Download - REPETRO & EX-TARIFÁRIOS
REPETRO x EX-TARIFÁRIOS
Estudo de vantagens tributárias
Marina Soares Marinho
HV&M advogados associados
REPETRO – Regime Especial de Importação e Exportação de bens destinado à Pesquisa e Lavra de Petróleo e Gás Natural
Objetivo: Incentivar o ingresso no Brasil de ativos estrangeiros com suspensão ou isenção de tributos, bem como a indústria nacional a fornecer e participar deste mercado.
- Extensão dos benefícios do Regime de Admissão Temporária, utilizado pelos industriais estrangeiros na importação de equipamentos empregados nas atividades de E&P devido aos seus impostos suspensos – os fabricantes nacionais que, arcando com o IPI e o ICMS, acabavam por atuar em posição de desvantagem.
Histórico 1995 – EC 09 Determinava a contratação, pelo Estado, de companhias
estatais ou privadas para atividades de E&P. Tal seria regulamentado por lei posterior.
1997 – Lei 9.478Quebra do monopólio da estatal Petróleo Brasileiro S.A –
Petrobras, cria a ANP – Agência Nacional de Petróleo e Biocombustíveis, bem como o Conselho Nacional de Política Energética, CNPE.
1999 – REPETROCriado a partir do Decreto 3.161, sendo atualmente regido
pelo Decreto 6.759/09, o Regulamento Aduaneiro (RA)
Tributação
O REPETRO permite a importação de equipamentos específicos, para serem utilizados diretamente nas atividades de pesquisa e lavra das jazidas, sem a incidência dos tributos federais – II, IPI, PIS e COFINS, além do adicional de frete da marinha mercante, AFRMM.
A exigibilidade dos referidos tributos permanecerão suspensas pelo seu período de utilização no regime.
Os benefícios relativos ao ICMS ficam a cargo dos Estados e Distrito Federal, de acordo, atualmente, com o Convênio ICMS 130/07.
Aplicação: Exportação, com saída ficta do território nacional e
posterior aplicação do regime de admissão temporária, no caso de bem constante da relação da SRF, de fabricação nacional, vendido a pessoa sediada no exterior.
Exportação, com saída ficta do território nacional, de partes e peças de reposição destinadas aos bens da relação da SRF, bem como máquinas e equipamentos sobressalentes, já submetidos ao regime aduaneiro especial de admissão temporária.
Importação, sob o benefício de drawback na modalidade de suspensão do pagamento dos impostos incidentes, de matérias-primas, produtos semi-elaborados ou acabados e de partes ou peças, utilizados na fabricação dos bens constantes da relação da SRF ou sobressalentes.
Bens que poderão ser submetidos ao REPETRO IN 844/08
Embarcações destinadas às atividades de pesquisa e produção das jazidas de petróleo ou gás natural e as destinadas ao apoio e estocagem nas referidas atividades.
Máquinas, aparelhos, instrumentos, ferramentas e equipamentos destinados às atividades de pesquisa e produção das jazidas de petróleo ou gás natural.
Plataformas de perfuração e produção de petróleo ou gás natural, bem como as destinadas ao apoio nas referidas atividades.
Veículos automóveis montados com máquinas, aparelhos, instrumentos, ferramentas e equipamentos destinados às atividades de pesquisa e produção das jazidas de petróleo ou gás natural.
Estruturas especialmente concebidas para suportar plataformas.
Habilitação IN 844/08 Pessoa jurídica detentora de concessão ou autorização, nos
termos da Lei 9.478/97, para exercer, no País, as atividades de pesquisa ou lavra (E&P) de jazidas.
Pessoa jurídica contratada pela detentora da concessão ou autorização, em afretamento por tempo ou para a prestação de serviços destinados à execução das atividades objeto da concessão ou autorização, bem como as suas subcontratadas.
É requisito para a habilitação a apresentação de sistema próprio de controle contábil informatizado que possibilite o acompanhamento da aplicação do Regime, bem como da utilização dos bens na atividade para a qual foram admitidos (art. 6º).
A habilitação será outorgada pelo Superintendente da Receita Federal do Brasil da região fiscal onde se localiza o domicílio da matriz do interessado, por meio de Ato Declaratório Executivo (ADE) e terá prazo de duração igual ao do contrato de concessão, autorização ou relacionado à prestação de serviços.
Sanções aplicadas IN 844/08
Advertência Suspensão da habilitação Cancelamento da habilitação
Art. 34
Vigência do Regime De acordo com o art. 376 do Decreto 6.759/09, não
estão sujeitos ao pagamento dos impostos federais, da contribuição para o PIS/PASEP-Importação e da COFINS-Importação, os bens bens destinados às atividades de pesquisa e de lavra das jazidas de petróleo e de gás natural até 31 de dezembro de 2020.
Comentários finais Aplicam-se também, no que couber, as normas previstas
para o regime de admissão temporária, as normas de drawback e as determinações sobre destinatários de exportação ficta.
No caso dos benefícios relativos ao ICMS, cumpre ressaltar que o Estado de Minas Gerais não os concede, no caso de entrada de bens admitidos no Regime em seu território (item 28.2 do RICMS/2002, anexo IV). Já o Estado do Rio de Janeiro, em concordância com o Convênio ICMS 130/07, o faz na forma estabelecida pelo Decreto 41.142/08.
Ex-tarifários Resolução 35/06 - CAMEX
O Ex-tarifário consiste numa diminuição de custo na aquisição de bens de capital (BK), de informática e telecomunicações (BIT) a partir da redução da alíquota do Imposto de Importação (II) desses bens, desde que não sejam produzidos no Brasil.
TEC – Tarifa Externa ComumComo previsto no Tratado de Assunção, a partir de 1995, os
Estados Partes do MERCOSUL adotaram a Tarifa Externa Comum (TEC), com base na Nomenclatura Comum do MERCOSUL (NCM).
A TEC deve incentivar a competitividade dos Estados Partes e seus níveis tarifários devem contribuir para evitar a formação de oligopólios ou de reservas de mercado. Também foi acordado que a TEC deveria atender aos seguintes critérios: a) ter pequeno número de alíquotas; b) baixa dispersão; c) maior homogeneidade possível das taxas de promoção efetiva (exportações) e de proteção efetiva (importação); d) que o nível de agregação para o qual seriam definidas as alíquotas era de seis dígitos.
A aprovação da TEC também incluiu alguns mecanismos de ajuste das tarifas nacionais, através de Listas de Exceções, com prazos definidos para convergência aos níveis da TEC.
A TEC foi implantada no Brasil pelo Decreto 1.343, de 23/12/94
Procedimento Os produtos constantes na NCM serão igualmente
tarifados nos países membros do MERCOSUL. No Brasil, caso um deles aqui não seja produzido, é possível que ele seja considerado como Ex-tarifário. Para tal, deverá ser feito requerimento direcionado à Secretaria de Desenvolvimento da Produção do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, que o analisará a partir de determinados critérios e publicará, ao final de cada semestre, uma Resolução contendo a relação dos pedidos aprovados.
Pedido Produtos
Os pedidos de concessão de Ex-tarifário devem conter: - Código do produto, de acordo com a Nomenclatura
Comum do MERCOSUL (NCM) - Sugestão de descrição para o produto, utilizando o
padrão da NCM, sem incluir marca comercial, modelo ou tipo de equipamento ou procedência;
- Especificações técnicas detalhadas e descrição do funcionamento, acompanhadas de catálogos técnicos originais ou literatura técnica pertinente
- No caso de Sistemas Integrados (SI), deverão ser relacionadas cada uma das máquinas e/ou equipamentos que compõem a unidade, com seus respectivos códigos NCM e quantidades
Inexistência de Produção Nacional Art. 7º
A inexistência de produção nacional deverá ser verificada pelo CAEX – Comitê de Análise de Ex-tarifários, que se valerá de um atestado ou declaração de inexistência elaborado por entidade idônea e qualificada para emitir tais documentos. Tal apenas será permitido por entidades com reconhecimento e influência nacionais, como é o caso da ABIMAQ (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos).
Há diferença entre o Atestado de Inexistência de Produção Nacional e o Atestado de Similaridade. No caso do diferimento do ICMS, o laudo requerido pelo governo mineiro é o de similaridade, que deve ser obrigatoriamente emitido pelo INDI (Instituto de Desenvolvimento Integrado de Minas Gerais).
Diferimento de ICMS O diferimento do imposto relativo à entrada, em
decorrência de importação direta do exterior, poderá ser autorizado pelo titular da Delegacia Fiscal (DF) a que estiver circunscrito o estabelecimento do importador, ou a critério do Diretor da SUTRI, mediante regime especial, observando que o contribuinte deverá estar em situação na qual possa ser emitida certidão de débitos tributários negativa e apresentar requerimento instruído, dentre outros documentos, com o laudo expedido pelo INDI, atestando a inexistência de mercadoria similar produzida no Estado, inclusive no que se refere às condições concorrenciais. Nota-se que excepcionalmente, o despacho autorizador poderá ser emitido sem a apresentação do laudo expedido pelo INDI, hipótese em que o contribuinte deverá apresentá-lo no prazo de 30 (trinta) dias contados da data do despacho, sob pena de ficar obrigado ao recolhimento do imposto e acréscimos legais devidos a partir da data do desembaraço.
Considerações Finais Importância de denso conhecimento acerca da matéria,
que é complexa e não dispõe de muitos especialistas na área, principalmente fora da região litorânea.
Perspectivas de crescimento do setor, tanto em razão dos investimentos na exploração do Pré-sal, como das recentes descobertas de novas jazidas e do crescimento do setor de E&P desde a última década.
Investimento governamental no setor petrolífero, através de projetos como o Promef e o Prorefam – investimentos na indústria naval, provenientes do PAC.
Inexistência de Regime alternativo ao REPETRO que ofereça tantos benefícios tributários como ele.
Fontes Bibliográficas http://www.regimerepetro.com.br/repetro_sys.htm http://www.buscalegis.ufsc.br/revistas/index.php/buscale
gis/article/viewFile/21149/20713 http://www.sachacalmon.com.br/admin/arq_publica/53c5
b2affa12eed84dfec9bfd83550b1.pdf http://www.receita.fazenda.gov.br/legislacao/legisassunt
o/Repetro.htm
http://www.deloitte.com.br/publicacoes/2006all/112006/diversos/res35.pdf
SILVA, Tom Pierre Fernandes da. REPETRO - Regime Aduaneiro Especial de Importação e Exportação de Bens Destinados à Pesquisa e Lavra de Petróleo e Gás. 2008. FGV.
http://www.mdic.gov.br/sitio/interna/interna.php?area=2&menu=1174
Marina Soares Marinho