar antes de sermos obrigados a mudar, para nos adaptar-mos a um mundo em transformação.”
Outra empresa que se mantém no topo é a dona da primeira posição na Fortune em 2013, o Walmart. A rede varejista segue uma política de inovação que a coloca à frente de petroleiras, bancos, montadoras e indústrias de tecnologia, porque “cada funcionário tem autonomia para inventar maneiras de vender produtos e, se houver sucesso numa pequena escala, a experiência poderá será expandida”, disse o palestrante.
O Walmart não oferece nenhum tipo de prêmio como incentivo pela participação na sua “fábrica de ideias”. Mas como tem 150 mil funcionários, mesmo se uma fração mínima se dedicasse a criar projetos para produtos, pro-cessos, de forma rápida e barata, o esforço já seria significativo. Eis o segredo, na opinião de Haseltine, da condição de maior empresa do mundo apresentada pelo Walmart.
Ideias luminosasPara sustentar suas teses, Haseltine não se vale apenas de lições corporativas. Ele tam-bém usou a história da tecnologia ao falar de Thomas Edison e o surgimento da lâmpada elétrica incandescente. Edison teria declarado que nunca havia falhado, apenas descoberto
“10 mil maneiras de fazer coisas que não fun-cionam”, antes de seu invento mais célebre.
Desse modo, concluiu o neurocientista, a única forma de se antecipar ao futuro é “fazer o máximo de experimentações baratas para vislumbrar o que acontece quando o previsível colide com o imprevisível”. A receita de Ha-seltine é reunir um grande número de pessoas, incluindo aquelas que vivem reclamando (“não importa o que façam”), e realizar com elas uma série de pequenos testes aleatórios. “Talvez você descubra coisas que os outros não percebem”. Para reforçar, Haseltine se referiu a Edison mais uma vez: “A única maneira de ter uma boa ideia é ter muitas ideias.” ■
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ciab 2013
O que move os bancos
Executivos de TI discutem como suas áreas aceleram a corrida pela eficiência operacional
Por Cesar Augusto Sampaio e Danilo Gregório
A tecnologia exerce uM PaPel cada vez mais relevante na busca dos bancos por eficiência operacional. E isso não deve mudar tão cedo. A
mensagem ficou clara no painel do Ciab 2013 que reuniu executivos de TI (ou CIOs, na sigla em inglês) de quatro dos maiores bancos do Brasil - Caixa Econômica Federal, Itaú Uni-banco, Santander e Bradesco.
A Pesquisa FEBRABAN de Tecnologia Bancária, feita em parceira com a consultoria Booz&Company, foi o fio condutor da conver-
sa entre os CIOs. Os dados mostram expansão do sistema financeiro nacional - em boa par-te, graças ao cenário econômico dos últimos anos. Entre 2002 e 2012, a relação crédito/PIB mais do que dobrou, passando de 26,1% para 53,5%. Somente entre 2008 e 2012, o número de contas correntes subiu de 118 milhões para 166 milhões, com incremento médio anual de 9%, segundo a pesquisa da FEBRABAN. As contas poupança não ficaram para trás, com crescimento em ritmo semelhante (8,4%), che-gando a 162 milhões no ano passado.
núMERO DE COnTAS CORREnTES E POUPAnçA
Em Milhões – 2008 a 2012
FONTE: PESQUISA FEBRABAN DE TECNOLOGIA BANCáRIA 2012
2012 2011201020092008
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143156
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+9,0% +8,4%
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136143
162
■ Contas correntes ■ Contas Poupança
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chapéuciab 2013
É preciso investir na mobilidade. Por exemplo, em São Paulo, usar os canais virtuais de atendimento é quase uma necessidade física. Ir até uma agência hoje requer, às vezes, horas
Barros, do Itaú Unibanco.
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A chegada de novos consumidores no universo bancário fica mais visível na alta de clientes registrados no sistema financeiro na-cional, que saíram de 92,1 milhões em 2005, entre pessoas físicas e jurídicas, para 135,7 mi-lhões em 2012, de acordo com o Banco Cen-tral. Mesmo com o avanço recente, os bancos trabalham com a perspectiva de aumento da base de clientes. Afinal, em 2011, conforme le-vantamento do Banco Mundial, apenas 55,9% da população adulta do Brasil era bancarizada, índice semelhante aos da África do Sul (53,6%) e da Turquia (57,6%), mas bem abaixo dos
verificados na Zona do Euro (90,5%) e nos Estados Unidos (88%), para citar só alguns.
Esforço físicoEm um território com dimensões continentais como o brasileiro, aproximar-se fisicamente dos não bancarizados exige esforços conside-ráveis. Ainda assim, os bancos estão fazendo a sua parte nesse sentido. No caso de agências, o melhor exemplo é a Região Norte, onde, his-toricamente, a presença da rede de atendimen-to bancário é mais baixa. Entre 2008 e 2012, houve crescimento médio de 9,2% ao ano
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Cerca de 50 milhões de brasileiros são impedidos de abrir conta em banco por causa de algum tipo de restrição em seus Cadastros de Pessoas Físicas (CPFs)
Boni, do Bradesco
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do número de agências nessa área, segundo a Pesquisa FEBRABAN. O Nordeste vem logo depois, com taxa de 6,8%. A quantidade de agências por grupo de 10 mil pessoas alcançou a marca de 1,3 nessas duas regiões em 2012, metade do encontrado no Sudeste.
Os caixas eletrônicos (ATMs) se tornaram símbolo de praticidade para os consumidores. Não por acaso, o setor bancário investe con-tinuamente no desenvolvimento e na difusão desses equipamentos nos quatro cantos do País, ampliando a oferta e o uso de serviços finan-ceiros. Entre 2008 e 2012, os caixas eletrônicos
passaram de 152 mil para 162 mil no Brasil, com um crescimento anual médio de 1,6%, segundo a Pesquisa FEBRABAN de Tecnologia Bancária. Mas o ritmo dessa expansão varia conforme a região. No Sudeste, onde a concentração de ATMs é a mais elevada (14,3 terminais para cada grupo de 10 mil pessoas), o aumento anual médio é de 0,5%. Em comparação, no Norte, área mais carente de caixas eletrônicos (6,7 para 10 mil), o crescimento é de 6,9%.
A proporção dos ATMs com vários ser-viços (para consultas, saques, depósitos em cédulas e cheques, pagamentos de contas com
COnFIGURAçãO DA BASE DE ATMS POR FUnçãO
Em Milhares – 2008 a 2012
Acessibilidade ■ Terminais de depósitos/extratos ■ Dispensador de cheques ■ Dispensador de cédulas ■ Terminais multifuncionais
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)
2008 2009 2010 2011 2012
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Acessibilidade (%
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40
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60%
45%
30%
15%
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12%9%
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47%
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28%
52%
5%9%
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60%
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57%
2%12%
25%
61%
FONTE: PESQUISA FEBRABAN DE TECNOLOGIA BANCáRIA 2012
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código de barras), os chamados multifuncionais, também se elevou, chegando a 61% do parque em 2012. Já os ATMs adaptados às pessoas com deficiência ultrapassaram os 80% da base total. Os dados da pesquisa revelam que, no Brasil, temos 109,9 ATMs para cada grupo de 100 mil adultos. O índice nos coloca perto do Reino Unido (122,8) e à frente da Índia (8,9), México (45,8) e até da Zona do Euro (94,1).
Solução de bolsoAtrair consumidores para o sistema financeiro, porém, não depende apenas de proximidade física. Cerca de 50 milhões de brasileiros são impedidos de abrir conta em banco por causa
de algum tipo de restrição em seus Cadastros de Pessoas Físicas (CPFs), estimou Aurélio Conrado Boni, diretor vice-presidente do Bradesco. “Se essas pessoas têm dificuldades financeiras, como vão pagar as tarifas bancárias, deixar algum dinheiro no banco, tomar cré-dito, fazer uma poupança?”, questionou Boni, argumentando que a bancarização esbarra em questões sociais e culturais.
Para o executivo, uma solução possível é tornar as tarifas mais flexíveis, e a tecnologia pode colaborar nesse aspecto. “No Bradesco, por exemplo, existe um tipo de conta que con-verte todos os valores pagos em tarifas em bônus de celular.”
FONTE: PESQUISA FEBRABAN DE TECNOLOGIA BANCáRIA 2012
+23,7%
■ Sem movimentação ■ Com movimentação
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2008
7,3
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76%
24%
78%
22%
79%
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80%
20%
TRAnSAçõES EM InTERnET BAnkInG
Em Bilhões – 2008 a 2012
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Sabe-se que o celular pode ser um ins-trumento de inclusão financeira, até por servir como meio de pagamento - tal como um cartão de crédito ou débito. Isso vem sendo explorado por diversas iniciativas conjuntas de instituições financeiras e operadoras de telefonia. Mas essa não é a única vantagem do aparelho telefônico.
O mobile banking, ou o “banco no ce-lular”, foi celebrado pelos CIOs como com-bustível da eficiência operacional, por ser um canal de atendimento rápido, conveniente e de grande escala, cada vez mais acessado. “Para atender toda nossa demanda o principal ponto a considerar é investir na mobilidade. O mundo todo está conectado e vemos isso avançar na sociedade de maneira acelerada. Em São Paulo, usar os canais virtuais de atendimento é quase uma necessidade física. Ir até uma agência hoje requer, às vezes, horas”, disse Alexandre Barros, vice-presidente de tecnologia do Itaú Unibanco.
No Bradesco, a percepção é parecida. “No último dia 10 de junho, registramos perto de
três milhões de transações feitas pelo celular”, revelou Boni. De acordo com a Pesquisa FE-BRABAN, as contas acessadas por mobile banking no Brasil saíram de 200 mil em 2008 para seis milhões em 2012, com crescimento médio anual de 143,75% - no último ano, o salto foi de 275%. O avanço é mais acentuado que o de contas correntes com internet banking, que cresceram a uma taxa anual de 20,8% entre 2008 e 2012 (passaram de 17,4 milhões para 37 milhões). Nesse mesmo período, as transações bancárias evoluíram de um patamar de 20 bi-lhões para 36 bilhões por ano.
Canais eletrônicos são as vias princi-pais dessa expansão. As operações de inter-net banking passaram de seis bilhões para 14 bilhões no intervalo analisado pela pesquisa. A mudança nas transações feitas pelo canal mobile surpreende mais: 190 milhões, em 2011, para 823 milhões, em 2012. O núme-ro de smartphones ativos no País cresceu de 1,7 milhão para 52,5 milhões. O fato de que
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Em 2017, somente um quarto das transações bancárias serão realizadas nos únicos canais existentes até 15 anos atrás
Roxo, da Booz&Company
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apenas 3% dessas operações móveis tenham movimentação financeira sugere que a conve-niência é um fator chave do comportamento dos usuários desse meio. A liberdade de acesso é muito maior em um dispositivo móvel, que pode ser usado para uma simples consulta de extrato 24 horas por dia, em qualquer local conectado à internet.
Dados aos montesO comportamento do consumidor, somado à alta disponibilidade dos serviços, fez com que, em 2012, pela primeira vez, o uso de meios digitais para transações bancárias superasse o de canais tradicionais, informa a Pesquisa FEBRABAN de Tecnologia Bancária. Internet banking e mobile banking responderam por 42% das operações feitas pelos clientes, um ponto percentual acima da movimentação de agências, ATMs e contact centers (centrais de atendimento por telefone). Gustavo Roxo, da Booz&Company, moderador do painel que reuniu os CIOs, afirmou que, em 2017, somente um quarto das transações bancárias serão realizadas nos únicos canais existentes até 15 anos atrás.
A mudança de hábitos altera os investi-mentos em tecnologia, apontou Barros, do Itaú Unibanco. “Uma parte considerável dos nossos clientes gostaria de ter contato presencial com
seu gerente apenas uma vez e, depois, remo-tamente”, ressaltou. “O cliente está disposto a falar à noite, fora do expediente. Temos de prestar atendimento de acordo com o instru-mento que ele escolhe e investir conforme sua experiência pessoal.”
Barros considera a comunicação por vídeo uma alternativa viável para essa interação com o consumidor, embora ele reconheça fatores que limitam a disseminação dos recursos mais mo-dernos no País – persistem, em várias regiões bra-sileiras, a conexão à internet em baixa velocidade e a instabilidade da rede de telefonia para o trá-fego de dados. “Precisamos colocar nas mãos do gerente todas as ferramentas disponíveis.” Tudo isso, na visão do executivo, ajuda os bancos a se tornarem mais competitivos e eficientes.
A redução do custo e a melhora da execu-ção de cada transação formam um dos eixos do ganho de eficiência operacional dos bancos, na avaliação de Fernando Diaz Roldan, CIO do Santander. “As instituições entenderam isso faz tempo. De fato, praticamente todo o mundo tem investido em tecnologias que possibilitam essa redução (de custo), como virtualização, big data, processamento massivo e data centers”, comentou o executivo. Seu discurso é reforça-do pela análise que a Booz&Company faz da Pesquisa FEBRABAN. De 2008 a 2012, a ca-pacidade de armazenamento de dados (storage)
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É preciso ter uma arquitetura de sistemas adequada, que permita alterações rápidas, para responder às movimentações do setor ou do mercado, de uma forma ágil
Diaz Roldan, do Santander
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dos bancos quase triplicou, partindo de 33,1 mil terabytes para 150,7 mil terabytes – 1 terabyte equivale a 1.024 gibabytes. Foram investidos R$ 269,8 milhões em storage em 2012, 125% a mais que em 2008 (R$ 119,9 milhões).
Para a Booz&Company, uma das razões para o incremento expressivo da capacidade de armazenamento de dados são as oportunidades do big data, especialmente impulsionadas pela propagação dos meios virtuais, aliadas a maiores
exigências regulatórias. “O menor número de visitas dos clientes às agências bancárias dimi-nuirá proporcionalmente o número de opor-tunidades de marketing, vendas e fidelização através das relações interpessoais.” Essa perda, porém, poderá ser compensada pelos inves-timentos em big data, cujo objetivo é apurar tendências e particularidades dos clientes, de forma individual ou segmentada.
Ao contrário dos investimentos, as despe-
14,817,0 18,4 20,1
12,6
2008 2009 2010 2011 2012
+ 12,4%
GASTOS EM TECnOLOGIA BAnCáRIA
Em Bilhões de Reais – 2008 a 2012
FONTE: PESQUISA FEBRABAN DE TECNOLOGIA BANCáRIA 2012; GARTNER
3,2 3,7 6,1 10,4 11,6 20,2 100,2
GASTOS EM TECnOLOGIA BAnCáRIA
Países Selecionados – Bilhões de dólares – 2012
ÍndiaMéxico FrançaRússia Brasil Reino Unido
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Hoje o banco tem a grande responsabilidade de ofertar a melhor experiência para seu cliente que quer comodidade, disponibilidade e acessibilidade
Oliveira, da Caixa
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sas com storage, medida em valores gastos por dados, seguem em queda, com retração de R$ 11,5 mil por terabyte para R$ 3,6 mil em quatro anos – um indicativo de eficiência no uso da infraestrutura disponível. Não adianta ter uma arquitetura técnica robusta se a arquitetura de sistemas não responde à altura e não consegue retirar vantagem dela, conforme salientou Diaz.
“Não vamos acertar todas as previsões. Por isso é preciso ter uma arquitetura de sistemas ade-quada, que permita alterações rápidas, para responder às movimentações do setor ou do mercado, de uma forma ágil.”
A era do software Em 2012, os gastos dos bancos em recursos tecnológicos, compreendendo investimentos e despesas, alcançaram o recorde de R$ 21,1 bi-lhões (US$ 10,4 bilhões). O montante é 9,5% maior ao gasto em 2011, quando o aumento foi de 8% (em relação a 2010), o que coloca o Brasil num nível acima de outros emergentes como Rússia (U$$ 3,2 bilhões), México (US$ 3,7 bilhões) e Índia (US$ 6,1 bilhões). Uma mudança importante na composição desse or-çamento ao longo de quatros anos é ampliação da fatia destinada a software – de 28% para 37% - e da diminuição da porção dedicada a hardware – 45% para 40%.
Joaquim Lima de Oliveira, vice-presidente
de TI da Caixa, está convencido de que o in-vestimento em software vai assumir a liderança.
“Hoje o banco tem a grande responsabilidade de ofertar a melhor experiência para seu cliente que quer comodidade, disponibilidade e acessi-bilidade. A grande alavanca é tirar um proveito melhor da sua arquitetura”, concluiu.
Os CIOs ressaltaram que os “novos desa-fios do setor financeiro”, explorados durante todo o Ciab, não são nada desprezíveis. Olivei-ra descreveu a missão das áreas de tecnologias dentro dos bancos. “Digo todos os dias para minha equipe de TI: vocês fazem negócios 24 horas por dias, sete dias por semana. Enquanto todos os colegas das agências ou de qualquer outro ponto vão embora, a TI continua traba-lhando oferecendo disponibilidade, atendendo e fidelizando o cliente”.
Além do contexto macroeconômico, mar-cado pelo desaquecimento internacional e pela redução histórica da taxa de juros no Brasil, novidades na legislação e o arrocho regulatório engrossam as demandas jogadas sobre a área de tecnologia. “Projetos como o ‘cadastro po-sitivo’ ou a conformidade às regras de Basileia III envolvem muito trabalho de desenvolvi-mento”, acrescentou Oliveira. Felizmente, não há motivo para desânimo. Quando aparecem
“problemas”, cada vez mais a TI tem mostrado ser capaz de prover soluções. ■
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