Download - Revista 04 - SBOT-ES - jan/fev/mar 2009
Entrevista
Hélio BarrosoDe médico para médico: perito judicial fala sobre a importância de conhecer a legislação.
4 Matéria especial Acidentes em Mergulhos
O que põe em risco os momentos de lazer na água?
10
Carta do Presidente
Artigo
Social
Dicas SBOT-ES
Raio X
Vida Leve
SOCIEDADE BRASILEIRA DE ORTOPEDIA E TRAUMATOLOGIA REGIONAL ESPÍRITO SANTO
Informativo
04 2009
jan / fev / mar
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ssumir a presidência de uma
instituição como a Sociedade
Brasileira de Ortopedia e Trau-
matologia, Regional Espírito Santo (SBOT-
ES) mais do que uma honra, é um desafio.
É a oportunidade de atuar em prol de uma
classe de profissionais, de promover ações,
de estabelecer metas e de cuidar para que
elas sejam cumpridas. É com esta certeza
que iniciamos 2009.
Neste ano, além de manter os incen-
tivos às produções científicas, foco da
gestão anterior, uma das prioridades da
Sociedade será a de promover a defesa
da classe profissional, buscando principal-
mente uma remuneração mais justa.
Um projeto ousado será a tentativa
de trazer um curso de perícia médica para
formar ortopedistas peritos, estimulando
assim a atuação de profissionais nessa
área. Além disso, o apoio às residências
médicas do Espírito Santo e às Ligas de
Trauma, da Ufes e da Emescam, também
está em nossos planos. Do mesmo modo,
Carta do Presidente
João Carlos de Medeiros TeixeiraPresidente da SBOT-ES
DiretoriaPresidente: Dr. João Carlos de Medeiros TeixeiraPrimeiro Vice-Presidente: Dr. Alceuleir Cardoso de SouzaSegundo Vice-Presidente: Dr. Adelmo Rezende F. da CostaPrimeiro Secretário: Dr. Thanguy Gomes FriçoSegundo Secretário: Dr. Adelmo Rezende Ferreira da CostaPrimeiro Tesoureiro: Dr. Antônio Tamanini Segundo Tesoureiro: Dr. Paulo Henrique Paladini
Conselho Fiscal Dr. Carlos Henrique O. de Carvalho Dr. Mássimo Nelson C. E Gurgel Dr. Flávio Vieira Somoes Dr. Ruy Rocha GusmanDr. Fábio Vassimon JorgeDr. Bianor Guasti Júnior
DelegadosDr. Geraldo Lopes da SilveiraDr. Jorge Luiz KrigerDr. Roberta R. Silveira
Comissão ExecutivaDr. João Carlos de Medeiros Teixeira
Dr. Anderson De NadaiDr. Alceuleir Cardoso de SouzaDr. Adelmo Rezende F. da CostaDr. Marcelo Nogueira da Silva
Comissão de Ensino e TreinamentoDr. Marcelo Nogueira da SilvaDr. Nelson EliasDr. Roberta R. SilveiraDr. Alceuleir Cardoso de SouzaDr. Marcelo Rezende da SilvaDr. Adriano de SouzaDr. Edmar S. da Silva JuniorDr. Jair Simmer FilhoDr. Eduardo Hosken Pombo
Comissão de Ética, Defesa Profissional e Honorários MédicosDr. Hélio Barroso dos ReisDr. Emídio Perim JúniorDr. Fernanda Silveira SilvaDr. José Eduardo Grandi Ribeiro Filho Dr. Sebastião A. M. de Macedo
Comissão de Estatuto e RegimentoDr. Anderson De NadaiDr. João Carlos de M. TeixeiraDr. Alceuleir Cardoso de Souza
Dr. Adelmo Rezende F. da Costa
Comissão de Campanhas Públicas e Ações SociaisDr. José Fernando Duarte
Dr. José Carlos Xavier do Vale
Dr. José Lorenzo Solino
Dr. Rounilo Furlani Costa
Dr. Francisley Gomes Barradas
Comissão de PresidentesDr. Pedro Nelson Pretti
Dr. Roberto Casotti Lora
Dr. José Fernando Duarte
Dr. Eduardo Antônio B. Uvo
Dr. Geraldo Lopes da Silveira
Dr. Hélio Barroso dos Reis
Dr. Jorge Luiz Kriger
Dr. José Lorenzo Solino
Dr. Akel Nicolau Akel Júnior
Dr. Clark M. Yazaki
Dr. Anderson De Nadai
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Dr. Adelmo Rezende F. da Costa
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A pretendemos trabalhar em conjunto com
a nacional, sobretudo em campanhas,
como a que apoiamos recentemente sobre
prevenção de acidentes.
Para estimular as produções científicas
de nossos profissionais, redobraremos os
esforços para viabilizar uma sala dentro
de nossa própria sede e criar um espaço
exclusivo para pesquisas, com o devido
suporte necessário. A preocupação com a
realização de estudos na área ortopédica
também justifica as jornadas, os congres-
sos e os workshops previstos para 2009.
Em todos eles, continuaremos a convidar
profissionais capixabas para participar dos
eventos a fim de incentivá-los a produzir.
São horizontes que pretendemos alcan-
çar com muito empenho e dedicação. E os
beneficiários de todo esse processo não
são apenas aqueles que compõem esta
sociedade. Trata-se de uma conquista da
ortopedia estadual como um todo, que se
desenvolve e ganha ainda mais represen-
tatividade em nível nacional.
Nova gestão, novos desafios
Div
ulg
ação
Artigo
O que é? O manguito rotador é um grupo de músculos (subescapular, supra-espinhoso, infra-
espinhoso e redondo menor) que cobre a cabeça do úmero e tem especial importância
na estabilização, na força e na mobilidade do ombro. Ele pode sofrer lesões em grandes
traumas, porém o mais frequente é a lesão crônica com graus variáveis, que vai desde
um pequeno edema até a uma ruptura total de um ou mais músculos do manguito.
É sabido que existe relação entre a síndrome do impacto e a degeneração do manguito.
O impacto ocorre entre o manguito (geralmente no músculo supra-espinhoso), entre a
porção antero-inferior do acrômio, entre o ligamento córaco-acromial e entre a articu-
lação acromioclavicular.
O que se sente? A síndrome do impacto e a consequente lesão do manguito rotador ocorrem em fases
evolutivas:
Fase 1: edema e hemorragia
Fase 2: fibrose e tendinite
Fase 3: ruptura do tendão
Na fase 1, que é mais comum em jovens - mas passível de suceder em qualquer idade -,
surgem dores no ombro e na face lateral do braço relacionadas a movimentos repetidos
de elevação. A limitação de mobilidade e crepitação são possíveis consequências. Os
sintomas na fase 2 se assemelham. Contudo, esses estágios são reversíveis.
Com a progressão da lesão, pode ocorrer a ruptura do tendão, geralmente em pa-
cientes acima de 45 anos e com longo período de sintomas prévios. Na fase 3, além da
dor - que frequentemente é noturna - graus variáveis de perda de força, de elevação,
de abdução e de rotações, podem acontecer, é claro, dependendo do local e tamanho
da ruptura.
Como se faz o diagnóstico? Como em qualquer patologia, a anamnese e o detalhamento dos sintomas são funda-
mentais (localização da dor, frequência, intensidade, fatores desencadeantes).
O raio X simples, a ecografia e a ressonância magnética são úteis na confirmação do
diagnóstico, pois determinam a extensão da lesão.
Como tratar? Nas fases iniciais o tratamento é clínico. Analgésicos e anti-inflamatórios; evitar mo-
vimentos e atividades que provoquem dor; fisioterapia; reforço muscular e eventual
infiltração são as indicações.
Quando a terapia clínica não for eficaz e nos casos em que o tratamento cirúrgico é
mandatório (lesões traumáticas e pacientes jovens com lesão completa) a intervenção
cirúrgica se faz necessária. Neste caso, vários aspectos podem ser abordados. São eles:
acromioplastia, retirada de osteófitos acromioclaviculares, sutura do manguito, desbri-
damento da lesão e bursectomia, capsulotomia posterior, entre outros.
A cirurgia pode ser aberta ou artroscópica. Com o desenvolvimento das técnicas de
artroscopia nos últimos anos, cada vez mais a patologia do manguito rotador tem sido
tratada dessa forma.
Como prevenir? A melhor forma de prevenção é detectar e tratar a patologia no seu início, quando ele
ainda é reversível. Sabe-se hoje que a boa força muscular é fundamental para a função
normal do ombro. Também é indispensável tratar outras doenças, tais como instabili-
dades, retrações e desequilíbrios musculares que possam levar à lesão secundária do
manguito.
Lesões do Manguito RotadorAnderson De Nadai | Ortopedista, especialista em cirurgia do ombro e cotovelo
3Informativo SBOT-ES | 1º trimestre 2009
Entrevista
o dia 16 de maio de 2009, na ci-
dade de Vitória, a Comissão de
Ensino da Sociedade Brasileira
de Ortopedia e Traumatologia, Regional
Espírito Santo (SBOT-ES) propiciará aos
seus associados a oportunidade de partici-
par de um curso de Perícia Médica Judicial,
ministrado pela A. Couto Advogados As-
sociados. Segundo o ortopedista capixaba
Hélio Barroso, o curso é um dos mais impor-
tantes do País, pois traz informações que
devem ser não só do conhecimento daque-
les que buscam se especializar em perícia
médica, mas para médicos de qualquer
outra especialização. A explicação? Não
se faz mais medicina como se fazia num
passado recente. Naquela época, o exercí-
cio da profissão era cercado de uma aura
de divindade e os desígnios dos doutores
não eram discutidos, pois estes eram tidos
somente como intermediários da vontade
divina. Nos últimos anos, isso mudou e
os médicos têm sido, cada vez com mais
frequência, alvo de processos indeniza-
tórios, criminais e éticos. Nesta entrevista,
Hélio Barroso, perito médico judicial nas
áreas cível e trabalhista desde 1977 - que já
foi presidente da própria SBOT-ES e da As-
sociação Médica do Espírito Santo (Ames)
- e que também desempenha as funções
de diretor da Associação Médica Brasileira
(AMB) e membro do Conselho Regional de
Medicina do Espírito Santo (CRM-ES), en-
tre outras atribuições, fala um pouco so-
bre a atividade de perito médico e faz um
importante alerta: médicos que não têm
a mínima noção jurídica deveriam
começar a olhar esta questão
com mais interesse caso
queiram evitar possíveis
transtornos no futuro.
Processos indeni-zatórios, criminais e éticos contra médicos aumen-taram muito nos últimos tempos. As-sim, é necessário que eles tenham uma visão ampla de questões como responsabilidade civil, pe-nal e ética? É indispensável conhecer, mesmo que super-ficialmente, um pouco sobre perícia médica?
Sem dúvida. Eu sempre digo que
o médico deve reservar pelo menos
duas horas a cada semana para se
atualizar sobre esses assuntos.
O médico não é Deus, por-
tanto, está sujeito a erros.
Hoje, muitos de nós somos
submetidos a trabalhos
em ambientes minima-
mente apropriados. Falta
estrutura adequada na
maioria dos hospitais
públicos. Com o aumen-
to indiscriminado das
faculdades de medicina,
a qualificação de no-
vos profissionais ficou
a desejar e estes são
lançados num mun-
do completamente
diferente do que
era há 40 anos.
Hoje, somos
NHélio Barroso
4 Informativo SBOT-ES | 1º trimestre 2009
questionados até pelo Código de Defesa do
Consumidor (CDC). Por isso temos que con-
hecer um pouco sobre perícia médica, até
mesmo para nos defender, pois a qualquer
hora poderemos virar os réus.
Também é importante angariar ex-
periências nos Conselhos Regionais de Me-
dicina (CRMs) para aprender, por exemplo,
como funciona uma sindicância. Precisamos
saber lidar com todo o tipo de conflitos.
De certa forma, este aumento de ques-tionamentos nos CRMs, e na justiça, potencializa a profissão de perito.
As cobranças via judicial acerca de pro-
cedimentos médicos aumentaram 80% nos
últimos cinco anos. Portanto, a tendência
de valorização deste profissional é cres-
cente, assim como a exigência por profis-
sionais mais qualificados é cada
vez maior.
O que é necessário para ser perito e como se capacitar?
Todo médico é um perito por forma-
ção. Quando ele se forma, já é um técnico
em medicina. No Brasil, o médico pode ser
perito previdenciário ou judicial. Para am-
bos, é necessária a filiação em suas respec-
tivas entidades médicas e a entrega de um
currículo nas varas em que pretende atuar,
que podem ser cível, trabalhista, criminal e
até da família. Para o perito previdenciário
é necessário, além dos itens já citados, con-
hecimentos de legislação previdenciária.
De posse deste currículo, os Juízes no-
meiam aqueles que podem melhor auxiliá-
los dependendo da especialização que o
processo exigir. É aí que entra a capacita-
ção do médico, suas especializações através
de cursos. Um bom perito, e isso vale tam-
bém para todos os médicos, precisa ter
conhecimentos de medicina de trabalho e
economia da saúde; precisa entender como
funciona o sistema de saúde do país em
que ele vive para poder elaborar um bom
laudo e também se defender, quando for
preciso.
Em alguns países, como a França, não
basta ser formado em medicina. Lá, em-
bora o conhecimento geral dê ao médico
o aval técnico, ele não pode exercer esta
especialidade. Antes disso, é necessário
fazer dois anos de especialização, com
aulas de legislação previdenciária, de pro-
cesso civil e uma série de outras normas
que contribuem para a elaboração de um
laudo com todas as especificações técnicas
exigidas.
Assim como a França, não seria hora do Brasil caminhar nesta mesma direção?
Já estamos caminhando. O Projeto
Diretrizes AMB/CFM, lançado em outubro
de 2000 e ainda em desenvolvimento,
será o primeiro balizador das condutas
médicas. Ele veio para preencher este
vazio que estava sendo muito ques-
tionado pela justiça brasileira. Agora,
não bastará somente a experiência
do médico. A Medicina Baseada em
Evidência (MBE) direcionará essas con-
dutas, que serão publicadas nacional e
internacionalmente.
No último Congresso Nacional da
SBOT, em Porto Alegre, foi lançado 7º volume
do projeto. São 40 diretrizes exclusivas da
área ortopédica. Seis ortopedistas capixa-
bas participaram da elaboração dessas con-
dutas. Eu fui um deles e respondi por três
delas.
O 9º volume, também voltado para a
ortopedia, já está em andamento e conterá
mais 40 diretrizes. O mais importante é que
elas deverão ser constantemente revisadas,
pois as condutas médicas também passam
por modificações, uma vez que medicina
praticada no interior tem particularidades
diferentes da exercida nos grandes cen-
tros.
Além dessas diretrizes e dos conheci-mentos que você já citou, o que mais o médico precisa saber para elaborar uma boa perícia?
Precisa entender de Direito Médico e
conhecer bem o Código de Ética Médica,
pois nenhuma das condutas/diretrizes que
ele for executar estará isenta de respeito
ao Código. O capítulo 12 do Código fala so-
bre as responsabilidades do médico perito,
do médico auditor. Mas, volto a repetir, isso
serve para todos os médicos.
Qual a diferença entre perito e assis-tente técnico?
O assistente técnico é um perito médi-
co. Só que o assistente, mesmo respeitando
todas as normas, cumprindo o que reza o
Código de Ética Médica, trabalha para o
réu ou para o impetrante da ação. Fun-
ciona como se fosse um “promotor” ou
um “advogado de defesa”. Já o perito é de
confiança do juízo. É através do laudo dele
que o juiz irá balizar a sua decisão. Ou seja,
quem julga e decide é o juiz.
E qual é a perícia mais difícil?Trabalhei em mais de 300 perícias.
Quem conhece do assunto sabe que é um
número considerável. Em algumas atuei
como perito e em outras como assistente
técnico. As perícias mais difíceis são as que
envolvem crianças e incapazes. Emocional-
mente o médico precisa estar preparado
para o que vai enfrentar; para apresentar
de forma imparcial um laudo técnico de
muita responsabilidade que será um ponto
chave na decisão que o juiz irá tomar. Elas,
invariavelmente, correm sob segredo de
justiça.
5Informativo SBOT-ES | 1º trimestre 2009
Capa
6 Informativo SBOT-ES | 1º trimestre 2009
elativamente nova no mercado
e ainda desconhecida de alguns
profissionais da medicina, a
auditoria médica é um setor que tem sur-
preendido pela expansão nos últimos anos.
A demanda cresce em ritmo acelerado por
conta do desenvolvimento da medicina e
das novas tecnologias. Para os profissionais
que atuam nessa área, um eldorado de ga-
rantias de emprego e de boa remuneração
à frente.
Revisão, perícia, intervenção ou exame
de procedimentos realizados por organi-
zações prestadoras de serviços de saúde
(hospitais, clínicas, centros de saúde) ou de
contas provenientes desses procedimentos.
Assim é resumida a auditoria médica, que
pode ser realizada por auditores ligados
a uma organização ou fonte pagadora de
tais serviços, como: o sistema público de
saúde, as operadoras de planos de saúde
(seguradoras, cooperativas médicas, au-
togestões) ou o próprio paciente. De um
modo geral, os objetivos da auditoria
médica são promover a melhoria da quali-
dade do atendimento, divulgar e incentivar
a ética médica e garantir a qualidade da
assistência prestada e o respeito às normas
técnicas e administrativas, previamente es-
tabelecidas.
Demandas intensas, salários atraentes
- Quem trabalha hoje com auditoria re-
conhece que há certo desconhecimento por
parte da comunidade médica em relação
ao assunto, mas alerta que existem mu-
danças em trânsito e uma diversidade de
potencialidades no segmento. É o caso de
Ricardo Tadeu Magnago, médico-auditor
há mais de cinco anos, que destaca a pos-
sibilidade da auditoria deixar de ser apenas
uma área de atuação médica. “Até agora
isso não aconteceu, mas é bem provável
que, num futuro próximo, ela venha a ser
reconhecida como especialidade médica”,
explica.
Tadeu lembra que, pelo fato de ser exigido
apenas o diploma de médico para exercer
a auditoria, é difícil encontrar quem tenha
uma formação específica em auditoria e
perícia médica. Porém, o médico-auditor
acredita que, com o tempo, essa situação
vai mudar, assim como o efetivo de profis-
sionais dessa área. Segundo Tadeu, “tem
ocorrido uma procura muito grande por
esses profissionais no mercado e a remune-
ração é muito boa”. Assim, o quadro mais
provável é o aumento do número de audi-
tores atuando.
Atualmente, o CRM-ES não tem um
registro de profissionais que exercem a au-
ditoria médica no Estado, já que ela ainda
não é uma especialidade. No entanto, o
conselheiro do CRM-ES Carlos José Cardoso
estima que exista uma parcela significativa
desses profissionais em atividade no Estado
e também crê no aumento do número de
médicos-auditores para os próximos anos.
“Pelo contexto da crescente busca por
fiscalização, acredito que vai haver cada
vez mais demanda por esses profissionais
e, com isso, um despertar da comunidade
médica para o assunto”, prevê. Ainda se-
gundo o conselheiro, quanto mais rápido
for o avanço da medicina, mais cedo se
dará a efetivação dessas previsões.
Um pouco de história - De acordo com
os poucos estudos a respeito do tema, a
avaliação da assistência médica surgiu no
início do século XX, por conta da crise na
qualidade tanto do ensino de medicina
como das instituições de saúde nos Esta-
dos Unidos. Iniciou-se então o controle
exercido no treinamento médico e no
aparelhamento de hospitais. Os procedi-
mentos evoluíram e veio a criação de pro-
gramas visando à correta utilização dos
leitos hospitalares e aos critérios mínimos
de cuidados. Isso resultou na associação da
auditoria médica com a hospitalar.
No Brasil, a auditoria médica como
é conhecida hoje é relativamente nova.
Conforme o Departamento Nacional de
Auditoria do SUS (DENASUS) - órgão que
exerce atividades de auditoria e fiscaliza-
ção especializada no âmbito do Sistema
Único de Saúde -, antes de 1976 não havia
auditorias diretas em hospitais. As ativi-
dades eram realizadas pelos supervisores
por meio de apurações em prontuários de
pacientes e em contas hospitalares. Ainda
de acordo com o DENASUS, somente em
1983 foi reconhecido o cargo de médico-
auditor e a auditoria passou a ser feita nos
próprios hospitais.
Nos dias atuais, as atividades de audi-
toria encontram respaldo até mesmo na
Constituição Federal de 1988, que, em seu
artigo 197, traz o seguinte texto: “São de
relevância pública as ações e serviços de
saúde, cabendo ao Poder Público dispor,
nos termos da lei, sobre sua regulamenta-
ção, fiscalização e controle, devendo sua
execução ser feita diretamente ou através
de terceiros e, também, por pessoa física
ou jurídica de direito privado.”
Oficialmente regulamentada, a audi-
toria médica tem sido estimulada pelas
necessidades crescentes de controle das
contas dos serviços hospitalares, médicos e
complementares de diagnóstico e terapia
do SUS e dos diversos planos de saúde pri-
vados. Atualmente, os custos da medicina
tornaram-se muito altos, sendo compreen-
sível, o aumento do número de pessoas
atuando nessa área devido às necessidades
de controle desses custos.
É o que sintetiza Carlos José Cardoso,
conselheiro do Conselho Regional de Me-
dicina do Espírito Santo (CRM-ES), ao dizer
que “a privatização da medicina trouxe a
necessidade de uma maior fiscalização.”
Outro ponto importante, segundo Car-
doso, é a modernização da medicina e o
aumento dos seus custos, principalmente
em relação às novas tecnologias utilizadas.
“Num plano de saúde hoje, os gastos com
exames e procedimentos são bem maiores
do que aqueles referentes à remuneração
do médico. E são justamente os gastos com
exames e procedimentos que a auditoria
vai fiscalizar”, revela.
Atual legislação • A auditoria médica caracteriza-se como ato
médico, por exigir conhecimento técnico, ple-
no e integrado da profissão;
• O médico, desde que esteja regularizado no
Conselho Regional de Medicina da jurisdição
onde ocorreu a prestação do serviço auditado,
está habilitado a exercer qualquer atividade
de auditoria médica, dependendo de sua
capacitação, não necessitando, obrigatoria-
mente, ter título de especialista, respondendo
por seus atos, ética, civil e criminalmente.
• Residência Médica em Auditoria Médica e prova
de título para Auditoria Médica não estão pre-
vistas na Resolução nº 1.634/2002, vigente, que
dispõe sobre convênio de reconhecimento de
especialidades médicas firmado entre o Con-
selho Federal de Medicina (CFM), a Associação
Médica Brasileira (AMB) e a Comissão Nacional
de Residência Médica (CNRM).
R
Panorama mostra como anda o exercício de auditoria médica atualmente e o que é esperado para o setor nos próximos anos.
7Informativo SBOT-ES | 1º trimestre 2009
Social
POSSE DA NOVA PRESIDÊNCIA
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Adelmo Rezende Ferreira da Costa, João Carlos de Medeiros Teixeira, Alceuleir Cardoso de Souza.
Anderson De Nadai, Hélio Barroso dos Reis, Adelmo Rezende Fer-reira da Costa, João Carlos de Medeiros Teixeira, Alceuleir Car-doso de Souza, Jorge Luiz Kriger.
João Carlos de Medeiros Teixeira.
POSSE DA NOVA PRESIDÊNCIA
No dia 30 de janeiro, tomou posse a nova diretoria que ficará à frente da So-
ciedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia, Regional Espírito Santo
(SBOT-ES) durante o ano de 2009. No evento realizado no auditório da Coo-
perativa dos Ortopedistas e Traumatologistas do Espírito Santo (COOTES),
Anderson De Nadai, então presidente da SBOT-ES, apresentou um balan-
ço das atividades realizadas durante sua gestão e, em seguida, fez a trans-
ferência do cargo para o ortopedista João Carlos de Medeiros Teixeira. A
cerimônia contou com a presença de associados, familiares e amigos.
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Del Lopes Teixeira e João Carlos de Medeiros Teixeira.
Adelmo Rezende Ferreira da Costa, Anderson De Nadai, João Carlos de Medeiros Teixeira, Hélio Barroso dos Reis.
Anderson De Nadai apresentando o balanço da gestão 2008.
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Especial
Fraturas na vértebra cervical, traumas na medula espinhal e traumatismo craniano são apenas algumas das consequências de um mergulho mal-sucedido.
10 Informativo SBOT-ES | 1º trimestre 2009
s belas praias, cachoeiras, lagoas
e rios do Espírito Santo são para
capixabas e turistas que visitam
o Estado - principalmente no verão - um
tentador convite à prática do mergulho.
Os momentos de descontração e lazer, no
entanto, podem não ter um final feliz para
alguns. Saltos mal calculados ou mergul-
hos mal-sucedidos podem render acidentes
que, quando não fatais, deixam graves
sequelas, como o traumatismo craniano e
os traumas na coluna cervical e na medula
espinhal.
Infelizmente, nem o Corpo de Bom-
beiros ou o Departamento Médico Legal
(DML) possuem estatísticas que tratem es-
pecificamente de lesões traumáticas provo-
cadas por acidentes de mergulho no Espíri-
to Santo. O DML só compila acidentes com
traumas que tiveram óbitos e os engloba
em duas categorias: “acidentes de carros”
e “outros”. Já o Corpo de Bombeiros regis-
tra apenas afogamentos, não especifican-
do se eles foram ocasionados por traumas.
A situação de registro dessas ocorrências
no resto do País não é diferente.
Uma das últimas apurações sobre o as-
sunto é um estudo da Faculdade de Saúde
Pública da Universidade de São Paulo
(USP), que fez o levantamento nacional
de internações hospitalares por tramas de
coluna, através de informações coletadas do
Sistema de Informações Hospitalares (SIH)
do Sistema Único de Saúde (SUS). Os da-
dos referentes ao período de 2000 a 2005
mostraram que, das lesões que provocaram
as internações, 20% foram causadas por
acidentes de mergulho em águas rasas.
As estatísticas no mundo também são
expressivas. Pesquisa realizada na PUCRS,
em 2005, revelou que o acidente por mer-
gulho é uma das principais causas de lesão
medular em vários países, representando
19,8% de todas as lesões medulares cer-
vicais na Polônia, 23,5% na Rússia; 4% na
Alemanha; 8,5% nos EUA; 7% na Romênia;
11,9% no Canadá e 14% na Austrália.
Especialistas recomendam atenção redo-
brada, principalmente em locais desconheci-
dos, ou seja, frequentados pela primeira
vez. Dependendo do modo como a pessoa
entra na água, corre o risco de bater com
a cabeça no fundo do local e sofrer conse-
quências graves. Nos mergulhos de cabeça
- o chamado pulo de ponta - em superfícies
rasas, caso seja atingido o leito do rio, praia
ou lagoa, o pescoço recebe todo o peso do
corpo, absorvendo o impacto e produzindo
uma brusca flexão. É aí que mora o perigo,
alerta o cirurgião de coluna, José Alexan-
dre Batista. “Esses acidentes podem ocasio-
nar fraturas ou deslocamento da vértebra
cervical, trauma da medula espinhal ou até
traumatismo craniano”, explica. Quando
isso acontece, o afogamento é certo, caso a
pessoa não seja socorrida a tempo.
Mais consequências - o neurocirurgião
Paulo Mello acrescenta outras consequên-
cias mais sérias: “Em algumas situações, o
quadro gerado pode ser o de tetraplegia
(perda dos movimentos de braços e per-
nas) e, dependendo da gravidade do aci-
dente, pode haver morte súbita por lesão
completa da medula.” Mello confirma que
no verão os casos são mais recorrentes e
revela o perfil mais comum dessas vítimas.
“Geralmente são jovens, do sexo masculino
e, muitas vezes, turistas que não têm con-
vivência com o mar e desconhecem o local
do mergulho”, conta. Outra incidência co-
mum, segundo o médico, são os casos de
pessoas alcoolizadas.
Em relação ao assunto, o conselho de
médicos, especialistas e do Corpo de
Bombeiros é unânime: antes de mer-
gulhar, é preciso conhecer bem o local,
certificar-se da exata profundidade da
piscina, lagoa, cachoeira, represa, entre
outros, e ter bom senso. Os cuidados
nunca são demais, afinal de contas, é
melhor se prevenir e garantir a diversão
dos próximos verões do que perder a
vida ou ter a sua saúde comprometida
seriamente.
Antes de mergulhar, tome nota:
Avaliação da área: os cuidados na
hora de entrar em rios, lagos e cachoei-
ras devem ser redobrados. O ideal é
verificar se existem bancos de areia ou
pedras que possam causar algum tipo de
trauma;
Profundidade: a regra é nunca confiar
no local, mesmo que a pessoa já o tenha
frequentado várias vezes. O nível da água
pode mudar, alterando assim a profundi-
dade;
Água: mergulhar numa piscina é difer-
ente de mergulhar num rio ou numa ca-
choeira, lugares que contam geralmente
com águas turvas;
Mergulhos de ponta: nesses casos, o
corpo afunda rapidamente. Os braços esti-
cados não impedem que a pessoa bata com
a cabeça. Além de traumas na coluna, po-
dem ocorrer fraturas nos braços também;
Saltos de pontes, árvores e barrancos: o
risco de acidente é ainda maior. Trata-se de
um princípio de Física básico: quanto maior
for a altura do salto, maior é a força com
que o corpo do mergulhador vai se chocar
contra algum obstáculo embaixo d’água;
Socorro de vítimas: o primeiro passo
a ser tomado é ajudar a pessoa a respi-
rar, tomando-se o cuidado de imobilizar o
pescoço da vítima. A imobilização é acon-
selhável para que se evite a rotação da
cabeça, o que pode agravar a lesão. Feito
isso, deve-se chamar socorro o quanto an-
tes para ajudar o acidentado;
Manifestação do trauma: às vezes, po-
dem ocorrer hematomas devido ao trauma
craniano ou alguma lesão na coluna cervi-
cal, mesmo sem lesão na medula. Isso pode
não ser percebido pela vítima no momento
do acidente, mas é fundamental que se
faça alguns exames para comprovar se
houve ou não algum dano.
A
11Informativo SBOT-ES | 1º trimestre 2009
Dicas SBOTES
Cinto de segurança: como e quando ele faz a diferença
o dia 19 de abril de 1994, um aci-
dente automobilístico encerrou
a carreira de um dos mais talen-
tosos jogadores que o Brasil já produziu.
Meia-atacante habilidoso, dono de arran-
cadas rápidas e objetivas, Dener Augusto
de Souza, ou simplesmente Dener, mor-
reu estrangulado pelo cinto de segurança
de seu Mitsubishi Eclipse quando este se
chocou contra uma árvore na Logoa Rodrigo
de Freitas, no Rio de Janeiro. Investigações
posteriores revelaram que Dener viajava
dormindo no banco de carona e que,ao in-
clinar demais a poltrona, anulou a eficiên-
cia do cinto de segurança. Mesmo assim,
muitos jovens passaram a recusar o uso do
dispositivo de segurança que só se tornou
obrigatório para trafegar em qualquer via
quatro anos depois.
Um ano após a morte de Dener, outro
jogador de futebol, Edmundo, envolveu-
se em um acidente automobilístico que
deixou um saldo de três óbitos. Edmundo
sofreu apenas escoriações, pois usava cor-
retamente o cinto de segurança e seu carro
tinha airbag. Estes dois pequenos relatos
demonstram como o uso correto de equi-
pamentos de segurança pode salvar vidas.
Estudos já demonstraram que o cinto de
segurança confere proteção superior ao
airbag - 65% contra apenas 8% - quando
usado isoladamente. Combinado, a mar-
gem de segurança sobe para 68%.
Passada uma década desde que o Con-
selho Nacional de Trânsito (Contran) esta-
beleceu novas regras para a condução de
passageiro, inclusive com aplicação de pe-
sadas multas e perdas de pontos na cartei-
ra, muitos motoristas e passageiros ainda
trafegam pelas ruas e estradas do País in-
fringindo a determinação. Dados da Rede
Sarah, uma rede de hospitais de reabilitação
presente em sete estados brasileiros mais o
Distrito Federal, apontam que 67,3% dos
pacientes vítimas de acidentes de trânsito
admitidos pela rede não usavam o disposi-
tivo na hora do acidente. Não é à toa que as
lesões causadas pelos acidentes de tráfego
continuam sendo as principais causas de
morte por traumatismo; a décima causa de
todas as mortes e a nona causa de morbi-
dade em todo o mundo.
Recentemente, a Câmara dos Deputa-
dos aprovou um projeto que torna o air-
bag obrigatório em todos os automóveis.
A decisão dos deputados foi apoiada
pela SBOT. A Federação Nacional da Dis-
tribuição de Veículos Automotores (Fen-
abrave) alega que a inclusão do equipa-
mento encarecerá o custo dos veículos,
mas para o secretário-geral da SBOT,
Flávio Faloppa, todo investimento em se-
gurança resulta em “economia de vidas a
longo prazo”. “Os ortopedistas, que estão
na linha de frente dos pronto-socorros e
hospitais, conhecem bem o custo pessoal
e familiar dos acidentes com veículos”,
disse o médico.
Prevenção: crianças e gestantes
Preocupado também com um alto
índice de traumatismos causados pelo
transporte inadequado de crianças, o Con-
tran, no final de 2008, editou uma nova
resolução que passará a valer a partir de
2010. A resolução torna obrigatório o uso
de cadeirinha para o transporte de crian-
ças de até sete anos e meio em carros de
passeio. Essa resolução atualiza uma regra
antiga que obrigava o uso de cinto de se-
gurança para crianças com até dez anos.
Segundo o órgão, a redução de idade
segue normas internacionais que medem
peso e altura das crianças para que elas
possam utilizar o cinto.
Mas para alguns técnicos, os motoris-
tas devem seguir mais as recomendações
de peso e de altura do que de idade. O
cinto de segurança normal no banco tra-
seiro é considerado adequado para pes-
soas acima de 36 Kg e mais de 1,45 m de
altura.
Outro tipo de passageiro que não faz o
uso adequado do equipamento por achar
que pode ser prejudicial são as gestantes.
Muitas delas ignoram a forma correta de
usá-lo colocando a si e a vida do feto em
risco. Desconforto, medo de prejudicar o
neném, são algumas das razões alegadas
para o não uso do cinto durante a gravi-
dez. Uma série experimental de colisões
com veículos avaliou o efeito da força
transmitida ao útero e concluiu que o
cinto de segurança de três pontos confere
proteção, tanto para a mãe quanto para o
feto, na ordem de 92% contra 50% quan-
do comparado ao sub abdominal. Os tes-
tes apontaram que o cinto de três pontas
pode eliminar um acréscimo de pressão no
útero gravídico na ordem de 550 mmhg
pela ação da cinta diagonal, que evita a
flexão do corpo materno sobre a pélvis.
N
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Raio X
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Vida Leve
Seja no corre-corre da rotina médica ou nos cronometrados percursos do atletismo, Luiz Augusto Campinhos dá mostras de que é um especialista em superar limites.
vida corrida de um profissional
de medicina que atende em
três hospitais e ainda em uma
clínica particular, como é o caso de Luiz
Augusto Campinhos, já seria motivo sufi-
ciente para estimular apenas o descanso
nas horas vagas. Mas para Guto, como é
chamado pelos amigos, não. Mesmo após
um dia estafante de trabalho, o ortope-
dista encontra força e prazer para correr.
Trata-se de uma rotina séria de treina-
mento iniciada em 1995, mas que na ver-
dade é reflexo de um estilo disciplinado
de vida que começou aos quatro anos de
idade, primeiramente, com a natação.
Augusto é carioca de nascença, mas
por pura casualidade. No início da dé-
cada de 70, seu pai, Luiz Carlos Oliveira
Campinhos, fazia o curso de residência
médica no Rio de Janeiro quando Au-
gusto nasceu. O garoto nem teve tempo
de incorporar o estilo carioca de ser e aos
dois anos de idade mudou-se para o Es-
pírito Santo. A partir de então, passaria a
ser um capixaba de coração.
Desde pequeno o pai o incentivou a
praticar esportes. “Talvez por não poder
ser um esportista, devido às sequelas de
uma poliomelite”, conta Augusto. Mas
certamente por entender que o apren-
dizado esportivo serve como parte do
desenvolvimento psicomotor da criança
e também pela extrema importância em
A
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sua formação educacional. “Disciplina: esta
é a principal lição do esporte. Disciplina de
treinamento, de alimentação, de respeito
- pois ela nos mostra que existem pessoas
tão boas ou melhor que a gente no mundo
esportivo. O esporte propicia ensinamen-
tos que levamos conosco para o resto da
vida”, sentencia.
A disciplina que Augusto possui hoje
seguramente nasceu do esporte. E não foi
só com a natação. Depois das piscinas vi-
eram os campos de futebol, as quadras de
vôlei e de basquete, as pistas de atletismo
e também o caratê. Em nenhum momento
ele pensou em seguir a carreira esportiva;
sempre optou pelos estudos. Formou-se em
medicina e, por conta da vivência intensa
no esporte durante a infância e a juven-
tude, poderia tranquilamente ter se torna-
do um especialista ligado à área esportiva,
mas não o foi. Luiz Augusto Campinho es-
colheu a ortopedia.
Atualmente, aos 38 anos, casado e pai
de uma filha, Augusto - embora frise que
não é um corredor profissional - mantém
uma rotina de treinamento orientada por
uma estrutura semiprofissional. Ele é inte-
grante da equipe “Aprendendo a correr”,
um projeto particular de uma amiga que
utiliza os mesmos métodos científicos do
esporte de alto rendimento, mas que res-
peita o limite e as pretensões de cada um.
“Corro em média 45 km por semana. São
quatro treinos quer variam entre 3, 10,
14 e até 20 km dependendo da planilha
de treinamento. Eles acontecem sempre
à noite, mas já saí pra correr as 4 e 5h da
manhã”, conta.
Tamanha dedicação já rendeu a Au-
gusto o título de campeão estadual de
duatlon, modalidade em que o competi-
dor nada e corre. Mas um título ele vem
perseguindo e já “bateu duas vezes na
trave”: os 10 km Unimed, tradicional cor-
rida de rua com várias categorias, inclusive
a de cooperados. Ele lembra um fato cu-
rioso que aconteceu na última prova. “Eu,
o Mário Lúcio Gorza e o Luiz André Mello
- dois amigos ginecologistas -, corríamos
pela equipe da Cobra D’Água na catego-
ria cooperados. Era fato que o título ficaria
com um de nós três. Começamos a prova
e seguimos um marcando o outro. Faltan-
do 1,5 km para o final, o André acelerou,
enquanto o Mário Lúcio começou a cam-
balear e caiu. Parei para ajudar o Mário até
a chegada do atendimento e com isso perdi
um bom tempo. Cheguei em sétimo”, lem-
bra. O vencedor da prova foi outro médico:
o pediatra Adwalter De Angeli. Segundo
Augusto, De Angeli não estava inscrito
como cooperado, mas na hora reivindicou
o título e acabou levando.
A maioria das competições que Au-
gusto participa são aqui no Estado. Mas ele
já competiu em grandes provas nacionais,
como São Silvestre, Meia Maratona do Rio
e de São Paulo, a Volta da Pampulha, em
Belo Horizonte e tantas outras. “São pro-
vas com caráter apenas de participação. As-
sim como eu, existem muitos competidores
amadores. Nós sabemos os nossos limites. A
intenção de competir em lugares distantes
é motivada apenas pelo prazer de superar
um limite, de atingir seus objetivos em
relação à preparação que você fez”, diz o
ortopedista.
Para quem quer começar a correr, Au-
gusto dá algumas dicas. Antes de tudo é
preciso procurar um cardiologista e fazer
uma boa avaliação física para conhecer
os seus limites. Se já possuir um histórico,
estiver sentindo alguma dor nos membros
inferiores ou sobrepeso, procure um orto-
pedista. Ele chama atenção também para
os equipamentos, principalmente em rela-
ção ao tênis e às novas roupas de tecidos
inteligentes.
“Com a popularização de provas de 10
km nos últimos cinco anos, o objetivo de
todo mundo é terminar uma prova desta.
Depois que temos 40 ou 50 provas no cur-
rículo, queremos galgar novos desafios,
queremos ir mais além, finaliza Augusto.
Sobre os desafios que ainda buscará,
ele só tem uma certeza: a de que continu-
ará a correr por muito tempo.
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