RESPONSABILIDADE SOCIAL
ORGANIZACIONAL NA VISÃO DOS
COLABORADORES: UM ESTUDO DE
CASO EM UMA EMPRESA DE
TRANSPORTES - RS
Pedro Leonardo Serafin Forgiarini
(UNIFRA-RS)
Elio Sergio Denardin
(UNIFRA-RS)
Flaviani Souto Bolzan Medeiros
(UNIFRA-RS)
Lisandra Taschetto Murini
(UNIFRA-RS)
Resumo A Responsabilidade Social é um tema muito discutido na sociedade, a
qual transfere suas exigências como cliente e consumidor de produtos
e serviços prestados pelas empresas. O estudo tem por objetivo
analisar a participação de uma empresa dde Transporte na
Responsabilidade Social, sob a ótica da direção e de seus líderes de
equipe. Para isso, estabeleceram como objetivos específicos: descrever
a prática de Responsabilidade Social da empresa; identificar as ações
de Responsabilidade Social com o público interno, através de seus
líderes; verificar o envolvimento do quadro funcional da empresa em
seus projetos e ações ligados à Responsabilidade Social; identificar os
principais benefícios da prática de Responsabilidade Social para a
empresa. Quanto aos procedimentos metodológicos, a pesquisa
classifica-se como quantitativa e qualitativa quanto à natureza, do tipo
exploratória e descritiva quanto aos objetivos, e como um estudo de
caso no que se refere aos procedimentos técnicos. O instrumento de
coleta utilizado foi um questionário aplicado a 13 líderes e 1 diretor da
empresa. Desta maneira, foi observada a existência da prática de
Responsabilidade Social, embora que ainda trabalhando com uma
tímida atuação e participação de seus colaboradores, demonstra-se
bastante interessada e condizente aos aspectos sociais.
Palavras-chave: Responsabilidade Social; Desenvolvimento
Sustentável; Organização.
8 e 9 de junho de 2012
ISSN 1984-9354
VIII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 8 e 9 de junho de 2012
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Palavras-chaves: Responsabilidade Social; Desenvolvimento
Sustentável; Organização.
VIII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 8 e 9 de junho de 2012
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1 INTRODUÇÃO
Ultimamente observam-se situações cada vez mais preocupantes e desonestas em
relação ao ser humano, numa proporção assustadora. Agravantes situações de desigualdades
estão, cada vez mais, presentes na vida do homem que vive em sociedade. Homem este que,
além do seu dia-a-dia rotineiro como integrante, ou até mesmo chefe de uma família, convive
grande parte do seu tempo diante dos seus colegas de trabalho. Baseadas neste cenário, é que
surgem as preocupações sociais empresariais, naquelas organizações que realmente
classificam-se como responsáveis.
Responsabilidade Social pode ser dita como um relacionamento ético e transparente da
organização com todas as partes interessadas, visando um desenvolvimento sustentável da
sociedade, preservando recursos ambientais e culturais para gerações futuras, respeitando a
diversidade e promovendo a redução das desigualdades sociais (FPNQ, 2005).
Na visão de Martinelli (1997), descobre-se a dimensão estratégica da
Responsabilidade Social, na medida em que ela possa contribuir para maior competitividade,
por implicar um ambiente de trabalho mais motivador e eficiente, por contribuir para uma
imagem institucional positiva e por favorecer o estabelecimento de relacionamentos com
maior comprometimento entre seus parceiros de negócio.
No meio empresarial brasileiro, a discussão sobre o papel social das empresas vem
ganhando espaço crescente, embora as motivações para o exercício da Responsabilidade
Social sejam de diferentes naturezas. Especialmente nos últimos quatro anos, tem havido uma
corrida das empresas na direção de assumirem posturas socialmente responsáveis, o que
implica uma necessidade de mudanças profundas em várias dimensões dos seus negócios.
A partir deste contexto, emergiu a questão problema: Qual a participação de uma
empresa de Transporte de Santa Maria – RS nos projetos e práticas de Responsabilidade
Social na visão da direção e de seus líderes de equipe? Visando responder a problemática
levantada, o objetivo geral do trabalho consiste em analisar a participação de uma empresa de
Transporte de Santa Maria – RS na Responsabilidade Social sob a ótica da direção e de seus
líderes de equipe. Tendo como objetivos específicos: descrever a prática de Responsabilidade
Social da empresa; identificar as ações de Responsabilidade Social com o público interno,
através de seus líderes; verificar o envolvimento do quadro funcional da empresa em seus
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projetos e ações ligados à Responsabilidade Social; identificar os principais benefícios da
prática de Responsabilidade Social para a empresa.
Este estudo justifica-se através de sua contribuição em termos de informação à
empresa, pois assim a mesma terá um levantamento teórico sobre as suas práticas sociais, bem
como o tema remete à prática de cidadania e com reflexo na sociedade, já que toda empresa é
uma concessão da sociedade e ela tem que retribuir de alguma maneira.
A Responsabilidade Social vem sofrendo várias transições, com enfoque mais
gerencial e ênfase na gestão das relações entre empresa e sociedade, na retidão social
corporativa, passando a incorporar uma ética normativa e propondo padrões de
comportamento desejáveis nas relações entre empresas e sociedade, trabalhando mais
orientada para resultados e com foco no impacto dos negócios para a sociedade. A partir deste
contexto, serão abordadas e revisadas as literaturas envolvidas com o tema, sendo
apresentadas ainda as análises e discussões dos resultados e respectivas conclusões.
2 CONCEITOS BÁSICOS DE RESPONSABILIDADE SOCIAL
Responsabilidade Social Organizacional é a obrigação da organização de agir de
forma moral é ética como instituição social. Este conceito sugere que os membros devem
certificar-se de que seus esquemas éticos se estendem à organização como um todo. Os
gerentes, em particular, lideram o comprometimento da organização com ações consistentes
tanto na busca de maior produtividade quanto com o objetivo da Responsabilidade Social da
corporação. Infelizmente, nem sempre as coisas funcionam assim (ASHLEY, 2000).
Silva (2001) complementa que a Responsabilidade Social Empresarial é um
comprometimento permanente dos empresários, em adotar um comportamento ético que
venha a contribuir no desenvolvimento econômico, melhorando simultaneamente a qualidade
de vida de seus colaboradores e de suas famílias, da comunidade local e da sociedade.
Segundo Barbieri e Cajazeira (2010), a Responsabilidade Social Empresarial
compreende as expectativas econômicas, legais, éticas e discricionárias que a sociedade tem
em relação às organizações em um certo período. Sustenta a ideia de que a Responsabilidade
Social é dividida em quatro dimensões, a saber: a primeira são as responsabilidades
econômicas (a empresa deve ser lucrativa); na segunda são apresentadas as responsabilidades
legais (efetivação do contrato social e suas regras básicas e as leis sob as quais deve operar);
na terceira dimensão são levantadas as responsabilidades éticas (obrigação de fazer o que é
correto e justo, evitando causar danos às pessoas) e por último são abordadas as
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responsabilidades filantrópicas (envolvimento e comprometimento em programas e ações que
promovem o bem-estar humano).
Para Krigsner e Kapaz (2004), o significado de Responsabilidade Social pode ser
representado através de uma visão mais empreendedora, que se preocupa com o entorno
social em que a empresa está alocada. Mesmo assim, não deixando de se preocupar com a
necessidade de geração de lucro, pois o coloca como um meio para se atingir um
desenvolvimento sustentável e com mais qualidade de vida e não como um objetivo fim.
Podendo ser vista inda como uma condução contínua dos negócios, baseada em
compromissos com a qualidade de vida atual, projetando-o às gerações futuras através de
comportamentos éticos e contribuintes no desenvolvimento econômico-social e ambiental.
Conforme Melo Neto e Froes (2004) a Responsabilidade Social nas empresas consiste
na sua decisão de participar, mais diretamente, das ações comunitárias na região em que está
presente e minorar possíveis danos ambientais decorrente do tipo de atividade que exerce.
De acordo com Moretti e Gomes (2007), a Responsabilidade Social não possui uma
importância absoluta, de modo a constituir-se como elemento-chave de um bloco histórico.
Para os autores esta importância é relativa, porém não deixa de evidenciar seu caráter
profundamente ideologizado e, que a atual Responsabilidade Social passou por dois estágios
evolutivos anteriores ao atual: Responsabilidade Econômica, Responsabilidade Pública.
A Responsabilidade Social Empresarial pode ser definida como:
O compromisso que uma organização deve ter para com a sociedade, expresso por
meio de atos e atitudes que afetem positivamente, de modo amplo, ou a alguma
comunidade, de modo específico, agindo proativamente e coerentemente no que
tange a seu papel específico na sociedade e na prestação de contas para com ela
(ASHLEY, 2003, p. 56).
Na visão de Cherques (2003), não há limite social que uma empresa possa adotar ou
causar, diante do ponto de vista ético, pois a Responsabilidade Social compreende o conjunto
de deveres morais que estas, através de seus dirigentes, têm para com a sociedade.
Torres (2003) afirma que a Responsabilidade Social Empresarial é um movimento que
iniciou nos anos 1960. Seu desenvolvimento se deu a partir dos EUA e sua motivação se
fundamentou na busca por maior consciência de segmentos da sociedade em relação à
responsabilidade das empresas na prevenção do meio ambiente e dos direitos dos
consumidores. Essas são questões de caráter social, por estarem referenciadas a problemas da
sociedade como um todo. Nos últimos 20 anos do século XX, em virtude das novas demandas
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decorrentes de transformações ocorridas no panorama econômico mundial, a noção de
Responsabilidade Social Empresarial passou a envolver um conjunto mais amplo de ações.
As empresas de um modo geral não têm um cronograma histórico que estabelece o
início ou o final das atividades de Responsabilidade Social, o que ocorre é uma evolução da
postura social, a partir de acontecimentos determinantes, sejam políticos, sociais ou até
mesmo tecnológicos. E ainda que, não há uma lista de regras a serem adotadas por uma
empresa mostrando o que ela deve fazer para ser socialmente responsável, mas a
Responsabilidade Social envolve uma gestão mais transparente e ética e a inserção de
preocupações sociais e ambientais nas decisões e resultados da empresa CORRÊA (2004).
Oliveira (2005) coloca que as empresas estão sendo provocadas pela Responsabilidade
Social porque se vêem na contingência de reavaliar o peso dos efeitos das suas atividades e
corrigir a sua conduta. Este acredita que, dentre as atitudes para enfrentar esse desafio, uma
delas é a de se dar conta de que está errada, de modo a buscar uma identidade que integre a
Responsabilidade Social às áreas de estratégia, logística, operacional, financeira e comercial.
A Responsabilidade Social implica em uma forma das empresas conduzirem seus
negócios de modo a tornarem-se parceiras e co-responsáveis pelo desenvolvimento social.
Uma empresa socialmente responsável é aquela que possui a capacidade de ouvir os interesses
das diferentes partes envolvidas no negócio (stakeholders): acionistas, funcionários,
fornecedores, consumidores, comunidade, governo e meio ambiente, de forma a conseguir
incorporá-los no planejamento de suas atividades, buscando atender a todos (ETHOS, 2002).
Atualmente, já não basta apenas a liderança, tradição no mercado e a própria imagem
da empresa como requisitos suficientes a fim de não somente atrair, mas manter os melhores
executivos dentro da organização. O que estes, por serem profissionais mais capacitados,
procuram hoje, é a certeza de que enfrentarão novos desafios, oportunidades de
desenvolvimento, plano de carreira e um bom ambiente de trabalho (TACHIZAWA, 2010).
Para Santos (2010, p. 1):
Todas as suas ações empresariais têm repercussão de cunho social, não se pode
negar que já é tempo de o marketing assumir a sua Responsabilidade Social, firmar
um compromisso com a sociedade, com seu público-alvo, que é a sua razão de
existir. Há que haver o mínimo de ética na atuação do setor, respeito aos valores que
estão em jogo: a vida, a saúde, o meio-ambiente, a cidadania e a Nação.
No ponto de vista de Reis e Medeiros (2007), o comportamento responsável de uma
empresa até pode gerar custos financeiros, o que a curto prazo pode ser um argumento
desfavorável. Por outro lado, em função das expectativas da sociedade diante do cumprimento
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por parte das empresas em relação ao social, essa atitude melhora a imagem pública da
mesma, assim contribuindo a longo prazo na ótica de uma organização socialmente
responsável, favorecendo seu desempenho econômico.
2.1 Principais Ferramentas de Responsabilidade Social
Segundo o Instituto Ethos (2010), existem instrumentos para avaliação e
acompanhamento da Responsabilidade Social na empresa e com eles alguns indicadores que
são utilizados para mensurar a Responsabilidade Social das empresas. Esses indicadores
diagnosticam a real situação da empresa e têm por finalidade principal auxiliá-las no
desempenho e acompanhamento de sua gestão, em relação aos impactos sociais e ambientais
decorrentes de suas atividades. Contribuem ainda, como uma alavanca impulsionadora a
construção de uma administração de planejamentos políticos, além de ações que venham a
aprofundar seu comprometimento com a Responsabilidade Social Empresarial.
Dentre tais ferramentas, destacam-se principalmente, o Instituto Ethos de
Responsabilidade Social, a ISO 8000, ISO 9001, ISO 14001 e a AA 1000, todas relacionadas
à complexa malha direcionada à Responsabilidade Social Empresarial. Raynard e Forstarter
(2002) complementam que essas certificações sociais têm por objetivo atestar que a empresa
além de ter procedimentos internos corretos, também participa de ações não lucrativas.
O Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social é uma organização associada
a centenas de empresas em operação no Brasil, com diferentes portes e setores de atividade,
com a missão de mobilizar, sensibilizar e ajudar as empresas a gerirem seus negócios de
forma socialmente responsável, tornando-as parceiras na construção de uma sociedade mais
próspera e justa, e sendo parceiro de organizações internacionais. Com o objetivo de
fortalecer o movimento pela Responsabilidade Social no Brasil, ele concebeu os “Indicadores
Ethos” como um sistema de avaliação do estágio em que se encontram as práticas de
Responsabilidade Social nas empresas. Os indicadores foram elaborados em 2000 pela equipe
do próprio Instituto e membros de empresas associadas (INSTITUTO ETHOS, 2002).
A ISO (International Organization for Standardization) é uma organização fundada
em 1946 e sediada em Genebra, na Suíça, onde seu propósito é desenvolver e promover
normas que possam ser utilizadas por todos os países do mundo. Cerca de 111 países integram
esta importante organização internacional especializada em padronização. O Brasil é
representado pela ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas (ISO, 2010).
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Certificar as empresas a partir da realização de auditorias de renome está sendo alvo
de reconhecimento pelo mercado consumidor como uma maneira eficaz, além do diferencial
que impacta no mercado. A partir de tais percepções e necessidades é que foi elaborada a ISO
8000. Esta norma segue o modelo das normas ISO 9000 e 14000, facilitando assim sua
implantação por empresas que já conhecem esse sistema, normalmente as maiores e melhores
empresas do mundo, atende as necessidades voltadas a consumidores mais esclarecidos e
preocupados com a forma como os produtos são produzidos, não se preocupando somente
com a qualidade. Para as organizações esta é uma vantagem contínua, apresentada através da
consistência dos processos de auditoria por meio de mecanismos contínuos por parte dos
órgãos e entidades competentes. Um detalhe que não existe hoje nas normas 9000 e 14000 é a
exigência presente na ISO 8000, de exigir que os funcionários da empresa elejam um
representante para acompanhar a sua implantação, (RESPONSABILIDADE SOCIAL, 2010).
Conforme a ISO (2010), a credibilidade em relação ao trabalho de seus funcionários
através da preocupação social da empresa é o requisito fundamental da SA 8000. Inicialmente
a empresa precisa demonstrar e garantir que está realizando tais procedimentos dentro de
casa, antes de divulgar tal iniciativa ao público externo. Somente dessa maneira é que
demonstrará sua Responsabilidade Social, partindo de si mesma, na sua rotina através do seu
comportamento, atitudes e até mesmo atividades que desempenha com o seu público interno.
Um fator a ser considerado neste aspecto é o salário, pois segundo Felício (2009, p. 1):
Quando um funcionário recebe um bom salário, ele se sente motivado para o
trabalho, e, mais ainda, quando ele recebe elogios do gestor. As pessoas têm
necessidade não somente de uma boa remuneração, mas também de elogios, de
serem lembradas, notadas. E este é um papel fundamental do gestor, não apenas
chamar a atenção quando saiu algo errado, mas principalmente parabenizar o
funcionário quando realizou algo bom. Além da remuneração, propriamente dita, há
ainda, uma série de outros benefícios que podem ser implantados nas organizações,
como prêmios por mérito, quando o funcionário consegue bons resultados; planos de
saúde; auxílio alimentação; descontos em farmácias, faculdades, comércio em geral,
por meio de convênios firmados com a empresa; programas de saúde e qualidade de
vida; remuneração variável, dentre outros. Tudo isso, são formas de estimular a
motivação das pessoas para com o trabalho, o comprometimento com a organização,
além de serem importantes estratégias para reter talentos.
No ponto de vista de Moretti e Gomes (2007), a norma SA 8000 rege o tema
Responsabilidade Social, pois de um modo geral ela estabelece os seguintes pontos: a
proibição de contratar crianças com idade inferior a 15 anos; permissão aos trabalhadores de
se associarem e negociarem de modo coletivo e não individual; proibição da discriminação
racial, origem, sexo (e opção sexual), deficiência física, orientação política e cedo religioso; a
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jornada de trabalho deverá ser de 44 horas semanais e as horas-extras serão uma opção do
trabalhador (não podendo exceder a 12 horas semanais) e proíbe a coerção, o castigo físico e
abuso verbal como práticas disciplinares.
Já a ISO 9000 dirige-se diretamente aos requisitos de gestão de qualidade e tem por
objetivo principal tratar sobre os sistemas de gestão referentes a este tema. Uma organização
com posse do selo de conformidade ISO 9001 possui conformidade segura de boas práticas de
gestão e relacionamento entre fornecedores e clientes, possibilitando maior desenvolvimento
de seus colaboradores e servindo como alavanca pela busca da qualidade total, sempre
propiciando condições para maior competitividade de mercado, otimizando processos e
reduzindo custos. Existem situações onde a certificação ISO 9001 é exigida pelos próprios
clientes, que decidem negociar somente com fornecedores certificados (ISO ONLINE, 2010).
Ainda de acordo com o ISO Online (2010), qualquer setor pode ser contemplado com
esta certificação, pois a mesma estabelece requisitos para processos e não para produtos.
Sendo que cada organização estabelece seu próprio sistema de gestão de acordo com as suas
necessidades e normas, fica ao seu critério solicitar a um órgão certificador que realize uma
auditoria no seu Sistema de Gestão de Qualidade. Esta auditoria emite um relatório,
certificando o sistema, que por sua vez atende aos seus requisitos. Após a certificação,
auditorias periódicas são realizadas na empresa, a fim de estabelecer se o sistema implantado
continua sendo preservado e atendendo aos requisitos estabelecidos. Caso contrário, a
empresa poderá perder a certificação. Vale ressaltar que esta certificação, para que seja válida,
necessita de um registro no INMETRO, para que possa ser dita reconhecida oficialmente.
Moretti e Gomes (2007, p. 50) explicam que:
A norma ISO 14000 foi elaborada com o intuito de conscientizar as empresas no
tocante aos efeitos que elas provocam no meio ambiente. Há uma preocupação em
se evitar desastres e contaminações a partir do exame, a priori, dos processos
internos, principalmente aos que se referem à eliminação de efluentes e aos que
prejudiquem o solo, a água, a flora ou a fauna.
Os mesmos autores complementam que esta norma deve contemplar pontos como: a
avaliação do impacto das consequências que os produtos da empresa possam provocar no
meio ambiente, bem como o atendimento dos chamados da sociedade com relação aos
eventuais prejuízos ou descasos ambientais e, ainda a definição de indicadores internos para a
mensuração do desempenho da empresa na gestão ambiental e a redução dos custos na
prevenção de acidentes ambientais e na prestação de serviços.
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Segundo a ISO (2010) sua intenção não é a de classificar o quanto a empresa
desenvolve em nível de atividades e de nível ambiental, até porque este é um critério que, de
certo modo, pode ser visto de maneira imensurável e qualitativa. Além de existirem inúmeras
avaliações a partir da atividade desempenhada pela organização. Por tratar-se de um tema
muito amplo e de diferentes critérios de participação e avaliação, a ISO 14001 não estabelece
níveis de desempenho ambiental, podendo esta norma ser implementada por uma gama muito
ampla de organizações, que por sua vez independem do seu atual nível de maturidade no
mercado.
No que se refere a AA 1000, de acordo com o Instituto ETHOS (2010), nascida em
1999 em Londres, a norma AA 1000 (Account Ability 1000) é uma das mais abrangentes
ferramentas relacionadas à Responsabilidade Social Empresarial, pois engloba desde os
processos de levantamento de informações até os relatórios sociais e éticos, passando antes
pelas auditorias e utilizando-se dos stakeholders internos e externos através do enfoque nos
diálogos com as partes interessadas. Sua utilização oferece uma melhoria contínua de gestão,
através de caminhos sólidos na aprendizagem organizacional. Em termos nacionais, a AA
1000 ainda é bastante precoce e se limita a poucas organizações.
De acordo com BSD Brasil (2010), a AA1000 pode apoiar a gestão estratégica e as
operações de uma organização, dando a ela assistência para: alinhar seus sistemas e atividades
com seus valores; aprender sobre os impactos de seus sistemas e atividades, incluindo as
percepções de partes interessadas sobre esses impactos; servir como parte de uma estrutura
para controle interno para possibilitar à organização identificar, avaliar e melhor gerenciar os
riscos que surgem de seus impactos e das relações com suas partes interessadas; atender ao
legítimo interesse das partes interessadas em informações a respeito do impacto social e ético
das atividades da organização e seus processos de tomada de decisão e construir vantagem
competitiva através da projeção de uma postura definida sobre questões sociais e éticas.
Portanto, trata-se de uma ferramenta que possui por objetivo, apoiar a aprendizagem
organizacional assim como o desempenho geral diante de aspectos sociais e éticos, ambientais
e econômicos, contando sempre com a contribuição da organização rumo ao caminho do
desenvolvimento sustentável.
3 METODOLOGIA
A metodologia, segundo Magalhães (2005, p. 226), é “o estudo ou a ciência do
caminho, se pretendendo que este seja uma trilha racional para facilitar o conhecimento, além
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de trazer implícita a possibilidade de, como caminho, servir para que diversas pessoas o
percorram [...].
Nesse sentido, o estudo classifica-se como qualitativo e quantitativo quanto à natureza.
A abordagem qualitativa tem o ambiente natural como sua fonte direta de dados e o
pesquisador como seu principal instrumento, tendo um contato direto e prolongado do mesmo
com o ambiente e a situação que está sendo investigada (LAKATOS e MARCONI, 2005). Já
a pesquisa quantitativa, na visão de Costa e Costa (2001), tem o objetivo de comprová-la ou
testá-la. O tema de pesquisa é, na verdade, o responsável por fazer com que o trabalho tenha
um caráter mais de comprovação ou de descoberta.
No que tange aos objetivos, a pesquisa caracteriza-se do tipo exploratória e descritiva.
Conforme Malhotra et al. (2005) a pesquisa exploratória, como o próprio nome já sugere, tem
como objetivo explorar ou examinar um problema ou situação para proporcionar
conhecimento e compreensão. Enquanto que na pesquisa descritiva, segundo Jung (2004), não
pode haver interferência do pesquisador, que deverá apenas descobrir a frequência com que o
fenômeno acontece, ou como se estrutura e funciona, pois o processo descritivo visa a
identificação, registro e análise das características, fatores que se relacionam com o processo.
Este trabalho trata-se de um estudo de caso no que se refere aos procedimentos
técnicos. Lüdke e André (2008) explicam que o estudo de caso pode ser definido como um
estudo delimitado com a exploração de um sistema, obtido a partir de uma coleta de dados
detalhada, envolvendo várias fontes de informação.
Quanto ao plano de coleta de dados, desenvolveram-se dois questionários: o primeiro
deles composto por 14 questões, sendo 12 fechadas de acordo com a escala Likert e 2 abertas,
aplicado a um dos diretores da empresa em estudo; já o outro questionário continha por 12
afirmações também fechadas e de acordo com a escala Likert, sendo aplicados a 13
colaboradores que exercem cargos de liderança na empresa. Foram realizadas entrevistas
diretas e presenciais com os envolvidos, no sentido de assegurar um entendimento das
questões e conceitos acerca do tema por parte dos entrevistados. Ambos os questionários,
foram direcionados à Responsabilidade Social. As informações obtidas foram tabuladas com
o auxílio do software SPSS 16.0, interpretados e analisados sob a ótica qualitativa.
4 ANÁLISE DOS RESULTADOS
A empresa em estudo é destaque no seu ramo de atuação (transporte rodoviário de
passageiros), e possui o maior número de linhas e itinerários do território gaúcho. Neste item,
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além de ser observada a visão da gerência da empresa quanto à Responsabilidade Social,
serão expostas também as avaliações de seus colaboradores, a fim de se subtrair a real
situação quanto ao tema proposto. Desse modo, pretende-se inicialmente analisá-las e
posteriormente conceder sua aplicação à empresa, a fim de diagnosticar individualmente sua
participação ou então em que condições andam suas atribuições quanto à Responsabilidade
Social.
O tema em estudo (Responsabilidade Social) atinge diretamente a cultura da empresa
em análise. Esta cultura é focada em duas grandes dimensões: quanto à sociedade em geral e
quanto aos colaboradores. Embora o foco do trabalho seja voltado aos colaboradores, são
perceptíveis as práticas sociais da empresa também em relação à sociedade, através de
constantes participações.
4.1 A prática de Responsabilidade Social da Empresa na Visão da Direção
A empresa em questão é uma das mais bem conceituadas empresas de transporte de
passageiros do Estado do Rio Grande do Sul, atuante nesta atividade há mais de 60 anos já
pode ser vista como responsável socialmente à comunidade através da qualidade de seus
serviços prestados. A fim de se formar uma ideia do quanto à empresa tem de
responsabilidade, serão expostas neste item as respostas da direção da mesma quanto ao
assunto, enfocando de modo qualitativo. Aparentemente, alguns indícios já são perceptíveis e
evidentes, transmitindo a ideia de que existem benefícios interligando o ciclo administrativo
da organização.
Atualmente a empresa trabalha e desenvolve projetos sociais dentre os quais
destacam-se: Projeto Pescar, Mesa Brasil SESC, Despoluir e o Separador de Água e Óleo
(SAO). A Fundação Projeto Pescar é uma organização não-governamental, sem fins
lucrativos, mantida por empresas e apoiadas por instituições públicas e privadas nacionais e
internacionais. Sua missão é "promover oportunidades para jovens em situação de
vulnerabilidade social entre 16 e 19 anos, através da educação básica profissionalizante,
visando ao exercício pleno da cidadania e da atividade profissional".
Outra atuação permanente da empresa está relacionada ao Mesa Brasil SESC, um
programa de segurança alimentar e nutricional sustentável, que redistribui alimentos
excedentes próprios para o consumo ou sem valor comercial. O programa é uma ponte que
busca onde sobra e entrega onde falta, contribuindo para diminuir o abismo da desigualdade
social no país. Desde o começo do ano passado, sempre que solicitados, fazem o transporte
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das doações que chegam em grande quantidade para o programa da capital e são direcionadas
para unidades do interior do Estado do Rio Grande do Sul.
A empresa ainda participa do Projeto Despoluir, que tem o objetivo de controlar a
emissão de gases poluentes de motores a diesel. O controle é feito por meio de um aparelho
chamado NA-9000E, que mede o nível de opacidade da fumaça preta emitida, composta por
gases como monóxido de carbono (CO) e óxidos de nitrogênio (NOX). Se a emissão de gases
do carro estiver abaixo dos níveis estabelecidos, ele estará aprovado, recebendo um selo do
projeto, que é afixado no pára-brisa do veículo. Esse processo é realizado novamente após 90
dias. Despoluir é uma criação da CNT (Confederação Nacional de Trânsito), que busca
engajar os empresários do setor e segmentos, na conservação do meio ambiente. A execução
do projeto no Estado está a cargo da FETERGS (Federação das Empresas de Transporte
Rodoviário do Estado do Rio Grande do Sul).
O Separador de Água e Óleo (SAO) é um equipamento usado para separar o óleo da
água proveniente do abastecimento, da oficina e da lavagem da empresa. Ao chegar ao SAO,
que está distribuído em vários pontos da empresa, a água poluída (água + óleo) é separada por
um sistema de tanques e coletores tubulares, que captam somente o óleo e o armazenam para
depois ser eliminado por processos ecologicamente corretos. A água, que agora não é filtrada,
pode ser eliminada sem poluir o meio ambiente. Como forma de diminuir o gasto de água, a
empresa possui um sistema de coleta, que é formada por um reservatório de concreto, fazendo
com que a água da chuva acumulada seja direcionada à lavagem dos veículos.
A partir do ponto de vista da direção da empresa, todas as afirmações levantadas
foram bem sucedidas, pois apresentaram resultados que demonstram que a organização avalia
o assunto como necessário em suas atividades externas à empresa, bem como à sua
comunidade interna (colaboradores). Conforme o exposto no Quadro 1, a primeira questão
aplicada à direção, afirma que a empresa possui, de maneira geral, uma postura socialmente
responsável. Obteve-se como resposta o parecer 4 (concordo). Em relação à presença de
projetos, a direção concorda que estes existem e que norteiam os planejamentos futuros
(afirmações 2 e 3, respectivamente).
Nas atuais condições, é praticamente nula a hipótese de que a comunidade local não
necessite de ajuda. Não diferente é a visão da empresa, que concorda com a afirmação de
número 4, a qual expõe que a empresa atende a Instituições carentes da comunidade local.
Segundo Moretti e Gomes (2007), uma das práticas mais destacadas no âmbito da
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Responsabilidade Social Empresarial reside no fato de as ações se realizarem dentro de um
perímetro próximo à sede da empresa.
Alguns autores, como Santos (2010), afirmam que todas as ações de uma organização
têm repercussão social e que já é hora de o marketing assumir sua responsabilidade. Baseada
nesta ideia é que foi desenvolvida a questão número 5, afirmando que um dos principais
motivos que leva a empresa a participar de ações de Responsabilidade Social é justificado
pelo “marketing oculto”. A empresa em questão trata este aspecto de maneira indiferente
(resposta 3).
Em relação ao meio ambiente foi apresentada na afirmação 6, que a empresa mantém
controle de todas as suas atividades, verificando-se que a mesma concordou com o exposto.
Ainda em relação às questões ambientais, a afirmação 7 trata da participação da empresa em
conselhos locais ou até mesmo regionais, a fim de discutir questões ambientais junto ao
governo e à comunidade. Sua posição de resposta foi 4 (concordo).
A afirmação 8 dá início às questões direcionadas ao colaborador, onde a direção expõe
que a participação dos mesmos em programas ou projetos sociais é de forma voluntária. A
avaliação da empresa foi exposta através da resposta 3, demonstrando-se indiferente. Quanto
aos salários e demais benefícios (afirmação 9), a empresa diz estar disponibilizando do
pagamento destes sempre em dia, bem como disponibiliza de boas condições de trabalho.
Também concorda que investe em seus funcionários, proporcionando-lhes cursos,
treinamentos ou bolsas de estudo (afirmação 10).
Quanto aos projetos desenvolvidos, a organização diz que é possível identificar sua
repercussão (afirmação 11). Concorda também com a afirmação 12, em relação à oferta de
iguais condições de trabalho a todos os envolvidos.
Diante dos benefícios obtidos pela prática das ações de Responsabilidade Social
(pergunta 13), a empresa identifica: identidade cidadã, colaboradores mais engajados e
associação positiva da marca. Segundo Reis e Medeiros (2007), essa atitude melhora a
imagem pública da mesma, assim contribuindo a longo prazo na ótica de uma organização
socialmente responsável, favorecendo seu desempenho econômico.
Na afirmação 14, no que se refere ao entendimento de Responsabilidade Social, foram
apresentados os seguintes tópicos: ajuda para a comunidade, obrigações com a comunidade,
oferecer qualidade de vida, atender às necessidades sociais, sentir-se envolvido e
comprometido com a sociedade e outros. As respostas assinaladas foram o atendimento às
necessidades sociais e o envolvimento e comprometimento com a sociedade e com os outros.
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Quadro 1 - Avaliação da direção
Afirmação Resposta
1) A empresa apresenta, de maneira geral, uma postura socialmente
responsável
4
2) A empresa possui projetos ligados a Responsabilidade Social 4
3) De modo geral, as ações de Responsabilidade Social são baseadas
em projetos ou trabalhadas com planejamento
4
4) A empresa atende Instituições carentes da comunidade local 5
5) Um dos principais motivos que leva a Empresa a participar de
ações de Responsabilidade Social é justificado pelo “manketing
oculto”
3
6) Em relação ao meio ambiente, a empresa mantém controle da
poluição de todas as suas atividades
4
7) A empresa costuma participar de conselhos locais ou até mesmo
regionais, a fim de discutir questões ambientais junto ao governo e
comunidade
4
8) A participação, por parte dos colaboradores, em programas ou
projetos sociais é de forma voluntária
3
9) A Empresa disponibiliza de pagamentos em dia, bem como plano
de saúde e boas condições de trabalho, dentre outros
4
10) A empresa costuma investir em seus funcionários, proporcionando-
lhes cursos, treinamentos ou bolsas de estudo
4
11) É possível identificar a repercussão dos projetos desenvolvidos pela
empresa
4
12) A empresa oferta iguais condições de trabalho a todos (jovens,
idosos, mulheres, negros, brancos, deficientes etc)
4
13)
Quais os benefícios obtidos pela prática das ações de
Responsabilidade Social?
- Identidade Cidadã
- Colaboradores Engajados
- Associação Positiva da marca
14)
O que você entende por Responsabilidade Social:
- Ajuda para a comunidade;
- Obrigações com a comunidade;
- Oferecer qualidade de vida;
-Atender às necessidades
sociais;
-Sentir-se envolvido e
comprometido com a sociedade
e com os outros
Fonte: Os autores.
A partir das respostas da direção da empresa, é perceptível que a mesma demonstra-se
ciente do que envolve a Responsabilidade Social, bem como suas necessidades, condições de
desenvolvimento e objetivos. Pode-se considerar, a partir do exposto que a empresa
apresenta-se em conformidade com as teorias analisadas, porém esta é uma prática que
merece ser aprimorada e desenvolvida sempre, evoluindo de maneira ascendente, assim como
suas retribuições.
4.2 Percepção dos Colaboradores diante da Prática da Responsabilidade
Social na Empresa
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Em contrapartida, foi avaliado o ponto de vista dos colaboradores, representados pelos
13 líderes da empresa. Os resultados obtidos demonstram que a realidade é condizente àquilo
afirmado pela direção da empresa, assim beneficiando o fluxo do ciclo administrativo-
operacional da organização.
A primeira afirmação abordada pelos líderes da empresa quanto à Responsabilidade
Social é avaliada com uma média de 4,15, conforme exposto na Tabela 1. Ela afirma que de
um modo geral a empresa tem uma postura socialmente responsável.
Tabela 1 - Postura da organização
Afirmação Mínimo Máximo Média
No seu ponto de vista e de um modo geral, a empresa tem postura
socialmente responsável
3 5 4,15
Fonte: Os autores
A Tabela 2 apresenta duas questões relacionadas aos projetos de Responsabilidade
Social da empresa. A primeira delas, afirma que as ações da empresa são baseadas em
projetos e trabalhadas com planejamento, resultando em uma média de 4,08. Já quanto à
exposição dos projetos, a média baixa um pouco (3,54). Demonstrando que estes podem ser
melhor divulgados e engajados à participação dos colaboradores.
Tabela 2 – Projetos de Responsabilidade Social
Afirmação Mínimo Máximo Média
1. De modo geral, as ações de Responsabilidade Social na empresa são
baseadas em projetos ou trabalhadas com planejamento
3 5 4,08
2. Os Projetos de Responsabilidade Social da empresa são expostos e
transparentes aos colaboradores
1 5 3,54
Fonte: Os autores.
Na Tabela 3, quando questionados a respeito de sua participação ativa nos projetos, as
respostas dos líderes oscilaram entre 2 a 5, podendo ser observado que enquanto alguns
discordaram da afirmação, outros concordaram totalmente (média 3,62). Situação esta que
merece ser reavaliada pela organização, pois o resultado demonstra que os colaboradores não
estão se sentindo participativos ativamente nos projetos desenvolvidos. A segunda afirmação
trata da participação destes colaboradores quanto à sua participação voluntária. A média
obtida foi de 4,15. Esta média mostra que não há obrigatoriedade da participação dos
colaboradores, quando envolvidos, vindo ao encontro do que afirmou a direção.
Tabela 3 – Participação do colaborador nos projetos
Afirmação Mínimo Máximo Média
1. Os colaboradores tem participação ativa nos Projetos de 2 5 3,62
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Responsabilidade Social da empresa
2. A participação, por parte dos colaboradores, em programas ou projetos
sociais é de forma voluntária
2 5 4,15
Fonte: Os autores.
Segundo Felício Junior (2004), as organizações devem ofertar a qualidade de vida
através de ambientes favoráveis para o atendimento das necessidades e do desenvolvimento
integral do ser humano, com base na ideia de humanização do trabalho agregada a
Responsabilidade Social.
Em relação à qualidade de vida, foram apresentadas três afirmações, exibidas na
Tabela 4. A primeira delas trata do investimento da empresa aos colaboradores através de
cursos, treinamentos ou bolsas de estudo. A média resultante (4,08) demonstra que existe este
investimento. Em relação à oferta de iguais condições de trabalho a todos, a média obtida foi
muito boa: 4,69. Esta é uma das mais altas médias obtidas, demonstrando que realmente a
empresa não apresenta desigualdades sociais. A última afirmação da tabela refere-se às boas
condições de trabalho e o respectivo interesse permanente por parte da organização,
resultando em uma média de 4,31. Outro bom resultado, já que qualidade de vida atualmente
é um dos fatores determinantes para muitos colaboradores
Tabela 4 – Qualidade de vida
Afirmação Mínimo Máximo Média
A empresa costuma investir em seus funcionários, proporcionando-lhes
cursos, treinamentos ou bolsas de estudo
2 5 4,08
A empresa oferta iguais condições de trabalho a todos (jovens, idosos,
mulheres, negros, brancos, deficientes, etc)
4 5 4,69
Em relação às boas condições de trabalho (saúde, qualidade de vida,
realizações), existe interesse permanente por parte da organização
3 5 4,31
Fonte: Os autores.
A Tabela 5 apresentou uma afirmação referente ao reconhecimento e valorização da
organização em relação ao desempenho do profissional. Apesar da média ter oscilado entre 3
a 5 , o resultado obtido foi bom, pois afirma que existe este reconhecimento, que por muitos é
visto como um fator motivacional.
Tabela 5 - Valorização e Reconhecimento
Afirmação Mínimo Máximo Média
A organização costuma reconhecer e valorizar seu trabalho. 3 5 4,00
Fonte: Os autores.
Quanto aos salários e benefícios ofertados pela empresa, a Tabela 6 apresenta um
excelente resultado: média 4,69. Isso significa que estes fatores estão condizentes com a
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realidade da empresa. Para Felício (2009), o salário é um fator motivacional ao funcionário,
assim como benefícios, prêmior por méritos, planos de saúde, auxilio alimentação, dentre
outros. Por outro lado, existe a confiança por parte do colaborador em poder se programar
com seu plano financeiro, podendo contar com o dia e valores exatos acertados em seu
contrato. Em termos administrativos, apesar de ser uma obrigatoriedade da empresa, este é um
fator que agrega grande interferência na imagem da empresa.
Tabela 6 – Salários e benefícios
Afirmação Mínimo Máximo Média
A Empresa disponibiliza de pagamentos em dia, bem como plano de saúde
e boas condições de trabalho
4 5 4,69
Fonte: Os autores.
Os colaboradores afirmam que a organização pratica responsabilidade interna, através
de melhorias no ambiente de trabalho. Esta posição é defendia pela média da Tabela 7 (média
4,08). Tão importante quanto à prática externa é a interna, pois dessa maneira expõe que o
desenvolvimento de práticas sociais também é trabalhado dentro de casa.
Tabela 7 - Ambiente de trabalho
Afirmação Mínimo Máximo Média
A prática de Responsabilidade Social interna proporciona melhorias no
ambiente de trabalho
3 5 4,08
Fonte: Os autores.
O meio ambiente é uma preocupação da sociedade em geral. Assim como é atingido
individualmente por cada ser humano, é também atingido em maiores proporções pelas
grandes companhias. Diante deste assunto, os líderes da empresa através da média 4,15,
afirmam que a empresa mantém controle da poluição de todas as suas atividades (Tabela 8).
Apesar de se obter um bom resultado diante desta posição, vale trabalhar melhor esta
afirmação, pois ela refere-se a todas as atividades. Talvez seria necessário descrevê-las para
que assim nenhuma ficasse esquecida, dando maior dinâmica ao resultado. Mesmo assim é
satisfatório mensurar que os colaboradores enxergam esta preocupação da empresa com o
meio ambiente, ao menos em grande parte de suas atividades.
Tabela 8 – Meio ambiente
Afirmação Mínimo Máximo Média
Em relação ao meio ambiente, a empresa mantém controle da poluição de
todas as suas atividades
3 5 4,15
Fonte: Os autores.
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Diante do ponto de vista geral dos colaboradores entrevistados, percebe-se que estes
visualizam aquilo afirmado pela direção da empresa, suas atuações e participações. Este já um
dos dados satisfatórios da pesquisa, pois demonstra que a empresa realmente está trabalhando
com a prática de Responsabilidade Social, não são apenas projetos que estão em fase de
desenvolvimento ou então engavetados.
De um lado, a direção, de outro lado, os colaboradores. Uma defrontação de
informações que acabou em um excelente resultado. Excelente no contexto de que a maioria
das afirmações foram condizentes entre os pareceres, claro que em algumas poucas houveram
pequenas oscilações. São nestas pequenas oscilações que a empresa deve focar, pois são nelas
que estão os desequilíbrios. Um fator que ficou perceptível foi à carência na divulgação do
envolvimento da empresa nos projetos locais e regionais, suas atitudes e seus planos. Muitas
vezes acabam não sendo de conhecimento dos colaboradores as práticas da empresa, nas quais
ele pode contribuir no desenvolvimento e participação em conjunto, possibilitando uma
chance maior de resultados inesperados.
5 CONCLUSÃO
O estudo demonstrou quanto aos ideais e percepção da empresa diante do
envolvimento social, que ela está interessada e ao mesmo tempo é participativa neste sentido.
Isso pode ser observado através dos programas que já estão em constantes acompanhamentos
e demais participações não formais, sendo todos relacionados principalmente à comunidade.
Por outro lado, voltados à comunidade interna (colaboradores) a empresa não se demonstra
diferente disso. Há também um constante desenvolvimento de aprimoramentos em prol do
colaborador. A fim de melhor atendê-lo diante de suas necessidades, são realizados programas
de desenvolvimento específicos a cada área de atuação. Há também, eventos como a Estação
Vida que trabalha focada em assuntos de abrangência geral. O que falta é um vínculo mais
próximo com os mesmos colaboradores, que parecem estar distantes das atuações da empresa
no aspecto social, podendo ser observado.
Na pesquisa direcionada aos líderes da empresa, foram abordadas as principais
atitudes necessárias a uma organização que se diz responsável com a sociedade. Estas atitudes
referem-se à: postura geral da empresa; existência, planejamento e exposição de projetos
ligados a Responsabilidade Social; participação dos colaboradores nestes projetos; qualidade
de vida, envolvendo incentivos educacionais profissionais, treinamentos e especializações,
inclusão social e boas condições de trabalho; valorização e reconhecimento ao profissional;
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salários e benefícios; ambiente de trabalho e; meio ambiente. As tabelas expuseram um
resultado muito positivo em relação à existência de atitudes organizacionais voltadas ao
social. Quanto ao envolvimento dos funcionários nestas atitudes, as médias baixaram. Cabe à
empresa disponibilizar de ferramentas de exposição e interação, facilitando o processo de
envolvimento com os mesmos, gerando benefícios para ambos.
Outro importante aspecto que merece destaque é o resultado geral obtido pelas médias
das tabelas, sendo a menor 3,54 (referente à exposição e transparência dos projetos da
empresa). Este dado não anula a afirmação da presença de projetos e desenvolvimentos
sociais, mas sim expõe que estes não estão sendo divulgados da melhor maneira, pois os
colaboradores acabam não se sentindo muito envolvidos por consequência disso.
A partir da descrição dos processos de Responsabilidade Social, observa-se que eles
não fogem das táticas e consentimentos abordados nas bibliografias estudadas. A empresa
aparenta estar preocupada com o social de seus colaboradores e da comunidade. Sugere-se
que trabalhe com um planejamento mais estratégico e envolvendo os colaboradores e após
este a pesquisa seja aplicada novamente, a fim de reavaliar as questões analisadas, inclusive
servindo para outras empresas.
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