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www.axecampinas.com.br / ano 1 ‐ edição o3 ‐ 2014

A Tradição em Festa

Omolu - Sànpònná ObàlùwaiyéExposição : ‘Ervas e seus Orixas’

O que é Jurema? (parte final)Festas e Tradições

Cultura/ArtesCuriosidades

Omolu - Sànpònná ObàlùwaiyéExposição : ‘Ervas e seus Orixas’

O que é Jurema? (parte final)Festas e Tradições

Cultura/ArtesCuriosidades

Fotos: Arquivo

Festa Julina e Inauguração do Novo Espaço UrucungosFesta Julina e Inauguração do Novo Espaço Urucungos

11º Arraial Afro Julino do Jongo Dito Ribeiro

11º Arraial Afro Julino do Jongo Dito Ribeiro

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s pessoas, por serem im perfeitas, costu-mam ser incoeren-

tes. Algumas, habitualmen-te, outras eventualmente. Mas é no discurso político e religioso que a incoerên-cia mais se manifesta. Nada mais revelador do que as gravações de um sermão de-pois do outro e de uma cam-panha política depois da ou-tra. Inerência supõe unidade intrínseca. Aderência supõe unidade buscada e assumida. Coerência, significa unida-de de pensamento e de vida. Espera-se o mínimo de aban-dono e de retrocessos. Quan-do o discurso de agora não bate com o de ontem e muito menos com a vida, pregador e político correm o risco de cair em descrédito. E não são poucos os que caem. Um dia, o discurso se distancia demais da vida e da práxis. Naquele dia, fica difícil para o pregador ou para o político reconstruir sua carreira.

Há mudanças, algumas delas, sinceras. Foro íntimo

Editorial

POLÍTICA, RELIGIÃO E COERÊNCIAnão se questiona, mas o resto, sim! A verdade é que, quem ontem se declarou agnósti-co, hoje termina seu discur-so com atos de fé e ação de graças a Deus; quem ontem era inimigo figadal durante a disputa pelo governo, hoje é aliado. Quem se dizia co-erente, foi lembrado de pelo menos três grandes infideli-dades. Quem garantia rigidez fiscal terminou a campanha prometendo aumentos e gas-tos que não explicou de que caixa os tiraria. Quem jurou, no começo da campanha, não atacar os adversários, termi-nou em soleníssimo ataque: queria os votos do outro. Quem era demônio virou anjo e quem posava de anjo perdeu as asinhas. Quem dis-se que não julgaria, julgou e quem prometeu não manipu-lar dados, manipulou. Men-tiu e sabia que mentia.

Também nos púlpitos a doença que era coisa do de-mônio, quando atingiu os familiares e membros da comunidade virou provação de Deus; o que foi anuncia-do como cura e milagre, ao não acontecer deixou de ser anunciado, nem mesmo para

Padre Zezinho

A

Uma publicação da:Bagan Comunicação CNPJ: 20.332.527/0001-20(19)2511 3341 / 99117 1965

Tiragem: 5.000 exemplaresPeriodicidade: mensal

Diretor Executivo:Eric Ramos Duque de Freitas

Editora Responsável:Ana Diva Giraldi Corrêa

Redação:Ana Diva Giraldi Corrêa

Fotografia: Eric R. D. Freitas

Arte e Revisão:Dinah MagalhãesFernando Silveira (Okun Olola)

Axé CampinasSite:www.axecampinas.com.br Facebook:facebook.com/axecampinas

revista

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Espaço do LeitorEspaço do Leitor

pedir novas preces por quem fora dado como curado.

Quando o marketing se torna caminho de vitória, de votos e de adeptos a qualquer preço, a mentira entra pela porta da frente e a coerência vai embora pela dos fun-dos. Poucas pessoas conse-guem es ta coerência. Reve ja as campanhas políticas do passa do e as mais recentes; reveja as pregações das - igrejas antes e depois. Um é o discurso de quem quer che gar, e outro o de quem che gou. Há os coerentes. E há os incoerentes. O pior de tu do é os abertamente incoe -rentes abandonam amigos, par tidos, igrejas e amores sob o argumento de que tive-ram que fazê-lo por questão de fi delidade a si mesma. Só quem tem fidelidade a si mesmo sem fidelidade aos ou tros tem outro nome! Gra-tidão é virtude que, se faltar, ba gunçará qualquer discurso!

padre Zezinho, a revista decidiu publicar suas considerações.

A Revista Axé Campinas não se responsabiliza por matérias assinadas, sendo de responsa-bilidade dos autores.

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Artes

André Cozta: seguindo a missãoLIVROS

MÚSICA

PO

ES

IA

aúcho de Porto Alegre, André Cozta, desde muito cedo, acostumou-se com

os rituais de Umbanda Sagrada realizados pe lo seu pai, no terreiro que situava-se aos fundos da casa onde residia com a família. Define-se comoumbandistadepai,mãeeavós, pois, seu pai foi “feito” no terreiro de seu avô materno, a Casa de Umbanda Pai Thomé. Ao longo da vida, acostumou-se com as lidas desta religião, praticando-a e nu trindo um amor a cada dia maior por esta doutrina, pelos Sagrados Orixás e guias espi rituais manifestadores das qualidades Divinas destas divindades. Residindo na cidade do Rio de Janeiro des-de 2001, em dado momento,entregou-se de vez à sua missão, na prática religiosa, na Ma-gia Divina(é Mago Iniciador da Magia das 7 Chamas Sagradas, trazida ao plano ma terial pelo Mestre Rubens Saraceni) e psicografan-do mensagens e obras que são en viadas por seus Mestres e Guias. Hoje, a tuante como médium de Umbanda Sagrada, Mago ser-vidor de Deus e escritor, usa da sua missão para mostrar à quantos irmãos em Oxalá lhe for possível, o quão pode ser simples e doce trilhar os “Caminhos da Evolução”.

facebook.com/[email protected]

G

“Samba de Yayá” acaba de lançar seu primeiro cd de músicas relaciona-das às religiões de matriz africana e ao samba de roda. O grupo é o braço cul-tural do Terreiro de Umbanda ‘Mãe de Deus’ a as composições são de autoria dos próprios integrantes do terreiro. Algumas canções de domínio público que também foram gravadas vieram da memória dos mais antigos, em um tra-balho de pesquisa direta, muitas vezes ouvindo os pontos no pé da entidade.

O cd pode ser adquirido na página do facebook.com/sambadeyaya, na sede do grupo, rua Ana Arruda de Camargo 377- JDNilópolis – Campinas e pode ser ouvido neste endereço soundcloud.com/samba-de-yay. Contato: [email protected]

Curta a página da Revista Axé Campinas no facebook

facebook.com/axecampinase concorra ao CD Samba de Yayá

Cor da MataE do Meu SangueNagô com Devoção Cor do MarDos navegantesDe ancestral tradiçãoPorto RicoResiste é naçãoE Reside no meu coraçãoÉ remada cravada no PinaTodo ano tem dendêÉ baque virado que ensinaFundamento de terreiroImpério de Ogum...Ogunhê!!!Darrun, biancó e melêViva a Nação Porto RicoPatacorí Ogum Megê!!!

Ogan Alexandre Tarleifacebook.com/pages/Alexandre-Tarlei/685727751493883

Nagô com Devoção

André Cozta:psicografando

mensagens e obras

enviadas por seus mestres e guias

espirituais

Reprodução

Reprodução

Reprodução

Reprodução

Foto: Reprodução

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Cultura

Comunidade Jongo Dito Ri-beiro consiste em um gru-

po de pessoas e familiares que reconstituem e vivem a cultura do jongo através da memória de Benedito Ribeiro, que foi festei-ro de São João e devoto de São Benedito. Nasceu no ano de 1905 em Caldas (MG), e em 1932, já casado com a campineira Benedi-ta Neves Baltazar estabeleceu-se na cidade de Campinas/SP, onde manteve a tradição recebida de seus pais, realizando rodas de jon-go quando reunia os amigos. Em homenagem a Comunidade foi ba-tizada com seu nome, “Comunida-de Jongo Dito Ribeiro”, que desde o ano de 2000, liderada por Ales-sandra Ribeiro, sua neta, realiza trabalhos de reconstituição e per-manência do jongo no município. Dia 12/07 até o amanhecer do dia 13/07 foi realizado o 11º Arraial Afro-julino Jongo Dito Ribei-ro, em parceria com a Secretaria Municipal de Cultura, público de aproximadamente 4.000 pessoas, é tida como uma das maiores festi-vidades afro-brasileiras da região e já faz parte do calendário oficial do estado de São Paulo. Com bar-racas de alimentação, roupas, arte-sanatos e programação cultural e artística diversificada foi diversão garantida.

Comunidade em Festa na pisada da tradição

A

Fonte: Pontão de Cultura Jongo Caxambuhttp://www.pontaojongo.uff.br/jongo-dito-ribeiro-

campinas-sp

A Comunidade Urucungos, Puí tas e Quijengues, grupo com 26 anos de his-tória na Cidade de Campinas, está em novo endereço, na casa de força do anti-go VLT no Bairro da Vila Teixeira, Rua Salvador Lombardi Neto s/n, mas não pensem que foi fácil, no inicio da ocu-pação encontraram um local destruído e com toneladas de Lixo, e com a força e determinação do Coletivo e Amigos, transformaram em mais um espaço Cul-tural em prol da Comunidade . E neste dia 19 de Julho aconteceu uma festa julina diferenciada, com gente alegre e ritmos variados foi o cenário da inaugu-ração do novo espaço do grupo Urucun-gos, a festa se iniciou com as benções de diversos líderes religiosos, em seguida houve a cerimônia de “Levantamento do Mastro”, realizada pelas Caixeiras das Nascentes, seguida pela apresenta-

Todas as tribos se reuniram em mais uma linda festa, cheia de alegria e cores, a tradição e força da comunidade para comunhão da sociedade.

Do lixo à cultura ativaFesta Julina e Inauguração do Novo Espaço Urucungos, Puítas e Quijengues

ção do Boi de Pernambuco do Grupo Urucungos. Além da saborosa culinária, várias manifestações culturais e afro-brasileiras como samba, capoeira, ma-racatu, jongo, rap e outras, animaram a festa, que terminou com um forró pé de serra com direito a quadrilha. O grupo tem como principal missão preservar e divulgar a cultura popular brasileira, tem o apoio da Secretaria Municipal de cultura, foi fundado em 1988 pela Mes-tra de cultura popular Raquel Trindade filha do artista popular e folclorista So-lano Trindade, que batizou o grupo de Urucungos (Berimbau), Puítas (Cuíca) e Quijengues (Tambor), instrumentos musicais africanos, vindos de Angola e muito conhecidos no Brasil. Campi -nas está em festa. E desejamos que este novo espaço traga grandes frutos.http://urucungospuitasequijengues.blogspot.com.br

Fotos: Nina

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o domingo dia 03 de Agosto das 9:00 as 12:00 horas acon-

teceu na concha acústica um grande evento em comemoração ao “Dia Nacional do Capoeirista”. Foi uma grande festa com muitos mestre de Campinas e região, com apresenta-ções artísticas de capoeira, danças, orquestra de berimbaus e oficinas práticas simultâneas dentro da la-goa do Taquaral. Quem realizou este evento foi o Mestre Formiga, que tem trabalho aqui em Campinas, na Alemanha (em várias cidades) onde ele reside, na Holanda e Austrália. O evento teve apoio direto da Secreta-ria Municipal de Cultura, da Prefei-tura de Campinas, contou com sor-teios de brindes para os participantes e foi aberto à comunidade.

História

No dia 27 de janeiro de 2006, na cidade de Campinas – SP - Brasil, o Sr. Tiago de Camargo (Mestre Formiga) e seus alunos fundaram o Instituto Brasileiro Esporte, Cultura e Arte – Capoeira Ibeca. O trabalho deu início com o primeiro Retiro da Capoeira, com a presença de grandes personalidades do mundo da capo-eira, como o conselheiro do grupo (Mestre Mauricio) e outros Mestres como: Mestre Cícero, Mestre Mauro Gomes, Mestre Kito, Mestre Para-nhos. Também estiveram presentes outros mestres, professores, alunos e amigos do Mestre Formiga. O Instituto Brasileiro Esporte, Cul-tura e Arte – Capoeira Ibeca é uma dissidência do Grupo Senzala, do qual o Mestre Formiga pertenceu durante 11 anos, com base nos en-sinamentos dos mestres do Grupo Senzala e outros grandes mestres da capoeira, o Mestre Formiga resolveu montar seu próprio grupo.

Capoeira IbecaFundado em 27 de Janeiro de 2006 o Capoeira IBECA pauta-se na propos-ta de profissionalismo na Capoeira. Isso trouxe sem dúvida um grande diferencial para o nosso trabalho. Contamos com a presença de profis-sionais de diversas áreas de atuação: Sociologia, Educação Física, Peda-gogia, Fisioterapia, Medicina, Psi-cologia, Administração entre outras, sendo todos capoeiristas do grupo. Anualmente realizamos vários even-tos no Brasil e no Exterior.

Instrumento de corda constituído por uma vara em arco, um fio de aço e uma cabaça, de origem angolana, também conhecido como Berimbau de peito em Portugal ou como Hungu em Angola e em grande parte do continente africa-no. Em Angola, também é conhecido por M’bolumbumba e é utilizado entre os Quimbundos, Ovambos, Nyanekas, Humbis e Khoisan. Este instrumento foi trazido pelos escravos angolanos pa ra o Brasil, onde é utilizado para acompanhar uma dança/ luta acrobáti-

Dia do CapoeiristaCultura

Com a coordenação do Mestre For-miga e o comprometimento dos Gra-duados, Instrutores e Professores, nosso grupo vem cada vez mais con-quistando seu espaço. Destacamos que a prática da Capoeira não se li-mita apenas em uma roda onde duas pessoas fazem movimentos acrobá-ticos no meio, existe uma relação de harmonia entre o ritmo e o jogo, as músicas de Capoeira têm o propósito de passar uma mensagem de acordo com as realidades vividas pelos ca-poeiristas. Na sociedade em que vi-vemos hoje podemos afirmar que a Capoeira é uma Arte de libertação e união das pessoas, uma opção para o cidadão se desenvolver harmoniosa-mente e ao mesmo tempo consciente e crítico à sua realidade. Acreditamos que o processo de conscientização do nosso povo esteja profundamente ligado à questão do resgate da nossa identidade cultural. Entre outros em Campinas destacamos os Trabalhos desenvolvidos pelo Prof. Bombril em parceria com a Casa de Cultura Fa-zenda Roseira e Prof. Tartaruga na Estação Furtado.

N

ca chamada Ca poeira. No sul de Moçambique, tem o nome de Xitende. No Brasil, é conhecido por vá-rios nomes: urucungo, uru-curgo, orucungo, oricungo, uricungo, rucungo, ricungo, berimbau metalizado, gobo, marimbau, bucum-bumba, bucumbunga, gunga, macun-go, matungo, mutungo, aricongo, arco musical e rucumbo.

Pai Michaell D’ Xangô

O Berimbau

Fonte: Wikipédia.

Capoeira Ibeca:

resgatando a identidade

cultural

Foto: Arquivo

Reprodução

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Em ação

lém da Lavagem da Escadaria e a Festa de Ogum, faço o regis-

tro das Giras de Esquerda e Direita, Festas, Casamentos, Saídas de Santo, Batizados, Giras na Mata, fotos oficiais dos Dirigentes da Casa e, por último, Acervos da Casa. São mais de trinta mil fotos feitas ao longo de oito anos. Quando registro algo, a Casa tem sua cópia em CD e por todo este trabalho que faço nada cobro. Embora não com-preenda totalmente o que vejo, do que me permitem registrar, tenho em mim, fortemente, a Fé e o respeito pelo que fotografo. Fotografo desde os 16. No início e por longo tempo, foi só Fa-mília e Natureza. Antes de iniciar-me no ‘ofício’ de lambe-lambe nas Casas de Santo, frequentei a Casa do saudo-so Pai Cação, nos idos de 1984. E só em 2006, na Casa de Mãe Iberecy é

que tudo começou, com a permissão dela. Fotografava e montava, as vezes, DVDs do registro. Tempos depois, co-mecei, ao reolhar as fotos e uma me chamava mais a atenção, a procurar nelas uma descrição mesmo que lúdica do que estava ali, simplesmente retra-tado... O olhar, principalmente o olhar, dos médiuns incorporados, mais do que sua postura me dizia muito. Nas Casas que permitem o registro e a divulgação é que garimpo as fotos que acabam ga-nhando um texto, que depois publico. Umbanda, Jurema e Candomblé que conheço são como flores. São individu-ais, de beleza única, como as Umbandas e Juremas e parecidas, como de famí-lias, os Candomblés. E ainda existem, porque não? os Umbandomblés, como flores de Primaveras, que por estarem próximas, acabam por mesclar suas co-res... Uma espécie de Jardim de Oxalá! Aí está, como exemplo, outra visão lú-

Fotografando olhares

Adica de minha parte. As Casas que já visitei são a de Mãe Ana Maria Cação, Mãe Tatiana Rocha, Mãe Iberecy, Mãe Dango, Mãe Kayalodomim, Mãe Jebe-lonan, Mãe Nelly [Piracicaba], Pai Do-mingos, Pai Odecilê, Pai Toluan, Pai Oramidaime, Pai Valdecy, Pai José, Pai Bruno e Mãe Adriana [Jundiaí], Pai Luis e Mãe Silene [Valinhos], Pai Pedro e Mãe Olga, Mãe Alexandrina e Pai Zé Carlos, Mãe Emilia de Boiadei-ro e Baba Toloji.

A aldeia Tekoa Pyau, está locali-zada próximo ao Pico do Jaraguá no município de São Paulo .Atualmente conta 125 famílias, com uma popula-ção de aproximadamente 650 índios, dos quais quase 400 são crianças. Seu líder espiritual e social é o Cacique e Pajé Guirá-Pepó - José Fernandes,

que orienta os destinos da aldeia, jun-tamente com um conselho represen -tativo formado em sua maioria por anciãos. Como a aldeia está locali-zada dentro de uma grande metrópole, muitos são os problemas relacionados à interferência branca em seus usos e costumes, além da absoluta carência de recursos naturais para subsistência da população. Os recursos provêm da venda de artesanato, da ajuda dos ór-gãos competentes e doações de grupos

Bem-vindos à aldeia novaque se mobilizam para auxiliá-los, como exemplo, o grupo Guerreiros de Oxalá, onde seu presidente, Babalorixá Fabio D’Osogyan e seus parceiros, são responsáveis por uma festa voltada as crianças da aldeia, onde são distribuí-dos brinquedos, roupas e ainda fazem a tradicional e esperada tarde do cachor-ro quente, que também é recheada de muitas brincadeiras.

Pai Michaell D’Xangô

1ª parte

Mário A. M. Macedo

Facebook: Mário A M Macedo emails:[email protected] e

[email protected] Telefone: (19) 3365 6352 e

(19) 9 9121 5241

Contatos:Contatos:

Fonte: http://tekoapyau.zip.net

Mário A. M. Macedo é

fotógrafo e colabora com

entidades religiosas

Foto: Divulgação

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Em ação

o último dia 25/07, A Coordenadoria Setorial de Promoção da Igualdade Racial (CEPIR), vinculada à Secre-

taria Municipal de Cidadania, Assistência e Inclusão Social, realizou, uma Roda de Con-versa voltada para os meios de enfrentamen-to ao machismo, racismo, discriminação, preconceito e demais desigualdades raciais e sociais para com as mulheres. Contou com a presença de alguns políticos, representantes da Secretaria de Educação, Fundação Casa, Comunidades Tradicionais de Terreiro, Pas-tores Evangélicos, Artista Plástico, Grupo Hip-Hop, Educadores e simpatizantes.

Houve a colocação sobre a coragem das mulheres negras que se preocupavam em comprar a alforria de seus maridos, mesmo que o preço fosse o aumento de sua escravidão particular. O movimento das mulheres negras sempre existiu de forma organizada, mas necessitando de uma maior fidelidade, reconhecendo que cada uma

deve ser considerada como aliada e portanto formadora de uma força maior.

A conversa gerou uma discussão sobre a Lei 10.639, que apesar de seus 13 anos de aprovação, ainda engatinha nas ações edu-cacionais, nas escolas, onde se fala mais em geografia do que praticamente em costumes étnicos. O racismo continua implícito e sutil, onde se vê a escola como local de prática, esquecendo-se que o mundo não se concen-

Cepir - Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha

N

tra somente neste espaço, pois nossos filhos devem ser criados para aceitarem as dife-renças raciais, étnicas, religiosas, sexuais e outras pelo caminho da vida.

A escola é tida como reprodutora de formação, por isso há a necessidade de se criar ferramentas para discussões como se-xualidade e questões raciais, étnicas mais abrangentes no que se fala de cultura afro-brasileira.

Nos dias 15 e 16 de Agosto, cerca de cem pessoas da sociedade civil organizada, movimentos cul-turais e a Secretaria Municipal de Cultura de Campinas, se reuniram na Conferência Extraordinária de Cultura, realizada na Estação Cultu-ra, para a formulação do Projeto de Lei do novo Conselho de Politicas Culturais da cidade. Depois de um extenso processo de debates, ideias, trocas e formulações de mais de seis meses, a Secretaria de Cultura apresentou uma proposta de Projeto de Lei para a plenária, bem dirigi-da pelo Secretário de Cultura, Ney Carrasco, que durante onze horas e meia coordenou os trabalhos de for-ma dinâmica e progressiva, dando espaço para que a plenária chegasse no que acreditamos ser o início de um inovador Conselho de Politicas Culturais na cidade.

O Projeto de Lei do Novo Con-selho de Politicas Culturais será fi-nalizado pelo jurídico da Prefeitura e posteriormente encaminhado a Câ-mara dos Vereadores.

Campinas ganhaConselho inovador

1. O Conselho passa a ter poderes

deliberativo, consultivo, formulativo e

fiscalizador como nunca antes na história

da cidade;

2. A Presidência do novo Conselho passa a

ser eleita pelo próprio Conselho;

3. O Conselho passa a ter 42 integrantes,

sendo que 2/3 é representado pela

Principais pontos destacados:

Lei n.° 10.639 de 09 de janeiro de 2003,

que define a inclusão pelas escolas nos

seus currículos de conteúdos de História

da África e Cultura Afro-Brasileira. Tal

proposição pode ser considerada como

uma possibilidade de avanços no âmbito

educacional e cultural e, portanto, uma

possibilidade, também, de mudanças em

práticas sociais humanas, e reconhecimento

do que os negros proporcionaram à

formação do povo brasileiro.

Saiba maisSaiba mais

- Câmara das Artes: 05 vagas para as

linguagens artísticas;

- Câmara da Cidadania Cultural: 05 vagas

para os seguintes movimentos culturais:

Hip Hop, Funk, Pessoas com deficiências,

Cultura Digital e Midia Ativismo;

- Câmara das Culturas Tradicionais: 05

vagas para cultura de matriz africana,

cultura cigana e culturas tradicionais e

populares e outras;

- Câmara do Patrimônio Cultura e Memória:

03 vagas para Patrimônio Imaterial,

patrimônio material e museus comunitários.

- Câmara Territoriais: 07 vagas para

representantes dos conselhos regionais

Conselhos locais por equipamento que

deverão ser regulamentados por decreto.

Poder Público

De maneira inovadora 09 vagas para as

coordenadorias da Secretaria de Cultura,

03 vagas para outras secretarias e 03

vagas para funcionários de carreira eleitos

por seus pares, 01 vaga para secretaria

Estadual de Cultura.

sociedade civil sendo 50% das vagas serão

compostas por mulheres e 1/3 pelo poder

público e governo;

4. Contaremos agora com Conselho Geral,

05 Câmaras Temáticas, 07 Conselhos

Regionais e, obrigatoriamente, uma ampla

plenária aberta à toda a cidade de prestação

de contas para a sociedade.

Representação por Câmaras Temáticas

Sociedade civil reunindo-se em

torno de movimentos culturais

Grupo discutindo as desigualdades

Foto: arquivo

Foto

: N

ina

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Destaque

m seu Livro “Orixás – deuses iorubás na África e no novo

mundo” – Ed. Círculo do Livro, Pierre Verger relata: “Existe uma confusão muito grande a respeito de Sànpònná Obalúayé, Omolu e Molu, que se misturam em alguns lugares e, em outros, são deuses distintos”. O que dificulta o problema vem do fato de que Nàná Bùrùkú é igualmente confundida com eles. Conclui-se que: Assistimos na África um sin-cretismo entre duas divindades vindo uma do Leste, Sànpònná – Obalúayé (Nàná Bùrùkú), e outra do Leste, Omolu – Molu (Nàná Brukung), que se juntaram e tomaram um caráter único no Ketú; Ou, então, tratar-se-ia uma divindade única, trazida por migrações Leste – Oeste.” In-dicações colhidas de Leste a Oeste sobre este Òrìsá, dizem: Obàlùwaie esteve em Ilè Ifé, mais precisamen-te em Òkè Itase antes da chegada de Odùdúwà; Em Òyó encontrava-se as mesmas indicações, afirmando-se que Obàlùwaie carrega uma vassoura na mão, ele havia vindo de Daomé e recebe o nome de Sànpònná-Boku, daí a aproximação de Nàná Buruku; Em Ibadan confirmou-se a origem de Tapa Sànpònná, e ele ainda é confundido com Nàná Bùrùkú; Em Obeokuta reina a mesma confusão, além do aparecimento de Omulu macho e outro fêmea vindo de Save Opara. Ainda em Obeokuta, outro templo Obàlùwaiyé está unificado a Nàná e para ambos não se usa me-tal; Em Abomei, no bairro de Djena, acha-se o templo de “Lisa” consagra-do à Molu, e também no Oeste está o rio Odò Molu; Em Savalu, se diz que Molu vem de Lisa; Em Adja Aguna encontra-se o templo principal de Molu; nos arredores de Sakuite-Tag-badji se vê Arawe (Molu masculino)

e em Akutagba se vê um templo des-tinado a Ajase (Molu feminino);Mais para Oeste, em Atakpame, no Togo, também se vê Molu Arawe; em Gbekon uma aldeia desta mesma região se vê Aji Aguna, Molu (femi-nino); Em Topli, também no Togo, Molu teria saído das águas com uma vassoura na mão, e na outra com um facão, mas mesmo assim o metal não é utilizado em seus sacrifícios, onde os animais são mortos a golpes de porretes; Em Ketú, ao contrário, Sànpònná – Obàlùwaiyé –Omolu es-tão separados de Nàná Bùrùkú. Existem numerosos templos na re-dondeza de Ketú, onde são feitas iniciações de Obàlùwaiyé, tais como Mepere e Igaji. Lá se encontra a afir-mação que ele teria vindo de Aise, de Holi ou de Adja Popo. Os cultos des-te Òrìsá conheceram altos e baixos no Ketú. Foram trazidos de Savalu, pelo Rei Agadjá (1708 – 1740), em decorrência de uma grande epidemia de varíola. Durante o reino de Agon-glo (1789 – 1797) houve outra grande epidemia e os Sacerdotes Sapatanon assumiram grande importância. O rei Adandozan (1797 – 1818) desconfia-do do poder dos Sapatanon os expul-sou de Abomey, acorrentados foram levados para Adame. O Rei seguinte, Ghézo (1818 – 1858) consultou Ifá e trouxe de volta Sapa-tanon Favi Mishai, originário de Pin-gini Vedji, perto de Dassa Zume, e o instalou em Azali, bairro de Abomey. Em Dassa Zume, Sapana é conhecido pelo nome de Sapata, de origem Fon. Alguns afirmam que Obàlùwaiyé é o irmão mais velho de Sòngó, com ori-gem Tapa, mais especificamente em Empé, e seu nome é Sànpònná – Airo. Porém sua origem é incerta. Uma Itòn conta que Obàlúwàiyé era originário de Empé (Tàpá) e havia saído em guerra aos quatro cantos do Mundo. As feridas causadas por suas flechas

tornavam as pessoas cegas, surdas ou mancas. Assim é que ele chegou ao território Mahi, norte de Dao-mé, destruindo a tudo, e a todos. O povo Mahi consultou um Bàbálawó e aprenderam a acalmar Obàlúwàiyé, com oferendas de Gúgúrú. Acalmado o valente guerreiro gosta do lugar e manda construir um palácio e nunca mais volta a sua terra de origem. As origens Nago – Yorùbá do Vodun Sapata são confirmadas du-rante os rituais de iniciação, onde os sapatasi são tratados pelo nome de “Ànàgonu ( nagos )” e o idioma usado nas orações é o Yorùbá. O que temos de origem Fon, é que Nàná Bùkùú é mãe de todos os Sapatas. Portanto, Obàlúwàiyé, Omulu, Sa-ponon pode ser considerado uma só Divindade, valente guerreiro, Òrìsá conquistador e desbravador de terri-tórios, portanto cultuado para obten-ção de progresso e prosperidade. O Título de Jagun justifica a visão de ser Ele jovem guerreiro. Uma Iton conta que Saponon nasceu em Empé, território Tàpá. Ele era um valente guerreiro que acompanhado por suas tropas percorria o Céu e os quatro cantos da Terra, massacrando impiedosamente seus inimigos que morriam mutilados ou de pestes va-riadas. Chegando ao Território Mahi causou pânico aos habitantes locais, que consultaram um Bàbálawó que afirmou: “O valente guerreiro che-gou, e se tornará o Senhor deste País, fazendo esta terra rica e próspera. Se o povo não o aceitar ele o destruirá. É necessário que se faça muitas oferen-das a Ele, todas que ele goste, como: inhame pilado, feijão e farinha de milho, azeite de dendê, picadinho de carne e muita pipoca. Todos devem respeitá-lo e servi-lo. Quando o povo reconhecê-lo como Rei, Saponon não mais o destruirá.” Quando o guerreiro chegou os ha-

EBaba Efun Okun Olola

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Destaque

bitantes do local o reverenciaram, colocando suas testas no chão e gri-tando “Atótó!” (silêncio). Assim Sa-ponon aceitou os presentes dizendo: “Eu os pouparei. Em todas as minhas viagens sempre encontrei descon-fiança e hostilidade, mas aqui foi diferente. Construam um Palácio e aqui será minha moradia doravante.” Saponon instalou-se então em Mahi tornando o País próspero e rico, e nunca mais voltou a Empé. Recebeu então um novo nome “Sapata”, mas também era chamado de “Ainon/ Se-nhor da Terra” ou então “Jeholú/Se-nhor das pérolas”. Ele tem o controle das epidemias e doenças contagiosas, usando-as como punição aos que o ofendem e conduzem-se mal. Tratar Obàlúwàiyé como jovem e Omulu como velho, são configurações dos Cultos Afro-Brasileiros. Como disse o Bàbàlòrìsá T’Ògún: “ As pessoas vão conhecendo Títulos de um mes-mo Òrìsá e vão criando Divindades diferentes baseados nesses Títulos.” O nosso assunto é Omolú, de ori-gem Jeje e posteriormente cultuado pelos Yorùbá está relacionado com a varíola e doenças infecciosas e epi-dêmicas, de um modo geral. Òrìsá misteriosos, como Iroko, Òsùmàré e Nàná. Os Vodun Daometanos tem ca-racterísticas básicas que os diferencia dos Òrìsá Yorùbá, pois são associados a conceitos de castigos e punições, suas ameaças são mais graves e con-sequentes, com grande potencial de repressão ao ser humano; enquanto os Òrìsá Yorùbá são mais extroverti-dos, mais humanizados e passionais. Pierre Verger afirmava que a cultu-ra Daometana é mais antiga que a Yorùbá. O detalhe de não serem fei-tos sacrifícios a Nàná com metais, faz-se deduzir – dizia ele – que sua origem é de uma época em que não se conhecia o ferro e seus derivados, portanto, subtende-se que Ògún não

existiria ainda. Cita que Odùdúwà, O conquistador, principal divulgador da Cultura dos Òrìsá, invadiu Ilé Ifé, que era então domínio de Daomé, e lá se radicou. Assim este Obàlúwàiyé – Omolú, já existiria na Cultura Daome-tana antes da chegada de Odùdúwà. Levando assim a crer que o caráter sombrio designado a Omulu possa estar ligado ao receio do povo Yorù-bá, que não possuía em sua Cultura um Òrìsá tão violento e causador de doenças. Desta forma o mito criou a concepção que Omolú foi abandona-do por sua Mãe Daometana (Nàná) e criado pela Mãe Yorùbá (Olusa). Tudo que se relaciona com os Òrìsá, de um modo geral, são informações orais, e nessa verbalização acaba-se acrescentando ou subtraindo algo, Jeje, Fon, Ketú, cada cultura conta sua versão. O que realmente podemos afirmar é que Òrìsá compõe uma Tra-dição e não uma Ciência, e na Tradi-ção se crê, se tem fé, só na Ciência há que se provar cientificamente o que se afirma, e este não é o nosso caso. Nenhum Òrìsá ou Vodun é mais ve-lho ou mais jovem, ou possui maior ou menor poder ou força. Todos se encontram em níveis iguais e tem sua importância dentro da Natureza. Em contradição ao mito de Nàná, existe um bom relacionamento entre Omolú e Ògún, comprovada na Iton que conta estarem os Òrìsá em uma festa onde todos dançavam alegre-mente, porém Omolú ficava parado timidamente na porta. Ògún então pergunta a Nàná: “Meu irmão fica lá parado na porta, não vem dançar por que?” E Nàná responde: “Ele tem vergonha de aparecer em público por causa de suas pústulas.” Ògún leva Omulu para o mato e rapidamente tece roupas de fibras e o veste. Omulu dança alegremente e canta uma can-tiga agradecendo a Ògún. Ninguém queria dançar com ele, pois tinham

medo do que supostamente estava escondido debaixo do filá. Somente Oyá teve coragem de acompanhá-lo. Seu turbilhão de ventos levantaram as vestes de Omulu, e todos puderam ver o corpo de um homem belíssimo. Então Oyá recebeu dele o poder de reinar sobre os mortos, como recom-pensa e gratidão. Obàlúwàiyé (Rei Senhor da Terra) é saudado com a expressão: “Atótó” que literalmente significa “Silêncio”, ou ainda com: — Atótó! Omulu Oluké a Jí Béèrù Sápadà! Que se traduz: “Silêncio! O Filho do Senhor é o Senhor que grita e nós acordamos com medo e corremos de volta!” Seu elemento é a Terra, portanto seu Àsé é Dúdú (preto). Em sua dança, Omulu varre a Terra com seu Sàsàra! Este instrumento confeccionado com palitos de den-dezeiro contém todos os segredos de Omulu e representa a coletividade. Seus componentes secretos, só são conhecidos pelos Altos Sacerdotes que sabem manusear este Àsé. Tem ele o mesmo simbolismo que o Ibiri de Nàná, mostrando o relacionamen-to existente entre estes Òrìsá. O Ìlèkè de Omolú é preto (dúdú) e branco (fúnfún) mostrando o rela-cionamento direto que este Òrìsá tem com Íkú (a morte) e a Ayé (vida na terra), mas também utiliza as cores preto, branco e vermelho. Os Omo também usam Lagidigba (ìlèkè dúdú feito de chifres de búfalos).

‘Este texto foi extraído e formulado através de um apanhado de

documentos de vários autores e apostilas repassadas aos iniciados

dos Cultos dos Orixás, além de ensinamentos passados pelos

sacerdotes e guias espirituais, não sendo assim de minha única autoria.’

Nota do autorNota do autor

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ntre os dias 26 de julho e 01 de agosto, os terreiros

ma triciais que deram origem ao candomblé nagô da Bahia, disse minado em todo o país, tiveram a visita de uma comitiva nigeria-na em Salvador liderada po r Sua Majestade Imperial, o Alaafin Oyo, Obá Ladeyemi III, consi-derado o descendente di reto de Odudua, o fundador e primeiro ancestral do povo ioruba.

O rei, que exerce um papel cultural e espiritual proeminen-te devido ao fato de ser o deten-tor legítimo do poder da coroa de Xangô, participou do I Se-minário Internacional para Pre-servação do Patrimônio Cultu-ral Compartilhado Brasil-Nigé-ria. A cidade de Oyo localiza-se no Estado com o mesmo nome, na região sudoeste da Nigéria. Esta cidade foi capital de um dos maiores império s africa-nos, tendo ocupado grande par-te da África Ocidental, desde onde hoje é a Nigéria, passan-do pelo Benin e pelo Togo, até ao Gana. A autoridade máxima deste império é S.M.I. o Alaa-fin Oyo. Este rei tradicional é considerado o descendente di-reto de Odudua, o fundador e primeiro ancestral dos iorubas. Com o tráfico transatlântico de escravos, a herança cultural do povo de Oyo e as tradições de Xangô instalaram se na Bahia, dando origem aos candomblés de tradição Nagô. Estas antigas casas, muitas delas originadas no século XIX, preservaram o legado cultural do povo ioruba e deram origem a milhares de

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Em ação

E

outras que hoje se encontram espalhadas por todo o Brasil. Devido à importância da sua contribuição para a formação da cultura afro-brasileira e da cultura nacional, estes terreiros são protegidos e salvaguardados pelo Estado brasileiro, enquanto patrimônio histórico do Brasil. S.M.I. Alaafin Oyo é conside-rado guardião da cultura ioru-ba, por isso a sua visita à Bahia representa um reencontro do povo de santo com suas origens africanas. O Intercâmbio Bahia – Oyo já começou. Em junho de 2013, uma comitiva da Casa de Oxumarê, liderada pelo Ba-balorixá Sivanilton Encarnação da Mata, foi a Oyo, com o obje-tivo de estabelecer contato com S.M.I. Alaafin Oyo e outras au-toridades tradicionais. Durante esta missão, o rei tomou conhe-cimento de que os terreiros de candomblé da Bahia, responsá-veis pela preservação da cultura ioruba no Brasil, são atualmente reconhecidos pelas autoridades

brasileiras como patrimônio nacional. A proposta de inter-câmbio foi construída conjun-tamente pelos terreiros: Ilé Asè Iyá Nassó Okà (Casa Branca), Ilé Asé Opo Afonja, Ilé Iyá Omi Asé Iyamasé (Terreiro do Gan-tois), Ilé Maroialaji (Terreiro Alaketu) e Ilé Osùmàré Arakà Asé Ogodo (Casa de Oxuma-re), com a anuência de S.M.I. Alaafin Oyo, Adeyemi III.

Autoridades religiosas des-tas casas acreditam que o inter-câmbio cultural entre o Brasil e a Nigéria, cumprirá também o papel de evidenciar a impor-tância das tradições iorubas de Oyo, de tal forma a alertar o governo nigeriano para a pre-servação urgente desse patri-mônio interna cional, de valor imensurável, também para as comunidades brasileiras. Isso porque apesar de a República Federativa da N igéria dispor de instrumentos internos de proteção do patrimônio cultu-ral e histórico, tendo inclusive conquistado os tí tulos de Patri-mônio Mundial pa ra a Paisa-gem Cultural de Sukur (1999) e a Floresta Sagrada de Osun-Osogbo (2005), até o momento nada foi feito pa ra preservar a antiga cidade de Oyo.

Espera-se que este inter-câmbio possa gerar desdobra-mentos no sentido de incentivar o governo nigeriano a apoiar pesquisas sobre o patri mônio de Oyo, classificar a ci da de como patrimônio nacional e submeter uma candidatura de patrimônio mundial junto à Unesco.

Povo de axé vive momento históricoReprodução

Cartaz de divulgação do evento

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Religião

m minhas andanças e aprendiza-dos tenho participado de vários

cultos religiosos em várias nações e seguimentos dos cultos aos Orisàs, e tenho acompanhado e muito tem me in-trigado o resultado da globalização nes-ta cultura tão linda. Não posso falar dos outros, primeiro por questões éticas e segundo porque aprendi com Ifá que só devemos julgar com vivência de causa e da mesma maneira e intensidade que queremos ser julgados, então vejamos: Tenho visto muitas casas onde a prática do Candomblé e de Umbanda deixou de ser um culto religioso e passou a ser um evento social (não que em uma fa-mília não deva haver eventos sociais), ou seja, o pessoal está mais preocupa-do com a beleza e os comes e bebes do que em cultuar os Guias e ou Orisàs. Rechilieu, bordados, babados, colares e firulas são mais importante que o bater cabeça no chão. Muitos adeptos pro-curam e confundem a beleza das festas e roupas de sacerdotes em vez de firme-za e axé. Não estou dizendo com isso que o Culto tem que ser no chão batido e que devemos usar farrapos, não, lon-ge disso, simplesmente estou afirmando que a força de axé não está em roupas, colares e enfeites, a força vem do co-ração e da cumplicidade exercida entre a tríade Sacerdote- Consulente/filho- Orisà, é isso que norteará o bom resul-tado a real força de Axé. Quando meu Orisà nasceu ele estava de pé no chão (descalço), nas várias oportunidades que vi meu Sacerdote tomado pelo seu Orisà, ele sempre está de pé no chão, e ele já é iniciado há mais de 33 anos, e sempre que vejo um Orisà em terra ele se apresenta com o pé descalço. Então podemos entender que se ele, Orisà, não ostenta e não se apega em glamour, por-que eu, como reles mortal tenho a obri-gação de me encher de badulaques?? E agora sim, partindo dessa premissa, onde encontro maior axé, em um terrei-ro que tem 1000 m2 com luzes neon e com assentamentos Ojubos de 1 metro de altura, ou no terreiro da mãe Ma -ria, que toca com muita dificuldade no fundo da casa alugada dela?? Amigo, a resposta é sempre simples: Não Sei, realmente não é nesta primeira visão de ostentação que posso julgar, tudo vai

depender do empenho, do amor, do dia a dia, da afinidade e perseverança que ambos dedicarem ao culto e aos Orisàs. Orisà não é pirotecnia como tenho vis-to, Orisà é diário, é um ancestral que convidamos para entrar em nossas vidas e como nossos amigos, devemos estar sempre atentos a este elo e desprendi-mento para que esta verdadeira amizade se perpetue, e assim atingir o verdadei-ro Axé. Outro ponto que tem muito me alertado e não foge deste assunto, é refe-rente a custos de rituais e feituras de no-vos iniciados no culto, nem todo adepto necessariamente precisa ser iniciado, iniciamos alguém quando este tem vo-cação sacerdotal e ou caminhos no culto de Orisà, A iniciação não é uma varinha de condão que vai acertar de vez a vida do iniciado, isso vai depender de uma série de fatores, e muitas vezes fatores que passam mais pela mudança pessoal do iniciado do que os atos litúrgicos do Rito (isso já é ponto para um novo tex-to que em breve iremos colocar). Fora o pingue pongue que muitos fazem de terreiro em terreiro, de culto em culto, e sempre saem falando que o Pai fu-lano é marmoteiro e que a Mãe fulana é louca, e por aí vai, tudo porque eles não conseguiram fazer os milagres que o Filhinho queria que caísse dos Céus. Será que não é o comportamento, e ou aceitação do Filho/consulente que estão errados?? Temos também que levar em conta o despreparo de algumas pessoas que se dizem sacerdotes, e não o são, não que não tenham anos de experiên-cia, mas apesar de estarem na religião há anos, não sabem fazer o O com o co po, e inventam ou fazem ritos mira-bolantes, visando unicamente o lucro financeiro, e não o resultado e auxílio a aquele ser desesperado e desinformado que está aos seus pés. Outra coisa que dói é ouvir de um Sacerdote, fulano te fez Orisà errado! Que merd... é essa?? co mo fez errado?? Orisà não deu Run? não deu Orunko? Ou então tava todo mundo brincando na iniciação e na festa ? O que pode acontecer são ritos mal feitos, existem sacerdotes despre-parados, caminhos de Ebós mal dados, interpretação de “ODU” mal feitas, Sa-sanhas pela metade, Àdúrà misturadas, Igbà sem propósito, Oriki sem pé nem

cabeça e OFO sem vinculação de AXÉ (a força que realiza). Existem vários sa-cerdotes acomodados em cima da sua fama colocado cabresto em seus filhos e inventando o que não existe, somen-te no intuito de explicar os altos custos cobrados. E aí sim não é o Orisà que é errado e sim o rito. Volto a dizer, quem é feito em umbanda não é feito em candomblé e quem é iniciado em Jeje não é iniciado em Angola e por aí vai, são ritos e cultos diferentes, com rezas diferentes e com Energias diferentes. Logo, um assentamento de Angola de Lemba é diferente de Lissa e é por sua vez diferente de Orinsaalá, irão todos ter algumas peculiaridades, mas não serão iguais. A grande verdade, e vejo até pelos atendimentos que faço, tenho pessoas que passam pelos catiços e não acreditam na sua força, pois eles fazem seus trabalhos na caridade sem custos e preferem pagar um jogo comigo e tirar um Ebo que terá o mesmo resultado, só que ai com o custo ele acha que tem mais força, besteira, aí vão me questio-nar porque então o Sr. faz o jogo e tira o ebo? Simples, porque o Ori da pessoa é soberano e só tenho como transmitir o axé necessário à pessoa se o seu pró-prio ORI aceitar, só assim terei êxito. E assim eu digo, seja humilde, pois Orisà é pé no chão, trate-o com Nobreza, Ele merece, nós humanos somos reles ins-trumentos de Axé.

Orisà é pé no chãoE

Nota de esclarecimento: Não sou o dono da verdade abso-luta e muito menos da grande sabedoria do Universo, cada Casa é uma Casa, cada Casa tem seu Axé e ensinamento, não devemos nem podemos subjugar a ninguém, o Uni-verso pertence a Olodumare, a Sabedoria encontramos em Orunmila e o Juiz é Esù.

Adúpé Quem sou? Eu sou Baba Efun Okun Olola, dirigente e Comandante Chefe de Terreiro da “Tenda Pai Cipriano”, tendo começado meus estudos em es-cola salesiana e posteriormente Kar-decista, iniciei na Umbanda em 1984, sendo coroado pelos ritos Tradicionais de Umbanda em 1988, sou iniciado na Nação Ketú, sendo hoje, Baba Efun da “Egbè Ogun ati Orunmila” (dirigida pelo Sacerdote Ifaleye/ Baba Cícero Onitadewa) e estudante e seguidor da Filosofia de Ifá (tradicional religião aborígene africana).

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m Discípulo de Jurema passa por vários graus de desenvol-

vimento para se tornar um padrinho mestre, que é o grau que um Juremeiro pode chegar. Os graus são os seguintes:

1º - Discípulo Apontado.2º - Discípulo Consagrado.3º - Mestre.4º - Padrinho.5º - Padrinho Mestre. Discípulo Apontado: É a pessoa que é convidada para fazer parte das seções de jurema começando daí seu desen-volvimento e seu primeiro contato com o mundo invisível. Nesse estágio ela

pode percorrer um dos caminhos dos discípulos, que é o do Curupiro (Guar-dião da Jurema – o mesmo que ogã no candomblé, eu prefiro Guardião, segun-do Rio Verde, o Guardião da jurema é o Juremeiro principal dentro de um Caa-timbó) que é uma pessoa que auxilia os mais velhos nas seções, entregando os materiais pedidos pelos espíritos, ou ar-rumando o ambiente para a sessão, não entram em transe (não há acostamento), o outro caminho é o da Caixa que são

O que é o culto da Jurema?Religião

Os Mestres e Mestras: São es-píritos dos antepassados, pessoas que quando vivas cultuavam a Jurema e que depois de desencarnarem traba-lham nas sessões de jurema.

Os Encantados: São espíritos ele-mentares ou sendo espíritos ligados à natureza que no momento da morte se encantaram em animais e plantas.

Os Príncipes: São parecidos com

os encantados com a diferença de que estão ligados à natureza, mas não se encantaram em plantas nem animais.

Os Reis e Rainhas: Espíritos mile-

nares que por sua antiguidade podem atuar nos fenômenos naturais em be-neficio da humanidade.

Os mestres e as mestras são de dois tipos: os que trabalham na direita, ou seja, executam trabalhos de construir, e os que trabalham na esquerda, que são os responsáveis por destruir cer-

tas situações. Os Mestres e as Mestras vêem em diversas linhas ou chamadas, as principais são:

Caboclos: Espíritos mistos de índios

com brancos e geralmente são todos oriundos do norte e nordeste do Brasil.

Boiadeiros: Espíritos sertanejos li-

gados ao interior do nordeste, havendo algumas exceções quanto a espíritos que vem de 4 outras regiões do país e do mundo, são ligados a vaquejar gado.

Pajés: Espíritos de antigos indígenas

das terras brasileiras. Ciganos: Espíritos errantes que tem

atuação nos trabalhos de magia Euro-péia e Oriental são Juremeiros somente aqueles que foram para o nordeste e ti-veram contatos com os índios.

Curadores: Espíritos de médicos re-

zadeiras e xamãs, raizeiros.

Mãe Emília de Ayrá[email protected]

parte final

U

pessoas que entram em transe (os mes-tres acostam). Discípulo Consagrado: É o que pas-sou pelos rituais de confirmação, consa-gração, e cimentação, tanto o Curupiro (Guardião da Jurema), quanto a Caixa passam por esses rituais.

Mestre: É a pessoa que tem condi-ções de atender as pessoas através de sua ciência. Padrinho: É o discípulo que inicia novos discípulos no culto de jurema.

Padrinho mestre: É o discípulo que é a raiz de vários grupos de catimbo-zeiros.

Pretos Velhos: antigos rezadores do Brasil, de descendência africana são homenageados, porém nem sempre são Juremeiros, os que são Juremeiros levam o nome de Mestre antes de seus nomes.

Andam muitos por ai dizendo-se Ju-remeiros, mas como em toda religião o culto em si não é ruim, algumas pes-soas que estão na religião é que são ruins, devemos tomar cuidado e buscar orientação através de indicações, pois a melhor propaganda é “boca a boca”. Se um Juremeiro é realmente de fato um mestre, ele será indicado por pes-soas satisfeitas com seu atendimento e trabalho bem feito e claro com sua honestidade.

Visite uma casa de Jurema, antes de julgar e sair falando do que não co-nhece, primeiro conheça para poder comentar com conhecimento de causa e ser justo, sendo assim desejo a vocês muita saúde e paz, e que a Jurema sa-grada os abençoe em nome de Deus!

Os espíritos da Jurema

Obs.: tanto a Caixa quanto o Curupiro

(Guardião da Jurema) podem ter ciência

para se tornar um padrinho mestre.

Mãe Emília de Ayrá,dirigentedo Ylê Asé AyráTunji

Foto: Arquivo

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Religião

Mário A. da Silva Filho

Babalorixá Ornato José da Sil-va afirma, em seu livro, “Cul-

to Omolokô: os filhos do Terreiro”, que a palavra Omolokô é de origem Yorùbá e significa: Ọmọ (filho) e Oko (fazenda). A fazenda, para o autor, se-ria a zona rural onde esse culto, por causa da repressão policial que havia naquela época (início do século XX), era realizado, ou seja, na mata ou em lugar de difícil acesso, no interior das fazendas que abrigavam ex-escraviza-dos. Talvez, por cau sa disso,segundo o autor, possamos teorizar que hoje te-mos as denominações de “Terreiro” e “Roça” para os lugares onde os cultos afro-brasileiros e de matriz africana sãorealizados. Pode-se relacionar o significado da palavra Omolokô, tam-bém, com o Òrìṣà Oko, Orixá da agri-cultura ou com o Òrìṣà Irókò, Orixá que habita a árvore de mesmo nome. Algumas fontes dão conta de que a ori-gem do nome Omoloko, também está ligada ao povo Loko. A tribo Loko es-tava divida em tribos menores ao lon-go dos Rios Mitombo, Bênue e Níger, e no litoral de Serra Leoa. Sua cidade principal era Lokoja, que ficava muito próximo ao reino Yorùbá. Crê-se que alguns escravizados do povo Loko, no Brasil, vieram a formar o que alguns chamam de Nação Omolokô. No culto Omolokô as divindades possuem no-mes em língua Yorùbá, Fon-Ewe ou Congo-Angola. Na maioria dos Ter-reiros Omolokô há o culto aos Orixás, em semelhança ao Candomblé Ketu, por issosão utilizados os Oríkì (poe-mas laudatórios) para homenageá-los e são assentados de forma semelhante. Os Orúkọ (nomes iniciáticos) são da-dos por meio da consulta ao jogo de búzios. Podemos afirmar que o nome Omolokô define um culto originário do Rio de Janeiro com práticas rituais e de culto aos Orixás e que aceita cul-tos aos Caboclos, aos Pretos-velhos e demais Entidades Espirituais da Um-banda. O culto Omolokô é apontado por estudiosos do assunto e pratican-tes como um dos principais influen-ciadores da formação da Umbanda

africanizada ao lado do Candomblé de Caboclo, da Macumba, da Cabula e do próprio Candomblé. Para o músico e escritor Nei Lopes o Omolokô seria um “antigo culto banto cuja expansão se verificou principalmente no Rio de Janeiro, na primeira metade do Séc. XX. O nome liga-se provavelmente ao quimbundo muloko, ‘juramento’; ou ao suto, moloko, ‘genealogia’, ‘geração’, ‘tribo’. Na Angola précolonial, Ngana-ia-Muloko era o sacerdote encarregado da proteção contra os raios”. (2004, p. 497). A Umbanda Omolokô foi or-ganizada por Tata Tancredo da Silva Pinto, cujo nome iniciático (Sunna) era Fọ̀lkétu Olóròfẹ̀. Para ele, o culto Omo-lokô chegou ao Brasil proveniente do sul de Angola, onde era praticado por uma pequena tribo pertencente ao gru-po Lunda-Quiôco, que ficava às mar-gens do rio Zambeze, que lhes forne-cia alimentação no período das cheias. Tata Tancredo afirmava que “a Umban-da é (gn) africana, é um patrimônio da raça negra” e que achava graça quando ouvia os “líderes da Umbanda Branca dizendo que a religião [apenas] so-fre influência das tradições africanas” (FREITAS e PINTO, 1957, p. 58). Para ele, a Umbanda é um culto de origem africana e esse viés africanista da Um-banda pode ser visto em uma de suas afirmações: “Terreiro de Umbanda que não usar tambores e outros instrumen-tos rituais, que não cantar pontos em linguagem africana, que não oferecer sacrifício de preceito e nem preparar comida de santo, pode ser tudo, menos Terreiro de Umbanda.” Para afirmar a característica africana da Umbanda e dar uma formação intelectual aos pra-ticantes do Omolokô, organiza no Rio de Janeiro o primeiro curso de língua e cultura Iorubá. Na Umbanda Omolokô

há o culto aos Orixás (se tiver um viés Ketu), aos Bacuros e Inkices (se tiver um viés Angola Bantu) ou Voduns (se tiver um viés FonJêje). Há também o culto às entidades encontradas em ou-tras vertentes de Umbanda tais como Pretos Velhos, Boiadeiros, Baianos, Marinheiros, Crianças, Exus, Pomba Gira (Bombogira) e outras entidades encontradas no Catimbó-Jurema, Toré, Babaçuê, Tambor de Mina etc. Várias casas de Umbanda, cujas formas de culto são consideradas de cunho afri-canista, originaram-se do culto Omo-lokô, ou das antigas Casas de Macum-ba que, mais tarde, foram reconhecidas como praticantes do culto Omolokô, especialmente depois da divulgação de suas práticas nos livros escritos por Tata Tancredo da Silva Pinto. Essas Casas mantiveram uma estrutura de culto aos Orixás, em harmonia com os guias espirituais. Sobre a Umban-da Omolokô, podemos ver no sítio de Internet da Federação de Umbanda do Brasil (FUB) a seguinte afirma-ção: “Não objetivamos afirmar que a Umbanda Omolokô seja a melhor ou a pior. Em minha concepção a Omolokô é a mais ‘original’, no sentido de ma-nifestações, é a que mais se próxima daquilo que as entidades que povoam os cultos afro-brasileiros ou afro-ame-ríndios representam. No Omolokô as entidades não precisam se utilizar dos comportamentos ‘doutrinados’, em que tudo é padrão. As entidades podem se manifestar livremente e isso é muito desejável. Os Babalorixás e Yálorixás não determinam como as entidades de-vem se manifestar, apenas determinam como deve ser o comportamento ético do médium, colaborando com seu crescimento espiritual, atraindo para si entidades de Luz.”

O

Breve introdução à Umbanda Omolokô

Sacerdote, Dirigente do Templo Espiritual Pantera Negra. Especialista e Mestre em Ciências da Religião pela PUC/SP. Professor do Programa de Pós-Gradução em Ciências Policiais

Referências:

● FREITAS, Byron Torres de & PINTO, Tancredo da

Silva. Camba de Umbanda. Rio de Janeiro: Editora

Souza, 1956.

● LOPES, Nei. Enciclopédia brasileira da diáspora

africana. São Paulo: Selo Negro, 2004.

● OMOLU, Caio de. Umbanda Omolocô: liturgia, rito

e convergência. São Paulo: Ed. Ícone, 2002.

● SILVA, Ornato José da. Culto Omoloko: os filhos

do Terreiro. Rio de Janeiro: Rabaço Editora, s/d.

Reprodução

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K O U M B A

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Curumim

Koumba e o tambor diambê

ÁFRICA

CANÇÃO

CORAÇÃO

DIAMBÊ

KOUMBA

NEGRO

RACIAL

TAMBOR

Pinte o pequeno Koumba e seu diambêlivro fala sobre Koumba, um pequeno menino, mui-

to alegre e de um imenso sorri-so, que adora tocar diambê, que adora tocar tambor. E o diambê toca o coração de Koumba. A melodia do diambê alegra as ca-sas, as ruas, toda a cidade e via-ja longe pelo ar. Koumba ouve a canção do tambor, canção que veio da África, canção do povo negro. O tambor toca a canção da alegria, o tambor toca a can-ção da liberdade. Vamos viver as diferenças e acabar com o preconceito racial.

◄CRUZADINHA

O

Escritora: Madu CostaIlustração: Rubem Filho

Editora: Mazza

Revista Axé Campinas incentiva a implantação da Lei 10.639, que institui o ensino da cultura

africana e afro brasileira nas escolas.

Indicação de Leitura e

atividade por Dinah D’Iansã

Ilustração: Reprodução

Ilustração: Rubem Filho

O

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Ê I L

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6 e 7 ‐ EXPO AFRO BRASIL 2014/ SP – Congresso & Feira da Cultu-ra Afrobrasileira, Indígena e Cigana – Artesanato, oficinas e palestras - Aberta ao públi-co e entrada gratuita – Local: Parque do Trote – Vl Gui-lherme/ SP – Mais informa-ções: (11) 3453.6175

9 a 11 ‐ KILOMBISMO/ RJ – Identidade, Tradição, Edu-cação – Atividades progra-madas Palestras, Seminários, Rodas de Reflexão, Feira de Arte Afro e Indígena - Local: Pucc Rio – Gávea/ RJ – Mais informações: (21) 9.9203-6035 – www.facebook.com/panoramaafro

13 ‐ SARAU DO AXÉ – MUSICAL E CULTURAL / CAMPINAS – O evento que traz como convidado especial Pai Él-cio de Oxalá, diversas atra-ções e atividades culturais,

Jongo Dito Ribeiro, além de exposição de livros e artigos religiosos. – Será dia 13 de Setembro às 16:30hs – Local: Fazenda Roseira – Realiza-ção: Saravaxé.

14 ‐ 5º SEMINÁRIO MUXIMA DIA MUHATU/ CAMPINAS – O evento propõe um espaço de discussão e um olhar das Comunidades Tradicionais de Terreiro para a prevenção, diversidade e saúde sexual, tendo a representatividade de Movimentos Sociais, Pro-fessores e Doutores e ainda o poder público trazendo as políticas referentes do muni-cípio – Informações: [email protected]

20 e 21 ‐ CIRCUITO GITANO 2014/SP – Um evento especialmente dedicado à dança e a cultu-ra cigana. Serão 19 oficinas de dança, 05 palestras e 01 workshop – Dias 20 e 21

de Setembro – Informa-ções e inscrições: www.circuitogitano.com – (11) 2307.5001.

21 ‐ 7ª. CAMINHADA EM DEFESA DA LIBERDADE RELIGIOSA / RJ – Caminhando a gente se entende. Eu tenho fé. Realização: Comissão de Combate à Intolerância Religiosa – acontecerá dia 21 de setembro às 11:00h – Local: Orla de Copaca-bana / RJ.

21 ‐ 5º FESTIVAL DE CURIMBA “UM GRITO DE LIBERDADE” / SP – As incrições já estão abertas, com vagas limita-das. Será dia 21 de Setem-bro – Local: Casa de Show Expresso Brasil – Organi-zação: Aldeia de Caboclos

Mais informações: (11) 2796.4374.

AgendaSetembro

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rtista autodidata, estudiosa da ciência apaixonouse pela

genética. Fez PhD na UNICAMP em Ciências Biológicas; foi professora da PUCSP em História da Ciência. Esses 20 anos nessa área de pesquisa, deixou como herança uma estética visual de formas orgânicas e colorido intenso que é identificado em sua expressão artística. Pinta, borda, cola, pinta com tintas diferentes. Tanto pinta que pintou exposições individuais e coletivas realizadas no Brasil e no exterior desde 2006. Empreendedora, fundou em 2007 o espaço coletivo Céu Aberto. Um Hub de profissionais orientados para arte, terapias integrativas e educação para

Luz Castañeda expõe ERVAS E SEUS ORIXAS na FCM- UNICAMP

▪Casa de Pintar Rua Cássia, 255Campinas – SP – 13085‐140 fone (19) 98177‐1137

▪Contato: [email protected]

▪Site:facebook.com/luzia.castaneda1

paz. Atualmente sob nova coordenação. Adora a Frida Kahlo, fez sua cadeira e ganhou o prêmio 2012 Instalação Jardim de Frida. Salão de Artes Plásticas Wal demar Belizário. Curadora desde 2012 do Espaço Arte. Uma pop up galeria, idealizada pelo show room do Ateliê Revestimento, Campinas.

(Mais informações e fotos no site

www.axecampinas.com.br)

A

Luz Castañeda: formas orgânicas e coloridos

intensos como tema de pesquisa

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Foto: Reprodução


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