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13º Prêmio de Conservação e Reuso de Água FIESP
Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
Reuso de Águas na Raízen traz mais
Energia
Safra 2017/2018
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SUMÁRIO
1. OBJETIVOS E JUSTIFICATIVA DO PROJETO
2. PROCESSO INDUSTRIAL
3. DESCRIÇÃO DO PROJETO
4. RESULTADOS OBTIDOS
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1. OBJETIVO E JUSTIFICATIVA DO PROJETO
1.1 Objetivos
Com o foco no máximo aproveitamento da água da cana-de-açúcar e reuso dos seus
efluentes no processo produtivo, reduzindo a necessidade de captação de fontes externas, a
Raízen tem vários projetos que aliam a diminuição das demandas hídricas com o
aproveitamento da energia térmica proveniente das águas quentes do seu processo.
O objetivo do projeto em questão é obter o máximo aproveitamento dos condensados
do vapor das caldeiras, incluindo o uso dos condensados do vapor vegetal oriundo da
evaporação do caldo da cana-de-açúcar, como reposição nos sistemas de geração de vapor.
Essas ações reduziram sensivelmente a captação absoluta e específica de água para as
Estações de Tratamento de Água (ETA) e unidade de desmineralização. Como consequência,
houve uma diminuição no volume de efluentes lançados, além da captura da energia térmica
dessas correntes de condensado convertendo-as em economia de vapor, bagaço e energia.
Os casos que serão apresentados a seguir foram destaques na safra 17/18, que com
alto engajamento dos times, as expectativas na redução de uso de água fria desmineralizada
nas caldeiras foram superadas com um processo inovador (Raízen Maracaí), incluindo a
redução do volume de efluentes líquidos. Como destaque especial, apresentaremos
brevemente uma iniciativa que consideramos importante sua divulgação, a qual foi conduzida
na Unidade Diamante, também pertencente à Raízen, e que se baseou no reuso direto da
corrente de descarte da unidade, chegando quase a lançamento específico zero.
1.2 Justificativas 1.2.1 Sobre a Raízen
A Raízen se destaca como uma das empresas de energia mais competitivas do mundo
e uma das maiores em faturamento no Brasil, atuando em todas as etapas do processo: cultivo
da cana, produção de açúcar, etanol e energia, comercialização, logística interna e de
exportação, distribuição e varejo de combustíveis. A companhia conta com cerca de 30 mil
funcionários, que trabalham todos os dias para gerar soluções sustentáveis que contribuam
para o desenvolvimento do país, como a produção de bioeletricidade e etanol de segunda
geração a partir dos coprodutos da cana-de-açúcar.
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Com 26 unidades produtoras, a Raízen produz cerca de 2,1 bilhões de litros de etanol
por ano, 4,5 milhões de toneladas de açúcar e tem capacidade para gerar cerca de 940 MW de
energia elétrica a partir do bagaço da cana-de-açúcar. A empresa também está presente em
66 bases de abastecimento em aeroportos, 67 terminais de distribuição de combustível e
comercializa aproximadamente 25,2 bilhões de litros de combustíveis para os segmentos de
transporte, indústria e varejo. Conta com uma rede formada por mais de 6.000 postos de
serviço com a marca Shell, responsáveis pela comercialização de combustíveis, e mais de 950
lojas de conveniência Shell Select.
Além disso, a companhia mantém a Fundação Raízen, que busca estar próxima da
comunidade, oferecendo qualificação profissional, educação e cidadania. Criada há mais de 14
anos, a Fundação Raízen possui seis núcleos no interior do estado de São Paulo e um em
Goiás, e já beneficiou mais de 13 mil alunos e mais de 4 milhões de pessoas com ações
realizadas desde 2012.
Como uma das maiores empresas do setor de energia do Brasil, a Raízen reconhece
sua responsabilidade e atua de modo a preservar e minimizar impactos nas áreas em que
estão presentes. Cuidar do meio ambiente faz parte de seus valores
Ciente das demandas crescentes de energia, a Raizen conseguiu aliar dois aspectos de
extrema importância ambiental que é o uso racional de águas com a conservação de energia.
1.2.2 Sobre o programa: “Reuso de águas traz mais energia”
Operando suas unidades produtoras com foco no máximo aproveitamento da água da
cana-de-açúcar e das águas quentes do processo, consequentemente reduzindo as demandas
de captação de água de fontes superficiais e profundas, a Raízen tem por objetivo capturar o
máximo de valor do reuso de águas, aliando gestão hídrica à conservação de energia.
Além dos volumes hídricos evitados, a Raízen tem como premissa aproveitar o calor
dessas correntes quentes, reduzindo a demanda de vapor necessária para aquecimento, com
o uso direto da água quente na alimentação das caldeiras no ciclo vapor/água (figura1). Isso
leva a redução no consumo de combustível (bagaço). Esse bagaço economizado é direcionado
a produção de energia elétrica via cogeração.
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Figura 1. Ciclo vapor/água das caldeiras
Uma prática adicional é o uso de trocadores regenerativos (figura 2), os quais permitem
a troca de calor entre fluídos (água e caldo) a fim de resfriar a água da cana-de-açúcar para
reuso em reposição de torres de resfriamento e/ou uso na embebição (figura 3) na moenda.
Aqui também há uma conservação de energia com o pré-aquecimento do caldo.
Figura 2. Trocador Regenerativo
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Todas as ações implantadas para diminuir a captação de água de fontes externas e
reduzir os efluentes estão em linha com os valores da Raízen, que preza em ser uma
companhia altamente sustentável em seus processos. Neste contexto, a Raízen conta com o
programa de Redução de Uso de Águas (ReduSa), o qual foi criado e implantado na safra
15’16 em todas as suas unidades produtoras.
Figura 3. Ciclo vapor/água das caldeiras
Com o objetivo de reduzir ao máximo a captação de água para o processo industrial, e
também o elevado custo de produção de água desmineralizada usada nas caldeiras, o time da
Raízen unidade Maracaí, situada na região de Assis/SP, quebrou um grande paradigma com a
utilização do condensado da cana-de-açúcar, resultante da 1ª evaporação do caldo, como
reposição nas caldeiras de 21 à 66bar.
As ações implantadas na unidade reduziram significativamente os volumes de captação
de água e de lançamento de efluentes. Estas mesmas ações trouxeram adicionalmente ganhos
energéticos no aproveitamento das correntes quentes. Os resultados estão descritos no item 4.
1.2.3 Sobre o reuso direto dos efluentes
Outro destaque na safra 17’18 foi o reuso direto dos efluentes líquidos na Raízen
unidade Diamante. Apesar de operar com um baixo volume absoluto e específico de efluentes,
o time desta unidade industrial, situada na região de Jaú/SP, procurava esforços para diminuir
ainda mais esse índice.
Agua EmbebiçãoCana
Bagaço total
J6J5J4J3J2J1
Qb5
Fb5Qb4
Fb4Qb3
Fb3
Qb2
Fb2Qb1
Fb1
1 TERNO 2 TERNO 3 TERNO 4 TERNO 5 TERNO 6 TERNO
B1 B2 B3 B4 B5 B6
Qb6
Fb6
Qa
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Para alinhar as ideias que promovessem a redução dos efluentes, foi criado um comitê
com a participação de vários funcionários de diversos setores e especialidades. Nas reuniões
promovidas por este comitê, foram discutidas ações diversas que convergiram para a principal
iniciativa, implantada no mês de julho de 2017 e que levou esta unidade a se tornar uma
referência na Raízen, e até dentro do setor.
Um pouco do detalhe deste projeto para o reuso integral dos efluentes está descrito nos
itens subsequentes.
2. PROCESSO INDUSTRIAL
As unidades Raízen Diamante e Maracaí, destaques desse projeto, moeram 1,9 e 2,9
milhões de toneladas de cana na safra 17/18, respectivamente. Produziram somadas
375milhões de quilos de açúcar e 153milhões de litros de etanol.
A Maracaí exportou 127mil MW de energia com a planta de cogeração existente na
unidade.
NOTA: consideramos que o processo de produção e industrialização da cana-de-açúcar já é de
conhecimento geral, dispensando maior detalhamento dos mesmos neste trabalho.
2.1 Raízen Maracaí
Nos seus sistemas de águas, a Raízen Unidade Maracaí possui vários conjuntos de
torres de resfriamento utilizados no processo de fermentação e destilação de etanol, açúcar e
cogeração; três caldeiras com pressões de 21, 42 e 66bar para a geração de energia para
consumo próprio e exportação; uma ETA e um sistema de desmineralização de água para as
caldeiras.
A água bruta é tratada na ETA para remoção de turbidez e posteriormente vai para o
sistema de desmineralização, que é composto por osmose e leito misto com resinas de troca
iônica, para daí alimentar as caldeiras.
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Os sistemas de desmineralização de água e ETA possuem necessidades de
regeneração das resinas e de contra lavagem de filtros. Preferencialmente, a água da lavagem
dos filtros é reutilizada após a decantação do lodo e a água do enxágue rápido após a
regeneração das resinas também é reaproveitada. Já o rejeito da osmose é direcionado para
um tanque e é reutilizado em outros processos que não requerem baixa salinidade.
As purgas de torres são reduzidas aumentando a concentração dos sais na água. O
ajuste do tratamento químico é realizado para suportar a alta salinidade com a dosagem de
dispersantes para evitar a formação de depósitos ou incrustações que impeçam a troca de
calor.
A unidade possui um dos mais baixos índices de volume específico de captação e
efluentes (m³/tonelada de cana) por ter seus processos extremamente otimizados.
Destacamos também o sistema de aproveitamento dos efluentes, que de acordo com a
disponibilidade de volume e residual de ART (açúcar), é utilizado na fermentação para a
máxima extração de etanol.
2.2 Raízen Diamante
A Raízen Unidade Diamante possui um conjunto de torres de resfriamento para a
produção de etanol; cinco caldeiras de 21bar para a geração de energia para consumo e uma
ETA para uso da água clarificada em aplicações nos sistemas que são sensíveis a alta
turbidez.
Em complemento como boa prática, a unidade Diamante utiliza o condensado da cana-
de-açúcar na reposição das torres de resfriamento (figura 4), reduzindo a demanda de água
captada e o volume efluente gerado.
Essa prática é comum em várias unidades produtoras da Raízen em linha com o
programa ReduSa.
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Figura 4. Torre de resfriamento com reposição de água condensada da cana-de açúcar
3. DESCRIÇÃO DO PROJETO
3.1. Reuso de condensados de vapor reduzem o consumo de energia
Conforme citado anteriormente, os condensados de vapor são importantes
correntes de reuso para a redução da captação e do tratamento de águas, diminuindo
ainda os seus volumes dos efluentes quando são aproveitados.
A energia térmica dos condensados é aproveitada ao máximo da sua capacidade
para evitar a necessidade de reaquecimentos, o que demandaria mais vapor e por
consequência o maior consumo de bagaço da cana-de açúcar, matéria-prima fundamental
para a produção de energia elétrica.
Em geral, para cada 5pp (pontos percentuais) de água fria na reposição de
caldeiras, consome-se 1% da tonelada de vapor para o seu reaquecimento (gráfico 1).
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Gráfico 1. Relação gráfica do % de reposição e a consumo de vapor para reaquecimento
3.2. Condensado da cana-de-açúcar é transformado em água desmineralizada
Nas safras 15’16 e 16’17, a unidade Maracaí da Raízen focou na máxima recuperação
do vapor “vivo” das caldeiras (denominado de vapor de escape). Porém, uma ação
determinante foi fazer uso do condensado do vapor do caldo da cana-de-açúcar do 1º efeito
(denominado de V1) na caldeira de 21bar, o que é prática comum no mercado. Todavia o
grande desafio foi gerar o condensado de escape para alimentação das caldeiras de pressões
de 42 e 66bar, sensíveis a qualquer presença de orgânicos pela temperatura e pressão desses
equipamentos, o que não é prática comum.
Na safra 17’18, o time da unidade superou as expectativas, aumentando o volume de
uso do condensado de V1 nas caldeiras, o qual anteriormente era descartado por não haver
demanda. Com isso, foi possível gerar uma grande quantidade de condensado para alimentar
as caldeiras de 42 e 66bar, o que trouxe uma possibilidade de reservar todo o condensado
excedente, como condensado do vapor de 66bar para o tanque de água desmineralizada. Essa
foi a grande inovação desse processo.
A reserva de condensado do vapor 66bar no tanque de água desmineralizada permitiu
a parada da planta de desmineralização em vários períodos da safra, principalmente em
condições de moagem plena. Isso trouxe uma contribuição na redução geral de custos com
tratamento de águas.
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3.3. Estudo do Projeto
Como premissa para uma boa gestão, utilizamos vários medidores de vazões de
águas (figura 5) de alta qualidade e adequados para cada sistema (captação, efluentes,
vapor, reposição e alimentação de água em caldeiras, ETA, sistema de desmineralização,
embebição, dentre outros) e seus valores são monitorados em sistemas supervisórios
locais, remotos e registrados no SAP (ERP).
Figura 5.Medidor de vazão de água
No caso da unidade Maracaí, monitoramos 38 pontos de registros no SAP para a
geração de dados e índices da gestão hídrica. Para todas as plantas industriais da Raízen,
monitoramos mais de 1.000 pontos de registros no SAP para o controle de vazões
absolutas e específicas, incluindo os índices de desempenho. Adicionalmente temos uma
equipe local e corporativa de instrumentação que checa os valores medidos através de
medidores externos calibrados.
Para cada unidade dedicamos à elaboração de um balanço hídrico personalizado.
Cada planta industrial possui seus sistemas, equipamentos, tubulações, bombas com
demandas diferentes conforme a sua produção.
Antes de cada projeto, geramos o balanço hídrico atual e simulamos um cenário
futuro com as vazões das águas de cada processo industrial em detalhes, além da
qualidade e da temperatura da água requerida em cada equipamento ou processo.
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O estudo em detalhes é possível pelo amplo número de medidores de vazão
confiáveis, além de times de especialistas nos processos e de uma equipe interna
especializada em tratamento de águas.
Na Raízen unidade Maracaí, o estudo do projeto identificou a necessidade de
alteração das linhas dos desaeradores das caldeiras conforme figura 6, a instalação de
uma linha de condensado V1 no desaerador que alimenta a caldeira 21bar e de um sistema
de monitoramento de condutividade e TOC no condensado V1.
Figura 6. Alteração do fluxo de alimentação das caldeiras
3.4. Ações Principais do Projeto
A reposição de água em caldeiras normalmente ocorre devido a perdas por descargas
para o controle do ciclo de concentração dos sais e em alguns eventos de proteção de nível de
água nas caldeiras. Além disso, a reposição de água também compensa as perdas ocorridas
no processo industrial por paradas e retornos de equipamentos após a limpeza.
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Para que o uso do condensado V1, originado na 1ª evaporação do caldo, pudesse ser
seguro para ser reutilizado em caldeiras de alta pressão, foram instalados sistemas de análise
de condutividade on-line (figura 7), além de um amplo estudo analítico no laboratório local para
definir o set-point de desvio quando contaminado com açúcar.
Figura 7. Condutivímetro instalado no condensado V1
Com o aumento do uso do condensado V1 nas caldeiras 21bar, o volume total de
reposição no sistema de geração de vapor foi excedido. Com o excedente, foi realizada uma
ligação da saída da água condensada do vapor 66bar da turbina de geração de energia de
condensação para o tanque de água desmineralizada (figura 8) que recebe o volume produzido
da osmose e leito misto (troca iônica). Com isso o volume do condensado V1, aplicado na
alimentação da caldeira 21bar e condensado em baixa pressão foi realimentado na caldeira
66bar para produzir energia na turbina de condensação e ainda ser estocado no tanque de
água desmineralizada.
Isso garantiu a parada da planta de desmineralização por vários períodos, reduzindo os
custos de produção de água desmineralizada e evitando o volume captado para essa
finalidade.
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Figura 8. Tanque de água desmineralizada
3.5. Engajamento e foco do time
É claro que todos os resultados obtidos com esse projeto são méritos do time que o
fizeram acontecer. Do estudo até a captura dos resultados participaram efetivamente vários
funcionários de diferentes níveis, setores e especialidades. Todos juntos convergiram para um
único objetivo que era reduzir o volume de água captada, tratada na ETA e unidade de
desmineralização, evitando ainda a geração dos efluentes por não utilização do condensado de
V1, além do ganho energético de 2,5milhões de kW, suficientes para abastecer anualmente as
residências de uma cidade de 4.300 habitantes.
Mais resultados desse projeto estão descritos no item 4.
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3.6. Percentual de utilização da água de reuso
Todas as unidades industriais da Raízen reutilizam a água da cana-de-açúcar em
seus processos industriais com foco em reduzir a captação de água e a geração de
efluentes.
Os sistemas que reutilizam essa água normalmente são: embebição na moenda,
diluição de fermento e mosto, reposição de água em torres de resfriamento e caldeiras,
estações de tratamento de fuligem, limpeza de evaporadores e equipamentos diversos.
Na Raízen unidade Maracaí, o valor percentual representa 41% de água de reuso
frente a demanda total de captação. O reuso do condensado V1 nas caldeiras na safra
17/18 foi de 2,7% do total da água da cana-de-açúcar e 3,1% do total de vapor produzido.
Conforme citado anteriormente outras correntes de água são também reutilizadas.
Como exemplo, a Raízen Maracaí reutiliza 25% do volume da alimentação do sistema de
osmose (volume do rejeito, que antes era descartado), no processo de produção industrial.
3.7. Destaque para o reuso direto dos efluentes
Além dos incríveis resultados do projeto de conservação e reuso de água da cana-
de-açúcar nas caldeiras na Raízen unidade Maracaí destacamos a seguir uma simples
prática do time da Raízen unidade Diamante no reuso direto do efluente da unidade.
Com uma meta desafiadora do programa ReduSa para a safra 17/18 o time desta
unidade se reuniu e decidiu interligar a linha de efluente total da unidade na estação de
lavagem de gases das caldeiras. Essa ação por vários períodos anulou o envio do efluente
para os tanques e posterior lançamento.
São das simples ações, com altíssimo empenho de todos e baixo recurso financeiro
investido, que se observa o quanto é possível se fazer algo diferente e que traz um grande
resultado para a empresa, para o meio ambiente e para a comunidade.
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Na unidade Diamante, foram reutilizados na estação de lavagem de gases das
caldeiras, 53% do volume do efluente gerado na safra 17/18.
3.8. Redução dos volumes dos efluentes líquidos lançados
Com o reuso direto dos efluentes no sistema de lavagem de gases das caldeiras, a
Raízen unidade Diamante reduziu de 0,21 para 0,10 m³/tonelada de cana, representando
155 milhões de litros de água.
Na unidade Maracaí o aproveitamento do condensado V1 nas caldeiras e outras
ações em linha com a redução de efluentes, diminuiu o lançamento em 21milhões de litros
na safra 17’18 comparado à safra anterior.
3.9. Controle e monitoramento da qualidade das águas
A Raízen possui em cada unidade industrial laboratórios próprios capazes de
analisar cada etapa do processo de produção, incluindo todas as correntes de águas desde
a captação até o seu lançamento.
Além disso, as equipes dos laboratórios são responsáveis pela gestão própria do
tratamento de águas das unidades, indicando os produtos químicos necessários, bem
como as dosagens indicadas para cada etapa, com apoio corporativo de um time de
especialistas.
Na Raízen, os números do monitoramento da qualidade das águas chegam
próximos a 4.000 resultados diários. Na unidade Maracaí, monitoramos 145 resultados
analíticos de águas diariamente.
Destacamos também o investimento realizado pela Raízen em medidores on-line de
pH, condutividade, TOC (Carbono Orgânico Total), oxigênio dissolvido, sódio e sílica.
Esses monitoram, em tempo real, várias correntes de águas condensadas de vapores
(caldeiras e água da cana-de-açúcar), alimentação de caldeiras e águas dos processos de
fabricação de açúcar e etanol.
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3.10. Melhorias dos sistemas de tratamento de efluentes líquidos
A Raízen busca com excelência investir em processos que não contaminem as
correntes de efluentes para fins de reutilização de água com a máxima eficiência e
simplicidade.
Otimizações dos processos são ações prioritárias para reduzir os volumes de
efluentes lançados reutilizando essas correntes em outros sistemas de acordo com a
qualidade requerida ou reduzindo o consumo de água excedente que normalmente gera
um elevado volume de efluente.
Outro ponto de destaque é o foco na redução das cargas nos efluentes, que
normalmente são perdas do processo. Nesse tema, esforços dos times são direcionados
para o máximo rendimento industrial, com baixíssimas cargas de açúcar nos efluentes,
mesmo com as reduções do volume hídrico. Separadores de arraste nos evaporadores de
caldo são exemplos de equipamentos que reduzem o potencial de contaminação das
correntes de condensado vegetal. No item 4.3.2 estão descritos alguns resultados da
redução de perdas de açúcar em efluentes.
3.11. Painéis de gestão hídrica
Para a gestão dos índices dos volumes específicos frente às metas de cada fase do
programa ReduSa, os times das unidades, corporativos, gerência e diretoria tem acesso a
um painel de gestão diária, além dos boletins internos de cada unidade, os quais
concentram os dados mais relevantes dos volumes absolutos e específicos das águas.
Temos também em ambiente interno um programa de acesso a painéis de gestão
hídrica que geram imagens de incentivo dos bons resultados e sinalizam para as unidades
as oportunidades de melhoria, criando uma competição saudável entre todos.
Conforme citamos anteriormente, monitoramos mais de 1.000 pontos de registros
no SAP para a gestão hídrica das 26 unidades.
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3.12. Investimentos
A Raízen sempre direcionou investimentos para ter os seus processos cada vez
mais seguros e sustentáveis.
Além dos investimentos anteriores em fechamento de circuitos de resfriamento,
medições de vazão para a melhor gestão dos volumes, tanque de recuperação de água do
processo para reuso, a empresa prevê para os próximos três anos, investir R$21milhões
em ações que resultem na redução do consumo de água captada, efluentes e recuperação
de energia das águas quentes do processo com a maximização do reuso.
Nos projetos destacados da Raízen Maracaí e Diamante nessa safra foram
investidos um total de R$160mil.
3.13. Iniciativas de engajamento dos funcionários
A Raízen criou e implantou o programa ReduSa (Redução do Uso da Água) na
safra 15/16 e que neste ano completa 3 anos.
Um programa contínuo com metas definidas a cada fase que visa reunir todas as
boas práticas identificadas nas 26 unidades produtoras com a finalidade de reduzir os
volumes de captação de água e lançamento de efluentes com o reuso das correntes
líquidas do processo e expandi-las para as outras unidades.
Metas de redução de volumes específicos são criadas a cada fase com o objetivo
de incentivar os times para o uso racional da água, com fatores de KPI (Key Performance
Indicator) definidos, premiando os funcionários dos times que se destacam.
Além disso, são feitas comunicações aos funcionários da empresa, abrangendo
todo o público, por meio dos canais de comunicação da empresa (murais físicos, TV
Corporativa e Intranet). Nessas divulgações são disseminadas as boas práticas do
ReduSa, bem como celebrados seus significativos resultados ao longo dos três de
existência.
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Os times da Raízen Maracaí e Diamante, destaques desse projeto, obtiveram 100%
de aderência em todos os índices de consumo específicos de água de captação, efluentes
e reposição de água em caldeiras na safra 17/18.
Os resultados consolidados do programa ReduSa da Raízen estão descritos no item
4.
3.14. Importância e dimensão do projeto
Buscar o comprometimento do time de 26mil funcionários da Raízen em um
programa de redução de captação e consumo de água foi desafiador.
Os resultados obtidos nesses três anos foram incríveis, por meio da
conscientização, empenho e dedicação de todos.
Nossa maior satisfação foi receber as opiniões de vários funcionários que
declararam estarem felizes com as suas contribuições para a redução do consumo de água
e energia em linha com a preservação do meio ambiente.
O projeto da unidade Maracaí é referência para outras unidades da Raízen e outras
usinas do mercado produtor de açúcar, etanol e energia. É fantástico conseguir aliar ações
que impactam positivamente em redução no consumo de águas e na geração de efluentes,
com conservação de energia, todos os três de extrema relevância para nosso estágio atual
de demandas crescentes e de disponibilidades cada vez menores.
4. RESULTADOS 4.1. Unidade Maracaí
A unidade reduziu o consumo de água desmineralizada na safra 17/18 em caldeiras em
65%, equivalente à 10m³/h ou 54milhões de litros na safra.
Diminuímos o volume específico da reposição de água fria em caldeiras de 5,3 para
1,7% sobre a tonelada de vapor em 17/18.
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Com a redução do uso da água fria nas caldeiras, tivemos um ganho energético
equivalente á 2,5milhões de kW em 17/18, suficientes para a demanda anual de 1.237
residências e 4.300 habitantes.
Destacamos também a redução do uso de água desmineralizada sobre a tonelada de
vapor nas últimas quatro safras de 13,1 para 1,7%, equivalente a uma economia
energética de 7,8milhões de kW, equivalente ao consumo anual de 4.000 residências
e 13.600 habitantes.
Os volumes de água desmi produzidas e utilizadas nas caldeiras foram reduzidas de
220milhões para 29milhões de litros nas últimas 4 safras, ou seja, uma redução de
87% ou 191milhões de litros
A seguir, nos gráficos 2, 3 e 4, vemos a curva de redução do volume de água fria
(Desmineralizada) em caldeiras da unidade Maracaí, frente ao volume de vapor produzido.
Gráfico 2. Acima vemos a queda do volume de água desmi na safra 17/18, em condições de volume de vapor similares entre os anos.
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Gráfico 3. Queda dos índices de relação do volume de água desmineralizada sobre a tonelada de vapor nas últimas safras.
Gráfico 4. Queda progressiva dos volumes de produção desmineralizada.
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4.1.2. Benefícios complementares
Destacamos abaixo, os benefícios complementares com a redução dos volumes de
água desmineralizada nas caldeiras e outras ações de gestão e foco do time da unidade.
o Na safra 17/18, houve a redução da captação para o tratamento e desmineralização de
água em volume próximo de 72 milhões de litros na safra 17/18.
o O volume de captação específica reduziu de 0,53 para 0,49m³/tonelada de cana.
o Com o de uso de condensado de V1 em caldeiras e outras ações em linha com a
conservação e reuso da água, reduzimos o efluente em 21 milhões de litros na safra
17/18 em comparação à safra anterior.
4.2. Unidade Diamante Apenas para ilustrar, destacamos abaixo os resultados desta unidade.
A unidade reduziu o efluente em 53%, equivalente à 155 milhões de litros.
Reduzindo o volume específico de efluente de 0,21 para 0,10 m³/tonelada de cana.
No gráfico 5 vemos a curva de redução do volume de efluente/tonelada de cana da
unidade Diamante, frente ao volume de moagem.
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Gráfico 5.Curva de redução do volume específico do efluente por tonelada de cana
Adicionalmente, destacado no gráfico 6, em soma a outras ações realizadas na gestão
hídrica para a redução de captação de água, temos:
A unidade reduziu o volume de captação em 45 milhões de litro/mês em comparação
aos períodos com moagens próximas, equivalente à 473 milhões de litros na safra.
O volume de captação global específica reduziu de 0,98 para 0,71m³/tonelada de
cana.
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Gráfico 6.Índice de captação/tonelada de cana em moagem próximas
4.3. Resultados totalizados do projeto
Os excelentes resultados obtidos através do engajamento e comprometimento dos
times das unidades Maracaí e Diamante na safra 17/18, totalmente em linha com o programa
contínuo de redução do uso da água da Raízen são destaques a seguir.
As unidades reduziram a captação de água em mais de 540milhões de litros,
equivalente ao abastecimento anual de uma cidade de 9 mil habitantes.
Diminuíram o volume dos seus efluentes em mais de 175 milhões de litros.
Capturaram um ganho energético com o reuso das águas quentes do processo nas
caldeiras equivalente á 2,5milhões de kW em 17/18, suficientes para a demanda anual
de 1.237 residências e 4.300 habitantes.
o Reduziram os custos em cerca de R$2milhões.
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4.4. Resultados consolidados da Raízen
4.4.1 Os números globais
Além dos incríveis resultados do projeto da unidade Maracaí e Diamante, não
podemos deixar de destacar os resultados globais da Raízen dentro programa contínuo
de redução do uso da água:
o Redução de captação de água de quase 9bilhões de litros em três anos, equivalente ao
consumo anual de uma cidade de 143mil habitantes. Para ilustrar bem esse número,
ele equivale a 44bilhões de copinhos de água, que enfileirados representam 76 voltas
na circunferência do nosso planeta ou o volume de 3.500 piscinas olímpicas.
o A energia gerada pelo reuso de águas quentes do processo acumula o valor de
89milhões de kW, os quais são suficientes para atender a demanda anual de 45mil
residências com 155mil habitantes.
.
o Redução de custos acumulados próximo de R$14milhões em três anos
o Eficiência adicional na safra 17/18, com a redução de 20litros de água captada por
tonelada de cana em moagem (comparação à safra anterior, de 0,754 para 0,736
m³/tc).
o Com a gestão própria do tratamento de águas e o reuso das águas, acumulamos uma
redução de insumos químicos de mais R$3,5milhões em duas safras.
4.3.2. Redução de perdas de açúcar nos efluentes e na água condensada da
cana-de-açúcar
Para que possamos reutilizar os efluentes do processo e a água condensada da cana-
de-açúcar, é necessário um controle rígido dos contaminantes.
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A perda de açúcar para as correntes de águas representa uma redução do rendimento
industrial, além de inviabilizar em alguns casos momentaneamente o reuso das águas. Os
times estão atentos a essas perdas e quando alguma ocorrência é identificada, rapidamente
tomam as disposições necessárias para a regularização e o retorno do reuso das águas.
No gráfico 7 seguem exemplos de redução de perdas de açúcar das unidades Maracaí
e Diamante, em linha com a redução do volume de efluentes.
Gráfico 7.Redução de perdas de contaminantes (%ART/volume do efluente)
4.4. Orgulho de fazer parte do projeto
Além de todos os resultados hídricos e financeiros dos projetos apresentados, a Raízen
tem como foco manter os seus funcionários sempre trabalhando em ambientes seguros. Todas
as nossas operações, incluindo as de reuso de águas tem como prioridade o quesito
segurança.
O time de funcionários Raízen tem uma enorme satisfação de ver as suas contribuições
convergindo para a redução da captação de água e da geração de efluentes, capturando os
resultados hídricos, financeiros e energéticos em ambiente altamente seguro e em linha com a
preservação do meio ambiente.
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Temos o desafio de evoluir sempre com as inovações que possam trazer para a prática
um resultado de uma operação industrial cada vez mais sustentável e segura, contribuindo
inclusive com o mercado produtor.
Esse é o orgulho dos nossos 26mil funcionários da Raízen.
Figura 9. Time Raízen Maracaí